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DIMENSIONAMENTO DE ENFERMAGEM NO SETOR DE CLÍNICA

MÉDICA E CIRÚRGICA EM UM HOSPITAL DO INTERIOR DE SÃO


PAULO.

SIZING OF NURSING USING IN THE SECTOR OF MEDICAL CLINIC


AND SURGICAL IN A HOSPITAL IN THE INSIDE OF STATE SÃO
PAULO

Amanda Ferreira de Oliveira- mandah1706@gmail.com


Bruna Brandão Bortoliero-bortoliero.bruna@outlook.com
Stéphani Franciely Hiibner Oreti – stephani.oreti@hotmail.com

Prof. Fabiana Aparecida Monção Fidelis – Centro Universitário Católico Salesiano


Auxilium – fabina_mfidelis@hotmail.com

RESUMO

Este estudo realizou-se na Associação Hospitalar Santa Casa Lins com o


objetivo de dimensionar os profissionais de enfermagem no setor da clínica médica e
cirúrgica de Lins. A metodologia aplicada a de pesquisa descritiva com abordagem
quantitativa; os dados foram coletados no período de 01 a 30 de julho de 2015 por
meio do Sistema de Classificação de Pacientes de FUGULIN, utilizado para definir o
tipo de cuidado de cada paciente. O dimensionamento dos profissionais de
enfermagem foi realizado utilizando a resolução do COFEN nº 293/2004. Os
resultados obtidos durante a pesquisa basearam-se na avaliação de 136 pacientes;
destes 57,35% das internações eram do sexo masculino, 23,7% com cuidados
mínimos, 31,9% com cuidados intermediários 43,8% cuidados semi-intensivo e 0,1%
cuidados intensivos. As médias quantitativas de profissionais de enfermagem são de
13 enfermeiros e 21 técnicos de enfermagem, porém a clínica médica e cirúrgica
possuí apenas 2 enfermeiros e 29 técnicos de enfermagem, o que apontou um
déficit no quadro de profissionais que influencia na qualidade da assistência e gera
sobrecarga do trabalho da equipe de enfermagem, principalmente aos enfermeiros,
pois algumas atividades são exclusivas desse profissional.

Palavras-chave: Dimensionamento dos profissionais de enfermagem. Classificação


de pacientes. Qualidade da Assistência.

ABSTRACT

This study was conducted at the Santa Casa Hospital Association Lins with
the objective of evaluatingthe nursing professionals inthe clinical medicine and
surgical sector of Lins. The methodology applied was a descriptive research with
quantitative approach; data were collected in the period from 01 to 30 July 2015
through Fugulin Patient Classification System. In this research, we use the, used to
define the kind of care for each patient. The dimensioning of nursing professionals
was done using the resolution of COFEN No 293/2004. The results presented during

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the survey were based on an evaluation of 136 patients. Of these 136 patients,
57.35% of admissions were male, 23.7% with minimal care, 31.9% with intermediate
care 43.8% semi-intensive care and 0.1% intensive care. The average of nurses is
13 nurses and 21 nursing technicians, but the medical and surgical clinic is only
composed by 2 nurses and 29 nursing technicians, which showed a deficit in the
professional staff that influences the quality of care and generates work overload for
the nursing staff, especially for the nurses, because some activities are only
perfomed by this professional.

Keywords: Measurementof nursing professionals. Patient classification. Care quality.

INTRODUÇÃO

Em qualquer tipo de instituição de saúde, se faz necessário avaliar o tipo de


assistência prestada aos seus usuários, e cada dia vem crescendo um modelo que
busca satisfazer os clientes e funcionários, pois acredita-se que os funcionários que
estão satisfeitos, sem sobrecarga de trabalho, por exemplo, realizam um melhor
atendimento.
No contexto saúde, esse fator é de imensa importância. Atualmente, muitos
hospitais têm investido em novas estratégias que diminuam os custos e melhorem a
qualidade da assistência dos serviços que são prestados nas instituições e,
consequentemente, satisfaçam seus usuários. (FARIA, et al. 2009).
A equipe de enfermagem é composta por enfermeiros, técnicos de
enfermagem e auxiliares. O enfermeiro é o profissional responsável pela equipe,
aquele que gerencia as atividades, dá o suporte necessário aos atendimentos e
atenta-se a dinâmica do setor para que os colaboradores não sejam
sobrecarregados.
Para alcançar uma assistência com qualidade, têm-se buscado novos
métodos e instrumentos que facilitem o gerenciamento dos colaboradores por parte
do enfermeiro, pois dessa forma o enfermeiro planeja, distribui e controla o
quantitativo de funcionários no setor. (GAIDZINSKI et al. 2009.)
O dimensionamento de pessoal de enfermagem é uma das competências do
enfermeiro que é regulamentado pela resolução do COFEN n° 293/2004. Essa
resolução indica as horas de cuidado da enfermagem e o quantitativo mínimo de
funcionários enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem para atender a
demanda de pacientes da unidade.

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O dimensionamento de enfermagem é um método que determina as
categorias e o número de profissionais que são necessários para realizar uma
assistência com qualidade e segurança para os clientes que utilizam algum
atendimento de saúde. (NICOLA; ANSELMI, 2005.).
Para que o dimensionamento ocorra, é necessário utilizar um instrumento de
classificação de paciente, instrumento este que será utilizado pelo enfermeiro
visando a adequação ao tempo médio de cuidado para cada paciente de acordo
com seu grau de dependência. (FUGULIN, GAIDZINSKI, KURCGANT, 2005.).
Um sistema de classificação de paciente tem como finalidade relacionar a
demanda de pacientes e o cuidado realizado pela equipe de enfermagem de forma a
atender a necessidade de cada paciente, sem sobrecarregar os colaboradores
(MORAES; LINCH, SOUZA, 2012).
O objetivo primário deste estudo é dimensionar o pessoal de enfermagem no
setor da clinica médica e cirúrgica de um hospital em Lins.
Os objetivos Secundários são: classificar os pacientes da clínica médica e
cirúrgica de acordo com seu grau de dependência utilizando o instrumento de
classificação Fugulin, identificar o perfil assistencial dos pacientes, verificar quais os
tipos de cuidados necessários dos pacientes e a quantidade de horas de assistência
que eles necessitam e verificar se a quantidade de funcionários está adequada.
Considerando os objetivos mencionados, levantou-se a seguinte pergunta: o
setor de clínica médica e cirúrgica atende aos requisitos necessários que resolução
293º do Cofen preconiza para ter uma assistência de qualidade?
Em resposta à questão acima, destaca-se a seguinte hipótese: Acredita- se que o
quantitativo de profissionais de enfermagem não está adequado para atender a
demanda da cliente existente no hospital, desta forma utilizando o instrumento de
classificação de pacientes de Fugulin, pode- se dimensionar para adequar-se ao
quantitativo necessário e melhorar a qualidade da assistência.
Os fatores que justificam a pesquisa são: o primeiro passo para
melhorar a assistência é identificar o perfil de seus pacientes. O método utilizado
para avaliar o perfil dos usuários é o sistema de classificação de paciente.
Identificando as necessidades dos pacientes é possível realizar o dimensionamento
de enfermagem e verificar a eficácia da assistência de acordo com as horas de

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cuidado prestadas, sem sobrecarregar a equipe e mantendo/melhorando a
qualidade do serviço. (GOUVEIA et al. 2010)
Esta pesquisa trará benefícios aos pacientes em questão, no caso, os
pacientes da clínica médica e cirúrgica e a equipe de enfermagem do setor. Para
alcançar tal objetivo, avaliaremos o perfil desses clientes, facilitando o tipo de
cuidado para cada um. O dimensionamento permitirá observar as dificuldades da
equipe de enfermagem e verificar a possibilidade de qualificar a assistência prestada
pela equipe, para que seja possível melhorar o atendimento.
O prognóstico dos pacientes está relacionado à linha de cuidado prestada, ou
seja, se a qualidade desse atendimento é melhorada, consequentemente, há
diminuição no tempo de internação e diminuição dos custos para a instituição.Há
também um maior fluxo de paciente e menor desgaste entre os profissionais.
Foi realizada uma pesquisa descritiva quantitativa na Associação Hospitalar
Santa Casa de Lins, no período de julho de 2015.
Este trabalho está organizado em três capítulos. No primeiro capítulo, são
definidos os parâmetros para dimensionamento. No segundo capítulo, o
dimensionamento do pessoal de enfermagem. No terceiro capítulo, apresentamos a
pesquisa realizada na associação hospitalar Santa Casa de Lins no setor clínica
médica e cirúrgica, bem como a conclusão.

1 ITENS DO DESENVOLVIMENTO

O método utilizado para esta pesquisa foi descritivo com abordagem


quantitativa.
A pesquisa foi realizada em um hospital filantrópico do interior de São Paulo,
onde os clientes internados no setor de clínica médica e cirúrgica foram avaliados
por 30 dias, observado o seu grau de dependência, o tipo de cuidado necessitado e
a quantidade de horas necessárias para realizar uma assistência adequada. Foi
utilizado o instrumento de classificação de pacientes de FUGULIN. A coleta de
dados foi realizada por meio desse instrumento, que permitiu identificar quais são os
tipos necessários de cuidado dos pacientes. Dessa forma, observamos o
quantitativo e qualitativo que temos no setor, visando esclarecer se a equipe está de

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acordo com que a lei preconiza sobre o dimensionamento. Os dados coletados
foram utilizados com o propósito da pesquisa.
É uma unidade de internação para adultos e idosos. A sua planta física é
formada por 15 enfermarias (todas compostas por dois leitos), um posto de
enfermagem, um expurgo, uma sala de curativo que é usada para procedimentos,
uma sala de espera para acompanhantes, uma copa, um banheiro para funcionários
e um banheiro para visitantes.
A equipe multiprofissional é composta por enfermeiros, médicos,
fisioterapeutas, nutricionistas, assistente social e os profissionais técnicos. Há
também os estagiários de nível médio e superior, os quais estão presentes
normalmente de segunda a sexta-feira. Foram realizadas 644 avaliações, no período
de 01 a 30 de julho de 2015. Os dados coletados foram utilizados para realizar a
projeção do quadro de dimensionamento de pessoal de enfermagem, foram
seguidas orientações para elaboração e a apresentação do cálculo proposto pela
Resolução COFEN 293/ 2004.
a) Caracterização do perfil dos pacientes internados na unidade de clínica
médica;
b) Quantitativo e percentual de pacientes referente à faixa etária;
c) Média de pacientes (dia) e taxa de ocupação (%);
d) Classificação de Pacientes por tipo de cuidado;
e) Percentual e média de pacientes conforme sua classificação de cuidados;
f) Dimensionamento de pessoal de Enfermagem segundo a Resolução
COFEN n°293/2004;
g) Distribuição de internação no setor de clinica médica do hospital Santa
casa de Lins.

RESULTADOS

Foram obtidos dados necessários para classificar os pacientes em relação ao


grau de dependência da assistência de enfermagem, informações que possibilitam
traçar o perfil de sexo, faixa etária e morbidades mais freqüentes da unidade de
internação adulta e dados relativos à equipe de enfermagem como: quantitativo de
funcionários e horas totais de enfermagem. Essas informações foram determinantes
para o cálculo do dimensionamento de pessoal de enfermagem da unidade de

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internação referida e necessárias para a avaliação da área de recursos humanos do
setor. As fases necessárias para o cálculo de dimensionamento de enfermagem
estão ordenadas de forma linear e demonstram as características que influenciam o
processo de trabalho no contexto pesquisado.

Tabela 1: Caracterização do perfil dos pacientes internados na unidade de clínica médica.


Sexo Quantidade Percentual
F 58 42.65
M 78 57.35
TOTAL 136 100%
Fonte: Brandão, Hiibner, Oliveira, 2015.

A Tabela apresentada nos permite observar que, dos 136 pacientes


internados referentes ao mês de julho de 2015, a maioria era do sexo masculino,
apresentando 57,35 % da taxa de ocupação, enquanto o sexo feminino apresentou
42.65 %.
A faixa etária pode ser observada na seguinte tabela:

Tabela 2: Quantitativo e percentual de pacientes referente à faixa etária.


Idade Quantidade Percentual
De 14 a 19 anos 04 2,95%
De 20 a 29 anos 06 4,41%
De 30 a 39 anos 15 11,02%
De 40 a 49 anos 14 10,30%
De 50 a 59 anos 26 19,11%
De 60 a 69 anos 34 25,00%
De 70 a 79 anos 16 11,77%
De 80 a 89 anos 19 13,97%
De 90 a 100 anos 2 1,47%
Total 136 100%
Fonte: Brandão, Hiibner, Oliveira, 2015.

A maioria dos pacientes internados na unidade de clinica médica encontrava-


se na faixa etária dos 60 a 69 anos (25,00%). Nota-se que há uma menor incidência
de pacientes com idade acima de 90 a 100 anos, totalizando 1,47%.
Tabela 3: Distribuição de internação no setor de clinica médica do hospital Santa casa de Lins.

DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO 31 22,8 %


DOENÇAS DO APARELHO RESPIRATÓRIO 21 15,4 %
DOENÇAS DO APARELHO GENITURINARIO 18 13,2 %
DOENÇAS NO APARELHO DIGESTIVO 14 10,3
DOENÇAS DO APARELHO 14 10,3%
CARDIOVASCULAR/CIRCULATÓRIO

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DOENÇA INFECCIOSA 1 0,8%
LESÕES, TRAUMAS 23 16,9%
NEOPLASIAS, HIPERPLASIAS 8 6,0%
DOENÇAS OSTEOMUSCULAR 2 1,5%
DOENÇAS DE PELE 4 2,9%
136 100%
Fonte: Brandão, Hiibner, Oliveira, 2015.

Observa-se na tabela que as morbidades que causam mais internações são


as relacionadas ao sistema nervoso. Quanto ao menor quantitativo de doenças,
pode-se destacar que são as do tipo infecciosas.

Tabela 4: Média de permanência (dias), média de pacientes (dia) e taxa de ocupação (%) do período
de julho de 2015.
Clínicas Médica e Cirúrgica - Ocupação de Leitos
Média de Pacientes 21,5
Taxa de Ocupação (%) 71,5%
Fonte: Brandão, Hiibner, Oliveira, 2015.

A partir de dados referentes ao número de pacientes internados no período de


julho de 2015, é possível observar que a média de internação por dia é de 21,5
pacientes. A taxa de ocupação é de 71,5%.

Tabela 5: Percentual e média de pacientes conforme sua classificação de cuidados,


no período de julho de 2015, São Paulo.
Cuidados Média Percentual
Intensivo 0,07 0,30%
Semi- intensivo 9,4 43,9
Alta dependência
Intermediários 7,0 32,7
Mínimos 5,0 23,1
100%
Fonte: Brandão, Hiibner, Oliveira, 2015.

A tabela nos permite destacar que a maioria dos pacientes classificados na


clinica médica necessitavam de atendimento semi-intensivo, 43,9 %, seguidos por
clientes intermediários com 32,7%, cuidados mínimos, 23,1% e apenas 0,30%
cuidados intensivos.

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APLICAÇÃO DO CÁLCULO DE DIMENSIONAMENTO DE PESSOAL DE
ENFERMAGEM

Para o dimensionamento de profissionais de enfermagem, foi utilizada a


Resolução COFEN nº293 /2004. O cálculo foi realizado da seguinte forma:
a) O Índice de Segurança Técnica (IST) conforme Resolução Cofen Nº
293/04, não poderá ser inferior a 15%. Portanto, este estudo utilizou o IST
de 15%;
b) A KM (Constante de Marinho) foi realizada através da seguinte fórmula:
𝐾� = 𝐷𝑆𝑥𝐼𝑆�/𝐽𝑆�. Sendo que DS= 7 dias IST= 1.15 JST= 36 H 𝐾� =
7𝑥1.15/36 𝐾� = 0,2236;
c) O Total de Horas de Enfermagem (THE) foi realizado com a seguinte
formula: 𝑻𝑯� = (�º 𝑷𝑪𝑴𝒙�, �) + (�º 𝑷𝑪𝑰𝒙�, �) + (�º 𝑷𝑪𝑺𝑰𝒙�, �) + (�º
𝑷𝑪𝑰𝒕𝒙𝟏�, �). Para obtenção do total de horas de enfermagem, foi
calculado por meio do sistema de classificação de pacientes de Fugulin. O
cálculo do THE está descrito diariamente na tabela 5. Abaixo, de acordo
com o THE diário no período da coleta, aponta-se o THE médio das
clínicas médica e cirúrgica, sendo 151,86;
d) O QP (Quantitativo de pessoal) foi encontrado por meio da seguinte
fórmula 𝑄�= THE x KM, descrita de acordo com a Resolução COFEN
nº293 /2004. A fórmula foi utilizada para a realização do dimensionamento
de pessoal diariamente no período de julho de 2015.

Tabela 6: Quantidade de profissionais existentes na clínica e a quantidade de profissionais


dimensionados, período de julho de 2015.
Profissional Quantidade atual de Quantidade Diferença
Profissionais necessária
Assistenciais de
Profissionais
ENFERMEIRO 2 13 11
TECNICO DE 29 21 8
ENFERMAGEM
Fonte: Brandão, Hiibner, Oliveira, 2015.

Considerando os dados apresentados acima, evidencia-se um déficit de 11


Enfermeiros. Em relação aos técnicos de enfermagem na unidade de internação, há
8 funcionários acima do valor mínimo que o COFEN preconiza para uma assistência

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com qualidade. É importante ressaltar que o déficit está no quadro de profissionais
de nível superior.

DISCUSSÃO

A faixa etária predominante nas clínicas médica e cirúrgica onde foi realizada
a coleta de dados foi de 60 a 69 anos, ou seja, a população idosa. Dados
evidenciam o grande crescimento da população idosa no mundo, processo que
também tem ocorrido no Brasil. Segundo os dados do IBGE de 2015, o número da
população brasileira é 205.000.000 de pessoas, desse número, 13% são idosos,
com tendência a haver um aumento desta porcentagem no decorrer dos próximos
anos. Contudo, o estudo de Maués et al (2007), realiza uma pesquisa sobre
epidemiologia de idosos em hospitais públicos brasileiros, e constata que a faixa
etária de maior prevalência em clínicas são também idosos, de 65 a 74 anos de
idade. E segundo Castro et al (2013), que caracterizou o perfil das internações
hospitalares de idosos das Instituições Regionais de Saúde do Paraná, Brasil, de
acordo com o DATASUS, constatou a prevalência de internações de idosos, da faixa
etária de 60 a 69 anos de idade. No entanto podemos observar que a faixa etária de
maior prevalência é formada por pacientes idosos, devido a sua maior
suscetibilidade em adquirir doenças e por sofrerem de pelo menos uma doença
crônica.
Visto a prevalência da faixa etária de idosos nas unidades de internação, e, o
número de idosos no Brasil e no mundo aumenta cada vez mais, o ideal seria
investir mais nos projetos de atenção a Saúde do Idoso, aumentando o foco na
prevenção e promoção da saúde, investindo no processo de trabalho das equipes,
assim promove-se mais qualidade de vida para os idosos, diminuindo o índice de
internação e sobrecarga de trabalho aos hospitais.
As morbidades que acarretam mais internação são as doenças do sistema
nervoso, 22,8%, lesões e traumas, 16,9 %, doenças do aparelho respiratório, 15,4
%, doenças no aparelho geniturinário, 13,2 %, doenças no aparelho digestivo, 10,30
%, doenças no aparelho circulatório, 10,30 %, neoplasias e hiperplasias, 6 %,
doenças de pele, 2,9 %, doenças osteomuscular, 1,5 %, doenças infecciosas, 0,7%.
Dados diferentes foram encontrados em uma pesquisa realizada no Hospital das

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Clinicas de Ribeirão Preto da universidade de São Paulo, onde as doenças que mais
acometeram os pacientes de lá, foram às doenças infecciosas e parasitárias, 12,4
%, (ROSSINI, 2007). Os diagnósticos médicos podem variar de acordo com o tipo
de clientela e a doença mais frequente na região. Por esse motivo, é de extrema
relevância identificar o tipo de perfil encontrado no setor para que o
dimensionamento de pessoal possa ser realizado de maneira eficaz.
Na classificação de pacientes utilizando um instrumento de FUGULIN, 43,9%
dos pacientes foram classificados como necessitando de cuidado semi-intensivo,
dados similares foram encontrados em uma pesquisa realizada no hospital de
Ceilândia (66,5 %), Silva (2014). O setor de clínica médica deveria possuir uma
clientela que necessitasse de cuidados mínimos e intermediários, visto que os
pacientes classificados como cuidados semi-intensivo necessitam de cuidado
individual, de acordo com o grau de dependência, por se tratar de cuidados
complexos. Por isso, é indicado que o paciente seja encaminhado para uma unidade
especializada com profissionais habilitados para que, dessa forma, não
sobrecarregue e não haja incidência elevada de internação na clínica médica.
De acordo com o cálculo da resolução 293/2004, o quantitativo mínimo de
recursos humanos para a clínica médica e cirúrgica da Associação Hospitalar Santa
Casa de Lins seria de 13 enfermeiros e 21 técnicos. No entanto, os recursos
humanos atuais são 2 enfermeiros e 29 técnicos de enfermagem. Portanto, este
estudo nos permite afirmar que existe um déficit de profissionais de enfermagem de
nível superior.
O déficit de enfermeiro infelizmente é comum em diversos hospitais
brasileiros. De acordo com um estudo de Cucolo, Perroca, (2010) sobre o
Monitoramento de indicadores de desempenho relacionados ao tempo de
assistência da equipe de enfermagem, esse déficit pode comprometer o enfermeiro
a realizar a supervisão da sua equipe de enfermagem e avaliar qualidade da
assistência prestada aos clientes. Visto que o enfermeiro executa competências que
são privativas da classe, e técnicos acabam por muitas vezes realizando essas
atividades. Isso implica na segurança do paciente, podendo também trazer
problemas éticos-legais ao enfermeiro e a instituição. O dimensionamento é a única
ferramenta que nos dá respaldo legal ao recursos humanos na contratação de
profissionais para adequar ao quantitativo descrito pelo Cofen.

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CONCLUSÃO

Este estudo avaliou o quantitativo de pessoal de enfermagem do setor de


clínica médica e cirúrgica,por meio da utilização de um instrumento para avaliar o
grau de dependência, foi realizado o dimensionamento no setor.
As políticas em saúde afirmam que o atendimento deve ser humanizado.Por
essa razão, o dimensionamento de pessoal de enfermagem é de extrema
importância, pois o quantitativo de profissionais suficiente garante uma assistência
com qualidade.
Existem muitas dificuldades na área gerencial de recursos humanos, porém
deve-se atentar à demanda do setor e observar se os quantitativos de profissionais
estão de acordo, para que não haja sobrecarga da equipe de enfermagem.
Este estudo permitiu a aproximação sobre o funcionamento da parte gerencial
do setor, de acordo com a resolução do COFEN 293/2004. Foi identificado um déficit
de profissionais enfermeiros, diferentemente dos técnicos e auxiliares de
enfermagem, em que foi possível destacar um saldo positivo. No entanto, deve-se
destacar que o enfermeiro é responsável pela supervisão da equipe de enfermagem
e algumas atividades são exercidas apenas por esse profissional.
Os enfermeiros atuantes no setor sofrem em consequência desse déficit, pois
há uma sobrecarga de trabalho, o que dificulta a realização das atividades, sejam
elas gerenciais ou assistenciais.
Por meio da análise dos dados, este estudo demonstra a necessidade de
adequação do quantitativo mínimo necessário para realizar uma assistência de
acordo com a demanda de pacientes do setor.
O Dimensionamento de Pessoal de Enfermagem ainda é um assunto pouco
estudado e não é executado da maneira que deveria ser. O que pode-se concluir
também é a necessidade dos futuros enfermeiros entenderem a sua importância e
se aprofundarem no assunto, sendo que esta é uma atividade privativa do
enfermeiro, fazendo com que a implementação do dimensionamento nas instituições
de saúde aconteça de forma efetiva.

REFERÊNCIAS

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