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Capítulo 10

PAQUÍMETRO

10.1 ASPECTOS GERAIS

10.1.1 Definição

O Paquímetro (figura 10.1) é o resultado da associação de: uma escala, como


padrão de comprimento; dois bicos de medição, como meios de transporte do
mensurando, sendo um ligado à escala e outro ao cursor; um nônio como interpolador
para a indicação entre traços.

10.1.2 Características Construtivas

Na figura 10.1a tem-se um paquímetro universal (com bicos para medições


internas e lingueta) e na figura 10.1b um paquímetro simples, porém com parafuso de
chamada que serve para ajuste fino da posição do cursor.

Os paquímetros distinguem-se pela faixa de indicação, pelo nônio, pelas


dimensões e forma dos bicos.

Em geral os paquímetros são construídos para faixa de indicação 120 ... 2000
mm; o comprimento dos bicos de 35 a 200 mm correspondentemente. Para casos
especiais é possível adquirir paquímetros de bicos compridos.

O material empregado na construção de paquímetros é usualmente o aço com


coeficiente de dilatação linear α = 11,5 µm/m.K, de forma que o mesmo tenha
comportamento térmico equivalente à maioria das peças.

As superfícies dos bicos situadas frente a frente destinam-se às medições externas


(figura 10.1). Para medições internas, os extremos dos bicos são rebaixados, com
superfícies externas cilíndricas. Ao usar-se estas superfícies de medição, deve-se
adicionar à indicação a espessura dos ressaltos dos bicos que é, geralmente, um valor
arredondado (10 ou 20 mm). Importante é realizar a calibração desta distância
periodicamente a fim de determinar o seu valor efetivo e fazer a correção do erro
durante o processo de medição.

Nos paquímetros universais os bicos para medições internas são prolongados para cima
e apresentam a forma de gumes, o que permite medir dimensões menores do que
aquele valor arredondado.

Paquímetros pequenos podem ter, na parte traseira, uma lingueta que se move
junto com o cursor e serve para medir profundidades.

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10.1.3 Tipos de Paquímetros

Além do tipo universal, o paquímetro pode ser apresentado de diversas formas


específicas para cada uso:

- paquímetro de profundidades (figura 10.2a);


- calibrador de espessura de dentes de engrenagens (figura 10.2b);
- graminho (paquímetro de altura) (figura 10.2c) ;
- paquímetro para rasgo de chaveta (figura 10.2d).

Além destes tipos existem muitas outras variantes, no formato e tamanho dos bicos,
da faixa de indicação, etc.

A escala de um paquímetro poderá ser (figura 10.6):

- mecânica com indicação via nônio;


- cremalheira com indicação via sistema relógio comparador;
- magnética ou eletroóptica, com indicação eletrônica e indicação digital.

10.1.4 Aspectos Operacionais

Nas medições externas recomenda-se colocar a peça a ser medida o mais perto
possível da escala, de modo a minimizar os erros de não obediência do princípio de
Abbé. Nas medições internas, antes de fixar o cursor, deve-se afrouxar a pressão de
medição.

Em geral, na medição com paquímetro, deve-se evitar um aperto forte dos bicos
sobre a peça (evitar a força de medição excessiva).

Além disso, deve-se evitar, ao máximo possível, movimento relativo entre os bicos
e peça, já que isto provoca desgaste dos bicos, e assim a geração de erros de medição
com o paquímetro. Sob hipótese alguma, deve-se medir uma peça em movimento (por
exemplo: no torno).

O paquímetro universal (ou quadrimensional) pode ser aplicado de diversas formas


(figura 10.7).

Com um paquímetro comum é possível medir diâmetros maiores do que o seu


curso. O paquímetro é colocado na peça a ser medida conforme mostra a figura 10.8;
b é o comprimento dos bicos e A é a indicação no paquímetro. Diâmetros maiores ou
segmentos podem ser medidos com o uso de Blocos Padrão. Sendo a = A/2, temos que
o raio da peça é dado por

a 2 +b 2
R =
2b

Alguns paquímetros digitais podem ser interfaceados a pequenas impressoras


com módulos estatísticos ou até a microcomputadores, onde os dados podem ser
processados
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rapidamente, facilitando o trabalho dos cálculos intermediários em operações mais
complexas como as vistas na figura 10.8.

10.2 COMPORTAMENTO METROLÓGICO

A leitura do nônio deve ser realizada com o paquímetro perpendicular à vista do


operador para evitar o "erro de paralaxe". Entretanto, a maioria das pessoas possui
maior acuidade visual com uma das vistas, o que provoca um erro associado ao
processo de leitura. Por isso, recomenda-se fazer a leitura com uma só das vistas, apesar
das dificuldades em encontrar-se a posição certa. Em experiência feita com um grupo de
mecânicos, constatou-se que as indicações feitas em paquímetros de precisão, abertos
em uma dada dimensão, apresentaram uma dispersão de ± 0,02 mm.

A incerteza de medição de um paquímetro depende:

- dos erros da divisão da escala principal;


- dos erros da divisão do nônio;
- da retilineidade dos bicos de medição;
- da perpendicularidade dos bicos de medição em relação à haste e paralelismo
entre si;
- dos erros da guia do cursor.

Na medição correta com blocos padrão, num ponto qualquer, as indicações no


nônio só podem diferir do valor do bloco padrão de um valor no máximo igual ao erro
admissível indicado na norma DIN 862, válida para paquímetros de qualidade. Os
erros admissíveis estão fixados em função apenas do comprimento medido.

A calibração para determinar os erros em operação de medição externa, é


realizada com blocos padrão, em vários comprimentos de modo a abranger diversas
posições das escalas principal e do nônio. É recomendado que esta calibração seja
feita nas posições interna, média e externa dos bicos, com força de medição constante.

As normas recomendam, entre outras características, tolerâncias da seguinte


ordem:

- planeza dos bicos para medições externas: 10 µm/100 mm;


- paralelismo das superfícies dos bicos: 15 a 20 µm.

Como normas que fixam as características dos paquímetros e regem os


procedimentos de qualificação citam-se:

- internacional : ISO 3599 (Vernier Callipers reading to 0,1 and 0,05 mm)
ISO 6906 (Vernier Callipers reading to 0,02 mm)

- brasileira : NBR 6393

- alemã : DIN 862

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