Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Nos dias atuais não existe mais segurança teórica. Em Platão, Comte e tantos
outros, no entanto, esta segurança era visível. O primeiro fazia, inclusive, sem maiores
“dificuldades”, a separação entra a doxa (opinião) e a episteme (verdade/ciência). Neste
a verdade era objetiva, segura, neutra, livre de toda carga ideológica. O mesmo
podemos dizer de Comte. Para este também existe verdade neutra, livre dos valores
subjetivos. Esta verdade é a ciência (conhecimento científico). Assim, seguindo este
mesmo raciocínio, a justiça também seria neutra, isenta da subjetividade, pairando
acima dos conflitos sociais e das classes antagônicas. A favor desse grupo temos ainda
os que falam insistentemente na morte da(s) ideologia(s).
Entretanto, nos últimos tempos, é cada vez maior o número de pensadores a
sustentarem as teses de que não existe conhecimento que garanta certeza e que todo
conhecimento também trás a marca do sujeito e, portanto, por mais que se queira
evitar, ele está eivado de ideologias. A despeito da anunciada morte da ideologia
entendemos ser ela algo vivo e que existem interesses ideológicos em se pregar essa
morte. Em termos gerais não há um lugar não ideológico para se definir ideologia, ou
seja, o conceito de ideologia, qualquer que seja, sempre está vinculado a uma
determinada postura ideológica.
Voltando a questão anterior temos Morin, Ramonet, Santos e outros dizendo
que hoje, a única certeza é a incerteza. Assim sendo, todo conhecimento,
independentemente da área é provisório, precário, relativo e, acima de tudo, expressa
os interesses de alguém. Portanto, toda doutrina, toda teoria, todo conhecimento que
existe e circula traz/tem uma maior ou menor carga ideológica.
Mas o que vem a ser ideologia? Como ela(s) se faz(em) presente(s) no patrimônio
cultural? Quantos contrapontos podemos fazer entre ciência e ideologia? Quais são as
suas principais funções? A quem ela mais interessa e por quê etc?
1ª- A ciência exclui (deve) a ideologia. Aqui tem-se ciência neutra. (Marx, Comte,
Althusser, Chauí, etc).
2ª- Por mais que se procure evita-lo, não é possível ciência sem ideologia. Não existe
ciência neutra. (Weber, Popper, etc.).
3ª- Ciência é ideologia. (Gramsci, Habermas, etc.).
Funções:
1ª função: PROCURA MUDAR O CULTURAL EM NATURAL.
2ª função: PROCURA ABSOLUTIZAR AS COISAS, ESCONDENDO ASSIM AS RELAÇÕES.
3ª função: PROCURA UNIVERSALIZAR O PENSAMENTO
Quer que todos (ou a maioria) tenham o mesmo pensamento, a mesma visão de
mundo.
OBS: Só que a visão de mundo que se procura incutir na cabeça das pessoas é a visão
da classe dominante, isto é, a que interessa a esta classe.
Como a sociedade está dividida em classes, seria mais que óbvio que cada classe
tivesse suas próprias ideias. Entretanto, a classe dominante consegue fazer com que as
suas ideias se tornem as ideias de todos, isto é, em ideias comuns a todos. Tem-se aqui
a criação de universais abstratos, isto é, a transformação das ideias particulares da classe
dominante em ideias universais de todos e para todos os membros da sociedade. Essa
universalidade das ideias é abstrata porque não corresponde ao real e concreto, visto
que no real existem concretamente classes particulares e não a universalidade humana.