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Resumo: Este artigo visa apontar o problema da consciência histórica a partir da obra
de Jörn Rüsen, fazendo um percurso que envolve os conceitos-chave de memória,
aprendizagem e narrativa em entrelace com outros historiadores renomados.
Pretende-se estabelecer uma relação entre o que Rüsen entende como consciência e
importância da história e o modo como ela é abordada didaticamente na
contemporaneidade, diante das perspectivas de ensino. Por isso, relacionaremos os
conceitos abordados com a noção de historicidade vista a partir da novela das 18h da
Rede Globo, Novo Mundo, que trata, entre outros temas, da Independência do Brasil.
Nesse sentido, busca-se evidenciar uma ideia do que é ou não fato histórico e de como
as novas mídias influenciam positivamente ou não a leitura e a consciência histórica do
indivíduo.
Palavras-chave: Jörn Rüsen. Consciência Histórica. Aprendizagem. Novo Mundo.
Abstract: This article aims at pointing out the problem of historical consciousness from
the work of Jörn Rüsen, in a way that involves the key concepts of memory, learning
and narrative in interlace with other renowned historians. It is intended to establish a
relation between what Rüsen understands as consciousness and importance of history
and the way in which it is dealt with in a contemporary way, in the face of teaching
perspectives. Therefore, we will relate the concepts addressed with the notion of
historicity seen from the novel of the Globo Network, New World, which deals, among
other themes, with the Independence of Brazil. In this sense, it seeks to show an idea
of what is or is not historical fact and how the new media positively influence the
reading and historical awareness of the individual.
Keywords: Jörn Rüsen. Historical Consciousness. Learning. New world.
Introdução
O presente artigo tem como objetivo o apontamento e a compreensão do
problema da consciência histórica a partir da obra do filósofo e historiador
alemão Jörn Rüsen (1938-). Trata-se assim de percorrer a questão na
medida em que ela se relaciona com os conceitos de narrativa,
aprendizagem, memória e verdade.
Nesse sentido, lança-se como hipótese fundamental a importância da
aprendizagem e da consciência histórica diante dos fatos históricos, ponto
basilar da obra de Jörn Rüsen. O objetivo geral deste trabalho é mostrar 33
como as implicações atuais do pós-modernismo e a retomada
memorialista, apressadas e incautas na leitura dos fatos históricos,
acabam por comprometer um estudo dirigido sério e da história.
Rüsen segue dizendo que, com a história, a didática ainda não debateu
seriamente “em que comportamento de uma pessoa se poderia identificar
que ela adquiriu uma consciência histórica desenvolvida, enfim, que ela
aprendeu história?” (RÜSEN, 2007, p. 105).
Para ele, a filosofia se apoia sobre o bom senso, muitas vezes dizendo que
ele é o que há de mais bem distribuído no mundo. Esse é um conceito de
Descartes, que tem como ideia uma imagem dogmática e acabada do
pensamento, sobre a qual Gilles Deleuze afirma: “que cada um sabe, que
se presume que cada um saiba o que significa pensar” (DELEUZE, 2006, p.
192).
Apesar disso, esse modelo exibido está longe de ser o modelo para a
produção histórica, filosófica e, “nem ao menos o modelo para o que
significa pensar” (DELEUZE, 2006, p. 197). Certamente, o que permite ou
força alguém a pensar não é a boa disposição de alguém ou o acordo
perfeito e determinadamente regulado das faculdades.
Dentro desse estigma, resta saber, ainda, como se deve ler a história de
forma a não torná-la uma peça de museu ou lição de moral rasa típica de
um conto da carochinha. Não só Rüsen, mas outros historiógrafos, como
Michel Foucault, concordam com a ideia de que há sempre alguém por
trás de uma pena ou de uma máquina ditando os acontecimentos do
passado.
Donde, faz-se dos espectadores súditos ainda mais fiéis a uma família real
mercadológica, convivas recorrentes dos banquetes reais e cíclicos,
majestosos palacetes comuns onde são servidas incontáveis doses de
mesmidade.
Para isso, a exibição dos capítulos de número 143 (cento e trinta e três) e
144 (cento e quarenta e quatro), exibidos justamente no dia em que se
comemorava a independência do Brasil, entre os dias 07 (sete) e 08 (oito)
de Setembro de 2017 (dois mil e dezessete), é de extrema importância
para compreender este problema. Seguir-se-á daqui pra frente com uma
resenha desses episódios, tão clara e detalhada quanto possível.
Isso quer dizer que, não importando realmente o que ocorreu naquele 7
(sete) de setembro às margens do Ipiranga, o que a novela pretende
marcar como contundente não passa de um engodo à luz de estudos
historiográficos sérios. Como diria Foucault, no trecho o qual fala da
sabedoria dos escrivães, que se submetem a uma história que “o próprio
rei criou” (1999, p. 156).
Então, não se trata tanto de dizer, neste momento, que o Imperador Dom
Pedro inventou ou não, pois o Imperador do Brasil, no caso, não é o
objeto primário da pesquisa enquanto historiador e historiógrafo dos
próprios fatos vivenciados.
Logo, não é de se espantar que a arte seja aquela que faz, que aponte algo
da vida que discursos com intenções vis não têm.
Referências
Nikolas Corrent é mestrando do Programa de Pós-graduação em História
da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO). Graduado em
História Licenciatura (2016) pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA),
Filosofia Licenciatura (2016) pelo Instituto de Ciências Sociais e Humanas
(ICSH) e Ciências Sociais Licenciatura (2015) pela Faculdade Guarapuava
(FG). Especialista em Educação Especial e Inclusiva (2016), Metodologia do
Ensino de Filosofia e Sociologia (2016) e Ensino Religioso (2015) pela 50
Faculdade de Educação São Luís (FESL).