Você está na página 1de 14

PANORAMA DA HISTÓRIA DA IGREJA

A igreja é de Jesus. Tem nele sua fundamentação, sua proteção, seu alvo. Ninguém pode colocar outro
fundamento, diz Paulo. Jesus guarda sua Igreja, Jesus guia sua igreja. Essa é a razão pela qual se estuda a sua
história. Para ver as intervenções miraculosas e soberanas de Deus ao longo da sua história.

Podemos dividir a história da Igreja de Jesus em seis períodos gerais:

1. A igreja apostólica – Da ascensão de Cristo à morte de João (30 – 100 dC)


2. A igreja perseguida – Da morte de João ao Edito de Constantino (100 – 313 dC)
3. A igreja imperial – Do edito de Constantino à queda de Roma (313 – 476 dC)
4. A igreja medieval – Da queda de Roma à queda de Constantinopla (476 – 1453 dC)
5. A igreja reformada – Da queda de Constantinopla ao fim da Guerra dos 30 anos (1453 – 1648 dc)
6. A igreja moderna – Do fim da guerra dos trinta anos até hoje (1648 – presente)

A IGREJA APOSTÓLICA (30 – 100 dC)

Os principais acontecimentos dessa época são: a) O nascimento de Jesus (aprox.. 5aC), b) a morte de
Jesus (c. 30 dC), c) A morte de Estevão (c. 35 dC), d) A morte de Paulo (c. 68 dC), e) A queda de
Jerusalém (c. 70 dC). Nero assume o Império por volta do ano 55dC. Aqui se tem a maturação da igreja.
Inicialmente, a igreja era composta apenas por judeus, e apenas com o ímpeto missionário de Paulo ela irá
abraçar os não judeus (gentios). Aramis C. de Barros, historiador cristão, diz que esse processo de aceitação
dos gentios teve lugar apenas 20 anos após a ascensão de Jesus. Cronologicamente, esse fato aponta para as
primeiras igrejas gentílicas estabelecidas: As igrejas na Galácia. De fato, a maioria dos eruditos bíblicos
concordam que Gálatas é o livro mais antigo do Novo Testamento. Nesse período, Jesse L.Hurbult nos
informa que a igreja estava estabelecida de um extremo a outro do território conhecido: Do Eufrates ao Tibre
e do Mar Negro ao Nilo.

Durante esse tempo, a igreja era chamada de Caminho (At. 9:2; 19:9,23; 22:5; 28:22). Outra designação dada
aos discípulos nessa época era: “Os que são de Cristo Jesus” (Gl. 5:24). Segundo Adolf Pohl essa frase
acolhe uma antiga autodesignação dos primeiros cristãos. O termo igreja para denotar os cristãos foi tomado
de empréstimo do Antigo Testamento em grego. Lá no Antigo Testamento Ekklesia denotava a nação de
Israel reunida para cultuar a Deus. Os cristãos vendo-se como herdeiros dessa tradição e linhagem viram a si
como nação reunida para adorar a Deus. É desse termo grego que surge a ideia de algo que pertence a Deus.
Tendo também outro significado: “Chamados para fora”.

Como veremos adiante, a perseguição desempenhou um papel fundamental no avanço missionário da igreja.
Lucas nos diz que após serem perseguidos, os discípulos iam por toda a parte pregando a Palavra (At. 8:4). A
perseguição era tão intensa que convencionou-se falar do martírio como batismo de sangue. A perseguição
tornou-se virulenta a partir do governo de Nero (55- 68 dC).

O estilo de vida cristão nessa época era característico. Apresentava: amor fraternal, zelo e pureza moral,
prazer e confiança no Cristo redivivo, esperança do retorno do Senhor. Nessa época, pelos escritos dos
Pais, podemos notar que havia dois tipos de cultos: O culto de oração. Aqui, tinha lugar orações,
testemunhos, ensino, cânticos e leitura do Antigo Testamento ou de alguma carta dos apóstolos e
recitação dos ensinos de Jesus. O segundo tipo de culto era a Festa do Amor. Somente os cristãos podiam
participar. Era a cerimonia da Ceia do Senhor. Acontecia a cada domingo. Cada cristão trazia seu alimento
de casa para celebrar o rito. Foi esse tipo de cerimonial que Paulo corrige ao escrever 1Coríntios 11.
A confissão de fé da igreja à essa altura não era sistemática. O credo dos apóstolos só começou a aparecer a
partir do segundo século e terminou de ser redigido no sexto século. O que fomentou a idealização de credos
foram os adversários da sã doutrina. Dentre esses, destacam- se os judaizantes e o gnosticismo que foram os
mais ferozes adversários. Cada igreja local era autônoma na decisão, tendo um colegiado representativo nas
decisões que foi chamado de ‘presbíteros e diáconos’.

Desse período mencionado, os principais lideres foram Pedro, Tiago Justo e Paulo. O mais conhecido foi
Paulo, o viajante incansável, o obreiro indômito, o fundador de igrejas e o eminente teólogo. Depois de
Paulo, aparece Pedro cujo nome apenas consta dos registros, porém foi reconhecido por Paulo como uma das
"colunas". A tradição diz que Pedro esteve algum tempo em Roma, dirigiu a igreja nessa cidade, e, por fim,
morreu como mártir no ano 67. O terceiro dos grandes nomes dessa época foi Tiago, um irmão mais moço do
Senhor, e dirigente da igreja de Jerusalém. Tiago era fiel conservador dos costumes judaicos. Era
reconhecido como dirigente dos judeus cristãos; todavia não se opunha a que o evangelho fosse pregado aos
gentios. A epístola de Tiago foi escrita por ele. Tiago foi morto no Templo, cerca do ano 62. Tiago foi o
dirigente do concílio em Jerusalém no ano 44. Assim, todos os três líderes desse período, entre muitos outros
menos proeminentes perderam suas vidas como mártires da fé que abraçaram. (Gl. 1:19; 2:9; At. 15:13-21)

PRINCIPAIS PERSONAGENS:

Esse período já presencia vários dos “Pais” da Igreja:

1) Clemente de Roma ou Clemente Romano. (30-100 DC). Era presbítero na igreja em Roma. Seus
escritos, depois do Novo Testamento, são os mais antigos que dispomos. Escreveu uma carta aos Coríntios
de 65 capítulos, em um dos quais ilustra a ressurreição com a história da Fênix (cap. 25). Ainda nesse trecho
da carta, Clemente mostra que a liderança era reconhecida democraticamente pela igreja (44:3). Essa carta
tem cerca de 150 citações do Antigo Testamento. Cita o ministério de Paulo (5:5-7).

Nesse período, a igreja experimenta duas perseguições. Uma sob o comando de Nero e outra sob o comando
de Diocleciano. A primeira culmina com a morte de Pedro e Paulo em Roma. A segunda com o desterro de
João na ilha de Patmos de onde surge o livro do Apocalipse.

O ensino principal deste período é que a igreja pode fazer diferença num ambiente de pluralismo religioso.
Ela cresce em meio à movimentos sincretistas e heréticos. Cresce sob pena de duras perseguições. Isso
aconteceu rapidamente porque na contramão do sistema, a ética cristã incluía auxílio aos menos favorecidos,
proibição do infanticídio, condenação do aborto, condenação do divórcio, condenação do incesto,
condenação à infidelidade conjugal e poligamia.

Tratando do aborto, um dos primeiros cristãos escreveu:

“Há mulheres entre vocês que bebem poções especiais para extinguir a vida dos futuros seres humanos em
suas entranhas, cometendo assassinato mesmo antes de darem à luz”.1

Outro dos “Pais” da Igreja, chamado Tertuliano, escreveu:

Em nosso caso, já que assassinato é proibido em qualquer forma, não podemos destruir sequer o feto no
ventre da mãe… Interromper a gravidez é apenas uma maneira mais rápida de matar. Não importa se você
mata alguém já nascido ou alguém que ainda não nasceu.2

1
Bercot, David. Que falem os primeiros cristãos: Uma análise da Igreja moderna sob a luz do cristianismo primitivo .
Literatura Monte Sião do Brasil. Edição do Kindle
Pra finalizarmos esse breve esboço, uma ultima lição que a igreja antiga nos lega é chamada de Disciplina do
Segredo (Disciplina Arcanii). Havia coisas que ela não repartia com os “de fora” da comunhão, como por
exemplo, a Ceia. Se uma pessoa não houvesse sido plenamente admitida no seio da igreja, ela não poderia
participar de certos ritos ou ouvir alguns sermões.

O conteúdo da pregação na igreja antiga pode ser sumarizado como segue:

1. As promessas dadas no Antigo Testamento começam a se cumprir;


2. Todas as promessas estão ligadas à Jesus;
3. Jesus é agora o cabeça do Novo Israel (a igreja)
4. O Espírito Santo é o sinal de que Jesus governa sua igreja
5. O auge de tudo é a vinda do Senhor
6. Um apelo ao arrependimento, ao batismo, à oferta de perdão dos pecados.

Frase célebre do período: “Não somos justificados por nós mesmos. Nem por nossa própria sabedoria,
conhecimento, espiritualidade ou obras feitas de todo coração. Mas somente pela fé através da qual o
Deus Todo-poderoso justificou todos os homens desde o princípio.” – Clemente de Roma (1Coríntios 32)

A principal preocupação de um pai apostólico era edificar a Igreja. Os pais apostólicos cobrem o período de
95 dC à 150 dC.

A IGREJA PERSEGUIDA (100 – 313 dC)

Houve dez perseguições oficiais ao cristianismo por parte do Império Romano, isto é, patrocinado por ele.
Todos os apóstolos excetuando João morreram violentamente. Mateus foi martirizado por espada na Etiópia.
Marcos morreu no Egito, após ser arrastado pelas ruas da cidade. Lucas foi enforcado na Grécia, Tiago foi
decapitado em Jerusalém. Tiago, o Menor, foi lançado do pináculo do Templo e depois espancado até
morrer. Filipe foi enforcado numa coluna na Frígia, a oeste da Turquia. Bartolomeu foi esfolado vivo no
atual Daguestão. André foi preso à uma cruz onde pregou até morrer, na Grécia. Matias foi apedrejado e
depois decapitado em Jerusalém. Barnabé foi apedrejado na Grécia. Paulo foi decapitado em Roma. Pedro
foi crucificado de cabeça para baixo em Roma. João foi posto num caldeirão fervente e depois exilado para a
ilha de Patmos, mas foi o único do colégio apostólico que teve morte natural em Éfeso.

Os historiadores datam cerca de 3 mil mártires só na primeira perseguição. Os cristãos foram perseguidos
pelos persas a partir de 337 dC, suspeitos de traição. Em 341 dC, 500 mil cristãos foram martirizados na
Pérsia.

A perseguição aos cristãos tem quatro causas principais: Política, Religiosa, Social, Econômica.

Política porque os cristãos se recusavam terminantemente a oferecer incenso nos altares devotados ao culto
ao imperador romano, por isso eram tidos como ateus. Eles também não serviram no exército até ano 313
dC. Religiosa porque os cristãos não tinham ídolos e nenhuma imagem visível e isso era visto como ateísmo
para os romanos. Destarte, os seus encontros sigilosos havia boatos que eles praticavam incesto, canibalismo

2
Bercot, David. Que falem os primeiros cristãos: Uma análise da Igreja moderna sob a luz do cristianismo primitivo .
Literatura Monte Sião do Brasil. Edição do Kindle.
e práticas desumanas como canibalismo por causa da Ceia do Senhor que era mal interpretada “comam a
minha carne e bebam o meu sangue”. A ordenança de beijo santo foi interpretada equivocadamente como
estímulo ao incesto. Sociais porque a Igreja se preocupava com pobres, doentes, órfãos, viúvas, estrangeiros
e ainda trouxe uma igualdade de direitos a todos, porque agora em Cristo não havia mais distinção social
entre homem e mulher (Colossenses 3:11). Econômica, pois quando os desastres se abateram sobre o
Império, os não cristãos atribuíram a ruína do Império aos cristãos não participarem dos seus cultos pagãos.

Imperador e ano Mártir


Trajano a Antonino Pio (98 – 161 dC) Inácio, bispo na Antioquia (c. 110 dC)
Marco Aurélio (161 – 180 dC) Policarpo (c. 155 dC) e Justino Mártir (165 dC)
Séptimo Severo (193 – 211 dC) Irineu de Lião (c. 202 dC)
Décio (249 – 251 dC) Fabiano de Roma (c. 250 dC)
Valeriano II (253 – 260 dC) Cipriano e Orígenes (c. 258 dC)
Diocleciano “segundo Nero” (c. 284-305) Maurício e legião tebana (c. 286 dC)

Uma figura ilustre e proeminente deste período é Policarpo de Esmirna. Discípulo do apóstolo João. Bispo
em Esmirna. Martirizado em 155 dC, queimado numa fogueira. Escreveu em 110 dC, uma carta aos
filipenses que lembra muito a carta do apóstolo Paulo à essa mesma igreja. Ele é um autor que não mostra
preocupações de originalidade. Nessa carta, ele cita o Novo Testamento 60 vezes, das quais, 34 delas são dos
escritos de Paulo. O relato do seu martírio é emocionante.

O nascimento de Policarpo data-se por volta de 69 d.C., próximo a data do martírio de


Paulo em Roma. Policarpo não nasceu em um lar cristão. De fato, o lugar onde
nasceu é desconhecido, pois ele apareceu em cena na história da igreja de uma
forma estranha e perplexa, forma esta que evidencia os caminhos misteriosos da
providência divina. Ele era escravo e foi liberto por uma rica mulher da cidade de Esmirna que o adotou e
educou no caminho de Jesus. Ele era sério e reservado, gentil com aqueles com
quem se relacionava, muito dado ao estudo da Escritura e diligente no testemunho de
sua fé aos outros. Ao começar o seu ministério, era diácono. Essa tarefa na igreja antiga requeria antes de
tudo cuidar das mulheres e crianças cujos maridos e pais estavam na prisão ou
tinham sido mortos. Eles tinham de visitar os santos na prisão para confortá-los e
encorajá-los em fidelidade, enquanto ao mesmo tempo tentavam da melhor forma
possível amenizar os seus sofrimentos, trazendo-lhes alimento, roupas e pomadas
para suas costas dilaceradas. E tinham que juntar dinheiro de um grupo de pessoas
que tinha pouquíssimo destes bens terrenos. Uma antiga tradição diz que
o apóstolo João o ordenou ao ministério como bispo. Trataremos do seu martírio na seção sobre a igreja
perseguida. Detenhamo-nos no relato do seu martírio.

Discípulo do apóstolo João. Bispo em Esmirna. Martirizado em 155 dC, queimado numa fogueira. Escreveu
em 110 dC, uma carta aos filipenses que lembra muito a carta do apóstolo Paulo à essa mesma igreja. Ele é
um autor que não mostra preocupações de originalidade. Nessa carta ele cita o Novo Testamento 60 vezes,
das quais, 34 delas são dos escritos de Paulo. O relato do seu martírio é emocionante.

O nascimento de Policarpo data-se por volta de 69 d.C., próximo a data do martírio de


Paulo em Roma. Policarpo não nasceu em um lar cristão. De fato, o lugar onde
nasceu é desconhecido, pois ele apareceu em cena na história da igreja de uma
forma estranha e perplexa, forma esta que evidencia os caminhos misteriosos da
providência divina. Ele era escravo e foi liberto por uma rica mulher da cidade de Esmirna que o adotou e
educou no caminho de Jesus. Ele era sério e reservado, gentil com aqueles com
quem se relacionava, muito dado ao estudo da Escritura e diligente no testemunho de
sua fé aos outros. Ao começar o seu ministério, era diácono. Essa tarefa na igreja antiga requeria antes de
tudo cuidar das mulheres e crianças cujos maridos e pais estavam na prisão ou
tinham sido mortos. Eles tinham de visitar os santos na prisão para confortá-los e
encorajá-los em fidelidade, enquanto ao mesmo tempo tentavam da melhor forma
possível amenizar os seus sofrimentos, trazendo-lhes alimento, roupas e pomadas
para suas costas dilaceradas. E tinham que juntar dinheiro de um grupo de pessoas
que tinha pouquíssimo destes bens terrenos. Uma antiga tradição diz que
o apóstolo João o ordenou ao ministério como bispo.

O martírio de Policarpo...

A carruagem feita de grades cruzava as ruas de pedra de Esmirna e o prisioneiro podia ouvir os gritos da
furiosa multidão que estava na arena. Cães farejadores seguiam o carro pelas ruas, latindo violentamente.
Crianças de pele cor de oliva corriam pelas calçadas, com os olhos cheios de ansiedade. Ao longo do
caminho, rostos sem nome paravam para espiar pela janela. A carruagem se deteve diante dos sólidos muros
da arena. O guarda arrancou o prisioneiro do veículo e o lançou bruscamente ao chão, como se fosse um saco
de lixo, machucando sua perna. Há semanas o público vinha pedindo a prisão e execução daquele homem.
Mas ele não se parecia em nada com um criminoso — um homem idoso e de aparência frágil, com o rosto
marcado pelas rugas. Tinha cabelos e barba tão brancos quanto as nuvens que enfeitavam o céu mediterrâneo
naquela tarde. Enquanto o velho prisioneiro mancava até a arena sob a vigilância de guardas armados,
espalhou-se pela multidão a notícia de que aquele homem era Policarpo, o criminoso vil que tinha sido
sentenciado à morte. Seu crime? Ele era o líder local de um ritual supersticioso praticado por um grupo
conhecido como “os cristãos”. A multidão gritava com sede de sangue, enquanto os soldados levavam o
prisioneiro para se apresentar diante do procônsul romano. Quando ele viu o velho mancando, corou de
vergonha. Então aquele era o grande criminoso que havia causado tanto tumulto? Apenas um pobre
velhinho? O procônsul usava uma túnica cor de púrpura, que balançava com o vento. Ele se aproximou do
velhinho e lhe disse em particular: — O governo romano não faz guerra contra idosos. Simplesmente jure
pela divindade de César e deixarei você ir. — Não posso fazer isso. — Então, ao menos grite: “Acabem com
os ateus!” E isso será suficiente. Ele disse isso porque muitos romanos acreditavam que os cristãos eram
ateus, já que eles não tinham templos nem adoravam imagens. O prisioneiro calmamente esticou seu braço
enrugado, virou-se e apontou para a multidão cheia de ódio. Então, olhando fixamente para os céus, gritou:
— Acabem com os ateus! A reação do prisioneiro surpreendeu o procônsul. Apesar de o velhote ter feito o
que lhe fora pedido, o governador percebeu, pela reação da multidão, que a libertação de Policarpo estava
fora de cogitação. — Amaldiçoe a Jesus Cristo! — Exigiu ele. Por um instante, Policarpo fixou seus
penetrantes olhos castanhos no semblante inflexível do procônsul. Então, respondeu calmamente: — Durante
oitenta e seis anos tenho servido a Jesus e Ele nunca foi injusto comigo. Como, então, poderia eu amaldiçoar
meu Rei e Salvador? A multidão, incapaz de ouvir a conversa, estava ficando impaciente com a demora. O
procônsul já estava ficando ansioso e pediu novamente ao prisioneiro: — Jure pela divindade de César! — Já
que o senhor continua fingindo não saber o que eu sou, vou simplificar sua tarefa. Declaro, sem nenhuma
vergonha, que sou um cristão. Se o senhor quiser aprender um pouco sobre as nossas crenças, marque um
horário e eu lhe ensinarei. O procônsul ficou muito irritado e respondeu bruscamente: — Não tente me
convencer, convença a eles! — Disse apontando para a multidão. Policarpo olhou para os inúmeros rostos
desconhecidos, que ansiavam pelo espetáculo sanguinolento a que vieram assistir. — Não, não vou rebaixar
os ensinamentos de Jesus tentando convencer essa gente! O procônsul já muito irado, gritou: —Você não
sabe que tenho animais selvagens a minha disposição? Vou soltá-los imediatamente se você não se
arrepender! — Bem, então solte! — Respondeu Policarpo, sem qualquer vestígio de medo na voz. — Como
eu poderia me arrepender de fazer o bem para fazer o mal? O procônsul estava acostumado a amedrontar até
os criminosos mais perigosos, mas não estava conseguindo assustar aquele velhote. Então replicou: — Já que
os animais selvagens não lhe assustam, saiba que você será queimado vivo se não renunciar a Jesus Cristo
imediatamente! Cheio do Espírito Santo, Policarpo irradiava alegria e confiança. — O senhor me ameaça
com um simples fogo que queima por uma hora e depois se apaga. Nunca ouviu falar do fogo do julgamento
vindouro e do castigo eterno reservados para os ímpios? Por que está demorando tanto? Faça logo o que
quiser comigo! As coisas não saíram como o planejado. O procônsul deveria ser o grande vencedor e o
prisioneiro deveria estar ajoelhado, implorando por misericórdia. Mas aquele prisioneiro, um idoso, havia
vencido. O governador voltou ao seu assento, sentindo-se humilhado. Como a arena era muito grande, alguns
mensageiros foram enviados a pontos específicos para anunciar o que Policarpo havia dito. Quando
repetiram o que ele havia declarado, uma onda de fúria tomou conta da multidão. Fariam com ele o que eles
quisessem! Pularam de seus assentos e correram pelas saídas e corredores, clamando pela morte de
Policarpo. Corriam como loucos pelas ruas da cidade, juntando todos os pedaços de madeira que pudessem
encontrar. Assaltaram alguns estabelecimentos e roubaram até a lenha acumulada nos banheiros públicos.
Então, voltaram apressados para a arena, com os braços cheios de lenha para a pira que o carrasco estava
preparando. Eles empilharam a madeira em volta de uma estaca, onde os soldados amarravam os membros
de Policarpo. Mas Policarpo dizia calmamente aos soldados: — Deixem-me como estou. Aquele que me dá
força para suportar o fogo também me dará capacidade para ficar imóvel na fogueira sem que precisem me
amarrar. Depois de permitir que Policarpo orasse, os soldados atearam fogo à pira. O povo de Esmirna
acreditava que depois de queimar Policarpo apagaria seu nome da história, dando um fim àquela odiada
superstição chamada cristianismo. Mas assim como o procônsul, eles subestimaram a vitalidade e a
convicção dos cristãos. Pois em vez de intimidar os outros cristãos, a morte de Policarpo lhes trouxe
inspiração. E em vez de desaparecer, o cristianismo cresceu ainda mais. Ironicamente, o que os romanos não
conseguiram fazer acabou sendo realizado pelos próprios cristãos. Hoje, pode-se dizer que o nome de
Policarpo foi esquecido e que o cristianismo de seus dias é desconhecido para a maioria dos ocidentais. Aqui,
duas máximas de Tertuliano fazem todo sentido: O sangue dos mártires é a semente da Igreja. E: Os pés
não sentem a corrente quando a mente está no céu.

A igreja nesse período enfrentou muitas heresias e seitas. Três grupos merecem destaque: Gnósticos,
Ebionitas, Maniqueus. Gnósticos acreditavam que para ser salvo deveriam ter um conhecimento secreto de
Deus e Jesus. Paulo os combate (1Tm. 6:20, Colossenses) e João também (João, 1João, 2João, 3João). Eles
negavam a encarnação do Filho. Os ebionitas eram judeus cristãos que enfatizavam a pobreza como regra de
vida. Rejeitavam as cartas de Paulo. Eram considerados hereges por judeus não cristãos e não contavam com
simpatia dos judeus gentios. Os maniqueístas falavam que há dois deuses co-iguais, um sendo mau e outro
sendo bom.

A IGREJA IMPERIAL: O DECLÍNIO DA IGREJA... (313 – 476 dC)

Logo após a abdicação de Diocleciano, no ano 305, quatro aspirantes à coroa estavam em guerra. Os dois
rivais mais poderosos eram Maxêncio e cujos exércitos se enfrentaram na ponte Múvia sobre o Tibre, a
dezesseis quilômetros de Roma, no ano 312. Constantino era favorável aos cristãos, apesar de ainda não se
confessar como tal. Ele afirmou ter visto no céu uma cruz luminosa com a seguinte inscrição: "In Hoc Signo
Vinces" (por este sinal vencerás), e mais tarde, adotou essa inscrição como insígnia do seu exército (o
chamado Xi-Rô) A vitória entre Constantino e Maxêncio pertenceu ao primeiro, sendo que Maxêncio morreu
afogado no rio Tibre. Pouco tempo depois, em 313, Constantino promulgou o famoso Edito de Tolerância,
que oficialmente terminou com as perseguições. Somente no ano 323 foi que Constantino alcançou o posto
supremo de imperador, e o Cristianismo foi então favorecido. O caráter de Constantino não era perfeito.
Apesar de ser considerado justo, de um modo geral, contudo, ocasionalmente era cruel e tirano. Dizia-se que
"a realidade do seu cristianismo era melhor do que a sua qualidade". Ele retardou o ato de seu batismo até às
vésperas da morte, julgando que o ato do batismo lavava todos os pecados cometidos anteriormente, idéia
que prevalecia entre os cristãos, naquela época. Se Constantino não foi um grande cristão, foi, sem dúvida,
um grande político, pois teve a idéia de unir-se ao movimento que dominaria o futuro de seu império.

A legalização do cristianismo – porque a instituição como religião oficial só vem depois no reinado de
Teodósio I – trouxe consigo alguns benefícios para a igreja e para o Estado assim como trouxe também
malefícios para a cristandade.

Dentre os benefícios para a igreja constam o fim da perseguição, igrejas restauradas, fim dos sacrifícios
pagãos, doações à igreja, privilégio concedido ao clero, declaração do domingo como dia do descanso.

Para o Estado alguns dos bons resultados são: Crucificação abolida, repressão do infanticídio, tratamento
mais humano aos escravos, proibição dos duelos dos gladiadores.

Os malefícios para a igreja: Todos na igreja, costumes pagãos introduzidos na cristandade, influencia
hierárquica do Império na liderança cristã.

Os cultos de adoração aumentaram em esplendor, é certo, porém eram menos espirituais e menos sinceros do
que no passado. Os costumes e as cerimônias do paganismo foram pouco a pouco infiltrando-se nos cultos de
adoração. Algumas das antigas festas pagãs foram aceitas na igreja com nomes diferentes. Cerca do ano 405
as imagens dos santos e mártires começaram a aparecer nos templos, como objetos de reverência, adoração e
culto. A adoração à virgem Maria substituiu a adoração a Vênus e a Diana. A Ceia do Senhor tornou-se um
sacrifício em lugar de uma recordação da morte do Senhor. O "ancião" evoluiu de pregador a sacerdote.

O principal personagem desse período é Aurelio Agostinho. Filho de Patrício e Mônica. Pai de Adeodato.
Bispo na África. Autor prolífico. Viveu entre 354 a 430 dC. Suas principais obras são Confissões e Cidade
de Deus. Seu pai era pagão durante sua infância, sua mãe o educara no caminho de Cristo. Durante sua
adolescência e vida adulta ele se apartou da fé cristã, vindo a ser convertido após certo tempo. Seu pai foi
batizado antes de morrer. Durante sua peregrinação fora do cristianismo ele declara que na sua busca pela
verdade na filosofia, “Só uma coisa me arrefecia tão grande ardor: não ver ali o nome de Cristo. Porque
este nome, Senhor, este nome de meu Salvador, teu Filho, por tua misericórdia eu o bebera piedosamente
com o leite materno, e o conservava, no mais profundo do meu coração, em alto apreço; e assim, tudo
quanto fosse escrito sem este nome, por mais verídico, elegante e erudito que fosse, não me arrebatava
totalmente”.3

Agostinho não estudara teologia formalmente. Ele estudara e ensinara retórica. Ele se mudou para Milão a
fim de lecionar; lá, conheceu Ambrósio, bispo da cidade. Foi sob os auspícios deste que ele se converte. Ele
é tido como o maior dos Pais da Igreja. Em 391 Agostinho foi praticamente obrigado a receber ordenação
pela congregação cristã em Hipona. Certo domingo, quando estava no culto com eles, literalmente o pegaram
e arrastaram para frente para ser ordenado pelo bispo, a despeito de suas lágrimas e protestos. Depois,
quando o velho bispo de Hipona quis mais
um bispo ao seu lado, Agostinho novamente foi obrigado a aceitar. Contra sua própria vontade, foi
consagrado bispo de Hipona em 395 e sucedeu ao outro bispo
quando este morreu no ano seguinte. Agostinho tornou-se bispo de uma sé importantíssima da África do
Norte, aos 42 anos de idade, e permaneceu no cargo durante mais de 30 anos, até a sua morte em 430.

O pensamento de Agostinho, de modo geral, foi se formando a partir de uma serie de debates com quatro
oponentes. O primeiro é o maniqueísmo. Proveniente de um persa por nome Mani. Mani gostava das cartas
paulinas, mas detestava o mundo físico. Ele dividia seus discípulos em duas classes: Eleitos e ouvintes. Os

3
AGOSTINHO, Aurélio, Confissões, trad. Alex Martins, 1ª Edição, 3ª Reimpressão, Martin Claret, São Paulo, 2015, p.
67-68.
eleitos eram celibatários; os ouvintes, casados. Todos eram vegetarianos e abstêmios. Negavam a
crucificação do Senhor e achavam absurdos se pregar sobre Moisés, “o assassino”; Davi, “o adúltero” e José
“o detentor do monopólio do Estado”. O maniqueísmo ensinava que há dois reinos opostos com igual força:
O Bem e o Mal. Foi respondendo à essa seita que Agostinho formulou sua declaração nas Confissões de que
mal é a ausência do bem; tornamo-nos depravados por causa de Adão e do pecado original. Agostinho aqui
nesse debate enfatiza a soberania de Deus.

O segundo oponente são os donatistas. Estes eram cristãos que se opunham a que os bispos que se retrataram
ante a perseguição anterior voltassem ao ministério. Eles defendiam uma igreja pura. Eles recusavam aceitar
que o sacramento oficiado por um bispo traidor (traditore) fosse legítimo. Contra eles, Agostinho defende a
ideia de que a virtude do sacramento não está no ato, mas na promessa dada por Deus. Aqui, Agostinho
defende a ideia de que a Igreja é como o campo onde há joio e trigo simultaneamente. A Igreja só será pura
no retorno de Jesus quando os anjos separarem os bodes das ovelhas.

.O terceiro oponente foi Pelágio, um monge britânico. Ele era defensor do livre arbítrio. Charles Finney vai
promulgar grandemente a teologia de Pelágio na modernidade. Deus não concede sua graça se, antes, o
indivíduo não se predispuser a buscar. Ele negava a corrupção original do ser humano desde o ventre. Aqui,
Agostinho formula sua visão da natureza humana ou sua antropologia bíblica. Sua antropologia foi
amadurecendo ao longo do tempo. Mas é seguro dizer que Agostinho seria enquadrado no que hoje
chamados de “dicotomista”, ou seja, alguém que acredita que o homem é composto apenas de corpo e alma.
Nos Solilóquios, Agostinho diz: “Somos compostos de corpo e alma, e parece-me que a melhor parte é a
alma” (2:21). No Sobre os costumes da Igreja e os costumes dos maniqueus, ele assevera que: “Nenhuma
parte sem a outra é o homem; o corpo sem alma não é o homem. A alma sem o corpo não é o homem”.
(1.4.6). No Cidade de Deus (1.8), Agostinho diz: “O corpo não é somente o adorno externo do homem, é
parte de sua natureza”.

O último oponente de Agostinho foram os pagãos do Império Romano. Agostinho morre alguns dias antes da
queda do Império pelas mãos dos bárbaros. Não sem antes demonstrar ao longo da obra “Cidade de Deus”
que os cristãos não são culpados pela tragédia. Essa obra foi compilada ao longo de doze anos. Nela,
Agostinho demonstra que, na História e na Bíblia, sempre há duas cidades. Desde o início representadas: A
arvore da vida e a arvore do conhecimento do bem e do mal. A cidade de Caim e a Cidade de Deus. O legado
de Esaú e o legado de Israel. A Jerusalém terrena e a Jerusalém Celeste. A cidade dos homens e a cidade de
Deus. Ele demonstra que todo acontecimento histórico até então tem sido dirigido por Deus para o
cumprimento dos seus propósitos. Ele narra que o Império de César pode cair, mas o Império de Cristo
jamais cairá. Ele é aquela pedra vinda do céu que arregaça todo o império sem mãos humanas na visão do
profeta Daniel. Ele demonstra que a Igreja pode ser atribulada e será, mas sairá vitoriosa porque segue o
Cordeiro vencedor e que saiu vencendo e para vencer.

A antropologia agostiniana demonstra a santidade do sexo. Quando jovem, por ser maniqueísta, ele rejeitava
o sexo, depois quando recém convertido dizia que servia apenas para procriação; já no fim da vida, ele
começou a defender que o sexo é uma maneira dentro do casamento de expressar a glória de Deus. Em um
tempo onde o sexo era tido como apenas para diversão, o bispo resgata a essência daquele ato na perspectiva
cristã e bíblica.

Agostinho traz para nós lições preciosas:

1. Foge a realidade cristã imaginar que a natureza humana pós Queda é boa. Conservando o ensino
Bíblico da depravação total, Agostinho diz que o homem é, mesmo infante, é pecador. Ele é pecador
desde o útero (Sl. 51:5; 58:3).
2. Agostinho nos lembra que a Igreja é para os doentes e não para os saudáveis. Ecoando o ensino de
Cristo que veio chamar doentes e pecadores ao arrependimento (Lc. 5:31-32).

3. Agostinho nos ajuda a ver que não devemos buscar o Reino de Deus aqui na terra, tampouco uma
igreja pura. Agostinho combate o que posteriormente foi chamado de Teonomia: A ideia de que as
nações da terra devem ser regidas pelos mandamentos divinos e tem certa resistência ao Pós-
milenarismo: A ideia de que Jesus voltará após período de ouro da igreja onde a igreja alterará a
realidade de tal modo que o mundo se tornará cristianizado. Agostinho diz que a Igreja será sempre
composta por pecadores e santos.

A IGREJA MEDIEVAL – DA QUEDA DE ROMA À QUEDA DE CONSTANTINOPLA (476 – 1453)

A Europa deve à fé cristã muito mais do que se pode imaginar. Quando os bárbaros destruíram o Império
Romano do Ocidente, foi a Igreja Cristã que construiu uma nova ordem chamada Europa. A Igreja desde os
tempos de Constantino era tida como o “Cimento que unia o Império”. Todavia a Igreja é mais do que isso: É
a casa de Deus, coluna e fundamento da verdade (1Tm. 3:15). Esse período presença a assunção do Império
Papal. Os principais responsáveis por essa ideia foram Carlos Magno, o líder do Sacro Império Romano e
Inocêncio III. O papismo também experimenta nesse período o seu declínio. Aqui surge o clamor por
reforma nos “membros e na cabeça”, isto é, nos líderes e liderados, ao clero e aos leigos.

Talvez você nunca tenha ouvido falar dos próximos nomes, mas eles são importantes para o desenrolar da
igreja atual. Ulfilas foi um missionário ariano4 entre os visigodos, isto é, não acreditava na Trindade e que
Cristo era a primeira criatura de Deus. Ulfilas foi tradutor da Bíblia para a língua gótica; na sua tradução,
omitiu os livros de Reis para evitar que os bárbaros tivesse pretexto cristão para a luta. Patrício o patrono da
Irlanda. É tradicionalmente representado por explicar a Trindade usando o trevo de três folhas. É
representado ainda com uma caneca de cerveja. Foi um ardente defensor da ortodoxia bíblica. Patrício se
converteu enquanto escravo e o ímpeto missionário que ardeu no seu coração foi quando sonhou com bebes
irlandeses pedindo que lhes pregasse o Cristo. A Bretanha foi evangelizada a partir da Irlanda. Aqui temos o
primeiro império cristão. O império de Clóvis que se converteu após invocar Jesus para vencer uma batalha.
Gregório, O grande. Papa romano. Foi eleito papa aos 50 anos com saúde fragilizada. Ele foi o responsável
por organizar a vida monástica com a sua Regra. A Regra Pastoral como era chamada. Foi apelidado de
“Cônsul de Deus”, por dedicar-se à 30 anos de oração. Ele começa sua carreira como prefeito de Roma.
Vendo tanto a cidade quanto a Igreja destruídas ele trabalha para restaurar as duas. Apesar de seus erros
teológicos, ele é um exemplo do que o amor a Jesus e aos homens pode fazer.

Aqui também tem lugar o sétimo concílio ecumênico: O II Concílio de Nicéia (787 dC). Ele foi convocado
para dirimir disputas se os ícones deveriam ser ou não usados na igreja. Essa é uma das muitas razões pelas
quais a Igreja se dividiu em Igreja Ocidental (Romana) e Oriental (Grega). O principal teólogo defensor do
uso dos ícones na igreja foi João Damasceno ou João de Damasco. Em miúdos, o argumento de
Damasceno era de que os ícones são uma ajuda para os crentes adorarem corretamente a Deus. Lembremo-
nos que na época era alta a taxa de analfabetismo entre o populacho. Os ícones eram tido como a Bíblia
visível dos crentes. Lutero retoma esse argumento para conter os iconoclastas (opositores do uso de ícones)
da época da reforma. Imagens já existiam desde o Império Romano. Agora, com a cristianização do Império,
elas receberam um cunho cristão. Os sete concílios ecumênicos aceitos tanto por cristãos ocidentais quanto
orientais são: Nicéia I (325 dC); Constantinopla I (381 dC); Éfeso (431 dC), Calcedônia (451 dC);

4
Ariano é aquele que segue a doutrina de Ário, teólogo do século IV que foi resistido por Atanásio e condenado como
herege no Concílio de Nicéia em 325 dC (O primeiro concílio Ecumênico).
Constantinopla II (553 dC); Constantinopla III (680 dC); Nicéia II (787 dC). Suas principais contribuições
foram: Nicéia I estabeleceu que Jesus tem a mesma substância do Pai, isto é, Jesus é Deus. Constantinopla I
reconheceu que o Espírito Santo é tão divino quanto o Pai e o Filho, isto é, O Espírito Santo é Deus. O
concílio de Éfeso reconhece Maria como mãe de Deus (Theotokos), mas isso não para dignifica-la como
santa, mas para mostrar que o Filho por ela gerado com corpo e alma racionais e humanos é Deus tanto
quanto o Pai e o Espírito. O concílio de Calcedônia reconhece que Jesus é verdadeiramente homem e
verdadeiramente Deus, sem mistura, sem confusão, uma pessoa com duas naturezas. Um único Cristo é tanto
Deus quanto homem. Orígenes que já vimos, foi o primeiro a cunhar a expressão Deus-Homem. Aqui
também tem lugar as cruzadas. Existe uma inclusive em 1212, na França, que foi liderada por crianças. Deus
vult é o grito (Deus quer). Valendo-se da teologia da guerra santa de Agostinho, os cristãos empreenderam
guerras em contra ataque aos sarracenos ou mulçumanos. São Francisco de Assis e São Domingos estão
nesse período. O fundador das ordens dos franciscanos e dos dominicanos. Importante ressaltar que embora
reconheçamos os sete concílios, o Protestante aceita doutrinariamente apenas os quatro primeiros (Nicéia,
Constantinopla, Éfeso e Calcedônia).

Os principais personagens desse período são João Wycliffe e João Huss. O primeiro foi cognominado de
“Estrela da Alva da Reforma”. Era um pregador em linguagem simples. Rejeitou a transubstanciação.
Tradutor da Bíblia para o inglês. A autoridade da igreja é derivada da sua submissão à Palavra, ensinava.
Este último (Huss), defendia que Cristo é o cabeça da Igreja e não o papa. Pregava contra as indulgencias.
Defendia a infalibilidade da Bíblia. Defendia ainda que as duas espécies deviam ser dadas aos fiéis na Ceia
do Senhor. Huss, foi queimado vivo no Concílio de Constança em 1415. Ao ser queimado, dizia: “Hoje
vocês matam o Ganso (Huss em Tcheco é Ganso), mas daqui a cem anos nascerá um cisne que não matarão”.
Noventa e oito anos depois, nascia Martinho Lutero...

A IGREJA REFORMADA – DA QUEDA DE CONSTANTINOPLA AO FIM DA GUERRA DOS 30


ANOS (1453 – 1648 DC)

Igreja reformada não quer dizer igreja do zero. O cardeal Caetano, oponente católico romano de Martinho
Lutero no interrogatório de Augsburgo em 1518 insistia que o monge alemão queria estabelecer uma nova
igreja ao passo que Lutero rejeitou veementemente essa ideia. Os reformadores se viam apenas retornando ao
princípio, aos apóstolos. Eles estavam voltando às fontes. Martinho Lutero não desperdiçou toda a tradição
apostólica, eis o que ele disse em seu tratado contra os anabatistas: “Não agimos tão fanaticamente quanto os
Schwärmer (fanáticos). Não rejeitamos tudo que esteja sob o domínio do papa. Porque assim, deveríamos
rejeitar também a Igreja Cristã”. Os reformadores beberam profusamente de Agostinho, bispo em Hipona
que já vimos. Daí, se viam em estreita ligação com a igreja antiga, razão pela qual é equivocado dizer que o
protestantismo tem apenas 500 anos de história, poder-se-ia dizer que temos 500 anos de organização, de
história temos aproximadamente 2000 anos.

Igreja reformada não quer dizer inovação teológica. Lutero compôs dois catecismos. Melancton compôs uma
confissão de fé (A Confissão de Fé de Augsburgo). João Calvino escreveu as Institutas. Todos eles tiveram
como respaldo e modelo o Credo apostólico. O credo apostólico é um resumo de todo o ensino bíblico e
eclesiástico da Igreja. Nas palavras de Gordon J. Spykman:

“A tradição é o sangue da teologia. Separada da tradição, a teologia é como uma flor


cortada sem suas raízes e sem o solo, logo murcha na mão. Uma sã teologia nunca nasce
de novo. Ao honrar a sã tradição, se assegura a continuidade teológica com o passado.
Ao mesmo tempo, a tradição cria a possibilidade de abrir novas portas para o futuro.
Como diz o provérbio: ‘A tradição é o prólogo do futuro’”5.

Igreja reformada tem que estar sempre sendo reformada. Essa frase é de Gisbertius Voetius, um reformador.
Ele diz “Eclesia reformata semper reformanda est”, ou seja, a Igreja reformada deve estar sempre sendo
reformada. À luz da teologia bíblica, os crentes devem sempre analisar como ser relevantes para o seu
tempo, corrigir eventuais erros no percurso, devem de fato encarnar o Sola Scriptura (Somente a Escritura).
Foi dito, na época da reforma, que os católicos romanos gravitavam em torno das Escrituras enquanto que os
luteranos (representantes do movimento evangélico) estavam dentro. Ser reformado não é necessariamente
estar preso à forma litúrgica, mas deve sempre prezar para pregar o evangelho da graça de Deus. A guinada
reformatória se deu a partir de estudos bíblicos em Romanos 1:17.

Igreja reformada tem que posicionar-se contra os abusos eclesiásticos. Lutero se posicionou contra as
indulgências. A reforma na Suíça foi deflagrada de forma curiosa; durante a quaresma, Zwínglio, o pároco
local, foi visto dentro de uma casa onde os cristãos estava comendo salsicha. Associou-se que ele estava
comendo e, portanto, rompendo relações com a Sé Romana, quando na verdade, Zwínglio só estava presente.
Este foi o pontapé da reforma suíça. Mais tarde, Zwínglio se posiciona contra os ícones (retomando a
controvérsia iconoclasta) dando origem à tradição reformada calvinista.

A tradição anglicana surge primeiramente por causa de desavença política entre o rei Henrique VIII e o Papa.
Henrique tinha várias esposas e nenhum filho homem. Queria, por essa razão, casar novamente e o Papa
impediu o seu divórcio com a principal esposa. Ele então rompe com a Sé Romana. Depois de muitos anos e
desavenças, O protestantismo entra na Inglaterra com Eduardo VI como imperador e Thomas Cranmer,
Ridley e Latimer, como reformadores ingleses. Daí surge o puritanismo e o metodismo. João Wesley e
George Whitefield eram ministros anglicanos. A Inglaterra e a Escócia eram lideradas pelo mesmo monarca
e Jonh Knox foi o pai do presbiterianismo e do puritanismo.

Há ainda uma outra ala protestante: Os anabatistas ou rebatizadores. Também chamados de reformadores
radicais. Enquanto Lutero, Calvino, Zwinglio Knox trabalhavam lado a lado com a autoridade secular, por
isso eram chamados de reformadores magisteriais, esses outros irmãos eram radicais por defenderem a
completa independência da Igreja e o Estado, rejeitavam ainda o batismo infantil. Não se alistavam para o
exército. Tomavam o sermão do monte em estreita obediência, eram “desarmamentistas” no atual conceito e
eles entediam que o Lava-Pés devia ser o terceiro sacramento da igreja. Seus principais lideres foram
Conrado Grebel Baltasar Hubmaier e Meno Simons. Subdividiam-se em três grupos: Espiritualistas que
priorizavam a luz interior do Espírito Santo; racionalistas anti-trinitarianos que priorizavam a razão em
detrimento da fé. Miguel Serveto fazia parte deste grupo. Anabatistas propriamente ditos.

Os reformados do século 17 caíram no que foi chamado de Escolasticismo Protestante. Período que a crença
correta era priorizada em detrimento da vida devocional. Era mais importante saber do que viver. Nessa
época os sermões eram disputas de conhecimento entre pastores de igrejas. O povo mesmo não sabia como
aplicar a verdade de Deus para sua vida. Os movimentos de avivamento iniciam-se aqui como uma reação a
uma crença fria. Os Collegia Pietatis ou grupos de piedade começam aqui deflagrando o movimento pietista
dentro da tradição luterana com Jacob Spener. Esse movimento influenciaria também João Wesley, George
Whitefield, George Müller, o pai dos órfãos de Bristol, na Inglaterra. Dentro desses pequenos grupos de
piedade, Spener propõe que se estudasse a Bíblia e procurasse aplicações para o dia-a-dia de cada crente. Ele
via isso como uma igreja dentro da igreja (Ecclesiolae in Ecclesia). Com isso dizendo que não se separavam
da igreja local, mas que havia espaço para aqueles que quisessem se aprofundar na fé cristã.

5
AQUINO, Bibo Rodrigo, Mosaico Teológico Um esboço das doutrinas Cristãs, vol. 1, 2ª Ed, Joinvile, BTBOOKS, 2014,
p.11.
Zinzendorf sendo luterano autodidata em teologia recebe na sua fazenda um grupo de irmãos da “Vida
Comum”, movimento que influenciou Lutero na Universidade. Ao recebê-los, eles se propõem a ter grupos
de oração por 24hs todos os dias revezando os grupos. Daí surge os morávios. Esse grupo de oração pede
que Deus derrame seu Espírito e receberam da parte de Deus o ímpeto para as missões. O lema dos morávios
era “nosso Cordeiro venceu, vamos segui-lo”. Eles eram conhecidos como povo da Páscoa e seguidores do
Cordeiro. Zinzendorf tinha uma frase solene: “Ensine sobre o Cordeiro de Deus até que você já não lhes
possa contar nada mais".

Esse ímpeto missionário avança até que o “Novo Mundo”. Falamos agora dos Estados Unidos da América.
Os Pais fundadores dos EUA eram protestantes vindo de outras nações, especialmente Inglaterra. Nos
Estados Unidos, Deus levanta muitas mentes brilhantes para o evangelicalismo; dentre elas, a figura
proeminente de Jonathan Edwards. O autor do célebre sermão “Pecadores nas mãos de um Deus irado”.
Calvinista em sua teologia, esse pastor em Northampton foi um importante instrumento para o avivamento
que varreu a Colônia Americana. Ele foi despedido após 23 anos de pastorado por não concordar com o
conselho em abrir a Ceia do Senhor para os descrentes na Igreja. Ele tem um excelente e best-seller livro já
traduzido para o português chamado Afeições religiosas. Ele foi um dos lideres do primeiro grande
despertamento americano. Esse primeiro grande despertamento é essencialmente calvinista em sua teologia
por ser encabeçado por Edwards, Whitefield e outros calvinistas. O próprio Edwards experimentou
avivamento em sua paróquia entre 1740-1742. Edwards parece ter sido um teologo esquecido já nas gerações
seguintes, pois, Schleiermacher ignora ao que parece, seu afeições religiosas e estabelece que a verdadeira
religião é ter o sentimento de absoluta dependencia de Deus e Charles Finney parece associar avivamento ao
numero de “supostas adesões” a Cristo Jesus. Vale a pena ressaltar que Finney foi o inventor do “apelo” a se
aceitar Jesus. Edwards é um bom teólogo para fazer-nos lembrados de que, primeiro, todo bom teólogo tem
seu ‘pé de barro’. Ele era antissocial. Ele era viciado em Rum e Chocolate no café da manhã. Segundo, para
nos lembrar que teólogos reformados podem buscar o avivamento e os dons espirituais a despeito de tantas
confusões no meio carismático e pentecostal. Apesar de sua instrumentalidade tamanha, Edwards também
apoiava a escravidão. A partir de seu filho e outro de seu discípulo é que o cenário começa a mudar. A nível
nacional o cenário muda apenas com William Wilbeforce. Esse periodo presencia a abertura da primeira
escola dominical em 1780 por Roberto Raikes, em Gloucester. Foi um dos primeiros passos na educação
popular da Inglaterra, como também o começo do movimento mundial das Escolas Dominicais. A Escola de
Raikes era destinada às crianças pobres que cresciam na ignorância, e ministrava tanto educação secular
como religiosa. A consciência cristã da Inglaterra, despertada por Wilberforce e outros evangélicos, aboliu o
comércio de escravos.

Como esse periodo é repleto de bons teólogos, a escolha de um personagem de destaque fica por conta de
cada estudante. A meu ver, o maior deles foi Martinho Lutero por sua paixão e zelo pela Palavra Escrita de
Deus. Uma frase célebre de Lutero para fecharmos o período:

NÃO IMPORTA O QUE ACONTEÇA, TU DEVERÁS DIZER ‘EIS A PALAVRA DE DEUS; ELA
MINHA ROCHA E ÂNCORA E NELA EU CONFIO’.

A IGREJA MODERNA – DO FIM DA GUERRA DOS TRINTA ANOS ATÉ HOJE (1648 –
PRESENTE)

Com Edwards adentramos o período da igreja moderna. Aqui falaremos da igreja no Brasil. A primeira
tentativa de implantação protestante em terras tupiniquis se dá ainda no século 16. João Calvino envia ao
Brasil uma delegação de pastores protestantes. A tentativa foi frustrada pela traição do principal lider da
expedição ao voltar-se para o catolicismo romano e matar seus companheiros de viagem. Após o tratado de
comércio com a Inglaterra em 1810, abre-se caminho para estabelecer denominações magisteriais no país.
Estabelece-se primeiro as igrejas históricas. A primeira a vir para o Brasil foi a Igreja da Inglaterra:
Anglicana. A segunda, filha desta, Metodista. A terceira, Luterana, oficialmente em 1845. A quarta, a Igreja
Congregacional, com Robert Kalley e Sarah Kelley. Kalley fundou no Rio de Janeiro a
igreja Evangélica Fluminense, Sara Kelley foi uma profícua autora de hinos. Deve-se muita coisa à ela da
hinologia do seculo 19 e 20. Com a chegada de Simonton ao Brasil tem início a Igreja Presbiteriana do
Brasil em 12 de Agosto de 1859. Um fato notável para o presbiterianismo brasileiro é a conversão do
primeiro padre brasileiro ao protestantismo tupiniquim: José Manuel da Conceição. Ardente evangelista em
MG, SP e RJ. Conceição foi o primeiro sacerdote ordenado no Brasil. É no Brasil também que o movimento
pentecostal ganha destaque com Gunnar Vigren e Daniel Berg, fundadores da Assembléia de Deus no Brasil,
no estado do no Pará em 1910. Em 1910, surge no Brasil a Congregação Cristã no Brasil, fruto de uma cisão
da IPB em SP, por parte de Louis Francescon , um ítalo-americano. Daniel Berg e Gunnar Vigren eram
batistas suecos que tiveram contato com a teologia do movimento de santidade (Igreja Holiness) pastoreada
por Charles Parham, professor do Instituto Bíblico no Texas. O principal expoente do pentecostalismo nesse
período foi o pastor William Seymour, um pastor negro, que sofria racismo por parte de Parham a tal ponto
de não poder participar do culto no salão principal. Tendo contato com as ideias de Parham e Seymour, esses
batistas suecos são expulsos de sua igreja por causa da teologia do Espírito Snto com ênfase em falar em
linguas. Expulsos de lá, viajam até o Brasil. Aqui são expoentes do que se convencionou chamar da primeira
onda do pentecostalismo, cuja ênfase era falar em linguas. O pentecostalismo pode ser dividido em quatro
ondas: Clássica, Cura Divina, Igrejas renovadas e NeoPentecostalismo. A Clássica enfatiza o falar em
linguas como segunda benção e sinal de que foram batizados com o Espírito Santo, principal representante é
a Assembléia de Deus. O segundo grupo enfatiza a cura divina tem seu representante maior a Igreja do
Evangelho Quandragular fundada por Aimêe Mcpherson baseada numa interpretação de Apocalipse 21:16:
“A cidade [Nova Jerusalém] era quadrangular [NAA: Tinha a forma de um quadrado]”. A terceira onda,
renovados ocorre principalmente na decada de 1960 com Dennis Bennett, pastor anglicano, que alegou ter
recebido a glossolalia (falar em linguas). O movimento se espalhou rapidamente sobre as igrejas históricas e
deu origem às igrejas renovas, como por exemplo, Metodista Renovada, Presbiteriana Renovada. Quarta
onda, Neopentecostalismo está ligado intimamente à Roberto Mcalister, pai do Bispo Walter McAlister, da
Igreja Cristã Nova Vida. Ele, inclusive, escreveu um livro sobre a origem do neopentecostalismo no Brasil e
como seu pai se aproximou da tradição reformada no fim da vida. Da ICNV, saiu Edir Macedo, Romildo
Ribero Soares (R. R. Soares). Ambos são cunhados. Fundaram juntos a Igreja Universal do Reino de Deus
(IURD). Após algum desentendimento, R. R. Soares funda a IIGD, (Igreja Internacional da Graça de Deus).
Essas duas são as principais matrizes do movimento neopentecostal Brasileiro. Silas Malafaia, após a morte
do seu sogro, também adentrou no campo. Estes pastores bebem de Morris Cerullo, Keneth Hagin, T. L.
Osborn. De duas cisões na IURD, saem, respectivamente, Valdomiro Santiago e Agenor Duque.
Fundadores da Igreja Mundial do Poder de Deus (IMPD) e Igreja Plenitude do Trono de Deus (IPTD). A
teologia de todos esses ‘apóstolos, missionários e bispos’ é a teologia da prosperidade.

Esse período experimenta um declínio da teologia ortodoxa para a teologia Liberal. O principal professor
desta linha teologica é Friedrich Schleiermacher. Ele foi educado na tradição pietista estabelecida por Jacob
Spener, mas dada às descobertas arqueológicas, ao darwinismo, deísmo e etc, ele abandona a crença no
sobrenatural, abrindo caminho posterior para Rudolf Bultmann o demitologizador do Novo Testamento. Em
miúdos, Bultmann dizia que o Novo Testamento é cheio de mitos, e muitos desses mitos se tornaram as
narrativas dos milagres que Jesus e os apóstolos fizeram. Reagindo à essa linha de pensamento após a 1ª
Guerra Mundial, temos a figura do controvertido teólogo suiço Karl Barth. Sua exposição do Credo é ainda
hoje uma das mais excelentes que há. Infelizmente sua Dogmática da Igreja ficou incompleta e ainda não foi
traduzida para o Brasil. Barth é o principal expoente da Neo-Ortodoxia, junto com Emil Brunner, Paul
Tillich e Oscar Cullmann. A Neo-Ortodoxia foi um resgate da teologia antiga. Principalmente de Lutero e
Calvino. Barth começou a ter vida devocional quando varios pastores tinham apenas formação acadêmica. É
Sua a célebre frase: “Sermão é luta com Deus; se for só informar, melhor ler um jornal”. Ele é um dos
autores da Declaração teológica de Barmen. Em que reafirma o compromisso de confessar a fé da Igreja de
Jesus ao longo da história.

Eles se comprometem com a fé histórica da igreja ao dizer, entre outras coisas:

“Jesus Cristo, como nos é atestado na Sagrada Escritura, é a única Palavra de


Deus que devemos ouvir, e em quem devemos confiar e a quem devemos obedecer na
vida e na morte. Rejeitamos a falsa doutrina de que a Igreja teria o dever de
reconhecer — além e a parte da Palavra de Deus — ainda outros acontecimentos e
poderes, personagens e verdades como fontes da sua pregação e como revelação
divina.” [Declaração teológica de Barmen, 8.11-12].

“Rejeitamos a falsa doutrina de que à Igreja seria permitido substituir a forma de


sua mensagem e organização, a seu bel-prazer ou de acordo com as respectivas
convicções ideológicas e políticas dominantes” [Declaração Teológica de Barmen,
8.18].

A missão da Igreja, na qual repousa sua liberdade, consiste em transmitir a todo o


povo — em nome de Cristo e, portanto, a serviço da sua Palavra e da sua obra pela
pregação e pelo sacramento — a mensagem da livre graça de Deus [Declaração
Teológica de Barmen, 8.26].

Karl Barth é o teólogo deste período. Indicaríamos também Dietrich Bonhoeffer e seu excelente livro
Discipulado. José Manuel da Conceição também merece destaque por ser nosso conterraneo.

A História da Igreja de Jesus Cristo está aí para nos mostrar que é tarefa da igreja testemunhar fielmente o
ensino bíblico e também se acomodar às necessidades de cada tempo. Outra coisa que a história nos lega é
que a cada ano se cumpre a promessa de Jesus: “As portas do Inferno não prevalecerá contra ela”. A cada
geração, a cada ataque, a igreja tem sido graciosamente guardada por Deus em Cristo Jesus. Por ultimo, a
história está aí para nos lembrar que quem não aprende com a história está fadado à repetir seus erros.
Muitos dos equívocos teológicos, se não todos, já ocorreram nos dois mil anos de Igreja. O caminho para
testemunhar fielmente já foi dado pelos cristãos anteriores. O instrumento já foi legado por Deus: A Espada
do Espírito. É hora de olhar pro retrovisor pra poder vislumbrar o futuro da Igreja com poder.

Você também pode gostar