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AULA 02
1.1 Narrador
O narrador pode ser caracterizado de diversas formas. Ele pode narrar em primeira ou
em terceira pessoa. Quando o autor opta por um narrador em primeira pessoa ele pode criá-
lo como narrador personagem, ou seja, aquele que além de contar também participa da
história. Quando o narrador participa da história ele pode ser narrador protagonista ou
narrador testemunha. O narrador protagonista é o personagem principal contando a
1
Não só em teoria literária, mas também na lingüística o narrador é diferenciado do autor. O autor é chamado de
enunciador e o leitor de enunciatário. O narrador, que é construído pelo enunciador, se dirige ao narratário.
Quando um personagem fala é chamado de interlocutor e aquele a quem se dirige de interlocutário.
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Então disse Judá:
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Disseram, porém, os nossos inimigos:
12
Quando os judeus que habitavam na vizinhança deles, dez vezes, nos
disseram: “De todos os lugares onde moram, subirão contra nós”, 13 então,
pus o povo, por famílias, nos lugares baixos e abertos, por detrás do muro,
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com as suas espadas, e as suas lanças, e os seus arcos; inspecionei,
dispus-me e disse aos nobres, aos magistrados e ao resto do povo:
O narrador em terceira pessoa pode ser “onisciente”, o que carrega junto de si a idéia
de onipresença. O narrador onisciente é aquele que sabe e revela ao leitor pensamentos,
sentimentos ou fatos que acontecem em oculto ou dois fatos que acontecem em dois
lugares ao mesmo tempo. Ele também pode ser um narrador intruso. Este tipo é aquele que
comenta, interpreta e avalia os acontecimentos quando julga ser conveniente ou relata
opiniões de algum personagem. O narrador que não tece comentários, mas que se limita a
narrar a história é o narrador neutro. Tanto o narrador intruso quanto o neutro são tipos de
narrador onisciente.
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Passado o luto, Davi mandou buscá-la e a trouxe para o palácio; tornou-se ela sua
mulher e lhe deu à luz um filho. Porém isto que Davi fizera foi mal aos olhos do
SENHOR.
Note que o texto foi destacado onde a onisciência do narrador se faz evidente. Como saberia
ele que “foi mal aos olhos do SENHOR? Neste texto o narrador onisciente se comporta como
intruso ao relatar a opinião de Deus sobre a ação de Davi. Como nosso pressuposto é que a
Escritura é inspirada e reflete perfeitamente o pensamento de Deus, a interpretação do
narrador é a interpretação correta dos eventos. O narrador é quase imperceptível, mas pela
sua importância devemos estar atentos ao que ele está afirmando.
O narrador observador, que também narra em terceira pessoa, á aquele que não
participa da história, nem tem conhecimento dos pensamentos, sentimentos ou dos fatos
ocorridos em oculto, ao contrário do onisciente. Ele se comporta como uma testemunha
apenas.
Atrelado ao narrador está o seu ponto de vista, que é a perspectiva a partir da qual
ele conta a história. O narrador pode narrar a história a partir de vários pontos diferentes.
Cabe ao intérprete perceber qual é o ponto de vista do narrador. Segundo Longman2, ele
pode estar em vários planos: o espacial, o temporal, o psicológico ou ideológico.3 O plano
espacial, se comparado a uma filmagem, seria o local onde a câmera seria colocada. O
temporal acontece quando o narrador transcende o tempo, por exemplo, quando coloca sua
câmera no passado. Plano psicológico é aquele em que o narrador tem acesso à mente dos
personagens. Ideológico é o plano a partir do qual o narrador faz avaliações, e é o mais
interessante, pois através dele o narrador guia o leitor na interpretação dos eventos.
2
LONGMAN III, Tremper. Literary approaches to biblical interpretation. Grand Rapids: Zondervan, 1987, pp.
87-88.
3
Longman afirma que o ponto de vista fraseológico, colocado junto aos outros quatro por Boris Uspensky, não
teria a mesma importância para análises literárias de textos bíblicos.
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Quando o narrador não avalia nada talvez ele guie o leitor a tirar conclusões através
do que virá a seguir. O narrador pode gerar expectativas quando deixa de interpretar algo
claramente.
1.2 Personagens
É interessante que em geral há não mais que dois personagens nas narrativas
bíblicas. Um personagem bíblico pode ser individual ou coletivo. Preste muita atenção
quando o narrador apresentar descrições de um personagem e também quando der a
palavra a ele em discurso direto. Quando isso acontece é porque terá relevância para se
compreender a narrativa, pois indicará o ponto de vista a partir do qual o narrador trabalha.
Os personagens podem estar em relação de contraste ou de paralelo. O contraste acontece
quando aquele que está na sombra faz sobressair ainda mais o principal; o paralelo, quando
um é compreendido à luz de sua contraparte.
4
BAR-EFRAT, Shimon. Narrative art in the Bible. Londres, Nova York: Clark, 2004, pp. 15-16.
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1.2.1 Discursos
O discurso pode ser direto, indireto ou indireto livre. É direto quando a fala do
personagem é reproduzida integralmente; indireto, quando dentro da voz do narrador é
transmitido o discurso do personagem; e indireto livre, que é uma mistura dos dois
anteriores, quando o narrador reproduz em sua própria voz a fala de um personagem e
menciona o que ele diz e também o que ele pensa ou sente, podendo também incluir idéias
do próprio narrador.
1.2.2 Dêixis
Muita atenção deve ser dada às interrupções do narrador, porque ele conduzirá seus
leitores à maneira que o diálogo deve ser lido. As dêixis6 são de grande valor, pois fazem
uma moldura em torno dos discursos diretos de modo que o leitor possa compreender o que
não poderia sem ouvir a entonação da voz dos personagens. Por exemplo, em Êxodo 17.2:
2
Contendeu, pois, o povo com Moisés e disse:
2
Respondeu-lhes Moisés:
5
PRATT Jr, Richard L. Ele nos deu histórias: um guia completo para a interpretação de histórias do Antigo
Testamento. São Paulo: Cultura Cristã, 2004, p. 172-174.
6
Dêixis são as introduções que o narrador dá para os discursos diretos. Por exemplo, quando se lê: “e o povo
murmurou dizendo:...” já se sabe que o discurso deve ser lido a partir de uma perspectiva negativa. Elas
funcionam como moduladores da leitura.
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1.3 Espaço
O espaço de uma narrativa pode ser chamado de cenário. Cenário é o lugar onde a
história ou parte dela acontece, e é de extrema importância na narrativa hebraica.
Diferentemente de uma ficção, em que o cenário pode ser imaginado e criado, a narrativa
bíblica se baseia num local real e histórico. O local onde a história acontece não só situa a
narrativa no espaço como também desempenha um papel na história.7 No episódio de Ana
(1 Sm 1), o cenário do santuário que encontra-se em Siló é representativo da humilhação
que ela recebe de Penina por ser estéril e do sacerdote Eli que interpretou que ela estivesse
embriagada. Por causa disto, Ana se recusa a retornar a Siló sem que seu filho, bênção de
Deus e fruto de suas orações, tivesse nascido. O local é não só para onde Ana voltaria para
cumprir a promessa de consagrar seu filho (v. 11) após tê-lo desmamado (v. 21), é também o
local de sua humilhação. Assim, retornar ao local somente quando sua transformação
pudesse ser constatada é significativo.
1.4 Tempo
7
LEONEL, João. A Bíblia Como Literatura: Lendo as Narrativas Bíblicas. IN: ZABATIERO, Júlio P. T.;
LEONEL, João. Bíblia, literatura e linguagem. São Paulo: Paulus, 2011, pp. 119-120.
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O tempo se passa numa narrativa de várias formas. Não é possível, por exemplo,
reproduzir acontecimentos simultâneos numa literatura como o seria na televisão, no
cinema ou no teatro. Nas narrativas cenas simultâneas precisam ser apresentados de forma
seqüencial. A escolha de qual evento simultâneo será apresentado primeiramente trará uma
implicação própria. Invertê-la representa também trazer outra implicação. Assim, o narrador
fará uma escolha de acordo com o propósito do autor, dependendo de qual cena é a
principal e qual é aquela que será apresentada em função da outra. Esse procedimento cria
um efeito de sentido. Nem sempre a gramática demonstra claramente a simultaneidade de
certos acontecimentos. Às vezes é necessário recorrer à lógica ao estudá-los.8
Dentro do tempo também podemos encontrar lacunas. Nem tudo é narrado. A Bíblia
não se propõe a fazer biografias. Todos os eventos narrados têm propósitos teológicos.
Colocar dois eventos de forma linear e ininterrupta serve a esses propósitos, pois criam
sensações, efeitos de sentido e colocam o leitor a perceber causas e conseqüências ou
unidade temática que se perderiam se tais eventos fossem mediatos. Tanto o ato de
selecionar eventos quanto estabelecê-los numa sequência são formas de comentários.
8
PRATT Jr, Richard L. Ele nos deu histórias: um guia completo para a interpretação de histórias do Antigo
Testamento. São Paulo: Cultura Cristã, 2004, p. 184
9
LEONEL, João. A Bíblia Como Literatura: Lendo as Narrativas Bíblicas. IN: ZABATIERO, Júlio P. T.;
LEONEL, João. Bíblia, literatura e linguagem. São Paulo: Paulus, 2011, pp. 118-119
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Tu foste muito bondoso para com o teu servo, o meu pai Davi, pois ele foi fiel a ti, e
foi justo e reto de coração. Tu sustentaste grande bondade para com ele e lhe deste
um filho que hoje se assenta no seu trono. Agora, Senhor meu Deus, fizeste o teu
servo reinar em lugar de meu pai Davi. Mas eu não passo de um jovem e não sei o
que fazer. Teu servo está aqui entre o povo que escolheste, um povo tão grande que
nem se pode contar. Dá, pois, ao teu servo um coração cheio de discernimento para
governar o teu povo e capaz de distinguir entre o bem e o mal. Pois, quem pode
governar este teu grande povo?
O pedido que Salomão fez agradou ao Senhor. Por isso Deus lhe disse:
Já que você pediu isto e não uma vida longa nem riqueza, nem pediu a morte dos seus
inimigos, mas discernimento para ministrar a justiça, farei o que você pediu. Eu lhe
darei um coração sábio e capaz de discernir, de modo que nunca houve nem haverá
ninguém como você. Também lhe darei o que você não pediu: riquezas e fama; de
forma que não haverá rei igual a você durante toda a sua vida. E, se você andar nos
meus caminhos e obedecer aos meus decretos e aos meus mandamentos, como o seu
pai Davi, eu prolongarei a sua vida.
Então Salomão acordou e percebeu que tinha sido um sonho. Depois voltou a Jerusalém,
pôs-se perante a arca da aliança do Senhor, sacrificou holocaustos e apresentou ofertas de
comunhão. Então deu um banquete para toda a sua corte.
1.5 Enredo
As lacunas também devem ser percebidas, pois aquilo que o escritor não escreveu
tem implicações para sabermos aonde ele quer chegar e qual o significado teológico de sua
obra. Isso acontece em Êxodo 17.1 onde consta: “Tendo partido toda a congregação dos
filhos de Israel do deserto de Sim, fazendo suas paradas, segundo o mandamento do
SENHOR, acamparam-se em Refidim...” Note a expressão “fazendo suas paradas”. Neste
ponto o autor omitiu as paradas em Dofca e Alus (cf. Nm 33.12-14). A intenção do autor era
ressaltar as diversas vezes em que Israel murmurou no deserto e não fazer uma narração
exaustiva da história. Se ele fizesse narrações sobre o que ocorreu em Dofca e Alus
quebraria o efeito pretendido.
1.5.1 Cena
Dividir em cenas é útil tanto para aquele que está compondo histórias como para
aquele que pretende interpretá-las. Identificar cenas é útil como dar um passo de cada vez
em direção ao objetivo.
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1.5.2 Ato
O ato narrativo é a grande subdivisão da história. O enredo tem uma introdução, uma
complicação que se desencadeia no clímax e o desfecho. Cada uma dessas seções é um ato.
Se uma cena é um passo, um ato é um trecho do caminho que se percorre para dar à
narrativa um começo, meio e fim. Os atos se relacionam entre si em causa e conseqüência.
Acerca do contexto canônico devemos ainda uma explicação. Ele também é textual,
porém extrapola o livro bíblico do qual faz parte o texto que estivermos estudando. Dentro
do cânon bíblico10 os textos podem ter relações intertextuais. Contexto canônico não se
trata, portanto, de textos referentes a um mesmo tema, mas àqueles que têm ligação direta
entre si através de citações, alusões ou paralelos verbais estabelecidos por um autor sagrado
com livros canônicos anteriores. Os escritos posteriores também se tornam contexto
canônico para os livros anteriores ao serem citados ou aludidos.
10
A seleção de livros reconhecidos pelos judeus (no caso do Antigo Testamento) e cristãos como sagrados ou
revelação divina normativa. O Catolicismo Romano considera outros livros como canônicos do Antigo
Testamento. São eles: Tobias, Judite, 1 e 2 Macabeus, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico e Baruque. Além
destes, os livros “O Cântico dos três jovens” consta como parte do capítulo 3 de Daniel; “Susana” e “Bel e o
Dragão” constam como capítulo do mesmo livro. Há também um acréscimo no último capítulo do livro de Ester.
A estes chamam de deuterocanônicos, pois somente foram inseridos na relação de livros sagrados no Concílio de
Trento, em 1546. Eles já constavam na tradução grega do AT, conhecida como Septuaginta ou old greek.
11
Pois Jesus estava também com outros discípulos no texto que antecede.
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demonstram a autoridade do seu Reino. Dentro dessa seção a autoridade de Jesus é posta
em dúvida pelos fariseus e saduceus, que o desafiam a mostrar um sinal do céu (16.1), ao
que Jesus responde que somente um sinal será dado àqueles que pertencem a uma geração
má e adúltera: o sinal de Jonas (16.4). Tal sinal seria a ressurreição, pois como o profeta,
Jesus permaneceria “engolido” por três dias até reaparecer. O tema da ressurreição também
aparece em 17.9 quando Jesus ordena a Pedro, João e Tiago que nada contem sobre a visão
da transfiguração até sua ressurreição. O tema do livro de Mateus como um todo é o Reino
de Deus. Assim Mt 17.1-8 se relaciona com os textos mais próximos e os mais remotos no
Evangelho, seu contexto literário. A isto podemos chamar de intratextualidade12.
Mas há outras indicações em Mt 17.1-8 que nos levam para outras partes da
Escritura. Há uma intertextualidade entre o Evangelho e os livros da Lei. O de cada um
resplandeceu (v. 2; Ex 34.29); a presença de uma nuvem (v. 5; cf. Ex 24.15); uma voz que diz
“a ele ouvi” (v. 5; cf. Dt 18.15). A própria presença de Moisés na visão testemunha de que
Jesus era aquele de quem Moisés falara em Dt 18.15. Essas relações nos dão o contexto
canônico, que jamais poderia ser desprezado na interpretação desse trecho do Evangelho.
Por outro lado, também podemos dizer que para a interpretação de Dt 18.15, por exemplo,
deve-se considerar Mt 17.1-8 como seu contexto canônico, pois é seu cumprimento.
Para deixar bem claro o que é contexto canônico, vamos exemplificar com Isaías 1.2,
onde o profeta diz "ouvi, ó céus, e dá ouvidos, ó terra, porque o SENHOR é quem fala: Criei
filhos e os engrandeci, mas eles estão revoltados contra mim". Por que os céus e a terra
deveriam ouvir? Esse assunto nos remete a Deuteronômio 30.19: "Os céus e a terra tomo,
hoje, por testemunhas contra ti, que te propus a vida e a morte, a bênção e a maldição;
escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência". Veja o que antecede: "maldito
aquele que perverter o direito do estrangeiro, do órfão e da viúva. E todo o povo dirá:
Amém! (27.19); "Maldito aquele que aceitar suborno para matar pessoa inocente. e todo o
povo dirá: Amém!”(27.25). Agora volte os olhos para Isaías 1.23 "Os teus príncipes são
rebeldes e companheiros de ladrões; cada um deles ama o suborno e corre atrás de
recompensas. Não defendem o direito do órfão, e não chega perante eles a causa das
viúvas." No primeiro capítulo Isaías está denunciando a maldade misturada com o culto. Os
indivíduos participavam dos cultos, como pessoas religiosas, mas no dia a dia praticavam o
12
Relação entre textos de um mesmo autor.
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mal. Isaías então recorre às testemunhas nomeadas por Deus quando apresentou a lei. Note
que "céus e terra" em Isaías não tem nada a ver com Gn 1.1. As palavras são as mesmas13,
mas não há contexto canônico. Há contexto canônico entre Isaías 1 e Deuteronômio 30,
porque Isaías recorre diretamente a este texto, onde as testemunhas de quem ele precisa
foram nomeadas.
8
Porém ele desprezou o conselho que os anciãos lhe tinham dado e tomou conselho com os
jovens que haviam crescido com ele e o serviam. 9 E disse-lhes:
Que aconselhais vós que respondamos a este povo que me falou, dizendo: Alivia o
jugo que teu pai nos impôs?
10
E os jovens que haviam crescido com ele lhe disseram:
13
Quando as palavras são as mesmas podemos dizer que há um paralelismo verbal.
14
ALTER, Robert. A arte da narrativa bíblica. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. p. 140.
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Assim falarás a este povo que disse: Teu pai fez pesado o nosso jugo, mas tu alivia-o
de sobre nós; assim lhe falarás: Meu dedo mínimo é mais grosso do que os lombos de
11
meu pai. Assim que, se meu pai vos impôs jugo pesado, eu ainda vo-lo
aumentarei; meu pai vos castigou com açoites, porém eu vos castigarei com
escorpiões.
12
Veio, pois, Jeroboão e todo o povo, ao terceiro dia, a Roboão, como o rei lhes ordenara,
13
dizendo: Voltai a mim ao terceiro dia. Dura resposta deu o rei ao povo, porque desprezara
14
o conselho que os anciãos lhe haviam dado; e lhe falou segundo o conselho dos jovens,
dizendo:
Meu pai fez pesado o vosso jugo, porém eu ainda o agravarei; meu pai vos castigou
com açoites; eu, porém, vos castigarei com escorpiões.
“Visto que esses homens vieram chamá-lo, vá com eles, mas faça apenas o que eu lhe
disser”
“Vá com os homens, mas fale apenas o que eu lhe disser”. Assim Balaão foi com os
príncipes de Balaque.
Nm 22.22 informa que Deus ficou irado por Balaão partir. Mas por que, se foi Deus
quem o mandou acompanhá-los? Para se obter a resposta é necessário notar a inclusão
pelos vv. 20 e 35. O que aconteceu foi que Deus preparou uma situação para reforçar sua
ordem de ir e sua restrição quanto às palavras a proferir.
Quiasmo – é uma forma sofisticada de repetição que podem ser encontradas nos
diálogos ou nas cenas. Possui um centro que é a parte principal do texto. Itens anteriores se
repetem posteriormente a esse centro de forma regular e inversa. O grau de complexidade
varia bastante. Tomemos um exemplo de quiasmo em 2 Crônicas:
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Com essa estrutura, a sabedoria e riquezas de Salomão emolduram a seção que tem
como parte mais importante aquela central, em que a arca é trazida para o templo, a oração
de Salomão, a glória do Senhor no templo e a aliança de Deus com o rei.
C O louvor (5:11-13a)
C’ O louvor (7:3b)
IV. Aplicação
A aplicação responde a duas perguntas: “Em quê devo crer?” e “o que devo fazer?”
Ao aplicar um texto narrativo devemos explicar o significado original da história e mostrar
aos nossos ouvintes/leitores como o mesmo princípio deve ser vivido no contexto atual.
Talvez os problemas sejam diferentes, mas o Deus é o mesmo, o mundo é o mesmo, e a
natureza humana é a mesma. Fazendo as devidas adaptações de tempo, de cultura e de
pessoas teremos a aplicação para hoje.
São necessárias duas análises: a análise do texto e a análise do nosso mundo. Não
podemos esquecer se estamos falando para adultos, jovens, adolescentes, crianças ou para
uma platéia mista. Todos devem ser contemplados. Então, devemos analisar o texto,
necessidade de quem está nos ouvindo/lendo e aplicar o princípio ensinado no texto de
acordo com a necessidade deles. É importante lembrar que um texto tem um só significado,
mas uma ampla possibilidade de aplicação.
Conclusão
Bibliografia Sugerida
ALTER, Robert. A arte da narrativa bíblica. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
PRATT, Richard L. Jr. Ele nos deu histórias: um guia completo para a interpretação de
histórias do Antigo Testamento. São Paulo: Cultura Cristã, 2004