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ALEXSANDRO MARTINS MACHADO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM


HISTÓRIA IV

15/11/2011
ALEXSANDRO MARTINS MACHADO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM


HISTÓRIA IV

Trabalho Elaborado Para Aquisição Do Título


De Licenciado Em História Sob Orientação Do
Professor Roberto Dos Santos

15/11/2011
 


 

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..............................................................................................03
1 ENSINO FUNDAMENTAL .........................................................................09
1.1 Sondagem ............................................................................................09
1.2 Planejamento .......................................................................................10
1.2.1 Competências e Habilidades..........................................................10
1.2.2 Relatos de docência........................................................................20
1.3 Avaliação .................... .........................................................................21
1.3.1 Do estagiário sobre os alunos ........................................................21
1.3.2 Dos alunos sobre o estagiário ......................................................48
1.3.3 Do professor titular .........................................................................50
2 ENSINO MÉDIO ........................................................................................51
2.1 Sondagem ............................................................................................51
2.2 Planejamento .......................................................................................51
2.2.1 Competências e Habilidades..........................................................51
2.2.2 Relatos de docência .......................................................................55
2.3 Avaliação ..............................................................................................55
2.3.1 Do estagiário sobre os alunos.........................................................55
2.3.2 Do professor titular .........................................................................65
3 DOCUMENTOS DA PRÁTICA ..................................................................66
CONCLUSÃO ...............................................................................................68
BIBLIOGRAFIA .............................................................................................71
ANEXOS .......................................................................................................73
 


 

INTRODUÇÃO

O trabalho apresentado como segue é fruto da interação entre aulas


teóricas e práticas no que concerne a formação do profissional do ensino. E
como tal, as aulas teóricas foram realizadas sob a coordenação do senhor
Roberto dos Santos, professor e Coordenador do curso de História da
Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) de Canoas, RS. Já as aulas práticas
de ensino se deram na Escola Municipal de Ensino Fundamental Paul Harris na
Rua Montevidéo, nº 50 em São Leopoldo, e na própria ULBRA de Canoas no
que diz respeito à prática de aulas para o ensino médio aos alunos que se
preparavam para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).

A escola Paul Harris tem uma história peculiar de interação entre


equipe escolar e comunidade que está muito bem documentada em um
trabalho realizado pela professora Joelma Rosalva da Silva e pelo professor
Fernando Bertuzzi, os quais realizaram o mesmo em cooperação com alunos
da mesma escola. E o que segue abaixo foi pesquisado no site municipal que
relata esta história e está disposto no seguinte endereço eletrônico:

http://www.portalsmedsl.com.br/pastas/escolas/14_paul_harris.htm

A escola estudada teve sua origem no ano de 1955 com o nome de


professor Afonso Guerreiro Lima. Construída em um terreno particular, a escola
contava com o apoio da prefeitura, pois a mesma servia em muito a
comunidade do bairro Santa Tereza. Comunidade esta que antes da criação da
escola enviava suas crianças para estudar na escola Visconde de São
Leopoldo que ficava em difícil acesso para as mesmas. Para chegar até a
escola Visconde, as crianças precisavam passar pelas trilhas do trem ou então
seguir por um caminho que existia onde hoje está situado o colégio Sinodal.

Com a construção da escola o problema de enviar os filhos a uma


longa distância para estudar se resolveu, mas a escola carecia de

 

investimentos, pois esta iniciou com apenas uma sala de aula e sob os
esforços da professora Cecília Dorothy Xavier.

Por esta mesma época, o senhor Marino Silveira loteou uma parte de
sua propriedade e doou uma parte à prefeitura. No entanto, a parte doada,
como o terreno era muito acidentado, acabava por ser impróprio à construção.
Houve então uma troca com o senhor Amadeu Rossi que teria no negócio
alcançado um terreno plano e próprio para este fim.

Com a propriedade em mãos e um colégio cuja estrutura não cobria a


demanda de alunos que a comunidade tinha, se resolveu pela construção de
uma nova estrutura para a então Escola Professor Afonso Guerreiro Lima. Foi
construída uma estrutura com três salas de aula, um banheiro e uma cozinha.
Mas apesar do desprendimento, a construção era muito precária. E neste
momento o Rotary Club de São Leopoldo entrou com uma proposta de terminar
a obra. Proposta que a princípio foi muito interessante e controversa, pois a
instituição em troca queria que a escola trocasse de nome levando o de seu
fundador, o senhor Paul Harris.

A proposta foi aceita porque na época outra escola já havia sido feita
em homenagem ao professor Afonso Guerreiro Lima. No entanto, a proposta
aceita causou desagrado no senhor Amadeu Rossi que acreditava que a
escola levaria seu nome. E para resolver esta situação assumiu-se o
compromisso de que a próxima escola construída no município levaria este
nome, o que de fato aconteceu.

Assim, em 24 de março de 1968, contando com 190 alunos


matriculados e atendidos nos três turnos, o Grupo escolar Paul Harris entrou
em pleno funcionamento. Contando na época com três salas de aula, um
banheiro e uma cozinha.

Com o passar dos anos a procura pela escola aumentou


consideravelmente e novamente necessitou-se de aumento de acomodações,
e em 1972 os ajustes necessários foram feitos e como desde o início deste
prédio, coube ao Rotary Club a tarefa de apadrinhamento das construções.
Esta associação entrou com o material necessário e a prefeitura com a mão de

 

obra. Esta situação de necessidade de ampliação se deu por outros anos


seguintes e em 1977, o senhor Anacléto Zem doou material para mais uma
ampliação da escola.

Mesmo com tantos esforços que se empreendeu em torno da escola


Paul Harris, em 1990 a situação de espaço para abrigar o grande número de
alunos matriculados era tal que a comunidade pressionou o poder público
fazendo-o reconhecer a necessidade de uma nova instalação a construir, e foi
o que fizeram. Desta vez construíram um novo prédio em frente ao antigo, do
outro lado da rua.

O novo local foi inaugurado em 27 de setembro de 2002 e conta com


um amplo espaço. Tendo em sua construção um conjunto de salas no térreo e
dois andares superiores onde estão as salas de aulas, biblioteca, EVAM
(Espaço Virtual Aprendizagem Multimídia). A escola conta com uma equipe de
profissionais especializados para cada área de trabalho, bem como pessoas
preparadas para o atendimento de crianças com necessidades educacionais
especiais. As séries atendidas vão de educação infantil ao nono ano do
fundamental nos horários que vão das 07h30min às 12h00min, e a tarde, das
13h00min às 17h30min, e a noite conta com o EJA.

Devido a sua infra-estrutura, seu corpo de profissionais, todos com


formação na área em que atuam, bem como seu sistema de sala temática e
atendimento com sala especialmente preparada para crianças com
necessidades especiais de aprendizado, a escola Paul Harris de São Leopoldo
é referência municipal em educação.

No que diz respeito às características socioeconômicas dos alunos


temos uma situação bem variada, no entanto com maior numero de crianças
carentes. Até porque os pais mais bem colocados financeiramente tendem a
buscar escolas particulares. E a presença dos centros educacionais de
iniciativa privada são muito forte na cidade.

Já a situação da instituição onde realizei meu estágio em ensino médio


é bem diferente da escola em que atuei no ensino fundamental, pois o mesmo
foi realizado na ULBRA de Canoas, RS. Esta instituição possui escolas

 

especializadas para ensino médio, no entanto realizamos o estágio com alunos


que estão concluindo o mesmo ou já concluíram. Foram aulas realizadas com
alunos que estavam se preparando para o ENEM.

A Universidade Luterana do Brasil de Canoas é uma instituição com


ampla infra-estrutura e com recursos dos mais variados a disposição do
educador, e fica localizada na Avenida Farroupilha, nº 8001, Canoas, RS. Esta
está ligada diretamente a Comunidade Evangélica Luterana São Paulo de
Canoas (CELSP) a qual é sua mantenedora. E como tem esta filiação, a
mesma possui caráter confessional Luterano.

Seu histórico está relacionado à imigração alemã que em 1911 iniciou


seus trabalhos educacionais na cidade com a construção de sua primeira
escola. Estava voltada a atender as necessidades de sua comunidade a qual
precisava de atendimento educacional e de formação religiosa, objetivo pelo
qual as escolas de então foram construídas. No entanto, mais tarde, as escolas
acabaram por receber um grande projeto que se aliou às mesmas, a
construção de uma faculdade.

Faculdade esta que, de acordo com o professor Paulo Wille Buss em


seu livro Um grão de Mostarda daria origem a Ulbra: “A Ulbra se formou a partir
das Faculdades Canoenses, uma entidade mantida pela Comunidade
Evangélica Luterana São Paulo (CELSP) de Canoas, RS, desde 1972.”

Estas Faculdades Canoenses, no ano de 1988, receberam por parte do


presidente daquela época, José Sarney, em assinado no decreto nº 95.623,
autorização para funcionarem como Universidade. E assim, desde 12 de
janeiro de 1988 a instituição leva este nome. Nome este que, apesar das várias
situações adversas em que foi envolvido tem se mantido como referências em
ensino alem de cumprir seu papel confessional através de seu curso de
teologia, seu trabalho em capelania e disciplina de cultura religiosa. Note o que
o historiador da IELB Paulo Wille Buss fala sobre as origens da ULBRA:

A Comunidade São Paulo de Canoas, RS, criou, em


1972, as Faculdades Canoenses. O primeiro curso, iniciado
naquele ano, foi o de Administração de Empresas. Ao longo
daquela década, o Conselho Federal de Educação autorizou o
funcionamento de três novos cursos: Arquitetura e Urbanismo,

 
Ciências Contábeis e Serviço Social. Em 1979, a Comunidade
São Paulo adotou medidas concretas para a implantação de
uma universidade. Foi adquirida uma área de 40 hectares no
bairro São Luís, em Canoas e, no dia 13 de outubro de 1979,
foi lançada a pedra fundamental do novo campus da futura
Universidade Luterana do Brasil (Ulbra). (Buss, 2006, pág.192)

Mas, se difícil é a situação da Universidade Luterana hoje, não


podemos negar sua importância em relação à comunidade que a cerca e em
relação a todos os alunos que dela receberam e recebem seus conhecimentos
para sua formação profissional. Convém ressaltar que, a situação de
dificuldade na instituição não é um ponto isolado, basta dar uma olhada para
outras instituições e ver que temos uma situação difícil para os centros
educacionais de iniciativa privada.

No entanto, se as dificuldades são grandes no ambiente privado, no


ensino público os agravantes recaem de maneira mais preocupante. Não dá
para fechar os olhos e dizer que nos realizamos na área, pois melhorias são
necessárias e urgentes. Por exemplo, aos professores é negado o acesso a um
salário digno na maior parte dos estabelecimentos de ensino. Aos professores
de área específica, como o caso de quinto ano para frente, é legado um grupo
de alunos que possuem dificuldades tão básicas que deveriam ter sido tratados
na formação básica de alfabetização. E o professor de área precisa fazer um
grande jogo de cintura para que este aluno não seja prejudicado na formação.
Esta realidade a qual me refiro é muito mais presente do que imaginamos.

Em leitura a revista brasileira de história acabei por me deparar com


dados que vem ao encontro desta realidade que foram retirados do instituto
SAEB e que deixam qualquer aspirante a sala de aula de cabelo em pé.

Em 2004, os números do Sistema Nacional de


Avaliação do Ensino Básico [...] atestavam grave situação no
que se referia ao domínio da escrita pelos alunos brasileiros ao
término da 4ª série, ou seja, a um passo das séries finais do
Ensino Fundamental. A situação se agravava ainda mais no
que se referia ao desempenho dos alunos concluintes da 8ª
série. (Rocha, 2010, pág. 122)

Com estes referenciais, o professor precisa pensar em métodos cada


vez mais eficazes para que sua aula não passe no vácuo de observação do

 

aluno, ou seja, ser professor não é simplesmente ter conhecimentos de sua


área, mas é preciso ser um artista que, ao contemplar a necessidade de seu
público e os desafios que o espera, sabe preparar todo o seu enredo a fim de
que sua aula seja um espetáculo inesquecível.

No que diz respeito ao livro didático e a questão da presença negra na


história é bem destacada no livro de ensino fundamental. Inclusive para os
alunos de sétimo ano há um capítulo inteiro tratando sobre a África antes dos
colonizadores dando destaque para os reinos de Mali e Congo. Já para o
oitavo ano há dois capítulos sobre a África e sobre a presença negra nas
colônias Ibero-americanas. O que coloca a escola Paul Harris dentro dos
parâmetros legais estabelecidos pela lei.

[...] em 2003 foi sancionada pelo presidente da


República a Lei Federal 10.639, de 9 de janeiro, determinando
a inclusão obrigatória, no currículo da rede de ensino, do
estudo da “História e Cultura Afro-Brasileira” e outras
providências. Em 2004 foram aprovadas, pelo Conselho
Nacional de Educação, as “Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino
de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana”, bem com
Resolução nº 1 do CNE, de 7 de junho de 2004, que instituiu as
Diretrizes [...] (Silva e Fonseca, 2010, pág.20)

Quanto à presença negra na América, pude trabalhar só com a questão


da libertação do Haiti de sua metrópole a França no que se refere aos
conteúdos do estágio. No entanto, graças a um questionamento que surgiu em
sala de aula, no oitavo ano, sobre a questão das cotas para negros em
universidades pude falar sobre a lei 10.639 e toda a injustiça social que esta lei
tenta combater. Alunos que se colocavam contra esta iniciativa governamental
passaram a apoiá-la e muitos que não se identificavam com a sua negritude
passaram a se aceitar como tal com muito orgulho. A lei 10.639 como segue
abaixo foi trabalhada em sala de aula e discutida.

Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino


fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se
obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.
(Incluído pela Lei 10.639, de 9 jan. 2003)
Parágrafo 1º – O conteúdo programático a que se
refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da
África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura
negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional,
resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social,
 


 
econômica e política, pertinentes à História do Brasil. (Incluído
pela Lei 10.639, de 9 jan. 2003)
Parágrafo 2º – Os conteúdos referentes à História e
Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o
currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística
e de Literatura e História Brasileiras; (Incluído pela Lei 10.639,
de 9 jan. 2003)
Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de
novembro como “Dia Nacional da Consciência Negra”. (Incluído
pela Lei 10.639, de 9 jan. 2003) (ibidem, págs. 20-21)

No estágio podemos observar que a reflexão sobre determinadas leis


não é feita na medida adequada, pelos que deveriam ser os porta-vozes da
mesma, e por este motivo, muitas pessoas inserem na mesma seus
preconceitos sem saber que a mesma tem um objetivo extremamente
importante para a formação da identidade do povo brasileiro.

Em conclusão, a experiência de estágio deve ser um dos momentos


mais importantes da vida do acadêmico, pois este momento poderá dizer muito
ao aluno se vale a pena seguir na idéia de ser um docente ou procurar outro
ramo para a sua vida profissional. E como vimos acima, os desafios são
grandes; vão desde os conhecimentos apresentados nos livros didáticos ao
preconceito dos profissionais com quem iremos trabalhar. Mas, se o
profissional em história souber articular seus conhecimentos com a didática de
sala de aula e a interação com o corpo de professores, este poderá ter Clio ao
seu lado tornando-o um formador de opinião coerente com a realidade histórica
que é seu objeto de estudo. Ademais, o tempo e a experiência irão moldá-lo
como um bom profissional.

1 ENSINO FUNDAMENTAL

1.1SONDAGEM
O meu estágio, como já fiz referência na introdução deste trabalho, foi
realizado na escola municipal de ensino fundamental Paul Harris de São
Leopoldo. E para que tal se realizasse fiz o meu momento de sondagem nos
dias 31 de agosto e 06 de setembro deste presente ano de 2011.

Antes deste contato em sala de aula, eu já havia conversado com a


supervisora escolar Joseane, a qual já me havia dado carta branca para a
 
10 
 

realização do estágio. No entanto, no dia em que tivemos esta conversa não


pude entrar em sala devido ao professor de história não ter se apresentado ao
serviço por causa do falecimento de sua mãe.

Assim, no dia 31 de agosto, entrei em contato com o professor de


história da escola, o senhor Christian Arnold. Neste momento trocamos breve
conversa na sala dos professores e fomos para a sala de aula. Entramos na
sala com os alunos do oitavo ano.

Assisti a uma aula de revisão de conteúdos e à realização de um


trabalho de reposição de notas em que os alunos ficaram pendentes. Nesta
aula fui apresentado como o professor estagiário, que iria dar aula para
aqueles alunos durante os próximos quatro encontros. Também tive a
oportunidade de me apresentar e fazer uma pequena demonstração dos
conteúdos que trabalho com meus alunos na escola São Marcos no
componente curricular de Ética e Cidadania. A mesma situação se repetiu no
pós-recreio do dia 31 de agosto e com as turmas do sétimo ano no dia 06 de
setembro.

Ao que foi observado, a escola tem uma infra-estrutura muito boa, alem
de uma equipe qualificada para dar atendimento aos seus alunos. Tal é
exigência da qualificação que, o professor Christian, devido à falta de professor
de história concursado pelo município, está emprestado por contrato com a
rede estadual.

Fui apresentado ao corpo de professores e muito bem recebido pelos


mesmos. Participei do momento de café junto com eles e tive um momento
reservado de conversa com o professor titular para que soubesse os conteúdos
que precisariam ser trabalhados, bem como acesso aos livros didáticos que eu
usaria e a metodologia de avaliação que eu precisaria aplicar com as turmas.

1.2PLANEJAMENTO
1.2.1 COMPETÊNCIAS
11 
 
12 
 
13 
 
14 
 
15 
 
16 
 
17 
 
18 
 
19 
 
 
20 
 

1.2.2 RELATOS DE DOCÊNCIA


Em relação ao estágio, eu esperava uma situação mais conflituosa do
que encontrei, pois sou professor de escolas da rede privada há três anos e
pelo que me relatavam a respeito de escolas públicas seria bem difícil trabalhar
com este público. Inclusive procurei realizar meu estágio neste ambiente
exatamente por isto.

A realidade com a qual me deparei não condisse com todo o que me


relatavam de antemão. Claro que o número de repetências e a idade avançada
de um bom número de alunos eram apontadores de que o descaso com a
escola é bem marcante no espaço de escolas públicas. Mas toda a questão do
desrespeito do aluno em relação aos professores e o vandalismo não se
fizeram presentes na escola em que atuei. Também não posso ignorar que
este é um caso e não serve como parâmetro para toda uma sociedade.

No entanto o que quero destacar com isto é que fui muito bem recebido
e assistido pelos alunos. Inclusive se identificaram muito com o meu jeito de
lecionar, pois parece que consegui quebrar um ritmo de leitura de textos que
deixava a aula muito cansativa. Tive um estágio elogiado e homenageado
pelos alunos junto aos professores e equipe diretiva, sendo até mesmo
convidado para uma festa de despedida que se realizou na escola no dia 26 de
outubro. Festa esta que foi iniciativa das turmas do sétimo ano.

Em relação à sala de aula e os momentos de contato com os alunos


acabei por ser ouvidor de problemas de ordem pessoal de duas meninas que,
em prantos revelaram uma situação familiar de briga da mãe e padrasto que as
deixou bem abatidas. Caso que foi encaminhado para a equipe diretiva.
Descobri dois meninos que andavam levando canivetes para a sala de aula e
após uma breve conversa me entregaram os objetos. Alunos estes que criaram
uma proximidade muito grande comigo e depositaram muita confiança em me
revelar situações da vida deles que perturbava bastante a atenção deles em
sala de aula e os estimulava a rebeldias como o levar armas para a sala de
aula. Tive dois casos de garotos bagunceiros, dos quais retirei dois celulares
que foram entregues à equipe diretiva.
 
21 
 

E em relação ao exame que fiz junto dos alunos, este ficou valendo
como uma das notas que seria computada na média trimestral. E isto a pedido
do professor titular de história. Inclusive, as médias obtidas pelos alunos, no
parecer do próprio professor da escola revelaram um excelente rendimento das
aulas aplicadas. E alem dos exames, fiz com o sétimo ano um trabalho em
desenho sobre como eles imaginavam uma sociedade feudal se entrarmos em
nossas aulas. Alguns desenhos estão nos anexos como exemplos.

Os alunos de ensino fundamental foram avaliados em termos de


postura e participação em sala de aula e dedicação aos exercícios propostos.
Mas, alem destas avaliações, tivemos também uma avaliação final em que
fizemos uma prova valendo nota máxima. E destas, destaquei duas provas de
cada uma das turmas, as quais estão dispostas nas páginas que seguem neste
trabalho para que sirvam de exemplo do que foi cobrado dos alunos em exame
avaliativo.

Convém destacar que as meninas se sobressaíram em dedicação aos


estudos e nas médias da avaliação que foi feita no quarto dia de estágio. E
duas provas que foram entregues em branco eram de meninos. Mas ao
apresentar este relatório ao professor titular o mesmo contou-me que o mesmo
se sucede desde o começo do ano letivo.

Na média, apesar de alguns malandros e bagunceiros de sala de aula,


as quatro turmas com as quais trabalhei não apresentaram dificuldades em
termos de disciplina. Foram turmas muito boas de trabalhar. Em resumo, foi um
momento de experiência que carregamos na memória por toda a nossa vida, e
serve de experiência para que no futuro as usemos no momento certo e com a
finalidade certa.

1.3AVALIAÇÃO
1.3.1 DO ESTAGIÁRIO SOBRE OS ALUNOS
22 
 
23 
 

 
24 
 

 
25 
 

 
26 
 

 
27 
 

 
28 
 

 
29 
 
30 
 
31 
 
32 
 
33 
 
34 
 
35 
 
36 
 
37 
 
38 
 
39 
 
40 
 
41 
 
42 
 
43 
 
44 
 
45 
 
46 
 
47 
 
 
48 
 

1.3.2 DOS ALUNOS SOBRE O ESTAGIÁRIO


49 
 
 

50 
 

1.3.3 DO PROFESSOR TITULAR


 
51 
 

2 ENSINO MÉDIO
2.1 SONDAGEM

O meu estágio, como já fiz referência na introdução deste trabalho, foi


realizado na Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) de Canoas. E para que
tal se realizasse fiz o meu momento de sondagem no dia 01 de setembro deste
presente ano de 2011.

Antes deste contato em sala de aula com fins de sondagem, eu já


havia entrado em contato com o supervisor de estágio o senhor Roberto dos
Santos, o qual já me havia dado carta branca para a realização da sondagem.
E assim, no dia 01 de setembro de 2011 entrei em contato com os professores
que estavam realizando suas aulas para os alunos que estavam cursando o
preparatório para o ENEM de 2011.

Assisti a uma aula de revisão de conteúdos do ensino médio a partir de


questões direcionadas para a prova que se aproximava. Os professores foram
meus colegas em outras disciplinas do curso de história e o são em estágio IV.
Pude perceber o nervosismo e a euforia dos colegas em seu trabalho de
professores. Percebi também que a presença de um colega nesta situação, de
sondagem da aula, causa impacto nos nervos de quem está dando a aula.
Talvez porque os colegas se sentem analisados em sua postura como tal.
Esperei por uma situação que acabou não acontecendo que seria a de intensas
e fortes perguntas sobre o conteúdo que estava sendo ministrado. Talvez por
timidez ou por achar desnecessário, mas acreditei que o espírito crítico se
manifestaria de forma a oferecer trabalho para meus colegas, mas isto não
aconteceu

A experiência foi interessante e serviu de análise da formação dos


professores bem como de exemplos bons que eu poderia utilizar nas minhas
aulas. Alem do que, minhas aulas foram realizadas na companhia de alguns
destes colegas que em determinado momento fiz a sondagem com a qual
compus este pequeno relatório.

2.2 PLANEJAMENTO
2.2.1 COMPETÊNCIAS
52 
 
53 
 
54 
 
 
55 
 

2.2.2 RELATOS DE DOCÊNCIA

No que diz respeito às aulas preparatórias para o ENEM, saíram todas


dentro do esperado. Sou professor há três anos e leciono deste a educação
infantil ao ensino médio, algo que já me dava certa experiência com este
público. No entanto, me preocupei com a postura de um pequeno grupo de
alunos da aula que foi dada no dia 04 de outubro. A conversa e o desinteresse
em relação à aula se tornaram evidente nestes, pois mesmo diante de uma
chamada de atenção, persistiram na conversa. Mas os demais estavam atentos
e preocupados em captar o máximo da aula.

Uma situação que esperava, não só nas minhas aulas, mas nas aulas
dos outros colegas que não aconteceu foi o espírito crítico. Achei os alunos
muito conformados com o que estava sendo passado pelos professores.
Acreditei que, pelo fato de ser um momento de preparação para o ENEM e
uma possível bolsa para um curso na universidade, os alunos nos
pressionariam de todas as formas possíveis para que obtivessem o máximo de
conteúdos para as provas, mas isto não aconteceu.

Digno de nota, também, são os resultados das avaliações das


questões que foram trabalhadas com a turma, pois o número de acertos foi
considerável. E isto demonstrou o quanto os alunos estão empenhados em
entender a lógica das perguntas que estão sendo lançados nos testes. E como
nosso tempo junto aos mesmos era muito reduzido, deixei alguns links onde
eles poderiam recorrer para uma formação mais intensa em termos de
conteúdos escolares.

Em relação às aulas anteriores ao dia 04 de outubro em que estive


lecionando, houve um empenho muito significativo dos alunos em relação aos
conteúdos trabalhados em sala de aula. Postura esta que tornou as aulas muito
interessantes e agradáveis.

2.3AVALIAÇÃO
2.3.1 DO ESTAGIÁRIO SOBRE OS ALUNOS
56 
 
57 
 
58 
 
59 
 
60 
 
61 
 
62 
 
63 
 
64 
 
 
65 
 

2.3.2 DO PROFESSOR TITULAR


66 
 

3 DOCUMENTOS DA PRÁTICA
67 
 
 
68 
 

CONCLUSÃO

O estágio faz parte dos momentos decisivos da vida de um aluno. É


nele que muitos desistem da nobre tarefa de ser professor, mas também é nele
que a vocação floresce com todo seu vigor, mesmo que em meio a muitos
medos diante do desafio que a sala de aula representa.

Ser professor, nos dias de hoje tem se tornado cada vez mais uma
tarefa extremamente desafiadora, pois os alunos que temos em mão são uma
geração diferente da que fomos criados. Devido a esta situação já temos o
primeiro impasse conflituoso. São pessoas de um contexto diferente dos
professores que estão a compartilhar conhecimentos no objetivo de construir
uma sociedade mais igualitária.

Alem dos contextos diferentes, o professor é desafiado a ser mais que


um conhecedor de área especifica. Ele precisa ser um pouco psicólogo, um
pouco de terapeuta, um pouco de sociólogo e até mesmo um pouco de líder
religioso, pois todas estas questões são assuntos que, por mais que muitos
não queiram, acabam por entrar sala de aula adentro. Talvez fugir ou ignorar
seria uma possibilidade, mas quando encaramos estes desafios e damos a
devida atenção e respeito a estas situações que vem da casa de cada um dos
alunos estamos adquirindo especialização em humanismo que a formação
acadêmica, por mais que se esforce, não consegue nos dar.

Durante o meu período de estágio deparei-me com estas situações e


outras, e isto que foram apenas quatro encontros com cada turma. Procurei ter
tranqüilidade em todos os casos, e como já havia tratado casos semelhantes
nas escolas em que trabalhei, pude articular a situação com bastante
tranqüilidade.
69 
 

Mas se por um lado é gratificante ver no olhar das crianças o


sentimento de gratidão por tê-las ouvido e se importado com suas dificuldades,
por outro, dói ouvir da boca de colegas de trabalho as reclamações em relação
à falta de justiça do estado e do município que tanto investe em cargos que não
fazem a metade do trabalho que um professor faz em sala de aula e ganham
dez vezes mais que estes.

Mas eu sempre tive comigo o seguinte pensamento: se você faz o que


faz pelo salário do fim do mês, você está trabalhando pelos motivos errados.
Acho que neste ponto é que reside o real sentido da vocação em exercício no
dia a dia. Não que com isto eu esteja alimentando a injustiça salarial que é tão
evidente em relação aos professores. Mas, se um profissional for para a sala
de aula simplesmente motivado pelo dinheiro no fim do mês ele não será feliz,
pois precisamos fazer o que gostamos de fazer. Assim seremos felizes
profissionalmente e tornaremos outras pessoas felizes.

Neste meu trabalho procurei expor as minhas experiências em sala de


aula no período de estágio, bem como falar um pouco dos desafios que
esperam cada um que almeja esta nobre tarefa. Não tive com isto o interesse
de desmotivar ninguém nem me demonstrar desmotivado, mas simplesmente
relatar que, ser professor exige muito mais do que conhecimentos que
adquirimos na academia. Ser professor é participar da vida dos alunos, é um
processo de constante atualização e de transformação que resulta destas
experiências fazendo com que nos tornemos a cada dia mais maduros e
prontos para lidar com nosso público. As vezes o estágio parece dizer não para
nós, mas se temos conosco este anseio de transformar mentes precisamos
enxergar o não como um sim.

Em resumo, o estágio tem a capacidade de nos desafiar naquilo que


investimos tempo e dinheiro em nossas vidas. E em todos os casos que nos
sobrevém nestes momentos precisamos ter firme, para nós mesmos, qual é o
nosso objetivo. Se o tivermos claro, temos um caminho a trilhar, mas se não
tivermos, talvez seja a hora de fazer um remanejo em nosso futuro profissional.
Na história de Alice no país das maravilhas há um momento em que esta
menina está em fuga e ela chega em uma encruzilhada da vida em que ela não
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sabe que caminho seguir. Então ela pergunta para alguém: por que caminho eu
sigo? E a resposta que ela recebe é a seguinte: aonde você quer ir? E ela
responde: não sei! Então siga qualquer um dos caminhos foi a resposta. Com
isto encerro afirmando o seguinte; se não temos o objetivo forte de chegar ao
professorado, talvez o estágio nos coloque em fuga. E mesmo tendo firme o
desejo de ser professor acabemos em fuga, mas se tivermos um objetivo nesta
nossa caminhada, saberemos o caminho a tomar.
 

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REFERÊNCIAS

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idéias sobre a utilização de filmes no ensino. História. v.22 n.1 Franca 2003
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ANEXOS
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