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APRENDA A INVESTIR

Saiba onde e como aplicar seu dinheiro

LEANDRO MARTINS

1ªPROVA DO AUTOR
2008
APRENDA A INVESTIR

SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ....................................................................................... 3
1. ADQUIRINDO INTELIGÊNCIA FINANCEIRA ....................................... 4
1.1 COMO ECONOMIZAR ..................................................................... 4
1.1.1 COMO DIMINUIR SEUS GASTOS ..................................................... 4
1.1.2 COMO SER UM NEGOCIADOR........................................................ 11
1.1.3 OUTRAS ATITUDES IMPORTANTES AO POUPADOR .......................... 14
1.2 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS AO INVESTIDOR ............................. 17
1.2.1 PLANEJAMENTO E CONHECIMENTO ............................................... 17
1.2.2 NOÇÕES FINANCEIRAS ESSENCIAIS .............................................. 24
1.2.3 ATITUDES IMPORTANTES DO INVESTIDOR ..................................... 32
2. DECIFRANDO A ECONOMIA ............................................................. 34
2.1 PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) ................................................. 35
2.2 INFLAÇÃO...................................................................................... 38
2.3 TAXA DE JUROS (INSTRUMENTO DE POLÍTICA MONETÁRIA) ........ 42
2.4 TAXA DE CÂMBIO (INSTRUMENTO DE POLÍTICA CAMBIAL)........... 46
2.5 GASTOS DO GOVERNO E TRIBUTAÇÃO (INSTRUMENTOS DE
POLÍTICA FISCAL) ............................................................................... 49
2.6 POLÍTICA DE RENDAS ................................................................... 52
2.7 INFLUÊNCIA EXTERNA ................................................................... 52
2.8 DISTRIBUIÇÃO DE RENDA ............................................................. 56
2.9 VISÃO GERAL ................................................................................ 59
3. ONDE INVESTIR.............................................................................. 62
3.1 IMÓVEIS ........................................................................................ 63
3.2 POUPANÇA .................................................................................... 64
3.3 MERCADO CAMBIAL ....................................................................... 65
3.4 OURO............................................................................................. 65
3.5 RENDA FIXA – APLICANDO PELO TESOURO DIRETO ...................... 66
3.6 RENDA VARIÁVEL - APLICANDO EM AÇÕES ................................... 69
3.6.1.1 ESTRUTURA DAS AÇÕES ........................................................ 69
3.6.1.2 MERCADO DE AÇÕES ................................................................ 83
3.6.2 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTO EM AÇÕES ............. 94
3.6.2.1 ANÁLISE GRÁFICA .................................................................... 94
3.6.2.2 ANÁLISE FUNDAMENTALISTA ................................................... 149
3.6.3 PERGUNTAS E REPOSTAS ....................................................... 157
3.7 FUNDOS DE INVESTIMENTO ........................................................ 160
3.7.1 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS .................................................. 160
3.7.2 DISPOSIÇÕES PRESENTES NO REGULAMENTO E PROSPECTO ......... 163
3.7.3 CLASSIFICAÇÕES ...................................................................... 167
3.7.4 FUNDOS DE PREVIDÊNCIA PRIVADA ............................................ 173
3.7.5 OUTROS TIPOS DE FUNDOS ....................................................... 174
3.8 CLUBE DE INVESTIMENTO ........................................................... 177
3.9 INTRODUÇÃO AO MERCADO DE DERIVATIVOS .......................... 178
3.10 MONTANDO SUA CARTEIRA ....................................................... 182
ANEXO I – TRIBUTAÇÃO ................................................................... 184
OBRAS RECOMENDADAS ................................................................... 185
SITES ÚTEIS ..................................................................................... 190
BIBLIOGRAFIA ................................................................................. 192
SOBRE O AUTOR ............................................................................... 193
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INTRODUÇÃO

Atualmente encontramos cada vez mais pessoas em busca de orientações


financeiras e econômicas. Vemos também, profissionais de outras áreas, como
advogados, jornalistas, médicos entre outros profissionais que aplicam na bolsa
de valores. Devido a esse interesse quase unânime da população brasileira no
mercado de capitais, e após freqüentes consultas de amigos meus sobre a
melhor opção de investimento, resolvi elaborar este guia, onde nele estariam as
principais informações e todos os conceitos necessários para o entendimento e
análise do mercado financeiro brasileiro. O objetivo desta obra é auxiliá-lo na
escolha do melhor caminho para investir seus rendimentos, alcançados a partir
de um controle eficaz de seu orçamento. Acredito que possuir o mínimo de
orientação financeira seja dever de todos, para assim valorizar seu patrimônio
conquistado com muito sacrifício e trabalho.
Há também o conflito interno do ser humano entre gastar no presente ou
aplicar esse valor, para que no futuro, possa usufruir em escala maior essa
receita gerada. Para que possamos escolher o momento certo, e aumentarmos a
qualidade desse gasto, devemos conhecer melhor as possibilidades de
investimentos, para, com isso, avaliarmos os riscos e retornos de cada situação.
Deste modo conseguiremos efetuar a melhor opção, e cada vez mais
aprendermos com nossos resultados (positivos ou negativos), e com isso, passar
de uma pessoa consumista a um investidor disciplinado com retornos
maximizados.
O leitor irá obter nesta obra informações econômicas e financeiras, que
reconhecendo seus limites e objetivos conseguirá manter-se consciente quanto
às suas opções de administração dos recursos. Pois com o panorama da
economia global modificado através da utilização de computadores e da internet,
conseguimos operar diretamente na bolsa em nossa própria casa (pelo sistema
Home Broker) e ter acessos em tempo real a acontecimentos ocorridos em todo
o mundo, e com isso analisarmos seus efeitos ocorridos em nossa economia.
Esta obra pretende auxiliá-lo em todos os processos, orientando na economia
dos recursos, formas de aplicação, análises dos investimentos disponíveis e
introdução à economia, esta que servirá como auxílio na decisão do melhor
investimento nos diferentes momentos econômicos.
Apenas a obtenção de maior conhecimento o auxiliará no processo de
desenvolvimento de suas habilidades financeiras, capacitando-o corretamente
em suas escolhas e nas definições de metas e objetivos. É necessário entender e
antecipar as mudanças da economia, planejar e definir estratégias para as suas
decisões de curto, médio e longo prazo. Contudo, devemos compreender os
movimentos dos mercados para desenvolvermos as estratégias adequadas.

“A maioria das pessoas associa o dinheiro a prazer imediato.


Para mim, ele deve ser acumulado para proporcionar liberdade.
As pessoas ricas pensam a longo prazo. Elas equilibram os seus gastos e
prazeres de hoje com os investimentos necessários para a liberdade de amanhã.”
T. Harv Eker

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1. ADQUIRINDO INTELIGÊNCIA FINANCEIRA

1.1 COMO ECONOMIZAR

1.1.1 COMO DIMINUIR SEUS GASTOS

O mercado financeiro nos oferece uma grande gama de investimentos, mas


para isso devemos conseguir, antes de tudo, ficar afastados das dívidas e dos
altos gastos, para depois conseguirmos obter certa disciplina que nos mantenha
sempre com reservas destinadas às aplicações.
Maus hábitos, como comprar por impulso ou como terapia contra
depressão, devem ser cortados. A utilização sem controle do cartão de crédito e
do talão de cheques deve ser restringida. Há pessoas que ao possuir talões de
cheque e cartão de crédito acabam por esquecer do valor gasto e confundi-os
como apenas pedaço de papel e plástico com fundos ilimitados.
Uma prática que adoto e considero eficaz para mensurar a magnitude das
despesas mensais e avaliar sua presença na composição de seu orçamento é
sempre considerar o gasto anual e não apenas o mensal. Por exemplo, uma
tarifa bancária de R$ 22,00, resulta em um ano em R$ 264,00, e ao incorporar
juros de 1% ao mês (que receberia em uma aplicação financeira) temos um
montante final de R$ 279,00. Esse valor em 10 anos é mais que R$ 5.000,00,
gastos em tarifa bancária.
Vale ressaltar que vivemos em um país subdesenvolvido, no qual é incerta
nossa situação em um futuro próximo, e não podemos depender da previdência
social, contudo é de extrema importância termos um fundo de reserva de
economias geradas, e todo corte no orçamento é de extrema importância para
isso.
Elabore uma planilha com seus gastos e a controle para não ultrapassar
seu rendimento. Anote todo o gasto com cartão de crédito, cheque, saques etc.
É importante planejar também os gastos anuais como presentes de natal, férias,
manutenção de carro, IPVA etc. Como não ocorrem todos os meses, é fácil
esquecer destes gastos - faça as contas de quanto eles irão lhe custar. Planeje-
se, de forma a montar uma reserva para fazer frente a estes gastos.
Algumas pequenas ações podem fazer a diferença, como por exemplo, você
mesmo vender seu carro, em vez de entregá-lo como forma de pagamento na
aquisição do novo automóvel. Com isso você estará economizando a margem de
lucro da concessionária que gira em torno de 20%, pois eles precisam ganhar
também na revenda do seu automóvel usado. Com certeza vale a pena, mesmo
porque com a internet, seu carro é divulgado em minutos para seus possíveis
compradores. Há inúmeros sites que oferecem esse canal entre o vendedor e o
comprador, as próprias agências atraem seus principais compradores desse
modo.
Venda seus bens patrimoniais dispensáveis, em vez de estarem gerando
gastos e sendo depreciados, os recursos gerados com suas vendas aplicados no
setor financeiro irão gerar juros ou dividendos.
Nunca peça dinheiro emprestado e principalmente se tiver dinheiro
aplicado. Você estaria recebendo 1% da aplicação e pagando juros no mínimo 5
vezes maior.

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Evite as multas em geral, principalmente as de trânsito e as de atraso no
pagamento de contas. Atualmente é arrecadado em multa somente na cidade
São Paulo quase meio bilhão por ano.

A CIGARRA E A FORMIGA
A cigarra, sem pensar em guardar, a cantar passou o verão. Eis que chega o
inverno, e então, sem provisão na despensa, como saída, ela pensa em recorrer
a uma amiga: sua vizinha, a formiga, pedindo a ela, emprestado, algum grão,
qualquer bocado, até o bom tempo voltar. "Antes de agosto chegar, pode estar
certa a senhora: pago com juros, sem mora." Obsequiosa, certamente, a formiga
não seria. "Que fizeste até outro dia?" perguntou à imprevidente. "Eu cantava,
sim, Senhora, noite e dia, sem tristeza." "Tu cantavas? Que beleza! Muito bem:
pois dança agora...".
Fonte: Fábulas de La Fontaine.

“Alguém está sentado na sombra hoje,


porque alguém plantou uma arvore tempos atrás.”
WARREN BUFFETT

GASTE MENOS DO QUE RECEBA

Apenas com um gasto menor que sua receita é que sobrará recursos para
serem investidos. Uma técnica a ser utilizada é definir uma meta mensal que
deverá ser investida, e após pagar as contas indispensáveis você já alocar em
sua aplicação essa meta planejada, deixando uma pequena reserva para outros
gastos. Deste modo você não correrá o risco de ver todo seu rendimento
esgotado sem ao menos aplicar uma parte.
O investidor apenas deverá atentar para que realmente não gaste mais do
que o deixado para os outros gastos, pois nada valerá se sua conta ficar negativa
pagando altos juros enquanto seu dinheiro está aplicado a juros muito menores,
isto é, o banco está emprestando a você seu próprio dinheiro e ainda cobrando
juros por isso. A seguir é detalhado como deverá ser montada sua planilha
orçamentária.

MONTANDO SUA PLANILHA ORÇAMENTÁRIA


Um dos passos mais importantes para controlar seus gastos e poder começar a
investir é saber quanto está gastando para poder programar seus gastos e
elaborar regras para alcançar seu investimento.
Após registrar sua receita, será contabilizado as dívidas com cartões de crédito e
cheques emitidos, pois essas contas terão prioridade no pagamento para evitar
pagar juros do cartão de crédito ou do cheque especial (conta negativa).
Em seguida, as contas fixas serão imputadas (é necessário verificar a real
necessidade de contrair esses compromissos, como por exemplo: tv a cabo,
clube etc...). As contas fixas também não podem deixar de serem pagas, pois
atrasos acarretam multas com taxas muito acima das conseguidas nos
investimentos.
Anterior aos gastos variáveis, é necessário aplicar em seu investimento razoável
quantia, de forma que essa ação se torne uma rotina, e você a vê como se fosse
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uma parcela de uma dívida. Apenas com isso você conseguirá obter disciplina
para tal prática. Para quem só consegue ter algum investimento quando tem
alguma dívida para pagar, as opções de baixa automática de investimento é a
melhor opção. O banco resgate mensalmente o valor desejado, como se fosse
um débito automático de uma dívida contraída e o aloca no investimento
desejado.
Os gastos variáveis com lazer e alimentação são inevitáveis, mas é de se analisar
a freqüência do gasto, estabelecendo limites para a ocorrência, como por
exemplo: jantar fora apenas uma vez por mês. É importante não ser esquecer de
inserir na planilha pequenos gastos com o cartão de débito, saques e tarifas
bancárias (se houver). As tarifas bancárias representam um gasto extremamente
desnecessário visto que devido ao aumento da concorrência muitos bancos não a
cobram, ou estornam mediante reclamação, assim como a anuidade do cartão de
crédito.
Não podemos esquecer dos gastos extraordinários, estes que deverão ser
planejados na medida do possível, mas sempre registrados em sua planilha.
Ao final de todos os gastos será verificado no resultado o quanto sobrou, e se
caso sobrou mesmo.
Caso seu resultado for negativo, você deverá analisar as causas, para que não
repita tal resultado. Para isso pode ter havido duas razões, a primeira é que
houve um excesso nos gastos variáveis com possível esquecimento de alguns
gastos esporádicos, ou realmente foi alocado um valor superestimado no
investimento, e para reaver isso, deverá diminuir esse valor ou cortar alguns
gastos fixos.
O melhor resultado será zero, ou algo bem próximo a isso, pois se também
sobrou algo em sua conta você deixou de receber juros sobre esse valor, ou seja,
essa quantia que ficou parada na conta poderia estar aplicada em algum fundo
de investimento. Conforme comentado nos próximos capítulos, seu investimento
terá parcela alocada em aplicações com boa liquidez (grau de facilidade de
resgate no momento de precisar do dinheiro) como nos fundos DI onde o valor
resgatado é liberado instantaneamente em sua conta corrente, dispensando a
necessidade de dispor recursos em conta corrente para eventuais emergências.

Veja abaixo demonstração da planilha:

RECEITAS + R$ 00,00

SALÁRIO (LÍQUIDO) + R$ 00,00


ALUGUEL + R$ 00,00
PENSÃO + R$ 00,00
OUTROS + R$ 00,00

DESPESAS - R$ 00,00

DÍVIDAS (cartão de crédito, cheques etc) - R$ 00,00

GASTOS FIXOS
CONDOMINIO - R$ 00,00
TV A CABO - R$ 00,00
FACULDADE - R$ 00,00
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IPTU - R$ 00,00
SEGURO SAÚDE - R$ 00,00
XPTO - R$ 00,00

INVESTIMENTO/RESERVA DE EMERGÊNCIA - R$ 00,00

GASTOS VARIÁVEIS
LUZ - R$ 00,00
TELEFONE - R$ 00,00
ALIMENTAÇÃO - R$ 00,00
TRANSPORTE - R$ 00,00
IPVA - R$ 00,00
OUTROS (saques, cartão de débito etc) - R$ 00,00
EVENTUAIS (presente, seguro etc) - R$ 00,00
Tarifas - R$ 00,00
XPTO - R$ 00,00

GASTOS EXTRAORDINÁRIOS
LAZER - R$ 00,00
VESTIMENTA - R$ 00,00
PRESENTES - R$ 00,00
VIAGENS - R$ 00,00
MANUTENÇÃO CASA - R$ 00,00
MANUTENÇÃO AUTOMÓVEL - R$ 00,00
MÉDICO - R$ 00,00
DENTISTA - R$ 00,00
XPTO - R$ 00,00

RESULTADO R$ 00,00

COMPRE APENAS O NECESSÁRIO E PLANEJADO

Vá ao supermercado com uma lista, e compre estritamente os itens nela


descritos, com isso qualquer tentação imposta pelo mercado não obterá sucesso
com você.
Quando for ao shopping também seja objetivo às suas necessidades, para
evitar compras inesperadas e não-necessárias. Existem pessoas que gostam de ir
apenas para passear e acabam por comprar por já estarem lá.

DINHEIRO NA MÃO É VENDAVAL

Caso você tenha o problema de gastar sempre que tiver dinheiro em posse,
recomenda-se fazer saques apenas de valores específicos, que serão gastos em
algo já planejado. Evitar as compras por impulso é sempre válido, pois nós
brasileiros, em geral, temos disposição para gastar acima de nossas posses na
aquisição de produtos considerados supérfluos. Contudo as compras devem ser
sempre planejadas e nunca feitas por impulso.

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AUMENTE SEU SALÁRIO, NÃO SEU PADRÃO DE VIDA

O que se espera ao receber um aumento ou uma promoção é que irá


sobrar mais ao final do mês, mas dificilmente isto ocorre, por quê?
Ocorre porque ao elevarmos nossa remuneração, ao mesmo tempo nossos
gastos também são elevados, não valendo de nada esse aumento salarial, pois
em vez de sobrar mais para investir, muitas vezes acontece o contrário. Existe
um ditado que diz: “Rico não é aquele com alta receita, mas sim com alto
investimento”.
Possuo um amigo, por sinal muito disciplinado, que ao ser promovido, em
vez de aumentar seus gastos conseguiu diminuí-los sensivelmente, e com isso
superar sua meta de investimento muito antes do previsto.

NÃO DESCONSIDERE OS PEQUENOS VALORES

Faz parte do processo de economizar valorizar qualquer quantia, por menor


que seja, pois ela fará a diferença se aplicada por anos, a juros compostos.
Abaixo ilustro essa situação com uma economia singela de apenas R$3,00
por dia, como por exemplo, de um ex-fumante, sem considerar a economia com
os gastos em saúde recorrentes do cigarro. Após 10 anos é possível comprar um
automóvel, após 20 anos uma casa, após 40 anos a pessoa é milionária e após
60 anos possui quase 12 milhões investidos, poupança que daria uma
aposentadoria bastante tranqüila para qualquer um.

Tabela 1.1 - Gasto de R$3,00 ao dia (em 1 maço de cigarro) aplicado em


investimento com taxa de retorno de 1% ao mês

O que também ocorre com pequenos valores é que desprezarmos grandes


diferenças de preços em produtos de baixo preço, como por exemplo, um
refrigerante. Uma lata de refrigerante que custa R$1,00 no supermercado é
encontrada a R$ 2,50 em uma padaria. Uma diferença de 150%, o equivalente a
um carro de R$ 50.000,00 ser vendido por R$ 125.000,00. E ao consumir um
refrigerante por dia, gastaríamos em 1 ano R$ 360,00 no supermercado e
R$900,00 na padaria, diferença que compraria um televisor de 29” por ano.
Contudo, nunca despreze pequenos valores, cuidado com gastos em
exagerados em alimentos, transporte e gastos domésticos, economizar um pouco
no dia-a-dia faz a diferença no final do mês.

CONTA NEGATIVA COM DINHEIRO APLICADO

Você compraria um carro por R$ 10.000,00, e venderia por R$ 1.000,00?


Tenho certeza que sua resposta seria não. O mesmo acontece quando você deixa
seu dinheiro aplicado rendendo 1,0%, e em uma emergência utiliza seu limite
com juros a 10,0% para não mexer em sua aplicação.
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Agora você compraria um carro por R$ 10.000,00, podendo pagar R$
5.000,00? Também sei que sua resposta seria novamente não, mas o mesmo
acontece quando em vez de você solicitar empréstimo ao banco pagando taxa de
5,0%, você utiliza seu limite pagando 10,0%.

ARMADILHA DA DÍVIDA

Devemos nos manter bem afastados das dívidas e financiamentos, a menos


em casos de pessoas jurídicas que utilizam de capital de terceiros para alavancar
seu patrimônio, ou como no caso norte-americano onde os juros da hipoteca são
quase nulos e até mesmo Bill Gates adquiriu sua casa através dessa maneira. E o
cheque especial e o cartão de crédito são ainda as piores formas de alguém se
endividar.
Enquanto um fundo de renda fixa rende no máximo 1% ao mês, uma
dívida de cheque especial ou cartão de crédito gera ao banco ou administradora
do cartão em torno de 10% ao mês, isto é 10 vezes mais. Algo estrondoso e
maléfico a qualquer patrimônio. No Brasil, os consumidores endividados - com
cheque, cartão ou carnê – estão em quase 50%, e o número de consumidores
com alguma conta em atraso fica por volta de 40% (Fonte: Fecomercio). De fato
são percentuais realmente altos, e confirma a falta de conhecimento e disciplina
do brasileiro.
Cartão de crédito é útil apenas para quem ganha créditos com seu uso
como milhagens ou créditos para compras de bens, como também utiliza a
diferença de um mês entre a compra e o pagamento para deixar o dinheiro
aplicado. Mas nunca é para ser usado parar pagar altas taxas de anuidade nem
para parcelamento com juros do valor total da fatura. Devemos sempre pagar a
fatura na data de vencimento e com o valor integral, sem financiar parte alguma.
Mas se você já entrou nessa “arapuca” e não está mais conseguindo sair,
(pois além dos juros, há inúmeras taxas cobradas pela utilização dessa
“armadilha”) o caminho mais rápido para se livrar seria contrair um
financiamento junto ao banco, este que beira os 5,0% para liquidar sua dívida
que é corrigida a 10% no cheque especial ou cartão de crédito. Nessa operação
você estaria deixando de pagar 5,0% ao mês, e com isso diminuindo o prazo
para liquidá-la. Essa diferença de taxa é conseguida devido ao banco ter menores
custos ao emprestar um valor com antecedência, visto que ao utilizar cheque
especial, o dinheiro é utilizado sem o banco sequer ser avisado.
Mas cuidado para não cair na tentação de entrar em um novo
financiamento e não quitar o anterior, pois assim você estaria apenas
aumentando seu problema em vez de solucioná-lo.

Quadro 1.1 - Taxas de juros para pessoa física


Empréstimo Pessoal (Banco).....................................................5,21%
Comércio................................................................................5,93%
Cheque especial......................................................................7,61%
Cartão de crédito...................................................................10,34%
Empréstimo Pessoal (Financeiras) ...........................................11,07%
Fonte: Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e
Contabilidade (Anefac) – Dez/2007

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Há a possibilidade de renegociar sua dívida, solicitando juros menores, ou
alongamento do prazo sem alterar o juro final a ser pago. Mas nunca se deve
aceitar a primeira proposta do credor. Alguns credores, quando solicitado,
chegam a parcelar a dívida sem juros, e ainda com algum desconto, a fim de
receber de volta o valor principal da dívida. Vale lembrar que o credor não faz
propaganda disso para não incentivar outros a tentar a mesma renegociação e
assim reduzir seus lucros.
Uma comprovação dessa atitude dos credores são as empresas de créditos
pessoais, que devido ao grande índice de inadimplência, frequentemente
convocam seus clientes com dívidas em atraso por mais de 3 meses, para
oferecerem abatimentos em torno de 30% para os interessados na liquidação da
dívida.
Quanto ao cartão de crédito, quem não consegue pagar o total da fatura
por dois meses deve negociar com a administradora. Você deve escrever uma
carta, com o motivo do atraso e como se propõe a quitar tal débito. Envie a carta
sempre ao emissor do cartão, que em geral é um banco (não mande o
documento à administradora, a chamada bandeira do cartão). Depois de fechado
o acordo, não deixe de cumpri-lo, em caso de dúvida, releia o seu contrato ou
procure o Procon de sua cidade.
Abaixo segue gráfico de comparação para observamos as altas taxas
cobradas pelos financiamentos.

Gráfico 1.1 - Comparação do valor futuro de R$ 1.000,00 em 12 meses em


diferentes modalidades.

Financiamentos e crédito pessoal excluem de suas taxas divulgadas


despesas como a TAC (taxa de abertura de crédito) e o IOF (imposto
sobre operação financeira). Com elas incorporadas, as taxas ficam muito
mais altas.

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Crédito consignado
Modalidade de crédito com desconto em folha de pagamento. Possui menor risco
de inadimplência visto que o pagamento é debitado diretamente da folha de
pagamento, ou seja, não há como não pagar, com isso a taxa de juros consegue
ser menor que um crédito comum (abaixo de 2,0% a.m.). Popular para os
aposentados, esta modalidade de crédito está se expandido para outros públicos,
e seus juros já são os menores do mercado.

1.1.2 COMO SER UM NEGOCIADOR

SEJA UM NEGOCIADOR

Pesquise preços antes de comprar, faça ofertas, você não tem nada a
perder, o proprietário do dinheiro é quem possui o poder em uma negociação de
compra e venda. Qualquer valor não pode ser desprezado, de pouco em pouco
agregamos grandes quantias. Pechinchar é mais que um direito seu, e sim um
dever. Fico espantado com pessoas que tem vergonha de tal prática, pois vejo
que os mais ricos fazem isso com a maior naturalidade, e nunca se deixam
intimidar pelo vendedor.
Nunca demonstre muito interesse pelo produto, assim o vendedor não
saberá sua verdadeira intenção. Inicie a negociação oferecendo um valor que a
média entre as propostas seja o que você realmente está disposto a pagar. Por
exemplo, ao negociar a compra de um carro anunciado por R$ 26.000,00, e que
possui a intenção de pagar R$ 25.000,00, ofereça R$ 24.000,00 e espere alguns
dias, em seguida ofereça o preço médio para que ambos saiam satisfeitos.
Vale alertar que o mais barato nem sempre é o mais indicado, pois se o
vendedor está com um preço muito abaixo do mercado, pode estar oculto na
transação algum risco que você ainda não sabe, e caso conclua a negociação
procure se proteger ao máximo sempre solicitando nota fiscal e possuindo o
máximo de dados da instituição vendedora. Como por exemplo, compras pela
internet de sites falsos ou a contratação de algum serviço com pessoas
desonestas que não cumprirão o acordado.
Mesmo se você pretende pagar o produto parcelado (que não é o mais
indicado) você deverá dizer que irá pagar a vista, mas que apenas possui X
valor. Um valor interessante para abater é entre 15% a 35% do valor anunciado.
Descontos acima de 35% são difíceis, mas não impossíveis. Certa vez descobri
que um serviço contratado pela consultoria que trabalho possuía custo variável
praticamente zero (seu custo não aumenta conforme aumenta a quantidade de
clientes), com isso sabia que 50% era algo possível conforme foi conseguido.
Mas em negociações complicadas, onde a margem do vendedor é pequena, um
desconto de 5% não é um percentual a se desprezar.
Pesquisar e levar a proposta ao maior concorrente é uma ótima maneira de
se conseguir grandes descontos. Faça isso pelo menos umas 3 vezes até chegar
no limite deles. Há sites de pesquisa de preços, onde você já terá uma idéia de
qual preço começar a negociar.
É aconselhável sempre solicitar atendimento de um supervisor ou de um
gerente, muitos descontos não são conseguidos com o vendedor, mas sim com
seus superiores, devido ao seu maior poder de manipular o preço. Como por
exemplo, em farmácias, que sempre que solicito ao gerente consigo no mínimo
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15% de desconto na medicação, desconto maior que se utilizado o cartão de
fidelidade da própria farmácia.

“Nunca tenha medo de pedir demais ao vender e


oferecer de menos ao comprar.”
WARREN BUFFETT

ESCOLHA O MOMENTO CERTO DE COMPRAR O PLANEJADO

Às vezes, esperar alguns dias faz a diferença no valor do produto desejado.


Precisamos identificar esses momentos para não pagarmos mais pelo mesmo
produto. Abaixo cito alguns exemplos:

Automóvel: evite comprar 0 km, e dê preferência a um semi-novo com até 5 mil


km, que já obteve desvalorização significativa (de 10 a 20%), e está
relativamente pouco utilizado e ainda na garantia. É uma grande oportunidade
de adquirir carros com opcionais, que não são avaliados na venda do usado,
como bancos em couro e teto solar.

Ar-condicionado e ventilador: Evite comprá-los no verão, quando os preços


geralmente estão mais altos devido ao aumento da demanda;

Telefone celular: O melhor momento para comprar é próximo de datas


comemorativas, como dia das mães e dia dos namorados, quando as empresas
lançam promoções de aparelhos e planos;

Roupas: costumam estar mais baratas em trocas de estações, momento em que


os varejistas querem renovar seus estoques.

Móveis e eletrodomésticos: o melhor momento de comprar é no inicio do ano,


após as grandes compras de natal, onde ocorrem as promoções.
Passagens aéreas e Hotéis: evitar viajar em meses de alta temporada e feriados.
Em baixas temporadas, devido à queda da demanda, é comum ocorrer
promoções, e os preços estão mais baratos.

CONSUMIDOR DEVE EXIGIR ORÇAMENTO PRÉVIO

Antes da contratação de um serviço, é importante que o consumidor exija


um orçamento. Desta maneira, fica sabendo quanto será cobrado pelo produto
ou serviço e evita gastos extras quando efetuar o pagamento. Isso porque
podem ocorrer eventuais omissões, como o frete do produto, ou o aumento do
preço do serviço devido a custos inesperados. Todo prestador de serviço é
obrigado a fornecê-lo ao consumidor, e o consumidor não é obrigado a pagar se
a execução do serviço for iniciada sem autorização prévia. Segundo o Código de
Defesa do Consumidor, o orçamento substitui o contrato.

PREFIRA PAGAR À VISTA

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Prefira sempre pagar a vista solicitando certo desconto, fuja das compras a
prazo. Empresas como as que vendem eletrodomésticos e eletrônicos costumam
apresentar maior lucro financeiro do que operacional, isto é, consegue maior
receita com os juros das vendas a prazo do que com a diferença entre o custo da
mercadoria e seu preço final. Não seja você a pessoa a se endividar e gerar
grandes lucros a essas empresas.
Uma ocasião, no pagamento de um curso, fui informado que o preço a
vista poderia ser parcelado em 5 vezes sem juros. Mas insisti em pagar a vista e
me foi oferecido 5% de desconto (na verdade o preço parcelado é que estava
com 5% de juros). Logo comparei com a taxa selic da época1 e era mais
vantajoso eu aplicar o valor remunerado, em relação ao 1% descontado por mês.
Contudo, solicitei firmemente 10% de desconto comprometendo sigilo com os
outros alunos e acabei o conseguindo, resultando em mais que o dobro do
oferecido.
A maioria das lojas de consumo mudaram suas táticas. e em vez de aplicar
juros ao produto parcelado, anunciam o produto parcelado sem juros, mas que
na verdade já possui os juros embutido no valor a vista. Com isso deve-se tentar
receber o desconto no valor a vista, este dependendo do poder de negociação do
comprador. Há casos onde não há diferença entre o valor a vista e o valor
parcelado, e ela poderá estar em custos ocultos como a TAC - taxa de abertura
de crédito.
Como exemplo de compra a prazo, verifiquei uma geladeira no valor de R$
900,00, anunciada pela loja x podendo ser parcelada em 17 vezes, com parcelas
de R$ 90,00, totalizando um valor de R$ 1.530,00. Os juros embutido no período
foi de 70%, ou seja, quase o valor de 2 geladeiras em menos de 2 anos, sem
contarmos que com a possibilidade de pagamento à vista é considerado um
desconto entre 10% a 30% (devido ao poder de barganha do comprador).
Muitas vezes a loja recebe o valor do financiamento a vista das financeiras
conveniadas. Certa ocasião, constatei que no sistema do vendedor o aparelho de
dvd que iria adquirir no valor de R$ 400,00 indicava que o pagamento da
financeira à loja seria de R$ 300,00. Não tive dúvidas, e só fechei negócio com o
vendedor quando ele aceitou me vender a vista pelos R$300,00.
Sempre desconfie dos juros zero. Apenas em ultimo caso, onde realmente
não foi conseguido algum desconto, e não há custos escondidos você deverá
optar pelo pagamento parcelado para lucrar aplicando o valor total em algum
investimento.

CUIDADO COM AS PROMOÇÕES

Muita gente se contagia pelo clima de “consumismo” e compra qualquer


coisa que estiver em oferta, mesmo que o produto não sirva para absolutamente
nada. Este é um erro muito comum e um dos principais fatores que o levarão a
fechar o mês com saldo no vermelho.
Muitas das ofertas anunciadas escondem custos não divulgados até o
momento da finalização da compra. Como por exemplo, há anúncios de veículos
0 km que seus valores divulgados ocultam frete e pintura, itens não dispensáveis
e que acrescem por volta de 5% do valor total.

1 Ver glossário.
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APRENDA A INVESTIR
Outras ofertas anunciadas necessitam certos cuidados do consumidor.
Como por exemplo, as dos supermercados, que muitas vezes não atualizam o
novo valor nas caixas registradoras, e cobram o preço antigo dos consumidores
desatentos.

1.1.3 OUTRAS ATITUDES IMPORTANTES AO POUPADOR

VEM FÁCIL, VAI FÁCIL

Famoso ditado, que realmente é muito comum de acontecer. Volumes


financeiros recebidos com certa facilidade, isto é, sem esforço de seu trabalho
que após anos resultou em uma poupança, como por exemplo, dinheiro herdado,
ganho na bolsa de valores, ou um bilhete de loteria premiado, são quantias que o
público em geral não o valoriza devido a sua facilidade no recebimento. Com isso
ele é gasto com extrema rapidez e falta de responsabilidade.
É comum ouvir estórias de ganhadores da loteria que após ganhar milhões,
possui menos do que tinha antes, passado poucos anos. Não devemos desprezar
quantias recebidas com mais facilidade do que outras, pois seu valor financeiro é
o mesmo. Atribuindo mesma importância, é conseguido manter o principal
protegido, e no máximo utilizar apenas os juros reais (líquido de impostos, taxas
e da inflação).

ALÉM DO CONHECIMENTO É NECESSÁRIO ATITUDE

Não é difícil encontrarmos algum nutricionista gordo, dermatologista careca


ou até mesmo economista endividado. Mesmo possuindo todas as informações
necessárias, algumas pessoas não obtêm êxito devido à falta de atitude. Com
isso de nada vale todo seu conhecimento, visto que o mesmo não é aplicado.
Devemos dar a mesma importância para a atitude e aplicar todo o conhecimento
aprendido.

ESTEJA PREVINIDO PARA DESPESAS EXTRAS

As despesas que não são fixas como seguro, IPVA e alguns presentes
geram maior desconforto, pois muitos não a consideram em seu orçamento,
provocando assim necessidade de utilização do limite do cheque especial. Para
que isso não aconteça convém prever com certa antecedência essas despesas.
Devido à proximidade das datas é aconselhável reservar parte de seu 13º
salário.

DINHEIRO EMPRESTADO É PRATICAMENTE DINHEIRO DOADO

Digo que dinheiro emprestado é dinheiro doado, pois dificilmente você o


verá de volta. Ainda mais sendo para familiar ou amigo, além de perder o
dinheiro, perderá também o amigo. A menos que você confie muito na pessoa e

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APRENDA A INVESTIR
saiba com certeza que ela terá condições de pagá-lo no futuro, mesmo assim
algo desaconselhável a fazer.

CASAMENTO E FILHOS

Não sou contra a união matrimonial, e muito menos à procriação da vida,


mas quero aqui apenas ressaltar seus gastos, motivo muitas vezes de
endividamento.

 Casamento: gastos com casamento civil, igreja, roupas, festa, lua de mel,
mobília e enxoval. Gastos que aproximadamente não ficam por menos de
R$ 50.000,00.

 Filho: diversos estudos indicam que um filho de classe média, desde seu
nascimento até sua maioridade, absorve entre R$ 500.000,00 reais a R$ 1
milhão.

Logo quero demonstrar que casamento e filhos deve ser uma etapa de
nossas vidas muito bem planejadas e estudadas.

PREÇO DEMARCADO

Sempre verifique se o preço anunciado ou demarcado foi o que realmente


foi cobrado. É muito comum nos supermercados os valores estarem acima na
hora de passar pelo caixa. Insista em pagar o preço marcado, mesmo estando
errado no sistema. Certa vez, ao comprar um produto que sabia valer R$ 100,00,
verifiquei seu preço por R$ 22,00, e ao finalizar a compra fui informado que seu
valor estava marcado incorretamente e diferente ao do sistema. Depois de certa
discussão e insistência de minha parte o produto foi comprado pelo valor de R$
22,00. Com certeza o vendedor irá relutar em conceder o preço anunciado, mas
no fundo ele cederá, pois sabe que é nosso direito. A lei nº 8.078/90 que dispõe
sobre a proteção do consumidor comenta que é direito básico do consumidor a
informação adequada, e clara, sobre o preço do produto.

SEU SALÁRIO

Anualmente seu salário deverá ser reajustado, e você deverá lutar por isso,
para que você além de gastar menos, possa também ganhar mais. Há três
fatores principais que explicam seu reajuste:

 Inflação: com certeza se comparada com outros anos brasileiros, nossa


inflação está muito abaixo dos patamares já alcançados. Mas não é por
isso que seu salário não sofra certa defasagem, e ela deverá ser
compensada. Os índices mais utilizados são: o IPCA ou o IGP-M2.

2
Índices de inflação comentados no item 2.2 desta obra.
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APRENDA A INVESTIR

 Mérito: além do reajuste pelo índice de inflação, ainda é justo haver um


adicional referente a sua maior experiência adquirida, resultados
apresentados para a empresa entre outros. Com isso, não é para se
contentar apenas com o reajuste inflacionário caso sua performance tenha
superado as expectativas. Demonstre ao seu superior todas suas ações
efetuadas e cobre reconhecimento por elas.

 Comparação com o mercado: há pesquisas, referente aos salários


médios e medianos de cada classe e cargos existentes no mercado,
efetuadas por consultorias e institutos de pesquisa, e divulgadas em seus
sites e jornais. Com isso você poderá saber em qual posição seu salário
está posicionado no mercado. Caso seu salário esteja abaixo da mediana
do mercado, você terá argumentos para reivindicar um possível reajuste,
de acordo com a política de sua empresa.

10 MANDAMENTOS PARA ECONOMIZAR

1 - SAIBA QUANTO É SUA RECEITA E QUANTO É SUA DESPESA – MONTE E


ATUALIZE SUA PLANILHA;

2 - INTERPRETE SEUS GASTOS ANUALMENTE. NÃO DESCONSIDERE OS


PEQUENOS VALORES;

3 - NÃO COMPRE POR IMPULSO OU COMO TERAPIA CONTRA A DEPRESSÃO;

4 - ESCOLHA OS MELHORES MOMENTOS (EX: VIAJE EM BAIXA TEMPORADA,


DECORE SUA CASA NAS PROMOÇÕES);

5 - ANALISE SEUS GASTOS E VERIFIQUE SE PODERIA VIVER SEM ELES, OU


PELOS MENOS REDUZI-LOS;

6 - SEMPRE PESQUISE O MELHOR PREÇO, PREFIRA O PAGAMENTO A VISTA E


SEMPRE NEGOCIE SEU DESCONTO;

7 - O LIMITE DE SEU CARTÃO OU DO CHEQUE ESPECIAL NÃO FAZ PARTE DE


SUA RENDA;

8 - ESTEJA PREPARADO PARA DESPESAS EXTRAS E EMERGÊNCIAS;

9 - TENHA METAS DE INVESTIMENTO E AS ACOMPANHE PERIODICAMENTE;

10 - INICIE HOJE A POUPAR, E NÃO NO MÊS QUE VEM. UTILIZE OS JUROS


COMPOSTOS A SEU FAVOR.

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APRENDA A INVESTIR
1.2 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS AO INVESTIDOR

1.2.1 PLANEJAMENTO E CONHECIMENTO

TRACE SUAS METAS E OBJETIVOS

Por mais determinado que você seja, é importante formalizar o processo de


planejamento e definição de metas. Ao colocar no papel os seus planos e
objetivos, os mesmos estarão mais claros e definidos. Se depois de alguns meses
de sucesso alcançando suas metas, você “derrapou”, cedeu ao impulso e gastou
mais do que deveria, aprenda com os seus erros e siga em frente, não use isso
como desculpa para abandonar o seu planejamento.
Se você tem uma dívida grande no cartão de crédito, provavelmente tem
como meta liquidá-la, porem é provável que isso demore algum tempo para
acontecer. Neste caso, vale a pena estabelecer metas intermediárias de redução
da dívida. Desta forma você perceberá o progresso e continuará no mesmo
processo, do contrário corre-se o risco de desanimar. Dedique um dia da semana
ou do mês para acompanhar o seu progresso e, se necessário, promover ajustes
no seu plano. Caso esteja falhando em alguma área, procure entender o motivo.
Quase todos nós temos, ou pelo menos deveríamos ter, como meta,
poupar, mas acabamos dando prioridade para certas despesas e, quando
percebemos, não sobrou o suficiente. Só há uma forma de reverter isso:
estabelecer algum tipo de poupança compulsória, destinando automaticamente
uma parte a sua renda para investimentos. O ideal é transferir no mínimo uma
faixa de 10% a 30% para ser investida, transformando-a em uma conta como se
fosse o pagamento de uma dívida, ou a mensalidade de um curso.
A idéia não é transformá-lo em um pão duro, mas ajudá-lo a equilibrar o
prazer do consumo, com os benefícios e conforto de possuir uma grande reserva
para ser utilizada no futuro, esta reserva que renderá juros compostos, e fará
que o dinheiro trabalhe por você.

“Fiz meu primeiro investimento aos 11 anos.


Eu vinha desperdiçando minha vida até então.”
WARREN BUFFETT

DIVERSIFIQUE SUAS APLICAÇÕES

A expressão “não deixa todos seus ovos em apenas uma cesta” é uma das
principais expressões utilizadas no setor financeiro. A diversificação melhora a
relação risco-retorno de um investimento. Com a Teoria de Portfólio de
Markowitz (Harry M. Markowitz – ganhador do prêmio Nobel de Economia em
1990) foi constatado matematicamente que a diversificação proporciona
melhores retornos com mesmo nível de risco, ou mesmo nível de retorno com
menores níveis de risco.
O gráfico abaixo demonstra a melhora do nível de risco e do retorno ao
diversificar a carteira, neste caso com o uso de apenas 2 ativos diferentes.

GRÁFICO 1.2 – FRONTEIRA EFICIENTE – RENDIMENTO ANUAL DE CARTEIRAS


TEÓRICAS COM INVESTIMENTO DISTRIBUIDOS EM RENDA FIXA (RF) E AÇÕES

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APRENDA A INVESTIR

A diversificação é a principal palavra no gerenciamento de risco, pois o


mercado é muito volátil, isto é, com grande variação. O único risco da
diversificação é anular os ganhos de aplicações rentáveis com outras que
ocasionaram prejuízos, por isso que é necessário estudá-las e escolher
cuidadosamente onde aplicar seus ativos.
Essa diversificação será projetada a partir de seu perfil. Este pode ser
divido em três principais: conservador, moderado e agressivo. Mais adiante
aprofundaremos mais os ativos que poderão integrar sua carteira de acordo com
o perfil, meta e horizonte de investimentos pré-estabelecidos.
Ao analisar esses ativos, sempre tenha cuidado com os conselhos de seu
gerente, eles não são consultores financeiros, eles geralmente possuem metas
de vendas, e se ele está abaixo da meta em algum de seus produtos, ele poderá
influenciá-lo a aplicar em certo investimento, mesmo não sendo o mais
apropriado ao seu objetivo.

CRISES NO MERCADO DE AÇÕES RATIFICAM A NECESSIDADE POR


DIVERSIFICAÇÃO
CRISE DE 29 – A GRANDE DEPRESSÃO
A Grande Depressão, também chamada de Crise de 1929, foi uma grande
recessão econômica que teve início em 1929, e que persistiu ao longo da década
de 1930, terminando apenas com a Segunda Guerra Mundial. A Grande
Depressão é considerada o pior e o mais longo período de recessão econômica do
século XX. Este período de recessão econômica causou altas taxas de
desemprego, quedas drásticas do produto interno bruto (PIB) de diversos países,
bem como quedas na produção industrial, e principalmente fortes quedas nos
preços de ações, assim, milhares de acionistas perderam, da noite para o dia,
grandes somas em dinheiro.
BOLHA DA INTERNET
No final da década de 90 as empresas ponto com (do ramo da internet)
vivenciaram preços extremamente otimistas em relação aos seus valores de
mercado (em bolsa). O otimismo na internet era tão grande que mesmo
empresas que davam prejuízo tinham valores de ações extremamente altos. Elas
eram avaliadas pelo seu potencial futuro de lucro, não pelo que geravam de lucro
no presente. Essas empresas obtiveram valorizações muito acima da média nas
bolsas americanas. No final de 2000 essa expectativa foi invertida e
desvalorizações foram inevitáveis, ocasionando grandes perdas a muitos
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APRENDA A INVESTIR
investidores. Contudo, ficou revelado que os preços das ações estavam inflados
artificialmente (sem fundamentos), fato denominado por bolha pelo mercado.

SISTEMÁTICA DOS BANCOS

Entenda o pensamento dos bancos:

Descasamento e spread: por que o banco oferece empréstimos a juros de 5%


ao mês e cobra no cheque especial 11% ao mês? Essa diferença é devido, que ao
utilizar seu limite o banco o empresta sem ao menos ser avisado com alguma
antecedência, e ao solicitar um empréstimo o banco se programa para não haver
descasamentos, com isso podendo diminuir seu spread (lucro do banco referente
a diferença dos juros).

Segmentos: geralmente seus profissionais com melhores performances ficam


alocados no segmento private (alto padrão). São exemplos deste segmento os
bancos: Bradesco Prime, Itaú Personnalite e HSBC Premier. Alguns bancos
solicitam comprovação de renda não muito alta ou certa quantia investida no
banco para migrar sua conta para esse segmento, contando muitas vezes com
menores tarifas (ou isenções) e com serviço muito mais qualificado e
abrangente. São neste segmento que são encontradas as menores taxas de
administração e melhores rentabilidades dos fundos de investimento.

Tarifas: caso não consiga isenção de tarifa por não possuir grandes volumes
aplicados, é válido procurar promoções de descontos como as contas
universitárias que concedem 50% de desconto. Mesmo não possuindo tais
privilégios é sempre válido solicitar ao seu gerente estornos das tarifas cobradas,
pressionando-o pela isenção, e em casos extremos argumentar que irá cancelar a
conta. Abaixo segue tabela com os principais eventos e suas respectivas tarifas
mínima e média:

TABELA 1.2 - TARIFAS BANCÁRIAS 2007


Valor
Evento Mínimo Valor Médio
Abertura de conta corrente R$ - R$ 15,36
Abertura de crédito R$ - R$ 430,71
Cheque (Talão-10 folhas) R$ - R$ 5,32
Cheque administrativo R$ - R$ 16,68
Cheque avulso R$ - R$ 4,56
Cheque devolvido por insuficiência de fundos R$ - R$ 12,09
Cheque TB R$ - R$ 3,33
Cheque (Talão-20 folhas) R$ - R$ 8,92
Cobrança de cheque por compensação R$ - R$ 1,51
Cópias de microfilmes, microfichas ou
assemelhados R$ - R$ 6,17
Débito autorizado em conta-corrente R$ - R$ 3,08
Emissão de DOC "C" R$ - R$ 13,13
Emissão de DOC "D" R$ - R$ 13,05
Exclusão do Cadastro de Cheques sem Fundo R$ - R$ 22,55
Extrato de Conta em terminal eletrônico R$ - R$ 2,19
Inclusão no Cadastro de Cheques sem Fundo R$ - R$ 20,17
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Oposição/sustação de pagamento de cheque R$ - R$ 9,31
Renegociação de dívida R$ - R$ 278,47
Transferência Eletrônica Disponível - TED R$ - R$ 13,41

Fonte: Bacen

Serviços: os bancos oferecem, em geral, consultoria financeira em relação aos


seus produtos (consultoria não recomendada), contam além do gerente da sua
conta, com serviço de atendimento ao cliente e ao cotista para o esclarecimento
de possíveis dúvidas. Considero esses funcionários vendedores em vez de
consultores financeiros, pois eles trabalham para o banco e não para o cliente, e
devemos levar em consideração que tal funcionário pode não possuir os
melhores conhecimentos e não ter recebido bons treinamentos.

Metas e rentabilidades: os gerentes de contas possuem diferentes metas de


venda, como também o banco possui diferentes remunerações em seus
produtos. Portanto não aceite propostas como títulos de capitalização e
poupança. Nunca se esqueça que seu Gerente não é o seu consultor financeiro.

ATÉ OS MAIORES BANCOS QUEBRAM - O CASO BARINGS


Em 1995, em Londres, o Barings, era o mais antigo banco privado, fundado em
1762. Um prejuízo de mais de US$ 1 bilhão, impossível de ser coberto pela
banca inglesa, transformava em nada as economias de correntistas de quase
todo o mundo, aí incluídos alguns milionários fundos de pensão da Califórnia e
até mesmo a rainha da Inglaterra. O responsável pelo caos financeiro foi apenas
um único funcionário do banco em Cingapura, Nicholas Leeson, de 28 anos, cujo
ano anterior obterá 20% do lucro total da instituição. Entre outras operações,
Leeson apostava em mercados futuros como o japonês. Após grande queda na
Bolsa de Tóquio, ele apostara ainda mais no índice ao invés de realizar seu
prejuízo, e conseguiu, devido à sua reputação e por esconder parte do prejuízo,
manter sua posição alavancada (utilizando derivativos3 em sua estratégia). Após
outra queda brusca da bolsa de Tóquio o banco quebrou e passou ao controle do
holandês ING pelo preço simbólico de 1 libra.

SAIBA QUANTO REALMENTE ESTÁ RENDENDO SEU INVESTIMENTO – DESCONTE


TAXAS, TRIBUTOS E INFLAÇÃO

É importante acompanhar sua aplicação, conhecendo sua real valorização,


o rendimento líquido. Para isso é preciso descontar a inflação, a tributação
(verificar tabela de tributação no anexo I), assim como as taxas cobradas,
chegando assim em sua rentabilidade líquida.
Com isso você estará sabendo realmente a taxa praticada em seu
investimento, e poderá com ela comparar com as alternativas existentes no
mercado.

3
Ver capítulo Derivativos.
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APRENDA A INVESTIR

REINVISTA SEUS LUCROS, PARA QUE NO FUTURO, O DINHEIRO TRABALHE POR


VOCÊ

Aproveite os retornos obtidos, para servirem de base para novos


rendimentos, e com isso aumente seu patrimônio investido no mercado
financeiro. Caso contrário, ao gastar esse retorno em alguma aquisição, você
estará bloqueando a possibilidade de aumentar continuamente sua renda, e
ainda estar elevando os gastos mensais em manutenção.
Reinvestindo seus lucros você estará alimentando sua carteira durante
anos, até que em certo momento você estará com rendimentos que irão
trabalhar por você, isto é, gerarão rendimentos líquidos que aumentarão
exponencialmente.

EVITE OS JOGOS DE AZAR

Os jogos são negócios rentáveis, mas apenas para seus donos. Vale o
ditado: “A banca sempre ganha”. Nem mesmo os jogos promovidos pela caixa
econômica não distribuem ao ganhador todo o valor arrecado, pelo contrário,
mais que a metade é distribuído entre Ministério do Esporte, fundos, entidades,
comitês e secretarias ligadas ao governo ou indicadas por ele. Além do fator
viciante, que pode afetar não só você, mas toda a sua família. Inúmeros são os
casos em viciados em jogos de azar como bingo, aposta em cavalos, e até alguns
jogos ilícitos. E em casos extremos, causando danos irreversíveis ao patrimônio e
à família como a bebida e as drogas.

Exemplo de desperdício:
Gasto mensal em loteria R$ 10,00
Mesmo valor aplicado a 1,25% a.m. (ao mês) por 50 anos
= R$ 1.379.931,14 (um milhão, trezentos e setenta e nove mil,
novecentos e trinta e um reais)

Evite também os títulos de capitalização e fundos de investimento que


pagam prêmio a sorteados. No caso dos fundos de investimento esse prêmio está
embutido na maior taxa de administração que você estará pagando.

INVISTA NO SEU CONHECIMENTO

O conhecimento é o único bem a ser investido que é impossível de alguém


o roubar, e ele o servirá para toda a vida. Adquira o hábito da leitura de livros,
revistas e jornais, informação nunca será demais a você. Apenas as pessoas
arrogantes acham que já sabem demais ou o suficiente.
Surpreendo-me ao ver mais pessoas nas locadoras de dvd do que nas
bibliotecas, pois além dos livros nos trazerem maiores informações e serem mais
úteis, seu empréstimo é gratuito, ao contrário das locadoras.

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APRENDA A INVESTIR

TODO CUIDADO É POUCO

Não invista quando não possuir entendimento suficiente sobre o ramo a ser
aplicado. Há muitas estórias de pessoas que perderam altas quantias em
negócios que prometiam altas rentabilidades.
Evite os investimentos apressados, desconfie quando alguém indicar um
investimento no qual ele apresenta como único, e que está prestes a se esgotar.
Se uma oportunidade é apresentada como muito mais rentável do que as
existentes no mercado, provavelmente há riscos ocultos, que você ainda não tem
conhecimento. A relação risco versus retorno sempre será proporcional.
Com o advento da internet novos tipos de esquemas apareceram e os
antigos se modernizaram. Há também empresas, como as do ramo de produtos
de emagrecimento e produtos de limpeza, que oferecem lucro maior com o
recrutamento de novos vendedores e seu abastecimento do que a própria venda
do produto.
Tome cuidado com planos que pedem para você pagar taxas de entrada ou
custos de material de trabalho, amostras "obrigatórias" ou coisas parecidas.
Como também em caso de propostas envolvendo lucros elevados. Nunca assine
documentos ou pague qualquer coisa em condição de pressão ou para não
magoar "amigos" que estão lhe apresentado uma "oportunidade". Verifique cada
proposta buscando informações junto às autoridades competentes.
Geralmente promessas de altas rentabilidades vêm acompanhadas de altos
riscos, como foi o caso da Fazenda Reunidas Boi Gordo (FRBG), Avestruz Master
e a Top Avestruz. Até hoje seus investidores lutam para reaverem seus
investimentos. Tentam se proteger através de Associações, as quais são: União
Nacional de Associações e Associados em Prol do Projeto Global Brasil e de
Credores da Fazendas Reunidas Boi Gordo S.A. www.unaa.com.br, e Associação
Brasileira de proteção aos investidores da avestruz Master www.abpam.com.br.
Além de falências, o investidor incorre ao risco de mudanças de mercado,
como foi o caso de quem pagou por volta de 10 mil reais em uma linha telefônica
e hoje a consegue por apenas 125 reais.

GOLPE DA “PIRÂMIDE FINANCEIRA” – GOLPE DE PONZI


Charles Ponzi, um italiano que emigrou nos EUA em 1903, lançou em novembro
de 1919 um esquema de venda de notas promissórias garantindo um juro de
40% no prazo de 90 dias. Em vez de investir o dinheiro que recebia o Sr. Ponzi
usava parte do dinheiro de cada novo investidor para pagar os juros prometidos
aos investidores mais antigos, ficando ele com o restante. Os investidores de
Ponzi não sabiam como a coisa funcionava, sabiam, porém que algumas pessoas
estavam ficando ricas com isso. Obviamente todos queriam ganhar o mesmo e,
portanto pediam para entrar no sistema. Quanto, cerca de 7 meses mais tarde, o
número de novos investidores cresceu demais (chegando a cerca de 20.000), as
autoridades iniciaram a investigar e ficou praticamente impossível continuar. O
sistema começou a ruir, também por falta de novas adesões em número
suficiente para manter o esquema funcionando. Logo depois aconteceu o colapso
com a intervenção das autoridades e a criação do termo "Esquema de Ponzi".
Ponzi foi condenado a 5 anos de cadeia. Anos mais tarde tentou um novo
esquema parecido na Flórida e foi condenado de novo. Terminou seus dias em
1949, num hospital para indigentes no Rio de Janeiro, para onde tinha se
mudado.
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APRENDA A INVESTIR

NÃO SIGA A MÍDIA

Diria que o mais difícil quanto à formação de uma fortuna é ser fiel a si
mesmo e estar disposto a não acompanhar a multidão (ir contra o efeito
manada). No mercado é muito comum que seja a manada a chegar tarde e ser
abatida. Se um grande negócio está nas manchetes, na maioria dos casos é
tarde demais. Procure um negócio novo. Como no mar: “Sempre há outra onda”.
As pessoas que correm e pegam a onda tarde são em geral as que se dão mal.
Investidores espertos não se afobam. Se perdem uma onda, esperam pela
próxima e se preparam. Isto é difícil para a maioria dos investidores porque
comprar o que não é popular lhes parece apavorante. Os investidores tímidos
gostam de acompanhar a multidão. Sua ganância os leva para as aplicações
somente quando os investidores “sábios” já realizaram seus lucros. Quando um
investimento está sendo comentado nos bares, táxis e esquinas, esse ativo
provavelmente já estará supervalorizado.
Não é aconselhável investir em aplicações de risco (como ações negociadas
na bolsa de valores) após períodos de valorização, assim como períodos de
desvalorização podem mostrar-se excelentes oportunidades de investimento.
Muito cuidado também com as previsões de muitos estudiosos do ramo, elas
servem para se obter uma referência, mas ao se tratar de comportamento
humano tudo é muito complicado para se prever, e ainda hoje não foi descoberta
nenhuma fórmula “mágica”.
Sempre que as ações estão supervalorizadas a mídia divulga matérias de
pessoas que se tornaram ricas com ações e pessoas leigas começam a aplicar. É
nessa hora que vem a realização dos lucros e os preços começam a despencar.
No capítulo que trata de investimento em ações este assunto é aprofundado.

NÃO SEJA CONSERVADOR EM EXCESSO

Muitas pessoas preferem investir em imóveis, câmbio e na poupança


devido aos seus menores riscos aparentes, mas com isso não percebem que
podem estar até mesmo é perdendo seu patrimônio.
Há pontos a serem verificados como rentabilidade, inflação, depreciação do
bem, liquidez, gastos com reforma e despesas com condomínio. No capítulo que
trata das opções de investimento eu estarei analisando caso a caso.
Abaixo segue o gráfico que ilustra que os investimentos como imóveis,
câmbio e poupança não são preferência apenas dos mais idosos, mas também
dos jovens que continuam totalmente desinformados financeiramente.

GRÁFICO 1.3 – PREFERÊNCIA DE APLICAÇÕES (ESTUDANTES DE 20 A 30 ANOS


DAS MAIORES CAPITAIS BRASILEIRAS COM RENDA A PARTIR DE R$ 1.500,00)

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APRENDA A INVESTIR

títulos públicos 1,0%

clube de investimento 1,6%

outros 2,1%

ouro 3,6%

fundo de ações 3,6%

ações 4,1%

CDB 4,7%

fundo multimercado 5,2%

fundo de renda fixa 9,3%

previdência privada 10,4%

imóveis 10,4%

câmbio 13,5%

poupança 30,6%

Fonte: Data popular – pesquisa ação jovem 2007

1.2.2 NOÇÕES FINANCEIRAS ESSENCIAIS

PORCENTAGEM E VALOR ABSOLUTO

É engano comum entre os principiantes, considerar efeito nulo uma queda


de 10% na bolsa com uma alta de 10%. Imagine que você tem R$ 100,00, e
desconta 10% desse valor, ficando com R$ 90,00. Se você elevar 10% de R$
90,00, ficará com R$ 99,00, ou seja, R$ 1,00 a menos com as mesmas
variações.
Na verdade, o valor precisa subir exatamente o que caiu: R$ 10,00. Para
recuperar-se, quem precisa subir exatamente o que caiu é o valor e não o
percentual. Se a perda fosse de 50% em R$ 100,00, seria necessário 100% de
lucro para R$50,00 retornar ao valor inicial.
Segue abaixo tabela ilustrativa:

Tabela 1.3 – Ganho necessário para compensar certa perda.


Necessário
Perda Ganhar
10,00% 11,11%
20,00% 25,00%
30,00% 42,86%
40,00% 66,67%
50,00% 100,00%
60,00% 150,00%
70,00% 233,33%
80,00% 400,00%
90,00% 900,00%

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APRENDA A INVESTIR
CÁLCULO DA VARIAÇÃO

Para calcular a variação entre 2 valores, basta dividir o número final pelo
inicial, subtrair 1 do resultado, e multiplicar por 100 para transformar em
percentual. Vejamos 2 exemplos:

I - De sua ação

[ ( Valor atual da ação / Valor da ação no momento da aplicação) -1 ] X 100

Exemplo: 33,50 valor atual da ação


25,00 valor da ação no momento da aplicação
Variação = [ ( 33,50 / 25,00 ) -1 ] x 100
Variação = [ ( 1,34 ) – 1 ] x 100
Variação = 0,34 x 100
Variação = 34,00%

Neste exemplo, a ação obteve valorização de 34,00% no período.

II - Do seu fundo ou clube de investimento

Fórmula:

[ ( Valor atual da cota / Valor da cota no momento da aplicação) -1 ] X 100

Exemplo: 22,20 valor atual da cota


18,80 valor da cota no momento da aplicação
Variação = [ ( 22,20 / 18,80 ) -1 ] x 100
Variação = [ ( 1,21 ) – 1 ] x 100
Variação = 0,21 x 100
Variação = 21,00%

Neste exemplo, o fundo obteve valorização de 21,00% no período.

DIFERENÇA ENTRE JUROS SIMPLES E JUROS COMPOSTOS

Juros representam a remuneração dada ao Capital. Os juros podem ser


capitalizados segundo os regimes simples ou compostos (juros sobre juros).

Juros Simples: Somente o principal rende juros.

Com juros simples o saldo cresce em progressão aritmética. Ou seja, como


se só rendesse o principal.

Juros Compostos: Após cada período, os juros são incorporados ao capital


inicial, proporcionando juros sobre juros.

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Com juros compostos o saldo cresce em progressão geométrica. Ou seja,
além do principal, os retornos obtidos também são corrigidos pelos juros do mês
subseqüente.

FÓRMULA
Juros Simples: FV = PV * (1+ i * n)
Juros Compostos: FV = PV * (1+i)n
PV: Valor presente (Present Value)
FV: Valor futuro (Future Value)
i: juros
n: períodos

Valor presente - É valor atual (descontado) de um fluxo futuro de recebimentos


monetários. Os valores futuros são descontados pela taxa de juro compatível
com o risco do investimento. Desta forma, o valor presente de um título de renda
fixa do governo federal é descontado para valor presente por uma taxa de juro
menor do que o título de uma empresa que tenha dificuldades para honrar seus
compromissos.

Valor futuro - É o valor de um fluxo futuro de recebimentos, no valor nominal a


ser recebido na data de vencimento.

Se a taxa de juros for mensal, trimestral ou anual, os períodos deverão ser


respectivamente, mensais, trimestrais ou anuais, de modo que os conceitos de
taxas de juros e períodos sejam compatíveis. Por exemplo, 12 anos com taxa de
2% a.a. serão 12 períodos.

a.a. = ao ano
a.s. = ao semestre
a.m. = ao mês

Comparação prática com mesmo capital inicial e mesma taxa de juros, apenas
utilizando os diferentes regimes. Note que para o primeiro período os
rendimentos serão iguais, mas em seguida a diferença aumenta
consideravelmente.

Juros simples Juros compostos

R$ 1.000,00 R$ 1.000,00

1 ano => R$ 1.150 1 ano => R$ 1.150


10 anos => R$ 2.500 10 anos => R$ 4.046
30 anos => R$ 5.500 30 anos => R$ 66.212
50 anos => R$ 8.500 50 anos => R$ 1.083.657
70 anos => R$ 11.500 70 anos => R$ 17.735.720

Taxa: 15% a.a. (ao ano) Taxa: 15% a.a. (ao ano)

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TAXAS EQUIVALENTES

Devido ao juros praticados nos investimentos serem compostos, não


podemos transformar taxas de diferentes períodos apenas multiplicando pelo
período desejado, isto é, para transformar uma taxa de 1,00% a.m. em taxa
anual, não basta multiplicar por 12, pois demonstrarei abaixo que a taxa anual
equivalente não será 12,00% a.a. e sim 12,70% a.a.:

Fórmula:

1 + ia = (1 + im)12
1 + ia = (1 + is)2
onde: taxa de juros mensal = im ; taxa de juros semestral = is ;e taxa de
juros anual = ia
Exemplos:
i) taxa anual equivalente a 1,0% a.m.
1 + ia = (1 + im)12
1 + ia = (1+ 0,01)12
1 + ia = (1,01)12
ia = 1,127 -1
ia = 0,127
ia = 12,7% a.a.
Logo, para achar a taxa anual de 1,0% a.m. não basta multiplicar por 12, pois
seu resultado é 12,7% a.a.
ii) taxa anual equivalente a 6% a.s.
1 + ia = (1 + is)2
1 + ia = (1+1,06)2
1 + ia = (1,06)2
ia = 1,124 -1
ia = 0,124
ia = 12,4% a.a.

Logo, para achar a taxa anual de 6,0% a.s. não basta multiplicar por 2, pois seu
resultado é 12,4% a.a.

ENTENDA OS DIFERENTES SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO

Os sistemas de amortização (Price, Sac e Sacre) são métodos de cálculo da


matemática financeira que abrangem os juros e o prazo firmados em contrato e
definem qual a prestação mensal e que parcela dessa prestação deduzirá da
dívida. Não que eu indique que você tenha dívida, mas se já adquiriu é
importante saber como amortizá-la.

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PRICE (FRANCÊS)
Tabela de amortização de dívida, com prestações calculadas de forma a
terem um valor constante, ao longo do período de pagamento.
Sistema de amortização muito utilizado antes do advento da computação,
porque permite calcular o valor da prestação, mediante simples multiplicação de
fatores, assim como o valor de cada parcela de juros, amortização e o saldo
devedor (estado da dívida) a qualquer momento, durante a evolução de uma
série de pagamentos.
A Tabela Price permite determinar prestações iguais e sucessivas para
retornar um capital cedido, adicionado de juros apropriados contabilmente.
Criada pelo matemático inglês Richard Price, há mais de 200 anos, incorporou a
teoria de juros compostos nos empréstimos de pagamentos iguais e sucessivos.
A denominação "Tabela Price" é utilizada somente no Brasil. Em outros
países o sistema é conhecido por "Sistema Francês de Amortização".

SAC
O SAC apresenta valores constantes de mensalidades, enquanto que as
amortizações pela Tabela Price crescem de forma acentuada à medida que o
prazo de financiamento aumenta. Em contrapartida, as prestações iniciais do
Sistema de Amortização Constante são maiores do que as praticadas na Tabela
Price. Isso acontece porque o SAC prevê amortização do principal desde o início
dos pagamentos. Assim, a amortização do principal é mais rápida, o que reduz o
montante dos juros pagos. Isso ocorre porque os juros são calculados sobre o
principal. Se o principal não diminui, se paga mais juros.
Em resumo, o SAC pode ser definido como um sistema de amortização de
uma dívida em prestações periódicas, sucessivas e decrescentes em progressão
aritmética, em que o valor da prestação é composto por uma parcela de juros
uniformemente decrescente e outra de amortização que permanece constante.

SACRE
O Sacre - embora comece com prestações mais altas, se comparada às da
Tabela Price - foi desenvolvido com o objetivo de permitir uma amortização mais
rápida, reduzindo a parcela de juros sobre o saldo devedor. Por esse sistema, o
interessado só pode comprometer até 30% de sua renda com a prestação inicial
do financiamento.
Pelo Sacre as prestações mensais iniciais se mantêm próximas da
estabilidade e ao longo do contrato, os valores diminuem. O recálculo das
mensalidades é feito anualmente nos dois primeiros anos do contrato, podendo
ocorrer trimestralmente a partir do terceiro ano. No final do contrato, realizado
pelo sistema, não há resíduos a serem pagos pelo comprador.
As prestações iniciais do Sacre e do SAC são maiores do que as da tabela
Price, mas ao longo do pagamento as parcelas exercem menor pressão e o custo
total do financiamento é menor do que da tabela Price. Com isso o uso da tabela
Price não é indicado.

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Tabela 1.4 – Comparação sistema de amortizações
SISTEMA PRESTAÇÃO JUROS AMORTIZAÇÃO
SACRE Constante Decrescente Crescente
SAC Decrescente em Decrescente Constante
progressão aritmética
TABELA PRICE Constante Decrescente Crescente
Exponencialmente

SAIBA QUANTO VOCÊ PAGA AO GOVERNO

Ao escolhermos entre aplicar 50 mil em um fundo de renda fixa ou comprar


um automóvel, estaremos pagando as seguintes quantias ao governo:

i) Automóvel 0 km no valor R$ 50.000, pagamos ao governo na forma de


impostos R$ 14500 (29% do valor).

ii) Investimento Fundo de Renda Fixa valor R$ 50.000, com i (juros de 1,0% a.
m.) em 1 mês.

- IR retido (22,5% sobre a rentabilidade) R$ 112,50;


- IOF regressivo cobrado apenas até o 29º dia R$ 0,00;

Na compra do automóvel, quase 1/3 é destinado ao governo, por outro


lado, pagaremos na aplicação apenas R$ 302,5 em seu primeiro mês. Concordo
que essa tributação foi incorporada ao valor do carro, mas que sofrerá
depreciação (em torno de 20%) no momento de retirar o carro da
concessionária.

ALTA TRIBUTAÇÃO BRASILEIRA


Realmente pagamos uma excessiva carga tributária em relação aos benefícios
recebidos. Para ilustrar cito alguns exemplos de alto percentual cobrado em
tributo: celular 41%; água mineral 45%; Compact Disc (CD) 47%; caneta
esferográfica 48,7%; perfume importado 71%, aguardente de cana 83,07% . No
capítulo 2, que trata da macroeconomia, iremos desvendar as causas dessa
exagerada tributação.

Abaixo transcrevo cálculo divulgado em matéria da revista exame de


22/11/2006, ed. 881:

Video Game XBOX 360 da Microsoft


Preço original do vídeo game
R$ 860,00
+ 20% de importação (R$ 1.032,00)
+ 50% de IPI (R$ 1.548,00)
+ 9,25% de PIS/COFINS de importação (R$ 1.690,00)
+ 18% de ICMS de importação (R$ 2.000,00)
+ 25% de ICMS na venda (R$ 2.500,00)
+ 9,25% de PIS/COFINS na venda (R$2.730,00)
Preço final ao consumidor após tributos
R$2.730,00
R$ 860,00 pago ao fabricante
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R$ 1.870,00 pago ao governo
Aumento de 217%
Fonte: revista exame de 22/11/2006, ed. 881, estimativa de importadores.

PORQUE ALUGAR (EM VEZ DE COMPRAR) SEU IMÓVEL NO BRASIL AINDA PODE
SER UM BOM NEGÓCIO

Investimento muito defendido pelos mais conservadores, os imóveis não é


a melhor forma de investimento. Ele perde perante aos outros investimentos
disponíveis no mercado nos quesitos liquidez e rentabilidade. Liquidez, pois
enquanto o resgate em um fundo DI é efetuado em D+0 (no mesmo dia), no
imóvel você poderá demorar cerca de anos para vendê-lo. Rentabilidade porque
enquanto é possível ainda conseguir 1,0% de juros líquido nesse mesmo fundo
DI, o aluguel gera rentabilidade ao proprietário em média entre 0,5% a 0,7%,
quando alugado, e caso seja apartamento e tenha obras, o proprietário é que
arca com essa taxa.
Por exemplo, você possui 100 mil reais para adquirir um apartamento no valor
de 85 mil reais, simularei duas situações:

a) comprar o imóvel

- imóvel = R$ 85.000
- corretor (6%) = R$ 5.100
- gasto com escritura, registro e tributos como o ITBI (4%) = R$ 3.604
- total do imóvel = R$ 93.704
- investimento com boa liquidez = R$ 100.000 - R$ 93.704 = R$ 6.296
- após 10 anos (120 meses) => apartamento depreciado e restante
investido gasto em reformas prediais.

b) alugar o imóvel

- rendimento aplicação em fundo DI (1,0% líquido de R$ 100.000) = R$ 1.000


- aluguel (0,6% de R$ 85.000) = R$ 510,00
- rendimento mensal restante = R$ 490,00
- investimento com boa liquidez = R$ 100.000
- após 10 anos (120 meses) => possibilidade de alugar apartamento
mais novo, e valor aplicado mais que dobrado (de acordo com tabela
abaixo):

TABELA 1.5 – RENDIMENTO ATRAVÉS DO USO DO ALUGUEL

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COMO ACUMULAR SEU PRIMEIRO MILHÃO

Muitos acreditam que seja realmente impossível essa tarefa, mas irei
mostrar abaixo dois diferentes caminhos que confirmarão que no mercado
financeiro nada é impossível, apenas é necessário disciplina e conhecimento.

a) Renda Fixa – Aplicação hipotética em um Fundo Multimercado4 com


rentabilidade média de 1,25%. Abaixo demonstro que com apenas R$ 50,00 por
dia é conseguido em apenas 15 anos ultrapassar 1 milhão.

Taxa de juros líquida............................................................1,25% ao mês


Valor aplicado mensalmente (PMT)............................................-R$1.500,00
Prazo de aplicação (N)....................................................................15 anos
Valor Futuro (FV)...........................................................R$1.002.760,14

b) Renda Variável – Carteira de Ações composta pelas empresas abaixo, com


compra no valor de R$ 600,00 mensais (líquidos dos custos de transação)
divididos equitativamente entre os períodos de 01/01/1996 a 31/12/2005 (com o
reinvestimento dos proventos recebidos):

QUADRO 1.2 – RENTABILIDADE CARTEIRA DE AÇÕES SELECIONADAS


(01/01/1996 a 31/12/2005)
Petrobrás Vale do Rio Itaú PN Gerdau PN
PN (PETR4) Doce PN (ITAU4) (GGBR4)
(VALE5)
Rentabilidade 792% 1340% 874% 3333%
Acumulada
Patrimônio R$133.743,00 R$216.021,00 R$146.027,00 R$514.892,00
acumulado

Patrimônio total acumulado...........................................R$1.010.685,00

REGRA 72
A regra 72 é uma ferramenta que nos mostra rapidamente como diferentes taxas
de juros reflete em sua aplicação. Você pode calcular em quantos anos seu
dinheiro vai dobrar, dividindo 72 pela taxa de juros recebida.

Por exemplo:
Com juros de 12% ao ano, seu dinheiro irá dobrar a cada 6 anos pois 72 ÷ 12 =
6

E assim:

72 ÷ 10% = 7,2 anos


72 ÷ 12% = 6 anos
72 ÷ 15% = 4,8 anos

4
As diferentes opções de fundos de investimento são detalhadas em seu respectivo
capítulo.
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APRENDA A INVESTIR
Para darmos dimensão o quanto representa seu dinheiro dobrar de valor, vamos
por hipótese dobrar R$ 25,00 em 25 vezes:

1 R$ 25,00
2 R$ 50,00
3 R$ 100,00
4 R$ 200,00
5 R$ 400,00
6 R$ 800,00
7 R$ 1.600,00
8 R$ 3.200,00
9 R$ 6.400,00
10 R$ 12.800,00
11 R$ 25.600,00
12 R$ 51.200,00
13 R$ 102.400,00
14 R$ 204.800,00
15 R$ 409.600,00
16 R$ 819.200,00
17 R$ 1.638.400,00
18 R$ 3.276.800,00
19 R$ 6.553.600,00
20 R$ 13.107.200,00
21 R$ 26.214.400,00
22 R$ 52.428.800,00
23 R$ 104.857.600,00
24 R$ 209.715.200,00
25 R$ 419.430.400,00

É alcançado o valor de mais de 419 milhões de reais.

1.2.3 ATITUDES IMPORTANTES DO INVESTIDOR

ADMITA SEUS ERROS E APRENDA COM ELES

Ao admitir que está errado, estará assim evitando prejuízos maiores ao não
reter ativos perdedores ou supervalorizados. As paradas de perdas (stop-loss
comentado ainda neste livro) precisam ser usadas em seus investimentos como
em ações.
Além de muito estudo, leitura e acompanhamento do mercado, a sua
inteligência financeira será adquirida também com seus erros cometidos.
Utilize cada obstáculo em seu caminho para ficar cada vez mais alto em
sua escalada, alcançando assim o tão almejado topo. Ao contrário de muitos, que
ao primeiro erro acaba por se amedrontar e desistir desta longa escalada.

OTIMISMO COM BOM SENSO

Otimismo e pensamento positivo nos auxiliam em todos os nossos anseios,


como também nos investimentos. Mas é necessário certo cuidado ao lidar com o
pensamento positivo no ramo financeiro, visto que o pensamento positivo e a
ilusão podem se misturar. Para evitar que isso ocorra, é preciso ser realista em
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APRENDA A INVESTIR
alguns momentos para perceber que o investimento efetuado não obteve êxito e
escapar dele antes do barco afundar, mesmo que tal operação acarrete certo
prejuízo, que provavelmente será menor do que insistir na posição perdedora.

ONDE RECLAMAR

Caso você se sinta lesado ou prejudicado e queira fazer alguma consulta ou


reclamação, a Bovespa e a CVM mantêm central de atendimento para esses
casos. Abaixo seguem ambos os serviços:

Comissão de valores mobiliários (CVM)


Superintendência de Proteção e Orientação ao Investidor (SOI), e registrar sua
queixa por telefone (0800 241616 / 21-3233-8210) ou e-mail (soi@cvm.gov.br).
PRODIN - Programa de Orientação e Defesa do Investidor
Informações a Investidores: 0800-7260802

Bovespa
Ombudsman – criado para atender, de forma adequada, a consultas, queixas e
reclamações de investidores, relacionadas com o processo de negociação,
custódia e liquidação de operações realizadas na bolsa. O ombudsman pode ser
acessado pelo telefone 0800-770-0149 ou pelo e-mail
ombudsman@bovespa.com.br.

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2. DECIFRANDO A ECONOMIA

Você deve estar se perguntando por que é preciso entender da economia


para aprender a investir, mas seu entendimento fará a diferença na escolha da
melhor opção de investimento. Digamos que a economia esteja caminhando para
uma verdadeira recessão, você deslocaria seus recursos aplicados um fundo DI
para o mercado acionário? Com certeza, após certo conhecimento, você jamais
faria isso. Também saberia o momento certo de procurar ativos mais rentáveis
ao verificar uma melhora nos fundamentos econômicos de nossa economia -
como queda da inflação, queda do risco país e aumento das reservas
internacionais, aliada à queda da taxa de juros nominal.
Com um melhor entendimento da macroeconomia, você irá, por exemplo,
realocar seus investimentos de um fundo DI para um fundo Renda Fixa pré-
fixado após saber que o governo pretende a longo prazo baixar a taxa Selic ou
investir em ações de empresa de consumo após divulgação da diminuição da
taxa de desemprego e/ou aumento do Produto Interno Bruto.
Por isso a compreensão da economia será fator fundamental para a escolha
dos investimentos mais propícios para cada momento atravessado. Para isso é
preciso entendê-la como um todo e também seus principais predicados e
instrumentos de condução da política econômica.
A seguir serão comentadas as principais variáveis agregadas da
macroeconomia como: produto interno bruto, inflação, juros e câmbio. Sendo
que os instrumentos de políticas do governo são: política monetária (juros),
política fiscal (tributos e gastos), política cambial (câmbio) e política de renda.

AUTORIDADES MONETÁRIAS BRASILEIRAS


CMN - CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL (CMN) - Órgão normativo responsável
pela fixação das diretrizes das políticas monetária, creditícia e cambial do país.
Membros: ministro da fazenda, ministro do orçamento e gestão e presidente do
Bacen.
BACEN - BANCO CENTRAL - Órgão executivo central do sistema financeiro.
Entre suas atribuições legais destacam-se:
a) emitir papel-moeda e moeda metálica;
b) exercer o controle do crédito sob todas as suas formas;
c) efetuar o controle dos capitais estrangeiros;
d) ser depositário das reservas oficiais de ouro e moeda estrangeira;
e) exercer a fiscalização das instituições financeiras e aplicar as penalidades
previstas;
f) efetuar, como instrumento de política monetária, operações de compra e
venda de títulos públicos federais;
g) promover, como agente do Governo Federal, a colocação de empréstimos
internos ou externos;
h) exercer permanente vigilância nos mercados financeiros e de capitais sobre
empresas que, direta ou indiretamente, interfiram nesses mercados;
i) comprar e vender ouro e moeda estrangeira, bem como realizar operações de
crédito no exterior;e
j) operar nos mercados de câmbio financeiro e comercial.
CVM – Comissão de Valores Mobiliários – Criada pela Lei nº 6.385/76, exercerá
suas funções, a fim de:

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APRENDA A INVESTIR
a) assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados de bolsa e de
balcão;
b) proteger os titulares de valores mobiliários contra emissões irregulares e atos
ilegais de administradores e acionistas controladores de companhias ou de
administradores de carteira de valores mobiliários;
c) evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação destinadas a criar
condições artificiais de demanda, oferta ou preço de valores mobiliários
negociados no mercado;
d) assegurar o acesso do público a informações sobre valores mobiliários
negociados e as companhias que os tenham emitido;
e) assegurar a observância de práticas comerciais eqüitativas no mercado de
valores mobiliários;
f) estimular a formação de poupança e sua aplicação em valores mobiliários;e
g) promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular do mercado de
ações e estimular as aplicações permanentes em ações do capital social das
companhias abertas.

FIGURA 2.1 – ORGANOGRAMA DAS AUTORIDADES MONETÁRIAS

AUTORIDADES DE APOIO: BANCO DO BRASIL, BNDES, CEF, E CRSFN.

2.1 PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB)

O produto interno bruto (PIB) representa a soma (em valores financeiros)


de todas as riquezas finais produzidas do país, durante um ano.
É preciso diferenciar o PIB nominal e PIB real; o primeiro é o valor
absoluto, ou seja, a soma simples dos bens e serviços produzidos; o segundo
apresenta uma correção monetária (deduzida a inflação).

A fórmula para expressar o PIB nominal de uma região é a seguinte:

Y = C + I + G + (X – M)

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APRENDA A INVESTIR
Onde:
Y: Produto, Renda ou Despesa
C: Consumo
I: Investimentos realizados
G: Gasto público
X: Exportações
M: Importações

PIB PER CAPITA

Os indicadores econômicos agregados (produto, renda, despesa) indicam


os mesmos valores para a economia de forma absoluta. Dividindo-se esse valor
pela população de um país, obtém-se um valor por pessoa (per capita), ou seja,
um valor médio por cada habitante. O valor per capita é muito mais
representativo que seu valor bruto, já que alguns países pobres, como o Brasil,
México, Índia e China possuem PIB elevado por causa de sua grande população,
porém o seu PIB per capita são extremamente baixos (já que a renda passa a
ser dividida por sua população). Por outro lado, países como a Suiça, Suécia,
Bélgica e Holanda possuem valor de PIB moderado, mas o suficiente para manter
a boa qualidade de vida de seus poucos milhões de habitantes, no que resulta
em um PIB per capita extramamente elevado.

TABELA 2.1 – PIB (US$) 2007


1 Estados Unidos da América 13.543.330
2 República Popular da China 11.606.336
3 Índia 4.726.537
4 Japão 4.346.080
5 Alemanha 2.714.469
6 Reino Unido 2.270.884
7 França 2.040.109
8 Brasil 2.013.893
9 Rússia 1.908.739
10 Itália 1.888.492
11 Espanha 1.310.206
12 Coreia do Sul 1.250.490
13 México 1.249.738
14 Canadá 1.217.069
15 Indonésia 1.053.696
16 República da China 749.943
17 Austrália 730.590

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18 Turquia 722.581
19 Argentina 691.054
20 África do Sul 663.950
Fonte: Fundo Monetário Internacional (FMI)

TABELA 2.2 - EVOLUÇÃO DO PIB EM 2005


CHINA.................................................9,9
VENEZUELA..........................................9,0
PERU...................................................6,0
CORÉIA DO SUL....................................4,0
EUA....................................................3,5
BRASIL...............................................2,3
Fonte: Austin Rating

É esperado um maior potencial de crescimento nos países emergentes,


frente aos países desenvolvidos, visto que os subdesenvolvidos teoricamente
possuem maior capacidade ociosa em sua economia. Com isso observamos
ultimamente países como a China, índia, Rússia, Irlanda, Venezuela, Chile entre
outros, com taxas de crescimento muito superiores ao dos países de 1º mundo
como EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido e França. Contudo o Brasil
(considerado um país emergente) obteve nos últimos 25 anos um dos menores
níveis de crescimento de todo o mundo, e nos últimos anos, manteve seu
patamar, mesmo com a valorização das commodities e com a forte liquidez
internacional.

GRÁFICO 2.1 - EVOLUÇÃO DO PIB BRASILEIRO (1950 a 2000)

Fonte: Revista Conjuntura Econômica/FGV (Set./2000)

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APRENDA A INVESTIR

TABELA 2.3 - CRESCIMENTO PIB BRASILEIRO ENTRE 2000 A 2007

ANO CRESCIMENTO

2000 4,3%

2001 1,3%

2002 2,7%

2003 1,1%

2004 5,7%

2005 3,2% (Revisado pelo IBGE)

2006 3,7%

2007 5,4%

Fonte: IBGE

PNB (Produto Nacional Bruto)

O PIB difere do Produto Nacional Bruto (PNB) pela Renda Líquida Enviada
ao Exterior (RLEE). Esta renda representa a diferença entre recursos enviados ao
exterior (pagamento de fatores de produção internacionais alocados no país) e os
recursos recebidos do exterior a partir de fatores de produção que encontram-se
em atividade em outros países. No caso brasileiro, o PNB é menor que o PIB,
conforme tabela abaixo, uma vez que nossa RLEE é positiva (ou seja, enviamos
mais recursos ao exterior do que recebemos).

O PNB é representado pela seguinte fórmula:

PNB = PIB - RLEE

2.2 INFLAÇÃO

O brasileiro, mais do que qualquer outro, sabe o que é inflação, fantasma


que nos atormenta até hoje. A definição teórica de inflação é a elevação da taxa
de variação relativa dos preços. Se houver o contrário ocorrerá deflação.
A inflação é considerada umas das principais causas de concentração de
renda, pois a parcela mais pobre da população é a que mais sofre com a
depreciação do dinheiro, pois não tem acesso a bancos, e, por conseguinte,
aplicações financeiras. Por outro lado vimos setores do comércio (como os
supermercados) e o próprio governo lucrarem muito com a inflação (não
corrigindo a tabela do Imposto de renda, por exemplo).

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APRENDA A INVESTIR
A constante elevação dos preços também causa um dos principais conflitos
da política econômica atual, pois seu controle é praticamente feito à base da
restrição do crescimento (pouco investimento produtivo e baixa demanda
agregada devido à alta taxa de juros5) ou desequilíbrio externo (perda de
reservas ao controlar o câmbio quando no regime fixo6).
A taxa de inflação buscada não tem como meta inflação zero, mas sim
semelhantes a paises desenvolvidos cujas taxas ficam em torno de 2% a 4%, e
até conseguidas, pelo Brasil, nos últimos anos.
No Brasil, sua explosão iniciou-se na segunda metade da década de 80 e se
intensificou no desastroso governo Sarney e com a constituição de 1988. No
Governo Collor também ocorreu hiperinflação, só controlada a partir de 1994
com o Plano Real, conforme observamos no gráfico abaixo.
A estabilização conseguida pelo Plano Real foi conseguida através da
âncora cambial (câmbio fixo) e à base de alta taxa de juros real (para restringir o
consumo agregado, diminuir os investimentos produtivos e incentivar a entrada
de capital estrangeiro especulativo). Sem pressão da demanda (chegou a elevar
o depósito compulsório a 100%) e com a concorrência de produtos importados
mais baratos e melhores, o cenário montado foi realmente propício para a
estabilização.

GRÁFICO 2.2 – INFLAÇÃO MENSAL - IGP-DI DE 1970 A 2000

Fonte: Fundação Getúlio Vargas (FGV)

Tipos de inflação:

i) de demanda: ocorre justamente quando a demanda agregada se encontra


acima da oferta agregada, gerando pressão inflacionária. O aumento de demanda
pode ser ocasionado pelo aumento de emissão de moeda efetuado pelo governo
para cobrir déficits, denominado como senhoriagem, como também pela queda
da taxa de juros.

ii) de custos: ocorre devido a elevação dos custos de produção, com isso os
preços finais da mercadoria, consequentemente ficarão fixados num patamar
mais elevado, independentemente do nível de demanda no segmento de
mercado. Pode ser gerada, também, pela depreciação da moeda local, elevando
o preço de certos insumos importados.

5
Ver item sobre Taxa de Juros.
6
Ver item sobre Taxa de Câmbio.
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APRENDA A INVESTIR

iii) estrutural: esta, menos ocorrida, ocasionada pela ineficiência de serviços


fornecidos pela infra-estrutura de uma determinada economia, que elevará os
custos de produção e em seguida o aumento dos preços das mercadorias no
mercado.

iv) inercial: consiste no conceito que a inflação futura será pelo menos a inflação
passada.

vi) hiperinflação: geralmente iniciada por uma inflação inercial que passa a
apresentar altos índices de elevação do preço, atingindo certo patamar acima de
50% ao mês.

Custos da inflação:

i) piora da distribuição de renda: devido ao não acesso às aplicações financeiras


da parcela mais pobre da população e defasagem do salário mínimo (até o seu
novo reajuste).

ii) distorções tributárias: demora por parte do governo para corrigir a tabela do
imposto de renda.

iii) sola de sapato: necessidade de maior pesquisa em busca de distorções nos


preços.

iv) de menu: custo para atualizar cardápios, remarcar preços etc.

METAS DE INFLAÇÃO

Definidas pelo Conselho Monetário Nacional, o sistema de metas de inflação


adotado pelo Decreto 3.088, em 21 de junho de 1999, é utilizado como diretriz
de política monetária.
Diferentemente do regime de metas de inflação adotado pela Estados
Unidos e por outros países desenvolvidos, onde eles acompanham a meta de
inflação por um índice que expurga bens comercializáveis e de preços
administrados chamado de CPI Core, o governo brasileiro fixa uma taxa de
inflação a ser atingida (utiliza o IPCA como base) e adiciona uma tolerância
acima e abaixo do índice, e é obrigado a mover os juros (taxa Selic7) de modo a
manter o IPCA sempre no interior deste intervalo.
Como por exemplo, a meta de inflação para 2006 e 2007 foi estipulada em
4,5%, com a possibilidade de oscilação (tolerância) de 2 pontos percentuais para
cima ou para baixo, ou seja, podendo ficar entre 2,5% a 6,5%.

PRINCIPAIS ÍNDICES DE INFLAÇÃO

IPCA (IBGE) - Índice de Preços ao Consumidor Ampliado. É calculado pelo IBGE


nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte,
Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além do Distrito Federal
e do município de Goiânia. Mede a variação nos preços de produtos e serviços

7
Ver item sobre Taxa de Juros.
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APRENDA A INVESTIR
consumidos pelas famílias com rendas entre 1 e 40 salários mínimos. O período
de coleta de preços vai do primeiro ao último dia do mês corrente e é divulgado
aproximadamente após o período de oito dias úteis.

INPC (IBGE) - Índice Nacional de Preços ao Consumidor. Calculado pelo IBGE


(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nas regiões metropolitanas do Rio
de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza,
Salvador e Curitiba, além do Distrito Federal e do município de Goiânia. Mede a
variação nos preços de produtos e serviços consumidos pelas famílias com
rendas entre 1 e 8 salários mínimos. O período de coleta de preços vai do
primeiro ao último dia do mês corrente e é divulgado aproximadamente após o
período de oito dias úteis.

IPC (FIPE) - Índice de Preços ao Consumidor, calculado pela FIPE/USP, mede a


variação dos preços de produtos e serviços, no município de São Paulo, para
famílias que ganham entre 1 e 20 salários mínimos.

IGP-M (FGV) – Índice Geral de Preços de Mercado. Índice que mede a variação
de preços no mercado de atacado, de consumo e construção civil. Este índice é
formado pela soma ponderada de outros três índices: IPA (Índice de Preços ao
Atacado), com um peso de 60%; IPC (Índice de Preço ao Consumidor), com um
peso de 30%; e INCC (Índice Nacional da Construção Civil), com 10%. O IGP-M
considera todos os produtos disponíveis no mercado, inclusive o que é
importado.

IGP-DI (FGV) - Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna. É calculado


pela FGV entre o primeiro e o último dia do mês. Sua divulgação ocorre por volta
do dia 10 do mês seguinte. Mede os preços que afetam diretamente a atividade
econômica do País, excluída as exportações. A exemplo do IGP-M, também é
composto pela média ponderada do IPC, IPA e INCC, calculados para o
respectivo período.

INDEXAÇÃO

É o processo de correção monetária de contratos expressos em moeda


corrente, com base na variação de índices de inflação, com o objetivo de
proteger o credor do contrato das perdas provocadas pela desvalorização
sistemática da moeda (inflação).
O mecanismo ganhou muita importância no Brasil durante os anos de
hiperinflação. Praticamente todos os contratos (aplicações financeiras, aluguéis,
salários etc.) eram indexados, isto é, corrigidos pela variação dos preços. Mas,
ao mesmo tempo em que protege o valor real dos contratos, tirando o efeito
inflacionário, é um mecanismo de perpetuação do nível de inflação, porque
praticamente toda a economia passa a repetir o padrão de comportamento de
preços do passado. Simplificando, um processo de alimentação automática de
aumentos de preços, na linha de inflação inercial.
Contudo, a indexação, ainda que necessária, é extremamente prejudicial à
economia.

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2.3 TAXA DE JUROS (INSTRUMENTO DE POLÍTICA MONETÁRIA)

A taxa de juros possui forte interferência na economia, pois é através dela


que os agentes, em geral, decidem entre viabilizar um projeto de investimento,
ou aplicar esse valor em um título público, o qual renderá uma taxa de juros
próxima à da Taxa Selic. Como também influencia na decisão de gastar em bens
não produtivos e lazer em vez de deixá-lo aplicado, aumentando assim o
consumo agregado (C). Sendo assim, uma taxa de juros alta significará poucos
investimentos8 e baixo nível de consumo, e uma taxa de juros baixa significará
maiores investimentos produtivos e maior nível de consumo.
Contudo, taxa de juros real (descontada a inflação) alta significará baixa
demanda agregada, não exercendo pressão inflacionária, mas também baixo
crescimento do PIB. Taxa de juros real baixa favorecerá o crescimento do PIB,
mas também poderá exercer pressão inflacionária pelo aumento da demanda
agregada.
Esse é um dos maiores, se não o maior, conflito do governo brasileiro,
como também da maioria dos governos mundiais, onde a questão central é
privilegiar o controle dos preços ou o crescimento do PIB. Se o objetivo maior for
controlar a inflação, haverá assim um outro problema que é quanto deve ser
fixada a taxa de juros. Essa questão não tem uma resposta, e é apenas
resolvida após algumas tentativas do governo, o qual supervisiona os índices
inflacionários após mudança da taxa de juros, o que gera muitos embates no
meio econômico.
A meta da taxa de juros é definido pelo Copom, com o intuito de ajustar a
inflação de acordo com a meta de inflação estipulada pelo CMN. A demanda e a
oferta de títulos definem a taxa de juros real. Logo, a partir da meta definida, o
bacen intervém comprando e vendendo títulos públicos para que a taxa fique em
torno da meta definida pelo Copom.

TABELA 2.4 – RANKING DOS PAÍSES COM AS 10 MAIORES TAXAS DE JUROS


REAIS (MAR/2008)
POSIÇÃO PAÍS TAXA (% a.a.)
1º Brasil* 6,73
2º Turquia 6,69
3º Austrália 4,89
4º México 4,18
5º Inglaterra 3,23
6º Colômbia 2,89
7º Dinamarca 2,16
8º Canadá 2,00
9º Holanda 1,96
10º Coréia do Sul 1,65
Fonte: UpTrend Consultoria
* Considera a taxa de juros nominal de 11,25%

Taxa Selic: taxa de juros média que incide sobre os financiamentos diários com
prazo de um dia útil (overnight) lastreados por títulos públicos registrados no
Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic).

8
Investimentos no setor produtivo, não investimento financeiro.
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Copom: órgão do BC, cujos membros são os próprios diretores do BC, instituído
em 20 de junho de 1996, com o objetivo de estabelecer as diretrizes da política
monetária (meta de inflação estabelecida pelo CMN) e definir a taxa de juros.

As reuniões ordinárias do Copom dividem-se em dois dias: a primeira


sessão às terças-feiras e a segunda às quartas-feiras, totalizando 8 reuniões ao
ano (há a possibilidade de reuniões extraordinárias).
O Copom pode estabelecer um viés de taxa de juros (de elevação ou
redução), prerrogativa que autoriza o presidente do BACEN a alterar a meta para
a taxa Selic na direção do viés a qualquer momento entre as reuniões regulares
do Copom. O viés é utilizado, normalmente, quando alguma mudança
significativa na conjuntura econômica for esperada.
Ao final de cada trimestre civil (março, junho, setembro e dezembro), o
Copom publica, em português e em inglês, o documento "Relatório de Inflação",
que analisa detalhadamente a conjuntura econômica e financeira do País, bem
como apresenta suas projeções para a taxa de inflação.

Órgãos similares em outros países:

EUA - Federal Open Market Committee (FOMC) do FED


Alemanha – Bank Council
Inglaterra – Monetary Policy Committee (MPC)

No gráfico abaixo, identificamos os motivos das altas taxas praticas no


período do Real. Os momentos de crises levam ao país a pagar um maior prêmio
ao risco para impedir grandes fugas de capitais e devida à maior dificuldade em
“rolar” sua dívida. A linha de suporte deixa claro a tendência baixista da Selic nos
últimos 10 anos, mas feita com bastante suavidade pelo Copom.

GRÁFICO 2.3 – TAXA DE JUROS NOMINAL AO ANO (SELIC) – 01/1996 A 03/2008

Fonte: BCB-DEMAB / COPOM

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Taxa de redesconto: taxa cobrada pelo Bacen para emprestar recursos aos
bancos em casos de emergência. O Bacen pode influenciar a quantidade de
empréstimos alterando essa taxa.

Depósito compulsório: obrigação dos bancos de depositar percentual dos


depósitos no Bacen, influenciando na capacidade de criação de moeda escritural
por parte dos bancos. Índice que estive em 100% no inicio do plano real, agora
se encontra em 53%.

Meios de pagamento: Ativos financeiros que podem ser usados para o


pagamento de dívidas, contratos, transações comerciais e financeiras. São
classificados em:

- M1: Ativos mais líquidos da economia. Composto por moeda metálica, papel-
moeda em poder do público e depósitos a vista, cheques.
- M2: M1 + os títulos da dívida pública, com características de quase-moeda.
- M3: M2 + as cadernetas de poupança.
- M4: M3 + os títulos de dívida privados.

Base Monetária: Moeda em circulação mais depósitos bancários a vista junto à


autoridade monetária, que incluem o recolhimento compulsório sobre depósitos a
vista.

INFLUÊNCIA DA TAXA DE JUROS NORTE-AMERICANA

Como em todo investimento, os retornos são comparados aos riscos. O


ativo de menor risco do mundo são os títulos do governo norte-americano.
Contudo, uma elevação em sua taxa básica promovido na reunião da FOMC pelo
FED ocasiona movimento de fluxo do capital em direção aos EUA, pois qualquer
oscilação influência os primeiros indecisos e avessos ao risco.
Esse fluxo é sentido principalmente nas economias dos países emergentes
como o Brasil, onde as bolsas de valores também são afetadas ocasionando
fortes quedas, e, com isso, os títulos desses países perdem atratividade.

Juros país emergente = Juros ativo sem risco (título americano) + prêmio ao
risco (risco país)

Conforme gráfico abaixo, podemos observar o ajuste sofrido nos EUA desde
o início de 2001 e prolongado em decorrência do atentado de 11 de setembro
que fez o nível de consumo norte-americano cair drasticamente devido ao
pânico, o banco central norte-americano teve que baixar a taxa de juros da faixa
de 3% para 1%, onde só iniciou sua recuperação no final de 2004, e em meados
de 2006, devido à preocupação inflacionária chegou até 5,25%.

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GRÁFICO 2.4 – TAXA DE JUROS NORTE-AMERICANA 02/2000 A 03/2008

6,25%
Taxa 5,25%
Juros (%)

2,25%

1,00%

Fonte: FED (http://www.federalreserve.gov/FOMC/)

RISCO PAÍS

O risco país é um índice denominado Emerging Markets Bond Index Plus


(EMBI+) e mede o grau de "perigo" que um país representa para o investidor
estrangeiro, sendo assim seu prêmio ao risco. O risco país é calculado por
agências de classificação de risco e bancos de investimentos. O banco de
investimentos americano J. P. Morgan, que possui filiais em todo o mundo, foi o
primeiro a fazer essa classificação.
O J. P. Morgan analisa o rendimento dos instrumentos da dívida de um
determinado país, principalmente o valor (taxa de juros) com o qual o país
pretende remunerar os aplicadores em bônus, representativos da dívida pública.
Contudo, o risco país é a sobretaxa que se paga em relação à rentabilidade
garantida pelos bônus do Tesouro dos Estados Unidos (título público norte-
americano), país considerado o mais solvente do mundo, ou seja, o de menor
risco de um aplicador não receber seu dinheiro investido e acrescido dos juros
prometidos.
Os fatores avaliados são, principalmente, aspectos como o nível do déficit
fiscal, as turbulências políticas, o crescimento da economia e a relação entre
arrecadação e a dívida de um país.

Exemplo de cálculo de taxa de juros mínima:

Taxa de juros EUA: 3,00%


Risco Brasil (prêmio ao risco): 200 pontos base (2,00%)
Taxa de juros real (descontada a inflação) brasileira mínima: 5,00%
IPCA (índice brasileiro de inflação considerado): 4,0%
Taxa de juros nominal brasileira mínima: 9,00%9

Conforme gráfico abaixo, o risco Brasil apresenta, ao final de 2008, seu


menor nível histórico, e a tendência de baixa tende a continuar. Com isso
podemos perceber a forte correlação (negativa) do risco país com o nível da
bolsa brasileira, isto é, quando uma sobe a outra cai, e vice-versa. Logo a
perspectiva é que o Ibovespa continue a acompanhar inversamente a queda do

9
Considerando zero a inflação norte-americana.
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APRENDA A INVESTIR
risco. Do contrário, se o risco país inverter sua tendência, a Bolsa,
provavelmente, acompanhará seu movimento de inversão.

GRÁFICO 2.5 - RISCO BRASIL X IBOVESPA (SET/2004 a ABR/2007)

Fonte: Bovespa e JP Morgan

Monetaristas
Milton Friedman, economista ortodoxo, representante da Escola de Chicago de
Economia e defensor do livre mercado é associado às teorias "monetaristas", que
consideram que a inflação pode ser controlada quase que exclusivamente pela
oferta de moeda. O economista ganhou o Prêmio Nobel de Economia de 1976 por
suas realizações nos campos de análise do consumo, de história monetária e da
teoria e demonstração da complexidade da política de estabilização.

2.4 TAXA DE CÂMBIO (INSTRUMENTO DE POLÍTICA CAMBIAL)

Segundo o Banco Central do Brasil, a taxa de câmbio é o preço de uma


moeda estrangeira, medido em unidades ou frações (centavos) da moeda
nacional. A taxa de câmbio reflete, assim, o custo de uma moeda em relação a
outra, se diferenciando em taxa de venda e taxa de compra.
Pensando sempre do ponto de vista do banco (ou outro agente autorizado
a operar pelo Banco Central), a taxa de venda é o preço que o banco cobra para
vender a moeda estrangeira (a um importador, por exemplo), enquanto a taxa
de compra reflete o preço que o banco aceita pagar pela moeda estrangeira que
lhe é ofertada (por um exportador, por exemplo). Ou seja, o câmbio é uma das
variáveis mais importantes da macroeconomia, sobretudo no que se refere ao
comércio internacional. Quando se deseja negociar ativos de um país para outro,
quase invariavelmente temos de mudar a unidade de conta do valor desses
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APRENDA A INVESTIR
ativos – da moeda doméstica para a moeda estrangeira. Nesse sentido, pode-se
definir a taxa de câmbio de um país como o número de unidades de moeda de
um país necessário para se comprar uma unidade de moeda de outro país. Em
outras palavras, é o preço de uma moeda em termos de outra.
Contudo, o comércio de bens e serviços, como também o fluxo de capitais
são os principais fatores de precificação da taxa cambial. Ou seja, um aumento
significativo nas exportações fará forte pressão na desvalorização do real
(diminuição da taxa de câmbio) e vice-versa.

Fatores que influenciam o câmbio:


- Liquidez internacional;
- Cenário econômico de países com forte demanda importadora (EUA,
China etc.);
- Saldo da balança comercial;
- Preços das commodities;
- Taxa de juros doméstica e internacional;
- Risco país;
- intervenção do Bacen.

Observamos nos últimos anos (desde out/2002 – eleição presidencial) forte


valorização do Real, e podemos atribuir essa tendência à elevação dos preços
das commodities, aumento das exportações, queda do risco-país e queda da taxa
de juros. Conforme observado no gráfico abaixo, descontado a inflação (IPCA),
2007 iniciou-se com uma taxa de câmbio real em relação à moeda norte-
americana inferior à utilizada no inicio do plano real quando ficou na relação de
R$ 1,00 para US$ 1,00.

GRÁFICO 2.6 - ÍNDICE DA TAXA DE CÂMBIO REAL (IPCA) – DÓLAR AMERICANO


(BASE 100) – JUN/1994 A JAN 2007

Eleição
2002

Baixo Nível
de Reservas
Troca de Internacionais
Regime
Cambial

Fonte: Bacen

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APRENDA A INVESTIR
Principais favorecidos com a valorização do Real:

- Controle inflacionário;
- Importadores;
- Agências de turismo especializadas em viagens ao exterior;

Principais prejudicados com a valorização do Real:

- Empresas exportadoras;
- Agricultura;
- Indústria Brasileira (principalmente alguns setores com maior
concorrência externa como o têxtil e o calçadista);
- Turismo nacional;

REGIMES CAMBIAIS

i) CÂMBIO FIXO
Regime cambial em desuso após propiciar crises como a da Argentina, e é
atualmente utilizado apenas pela China. Este regime é indicado para ser utilizado
como âncora cambial no combate à inflação, mas apenas no curto prazo, pois
provavelmente o câmbio fixo levará ao governo constantes perdas de reservas,
podendo chegar a ser declarada moratória da dívida externa.

ii) REGIME DE BANDAS CAMBIAIS


Uma variação do câmbio fixo, onde ao invés de pré-estabelecer uma taxa, o
governo projeta um intervalo, no qual terá que manter a taxa. Também utilizado
para estabilidade da moeda, mas que também possui o risco de perdas de
reserva.

iii) CÂMBIO FLUTUANTE (CÂMBIO SUJO)


Regime adotado atualmente pelo Brasil, onde não há taxa estabelecida e o
mercado a define diariamente, mas o governo impede altas variações
interferindo em sua cotação (daí o jargão “câmbio sujo”). Não serve como meio
de estabilidade, mas não consome as reservas possuídas.

iv) CÂMBIO LIVRE


Regime no qual não há nenhuma intervenção do governo. Sua taxa é definida
exclusivamente pelo mercado.

PARIDADE DO PODER DE COMPRA (PPC)

Método alternativo à taxa de câmbio para se calcular o poder de compra


entre dois países. A PPC mede o quanto uma determinada moeda pode comprar
em termos internacionais (normalmente dólar), já que bens e serviços têm
diferentes preços de um país para outro. Sua teoria repousa na afirmação que,
no longo prazo, as taxas de câmbio devem se deslocar na direção de níveis que
igualarão os preços de cestas idênticas de produtos e serviços em qualquer par
de países.
Nesta linha, a revista “The Economist” criou em 1986 o índice big mac,
para determinar uma taxa de câmbio mais próxima da realidade do que a taxa
nominal. Mesmo o big mac sendo um produto non-tradeble (não comercializável
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APRENDA A INVESTIR
entre países) ele é um produto padronizado e presente em quase todo o mundo
(em aproximadamente 120 países).

TABELA 2.5
PREÇOS DO BIG-MAC
SUÍÇA US$ 4,93
EUA US$ 3,10
GRÃ-BRETANHA US$ 3,08
TURQUIA US$ 3,07
CHILE US$ 2,98
BRASIL US$ 2,74
CHINA US$ 1,30
Fonte: The Economist (Jan/2006)

2.5 GASTOS DO GOVERNO E TRIBUTAÇÃO (INSTRUMENTOS DE POLÍTICA


FISCAL)

Assim como a economia de sua casa onde você deve arrecadar mais do
que gastar, o governo também deve arrecadar mais tributos do que gastar,
tarefa ainda mais necessário por conta de possuir dívidas (em patamar elevados
para um mercado emergente). Quando ele consegue esse feito, ele obtém um
superávit, do contrário é um déficit.
Quando há um déficit, ele possui apenas dois caminhos para se financiar: i)
senhoriagem: emissão de papel moeda o que ocasiona pressão inflacionária;e/ou
ii) emissão de título que elevará ainda mais nossa dívida, que dificultará sua
rolagem forçando um aumento de juros que elevará nossos gastos e diminuirá o
crescimento do PIB.
No Brasil, o instrumento de política fiscal está, praticamente, deixado de
lado, pois dependemos da reforma administrativa (gastos com pessoal) e
previdenciária para conseguirmos gastar menos e, com isso, interromper a
elevação tributária.
A reforma administrativa com o intuito de pelo menos conter o
crescimentos do gastos do governo precisa frear a criação de novos estados e
municípios, cortar privilégios e enxugar o estado.
A reforma previdenciária precisará elevar a idade mínima dos aposentados,
igualar os direitos de homens e mulheres (mulheres possuem maior expectativa
de vida e só no Brasil se aposentam mais cedo) e estipular um teto, aos
funcionários públicos, de até 50% do salário quando em sua aposentadoria (há
casos de aposentados que recebem mais de 1005 do salário quando funcionário
público). A desvinculação do salário mínimo, aos aposentados, também é item
muito solicitado pelos economistas.

TABELA 2.6 - GASTOS DO GOVERNO 2006 (% do PIB)


PREVIDÊNCIA.........................................13%
PESSOAL................................................11%
CUSTEIO................................................10%
SAÚDE.............................................................7,5%
EDUCAÇÃO...........................................................4,5%
INVESTIMENTO EM INFRA-ESTRUTURA...................................0,5%
Fonte: STN

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APRENDA A INVESTIR
A herança deixada pela constituição de 88 vem obrigando o governo a
arcar com custos cada vez mais elevados com a previdência e com o
funcionalismo público, onde há aposentadoria com salário igual ou superior ao
recebido quando em atividade, e aumentos muito acima da inflação aos
funcionários do judiciário. Contudo, o brasileiro é onerado cada vez mais, neste
regime tributário regressivo (onde o pobre paga mais do que o rico em termos
percentuais) e onde o Governo gasta mais com o rico do que com o pobre.
Além de regressivo, nosso sistema tributário é complexo e elevado, o qual
desestimula o investimento e incentiva a sonegação. O imposto provisório
classificado com a sigla cpmf, quase ficou eterno, e foi criado para a saúde (o
investimento na saúde não aumentou após sua criação), era utilizado na forma
de cascata, o que prejudicava as exportações brasileiras e ainda poderá voltar. A
reforma tributária, assim como a previdenciária e a administrativa são essenciais
para a retomada do crescimento brasileiro, ao patamar dos outros emergentes.

Fipe: Quanto menor a renda, maior a carga tributária


Por: Equipe InfoMoney
26/09/06 - 16h25
SÃO PAULO - Os mais pobres realmente pagam a conta no Brasil. Pesquisa
divulgada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), da
Universidade de São Paulo (USP), comprovou a afirmação.
Segundo o levantamento, quase metade do que as famílias com renda até dois
salários mínimos (atualmente R$ 700) ganham são abocanhados por impostos.
Em outras palavras, quase R$ 350 men sais vão para o governo.
Disparidade
Que a carga tributária brasileira é uma das maiores do mundo, já é de
conhecimento público. Conforme pesquisa do Instituto Brasileiro de Pesquisa
Tributária (IBPT), é quase 40% do Produto Interno Bruto (PIB), o que deixa o
País atrás somente da Suécia - cuja qualidade de vida é extremamente superior
à brasileira.
Porém, conforme o estudo da fundação, enquanto 48,8% do que os mais pobres
ganham vão para o leão, na outra ponta, 26,3% do que as famílias com renda
superior a 30 salários mínimo (atualmente a partir de R$ 10.500) recebem são
convertidos em tributos.
A classe média, com renda de dez a 15 salários mínimo (R$ 3.500 a R$ 5.250),
tem 30,5% do ganho comprometido com impostos.
Em suma: os mais pobres realmente pagam mais impostos. Mas por quê?
"O fato da arrecadação ser maior para os mais pobres é um assunto conhecido
há mais de 40 anos. A questão é que todos os anos aumenta-se a carga e esse
impacto não é corrigido, o que faz com que a diferença aumente", explicou a
coordenadora da pesquisa, Maria Helena Zockun.
Embutidos
Segundo Maria Helena, a maior parte dos impostos são aqueles embutidos em
produtos. "E como as pessoas de baixa renda consomem quase tudo o que
ganham, e até mais, contraindo dívidas, acabam pagando mais tributos",
explicou.
"Já a parcela mais rica da população poupa mais, o que faz com que não sejam
recolhidos esses impostos", detalhou Maria Helena. "A forma de tributar deveria
ser modificada, respeitando o fato de que a maioria da população é pobre",
adicionou.

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Segundo a professora, os tributos indiretos (exclusos o ISS e os encargos
trabalhistas) acrescentam, em média, 37% de custo aos produtos. No caso do
fumo, esse total chega a 3.000%. Na avaliação da professora, é exatamente esse
o motivo da alta informalidade no País.
Fonte: InfoMoney (http://web.infomoney.com.br/)

TABELA 2.7 – COMPARAÇÃO CARGA TRIBUTÁRIA COM OUTROS ÍNDICES (2005)


– PAÍSES SELECIONADOS
Carga Tributária
País IDH Corrupção Burocracia
% do PIB
Suécia 50,7% 6º. 6º. 14º.
Noruega 44,9% 1º. 8º. 5º.
França 43,7% 16º. 18º. 32º.
Itália 42,2% 18º. 40º. 38º.
Brasil 37,8% 63º. 62º. 119º.
EUA 25,4% 10º. 17º. 3º.
Japão 25% 11º. 21º. 10º.
Argentina 21,9% 34º. 97º. 77º.
Chile 19,2% 54º. 21º. 25º.
México 18,5% 53º. 65º. 73º.
Fonte: IBPT - Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário

Se o Governo possuísse margem fiscal para utilizar como política, não seria
necessário juro tão elevado para manipular a demanda agregada quando
necessário aperto monetário para conter a inflação. Em vez de diminuir C
(consumo agregado) via aumento da taxa de juros, bastaria apenas diminuir G
(gastos do governo).

Y = C + I + G + (X – M)

JOHN MAYNARD KEYNES


Natural da Inglaterra, aluno de outro economista importante, Alfred Marshall,
formando-se em 1905 aos 22 anos em Cambridge. Foi funcionário do tesouro
britânico, e em 1936 publica “A Teoria Geral do Emprego, dos Juros e da Moeda”
que em fim veio a iniciar a chamada Revolução Keynesiana que defende a
intervenção do estado na economia. Chamado para tentar resolver a crise de
1929 nos Estados Unidos, ele aconselhou ao governo norte-americano que
contratassem funcionários para cavar buracos, e depois contratassem mais
outros para fechar os mesmos buracos. Com isso seria efetuada uma política
fiscal expansionista devido ao aumento dos gastos, estimulando o consumo
agregado (total) ocasionando em um aumento da renda (PIB). Claro que sua
atitude teve reconhecimento em tempos que essas políticas não eram
conhecidas, o governo norte-americano havia margem para utilizar essa

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APRENDA A INVESTIR
“manobra”, e a demanda agregada não era facilmente estimulada como nos dias
de hoje com política monetária.

2.6 POLÍTICA DE RENDAS

Diferente de política de distribuição de renda, política de renda diz respeito


à interferência direta do governo na formação de preços, por meio de
congelamento de preços e salários, fixação de reajustes salariais entre outros.
Com o controle da inflação, esta política não vem sido utilizado pelo
governo. Mesmo porque nunca foi coerente atacar o problema em sua
conseqüência e não em sua causa.

2.7 INFLUÊNCIA EXTERNA

SETOR EXTERNO

As transações comerciais (registrada no saldo da balança comercial) e


financeiras com o resto do mundo são contabilizadas no balanço de pagamentos
(BP), cuja também engloba as transferências unilaterais. Este, por sua vez, deve
ser equilibrado, não pode ser nem muito superavitário, e muito menos deficitário
(gera necessidade de ingresso de investimentos diretos e/ou melhora do saldo da
balança comercial).

Composição da Balanço de Pagamentos (BP)

- balança comercial
- balança de serviços
- balança de capitais

O superávit na BP poderá incorrer em processo inflacionário, visto que o


Bacen irá emitir mais moeda em virtude da maciça entrada de dólares. Por outro
lado, déficit na BP levará ao esgotamento das reservas internacionais, e com isso
não haverá mais dólares no mercado doméstico para o governo honrar suas
dívidas e limitará a capacidade de importação.

ABERTURA COMERCIAL
Após um longo período de fechamento da economia, caracterizado pela busca de
autonomia de nossa indústria, o Brasil, em 1988, iniciou-se seu processo de
abertura, intensificado no período entre 1990 a 1994. Com a abertura, criou-se
um ambiente competitivo, onde se melhora a produtividade (necessidade de
investimento em pesquisa e desenvolvimento) e propicia um controle mais
efetivo nos preços (devida à maior concorrência). Contudo, gera melhores
oportunidades para o crescimento do PIB. No entanto, há quem diga que o
processo de abertura, poderia ter sido efetuado de maneira mais gradual, com o
intuito de ter protegido as empresas nacionais, que estavam com tecnologias
obsoletas e despreparadas para uma maior concorrência.

FMI: O Fundo Monetário Internacional é uma organização internacional que


pretende assegurar o bom funcionamento do sistema financeiro mundial pelo
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APRENDA A INVESTIR
monitoramento das taxas de câmbio e da balança de pagamentos, através de
assistência técnica e financeira. Sua sede é em Washington, Estados Unidos. O
Brasil recorreu ao FMI quando viu suas reservas internacionais quase se
esgotarem, e com isso evitou uma nova declaração de moratória, fato que os
investidores internacionais marcam em sua memória.

GRÁFICO 2.7 - RESERVAS INTERNACIONAIS LÍQUIDAS AJUSTADAS (CONCEITO


DE LIQUIDEZ INTERNACIONAL) JAN/1994 A JAN/2008.

Fonte: BCB-DEPEC

INVESTMENT GRADE

No mercado financeiro, os investidores aspiram por alto retorno em um


ambiente seguro, que significa, dentre outras coisas: fundamentos
macroeconômicos consistentes com políticas monetária, fiscal e cambial, bem
definidas, isto é, inflação controlada, câmbio flutuante, governo que honre seus
compromissos, estabilidade político-institucional, além de regras claras no que se
refere ao cumprimento de contratos e ambiente concorrencial.
É justamente em cima de variáveis como: inflação, juros, dívida interna e
externa, regime político, estabilidade das instituições sociais, dentre inúmeras
outras, que as Agências de Classificação de Risco classificam as economias
através de seus ratings (notas de risco).
A Standard & Poor’s (S&P) é uma das mais conhecidas agências de
classificação de riscos, assim como a Moody's Investors Service e a Merrill Lynch,
e são responsáveis pela classificação dos países quanto a seu nível de risco.
Nessa classificação, o Brasil passou a figurar, pela S&P, na classe Investment
Grade em 30 de abril de 2008, com o rating BBB-. Assim como os países, as
companhias também recebem ratings das agências classificadoras, como
também suas debêntures emitidas.

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APRENDA A INVESTIR
QUADRO 2.1 – RATINGS MOODY’S E STANDARD & POOR’S

Fonte: Moody’s e Standard & Poor’s

BRIC (BRASIL, RÚSSIA, ÍNDIA E CHINA)

O termo surgiu há três anos por uma equipe de pesquisadores (entre eles
Jim O’neill, economista chefe do banco) do banco americano Goldman Sachs
(líder mundial no segmento) depois de tratados de cooperação e comércio
assinados em 2002. Os BRICs apesar de ainda não serem as maiores economias
mundiais já exercem grande influência no mundo capitalista, o que pode ser
presenciado claramente na reunião da OMC em 2005, onde os países em
desenvolvimento liderados por Brasil e Índia juntaram-se a países
subdesenvolvidos para impor a retirada dos subsídios governamentais na União
Européia e os Estados Unidos e a redução nas tarifas de importação e comércio
nos mesmos, alavancando assim o crescimento dos "BRICs" e outros países
afetados pela pobreza.
Rússia, Índia e China já são superpotências militares, ao contrário do Brasil
que ainda não apresentou momentos históricos necessários para uma corrida
armamentista. Todos eles estão em processo de desenvolvimento político e
econômico para se adequarem aos demais países desenvolvidos.
Desde 2004, muitos fundos de ações (Hedge funds) vem sendo criados
com o objetivo de aplicar em títulos e valores mobiliários de países integrantes
do BRIC, e estão, cada vez mais, com maior demanda dos investidores, pois
estão são os mais rentáveis da modalidade disponíveis no mercado internacional.
Nos próximos 50 anos, Brasil, Rússia, Índia e China - as economias BRICs -
poderão se tornar a maior força na economia mundial. Usando as últimas
projeções demográficas e modelos de acumulação de capital e crescimento de
produtividade, o grupo Goldman Sachs mapeou as economias dos países BRICs
até 2050.

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TABELA 2.8 – RANKING PIB EM 2005, E PROJEÇÕES PARA 2025 E 2050
Produto interno bruto Produto interno bruto Produto interno bruto
em 2005 em 2025 em 2050
(em trilhões de (em trilhões de (em trilhões de
dólares) dólares) dólares)
1o. Estados Unidos 12,8 1o. Estados Unidos 20 1o. CHINA 49
2o. Japão 5 2o. CHINA 11,7 2o. Estados Unidos 38
3o. Alemanha 2,6 3o. Japão 6,7 3o. ÍNDIA 27
4o. Reino Unido 2,3 4o. Alemanha 3,9 4o. Japão 8
5o. CHINA 2,3 5o. ÍNDIA 3,6 5o. BRASIL 8
6o. França 2,2 6o. Reino Unido 3,3 6o. México 7,8
7o. Itália 1,8 7o. França 3,2 7o. RÚSSIA 6,2
8o. Canadá 1 8o. RÚSSIA 2,9 8o. Alemanha 5,4
9o. Espanha 1 9o. Coréia 2,6 9o. Reino Unido 5,1
10o. Coréia 0,8 10o. Itália 2,5 10o. França 4,9
11o. BRASIL 0,8 11o. México 2,4 11o. Indonésia 3,9
12o. México 0,8 12o. BRASIL 2,3 12o. Nigéria 3,7
Fonte: Goldman Sachs

BLOCOS COMERCIAS
Blocos Comerciais são reuniões de países que têm como objetivo a integração
econômica e/ou social. Os blocos comerciais são normalmente agrupados em
quatro categorias distintas:
i) Área ou Zona de Livre Comércio
ii) Uniões Aduaneiras
iii) Mercados Comuns
iv) Uniões econômicas e Monetárias
MERCOSUL: é a União Aduaneira (livre comércio intrazona e política comercial
comum) de cinco países da América do Sul. Em sua formação original o bloco era
composto por quatro países: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, aderindo a
Venezuela, em julho de 2006. O bloco também é chamado de Cone Sul porque
sua formação original abrangia as nações do sul do continente, formando um
cone.
UNIÃO EUROPÉIA: A União Européia, anteriormente designada por
Comunidade Econômica Européia (CEE) e Comunidade Européia (CE), é uma
organização internacional constituída atualmente por 25 Estados-Membros,
estabelecida com este nome pelo Tratado da União Européia (normalmente
conhecido como Tratado de Maastricht) em 1992, mas muitos aspectos desta
união já existindo desde a década de 50. A União tem sedes em Bruxelas,
Luxemburgo e Estrasburgo. A União Européia tem muitas facetas, sendo as mais
importantes o mercado único europeu (ou seja uma união aduaneira), uma
moeda única (adotada por 12 dos 25 Estados membros) e políticas agrícola, de
pescas, comercial e de transportes comuns. A União Européia desenvolve
também várias iniciativas para a coordenação das atividades judiciais e de defesa
dos Estados Membros.
NAFTA: Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (North American Free Trade
Agreement) ou NAFTA,é um tratado envolvendo Canadá, México e Estados
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Unidos da América numa atmosfera de livre comércio, com custo reduzido para
troca de mercadorias entre os três países. O NAFTA entrou em efeito em 1º de
janeiro de 1994.
OMC: A Organização Mundial do Comércio (OMC) é uma organização
internacional que supervisiona um grande número de acordos sobre as "regras
do comércio" entre os seus estados-membros. Foi criada em 1995 sob a forma
de um secretariado para administrar o Acordo Geral de Tarifas e Comércio
(GATT), um tratado comercial que criou muito da fundação para a OMC. A sua
sede localiza-se em Genebra, Suíça.

2.8 DISTRIBUIÇÃO DE RENDA

Acredito que a má distribuição de renda presente no Brasil seja o maior


empecilho para nosso crescimento. Na presença de baixa distribuição de renda, o
consumo agregado é baixo, retraindo o mercado interno. Já a população rica
concentra seus gastos em bens supérfluos e importados, como também em
viagens ao exterior.

GRÁFICO 2.8 - Renda Familiar em 2007 (em salário mínimo)

Fonte: IBGE

Os economistas neoclássicos, mainstream da corrente econômica, não


distinguem crescimento econômico e desenvolvimento econômico. Mas é sabido,
que o crescimento econômico sustentado é conseguido apenas em países com
razoáveis níveis de distribuição de renda, chegando assim a seu desenvolvimento
econômico. É refutada a teoria neoclássica com vários exemplos mundiais, pois
países com altas rendas per capita continuam subdesenvolvidos, como é o caso
da Arábia Saudita.
A distribuição de renda é um problema notável no Brasil, mas que não será
resolvido com programas que dão “esmola” à população, e sim com melhor nível
educacional e acesso ao crédito aos microempresários (fomentando a geração de
empregos).

Propiciar boa educação é a melhor forma de distribuição de renda, em vez de


distribuir dinheiro. É como ensinar a pescar, em vez de distribuir pequenos
peixes para saciar a fome da população.

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APRENDA A INVESTIR
Além de destinar poucos recursos para a Educação, conforme tabela
abaixo, o Brasil gasta muito mais com o ensino superior e pouco com o
fundamental, com isso as vagas das universidades públicas são preenchidas
quase em sua totalidade pela classe alta. De acordo com a OCDE, o Brasil gasta
sete vezes mais com o ensino superior em relação ao fundamental, onde a média
dos países gastam apenas duas vezes mais.

TABELA 2.9 – GASTOS POR ALUNO PAÍSES SELECINADOS EM 2008


PAÍS GASTO POR ALUNO (EM DÓLARES)
EUA 12.092
SUIÇA 11.883
NORUEGA 10.721
ÁUSTRIA 9.803
DINAMARCA 9.766
FRANÇA 7.880
ALEMANHA 7.802
ITÁLIA 7.723
REINO UNIDO 7.270
ESPANHA 6.599
CHILE 2.864
MÉXICO 2.128
RÚSSIA 1.775
TURQUIA 1.527
BRASIL 1.303
Fonte: OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

TABELA 2.10 - EDUCAÇÃO ENTRE OS EMERGENTES

Taxa de analfabetismo Escolaridade (média de anos)


Rússia 0,5% 10 anos
México 8,0% 7 anos
China 9,0% 6 anos
Brasil 13,0% 5 anos

Fonte: Banco Mundial

O melhor acesso ao crédito às micro e pequenas empresas seria uma forma


de aumentar os postos de trabalho, diminuindo o desemprego e melhorando a
distribuição de renda.

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GRÁFICO 2.9 - Crédito setor privado / PIB % (média 1990-2001) - Países
selecionados

Fonte: World Development Indicators database (WDI) - Banco Mundial

INDICADORES

ÍNDICE DE GINI
Dos indicadores de concentração de renda o índice de Gini é talvez o mais
conhecido. Ele varia de zero a um. Zero significaria uma sociedade com perfeita
igualdade, em que todos os cidadãos têm a mesma renda, e o índice de 1 seria o
de uma sociedade em que toda a renda fosse apropriada por apenas uma
pessoa.
No gráfico abaixo, demonstro que países com melhores índices de
distribuição de renda (Índice de Gini), obtêm melhores índices de
desenvolvimento humano (IDH), isto é, são mais desenvolvidos
economicamente. Incrível coincidência encontrarmos EUA, Japão, Alemanha e
Inglaterra na ponta do gráfico, justamente as maiores potenciais econômicas
mundiais, provando que a distribuição de renda propiciou o alto desenvolvimento
econômico. Enquanto o Brasil, próximo à Colômbia, está atrás de países como
Panamá e Trinidad e Tobago.

10% da população brasileira detêm mais de


50% de toda a renda nacional

IDH
O principal indicador existente de desenvolvimento econômico é o IDH
(Índice de Desenvolvimento Humano), ele é um indicador elaborado pela ONU
que mede a qualidade de vida das pessoas em 173 países. O economista
Amartya Sen, que recebeu o prêmio Nobel de Economia em 1998, foi um dos
criadores do IDH, e aperfeiçoou sua metodologia em 1999.
O IDH se baseia no fato de que o desenvolvimento de uma nação não pode ser
medido de forma unilateral, levando em conta somente a dimensão econômica.
Além de computar o PIB “per capita” (em dólares e ajustado pelo poder de
compra no país), o IDH incorpora outros dois indicadores da qualidade de vida: a
saúde e a educação (os três têm o mesmo peso no cálculo do índice).

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APRENDA A INVESTIR
GRÁFICO 2.9 – IDH X GINI PAISES SELECIONADOS (2005)

Fonte: Banco Mundial e Nações Unidas (http://www.undp.org/)

2.9 VISÃO GERAL

O Brasil foi o país que mais cresceu entre 1950 e 1980, mas em
compensação após 1980 amargamos um dos crescimentos mais pifeis em
relação ao resto do mundo. Nesses últimos 25 anos, por 19 vezes a economia
brasileira cresceu menos que a média mundial.
Tal reversão pode ser atribuída à crise do Petróleo de 74, ao Governo
Sarney e sua constituição de 88. Na crise do Petróleo herdamos até o hoje o
endividamento irresponsável, e no Governo Sarney tivemos todas as possíveis
medidas econômicas executadas erroneamente. Com a constituição de 88
estamos evoluindo a nos tornar o país com maior tributação devido aos exageros
concedidos aos previdenciários e ao funcionalismo público (administrativo),
exageros os quais, o atual presidente considera como forma de distribuição de
renda.
Somos o único país que o funcionário público se aposenta com o mesmo
salário ou em alguns casos com maior remuneração. Possuímos gastos com
previdência muito acima da média mundial. Por isso a reforma administrativa e
da previdência são as ações mais urgentes em nossa economia.
A reforma tributária é de suma importância. O governo é considerado o
“Robin-Hood” às avessas, pois tributa em maior proporção o pobre e gasta mais
com o rico, e com isso aumentamos nossa desigualdade social. Restringimos
nosso aumento de produtividade (baixa qualidade de educação aos pobres) e
aumentamos a violência.
A manutenção do superávit primário é fator essencial para atração do
capital externo, mas investimentos são necessários e serão viabilizados com a
diminuição dos gastos do governo. Principalmente em infra-estrutura, pois caso
crescêssemos como os emergentes, em alguns anos poderíamos ter um novo
“apagão”.
Há mais de 20 anos que perdemos poupança, e com isso não investimos
em infra-estrutura, fato que ocasiona a diminuição de investimentos. Nosso
investimento que está em torno de 20% do PIB necessita chegar a pelo menos
25% do PIB. Necessidade dificultada pelo ambiente desfavorável aos negócios,
alto grau de informalidade e excessiva burocracia. Para se ter uma idéia, para se
abrir um empresa no Brasil demora-se em média 152 dias frente a 2 dias na
Austrália.

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APRENDA A INVESTIR
Conforme pensamento de Douglas North, vencedor do Nobel de economia
de 1993, as instituições (como o Governo) exercem forte influência para garantir
ambiente favorável aos investimentos e conseqüente geração de empregos.

TABELA 2.11 - DIAS NECESSÁRIOS PARA SE ABRIR UMA EMPRESA – PAÍSES


SELECIONADOS
País Dias
Austrália 2
Canadá 3
Dinamarca 5
Estados Unidos 5
França 8
Itália 13
Reino Unido 18
Alemanha 24
Irlanda 24
Chile 27
Áustria 29
Japão 31
Argentina 32
Rússia 33
Bélgica 34
África do Sul 38
Uruguai 45
Bolívia 50
Portugal 54
Índia 71
Brasil 152
Fonte: World Development Indicators database (WDI) - Banco Mundial

O crescimento do PIB é considerado o principal fator de uma economia,


mas esse crescimento deve ser sustentado, por baixa inflação e estoque
considerado de reservas internacionais, predicados já alcançados por nossa
economia, e que devem ser mantidos.

Devido ao baixo nível educacional, alto grau de corrupção, elevada carga


tributária (em virtude dos altos gastos), precária infra-estrutura, concentração
de renda, ineficiência da justiça e grande burocracia, o Brasil não consegue bons
níveis de investimentos, e todos esses fatores resultam, desde a década de 80,
em baixo crescimento econômico.

MEDIDAS PARA CRIAR CONDIÇÕES ADEQUADAS PARA O CRESCIMENTO:

- as reformas: administrativa e da previdência (diminuir gastos), e


tributária (simplificar, praticar progressividade e diminuir tributos);
- investimento em educação (com melhoria da qualidade do gasto) e em
infra-estrutura, e maior acesso ao crédito;

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APRENDA A INVESTIR
- combate à corrupção, ao excesso de burocracia e à ineficiência da justiça
(regulação, respeito aos contratos e propriedade, e melhora da legislação
trabalhista).

A estabilidade dos preços (controle da inflação), taxa de juros real de um dígito


(abaixo de 10% a.a.), o aumento das reservas internacionais, o superávit
comercial e o superávit primário dos últimos anos foram os avanços econômicos
conquistados recentemente e que são bem vistos por todo o mercado. Porém,
estão longe de serem suficientes para a retomada do crescimento sustentável. A
reforma fiscal, um maior investimento em infra-estrutura (energia, transportes,
saneamento e redes de comunicação) e em educação, e a criação de um
ambiente favorável aos investimentos privados serão fundamentais para
conseguirmos crescer e justificar a permanência do Brasil no BRIC.

Contudo, esse é um breve relato do quadro da economia Brasileira, a qual


possui forte influência no cenário econômico e financeiro, e qualquer alteração
positiva ou negativa, é fator fundamental de reavaliação da sua carteira de
investimento.

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APRENDA A INVESTIR

3. ONDE INVESTIR

Ao optar pelos investimentos que irão compor sua carteira, você deverá
considerar três principais fatores: sua meta, o horizonte de investimento e seu
perfil de risco. É sempre valido analisá-los pela ótica da relação risco e retorno,
isto é, comparar os produtos financeiros com o intuito de descobrir qual oferece
melhor essa relação - maior retorno e menor risco. Recomenda-se também,
sempre ter aplicado uma parte do capital em investimentos com maior liquidez,
para serem utilizados em emergências, como por exemplo, os fundos DI que
efetuam o pagamento do resgate em D+0, isto é, no próprio dia.
No gráfico abaixo ilustro que entre 2000 a 2007 o investimento mais
rentável foi o Ibovespa seguido pelo CDI ou fundos DI (fundos baseados na taxa
de juros Selic) com pequenas taxas de administração, com a Poupança e o dólar
nas últimas posições com rendimento muito inferior. Fato ocorrido em virtude
dos altos juros praticados no período, e da tendência de alta verificada no
Ibovespa. Um fator a se destacar é que aplicando em uma carteira escolhida a
partir de análise técnica e/ou fundamentalista (análises dispostas neste livro) é
possível obter ganhos superiores ao Ibovespa.
Esses ativos entre outros serão discutidos individualmente ainda neste
capítulo.

GRÁFICO 3.1 – COMPORTAMENTO DO CDI, IBOVESPA, POUPANÇA E DÓLAR


COMERCIAL - BASE 100 - 2000 A 2007.

Ibovespa

CDI

Poupança

Dólar

Fonte: Bacen

Como podemos verificar, entre 2000 e 2007 o investidor conseguiu a partir do


investimento remunerados pela taxa Selic, uma ótima relação risco x retorno,
pois mesmo com menor risco que o Ibovespa, foi conseguida taxa média
equivalente, porém com o fortalecimento da economia brasileira, cenários como
esse dificilmente voltarão a ocorrer, e com isso, o investidor precisará incorrer
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APRENDA A INVESTIR
em maiores riscos para obter taxas semelhantes. Como também apenas
tendência de alta no Ibovespa como a verificada desde 2002, dificilmente
ocorrerá novamente sem momentos de realizações. Abaixo segue gráfico que
ilustra os ativos de acordo com seu risco e retorno.

GRÁFICO 3.2 – RELAÇÃO RISCO X RETORNO DOS INVESTIMENTOS


Retorno

Derivativos (termo,
opções etc)

Ações

Fundos DI, RF, CDB


e títulos do Tesouro
Poupança e
Aluguel de
Imóveis
Risco

Considero os ativos dispostos nos extremos como não recomendáveis, pois o


mercado de derivativos possui elevados riscos, e a poupança e o aluguel de
imóveis possui baixos retornos.

A seguir são apresentados os principais produtos financeiros brasileiros.

3.1 IMÓVEIS

Os três principais motivos de uma aquisição imobiliária são: i) utilização


(pessoa física ou pessoa jurídica);ii) projeção de valorização;e iii) renda
(aluguel). E ao se tratar de investimento imobiliário eles se restringem a dois:
valorização e renda, porém ao se investir em imóveis é privilegiado a segurança
e esquecida a liquidez.
Investir em imóveis pode ser um investimento muito atrativo em tempos
de hiperinflação (onde é preservado o poder aquisitivo) ou quando os imóveis se
encontram muito desvalorizados em regiões que você está prevendo que irão se
valorizar. Caso não sejam essas as ocasiões esta modalidade perderá
rentabilidade perante as outras disponíveis.

I - Renda - Compra de imóvel para obter rendimento do aluguel

O Aluguel possui aproximadamente rendimento entre 0,5% a 0,7% ao mês


(Ex.: imóvel no valor de R$ 150.000,00, possui aluguel em torno de R$ 900,00),
rentabilidade facilmente obtida por um fundo DI, que possui liquidez imediata,
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APRENDA A INVESTIR
enquanto no imóvel você ainda incorre ao risco de arcar com meses de
condomínio até que se consiga alugar o imóvel, sem contar com despesas de
obras do condomínio que são obrigação do proprietário, e ainda há a
possibilidade de você precisar reformar o imóvel na entrega do mesmo.
Já houve também casos que além de todos esses custos e inconvenientes o
inquilino além de não pagar o aluguel deixou um dívida ao proprietário dos
condomínios e taxas não pagas durante a vigência do contrato.
Contudo, não é aconselhável esta forma de investimento. Exceto em alguns
casos excepcionais existentes no mercado, como é o caso de agências bancárias,
que devido à uma resolução na qual é restrita os bancos deter até 50% de seu
patrimônio em ativos imobilizados, eles demandam alugar imóveis para serem
utilizados como suas agências e remuneram o proprietário em 1% mais a
inflação (IGP-M).

II - Valorização - Compra de imóvel na planta para obter rendimento da venda


futura

Realmente, esta opção possui grande potencial de rendimento, mas


também seu risco possui mesma dimensão. Conheço inúmeras pessoas que até
hoje estão com sua ação na justiça à espera de reaver seu investimento. O caso
mais popular foi da Encol, no qual 42 mil famílias foram vítimas da falência da
maior incorporadora e construtora do Brasil na época. Contudo, não considero
este investimento com uma boa relação risco x retorno, pois um investimento
mal sucedido poderá compensar todo o lucro de inúmeros investimentos feitos
anteriormente.

BOLHA IMOBILIÁRIA
Fenômeno muito ocorrido no mercado imobiliário norte americano (real state),
representa a constatação de que os preços no mercado imobiliário estão bem
acima de seu real valor, entretanto os compradores continuam dispostos a pagar
ainda mais, criando um ciclo especulativo difícil de estabelecer o seu fim, cuja
ameaça consiste em uma rápida queda geral, analogia ao estouro de uma bolha
de sabão, com fortes conseqüências à economia.

3.2 POUPANÇA

A poupança foi uma opção de investimento muito utilizada no passado,


mas com a popularização dos fundos DI, ela perdeu seu espaço. Um dos motivos
é a baixa rentabilidade alcançada (muito próxima à inflação) e a perda de
rentabilidade para saques fora do vencimento, perda não ocasionada nos fundos
DI e renda fixa, os quais possuem rentabilidades muito superiores dependendo
da taxa de administração cobrada10.
A remuneração atual da caderneta de poupança é de 0,5% ao mês (6,17%
a.a.), mais a variação da Taxa Referencial (TR). O Fundo Garantidor de Crédito
(FGC) garante o valor aplicado até o limite de R$ 60.000,0011, por CPF. Para
pessoa física a poupança é isenta de IR, já para pessoa Jurídica o IR é de 22,5%.

10
Fundos de investimento são comentados ainda neste capítulo.
11
Valor também garantido em aplicações de CDB, depósitos à vista, a prazo, em conta corrente e
letras de câmbio, imobiliárias, hipotecárias e de crédito imobiliário.
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APRENDA A INVESTIR
Caso sejam efetuados novos cortes da taxa Selic e a remuneração da caderneta
de poupança não seja alterada, ela poderá se tornar mais atrativa por certo
período.

Título de Capitalização
Não é considerado um investimento, pois apenas corrige, de acordo com a
inflação, o valor pago. Além do que há mais chances de ganhar na loteria do que
na capitalização. Na maioria das vezes há carência de pelos menos 1 ano, onde
seu dinheiro ficará imobilizado. Modalidade muito indicada pelos gerentes de
contas para cumprir suas elevadas metas, pois é muito rentável, mas apenas
para o banco.

3.3 MERCADO CAMBIAL

A aplicação em dólar conseguiu nos últimos 27 anos apenas 5 momentos


de ganho (nos anos de 79, 83, 87, 89 e 99). Contudo, não é considerado em
condições normais de mercado um investimento rentável.
É indicado apenas para hedge (proteção), ou seja, caso você possua
dívidas em dólares ou irá necessitar da moeda no futuro (como em uma viagem
programada ao exterior), você poderá comprar dólares ou euro, ou até aplicar
em um fundo cambial, para não incorrer ao risco de uma súbita desvalorização
de nossa moeda, assim você estará protegido do risco, mas também de um
possível retorno, pois caso ocorra o contrário você também deixou de obter certo
lucro.

EURO
O euro (€) é a moeda oficial de doze dos 25 países da União Européia. O euro
existe na forma de notas e moedas desde 1 de Janeiro de 2002, e como moeda
escritural desde 1 de Janeiro de 1999. O banco que controla as emissões de
euros e executa a política cambial da União Européia é o Banco Central Europeu,
com sede em Frankfurt , na Alemanha.

3.4 OURO

Por ser considerada uma aplicação segura, em períodos de crises seu valor
pode ser sensivelmente valorizado, pois os investidores buscam proteção de seus
ativos comprando o metal, e com isso seu preço aumenta (decorrente da maior
demanda), mas em condições normais da economia, sua compra não é
recomendada, pois provavelmente sua variação será menor em relação aos
outros ativos.

PADRÃO-OURO
O padrão-ouro foi o sistema monetário vigente desde o século XIX. O padrão-
ouro significou a adoção de um regime cambial fixo por parte de praticamente
todos os grandes países comerciais de sua época. Cada país se comprometeu em
fixar o valor de sua moeda em relação a uma quantidade específica de ouro, e a
realizar políticas monetárias, de compra e venda de ouro, de modo a preservar
tal paridade definida. Em resumo, o padrão-ouro visava uma situação de

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APRENDA A INVESTIR
equilíbrio na economia internacional de modo que cada país mantivesse uma
base monetária consistente com a paridade cambial, mantendo assim uma
balança comercial equilibrada. Durante a Primeira Guerra Mundial, a maioria dos
países abandonou o padrão-ouro, principalmente devido às expansões
monetárias e fiscais realizadas por eles durante a guerra, as quais
desequilibraram enormemente o comércio internacional. No final dos anos 1950,
o dólar substituiu o ouro nas transações internacionais, e no começo dos anos
1970 os Estados Unidos suspenderam a conversibilidade do dólar, e deixaram o
preço do ouro flutuar.

3.5 RENDA FIXA – APLICANDO PELO TESOURO DIRETO

Em 07 de janeiro de 2002, o Tesouro Nacional, em conjunto com a


Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia – CBLC, implementou o Programa
Tesouro Direto, que possibilita a aquisição de títulos públicos por parte das
pessoas físicas pela internet. O Tesouro Direto oferece a compra de títulos da
dívida pública a qualquer momento diretamente pela Internet, a partir de
aproximadamente R$ 200,00, e liquidez garantida pelo Tesouro Nacional
semanalmente às quartas-feiras pelos preços de mercado.
Antes de surgir a possibilidade de venda de títulos via Internet, os
compradores dos títulos públicos restringiam-se a bancos, corretoras,
distribuidoras e outras instituições financeiras registradas no Sistema Especial de
Liquidação e Custódia - SELIC, com volume mínimo de compra de
aproximadamente R$50.000,00. As pessoas físicas compravam títulos apenas
indiretamente, por meio de fundos de renda fixa, cujas carteiras são compostas
em grande parte por títulos públicos.
Os investidores que desejam adquirir títulos públicos no Tesouro Direto
devem se cadastrar em algum dos Agentes de Custódia habilitados, conforme
lista disponível no site (www.tesourodireto.gov.br), e aguardar o recebimento de
senha para realizar as negociações diretamente na Internet, sem a necessidade
de intermediação.
A taxa de custódia cobrada pela CBLC é de 0,4% a.a. e a taxa de
corretagem cobrada pelas corretoras está em média de 0,5%, mas varia entre
0% a 4,0% (taxa extremamente inviável). Quando conseguida uma taxa baixa,
torna-se viável ao pequeno investidor aplicar diretamente, em vez de
indiretamente por um fundo de renda fixa com taxa superior.

Títulos públicos negociados pela Internet

LTN - Letra do Tesouro Nacional: título com rentabilidade definida (taxa


fixa) no momento da compra. Forma de pagamento: no vencimento;

LFT - Letra Financeira do Tesouro: título com rentabilidade diária


vinculada à taxa de juros básica da economia (taxa média das operações
diárias com títulos públicos registrados no sistema Selic, ou,
simplesmente taxa Selic). Forma de pagamento: no vencimento;

NTN-B – Nota do Tesouro Nacional – série B: título com rentabilidade


vinculada à variação do IPCA, acrescida de juros definidos no momento

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APRENDA A INVESTIR
da compra. Forma de Pagamento: semestralmente (juros) e no
vencimento (principal);

NTN-B Principal - título com a rentabilidade vinculada à variação do


IPCA, acrescida de juros definidos no momento da compra. Forma de
Pagamento: no vencimento;

NTN-C – Nota do Tesouro Nacional – série C: título com rentabilidade


vinculada à variação do IGP-M, acrescida de juros definidos no momento
da compra. Forma de Pagamento: semestralmente (juros) e no
vencimento (principal);e

NTN-F – Nota do Tesouro Nacional – série F: título com rentabilidade


prefixada, acrescida de juros definidos no momento da compra. Forma de
Pagamento: semestralmente (juros) e no vencimento (principal).

TÍTULOS PRÉ-FIXADOS VS TÍTULOS PÓS-FIXADOS

Pré-fixados - Aplicação onde antes mesmo de se aplicar o capital, o


investidor sabe o quanto seu investimento irá render após certo período. Nos
pré-fixados, como as LTN e as NTN-F, a não ser que você mantenha os títulos
até o vencimento, você corre um risco maior de perda, pois o preço destes títulos
cai com o aumento da inflação ou das taxas de juros. Deste modo, para quem
não está disposto a correr esse tipo de risco, vale a pena investir somente parte
de seus recursos nestes papéis. A vantagem é vista em cenários de baixa
inflação e tendência de baixa dos juros.
Pós-fixados - Aplicação onde a rentabilidade varia de acordo com a taxa de
juros vigente e mais algum índice de inflação (se houver). Entre os pós-fixados,
as opções, considerando somente os títulos públicos, podem ser os corrigidos
pela inflação, como as NTN-B (utiliza o IPCA como referência) e NTN-C (utiliza o
IGP-M como referência), para quem ainda aceita incorrer a alguns riscos, o as
LFTs, que são corrigidas pela Selic e apresentam o perfil de risco mais reduzido.

TÍTULOS PRIVADOS
CDB (Certificado de Depósito Bancário) - são títulos nominativos emitidos
pelos bancos e vendidos ao público como forma de captação de recursos, e são
divididos em pré-fixado e pós-fixado. Ao comprar um CDB pré-fixado, o cliente já
sabe quanto vai receber no vencimento do título, pois a taxa de remuneração é
definida no ato da compra. Já o CDB pós-fixado, a remuneração do título é
composta por um índice de correção de mercado, que pode ser a TR ou o IGP-M,
entre outros, mais uma taxa de juros combinada no ato da compra. Com isso,
esse índice de correção de mercado deverá ser acompanhado e comparado com
os demais. O investidor tem o direito de garantia de seus créditos pelo FGC -
Fundo Garantidor de Crédito. O valor máximo garantido, por instituição, é de R$
60.000,00 por depositante ou aplicador, independentemente do valor total e da
distribuição em diferentes formas de depósito e aplicação.
DEBÊNTURES – meio de financiamento às empresas assim como a emissão de
ações, as debêntures rendem juros, prêmios e/ou participação nos lucros da
emissora, conforme dispuser a escritura da debênture. A Debênture pode, no seu
resgate, ser conversível em ação, desde que previsto na escritura. Além dos
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APRENDA A INVESTIR
juros, as debêntures também podem garantir ao investidor participação nos
lucros da companhia emissora ou um prêmio de reembolso. As debêntures com
participação nos lucros oferecem uma percentagem do lucro líquido da
companhia emissora.
DEBÊNTURE SIMPLIFICADA – com o objetivo de atrair a pessoa física, possui
valor unitário de R$1.000,00, e as empresas devem destinar, no mínimo, 20%
aos pequenos investidores. Apresenta estrutura mais simples (em relação às
debêntures tradicionais) com cláusulas padronizadas e com remunerações pré-
fixada, pós-fixada ou ainda indexadas a índices de preços.
CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários) – é utilizado na captação de
recursos de longo prazo para o financiamento imobiliário. Assim como as Letras
Hipotecárias e as Letras de Crédito Imobiliário é isento de Imposto de Renda e
lastreado em imóveis. Devido ao risco de crédito que possuem os títulos
privados, o acompanhamento deste investimento requer cuidado especial, para
que a partir de indícios de default por parte do emissor o detentor do título
consiga sua alienação. Por possuir maior risco, sua rentabilidade deverá
apresentar retorno superior ao CDI, benchmark de renda fixa.

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APRENDA A INVESTIR
3.6 RENDA VARIÁVEL - APLICANDO EM AÇÕES

A melhora do ambiente macroeconômico brasileiro nestes últimos anos tem


facilitado o desenvolvimento do mercado de capitais nacional. O alcançado
“investment grade” é prova dessa melhora, assim como a crescente demanda
externa sobre os ativos brasileiros.
O investimento em ações geralmente é recomendado aos investidores
mais leigos como sendo de longo prazo, pois com isso o risco é minimizado, e
são desconsideradas as variações de curto prazo.
Mas essa estratégia pode não ser a mais rentável, pois com isso se perde
oportunidades de ganhos maiores acompanhando a volatilidade (subidas e
descidas) do mercado. Além das grandes empresas dificilmente durarem
décadas, como os casos da Vasp e Transbrasil no setor aéreo, e a Mesbla e o
Mappin do setor de consumo.
Nas aplicações de curto e médio prazo, o objetivo é comprar na baixa e
vendar na alta, onde a especulação ocorre em virtude da não eficiência dos
mercados. Para isso é necessário conhecimento de análises que serão abordadas
posteriormente.
A Teoria do Mercado Eficiente afirma que todas as informações e
expectativas se refletem corretamente e quase imediatamente nos preços dos
ativos. Se o mercado fosse mesmo eficiente, qualquer especulação seria inútil,
pois os preços já estariam refletindo todo tipo de informação. Assim como a
teoria do mercado eficiente, existem outras que também não conseguem
perceber padrões gráficos nos movimentos dos preços das ações. Como os
seguidores da teoria do randow walk e investidores que seguem os
aconselhamentos de astrólogos e numerólogos.
A vantagem de aplicar diretamente em ações, é que você mesmo poderá
escolher os papéis onde aplicar, de acordo com seu conhecimento, e também
poderá utilizar aplicações de análises técnicas e fundamentalistas introduzidas a
seguir.
Investir em ações é altamente arriscado, logo você deverá investir apenas
uma parcela de seus rendimentos que não será utilizada no curto prazo e que
caso você venha a ter perdas acentuadas, elas não irão deixá-lo sem nenhuma
reserva (no máximo 30%12 de todos seus recursos).
Os preços das ações possuem altas volatilidades, e o investidor deve estar
preparado para possíveis perdas, como também há sempre o risco de falência da
empresa investida.

3.6.1.1 ESTRUTURA DAS AÇÕES

AÇÃO
Título de propriedade que representa a mínima fração do capital social de
uma Sociedade Anônima (S.A.). A emissão de ações é umas das alternativas
mais “baratas” de fonte externa de financiamento para uma S.A.

Ordinária: Concede direito a voto nas Assembléias.

Preferencial: Concede preferência na distribuição de dividendos.

12
Percentual máximo recomendado pelo autor.
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APRENDA A INVESTIR

PROVENTOS PAGOS EM DINHEIRO

Os proventos pagos em dinheiro são os dividendos e os juros sobre capital


próprio, ainda existem os proventos no qual o benefício ao acionista se dá na
forma de ações, como subscrições ou bonificações.
Os dividendos e os juros sobre capital próprio nada mais são que os lucros
da empresa. O que difere um do outro é que nos dividendos a tributação já foi
deduzida, e nos juros sobre capital próprio não. Devendo o acionista pagar 15%
de IR (tributação descontada automaticamente).
Dividendo mínimo é de 25% (determinado pela legislação brasileira), sendo
que as ações preferenciais devem receber mais 10%. Se durante 3 anos não for
distribuído lucro, as ações preferenciais ganham direito a votos.

Ações de viúva
Em momentos de crises, com o mercado mais nervoso, a melhor opção em ações
são as empresas que pagam melhores dividendos, além delas perderem menos
em relação ao Ibovespa (devido a sua procura em meio às crises), elas também
irão render melhores dividendos, provento o qual irá compensar uma possível
desvalorização do seu preço nesse momento de crise. Deve-se observar que, no
entanto, uma parte significativa do mercado discrimina as ações que pagam
dividendos elevados. Alguns afirmam que o fato da empresa pagar dividendos
elevados decorre da ausência de projetos de investimento rentáveis. Desta
forma, essas ações recebem a denominação de “ações de viúva”. O termo ações
de viúva foi criado por investidores que consideram os dividendos irrelevantes e
afirmam que tal fator não seria decisivo para a escolha de ações para uma
carteira. Segundo esses investidores, as ações que pagam dividendos seriam
adequadas para serem deixadas como herança para as viúvas. A preferência das
viúvas por tais ações se deve à simplicidade no recebimento dos rendimentos, os
quais são creditados diretamente na conta de seu titular, independentemente de
qualquer operação por ele realizada.

DIFERENÇA ENTRE LOTE PADRÃO E LOTE FRACIONÁRIO

Lote Padrão é a quantidade mínima de títulos determinada pela Bolsa para


negociação no mercado principal, onde as quantidades negociadas devem
envolver um lote ou seus múltiplos. Já o Fracionário é qualquer lote que não
contenha um número de unidades igual ao múltiplo inteiro do lote padrão.
O investidor pessoa física talvez só conseguirá adquirir ações pelo lote
fracionário, e não pelo lote-padrão. Como também em uma compra 250 ações de
uma empresa X, cuja possui lote padrão de 100 ações, será registrado 2
solicitações de ordem, a 1ª de 200 ações do lote padrão e a 2ª de 50 ações do
lote fracionário (“F” no código da ação).
Note que as cotações do mercado fracionário geralmente são diferentes dos
preços negociados no Mercado Principal. Essa variação de preço se deve ao fato
que há diferentes demandas e ofertas para o papel de lote padrão e de lote
fracionário. Portanto, para saber a cotação do papel no mercado fracionário, é
necessário digitar o código do papel seguido da letra “F”. Vale salientar que
alguns sites de corretoras não distinguem essa diferença, cabe a você atentar
para essa variação, e com isso evitar de negociar com um preço diferente.
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APRENDA A INVESTIR
LEGENDA

Uma ação é representada por 4 letras, que são escolhidas a partir de


alguma abreviação da denominação da companhia, seguida de um número, 3
para ordinária e 4 para preferencial, e em alguns casos é seguido por uma letra
que significará o mercado, como F – fracionário ou T – termo.
Vale ressaltar que há outros códigos, e que há ações que não seguem esse
padrão, onde a ação preferencial é negociada através do número 5 em vez do 4.

Ex: Uma ação preferencial (4) e fracionária (F) da empresa ABCD: ABCD4F

TABELA 3.1 – CLASSE DAS AÇÕES


CLASSE NÚMERO EXEMPLO
DIREITOS ORDINÁRIOS 1 PETR1
DIREITOS PREFERENCIAIS 2 PETR2
AÇÕES ORDINÁRIAS 3 PETR3
AÇÕES PREFERENCIAIS 4 PETR4
AÇÕES PREFERENCIAIS CLASSE A 5 PETR5
AÇÕES PREFERENCIAIS CLASSE B 6 PETR6
AÇÕES PREFERENCIAIS CLASSE C 7 PETR7
AÇÕES PREFERENCIAIS CLASSE D 8 PETR8
RECIBOS ORDINÁRIOS 9 PETR9
RECIBOS PREFERENCIAIS 10 PETR10

TABELA 3.2 – TIPO DAS AÇÕES


TIPO LETRA EXEMPLO
LOTE PADRÃO - PETR4
LOTE FRACIONÁRIO F PETR4F
TERMO COMUM T PETR4T
TERMO FLEXÍVEL S PETR4S
TERMO EM DÓLAR D PETR4D
TERMO EM PONTOS T PETR51T

COMO É DEFINIDO O PREÇO DE UMA AÇÃO

Como em qualquer outro produto, o preço é definido pela oferta e demanda


(procura) desse ativo. Vamos supor que uma ação é lançada no mercado com
preço x. Se todos que reservaram as ações não conseguirem levar todo o pedido
(caso em que é necessário rateio) haverá uma forte demanda por essas ações
dos compradores que não concretizaram toda sua solicitação. Os interessados
para comprá-las em negociação, terão que oferecer um valor maior ao que os
proprietários dessas ações pagaram, pressionando os preços para cima.
Outra hipótese seria uma divulgação de prejuízo dessa empresa, a qual
levaria a alguns proprietários dessa ação a vendê-las, mas se houver maior
oferta do que demanda, isto é, mais vendedores do que compradores, os
ofertantes terão que abaixar o preço para conseguir encontrar compradores,
pressionando com isso seu preço para baixo.
Contudo, a oferta e a demanda são os únicos fatores que definirão o preço
de uma ação. Não dê ouvidos às recomendações registradas através de e-mail,

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APRENDA A INVESTIR
fórum, salas de bate-papo, orkut e outros meios de comunicação, pois por trás
dessas indicações podem estar más intenções, onde o autor espera com isso
aumentar a demanda de seus papéis para vendê-los. O preço justo da ação é o
próprio preço praticado no mercado.

HOME BROKER

É o sistema que permite a negociação de ações pela internet. Para isso, o


aplicador precisa ter cadastro em uma corretora ligada à Bovespa, que
disponibiliza todo o sistema tecnológico para a transmissão de informações.
Antigamente quem queria investir em ações tinha que se dirigir a uma
corretora ou telefonar para ela e fazer suas movimentações. De 1999 para cá o
sistema Home Broker é a opção mais prática e eficiente, e com isso vem sendo a
mais utilizada pela pessoa física. Em casos de falhas no sistema, os outros meios
tradicionais para efetuar sua ordem, como telefone ou e-mail, ainda são
disponíveis.
De forma semelhante aos serviços de Home Banking, oferecidos pela rede
bancária, os Home Brokers das corretoras estão interligados aos sistemas da
Bovespa e permitem que o investidor envie, automaticamente, através da
Internet, ordens de compra e venda de ações.
Como toda operação efetuada através da internet, é sempre recomendado
anti-vírus e firewall atualizados no computador a ser utilizado, com o intuito de
evitar futuros prejuízos causados por hackers.
Para quem nunca utilizou o serviço e queira aprender na prática, mas sem
ter que aportar recursos para isso, os simuladores do mercado de ações são as
melhores opções para essa experiência.

Profissão: Home Broker


Com a ajuda da internet e o advento do Home Broker, é estimado que
atualmente mais 200 mil pessoas (20% de todos os negócios da Bovespa)
compram e vendem ações por conta própria no Brasil. Pessoas que deixam de
lado suas mais variadas carreiras para tentarem enriquecer-se na Bolsa ou
apenas levar uma vida sem chefe e sem o stress do dia-dia. Eles ficam de 6 a 10
horas na frente de seu computador especulando com suas ações. Mas para isso é
preciso ter conhecimento e precaução, não utilizando todo seu capital para este
investimento de alto risco, pois ela em alguns casos se torna viciante e o
investidor perde seu controle.

ESCOLHA DA CORRETORA

Para conseguir comprar e vender ação, o único caminho é através de uma


corretora. Corretoras atuam, com exclusividade, na compra e venda de ações em
nome do investidor. Muitos bancos têm corretoras próprias, para atender a essa
demanda. Mas na verdade você estará utilizando a corretora e não o banco.
A escolha do intermediário financeiro é importante, pois caso opere através
de uma corretora que cobre alta taxa de corretagem, é bem provável que seus
lucros sejam todos consumidos por ela. Como todas as corretoras negociam as

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APRENDA A INVESTIR
mesmas ações, o que impactará sua decisão sobre qual escolher será, além da
qualidade do serviço prestado, as taxas cobradas (custódia e de corretagem).
Considere também além das tarifas e taxas (há cobrança em porcentagem
do valor negociado – em geral entre 0,30% a 3,0% por operação, como também
tarifa fixa – entre R$ 10,00 a R$ 15,00 por operação) os serviços oferecidos aos
cadastrados, como: análise de empresas, análise econômica, análise gráfica, clip
de notícias, relatórios setoriais, cotação em tempo real, stock alert, envio de
informações solicitadas para seu e-mail ou celular, chat com analistas, consultor
on-line, ordens start e stop etc.
Avalie também outros quesitos, pois ela será sua maior ferramenta na
utilização do serviço de compra a venda de ações pela internet. Devido ao
aumento de usuários do sistema Home Broker, algumas corretoras apresentaram
algumas falhas em seu sistema. As reclamações referentes ao este serviço já são
líderes na CVM.

TAXA DE CORRETAGEM

Algumas corretoras seguem a tabela da Bovespa. Corretagem realmente


elevada cobrada pelas corretoras que utilizam essa tabela.

TABELA 3.3 –TABELA BOVESPA


Faixa (R$) % Valor Fixo (R$)
0,00 a 135,07 0,00 2,70
135,08 a 498,62 2,00 0,00
498,63 a 1.514,69 1,50 2,49
1.514,70 a 3.029,38 1,00 10,06
Acima de 3.029,39 0,50 25,21

EXEMPLOS DE TAXAS DE CORRETAGENS APLICADAS COM MENORES CUSTOS13:

 Bradesco (Shopinvest) = 0,30% do valor da ordem


 Titulo = R$10,00 por ordem
 Unibanco (Investshop) = R$199,00 por mês independente da quantidade
transacionada.

TABELA 3.4 – Simulação da cobrança da taxa de corretagem por diferentes


valores de operação.
Valor da Tabela
Operação Bovespa Bradesco Título
R$ R$
50,00 2,70 R$ 0,15 R$ 10,00
R$ R$
250,00 5,00 R$ 0,75 R$ 10,00
R$ R$
1.000,00 17,49 R$ 3,00 R$ 10,00
R$ R$
2.000,00 30,06 R$ 6,00 R$ 10,00
R$ R$ R$ 10,50 R$ 10,00

13
Taxas sujeitas a alterações, favor consultá-las.
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APRENDA A INVESTIR
3.500,00 42,71
R$ R$
5.000,00 50,21 R$ 15,00 R$ 10,00
R$ R$
7.500,00 62,71 R$ 22,50 R$ 10,00
R$ R$
25.000,00 150,21 R$ 75,00 R$ 10,00
R$ R$
75.000,00 400,21 R$ 225,00 R$ 10,00
R$ R$
150.000,00 775,21 R$ 450,00 R$ 10,00

EFETUANDO SEU CADASTRO

Para efetuar seu cadastro em uma corretora, é necessário preencher uma


ficha cadastral com suas informações pessoais, profissionais, financeiras e
patrimoniais no site da corretora. Apenas após seu cadastro ter sido aprovado
(prazo indeterminado que em geral varia de 2 a 4 dias úteis) você estará apto a
comprar e vender as ações.

HORÁRIOS DE NEGOCIAÇÃO

Pregão regular:

 Horário normal (março a outubro):

- sessão continua de negociação das 10:00 às 17:00h.

Das 9h45 às 10h - Leilão de Pré-abertura - registro de ofertas para a


formação do preço teórico de abertura;

Das 16h55 às 17h - Call de Fechamento - para os ativos negociados no


mercado à vista que fazem parte da carteira de índices da BOVESPA e para as
séries de opções de maior liquidez.

 Horário alternativo (outubro a março):

- sessão continua de negociação das 11:00 às 18:00h.

Das 10h45 às 11h - Leilão de Pré-abertura - registro de ofertas para a


formação do preço teórico de abertura;

Das 17h55 às 18h - Call de Fechamento - para os ativos negociados no


mercado à vista que fazem parte da carteira de índices da BOVESPA e para as
séries de opções de maior liquidez.

After-market:

Permite a negociação de ações no período noturno, após o horário do


pregão regular, de forma eletrônica. As operações são dirigidas por ordens e
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APRENDA A INVESTIR
fechadas automaticamente por meio do sistema eletrônico de negociação da
Bovespa. A totalidade de ordens enviadas tem um limite de R$ 100.000,00 por
investidor neste período e os preços das ordens enviadas nesse período não
poderão exceder à variação máxima positiva ou negativa de 2% em relação ao
preço de fechamento do no pregão regular.

 Horário normal (março a outubro):

- fase de pré-abertura das 17:30 às 17:45h onde somente é permitido o


cancelamento das ofertas registradas no período regular.

- fase de negociação das 17:45 às 19:00h.

 Horário alternativo (outubro a março):

- fase de pré-abertura das 18:30 às 18:45h onde somente é permitido o


cancelamento das ofertas registradas no período regular.

- fase de negociação das 18:45 às 19:30h.

COMO EFETUAR UMA ORDEM DE COMPRA E VENDA NO MERCADO A VISTA PELA


INTERNET (HOME-BROKER)

Ordem Limitada: é aquela que deve ser executada por preço igual ou melhor do
que o especificado pelo cliente – preço maior ou igual, no caso de venda a limite,
ou preço menor ou igual, no caso de compra a limite;

OUTROS TIPOS DE ORDEM

Ordem a Mercado: é aquela que especifica somente a quantidade e as


características dos valores mobiliários a serem comprados ou vendidos, sem que
seja fixado o preço, devendo ser executada a partir do instante em que for
recebida.

Ordem Casada: é aquela composta por uma ordem de compra e outra de venda,
e só podem ser cumpridas integral e simultaneamente.

Na negociação on-line (home broker), só são aceitas ordens limitadas.

Após estar cadastrado na corretora de sua preferência você deverá seguir


os seguintes passos na tela da página de sua corretora:

1. Escolha do ativo

Ex: Petr4f (Ações da Petrobrás preferencial do lote fracionário)

2. Definição da quantidade de ações ou do valor financeiro

Ex: R$ 1.000,00 de valor financeiro ou 25 ações

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APRENDA A INVESTIR
3. Definição do preço limite

Ex: R$ 40,00, ou seja, se for uma compra o máximo pago pela ação será de R$
40,00, e se for uma venda o mínimo recebido será de R$40,00.

4. Validade da ordem

Mesmo dia ou outra data selecionada até no máximo 30 dias da data da ordem.
Há também as opções de validade tudo ou nada (sua execução é feita
integralmente ou o sistema a cancelará), validade executa ou cancela (a oferta
só tem validade no momento em que é encaminhada, o sistema executará a
quantidade possível e cancelará o saldo remanescente automaticamente) e VAC
que significa válida até cancelar.

5. Confirmar ordem

Momento de confirmar a ordem. Neste caso será uma compra de 25 ações com
preço limite de R$40,00 com valor total de R$1.000,00, mais corretagem e
emolumentos e taxa de liquidação.

TABELA 3.5 – CUSTOS DE OPERAÇÃO DE UMA AÇÃO


CUSTOS EMOLUMENTOS (BOVESPA) LIQUIDAÇÃO (CBLC)
NORMAL 0,027% 0,008%
DAY TRADE 0,019% 0,006%

 Cuidado para não comprar com o valor errado, pois em caso de atraso o
procedimento é o bloqueio das operações do cliente até a liquidação da
pendência, multa é de 2% do valor da ordem, mais correção monetária até
o cumprimento.

6. Acompanhar a ordem

É necessário acompanhar a ordem para verificar se foi realmente registrada e


executada. Erros são comuns de aconteceram e ninguém cuidará para você. Já
dei ordem de compra de x ações e quando fui verificar minha a quantidade de
ações em custódia era 2x. E, caso não tivesse percebido o engano da corretora,
o valor debitado de minha conta em D+3 seria também 2x.

A ordem pode não ser executada, ou mesmo ser executada parcialmente, neste
caso se você opera com valor fixo de corretagem, poderá haver operações que o
percentual pago de corretagem será muito elevado.

Poderão surgir problemas como queda de provedor e lentidão da conexão que


podem fazer com que sua oferta não chegue a ser registrada, ou ainda não
permitir ao investidor observar se a operação foi realizada ou mesmo em que
condições de mercado foi concretizada.

Após a execução da ordem de compra, a corretora credita as ações adquiridas


pelo investidor em sua conta de custódia, na CBLC.
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APRENDA A INVESTIR

7. Acompanhar o débito ou crédito e recebimento de materiais

O débito ou crédito é ocorrido em D+3, isto é, no terceiro dia útil subseqüente à


execução da ordem. É aconselhável checar os valores com os documentos
recebidos da corretora, da CBLC e da Bovespa.

Qualquer problema, contate:

Bovespa
SAP - Serviço de Atendimento ao Público Bovespa
O SAP pode ser acessado gratuitamente pelo telefone 0800-770-0149, de
segunda a sexta-feira, das 9h às 19h.

CVM - Superintendência de Proteção e Orientação a Investidores


Central de Atendimento: 0800-7260802
http://www.cvm.gov.br
e-mail: soi@cvm.gov.br
Centro –São Paulo
Rua Cincinato Braga, 340/ 2º andar – Edifício Delta Plaza - CEP:01333-010 -
Tel: (11) 2146-2000
Fax:(11) 2146-2090
Rio de Janeiro – RJ:
Rua Sete de Setembro n.º 111 – 5º andar -
Tel: (21) 3233-8686
Fax:(21) 3233-8211

PRAZOS PARA DÉBITO E CRÉDITO NA CONTA CORRENTE DO CLIENTE

Débito decorrente da liquidação de compra de ações e demais ativos


adquiridos em bolsas de valores; Até às 12:00h do terceiro dia útil após a
execução da ordem (D+3):
Créditos em decorrência da venda de ações e demais ativos vendidos em
bolsas de valores; Até às 14:00h do terceiro dia útil após a execução da ordem
(D+3).

DOCUMENTOS RECEBIDOS PELO ACIONISTA

ANA - Aviso de Negociação de Ativos: comprovante de operação enviado pela


Bolsa de Valores ao comitente.

Nota de corretagem: documento enviado pela corretora que registra a


operação realizada em bolsa, com indicação da espécie, quantidade de títulos,
preço, data do pregão, valor da negociação, da corretagem cobrada e dos
emolumentos devidos.

Extrato mensal de custódia emitido pela Companhia Brasileira de


Liquidação e Custódia: extrato para informar todos os lançamentos que
ocorreram na posição de títulos em determinado período e seu saldo atual.
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APRENDA A INVESTIR

BOVESPA

Fundada em 1890, a Bolsa de Valores de São Paulo – Bovespa tem uma


longa história de serviços prestados ao mercado de capitais e à economia
brasileira. Até meados da década de 60, a Bovespa e as demais bolsas brasileiras
eram entidades oficiais corporativas, vinculadas às secretarias de finanças dos
governos estaduais e compostas por corretores nomeados pelo poder público.
Em 1972, a Bovespa foi a primeira bolsa brasileira a implantar o pregão
automatizado com a disseminação de informações on-line e em real time,
através de uma ampla rede de terminais de computador.
Em 1997, foi implantado com sucesso o novo sistema de negociação
eletrônica da Bovespa, o Mega Bolsa. Além de utilizar um sistema tecnológico
altamente avançado, o Mega Bolsa amplia o volume potencial de processamento
de informações e permite que a Bovespa consolide sua posição como o mais
importante centro de negócios do mercado latino-americano.
A ampliação do uso da informática foi a marca das atividades da Bovespa
em 1999, com o lançamento do Home Broker e do After-Market, ambos meios
para facilitar e tornar viável a desejada participação do pequeno e médio
investidor no mercado. Atualmente, a Bovespa é o maior centro de negociação
com ações da América Latina, e integra todas as bolsas brasileiras.
No dia 27 de setembro de 2006 a Bovespa inaugurou o Espaço Bovespa,
que foi criado com o intuito de educar o investidor e aberto ao público
diariamente e gratuitamente. Localizado no centro de São Paulo a rua XV de
novembro, 275, o espaço aberto conta com terminais de consulta, salas das
corretoras, mesa de operações, auditório, cinema 3D, centro de memória e café.

Sistemas de negociação eletrônica:

• Mega-Bolsa
Sistema eletrônico de negociação de ações da Bovespa, que podem ser
negociadas no mercado à vista, a termo e de opções. Os horários de negociação,
assim como os papéis que são negociados nesse sistema, são previamente
estabelecidos pela Bovespa.

• SENN
Mercado onde ocorre a negociação eletrônica de ações e outros ativos. São
integrantes do SENN todas as Bolsas brasileiras, exceto a Bovespa, que possui o
seu próprio sistema eletrônico de negociações, a Mega-Bolsa. Esse sistema é
administrado pela Comissão Nacional de Bolsas de Valores e as operações são
feitas através da rede de serviços da BVRJ.

• SOMA
A Sociedade Operadora do Mercado de Ativos é um mercado de balcão
organizado, onde operações são realizadas por terminais de computador. Os
horários de negociação são os mesmos que os do pregão nacional.

Visite a Bovespa

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APRENDA A INVESTIR
Entre em contato com a Supervisão Educacional da BOVESPA, pelo telefone (11)
3233-2298, fax (11) 3233-2392 ou via e-mail: visite@bovespa.com.br

GARANTIAS

A Bovespa acompanha e fiscaliza seus pregões e administra o risco,


estabelecendo limites operacionais e exigindo a apresentação de garantias. Ela
mantém um Fundo de Garantia com a finalidade de assegurar aos investidores
do mercado de valores mobiliários, até o limite desse Fundo, o ressarcimento de
prejuízos referentes atuação inadequada de administradores, empregados ou
prepostos de corretora membro, que tenha recebido ordem do investidor em
relação à intermediação de negociações realizadas. As demandas dos
investidores referentes ao Fundo de Garantia devem ser protocoladas junto à
Bovespa.
A Bovespa Supervisão de Mercados (BSM) mantém e administra o
Mecanismo de Ressarcimento de Prejuízos, que tem a finalidade exclusiva de
assegurar aos investidores o ressarcimento de prejuízos decorrentes da ação ou
omissão de Corretora ou de Agentes de Compensação ou de Custódia, em
relação à intermediação de negociações realizadas na Bolsa.

LEILÃO

Algumas vezes ao tentar efetuar uma compra de ações você irá encontrar o
papel em leilão, mas o que seria esse leilão em bolsa? Abaixo seguem algumas
referências:

 Não há como prever um leilão. A bolsa decreta leilão quando há informação


relevante no mercado para tanto.
 Num leilão, a negociação da ação é suspensa e, no seu início, a Bovespa o
divulga e então os investidores podem enviar ordens.
 Ganharão o leilão as ofertas que atenderem o preço que será formado por
critérios da Bovespa (ponderação da quantidade e preço tanto na compra,
quanto na venda).
 O investidor Home Broker, uma vez dentro do leilão, mesmo que
participando parcialmente, não poderá cancelar ou fazer qualquer alteração
de sua oferta.

De acordo com a Instrução CVM 168/1991 as Bolsas de Valores deverão


adotar procedimentos especiais de negociação para as operações que
representem:

I - quantidade de ações ou direitos, sensivelmente superior a média diária


negociada nos últimos pregões, ou qualquer bloco substancial, mesmo que
a negociação não envolva transferência de controle;
II - preço sensivelmente superior ou inferior a média dos últimos pregões.

Submete a leilão imediato quando:

- Lote compreendido entre 5 e 10 vezes a média nacional ou de 0,5% a


0,99% das ações ordinárias.
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APRENDA A INVESTIR

Submete a leilão com prévio anúncio de 1 hora, comunicado as demais


bolsas de valores, quando:

- Lote for superior a 10 vezes a média nacional ou de 1% a 2,99% das


ações ordinárias ou de 3% a 4,99% das ações preferenciais.

ÍNDICES14

- IBOVESPA

O Índice Bovespa (Ibovespa) é o mais importante indicador do


desempenho médio das cotações do mercado de ações brasileiro. Sua relevância
advém do fato do Ibovespa retratar o comportamento dos principais papéis
negociados na Bovespa. As ações integrantes da carteira teórica do Índice
Bovespa respondem por mais de 80% do número de negócios e do volume
financeiro verificados no mercado a vista (lote-padrão) da BOVESPA.
O índice manteve a integridade de sua série histórica e não sofreu
modificações metodológicas desde sua implementação em 1968. Ele representa o
valor atual, em moeda corrente, de uma carteira teórica de ações constituída em
2/1/1968 (valor-base: 100 pontos), a partir de uma aplicação hipotética.

GRÁFICO 3.3 – IBOVESPA 1995 a 2008

Fonte: Bovespa

A composição da carteira dos índices dispostos neste item estão dispostos no site
14

www.bovespa.com.br no item mercado / índices.


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- IBrX-50

O IBrX-50 é um índice que mede o retorno total de uma carteira teórica


composta por 50 ações selecionadas entre as mais negociadas na Bovespa em
termos de liquidez, ponderadas na carteira pelo valor de mercado das ações
disponíveis à negociação. Ele foi desenhado para ser um referencial para os
investidores e administradores de carteira, e também para possibilitar o
lançamento de derivativos (futuros, opções sobre futuro e opções sobre índice).
O IBrX-50 tem as mesmas características do IBrX – Índice Brasil, que é
composto por 100 ações, mas apresenta a vantagem operacional de ser mais
facilmente reproduzido pelo mercado.

O IBrX é um índice que mede o retorno total de uma carteira teórica composta
por 100 ações selecionadas entre as mais negociadas na Bovespa em termos de
liquidez.

- IGC

O IGC - Índice de Ações com Governança Corporativa diferenciada tem por


objetivo medir o desempenho de uma carteira teórica composta por ações de
empresas que apresentem bons níveis de governança corporativa. Tais empresas
devem ser negociadas no Novo Mercado ou estar classificadas nos Níveis 1 ou 2
da Bovespa15. A ponderação é feita pelo valor de mercado das ações em
circulação (free-float) das respectivas empresas e há peso diferenciado para as
empresas do Novo Mercado (peso 2), Nível 2 (peso 1,5) e Nível 1 (peso 1).

GRÁFICO 3.4 - PERFORMANCE COMPARADA: IBOVESPA X IBRX-50 X IGC (base


1000 - 2001 A 2008)

Fonte: Bovespa

15
Classificações detalhadas ainda neste capítulo.
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APRENDA A INVESTIR
OUTROS ÍNDICES

- IEE - Índice de Energia Elétrica


Primeiro índice setorial da BOVESPA, o IEE foi lançado em agosto de 1996
com o objetivo de medir o desempenho do setor de energia elétrica.

- INDX - Índice do Setor Industrial


O INDX foi desenvolvido com o objetivo de medir o desempenho das ações
mais representativas do setor industrial, composto pelas ações mais liquidez e
ponderado em sua carteira pelo valor de mercado.

- ITEL - Índice Setorial de Telecomunicações


O índice inclui tanto ações de empresas de telefonia fixa quanto de
empresas de telefonia celular listadas na Bovespa.

- ITAG - Índice de Ações com Tag Along Diferenciado


O ITAG tem por objetivo medir o desempenho de uma carteira teórica
composta por ações de empresas que ofereçam melhores condições aos
acionistas minoritários, no caso de alienação do controle.

- ISE - ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL


Índice composto por empresas socialmente responsáveis, sustentáveis e
rentáveis para aplicar seus recursos.

- IVBX-2 - Índice Valor Bovespa - 2ª Linha


Desenvolvido em conjunto pela BOVESPA e pelo jornal Valor Econômico o
índice é composto pelas 50 melhores ações cujos índices de negociabilidade
estejam classificados a partir da 11ª posição, observados os demais critérios de
inclusão descritos abaixo.

ÍNDICES DE OUTRAS BOLSAS

EUA
I) DOW JONES
- 30 maiores empresas negociadas na Bolsa de Valores de Nova Iorque.
II) NASDAQ - National Association of Securities Dealers Automated Quotation
- Índice do mercado americano que representa ações de empresas deste país dos
setores de tecnologia (high-tech).
III) S&P 500 (Standard & Poors)
- Elaborado pela Standard % Poors, reúne as 500 maiores companhias dos
Estados Unidos.

OUTROS PAÍSES
Argentina – Merval; Canadá - S&P TSX Composite; México – IPC; Japão – Nikkei
225; Alemanha - DAX ; Inglaterra – FTSE ; China - SSE ; Índia – Sensex 30;
Hong Kong - Hang Seng; Cingapura – Straits; Rússia – RTS; Turquia – ISE; Chile
– IPSA; Tailândia – Set.

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APRENDA A INVESTIR

3.6.1.2 MERCADO DE AÇÕES

GOVERNANÇA CORPORATIVA E O NOVO MERCADO

A execução de boas práticas de governança corporativa proporciona aos


acionistas a gestão estratégica de sua empresa e a efetiva monitoração do
controlador. É considerado que a valorização das ações são influenciadas
positivamente pelo grau de segurança garantido aos acionistas, que contam com
informações de qualidade fornecidas pelas empresas. Pesquisas recentes revelam
que o aspecto mais levado em conta pelo investidor na decisão de seu
investimento é a transparência da companhia.
Seguindo essa tendência, a Bovespa criou no ano de 2000 o Novo Mercado.
Em busca de algo para incentivar um mercado de capitais brasileiro atrofiado, a
Bovespa se baseou no Novo Mercado Alemão (Neuer Markt) criado em 1997.
Com isso foi criado o Novo Mercado, o qual possui três níveis de listagem, onde
cada nível requer adoção de práticas de governança. O nível com maior
compromisso é o Novo Mercado, seguido do Nível 2 e em seguida pelo Nível 1.
A empresa listada no Nível 1 se compromete, principalmente, a melhorar
as informações prestadas ao mercado e a dispersão acionária. Os compromissos
assumidos pela companhia e seus controladores são formalizados em contrato
firmado com a Bovespa. Algumas de suas práticas assumidas são: manutenção
de, no mínimo, 25% do capital em circulação na forma de ações (free-float),
realização de ofertas públicas de ações por meio de mecanismos que favoreçam
a dispersão do capital, e adoção de melhorias nas informações trimestrais.

Nível 1 => Transparência + Dispersão acionária

Além de cumprir as normas do Nível 1, a companhia listada no Nível 2


assume o compromisso de seguir regras mais amplas de governança corporativa,
garantindo direitos adicionais para os acionistas minoritários. Os compromissos
assumidos pela empresa e seus controladores são firmados em contrato com a
Bovespa.

Nível 2 => Nível 1 + Direitos aos Acionistas

As companhias listadas no Novo Mercado assumem as normas do Nível 2 e


necessitam também de possuir capital social da empresa composto somente por
ações ordinárias e garantir extensão para todos os acionistas das mesmas
condições obtidas pelos controladores quando da venda do controle da
companhia. A prática de possuir apenas ações ordinárias vem sendo uma
tendência mundial.

Novo Mercado => Nível 2 + Apenas Ações com direito a Voto

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APRENDA A INVESTIR

Tabela 3.6 – Companhias listadas na Bovespa (Dez/2007)


MERCADO NÚMERO DE EMPRESAS PARTICIPAÇÃO %
NOVO MERCADO 90 20%
NÍVEL 2 20 4,5%
NÍVEL 1 43 9,5%
BÁSICO E BDRs 295 66%
TOTAL 448 100%
Fonte: Bovespa

O ESCÂNDALO DA ENRON E A CRIAÇÃO DA LEI SARBANES-OXLEY


A empresa norte-americana eleita por 6 vezes consecutivas como a mais
inovadora pela revista fortune e tendo sido uma das companhias líderes no
mundo em distribuição de energia foi protagonista da maior fraude já registrada,
que contou com o auxílio de alguns bancos e até mesmo da mais antiga empresa
de contabilidade norte-americana, a Arthur Anderson. A Enron, que começou
como uma empresa de gás natural em 1985 e se transformou num
conglomerado que declarava faturamentos de mais de US$ 100 bilhões por ano.
Contabilizavam futuros lucros que não chegavam a ocorrer e transformavam
prejuízos em lucros em seus balanços. Andrew Fastow, ex CFO (diretor
financeiro), criou e dirigiu as sociedades financeiras que serviram para a Enron
dissimular a magnitude de suas perdas e fazer o mercado financeiro acreditar
que o grupo estava financeiramente saudável. Alguns executivos da Enron
obtiveram grandes lucros vendendo suas ações antes que elas despencassem. Os
20 mil empregados da empresa, perderam suas economias porque foram
impedidos pela direção da companhia de vender suas ações quando elas
começaram a cair e viram evaporar os US$ 2 bilhões dos fundos de pensão dos
funcionários. A Enron está na má companhia da WorldCom, HealthSouth, Global
Crossing e Adelphia. A pilha de escândalos levou à aprovação de legislação em
2002 (o ato Sarbanes-Oxley), que criou regras mais rígida para relatórios
financeiros e a auditoria de companhias de capital aberto. A lei Sarbanes-Oxley,
foi apelidade de Sarbox ou ainda SOX. Seu conjunto busca garantir a criação de
mecanismos de auditoria e segurança confiáveis nas empresas, incluindo ainda
regras para a criação de comitês e comissões encarregadas de supervisionar
suas atividades e operações de modo a mitigar riscos aos negócios, evitar a
ocorrência de fraudes, ou ter meios de identificar quando elas ocorrem,
garantindo a transparência na gestão das empresas.

RESPONSABILIDADE SOCIAL

Assim como a governança corporativa, a responsabilidade social vem se


tornando fator fundamental na gestão de uma empresa. Estudos revelam que os
consumidores aceitam pagar um adicional por produtos responsáveis. As
empresas sustentáveis geram valor para o acionista no longo prazo, pois estão
mais preparadas para enfrentar riscos econômicos, sociais e ambientais. Com
isso, o maior potencial de crescimento nas vendas leva a companhia a
perspectiva de melhores valorizações de suas ações.

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APRENDA A INVESTIR
A responsabilidade está baseada na sustentabilidade das questões
ambientais, sociais e econômicas, principalmente nos problemas da degradação
ambiental – redução da poluição (solo, ar e água) e diminuição do consumo de
energia e água -, da exclusão social e da governança corporativa. Outras
questões como prevenção de acidentes de trabalho, qualidade de vida dos
funcionários e de seus stakeholders16, e relacionamento apenas com
fornecedores e clientes pessoa jurídicas que apresentam práticas de
responsabilidade social também estão sendo popularizadas.
A BOVESPA, em conjunto com várias instituições – ABRAPP, ANBID,
APIMEC, IBGC, IFC, Instituto ETHOS e Ministério do Meio Ambiente – decidiram
criar um índice de ações que seja um referencial para os investimentos
socialmente responsáveis, o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE).

DJSI – DOW JONES SUSTAINABILITY INDEXES


Lançado em 1999, o DJSI é o primeiro índice global a acompanhar a performance
das companhias guiadas pela sustentabilidade de todo o mundo. O índice é
composto por 318 empresas, de 58 setores e 24 países, que respondem um
questionário envolvendo questões econômica, ambiental e social. Há fundos no
exterior que investem apenas em empresas pertencentes ao DJSI. O Brasil
possui atualmente 6 empresas no índice, que são: - Aracruz; - Bradesco; -
Cemig; - Itaú; - Itausa;e – Petrobras.

OFERTA PÚBLICA INICIAL DE AÇÕES (IPO – Initial Public Offering)

Uma Oferta pública inicial de ações é feita quando uma empresa limitada
abre seu capital, transformando-se em uma Sociedade Anônima, com isso ela
venderá suas ações na bolsa de valores. Em moda ultimamente, as IPO’s têm
conseguido, na maioria dos casos, rápidas valorizações devida às grandes
demandas pelos investidores internacionais.
Essas valorizações são causadas principalmente a necessidade de haver
rateio e com isso é não conseguido comprar toda a quantidade reservada,
levando o investidor a comprar o restante logo após a entrada da ação no
mercado. Essa pressão compradora ocasiona essa rápida valorização, e é
explicada pela alta procura dos investidores estrangeiros como os Hedge Funds.
Ao aplicar em uma empresa que está abrindo o seu capital, é importante
antes de fazer a reserva junto à sua corretora analisar detalhadamente o
prospecto (documento o qual possui diversas informações sobre a companhia),
verificando as informações da empresa como os principais fatores de risco (item
que descreve os pontos fracos da empresa e possíveis cenários macroeconômicos
que poderão vir a prejudicar sua performance). Atentar também aos itens:
histórico, visão geral do setor, descrição do negócio e política de dividendos,
como também às demonstrações financeiras da empresa. Com isso analisar sua
posição perante seus concorrentes, evolução do resultado operacional, situação
de seu setor perante a economia entre outros aspectos. É interessante verificar o
destino dos recursos a serem captados, e com isso analisar a reposta do
investidor a essa emissão.
O processo de formação de preços é efetuado através de Bookbuilding
normalmente através de um leilão de oferta, que auxilia na definição da

16
Todos os grupos afetados pelas atividades da empresa.
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APRENDA A INVESTIR
remuneração e outras características de títulos e valores mobiliários, de forma a
refletir as condições de mercado por ocasião de sua efetiva colocação à venda.

OFERTA SECUNDÁRIA
A oferta secundária de ações tem processo parecido com a primária, mas em vez
do recurso obtido com as vendas das ações serem alocados para uma eventual
alavancagem financeira via investimentos ou pagamento de possível dívida da
empresa eles vão diretamente ao investidor que está vendendo sua parte da
companhia. Com isso tal operação perde um pouco de sua atratividade, pois a
expectativa de valorização do papel é menor.

Devido à grande demanda pelos IPO’s, prêmio paga em virtude da maior


governança (para empresas listadas no novo mercado17) e as constantes
valorizações da Bolsa, a precificação dada pelo processo de bookbuilding acaba
por estar em um patamar de supervalorização, e com isso há o perigo da
presença de uma bolha. Se não forem apresentados pelas empresas resultados à
altura desses altos preços, os exageros não serão corrigidos e o ajuste se dará
por fortes desvalorizações de suas ações. Abaixo segue tabela das ofertas inicias
públicas onde se destaca seu múltiplo PL18, o qual varia entre 14,83 a 195,79,
onde a média da Bovespa encontra-se em 9,1.

BOVESPA MAIS
Segmento de empresas que queiram ter acesso ao mercado acionário
gradualmente, que ampliem gradativamente o volume das ações em circulação,
e que sejam comprometidas com o seu desenvolvimento no mercado. Com o
objetivo de promover sua visibilidade, tendo uma postura pró-ativa. Perspectiva
de aumento do Potencial de liquidez, e evolução no mercado. Com o
comprometimento da empresa com o seu desenvolvimento no mercado de
capitais com a adoção de boas práticas de governança corporativa, similares às
do novo mercado. Possui ambiente mais receptivo e adequado a estratégias de
acesso gradual, inclusive em termos das regras de listagem.
Conta como o apoio da Bovespa à exposição da companhia e à formação de seus
profissionais em áreas relacionadas ao mercado de capitais, com os programas
de exposição da companhia ao mercado e de formação de profissionais, como
também descontos nas anuidades pagas à Bovespa.

LIQUIDEZ

Liquidez é a capacidade de se negociar um título ou um ativo, o


convertendo em dinheiro. Um investimento tem maior liquidez quanto mais fácil
for a conversão em dinheiro e quanto menor for a perda de valor envolvida nesta
transação.
Diz-se que uma ação é líquida quando é transacionada no mercado em
quantidades importantes e com elevada freqüência. Para um investidor, ter na
sua carteira uma ação líquida significa que poderá facilmente transformá-la em

17
Ver item sobre Governança Corporativa.
18
Ver indicadores em análise fundamentalista.
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APRENDA A INVESTIR
dinheiro, e sem a perda de valor em relação ao preço de mercado no momento
da venda dessa ação.

MARKET MAKER
Regulamentada desde junho de 2003, pela Instrução CVM nº 384 e pelas
Resoluções da BOVESPA n.os 293 e 300, a atividade de Formador de Mercado
(Market Maker) é exercida por uma instituição financeira contratada por uma
empresa de capital aberto, cuja função é garantir uma liquidez mínima e uma
referência de preço para os ativos para os quais é credenciado. Na Bovespa, o
papel de Market Maker é desempenhado por uma sociedade corretora membro
da bolsa, ou por uma corretora de valores não membro, uma distribuidora, um
banco de investimento, ou um banco múltiplo com carteira de investimentos. Ao
se credenciarem para exercer esta função, essas instituições assumem, de fato,
a obrigação de estarem presentes no mercado, diariamente, com ofertas firmes
de compra e de venda para uma quantidade de ativos, predeterminada e
conhecida por todos. Isto é preponderante, sobretudo para valores mobiliários de
liquidez reduzida.

DESDOBRAMENTO/GRUPAMENTO DE AÇÕES

A pessoa física que investe na bolsa, tem o desejo de diversificar sua


carteira, por isso é importante que as ações tenham valores baixos. Por outro
lado o papel muito barato tende a oscilar mais, pois qualquer alteração de
centavos gera um impacto grande em seu preço. Para que a ação tenha mais
liquidez é recomendado preços entre R$ 10,00 a R$ 50,00, já um nível ótimo de
negociação considerado pelo mercado fica entre R$ 20,00 a R$ 30,00 por ação.
Com isso, para manter os preços das ações nesse patamar, as empresas
utilizam-se do desdobramento e do grupamento de ações.

 Desdobramento (Em inglês, split): Aumento da quantidade de ações de


uma empresa, sem que haja alteração na participação dos sócios. Com isso a
ação fica mais acessível ao público, gerando mais negócios e aumentando a
liquidez do papel.
Exemplo: a ação é negociada em bolsa a R$ 125,00 cada uma pode desdobrar
a ação à razão de 5 por 1, tornando-a cotada a R$ 25,00. Com isso quem
possuía 1 ação no valor financeiro de R$ 125,00, passará a ter 5 ações no
valor financeiro de R$25,00 reais cada.

 Grupamento (Em inglês, split down ou reverse split): Redução da


quantidade de ações de uma empresa, sem que haja alteração na participação
dos sócios. Com isso o preço da ação não fica tão baixo, situação que
aumenta a volatilidade do papel, pois pequenas diferenças no valor
ocasionavam sensíveis variações percentuais.
Exemplo: ação é negociada em bolsa a R$ 5,00 cada uma pode grupar as
ações à razão de 1 por 5, tornando-a cotada a R$ 25,00. Com isso quem
possuía 5 ações no valor financeiro de R$ 5,00 cada, passará a ter 1 ação no
valor financeiro de R$25,00 reais.

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APRENDA A INVESTIR

VOLATILIDADE

Volatilidade é a oscilação do valor de sua cotação em um determinado


período. Por essa medida podemos identificar o grau de risco desse ativo. Mas
como risco e retorno estão sempre relacionados, ações com alta volatilidade
podem render altas rentabilidades em um curto espaço de tempo, apesar de seu
maior risco.
No gráfico abaixo estão plotados as diferentes variações diárias do Índice
Bovespa (Ibovespa). Identificamos que as variações mais freqüentes são entre -
2,0% e +2,0%, que a amplitude máxima não ultrapassou -8,0% e +8,0% e que
há ciclos de maior e menor volatilidade.

GRÁFICO 3.5 – VOLATILIDADE DO IBOVESPA JAN/2000 A DEZ/2007

Como forma alternativa de ilustrar a volatilidade do Ibovespa temos o


histograma, que representa as variações do ibovespa por uma curva normal (em
forma de sino), onde em mais de 75% das vezes o índice ficou entre -2,0% e
+2,0. A variação com maior freqüência foi próxima a 0,0%, e 857 vezes foi
menor que 0, e 1117 foi maior ou igual a 0. -7,26% foi a menor variação e
+7,61 foi a maior variação registrada no período.

GRÁFICO 3.6 – HISTOGRAMA DO IBOVESPA JAN/2000 A DEZ/2007

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APRENDA A INVESTIR

Fonte: Bovespa

RECOMPRA DE AÇÕES

A recompra de ações efetuada pela empresa quando seu preço está


considerado muito aquém de seu preço “justo”, geralmente após quedas bruscas
ocasionadas por motivos conjunturais do mercado. É uma operação divulgada no
mercado que tem o intuito de melhorar a rentabilidade da ação e com isso
melhorar o valor dos dividendos a serem distribuídos aos acionistas (mesmo
valor a ser distribuídos por uma menor quantidade de acionistas), visto que as
ações mantidas na tesouraria da empresa não tem direito aos dividendos.

PULVERIZAÇÃO DO CAPITAL

Uma companhia que possua Pulverização do capital significa que não há


nenhum acionista ou grupo que possua 50% ou mais do capital social desta
empresa.
Como vimos anteriormente, a pulverização do capital é fator utilizado para
a companhia passar a integrar o novo mercado. Assim como no caso da
governança corporativa, os investidores já se mostram dispostos a pagar mais
pelas ações de companhias com o capital pulverizado.
A pulverização do capital contribui também para o aumento de liquidez
dessa ação.

CONTROLADOR E MINORITÁRIOS

Em empresas cujo capital não está pulverizado, há a presença de investidor


ou grupo que detêm mais de 50% do capital votante da empresa. Este
responsável por uma série de deveres estabelecidos pela Lei das S.A.’s. Por sua
vez há também certos direitos atribuídos ao restante dos acionistas.
Os acionistas que não fazem parte do bloco de controle da empresa são
chamados de acionistas minoritários. Em alguns casos, basta ter a titularidade de
apenas uma ação para ter acesso a alguns instrumentos que lhe são garantidos
pela Lei das S.A.’s a certos poderes:

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APRENDA A INVESTIR
 Receber 25% do lucro da companhia como dividendo, sendo que os
detentores de papéis PN recebem um dividendo 10% superior e têm
privilégio na divisão, caso não haja dinheiro para todos os acionistas.

 Ter acesso a informações claras e verdadeiras sobre a situação econômica


e financeira da empresa, além de dados sobre a atuação social e ambiental
da companhia.

 Ser informado, por correspondência direta ou informe no site da


companhia, das datas de reuniões públicas de acionistas.

 Ter um canal de informações direto com a empresa.

A BATALHA DOS MINORITÁRIOS


Decisões da CVM nos casos Arcelor e Telemar equilibram jogo entre
controladores e sócios menores em disputa societária. O mercado aprova
Por ALEXANDRE TEIXEIRA
Pode ser dura a vida do acionista minoritário das grandes empresas nacionais.
Mas ele não está sozinho. Na semana passada, em duas decisões referentes a
contenciosos societários, a CVM reafirmou seu papel de árbitro no capitalismo
brasileiro. Com disposição para contrariar interesses de grupos multinacionais.
Na segunda-feira 25, a Comissão de Valores Mobiliários anunciou importantes
decisões sobre os casos Telemar e Arcelor. Na polêmica envolvendo a operadora
de telefonia, o regulador do mercado autorizou os acionistas que têm papéis
preferenciais e ordinários a votar na assembléia que definirá as regras da
reorganização societária da companhia. Na prática, é uma vitória dos atuais
controladores, que assim participarão (em maioria) da reunião que definirá os
termos da troca de ações da “velha” Telemar por papéis da nova holding a ser
criada, a Oi Participações. E uma derrota dos minoritários preferencialistas, que
temem ver diluída sua participação na companhia. Já no caso Arcelor, a CVM
decidiu que a Mittal Steel (que assumiu o controle da siderúrgica há três meses)
terá de fazer uma Oferta Pública de Ações a minoritários brasileiros. O gigante
indiano do aço tentava esquivar-se desse procedimento, alegando que, pela
legislação de Luxemburgo, onde foi fechado o negócio, não ficou caracterizada
uma aquisição do controle da Arcelor. Prevaleceram, porém, a Lei das S.A.’s e o
estatuto da Arcelor. No Brasil.
O litígio na Telemar está só começando. Duas gestoras de recursos estrangeiras,
a Genesis, de Londres (que tem 6,5% das ações preferenciais da operadora), e a
Brandes, da Califórnia, uniram-se para lutar contra a troca de ações. Alegam que
a participação dos controladores saltará de 13,8% para 23,6%. E a fatia dos
preferencialistas minguará de 71,5% para 45,4%. Suas representações já estão
protocoladas na CVM. Juntam-se, assim, a uma série de questionamentos feitos
por gestoras brasileiras, como Argucia, Mellon e Polo, o que sugere uma longa
batalha à frente.
Bem diferente é a situação na Arcelor. Ali, a decisão da CVM é definitiva. Só pode
ser revertida na “Justiça comum”, se a Mittal insistir em levar o caso adiante.
Cria-se, assim, uma jurisprudência que naturalmente agrada alguns e preocupa
outros. “No Brasil vale a lei; aspectos éticos ficam em segundo plano”, observa
Alfried Plöger, presidente da Associação Brasileira das Companhias Abertas. “Não
se deve generalizar, mas tem muito minoritário achacando as empresas, o que
pode ser legal, mas não é ético”, critica. Plöger sustenta que o investidor
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APRENDA A INVESTIR
brasileiro quer “segurança de renda fixa” em aplicações de renda variável. E
sugere: “principiantes não deveriam comprar ações, mas cotas de fundos. Bolsa
é para profissionais”.
Opinião distinta é exposta por Mariana Mendes Medeiros, sócia do escritório L.O.
Baptista Advogados e especialista em direito societário. Analisando o caso
Arcelor, ela nota que o minoritário brasileiro pode ter comprado ações da
siderúrgica por confiança nos controladores. E pode agora não concordar em ter
a Mittal como sócia e gestora. Mais: esse acionista comprou o papel sabendo
que, em caso de venda do controle, poderia se desfazer de sua posição pelo
mesmo valor recebido pelos majoritários. “Você não pode eliminar esse direito”,
avalia a advogada. “É bom ver que a CVM não abaixa mais a cabeça para o
capital estrangeiro.”
O mercado assina embaixo. De segunda a quarta-feira da semana passada,
segundo a Economática, as ações preferenciais da holding Telemar subiram
5,8%. E as ordinárias da Arcelor Brasil valorizaram 10,3%. Em ambos os casos
superaram o Ibovespa, que avançou 3,8% no período.
Fonte: Isto é dinheiro, seção Finanças de 04/10/2006

INFORMAÇÃO

Além de verificar o movimento das cotações, também é preciso ficar atento


aos acontecimentos do mercado e fatos relevantes divulgados pelas empresas.
A BOVESPA disponibiliza várias ferramentas on-line que possibilitam
acompanhar estas informações e você também pode consultar as notícias nos
principais jornais impressos e outros veículos de grande circulação da sua cidade.
Outras informações também podem ser obtidas no site da CVM, como por
exemplo, na pasta "Companhias Abertas", onde estão disponíveis as DFP
(Demonstrações Financeiras Padronizadas), as ITR (Informações Trimestrais) e
as IAN (Informações Anuais) das companhias. É também recomendável consultar
a pasta "Fatos Relevantes de Companhias Abertas" para saber se existe alguma
notícia importante sobre a companhia cujas ações você está interessado em
comprar.
O site de RI19 das companhias assim como o contato direto com os
profissionais dessa área são fontes de informações recomendadas. Assim como
as reuniões das companhias promovidas em diversas cidades brasileiras pela
Apimec – Associação dos analistas e profissionais de investimento do mercado de
capitais.

INSIDER INFORMATION

Quando certa ação apresenta um volume de negociação fora da média de


suas transações anteriores e não há informação referente a essa empresa
divulgada no mercado, há possibilidade de ocorrência de acontecimentos que o
público ainda não sabe. As informações não divulgadas ao público são chamadas
de “insider information”, traduzido do inglês como informação privilegiada.
A definição de informação privilegiada é: a informação fornecida de forma
restrita a certos agentes, pelas empresas ou por intermediários, em menor

19
Alguns sites disponibilizados na seção “sites úteis”.
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APRENDA A INVESTIR
tempo, ou melhor qualidade ou quantidade, do que a distribuída ao público em
geral, possibilitando ganhos resultantes do diferencial de informações, aos
favorecidos por tal prática.
Empresas em processo de reestruturação, fusão ou aquisição são mais
suscetíveis a existência desse problema, como também períodos antes de
divulgação de resultados.

04/11/2004 - 20h48
Pela 1ª vez na história, CVM pune caso de "insider information"
da Folha Online
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários), responsável pela fiscalização do
mercado de capitais, tomou hoje uma decisão histórica ao punir uma gestora de
fundos de investimentos, a Fator Administração de Recursos, por uso de
informação privilegiada ("insider information") visando lucrar na Bovespa (Bolsa
de Valores de São Paulo).
Por unanimidade, o colegiado da autarquia multou a Fator em R$ 600 mil. O
principal executivo da Fator, Walter Appel, recebeu uma multa de R$ 500 mil e
ficou proibido de atuar no mercado.
Segundo a CVM, a Fator usou informação sigilosa sobre o plano de privatização
da Copel (Companhia Paranaense de Energia) para obter ganhos na Bolsa em
2001. Na época, a empresa integrava um consórcio responsável por assessorar o
governo do Paraná na condução do plano de privatização, que fracassou em
2001. A informação privilegiada, segundo a CVM, era sobre uma oferta pública
de compra de ações.
A Fator se destacou no mercado por assessorar privatizações como a do Banespa
em 2000 e o plano de fusão entre Varig e TAM no ano passado.
Outro lado
Em nota, a Fator informou que vai entrar com recurso contra a decisão da CVM,
considerada "improcedente", negou o uso de informação privilegiada para obter
ganhos e disse que adota um "rígido código de ética". A gestora de recursos
informou que, nas operações com os papéis da Copel, obteve um resultado bruto
da ordem de R$ 40 mil.
"O conglomerado Fator [reúne banco, corretora, distribuidora de títulos e
assessoria de projetos] adota internamente o método de segregação de
atividades (chinese wall). Por esse sistema, o setor que administra recursos de
terceiros não tem acesso às informações oriundas das áreas envolvidas em
processos de privatização", disse a Fator.
Quando a informação sobre a oferta de ações veio oficialmente a público por
meio de um "fato relevante" divulgado no dia 25 de julho de 2001, a cotação do
papel subiu 14,01%. Para a CVM, investidores foram prejudicados.
"Tal infração, pelo prejuízo que acarretou a inúmeros investidores que venderam
suas ações em desconhecimento da informação que veio a ser divulgada e que
era de conhecimento somente de alguns compradores, bem como pelo prejuízo
causado à credibilidade do mercado de capitais brasileiro, é de extrema
gravidade o que já impede o acolhimento da proposta de celebração de termo de
compromisso", escreveu o relator do processo e diretor da CVM, Eli Loria, ao
votar em julho contra a celebração de um acordo com os indiciados.
Por sua vez, a nota da Fator citou que "a análise dos negócios efetivados durante
esse período comprova que as compras e vendas se deram por motivos
relacionados às práticas normais desse mercado, e não em razão de eventual
detenção de informação privilegiada".
Página 92 de 193
APRENDA A INVESTIR
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u90467.shtml

EMPRÉSTIMO DE AÇÕES

Operação na qual o acionista disponibiliza suas ações para empréstimos


com o intuito de receber uma remuneração que varia em torno de 2% a 15%
a.a. (ao ano) do valor da ação, e os interessados as tomam mediante aporte de
garantias junto à CBLC (companhia brasileira de liquidação e custódia).
O aluguel de ações funciona da seguinte maneira:

Doador: cliente que tem investimento em ações com perfil de médio e


longo prazo (fica com o papel por 60 dias ou mais) e procura alugar suas
ações para receber uma remuneração extra. Ele continua com direito a
receber dividendos (pagos pelo tomador) e direitos de subscrição, porém
não pode vender as ações pois estas se encontram alugadas.

Tomador: cliente que quer vender as ações (ficar short) e não tem a
posição. Ele aluga no mercado as ações e vende. Quando recomprar as
ações ele devolve para o doador e liquida a operação.

Custos: para o doador não há custos, para o tomador o custo da operação


é a taxa pré-fixada com o doador + 0,25% de emolumentos para a bolsa
que é pago no dia da liquidação levando em conta o financeiro do dia em
que foi fechado a operação.

Prazo médio das operações: 30 dias e as taxas variam entre 2 % a.a. a 15


% a.a. dependendo do papel. Em média a taxa é de 5 % aa. As taxa médias
praticadas podem ser consultadas no site da cblc (www.cblc.com.br), na seção
banco de títulos/consulta/empréstimos registrados.
Indicado ao tomador quando acredita num mercado com tendência
baixista, pois pegará emprestado, venderá esse ativo por x e o mesmo irá se
desvalorizar até chegar a seu valor de fundo, próximo ao vencimento do contrato
onde o tomador irá realizar seu lucro.
Vale ressaltar que o risco é alto, pois além de maiores custos, a
possibilidade de perda é muito maior que na compra, ou seja, se uma ação, por
algum motivo, dobrar de preço, o investidor que está vendido perde 100% de
seu capital, enquanto que na compra isso só aconteceria se a empresa falisse.

PROGRAMA DE DISTRIBUIÇÃO DE OPÇÕES DE AÇÕES (STOCK OPTION)

Stock option é sistema de remuneração adotado por muitas empresas, que


consiste na concessão do direito de comprar uma certa quantidade de ações da
empresa a um preço pré-estabelecido.
Caso o preço da ação suba, o detentor da opção receberá a diferença do
preço das cotações quando exercer seu direito de compra. Exemplo: opção de
compra de 10.000 ações da XPTO4 cotada a R$ 25,00 a ação. Após período de
um ano a ação está cotada em R$ 60,00, e a opção de compra é exercida com
lucro unitário de R$ 35,00, totalizando um lucro de R$350.000,00.

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APRENDA A INVESTIR
Esse direito é distribuído aos funcionários, geralmente nos níveis de
gerentes chegando até a presidência e CEO, e tem por objetivo tornar o
funcionário um acionista da empresa, ganhando assim, seu total empenho no
crescimento da companhia, visando a valorização de sua ação.
A concessão de opções de ações é oferecida tanto a funcionários mais
antigos, como também para atrair novos talentos de outras empresas ainda
quando a empresa não abriu seu capital na bolsa, que aceitam menores salários
na aposta de uma maior ganho no futuro, após a empresa efetuar seu IPO. Como
foi o caso dos funcionários da Google (site de busca americano) onde cerca de
mil funcionários receberam cerca de um milhão de dólares ao exercerem suas
opções.
A crítica a essa forma de remuneração é que incentivo dado para a
elevação dos preços das ações pode causar manipulação de informações e
fraudes contábeis, como nos casos da Enrom e da Worldcom. E em épocas de
recessão elas se tornam um negócio pouco atraente.
3.6.2 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTO EM AÇÕES

Você já deve ter ouvido alguém reclamar com a seguinte frase: “na bolsa
eu subo de escada e desço de elevador”. Quem já operou n Bolsa sabe que uma
alta de +X% não recupera uma baixa de -X%. Uma ação que estava valendo R$
100,00 e caiu 30% foi para R$ 70,00. Se no pregão seguinte ela subir 30%,
valerá R$ 91,00. Uma perda de 9%. Com isso é necessário alongar os lucros e
parar os prejuízos (stop-loss).
Existem duas técnicas básicas de análise de investimento: fundamentalista
e gráfica, esta última também chamada de técnica pelo mercado. Na primeira, a
recomendação de investimento parte dos resultados da análise dos fundamentos
macroeconômicos, setoriais e econômico-financeiros da companhia emissora. No
segundo tipo, o analista estuda o comportamento histórico do preço e volume
negociado do ativo financeiro em questão, para traçar tendências de
comportamento de preço.
Embora existam debates sobre a eficácia de cada uma das técnicas, elas
podem ser consideradas complementares. Por exemplo, o analista estuda o setor
e a situação econômico-financeira da companhia para fazer uma recomendação
de investimento. Seu trabalho é completado com a análise gráfica, que apontaria
o melhor momento de compra ou venda.
Na prática, julgamos que apesar das disparidades conceituais, o domínio
dos instrumentos das duas escolas só melhora as chances de ganho de um
investidor em ações.
Generalizando, as informações da escola fundamentalista oferecem ao
usuário elementos para decidir o que comprar, por outro lado, as ferramentas da
escola técnica se prestam a sinalizar quando comprar (ou vender). Há quem
entende que toda empresa possa apresentar ganhos ao especulador e trabalha
com a análise gráfica sem olhar os dados financeiros das companhias.

3.6.2.1 ANÁLISE GRÁFICA

A Análise Gráfica, também conhecida como Análise Técnica, é uma


ferramenta utilizada por investidores profissionais (conhecidos como traders), ou
mesmo amadores, para o estudo do mercado de renda variável (como o de
ações). A Análise Gráfica pode ser definida como o estudo dos preços e de seus
volumes.
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APRENDA A INVESTIR
O analista técnico baseia-se na premissa que todas as informações estão
representadas nos gráficos, na medida em que este traduz o comportamento do
mercado (fundamentalistas, insiders, amadores etc) e avaliam, a partir dos
gráficos, a participação desses investidores que influenciam na formação dos
preços. Eles preferem até mesmo não ter contato com as noticias, pois
consideram que elas podem influenciá-lo a atribuir um peso maior a uma
informação já refletida graficamente.

Principais conceitos:

 O preço de mercado representa um consenso, ao qual se dá o equilíbrio


entre a oferta e a demanda da ação, e com isso o preço desconta todos os
fatores possíveis (fatores macroeconômicos, fundamentalistas, políticos,
psicológicos etc.);
 Os preços formam-se dentro de tendências, ou seja, ocorrem períodos em
que os preços oscilam segundo uma tendência de alta, de baixa ou lateral;
 Certos níveis de preços são “gravados” pelo mercado, como por exemplo
topos e fundos, onde exercem forte resistência ou suporte para o avanço
dos preços, mas que se rompidos serão geralmente ultrapassados com
grande intensidade;
 A história se repete e com isso, os padrões gráficos são identificáveis. Eles
são baseados em padrões comportamentais como: ganância, medo, euforia
e pânico, sempre presentes na natureza humana.

O GRÁFICO

O gráfico é elaborado com base no preço do ativo em um dado período,


conforme ilustrado abaixo:

Fonte: CMA

Nesse caso foi utilizado o gráfico de linhas com a periodicidade diária, onde
a linha é a união dos preços de fechamento de cada dia de negociação. Além do
preço de fechamento, também são importantes os preços de abertura, mínimos e

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APRENDA A INVESTIR
máximos, e com isso foi criado o gráfico de barras, que reuni esses quatro
preços.

GRÁFICO DE BARRAS

Mais completo que o gráfico de linhas, o gráfico de barras utiliza, além do


preço de fechamento, o preço de abertura, além do preço mínimo e máximo do
período utilizado.

GRÁFICO DE
LINHA

Fonte: CMA

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APRENDA A INVESTIR

GRÁFICO DE
BARRAS

Fonte: CMA

CANDLESTICK

Ainda existe outro tipo gráfico mais visual que o gráfico de barras, que
também utiliza esses quatro preços, descoberto pelo ocidente apenas
recentemente, mas utilizado no Japão, no mercado de negociação de arroz,
desde o século XVIII.
A denominação candlesticks se dá porque a figura representativa parece
uma vela com seus pavios. As figuras não necessitam ser exatamente iguais, e
cada padrão está sujeito à interpretação de cada analista.

Sombra ou Máximo
Pavio superior
Abertura ou Fechamento

Corpo
Abertura ou Fechamento
Sombra ou
Mínimo
Pavio inferior

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APRENDA A INVESTIR

GRÁFICO DE
BARRAS

Fonte: CMA

GRÁFICO DE
VELAS

Fonte: CMA

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APRENDA A INVESTIR
O estudo do candlestick foi muito divulgado nos últimos anos, e suas
figuras são de extrema relevância para antecipar as reversões de preço. Mais
adiante, estudaremos os padrões mais importantes.

ESCALA

Encontramos duas opções de escalas ao analisar o preço no gráfico: i)


escala aritmética, esta que oscila linearmente;e ii) escala logarítmica, que oscila
percentualmente. No mercado de ações, temos maior interesse na variação
percentual, e também a escala logarítmica é mais adequada a mercados com
maior volatilidade, como o brasileiro, e ter maior compatibilidade com certas
ferramentas, como a retração de Fibonacci, explicada a seguir.

ARITMÉTICA LOGARÍTMICA
55 55
50 45
45
40 35
35
30 25
25
20
15 15

ARITMÉTICA (LINEAR)

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APRENDA A INVESTIR
Fonte: CMA

LOGARÍTMICA

Fonte: CMA

ZOOM

O visual do gráfico é um importante fator a ser considerado. É necessário


analisar o gráfico tanto no longo prazo, como no curto prazo. Todos os
programas gráficos possuem a opção de selecionar o zoom + e zoom -, e com
isso é possível olhar para trás e procurar traçar suportes e resistências mais
antigos e também procurar por padrões repetitivos, como também olhar o gráfico
mais de perto e procurar por sinais mais claros de curto prazo.

LONGO PRAZO

Página 100 de 193


APRENDA A INVESTIR
Fonte: CMA

CURTO PRAZO

Fonte: CMA

CURTO PRAZO – Ao observar somente este gráfico não seriamos capaz de traçar
essa Linha de tendência de alta (LTA), e não conseguiríamos entender essa
queda após o rompimento da LTA e o seu retorno (pullback) ocorrido após o
fundo duplo. 20

Fonte: CMA

LONGO PRAZO – Onde foi traçada a Linha de Tendência de Alta.

20
LTA, Pullback e Fundo Duplo serão discutidos ainda neste capítulo.
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APRENDA A INVESTIR

LINHA DE TENDÊNCIA
DE ALTA (LTA)

Fonte: CMA

PERIODICIDADE

Há a possibilidade de construção do gráfico em qualquer periodicidade, seja


mensal, semanal, diário e intra-day (como 1 minuto, 15 minutos, 60 minutos
etc.), e a teoria da análise gráfica é aplicada igualmente em qualquer
periodicidade, porém em periodicidades mais longas pode haver menos sinais
falsos. A análise conjunta de diferentes tempos gráficos é recomendada, onde
possamos visualizar a tendência de curto e longo prazo.
Abaixo segue ilustração de como é formado um candle semanal a partir dos
preços diários.

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APRENDA A INVESTIR

GRÁFICO DIARIO

Fonte: CMA

GRÁFICO SEMANAL

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APRENDA A INVESTIR

Fonte: CMA

DIARIO X INTRADAY 15 MINUTOS

NOV 2007 GÁFICO DIÁRIO

Fonte: CMA

NOV 2007 GRÁFICO 15 MINUTOS


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APRENDA A INVESTIR

Fonte: CMA

DOW

A Teoria de Dow é uma das mais antigas teorias sobre análise gráfica e é
considerada a base da análise técnica moderna. Charles Dow fundou o Wall
Street Journal em 1889, e escreveu artigos entre 1900 e 1902. Samuel Nelson
foi quem compilou seus artigos e escreveu os livros ABC of Wall Street e ABC of
Stock Speculation, os quais foram as bases da Teoria Dow.

Charles H. Dow comparava os diferentes tipos de tendência aos


movimentos do mar, com suas marés, ondas e cristas. Quando a maré está
subindo, cada onda que quebra, quebra um pouco mais alto que a outra e depois
recua. Assim, se pusermos um bastão assinalando o ponto máximo atingido pela
onda, em pouco tempo saberemos se a maré é montante ou vazante,
demorando-se um pouco mais a se perceber a tendência quando da reversão de
uma para a outra.

De acordo com Dow e conforme ilustrado no gráfico abaixo identificamos a


fase 1 como a da acumulação, a fase 2 a alta sensível e a fase 3 como a euforia.
Ainda percebemos que existe uma fase 4 de total realização onde os preços
caem sensivelmente.

Contudo a fase 1 pertencente aos insiders (possuidores de informações


privilegiadas), é onde todos preferem possuir suas posições iniciais, e através da
análise gráfica, os não insiders podem identificar tal momento.

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APRENDA A INVESTIR

3
4

Fonte: CMA

Os principais pontos da Teoria de Dow são:

 Os mercados se movem em tendências. As tendências podem ser de alta


ou de baixa. Por sua vez, as tendências podem ser primárias, secundárias
e terciárias, segundo sua duração.

 Os índices (de ações, como o Ibovespa) descontam tudo. Todos os


possíveis fatores que afetam a cotação dos preços dos ativos (ações) são
descontados por esses índices que consideram todas as notícias, resultados
contábeis e financeiros, acidentes e etc.

 Princípio de confirmação. Para confirmar uma tendência é necessário que


os índices coincidam com a tendência.

TENDÊNCIA

Existem três tipos de tendências, a altista, a baixista e a lateral.

 TENDÊNCIA ALTISTA (BULLISH)


Tendência quando, sob maior pressão compradora (maior demanda), o preço
dos papéis sofrem alta. O termo bullish vem do “bull” (touro) e origina-se
porque um touro ataca com movimentos de baixo para cima, erguendo seu
chifre contra o oponente.

 TENDÊNCIA BAIXISTA (BEARISH)


Tendência quando, sob maior pressão vendedora (maior oferta), o preço dos
papéis sofrem queda. O termo bearish vem de "bear" (urso) e origina-se
porque um urso ataca com movimentos de cima para baixo, derrubando seu
adversário com a utilização de suas fortes patas dianteiras.

 TENDÊNCIA LATERAL (MERCADO DE LADO OU FAIXAS DE NEGOCIAÇÃO)

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APRENDA A INVESTIR
Tendência quando, sob pressões semelhantes entre compradores e
vendedores.

LATERAL

ALTISTA

BAIXISTA

Fonte: CMA

O reconhecimento de uma tendência é simples e se dá através de diferentes


ferramentas, onde elas se complementam, e convergem para a mesma
interpretação.
1. A principal ferramenta e identificar os topos e fundos, e verificar sua
evolução;
2. Em seguida deve-se traçar a linhas de tendência com a reta tocando os
topos ou fundos, e após isso verificar sua inclinação;e
3. A última técnica é utilizar a média móvel, esta explicada ainda neste
capítulo e que estará próxima da linha da tendência, quando em tendência
formada.
O mercado acionário não se move de uma forma linear, e sim é composto de
“topos” e “fundos” que, pela sua direção, compõem uma tendência.

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APRENDA A INVESTIR

TOPO

TOPO
FUNDO

FUNDO

LINHA DE TENDÊNCIA DE ALTA (LTA)

FUNDO

Fonte: CMA

TOPO
LINHA DE TENDÊNCIA DE BAIXA (LTB)
TOPO

FUNDO
TOPO

FUNDO

FUNDO

Fonte: CMA

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APRENDA A INVESTIR

LINHA DE TENDÊNCIA
DE BAIXA (LTB)
LINHA DE TENDÊNCIA
DE ALTA (LTA)

Fonte: CMA

LINHA DE TENDÊNCIA
DE ALTA (LTA)

Fonte: CMA

ÂNGULO

A inclinação do ângulo de uma linha de tendência deverá ser algo próximo


a 45 graus, caso seja superior uma reversão na mesma intensidade será muito
provável.

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APRENDA A INVESTIR

Inclinação próxima a 45°

Fonte: CMA

Inclinação superior
a 45°

Fonte: CMA

PIVOT

Uma tendência é constituída de topos e fundos consecutivos que se


movimentam em uma certa direção. O momento que se dá uma reversão de
tendência é denominado como Pivot de Alta ou Pivot de Baixa.
No gráfico abaixo encontramos um Pivot de Alta quando o preço da ação
rompe a LTB e inicia a formação de topos e fundos ascendentes. No gráfico
disposto abaixo constatamos que o ativo estava em tendência de alta formando
fundos e topos ascendentes, tendência de alta interrompida no ponto 1 quando
rompida a linha de tendência de alta, confirmada pela formação do topo mais
baixo (ponto 2).

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APRENDA A INVESTIR
A partir do rompimento do fundo anterior (ponto 3), ocorreu o Pivot de
Baixa e confirmou o início da tendência baixista do preço da ação. Verificamos
que o nível de preço do fundo anterior era um importante suporte, onde o preço
poderia atingir e voltar a subir.

TOPO

TOPO TOPO 2
1

3
FUNDO
TOPO

FUNDO
FUNDO

LINHA DE TENDÊNCIA DE ALTA (LTA)

FUNDO

Fonte: CMA

SUPORTE E RESISTÊNCIA

Os níveis de suporte e resistência são extremamente importantes na


análise gráfica, são níveis onde geralmente ocorrem reversões, pois servem
como barreiras psicológicas onde ocorrem uma maior concentração de ordens de
venda (resistência) e de ordens de compra (suporte). Porém uma vez esse
suporte ou resistência rompido fomenta um abrupto movimento de impulsão
devido a dois principais fatores: i) ausência de ordens de venda após o nível de
resistência e de ordens de compra após o nível de suporte;e ii) presença de
ordens de compra após o nível de resistência (stop21 dos vendidos a
descoberto22) e de ordens de venda após o nível de suporte (stop dos
comprados). Após ultrapassados, os níveis de suporte e resistência passam a
exercer influência oposta nos preços, ou seja um suporte vira resistência e uma
resistência se torna um suporte.

21
Discutido ainda neste capítulo.
22
Ver glossário.
Página 111 de 193
APRENDA A INVESTIR

RESISTÊNCIA

RESISTÊNCIA

SUPORTE

Fonte: CMA

RESISTÊNCIA

SUPORTE

Fonte: CMA

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APRENDA A INVESTIR

RESISTÊNCIA RESISTÊNCIA

SUPORTE

Fonte: CMA

RESISTÊNCIA

Fonte: CMA

PULLBACK

O chamado pullback é a tentativa de retomada do nível perdido, esse


retorno ocorre com certa freqüência e é interrompido até o outro lado desse
nível. Após o pullback, geralmente, o preço retoma a nova tendência iniciada. Há
quem diferencie o movimento entre pullback e throwback, porém, para facilitar,
utilizo pullback para o movimento de retorno, em qualquer direção, ao nível
perdido.

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APRENDA A INVESTIR

PULLBACK

Fonte: CMA

PULLBACK

Fonte: CMA

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APRENDA A INVESTIR

PULLBACK

Fonte: CMA

CANAIS

Formado pela linha de tendência e sua paralela, um canal delimita a área


por onde o preço se deslocará, e seu rompimento será importante indicação de
reversão.

CANAL DE ALTA

Fonte: CMA

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APRENDA A INVESTIR

CANAL DE ALTA DO IBOVESPA 1995 A 2008

Fonte: CMA

CANAL LATERAL

Fonte: CMA

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APRENDA A INVESTIR
CANAL DE BAIXA

Fonte: CMA

FIGURAS

As figuras são teoricamente divididas em continuidade e reversão, pois com


maior freqüência elas resultam nessa ação, porém é recomendável aguardar a
confirmação do rompimento para confirmar a continuidade ou reversão do preço.

- CONTINUIDADE: as figuras de continuidade, na maioria das vezes, realmente


dão continuidade ao movimento anterior, porém é preciso aguardar ao
rompimento da figura para operar a favor de sua direção. É possível traçar
objetivos de preço a partir da amplitude de figuras como o retângulo e o
triângulo, já as figuras como bandeira e flâmulas, é considerado o mastro para
projetar o próximo objetivo.

RETÂNGULO – formado por um nível de suporte e resistência.

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APRENDA A INVESTIR
Fonte: CMA

No retângulo exemplificado abaixo há outro nível de suporte e resistência


no interior do retângulo.

Fonte: CMA

TRIÂNGULO – formado por duas linhas de tendência onde o preço passa a


rebater em seu interior, até romper para um dos lados.

Fonte: CMA

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APRENDA A INVESTIR

Fonte: CMA

No exemplo abaixo é encontrado um retângulo que deu continuidade a sua


tendência e alcançou seu objetivo, e dois triângulos ascendentes que deram
continuidade à sua tendência.

Fonte: CMA

No exemplo abaixo é encontrado um retângulo que deu continuidade a sua


tendência e alcançou seu objetivo, um triângulo descendente que deu
continuidade à sua tendência e em seguida outro triângulo descendente que foi
rompido contra a sua tendência (fato comum em se tratando de triângulos não
simétricos).
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APRENDA A INVESTIR

Fonte: CMA

BANDEIRA/FLÂMULA – formadas por um mastro (que é a impulsão da tendência


formada) e por uma área de formação lateral (momento em que há uma
indefinição da continuidade da tendência).

Flâmula

Bandeira

Fonte: CMA

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APRENDA A INVESTIR

Bandeira

Flâmula

Fonte: CMA

- REVERSÃO

OMBRO-CABEÇA-OMBRO (OCO) – Em um movimento de alta há a formação de


um topo (ombro esquerdo) seguido por um topo mais alto (cabeça), após essa
formação há um enfraquecimento e a formação de um terceiro topo (ombro
direito) abaixo do topo anterior e semelhante ao outro topo (ombro esquerdo).
Abaixo desses três topos há um suporte respeitado (linha de pescoço), que se
rompido após o terceiro topo dará inicio à consolidação da formação que
alcançará o objetivo da amplitude do segundo topo (cabeça). Vale ressaltar que a
formação apenas é confirmada com o rompimento da linha de pescoço.

Cabeça

Ombro
Ombro direito
esquerdo

Linha de pescoço

objetivo

Fonte: CMA

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É comum o ombro direito ser o pullback da LTA rompida, conforme ilustrado no
gráfico abaixo.

Pullback

LTA

Fonte: CMA

OMBRO-CABEÇA-OMBRO INVERTIDO (OCO I) – Semelhante ao OCO, porém em


movimento de baixa.

Linha de pescoço

Ombro Ombro
esquerdo direito
Cabeça

Fonte: CMA

TOPO DUPLO

Formação de dois topos consecutivos no mesmo nível, identificado pela


letra M. A formação é confirmada após rompimento do último fundo, e o objetivo
é calculado projetando para baixo a amplitude da última perna de alta, de forma
que a formação seja simétrica com sua porção anterior.

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RESISTÊNCIA

OBJETIVO

Fonte: CMA

FUNDO DUPLO

Formação de dois fundos consecutivos no mesmo nível, identificado pelo


letra W. A formação é confirmada após rompimento do último topo, e o objetivo
é calculado projetando para cima a amplitude da última perna de baixa, de forma
que a formação seja simétrica com sua porção anterior.

OBJETIVO

SUPORTE

Fonte: CMA

FORMAÇÃO ESTRUTURAL (DIAMANTE) – Formação parecida com o OCO – que


após um topo mais alto ocorre a formação de um topo mais baixo, porém não há
linha do pescoço, mas sim a formação de dois triângulos simétricos. Mesmo
sendo uma formação de reversão, é necessário aguardar o rompimento.

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objetivo

Fonte: CMA

GAP

Identificado por um espaço vazio entre dois candles, são muito


importantes, pois eles podem nos informar qual será o próximo movimento dos
preços. Dependendo do contexto e dos próximos candles, o gap pode ser
classificado em: i) comum; ii) corte; iii) continuidade (medida);e iv) exaustão.

O gap comum é aquele que logo é fechado, o de corte ocorre junto a um


rompimento de uma linha de tendência ou de um suporte ou resistência. O gap
de continuidade ocorre no meio de uma tendência e o gap de exaustão indica
que apenas ocorrerá mais um candle antes da reversão. Uma tendência poderá
possuir 3 gaps (corte, de medida e de exaustão), com isso há uma técnica de
operar contra uma tendência após a ocorrência de 3 gaps.

É muito provável o fechamento (preenchimento do espaço vazio) de um


gap, e quando isso ocorre o movimento é bastante contundente. Vale ressaltar
também que um gap tende a se tornar uma forte zona de suporte/resistência.
Segue ilustrado abaixo os diferentes gaps existentes: 1. Comum; 2.corte; 3.
Continuação;e 4. Exaustão.

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1
2

Fonte: CMA

ILHA DE REVERSÃO
Formada por 2 gaps, a ilha de reversão é forte padrão de reversões duradouras.

Fonte: CMA

VOLUME

O volume geralmente confirma a tendência aumentando quando os preços


sobem e diminuindo quando os preços caem. Assim como um rompimento
qualquer é confirmado com um aumento do volume em relação ao dia anterior
ou a uma média móvel de curto prazo. Altas ou baixas com volumes acima da
média tendem a ter maior durabilidade e maior nível de confiança.

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Fonte: CMA

O Clímax de um volume representa o final de uma tendência. No exemplo


abaixo representou o final de uma tendência de baixa, e em seguida, o final de
uma tendência de alta.

Fonte: CMA

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CANDLESTICK - FIGURAS DE REVERSÃO (FIGURAS COMPOSTAS POR UM, OU
MAIS, CANDLES)

1.1 MARTELO (HUMMER) OU HOMEM ENFORCADO (HANGING MAN)

A cor do corpo não é significativa.

1.2 MARTELO INVERTIDO (INVERTED HAMMER) OU ESTRELA CADENTE


(SHOOTING STAR)

A cor do corpo não é significativa.

2.1 ESTRELA DOJI

Preço de Abertura é igual, ou muito próximo, ao preço de fechamento, sinal de


equilíbrio entre compradores (bulls) e vendedores (bears).

2.2 LONG DOJI

3.1 HARAMI CROSS

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3.2 HARAMI (MULHER GRÁVIDA)

3.3 PADRÃO ENVOLVENTE OU ENGOLFO (ENGULFING)

4.1 ESTRELA DA MANHÃ – DOIS GAPS DE CORPO

GAP GAP

4.2 ESTRELA DA NOITE – DOIS GAPS DE CORPO

GAP GAP

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4.3 ESTRELA DOJI DA MANHÃ (BEBÊ ABANDONADO) DOIS GAPS COMPLETOS

4.4 ESTRELA DOJI DA NOITE (BEBÊ ABANDONADO) DOIS GAPS COMPLETOS

5.1 LINHA PENETRANTE (PIERCING LINE)

PONTO MÉDIO

GAP

Gap de abertura

5.2 TEMPESTADE À VISTA (DARK CLOUD COVER)

Gap de abertura

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6. LINHAS DE CONTRA ATAQUE (MEETING LINES)

Composto por duas velas com o mesmo preço de fechamento.


7. SPINNING TOP

8. MAROBOZU

Corpo sem sombras, os preços de abertura e fechamento coincidem com os


preços mínimo e máximo do período.

10. TWEEZERS TOPS E BOTTONS

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ESTRELA ENGOLFO
CADENTE

ENGOLFO

LONG DOJI

MARTELO

Fonte: CMA

DOIS MARTELOS

Fonte: CMA

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ESTRELA CADENTE

SPINNING ENGOLFO
TOP

Fonte: CMA

DOJI

DOJI

MARTELO

LONG DOJI
MARTELO

Fonte: CMA

INDICADORES / OSCILADORES

MÉDIAS MÓVEIS

Um dos indicadores mais simples e importantes na análise técnica. São


médias de preço que se deslocam junto ao preço. A média móvel simples (mms)
é a mais utilizada, porém há outras variações que atribuem um peso maior ao
preço mais recente como a média móvel ponderada e a média móvel
exponencial. É possível calibrar a média móvel para qualquer período desejado,
porém por convenção, há alguns períodos mais utilizados conforme o prazo:
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- Curto prazo: 7 a 14 períodos;


- Médio Prazo: 40 a 60 períodos;e
- Longo prazo: cerca de 200 períodos.

MMS 13 Períodos (P) – Média móvel de curto prazo fica muito próxima ao preço.

Fonte: CMA

MMS 52 P – média móvel de médio prazo que permanece mais afastada do preço
quando em tendência.

Tendência Tendência
Altista Lateral

Tendência
Baixista

Fonte: CMA

MMS 200 P – média móvel de longo prazo esta que, no gráfico diário, é utilizada
como suporte a longas tendências primárias de alta.

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Suporte

Suporte

Suporte

Suporte

Fonte: CMA

CRUZAMENTO - A partir do cruzamento de duas médias móveis é gerados sinais


de compra e venda.

Venda

Venda

Compra

Compra

Fonte: CMA

Adicionalmente, a estratégia de compra e venda com duas médias móveis pode


acarretar em prejuízos ilimitados quando o preço da ação estiver em tendência
lateral.

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Fonte: CMA

MACD (Moving Average Convergence/Divergence)


O MACD significa Convergência e Divergência de duas médias exponenciais, isto
é, a diferença entre uma média móvel exponencial de 12 períodos e uma de 26
períodos. Para facilitar a inversão da linha MACD, é atribuída uma linha de alerta
que consiste numa média móvel exponencial gerada a partir da própria linha
MACD.

Fonte: CMA

DIDI INDEX
Indicador baseado no cruzamento de três médias móveis simples de 3, 8 e 20
períodos. Sua melhor indicação é a “agulhada”, isto é, o cruzamento das três
médias ao mesmo tempo.

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Fonte: CMA

Fonte: CMA

BOLLINGER BANDS

O Bollinger Bands é um sistema de bandas formada por três linhas, onde a linha
localizada no interior é uma média móvel simples de 10 períodos (ou calibrado
por outro período de curto prazo). As bandas superior e inferior são formadas a
partir da soma e subtração, respectivamente, da média móvel multiplicado por
duas vezes o desvio padrão. A soma estabelece a banda superior e a subtração,
a inferior.

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Fonte: CMA

Fonte: CMA

MOVIMENTO DIRECIONAL
É composto por três linhas: DIH, DIL e ADX. Desenvolvido por Welles Wilder, o
movimento direcional é o mais importante indicador utilizado para identificar se o
mercado está ou não seguindo uma tendência, e ainda sinaliza a sua intensidade
(pela inclinação do ADX). O cruzamento para cima das linhas DIH e DIL indicam,
respectivamente, compra ou venda. Os picos no ADX indicam topos ou fundos no
preço.

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Fonte: CMA

Fonte: CMA

IFR
Também desenvolvido por Welles Wilder, o índice de força relativa é um
importante indicador que mede a força de atuação de oferta e demanda, ou seja,
é um indicador de sobrecompra e sobrevenda. Ele mede a relação entre os
fechamentos em alta e os fechamentos em baixa. Os níveis de sobrecompra e
sobrevenda devem ser observados nos topos e fundos anteriores, e não
predeterminar como sendo 20 ou 30 e 70 ou 80. Conforme verificado no gráfico
abaixo, os níveis deste exemplo é 33 e 73.

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NÍVEIS DE SOBRECOMPRA E SOBREVENDA

NÍVEL DE SOBRECOMPRA

NÍVEL DE SOBREVENDA

Fonte: CMA

Indicação mais contundente que os níveis de sobrecompra e sobrevenda, são as


divergências (diferentes inclinações dos respectivos topos ou fundos).

DIVERGÊNCIA DA INCLINAÇÃO DOS FUNDOS

Também é possível traçar no IFR linhas de tendência semelhantes as traçadas


nos preços.

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Fonte: CMA

ESTOCÁSTICO
Relaciona o preço de fechamento com os máximos e mínimos mais recentes,
criando assim regiões de sobrecompra e sobrevenda. Este indicador funciona
melhor em mercado sem tendência.

Fonte: CMA

MOMENTUM

O Indicador Momento mede a velocidade de deslocamento dos preços, ou seja,


sua aceleração e desaceleração. O indicador é a diferença do preço de
fechamento do período atual pelo fechamento de p períodos atrás. Considera-se

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que o Momento antecipa a ação dos preços em momentos de mudança do
mercado.

Fonte: CMA

OBV
OBV é um indicador calculado em função do fechamento de alta ou de baixa,
sendo uma confirmação de movimentos. Se o pregão fechou em alta o volume
negociado é adicionado ao OBV, se fechou em baixa o volume é subtraído do
OBV. Sendo o OBV, o volume acumulado pela regra acima, de soma e subtração
de volumes.

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FIBONACCI

Geralmente, após um movimento de impulsão, há uma correção parcial


desse movimento. Esse estudo permite traçar, possíveis níveis de suporte e
resistência dessas correções. Os números utilizados para calcular esses níveis
são baseados na Seqüência de Fibonacci, denominada Razão de Ouro, que pode
ser encontrada em diversos fenômenos da natureza e foi utilizada por Ralph
Nelson Elliot no mercado financeiro.

Razão de Ouro:
1 + 1 = 2; 2 + 1=3; 3+5=8; 8 +5=13...
1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144, 233, 377, 610, 987...
233/144= 1,618; 377/233= 1,618; 610/377= 1,618...

Através da razão de ouro foram encontradas as correções de 0.618, 0,50 e


0,382. A utilização de Fibonacci é efetuada após traçar a distância do fundo ao
topo e plotar as retas dos níveis de 0.618, 0,50 e 0,382, com isso espera-se que
a correção seja efetuada até um desses três níveis, caso contrário haverá uma
correção de 100% ou superior.

Fonte: CMA

ELLIOTT

Por volta de 1930, Ralph Nelson Elliott apresentou sua teoria, que utilizou a
razão de ouro de Fibonacci, o Princípio das Ondas de Elliott, que explicava a
natureza cíclica das atividades humanas. Segundo Elliott, o mercado se
movimenta num padrão contínuo de impulso e correção. Com isso, foram
catalogados inúmeros padrões gráficos, porém o principal padrão consiste em
cinco ondas de impulsão e três ondas de correção, conforme ilustração a seguir:

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B
3

C
1

Como podemos notar, a onda 3 é a que possui geralmente a maior


extensão, e algumas vezes é até composta por 2 ondas de impulsão, conforme o
exemplo abaixo. As correções das ondas de impulsão, como a 2 e 4, geralmente
sofrem alternância entre uma correção e uma congestão.

3 B

4
A

1 C

Fonte: CMA

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STOP

Um dos erros mais comuns no mercado acionário é se desfazer de uma


posição vencedora ou insistir em uma posição perdedora, atitudes que ignoram
uma das premissas básicas que é: maximizar o lucro e minimizar o prejuízo. Para
obtermos lucro com ações é necessário deixar o lucro crescer acompanhando
uma tendência de alta de um ativo, e realizar o prejuízo de uma entrada errada
em uma posição.
O ser humano possui incrível dificuldade em admitir que está errado, por
essa razão que mesmo conhecendo o stop-loss (para de perda), ou
simplesmente stop, encontramos milhares de motivos para não liquidarmos a
posição perdedora. Por outro lado nossa ganância tentará impedir a realização de
uma grande lucro após uma reversão de tendência. A parada de perda,
popularizada como stop, é uma ferramenta muito simples de ser utilizada, mas
de fundamental importância para manter você no mercado. O stop servirá tanto
para limitar seu prejuízo como para maximizar seu lucro.
Uma ordem de stop consiste em apenas efetuar uma ordem de venda
condicionada ao preço atingir certo valor (gatilho), com um preço limite de venda
definido. Esse valor deve ser definido graficamente, e o preço limite deverá ser
algo próximo a esse valor, mas não muito para não ser ultrapassado por um
eventual gap.
Por exemplo, identificamos um suporte sendo testado em 50,00 e após
identificar uma reversão é comprado 100 ações a 50,50. Logo após a compra é
efetuada uma ordem de venda stop com gatilho em 49,75, e preço de venda
limitado a 49,50. Com isso, caso o preço da ação volte a cair e perca a seu
suporte o prejuízo estará limitado a 1,00 em cada ação, prejuízo que poderia ser
muito superior caso não tivesse o stop.
O gatilho não foi acionado em 49,99, porque é comum o mercado testar
algum nível, mas sem rompe-lo efetivamente, e após esse teste retomar sua
tendência original. O preço limite não foi colocado mais próximo do gatilho, pois
é preciso evitar algum possível gap. Caso a posição seja vencedora e realmente o
preço da ação esteja evoluindo conforme planejado, o stop servirá para não
sairmos da posição vencedora e sim deixar que o stop nos tire da posição. Com
isso o stop estará sendo deslocado assim que o preço estiver evoluindo.

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STOP 5

STOP 4

STOP 3

STOP 2

STOP 1

Fonte: CMA

Dados da Operação
Motivo da compra: Fundo Duplo
Compra executada em: 12,08
Stop (5) executado em: 15,88
Lucro bruto: 31,5%
Período: 1 mês

OPERANDO

Segue abaixo um exemplo de operação a ser buscada, a qual foi “stopada”


com lucro de 20% em um período1 mês, com indicações de compra emitidas
simultaneamente pelo IFR, Didi Index, Movimento Direcional e pelas Bandas de
Bollinger.

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Fonte: CMA

ESTRATÉGIAS

POSITION (POSIÇÃO DE LONGO PRAZO) UTILIZAM GRÁFICOS DIÁRIOS E


SEMANAIS

Fonte: CMA

SWING TRADE (OPERAÇÕES DE CURTO A MÉDIO PRAZO) UTILIZAM GRÁFICOS


DIÁRIOS E INTRA-DAY DE 15 MINUTOS

Fonte: CMA

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DAY TRADE (OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA, OU VENDA E COMPRA


INICIADAS E ENCERRADAS NO MESMO DIA) UTILIZAM GRÁFICOS INTRADAY DE
1 A 15 MINUTOS

Fonte: CMA

SCALPER (OPERAÇÕES DE DAY TRADE, MAS DE CURTÍSSIMO PRAZO QUE


DURAM ALGUNS MINUTOS) UTILIZAM GRÁFICOS DE 1 MINUTO

Fonte: CMA

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DICAS GERAIS

- Não venda um ativo em tendência de alta;

- Não compre um ativo em tendência de baixa;

- Não adiciona posições a uma posição perdedora (fazer média);

- Não opere com muitos indicadores, seja especialista em 2 ou 3;

- Não opere na dúvida, não entre ou saia em um trade sem uma boa razão;

- O mercado sempre está certo;

- Assuma seus erros, e aprenda com eles;

- Sem stop programado você estará morto no longo prazo;

- Não tente pegar a faca caindo, pegue-a no chão que minimiza os seus riscos.
Ou seja, não compre enquanto o preço está caindo, aguarde pelo menos a sua
estabilização.

- As alterações de preços ocorrem muito mais em função dos humores da massa


do que por mudanças significativas dos fundamentos.

“Neste negócio, se você é bom, vai estar certo seis de cada dez vezes. Você
nunca
vai estar certo nove de cada dez.” Peter Lynch

“Ampla diversificação é apenas necessária quando investidores não entendem o


que
estão fazendo.” Warren Buffett

Contudo, um bom trader, deve estudar bastante, para poder operar


segundo suas próprias estratégias e sempre assumir seus próprios erros.

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3.6.2.2 ANÁLISE FUNDAMENTALISTA

A análise fundamentalista é utilizada como forma de avaliação para


alternativas de investimento a partir do estudo das informações obtidas junto às
empresas, em conjunto ao cenário macroeconômico e dos diversos momentos
setorial nos quais as companhias se inserem. Passando pela análise de seus
balanços e demonstrações financeiras com o intuito de estabelecer previsões
para o seu desempenho e calcular seu teórico preço “justo”, com o uso de
metodologias como o a do fluxo de caixa descontado. Preço justo para ser
comparado com o preço de mercado da ação para que finalmente uma ordem de
compra ou venda possa ser executada. Vale ressaltar que uma empresa poderá
ficar com seu preço de mercado deslocado do seu preço “justo” por longos
períodos, nada garante que o preço de mercado se convergirá ao preço avaliado,
além do que há inúmeras metodologias de avaliação, e com isso, esse preço
justo é muito subjetivo.

ANÁLISE MACROECONÔMICA

A análise macroeconômica (e política) é utilizada para a montagem de


cenários econômicos, a partir dos quais são desenvolvidas as estratégias de
investimento. A análise do perfil de um novo governo permite traçar diferentes
cenários, com diferentes conseqüências de suas políticas na taxa de juros,
regime cambial, tributação, gastos etc, que por sua vez, tem implicações na
decisão de investir em renda fixa ou variável, por exemplo. O entendimento do
item 2 - decifrando a economia - é de fundamental importância para essa
compreensão.

ANÁLISE SETORIAL

Quanto à análise setorial, esta é fundamental para identificar setores


promissores e setores desfavoráveis, em um determinado horizonte de
investimento. Após efetuada a distinção poderá ser traçada estratégias de
diversificação e de filtragem em certas empresas.

ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA

Análise econômico-financeira da empresa, também chamada de análise de


empresas, tem o intuito de selecionar ações de companhias abertas com maior
potencial de valorização.
A análise de empresa é feita por meio da análise das demonstrações
financeiras da companhia, projeções de resultados e de geração de caixa. Para
comparar empresas ou analisar o desempenho de uma única companhia ao longo
do tempo, analistas desenvolveram índices financeiros, que podem ser divididos
em quatro grupos básicos:

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I) Indicadores de Endividamento

Endividamento Geral = Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo /


Patrimônio Líquido
Indica quanto a empresa tem captado junto a terceiros em relação ao seu
capital próprio.

Endividamento Oneroso = Dívida Onerosa Total / Patrimônio Líquido


Mede especificamente o comprometimento do capital próprio da empresa
em relação à sua dívida com bancos e outras que têm custo financeiro
embutido (debêntures, desconto de duplicatas, etc.).

Endividamento Oneroso Líquido = Dívida Onerosa Total -


Disponibilidades / Patrimônio Líquido
Como o nome diz, trata-se do cálculo do endividamento deduzido das
disponibilidades aplicadas no mercado financeiro. É bastante útil nos casos
de empresas que têm baixo custo de captação de empréstimos e o fazem
com intuito de realizar o que chamamos de arbitragem, ou seja, captam de
um lado e aplicam do outro, gerando ganhos líquidos.

II) Indicadores de Liquidez

Liquidez Corrente = Ativo Circulante/Passivo Circulante


Indica quanto a empresa tem a receber no curto prazo em relação a cada
unidade monetária que deve no mesmo período.

Liquidez Seca = (Ativo Circulante - Estoques)/Passivo Circulante


Tem o mesmo significado que a liquidez corrente, com exceção do fato de
que os estoques não são considerados como recebíveis, ou seja, não conta
com a realização imediata dos estoques.

Liquidez Geral = Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo / Passivo


Circulante + Exigível a Longo Prazo oferece a mesma indicação da liquidez
corrente, mas engloba também os ativos e passivos a longo prazo.

III) Indicadores de Rentabilidade

Rentabilidade do Patrimônio Líquido = Lucro Líquido/Patrimônio


Líquido
É a taxa de retorno dos acionistas e mede a performance do lucro em
relação ao capital próprio empregado no empreendimento. Normalmente se
utiliza o Patrimônio inicial, mas podem ser necessários ajustes, o que nos
leva a sugerir, em princípio, o emprego do Patrimônio médio do período de
apuração do lucro.

Rentabilidade do Ativo Total = Lucro Líquido/Ativo Total médio


Este indicador mede a eficiência global da administração, ou seja, o retorno
obtido em relação ao total de recursos empregados, sejam eles próprios ou
de terceiros.

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IV) Indicadores de Mercado

Lucro por Ação (LPA): representa a divisão do lucro líquido pelo número
total de ações da empresa.
LPA = Lucro Líquido / Número Total de Ações

Valor Patrimonial por Ação (VPA): representa a divisão do Patrimônio


Líquido da empresa pelo seu número total de ações.
VPA = Patrimônio Líquido / Número Total de Ações

Preço/Lucro (P/L): indica o tempo de retorno do investimento


P/L = Preço da Ação/Lucro por Ação

Preço/Valor Patrimonial (P/VPA)


P/VPA = Preço da Ação/Valor patrimonial por Ação

Contudo, a seleção dos índices financeiros depende dos ativos a serem


analisados. Os indicadores mais utilizados são os de mercado, e dentre eles, o PL
(preço/lucro) e PVPA (preço/valor patrimonial) são os com maior popularidade.
Ações de empresas com baixos múltiplos PL e/ou PVPA apresentam, em
geral, desempenho melhor que a média do mercado, mas também apresentam
um risco maior, sendo esse maior retorno esperado um prêmio a esse risco.
Abaixo segue múltiplos de algumas ações negociadas na Bovespa:

TABELA 3.7 – ÍNDICES PL E PVPA EMPRESAS SELECIONADAS

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TABELA 3.8 – ÍNDICE PL PAÍSES SELECIONADOS

De acordo com a tabela acima, o mercado acionário brasileiro, está em 2007,


entre o mais defasado em relação a outros emergentes da América Latina, seu
P/L médio identifica que a bolsa brasileira possui espaço suficiente para
potenciais ganhos entre 30% a 50%.

NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Os principais itens das demonstrações financeiras são: o Balanço


Patrimonial e a Demonstração dos Resultados do Exercício.

Balanço Patrimonial

No Balanço Patrimonial (BP) são registrados os bens, direitos, obrigações e


o patrimônio liquido da empresa num determinado momento, agrupados em
contas dispostas em ordem decrescente de liquidez. Vejamos o Balanço
Patrimonial da Empresa ABC S.A. em 31.12.XX.

TABELA 3.9 - MODELO DE BP


ATIVO PASSIVO

Ativo Circulante Passivo Circulante


Caixa Impostos

Clientes Empréstimos Bancários


Estoques Fornecedores
Disponibilidades Outros
Ativo Realizável a Longo Prazo Passivo Exigível a Longo Prazo
Resultados de Exercícios Futuros Empréstimos Bancários a Longo Prazo
Ativo Permanente Patrimônio Líquido
Investimentos Reservas

Imobilizado Lucros Acumulados

Diferido

A soma de todos os itens do Ativo será sempre igual à soma dos itens do
Passivo. Isso é verdade porque o passivo e o patrimônio líquido se referem à
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origem de recursos, enquanto que o ativo indica aplicação de recursos. Logo, a
igualdade se verifica, pois só se pode aplicar aquilo que tem origem.

Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido

No Ativo Circulante estão contabilizadas as disponibilidades (caixa, valores


depositados em bancos, aplicações financeiras de curto prazo, etc.) e os direitos
realizáveis no prazo de um ano (contas a receber de clientes, estoques, etc.).
O Realizável a Longo Prazo também registra direitos e obrigações, porém
aqueles que somente têm expectativa de realização após um ano a partir da data
do balanço (exemplos: vendas com prazo superior a um ano, empréstimos
concedidos a empresas do mesmo grupo controlador, dentre outras operações
consideradas de longo prazo).
O Ativo Permanente é dividido em três parcelas básicas: Investimentos,
Imobilizado e Diferido. Em Investimentos classificam-se as participações
societárias de caráter permanente em outras empresas (os investimentos em
aplicações financeiras aqui têm outro sentido e são mantidos no Ativo
Circulante). No Imobilizado estão os bens destinados às operações da
companhia, como suas fábricas, equipamentos, instalações, etc. Com relação ao
Diferido, registra as aplicações de recursos em despesas que contribuirão para a
formação do resultado de mais de um exercício social, assim como despesas pré-
operacionais.
No Passivo Circulante estão classificadas as obrigações de curto prazo da
companhia, como dívida com fornecedores, impostos, instituições financeiras,
etc. O Exigível a Longo Prazo, da mesma forma, registra dívidas e obrigações,
com a única diferença situada no prazo de pagamento, ou seja, aqui se incluem
aquelas com prazo superior a um ano.
Finalmente, chegamos ao Patrimônio Líquido, que representa o capital
próprio da empresa. Nele estão incluídas as contas de Capital, Reserva de
Capital, Reserva de Lucros e outras, além dos Lucros Acumulados. Em outras
palavras, este grupo se caracteriza pela diferença entre o valor total dos ativos
(bens e direitos) e dos passivos (obrigações).

Demonstração dos Resultados (DRE)

A Demonstração dos Resultados do Exercício é um relatório contábil


destinado a evidenciar a composição de resultado formado em determinado
período. São valores acumulados num espaço de tempo (receitas e despesas),
cujo somatório vai nos mostrar se houve lucro ou prejuízo.
A classificação das contas segue uma seqüência lógica e se inicia com o
faturamento da empresa (ou Receita Operacional) no período. Vamos tomar
como referência a Demonstração de Resultados da empresa fictícia ABC S.A.,
mostrada a seguir:

MODELO DE DRE
(+) Receita Operacional Bruta
(-) Impostos Incidentes sobre Vendas
(-) Devoluções e Abatimentos
(=) Receita Operacional Líquida
(-) Custo dos Produtos Vendidos
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(=) Lucro Bruto (LAJIR ou EBTIDA)
(-) Despesas Operacionais
. Vendas
. Administrativas
. Financeiras (líquidas)
. Equivalência Patrimonial
. Outras
(=) Lucro Operacional
(-) Saldo Não Operacional
(=) Lucro Antes do Imposto de Renda (LAIR)
(-) Imposto de Renda
(-) Participações Estatutárias
(=) Lucro Líquido

A contabilidade utiliza o chamado critério de competência, e não de caixa,


o que significa que todos os valores são lançados na Demonstração dos
Resultados, sejam eles efetivamente recebidos ou não.
A Receita Bruta se relaciona com as vendas da empresa no período, não
importando se foram feitas à vista ou à prazo. Da receita bruta são deduzidos os
impostos, como IPI, ICMS e outros, e ainda eventuais devoluções de vendas e
abatimentos concedidos posteriormente à entrega dos produtos. Chegamos
então à Receita Líquida.
O Custo dos Produtos Vendidos, ou simplesmente CPV, representa a
parcela dos estoques que foi vendida no período, incorporando todo o custo
envolvido na produção, como matérias-primas, mão-de-obra, energia,
depreciação, etc. A diferença entre a receita líquida e o CPV resulta no Lucro
Bruto.
O EBITDA (Earnings before interests, taxes, depreciation and amortization)
LAJIDA em português, significa lucros antes de juros, impostos, depreciação e
amortização. Para chegarmos ao EBITDA, basta somarmos ao Lucro da Atividade
(Lucro Bruto descontado das Despesas da Atividade) os valores correspondentes
à depreciação e amortização, que se encontram embutidos no CPV (Custo dos
Produtos Vendidos) e nas Despesas Operacionais. Vale ressaltar que a
depreciação não representa saída de caixa, sendo o reconhecimento contábil da
perda de valor por desgaste dos itens que compõem o Ativo Imobilizado da
empresa.
Em seguida, encontramos as Despesas Operacionais, aqui apresentadas de
acordo com as definições dada pela Lei das S.A. As principais despesas
operacionais são:

Despesas com Vendas: representam todos os gastos de promoção,


colocação e distribuição dos produtos da empresa, tais como salários do
pessoal de vendas, comissão de vendedores, propaganda e publicidade,
dentre várias outras.

Despesas Administrativas: incluem os gastos com o pessoal específico


da área administrativa, honorários da diretoria, dentre outras despesas.

Despesas Financeiras: referem-se aos custos dos empréstimos


contratados junto às instituições financeiras, além de encargos de títulos e
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APRENDA A INVESTIR
outras operações sujeitas a despesas de juros (debêntures, por exemplo).
Nosso exemplo menciona despesas financeiras líquidas, o que significa que
as Receitas Financeiras também estão contabilizadas aqui, sendo mostrado
o saldo entre despesas e receitas. As receitas financeiras se originam
basicamente da aplicação no mercado financeiro das disponibilidades de
recursos da empresa.

Equivalência Patrimonial: diz respeito à parte proporcional que cabe a


uma empresa sobre a variação do Patrimônio Líquido de outras empresas
nas quais tenha participação acionária relevante.

Seguindo o ordenamento lógico da Demonstração dos Resultados,


concluímos que se deduzirmos do Lucro Bruto todas as despesas operacionais,
chegamos ao Lucro Operacional.
O Saldo Não Operacional se refere às receitas ou despesas geradas fora
das atividades principais da empresa, sendo um bom exemplo a venda como
sucata de um equipamento obsoleto da produção, com lucro ou prejuízo em
relação ao seu valor contábil.
Chegamos então ao LAIR (ou Lucro Antes do Imposto de Renda), do qual é
deduzida a parte da Receita Federal. Como última dedução, temos ainda as
chamadas Participações Estatutárias, que se referem às participações de
administradores e empregados nos lucros da companhia, de acordo com o
previsto no seu Estatuto.
Tudo considerado, apura-se então o Lucro Líquido do Exercício, o qual é
direcionado aos acionistas, sendo uma parte na forma de dividendos e outra
parte incorporada ao Patrimônio Líquido, na condição de reservas e lucros
acumulados.
Constam ainda com destaque nas demonstrações financeiras o Relatório da
Administração, a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, a
Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos, as Notas Explicativas e o
Parecer dos Auditores Independentes.

Análise Horizontal

Este tipo de análise se caracteriza por sinalizar tendências, indicando o


crescimento dos valores de itens do balanço e das demonstrações de resultados
no tempo.
A análise, neste caso, é realizada com a utilização de índices. Um certo ano
é considerado a base, e seu valor será associado a 100. Dessa forma, os índices
dos anos subseqüentes serão todos expressos em termos do índice-base (100).

Análise Vertical

A análise vertical se caracteriza por avaliar a evolução no tempo de certos


itens. Por meio dela, pode-se perceber como evoluíram os níveis de liquidez dos
ativos e dos passivos da empresa analisada. Com esse tipo de análise, torna-se
mais fácil perceber diferenças entre os exercícios.

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MARGENS

A margem é definida como um rendimento mínimo, abaixo do qual a


atividade econômica de uma empresa ou companhia não tem condições de se
manter de forma viável. Existem diferentes margens utilizadas ao analisar uma
empresa:

Margem bruta: é a relação existente entre o lucro bruto e a receita


líquida.

Margem Ebitda: é a relação existente entre o Ebitda e a receita líquida.

Margem da atividade: é a relação existente entre o lucro da atividade e a


receita líquida.

Margem líquida: é a relação existente entre o lucro líquido e a receita


líquida.
Através destes indicadores de rentabilidade das vendas, que são
amplamente utilizados nas análises de empresas, é possível fazer uma
avaliação relativa das contas, ou seja, comparar qual o percentual do lucro
bruto, em relação á receita líquida, foi maior entre os períodos.

OUTROS INDICADORES
Pay-Out: é a taxa de distribuição do lucro da empresa para os acionistas na
forma de dividendos ou juros sobre o capital próprio. A legislação exige que seja
distribuído, no mínimo, 25% do lucro líquido após as deduções legais.
Exemplificando, se uma empresa tem lucro de R$ 1,00/ação e distribui R$
0,35/ação como dividendos, seu pay-out seria de 35%.
Yield: é calculado tendo como numerador o dividendo distribuído por ação e
como denominador o preço atual da ação. Torna-se especialmente relevante se
visto para o futuro, sendo neste caso necessário que tenhamos uma projeção de
lucro e seja estabelecido um pay-out realista. Assim, se uma ação custa hoje R$
100,00 e esperamos receber R$ 10,00 em dividendos, o yield seria de 10%,
podendo ser visto como um rendimento da ação, independentemente da
valorização em Bolsa.

RELAÇÃO COM INVESTIDORES


As informações necessárias para estas análises são encontradas nos sites das
empresas que garantem um bom nível de transparência com o investidor na
seção de RI (relação com investidores).

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3.6.3 PERGUNTAS E REPOSTAS

QUANDO QUE AS AÇÕES SE VALORIZAM (E SE DESVALORIZAM)?

Esta resposta ninguém pode dar com certeza, pois quem influencia os
preços são diferentes investidores, que agem por diferentes razões,
racionalmente (por diferentes interpretações) ou emocionalmente. Com isso os
preços não se ajustam de forma instantânea, contrariando a teoria do mercado
eficiente. O efeito manada (tendência dos investidores a seguirem o
comportamento do mercado) é algo presente no mercado e que às vezes por
nenhum motivo substancial os preços das ações são afetados. Alguns dos fatores
que exercem pressão nos preços das ações são:

- fatores internacionais - mudança na taxa de juros norte-americana,


guerra etc.;
- fatores nacionais - mudança no câmbio, eleição, taxa de juros doméstica,
escândalos de corrupção etc.;
- fatores setoriais - crise energética, mudança na regulação de algum setor
etc.;
- alteração no preço de seu produto ou em sua matéria-prima;e
- divulgação de resultados, fechamento de contratos e reestruturações;
- surpresas na divulgação de dados (possuem maior influência do que
dados já esperados);
- notícias diversas em relação à empresa como processos, licitações,
aquisições etc.;
- distribuição de proventos;
- especulação;
- expectativas (positivas ou negativas);e
- outras diversas razões.

Atentar à presença dos insiders (detentores de informação privilegiada),


pois compram a ação alguns dias antes do anúncio da notícia ao público, e
esperam para vendê-la após essa informação já divulgada, e com isso realizará
seu lucro logo em seguida, o que gerará uma pressão de baixa no preço.

COMO DEVO COMEÇAR A OPERAR AÇÕES?

Para operar ações são necessários 3 requisitos principais:

1. conhecimento;
2. disciplina;e
3. experiência.

Conhecimento é tentado ser transmitido por esta obra, pelas outras


indicadas na seção “obras recomendadas”, nos sites úteis e outros recursos
disponíveis como cursos etc.

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APRENDA A INVESTIR
Disciplina você terá que se policiar, para não deixar suas emoções
influenciarem na razão adquirida pelo conhecimento.
Já experiência apenas é conseguida através do tempo, logo é indicado 3
fases, onde em cada uma delas é recomendada um mínimo de 6 meses a 1 ano
em cada:

1. utilização de um simulador de ações, no qual aprenderá sem o


aporte de recursos;
2. operar com pouco capital, algo entre 1% a 5% de seu
carteira;e
3. operar normalmente com o limite máximo de 30% de sua
carteira.

COMO ESCOLHER UMA AÇÃO?

√ Procurar por empresas grandes geradoras de lucros nos últimos anos.

√ Aplicar a análise gráfica na busca de empresas em tendência de alta, ou


em reversão da tendência de baixa.

√ Dar prioridade a ações:

 com boa liquidez, isto é, com alto volume de negociação, para não
ter dificuldade em sua futura venda e por serem menos sensíveis à
manipulação;

 de empresas com boa governança, devida à maior confiabilidade


perante o mercado e provável maior pressão compradora devido a
regras de certos fundos de restrição a compra de empresas listadas
nos níveis de governança criados pela Bovespa;

 de empresas com perspectiva de aumento do lucro em relação ao


exercício anterior;e

 de empresas privadas, pois mesmo a lei das S.A. garante ao governo


o direito de dar às empresas sob seu controle objetivos não
econômicos, deixando claro que não irá privilegiar o acionista num
eventual conflito de interesse.

√ Procure acompanhar a tendência do Ibovespa, pois o índice possui grande


influência nos preços das ações.

EVITAR:

 Possuir preconceito (sem embasamento) em relação a certa empresa;

 Insistir em seguidas compras de ações de uma empresa, após alguns


prejuízos registrados com essa ação, apenas para obter certa “vingança”
em relação ao papel;e
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APRENDA A INVESTIR

 Executar a “média” (comprar mais ações após forte queda do preço para a
perda média ser inferior, e sua recuperação ser mais rápida) em vez de a
parada de perda (stop-loss) em empresas sem perspectivas de
valorização.

QUAL É A MELHOR ESTRATÉGIA?

Day trade, swing trade, position, carteiras de longo prazo etc, são ótimas
alternativas de investimento que certamente haverá diferentes perfis de
investidores que se identificarão com cada uma delas, portanto apenas você
saberá qual é a melhor estratégia de investimento a ser adotada.

QUANTAS AÇÕES DEVO TER EM CARTEIRA?

Não existe uma quantidade ideal de empresas que devemos ter em


carteira. Meu conselho é diversificar, sem perder o controle e a coerência. A
diversificação tem que ser com ações de diferentes setores (com correlação não
próxima a 1). Algo em torno de 5 a 10 diferentes papéis, para diluir o risco, e
aproveitar algumas oportunidades de diferentes setores, sem perder o controle.

EXISTEM ESTRATÉGIAS QUE GARANTEM RISCO ZERO?

No mercado de ações, não há nenhuma operação que terá risco zero. A


possibilidade de maior retorno em ações é diretamente relacionada ao seu maior
risco, onde não há garantia de rentabilidade.

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3.7 FUNDOS DE INVESTIMENTO

Fundo de investimento é um condomínio de investidores, ou seja, uma


comunhão de recursos, com carteira administrada, profissionalmente, por uma
instituição devidamente credenciada com o objetivo de obter certa rentabilidade
para seus cotistas. O conceito de condomínio é análogo ao do condomínio de um
prédio residencial. Os cotistas de um mesmo fundo possuem os mesmos
objetivos, e recebem o mesmo tratamento.

3.7.1 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

VANTAGENS

Pelo fato de investir um maior volume em relação a um pequeno ou médio


investidor, o fundo consegue diversificar melhor suas aplicações, diminuindo a
exposição de sua carteira aos riscos, bem como negociar taxas mais vantajosas
em certas operações. Além disso, o fundo conta com carteira gerida por um
profissional, que teoricamente está mais capacitado tecnicamente, e utiliza
instrumentos mais sofisticados de gestão e controle de risco. Com o intuito de
não herdar passivos do administrador o fundo possui cnpj próprio.

DESVANTAGENS

Ao contrário do clube de investimento (explicado a seguir) o fundo de


investimento não permite a participação do cotista na gestão de sua carteira caso
seja da sua vontade. O investimento em fundos não conta com a garantia da
instituição administradora, nem com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos
(FGC), este que garante até R$60.000,00 em certos investimentos como em
CDB.

PRINCIPAIS DOCUMENTOS

Regulamento: documento registrado em cartório, que apresenta as


principais características do fundo, como: denominação, prestadores de
serviços, público alvo, objetivo e política de investimento, taxas cobradas,
tributação, serviço de atendimento ao cotista, despesas atribuíveis ao
fundo etc.

Prospecto: material com conteúdo semelhante ao do regulamento, mas


com linguagem menos formal, e que apresenta como informação os avisos
obrigatórios pela CVM e Anbid como também dispõe dos riscos incorridos
pelo fundo.

Termo de Adesão: documento assinado pelo cotista ao aplicar no fundo


pela primeira vez, no qual declara ter recebido o regulamento e o
prospecto, estar de acordo com seus termos e ter ciência dos riscos
incorridos pelo fundo. Há a possibilidade de ser assinado eletronicamente.

Carta de convocação: o cotista deverá ser convocado para a realização


da Assembléia Geral de Cotistas.

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APRENDA A INVESTIR
Ata da Assembléia Geral de Cotistas: documento no qual são
consolidadas as alterações deliberadas na Assembléia Geral de Cotistas.

Carta de comunicação: a deliberação obtida junto à Assembléia Geral de


Cotistas deverá ser informada ao cotista na carta de comunicação

TIPOS DE FUNDOS

i) Fundos para o público em geral, investidor qualificado ou


superqualificado e fundo exclusivo

Fundo para o público em geral: destinado ao público em geral, sem


qualquer restrição, exceto caso o fundo possua limite mínimo de aplicação.

Fundo para investidor qualificado: este fundo possui como público alvo
pessoas físicas ou jurídicas que possuam investimentos financeiros em
valor igual ou superior a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), além de
instituições financeiras, entidades de previdência complementar,
seguradoras, sociedades de capitalização, fundos destinados
exclusivamente a investidores qualificados, administradores de carteira e
consultores de valores mobiliários credenciados junto à CVM. Os fundos
para investidores qualificados podem dispensar a elaboração do prospecto,
além de possuírem maior liberdade para alocar os recursos do fundo, para
determinar os critérios de cobrança das taxas, e para estabelecer prazos
para conversão da cota e para pagamento dos resgates, diferentes
daqueles previstos na Instrução CVM 409/04.

Fundo para investidor superqualificado: requer investimento mínimo,


por investidor, de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), possuem, além
das possibilidades para investidor qualificado, uma maior liberdade ao
gestor do fundo para concentrar suas aplicações em um mesmo emissor e
uma mesma modalidade de ativo financeiro.

Fundo Exclusivo: os fundos classificados como "exclusivos" são os


qualificados constituídos para receber aplicações, exclusivamente, de um
único cotista qualificado.

ii) Fundo Aberto ou Fechado para resgate

Fundo Aberto (ou fundo em condomínio aberto): aquele cujas cotas


podem ser resgatadas conforme disposto no regulamento.

Fundo Fechado (ou fundo em condomínio fechado): aquele cujas


cotas são resgatadas somente ao término do prazo de duração do fundo,
admitidas, porém, a amortização e a transferência de cotas, esta mediante
termo de cessão e transferência, assinado pelo cedente e pelo cessionário,
ou através de bolsa de valores ou entidade de balcão organizado em que
as cotas do fundo sejam admitidas à negociação. Uma de suas vantagens é
de ter apenas seus rendimentos tributados ao final de seu período de

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APRENDA A INVESTIR
duração ou na transferência da cota para terceiros, evitando assim o
"come-cotas".23

iii) FI ou FICFI

Fundo de Investimento (FI): investe diretamente em ativos, mas


também se disposto em seu regulamento podem investir também em cotas
de outros fundos.

Fundo de Investimento em Cotas de Fundos de Investimento


(FICFI): investe, no mínimo 95%, em cotas de outros fundos de
investimento, administrados pela mesma instituição administradora ou por
outras. O intuito do FICFI pode ser de diversificação de risco, se sua
política for aplicar em vários fundos de investimento. Assim como, pode ser
de segmentação de público alvo, se sua política é investir em apenas um
fundo de investimento, diferenciando canais de distribuição por meio de
diferentes percentuais de taxa de administração, conforme limites mínimos
de aplicação preestabelecidos. Pois em vez da instituição criar vários FIs
com diferentes taxas de administração, é criado apenas um com taxa de
administração zero, e vários FICs com diferentes taxas a critério do
administrador que aplicarão somente nesse FI. Com isso o Gestor
trabalhará, na gestão dos recursos, em apenas um único fundo chamado
de fundo “mãe”, e terá, através dos FICs, seu canal de diferenciação
comercial.

PRESTADORES DE SERVIÇO

Os prestadores devem estar devidamente credenciados junto aos


respectivos órgãos reguladores e devem ser identificados no regulamento e/ou
no prospecto, conforme o caso.

Administrador: é o responsável pelo conjunto de serviços relacionados


direta ou indiretamente ao funcionamento e à manutenção do fundo. Ele é
o responsável legal pelo fundo.

Gestor: é o administrador de recursos, representado por pessoa natural ou


jurídica credenciada junto à CVM para este fim. O gestor dispõe de poderes
para negociar, em nome do fundo de investimento, os referidos ativos.

Distribuidor: é a instituição integrante do sistema de intermediação


(banco, corretora ou distribuidora) habilitada a colocar no mercado as
cotas do fundo.

Custodiante: é a instituição credenciada a prestar serviço de custódia


(guarda e controle) dos títulos e valores mobiliários que compõem a
carteira do fundo.

Auditor: é o prestador independente, responsável por auditar anualmente


as demonstrações contábeis do fundo.

23
Ver glossário.
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APRENDA A INVESTIR
Outros prestadores de serviços: consultoria de investimentos;
atividades de tesouraria, de controle e processamento dos títulos e valores
mobiliários; a escrituração da emissão e resgate de cotas; classificação de
risco por agência especializada constituída no País.

3.7.2 DISPOSIÇÕES PRESENTES NO REGULAMENTO E PROSPECTO

I - PÚBLICO ALVO

O regulamento deve definir o tipo de investidor ao qual se destina, como


por exemplo público em geral, investidores qualificados, entre outros.

II - OBJETIVOS E POLÍTICA DE INVESTIMENTOS

O regulamento deverá dispor com clareza sobre os objetivos perseguidos


pelo fundo (exemplo: superar um índice de ações) e sobre a política de
investimentos que será seguida para consecução desse objetivo (exemplo:
política ativa de replicar a carteira desse referido índice e realizar operações
alavancadas com derivativos para obter o diferencial positivo pretendido).
A política deve estabelecer quais ativos podem compor a carteira do fundo
e em que proporção; deve estabelecer, ainda, o grau de concentração da carteira
em ativos de um mesmo emissor, o limite para participação de títulos de emissão
da instituição administradora e outras a ela ligadas, a natureza e os limites para
a realização de operações com derivativos (proteção, posicionamento direcional
e/ou alavancagem, e no caso desta, quantificar a exposição do patrimônio líquido
ao risco), dentre outros. Esses dois tópicos do regulamento constituem um
mandato dentro do qual o gestor poderá agir discricionariamente, não podendo
ser responsabilizado por perdas caso não fuja desses limites.
Assim, se um fundo define em seu regulamento o objetivo de buscar
rentabilidade de 130% do CDI, sua política de investimento poderá, por exemplo,
expor a carteira aos riscos de crédito (emissores de pior qualidade creditícia que
colocam seus títulos a taxas de juros mais elevadas, porém, se tais emissores
“quebrarem”, o valor de seus títulos poderá cair para zero, podendo prejudicar
não só a rentabilidade, como o próprio patrimônio do fundo) e de alavancagem
(apostas em derivativos superiores ao patrimônio do fundo que, caso se mostrem
equivocadas, poderão trazer enormes prejuízos à carteira do fundo).
O investidor que se tornar cotista de fundo parecido do exemplificado no
parágrafo anterior deverá estar preparado para não só perder o capital investido,
como também ter de colocar mais dinheiro no fundo (aportar recursos adicionais)
para cobrir perdas superiores ao patrimônio líquido. Essa condição de risco deve
ser explícitada, com o aviso correspondente, no regulamento, no prospecto e no
termo de adesão. Contudo o investidor deve sempre estar atento, pois não há
mágica no mercado financeiro - quanto maior o retorno buscado, maior o risco
incorrido.

GESTÃO ATIVA X GESTÃO PASSIVA


É necessário saber distinguir fundos com gestão ativa e gestão passiva, para
assim poder avaliar o resultado dessa gestão. A gestão ativa é conduzida com o
objetivo de superar seu indicador de referência (benchmark), já a gestão passiva

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APRENDA A INVESTIR
tem o objetivo de apenas acompanhar se benchmark, refletindo em menor
necessidade de supervisionamento, e em menor taxa de administração.

III - FATORES DE RISCOS (item com presença obrigatória apenas no prospecto


do fundo)

Há a possibilidade dos fundos de investimentos apresentarem perdas, ou


até mesmo apresentarem rentabilidade negativa, existindo inúmeros fatores que
podem concorrer para tanto. Todos os riscos incorridos pelo fundo devem constar
do prospecto. A carteira dos fundos é controlada através de sistemas de
gerenciamento de riscos, mas não há garantia de completa eliminação da
possibilidade de perdas patrimoniais. Os principais riscos apresentados pelos
fundos são:

Risco de Mercado – possibilidade do valor dos ativos que integram a


carteira do Fundo aumentar ou diminuir de acordo com as flutuações de
preços e cotações de mercado, produzindo impacto negativo sobre o
patrimônio do fundo.

Risco de Crédito - consiste no risco dos emissores de títulos e valores


mobiliários que integram a carteira do Fundo não cumprirem com suas
obrigações de pagar tanto o principal como os respectivos juros de suas
dívidas.

Risco de Liquidez – possibilidade do fundo não conseguir efetuar o


pagamento dos resgates de cotas solicitados pelos cotistas em função de
fatores que acarretem condições atípicas de mercado quanto à liquidez dos
ativos que compõem a carteira do fundo e/ou devido a grande volume de
solicitações de resgates.

Risco de Derivativos - risco de distorção do preço entre o derivativo e


seu ativo objeto, ou entre derivativos correlatos, de forma a inviabilizar
estratégias perseguidas pela carteira do fundo e produzir perdas
patrimoniais. Dentro desse risco destaca-se o risco de alavancagem,
correspondente à possibilidade de perda superior ao patrimônio investido -
o chamado risco de patrimônio líquido negativo, hipótese sob a qual o
cotista perde tudo o que investiu e ainda é chamado a fazer aporte
adicional para saldar perdas do fundo. A existência de risco dessa natureza
no fundo deve ser destacada na capa de seu prospecto. Contudo, o fundo
que pratica alavancagem, é sem dúvida o que incorre ao maior risco.

Risco Sistêmico – possibilidade de fatores conjunturais ou de alterações


estruturais da economia, doméstica e internacional, repercutirem nos
preços dos ativos em geral, em especial nos juros, no câmbio e nos valores
mobiliários, provocando possíveis perdas para o fundo.

Risco Legal – possibilidade de alterações nas normas e/ou interferência


de órgãos reguladores no mercado resultarem em desvalorização dos
ativos do fundo.

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APRENDA A INVESTIR
IV - APLICAÇÃO E RESGATE

Aplicação: ao efetuar uma aplicação em um fundo de investimento (após


cadastro em instituição credenciada), é feita a conversão dos recursos
financeiros em cotas, sendo utilizado o valor da cota do dia da efetiva
disponibilidade dos recursos confiados pelo investidor ao administrador ou
o valor da cota do dia posterior da efetiva disponibilidade, conforme
dispuser o regulamento do fundo. As aplicações geralmente podem ser
efetuadas por meio de débito em conta corrente, documento de ordem de
crédito (DOC), transferência eletrônica disponível (TED) ou, ainda, através
de cheque.

Resgate: ao de efetuar uma desaplicação, o recebimento se dará num


prazo que pode variar entre 0 a 5 dias (D+0 a D+5) , conforme dispuser o
regulamento do fundo, exceto para fundos de investidores qualificados que
não há prazo máximo para resgate definido pela legislação. Em geral, o
resgate pode ser realizado mediante solicitação à instituição
administradora, por telefone, por fax ou até mesmo por meio eletrônico.

Valores mínimos de aplicação, resgate, movimentação e


permanência: o prospecto do fundo deve informar acerca da existência,
ou não, de valores mínimos aplicáveis ao investimento.

V - TAXAS DE ADMINISTRAÇÃO, PERFORMANCE, INGRESSO E SAÍDA

Taxa de administração: valor cobrado pela instituição que administra o


fundo para pagar pelos serviços prestados. Os fundos de investimento em
cotas, possuem duas taxas de administração, a taxa de administração do
próprio fundo, e a taxa do fundo em que ele aplica.

Taxa de performance: valor que pode, se disposto no regulamento, ser


cobrado do fundo quando sua rentabilidade superar a de um indicador de
referência (benchmark) compatível com a política de investimento do
fundo. Sua função é remunerar uma boa performance na gestão ativa da
carteira do fundo. Na maioria dos fundos, no entanto, essa taxa não é
cobrada.

Taxas de ingresso e de saída: se previsto no regulamento, o fundo pode


cobrar de seus cotistas um valor como taxa de entrada (destinada a cobrir
despesas operacionais relativas ao início do investimento, tais como
formalidades referentes ao cadastro do investidor e/ou à constituição do
próprio fundo etc.) e um valor como taxa de saída (em geral, uma
penalidade que objetiva desestimular o investidor a deixar o fundo).
Contudo, no Brasil, a cobrança dessas taxas é muito pouco utilizada.

VI – TRIBUTAÇÃO

IOF: Imposto sobre operações financeiras cobrado sobre o rendimento


conforme tabela abaixo. Sua cobrança é isenta a partir do 30º dia de
aplicação.

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APRENDA A INVESTIR
QUADRO 3.1 - % IOF DE ACORDO COM OS Nºs DE DIAS APLICADOS

Imposto de renda: Devido aos fundos de renda fixa sofrerem tributação


regressiva ao longo do tempo, é aconselhável não ficar trocando toda hora
suas aplicações em fundos com parecidas rentabilidades e riscos. Verificar
tabela constante do anexo II. Os cotistas são tributados pelo imposto de
renda na fonte no último dia útil dos meses de maio e novembro de cada
ano, à alíquota de 15%, e, adicionalmente, por ocasião do resgate das
cotas, aplicando-se alíquota complementar de acordo com a tabela
mencionada.

VII - DIREITOS DOS COTISTAS

Acesso aos documentos principais do fundo: ao ingressar no fundo o


cotista deve receber o regulamento e o prospecto correspondentes.

Acesso ao Serviço de Atendimento ao Cotista (SAC): serviço


obrigatório mantido pelo administrador, responsável pelo esclarecimento
de dúvidas, e pelo recebimento de reclamações e solicitações de envio de
documentos pertinentes ao fundo.

Participação na Assembléia Geral de Cotistas (AGC): reunião para a


qual são convocados todos os cotistas para deliberar sobre assuntos de sua
exclusiva competência, a saber: (i) as demonstrações contábeis
apresentadas pelo administrador; (ii) a substituição do administrador, do
gestor ou do custodiante do fundo; (iii) a fusão, a incorporação, a cisão, a
transformação ou a liquidação do fundo; (iv) o aumento na taxa de
administração; (v) alteração da política de investimento do fundo; (vi)
amortização de cotas; e (vii) alteração do regulamento do fundo.

Acesso a informações regulares e extraordinárias:

- Diariamente: valor da cota e do patrimônio líquido do Fundo;

- Mensalmente: (i) extrato de conta enviado a cada cotista, exceto se


expressamente dispensado pelo interessado, contendo saldo e valor das
cotas no início e no final do período, movimentação no mesmo e
rentabilidade auferida; (ii) balancete, perfil mensal e demonstrativo da
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APRENDA A INVESTIR
composição e diversificação da carteira contendo a identificação das
operações, quantidade, valor e o percentual sobre o total da carteira.
Referida divulgação se dará no prazo máximo de 10 (dez) dias após o
encerramento de cada mês, após solicitada, e poderá ser postergada por
até 90 (noventa) dias, no que tange à abertura de posições ou operações
em curso, caso tal divulgação no prazo regular possa prejudicar interesses
do Fundo.

- Anualmente: demonstrações contábeis acompanhadas do parecer do


auditor independente, realizadas no prazo máximo de 90 (noventa) dias
após o encerramento do exercício social;e

- Excepcionalmente: denominado como Fato Relevante, é qualquer ato


relativo ao Fundo que possa, direta ou indiretamente, influir na decisão do
cotista quanto a sua permanência no fundo, deverá ser divulgado.

3.7.3 CLASSIFICAÇÕES

CLASSIFICAÇÃO DOS FUNDOS DEFINIDA PELA COMISSÃO DE VALORES


MOBILIÁRIOS (CVM)

A partir de 2004, todos os fundos de investimento ficaram sob a


regulamentação e fiscalização da CVM, por meio de sua Instrução nº 409/04.
Essa nova norma trouxe diversas exigências aos fundos, as quais visam
assegurar maior transparência e comparabilidade entre os fundos de
investimento.
A CVM - Comissão de Valores Mobiliários dividiu os fundos, que se aplica
também aos fundos de investimento em cotas, nas seguintes classes:

1. Curto Prazo: investem seus recursos exclusivamente em títulos


públicos federais ou privados de baixo risco de crédito. Estes títulos podem
ser de renda fixa, pós ou prefixados, e geralmente, sua rentabilidade está
atrelada à taxa de juros usada nas operações entre os bancos (conhecida
como taxa do CDI). Investem em papéis com prazo máximo a decorrer de
375 dias e o prazo médio da carteira é de, no máximo, 60 dias. Por estas
características, são considerados os mais conservadores, indicados para
investidores com objetivo de investimento de curtíssimo prazo, pois suas
cotas são menos sensíveis às oscilações das taxas de juros.

2. Referenciado: os fundos Referenciados identificam em sua


denominação o indicador de desempenho que sua carteira tem por objetivo
acompanhar. Para tal, devem investir no mínimo 95% de sua carteira por
ativos que acompanhem a variação do seu indicador de desempenho, o
chamado benchmark. Podem utilizar instrumentos derivativos, porém, com
o objetivo exclusivo de proteção (hedge) e de manter a aderência da
carteira ao benchmark. Os fundos referenciados mais conhecidos são os
DI. Você provavelmente já ouviu falar deles, são fundos que buscam
acompanhar a variação diária das taxas de juros no mercado interbancário
(CDI), e por ser pós-fixados, se beneficiam em um cenário de alta de juros.

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APRENDA A INVESTIR
3. Renda Fixa: aplicam uma parcela significativa de seu patrimônio
(mínimo 80%) em títulos de renda fixa pré-fixados (que rendem uma taxa
de juro previamente acordada) ou pós-fixados (que acompanham a
variação da taxa de juros ou um índice de preço). Além disso, podem
utilizar instrumentos derivativos com o objetivo exclusivo de proteção
(hedge), posicionamente ou alavancagem. Nos fundos de Renda Fixa a
rentabilidade pode ser beneficiada pela inclusão de títulos que apresentem
maior risco de crédito, como os títulos privados.

MARCAÇÃO A MERCADO
Na marcação a mercado, o gestor deve calcular diariamente quanto cada
título do fundo está valendo, como se fosse vendê-lo naquele dia, e
repassar o preço apurado ao valor da cota, proporcionalmente ao seu peso
no portfólio e prazo de vencimento. Sem esse procedimento, o rendimento
da aplicação pode estar desatualizado, refletindo um valor mais baixo ou
mais alto do que é na realidade.

4. Ações: são fundos que investem no mínimo 67% de seu patrimônio em


ações negociadas em bolsa ou mercado de balcão organizado. Dessa
forma, estão sujeitos às oscilações de preços das ações que compõem sua
carteira. Alguns fundos desta classe têm como objetivo de investimento
acompanhar a variação de um índice do mercado acionário, tal como o
Ibovespa ou o IBrX. São mais indicados para quem tem objetivos de
investimento de longo prazo, devido à sua maior volatilidade.

Exemplos de fundos de ações:

i) Passivo: tem como objetivo seguir a carteira de determinado índice,


como Ibovespa ou IBrX;

ii) Ativo: tem como objetivo superar determinado índice, como Ibovespa ou
IBrX;
´
iii) Setoriais: tem como objetivo aplicar somente em determinado setor,
como energia elétrica ou telecomunicações;

iv) Small caps: tem como objetivo aproveitar oportunidades de fortes


valorizações em ações de baixa liquidez e maior volatilidade.

v) Dividendos: tem como objetivo adquirir papéis de empresas com


histórico de pagar maiores dividendos.

vi) Petrobrás ou Vale do Rio Doce: tem como objetivo adquirir ações de
apenas uma dessas duas empresas.

vii) Governança corporativa: tem como objetivo adquirir ações de


empresas que apresentem práticas diferenciadas de governança
corporativa, como das empresas que pertencem ao Índice de Governança
Corporativa.

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APRENDA A INVESTIR
5. Cambial: estes fundos devem manter no mínimo, 80% de seu
patrimônio investido em ativos que sejam relacionados, diretamente ou
indiretamente (via derivativos), à variação de preços de uma moeda
estrangeira. Nesta classe os fundos mais conhecidos são os chamados
fundos Cambiais Dólar que objetivam seguir a variação da cotação da
moeda norte americana.

6. Dívida Externa: aplicam no mínimo 80% de seu patrimônio em títulos


brasileiros negociados no mercado internacional. Os 20% restantes podem
ser aplicados em outros títulos de crédito transacionados no exterior. Os
títulos componentes de sua carteira são mantidos no exterior. Além disso,
podem utilizar instrumentos derivativos transacionados no Brasil ou no
exterior, com o objetivo exclusivo de proteção (hedge). Para o investidor
no Brasil, este fundo é uma forma ágil e de baixo custo operacional para
aplicar nos papéis emitidos pelo governo brasileiro negociados no exterior,
e aceita assumir o risco de ver sua rentabilidade afetada pelas variações do
dólar frente ao real.

7. Multimercado: são fundos que possuem políticas de investimento que,


obrigatoriamente, envolvam vários fatores de risco, que possam combinar
investimentos nos mercados de renda fixa, câmbio, ações, entre outros.
Além disso, podem se utilizar ativamente de instrumentos derivativos para
alavancagem de suas posições, para tomada de posição de risco ou para
proteção de suas carteiras (hedge).

Exemplos de fundos multimercado:

MENOR
- multimercado sem renda variável: não admite renda variável e
alavancagem.
R
I - multimercado com renda variável: admite renda variável e não admite
S alavancagem.
C
O
- multimercado sem renda variável com alavancagem: não admite renda
variável e admite alavancagem.

- multimercado com renda variável com alavancagem: admite renda


variável e alavancagem.
MAIOR

ALGUNS TROPEÇOS DE FUNDOS MULTIMERCADOS


Abaixo transcrevo matéria publicada no periódico Valor de 28/09/06 que relata
sobre os fundos multimercados que em cenário de crise ou de mudança do
regime cambial estavam excessivamente alavancados e/ou não exerceram stop-
loss em suas posições de renda variável, trazendo assim elevados prejuízos aos
seus cotistas.

Linha do tempo - Os tropeços na gestão de risco no Brasil


- Linear: uma das primeiras gestoras de recursos independentes do Brasil, criada
pelo ex-presidente do Banco Central, Ibrahim Eris, incutiu o conceito de fundo
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APRENDA A INVESTIR
alavancado no país, mas não passou ilesa à crise da Ásia em 1997. Alguns
fundos como o Tiger, chegaram a perder mais de 60% do patrimônio. As
carteiras da empresa foram compradas pala Fator Asset Management em 2000.
- Marka: os fundos de derivativos administrados pelo Banco Marka tinham
aplicações em contratos de dólar futuro, apostando na continuidade do sistema
de câmbio fixo quando o real foi desvalorizado em relação ao dólar em 13 de
janeiro de 1999. A moeda americana saltou de R$ 1,23 para R$ 1,32 e a carteira
perdeu 95% do patrimônio nas posições que tinha na BM&F. O BC24 chegou a
vender dólares a valores abaixo da cotação do mercado e o banco foi liquidado
pelo próprio controlador, Salvatore Cacciola. Mesmo assim, os 1.300 cotistas do
fundo tiveram de reivindicar na Justiça os recursos aplicados.
- FonteCindam: os fundos de derivativos do banco também estavam aplicados no
mercado futuro de dólar na época da desvalorização cambial. A instituição teve
de cobrir as posições na BM&F com o dólar cotado no novo valor e alguns fundos
acabaram tendo um prejuízo de 30%. A instituição pagou o cotista e depois foi
liquidada pelos próprios donos.
- Boavista: um dos fundos administrados pelo banco tinha aplicações a favor da
manutenção do câmbio controlado, estratégia contrária à adotada pela própria
instituição na sua tesouraria. O Boavista pagou R$ 100 milhões de indenização
aos investidores e ainda enfrentou na Justiça reclamações de mais R$ 100
milhões. O banco foi vendido para o Bradesco em 2000.
- Bank of América: o banco americano tinha fundos alavancados em contratos de
depósitos interfinanceiros (DI) na BM&F e não atualizou as carteiras prontamente
conforme a marcação a mercado passou a exigir na virada de junho para julho
de 2002. Os investidores resgataram primeiro seus recursos acabaram deixando
o prejuízo para os demais. A instituição pagou R$ 10 milhões aos investidores e
depois vendeu a área de gestão de recursos para o HSBC.
- Global Invest: a gestora foi a mais prejudicada pela forte mudança de cenário
verificada nos mercados a partir de maio, quando os estrangeiros partiram em
debandada do Brasil. Três fundos abertos da casa registraram perdas
expressivas e o maior de todos, o San Marino, teve desvalorização de 70,65%
nas suas cotas num único mês. Em poucos dias, o patrimônio dos fundos da
gestora passou de R$ 27,5 milhões para R$ 5,1 milhões não só pelos resgates
dos investidores como também pela desvalorização dos ativos em que aplicava.
Fonte: Jornal Valor, 28/09/06 pág. D1.

Adicionalmente, os fundos classificados como "Referenciado", "Renda Fixa",


"Cambial", "Dívida Externa" e "Multimercado" podem ser classificados como
"Longo Prazo" quando o prazo médio de sua carteira supere 365 (trezentos e
sessenta e cinco) dias e seja composta por títulos privados ou públicos federais,
pré-fixados ou indexados à taxa SELIC, a índices de preço ou à variação cambial,
ou, ainda, por operações compromissadas lastreadas nos referidos títulos
públicos federais.
São regidos por regulamentação específica, isto é, não estão incluídos na
Instrução CVM 409/04 os seguintes fundos:

- Fundos de Investimento em Participações; Fundos de Investimento em


Cotas de Fundos de Investimento em Participações; Fundos de
Investimento em Direitos Creditórios; Fundos de Investimento em Direitos

24
Banco Central.
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APRENDA A INVESTIR
Creditórios no Âmbito do Programa de Incentivo à Implementação de
Projetos de Interesse Social; Fundos de Investimento em Cotas de Fundos
de Investimento em Direitos Creditórios; Fundos de Financiamento da
Indústria Cinematográfica Nacional; Fundos Mútuos de Privatização –
FGTS; Fundos Mútuos de Privatização – FGTS – Carteira Livre; Fundos de
Investimento em Empresas Emergentes; Fundos de Índice, com Cotas
Negociáveis em Bolsa de Valores ou Mercado de Balcão Organizado;
Fundos Mútuos de Investimento em Empresas Emergentes - Capital
Estrangeiro; Fundos de Conversão; Fundos de Investimento Imobiliário;
Fundo de Privatização - Capital Estrangeiro; Fundos Mútuos de Ações
Incentivadas; e Fundos de Investimento Cultural e Artístico.

COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS


Criada pela Lei nº 6.385, de 07 de dezembro de 1976, a CVM é uma entidade
autárquica vincula ao Ministério da Fazenda e tem como finalidade disciplinar,
fiscalizar e desenvolver o mercado de valores mobiliários.

ANBID - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS BANCOS DE INVESTIMENTO

A Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) é uma entidade


que representa a maioria das instituições financeiras que operam no mercado de
capitais (bancos de investimento e bancos múltiplos com carteira de
investimento).
A Anbid tem uma atuação muito próxima aos administradores de fundos de
investimento, tendo sido esse o motivo que a levou a estabelecer, no ano de
2000, o seu código de auto-regulação para o segmento de fundos de
investimento, que recebeu sua primeira atualização em 2005. Esse código foi
instituído a partir da percepção de que os administradores não devem se limitar
a apenas obedecer à legislação criada pelo governo, mas ir além, elaborando
normas que, uma vez seguidas por todos, melhorem o nível de suas atividades,
aumentem a transparência (evitando a concorrência desleal) e a comparabilidade
entre alternativas de investimento similares, e proporcionem maior proteção ao
investidor. Os fundos administrados por instituição associada à Anbid leva em
seu prospecto o selo Anbid.
Além do código de auto-regulação, a Anbid realizou um trabalho de
classificação dos fundos existentes no mercado, de forma a prover uma
segmentação dos vários tipos de fundos existentes no mercado brasileiro em
“famílias” distintas, de forma a possibilitar a comparação entre os fundos que
compõem cada família.

CLASSIFICAÇÃO DOS FUNDOS PELA ANBID E SEUS PRINCIPAIS RISCOS

A ANBID, subdividiu ainda as categrias dos fundos em diferentes tipos, que


leva em conta não só a sua política de investimento, mas também seus fatores
de risco. Veja no quadro a seguir as características da classificação ANBID e sua
relação com aquela estabelecida pela CVM.

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APRENDA A INVESTIR
QUADRO 3.2 – CLASSIFICAÇÕES ANBID
Categoria CVM Tipo ANBID Riscos
Curto Prazo
Curto Prazo DI/SELIC
Aplicação Automática
Referenciado DI
Referenciados Indexador de Referência
Referenciado Outros
Renda Fixa Juros Mercado Doméstico + Ind de Preços
Juros Mercado Doméstico + Crédito + Ind de
Renda Fixa Médio e Alto Risco
Preços

Renda Fixa
Juros Mercado Doméstico + Crédito + Ind de
Renda Fixa com Alavancagem
Preços + Alavancagem

Balanceados
Multimercados Sem RV
Multimercados Com RV
Multimercados Sem RV Com Diversas Classes de Ativos
Multimercados Alavancagem
Multimercados Com RV Com
Alavancagem
Capital Protegido
Long And Short - Renda Variável DI/SELIC + Renda Variável + Alavancagem
Investimento no Exterior Investimento no Exterior Títulos da dívida externa e taxa de câmbio
Ações IBOVESPA Indexado
Índice de Referência
Ações IBOVESPA Ativo
Ações IBOVESPA Ativo Com
Índice de Referência + Alavancagem
Alavancagem
Ações IBrX Indexado
Índice de Referência
Ações IBrX Ativo
Ações IBrX Ativo Com Alavancagem Índice de Referência + Alavancagem
Ações Setoriais Telecomunicações
Ações Setoriais Energia
Ações Setoriais Livre
Ações Setoriais Privatização
Petrobrás - FGTS
Ações Ações Setoriais Privatização Setores Envolvidos
Petrobrás - Recursos Próprios
Ações Setoriais Privatização
Vale - FGTS
Ações Setoriais Privatização
Vale - Recursos Próprios
Ações Privatização FGTS - Livre
Ações Small Caps
Ações Dividendos
Ações Sustentabilidade/Governança
Ações Livre
Ações Livre Com Alavancagem Alavancagem
Fundos Fechados de Ações
Cambial Dólar Sem Alavancagem
Cambial Moeda de Referência
Cambial Euro Sem Alavancagem
Fonte: Anbid (Maio/2008)

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APRENDA A INVESTIR
3.7.4 FUNDOS DE PREVIDÊNCIA PRIVADA

Modalidade de fundo indicada para investimentos de longo prazo. Uma de


suas principais vantagens é a não existência do come-cotas. É recomendado
apenas para aplicação de longo prazo, devido a existência de carências e taxas
de saída. A seguir são apresentados os diferentes planos de previdência
complementar:

PGBL

O PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) recomendado para o cotista que


preenche a declaração do imposto de renda pelo formulário completo. Há a
possibilidade de ser abatido até 12% da renda bruta anual do Imposto de Renda
e tem taxa de carregamento de até 5%. Comercializado por seguradoras,
administrado por uma empresa especializada na gestão de recursos de terceiros
e fiscalizado pelo Banco Central.
Uma de suas principais vantagens está na possibilidade de se optar, já
quando da adesão ao plano, pela idade de quando se começará a receber o
rendimento investido. Essa renda poderá ser recebida em uma única parcela ou
então em quantias mensais.

VGBL

O VGBL, ou Vida Gerador de Benefício Livre, é aconselhável para aqueles


que não têm renda tributável, já que não é dedutível do Imposto de Renda,
ainda que seja necessário o pagamento de IR sobre o ganho de capital. Também
possui taxa de carregamento de até 5%.

TAXA DE CARREGAMENTO
Taxa cobrada nos planos de previdência complementar, sobre a contribuição do
segurado, para fazer face às despesas administrativas, de corretagem e
colocação do plano. Não pode ser cobrada quando os recursos forem transferidos
de seguradora. O porcentual máximo de carregamento permitido pela legislação
vigente é de 10% para os planos estruturados na modalidade de contribuição
variável, mas ela gira em torno de 0% a 5% cobrada no aporte ou no resgate, e
em geral decrescente conforme o valor.

FAPI

Os FAPIs também representam uma forma alternativa de previdência


complementar. A principal diferença entre eles está no tratamento fiscal, pois no
FAPI existe cobrança de 20% de imposto de renda na hora do resgate, e 5% de
IOF em caso de resgate no primeiro ano. Nos PGBLs não há incidência de IOF
independente de quando ocorre o resgate. Assim como nos PGBLs as aplicações
são dedutíveis da base de cálculo do IR até o limite de 12% da renda bruta. Todo
o valor acumulado é tributado pelo IR. Não cobra taxa de carregamento, mas em
seu lugar tem taxas de administração que podem chegar a 5% sobre o saldo
aplicado.

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APRENDA A INVESTIR
O Fapi (Fundo de Aposentadoria Programada Individual) é aconselhável
para quem declara o Imposto de Renda usando o formulário simplificado. É
distribuido por bancos e seguradoras.

3.7.5 OUTROS TIPOS DE FUNDOS

FUNDO DE INVESTIMENTO EM PARTICIPAÇÕES (FIP)

O fundo de investimento em participações constitui uma importante


alternativa de financiamento para as companhias, na medida em que visa o
investimento em companhias fechadas ou de pouca liquidez, com efetiva
participação na administração dessas companhias, disseminando melhores
práticas de gestão e de controle. O Fundo de Investimento em Participações,
constituído sob a forma de condomínio fechado, é uma comunhão de recursos
destinados à aquisição de ações, debêntures, bônus de subscrição, ou outros
títulos e valores mobiliários conversíveis ou permutáveis em ações de emissão de
companhias abertas ou fechadas, em que participe do processo decisório da
companhia investida, isoladamente ou em conjunto, integrando seu bloco de
controle ou como signatário de acordo de acionista que assegure ao fundo
influência na definição da política estratégica da empresa e na gestão da
companhia, notadamente através da indicação de membros do Conselho de
Administração.

FUNDO DE INVESTIMENTO PRINCIPAL GARANTIDO

Denominado também como capital protegido, este fundo tem como


objetivo aplicar toda sua carteira em ativos de renda fixa (protegendo assim
100% do capital) e utilizar seu rendimento para especular em renda variável
(arriscando apenas a rentabilidade do fundo). Indicado para períodos nos quais
os juros (taxa selic) estejam em altos patamares visto que assim o fundo terá
maior parcela para poder utilizar na busca de maiores ganhos nos ativos de
maior risco. Alternativamente, há fundos cuja estratégia é aplicar diretamente
em ações e proteger o capital com a utilização de combinações de opções.

FUNDO DE INVESTIMENTO EM DIREITOS CREDITORIOS (FIDC)

Os fundos de Recebíveis, juridicamente denominado Fundo de


Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), é uma modalidade de fundo de
investimento, cujos ativos compõem-se de direitos creditórios, denominados
recebíveis. O fundo tem por finalidade permitir ao emissor obter financiamento
ou otimizar a gestão de seu fluxo de caixa através da securitização de seus
recebíveis.

FUNDOS DE ARBITRAGEM (LONG/SHORT)

Os fundos de arbitragem long/short podem ser uma opção menos arriscada


para investimento em renda variável, pois apesar de operarem com renda
variável, eles são classificados como fundos multimercado e têm como meta
superar o CDI, e não o Ibovespa. Possui como estratégia comprar uma
determinada ação, com tendência de alta, e assumir o compromisso de vender
outra, com tendência de queda, para obter ganho com a diferença entre essas
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APRENDA A INVESTIR
operações. Essa operação de arbitragem também é efetuada entre índices no
mercado futuro, com ações de um mesmo grupo e entre empresas do mesmo
setor. Há a possibilidade do gestor utilizar estratégias equivocadas e o fundo
apresentar rentabilidade negativa.

FUNDO 157

Fundo criado em 1967 com a finalidade de alavancar o mercado de ações.


Os contribuintes tinham opção de aplicar parte do Imposto de Renda (2% a 4%)
no fundo, permitindo que o investidor, em vez de pagar o IR, pudesse adquirir
cotas de fundos administrados pelo banco de sua escolha. Os fundos receberam
investimentos de 1967 a 1982, e não foram extintos. Os recursos estão
disponíveis para o resgate, e estima-se que há um saldo não reclamado de
500.000.000,00 (quinhentos milhões de reais). A CVM disponibiliza em seu site,
consulta a antigos cotistas através do cpf pelo endereço:
http://www.cvm.gov.br/, em “acesso rápido – consulta fundo 157”.

FUNDO PRIVATE EQUITY

Modalidade de fundo de investimento que compra participação acionária


em empresas. Direcionado para negócios já em andamento e têm, em geral, boa
geração de caixa. Eles investem em empresas selecionadas pelo seu potencial de
crescimento, muitas vezes em empresas com pouca transparência. Deste modo
conseguirão através de boas práticas de governança forte valorização da
empresa para depois vender sua participação para a realização do lucro.

FUNDO IMOBILIÁRIO

Constituído sob a forma de condomínio fechado, destinado a aplicação em


empreendimentos imobiliários, tais como construção de imóveis, aquisição de
imóveis prontos, ou investimentos em projetos visando viabilizar o acesso a
habitação e serviços urbanos, inclusive em áreas rurais, para posterior alienação
(venda), locação ou arrendamento. Recebe o benefício da isenção do Imposto de
Renda.

FUNDOS DE ÍNDICE

Fundo que visa refletir a variação e rentabilidade de um índice de


referência. Na denominação do fundo deve conter a expressão fundo de índice
mais a identificação do índice de referência. O fundo deve ser constituído na
forma de condomínio aberto e suas cotas devem ser admitidas à negociação no
mercado secundário, por intermédio da bolsa de valores ou entidade do mercado
de balcão organizado. Exemplo de fundo de índice é o PIBB. O Papéis de Índice
Brasil Bovespa são cotas do fundo PIBB Fundo de Índice Brasil 50 – que replica a
carteira do índice de ações IBrX-50 (índice composto com as 50 ações mais
líquidas da Bovespa).

COMO ACOMPANHAR SEU FUNDO DE INVESTIMENTO


Como, geralmente, a carteira dos fundos são muito próximas, o que determina
as diferentes rentabilidades são as taxas de administração cobradas. O que
limitará você a conseguir as melhores taxas de administração disponíveis será a
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APRENDA A INVESTIR
aplicação mínima que o fundo exige. Com isso você deverá ficar atento quando
possuir valor suficiente para migrar para um fundo com melhor taxa, pois seu
gerente não irá lhe avisar quando poderá transferir sua aplicação em um fundo
com menor taxa de administração refletindo em maior rentabilidade. As taxas
variam entrem 0,5% a 5%, sendo que taxas acima de 2,5% são consideradas
abusivas em fundos que não exigem muita gestão, como os fundos DI e Renda
Fixa. Estes fundos devem possuir rentabilidade a partir de 90% da taxa
selic/CDI. Isto é, se o CDI (taxa indicada na tabela de rentabilidade do seu
administrador) nos últimos meses foi de 15%, a rentabilidade esperada de seu
fundo é a partir de 13,5%, caso contrário o fundo não é uma boa alternativa de
investimento. No caso de fundos de ações ou multimercado, é importante uma
boa análise de longo prazo do histórico de rentabilidade, com comparações entre
os mais rentáveis do mercado.
COMPARAR
- TAXA DE ADMINISTRAÇÃO E VERIFICAR SE HÁ TAXA DE PERFORMANCE (NÃO
ESQUECER TAMBÉM DE VERIFICAR SE HÁ TAXAS DE ENTRADA, SAÍDA E DE
CARREGAMENTO, ESTE ÚLTIMO APENAS EM PLANOS DE PREVIDÊNCIA);e
- RENTABILIDADE CONSIDERANDO OS DIFERENTES RISCOS.
ATENTAR COM A TRIBUTAÇÃO
- IOF (ISENTO EM RESGASTES A PARTIR DO 30º DIA);e
- IR (REGRESSIVO AO LONGO DO TEMPO).

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APRENDA A INVESTIR

3.8 CLUBE DE INVESTIMENTO

Assim como os fundos de investimento, os clubes de investimento também


são uma forma de investimento coletivo com CNPJ próprio. O patrimônio do
clube de investimento é dividido em cotas, que são adquiridas pelos
participantes. Para criar um clube é necessário a contratação de um
administrador que pode ser uma corretora membro da Bovespa. A Bovespa é
quem registra e fiscaliza (através da Resolução n° 303/05), em conjunto com a
Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Sua constituição é feita mediante
aprovação e assinatura do Estatuto Social (documento equivalente ao
regulamento dos fundos de investimento) por parte dos participantes,
documento no qual são fixados os princípios e as regras de funcionamento, de
acordo com a legislação e com o Regulamento de Registro dos Clubes de
Investimento da Bovespa. Todo clube de investimento deve possuir no mínimo
51% de seu patrimônio aplicado em ações, e o restante (49%) pode ser aplicado
em títulos de renda fixa.
O membro do clube deve receber, mensalmente, extrato com a
movimentação da carteira, valor do Patrimônio Líquido, quantidade de cotas,
valor das cotas, rendimento e participação.

VANTAGENS

Custo mais baixo: com menos exigências de controles, e com registro e


manutenção mais simples, os custos dos clubes são menores em
comparação ao dos fundos de investimento.

Acessibilidade: qualquer pessoa pode aplicar em um clube de


investimento, mesmo em pequenos valores. O número mínimo de
participantes é 3 e o máximo 150, salvo exceções possíveis de acordo com
a regulamentação (membros de mesma empresa, entidade ou grupo de
sociedade). Adicionalmente, nenhum participante poderá deter mais do
que 40% do patrimônio do Clube.

Diversificação: outra vantagem é que com um volume maior, originado


pela soma dos recursos de cada integrante do Clube, é possível diversificar
a aplicação, investindo em ações de diferentes empresas e setores da
economia, com custos de transação proporcionalmente menores.

Participação direta: os Clubes de investimento permitem, em princípio,


que os envolvidos participem diretamente da sua gestão, o que, embora
demande tempo e exija certa disciplina, constitui excelente forma de
aprendizado em relação ao funcionamento do mercado.

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APRENDA A INVESTIR

3.9 INTRODUÇÃO AO MERCADO DE DERIVATIVOS

Derivativos são ativos financeiros cujo valor resulta (deriva) do valor de


outro ativo financeiro (ou mercadoria) negociado no mercado à vista, podendo
ser caracterizados como: contratos a termo, contratos futuros, opções de compra
e venda, operações de swaps, entre outros.
O que se busca nos mercados derivativos é a transferência dos riscos de
preço inerentes à atividade econômica entre os seus participantes. A criação
desse mercado deu-se basicamente à necessidade de produtores agrícolas se
protegeram das quedas dos preços, e dos compradores das altas. Com isso a
produção futura já tinha seu preço definido, evitando assim surpresas tanto para
o vendedor quanto ao comprador. Contudo, os mercados derivativos viabilizam
aos agentes produtivos realizar operações que possam proteger do risco da
variação do preço, as posições detidas no mercado a vista (operações de hedge).
No mercado de derivativos os clientes são representados por três principais
clientes:

- hedgers: buscam realizar operações (de compra de compra ou venda a


futuro) que possam proteger do risco de preço as posições detidas no
mercado a vista.

- especuladores: buscam realizar ganhos através da especulação


assumindo o risco da variação dos preços, e com isso são de grande
utilidade ao mercado ao garantir a liquidez do mesmo.

- arbitradores: buscam tirar proveito da variação na diferença entre o


preço de dois ativos ou mercados, ou das expectativas futuras da mudança
nessa diferença. Assim como os especuladores, também são de grande
utilidade, pois garantem que o preço negociado a futuro seja “justo” em
relação ao preço a vista.

MERCADOS
Futuro: em que as partes assumem compromisso de compra e/ou venda para
liquidação (física e/ou financeira) em data futura, contando com o ajuste diário
do valor dos contratos, que é o mecanismo que possibilita a liquidação financeira
diária de lucros e prejuízos das posições.
Opções sobre disponível: em que uma parte adquire de outra o direito de
comprar – opção de compra (call) – ou vender – opção de venda (put) – o
instrumento-objeto de negociação, até ou em determinada data, por preço
previamente estipulado.
Opções sobre futuro: em que uma parte adquire de outra o direito de comprar
– opção de compra – ou vender – opção de venda – contratos futuros de um
ativo ou commodity, até ou em determinada data, por preço previamente
estipulado.
Opções flexíveis: semelhantes às opções de pregão (sobre disponível e sobre
futuro), com a diferença de que são as partes que definem alguns de seus
termos, como preço de exercício, vencimento e tamanho de contrato. São
negociadas em balcão e registradas na Bolsa via sistema eletrônico, com as

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APRENDA A INVESTIR
partes também determinando se o contrato de opção de compra ou de venda
terá ou não a garantia da BM&F.
Swaps: como as opções flexíveis, são contratos negociados em balcão e
registrados na BM&F via sistema eletrônico. Nesse caso, as partes trocam um
índice de rentabilidade por outro, com o intuito de fazer hedge, casar posições
ativas com posições passivas, eqüalizar preços, arbitrar mercados ou até
alavancar sua exposição ao risco. Os contratos têm grande flexibilidade de
especificação (baixa padronização). Para tanto as partes devem escolher a
combinação de variáveis apropriada a sua operação e definir as características do
contrato, como preço, prazo e tamanho, optando igualmente pela garantia ou
não da Bolsa.
Termo: semelhante ao mercado futuro, em que é assumido o compromisso de
compra e/ou venda para a liquidação em data futura. No mercado a termo,
porém, não há ajuste diário nem intercambialidade de posições, ficando as
partes vinculadas uma à outra até a liquidação do contrato.
Fonte: BM&F

BM&F

A Bolsa de Mercadorias & Futuros - BM&F, em fase de fusão com a


Bovespa, é uma entidade privada, sem fins lucrativos, que tem por objetivo,
dentre outros, organizar, prover o funcionamento e desenvolver mercados livres
e abertos para negociação de quaisquer espécies de títulos e/ou contratos que
possuam como referência, ou tenham como objeto, ativos financeiros, índices,
indicadores, taxas, mercadorias (também chamadas “commodities”) e moedas,
nas modalidades a vista (também chamado mercado disponível) e para
liquidação futura (mercados a termo, de opções e de futuros).

WebTrading BM&F (WTr)

Plataforma de negociação de minicontratos derivativos via internet


especialmente voltado aos pequenos investidores. Os minicontratos são
contratos futuros de formato reduzido com negociação exclusiva no WTr. Os
minicontratos possuem características operacionais bastante semelhantes às dos
contratos futuros negociados no mercado-padrão, diferenciando-se, de forma
geral, somente em tamanho (10% do valor do contrato tradicional). As ordens
são colocadas diretamente pelo cliente, por meio de interface simplificada, no
site da Corretora BM&F por ele escolhida.

Minicontratos

Volume de referência
Dólar...............US$ 5.000,00
Ibovespa......... R$ 0,30
Boi gordo........ 33 arrobas
Café arábica.....10 sacas de 60 quilos

Margem de garantia
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APRENDA A INVESTIR
Dólar...............US$ 1.080,00
Ibovespa.........R$ 960,00
Boi gordo.........R$ 144,00
Café arábica.....R$ 216,00

Fonte: BM&F

Câmara de Compensação (Clearing House)

O bom funcionamento dos mercados derivativos requer que seus


participantes tenham total certeza de que seus ganhos serão recebidos e de que
suas operações de compra e venda serão liquidadas nas condições e no prazo
estabelecidos. Tal certeza é proporcionada, pelas câmaras de registro,
compensação e liquidação, também chamadas de clearings, mediante um
sistema de compensação que chama para si a responsabilidade pela liquidação
dos negócios, transformando-se no comprador para o vendedor e no vendedor
para o comprador, assegurando que as operações realizadas sejam efetivamente
liquidadas, independentemente das respectivas contrapartes na negociação.
Assim, as clearings, atuam como contraparte central para todos os Agentes de
Compensação, garantindo a liquidação de todos os negócios.

A QUEBRA DO HEDGE FUND LONG TERM CAPITAL MANAGEMENT


O fundo de hedge25 Long Term Capital Management que recebeu em 1998 US$
3.6 bilhões de quinze instituições financeiras, tinha entre seus administradores
grandes profissionais do mercado financeiro e acadêmicos como o ganhador do
Prêmio Nobel da economia Myron Scholes, um dos criadores do modelo Black &
Scholes, muito uitilizado na precificação de opções. O Long Term Capital
Management chegou a apresentar níveis de alavancagem de até 250 vezes seu
Patrimônio Líquido. Foi o responsável por 30% da volatilidade do principal índice
francês de ações (CAC40) durante o primeiro semestre de 1998. Devido a sua
alta alavancagem, após sua quebra, o fundo necessitou de um socorro de US$
3.6 bilhões, e custou o emprego de importantes executivos no mercado
financeiro norte-americano e europeu, além de perdas volumosas para várias
instituições, como o Union Bank of Switzerland, que apresentou um prejuízo de
US$ 700 milhões relacionado ao Long Term Capital Mangement.

Entenda o Hedge

O hedge (proteção) pode ser entendido como um seguro contra o risco de


mercado. É a operação realizada no mercado futuro que visa fixar
antecipadamente o preço de uma mercadoria ou ativo de forma a neutralizar o
impacto de mudanças adversas no nível de preços do mercado à vista. Para
realizar essa proteção, o agente econômico, sujeito ao risco de preço no mercado
à vista, deve realizar hoje, no mercado futuro, a operação que realizará

25
Ao contrário do nome, estes fundos de investimento são de administração ativa,
geralmente operado com agressividade e em busca de prêmio de risco elevado com a aplicação
em mercados emergentes como o do Brasil.
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APRENDA A INVESTIR
futuramente no mercado à vista. O preço obtido na sua posição de entrada no
mercado futuro será o preço que estará garantido ao final de toda a operação.

Exemplo prático de Hedge:

Caso você tenha que fazer uma viagem ao exterior, que está apenas
programada para o outro ano, e você acha que o real está valorizado e espera
que em breve ele se desvalorize, para não arriscar que isso aconteça e acarrete
em um prejuízo no momento da viagem, você pode se antecipar investindo em
um fundo cambial, e com isso, seu poder de compra da moeda estrangeira não
será afetado por possíveis variações cambiais, pois você estará “hedgiado” –
protegido – porque seu fundo irá seguir a variação cambial.

Especulação nos mercados futuros pode ter multiplicado a fortuna de


Osama Bin Laden
Por Lucia Kassai da Isto é dinheiro - Vivo ou morto: como no Velho Oeste,
cartazes pedem a cabeça do terrorista suspeito de agir nas bolsas
O homem que luta contra o estilo de vida capitalista dos americanos é,
ironicamente, ele mesmo um grande capitalista e, pelo que investigam
autoridades dos Estados Unidos, um exímio jogador. Os terroristas podem ter
lucrado com o conhecimento prévio dos atentados. “Se Osama Bin Laden fez a
aposta certa, pode ter multiplicado seus ganhos por 30”, calcula Kristian
Leuthold, especialista do banco UBS em Zurique, na Suíça. “Hipoteticamente, sua
fortuna estimada em US$ 300 milhões salta para US$ 9 bilhões.” A Bolsa de
Chicago detectou movimentações estranhas nos dias anteriores ao ataque. O
foco são operações de venda a descoberto, em que os especuladores vendem
ações imaginando que o preço vá cair, para comprar mais tarde, a preço menor.
Observou-se uma procura anormal por esse tipo de operação em relação às
ações das companhias aéreas United Airlines e American Airlines, com
negociações 285 vezes acima da média. O mesmo ocorreu com os papéis do
Morgan Stanley, banco que ocupava 22 andares do World Trade Center, cujo
movimento foi 25 vezes superior ao normal.
Agentes da CIA, FBI, Receita Federal, serviço de alfândega e hackers rastreiam
os investimentos de Bin Laden no mercado financeiro. No Brasil, não há registro
de movimentação, mas o BC investiga pessoas supostamente ligadas ao
terrorista. Um deles é o prefeito de Chuí (RS), Mohamad Kassem Jomaa (PFL).
Não foi registrada nenhuma transferência para o território afegão, que abriga o
milionário saudita. Encontrar o dinheiro de Bin Laden não será tarefa fácil. “Muita
gente procurou pelo dinheiro do ditador iraquiano Saddam Hussein por anos e
não encontrou”, lembra Judith Kipper, especialista de Washington. Bin Laden
movimenta seu dinheiro por meio de um sistema bancário paralelo chamado de
“hawala”. Por meio dele, os recursos nunca atravessam fronteiras. Como o
esquema se baseia na total confiança, sua quebra invariavelmente acaba na
morte do traidor. No “hawala” há sempre a figura do intermediário. Caso Bin
Laden queira financiar colaboradores em algum país, o pagamento é feito por um
“laranja” local, que passa a ter créditos com o terrorista em outro mercado.
Dessa forma, todos evitam a movimentação de dinheiro pela fronteira e o
rastreamento do dinheiro fica praticamente impossível. Os recursos são utilizados
para sustentar uma rede de 3 mil terroristas em todo o mundo...
Fonte: Isto é dinheiro, caderno especial de 21 de setembro de 2001.

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APRENDA A INVESTIR
3.10 MONTANDO SUA CARTEIRA

Carteira sugerida pelo autor:

PERFIL DO INVESTIDOR
ATIVO CONSERVADOR MODERADO AGRESSIVO
TESOURO DIRETO /
FUNDO DE RENDA 95% 85% 70%
FIXA / FUNDO DI
AÇÕES / CLUBE DE
INVESTIMENTO / 5% 15% 30%
FUNDO DE AÇÕES

A alocação entre tesouro direto. fundos de investimento ou CDB deverá ser


determinada pelas taxas conseguidas a partir do valor total de sua aplicação26.
Para valores pequenos é mais indicado o tesouro direto, e para valores acima de
R$20.000,00 é mais indicado o fundo, onde já é conseguido taxas de
administração menor ou igual a 1%. A escolha entre fundo DI (pós-fixada) ou
fundo renda fixa (pré-fixada) deverá ser dada pela trajetória da taxa de juros
brasileira (Selic) conforme explicação já ocorrida. Uma rentabilidade satisfatória
para renda fixa é a partir de 95% da taxa Selic/CDI.
Já no percentual destinada às ações, o que irá determinar sua escolha será
o seu grau de conhecimento. Iniciando com o fundo, depois clube e por final
ações.

- Ativos não recomendados: imóveis, caderneta de poupança e título de


capitalização.

- Ativos recomendados apenas em cenários atípicos: câmbio e ouro.

- Outros:

Títulos privados: Recomendados apenas em casos onde a rentabilidade for


muito superior a taxa Selic/CDI.

Fundos Multimercados: não recomendados devido a sua passividade em


relação aos índices. E quando ativos ao seu benchmark, possuem altas taxas de
administração e performance.

ONDE INVESTIR

 Bancos credenciados: instituições financeiras utilizadas como canais de


distribuição de cotas de fundos de investimentos, os quais ela distribui. Por
elas também são negociados CDBs (certificado de depósito bancário), e em

Em momentos de crise grave é indicado investir em CDB (no valor máximo de


26

R$60.000,00) em virtude da garantia concedida pelo FGC.


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APRENDA A INVESTIR
alguns casos possuem corretora credenciada integrada, pela qual é
possível negociar ações e títulos federais pelo tesouro direto.

 Corretoras credenciadas: para comprar ou vender títulos na Bovespa, é


necessário o intermédio de uma Corretora de Valores Mobiliários. Essas
instituições são autorizadas a funcionar pelo Banco Central e pela CVM.
Através das Corretoras também é possível aplicar em títulos federais pelo
tesouro direto.

 Agentes autônomos credenciados: o agente autônomo de investimento é a


pessoa jurídica ou física que obtém registro na CVM, para exercer, sob
contrato e responsabilidade de instituição integrante do sistema de
distribuição de valores mobiliários, a atividade de distribuição e mediação
de valores mobiliários.

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APRENDA A INVESTIR
ANEXO I – TRIBUTAÇÃO

OPERAÇÃO/EVENTO ALÍQUOTA IMPOSTO DE RENDA


ALUGUEL 15%
FUNDOS (EXCETO FUNDOS DE Conforme o prazo da aplicação:
AÇÕES) - até 180 dias: 22,5%
- de 181 dias a 360 dias: 20%
- de 361 dias a 720 dias: 17,5%
- acima de 720 dias: 15%

FUNDOS DE AÇÕES 15%


RENDA VARIÁVEL – AÇÕES

Ganhos no mercado à vista de 15%


ações em bolsa, cujas alienações
(vendas) em cada mês sejam
superiores a R$ 20.000,00
RENDA VARIÁVEL – AÇÕES
20%
Operações de day trade (compra e
venda no mesmo dia)
DIVIDENDOS
Isento
JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO 15%

PLANOS DE PREVIDÊNCIA

TRIBUTAÇÃO PROGRESSIVA (REGIME ANTIGO)


RESGATE MENSAL ALÍQUOTA IMPOSTO DE
RENDA
Até R$1.257,00 -
De R$1.257,00 a R$2.512,00 15%
Acima de R$2.512,00 27,5%

TRIBUTAÇÃO REGRESSIVA (REGIME NOVO)


PRAZO DO INVESTIMENTO ALÍQUOTA IMPOSTO DE
RENDA
Até 2 anos 35%
2 a 4 anos 30%
4 a 6 anos 25%
6 a 8 anos 20%
8 a 10 anos 15%
Acima de 10 anos 10%

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APRENDA A INVESTIR

OBRAS RECOMENDADAS

FINANÇAS PESSOAIS

Aguilar, Adriana. A vida como ela é... Só que com mais dinheiro. Editora Saraiva,
2006.
Sinopse: Obra estruturada com perguntas e respostas, que esclarece questões
fundamentais sobre investimentos e finanças.

Clark, David e Buffett, Mary. O Tao de Warren Buffett. Editora GMT, 2007.
Sinopse: Com frases como: “Fiz meu primeiro investimento aos 11 anos. Eu
vinha desperdiçado minha vida até então.” e “Apreciamos o processo bem mais
do que o dinheiro, embora eu tenha aprendido a viver com ele também.”, o livro
de fácil leitura, condensa em 125 páginas a filosofia de vida de um dos homens
mais ricos do mundo.

Frankenberg, Louis. Seu Futuro Financeiro. Editora Campus, 1999.


Sinopse: Livro didático indicado a quem ainda não conseguiu obter disciplina em
busca da tranqüilidade financeira, que explica de forma simples os conceitos
mais importantes para se alcançar esse seu objetivo.

Halfeld, Mauro. Investimentos - como administrar melhor seu dinheiro. Editora


Fundamento, 2004.
Sinopse: Com demonstrações práticas e alguns casos reais, a obra contempla de
forma coerente conceitos importantes ao investidor.

Paschoarelli, Rafael. A regra do jogo. Editora Saraiva, 2006.


Sinopse: Obra abrangente que ensina com linguagem direta e de fácil
compreensão muito sobre negociação e investimento em alguns dos ativos
disponíveis no mercado financeiro brasileiro.

Kiyosaki, Robert. Pai Rico, Pai Pobre (Rich Dad, Poor Dad). Editora Campus,
2000.
Sinopse: Best-seller financeiro, o qual o orienta a ter boas práticas financeiras
desde a infância. É importante compreender que os ideais do autor devem ser
adaptados à realidade brasileira.

Tier, Mark. Investimentos – segredos de George Soros e Warren Buffet. Editora


Campus, 2005.
Sinopse: Escrito por um editor de boletim informativo financeiro, o livro junta
suas experiências com as de dois dos maiores investidores financeiros das
últimas décadas, Soros e Buffet. A obra nos ensina, por exemplo, que
investimentos com altas rentabilidades podem ser encontrados com baixos
riscos.

CUIDADO COM OBRAS DE ORIENTAÇÕES FINANCEIRAS DE AUTORES


ESTRANGEIROS, COMO OS NORTE-AMERICANOS QUE INDICAM IMÓVEIS COMO
SENDO UM ÓTIMO NEGÓCIO EM VIRTUDE DE POSSUIREM BAIXÍSSIMA TAXA DE
JUROS E ALTA ESPECULAÇÃO NO MERCADO IMOBILIÁRIO, QUE NÃO É O CASO
BRASILEIRO NOS ÚLTIMOS TEMPOS.
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APRENDA A INVESTIR

TEORIA ECONÔMICA E MACROECONOMIA

Furtado, Celso. Formação Econômica do Brasil. Companhia editora nacional,


2000.
Sinopse: Estudo detelhado sobre o processo histórico de constituição da
economia brasileira, livro indicado por 9 entre 10 economistas como bibliográfica
básica para qualquer economista. Celso furtado ainda antes de seu falecimento
concorreu ao prêmio nobel de economia.

Lanzana, Antonio Evaristo Teixeira. Economia brasileira: fundamentos e


atualidade. Editora Atlas, 2002.
Sinopse: Obra imprescindível a qualquer estudante de economia, como também
para quem se interessa por nossa economia. Com linguagem acessível e ótima
didática este livro consegue apresentar uma visão integrada de nossa economia
e ilustrar seus principais conflitos. Faz também um retrato das políticas
econômicas brasileiras adotadas desde o “milagre econômico”.

Rasmussen, Uwe Waldemar. Economia para não-economistas. Editora Saraiva,


2006.
Sinopse: Trabalho que tem como objetivo desmistificar as teorias econômicas, e
o autor justifica a importância de sua obra com a seguinte frase: “...a maioria
das pessoas precisa ter algum domínio das ciências econômicas, porque muito
dos seus atos cotidianos podem ter impactos negativos caso os fenômenos
econômicos sejam ignorados ou sua aplicação seja incorreta.”.

Sandroni, Paulo. Traduzindo o Economês. Editora Best Seller, 2003.


Sinopse: Livro indicado para o leigo em macroeconomia brasileira, pois retrata
de maneira simples nossa economia nos últimos anos.

Vasconcellos, Marco Antonio Sandoval de. Economia Brasileira Contemporânea.


Editora Atlas, 2005.
Sinopse: Este livro nos mostra de maneira completa os principais pontos da
economia brasileira. Abordando de forma equilibrada a teoria e sua aplicação,
com dados históricos e análises bem elaboradas.

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS

Cavalcanti, Francisco. Mercado de capitais. Editora Campus, 2005.


Sinopse: Livro-texto indicado a quem queira aprofundar seus conhecimentos no
mercado de capitais brasileiro, utilizado para preparação de exames de
instituições como Anbid, Apimec, CVM e Ancor.

Fortuna, Eduardo. Mercado Financeiro, produtos e serviços. Editora Qualitymark,


2005.
Sinopse: Livro técnico muito utilizado pelo meio acadêmico ligado à área
financeira. Aborda todos os produtos e serviços disponíveis no mercado
financeiro, como também comenta sobre as autoridades monetárias, de apoio e
instituições financeiras.

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APRENDA A INVESTIR
Rossi, Cecília, Sousa, Lucy e C. Grande, Humberto. Guia do Mercado de Capitais.
Editora Lazuli, 2006.
Sinopse: Guia que retrata o mercado de capitais, por completo, e nos mostra sob
suas duas óticas: na visão das empresas, e na visão dos investidores. Indicado
tanto para o investidor iniciante, quanto para quem trabalha no mercado de
capitais.

MERCADO DE AÇÕES

Beardstown Ladies Investment Club. Guia pratico de investimento das


Beardstown Ladies. Editora GMT, 1994.
Sinopse: As Beardstown Ladies fundaram um Clube de Investimentos, numa
pequena cidade americana, como forma de se reunir para trocar receitas de
cozinha e depois sobre investimentos, porém em dez anos obtiveram a maior
rentabilidade entre todos os clubes de investimentos dos Estados Unidos e
contam neste livro suas experiências. Recomendado para quem deseja criar ou
participar de um clube de investimento.

Damodaran, Aswath. Mitos de investimentos. Editora Financial Times BR, 2006.


Sinopse: Mitos de investimentos mostra, com ênfase na abordagem da análise
fundamentalista de ações, que algumas estratégias são melhores do que outras,
que nem todas funcionam bem o tempo todo e que é possível elaborar filtros em
cada uma delas para aumentar seu rendimento e reduzir seu risco no mercado
de ações.

Elder, Alexander. Como se transformar em um operador e investidor de sucesso


(Trading for a living). Editora Campus, 2004.
Sinopse: Elder é psiquiatra, especulador e analista gráfico, e sua obra alerta
sobre as principais barreiras de um investidor de renda variável, que são: medo,
ganância, euforia e pânico. Também ensina análise gráfica sobre a óptica da
psicologia. Livro indicado para quem já opera ou pretende operar no mercado
acionário.

Gunther, Max. Os Axiomas de Zurique. Editora Record, 2004.


Sinopse: Livro indicado ao especulador extremamente otimista, o qual acredita
em tudo e em todos, pois a obra irá desmistificar algumas dessas crenças
(intituladas axiomas) da forma mais cética possível, refutando algumas das
técnicas presentes, mas sem fornecer caminhos possíveis ao melhor jeito de
operar.

Luquet, Mara. Gestores de Fortunas – Histórias reais de sucesso no mercado


financeiro. Editora Globo, 2002.
Sinopse: Livro dividido em 12 capítulos, os quais cada um conta uma diferente e
interessante estória de sucesso de um gestor de fundos de investimento, com
maior enfoque aos gestores de renda variável.

Matsura, Eduardo. Comprar ou vender? Como investir na bolsa utilizando análise


gráfica. Editora Saraiva, 2006.
Sinopse: Focado em análise gráfica, recomendado para quem esteja iniciando no
estudo dessa técnica.
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APRENDA A INVESTIR

Nison, Steve. The candlestick course. Editora John Wiley Trade, 2003.
Sinopse: Obra não traduzida para o português e indicada para quem queira se
aprofundar no estudo dos candlesticks (método japonês de análise gráfica).

DERIVATIVOS

Hull, Jonh C. Fundamentos dos Mercados Futuros e de Opções. BM&F, 2005.


Sinopse: Obra destinada aos leitores interessados em aprofundar seu
conhecimento nos mercados futuros e de opções.

Lozardo, Ernesto. Derivativos no Brasil. BM&F, 1998.


Sinopse: Livro recomendado para cursos introdutórios de derivativos.

Sanvincente, Antonio Zoratto. Derivativos. Publifolha, 2003.


Sinopse: Explica em linguagem acessível, o que são derivativos e quais os seus
tipos, a negociação desses títulos, as diferentes operações, seus riscos, entre
outros.

OUTRAS INDICAÇÕES

Filmes

 Wall Street – filme consagrado do cinema norte-americano (com Michael


Douglas, Charlie Sheen e Daryl Hannah) que revela um pouco da malícia
dos especuladores da bolsa, e o que não é permitido ser feito no mercado
de ações.

 A Fraude – o filme é baseado nos fatos que antecederam a falência do


banco Barings. Nos mostra a ganância e o medo de um novato
especulador que com sua arrogância e desconhecimento aumenta cada
vez mais sua posição perdedora no mercado futuro asiático.

 A Procura da Felicidade – Estória verídica de Christopher Gardner


(interpretado por Will Smith), um sem teto que ficou milionário, após ser
selecionado, com muita dificuldade, para um estágio não remunerado em
uma corretora norte-americana. E 7 anos mais tarde possuía sua própria
corretora e comprou a Ferrari do Michael Jordan.

 Boiler Room (O primeiro milhão) – o filme apresenta agressivos corretores


que investem nas bolsas de valores para inocentes compradores em troca
de altas comissões em ativos “podres”.

 Enron, os mais espertos da sala – o documentário apresenta as


manipulações de informações e as fraudes contábeis que ocorreram em
umas das maiores empresas do mundo em sua época, e as conseqüências
no mercado corporativo.

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 The Corporation – documentário com participação do Michael Moore, o
qual comenta os casos de irresponsabilidade social em virtude da
valorização de suas ações de algumas das maiores companhias do mundo.

Periódico especializado
Valor econômico
Gazeta Mercantil

Revista especializada
Exame
Capital Aberto

Emissora de rádio
CBN (FM 90,5)
Jovem Pan (AM 620)

Emissora de televisão
Bloomberg (58 Net)
Globo News (40 Net)

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APRENDA A INVESTIR
SITES ÚTEIS

Órgãos Reguladores e Entidades Auto-reguladoras, Associações e


Institutos

http://www.bovespa.com.br - Bolsa de Valores de São Paulo


http://www.cvm.gov.br - Comissão de Valores Mobiliários
http://www.bacen.gov.br– Banco Central
http://www.bmf.com.br - Bolsa de Mercadorias e Futuros
http://www.tesourodireto.gov.br - Tesouro Direto
http://www.cblc.com.br - Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia
http://www.cetip.com.br - Câmara de Liquidação e Custódia
http://www.anbid.com.br - Associação Nacional dos Bancos de Investimento
http://www.apimec.com.br - Associação dos Analistas e Profissionais de
Investimento do Mercado de Capitais
http://www.ibgc.org.br – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa
http://www.ibri.org.br - Instituto Brasileiro de Relações com Investidores
http://www.ini.org.br – Instituto Nacional de Investidores
http://www.febraban.com.br - Federação Brasileira de Bancos
http://www.mpas.gov.br - Ministério da Previdência Social
http://www.receita.fazenda.gov.br - Secretaria da Receita Federal
http://www.stn.fazenda.gov.br - Tesouro Nacional
http://www.susep.gov.br - Superintendência de Seguros Privados
http://www.andima.com.br - Associação Nacional das Instituições do Mercado
Financeiro
http://www.ancor.com.br - Associação Nacional das Corretoras de Valores,
Câmbio e Mercadorias
http://www.fipe.org.br - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas
http://www.ibge.gov.br - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INTERNACIONAL

http://www.federalreserve.gov/FOMC/#calendars – FED/FOMC (equivalente ao


Copom brasileiro) - Site onde são disponibilizadas as decisões (Statement) e as
Atas (Minutes) do banco central norte-americano em relação à sua taxa de juros.

Diversos – Finanças, Economia e Ações


http://portalexame.abril.com.br/noticias/
http://www.valor.com.br/
http://www.investnews.com.br/
http://www.folhainvest.com.br/
http://www.estadao.com.br/investimentos/
http://financenter.terra.com.br/
http://www.comoinvestir.com.br
http://www.enfin.com.br/
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APRENDA A INVESTIR
http://www.financaspraticas.com.br/
http://www.uol.com.br/infopessoal/
http://www.lafis.com.br/
http://www.ondeinvestirbylopesfilho.com.br/
http://www.forbes.com/ (Estados Unidos)
http://www.economist.com/ (Inglaterra)
http://www.finanzas.com/ (Espanha)

Sistema gráfico para análise de ações


http://www.economatica.com.br/
http://br.economia.yahoo.com/
http://www.grafbolsa.com/
http://web.apligraf.com.br/
http://about.reuters.com/productinfo/BR/traderlatam/
http://www.grippersoftware.com.br/index.html

Simulador do mercado de ações


http://folhainvest.folha.com.br/
http://web.infomoney.com.br/investimentos/acoes/emacao/
http://br.invertia.com/juego/

Relação com investidores (algumas empresas)


http://www.braskem.com.br/ri
http://www.cyrela.com.br/ri
http://www.embraer.com.br/ri
http://www.gafisa.com.br/ri
http://www.gerdau.com.br/ri
http://www.perdigao.com.br/ri
http://www.petrobras.com.br/ri
http://www.suzano.com.br/ri
http://www.usiminas.com.br/ri
http://www.vivo.com.br/ri

Pesquisa de preços
http://www.buscape.com.br
http://www.bondfaro.com.br
`

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BIBLIOGRAFIA

Frankenberg, Louis. Seu Futuro Financeiro. Editora Campus, 1999.

Fortuna, Eduardo. Mercado Financeiro, produtos e serviços. Editora Qualitymark,


2005.

Furtado, Celso. Formação Econômica do Brasil. Companhia editora nacional,


2000.

Hull, Jonh C. Fundamentos dos Mercados Futuros e de Opções. BM&F, 2005.

Lanzana, Antonio Evaristo Teixeira. Economia brasileira: fundamentos e


atualidade. Editora Atlas, 2002.

Paschoarelli, Rafael. A regra do jogo. Editora Saraiva, 2006.

Nison, Steve. The candlestick course. Editora John Wiley Trade, 2003.

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APRENDA A INVESTIR
SOBRE O AUTOR

Leandro Martins é formado em economia pela Universidade Presbiteriana


Mackenzie, com MBA em economia e finanças pela Universidade de São Paulo
(USP) e pela FIPE, e Master em economia pela Universidade Pierre Mendes de
Grenoble na França, além de especialização em fundos de investimento e análise
gráfica de ações.

E-mail para comunicação com o autor: leandro.economista@gmail.com

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