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3 de Abril de 2019
Situações abrangidas
Como se sabe, estão sujeitas ao crivo da “ligação efetiva”, nos
termos do disposto no artigo 9.º da Lei da Nacionalidade, as
situações de aquisição da nacionalidade por efeito da
vontade e da adoção, o que significa que se encontram
abrangidos os seguintes casos:
Evolução legislativa
Na sua versão original, o artigo 9.º, alínea a), da Lei da
Nacionalidade, dispunha que “constituem fundamento de
oposição à aquisição da nacionalidade portuguesa: a) A
manifesta inexistência de qualquer ligação efectiva à
comunidade nacional”.
No âmbito de tal regime, entendia a jurisprudência portuguesa
que caberia ao Estado, através do Ministério Público, provar
que o requerente manifestamente carecia de qualquer ligação
efetiva à comunidade nacional. Noutras palavras, no âmbito de
ação judicial de oposição à aquisição da nacionalidade
portuguesa, era do Ministério Público o ônus da prova do fato
impeditivo do direito, cabendo apenas ao requerente do
processo administrativo declarar que possuía tal ligação efetiva.
Efeito prático
O grande efeito prático deste cenário é a desnecessidade do
interessado comprovar a sua ligação efetiva à
comunidade portuguesa, cabendo ao Ministério Público, se
assim entender, instaurar ação de oposição à aquisição da
nacionalidade portuguesa, devendo, para o efeito, alegar e
provar fatos constitutivos da inexistência da ligação efetiva.
Tendo em conta que ainda não existe acórdão uniformizador de
jurisprudência sobre esta questão, não são nulas as
possibilidades de procedência da ação instaurada pelo
Ministério Público, mas trata-se, cada vez mais, de um risco
residual.