DIREITO TRIBUTÁRIO
I O SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL
S U M Á R I O
1. CONCEITO E ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS
2. CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS TRIBUTOS
3. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
4. LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR
4.1 GENERALIDADES
4.2 PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS CONSTITUCIONAIS
4.2.1 Princípio da Legalidade Ou Da Reserva Legal (art. 150, I)
4.2.2 Princípio da Capacidade Contributiva (art. 145, § 1º)
4.2.2.1 A Capacidade Contributiva e a Progressividade
(IR à art. 153, § 2º, I; IPTUà art. 156, § 1º, I; ITR à art. 153, § 4º, I)
4.2.2.2 A Capacidade Contributiva e a Proporcionalidade
4.2.2.3 A Capacidade Contributiva e a Seletividade.
(IPI à art. 153, § 3º, I; ICMS à art. 155, § 2º, III; IPVA à art. 155, § 6º,II)
4.2.3 Princípio da Isonomia ou Igualdade Tributária (art. 150, II)
4.2.4 Princípio da Vedação ao Confisco ou Não-Confisco (art. 150, IV)
4.2.5 Princípio da Liberdade de Tráfego (art. 150, V)
4.2.6 Princípios da Não-Surpresa
4.2.6.1 Princípio da Irretroatividade (art. 150, III, “a”)
4.2.6.2 Princípio da Anterioridade do Exercício Financeiro (art. 150, III, “b”)
4.2.6.3 Princípio da Anterioridade Nonagesimal ou Noventena (art. 150, III, “c”)
4.2.7 Princípios da Proteção ao Pacto Federativo
4.2.7.1 Princípio da Uniformidade Geográfica (art. 151, I)
4.2.7.2 Princípio da Uniformidade da Tributação da Renda (art. 151, II)
4.2.7.3 Princípio da Vedação às Isenções Heterônomas (art. 151, III)
4.2.8 Princípio da Não Discriminação Tributária (art. 152)
4.3 IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS
4.3.1 Imunidade Tributária Recíproca (art. 150, VI, “a”)
4.3.2 Imunidades Genéricas
4.3.2.1 Imunidade dos Templos Religiosos (art. 150, VI, “b”)
4.3.2.2 Imunidade dos Partidos Políticos, Sindicatos dos Trabalhadores e Entidades
Assistenciais sem Fins Lucrativos (art. 150, VI, “c”)
4.3.2.3 Imunidade de Imprensa (art. 150, VI, “d”)
4.3.2.4 Imunidade Musical (art. 150, VI, “e”)
4.3.3 Imunidades Específicas (art. 5º, XXXIV, “a” e “b”; LXXIII, LXXIV, LXXVI e LXXVII; art. 149, §
2º, I; art. 153, § 3º e 4º, II e § 5º art. 155, § 2º, X, “a”, “b” e “d” e § 3º; art. 156, II e § 2º; Art. 184,
§ 5º; art. 195, II e § 7º)
5. ESPÉCIES DE TRIBUTOS
5.1 IMPOSTOS
5.2 TAXAS
5.3 CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA
5.4 EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO
5.5 CONTRIBUIÇÕES
6. REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS
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Estabelecem os diversos tributos Lei Ordinária
nos âmbitos, federal, estadual ou (Normas Ordinárias)
municipal.
Instrução Normativa Ordens de Serviço
O Direito Tributário é ramo do Direito Público. O que caracteriza uma relação do
Direito Público é o fato do Estado nela figurar na condição de Poder Público, ou seja, com
supremacia, gerando uma desigualdade jurídica, por sua posição juridicamente superior em
relação à outra parte. Na relação de Direito Público, o Estado defende interesses da
sociedade (público) que deve prevalecer sobre os interesses particulares, caracterizando,
assim, o princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse particular.
Nos ramos do Direito Público (direito administrativo, tributário e financeiro) o
Estado estará sempre presente em um dos polos das relações jurídicas, atuando sempre em
situação de superioridade em relação ao particular, para o bem do interesse público.
Nos ramos do Direito Privado (direito civil e comercial), as relações não têm a
mesma característica, pois os sujeitos de uma relação privada não se encontram em situação
de desigualdade jurídica. Os princípios mais importantes do Direito Privado são o da
AUTONOMIA DA VONTADE e o da LIBERDADE NEGOCIAL.
O art. 3º do CTN dispõe: “tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em
moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito,
instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”.
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A instituição de um tributo só pode ser feita por lei, a majoração admite-se por
decreto, nos casos previstos texto constitucional, como se verá a seguir. Pela CF/88 há cinco
espécies tributárias, pelo CTN três, refletindo o predomínio da escola tricotômica que
asseverava que não importava o nome adotado pela lei, tampouco o destino dado à receita
arrecadada, o que permitia decidir qual a espécie tributária examinada era exclusivamente
o seu fato gerador, de acordo com o disposto no art. 4º/CTN.
Qualquer que seja o nome adotado por lei, deve-se verificar a hipótese de
incidência. Se a hipótese de incidência não for uma atividade do Estado, diz-se que o tributo
é um imposto. Assim, impostos são tributos cujos fatos geradores não se vinculam a uma
atividade específica do Estado, ou seja, não há qualquer contraprestação do Estado para que
o contribuinte pague o imposto.
Se a hipótese de incidência for uma atividade estatal específica, diz-se que é uma
taxa ou uma contribuição de melhoria. Nesse último caso, é necessário verificar qual a
atividade estatal. Se for exercício do poder de polícia ou prestação de serviço público
específico e divisível caracteriza-se a TAXA. Ex: expedição de alvará de funcionamento e taxa
de coleta de lixo urbano.
Se for realização de obra pública que acarrete valorização do imóvel é o caso de
CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA. Ex: a construção da Ponte JK valorizou os imóveis que
ficavam ao final do lago sul. Essas contribuições tem um teto.
Com a CF/88 e o posicionamento do STF que firmou orientação no sentido de que
seriam cinco as espécies tributárias e apenas as três estabelecidas pelo CTN, passou a
vigorar a classificação quinquipartida, que define os tributos em: taxas, impostos, taxas,
contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições.
IMPOSTOS DA UNIÃO
(Art. 153 CF)
II - Imposto sobre Importação IE - Imposto sobre Exportação
IR - Imposto de Renda IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados
ITR - Imposto Territorial Rural IOF - Imposto sobre Operações Financeiras
IGF Impostos Residuais Impostos Extraordinários
Imposto sobre Grandes Fortunas (art. 154, I da CF/88) de Guerra (art. 154, II da CF)
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IMPOSTOS ESTADUAIS
(Art. 155 CF)
ITCMD IPVA
Imposto sobre Transmissão Causa Imposto sobre a Propriedade de
Mortis e Doação de quaisquer bens Veículos Automotores
ICMS
Imposto sobre a Circulação de
Mercadorias e Serviços
IMPOSTOS
MUNICIPAIS
(Art. 156 CF)
ITBI IPTU
Imposto sobre Transmissão inter vivos, por ato oneroso, Imposto sobre a Propriedade Predial e
de Bens Imóveis e de direitos reais sobre bens imóveis Territorial Urbana
ISS
Imposto sobre Serviços
TAXAS
EMPRESTIMOS COMPULSÓRIOS
(Art. 145, II, CF)
(Art. 148, CF)
DE POLÍCIA DE SERVIÇO Por Investimento Público Urgente e de Por Calamidade ou
Relevância Nacional - (Art. 148, II, CF) Guerra Externa - (Art. 148, I, CF)
CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA
(Art. 145, III, CF)
CONTRIBUIÇÕES
DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO SOCIAIS De Interesse das Categorias Para o Custeio do Serviço
CIDE Combustíveis: Art. 177, § 4º CF Seguridade Social: art. 195 e 239 / CF Profissionais ou Econômicas de Iluminação Pública
Outras CIDE: Art. 149 CF Sociais Gerais: art. 212,§ 5º e Art 240 / CF (Art. 8º, IV e Art.149 / CF) (Art. 149-A CF)
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Não existe uma denominação uniforme aceita que englobe todas as contribuições
previstas no art. 149 da Constituição Federal. São comumente chamadas de contribuições
especiais ou contribuições parafiscais. O STF já se manifestou entendendo que as receitas
previstas no § 1º do art. 20 da Constituição não são tributos. Essas são receitas originárias
(decorrentes dos bens dos entes da federação), e os tributos são receitas derivadas.
O referido dispositivo da CF refere-se a exações instituídas a título de
“compensação financeira” pela exploração de determinado recursos minerais e de
“participação no produto da exploração” desses mesmos recursos minerais.
Embora compulsórias, tais exações, não possuem natureza tributária, haja vista
configurarem receitas patrimoniais resultantes da exploração de bens de propriedade do
próprio Estado. Também não possui natureza tributária, segundo entendimentos
doutrinário e jurisprudencial majoritários, o FGTS (Súmula 353 do STJ).
2 CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS TRIBUTOS
A doutrina elaborou algumas classificações para os tributos que auxiliam na
compreensão de sua natureza jurídica. A 1ª CLASSIFICAÇÃO diz respeito a NATUREZA DO FATO
GERADOR, dividindo as espécies tributárias em TRIBUTOS VINCULADOS (vinculam-se a uma
atividade estatal, como TAXAS E CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA e podem ser instituídas por
qualquer ente da federação) e TRIBUTOS NÃO-VINCULADOS (não se vinculam a uma
contraprestação estatal, como por exemplo os IMPOSTOS).
TRIBUTOS VINCULADOS è são aqueles cujo fato gerador relaciona-se a uma atividade
específica prestada pelo Estado e que beneficie o contribuinte. O contribuinte paga o
tributo em razão de uma atividade estatal específica e divisível a ele direcionada (taxas) ou
pela realização de uma obra pública que tenha valorizado o seu patrimônio imobiliário
(contribuições de melhoria).
TRIBUTOS NÃO-VINCULADOS è são aqueles cujo fato gerador não é nenhuma atividade
específica do Estado direcionada ao contribuinte. A hipótese de incidência dos tributos não-
vinculados descreve algum fato econômico pertinente ao sujeito passivo: a propriedade de
um bem, uma operação realizada como a transmissão de um imóvel, o fato de auferir renda.
A cobrança do tributo baseia-se na manifestação de capacidade econômica do
contribuinte e não na realização ou disponibilização de uma atividade estatal específica a ele
direcionada. É o caso dos impostos, como o IPVA, IPTU e IR.
A 2ª CLASSIFICAÇÃO considera o DESTINO DADO À RECEITA DA ARRECADAÇÃO TRIBUTÁRIA,
subdividindo-se em TRIBUTOS DE ARRECADAÇÃO VINCULADA e TRIBUTOS DE ARRECADAÇÃO NÃO
VINCULADA. TRIBUTOS DE ARRECADAÇÃO VINCULADA è são aqueles cuja receita de arrecadação está
previamente destinada, ou seja, afetada a determinado órgão, fundo ou pensão.
Empréstimos Compulsórios, por força de determinação constitucional, tem a aplicação do
produto de sua arrecadação vinculada à despesa que fundamentou sua instituição (CF, art.
148, § único). Para que a lei fixe destinação específica ao produto da arrecadação de um
tributo deve-se guardar relação com a atividade estatal que constitua o fato gerador.
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TRIBUTOS REAIS è são aqueles em que a lei tributária valoriza a operação ou o bem
envolvido na relação jurídica tributária, desconsiderando as características pessoais do
contribuinte. A maior parte dos tributos tem caráter real (IPVA, IPTU, IPI, ICMS e ISS).
TRIBUTOS PESSOAIS
è são aqueles que consideram a capacidade contributiva da
pessoa, como no caso do imposto de renda e do imposto sobre grandes fortunas.
Por fim a SEXTA CLASSIFICAÇÃO dos tributos não é especificamente doutrinária, mas
LEGAL, pois é determinada pelo CTN, aplicando-se aos impostos, tendo em vista a sua base
econômica de incidência, que os classifica em quatro grupo específicos de impostos (São
eles IMPOSTOS SOBRE O COMERCIO EXTERIOR: II e IE; IMPOSTO SOBRE O PATRIMÔNIO E RENDA: IR, IPVA,
IPTU, ITR; IMPOSTOS SOBRE PRODUÇÃO E CIRCULAÇÃO: ISS, ICMS, IOF; e os IMPOSTOS ESPECIAIS: IEG).
3 COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR SOBRE DIREITO TRIBUTÁRIO
É o poder constitucionalmente atribuído a um determinado ente da Federação para
editar leis que versem sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes. Trata-se de uma
competência genérica para traçar regras gerais sobre o exercício do poder de tributar. Foi
exercendo essa competência que a União editou o Código Tributário Nacional.
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O art. 5°, II da CF/88 estabelece que “ninguém será obrigado a fazer ou a deixar de
fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Como o tributo é uma prestação pecuniária
compulsória, só pode ser exigido por força de lei e obriga o contribuinte ao pagamento do
mesmo, independente de sua vontade.
Segundo os constitucionalistas a submissão de matéria específica à regulação por lei
é manifestação do princípio da reserva legal, enquanto que a submissão da criação de
quaisquer obrigações ao domínio da lei (art. 150, I da CF) decorre do princípio da
legalidade. O tributo só pode ser criado por lei, seja lei ordinária (abrangidas as Medidas
Provisórias), ou por lei complementar como nos casos dos empréstimos compulsórios (art.
148 da CF), do imposto sobre grandes fortunas (art. 153, VII, da CF), dos impostos residuais
(art. 154, I, da CF) e das contribuições residuais da seguridade social (195, § 4° da CF).
A legalidade tributária implica, por conseguinte, não a simples preexistência da lei,
mas a reserva absoluta da lei, ou seja, a necessidade de que toda a conduta da
administração tributária se fundamente na lei.
O art. 97 do CTN exprime o princípio da legalidade, pois somente a lei pode
instituir, extinguir, majorar ou reduzir tributos. Para alguns impostos e para a contribuição
de intervenção no domínio econômico, há exceções restritas à regra da reserva de lei
formal, nas quais a CF se conforma com a mera reserva de lei material, traduzida em ato do
Poder Executivo.
SOMENTE EXISTEM EXCEÇÕES REFERENTES À MAJORAÇÃO DE TRIBUTOS, POIS PARA A INSTITUIÇÃO
DOS MESMOS SOMENTE A LEI PODERÁ INSTITUÍ-LOS.
Tais situações ocorrem em relação à possibilidade de alteração das alíquotas dos II,
IE, IPI e IOF, desde que atendidas as condições e limites estabelecidos em lei (art. 153, § 1º
da CF). O art. 177, § 4º, I, b, da CF define exceção aplicável à contribuição de intervenção no
domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de álcool
combustível, petróleo/gás natural e derivados, facultando que sua alíquota seja reduzida ou
restabelecida por Decreto.
O Princípio do Paralelismo das Formas estabelece que, da mesma maneira que a CF
exige lei para a instituição de tributos, também o faz, implicitamente, para a respectiva
extinção. Em virtude do patrimônio público ser indisponível, a concessão de benefícios
fiscais ou autorização de prática de atos que gerem impactos sobre o crédito tributário ou
sobre sua exigibilidade somente pode ser feita por lei (art. 150, § 6º da CF).
Face a amplitude do princípio da legalidade estatuído no art. 5º, inciso II, da CF, a
multa tributária, por gerar uma obrigação a ser paga pelo infrator, somente poderá ser
instituída por lei.
O art. 97 do CTN, enumera matérias que devem ser submetidas à reserva legal:
I - instituição de tributos ou a sua extinção;
II - a majoração de tributos, ou a sua redução;
III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal e do seu sujeito
passivo;
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Redução e Redução e
CIDE-combustíveis DECRETO
Restabelecimento de Alíquotas Restabelecimento de Alíquotas
ICMS-monofásico Fixação de Alíquotas Redução e CONVÊNIO
combustíveis (redução e aumento) Restabelecimento de Alíquotas CONFAZ
Por fim, cabe ressaltar a viabilidade de edição de Lei Delegada ou Medida Provisória
que verse sobre matéria tributária, respeitadas as restrições impostas pela CF, em ambos os
casos. A EC 32/2001, passou a prever que, ressalvados o II, o IE, o IPI, o IOF e o IEG, a MP
que implique majoração de impostos só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte
se for convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada (art. 62/CF). Para as
outras espécies tributárias a regra da anterioridade deve ser observada, tomando como
referência a data da publicação da MP e não de sua conversão em lei.
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4.2.2.1 A Capacidade Contributiva e a Progressividade (IR: art. 153, § 2º, I; IPTU: art. 156, §
1º, I; ITR: art. 153, § 4º,I)
A progressividade traduz-se em técnica de incidência de alíquotas variadas, cujo
aumento se dá na medida em que se majora a base de cálculo do tributo.
Pode ser desdobrado em progressividade fiscal, quanto mais se ganha, mais se
paga, pois possui finalidade meramente arrecadatória; e progressividade extrafiscal, ligada
ao interesse regulatório. Em nosso ordenamento jurídico-tributário existem três impostos
progressivos: IR (fiscal), IPTU (fiscal e extrafiscal) e ITR (extrafiscal). Alguns doutrinadores
entendem que a EC nº 42/2003 atribuiu progressividade ao IPVA, conforme estabelecido no
art. 155, § 6º, II da CF: “poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e utilização”.
4.2.2.2 A Capacidade Contributiva e a Proporcionalidade
A técnica da proporcionalidade é obtida pela aplicação de uma alíquota única
sobre uma base tributável variável, ou seja, o desembolso de cada um será proporcional à
grandeza da expressão econômica do fato tributado.
4.2.2.3 A Capacidade Contributiva e Seletividade (IPI: art. 153, § 3º,I; ICMS: art. 155, §
2º,III; IPVA: art. 155, § 6º,II)
A seletividade é a forma de concretização do postulado da capacidade contributiva
em certos tributos indiretos, expondo a extrafiscalidade aplicada a certos tributos.
Para o ICMS a seletividade é facultativa, para o IPI ela é obrigatória.
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* Também são exceções ao princípio da NOVENTENA, exceto as contribuições para o financiamento da
seguridade social, que deve observar a noventena.
ATENÇÃO: As contribuições para financiamento da seguridade social (art. 195, § 6°/CF), da mesma forma que
o IPI, ESTÃO SUJEITOS AO PRINCÍPIO DA NOVENTENA.
As exceções relativas ao II, IE, IPI e IOF relacionam-se as características extrafiscais,
constituindo-se em poderosos mecanismos de intervenção no domínio econômico.
Os empréstimos compulsórios de guerra ou calamidade pública e os impostos
extraordinários de guerra, deve-se à urgência na obtenção de recursos para enfrentar as
graves situações que autorizam sua instituição.
Já as exceções relativas ao ICMS-Monofásico sobre os combustíveis e a CIDE-
Combustível, são parciais, pois tratam-se do restabelecimento das alíquotas.
Quando determinado contribuinte é beneficiado por isenção legalmente
concedida, há uma diminuição da carga tributária a que está sujeito não havendo que se
falar em qualquer prazo para que o benefício possa gerar efeitos concretos.
No caso de revogação de uma isenção concedida, a situação é oposta, pois, a
mudança legislativa tem como consequência um acréscimo no sacrifício financeiro realizado
pelo contribuinte, conforme estabelece o art. 104, III do CTN.
O STF entende que revogação de isenção não se equipara à criação ou à majoração
de tributo, sendo apenas a dispensa legal do pagamento de exação já existente, de forma
que o tributo volta a ser imediatamente exigível, não sendo aplicável o princípio da
anterioridade.
4.2.6.3 Princípios da Não Surpresa - Noventena
Quando da promulgação da CF/88, a obediência a um prazo de 90 dias entre a data
da publicação de uma lei que majorasse ou criasse tributo era aplicável exclusivamente às
contribuições para financiamento da seguridade social, por força do art. 195, § 6°.
A EC 42/2003 introduziu o princípio da noventena, como obrigatório a ser
observado para todos os tributos, pela inserção da alínea c no art. 150, III. Seu texto exige o
cumprimento do prazo de 90 dias nos casos de instituição ou aumento de tributo, enquanto
o art. 195, § 6°/CF exige o cumprimento em caso de instituição ou modificação. Porém, o
STF, entendendo que a anterioridade nonagesimal existe para proteger o contribuinte
contra mudanças que repercutem de forma negativa em seu patrimônio, decidiu que o art.
195, § 6°da CF, só é aplicável no caso de instituição ou majoração de tributos.
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As exceções à noventena são semelhantes as exceções à anterioridade. Em relação
ao II, IE, IPI e IOF, sujeitos à anterioridade, apenas o IPI não se sujeita à exceção à
noventena.
Os empréstimos compulsórios de guerra ou calamidade pública e os impostos
extraordinários de guerra, deve-se à urgência na obtenção de recursos para enfrentar as
graves situações que autorizam sua instituição.
Por fim, a exceção referente às bases de cálculo do IPVA e do IPTU tem
fundamento diverso dos demais, porque ambos os tributos incidem sobre o valor de um
bem (veículo ou imóvel), que tem o seu valor venal alterado ano, após ano.
4.2.7 Princípios de Proteção ao Pacto Federativo
4.2.7.1 Princípio da Uniformidade Geográfica
Previsto no art. 151, I da CF veda à União “instituir tributo que não seja uniforme
em todo território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado,
ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de
incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico
entre as diferentes regiões do país”. Visa preservar o pacto federativo, porém traz também
a exceção ao permitir a diferenciação com a finalidade extrafiscal de diminuir as diferenças
de desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do país. O STF entende que
a concessão de isenção se funda no juízo de conveniência e oportunidade.
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4.2.8 Princípio da Não Discriminação Tributária (art. 152/CF)
Este princípio é um desdobramento do princípio da uniformidade geográfica no
âmbito dos estados, DF e municípios, encontrando fundamento nos princípios que
preservam o pacto federativo e na isonomia.
Este princípio objetiva evitar a guerra fiscal entre os entes federados.
Enquanto o art. 151, I veda a União instituir tributo que não seja uniforme o art. 152
veda aos Estados e aos Municípios estabelecer diferenciação tributária entre bens e serviços
em razão de sua procedência ou destino.
Feriria tal princípio, por exemplo, um município instituir o ISS com alíquotas
diferenciadas em seu território, conforme o estabelecimento do prestador de serviço
estivesse localizado nos municípios A, B ou C.
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O art. 150, § 2°, da CF, estabelece que são imunes a tributos por meio de impostos
as autarquias e as fundações públicas, pois descendem diretamente das pessoas políticas.
Já § 3° do mesmo artigo, estabelece que a imunidade que desfrutam as pessoas
políticas, suas autarquias e fundações não alcança:
(i) as atividades regidas pelo direito privado;
(ii) os serviços públicos em que haja pagamento de taxa ou tarifa pelo usuário; e
(iii) nem desonera o promitente comprador de seus imóveis do dever de pagar ITBI.
A imunidade tributária recíproca não alcança as empresas públicas e as
sociedades de economia mista, uma vez que essas entidades, são detentoras de
personalidade jurídica de direito privado, conforme a inteligência da Súmula 76 do STF que
dispõe: “as sociedades de economia mista não estão protegidas pela imunidade fiscal do art.
31, V, a, da Constituição Federal”.
Como exemplo, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, devem recolher o
IPTU sobre a propriedade dos bens imóveis relativos às suas agências bancárias, por se
tratarem de empresa pública e sociedade de economia mista, respectivamente.
Porém, o STF tem entendido que certas empresas públicas, executoras de serviços
públicos de prestação obrigatória e exclusiva do Estado, seriam também contempladas
pela imunidade tributária, como no caso da Empresa de Correios e Telégrafos.
Já em relação a prestação de serviços notariais, a despeito da posição divergente do
STJ, o STF (ADin 3.089) tem entendido que os cartórios não estão livres da incidência do ISS,
quando exigidos pelos municípios pela prestação de tais serviços.
Importante analisar o teor da Súmula 583 do STF, que dispõe: o promitente
comprador de imóvel residencial transcrito em nome de autarquia é contribuinte do IPTU.
Vide o julgado abaixo transcrito:
● IPTU e promitente comprador de imóvel residencial transcrito em nome de autarquia
"Relativamente ao IPTU, a Constituição de 1988 não trouxe inovação. Compete aos
municípios instituí-lo, considerada a propriedade predial e territorial urbana. Pois bem,
sob tal aspecto, há muito encontra-se em vigor o Código Tributário Nacional, mais
precisamente o artigo 32 desse diploma, no que revela como fato gerador do tributo a
propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física,
conforme definido na lei civil, localizado na zona urbana do município. Mais do que isso, o
Código define como contribuinte do imposto o titular de seu domínio útil ou o seu
possuidor a qualquer título. Essas balizas levaram a Corte a editar, tendo em vista os casos
concretos, o Verbete nº 583 da Súmula: '(...)'. Ora, não se afigura como fato gerador do
imposto em comento apenas a propriedade, o que desaguaria na convicção de ser
contribuinte de direito, sempre e sempre, o proprietário. Requer-se a existência física do
imóvel, mas admissível é que se tome como fato gerador não só a propriedade, como
também o domínio útil ou a posse quando esses fenômenos não estão na titularidade
daquele que normalmente os tem, ou seja, o proprietário. Pois bem, a União realmente é
a proprietária do imóvel, mas, ante a concessão de obras e serviços, o domínio útil cabe à
Companhia Docas do Estado de São Paulo, sociedade de economia mista. A regra da
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Por outro lado, se a entidade religiosa aluga um imóvel de sua propriedade e aplica
tais rendimentos em sua atividade fim, de cunho eminentemente religioso, sobre esse ganho
não incidirá imposto de renda, como também não incidirá o IPTU sobre o respectivo imóvel,
tudo de acordo com o art. 150, § 4º, parte final, da CF/88. Tal imunidade é aplicável
exclusivamente aos impostos sobre o patrimônio (IPTU, ITR, ITBI e IPVA), rendas e serviços,
podendo incidir a tributação referente as taxas e contribuições sociais, por exemplo.
Aspecto importante a se verificar é se incide impostos indiretos sobre os templos de
qualquer culto, sobre esse tema o STF assim se posiciona: (a) em relação a venda de objetos
sacros fabricados pelos templos, não incidirá o ICMS, sendo aplicada a imunidade em
questão, desde que os recursos obtidos com a venda sejam aplicados na própria atividade
religiosa; (b) em relação a compra de produtos realizados pela entidade religiosa incidirá,
normalmente o ICMS.
Os cemitérios também já foram objeto de controvérsia quanto a incidência ou não
do IPTU, sobretudo sendo este privado. Como se mostrou no julgado do RE 544.815, que
contestou a decisão do extinto Tribunal de Alçada Civil do Estado de São Paulo, que havia
decidido pela incidência do IPTU sobre o Cemitério Privado da cidade de Santo André – SP.
Sobre esse tema, tendo como relator o ministro Joaquim Barbosa, que se
posicionou contrário a concessão da referida imunidade tendo em vista que o serviço
funerário (atividade de interesse público), nesse caso, é explorado de forma privada e
comercialmente, sendo que os recursos obtidos com tal atividade não são aplicados em
relação a atividade religiosa.
Acompanhado pelo voto da Ministra Carmem Lúcia e dos Ministros Lewandowski,
Cezar Peluso e Marco Aurélio e tendo como voto contrário o do Ministro Carlos Ayres Brito e
havendo solicitação de vistas ao processo pelo Ministro Celso de Melo. Posteriormente, em
25 de novembro de 2015, o STF decidiu, por maioria e nos termos do voto do Relator,
acolheu a QUESTÃO DE ORDEM para homologar a renúncia do direito em que se funda a
ação, vencido o Ministro Marco Aurélio, que não homologava a renúncia ao direito material
pretendido.
Questão que também merece apreciação relaciona-se a aplicar, ou não, tal
imunidade às lojas maçônicas, tema ainda muito pouco explorado pela doutrina e
jurisprudência pátria. Conforme os ensinamentos de Sabbag (2014), no TJDFT, o processo
2003.01.5.009352-5, considerou como “templos religiosos” as lojas maçônicas, para fins de
imunidade tributária, afastando-se a incidência do IPTU desses imóveis, posição contestada
pela Fazenda Pública do DF, que alegou que os tais imóveis não podem ser considerados
templos, em razão da Maçonaria não ser uma religião.
Entretanto, no Distrito Federal, o art. 8º da Lei Complementar 277, de 13 de janeiro
de 2000, estabelece a isenção do IPTU para imóveis de templos maçônicos. Por fim,
recentemente o STF posicionou-se sobre esse tema, em setembro de 2012, ao julgar o RE
562.351/RS, afastando a imunidade às lojas maçônicas.
27
O fato da entidade utilizar seu patrimônio em atividade que gere renda não irá
afastar a imunidade, desde que os recursos obtidos se destinem as finalidades essenciais.
Em suma, o Plenário entendeu que a imunidade de que trata o art. 150, VI, 'd', da
CF alcança o livro digital (e-book). De igual modo, as mudanças históricas e os
fatores políticos e sociais da atualidade, seja em razão do avanço tecnológico, seja
em decorrência da preocupação ambiental, justificam a equiparação do 'papel',
numa visão panorâmica da realidade e da norma, aos suportes utilizados para a
publicação dos livros. Nesse contexto moderno, portanto, a teleologia da regra de
imunidade igualmente alcança os aparelhos leitores de livros eletrônicos (e-
readers) confeccionados exclusivamente para esse fim, ainda que eventualmente
equipados com funcionalidades acessórias ou rudimentares que auxiliam a leitura
digital, tais como dicionário de sinônimos, marcadores, escolha do tipo e tamanho
da fonte e outros. Apesar de não se confundirem com os livros digitais
propriamente ditos, esses aparelhos funcionam como o papel dos livros
tradicionais impressos, e o propósito seria justamente mimetizá-lo. Estão
enquadrados, portanto, no conceito de suporte abrangido pela norma imunizante.
Entretanto, esse entendimento não é aplicável aos aparelhos multifuncionais,
como tablets, smartphones e laptops, os quais são muito além de meros
equipamentos utilizados para a leitura de livros digitais. No caso concreto, o CD-
Rom é apenas um corpo mecânico ou suporte e aquilo que está nele fixado (seu
conteúdo textual) é o livro, ambos abarcados pela imunidade do citado dispositivo
constitucional." (RE 330817, Relator Ministro Dias Toffoli, Tribunal Pleno,
julgamento em 8.3.2017, Informativo 856, com repercussão geral - tema 593)
Por fim, CD-ROM, o software, ou a publicação eletrônica, por entendimento do
STF, também não estão abrangidos por tal imunidade.
4.3.2.4 Imunidade Tributária Musical
Essa espécie de imunidade foi introduzida em nossa Lei Maior por intermédio da EC
nº 75, decorrente da chamada “PEC da Música”, tendo sido publica em 15 de outubro de
2013, com o acréscimo da alínea “e” ao inciso VI do art. 150 da Constituição:
Art. 150 Sem prejuízo de outras garantias.......................................................
VI - Instituir impostos sobre:
.........................................................................................................................
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras
musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por
artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os
contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.
O objetivo dessa imunidade é desonerar de impostos (IPI, ICMS, ISS e IOF) as obras
musicais ou literomusicais produzidas no país, bem como, os respectivos suportes midiáticos
necessários a tais obras, sejam eles, materiais ou arquivos digitais, como CDs e DVDs.
Tal imunidade, visa alavancar a indústria musical brasileira, que há muito tempo
vem agonizando com a “pirataria”, uma vez que, devido ao elevado preço de tais produtos,
faz com que muitos consumidores se enveredem para tais produtos.
Entretanto, para que o produto final tenha, efetivamente, seu preço diminuído de
forma a reestimular o consumo, se faz necessário que os produtores (gravadoras e indústria
musical) repassem a não incidência dos impostos para o preço final dos produtos de modo a
beneficiar o consumidor.
30
Art. 155, § 2°, X, b Operações que destinem a outros Estados petróleo, derivados e energia.
Art. 195, II Aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social.
Art. 195, § 7° Entidades beneficentes de assistência social que atendem às exigências da lei.
5 ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS
5.1 IMPOSTOS DA UNIÃO - II, IE, IOF, IPI, ITR, IR e IGF
5.1.1 IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO - II (Decreto-Lei 37/66, art. 19 a 22 do CTN)
O art. 153, I da CF estabelece ser de competência da União a instituição do imposto
de importação (II), também conhecido como tarifa aduaneira. Tal imposto tem função
arrecadatória extrafiscal, pois visa proteger a indústria nacional, sua participação no total da
arrecadação tributária brasileira é da ordem de 5% do total dos tributos arrecadados.
O imposto de importação, assim como o imposto de exportação e o IOF, não se
sujeita aos princípios da noventena, anterioridade e legalidade (para efeito de majoração
ou redução do valor das alíquotas, dentro dos valores pré-estabelecidos em lei).
O fato gerador é a entrada do produto estrangeiro no território nacional,
momento em que deve ser calculado o imposto, convertendo-se os valores da moeda
estrangeira em moeda nacional. Tal momento caracteriza-se pelo início do despacho
aduaneiro, assim entendido como o momento da apresentação ou registro da Declaração
de Importação (DI) ou documento correspondente perante a autoridade aduaneira para
liberação da mercadoria estrangeira.
O imposto de importação só será devido em casos de permanência definitiva do
bem em território nacional, não englobando as mercadorias estrangeiras que ingressam no
território nacional temporariamente, para feiras e eventos.
32
5.1.3 IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS - IOF (ART. 153, V DA CF/88; ART. 63 A
67 DO CTN, DECRETO-LEI 1.783/80 E DECRETO 6.306/2007)
O art. 153, V da CF atribui à União competência para instituir o imposto sobre
operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários. O IOF
está previsto no art. 63 a 67 do CTN. A Decreto nº 6.306/07 regula o IOF, imposto com
finalidade extrafiscal, permitindo a intervenção no mercado financeiro, que deve ser
realizada com rapidez.
O IOF não segue o princípio da legalidade, no que concerne a alteração de suas
alíquotas, que podem ser modificadas por decreto e não se sujeita aos princípios da
anterioridade e noventena.
O IOF incide sobre o ouro, quando usado como meio de pagamento (ativo financeiro
ou instrumento cambial), quando o ouro é utilizado como mercadoria não incidirá o IOF.
No caso de incidência de IOF sobre o ouro, a alíquota mínima será de 1%, assegurando a
transferência do montante em 30% para o estado e 70% para o município de origem.
O FATO GERADOR do IOF é regulado pelo art. 63 do CTN e disposto pelos arts. 3,
11, 18 e 25 do Decreto 6.306/07.
O SUJEITO PASSIVO do IOF pode ser qualquer das partes na operação tributada,
conforme dispõe o art. 66 do CTN, a critério do legislador ordinário:
(a) pessoas físicas ou jurídicas tomadoras de crédito;
(b) as pessoas físicas ou jurídicas compradoras ou vendedoras de moeda
estrangeira (cambio);
(c) as pessoas físicas ou jurídicas seguradas;
(d) os adquirente de títulos ou valores mobiliários e instituições financeiras;
(e) as instituições autorizadas pelo Banco Central a efetuarem a primeira aquisição
do ouro como ativo financeiro ou instrumento cambial.
A BASE DE CÁLCULO do IOF é regulada pelo art. 64 do CTN e disposta pelos arts. 7,
14, 21 e 28 do Dec 6.306/07.
Pode ser o montante da operação de crédito realizada no caso de empréstimos e
financiamentos; o montante da operação de câmbio; o montante do prêmio de seguro;
bem como os valores devidos às operações relativas a títulos e valores mobiliários.
As ALÍQUOTAS são proporcionais, variando conforme a natureza das operações
financeiras ou de mercado de capitais e estão dispostas nos arts. 6, 15, 22, 29 e 40 do
Decreto 6.306/07, que foi modificado pelo Decreto 6.339/08, para compensar as perdas
decorrentes da extinção da CPMF. Em relação as operações de crédito a alíquota máxima é
de 1,5% ao dia e incide sobre o valor das operações de crédito.
Em relação as operações de câmbio a alíquota máxima é de 25% e incide sobre o
montante em moeda nacional recebido. O STF editou a Súmula 664, dispondo que o saque
de cadernetas de poupança não se sujeita a incidência de IOF.
35
5.1.4 IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS – IPI (art. 153, IV/CF; arts. 46 a
51 do CTN e Lei 4.502/64)
O IPI é um imposto real, ou seja, recai sobre determinada categoria de bens que são
os produtos que tenham sidos submetidos a qualquer operação que modifique sua natureza
ou finalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo, tais como a montagem, a transformação, o
beneficiamento e outros. Apesar de ser o segundo imposto que mais arrecada (só perde
para o IR), ratificando sua fiscalidade, não se pode excluir a função extrafiscal do IPI.
Apesar da doutrina não classificar o IPI como imposto de natureza extrafiscal, não há
como se negar o quanto este imposto tem influenciado o mercado, corroborando assim para
a função extrafiscal do IPI. O IPI é um imposto seletivo, pois a natureza de sua tributação
deverá ser de acordo com a essencialidade do produto em questão. SELETIVIDADE é uma
técnica de incidência de alíquotas, cuja variação se dá em função da indispensabilidade do
produto, ou seja, produtos mais essenciais devem ter alíquotas menores, já os produtos
considerados como supérfluos devem ter alíquotas menores (art. 153, § 3º, I/CF).
Considera-se industrializado, para fins de incidência de IPI, o produto que tenha sido
submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o
aperfeiçoe para o consumo:
a. TRANSFORMAÇÃO: processo mecanizado ou automatizado exercido sobre a
matéria-prima que lhe dá nova forma e finalidade fazendo surgir um produto diverso do
anterior.
Ex.: transformação de madeira serrada, de outras matérias-primas (tecido, espuma
e molas) e de outros produtos intermediários (arames, pregos e colas) em um novo produto
como uma poltrona estofada.
36
Alíquotas Variada de 0,0% até 365,63%, de acordo com o grau de utilização da terra.
I - importador ou quem a lei a ele se equiparar;
II - industrial ou quem a lei a ele se equiparar;
Contribuintes III - comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça aos contribuintes
definidos no inciso anterior;
IV - arrematante de produtos apreendidos ou abandonados, levados a leilão.
Lançamento Por homologação.
5.1.5 IMPOSTO TERRITORIAL RURAL - ITR (art. 153, VI/CF; art. 29 a 31/CTN e Lei 9.393/96)
Previsto no art. 153, VI da CF; no art. 29 a 31 do CTN; na Lei 9.393/96 e no Decreto
4.382/02. Já foi de competência dos Estados (CF/46) e dos Municípios (EC 5/61), hoje é
competência da União. Tem FUNÇÃO EXTRAFISCAL, por disciplinar o uso da terra, sendo
considerado um importante instrumento de política agrária evitando o latifúndio improdutivo
e incentivando a reforma agrária. A EC 42/03 estabeleceu a progressividade do ITR.
SUJEITO PASSIVO é aquele que detém qualquer direito de gozo relativo ao bem
imóvel (proprietário, titular do domínio útil e possuidor).
O FATO GERADOR é a propriedade, domínio útil ou posse de imóvel por natureza,
localizado fora da zona urbana do município. O conceito de bem imóvel por natureza
decorre do art. 79/CC, que o define como o solo nu e seus agregados da própria natureza,
sem considerar o cultivo ou as construções, compreendendo as árvores e frutos pendentes,
o espaço aéreo e o subsolo. O conceito de zona rural se dá por exclusão do que se entende
por zona urbana, definida no art. 32, § 1°/CTN.
A BASE DE CÁLCULO é o valor fundiário do imóvel, de acordo com o art. 30 do CTN,
art. 8° da Lei 9.393/96 e art. 32 do Decreto 4.382/02, ou seja, o valor da terra nua.
Valor da Terra Nua (VTN) é o preço de mercado, excluído o valor das construções,
instalações, benfeitorias, culturas permanentes, pastagens e florestas plantadas,
compreendendo árvores e frutos, espaço aéreo e subsolo.
As ALÍQUOTAS do ITR são progressivas, segundo o grau de utilização da área rural
(caráter extrafiscal). As alíquotas devem ser fixadas de forma a desestimular a manutenção
de propriedades improdutivas, consistindo em um imposto com finalidade regulatória da
economia. Variam de 0,03% para imóveis de até 50 hectares que tenha grau de utilização
acima de 80% do terreno, até 20% para imóveis acima de 5.000 hectares que tenham grau
de utilização de até 30% do terreno. Não deve incidir sobre pequenas glebas rurais do
proprietário que não possua outro imóvel (IMUNIDADE).
O art. 3º da Lei 9.393/96 dispõe que não se deve constituir o crédito tributário
decorrente do ITR (ISENÇÃO) para o proprietário cuja soma da área total de seus imóveis
rurais não ultrapasse 30 hectares, não devendo possuir imóvel urbano. Em ambos os casos o
proprietário deverá explorar o imóvel só ou com sua família, admitida eventual ajuda de
terceiros.
40
Maior que 200 até 500 0,10 0,60 1,30 2,30 3,30
Maior que 500 até 1000 0,15 0,85 1,90 3,30 4,70
Maior que 1000 até 5000 0,30 1,60 3,40 6,00 8,60
* A Lei 11.250/05 regulamentou o art. 153, § 4º, III da CF, permitindo ao DF e aos municípios celebrem
convênios com a União para que esta lhes delegue as atribuições de fiscalização, lançamento e cobrança.
QUADRO RESUMO DO ITR
Função Predominante Extrafiscal (desestimular a manutenção de propriedades improdutivas).
Princípio da Legalidade Está sujeito.
Princípio da Anterioridade Está sujeito.
Princípio da Noventena Está sujeito.
Fato Gerador Propriedade, domínio útil ou posse de imóvel por natureza.
Base de Cálculo O valor fundiário do imóvel, ou seja, da terra nua.
Alíquotas Variada de 0,03% até 20%, de acordo com o grau de utilização da terra.
Contribuintes Proprietário do imóvel, o titular de seu domínio útil ou possuidor.
Lançamento Por homologação.
Principal Característica Progressividade.
41
5.1.6 IMPOSTO DE RENDA (IR) - art. 153, III da CF e arts. 43 e seguintes do CTN
É a principal fonte de receita tributária da União possuindo nítida função fiscal, não
se sujeitando a noventena, porém respeitando os princípios da anterioridade e da legalidade.
O SUJEITO PASSIVO é a pessoa física ou jurídica titular de renda ou provento de
qualquer natureza. Não se tributam verbas indenizatórias. A lei pode atribuir à fonte
pagadora da renda a responsabilidade pela retenção e recolhimento do IR, figurando o
empregado como contribuinte e o empregador como responsável. No caso de omissão de
retenção do IR a fonte pagadora irá arcar com a multa por não-cumprimento da obrigação.
O FATO GERADOR do IR é a aquisição de renda ou proventos de qualquer natureza
decorrente da disponibilidade econômica ou jurídica. A renda poderá ser decorrente de:
(i) ganhos de capital: decorrem de aluguéis, aplicações financeiras, lucros e
bonificações;
(ii) do trabalho: decorrem de salário, honorários, comissões, pró-labore e
gratificações;
(iii) da combinação do capital e trabalho: decorrente de lucros;
(iv) dos proventos de qualquer natureza: são os acréscimos patrimoniais não
compreendidos nos conceitos anteriores, tais como as aposentadorias, pensões,
ganhos decorrentes de prêmios, doações e etc.
Disponibilidade econômica: é a faculdade de usar, gozar e dispor de dinheiro ou de
coisas conversíveis em moeda. As verbas indenizatórias não se sujeitam ao IR.
Disponibilidade Jurídica: é a obtenção de direitos de créditos não sujeitos à
condição suspensiva, representados por títulos ou documentos de liquidez e certeza.
Representa ter o direito abstratamente.
O IR só pode incidir quando há acréscimo patrimonial. Não há necessidade do
rendimento ser efetivamente recebido pelo sujeito passivo, basta que este tenha adquirido o
direito de crédito sobre ele, ou seja, tenha disponibilidade jurídica. A BASE DE CÁLCULO do
IR é o montante real, arbitrado ou presumido, da renda e do provento de qualquer natureza.
Assim, a incidência ocorre sobre o crédito líquido do contribuinte, ou seja, a
diferença entre a renda ou provento bruto auferido e os encargos admitidos em lei, tais
como gastos com dependentes, planos de saúde.
Segundo o art. 153, § 2°, I da CF, o imposto sobre a renda será informado pelos
critérios da generalidade, universalidade e progressividade.
Generalidade diz respeito à sujeição passiva, remetendo a todos os contribuintes
que se enquadrem na hipótese de incidência do IR.
Universalidade relaciona-se a base de cálculo do IR que deve abranger todas as
rendas e proventos auferidos pelo contribuinte.
Progressividade do IR, ainda que insuficiente, prevê a variação positiva da alíquota
do imposto à medida que há aumento da base de cálculo.
42
Até R$ 1.903,98 – –
Até R$ 22.847,76 – –
A Lei nº 7.713:88 previa duas alíquotas para o IRPF, porém em dezembro de 2008, o
governo anunciou a criação de mais duas alíquotas intermediárias de 7,5% e 22,5%, a serem
aplicadas a partir de 2009, contribuindo para efetivar uma maior progressividade do IR, que
implicou, porém, em uma renúncia fiscal estimada em R$ 5 bilhões. Esse volume de
dinheiro, no entanto, deverá ser injetado na economia por meio de consumo.
No IMPOSTO DE RENDA DAS PESSOAS JURÍDICAS (IRPJ) o fato gerador engloba,
além das hipóteses tributadas exclusivamente na fonte, o lucro, que pode ser apurado de
forma real, presumida ou arbitrada, com periodicidade trimestral.
O LUCRO REAL (obrigatório para as empresas indicadas no art.14 da Lei 9.718/98) é
apurado com base em contabilidade real, resulta da diferença da receita bruta menos as
despesas operacionais, exigindo-se o arquivo de documentos comprobatórios de tais
receitas e despesas, caracterizando o lucro líquido do período-base.
Pessoas Jurídicas podem optar pelo pagamento do imposto por estimativa, que
consiste no pagamento mensal de um valor do imposto de renda aferido com base em um
lucro estimado fixado em lei, formalizando-se, no final do ano, um ajuste anual com o que já
foi pago.
O LUCRO PRESUMIDO trata-se de sistema opcional pela PJ não obrigada por lei à
apuração pelo lucro real. Consiste na presunção legal de que o lucro da empresa é aquele
por ela estabelecido com base na aplicação de um percentual sobre a receita bruta desta.
Ex.: Percentual de 16% para a prestação de serviços de transportes, exceto o de cargas que é
de 8%, ou 32% para a prestação de serviços gerais.
O LUCRO ARBITRADO decorre da impossibilidade de se apurar o lucro da pessoa
jurídica pelo critério real ou presumido em razão do não-cumprimento de obrigações
tributárias acessórias tais como a não apresentação de livros contábeis, fiscais ou comerciais.
Resulta de imposição da autoridade fiscal, em face de prática irregular do contribuinte.
Porém, desde o advento da Lei 8.981/95 é possível à pessoa jurídica comunicar ao
fisco a impossibilidade de apuração do imposto de renda pelo lucro real ou presumido,
sujeitando-se a tributação pelo lucro arbitrado.
QUADRO RESUMO DO IR
Função Predominante Fiscal
Princípio da Legalidade Está sujeito
Princípio da Anterioridade Está sujeito
Princípio da Noventena Não se sujeita
A aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica
I - de renda, entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos;
Fato Gerador
II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais
não compreendidos no inciso anterior;
Base de Cálculo É o montante, real, arbitrado ou presumido, da renda ou dos proventos.
Alíquotas 0%; 7.5%; 15%; 22.5% e 27.5%
O titular da disponibilidade da renda e proventos, sem prejuízo da lei atribuir essa
Contribuintes
condição ao possuidor dos bens produtores de renda
Lançamento Por homologação.
44
5.1.7 IMPOSTO SOBRE GRANDES FORTUNAS (IGF) - (art. 153, VII da CF)
Por força do art. 153, VII da CF deve ser instituído por lei complementar. Como a
União não utilizou tal competência o tributo não foi efetivamente instituído. Há críticas no
sentido de se afirmar que tal imposto ainda não foi criado porque não há interesse do
Congresso, uma vez que os representantes do povo estariam entre aqueles que seriam
supostos detentores das grandes fortunas do país. Outros entendem que a criação de tal
imposto poderia afugentar os proprietários das grandes fortunas do país.
A taxação de grandes fortunas é admitida pelo artigo 153 da Constituição, mas
nunca foi regulamentada. Com o intuito de preencher essa lacuna, a senadora Vanessa
Grazziotin (PCdoB-AM) apresentou o projeto de lei do Senado (PLS 139/2017), que cria o
imposto sobre grandes fortunas e determina que os valores arrecadados sejam aplicados
prioritariamente em saúde e educação.
De acordo com o texto, o imposto será cobrado daquelas pessoas que tiverem
patrimônio líquido superior a valor equivalente a oito mil vezes o limite mensal de isenção
do Imposto de Renda para Pessoa Física. Isso significa, hoje, a R$ 15,2 milhões. A partir daí,
haverá três faixas de tributação, com três alíquotas diferentes.
A primeira faixa de cobrança vai de patrimônio líquido entre oito mil a 25 mil vezes
o limite mensal de isenção do Imposto de Renda para Pessoa Física, com alíquota de 0,5% do
valor do patrimônio. A segunda faixa de cobrança vai de 25 mil a 75 mil vezes o limite
mensal de isenção do Imposto de Renda para Pessoa Física, com alíquota de 0,75%. Por fim,
patrimônios equivalentes a mais de 75 mil vezes o limite mensal de isenção do Imposto de
Renda para Pessoa Física, pagarão 1% de imposto.
A tabela a seguir mostra como seriam essas faixas de tributação em valores de hoje,
tendo como parâmetro o limite mensal de isenção do Imposto de Renda para Pessoa Física
praticado atualmente, que equivale a R$ 1.903,98.
O projeto estabelece critérios para o cálculo do patrimônio líquido, estabelecendo
a exclusão de alguns bens desse cálculo, como o imóvel de residência, os instrumentos de
trabalho e direitos de propriedade intelectual. Também poderão ser abatidos do imposto
devido os valores pagos a título de outros tributos referentes a bens, como o IPTU.
PATRIMÔNIO LÍQUIDO PATRIMÔNIO LÍQUIDO EM REAIS ALÍQUOTA
Maior do que 8.000 e menor do que 25.000
Entre R$ 15.231.840,00 e R$ 47.599.500,00 0,5%
vezes o valor do limite da isenção mensal do IR
Entre 25.000 e 75.000 vezes o valor do limite
Entre R$ 47.599.500,01 e R$ 142.798.500,00 0,75%
da isenção mensal do IR
Maior do que 75.000 vezes o valor da isenção
Acima de R$ 142.798.500,00 1%
mensal do IR
Entretanto uma questão muito importante ao se analisar a conveniência desse
imposto seria de observar as várias experiências no mundo que aconselham cautela antes de
se contar com tais bilhões nos cofres do Tesouro Nacional.
45
1
A EC 43/2003 excluiu da incidência do ICMS todas as exportações de mercadorias para o exterior
46
Quanto ao aspecto temporal, a lei ou decreto que fixa a base de cálculo do IPVA não
se submete à regra da anterioridade do art. 150, III, “c”, da CF (noventena), mas somente à
do artigo 150, III, “b”, da CF (exercício seguinte).
Decreto ou outro instrumento infra legal poderá fixar tal base de cálculo se
proceder à simples correção dos valores pela aplicação de índice oficial de correção
monetária (art. 97, § 2º, CTN).
Aspecto interessante é o da imunidade, pois são imunes ao tributo, os veículos das
pessoas jurídicas de direito público, dos templos de qualquer culto desde que utilizados
em suas funções específicas e os veículos das instituições de educação e assistência social.
Sendo o IPVA um imposto que incide sobre a propriedade, além do próprio veículo
garantir a satisfação do tributo em caso de inadimplência, o imposto acompanha o bem,
inclusive impossibilitando o licenciamento e/ou transferência, e aplica-se o disposto no art.
130 do CTB (Código Trânsito Brasileiro), in verbis:
Art. 130. Todo veículo automotor, elétrico, articulado, reboque ou semirreboque,
para transitar na via, deverá ser licenciado anualmente pelo órgão executivo de
trânsito do Estado, ou do Distrito Federal, onde estiver registrado o veículo.
Destaque-se ainda que a distinção de alíquotas, feita pelas legislações estaduais
para aumentar o valor do imposto em relação aos veículos importados, fere o princípio da
isonomia tributária, inserto no art. 150, II, da CF.
Ademais, o STJ consagrou o entendimento de que a distinção de alíquotas fere não
só princípio da isonomia, como também o art. 152 da CF, que vede aos Estados, ao DF e aos
Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em
razão de sua procedência ou destino.
O STF definiu que o campo de incidência do IPVA NÃO INCLUI EMBARCAÇÕES E
AERONAVES, pois, entendeu que o mesmo foi criado em substituição à Taxa Rodoviária
Única, que incidia exclusivamente sobre veículos terrestres.
EMENTA: IPVA – Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (CF, art. 155,
III; CF 69, art. 23, III e § 13, conforme a EC 27/85): campo de incidência que não
inclui embarcações e aeronaves.
Todavia, não se trata de entendimento unânime entre os ministros. Votos dos
ministros, Marco Aurélio, no RE 134.509-8/AM, e Joaquim Barbosa, no RE 379.572-4/RJ,
discordam dessa posição, entendendo perfeitamente possível a incidência do IPVA sobre
aeronaves e embarcações. Nem mesmo de posicionamento pacífico da doutrina.
A base de cálculo do IPVA deve quantificar o fato gerador, sendo definida como o
valor venal do veículo. O elemento temporal é anual (1º de janeiro de cada ano) ou a data
estabelecida na lei estadual, ou a data da aquisição (para veículo novo), ou a data do
desembaraço aduaneiro (para veículo novo importado).
48
ALÍQUOTA VALOR
4% Até R$ 1.133.706,18
6% A partir de R$ 2.267.412,36
5.2.3 Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços - ICMS
O ICMS é o tributo estadual de maior arrecadação, representando cerca de 80% da
receita dos Estados. Sua finalidade é fiscal, apesar da CF permitir que ele seja seletivo, em
função da essencialidade das mercadorias e dos serviços (art. 155, § 2°, III).
Seletividade está ligada a essencialidade do produto, quanto mais essencial for o
bem ou a mercadoria menor será o valor do imposto. No que diz respeito ao ICMS a regra
geral é a não seletividade, porém, a constituição permite alíquotas seletivas.
Foi instituído pelo EC 18/65 e denominava-se ICM, pois, incidia, apenas, sobre a
circulação de mercadorias. Com a CF/88 passou a denominar-se de ICMS, pois, também
incide sobre serviços de transporte interestadual e intermunicipal, e de comunicação.
50
Em muitos países não há ICMS, mas sim o IVA (Imposto sobre Valor Agregado) que
engloba três impostos o próprio ICMS, o IPI e o ISS.
O ICMS é um tributo plurifásico, incidente sobre o valor agregado do produto, mas
obedece ao princípio da não-cumulatividade (art. 155, § 2°, I da CF).
É também um imposto real, pois são irrelevantes às condições econômicas do
contribuinte, possuindo alíquotas proporcionais.
Toda vez que há circulação de uma mercadoria sobre ela incide o ICMS, que deve ser
não cumulativo. Se já houve a incidência do ICMS aquele contribuinte terá um credito a
abater ao valor que será agregado o produto. Por isso o ICMS é conhecido como um imposto
que será calculado por dentro.
O contribuinte do ICMS é o alienante que agrega ao preço do produto o valor do
imposto que deverá recolher ao fisco.
Porém no Brasil o ICMS, assim como o IPI e o ISS são cobrados “por dentro”, ou seja,
o valor do imposto já está embutido no preço do produto. Assim, quando este comerciante
pretende obter pela venda de uma mercadoria o valor de R$ 500,00, considerando que este
seja o preço necessário para fazer frente aos seus custos, ele deverá vender essa mercadoria
por um preço maior, pois terá que abater o ICMS que será recolhido ao fisco.
Para isso ele deve obter o coeficiente necessário para saber qual o valor que o
produto deva ser vendido, de tal maneira que, ao se abater o ICMS, obtém-se o preço que o
comerciante pretende obter. Este coeficiente está relacionado com a alíquota vigente do
ICMS, assim, se o valor da alíquota é 17%, para se chegar ao coeficiente necessário procede-
se ao seguinte cálculo, conforme demonstrado abaixo:
100 – 17 = 83
100 ÷ 83 = 1.20482 (coeficiente aplicado em produtos cuja alíquota do ICMS seja 17%).
Preço final que se pretende vender o produto (R$ 500,00) x 1.20482 = R$ 602,41.
Assim, ao vender o produto por R$ 602,41, aplicando-se a alíquota de 17%, verifica-
se que deve ser recolhido ao fisco R$ 102,41 de ICMS e o comerciante terá, efetivamente,
obtido R$ 500,00 na venda do produto.
Se o imposto fosse cobrado “por fora”, o que seria mais justo tanto para o
comerciante, como para o consumidor, seria aplicada a alíquota de 17% sobre o preço da
mercadoria (R$ 500,00), chegando-se a R$ 85,00 de imposto, que o consumidor pagaria “por
fora”, na hora de se efetivar a compra do produto. Dessa maneira o valor total a ser
desembolsado pelo contribuinte seria de R$ 585,00 e não de R$ 602,41, gerando uma
economia de R$ 17,41.
Da mesma forma se a alíquota fosse de 12%, para se obter o coeficiente necessário,
deve-se proceder ao seguinte cálculo:
100 – 12 = 88
100 ÷ 88 = 1.13636 (coeficiente aplicado em produtos cuja alíquota do ICMS seja 12%).
R$ 500,00 x 1.13636 = R$ 568,18
51
A B C Consumidor
Alíquota
de 10% RS 100,00 RS 500,00
RS 300,00
VII - nas operações e prestações que destinem bens e serviços a consumidor final,
contribuinte ou não do imposto, localizado em outro Estado, adotar-se-á a
alíquota interestadual e caberá ao Estado de localização do destinatário o imposto
correspondente à diferença entre a alíquota interna do Estado destinatário e a
alíquota interestadual; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 87/2015)
a) (revogada); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 87, de 2015)
b) (revogada); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 87, de 2015)
VIII - a responsabilidade pelo recolhimento do imposto correspondente à
diferença entre a alíquota interna e a interestadual de que trata o inciso VII será
atribuída: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 87, de 2015)
a) ao destinatário, quando este for contribuinte do imposto; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 87, de 2015)
b) ao remetente, quando o destinatário não for contribuinte do imposto; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 87, de 2015)
Art. 2º O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias passa a vigorar
acrescido do seguinte art. 99:
Art. 99. Para efeito do disposto no inciso VII do § 2º do art. 155, no caso de
operações e prestações que destinem bens e serviços a consumidor final não
contribuinte localizado em outro Estado, o imposto correspondente à diferença
entre a alíquota interna e a interestadual será partilhado entre os Estados de
origem e de destino, na seguinte proporção:
54
I - para o ano de 2015: 20% (vinte por cento) para o Estado de destino e 80%
(oitenta por cento) para o Estado de origem;
II - para o ano de 2016: 40% (quarenta por cento) para o Estado de destino e 60%
(sessenta por cento) para o Estado de origem;
III - para o ano de 2017: 60% (sessenta por cento) para o Estado de destino e 40%
(quarenta por cento) para o Estado de origem;
IV - para o ano de 2018: 80% (oitenta por cento) para o Estado de destino e 20%
(vinte por cento) para o Estado de origem;
V - a partir do ano de 2019: 100% (cem por cento) para o Estado de destino.
RESUMO DAS REGRAS EXISTENTES APÓS A EC 87/2015
OS DOIS ESTADOS
* O Estado de origem fica com o valor obtido
com a alíquota interestadual.
* O Estado de destino fica com o valor obtido
com a diferença entre a sua alíquota interna e
a alíquota interestadual.
DUAS Vale ressaltar que de 2015 a 2018, o Estado de
Adquirente consumidor final
1º) alíquota interestadual; destino dividia esse valor como Estado de
da mercadoria comprada e
2º) diferença entre alíquota origem em uma tabela de transição prevista
não contribuinte do ICMS.
interna e a interestadual. no art. 99 do ADCT.
A partir de 2019, o Estado de destino passa a
ficar com a totalidade da diferença.
Obs.: o remetente do produto ou serviço é
quem deverá fazer o recolhimento do
imposto correspondente à diferença entre a
alíquota interna e a interestadual.
OS DOIS ESTADOS
* O Estado de origem fica com o valor obtido
com a alíquota interestadual.
DUAS * O Estado de destino fica com o valor obtido
Adquirente consumidor final
1º) alíquota interestadual; com a diferença entre a sua alíquota interna e
da mercadoria comprada e
2º) diferença entre alíquota a alíquota interestadual.
contribuinte do ICMS.
interna e a interestadual. Obs.: adquirente (destinatário) do produto ou
serviço é quem deverá fazer o recolhimento
do imposto correspondente à diferença entre
a alíquota interna e a interestadual.
ESTADO DE ORIGEM
Aplica-se a alíquota interestadual, mas o valor
Adquirente não consumidor
ficará todo com o Estado de origem.
final do produto adquirido, INTERESTADUAL
Posteriormente, na revenda do produto,
para revenda posterior.
aplica-se a alíquota local, compensando-se o
que já fora recolhido anteriormente.
5.4 TAXAS
Qualquer ente político poderá instituir taxas em razão de dois fatos: (a) exercício do
poder de polícia – TAXA DE POLÍCIA (TAXA DE FISCALIZAÇÃO); ou (b) pela utilização, efetiva
ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou
postos a sua disposição – TAXA DE SERVIÇO (art. 145, II da CF e art. 77 do CTN).
Taxas são tributos retributivos ou contraprestacionais, uma vez que não podem ser
cobradas sem que o ente político exerça seu poder de polícia, ou preste serviço público
específico e divisível ou o coloque à disposição do contribuinte público.
62
1
O valor do Fundo de Participação dos Municípios - FPM foi alterado de 22,5% para 24,5%.
80
O Estado, para obter os recursos necessários às suas despesas, cobra tributos dos
seus cidadãos, sendo assim, o Direito Tributário é o ramo do Direito Público que tem por
finalidade definir os critérios dessa cobrança, estabelecendo os limites de atuação estatal,
bem como as regras e procedimentos para o exercício do direito de tributar.
Hugo de Brito Machado (2007, p.78), em sua obra Curso de Direito Tributário,
conceitua o Direito Tributário como “o ramo do Direito que se ocupa das relações entre o
fisco e as pessoas sujeitas a imposições tributárias de qualquer espécie, limitando o poder de
tributar e protegendo o cidadão contra os abusos desse poder”.
Lei e legislação tributária têm sentidos diferentes. No CTN a palavra lei é usada em
sentido estrito. Já o vocábulo legislação é aplicada em sentido mais amplo, abrangendo
além das várias espécies de leis (normas gerais e abstratas), previstas nos arts. 59 e 62 da
CF/88, os tratados e convenções internacionais, os decretos e as normas complementares
(art. 100 do CTN).
O art. 96 do CTN, ao dispor sobre esse tema, amplia o conceito da expressão
“legislação tributária”. Todo “ato normativo” que verse sobre matéria tributária integra a
“legislação tributária”. A “lei”, em sentido formal, é o ato jurídico produzido pelo Poder
competente para o exercício da função legislativa, nos termos estabelecidos pela
Constituição. Por outro lado, a lei, em sentido material, é uma prescrição jurídica hipotética
e genérica, que não se reporta a um fato isolado no tempo e no espaço, mas sim a um
modelo abstrato, traduz-se por uma NORMA.
Há sete espécies de normas jurídicas decorrente do processo legislativo brasileiro,
previstas no art. 59/CF, são elas: as emendas à Constituição, as leis complementares, as leis
ordinárias, as leis delegadas, as medidas provisórias, os decretos legislativos e as resoluções.
A Lei Complementar nº 95/98, regulamentada pelo Dec 4.176/02, dispõe sobre a
elaboração, redação, alteração e consolidação da lei. O disposto no art. 96 do CTN não visa
restringir o conceito de legislação tributária, muito pelo contrário, o seu objetivo é ampliá-lo.
Assim, nos ensina Ricardo Alexandre (2013, p. 194), “possuir força de lei significa ter
aptidão para inovar no ordenamento jurídico, criando novos direito e obrigações”. A própria
Constituição Federal, estabelece no art. 5º, II, que ninguém será obrigado a fazer ou deixar
de fazer alguma coisa senão por força de lei.
2 FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO
A expressão fonte do direito representa o ponto originário de onde provém a
norma jurídica, ou seja, as formas reveladoras do direito. As fontes do direito tributário,
podem ser divididas em fontes materiais ou reais e fontes formais.
2.1 Fontes Materiais ou Reais
As fontes materiais ou reais do Direito Tributário são os pressupostos fáticos da
tributação, compreendem os fatos que ocorridos no mundo real, incidindo na hipótese
abstrata do fato gerador, que fazem nascer a obrigação tributária.
82
São definidas pelas riquezas ou os bens em geral, utilizados pelo legislador como
veículos de incidência tributária, como o patrimônio, renda e serviços. Constitui-se,
portanto, no fato descrito de forma abstrata e genérica (fato gerador) na norma legal, que
uma vez ocorrido em concreto gera a obrigação de pagar tributo.
2.2 Fontes Formais
As fontes formais são os atos normativos ou conjunto de normas que constituem o
Direito Tributário. Subdividem-se em fontes formais principais ou primárias e fontes formais
secundárias. São constituídas pelas normas constitucionais e pelos atos normativos referidos
nos arts. 59 da CF, bem como nos tratados e nas convenções internacionais e nos decretos.
2.2.1 Fontes Formais Principais ou Primárias
2.2.1.1 Constituição Federal e Emendas Constitucionais
As normas constitucionais situam-se no topo da pirâmide jurídica e são
consideradas o fundamento de validade de todas as outras normas jurídicas internas. A
Constituição Federal é a principal fonte do Direito Tributário, pois nela estão insculpidos os
princípios básicos e as normas nucleares referente as espécies tributárias existentes em
nosso ordenamento jurídico, conforme se observa os artigos 145 a 162 do TÍTULO VI – “DA
TRIBUTAÇÃO E DO ORÇAMENTO”, do Capítulo I – “Do Sistema Tributário Nacional”.
Do texto constitucional extraí-se a competência tributária, que irá regular o
exercício do poder jurídico de tributar dos diversos entes políticos-administrativos (união,
estados, DF e municípios), que deverá ser exercido mediante a instituição de leis.
A CF também estabelece os princípios limitadores que balizarão a atuação estatal
no mister da tributação, impedindo que este poder seja exercido de forma ilimitada. Por fim,
a Lei Maior estabelece as diversas espécies tributárias e dispõe sobre à repartição das
receitas tributárias.
As Emendas à Constituição (EC) são propostas e discutidas segundo o art. 60 da CF.
Se aprovadas por 3/5 dos membros de cada Casa do Congresso, em dois turnos de votação,
incorporam-se ao texto constitucional com a mesma hierarquia dos dispositivos ali inseridos,
passando a ter a mesma força que as normas constitucionais preexistentes.
Vale ressaltar o art. 60, § 4º/CF, que dispõe sobre as chamadas “cláusulas pétreas”,
estabelecendo a vedação de Propostas de Emenda à Constituição (PEC) tendentes a abolir a
forma federativa de Estado (pacto federativo / federalismo fiscal); o voto direto, secreto,
universal e periódico; a separação dos Poderes e os direitos e garantias individuais
(limitações constitucionais ao poder de tributar); cujo âmbito de proteção não pode ser
suprimido.
2.2.1.2 Leis Complementares (LC)
As Leis Complementares surgiram com a EC n° 18/65 à Carta de 1946, que criou o
Sistema Tributário Nacional. Seu escopo foi de estabelecer uma lei que abrangesse os
interesses nacionais.
83
Nunca é demais frisar que, de acordo com o art. 24, § 3º, da CF, inexistindo lei
complementar, os Estados e o Distrito Federal exercerão a competência legislativa plena,
como no caso do IPVA, que, apesar da inexistência de LC não impede o disciplinamento do
referido tributo por lei estadual/distrital.
2.2.1.3 Leis Ordinárias (LC)
Leis ordinárias são normas que criam e majoram tributos. Em regra, a CF não cria
tributos, apenas atribui competência tributária aos entes federados para instituírem os seus
tributos. As leis ordinárias são aprovadas por maioria simples, em cada Casa do Congresso
que corresponda ao voto favorável de mais da metade do número de parlamentares
presentes no dia da votação, considerando como mínimo 257 deputados e 41 senadores,
resultando no voto de 129 deputados e 21 senadores para aprovar da lei ordinária.
Em regra, a lei apta a instituir o tributo é ordinária, porém, excepcionalmente, a CF
impõe a criação de tributos por meio de LC, como no caso de imposto sobre grandes
fortunas (art. 153, VII); ou decorrente de sua competência residual (art. 154, I); do
empréstimo compulsório (art. 148) e das contribuições sociais (art. 195, § 4º).
Leis ordinárias distinguem-se de leis complementares por dois aspectos essenciais
(material e formal). A CF estabelece que matérias devem ser reguladas por LC (aspecto
material). As leis ordinárias poder ser federais, estaduais ou municipais, não havendo
hierarquia entre elas, cada uma guarda sua especificidade.
Aspecto importante é o mencionado no art. 97 do CTN que dispõe que somente a
lei pode estabelecer:
(a) a instituição de tributos, ou a sua extinção;
(b) a majoração de tributos, ou a sua redução;
(c) a definição do fato gerador da obrigação tributária principal e do sujeito
passivo;
(d) a fixação da alíquota do tributo e de sua base de cálculo;
(e) a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus
dispositivos ou para outras infrações nela definidas;
(f) as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de
dispensa ou redução de penalidade.
2.2.1.4 Leis Delegadas (LD)
As leis delegadas têm a mesma hierarquia das leis ordinárias e são elaboradas pelo
Presidente da República, depois de obtida a delegação junto do Poder Legislativo, por
intermédio de Resolução do Congresso Nacional, na forma do art. 68 da CF. A delegação
será concedida por intermédio de uma resolução do Congresso Nacional que especificará o
conteúdo da Lei Delegada bem como termos do seu exercício.
Certas matérias não poderão ter tratadas por LD:
(a) atos de competência exclusiva do Congresso, ou privativa da Câmara e do
Senado;
85
1/3 dos
ICMS (Operações Internas) Mínima Maioria Absoluta Art. 155, § 2º, V, “a”
Senadores
Facultatividade
Máxima Maioria Absoluta 2/3 dos Senadores Art. 155, § 2º, V, “b
IPVA Mínima - - -
2.2.1.8 Tratados e Convenções Internacionais
O art. 98 do CTN dispõe “que os tratados e convenções internacionais revogam ou
modificam a legislação tributária interna e serão observados pela que lhes sobrevenha”.
Na verdade, a interpretação a ser dada é que os tratados ou convenções
internacionais prevalecem sobre a legislação interna, que tem sua eficácia suspensa
durante a vigência do Tratado ou da Convenção Internacional, devendo com este
compatibilizar-se. Deve-se aplicar a mesma regra relativa à aplicação das normas especiais
em relação às normas gerais.
O STF já se posicionou pela prevalência de lei ordinária posterior ao tratado e
concluiu pela possibilidade de lei interna superveniente poder dispor em sentido em sentido
contrário ao que dispõe norma de tratado ou de convenção internacional, implicando na
revogação deste e na consequente imposição de penalidade por seu descumprimento.
Nas relações com outros Estados soberanos, por estar representando os demais
entes que compõem a federação, a União pode celebrar acordos que importem em isenção
de tributo que não seja da sua competência, pois, atua como representante do Estado
Federal como um todo (art. 21, I da CF).
2.2.1.9 Decretos
Decretos são atos normativos que são editados exclusivamente pelo Chefe do Poder
Executivo. Visam regulamentar a lei para sua fiel observância, explicando-a e detalhando-a.
Os decretos não podem inovar o texto legal, quer ampliando, quer restringindo seu
alcance e conteúdo, têm por limite a lei. Em matéria tributária, apesar do disposto no art. 99
do CTN, é possível sustentar que o Decreto pode instituir obrigações acessórias, por uma
interpretação extensiva da expressão legislação, prevista no art. 96.
O Decreto também poderá ser utilizado para majorar ou reduzir as alíquotas de
certos impostos com finalidade extrafiscal, como o II, IE, IOF e IPI (art. 153, § 1º/ CF).
O art. 115 do CTN dispõe o seguinte: “fato gerador da obrigação acessória é
qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de
ato que não configure obrigação principal”.
88
A legislação tributária se aplica aos fatos futuros (quando estes vierem a se verificar)
e aos pendentes, assim denominados pelo CTN os fatos cuja observância tenham-se
iniciado, mas não concluído.
São instantâneos os fatos geradores que ocorrem em determinado momento no
tempo, fazendo nascer obrigação tributária autônoma a cada oportunidade em que
verificados no mundo dos fatos. Ex: fato gerador do II que ocorre a cada entrada de
mercadoria estrangeira no território nacional.
São periódicos, ou complexivos, fatos geradores definidos com base em situações
que se prolongam no tempo, que se completam num determinado período de formação
legalmente determinado. Ex.: o fato gerador do imposto de renda. Em suma, a questão da
produção dos efeitos relativos a nova lei tributária material pode ser assim resumida:
Fatos Geradores Consumados à não se aplica.
Fatos Geradores Não Consumados à aplicação imediata.
Fatos Geradores Pendentes à aplicação imediata.
O princípio da IRRETROATIVIDADE (art. 150, III, a/CF), não possui qualquer exceção.
Não há qualquer hipótese em que se possa cobrar tributo em relação a fatos geradores
ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. Em
regra, a lei serve para regular fatos ocorridos a partir do início de sua vigência.
No direito tributário há DUAS EXCEÇÕES EM RELAÇÃO À RETROATIVIDADE DA LEGISLAÇÃO
TRIBUTÁRIA, não relacionadas à majoração ou instituição de tributo, de acordo com o
estabelecido no art. 106 do CTN, são elas: (i) lei expressamente interpretativa, excluída a
aplicação de penas; (ii) Tratando-se de ato não definitivamente julgado; deixando de defini-
lo como infração, deixando de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou
omissão; e quando comine penalidade menos severa.
A hipótese de retroatividade em que se aplica a lei mais benéfica acerca de
infrações e penalidades decorre de uma forte influência do direito penal.
As hipóteses previstas no art. 106 do CTN tratam exclusivamente de infrações e
suas respectivas punições.
NÃO HAVERÁ RETROATIVIDADE DE LEI QUE VERSE SOBRE TRIBUTO, pois em relação a regras
materiais sobre tributos (alíquotas, bases de cálculo, contribuintes e fatos geradores), a
legislação a ser aplicada será sempre a vigente na data do fato gerador.
A hipótese prevista na alínea b do art. 106, II, refere-se a ato não fraudulento e que
não tenha implicado falta de pagamento de tributo, relacionam-se as obrigações ditas
acessórias, de maneira que a alínea a do art. 106, II seria aplicável às infrações relativas às
obrigações principais (com conteúdo pecuniário).
A alínea c do art. 106, II, traz o mais típico caso de retroatividade da lei tributária
que define infrações ou comina penalidades, qual seja, quando “comine penalidade menos
severa que a prevista na lei vigente ao tempo de sua prática”.
A hermenêutica jurídica classifica a interpretação da lei quanto à fonte em:
91
O art. 110 do CTN estabelece que a lei tributária não pode alterar a definição, o
conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados,
expressa ou implicitamente, pela CF, pelas CE, ou pelas LO do DF ou dos Municípios, para
definir ou limitar competências tributárias.
Isso que dizer que a faculdade de modificação para efeitos tributários, reconhecida
no art. 108, só não poderá ser exercitada em se tratando de definição ou de limitação de
competência tributária.
Por fim, o art. 112 do CTN, consagra o princípio in dubio contra fiscum, ao
estabelecer que a lei tributária que define infrações ou lhes comina penalidades, interpreta-
se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida, quanto:
I - à capitulação legal do fato;
II - à natureza ou circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão de
seus efeitos;
III - à autoria, imputabilidade, ou punibilidade;
IV - à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação.
96
2. O FATO GERADOR DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL
Para que o fato gerador seja plenamente definido, se faz necessário identificar os
seus elementos. O primeiro deles é o núcleo do fato gerador, ou seja, tem que se examinar a
matéria específica de que o mesmo trata, ou seja a sua materialidade.
O segundo aspecto é o elemento subjetivo, que se desdobra no sujeito ativo e do
sujeito passivo. O sujeito ativo é a pessoa (estatal ou não) que é credora da obrigação
tributária; sujeito passivo é o devedor dessa obrigação.
A quantificação do tributo (aspecto valorizador ou quantificativo) é o terceiro aspecto
do fato gerador e pode ser tarefa mais ou menos complexa. Em certos casos, o quantum
debeatur é estabelecido pela norma legal, de modo que, ocorrido o fato descrito na lei, cabe
ao sujeito passivo recolher o montante relativo tributo devido como é o caso das taxas.
Impostos, de modo geral, têm seu montante determinado mediante uma operação
matemática, na qual se toma uma medida de grandeza do fato gerador (BASE DE CÁLCULO)
e sobre ela se aplica um percentual (ALÍQUOTA), tendo-se como resultado o quantum da
obrigação.
A quantificação do fato gerador pode ser representada por outro fator (quantidade,
peso, ou volume de certa mercadoria), apurando-se o quantum do tributo mediante a
multiplicação das unidades de medida por uma cifra. O valor do tributo corresponderá, por
exemplo, a tantas vezes, quantas forem as unidades de medida.
Chama-se base de cálculo a medida legal da grandeza do fato gerador. A
determinação do montante de certos tributos não requer a definição de uma base de
cálculo, pois o montante já é identificado pela lei (taxas).
Sobre a base de cálculo aplica-se a alíquota para determinar o montante do tributo.
A alíquota, geralmente, é representada por um percentual, cuja aplicação sobre a base de
cálculo revela o quantum debeatur. Como toda alíquota se aplica sobre uma cifra ou valor
em moeda (expressivo da grandeza da materialidade do fato gerador), ela se diz ad valorem.
Não se deve esquecer do aspecto espacial (válido em determinado lugar) e do
aspecto temporal (ocorre dentro de certo lapso temporal) do fato gerador do tributo.
99
A imensa maioria das lides tributárias tem como pano de fundo a discussão sobre a
ocorrência ou não do fato gerador e, portanto, a incidência ou não de determinado tributo.
Fato se refere a algo concretamente verificado no mundo.
O CTN trata como fato tanto a descrição abstrata prevista em lei quanto a situação
concreta verificada no mundo. No direito penal existe o tipo penal, descrito em lei e o fato
típico que ocorre no mundo concreto. O art. 114 do CTN dispõe que fato gerador da
obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua
ocorrência. Se está prevista em lei, de maneira abstrata, a situação não deveria ser
denominada de “fato”, mas sim de hipótese.
Situações necessárias são todas aquelas que precisam estar presentes para a
configuração do fato, são os seus requisitos. Entrada de uma mercadoria em território
nacional é a situação necessária para ocorrência do fato gerador do imposto de importação.
No entanto, para que a obrigação nasça também é necessário que a mercadoria seja
estrangeira. Daí se dizer que a situação deva ser necessária e suficiente.
Boa parte da doutrina entende que a previsão abstrata deveria ser denominada
“hipótese”, pois se refere a algo que pode vir a ocorrer no mundo, tendo como
consequência a incidência tributária. O fato gerador da obrigação tributária principal é a
situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência.
Situação à toda e qualquer ocorrência, decorrente ou não da vontade, não há
relevância dos aspectos subjetivos.
Definida em Lei à descrição abstrata da situação cuja ocorrência faz nascer essa
obrigação, matéria compreendida em reserva legal.
Necessária à para surgir a obrigação tributária é indispensável à ocorrência da
situação prevista em lei. Suficiente à a situação prevista em lei é bastante para tal.
Situações necessárias são todas aquelas que precisam estar presentes para a
configuração do fato, são os seus requisitos. Entrada de uma mercadoria em território
nacional é a situação necessária para ocorrência do fato gerador do imposto de
importação. Entretanto para que a obrigação surja também é necessário que a mercadoria
seja estrangeira. Daí se dizer que a situação deva ser necessária e suficiente.
Fato Gerador em Abstrato è Hipótese de Incidência
Fato Gerador em Concreto è Fato Imponível
Hipótese de Incidência + Fato Imponível è Obrigação Tributária.
O fato gerador do tributo é uma situação descrita em lei pelo legislador, tais como:
importar mercadorias estrangeiras; prestar serviços; ser proprietário de imóvel urbano ou
rural; auferir renda, entre outras.
Embora a legislação tributária identifique o fato gerador pela menção à sua
materialidade, não é possível apreendê-lo sem que sejam captados também aqueles
elementos ou aspectos que dão plenitude ao fato gerador como um acontecimento
presente no mundo real ou fático.
100
Art. 119 à Sujeito Ativo: pessoa jurídica de direito público titular da competência
para exigir o tributo.
Art. 121 à Sujeito Passivo: pessoa obrigada ao pagamento do tributo, pode ser o
contribuinte ou o responsável.
4.2 Aspecto Temporal
Determina o exato momento em que se considera ocorrido o fato gerador, ou seja a
consumação do vínculo entre o sujeito ativo e o sujeito passivo. Ex.: a lei tributária diz que
é fato gerador do ICMS a saída da mercadoria do estabelecimento comercial.
O aspecto temporal vincula-se, também, a lei aplicável: (a) se o fato ocorreu antes
do início da vigência da lei, ele não se qualifica, sequer, como fato gerador; (b) se já o era à
vista da lei anterior (sob cuja vigência ocorreu), o fato gerador estará submetido a ela; (c) se
ocorreu no período de vigência de uma isenção, será um fato isento.
4.3 Aspecto Espacial ou Territorial
Indica o lugar da ocorrência do fato gerador, que deverá situar-se dentro dos
limites territoriais em que ente político exerce a sua competência tributária. Não existem
fatos situados fora do espaço, assim também o fato gerador do tributo é um acontecimento
que ocorre em algum lugar, ou seja, dentro dos limites de um determinado território.
É importante a definição desse aspecto, pois a mesma situação material no lugar
“A” pode ser fato gerador e não sê-lo no lugar “B”, ou porque esse lugar esteja fora do
âmbito espacial de aplicação da lei ou porque nele vigore uma isenção regional.
4.4 Aspecto Objetivo, Material ou Nuclear
Consiste na descrição que a lei faz do núcleo da hipótese de incidência (descrição
abstrata do fato). É o aspecto mais importante, pois determina o tipo tributário, e é
comumente representado por um verbo e um complemento. Ex.: industrializar produtos;
auferir rendas; exportar produtos nacionais; importar produtos estrangeiros; prestar
serviços; etc. A descrição do aspecto material, ou nuclear, do fato gerador da obrigação
tributária alberga necessariamente uma expressão econômica, que se presta como
elemento essencial para a quantificação do objeto correspondente.
101
Entretanto, pelo próprio comando do caput do art. 116 do CTN: “Salvo disposição
de lei em contrário”, verifica-se que o legislador tributário tem relativa discricionariedade
para definir o momento da ocorrência do fato gerador. Caso não o faça, entretanto, aplicam-
se as regras do art. 116 do CTN.
5.2.1 As Situações Jurídicas Condicionadas
De acordo com o art. 117 do CTN:
Art. 117. Para os efeitos do inciso II do artigo anterior e salvo disposição de lei em
contrário, os atos ou negócios jurídicos condicionais reputam-se perfeitos e acabados:
I - sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu implemento;
II - sendo resolutória a condição, desde o momento da prática do ato ou da celebração
do negócio.
Tal dispositivo ficou conhecido como norma geral de antielisão fiscal, por se
constituir como um instrumento eficaz para o combate aos procedimentos de planejamento
tributário praticados com abuso de forma e de direito. Porém, a despeito de sua
nomenclatura o objetivo real de tal norma é de combater a elusão fiscal.
Por fim, cabe ressaltar em primeiro lugar, que o referido dispositivo autoriza que
sejam “desconsiderados” os negócios jurídicos que tenham por finalidade dissimular a
ocorrência do fato gerador do tributo, no entanto, o referido negócio jurídico não será
desconstituído pela autoridade administrativa, sendo o negócio jurídico celebrado entre as
partes plenamente eficaz.
Em segundo lugar, o dispositivo legal necessita ser regulado por lei ordinária,
conforme dispõe a sua redação. Assim, enquanto tal norma não for editada não é possível
sua aplicação. Em resumo, os comportamentos que importam fuga da tributação têm suas
principais características apontadas no quadro abaixo.
LICITUDE DO COMPORTAMENTO MOMENTO DA OCORRÊNCIA
Ação Lícita Em regra, antes do fato gerador
ELISÃO
(planejamento tributário) (exceção: declaração de IR)
Ação Ilícita Em regra, após o fato gerador
EVASÃO
(evita o conhecimento da ocorrência do fato gerador) (exceção: notas fiscais fraudulentas)
Nesse caso, o exercício de uma profissão para a qual o indivíduo não esteja
legalmente habilitado não impede a incidência de tributo sobre a prestação do serviço ou
sobre a renda auferida. Por exemplo, o médico impedido de clinicar, caso o faça, deve
recolher o IR e ISS. Não se tributa o descumprimento da norma legal que disciplina o
exercício regular da profissão, mas o fato de executar o serviço ou o fato da percepção de
renda, que constituem fato gerador do ISS e do IR, respectivamente.
Outro exemplo se refere à vedação legal ao diretor de uma instituição financeira de
tomar empréstimo na instituição que dirige. Se por acaso este profissional descumprir a
norma existente e tomar empréstimo incorrerá no fato gerador do IOF.
Já é sabido que o polo passivo da relação jurídico-tributária pode ser ocupado pelo
contribuinte ou pelo responsável. Segundo o CTN, pode-se afirmar que a diferença entre
contribuinte e responsável parte da seguinte pergunta: o sujeito passivo possui relação
pessoal e direta com o fato gerador? Se a resposta for positiva, o sujeito passivo é
contribuinte (sujeito passivo direto); se for negativa, o sujeito passivo é responsável (sujeito
passivo indireto). O critério legal parece simples, mas o significado da expressão “relação
pessoal e direta” com o fato gerador merece um maior detalhamento. Todos os impostos
têm por fato gerador alguma manifestação de riqueza (renda, patrimônio ou consumo).
Possui relação pessoal e direta com o fato gerador quem faz com que este se realize
no mundo real, ou seja, no caso dos impostos, quem manifesta riqueza definida em lei como
fato gerador do tributo. Se a pessoa que manifesta a riqueza é a mesma obrigada a pagar o
tributo, tal pessoa é sujeito passivo na modalidade contribuinte, uma vez que possui relação
pessoal e direta com o fato gerador da obrigação.
Quando a pessoa obrigada por lei ao pagamento do tributo é diferente daquela que
manifestou riqueza, diz-se que a mesma é sujeito passivo na condição de responsável, visto
que não possui relação pessoal e direta com o fato gerador da obrigação, porém está
vinculada ao evento definido em lei como fato gerador.
Apesar do sujeito legalmente definido como responsável não possuir relação
pessoal e direta com o fato gerador, não pode ser um estranho ao fato, devendo possuir um
vínculo com a situação tipificada na lei como fato gerador, conforme dispõe o art. 128/CTN.
O art. 32 do CTN dispõe que o fato gerador do IPTU é a propriedade, o domínio útil,
ou a posse de bem imóvel por natureza, ou por acessão física, como definido na lei, mas
localizado na zona urbana do Município. Dessa maneira, quem manifesta riqueza é o
proprietário, ou o titular da posse do domínio útil. Nesse caso o sujeito passivo esta na
condição de contribuinte.
No caso do IR das pessoas físicas a situação é bem diferente, como prescreve o art.
43 do CTN: o IR tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica
de renda ou proventos de qualquer natureza. Quem manifesta riqueza, no caso do imposto
de renda, é quem recebe rendimentos ou proventos. É por isso que o art. 45 do CTN estatuí
que o contribuinte do IR é o titular da disponibilidade a que se refere o art. 43, sem prejuízo
da lei atribuir tal condição ao possuidor, a qualquer título, dos bens produtores de renda ou
dos proventos tributáveis. Entretanto, a fonte pagadora da renda é o responsável pelo
imposto cuja retenção e recolhimento lhe caibam, sendo esta uma pessoa que não tem
relação pessoal e direta com a situação definida em lei como fato gerador, uma vez que não
é a pessoa que manifesta a riqueza, sendo a mesma o sujeito passivo responsável.
B. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA
1. MODALIDADES DE RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA
2. RESPONSABILIDADE POR SUBSTITUIÇÃO (art. 128 do CTN)
2.1 Substituição Pura e Simples
2.2 Substituição Regressiva, Antecedente ou Para Trás
2.3 Substituição Progressiva, Subsequente ou Para Frente
3. RESPONSABILIDADE POR TRANSFERÊNCIA
3.1 Responsabilidade por Solidariedade (art. 124 e 125 do CTN)
3.2 Responsabilidade por Sucessão (art. 129 a 133 do CTN)
3.3 Responsabilidade de Terceiros (art. 134 e 135 do CTN)
4. RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES (art. 136 e 137 do CTN)
5. DENÚNCIA ESPONTÂNEA (art. 138 do CTN)
1. MODALIDADES DE RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA
O sujeito passivo da obrigação tributária pode ser um contribuinte ou um
responsável. Será contribuinte quando tiver relação pessoal e direta com a situação que
constitua o respectivo fato gerador; caso contrário será denominado responsável. Em ambos
os casos, a sujeição passiva depende de expressa previsão legal.
O responsável integra a relação jurídico-tributária como devedor de um tributo,
sem possuir relação pessoal e direta com o respectivo fato gerador.
Não é lícito ao legislador definir arbitrariamente como sujeito passivo pessoa
totalmente alheia à situação definida em lei como fato gerador do tributo, basta analisar o
previsto no art. 128 do CTN.
A pessoa a quem o legislador atribui a responsabilidade deve ser vinculada ao fato
gerador da obrigação. Tem que haver vínculo, sem configurar relação pessoal e direta com o
fato gerador. Tome-se como exemplo, o comerciante que faz circular a mercadoria. Ele
possui vínculo com os fatos geradores do imposto de importação e do ICMS, podendo, por
disposição expressa da lei, ser considerado o responsável pelo pagamento do tributo em
determinadas circunstâncias.
Sempre será necessário expressa disposição legal atribuindo a alguém a condição
de responsável, como sujeito passivo da relação jurídico-tributária, em face do princípio da
reserva legal (art. 121, II do CTN).
De acordo com o momento em que surge o vínculo jurídico entre a pessoa
designada por lei como responsável e o sujeito ativo do tributo, a responsabilidade tributária
pode ser classificada como “por substituição” ou “por transferência”.
110
REGRESSIVA, ANTECEDENTE
OU PARA TRÁS
POR
SUBSTITUIÇÃO
PROGRESSIVA, SUBSEQUENTE
OU PARA FRENTE
SUCESSÃO
(art. 129 a 133 do CTN)
SOLIDARIEDADE
RESPONSABILIDADE POR TRANSFERÊNCIA (art. 124 e 125 do CTN)
TRIBUTÁRIA
TERCEIROS
(art. 134 e 135 do CTN)
POR INFRAÇÃO
111
A Indústria de
Laticínios
C
Em situações como esta, percebe-se que é mais fácil para o Fisco exigir de B todos
os tributos incidentes sobre as operações realizadas pelos seus vários fornecedores (A). O
argumento é reforçado pelo fato de a decisão facilitar a vida de pequenos produtores rurais
sem condições de manter uma logística contábil financeira para providenciar o recolhimento
do tributo. É comum que a lei tributária preveja que B substitua os seus fornecedores A
como devedor dos tributos (responsável) incidentes sobre as alienações feitas ao próprio B,
atuando como sujeito passivo tanto com relação às aquisições feitas de A, quanto às vendas
realizadas para C (contribuinte). O ônus econômico do ICMS atinge normalmente o
adquirente, que inclui o valor do tributo no pagamento ao alienante.
Assim, “B” tem a vantagem de não precisar desembolsar o tributo na compra da
mercadoria feita a “A”, que possui a vantagem de não precisar criar logística para recolher o
tributo sobre suas operações. O fisco, apesar de receber o tributo em momento posterior,
tem a grande vantagem de otimizar a utilização de sua mão-de-obra, pois lhe é possível
concentrar os esforços fiscalizatórios numa quantidade bem menor de empresas diminuindo
a evasão fiscal.
2.3 Substituição Progressiva, Subsequente ou Para Frente
Refinaria A B C Consumidores - D
C
Postos
A substituição tributária progressiva ou subsequente (para frente) ocorre nos casos
em que as pessoas ocupantes das posições posteriores das cadeias de produção e
circulação são substituídas, no dever de pagar tributos, por aquelas que ocupam as
posições anteriores nessas cadeias. Nesta situação, torna-se mais fácil e eficiente para o
Estado cobrar de uma só pessoa, denominada de RESPONSÁVEL, todo o tributo incidente na
cadeia produtiva subsequente, mesmo no que concerne aos fatos geradores a serem
praticados em momento futuro. Ressalte-se que todo tributo é pago de uma só vez, sendo
calculado sobre o calor pelo qual se presume que a mercadoria será vendida ao consumidor.
113
Os valores constam de uma pauta fiscal de forma que o cálculo do tributo é feito
por meio de um ARBITRAMENTO, pois não há certeza do valor exato de uma operação
futura. Parte da doutrina considera que a previsão na lei da antecipação do pagamento do
tributo cujo fato gerador ainda não se verificou configura agressão a três princípios
tributários, entre eles o da tipicidade, o da capacidade contributiva e o do não confisco.
A violação ao princípio da tipicidade, que é a situação abstratamente prevista em lei
como sendo o núcleo do fato gerador do tributo, ocorre porque o pagamento ao fisco se dá
em momento anterior à ocorrência do fato gerador no mundo real. Porém, contra essa
crítica doutrinária o STF já decidiu que a cobrança antecipada do ICMS por meio de
estimativa “constitui simples recolhimento cautelar enquanto não há o negócio jurídico de
circulação de mercadoria” (RE 194.382).
A violação aos princípios da capacidade contributiva e do não-confisco ocorre
porque o ICMS é um tributo concebido para permitir a transferência do encargo econômico-
financeiro ao adquirente da mercadoria, de forma que o alienante só poderá ser chamado a
recolher o montante correspondente ao tributo após recebê-lo do adquirente.
Porém esse argumento é superado pelo fato de o impacto econômico da cobrança
antecipada ser apenas provisório, pois, quando da ocorrência da venda de “B” para “C”, “B”
recupera o valor do ICMS que o atingiu antecipadamente, e, quando “C” vende a mercadoria
ao consumidor, todo o ônus da cadeia de produção/circulação é repassado ao adquirente.
O STF considerou constitucional a substituição para a frente (RE 213.396), de forma
que a interpretação que mais guarda consonância com a jurisprudência da Corte Suprema é
o que dispõe o § 7° do art. 150 da CF, incluído pela EC 3/93, que apenas veio a declarar como
possível aquilo que já vinha sendo realizado.
Aspecto importante é verificar se é possível proceder à devolução da diferença do
imposto antecipadamente recolhido a mais; ou a cobrança de valores recolhidos a menos.
Visando uniformizar o entendimento, 23 Estados da federação firmaram o Convênio ICMS
13/97, adotando o posicionamento mais favorável para o Fisco, ou seja, a não-restituição
dos valores recolhidos a maior, bem como, a não-cobrança dos valores recolhidos a menor.
Não ocorrido o fato gerador presumido, nasce o direito à restituição imediata e preferencial
da quantia paga.
Em ambos os casos, o benefício fiscal pode ser concedido de maneira objetiva (real)
ou subjetiva (pessoal). O CTN dispõe que a interrupção da prescrição, a favor ou contra um
dos obrigados, favorece ou prejudica os demais. Na interrupção recomeça-se a contagem do
prazo. De acordo com o art. 174 do CTN, PRESCRIÇÃO é o prazo terminativo, que se
consumado, implicará na extinção da possibilidade do Estado promover a ação de execução
fiscal, com vistas a receber o crédito tributário não quitado pelo contribuinte, ou que não
tenha sido extinto, por alguma outra hipótese legal dentre aquelas previstas no art. 156/CTN.
O prazo prescricional que corre contra o fisco é de cinco anos, contados da
constituição definitiva do crédito tributário (LANÇAMENTO).
De acordo com o art. 169/CTN, a PRESCRIÇÃO é o prazo terminativo, que, se consu-
mado, implica na extinção da possibilidade do sujeito passivo, que pagou tributo indevido,
ou maior que o devido, ajuizar ação anulatória contra decisão que denegar pedido adminis-
trativo de restituição. O prazo prescricional que corre contra o contribuinte é de 2 anos.
Interromper um prazo significa restituí-lo integralmente à pessoa contra quem o
prazo fluía. Na primeira hipótese o prazo fluía contra o Fisco e caso verificado alguma das
causas interruptivas do art. 174, § único do CTN, a administração fazendária voltará a ter o
prazo de cinco anos para ajuizar a ação de execução fiscal.
Na segunda hipótese, o prazo flui contra o sujeito passivo que pleiteia a restituição
e, caso verificada a causa interruptiva prevista no art. 169 § único do CTN, o contribuinte
terá o prazo devolvido pela metade (restituição parcial).
116
O disposto nesta seção aplica-se por igual aos créditos tributários definitivamente
constituídos ou em curso de constituição à data dos atos nela referidos, e aos
constituídos posteriormente aos mesmos atos, desde que relativos a obrigações
tributárias surgidas até a referida data.
Ocorrido o fato gerador, nasce a obrigação tributária, que possui como sujeito
passivo um contribuinte legalmente definido. Posteriormente, ocorre um evento que
transfere a sujeição passiva a um responsável, expressamente designado por lei, que sucede
o contribuinte original. O marco temporal que transfere a responsabilidade é a data da
ocorrência do evento previsto em lei gerador da sucessão.
Segundo o art. 130 do CTN:
Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o
domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela
prestação de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, sub-
rogam-se na pessoa dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a
prova de sua quitação.
Esse dispositivo refere-se a AQUISIÇÃO DE BENS IMÓVEIS, no que diz respeito aos
impostos, taxas e contribuições de melhoria. A sub-rogação é pessoal, ocorrendo quando há
uma mudança do sujeito passivo da obrigação de forma que o adquirente passa a ser o
responsável por todo o crédito tributário relativo ao imóvel.
O CTN apresenta duas exceções, onde não ocorrerá a sub-rogação. A primeira
ocorre quando conste do título de transferência de propriedade a prova de quitação dos
tributos. A transferência da propriedade de imóveis só ocorre com o registro do ato no
cartório de registro de imóveis.
Neste caso o tabelião deve exigir a apresentação de certidões que comprovem a
inexistência de registro de crédito tributário vencido e não quitado relativo ao imóvel objeto
de transferência.
117
De cujus
Contribuinte
Espólio
Responsável Contribuinte
Sucessores e
Cônjuge Responsável Contribuinte
Responsável
Meeiro
119
5. DENÚNCIA ESPONTÂNEA
O instituto da denúncia ou confissão espontânea, prevista no art. 138 do CTN,
permite que o devedor compareça à repartição fiscal com o fim de noticiar a ocorrência da
infração, pagando espontaneamente os tributos em atraso, caso estes existam, saneando
voluntariamente a falta tributária. Dessa maneira este ato guarda similaridade com os
institutos da desistência voluntária ou do arrependimento eficaz, ambos do Direito Penal.
A finalidade maior da denúncia espontânea é retirar o contribuinte da indesejada
via da impontualidade, afastando-se, dessa forma a incidência de multa tributária, porém,
este ato não impedirá a incidência de juros e correção monetária, até porque esta integra o
valor do tributo, enquanto os juros, que não se constituem em sanção, compõem o traço
remuneratório do capital.
Uma questão importante a ser suscitada relaciona-se a qual espécie de multa que é
excluída com a denúncia espontânea? A multa moratória ou a multa punitiva? A doutrina,
bem como a jurisprudência do STJ (ainda que não totalmente consolidada), preconiza a
exclusão de toda e qualquer penalidade sobre a irregularidade autodenunciada.
Dessa maneira, exclui-se tanto as multas moratória (por falta ou atraso no
recolhimento do tributo) como as multas punitivas ou formais (fiscais ou punitivas).
Deve-se ressaltar, que a exclusão da responsabilidade dar-se-á quando o
contribuinte levar ao conhecimento do Fisco, a ocorrência da infração tributária, antes de
qualquer procedimento fiscal iniciado. O marco temporal relaciona-se à emissão de
notificação para prestar esclarecimentos ou, o que é mais comum, à assinatura do Termo de
Início de Fiscalização (art. 196 do CTN).
Segundo o STJ, não se aplica o art. 138 do CTN às obrigações acessórias, ou seja,
mesmo confessado espontaneamente o não cumprimento de obrigação acessória, deve
ser pago o valor da penalidade correspondente (multas de mora e multas de ofício,
decorrentes da infração cometida).
É importante ressaltar que a jurisprudência tem resistido em aceitar a denúncia
espontânea no caso de tributo lançado por homologação que for pago fora de prazo.
A explicação para tal baseia-se que o pressuposto essencial da denúncia espontânea
é o total desconhecimento do Fisco quanto à existência do tributo denunciado, assim, como
no lançamento por homologação o contribuinte/responsável apresenta uma declaração ao
Fisco, para o STJ formaliza-se a existência do crédito tributário, permitindo-se até que se
inscreva o valor não pago em dívida ativa da União.
Por fim, a doutrina tem entendido que, sendo o art. 138 do CTN incompatível com
qualquer punição, a denúncia espontânea seria igualmente eficaz para extinguir a
punibilidade das infrações criminais.
124
UD IV - CRÉDITO TRIBUTÁRIO
LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO
SUMÁRIO
1. NASCIMENTO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA E LANÇAMENTO
2. CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELO LANÇAMENTO
3. CONCEITO DE LANÇAMENTO
4. NATUREZA E MOEDA DO LANÇAMENTO
5. LEI APLICÁVEL AO LANÇAMENTO
6. INALTERABILIDADE DO LANÇAMENTO
7. MODALIDADES DE LANÇAMENTO
8. EFEITOS DO LANÇAMENTO
1. NASCIMENTO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA E LANÇAMENTO
A ocorrência do fato gerador dá nascimento à obrigação tributária. Esta, por si só,
ainda não pode ser exigida pelo ente tributante, ou seja, ainda não se constituiu o crédito
tributário. O crédito tributário representa o momento da exigibilidade da relação jurídico-
tributária e o seu nascimento ocorre com o lançamento tributário.
Embora ocorrido o fato gerador, a lei tributária não requer do sujeito passivo
nenhum pagamento enquanto não houver, por parte do sujeito ativo, a prática de um ato
jurídico específico, do qual se deve dar ciência ao sujeito passivo, a fim de que este fique
adstrito a, no prazo assinalado satisfazer o direito do credor, sob pena de serem
desencadeados os procedimentos tendentes à cobrança judicial.
Por exemplo, se alguém detém a propriedade de um imóvel urbano, o indivíduo só
será compelido ao pagamento do tributo (IPTU) se (e a partir de quando) o sujeito ativo
(município) efetivar o ato formal previsto em lei, para determinação do valor do tributo,
cientificando o sujeito passivo. Antes desse ato, embora nascida a obrigação tributária a
mesma esteja desprovida de exigibilidade. A esse ato do sujeito ativo (credor) dá-se o nome
de lançamento.
Assim, vale assinalar, que nascido o direito do credor, a pretensão (exigibilidade) e a
coerção (possibilidade de usar de meios constritivos legais para obter a satisfação do direito)
compõem o complexo de efeitos irradiados pela ocorrência do fato jurígeno, não obstante o
exercício da pretensão e da coerção possa, eventualmente, submeter-se a um prazo.
O lapso temporal entre o momento do nascimento do direito do sujeito ativo da
obrigação tributária (ocorrência do fato gerador) e o momento em que a obrigação se torna
exigível (prática do lançamento) decorre do preceito legal de que, em determinadas
circunstâncias, o lançamento deve ser necessariamente praticado, após a realização do fato
gerador, para que a obrigação tributária se torne exigível.
125
Em outras situações esse lapso temporal não se faz presente. É o que se dá quanto
aos tributos cuja lei atribua ao sujeito passivo o dever de pagamento independentemente
da prática do ato de lançamento pelo sujeito ativo.
Ocorrido o fato gerador, o sujeito passivo tem o dever de praticar as operações
necessárias à determinação do valor da obrigação tributária e recolher o montante apurado,
sem que, para isso, se imponha a prática de qualquer ato pelo sujeito ativo (além do simples
dever de receber o valor do tributo e dar quitação, condicionada a verificação se o valor
pago de fato foi o devido). Nessas hipóteses, a regra é o sujeito passivo cumprir o dever
legal de recolher o tributo antes de qualquer manifestação do sujeito ativo.
Porém, se o sujeito passivo se omitir quanto à sua obrigação de apurar e recolher o
tributo (ou se o fizer em valor menor do que o legalmente devido), o sujeito ativo é
obrigado à prática do ato de lançamento para poder exigir o cumprimento da obrigação
tributária, nessa eventualidade, a lei comina penalidade aplicável ao sujeito passivo, em
razão do descumprimento do seu dever legal de recolher o tributo devido.
Assim, ou porque a lei exige o lançamento como condição para que a obrigação
tributária se torne exigível, ou porque, devendo ela ser cumprida sem que se requeira tal
condição e o pagamento não é realizado, sempre caberá ao sujeito ativo proceder ao
lançamento e notificar o sujeito passivo para que pague no prazo assinalado, sob pena de,
não o fazendo, sujeitar-se à cobrança judicial (precedida da inscrição da dívida).
O lançamento é o instrumento que confere exigibilidade à obrigação tributária,
quantificando-a e qualificando-a, dessa maneira, sendo a obrigação tributária ilíquida e
inexigível, com a atuação do Fisco, por intermédio do lançamento a obrigação tributária
torna-se líquida e certa, transformando-se, assim, em crédito tributário.
Desatendida a exigência do adimplemento do crédito tributário, a etapa seguinte é a
da inscrição na dívida ativa, com o que se tem a executoriedade da obrigação tributária.
Obrigação tributária, tributo lançado (ou crédito tributário) e dívida ativa não são
realidades distintas. Todas derivam de uma única fonte, que é o fato gerador da obrigação
tributária. Quanto ao lançamento, o CTN define quais os tributos cuja lei exige o pagamento
independentemente de qualquer ato do sujeito ativo, conhecido como lançamento por
homologação.
2. CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELO LANÇAMENTO
Do ponto de vista material, obrigação e crédito se confundem. As partes são as
mesmas, o objeto é idêntico e o vínculo jurídico também.
O art. 139 do CTN estatui que “o crédito tributário decorre da obrigação principal e
tem a mesma natureza dela”.
O crédito tributário nada mais é do que a própria obrigação tributária principal
formalizada pelo lançamento, ou seja, tornada líquida e certa pelo lançamento e exigível no
prazo estatuído na legislação tributária.
126
7. MODALIDADES DE LANÇAMENTO
a. LANÇAMENTO DIRETO E REVISÃO DE OFÍCIO – Art. 149 / CTN
É aquele efetuado pelo agente público competente sem auxílio do sujeito passivo. O
fisco age por conta própria, diretamente, verificando a ocorrência do fato gerador,
determinando a matéria tributável, calculando o montante do imposto devido, identificando
o sujeito passivo e promovendo sua notificação.
São exemplos de tributos que são lançados de forma direta pelo Fisco: o IPTU, o
IPVA, as taxas, as contribuições de melhoria, a contribuição para o serviço de iluminação
pública (COSIP) e as contribuições corporativas.
O art. 149 trata das hipóteses em que compete à autoridade proceder de ofício ao
lançamento como, também, de casos nos quais cabe à mesma autoridade efetuar a revisão
de lançamento anteriormente realizado, sendo elas as seguintes:
1) Quando a lei assim o determine (art. 149, I).
- Como regra, o lançamento de ofício é adequado aos tributos que têm como fato
gerador uma situação permanente, cujos dados constam dos cadastros fiscais, de modo que
basta à autoridade administrativa a consulta àqueles registros para que tenha à mão os
dados fáticos necessários, sem precisar de qualquer informação do contribuinte.
2) Por descumprimento do dever legal de prestar a declaração no prazo e na for-ma
da legislação tributária; ou deixe de atender pedido de esclarecimento da autoridade
administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente; ou não a tenha
prestado adequadamente, por falsidade, erro, ou omissão (art. 149, II, III e IV).
- Nessas situações, se a declaração não tiver sido prestada, ou se contiver algum
vício, o lançamento será efetuado de ofício, não há, portanto, qualquer espécie de revisão,
pois ainda não houve qualquer espécie de lançamento. Tratam-se de hipóteses que avocam
apenas a revisão da declaração de informações a que o sujeito passivo está obrigado a
prestar e não a revisão do lançamento propriamente dito.
3) Nos casos em que se comprove a omissão ou inexatidão, por parte de pessoa
legalmente obrigada (art. 149, V).
- Nesse caso haverá lançamento, logo se o sujeito passivo não antecipar o
pagamento ou, fazendo-o, recolher a menor, cabe a autoridade administrativa proceder o
lançamento de ofício.
4) Nos casos em que se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro
legalmente obrigado ensejando aplicação de penalidade pecuniária (art. 149, VI).
- A ação ou omissão que dê lugar à aplicação de multa não requer revisão de
ofício de lançamento algum, mas a própria formalização deste, mediante a constituição do
crédito tributário referente à multa, com a lavratura de auto de infração de imposição de
multa.
5) Nos casos de comprovação que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício
daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação (art. 149, VII).
131
8. EFEITOS DO LANÇAMENTO
O lançamento é necessário para que o sujeito ativo possa exigir o recolhimento de
tributos, quando estes se sujeitem ao lançamento de ofício ou por declaração. Nessas
hipóteses cabe a autoridade efetivar o lançamento antes de tomar qualquer outra
providência tendente à cobrança do tributo. Assim, o efeito do lançamento é conferir
exigibilidade à obrigação tributária, quando o recolhimento do tributo dependa de sua
consecução. Tratando-se de tributo que deva ser recolhido pelo próprio sujeito passivo
independentemente de prévio lançamento da autoridade administrativa (lançamento por
UD IV – CRÉDITO TRIBUTÁRIO
SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
As hipóteses acima elencadas formam um rol exaustivo, pois como decorre do art.
141 do CTN, o crédito tributário regularmente constituído somente tem sua exigibilidade
suspensa nos casos previstos no próprio CTN. O art. 111, I, reforça essa tese quando impõe
interpretação literal da legislação que disponha sobre suspensão do crédito tributário.
A lei que a concede traz requisitos que terão que A lei que a concede não traz requisitos que terão
ser cumpridos pelo sujeito passivo que ser cumpridos pelo sujeito passivo
A moratória concedida em CARÁTER GERAL (art. 152, I), dilata o prazo para o
pagamento do tributo, beneficiando a generalidade dos sujeitos passivos, sem necessidade
de comprovação por parte destes de alguma característica pessoal especial.
Caso clássico de sua concessão pelo governo federal em decorrência de forte crise
econômica, fazendo com que a União edite lei específica, dilatando por três meses, o prazo
para o pagamento da COFINS, beneficiando todos os sujeitos passivos desse tributo,
independentemente de qualquer requisito.
Gera direito adquirido e dispensa o oferecimento de garantias pelo beneficiário. A
moratória em CARÁTER GERAL AUTÔNOMA (art. 152, I, “a”), é concedida pelo ente detentor
da competência tributária. Ex.: moratória do IPTU, concedida pelo Município, moratória do
IPVA; concedida pelo Estado e moratória do IPI, concedida pela União.
A moratória em CARÁTER GERAL HETERÔNOMA (art. 152, I, “b”), é concedida pela
União quanto a tributos de competência dos Estados e Municípios, sendo uma possibilidade
excepcional e inédita.
Para sua concessão se faz necessário que a União simultaneamente, conceda
moratória de seus próprios tributos federais e de suas obrigações de direito privado.
136
CONCESSÃO DA
MORATÓRIA
AUTÔNOMA HETERÔNOMA
Por lei da própria pessoa jurídica à qual a CF atribui Por lei federal, quanto a tributos dos Estados, DF ou
competência para instituir o respectivo tributo Municípios, desde que conceda simultaneamente para
todos os créditos da União, tributários ou não.
Pode ser circunscrita a determinada região do Pode ser circunscrita a determinada classe ou
território da pessoa jurídica que a conceder categoria de sujeito passivo da obrigação
A moratória em CARÁTER INDIVIDUAL (art. 152, II), conhecida como “moratória
específica” é concedida por lei emanada da pessoa jurídica de direito público competente
para instituir o respectivo tributo. Tem por objetivo beneficiar as pessoas que preencham
certos requisitos e o direito ao respectivo favor dependerá de requerimento do interessado
e será reconhecido mediante despacho da autoridade administrativa. Ex.: produtores de
café do interior do Paraná são afetados por forte geada e tempestade de grazino,
ocasionando perda da lavoura. O governo federal, por lei pode conceder moratória, por 6
meses, para o pagamento dos tributos federais, aos produtores de café daquela região.
O art. 153/CTN limita o ato discricionário do legislador à medida que determina a
especificação do prazo de duração da moratória e as condições de sua concessão em caráter
individual, hipótese que se impõe enunciar garantias a serem oferecidas pelo beneficiário.
Na forma art. 154 do CTN, a moratória, salvo disposição legal em contrário, só
abrange os créditos definitivamente constituídos à data da lei ou do despacho concessivo,
ou cujo lançamento já tenha sido realizado.
A lei instituidora da moratória aponta o período certo a partir do qual o benefício
legal passa a ter efeito. Se a moratória consiste em dilação do prazo para pagamento do
tributo seria inadmissível que se pudesse concedê-la sem especificar seu prazo de duração.
Não aproveita aos casos de dolo, fraude ou simulação do sujeito passivo ou de terceiro em
benefício daquele.
A moratória será revogada se for comprovada a inexistência dos requisitos de
legitimação do respectivo favor (condições estabelecidas em lei) ou o descumprimento dos
requisitos para sua fruição.
O art. 155 do CTN prescreve que a concessão da moratória NÃO GERA DIREITO ADQUIRIDO
e será REVOGADA DE OFÍCIO, sempre que se apure uma das seguintes situações: (i) beneficiário
não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições; (ii) beneficiário não cumprira ou deixou
de cumprir os requisitos para concessão do favor. Nesses casos, cobra-se o crédito acrescido
de juros de mora e com imposição de penalidade, cabível nos casos de dolo ou simulação.
A análise do art. 155 do CTN é fundamental, pois o mesmo além de se aplicar a
moratória em caráter individual, e ao parcelamento (art. 155-A) também se aplica a outros
benefícios fiscais que possam ser individualmente concedidos, como a remissão (art. 172, §
único); a isenção (art. 179, § 2º) e a anistia (art. 182, § único).
137
Condições (tarefa que a lei impõe como contraprestação – ex.: instalar uma fábrica) e
requisitos (mera característica exigida pela lei – ex: deficiente físico) são os pressupostos
objetivos e subjetivos necessários para o reconhecimento de tais benefícios. Assim, se o
beneficiário da moratória não satisfazia as condições e requisitos instantâneos ou
continuados ou deixou de satisfazer os continuados, o benefício deve ser extinto.
O CTN cometeu impropriedade ao dispor que a moratória concedida em caráter
individual seria “revogada” em certos casos. Porém, o reconhecimento da moratória
concedida por lei, em caráter individual, é ato administrativo e, como tal, ato
administrativo não pode ser revogado, mas sim, anulado ou cassado.
Em direito administrativo, sabe-se que a revogação decorre de motivos de
conveniência e oportunidade. No entanto para a prática de atos vinculados não há que se
fazer a análise desses aspectos, assim sendo, não poderia haver revogação do mesmo. Na
realidade a chamada “revogação”, estabelecida no CTN deveria ser nomeada como cassação
(deixou de cumprir condições e requisitos) e anulação (não cumpria condições e requisitos).
São diferentes as consequências da “revogação”, de acordo com a presença ou a
ausência de dolo por parte do beneficiário. Caso a moratória seja revogada sem que o
contribuinte tenha incorrido em dolo, o mesmo deverá pagar o tributo acrescido de juros
de mora, tão somente. Nesse caso o tempo transcorrido entre a concessão da moratória e a
sua “revogação” será computado para efeitos de prescrição. Assim, o cancelamento da
mesma não poderá ser concedido a qualquer tempo, sob pena de já ter se esgotado o prazo
prescricional.
Porém, se houver dolo, por parte do contribuinte, que tenha implicado em
revogação da moratória, o mesmo, além de pagar o tributo acrescido de juros de mora,
também deverá pagar multa pecuniária e o prazo transcorrido a partir da concessão da
moratória não deverá ser levado em consideração para efeito de prescrição.
REVOGAÇÃO DA MORATÓRIA EM CARÁTER
INDIVIDUAL
SEM OCORÊNCIA DE DOLO COM OCORÊNCIA DE DOLO
OU DE SIMULAÇÃO OU DE SIMULAÇÃO
Período entre a concessão e revogação Período entre a concessão e revogação
conta para efeito de PRESCRIÇÃO. não conta para efeito de PRESCRIÇÃO.
Cobra-se o tributo + juros de mora. Cobra-se o tributo+juros de mora+penalidade.
Revogação da Moratória - No silêncio da lei concessiva, a moratória só abrange aos
créditos já formalizados pelo lançamento, ou cujo procedimento para lançar já tenha sido
iniciado por ato regularmente notificado ao sujeito passivo. Entretanto o CTN,
excepcionalmente, admite que o legislador possa abranger na moratória os créditos já
nascidos, porém ainda não lançados, desde que expressamente mencionados.
138
UD IV – CRÉDITO TRIBUTÁRIO
EXTINÇÃO E EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
1. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO (art. 156 a 174 do CTN)
O CTN elenca os casos de extinção de crédito tributário de forma diversa do que
prescreve o Código Civil para a extinção das obrigações, não contemplando a novação (art.
360 a 367/CC) e a confusão (art. 381 a 384/CC).
Define, ainda que somente a lei pode estabelecer hipóteses de extinção do crédito
tributário. Dispõe o art. 156 do CTN que extinguem o crédito tributário:
I - o pagamento;
II - a compensação;
III - a transação;
IV - a remissão;
V - prescrição e decadência
VI - conversão de depósito em renda;
VII - pagamento antecipado e homologação do lançamento (art. 150, §§ 1° e 4°);
VIII - consignação em pagamento;
IX - decisão administrativa irreformável;
X - decisão judicial passada em julgado;
XI - dação em pagamento em bens imóveis
É importante salientar que o CTN exige, no art. 111, I, interpretação literal para as
hipóteses de exclusão e suspensão do crédito tributário, dando liberdade ao interprete da
norma jurídica no que diz respeito às hipóteses de extinção do crédito tributário.
Desta forma, na ausência de lei tributária, pode-se recorrer às regras extintivas de
obrigações previstas no direito privado, tais como a novação (arts. 360 a 367 do CC), a
confusão (arts. 381 a 384 do CC) e a dação em pagamento (arts. 356 a 359 do CC).
O STF tem se posicionado contra a interpretação extensiva, das hipóteses de
extinção do crédito tributário, ao suspender a eficácia de leis que criam outras hipóteses
além daquelas previstas no CTN, entendendo ser taxativo o rol do art. 156 do CTN, que só
pode ser ampliado por lei complementar.
A novação objetiva consiste na extinção de uma obrigação mediante a constituição
de nova obrigação que substitui à anterior. Não se coaduna com o direito tributário pelo
que prescreve o art. 123 do CTN que dispõe que, salvo disposição de lei em contrário, as
convenções particulares relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não
podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das
obrigações tributárias correspondentes. A novação também pode ser subjetiva implicando
na substituição do credor ou do devedor.
141
De acordo com o art. 171 do CTN são exigidos três requisitos para que ocorra a
transação no Direito Tributário: (i) previsão em lei, como em todas as hipóteses de
suspensão, extinção ou exclusão do crédito tributário; (ii) dúvidas com relação ao valor real
do crédito de ambos os lados; (iii) concessões mútuas.
IV – REMISSÃO (art. 172 do CTN)
A remissão consiste na liberação graciosa da dívida, sendo, pois, verdadeiro ato de
perdão da dívida. A remissão poderá ser total ou parcial e não gera direito adquirido ao
sujeito beneficiado, aplicando-se, conforme o caso o prescrito no art. 155 do CTN. Só
poderá ser concedida mediante previsão legal e motivada por uma das situações previstas
no art. 172 do CTN. Não confundir a REMISSÃO (perdão do tributo, das penalidades e juros
de mora) com a ANISTIA (exclusão do crédito relativo a penalidade, por não-realização do
lançamento.
V – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA (art. 173 e 174 do CTN)
Essas duas hipóteses de extinção do crédito tributário assemelham-se pelo fato de
ambas terem os mesmos fundamentos, que se traduzem pela inércia do titular de um direito
em um espaço de tempo determinado que é de cinco anos. Não há que se confundir
decadência e prescrição, porque há um marco material que estabelece a distinção, que é o
lançamento. Se a causa externa legal ocorreu antes do lançamento, é caso de decadência
(caducidade); se ocorre depois, é caso de prescrição.
A decadência é a perda da possibilidade da Fazenda Pública fazer o lançamento e, em
consequência, constituir o crédito tributário.
A prescrição é a perda da possibilidade da Fazenda Pública entrar com um processo
de execução contra o sujeito passivo, no prazo de cinco anos, contados da constituição
definitiva do crédito tributário pelo lançamento.
DIFERENÇAS ENTRE A PRESCRIÇÃO E A DECADÊNCIA
Pressupõe um direito (obrigação tributária) que, Pressupõe um direito já adquirido e efetivo (crédito
embora nascido (ocorrência do fato gerador), não se tributário constituído pelo lançamento), mas que ficou
efetivou pela falta do lançamento. desprotegido pela falta de ação do Fisco.
Deve ser decretada pelo juiz, mesmo que não haja De acordo com o art. 219 do § 5° do CPC, o juiz
pedido para tal, já que não mais existe o direito. pronunciará de ofício a prescrição.
São 4 marcos iniciais da contagem do prazo. O marco inicial da contagem do prazo é o lançamento
(Inc, I, II e § único do art. 173 e § 4° do art. 150 / CTN) em qualquer hipótese.
144
UD IV – LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO
EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO (art. 175 a 182 do CTN)
As causas da exclusão do crédito tributário são, nos termos do art. 175 do CTN, a
ISENÇÃO e a ANISTIA. Ocorrendo qualquer uma delas, o crédito tributário nem mesmo
chega a ser constituído pelo lançamento, apesar da ocorrência do fato gerador. A exclusão
do crédito não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da
obrigação principal. Neste sentido, uma mercadoria isenta do imposto tem sempre que estar
acompanhada da nota fiscal, cuja emissão é uma obrigação acessória.
I - ISENÇÃO
A isenção, que via de regra decorre de lei, significa a dispensa do pagamento de
tributo devido. Uma vez que ocorra o fato gerador, dá-se a incidência tributária e se instaura
a obrigação tributária sem, todavia, ser constituído o crédito tributário, pois o lançamento
ainda não se efetivou. Embora se determine que as isenções só podem ser concedidas por
lei, atualmente há uma exceção prevista no art. 155, § 2°, XII, g da CF, que determina que as
isenções relativas ao ICMS serão concedidas por convênios entre os Estados.
Qualquer concessão de isenção tem que obedecer aos seguintes critérios: (1)
concessão por lei específica da pessoa jurídica competente, para instituir o tributo ou a
contribuição; (2) a lei só pode tratar de isenção ou de outra matéria relativa ao mesmo
tributo ou contribuição; (3) admite como única exceção as isenções do ICMS, concedidas por
convênios. (art. 155, § 2°, XII, g, da CF). O art. 178 do CTN estabelece que isenção, salvo se
concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada ou
modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104.
O art. 178 do CTN distingue as isenções como concedidas em caráter geral e em
caráter individual, nos mesmos moldes da moratória.
146
II - ANISTIA
Ocorre ainda a exclusão do crédito, através da anistia, tratando-se de fato da não-
constituição do crédito tributário relativo à penalidade. A anistia somente abrange as
infrações cometidas antes de sua concessão e conforme dispõe o art. 180 do CTN não se
aplica aos atos qualificados como crime, contravenção, dolo, fraude ou simulação.
A anistia não se aplica aos atos qualificados em lei como crime ou contravenção,
dolo, fraude ou simulação pelo sujeito passivo ou de terceiro em benefício daquele.
Também não se aplica em casos de conluio entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas,
salvo disposição de lei em contrário.
O art. 182 do CTN distingue a anistia concedida em caráter geral daquela em caráter
individual, quanto à concessão de uma e de outra.
147
UD IV – CRÉDITO TRIBUTÁRIO
AS GARANTIAS E PRIVILÉGIOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
Em matéria tributária, as garantias facilitam a entrada do Estado no patrimônio
particular para receber a prestação relativa ao tributo. São privilégios as regras que põem o
crédito tributário numa posição de vantagem quanto aos demais.
1. GARANTIAS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
As garantias tributárias estabelecidas no CTN constituem um rol não exaustivo. Os
tributos são diferentes entre si, justificando a necessidade de estipulação de garantias
diferenciadas que protegerão os respectivos créditos. O art. 183, parágrafo único, do CTN diz
que a natureza das garantias atribuídas ao crédito tributário não altera a natureza deste nem
a da obrigação tributária a que corresponda.
Dessa forma, se a legislação de determinado ente federado exigir a prestação de uma
garantia real para a obtenção de um benefício fiscal, tendo o sujeito passivo cumprido a
regra por meio da constituição de uma hipoteca, por exemplo, o crédito tributário não pode
ser considerado, a partir de então, um crédito hipotecário. Não se modifica a natureza da
obrigação para real, pois existe uma ordenação de preferências entre os créditos, de acordo
com sua natureza, e, como a garantia dada não altera a natureza tributária do crédito,
também não altera sua posição na lista de preferência.
A. RENDA E PATRIMÔNIO DO SUJEITO PASSIVO RESPONDENDO PELO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
O art. 184 do CTN prevê garantia que se fundamenta no princípio geral de direito
segundo o qual o patrimônio e as rendas de determinada pessoa respondem por suas
obrigações. Não obstante seguir esse princípio, o CTN foi além e, concedendo mais uma
garantia à Fazenda Pública, incluiu, na regra de responsabilidade, bens e rendas que,
segundo as normas gerais aplicáveis à espécie, não poderiam ser utilizados num processo de
execução. Assim, a expressão “inclusive os bens gravados por ônus real ou cláusula de
inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja qual for à data da constituição do ônus ou da
cláusula”, permite à Fazenda Pública adentrar em parcela do patrimônio do devedor que
seria considerada intocável com relação a outros credores.
Deve-se atentar a duas exceções à regra de que todo o patrimônio do
contribuinte responde pelo pagamento do crédito tributário. A primeira exceção consta da
própria literalidade do dispositivo que exclui “bens e rendas que a lei declare
absolutamente impenhoráveis”. Ou seja, existem bens e rendas que são declarados
inalienáveis e impenhoráveis diretamente pela lei. Estes são os únicos que ficam a salvo da
responsabilização por dívida tributária do proprietário.
O Código de Processo Civil prevê a lista de tais bens em seu art. 649. Perceba-se
que, apesar da previsão em lei (inciso I do art. 649, CPC), não haverá, perante a Fazenda
Pública, a impenhorabilidade dos bens assim declarados por ato de vontade.
148
A segunda exceção à regra do art. 184 decorre de uma novidade trazida pela Lei
Complementar 118/05. Na falência, o crédito tributário não mais prefere aos créditos com
garantia real, no limite do valor do bem gravado (CTN, art. 186, parágrafo único). Portanto,
não se pode mais afirmar, de maneira ampla e irrestrita que os bens gravados por ônus real
respondem pelo crédito tributário, pois, no processo de falência, tal regra se aplica mais.
B. PRESUNÇÃO DE FRAUDE NA ALIENAÇÃO OU ONERAÇÃO DE BENS OU RENDAS
A regra prevista no art. 185 visa a proteger o crédito tributário contra atos
tendentes a fraudar as providências judiciais destinadas a sua satisfação. O dispositivo foi
objeto de alteração pela LC 118/05. Antes, para a configuração da fraude, era necessário
que o crédito tributário estivesse inscrito em dívida ativa em fase de execução.
Atualmente, a possibilidade de presunção de fraude foi antecipada para o momento da
regular inscrição em dívida ativa.
A aplicabilidade da nova regra depende de comunicação formal ao sujeito
passivo de que o mesmo foi inscrito em dívida ativa. Comprovada a ciência do sujeito
passivo, a presunção será de natureza absoluta, não se aceitando qualquer prova em sentido
contrário. O único argumento para que não se configure a presunção é o constante do
parágrafo único do art. 185, qual seja, o de que foram “reservados, pelo devedor, bens ou
rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita”.
C. PENHORA ON-LINE
Com o advento da LC 118/05, foi trazida para o âmbito tributário uma inovação
que vinha trazendo bons resultados no âmbito do processo trabalhista, a denominada
penhora on-line. Ressalte-se que essa sistemática não é mais privilégio do processo
trabalhista e da execução fiscal. Em matéria tributária, o instituto está previsto no novo art.
185-A do CTN, acrescido pela LC 118/05.
Ante a situação descrita no artigo, o juiz se utilizará preferencialmente de meio
eletrônico para comunicar aos órgãos e entidades indicados no dispositivo a ordem de
indisponibilidade dos bens. É importante ressaltar que o objetivo do processo de execução
é satisfazer o direito do credor. Não se quer causar transtornos desnecessários ao devedor
e, nessa linha, o §1º do art. 185-A do CTN impõe ao juiz que determine o levantamento do
excesso de penhora, liberando os demais bens ou valores do devedor, para que este tenha
como dar continuidade à sua vida econômica e financeira.
D. EXIGÊNCIA DE PROVA DA QUITAÇÃO DE TRIBUTOS – AS GARANTIAS INDIRETAS
Apesar de terem sido inseridos na Seção relativa às preferências, os arts. 191 a
193 do CTN estipulam verdadeiras garantias do crédito tributário, porque, ao exigirem a
apresentação de prova do pagamento de tributos, para a prática de certos atos jurídicos e
para a obtenção de determinados benefícios legais, acaba-se por criar eficazes meios de
cobrança indireta - e, portanto, garantias indiretas - do crédito tributário. A nova redação do
art. 191/CTN impõe que, para obter a extinção de suas obrigações, o falido precisa
comprovar a quitação de todos os tributos em que é sujeito passivo, mesmo que o fato
gerador seja alheio à sua atividade mercantil.
149
2. PRIVILÉGIOS
A. REGRA GERAL
As regras sobre os privilégios do crédito tributário têm sua aplicabilidade nos
casos em que há cobrança coletiva de créditos. Nessas hipóteses, todos os créditos terão
seus vencimentos antecipados e serão ordenados em classes legais, de forma que só se
passa para a segunda classe após o pagamento dos integrantes da primeira.
Privilégios do crédito tributário são regras que colocam o crédito tributário em
uma das primeiras classes da lista. Conforme consta do art. 186 do CTN, o crédito tributário
prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de sua constituição,
ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de trabalho.
B. REGRA APLICÁVEL AO PROCESSO DE FALÊNCIA
A colocação do crédito tributário na privilegiada segunda posição na fila de
credores deixou de existir na falência, tendo em vista a inclusão de um § único no art. 186 do
CTN. O primeiro ponto a ser observado é que, na falência, o crédito tributário não prefere:
150
UD V - ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
Após trazer ao longo de todo o seu texto um conjunto de regras predominantemente
materiais, o CTN traz, sob o título “Administração Tributária”, regras formais acerca dos
órgãos e agentes públicos responsáveis pela transformação em atos concretos das regras
abstratamente previstas nos demais títulos do CTN.
O título “Administração Tributária” é dividido em três Capítulos, seguindo um
raciocínio bastante lógico. Primeiramente, é estipulada a disciplina da fiscalização, atividade
estatal que tem por objetivo estimular o cumprimento espontâneo das obrigações
tributárias por intermédio da identificação e punição daqueles que não as cumprem. Em
seguida, o CTN passa a tratar da Dívida Ativa, disciplinando as providências a serem tomadas
contra aqueles que deixaram de cumprir o que deviam.
Finalmente, como forma de premiar os sujeitos passivos que se mantêm em situação
de regularidade fiscal, o CTN traz um capítulo denominado Certidões Negativas, que se
constituem nos documentos mediante os quais os sujeitos passivos regulares podem
comprovar tal situação e obter os benefícios daí decorrentes, como a possibilidade de
participar de licitações ou de obter empréstimos e financiamentos em instituições bancárias
oficiais.
1. FISCALIZAÇÃO
a. Os Poderes das Autoridades Fiscais
Art. 194, CTN - Tratando-se de competências das autoridades fiscais, o poder é
conferido na exata medida que o legislador considerar necessária para o eficiente exercício
das atividades de fiscalização e arrecadação, levando em consideração as peculiaridades de
cada tributo administrado.
Parágrafo único: nada impede a fiscalização de um ente imune.
Relembre-se que a imunidade normalmente depende da manutenção dos
respectivos patrimônios, rendas e serviços vinculados às finalidades essenciais das
entidades, circunstância que pode ser aferida mediante regular processo de fiscalização.
Além disso, os entes imunes podem ser legalmente designados responsáveis
tributários (dever de retenção e recolhimento).
Art. 195, CTN – o caráter sigiloso da escrituração comercial e fiscal, bem como dos
documentos que comprovam os fatos escriturados, não pode ser oposto ao Fisco, devendo
os sujeitos passivos mantê-los (livros e documentos) até que ocorra a prescrição dos créditos
decorrentes das operações a que se refiram.
O art. 195 refere-se aos “livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal”.
Entretanto, em cada espécie de atividade econômica existem livros de escrituração opcional.
O sujeito passivo não é obrigado a manter tais livros. Todavia, se mantém o livro –
tanto é que o Fiscal o viu – não pode se negar a apresentá-lo, sob pena de configuração de
embaraço à fiscalização ou ilícito mais grave (Súmula 439, STF).
153
1 PRINCÍPIOS
N.º 67 – É inconstitucional a cobrança do tributo que houver sido criado ou aumentado no mesmo
exercício financeiro.
N.º 70 – É inadmissível a interdição de estabelecimento como meio coercitivo para cobrança de
tributo.
Obs.: Vide Súmulas 323 e 547.
N.º 323 – É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de
tributos.
2 COMPETÊNCIA
N.º 503 – A dúvida, suscitada por particular, sobre o direito de tributar, manifestado por dois
Estados, não configura litígio da competência originária do Supremo Tribunal Federal.
N.º 539 – É constitucional a lei do município que reduz o imposto predial urbano sobre imóvel
ocupado pela residência do proprietário, que não possua outro.
3 LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTAR
3.1 Imunidades
N.º 73 – A imunidade das autarquias, implicitamente contida no art. 31, V, “a”, da Constituição
Federal, abrange tributos estaduais e municipais.
N.º 74 – O imóvel transcrito em nome de autarquia, embora objeto de promessa de venda a
particulares, continua imune de impostos locais.
Obs.: verifica-se na leitura da ementa do acórdão do RE 69781 (RTJ 56/462), do Tribunal Pleno, que
“NÃO MAIS VIGORA a Súmula 74”. Vide Súmula 583.
N.º 75 – Sendo vendedora uma autarquia, a sua imunidade fiscal não compreende o imposto de
transmissão “inter vivos”, que é encargo do comprador.
N.º 76 – As sociedades de economia mista não estão protegidas pela imunidade fiscal do art. 31, V,
“a”, Constituição Federal.
N.º 591 – A imunidade ou a isenção tributária do comprador não se estende ao produtor,
contribuinte do imposto sobre produtos industrializados.
N.º 657 – A imunidade prevista no art. 150, VI, “d”, da Constituição Federal abrange os filmes e
papéis fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos.
N.º 730 – A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos pelo
art. 150, VI, “c”, da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de previdência social
privada se não houver contribuição dos beneficiários.
4 IMPOSTOS FEDERAIS
4.1 Imposto de Renda – IR
N.º 93 – Não está isenta do imposto de renda a atividade profissional do arquiteto.
N.º 94 – É competente a autoridade alfandegária para o desconto, na fonte, do imposto de renda
correspondente às comissões dos despachantes aduaneiros.
160
N.º 584 – Ao imposto de renda calculado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente
no exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração.
N.º 585 – Não incide o imposto de renda sobre a remessa de divisas para pagamento de serviços
prestados no exterior, por empresa que não opera no Brasil.
Obs.: no julgamento do RE 101066 (DJ de 19/10/1965) o Tribunal Pleno, por unanimidade, não
conheceu do recurso, entendendo INAPLICÁVEL a Súmula 585 após a vigência do Decreto-Lei
1418/1975. Nesse sentido veja RE 104225 (DJ de 22/11/1985), RE 100275 (RTJ 113/267) e RE 103566
(RTJ 112/1380).
N.º 586 – Incide imposto de renda sobre os juros remetidos para o exterior, com base em contrato
de mútuo.
N.º 587 – Incide imposto de renda sobre o pagamento de serviços técnicos contratados no exterior e
prestados no Brasil.
4.2 Imposto sobre Operações Financeiras – IOF
N.º 664 – É inconstitucional o inciso v do art. 1.º da Lei 8033/1990, que instituiu a incidência do
imposto nas operações de crédito, câmbio e seguros – IOF sobre saques efetuados em caderneta de
poupança.
5 IMPOSTOS ESTADUAIS
5.1 Imposto de Transmissão “Causa Mortis” – ITCMD
N.º 112 – O imposto de transmissão “causa mortis” é devido pela alíquota vigente ao tempo da
abertura da sucessão.
N.º 113 – O imposto de transmissão “causa mortis” é calculado sobre o valor dos bens na data da
avaliação.
N.º 331 – É legítima a incidência do imposto de transmissão “causa mortis” no inventário por morte
presumida.
N.º 435 – O imposto de transmissão “causa mortis” pela transferência de ações é devido ao Estado
em que tem sede a companhia.
N.º 590 – Calcula-se o imposto de transmissão “causa mortis” sobre o saldo credor da promessa de
compra e venda de imóvel, no momento da abertura da sucessão do promitente vendedor.
5.2 Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS
N.º 32 (Vinculante) – O ICMS não incide sobre alienação de salvados de sinistro pelas seguradoras.
N.º 569 – É inconstitucional a discriminação de alíquotas do ICM nas operações interestaduais, em
razão de o destinatário ser, ou não, contribuinte. Obs.: Vide art. 155, § 2.º da CF/88.
N.º 570 – O imposto de circulação de mercadorias não incide sobre a importação de bens de capital.
N.º 572 – No cálculo do imposto de circulação de mercadorias devido na saída de mercadorias para o
exterior, não se incluem fretes pagos a terceiros, seguros e despesas de embarque.
N.º 573 – Não constitui fato gerador do imposto de circulação de mercadorias a saída física de
máquinas, utensílios e implementos a título de comodato.
N.º 574 – Sem lei estadual que a estabeleça, é ilegítima a cobrança do ICM sobre o fornecimento de
alimentação e bebidas em restaurante ou estabelecimento similar.
N.º 575 – À mercadoria importada de país signatário do (GATT), ou membro da (ALALC), estende-se a
isenção do imposto de circulação de mercadorias concedida a similar nacional.
161
N.º 576 – É lícita a cobrança do imposto de circulação de mercadorias sobre produtos importados
sob o regime da alíquota “zero”.
N.º 577 – Na importação de mercadorias do exterior, o fato gerador do imposto de circulação de
mercadorias ocorre no momento de sua entrada no estabelecimento do importador.
N.º 578 – Não podem os Estados, a título de ressarcimento de despesas, reduzir a parcela de 20% do
produto da arrecadação do imposto de circulação de mercadorias, atribuída aos municípios pelo art.
23, § 8.º, da Constituição Federal. Obs.: Hoje essa destinação é de 25% da arrecadação pelos Estados
do ICMS (artigo 158, IV da CF/88).
N.º 615 – O princípio constitucional da anualidade (§ 29 do art. 153 da Constituição Federal) não se
aplica à revogação de isenção do ICM. Obs.: Vide artigo 150, III, b da CF/88.
N.º 660 – Não incide ICMS na importação de bens por pessoa física ou jurídica que não seja
contribuinte do imposto. Obs.: o Tribunal, na Sessão Plenária de 26/11/2003, recusou a proposta de
alteração da Súmula 660, constante do Adendo Nº 7, foi republicado o respectivo enunciado nos DJ
de 28, 29 e 30/3/2006, com o teor aprovado na Sessão Plenária de 24/9/2003: “Não incide ICMS na
importação de bens por pessoa física ou jurídica que não seja contribuinte do imposto”.
N.º 661 – Na entrada de mercadoria importada do exterior, é legítima a cobrança do ICMS por
ocasião do desembaraço aduaneiro.
N.º 662 – É legítima a incidência do ICMS na comercialização de exemplares de obras
cinematográficas, gravados em fitas de videocassete.
6 IMPOSTOS MUNICIPAIS
6.1 Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU
N.º 583 – Promitente comprador de imóvel residencial transcrito em nome de autarquia é
contribuinte do imposto predial territorial urbano.
N.º 589 – É inconstitucional a fixação de adicional progressivo do imposto predial e territorial urbano
em função do número de imóveis do contribuinte.
N.º 668 – É inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da Emenda Constitucional
29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada a assegurar o cumprimento da
função social da propriedade urbana.
N.º 724 – Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a
qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição, desde que o valor dos
aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades.
6.2 Imposto de Transmissão “Inter Vivos” – ITBI
N.º 110 – O imposto de transmissão “inter vivos” não incide sobre a construção, ou parte dela,
realizada pelo adquirente, mas sobre o que tiver sido construído ao tempo da alienação do terreno.
N.º 326 – É legítima a incidência do imposto de transmissão “inter vivos” sobre a transferência do
domínio útil.
N.º 328 – É legítima a incidência do imposto de transmissão “inter vivos” sobre a doação de imóvel.
N.º 329 – O imposto de transmissão “inter vivos” não incide sobre a transferência de ações de
sociedade imobiliária.
N.º 656 – É inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progressivas para o imposto de
transmissão “inter vivos” de bens imóveis – ITBI com base no valor venal do imóvel.
6.3 Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS
162
N.º 549 – A taxa de bombeiros do Estado de Pernambuco é constitucional, revogada a Súmula 274.
N.º 595 – É inconstitucional a taxa municipal de conservação de estradas de rodagem cuja base de
cálculo seja idêntica à do imposto territorial rural.
N.º 665 – É constitucional a taxa de fiscalização dos mercados de títulos e valores mobiliários
instituída pela Lei 7.940/1989.
N.º 670 – O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa.
9 EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO
N.º 418 – O empréstimo compulsório não é tributo, e sua arrecadação não está sujeita à exigência
constitucional da prévia autorização orçamentária. Obs.: verifica-se no acórdão do RE 111954 (RTJ
126/330), cujo julgamento ocorreu em sessão plenária realizada em 1.º/6/1988, que a Súmula 418
PERDEU A VALIDADE em face dos arts. 18, § 3.º e 21, § 2.º, II da CF/67 (redação da Emenda
Constitucional 1/1969).
10 OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
N.º 669 – Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária não se sujeita ao
princípio da anterioridade.
11 CRÉDITO TRIBUTÁRIO
11.1 Prescrição
N.º 8 (Vinculante) – São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5.º do Decreto-Lei n.º
1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei n.º 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de
crédito tributário.
N.º 383 – A prescrição em favor da Fazenda Pública recomeça a correr, por dois anos e meio, a partir
do ato interruptivo, mas não fica reduzida aquém de cinco anos, embora o titular do direito a
interrompa durante a primeira metade do prazo.
11.2 Pagamento Indevido
N.º 71 – Embora pago indevidamente, não cabe restituição de tributo indireto. Obs.: Vide Súmula
546.
N.º 546 – Cabe a restituição do tributo pago indevidamente, quando reconhecido por decisão, que o
contribuinte “de jure” não recuperou do contribuinte “de facto” o “quantum” respectivo.
11.3 Isenção
N.º 79 - O Banco do Brasil não tem isenção de tributos locais.
N.º 544 – Isenções tributárias concedidas, sob condição onerosa, não podem ser livremente
suprimidas.
12 OUTROS
N.º 28 (Vinculante) – É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de
admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.
N.º 66 – É legítima a cobrança do tributo que houver sido aumentado após o orçamento, mas antes
do início do respectivo exercício financeiro.
N.º 68 – É legítima a cobrança, pelos municípios, no exercício de 1961, de tributo estadual,
regularmente criado ou aumentado, e que lhes foi transferido pela EC 5, de 21.11.61.
Obs.: orientação transitória, sem eficácia atualmente (RTJ 68/449).
N.º 69 - A Constituição Estadual não pode estabelecer limite para o aumento de tributos municipais.
N.º 77 - Está isenta de impostos federais a aquisição de bens pela rede ferroviária federal.
164
N.º 78 – Estão isentas de impostos locais as empresas de energia elétrica, no que respeita às suas
atividades específicas.
N.º 81 – As cooperativas não gozam de isenção de impostos locais, com fundamento na constituição
e nas leis federais.
N.º 82 – São inconstitucionais o imposto de cessão e a taxa sobre inscrição de promessa de venda de
imóvel, substitutivos do imposto de transmissão, por incidirem sobre ato que não transfere o
domínio.
N.º 83 – Os ágios de importação incluem-se no valor dos artigos importados para incidência do
imposto de consumo.
N.º 84 – Não estão isentos do imposto de consumo os produtos importados pelas cooperativas.
N.º 85 – Não estão sujeitos ao imposto de consumo os bens de uso pessoal e doméstico trazidos,
como bagagem, do exterior.
N.º 86 – Não está sujeito ao imposto de consumo automóvel usado, trazido do exterior pelo
proprietário.
N.º 87 – Somente no que não colidirem com a Lei 3244, de 14/8/1957, são aplicáveis acordos
tarifários anteriores.
N.º 88 – É válida a majoração da tarifa alfandegária, resultante da Lei 3244, de 14/8/1957, que
modificou o Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio (GATT), aprovado pela Lei 313, de
30/7/1948.
N.º 89 – Estão isentas do imposto de importação frutas importadas da Argentina, do Chile, da
Espanha e de Portugal, enquanto vigentes os respectivos acordos comerciais.
N.º 90 – É legítima a lei local que faça incidir o imposto de indústrias e profissões com base no
movimento econômico do contribuinte.
N.º 91 – A incidência do imposto único não isenta o comerciante de combustíveis do imposto de
indústrias e profissões. Obs.: Súmula SEM EFICÁCIA (RTJ 45/400).
N.º 95 – Para cálculo do imposto de lucro extraordinário, incluem-se no capital as reservas do ano-
base, apuradas em balanço.
N.º 96 – O imposto de lucro imobiliário incide sobre a venda de imóvel da meação do cônjuge
sobrevivente, ainda que aberta a sucessão antes da vigência da Lei 3470, de 28/11/58.
N.º 97 – É devida a alíquota anterior do imposto de lucro imobiliário, quando a promessa de venda
houver sido celebrada antes da vigência da lei que a tiver elevado.
N.º 98 – Sendo o imóvel alienado na vigência da Lei 3470, de 28/11/1958, ainda que adquirido por
herança, usucapião ou a título gratuito, é devido o imposto de lucro imobiliário.
N.º 99 – Não é devido o imposto de lucro imobiliário, quando a alienação de imóvel adquirido por
herança, ou a título gratuito, tiver sido anterior à vigência da Lei 3470, de 28/11/1958.
N.º 100 – Não é devido o imposto de lucro imobiliário, quando a alienação de imóvel, adquirido por
usucapião, tiver sido anterior à vigência da Lei 3470, de 28/11/1958.
N.º 102 – É devido o imposto federal do selo pela incorporação de reservas, em reavaliação de ativo,
ainda que realizada antes da vigência da Lei 3519, de 30/12/1958.
N.º 103 – É devido o imposto federal do selo na simples reavaliação de ativo, realizada
posteriormente à vigência da Lei 3519, de 30/12/1958.
165
N.º 104 – Não é devido o imposto federal do selo na simples reavaliação de ativo anterior à vigência
da Lei 3519, de 30/12/1958.
N.º 106 – É legítima a cobrança de selo sobre registro de automóvel, na conformidade da legislação
estadual.
Obs.: Desde a emenda 1.1969 não mais é atribuída ao Estado essa possibilidade.
N.º 117 – A lei estadual pode fazer variar a alíquota do imposto de vendas e consignações em razão
da espécie do produto.
N.º 118 – Estão sujeitas ao imposto de vendas e consignações as transações sobre minerais, que
ainda não estão compreendidos na legislação federal sobre o imposto único.
Obs.: verifica-se na leitura do acórdão do re 70138 (rtj 55/590), da primeira turma, que a Súmula 118
está SUPERADA com a vigência da Lei 4425/1964.
N.º 119 – É devido o imposto de vendas e consignações sobre a venda de cafés ao instituto brasileiro
do café, embora o lote, originariamente, se destinasse à exportação.
N.º 121 – É vedada a capitalização de juros, ainda que expressamente convencionada.
N.º 125 – Não é devido o imposto de vendas e consignações sobre a parcela do imposto de consumo
que onera a primeira venda realizada pelo produtor.
N.º 126 – É inconstitucional a chamada taxa de aguardente, do instituto do açúcar e do álcool.
N.º 127 – É indevida a taxa de armazenagem, posteriormente aos primeiros trinta dias, quando não
exigível o imposto de consumo, cuja cobrança tenha motivado a retenção da mercadoria.
Obs.: A isenção do imposto de consumo envolve a taxa de armazenagem (RTJ 66/249). O artigo 5.º
do Decreto-lei 517 de 1969, alterou em parte a súmula.
N.º 134 – A isenção fiscal para a importação de frutas da argentina compreende a taxa de despacho
aduaneiro e a taxa de previdência social.
N.º 135 – É inconstitucional a taxa de eletrificação de Pernambuco.
N.º 136 – É constitucional a taxa de estatística da Bahia.
N.º 138 – É inconstitucional a taxa contra fogo, do Estado de Minas Gerais, incidente sobre prêmio
de seguro contra fogo.
N.º 139 – É indevida a cobrança do imposto de transação a que se refere a Lei 899/1957, art. 58, IV,
“e”, do antigo Distrito Federal.
N.º 140 – Na importação de lubrificantes é devida a taxa de previdência social.
N.º 143 – Na forma da lei estadual, é devido o imposto de vendas e consignações na exportação de
café pelo estado da Guanabara, embora proveniente de outro Estado. Obs.: Súmula SEM EFICÁCIA.
N.º 144 – É inconstitucional a incidência da taxa de recuperação econômica de Minas Gerais sobre
contrato sujeito ao imposto federal do selo.
N.º 148 – É legítimo o aumento de tarifas portuárias por ato do ministro da viação e obras públicas.
N.º 239 – Decisão que declara indevida a cobrança do imposto em determinado exercício não faz
coisa julgada em relação aos posteriores.
N.º 439 – Estão sujeitos à fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer livros comerciais,
limitado o exame aos pontos objeto da investigação. Obs.: Vide Lei Complementar 105/01, sobre a
quebra de sigilo bancário.
N.º 542 – Não é inconstitucional a multa instituída pelo estado-membro, como sanção pelo
retardamento do início ou da ultimação do inventário.
166
N.º 547 – Não é lícito a autoridade proibir que o contribuinte em débito adquira estampilhas,
despache mercadorias nas alfândegas e exerça suas atividades profissionais.
N.º 563 – O concurso de preferência a que se refere o parágrafo único, do art 187, do Código
Tributário Nacional, é compatível com o disposto no Art. 9.º, inciso I, da Constituição Federal.
Obs.: Refere-se à CRFB/1969.
N.º 596 – As disposições do Decreto 22.626 de 1933 não se aplicam às taxas de juros e aos outros
encargos cobrados nas operações realizadas por instituições públicas ou privadas, que integram o
sistema financeiro nacional.
N.º 648 – A norma do § 3.º do art. 192 da Constituição, revogada pela Emenda Constitucional
40/2003, que limitava a taxa de juros reais a 12% ao ano, tinha sua aplicabilidade condicionada à
edição de lei complementar.
N.º 658 – São constitucionais os arts. 7.º da Lei 7787/1989 e 1.º da Lei 7894/1989 e da Lei
8147/1990, que majoraram a alíquota do FINSOCIAL, quando devida a contribuição por empresas
dedicadas exclusivamente à prestação de serviços.
N.º 725 – É constitucional o § 2.º do art. 6.º da Lei 8024/1990, resultante da conversão da Medida
Provisória 168/1990, que fixou o BTN fiscal como índice de correção monetária aplicável aos
depósitos bloqueados pelo Plano Collor I.
N.º 732 – É constitucional a cobrança da contribuição do salário-educação, seja sob a carta de 1969,
seja sob a Constituição Federal de 1988, e no regime da Lei 9424/1996.
SÚMULAS DO STJ
1 IMPOSTOS FEDERAIS
1.1 Imposto de Renda – IR
N.º 125 – O pagamento de férias não gozadas por necessidade do serviço não esta sujeito a
incidência do imposto de renda.
N.º 136 – O pagamento de licença-prêmio não gozada por necessidade do serviço não esta sujeito ao
imposto de renda.
N.º 184 – A microempresa de representação comercial é isenta do imposto de renda.
N.º 215 – A indenização recebida pela adesão a programa de incentivo à demissão voluntária não
está sujeita à incidência do imposto de renda.
N.º 262 – Incide o Imposto de renda sobre o resultado das aplicações financeiras realizadas pelas
cooperativas.
N.º 386 – São isentas de imposto de renda as indenizações de férias proporcionais e o respectivo
adicional.
N.º 394 – É admissível, em embargos à execução fiscal, compensar os valores de imposto de renda
retidos indevidamente na fonte com os valores restituídos apurados na declaração anual.
N.º 447 – Os Estados e o Distrito Federal são partes legítimas na ação de restituição de imposto de
renda retido na fonte proposta por seus servidores.
N.º 463 – Incide imposto de renda sobre os valores percebidos a título de indenização por horas
extraordinárias trabalhadas, ainda que decorrentes de acordo coletivo.
N.º 498 – Não incide imposto de renda sobre a indenização por danos morais.
167
N.º 129 – O exportador adquire o direito de transferência de crédito do ICMS quando realiza a
exportação do produto e não ao estocar a matéria-prima.
N.º 135 – O ICMS não incide na gravação e distribuição de filmes e videoteipes.
N.º 152 – Na venda pelo segurador, de bens salvados de sinistros, incide o ICMS (CANCELADA em
13/06/07).
N.º 155 – O ICMS incide na importação de aeronave, por pessoa física, para uso próprio.
N.º 163 – O fornecimento de mercadorias com a simultânea prestação de serviços em bares,
restaurantes e estabelecimentos similares constitui fato gerador do ICMS a incidir sobre o valor total
da operação.
N.º 166 – Não constitui fato gerador do ICMS o simples deslocamento de mercadoria de um para
outro estabelecimento do mesmo contribuinte. Obs.: O STF decidiu pela legitimidade da incidência
de ICMS sobre importações de bens do exterior sob regime do leasing (RE 206.069)
N.º 198 – Na importação de veículo por pessoa física, destinado a uso próprio, incide o ICMS.
N.º 237 – Nas operações com cartão de crédito, os encargos relativos ao financiamento não são
considerados no cálculo do ICMS.
N.º 334 – O ICMS não incide no serviço dos provedores de acesso à Internet.
N.º 350 – O ICMS não incide sobre o serviço de habilitação de telefone celular.
N.º 391 – O ICMS incide sobre o valor da tarifa de energia elétrica correspondente à demanda de
potência efetivamente utilizada.
N.º 395 – O ICMS incide sobre o valor da venda a prazo constante da nota fiscal.
N.º 431 – É ilegal a cobrança de ICMS com base no valor da mercadoria submetido ao regime de
pauta fiscal.
N.º 432 – As empresas de construção civil não estão obrigadas a pagar ICMS sobre mercadorias
adquiridas como insumos em operações interestaduais.
N.º 433 – O produto semielaborado, para fins de incidência de ICMS, é aquele que preenche
cumulativamente os três requisitos do art. 1.º da Lei Complementar n. 65/1991.
N.º 457 - Descontos incondicionais nas operações mercantis não se incluem na base de cálculo do ICMS.
3 IMPOSTOS MUNICIPAIS
3.1 Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS
N.º 138 – O ISS incide na operação de arrendamento mercantil de coisas móveis.
N.º 156 – A prestação de serviço de composição gráfica, personalizada e sob encomenda, ainda que
envolva fornecimento de mercadorias, esta sujeita, apenas, ao ISS.
N.º 167 – O fornecimento de concreto, por empreitada, para construção civil, preparado no trajeto
ate a obra em betoneiras acopladas a caminhões, e prestação de serviço, sujeitando-se apenas à
incidência do ISS.
N.º 274 – O ISS incide sobre o valor dos serviços de assistência médica, incluindo-se neles as
refeições, os medicamentos e as diárias hospitalares.
N.º 424 – É legítima a incidência de ISS sobre os serviços bancários congêneres da lista anexa ao DL n.
406/1968 e à LC n. 56/1987.
3.2 Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU
N.º 160 – É defeso, ao município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao
índice oficial de correção monetária.
169
N.º 397 – O contribuinte do IPTU é notificado do lançamento pelo envio do carnê ao seu endereço.
N.º 399 – Cabe à legislação municipal estabelecer o sujeito passivo do IPTU.
4 TAXAS
N.º 124 – A taxa de melhoramento dos portos tem base de cálculo diversa do imposto de
importação, sendo legítima a sua cobrança sobre a importação de mercadorias de países signatários
do GATT, da ALALC ou ALADI.
N.º 157 – É ilegítima a cobrança de taxa, pelo município, na renovação de licença para localização de
estabelecimento comercial ou industrial. Obs.: Julgando o REsp 261.571-SP, na sessão de
24/04/2002, a Primeira Seção deliberou pelo CANCELAMENTO da Súmula n. 157.
5 TARIFAS
N.º 407 – É legítima a cobrança da tarifa de água fixada de acordo com as categorias de usuários e as
faixas de consumo.
N.º 412 – A ação de repetição de indébito de tarifas de água e esgoto sujeita-se ao prazo
prescricional estabelecido no Código Civil.
6 OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
6.1 Responsabilidade tributária
6.1.1 Responsabilidade dos Sócios
N.º 430 – O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a
responsabilidade solidária do sócio-gerente.
6.1.2 Denúncia espontânea
N.º 360 – O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por
homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo.
7 CRÉDITO TRIBUTÁRIO
7.1 Constituição do crédito tributário
N.º 436 – A entrega de declaração pelo contribuinte, reconhecendo o débito fiscal, constitui o
crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do Fisco.
7.2 Suspensão do crédito tributário
N.º 112 - O depósito somente suspende a exigibilidade do credito tributário se for integral e em dinheiro
N.º 437 – A suspensão da exigibilidade do crédito tributário superior a R$ 500 mil para opção pelo
Refis pressupõe a homologação expressa do comitê gestor e a constituição de garantia por meio do
arrolamento de bens.
7.3 Extinção do crédito tributário
7.3.1 Compensação
N.º 212 – A compensação de créditos tributários não pode ser deferida em ação cautelar ou por
medida liminar cautelar ou antecipatória. (*) Na sessão de 11/05/2005, a 1ª Seção deliberou pela
ALTERAÇÃO da Súmula 212. REDAÇÃO ANTERIOR (decisão de 23/09/1998, DJU 02/10/1998): a
compensação de créditos tributários não pode ser deferida por medida liminar.
N.º 213 – O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do direito à
compensação tributária.
N.º 460 – É incabível o mandado de segurança para convalidar a compensação tributária realizada
pelo contribuinte.
170
N.º 464 – A regra de imputação de pagamentos estabelecida no art. 354 do Código Civil não se aplica
às hipóteses de compensação tributária.
7.3.2 Prescrição
N.º 85 – Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure como devedora,
quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas as prestações
vencidas antes do quinquênio anterior a propositura da ação.
7.3.3 Repetição de indébito
N.º 162 – Na repetição de indébito tributário, a correção monetária incide a partir do pagamento
indevido.
N.º 188 – Os juros moratórios, na repetição do indébito tributário, são devidos a partir do transito
em julgado da sentença. Obs.: Súmula republicada (DJU 21.11.97)
N.º 322 – Para a repetição de indébito, nos contratos de abertura de crédito em conta-corrente, não
se exige a prova do erro.
N.º 412 – A ação de repetição de indébito de tarifas de água e esgoto sujeita-se ao prazo
prescricional estabelecido no Código Civil.
N.º 461 – O contribuinte pode optar por receber, por meio de precatório ou por compensação, o
indébito tributário certificado por sentença declaratória transitada em julgado.
8 ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
N.º 446 – Declarado e não pago o débito tributário pelo contribuinte, é legítima a recusa de
expedição de certidão negativa ou positiva com efeito de negativa.
9 FAZENDA PÚBLICA
N.º 232 – A Fazenda Pública, quando parte no processo, fica sujeita à exigência do depósito prévio
dos honorários do perito.
N.º 279 – É cabível execução por título extrajudicial contra a Fazenda Pública.
N.º 392 – A Fazenda Pública pode substituir a certidão de dívida ativa (CDA) até a prolação da
sentença de embargos, quando se tratar de correção de erro material ou formal, vedada a
modificação do sujeito passivo da execução.
N.º 406 – A Fazenda Pública pode recusar a substituição do bem penhorado por precatório.
10 OUTROS
N.º 50 – O adicional de tarifa portuária incide apenas nas operações realizadas com mercadorias
importadas ou exportadas, objeto do comercio de navegação de longo curso.
N.º 100 – É devido o adicional ao frete para renovação da marinha mercante na importação sob o
regime de benefícios fiscais a exportação (BEFIEX).
N.º 246 – O valor do seguro obrigatório deve ser deduzido da indenização judicialmente fixada.
N.º 353 – As disposições do Código Tributário Nacional não se aplicam às contribuições para o FGTS.
N.º 355 – É válida a notificação do ato de exclusão do programa de recuperação fiscal do Refis pelo
Diário Oficial ou pela Internet.
N.º 448 – A opção pelo Simples de estabelecimentos dedicados às atividades de creche, pré-escola e
ensino fundamental é admitida somente a partir de 24/10/2000, data de vigência da Lei n.
10.034/2000.
COMPLEMENTE OS SEUS ESTUDOS COM A LEITURA DAS OBRAS RECOMENDADAS NO PLANO DE ENSINO
PROF. MSC. JOÃO LUÍS PRIÁTICO SAPUCAIA