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Leticia Roldi Passamani 1

Direito Processual do Trabalho - Bezerra

TEORIA GERAL
- Integra o DireitoPúblico.
- Suas fontes normativas estão no próprio ordenamento jurídico estatal.
- Somente o Estado tem o poder de editar normas de direito processual.

Fontes do Direito Processual do Trabalho

1. Fontes materiais e formais:


a) Fontes materiais:
São as fontes potenciais do direito processual do trabalho e emergem do próprio direito
material do trabalho. As fontes materiais são os próprios fatos materiais, vez que o direito processual
visa à realização do direito material. Este, por sua vez, encontra a sua fonte substancial nos fatos sociais,
políticos, econômicos, culturais, éticos e morais de determinado povo em
dado momento histórico.

b) Fontes formais:
São as que lhe conferem o caráter de direito positivo. São as fontes formais são aquelas que
estão positivadas no ordenamento jurídico. Dividem-se em:
-Fontes formais diretas: que abrangem a lei em sentido genérico (atos normativos e
administrativos editados pelo poder público) e o costume. Podem ser consideradas primárias (CLT,
CDC, Lei de Ação Civil Pública, etc.) ou subsidiárias (NCPC).
- Fontes formais indiretas: que são aquelas extraídas da doutrina e da jurisprudência.
- Fontes formais de explicitação: também chamadas de fontes integrativas do direito
processual, tais como a analogia, os princípios gerais de direito e a equidade. Na verdade não são
fontes em si, mas apenas servem para integrar quando não houver fontes diretas ou indiretas.

Princípios Constitucionais do Direito Processual

1. Acesso à justiça (CF, art. 5º, XXXV)

2. Devido processo legal, constitucional e justo (inciso LIV)


3. Ampla defesa (autor e réu) e contraditório (LV)

4. Duração razoável do processo (LXXVIII)

5. Fundamentação das decisões (art. 93, IX)

6. Princípio da proteçãoprocessual
Compensar a desigualdade existente na realidade socioeconômica entre empregado e
empregador, criando uma desigualdade jurídica em sentido amplo. Princípio da proteção se
subdivide em 3 subprincípios: prevalência da condição mais benéfica, in dubio pro operário e
interpretação da norma mais favorável ao trabalhador.

7. Princípio da finalidade social


Permite que o juiz tenha uma atuação mais ativa, podendo auxiliar o trabalhador até chegar o
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momento de proferira sentença, embusca de uma solução
justa.

8. Princípio da busca da verdade real

9. Princípio da indisponibilidade
Direitos dos trabalhadores previstos na CFsão indisponíveis

10. Princípio da conciliação


Art. 764 e 847, CLT.

11. Princípio da irrecorribilidade imediata das decisões


interlocutórias
Não é possível recorrer imediatamente das decisões interlocutórias, mas no recurso como
preliminar.
O TST, no entanto, criou exceções:

SUM-214 DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE - Na


Justiça do Trabalho as decisões interlocutórias não ensejam recurso
imediato, salvo nas hipóteses de decisão:
• De Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação
Jurisprudencial do Tribunal Superiordo Trabalho;
• Suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal;
• Que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos
autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo
excepcionado.

12. Princípio da normatização coletiva


A justiça do trabalho pode nos dissídios coletivos de natureza econômica, criar normas –
cláusulas e condições – aplicáveis às relações de trabalho.
# Dissídios coletivos pode ser: jurídicos (o juiz não cria normas, mas apenas interpreta),
econômicos (o juiz cria normas)ou mistos (greve).

13. Dispositivo/demanda
O juiz deve ficar adstrito ao pedido da parte.
Exceção – princípio da ultrapetição: o juiz do trabalho pode decidir de forma diferente da
requerida. Ocorre quando a lei permite que, na concessão de um determinado direito, seja concedido
outro ao autor, por serem pedidos interligados.

14. Princípio do impulso oficial


O juiz pode impulsionar os atos de ofício, mesmo se a parte não requerer.

15. Instrumentalidade
Se não houve prejuízo, não há que se falar em nulidade.

16. Impugnação especificada


O réu deve se defender de todos os fatos da acusação, sob pena de se presumirem verdadeiros
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aqueles não contestados.

17. Simplicidade das formas


# Juspostulandi só é permitido nas instâncias ordinárias (1ª e 2ª instancias).

18. Celeridade
Decorre do caráter alimentar dos créditos trabalhistas.
19. Despersonificação do empregador
A reforma trabalhista disse que agora esse instituto deve obedecer aos mesmos requisitos do
NCPC. Essa questão, porém, é controvertida na doutrina.

20. Proibição da decisãosurpresa

Lacuna no NCPC

Art. 15, NCPC: “na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou
administrativos, as disposições deste código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente”.
O CPC tem aplicação subsidiária a CLT – hipótese de lacuna total, diferentemente das
situações em que há aplicação supletiva, vez que a lacuna é parcial.
Há 03 principais espécies de lacunas (Maria Helena Diniz):
- Normativa: há ausência de norma sobre determinados casos.
- Ontológica: existe a norma, mas ela sofre de um claro envelhecimento em relação aos
valores que permeavam os fatos sociais, políticos e econômicos que a inspiraram no passado, isto é, no
momento da sua vigência inicial. Noutro falar, a norma não mais corresponde aos atos sociais, em
virtude da sua incompatibilidade histórica com o desenvolvimento das relações sociais, econômicas
e políticas. Ex.: união estável entre pessoas do mesmo sexo.
- Axiológica: ausência de norma justa, isto é, existe um preceito normativo, mas se for
aplicado, a solução do caso será manifestamente injusta.

EficáciadasNormasdeDireitoProcessualdoTrabalho

1. Eficácia da norma processual trabalhista no tempo (direito intertemporal)


- Isolam-se os atos processuais a fim de verificar em qual momento foram aplicados. Tempus
regit actum. Ou seja, os atos realizados durante a vigência da lei anterior devem estar com ela de
acordo, e os atos realizados na vigência da reforma trabalhista a ela devem observar.
A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso,
respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma
revogada (3ª corrente).
2. Eficácia da norma processual trabalhista no espaço
# Princípio da territorialidade.
A norma mais favorável no caso em concreto é que será aplicada, ainda que exista tratado.

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Competência na Justiça do Trabalho

# Comissão de Conciliação Prévia: foram propostas várias ADIN’s contra o artigo 625-D da
CLT, mas o STF não o declarou inconstitucional, interpretando-o conforme a Constituição e, assim, a
passagem pela CCP é facultativa, podendo o trabalhador ir direto ao Judiciário, ainda que tenha a CCP
na empresa ou no sindicato da categoria.

o Relações de trabalho:

- Mas e o servidor público:


A relação de trabalho (gênero) no âmbito da administração pública pode ter, a nosso ver, duas
espécies: a relação estatutária e a relação empregatícia.
retirou a competência da JT para julgar as ações de servidores públicos. Assim, se for servidor
público estadual, a competência será da justiça estadual, e se for federal, a competência será da justiça
federal.
- Servidores temporários: no caso de a lei não prever que o regime é celetista, sendo esses
servidores, então, estatutários, a competência para julgar é da Justiça Comum. Se o regime for celetista,
a competência será da Justiça doTrabalho.
- Servidores efetivos:se regidospelaCLT, a competência é daJT.

o Acidente do trabalho:

Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:


VI - as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes
da relação de trabalho;

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:


I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal
forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes,
exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça
Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

E se for o trabalhador avulso? A competência será da Justiça do trabalho. presente Título e na


forma estabelecida pelo processo judiciário do trabalho.

E se for o servidor estatutário? A competência será da JC, não importando se é


vinculado ao município, ao estado ou à união.
- “A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ações de indenização por dano
moral e material, decorrentes da relação de trabalho, inclusive as oriundas de acidente de trabalho e
doenças a ele equiparadas, ainda que propostas pelos dependentes ou sucessores do trabalhador
falecido”.
- Quem concede o benefício previdenciário (auxílio doença; auxílio doença) para o acidente do
trabalho é a Justiça Comum Estadual. Mas supondo que o empregado queira propor uma ação em
face do INSS, pedindo, por exemplo, a revisão do benefício previdenciário, a competência será
da Justiça Federal.

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o Greve:

A competência para processar e julgar os dissídios coletivos é original e funcionalmente


dos Tribunais (Superior ou Regionais) do Trabalho. Logo, os juízes das Varas do Trabalho não tem
competência funcional para declarar a abusividade ou não da greve. No entanto, os juízes das Varas
do Trabalho têm competência para processar e julgar as ações que envolvam o exercício do direito de
greve.

Súmula Vinculante 23. A Justiça do Trabalho é competente para processar e


julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de
greve pelos trabalhadores da iniciativa privada.

Assim, só não será da competência da JT se se tratar de ação possessória que envolva o


exercício do direito de greve de servidores públicos estatutários ou regidos por regime jurídico
administrativo.
Apesar de a competência para julgar o dissídio coletivo seja do TRT ou do TST, conforme o
âmbito de abrangência da greve (se regional ou nacional), como visto anteriormente a competência
para julgar a ação possessória decorrente do direito de greve é do JUIZ DO TRABALHO, ou seja, do
juiz do 1º grau.
Concluindo: compete a JT julgar todas as ações do exercício do direito de greve, desde
que se trate de categoria de empregados celetistas, incluindo aqui os servidores públicos,
trabalhadores avulsos, e empregados rurais ou urbanos.

o Representação sindical:
Pode ser decidida meritoriamente pela JT, produzindo coisa julgada material e sendo objeto de
ação rescisória.
# Lembrar que compete a JT julgar os conflitos inter e intrasindicais celetistas. Se a discussão
envolver representatividade sindical de servidores públicos estatutários tratando-se de relação
institucional e não de trabalho, deve ser julgada pela JC.

o MS, HC, HA:

- Mandado de segurança:
Os juízes das Varas do Trabalho são competentes para processar e julgar MS e HD. Obs. 1:
lembrar que a JT não tem competência para julgar a processar MS impetrado por servidor
público estatutário.

o Conflito de competência:
Ocorre quando dois órgãos se proclamam competentes (conflito positivo) ou
incompetentes (conflito negativo) para processar e julgar determinado processo.
Podem ocorrer entre:
- Juízes do trabalho e juízes de direito investidos na jurisdição da JT.
- Tribunais Regionais doTrabalho.
- Juízos e Tribunais do Trabalho e órgãos da Justiça Ordinária.
De acordo com a Súmula 420, TST, não se configura conflito de competência entre Tribunal
Regional do Trabalho e Vara do Trabalho a ele vinculada.
São legitimados para suscitar: os próprios juízes e tribunais, o MPT ou as partes interessadas,
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desde que se trata de competência absoluta. A incompetência relativa só pode ser arguida pela parte.
A parte que ofereceu exceção de incompetência ou ao contestar arguiu preliminar de
incompetência absoluta do juízo não pode suscitar conflito de competência – preclusão lógica.

Os conflitos de competência serão resolvidos (CLT, art. 808):


- Pelos Tribunais Regionais, os suscitados entre Juízes do Trabalho e entre Juízos de Direito
investidos na jurisdição trabalhista, ou entre umas e outras, nas respectivas regiões.
- Pelo STJ, os suscitados entre Tribunais Regionais, ou entre Juízes do Trabalho e Juízes de
Direito sujeitos à jurisdição de Tribunais Regionais diferentes.
- Juízes vinculados a tribunais diversos a competência é
do STJ.
- Entre dois juízes do trabalho vai ser competência do TRT.
- Juiz de direito atuando como juiz do trabalho X juiz do trabalho a competência é doTRT.
- Entre vara do trabalho de um TRT e vara do trabalho de outro TRT, quem vai julgar o conflito
é o TST.
- Entre TRT de uma região e TRT de outra região a competência do
TST.
- Juiz do trabalho e juiz da justiça comum sem ser atuando como juiz do trabalho, competência do
STJ.
- Juiz do trabalho e juiz federal é o STJ. Art. 102, I, o,
CF: competência do STF:
-TST X STJ = STF
- TST X TRTS = STF
- STJ X TJ = STF

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o Dano moral oupatrimonial: Justiça Comum.

Competência territorial

Em regra, a competência territorial será a localidade onde foi prestado o serviço ou no


domicílio do empregado.
Se o empregado for agente ou viajante comercial, se não houver varas do trabalho no local da
prestação do serviço, a competência será do juízo localizado no seu domicilio ou, se não houver, no local
mais próximo do seu domicilio.
No caso de a empresa prestar serviços em outras localidades distintas do local do
contrato de trabalho (ex.: circo, Trombini, etc.), o empregado pode ajuizar ação no foro da
celebraçãodocontratoouonde estiver prestando oserviço.
No caso de empregado contratado para realizar trabalho em outro país, se houver tratado, deve
ser respeitado o foro por ele estabelecido. Se não, aplica-se a regra geral.
### O foro de eleição não é permitido na JT (art. 651, CLT).

o Exceção de incompetência:
A incompetência relativa deve ser suscitada em exceção de incompetência. A
incompetência absoluta pode ser alegada em preliminar de contestação ou em qualquer peça no curso
do processo.
A exceção de incompetência suspende o processo principal.
A não oposição de exceção de incompetência na primeira manifestação do reclamado
prorroga a competência do juízo.
A decisão proferida pelo magistrado é uma decisão interlocutória, a qual é irrecorrível de
imediato. Tal decisão só poderá ser recorrida no recurso ordinário, devendo fazer um protesto nos
autos para que a matéria não preclua.
Obs.: Caso acolhida a exceção e os autos sejam remetidos para outro tribunal regional, ou
seja, em outra região (outro estado), será possível interpor por recurso ordinário. Essa é a única
hipótese em que uma decisão interlocutória será recorrível por recurso ordinário.
Concluindo: o réu deve apresentar exceção de incompetência relativa 5 dias após ser
citado da RT. São contados dias úteis, não inclui o primeiro e inclui o último.

Ação Trabalhista

o Capacidade postulatória (jus postulandi) X representação por advogado


É a capacidade para postular em juízo. Trata-se de autorização reconhecida a alguém pelo
ordenamento jurídico para praticar atos processuais.
No processo do trabalho a capacidade postulatória é facultada diretamente aos
empregados e aos empregadores:
Pode-se dizer, portanto, que o jus postulandi, no processo do trabalho, é a capacidade
conferida por lei às partes, como sujeitos da relação de emprego, de postularem diretamente em
juízo, sem a necessidade de serem representadas por um advogado.

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o Assistência judiciária gratuita, benefício da justiça gratuita e princípio da


gratuidade
Primeiramente, deve-se distinguir a assistência judiciária gratuita do benefício da justiça
gratuita.
A assistência judiciária gratuita, nos domínios do processo do trabalho, é monopólio das
entidades sindicais. Na assistência judiciária gratuita, portanto, temos o assistente (sindicato) e o
assistido (trabalhador), cabendo ao primeiro oferecer serviços jurídicos em juízo ao segundo. A
assistência judiciária gratuita abrange o benefício da justiça gratuita. Por fim, a assistência judiciária
será prestada ao trabalhador ainda que não seja associado do respectivo sindicato.
Com efeito, o benefício da justiça gratuita pode ser concedido a requerimento da parte ou
de ofício, por qualquer juiz de qualquer instância a qualquer trabalhador, independentemente de
ser ele patrocinado por advogado ou sindicato, que litigue na JT, desde que perceba salário igual
ou inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do INSS.

Processo e Procedimento

SUMARÍSSIMO SÚMARIO
Causa até 40 salários-mínimos. Causas até 2 salários-mínimos.
Não podem ser partes as pessoas jurídicas É permitido que as pessoas jurídicas de
de direito público. direito público sejam partes.
2 testemunhas. 3 testemunhas.
A testemunha comparece espontaneamente,
mas, caso ela não compareça, o juiz determinará A testemunha comparece
a intimação somente se comprovar que houve o espontaneamente, mas, caso ela não
convite. compareça, o juiz mandará intimá-las.

Dispensa relatório. Não dispensa relatório.


Não dispensa depoimento pessoal. Dispensa depoimento pessoal.
Sentença irrecorrível, salvo se ofender
Sentença recorrível.
matéria constitucional.

o Procedimento comum ordinário


Art. 837 a852.
- Duas propostas de conciliação: uma na abertura da audiência e uma antes da sentença, após
as alegações finais. Se o juiz não refizer a proposta de conciliação, há nulidade? O TST, por muito
tempo, entendeu que havia nulidade se não houve a proposta de conciliação antes da sentença. No
entanto, diante da possibilidade de se fazer conciliação a qualquer tempo, não é mais reconhecida a
nulidade da sentença por isso.
- Linha do tempo: petição inicial, audiência, proposta de conciliação, resposta do reclamado,
instrução (máximo 3 testemunhas para cada parte), razões finais, renovação da proposta de
conciliação e sentença.
- A parte é que leva as testemunhas, mas se elas não
comparecerem, o juiz vai intimá-las.

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o Procedimento especial
Ex.: inquérito judicial para falta grave e procedimento de jurisdição voluntária (exige
advogado e não pode ser o mesmo para as partes).

Prazos processuais

CLASSIFICAÇÃO DOS PRAZOS:


1- Quanto à origem da fixação:
a) Legais;
b) Judiciais (art. 852-A, §4º, CLT): é o caso do prazo do perito e de prorrogação do prazo.
c) Convencionais: na justiça do trabalho as partes não podem convencionar sobre os
prazos, seria incompatível.

2- Quanto à natureza:
CONTAGEM DO PRAZO:
São contados em dias úteis, excluindo o dia do começo e contando o dia do vencimento (art.
775, CLT).
Há uma distinção entre o inicio do prazo e o inicio da contagem do prazo. O início do prazo é a
partir da publicação da decisão e o inicio da contagem do prazo é no dia seguinte ao da publicação.
Se a sentença for proferida na própria audiência, conta o prazo 48 horas depois da juntada da
ata da audiência no processo.
Quando a intimação for pelo correio no sábado, o inicio do prazo vai ser na segunda e na terça
vai começar a contagem do prazo.

Resposta do Réu

A CLT só prevê expressamente a defesa, embora no sentido de contestação, e duas


modalidades de exceção que podem ser com suspensão do processo: a exceção de incompetência e
desuspeição.
Não há regramento próprio na CLT a respeito da reconvenção.
o Exceções
No processo do trabalho, as exceções de suspeição (e de impedimento, segundo o
entendimento do professor) e de incompetência (relativa), não obstante suspendam o processo, deverão
ser apresentadas juntamente com a contestação, isto é, na audiência para a qual fora notificado o
reclamado.
O réu, no processo do trabalho, poderá oferecer mais de uma exceção ao mesmo tempo.
Por razões lógicas, a exceção de suspeição precede à de incompetência, pois o juiz suspeito nem
sequerpoderá declarar-se incompetente.
A exceção será processada nos próprios autos da reclamação trabalhista e a decisão que a
julganãoépassívelderecursodeimediato.
A exceção de incompetência, por sua vez, é relativa, em razão do lugar (diferente de
incompetência de foro, que é matéria absoluta).

CLT, Art. 800. Apresentada exceção de incompetência territorial no prazo de


cinco dias a contar da notificação, antes da audiência e em peça que
sinalize a existência desta exceção, seguir-se-á o procedimento
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estabelecido neste artigo.

Segundo essa súmula, as decisões interlocutórias são irrecorríveis de imediato, salvo em 3


hipóteses. Amaisimportantedelas éa daletrac, que fala de quando a
decisãointerlocutória acolher exceção de incompetência e terminar o
feito. Assim, se uma exceção de competência territorial alterar a competência de um juiz que é vinculado
ao TRT do ES, por exemplo, mandando o processo para um juiz do TRT do RJ, será considerada
uma decisão terminativa do feito, cabendo recurso ordinário.
# A decisão que acolhe incompetência absoluta (ex.: que remete os
autos para justiça comum por se tratar de causa em que a causa de pedir é estatutária) é decisão
terminativa do feito, pois sai da justiça do trabalho, cabendo RO.

Provas no processo do trabalho

o Ônus da prova
o Meios de prova

1) Depoimento pessoal e interrogatório


Tratando-se de prova obrigatória por lei e o reclamado não comparecer na audiência
inaugural, o juiz declarará a revelia, mas não aplicará os efeitos da revelia no tocante ao pedido
respectivo.
No tocante a audiência inaugural, aplica-se o seguinte:

CLT, Art. 844 - O não-comparecimento do reclamante à audiência importa o


arquivamento da reclamação, e o não- comparecimento do reclamado
importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato.

Com relação a audiência em prosseguimento, aplica-se a súmula 74, aplicando-se o


entendimento para ambas as partes:

CONFISSÃO. (atualizada em decorrência do CPC de 2015) – Res. 208/2016,


DEJT divulgado em 22, 25 e 26.04.2016
I - Aplica-se a confissão à parte que, expressamente intimada com aquela
cominação, não comparecer à audiência em prosseguimento, na qual
deveria depor.

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Para que a parte seja considerada como confessa, porém, é necessário constar
expressamente na ata que ela foi intimada para a audiência e que ela deveria depor sob a pena de
confissão.
A prova pré-constituída nos autos pode ser levada em conta para confronto com a confissão
ficta, não implicando cerceamento de defesa o indeferimento de provas posteriores.

2) Testemunhal
Quem não pode ser testemunha?

CLT, Art. 829 - A testemunha que for parente até o terceiro grau civil, amigo
íntimo ou inimigo de qualquer das partes, não prestará compromisso, e
seu depoimento valerá como simples informação.

O indeferimento da oitiva de testemunhas, se a parte não concordar, deve ser impugnado


por meio de protesto nos autos, para, posteriormente, alegar emRO.
A testemunha arrolada que também litiga contra o empregador e postula o mesmo que o
reclamante na ação em que foi arrolada pode ser testemunha? Sim, no entanto, o reclamado pode
provar que ela possui algum dos impedimentos para depor.

SÚMULA Nº 357 - TESTEMUNHA. AÇÃO CONTRA A MESMA


RECLAMADA. SUSPEIÇÃO. Não torna suspeita a testemunha o simples
fato de estar litigando ou de ter litigado contra o mesmo empregador.

- No procedimento comum ordinário são 3 testemunhas.


- No procedimento sumário são 3 testemunhas.
- No procedimento sumaríssimo são 2 testemunhas.
- No inquérito judicial são 6 testemunhas.

3) Documental:
No processo do trabalho, a prova documental pode ser relativizada em face da prova material
produzida, visto o princípio do direito material da primazia da realidade e busca da verdade real.
Assim, a prova testemunhal pode formar a convicção do magistrado contrária à prova documental,
o que é muito diferente do processo civil.
O art. 830 da CLT prevê que: “o documento em cópia oferecido para prova poderá ser
declarado autêntico pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal”.
No Mandado de Segurança, a prova deve ser documental e pré- constituída. Se o advogado
não juntar os documentos em cópia e autenticados, o juiz indeferirá a petição inicial. Em se
tratando de mandado de segurança, é inaplicável o artigo 321 do CPC (emenda da inicial diante de
irregularidade) quando verificada a ausência do documento indispensável ou de sua autenticação.

4) Pericial:
Existem casos em que a prova pericial é obrigatória, a exemplo do art. 195, CLT:

Art. 195 - A caracterização e a classificação da insalubridade e da


periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão
através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do
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Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho.

Quem deve pagar a perícia e o assistente técnico? A perícia será paga por quem for
sucumbente no pedido da perícia. Assim, o pagamento não é antecipado.
O juiz não está adstrito ao laudo, mas ele terá que ser
fundamentação bem razoável para poder afastar o laudo do perito.

5) Inspeção judicial:
Tem sido bastante utilizada, principalmente no caso das horas in itinere. O juiz pode de
ofício realizar essa inspeção? Sim.

Sentença e coisa julgada no processo do trabalho

o Diferença entre sentenças terminativas e definitivas


- Terminativa: é quando o juiz não aprecia o mérito.
- Definitiva: ocorre quando há apreciação do mérito.
Sistema Recursal

o Princípios recursais trabalhistas

a) Duplo grau de jurisdição:


O duplo grau é princípio implícito extraído dos princípios da ampla defesa e do contraditório,
que norteia a natural necessidade humana se rever as decisões proferidas. O duplo grau é princípio
inerente a recursos de natureza ordinária, cujo objetivo é provocar a revisão, o reexame, de toda a
matéria fática e jurídica.
Nas causas de alçada – rito sumário (até 2 salários mínimos), como já vimos, não cabe recurso,
salvo se versar sobre matéria constitucional.

b) Irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias:


# Tomar cuidado com o art. 897 que fala do cabimento do agravo de instrumento das decisões
que denegam seguimento de recurso por falta de um dos pressupostos de admissibilidade recursal. E
lembrar que cabe agravo de petição nas decisões na execução.
O princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias encontra-se previsto no
parágrafo primeiro do art. 893 da CLT. Cabe recurso das decisões interlocutórias apenas com efeito
diferido, ou seja, feito o protesto nos autos, caberá reexame da decisão no recurso ordinário como
preliminar.
Lembrar que decisão sobre exceção de suspeição, a parte manifesta seu inconformismo e alega
novamente no recurso. Se for decisão de exceção de incompetência que terminar o feito no processo
do trabalho, cabe recurso ordinário.
Por força da súmula 214 do TST, cabe recurso ordinário que acolhe exceção de incompetência
territorial e remeter os autos para juízo do trabalho vinculado a outro tribunal.

c) Princípio da simplicidade/interposição por simples petição (CLT, art. 899) e


princípio da dialeticidade (TST, súmula 422):
O art. 899 da CLT prevê que “os recursos serão interpostos por simples petição e terão
efeito meramente devolutivo, permitida a execução provisória até a penhora”. O recurso por
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simples petição não significa exonerar a parte de trazer argumentos palpáveis para que o juízo ad quem
analise o acerto ou não da decisão, bem como qual reforma ele deve proferir. Não é necessário o
formalismo do CPC, mas o conteúdo deve estar bemclaro.
O princípio da dialeticidade ou da discursividade está vinculado ao efeito devolutivo. O
CPC exige uma regularidade formal no recurso, devendo o recorrente impugnar o capítulo da
sentença pelo qual está inconformado, expondo os motivos para tal. Em decorrência do princípio da
dialeticidade, todo o recurso deverá ser devidamente fundamentado, expondo o recorrente os motivos
pelos quais ataca a decisão impugnada e justificando seu pedido de anulação, reforma,
esclarecimento ou integração. Trata-se, na verdade, da causa de pedir recursal. A amplitude das
matérias dessa fundamentação divide os recursos entre aqueles que tem fundamentação vinculada e os
que tem fundamentação livre

d) Princípio da singularidade ou unirrecorribilidade:


Para cada decisão, só existe um tipo de recurso previsto em lei cabível. Para cada decisão
existe um recurso cabível.

e) Princípio da fungibilidade:
Em caso de manifesta dúvida quanto ao cabimento do recurso, havendo a possibilidade
aparente de interposição de dois recursos, o julgador poderá receber o recurso interposto
erroneamente como aquele que deveria ter sido interposto.
No processo do trabalho, não há possibilidade de mais de um recurso para a mesma
decisão, motivo pelo qual não há aplicação da fungibilidade no processo do trabalho.
No entanto, a súmula 421, II, do TST, dispõe que se a parte opor embargos de declaração
de decisão monocrática, pedindo efeito modificativo, sem haver um dos 4 vícios, o relator converterá
os embargos em agravo interno (ou regimental, se houver previsão no regimento interno), em face
dos princípios da fungibilidade e celeridade processual, submetendo-o ao pronunciamento do
Colegiado, intimando-se o recorrente para, em 5 dias, complementar as razões recursais, ajustando- as
ao art. 1021, parágrafo 1º, do CPC.

f) Princípio da voluntariedade:
O recurso é ato voluntário das partes.
E a remessa necessária (ou recurso ordinário ex officio previsto no Decreto-Lei nº 779/69)?
Quando o juiz julga uma causa total ou parcialmente procedente contra pessoa jurídica de
direito público, é necessário que ele remeta os autos ao Tribunal para que a decisão seja mantida ou
reformada, não estando sujeita ao contraditório, não cabendo recurso adesivo. É por isso que o Nelson
Nery defende que a remessa necessária é uma condição de eficácia da decisão.
Se o juiz não remeter de ofício os autos para o Tribunal, o Presidente do Tribunal pode
avocar a remessa dos autos para que ele julgue.
g) Princípio da proibição da reformatio in pejus:
Se a parte recorre da sentença sobre o capítulo que foi prejudicado, o acórdão não poderá
reforma-la para prejudicar a parte, salvo em caso de recurso pela outra parte que devolva a matéria para
o Tribunal ou em caso de matéria de ordem pública reconhecível de ofício.
Nas questões processuais não precisa respeitar esse princípio, só nas questões relacionas ao
mérito.
O art. 1013, parágrafo 2º c/c art. 485, parágrafo 3º, ambos do CPC, versa sobre o caso de a parte
ser manifestamente ilegítima, mas o juiz analisar o mérito e julgar procedente os pedidos, o
Tribunal poderá conhecer o recurso da parte ilegítima que recorrer do capítulo que reconheceu a
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sua ilegitimidade, e, se entender que a parte é de fato ilegítima, poderá anular a sentença, pois o
juiz a quo deveria ter extinguindo todo o feito sem resolução de mérito. Isso o professor entende
que é a aplicação do efeito translativo, que é quando as matérias de ordem pública são automaticamente
transferidas para o juízo ad quem, sem previsão no recurso da parte. O efeito translativo não colide com
o princípio da proibição da reformatio in pejus.

h) Princípio da taxatividade:
Os recursos tem que estar previstos em lei ou, excepcionalmente, nos regimentos internos
dos tribunais, e, portanto, quando se fala em recurso, a interpretação é sempre restritiva. Mesmo
assim, há quem sustente que os recursos previstos nos regimentos internos são inconstitucionais,
visto que eles teriam que restringir a tratar de procedimento e recurso é matéria processual.

i) Princípio da manutenção dos efeitos da decisão (899, CLT; 895, NCPC):


Proferida a decisão, ela produz efeitos de imediato.

o Efeitos
1) Devolutivo: o art. 899 prevê que os recursos interpostos terão efeitos apenas
devolutivos, possibilitando a execução provisória até a penhora.
O TST segue a doutrina que divide o efeito devolutivo em “extensão e profundidade”,
conforme dispõe a sumula 393:
- Em extensão (art. 899, CLT; e 1013, CPC).
- Em profundidade (art. 1013, parágrafo 1º, CPC): só vai haver transferência das
questões ao juízo ad quem relativamente ao capítulo impugnado.
As questões de ordem pública conhecidas de oficio são automaticamente transferidas ao
tribunal pelo efeito translativo.

2) Suspensivo: só no caso do dissidio coletivo, mas se admite a tutela provisória cautelar


para dar efeito suspensivo ao recurso ordinário.

3) Diferido: posterga o exame da decisão interlocutória quando da análise que couber da


decisão final.

4) Translativo (arts. 1013, parágrafos 1º e 2 c/c 485, parágrafo 3º): transfere ao tribunal a
apreciação dos fundamentos da inicial ou da defesa não examinados pela sentença ainda que não
renovados em contrarrazões, desde que relativos ao capitulo impugnado. Isso ocorrerá quando se
tratar de matéria de ordem pública cognoscível de ofício.

5) Substitutivo (art. 1008, CPC): só ocorrerá quando houver reforma da decisão. Quando
houver anulação não, visto que deverá ser proferida

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nova sentença. E quando o tribunal extingue de ofício o processo por força do efeito translativo? Esse
acórdão substituirá a sentença.

6) Extensivo (art. 1005, CPC): o recurso interposto por um dos litisconsortes a todos
aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus interesses.

7) Regressivo (art. 332, CPC): o próprio juiz que proferiu a decisão pode revê-la. É o juízo
de retratação.

8) Expansivo (art. 1013, parágrafo 3º, CPC): aplica-se quando o Tribunal anular a
sentença, mas resolver o mérito quando o processo estiver em condições de imediato julgamento.

9) Modificativo (art. 897-A, parágrafo 2º, CLT; TST, súmula 421): todos os recursos tem.
O efeito modificativo existe no caso do juízo ad quem reformar a sentença. No caso de embargos de
declaração, será feito pelo próprio órgão julgador que proferiu a decisão impugnada.

10) Interruptivo (CLT, 897-A, parágrafo 3º): é inerente apenas aos embargos de declaração,
de interromper o curso dos prazos dos demais prazos recursais. Só não haverá o efeito interruptivo,
quando os ED’s não foremconhecidos nas hipóteses do art. 497-A, parágrafo 3º, da CLT.

o Pressupostos recursais
Assim como as ações possuem condições e o os processos possuem pressupostos processuais
para que o juiz possa analisar o mérito, os recursos também possuem pressupostos de
admissibilidade para que sejam conhecidos (juízo de admissibilidade) e providos ou não providos
(juízo de mérito).

PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS GENÉRICOS: comuns aos recursos de natureza ordinária. São


eles:

a) Extrínsecos (objetivos): tempestividade (o início do prazo é o dia da publicação no diário


oficial e o início da contagem do prazo é no dia seguinte), preparo (pagamento de custas dentro do
prazo do recurso), recorribilidade do ato (ex.: decisão interlocutória, em regra, é irrecorrível no
processo do trabalho), adequação (para cada decisão há um recurso), regularidade de representação (as
partes tem capacidade postulatória até o TRT, para o TST é necessário advogado – súmula 425).
b) Intrínsecos (subjetivos): legitimidade recursal (aquele que figurou como parte, o
terceiro juridicamente interessado e o MPT); capacidade processual (sumula 425, TST); e interesse
recursal (aquele que sucumbiu total ou parcialmente na decisão recorrida).

PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS ESPECÍFICOS: inerentes aos recursos de natureza


extraordinária.

o Embargos de declaração
Os embargos de declaração têm por objetivo tornar a decisão mais clara, expungindo dela
qualquer tipo de omissão, se prestando também, em situações excepcionais, alterar o conteúdo do
julgado.
A CLT, no art. 897-A, prevê que cabe embargos de sentença ou acórdão. No entanto, o
CPC, no art. 1022, prevê que cabe embargos de qualquer decisão judicial. Assim, visto que o próprio

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juiz que analisa os embargos, não havendo incidência do duplo grau de jurisdicional, o princípio
da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias não obsta a oposição de embargos de
declaração, aplicando-se, assim, supletivamente o CPC.
A obscuridade não acarreta modificação da decisão, pois ela só será aclarada. O efeito
modificativo só ocorrerá em hipóteses de omissão, obscuridade e equívoco na apreciação dos
pressupostos objetivos de admissibilidade recursal (preparo, tempestividade, etc.).
Os embargos de declaração hoje constituem um instrumento poderoso nas mãos do
advogado, pois permite que seja exigido do juiz que ele se posicione sobre toda a fundamentação
necessária prevista no parágrafo 1º, do art. 489 do CPC, conforme previsão do parágrafo único, inciso
II, do art. 1022 do CPC, nos seguintes termos:
Prazo de 5dias.
o Recurso ordinário
É equivalente a apelação no processo civil.

Art. 895 - Cabe recurso ordinário para a instância superior:


I - das decisões definitivas ou terminativas das Varas e Juízos, no prazo de 8
(oito) dias; e
II - das decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais, em
processos de sua competência originária, no prazo de 8 (oito) dias, quer nos
dissídios individuais, quer nos dissídios coletivos.

Cabe também em algumas decisões interlocutórias. Na Justiça do Trabalho, nos termos do art.
893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de
decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial
do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo
Tribunal; c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para
Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art.
799, § 2º, da CLT.
Tanto a decisão que admite exceção de incompetência e remete para outro tribunal, quanto
para quando admite a incompetência em relação a matéria.
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