Vitória da Conquista - BA
2018
2
Vitória da Conquista - BA
2018
3
Agradecimentos
RESUMO
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................01
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................ 73
REFERÊNCIAS........................................................................................................... 75
1
INTRODUÇÃO
Como suporte teórico para essa pesquisa contou-se com a contribuição do trabalho
de autores como: LIBÂNEO (2005), CAVALCANTI (2000/2002) DEMO (2016), RAMOS
(1996), SOUZA (2011), CARVALHO (1991), LAYRAGUES (2005), KLIGERMAN (2000),
ZANET (1997), SATO (2003) entre outros, além de todo suporte legal, que ser refere às leias
brasileiras que regulamentam e norteia à prática de ensino da educação ambiental tanto na
educação formal quanto não formal, destacando-se a Lei 9.795/99, os PCNs (1988), a
Resolução nº 02 - Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental (1998), a
Resolução CEB nº 3, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (1998),
Pronea (2005).
2
Para Milaré (2005, p.50), “a Questão Ambiental é uma questão de vida ou morte,
não apenas de animais e plantas, mas do próprio homem e do planeta que o abriga”. Os seres
humanos são responsáveis em cuidar, preservar e proteger o planeta. Para o referido autor, o
planeta Terra deve ser visto como nossa casa. Mas, essa está casa “evidencia-se sinais de
verdadeira crise, isto é, de uma casa suja, insalubre e desarrumada, carente de uma urgente
faxina”. (MILARÉ, 2005, p.127).
Entende-se que esta faxina significa mudança, principalmente nos meios de produção
que são os maiores responsáveis pela degradação do planeta e não apenas na mudança do
comportamento do cidadão. No discurso da sustentabilidade, o homem aparece como
principal agressor da natureza e a reciclagem é entendida como a atitude salvadora da
humanidade, escondendo a responsabilidade dos principais agentes agressores, que
estabeleceram e travam um verdadeiro conflito em torno da apropriação dos recursos naturais
limitados para a satisfação de necessidades ilimitadas (MILARÉ, 2005, p. 131).
Freitas (2005, p.18) afirma que a preocupação com a preservação ambiental é antiga,
pois, há muito tempo os cientistas vêm alertando a população para os malefícios de uma
ocupação desordenada do solo, o esgotamento dos recursos naturais e tantas outras ações do
homem.
Assim, essa crise tem consequências que atingem a vida dos seres vivos na Terra e
apresenta danos em alguns casos irreversíveis, ou reparo que poderá levar décadas, centenas
ou milhares de anos. As consequências as vezes se apresentam de maneira imediata, como
podem levar tempo curto ou longo para se manifestar.
Para Silva, Magalhães et al (2007, p.06) a consequência mais nítida dessa crise
resume-se ao aquecimento global, efeito estufa, que é a elevação da temperatura da Terra em
razão do alto nível de liberação de dióxido de carbono (CO2), entre outros gases. Esse
aquecimento global vem causando aumento de temperatura e o derretimento das geleiras do
Ártico, levando consigo a extinção de inúmeras espécies de animais que vivem naquela região
“como é o caso do urso-polar ártico que está sujeito a desaparecer até o próximo verão de
2040, se o aquecimento se prolongar.” É também notória a escassez de água potável, como
ocorreu no leito do Lago Curuai, no Pará em 2005, e a diminuição dos recursos naturais não
renováveis (SILVA; MAGALHÃES; et al, 2007).
5
Para Milaré (2005, p. 50) na perspectiva ambiental atual, o nosso planeta está quase
no ponto de não retorno. O autor supracitado estabelece uma analogia do planeta Terra com
uma empresa à beira da falência, pois a empresa dilapida seu capital, que são os recursos
naturais, como se eles fossem eternos. O poder de autopurificação do meio ambiente está
chegando ao limite (MILARÉ, 2005).
Gryzinski (2006, p. 91) afirma que o homem está retirando da natureza mais do que
ela pode dar e lista os cinco recursos ambientais em estado mais crítico: água (ameaça de
esgotamento das fontes de água limpa), mudança climática, perda da biodiversidade, a
poluição e a redução dos recursos energéticos.
Assim, determinadas ações homem sobre a natureza cada vez mais, trás nocividade a
vida humana e também põe em risco a sua sobrevivência na Terra, já que o homem depende
dos recursos naturais para sobreviver. Isso, por que na ação de apropriação dos recursos
naturais como mercadoria e fonte de mais riqueza, não importa a consequências futuras. E
mesmo sendo o homem consciente da sua dependência dos recursos naturais para viver e de
seu equilíbrio para garantia da qualidade de vida, o lucro é o que mais importa. Assim, segue
o homem deteriorando sua casa, tendo perspectiva de que encontrará na ciência e tecnologia
solução para os problemas desencadeados por ele, mesmo não havendo garantia de as
soluções chegarão a tempo de salvar toda espécie de vida. Como afirma Dorts (1924, p. 113-
114.),
Pode-se constatar cada vez mais nitidamente que as atividades humanas
estão prejudicando nossa própria espécie. O homem intoxica-se
envenenando, no sentido literal do termo, o ar que respira, a água dos rios e
o solo de suas culturas. Práticas agrícolas deploráveis empobrecem a terra de
forma por vezes irrecuperável, e uma exploração excessiva dos mares está
reduzindo os recursos que deles poderiam ser extraídos.
Observa-se que mesmo diante de toda ameaça a vida na Terra , o sistema produtivo
está voltado cada vez mais para apropriação dos recursos naturais, pensando somente na
obtenção cada vez mais do lucro, não importando o custo negativo que toda essa ação traga
ao planeta. A situação da crise ambiental se agrava não apenas na esfera da catástrofes,
aquecimento global e outros questões, mas também por que a questão econômico domina o
mundo e quem dá as cartas jogo, obviamente sente-se protegidos e a população constituída
pelo individuo classificado comum, mantém-se passiva diante de toda problemática, por não
conhecer o quanto critica é a questão, pela cegueira do discurso enganoso da sustentabilidade
e na luta diária pela sua sobrevivência, onde qualidade de vida está concebida na posse
material de bens e não no ambiente preservado.
6
Para essa perspectiva apresentada pelos autores anteriores contribui Cascino (2000, p.95) ao
especificar quais são os fatores que permite ir além dos valores comumente tratados e que
permitirão revelar a totalidade da questão, geralmente mascaradas .
[...] deve tratar das questões globais críticas, suas causas e inter-relações em
uma perspectiva sistêmica, em seu contexto social e histórico. Aspectos
primordiais relacionados com o desenvolvimento do meio ambiente, tais
como população, saúde, paz, direitos humanos, democracia, fome,
degradação da flora e da fauna, devem ser abordados dessa maneira).
1.3 Os fatores históricos que contribuíram para o debate sobre os problemas ambientais e
consolidação da EA.
problemas ambientais, entendidos, a partir desta época, como ameaças à qualidade e à vida no
Planeta (UNESCO. Conferência de Tbilisi, 1977, Recomendação 1, p.1).
A partir dos anos 1950 e 1960 do século XX, verifica-se o despertar da população
mundial, sobretudo nos países desenvolvidos, para os sinais da crise ambiental. No período de
maior expansão econômica da "era otimista" do crescimento industrial e do desenvolvimento
linear do progresso econômico, sucessivas catástrofes ambientais assustaram a sociedade.
Assim, acontecimentos relacionados ao impacto das ações do homem sobre o meio ambiente
geraram ansiedade e reação popular, pois, os efeitos negativos da euforia do "progresso
científico" passaram a ter grande influência sobre as discussões e manifestações populares.
Passa-se a ouvir manifestações contrárias à sociedade de consumo, constituída
principalmente, por indivíduos da classe média (RAMOS, 1996; FIALHO, 2017).
Também ganham importância neste contexto "os movimentos dos trabalhadores, dos
hippies, das mulheres, dos negros, da contracultura, das minorias raciais” (DIEGUES, 1992.
p. 24.), além de intelectuais que junto a esses grupos trazem ao debate os limites ecológicos e
sociais do capitalismo industrial.
Para entender o contexto de emergência da educação ambiental, destaca-se a
divulgação do relatório do Clube de Roma1, que apresentou com tom alarmista a ameaça do
esgotamento dos recursos naturais, crescimento populacional e consequentemente uma
degradação ambiental irreversível. Apocalíptico e polêmico, esse relatório mostrava a
característica global dos problemas ambientais e o ritmo exponencial de sua evolução caso
medidas urgentes não fossem tomadas. Problemas como a ameaça do esgotamento dos
recursos naturais, os efeitos da poluição ambiental, o crescimento populacional e o aumento
da produção e do consumo, foram considerados cruciais. Por isso, havia a necessidade de
impor limites tanto para o crescimento e desenvolvimento econômico, como para o
crescimento da população, já que os recursos naturais do meio ambiente passaram a ser vistos
na sua crescente e ameaçadora finitude.
A questão ecológica ganha maior dimensão e se insere na agenda dos governantes
dos países desenvolvidos, o que resultou na realização de grandes conferências e eventos
1
Os membros desse Clube estão ligados a grandes indústrias, a órgãos de consultoria (Italconsult),
institutos de pesquisa (MIT-Massachusetts Institute of Technology), universidades etc. Na época, o Clube
de Roma tinha por objetivo uma “tarefa bastante ambiciosa”: elaborar um Projeto sobre o Dilema da
Humanidade, o qual foi elaborado a partir de 1970 e publicado em 1972 com o título: The Limits to Growth,
sob a responsabilidade de uma equipe de pesquisadores do MIT: Donella H. Meadows, Dennis
L.Meadows, Jorgen Randers e William W. Behrens III. A tradução brasileira é de Inês M. F.Litta, publicada
pela Editora Perspectiva, São Paulo em 1973.
12
Antes da conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, onde
houve o primeiro pronunciamento oficial sobre a necessidade da educação ambiental em
escala mundial, teve-se importantes propostas de educação ambiental como projeto educativo,
discussões anteriores as da década de 1970, que só ganharam importância com a conferência.
Sendo, assim pelo fato anteriormente comentado, a EA transforma-se em uma
recomendação global imprescindível, ao mesmo tempo em que se põem em marcha inúmeros
projetos para a sua implementação. Cria-se o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente) com o objetivo de veicular informações para a educação, capacitação e
orientação preferencialmente às pessoas responsáveis pelo gerenciamento das questões
ambientais.
13
Em 1975, realizou-se outro evento importante para discutir a EA, promovido pelo
PIEA, a partir do que foi recomendado na Conferência realizada em Estocolmo, denominado
de Seminário Internacional de EA em Belgrado. O documento final deste evento ficou
conhecido como Carta de Belgrado, sendo o primeiro documento oficial dedicado
integralmente à educação ambiental. Fazem parte desse documento análises da situação
mundial, destacando a necessidade de buscar a erradicação das causas básicas da pobreza, da
fome, do analfabetismo, da poluição, da exploração e dominação. Evidenciou-se que não é
possível lidar com esses problemas cruciais de uma forma fragmentária, e que os cidadãos de
todo o mundo insistam em favor de medidas que darão suporte ao tipo de crescimento
econômico que não gerem repercussões prejudiciais às pessoas e que não diminua de
nenhuma maneira as condições de vida e de qualidade do meio ambiente (UNESCO, Carta de
Belgrado. 1975 p.11).
Quanto aos recursos naturais, o documento faz as seguintes recomendações:
A reforma dos processos e sistemas educacionais e central para a constatação dessa nova ética de
desenvolvimento e ordem económica mundial. Governantes e planejadores podem ordenar mudanças,
e novas abordagens de desenvolvimento podem melhorar as condições do mundo, mas tudo isso se
constituíra em soluções de curto prazo se a juventude não receber um novo tipo de educação. Isto vai
requerer um novo e produtivo relacionamento entre estudantes e professores, entre a escola e a
comunidade, entre o sistema educacional e a sociedade (Ibidem).
Outro ponto importante que a autora destaca, é que o enfoque ecológico na educação
não nasce nem na escola e nem no pensamento pedagógico, mas por uma "vontade
globalizadora”, no sentido de que pretende, através da valorização ambiental, uma explicação,
uma visão holística e total do fenômeno educativo, e consequentemente, das relações entre
educação e meio ambiente. Cabe destacar que, segundo as propostas oficiais, a educação
ambiental deve levar à formação de uma "consciência ecológica” que, apesar de ser algo
suspeito e ambíguo, teve uma influência decisiva no processo de implementação da educação
ambiental, cujo objetivo se centra principalmente em '"formar indivíduos com conhecimentos
2
Em 11/3/87 o Plenário do Conselho Federal de Educação (M EC) aprovou, por unanimidade, o parecer 226/87
sobre a inclusão da educação ambiental entre os conteúdos curriculares do Iº e 2° graus.
20
e valores que possibilitem uma relação mais equilibrada entre o homem e o seu meio”
(BURNHAM, 1993, p. 22).
Para Nennen (1991, p.223) [...] essa intenção pedagógica é elaborada a partir de um
aparato conceitual que pretende "utilizar o paradigma ecológico no campo das ciências em
geral”. O autor em sua análise afirma que o uso desse paradigma pode levar à suspeita de que
a apropriação do "ecológico” por outras disciplinas responde mais ao '"modismo” que afeta, a
partir dos anos 70, o discurso ecológico, do que a sua verdadeira necessidade metodológica.
Ramos (1996, p.21) afirma que seguindo esta mesma linha de pensamento, há outra
interpretação com dúbio sentido. Segundo autora, a recomendação nº 5 instituída na
Conferência de Tbilisi estabelece que em educação ambiental se "desenvolvam o enfoque
sistêmico ao analisar e ordenar os ecossistemas naturais e os humanos” (BURNHAM, 1993,
p.33) daí a importância do elemento teórico-metodológico da inter-relação para se construir
uma visão global da realidade. No entanto, essa análise global pode ser feita, sem desprezar a
perspectiva sistêmica, numa outra abordagem, a qual considera a questão da totalidade na
relação do homem com a natureza, das implicações globais da destruição do meio ambiente a
partir de suas causas sociais e econômicas e de suas derivações políticas.
Para o estudo dessas inter-relações é preciso que haja algum tipo de parâmetro que
contemple o espaço e os próprios elementos desta relação, que é possível através da utilização
de um princípio organizador definido como ecossistema. O conceito de ecossistema costuma
ser apenas relacionado com os conteúdos das disciplinas de ciências e biologia e que também
confunde-se com a educação ambiental, no ensino dessas disciplinas que compõem o
currículo de 1º e 2º graus (ABREU e NOGUEIRA,MEC, 1995, s/p ).
Outra consideração importante apresentada pela autora é sobre o consenso geral de
que a educação ambiental não é uma disciplina (apesar de alguns docentes defenderem a sua
transformação em disciplina, o que Legislação proíbe) pelo fato da EA permear conteúdos de
todas as disciplinas, o qual muitas propostas de educação ambiental ainda se limita a
abordagem através de conteúdos (geralmente de ciências) listados como conteúdos de
educação ambiental a serem trabalhados. Por isso, essas questões precisam ser melhor
analisadas (Ibid.), para se obter na pratica uma abordagem mais ampla da EA, que não esteja
presa apenas aos conteúdos ciências.
Todas as recomendações instituídas na Conferência de Tbilisi com o objetivo nortear
as práticas educativas de educação ambiental e de subsidiar as reflexões sobre o EA
apresentam resultados que não correspondiam com toda a expectativa existente na
Conferência. Os problemas ambientais continuam a aumentar e agravar-se. Por isso é
21
Futuro Comum, também conhecido como o Relatório Brunáíland, o qual forneceu subsídios
temáticos para a Eco-92 no Rio de Janeiro (Ibid. p.24).
Realizada em junho de 1992, no Rio de Janeiro, a Conferência Internacional sobre o
Meio Ambiente e Desenvolvimento tinha o objetivo de estabelecer acordos, estratégias
globais e internacionais, partindo do princípio de que se respeitem "os interesses de todos e se
proteja a integridade do sistema ambiental e o desenvolvimento mundial” (ALVO e
CORRALIZA, 1994, p.64). Durante o evento, houve um processo marcado por divergências e
interesses contraditórios entre os países ricos e pobres. Apesar de cinco documentos terem
aprovação, a questão mais polêmica persistia, o que deixou evidente a falta de compromisso
por parte dos chamados países do Norte que não assumiram responsabilidades diferenciadas
quanto aos recursos financeiros para viabilizar o chamado desenvolvimento sustentável.
Na Conferência discutiu-se sobre a desigualdade cada vez mais crescente naquele
período do final do século XX e que trazia o agravamento da pobreza, das doenças, do
analfabetismo e a contínua pauperização dos recursos naturais dos quais dependem o bem-
estar da humanidade e que continuam, já decorrido 25 anos após o evento.
A educação ambiental é abordada no capitulo 36 da Agenda 213, o qual reafirma as
recomendações da Conferência de Tbilisi e enfatiza a importância do desenvolvimento
sustentável. Desenvolvido sobre três grandes aspectos, o programa constituiu-se como novo
marco institucional de ação da educação ambiental em escala mundial, sendo os seus
aspectos: a reorientação da educação ambiental para o desenvolvimento sustentável, o
aumento da consciência popular e o fomento a capacitação.
O primeiro aspecto da Agenda 21 apresenta a necessidade de dirigir a educação para
o desenvolvimento sustentável, sendo fundamental para aprendizagem, sendo também
necessário trabalhar a consciência para formar novos valores e um novo comportamento que
devem ser adquiridos pela educação ambiental em consonância com o desenvolvimento
sustentável.
O segundo aspecto apresentado pela agenda, trata-se do aumento da consciência
popular que irá desenvolver-se a partir de uma campanha mundial de educação com o
objetivo de reforçar as atitudes, os valores e as medidas compatíveis com o referido
desenvolvimento.
3
Recebe esse nome por tratar das estratégias ambientais mundiais para o próximo século.
23
produtos perigosos, inclusive o lixo tóxico, o que indica acharem que não haveria impactos
em escala global. Porém, os problemas começaram a serem percebidos em escala global. Para
a poluição mostrou-se não existir fronteiras/barreiras. Assim "os países do Norte percebem
que jogar a degradação 'embaixo do tapete' mesmo com grandes ganhos econômicos,
compromete a qualidade de vida de suas próprias populações” (CAPOBIANCO, 1992, p. 14).
Na Conferência de Estocolmo, observa-se um ponto negativo, pois, a questão
principal partia da perspectiva o "Homem e o Meio Ambiente", tratando os problemas
ambientais como um fato em si, sendo decorrentes de atividades que não consideravam as
limitações do meio ambiente. Esperava-se que ações técnicas através das chamadas
tecnologias limpas e a modernização dos processos de produção diminuiriam a poluição, o
consumo de recursos naturais e de energia, já como ponto positivo, apresenta a participação
da sociedade civil, representada pelas ONGs e demais segmentos da sociedade.
Já a Eco/92 teve como um dos fatores que influenciou sua realização o relatório
Nosso Futuro Comum, no qual apresenta os problemas ambientais relacionados com a questão
do desenvolvimento econômico e vincula a ecologia e a economia, que influenciou o tom a
Conferencia. Para Conti (1986, p.13) o princípio fundamental do desenvolvimento sustentável
é a integração entre a ecologia e a economia. A base ecológica é, portanto, um dos esteios do
conceito de desenvolvimento sustentável sendo que a conservação dos ecossistemas e dos
recursos naturais é condição básica para esse desenvolvimento. Nesse caso, coloca-se também
em questão os modelos atuais de desenvolvimento, tanto dos países do Norte quanto os do
Sul.
Guimarães (1992, p. 21) afirma que o final do século XX, pode ser caracterizado
como o esgotamento de um estilo de desenvolvimento que se mostrou ecologicamente
predatório, socialmente perverso e politicamente injusto. O autor qualifica este momento
como um período de autêntica transição ecológica, constituindo-se na marca registrada da
sociedade contemporânea. Esta situação obriga a questionar um estilo de desenvolvimento
internacionalizado (...) determinado em grande parte pela adaptação do modelo tecnológico
das empresas transnacionais como uma tendência homogeneizadora da economia mundial.
Fruto do amplo debate sobre a problemática ambiental nos eventos aqui abordados
chegou-se ao consenso global de que o padrão de desenvolvimento baseado em crescimento
econômico e degradação ambiental não é mais viável, quer para os países ricos, quer para os
países pobres, o qual o desenvolvimento sustentável se apresenta como um termo ambíguo.
Entre o reconhecimento comum de que é preciso alterar o modelo de desenvolvimento e a
aceitação de uma única forma de desenvolvimento para todos os países, existe um abismo de
25
certa forma intransponível e obstruído pela luta de interesses e conflitos dos vários setores
envolvidos como o Estado, as ONGs, os empresários, as Universidades, a sociedade civil etc.
Sem esquecer, também, que de um lado está a palavra dos organismos internacionais,
propondo o mesmo tratamento para o Norte e o Sul, sem, entretanto, reconhecer a enorme
desproporção entre os países no padrão de consumo, na emissão de poluentes e produção de
resíduos tóxicos. Nesse sentido, embora hoje a associação entre desenvolvimento
socioeconômico e proteção ambiental seja a marca do discurso, ainda é um imperativo
perguntar: de que desenvolvimento sustentável se está falando? Se existem posições
favoráveis ao desenvolvimento sustentável nos diferentes setores da sociedade, as posições
críticas também existem, mas de um modo geral percebe-se um aparente consenso em relação
ao termo. No entanto, o conteúdo do mesmo se diferencia de acordo com o grupo social que o
utiliza. E é nesse sentido que a reflexão sobre o tema deve ser ampliada, sobretudo quando se
pretende colocar a educação ambiental a serviço do desenvolvimento sustentável
(RAMOS,1996, p.29).
Assim, a concepção de sustentabilidade se configura de forma variada, surgindo várias
vertentes, teoricamente há avanços nas discussões que norteará a necessidade de uma prática
sustentável real, que desmascare o discurso sustentável midiático que também permeiam a
abordagem da EA no ensino formal, que não permite a construção de consciência ambiental
coletiva que é elemento fundamental para preservação do meio ambiente, através de uma
prática que promova a sustentabilidade do planeta Terra e não do sistema econômico.
Sabe-se que houve uma contribuição positiva em torno do conceito de
desenvolvimento sustentável, que colocou em pauta as preocupações sobre as relações entre o
homem e a natureza, e dos homens entre si. Porém, o que se vê em pleno século XXI é que o
debate converteu-se em mais um dos modismos homeopaticamente incorporados pelas elites,
que para Diegues (S/d p. 26) "nele veem uma ocasião de buscar financiamentos para a
'conservação ambiental' entendida em sua dimensão mais restrita, isto é, a luta contra a
poluição gerada pelo sistema socioeconômico que eles mesmos produziram e administraram".
Assim, o sistema capitalista também se apropria dessa discussão e transforma em mercadoria,
e por influenciar também os parâmetros e diretrizes educacionais, principalmente em países
em desenvolvimento, dão as cartas e direcionam a abordagem da sustentabilidade em uma
concepção mercadológica e não transformadora, mesmo que isso contrarie as especificações
legais.
Para Ramos (1996, p.30) o que mais uma vez se coloca é a necessidade de se
perceber que resolver as contradições entre o crescimento econômico e a conservação do meio
26
ambiente não é somente uma questão técnica, ela é, sobretudo, política e envolve as visões e
interesses dos vários grupos sociais, com interesses divergentes a respeito do acesso e uso dos
recursos ambientais. Estas dimensões políticas não são claramente explicitados no Relatório
Brundtland.
Ramos (1996, p.30) considera que quando o relatório da ONU menciona as
necessidades dos homens hoje e no futuro, sugere que seja considerada a diversidade cultural,
étnica e econômica de organização das sociedades. Para a autora essa definição, no entanto,
não responde as diferenças relativas ao sistema politico, as relações de produção e poder, e
principalmente, como e quem arbitra e qualifica as necessidades. A garantia de atendimento
às necessidades, para o Relatório, seria dada pela sustentabilidade, a partir da construção de
uma nova utopia que colocasse no horizonte a promoção de valores para a manutenção de
padrões de consumo sustentáveis e mudanças políticas nacionais e internacionais.
Surge, assim, a necessidade da construção de uma concepção de um mundo
organizado com base nas relações de ajuda, justiça e uma nova ética mundial fundada na
cooperação voluntaria de todos. Porém, esse novo mundo é contrário aos interesses de quem
determina a regras desse mundo e quem contribuído para uma ideologia social fragmentada,
onde cada um por si, onde pouco se enxerga um olhar global e coletivo.
Segundo Ramos (1996, p.30-31) o debate em que se faz em relação e ao
desenvolvimento e o meio ambiente não questiona os pressupostos econômicos do sistema
que é responsável pela a miséria. Assim, é necessário para desenvolver na definição do
desenvolvimento sustentável um profundo questionamento das relações de dominação
existentes na sociedade e entre os países, pois, a sustentabilidade do planeta não se encontra
apenas na defesa da natureza, mas também na mudança das relações de dominação entre os
homens.
Os problemas ambientais surgem desde quando homem estabelece relação com
natureza, onde a altera, transforma, porém, seus impactos vão ganhando proporções maiores a
medida que a população cresce, as necessidades aumentam. Os avanços científicos e
tecnológicos também contribuem, por que permitem aos homens explorar outros recursos, de
diversas formas e proporções. O que pode ser justificado, por uma percepção da problemática
ambiental superficial do individuo, por uma concepção de meio ambiente longe do seu
cotidiano, do seu lugar, que gera cidadãos inativos, sendo frutos de uma abordagem da EA
nos sistemas de ensino formal e não formal, que através do discurso da sustentabilidade oculta
a responsabilidade que também tem o maiores agressores do ambiente e que não estão
dispostos a promoverem uma verdadeira sustentabilidade. Assim, estes agressores difundem
27
um discurso falso, que impedem a mobilização social que é capaz de trazer verdadeira
mudança.
As recomendações oriundas desses eventos evoluíram de forma contraditória,
passando de propostas puramente conservadoras a outras mais avançadas, que inserem a
educação e considera que a mesma tem papel decisivo na solução das questões. E todo esse
processo é oriundo de uma tomada de consciência institucional, fruto da materialização dos
problemas ambientais e sua gravidade, da pressão da sociedade civil, na crença da
necessidade da educação como instrumento útil, para a qual se estabeleça medidas que
promovam a solução dos problemas ou diminuam os impactos ambientais no planeta.
A educação ambiental é assim vista como uma ferramenta estratégica de resolução
dos problemas ambientais inserida no sistema educativo formal e não formal. A EA precisa
está presente em outros setores da sociedade, porém, essa formação deve ser completa, é
preciso que se entenda os problemas ambientas sobre ótica social, politica, econômica e que
haja ações de todos os setores envolvidos, desde o sistema produtivo, que extrai da natureza
os recursos e os transforma em objeto de consumo, aos próprios cidadão que deve ter não só
um papel nas práticas sustentáveis como a reciclagem, mas também, sejam, ativos
politicamente na promoção do meio ambiente sustentável, equilibrado e preservado.
Segundo Ramos (1996, p.33) as propostas dos programas da UNESCO-PNUMA, para
educação ambiental é uma exigência exterior ao sistema educativo, que de certa forma é
consequência de uma mudança de leitura que o homem passa a fazer nos finais da década de
60 do meio ambiente. Sendo, uma leitura diferente a que deu suporte a era do progresso, onde
se enxergava a natureza como fonte inesgotável de recursos, do sucesso no desenvolvimento
econômico, da ciência, da tecnologia, que tudo poderiam solucionar.
Ligado ao surto de urbanização e industrialização característicos do pós-guerra, esta
a brutalidade da explosão dos problemas ambientais sentida, primeiramente, nos países
desenvolvidos. A partir de Hiroshima, e mais precisamente a partir da segunda metade da
década de 50, a humanidade atingiu a capacidade de autodestruição. Os efeitos negativos da
intervenção humana como a destruição do solo, a ameaça a vida biológica, envenenamento da
atmosfera, a criação e produção de armas com poderes absolutos de destruição - passam a
anular os ganhos em qualidade de vida obtidos através do aumento do consumo mundial. Em
resposta a essa situação, a sociedade começou a se mobilizar, embora ainda restrita a grupos
minoritários. Tal constatação social sugere que as primeiras reações de contestação não
nasceram nas classes menos favorecidas. Ao contrário, elas surgiram nas camadas da classe
media das sociedades industrializadas (VIOLA, 1987, p. 67).
28
A Lei 9.795/99 possui oito princípios com os quais a educação ambiental deverá se
identificar e são fundamentais para que as ações oriundas da lei construam uma identidade e
tenham credibilidade. Esses princípios da educação ambiental são internacionalmente
reconhecidos e também adotados pela lei brasileira e estão no art. 4 da mesma, sendo eles:
A priori os conceitos previstos parecem subjetivos, mas seu alcance será possível à
medida que haja o fortalecimento da discussão e a sua divulgação por meio de projetos
pedagógicos, atividades escolares e comunitárias de proteção ambiental.
A Lei 9.795/99, em seu art. 9, seção II, capítulo II, dispõe sobre a educação
ambiental na educação escolar. Define que a mesma, deverá ser desenvolvida no âmbito dos
currículos das instituições públicas de ensino: educação básica, educação infantil, e ensino
fundamental e médio. Além também da educação superior, especial, profissional e de jovens
e adultos.
No art.º. 10, o texto determina que a educação ambiental deve ser desenvolvida
como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e
36
modalidades do ensino formal. Porém, a educação ambiental não será implantada como
disciplina no currículo escolar. Apenas é caracterizada como disciplina em curso de pós-
graduação, extensão e em áreas voltadas ao aspecto metodológico da educação ambiental,
como explicitado a seguir:
§ 1º “A educação ambiental não deve ser implantada como disciplina específica no
currículo de ensino”.
§ 2º “Nos cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas voltadas ao aspecto
metodológico da educação ambiental, quando se fizer necessário, é facultada a
criação de disciplina específica” ( BRASIL, Lei 9.795/99, Artigo 10)
Quanto a formação do professor para o ensino na educação ambiental é estabelecido
que a dimensão ambiental deva constar dos currículos de formação de professores, em todos
os níveis.
Os professores em atividade devem receber formação complementar em
suas áreas de atuação, com o propósito de atender adequadamente ao cumprimento dos
princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental. (BRASIL, Lei 9.795/99,
art. 11,§único).
Cabe ás instituições de ensino, sejam públicas ou privadas, obedecerem ao que está
disposto nos artigos 10 e 11 da Lei 9.795/99, para seu devido funcionamento, conforme
dispõe o art°.12.
Saindo do âmbito referente a Lei que estabelece a Política Nacional de Educação
Ambiental e entrando na esfera educacional formal, a seguir abordaremos considerações
sobre a EA, a partir do que é norteado pelo Parâmetros Curriculares Nacionais –PCN.
O Ministério da Educação e do Desporto (MEC) elaborou os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN, 1998), que têm por objetivo auxiliar os profissionais da educação que atuam
no ensino médio e fundamental a trabalhar de forma integrada e interdisciplinar os conteúdos
das disciplinas, com as realidades cotidianas do estudante. No caso específico da Geografia,
muitos de seus conteúdos, se integram aos conteúdos da Educação Ambiental, possibilitando
também a abordagem através do cotidiano vivenciado pelos alunos, de forma transversal,
promovendo a construção de valores, seguindo as orientações dos PCN que orientam a:
A educação ambiental nos PCN é um tema transversal, que deve ser explorado
focando nos aspectos sociais, econômicos, políticos e ecológicos. Essa forma de abordagem
possibilita uma visão mais integradora, que contribui para uma melhor compreensão das
questões socioambientais. Obviamente, como tema transversal, a Educação Ambiental deve
estar presente em todas as disciplinas, perpassando seus conteúdos. No documento elaborado
pela Secretaria de Ensino Fundamental do MEC, no item que dispõe sobre os conteúdos de
Geografia: critério de seleção destaca-se:
É preciso entender esta proposta de conteúdos como um conjunto de eixos
temáticos que sirvam como parâmetros norteadores, nos quais os professores
poderão encontrar algumas diretrizes que lhes permitam a seleção e a
organização de conteúdos para escolha flexível daqueles que possam compor
seus próprios programas de curso, de acordo com seus interesses e objetivos
pedagógicos no ensino fundamental (BRASIL, 1998b, p.31).
A temática sobre o Meio Ambiente é incorporada como tema transversal nos PCN,
visando um trabalho pedagógico que desenvolva além da aprendizagem de conceitos, pelos
alunos, atitudes e posturas éticas em relação ao Meio Ambiente. Dentro deste contexto,
Boton et al (2010, p. 43) destaca que:
Pensar ambientalmente é pensar em si, sem esquecer o todo e vice versa. É perceber
que no mundo globalizado não há fronteiras para a poluição, catástrofes etc, e enxergar
humanidade como corpo, feito por várias células e qualquer dano em uma dessas células pode
levar a alterações que afetará o bem estar, promover doenças, como câncer que sem
diagnostico a tempo, desencadeia uma metástase. É entender que o homem também é natureza
e vive nessa natureza, que não são só as floresta, rios, mares animais , a flora etc, que são
destruídos e que homem não está isento de qualquer catástrofe, mas que é sua vida
sobrevivência que está em risco. É reconhecer que ele que precisa mudar a sua relação com
quem lhe promove vida, por que ele que depende da natureza para viver e sobreviver.
A temática ambiental nos PCN, é incorporada numa perspectiva interdisciplinar, a
qual reconhece a EA como uma temática que deverá ser inserida no currículo de modo
diferenciado, já que é vetado a sua configuração em caráter disciplinar, mas sendo
caracterizado como um tema que perpassa todas as disciplinas da matriz curricular.
A temática ambiental é diversa e complexa, e o fato de sermos um país com
extensão territorial a nível continental, trás dificuldades para seleção dos conteúdos desta
temática de forma satisfatória. Buscando articular as questões inerentes a temática ambiental
na sua amplitude e particularidades, os PCN foram divididos em três blocos denominados
Bloco de Conteúdos. Conforme os PCN:
Além de um elenco de conteúdos, o tema Meio Ambiente propõe que se
garanta aos alunos aprendizagem que lhes possibilite posicionar-se em
relação às questões ambientais nas suas diferentes realidades particulares e
atuar na melhoria de sua qualidade. (BRASIL, 1997, p. 202)
Para que esses trabalhos possam atingir a amplitude, é necessário que toda a
comunidade escolar assuma os mesmos objetivos, pois eles se concretizarão
em diversas ações que envolverão todos, cada um na sua função (BRASIL,
1997, p. 191).
Porém, não se pode esquecer que o Estado deve dar condições ao corpo escolar de
proporcionar aos seus alunos condições dignas para que se desenvolva cidadãos conscientes
de suas responsabilidades em relação às questões ambientais. Essas condições passam pela
formação adequada do professor ,as condições matérias e estruturais das escolas.
Outro documento importante dentro da análise das práticas de ensino da EA, são as
DCNEA, que trazem normas obrigatórias para o ensino da EA, com o objetivo de orientar o
planejamento curricular das escolas e dos sistemas de ensino, sendo fruto de discussões,
concebidas e fixadas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), buscando, promover a
equidade de aprendizagem, garantindo que conteúdos referentes a EA sejam ensinados para
todos os alunos, sem deixar de levar em consideração os diversos contextos nos quais eles
estão inseridos.
Sendo, a EA, caracterizada como tema interdisciplinar e transversal, as DCNEA
quanto a sua transversalidade especificam que:
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais os conteúdos de Meio Ambiente
foram integrados às áreas, numa relação de transversalidade, de modo que
impregne toda a prática educativa e, ao mesmo tempo, crie uma visão global
e abrangente da questão ambiental, visualizando os aspectos físicos e
histórico-sociais, assim como as articulações entre a escala local e planetária
desses problemas. (BRASIL, 1997, p. 193)
Nas últimas décadas a sociedade e o Poder Público tem aprofundado seu olhar em
relação à EA, norteando através das diretrizes e parâmetros curriculares e outros documentos
que direcionam a prática da EA no ensino para que na abordagem, contribua–se para que o
aluno desenvolva a compreensão, reconhecendo a estreita interação entre meio ambiente
equilibrado e qualidade de vida do homem, além de incorporar os aspectos multifacetários da
questão ambiental. Porém, ao contrário do que se encontra escritos nas leis, observam-se
falhas e limitações ao abordar a questão ambiental, por não se abordar em sua totalidade, onde
44
se insere os aspectos políticos, econômicos, sociais que são importantes para um real
compreensão da questão ambiental, e não apenas a abordagem do meio ambiente em um
concepção naturalista, mais, uma amplitude desse meio, o qual insere-se o espaço urbano
como meio ambiente produzido pelo homem, mas que não deixa de fazer parte do meio
natural, sendo também parte dele e que apresenta problemas que vão desde fenômenos
físicos, a ordem estrutural, organizacional e social.
Ao analisar a Resolução nº 02 das Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino
Fundamental, de 07/04/98, no inciso IV do art.3º, observa-se que ela estabelece que em todas
as escolas deverão ser garantidas a igualdade de acesso para alunos a uma base nacional
comum, de maneira a legitimar a unidade e a qualidade da ação pedagógica na diversidade
nacional. A base comum nacional e sua parte diversificada deverão integrar-se em torno do
paradigma curricular, que vise estabelecer a relação entre a educação fundamental e a vida
cidadã por meio da articulação entre vários dos seus aspectos, o que envolve o meio ambiente
e contempla a Geografia ao referir-se as áreas de conhecimento. Assim, conforme o inciso V:
Na prática se observa que há por uma grande parte dos docentes da educação básica
desconhecimento da legislação que sustenta as ações voltadas para a EA ou conhecimento
superficial, que também reflete em suas abordagens. Entre os fatores que explicam esse
problema, está uma formação para prática de ensino da EA deficiente/não aprofundada
durante a graduação/pós. Mesmo as capacitações voltadas para a prática da EA, promovidas
pelos órgãos de educação do estado ou municípios são carentes de uma abordagem crítica e
construtiva da questão, ainda presos ao moldes tradicionais de ensino.
Há também uma parcela de docentes que não se propõe a buscar novas práticas no
ensino da EA, perderam foco, interesse, ânimo no ensino, desenvolvendo suas atividades sem
motivação. Assim, cabe ao Poder Público assumir a responsabilidade de promover orientações
e capacitação que dê ao docente condição de promover em sala de aula uma abordagem da
EA de forma crítica-reflexiva, transformadora e emancipatória.
Após a análise e reflexão acerca dos principais instrumentos legais que norteiam o
ensino da educação ambiental, iremos abordar as tendências pedagógicas na educação
brasileira e sua contribuição para abordagem da educação ambiental.
Tendo a educação também seu caráter politico, a mesma contribui para que o
fazer e o pensar dentro das propostas educativas apresentem diferentes posicionamentos,
que possibilitam variadas concepções, com referenciais epistemológicos, filosóficos,
políticos e pedagógicos que precisam ser explicitados para a compreensão das práticas
pedagógicas (SANTANA, 2005; TOZONIREIS, 2004). Em outros termos, “diferentes
visões do processo educativo engendram propostas educativas com características próprias”
(CARVALHO, 2006, p. 21).
Para Santana (2005, p.8) o liberalismo, o positivismo e o marxismo, são algumas
das principais fontes epistemológicas da educação, entre outras possíveis, a serem
consideradas.
Saviani (2003) afirma que a tendência “humanista tradicional” ou “pedagogia liberal
tradicional” e “liberal renovada”, de acordo com Libâneo (1993), “encontram no liberalismo a
fonte epistemológica de sua sustentação” (SANTANA, 2005, p. 8).
As tendências liberais (tradicional e renovada) dominaram as práticas pedagógicas
da maioria dos professores e as concepções das finalidades da educação nos últimos anos, no
Brasil, mesmo que, muitas vezes, esses profissionais não percebam essa influência
(LIBÂNEO, 1993). Esse autor esclarece que o termo “liberal” não tem o sentido de avançado,
de aberto. E acrescenta:
4
Segundo Japiassu (2006) o essencialismo é uma doutrina filosófica que confere, contrariamente ao
existencialismo, o primado à essência sobre a existência, chegando mesmo, em suas reflexões, a fazer
total abstração dos existentes concretos. Trata-se de uma filosofia do ser ideal, que prescinde dos seres
reais. A filosofia de Hegel pode ser considerada essencialista.
48
5
O termo crítico social dos conteúdos é utilizado por Libâneo(1990) enquanto a denominação histórico-
crítica foi elaborada por Saviani (2005)ao se referirem a mesma tendência pedagógica.
51
fazem para promover uma educação formadora de cidadão, esse problema ainda persiste nas
práticas de ensino em pleno século XXI, onde se busca perpetuar na escola uma prática
metodológica que permita a compreensão espacial pelo aluno de forma critica, onde o ensino
seja estimulador e não enfadonho, que permita ao aluno encontrar sentido na ciência
geográfica ao aproximar o conteúdo da realidade.
Nos cursos de licenciatura em Geografia, há o permanente debate da necessidade de
se efetuar uma prática ensino significativo, seja nas discussões teóricas nas disciplinas de
ensino ou nos projetos de extensão como PIBID ou nas oficinas pedagógicas realizada na
graduação. Mas, apesar disso ainda predomina nas escolas brasileiras a educação geográfica
escolar que mantém uma prática tradicional, tanto no ensino fundamental quanto no
ensino médio (SMIELLI, 1999). Percebe-se que maioria dos docentes ainda se limita, apenas
da utilização do livro didático que também trás uma abordagem rasa do conteúdo que não
contribui para formação critica do aluno, não há a contextualizar conteúdo a partir do
cotidiano do aluno e as questões ambientais se limitam a repetir para os discentes o discurso
da falsa sustentabilidade da reciclagem. Assim, corrobora com essa questão, Oliveira (2008)
que afirma que o ensino-aprendizagem na Geografia se caracteriza pela veiculação aparente
dos discursos midiáticos, utilização excessiva do livro didático, aplicação de conteúdos de
forma desvinculada dos contextos locais e de suas relações ampliadas, como também,
utilização descontextualizada e estereotipada do arsenal cartográfico subjacente. Obviamente
que não se pode esquecer que algumas realidades, onde a precariedade da unidade escolar e
o desinteresse dos discentes atrofiam o trabalho docente.
Se para o ensino de geografia o grande desafio de forma generalizada é romper
com abordagem tradicional. Na abordagem da educação ambiental na Geografia há também o
desafio de romper com a abordagem tradicional, a qual aborda a problemática ambiental em
seu aspecto físico/ biológico/natural que envolve a escassez dos recursos da natureza e
considerando a sustentabilidade focada na reciclagem como prática salvadora do planeta
,ignorando os aspectos econômicos ,políticos .sociais que são importante para entender a
questão ambiental em sua complexidade e possibilitar ao individuo que entenda a sua
realidade e seu papel na construção da sociedade que vive, sendo atuante e provendo um
meio ambiente realmente sustentável. Junior (2004, p.02) afirma que :
Ao tratar das questões ambientais a Geografia deve permitir ao estudante ter uma
formação cidadã, por meio da construção e reconstrução de conhecimentos postos em sala de
aula, a partir da sua vivência, como o intuito de desenvolver habilidades e valores. Cavalcanti
aborda essa questão ao afirmar que:
O ensino de geografia contribui para a formação da cidadania através da
prática de construção e reconstrução de conhecimentos, habilidades, valores
que ampliam a capacidade de crianças e jovens de compreenderem o mundo
que vivem e atuam, numa escola organizada com um espaço aberto e vivo de
culturas (CAVALCANTI, 2002, p.47).
6
A Política ou Pedagogia dos 3Rs recebeu essa nomenclatura devido à junção das palavras inicias “Reduzir” “Reutilizar”
“Reciclar, sendo um conjunto de ações sugeridas durante a Conferência da Terra, realizada no Rio de Janeiro em 1992, e o
5° Programa Europeu para o Ambiente e Desenvolvimento, realizado em 1993. Os 3R‟s consistem nos atos de Reduzir,
Reutilizar e Reciclar o lixo produzido.
57
Outro ponto que Layrargues (2005, p.212) enfatiza é que o discurso ecológico oficial
propõe posturas menos políticas e mais técnicas para o enfrentamento das questões
ambientais, a exemplo da gestão ambiental por intermédio da reciclagem, o que foi
confirmado por Zacarias (1998), ao abordar a coleta seletiva de lixo nas escolas em parceria
com empresas. De fato, Figueiredo (1994, p.37), atesta que
[...] a despeito das reais motivações com relação aos resíduos, são frequentes
as práticas que, longe de aprofundar a discussão, servem como camuflagem
ou de esquiva aos problemas fundamentais associados à questão, com a
intenção de manter e reproduzir a estrutura e a dinâmica vigente.
[...] tudo indica que, no caso do lixo, o Estado é conivente com as forças
econômicas dominantes, não apenas porque abandona a dimensão técnica ao
sabor do laissez-faire, mas também porque permite que a esfera educacional
reproduza e cristalize os valores do discurso ecológico oficial, na medida em
se associa ao mercado e implementa programas voltados para a Pedagogia da
Reciclagem nas escolas públicas.
A relação ambiental não pode ser visualizada como complemento, evento, ocasião
fortuita, mas com ambiente intrínseco do processo adequado de aprendizagem e seu resultado
principal deve ser formativo. E o desafio formativo pode, preliminarmente, ser organizado de
vários ângulos: docente, discente e administrativo. Assim, aprender ambientalmente significa
58
sala de aula, e com isso ajuda o mestre a reforçar sua própria prática, testando de modo
sistemático e consciente suas ideias”.
Dentre os dez docentes que fizeram parte do grupo de pesquisa 60% graduaram em
Geografia na mesma instituição de ensino superior pública (UESB) e 40% em instituição
privada (Unopar/Uniter), como apresenta o gráfico1. Sendo duas instituições diferentes na
modalidade do curso EAD.
Gráfico 1: Tipo de instituição de ensino formadora dos docentes. Vitoria da Conquista, 2018.
Além da análise curricular das instituições que formaram os indivíduos que fazem
parte do grupo de pesquisa deste trabalho, considera – se importante também entender como
foi a abordagem da EA e a percepção dos docentes sobre as questões ambientais em
disciplinas não relacionadas com o ensino da educação ambiental durante a sua graduação.
Assim, partindo do pressuposto de que as questões ambientais estão intrínsecas as
diversas áreas de conhecimento da geografia que são abordadas durante o curso de graduação
através de suas respectivas disciplinas , e que essas questões mesmo abordadas de forma clara
, podem ou não ser perceptíveis sob o enfoque ambiental, e quando são concebida contribuem
para abordagem da EA no ensino de geografia de forma integrada, pois, entendesse que não
se pode desvincular do estudo do espaço geográfico, os impactos de ordem ambiental sobre a
sua perspectiva social, econômica, política, cultural etc sobre ele.
A concepção sobre o perfil profissional do professor de Geografia o qual está
contribuindo para formação, junto a metodologia utilizada pelo professor da disciplina, sob
influência da sua própria percepção sobre as questões ambientais dentro da sua área de ensino
vão determinar se haverá ou não uma abordagem a qual se inseri as perspectivas da EA nos
conteúdos abordados pelo docente.
Alguns professores dedicam parte da carga horária da disciplina, mesmo que não
esteja estabelecido na ementa, para desenvolver atividades a qual o graduando produz
material com base em conteúdos trabalhados na disciplina acadêmica para serem trabalhados
no ensino básico, o que estimula a pesquisa, produção de material didático, além de permitir
ao aluno enxergar os conteúdos fora do nível acadêmico. Assim, tais atividades ganham
importância na formação do docente, e sendo direcionadas ao trato da questão ambiental,
contribuem para amenizar a carência que se tem do trato da educação ambiental na Geografia.
Mesmo que não faça parte da ementa disciplinar a percepção por parte do professor
da disciplina sobre a possibilidade e importância acerca da abordagem sobre os aspectos
ambientais (gráfico 1) dentro da sua área de ensino, permitiram ao futuro professor ampliar
seu conhecimento das questões ambientais intrínsecas a ciência geográfica, possibilitando ao
professor uma prática pedagógica a qual a educação ambiental é integrada ao ensino da
geografia, sendo parte inseparável da produção, reprodução do espaço geográfico feita pelo
homem, de forma construtiva, rompendo com prática predominante de caráter apenas
eventual, naturalístico e não reflexivo. Tais práticas também possibilitam discutir e
desenvolver uma relação entre a Geografia Acadêmica e Geografia Escolar, o que permite ao
professor em sua prática pedagógica no ensino de Geografia fazer a transposição didática de
conhecimentos conceituais em conteúdo escolar sem a perca do seu caráter crítico.
62
20%
Sim Não
80%
A formação do professor de Geografia voltada para a EA, está alicerçada ainda nesse
modelo ultrapassado, e não leva a compreensão da realidade do aluno sob múltiplos aspectos
e em suas diversas escalas, o quais são importantes para entendimento do espaço geográfico.
Trata-se de uma deficiência teórica e prática presente na academia e que perpetua na escola.
Segundo Furtado e Pereira (2009, p. 629) a defesa pelo profissional da educação que
tenha a reflexão-ação como condição para repensar sua prática, exige uma formação que se
64
organize sob o mesmo enfoque reflexivo. Trata-se de uma identidade crítica que, diferente de
ser constituída a partir da transmissão, vivencia o processo formativo criticamente. Para tanto,
o profissional poderá ser envolvido numa ação em que, ao refletir sobre a proposta pela qual
se constitui como profissional, poderá trazer contribuições para o redimensionamento dos
cursos de licenciatura.
Há nas instituições de ensino superior privada uma grande oferta de cursos voltados
para a educação ambiental, em específico para Geografia. Também tem se encontrado
atualmente uma boa oferta de cursos, que obviamente possibilita ao docente adquirir mais
conhecimento sobre a área tão carente no que se refere sua abordagem nos cursos de
formação.
suas práticas pedagógicas e quando percebem que até então praticada não permite realmente
ao professor, sobre aspecto da abordagem ambiental, trabalhar os conteúdos de forma
construtiva, que possibilitará a formação de cidadãos transformadores da sociedade no
aspecto ambiental e buscam construção de práticas pedagógicas significativas e
transformadoras .
3.2 A concepção dos professores de Geografia sobre o meio ambiente, Educação Ambiental e
sua perspectiva para a EA no ensino de Geografia.
Adams (2003) afirma que as tendências (Liberal e Progressista) estão presentes nas
atuais práticas de ensino, pois, mesmo existindo um claro antagonismo entre elas , as mesmas
67
se mesclam na prática educativa atual. E o que explica a razão disso, é o fato do sistema
educacional ter sido “fundado” pela Pedagogia Liberal Tradicional, tendência vigente na
época em que o sistema de ensino começava a se organizar e se padronizar, e representava os
interesses das classes dominantes (sistema operante nos dias de hoje).
É neste campo minado que nasce a Educação Ambiental. Nasce por uma
necessidade de reestruturação dos sistemas de ensino que privilegiam o saber memorizado, a
informação, a competição, a profissionalização, a especialização. Nasce por uma necessidade
68
de estancar o caos social e ambiental vigente, onde impera a miséria, a fome, a poluição, a
destruição, a marginalização (ADAMAS, 2003). Essa necessidade fomenta também o
surgimento de uma percepção mais completa sobre as problemáticas ambiental, onde surgem
novas concepções que se inserem a sociedade, as questões políticas, econômica etc. Que
ganha espaço nos debates progressista e contribui para rompimento com moldes tradicionais
de ensino que dominam tanto os cursos de formação, quanto a própria prática educacional de
do ensino básico de Geografia.
[...] as questões ecológicas eram delegadas aos técnicos para que estes as
resolvessem da melhor maneira possível desde que, para tanto, não as
“politizassem”. Neste sentido, nada mais “natural” que entregar as mesmas
aos engenheiros, aos biólogos, aos químicos, aos geógrafos. Enfim, aos
técnicos que entendiam dos problemas da degradação e da poluição física do
ambiente.
aprendizagem, o qual resultado principal deve ser formativo. A natureza como afirma Kohn
(1999) não é “apostila”, mas um livro aberto feito a milhões de anos de mãos em bilhões de
anos.
No aspecto da docência percebesse que o professor carece de ser capaz de refazer a
visão de mundo e sociedade, encaixando a questão ambiental de modo minimamente correto.
Pois, não basta simplesmente estar preocupado, ter percebido [...] é fundamental fazer com
que a questão ambiental esteja na essência do processo de formação e aprendizagem.
Assim, se dentro da universidade há uma carência teórica e pratica acerca da EA no
processo de formação de docentes para educação básica ,fora dela o entrave para o seus
avanço no que diz respeitos a práticas realmente transformadoras, é fruto dessa quase
ausência da temática ambiental voltada para ensino de Geografia, o que contribui para as
práticas pedagógicas que serão abordadas a seguir .
Na rede privada as atividades são em dias específicos, datas comemorativas como dia
da água, natureza, meio ambiente etc. São feitas leituras de texto, trabalho com músicas. A
depender da série as atividades apresentam um ar festivo, o que até natural nas series iniciais,
onde é fundamental o trabalho lúdico com as crianças, onde realiza-se desfile, pinturas,
passeios. Obviamente são atividades condizentes com a idade e capacidade cognitiva desses
alunos, onde laços afetivos criados através dessas atividades lúdicas são importantes para
processo educativo. Segundo Cunha (2008, p.74)
Essa relação de afeto não se dá simplesmente entre docente e discente, mas também
serve de mediação entre valor afetivo entre o discente e objeto, no caso a natureza.
[...] a afetividade pode ser conceituada como todo o domínio das emoções,
dos sentimentos das emoções, das experiências sensíveis e, principalmente,
da capacidade de entrar em contato com sensações, referindo-se às vivências
dos indivíduos e às formas de expressão mais complexas e essencialmente
humanas (BERCHT, 2001, p.59).
Porém, também observa que em alguns casos essas atividades em series que já há
condição dos alunos compreenderem os conteúdos a partir da dialética, sendo também a
abordagem como um alertar aos problemas numa perspectiva voltada ao tema enfatizado da
data comemorativa; permanecem a prática de atividades lúdicas, não inserindo o aspecto
social, político, econômico e social fundamentais para a prática de uma reflexão crítica e
sólida na abordagem da questões ambientais mesmo sabendo que nessas series a maturidade
cognitiva dos alunos permitem já essa compreensão mais madura.
Suleiman (2011) que observou em sua pesquisa que se direciona à área de Ciências
da Natureza, predominantemente a ênfase dada à Educação Ambiental na escola durante as
datas comemorativas, mesmo em sua abordagem em outras disciplinas como Geografia.
Segundo Barcelos (2003, p. 84) esta direção de que devem ser os profissionais de
Ciências, Biologia ou Geografia a trabalharem a Educação Ambiental na escola é fruto do
processo histórico da Educação Ambiental no Brasil.
Outro ponto importante é que na rede privada tem foco maior no trabalho do
conteúdo e também não desenvolve projeto como na rede pública, que envolve articulação de
áreas não só em seu planejamento como processo de desenvolvimento das atividades são mais
longos.
Os professores que exercem sua atividade docente na rede estadual, gozam de maior
autonomia para trabalharem seus conteúdos, para desenvolver atividades complementares e
também de inserirem a temática ambiental no processo de ensino da Geografia, o qual a
abordagem rompe com sua eventualidade, sendo que essa prática não faz parte da dinâmica de
todos professores mesmo sendo da rede pública.
72
Também verificou que na rede pública estadual de ensino, existem projetos que são
desenvolvidos a partir da articulação dos professores com as propostas de cada projeto, de
modo que possam usar a interdisciplinaridade na ação pedagógica. O que possibilita a criação
de um elo das temáticas com os conteúdos das áreas, usando diversas estratégias: atividades
individuais e em grupo; escuta canto e interpretação de canções; exibições de vídeos/filmes.
Em determinadas edições observou que a escolha do tema foi voltada para área ambiental, o
qual é definido pela secretaria de educação. O tema trabalhado dentro de cada área em sala de
aula, as atividades não são feitas em apenas um dia de evento, mas, sim em várias etapas o
qual os alunos sob orientação do professor irão produzir: músicas, artes plásticas, vídeos.
Poesias (Festival da canção juvenis -FACE, Artes visuais – AVE, Tempos de Artes Literárias
– TAL, Produções Visuais Estudantis – PROVE).
Além de possibilitar uma reflexão sobre o tema, de despertar o senso critico do aluno
que em alguns momentos se apresentou espontâneo e fruto das suas observações cotidianas,
percebeu que essas atividades também promovem no aluno motivação, alunos que antes
mostravam insatisfeitos com disciplina de Geografia, pois, o evento o qual foi possível
acompanhar durante o período o qual estava em atividades do PIBID, tratava do desperdício
de alimentos. As atividades envolveram a abordagem do conteúdo em sala de aula, depois,
atividades externas o qual alunos foram conhecer a realidade do bairro ao irem na feira perto
da escola, para produzir material para confecção do trabalho que resolveu produzir (Prove,
Epa ..). Apesar de a abordagem ser ainda tradicional, focada no viés da sustentabilidade, é um
avanço positivo em sair do espaço fechado da escola, de mostrar também a escola as
alternativas que se tem em trabalhar diversos conteúdos da Geografia a partir do espaço que
alunos vivem, sobre diversos aspectos e que também traz motivação ao aluno.
73
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Está pesquisa monográfica permitiu aprofundamento teórico e prático sobre a
educação ambiental em especifico no ensino de Geografia, que tem como seu objeto de estudo
o espaço geográfico e que indiscutivelmente os problemas ambientais surgem e se agravam a
partir do momento que homem se apropria do espaço e seus recursos a priori para
sobrevivência, mas que ao longo da evolução social, cientifica, técnica e informacional a
apropriação desse espaço acontece por objetivos econômicos, o qual próprio espaço e seus
recursos são novas mercadorias a serem exploradas cada vez mais de maneira irracional,
mesmo sendo seus impactos tão evidentes e com a existência de Leis que supostamente visam
proteger esse meio ambiente, garantir a sua preservação para manutenção da vida. Assim no
ensino de geografia a espacialidade das questões ambientais tem sido negada na abordagem
de diversos conteúdos, tanto ao se tratar das questões ambientais em primeiro plano, quanto
ao se tratar de assuntos específicos a Geografia.
No aspecto legislativo que estabelece a prática da EA fora e dentro do sistema de
ensino formal, há elementos norteadores para a abordagem dentro dos moldes pedagógicos
progressistas o qual se estabelece que devem ser considerados os aspectos: sociais
,econômicos, políticos culturais. Mas em sua prática ainda prevalece abordagem onde suas
bases são fortemente tradicional.
Dentro dessa base fortemente tradicional , abordagem da EA efetua-se dentro da
prática pedagógicas escolar de forma eventual, o meio ambiente é concebido
predominantemente a partir de uma perspectiva biológica influenciada pela ciências naturais,
os problemas abordados limita-se a questões físicas o qual os impactos ambientais visto sobre
olhar técnico e a questão do consumo e apresenta o falso discurso da sustentabilidade como
solução dos problemas.
São raras as abordagens de professores que conseguem caminha para uma
perspectiva de ensino progressista e critica o qual se inserem em sua abordagem os aspectos
sociais, econômicos, políticos culturais, o máximo chegando a inserido ao debate as questões
sociais.
Tais constatações são fruto da base do professor, ou seja, sua formação inicial, a
qual a educação ambiental dada a sua importância atual e sua profunda relação com espaço
,objeto de estudo Geografia , nos cursos de formação de professores de Geografia é uma
temática abordada em caráter disciplinar secundário, quando não inexistente e em sua prática
74
interdisciplinar também sem pouco espaço e quando trabalhada apenas em uma abordagem
técnica.
Assim, na pesquisa ao confrontar todos os dados teóricos acerca da EA e confronta-
los com os resultados na pesquisa de campo, fica claro a necessidade de ser estruturar os
currículos dos curso de formação de professores de Geografia , o qual a Educação Ambiental
deve assumir posto de disciplina obrigatória nos cursos de formação de professor e que
promova uma formação onde o professor perceba não só no aspecto teórico como na prática
de ensino que possível uma abordagem da educação ambiental inserida no processo de ensino
do conteúdos de Geografia, considerando os aspectos sociais ,econômicos, políticos culturais
fundamentais para formação crítica, cidadã e transformadora.
75
REFERÊNCIAS
BRASIL, Lei 9.795 de 27 de abril de 1999, dispõe sobre a educação ambiental, institui a
Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências.
KLIGERMAN, D.C. A era da reciclagem x a era do desperdício. In: SISINNO, C.L.S. &
OLIVEIRA, R.M. de. (Orgs.) Resíduos sólidos, ambiente e saúde: uma visão multidisciplinar.
Rio de Janeiro, Editora Fiocruz, p. 99-110. 2000.
LOUREIRO, C.F.B. & LAYRARGUES, P.P. Educação ambiental. repensando o espaço da
cidadania .São Paulo. Cortez. 2005.
PARIKH, J. et al. Padrões de consumo: a força propulsora do esgotamento ambiental. In:
MAY, P.H. & MOTTA, R.S. (Orgs.) Valorando a natureza: análise econômica para o
desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro, Campus, p. 1-10. 1994.
77
78
79
80
81
82
83