Você está na página 1de 63

A Vida de Jesus Cristo de Nazerá

Quem é Jesus Cristo?

Poucas pessoas questionariam a existência histórica de Jesus Cristo. É um fato aceito que Jesus foi
um homem real que andou sobre a terra de Israel a aproximadamente 2000 anos. O debate surge
quando o assunto diz respeito a verdadeira identidade de Jesus. A maioria das religiões ensinam
que Jesus foi um profeta, um bom mestre, ou um no mínimo um homem piedoso. No entanto a Bíblia
nos ensina que Jesus era infinitamente mais que um profeta, ou mestre, ou um homem piedoso.
C.S. Lewis em seu livro “Mero Cristianismo” escreve o seguinte: "estou tentando neste ponto evitar
que alguém diga algo tolo que normalmente as pessoas dizem a respeito Dele (Jesus Cristo): “Eu
aceito Jesus como um grande mestre, mas não aceito sua declaração de ser Deus,” Há algo que
precisamos dizer acerca disso. Um homem que era apenas um homem e tenha dito as coisas que
Jesus disse, não pode ser um grande mestre. Ele seria um lunático (no mesmo patamar que um
homem que afirme ser um ovo cozido) ou então seria o Diabo do Inferno. Você deve fazer sua
escolha. Ou esse homem foi, e é, o Filho de Deus, ou então um louco, senão coisa pior. Você pode
considerá-lo um tolo, você pode cuspir nele e matá-lo como a um demônio; ou você pode prostrar-se
a Seus pés e chamá-lo de Senhor e Deus. Mas não venhamos que discursos sem sentido dizendo
que Ele foi apenas um grande mestre. Ele não nos deixou essa opção. Ele não teve essa intenção.
Quem Jesus disse ser?

Quem a Bíblia diz que Ele é?

Primeiramente, vamos ler as palavras de Jesus em João 10:30, “Eu e o Pai somos um.” À primeira
vista, essa pode não parecer ser uma declaração de ser Deus. Porém, perceba a reação dos Judeus
à sua afirmação, “Não é por nenhuma obra boa que vamos apedrejar-te, mas por blasfêmia; e
porque, sendo tu homem, te fazes Deus” (João 10:33). Os Judeus entenderam a declaração de
Jesus sobre ser Deus. Nos versículos seguintes, Jesus em nenhum momento corrigiu os Judeus
dizendo, “Eu não sigo ser Deus.” Isso indica que Jesus estava realmente dizendo ser Deus ao
declarar: “Eu e o Pai somos um” (João 10:30). João 8:58 é um outro exemplo. Jesus proclamou, “Em
verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, eu sou.” Mais uma vez, em resposta,
os Judeus tomam pedras numa tentativa de apedrejar Jesus (João 8:59). Ao anunciar sua identidade
como “Eu sou”, Jesus faz uma aplicação direta do Antigo Testamento para o nome de Deus (Êxodo
3:14). Por que os Judeus mais uma vez desejariam apedrejar Jesus se Ele não tivesse dito algo que
eles criam ser uma blasfêmia, a saber, uma declaração de ser Deus?
João 1:1 diz que “o Verbo era Deus.” João 1:14 diz que “o Verbo se fez carne.” Isso claramente
indica que Jesus é Deus em carne. Tomé, o discípulo, declarou a Jesus, “Meu Senhor e meu Deus”
(João 20:28). Jesus não o corrigiu. O apóstolo Paulo o descreve como, “...nosso Deus e Salvador
Jesus Cristo” (2 Pedro 1:1). Deus, o Pai também é testemunha da identidade plena de Jesus, mas a
respeito do filho ele diz, “O teu trono, ó Deus, subsiste pelos séculos dos séculos; cetro de eqüidade
é o cetro do teu reino” (Salmo 45:6). As profecias do Antigo Testamento anunciam sua divindade,
“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o governo estará sobre os seus ombros; e o
seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz.”
Portanto, como argumenta C.S. Lewis, crer que Jesus seja um bom mestre não é uma opção. Jesus
clara e inegavelmente declarou ser Deus. Se Ele não for Deus, é um mentiroso, e portanto, não um
profeta, bom mestre ou homem santo. Numa tentativa de anular as palavras de Jesus, 'estudiosos'
modernos afirmam que o 'verdadeiro Jesus histórico' não disse muitas das coisas que a Bíblia atribui
a Ele. Quem somos nós para discutir com a Palavra de Deus a respeito do que Jesus disse ou não
disse? Como pode um 'estudioso' dois mil anos depois de Jesus ter uma melhor percepção daquilo

1
que Jesus disse ou não disse do que aqueles que viveram com Ele, O serviram e foram ensinados
pelo próprio Jesus (João 14:26)?
Por que a questão a respeito da identidade de Jesus é tão importante? Por que importa saber se
Jesus é Deus ou não? A razão mais importante pela qual Jesus tem que ser Deus é que se Ele não
é Deus, a Sua morte não teria sido suficiente para pagar o preço pelos pecados de todo o mundo (1
João 2:2). Somente Deus poderia pagar um preço tão infinito (Romanos 5:8; 2 Coríntios 5:21). Jesus
tem que ser Deus para que Ele pudesse pagar nossa dívida. Jesus tinha que ser homem para que
pudesse morrer. A salvação está disponível somente através da fé em Jesus Cristo. A divindade de
Jesus é a razão de Ele ser o único caminho para a salvação. A divindade de Jesus é a razão pela
qual Ele proclamou, “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim”
(João 14:6).

Quem era Maria Madalena?

Maria Madalena se tornou objeto de grande atenção nos anos recentes. Numa livraria comum, pode
encontrar vários livros que alegam expor a verdade sobre esta discípula de Jesus.
Antes de ser enganado por fábulas fascinantes, deve se entender que o gnosticismo, a mesma
filosofia que exalta Maria Madalena, contradiz a palavra de Deus em muitos outros pontos. Nega a
perfeição do Criador, dizendo que Jeová, e não o homem, causou a imperfeição e o sofrimento no
mundo. Nega a doutrina fundamental de salvação pelo sangue de Jesus, dizendo que a salvação
não vem pela fé, e sim pelo conhecimento.
Não tentaremos responder neste pequeno artigo a todos os erros do gnosticismo (muitos estudiosos
da Bíblia têm refutado tais doutrinas ao longo dos séculos), nem a todos os mitos antigos e
modernos sobre esta discípula de Jesus.
Como nossa ênfase sempre está no ensinamento bíblico, vamos examinar o que a Bíblia ensina
sobre Maria Madalena:
1 - Sete demônios saíram dela (Lucas 8:2).
2 - Ela era uma das mulheres que ajudaram Jesus e seus discípulos enquanto estes pregavam o
evangelho (Lucas 8:1-3).
3 - Ela e muitas outras mulheres seguiram Jesus desde a Galiléia quando ele foi para Jerusalém no
final do seu ministério (Mateus 27:55-56).
4 - Quando Jesus foi levado para ser crucificado, ela e outras seguiram de longe (Mateus 27:55-56;
Marcos 15:40-41).
5 - Quando Jesus foi sepultado, ela foi uma das mulheres que observou o lugar onde o corpo foi
posto (Marcos 15:45-47).
6 - Ela e outras mulheres foram ao túmulo no primeiro dia da semana para embalsamar o corpo de
Jesus (Marcos 16:1-2; Mateus 28:1).
7 - Quando ela encontrou o sepulcro aberto, correu para avisar Pedro e João (João 20:1-2).
8 - Ela foi uma das primeiras a receber a notícia da ressurreição quando um anjo falou às mulheres
perto do túmulo aberto (Mateus 28:5-6). Anunciou a boa notícia aos discípulos (Lucas 24:9-10).
9 - Ela foi uma das primeiras pessoas a ver Jesus depois da ressurreição (Mateus 28:8-10; João
20:13-18).
Agora, observe o que a Bíblia não diz:
1 - Não diz que Maria Madalena era a pecadora citada em Lucas 7:36-50.
2 - Não diz que era a mesma Maria, irmã de Marta e Lázaro.
3 - Não sugere nenhum tipo de relacionamento especial ou íntimo entre Jesus e Maria. Sempre fala
de Maria junto com outras mulheres.
4 - Depois da ascensão de Jesus, a Bíblia nunca mais menciona o nome de Maria Madalena.
“Pois haverá tempo em que ... se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas. Tu,
porém, sê sóbrio em todas as coisas” (2 Timóteo 4:3-5).

2
A relação entre Jesus e Maria Madalena

Tem sido um assunto debatido quando se lança a questão sobre se Jesus era solteiro. Alguns dos
escritos Gnósticos têm sido usados para sustentar a tese de que Maria Madalena seria a esposa de
Jesus. Além do mais, alguns alegam que Jesus pretendia que ela fosse a chefe da sua Igreja. A
evidência para estas alegações supostamente reside nalgumas passagens dos escritos Gnósticos
que demonstram uma proximidade entre Jesus e Maria Madalena e alguma hostilidade em relação a
ela por parte de São Pedro e Santo André. Mas essas passagens não declaram, de facto, que Maria
Madalena e Jesus eram casados nem que Ele pretenderia que ela fosse a cabeça da sua Igreja.
No Novo Testamento, Maria Madalena é uma discípula proeminente de Cristo. Ela é uma das
mulheres descritas como acompanhando Jesus na sua missão terrena depois de Ele ter expulso
dela sete demónios. (Mc.16:9, Lc.8:1-3). Durante muitos séculos pensou-se que ela seria a mulher
anónima que tinha lavado os pés de Jesus com as suas lágrimas e os tinha secado com o seu
cabelo (Lc.7:36-50). Embora esta associação já não seja feita, nunca foi uma tentativa de diminuir a
memória de Maria Madalena, visto que o arrependimento é o primeiro passo para qualquer discípulo
de Jesus, que iniciou o seu ministério proclamando, “O reino de Deus está próximo. Arrependei-vos
e acreditai na palavra de Deus” (Mc.1:15).
Todos os quatro evangelhos referem-se a Maria Madalena como estando presente no Calvário
quando Jesus foi crucificado e presente no seu túmulo estando entre as primeiras a testemunhar a
Sua Ressurreição. No evangelho de S. João, ela é referida como a primeira pessoa a encontrar-se
com o Senhor Ressuscitado.
No entanto, as alegações feitas sobre ela com base nos textos Gnósticos não podem ser levadas a
sério. Em primeiro lugar porque os textos Gnósticos são historicamente mais distantes do tempo dos
apóstolos e foram escritos bastante mais tarde do que os quatro evangelhos do Novo Testamento.
Em segundo lugar, a proeminência de Maria Madalena como discípula e a sua proximidade de Jesus
são confirmadas pelos evangelhos e não evitadas por esses textos sagrados. Ao mesmo tempo, em
momento algum oferecem qualquer tipo de sustentação à afirmação espontânea de que Jesus era
casado com Maria Madalena. Jesus também é descrito como tendo uma proximidade espiritual com
vários seguidores: Pedro, a sós; Pedro, Tiago e João em conjunto; o “discípulo amado” no evangelho
de S. João; e Lázaro e suas irmãs Marta e Maria. Por fim, o Novo Testamento não esconde tensões
entre os apóstolos, especialmente, a certa altura, entre Pedro e Paulo. Não é provável que ocultasse
a evidência de outros conflitos, como os alegados entre Maria Madalena e Pedro, se de facto
existissem.

Maria Madalena ou Maria de Magdala (talvez Mariamne), é decididamente uma das discípulas de
maior destaque nos Evangelhos. Era natural de Magdala, Galileia, uma localidade na costa ocidental
do Lago de Tiberíades.
Maria de Magdala no Novo Testamento
Segundo o Novo Testamento, Jesus de Nazaré expulsou dela sete demônios, argumento bastante
para ela pôr fé nele como o predito Messias (Cristo). (Lucas 8:2; 11:26; Marcos 16:9). No Evangelho
de João 13(23:28) há uma referência sem nomeação sobre um determinado discípulo " a quem
Jesus amava", e este "estava reclinado no seio de Jesus" . Esteve presente na crucificação,
juntamente com Maria, mãe de Jesus, e outras mulheres. (Mateus 27:56; Marcos 15:40; Lucas
23:49; João 19.25) e do funeral. (Mateus 27:61; Marcos 15.47; Lucas 23:55) Do Calvário, voltou a
Jerusalém para comprar e preparar, com outros crentes, certos perfumes, a fim de poder preparar o
corpo de Jesus como era costume funerário, quando o dia de Sábado tivesse passado. Todo o dia
de Sábado ela se conservou na cidade - e no dia seguinte, de manhã muito cedo "quando ainda
estava escuro", indo ao sepulcro, achou-o vazio, e recebeu de um anjo a notícia de que Jesus
Nazareno tinha ressuscitado e devia informar disso aos apóstolos. (Mateus 28:1-10; Marcos 16:1-
5,10,11; Lucas 24:1-10; João 20:1,2; compare com João 20:11-18)

3
Maria Madalena foi a primeira testemunha ocular da sua ressurreição e foi quem foi usada para
anunciar aos apóstolos a ressurreição de Cristo. (Mateus 27:55-56; Marcos 15:40-41; Lucas 23:49;
João 19:25) Nada mais se sabe sobre ela a partir de leitura dos Evangelhos Canônicos. É festejada
pela Igreja Católica no dia 22 de Julho.
Em Lucas 8:2, faz-se menção, pela primeira vez, de "Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete
demônios". Não há qualquer fundamento bíblico para considerá-la como a prostituta arrependida
que pediu perdão pelos seus pecados a Jesus Cristo. Este episódio é freqüentemente identificado
com o relato de Lucas 7:36-50, ainda que não seja referido o nome da mulher em causa.
Evangelho apócrifo
No Evangelho Apócrifo de Maria Madalena, Pedro disse à Maria " Irmã, nós sabemos que o salvador
a amou mais que a outras mulheres" e Levi responde a Pedro que "Por isso ele a amou mais que
nós" , sendo assim Maria Madalena seria "o discípulo" "a quem Jesus mais amava" e que Maria
Madalena no Novo Testamento participava da última ceia com os outros discípulos.
Teorias
Alguns escritores contemporâneos, principalmente Henry Lincoln, Michael Baigent e Richard Leigh,
autores do livro que em português se intitulou O Sangue de Cristo e o Santo Graal (1982), e Dan
Brown no romance O Código da Vinci (2003), narram Maria Madalena como uma "apóstola", mulher
de Cristo que teve com ele, inclusive, filhos. Na narrações desta ficção, estes fatos teriam sido
escondidos por revisionistas cristãos que teriam alterado os Evangelhos.
Estes escritores teriam baseado suas afirmações nos Evangelhos canónicos e nos livros apócrifos
do Novo Testamento, além dos escritos gnósticos. Segundo os evangelhos aceitos pela Igreja
Católica, Jesus Cristo, o suposto filho de Deus, não veio à Terra para casar com uma humana e ter
filhos. Portanto, para os preceitos desta Igreja, Maria Madalena não foi e nem poderia ser esposa de
Jesus Cristo.
Tornou-se muito célebre, com a divulgação do livro de Dan Brown, o argumento de que na A Última
Ceia, de Leonardo da Vinci, a personagem que está à sua direita, com traços femininos, seja Maria
Madalena e não o apóstolo João, como outros defendem. O facto de Jesus não envergar nenhum
cálice - o Graal - poderá levar a interpretações que muitos consideram flagrantemente abusivas do
ponto de vista histórico e religioso, como acreditar que Maria Madalena é, de facto, o "cálice
sagrado" onde repousa o "sangue de Cristo" ou seja, na altura, que ela estaria grávida de Jesus
Cristo.
Os teólogos consideram inaceitável a história narrada no romance de Dan Brown. Argumentam que
Leonardo da Vinci se inspirou no Evangelho de João (no texto João 21:20) em que se fala do
discípulo amado - que seria o próprio apóstolo João - e não propriamente nas passagens referentes
à instituição da Última Ceia.
Como obra de ficção, grande parte dos factos apresentados em O Código Da Vinci não são
historicamente embasados. Um deles refere-se a uma das maiores fraudes históricas, o Priorado de
Sião. Pierre Plantard, responsável por esta instituição, em 1992, que confessou perante a justiça
francesa ter criado todo um conjunto de argumentos com a finalidade de justificar que era
descendente da dinastia dos reis merovíngios. Esta dinastia teria alegadamente a sua origem no
filho de Jesus Cristo com Maria Madalena.
Some-se a isso que uma análise racional e desapaixonada da tese que afirma que Jesus ter-se-ía
casado e tido filhos com Maria de Magdala leva a concluir pela sua impossibilidade. Não só nos
próprios relatos evangélicos, onde Jesus recomenda a um potencial seguidor que deixe sua família e
seus bens para o seguir, como no relato das vidas de todos os grandes mensageiros do bem que se
dedicaram a ajudar os menos favorecidos, verifica-se que a dedicação de um bom pai à sua família
consanguínea não lhe deixa tempo para uma dedicação aos despossuídos e necessitados do
mundo do porte daquela que tais seres assumiram.

4
A LINHAGEM SAGRADA O CÁLICE SAGRADO

Para Baigent, Leigh e Lincoln havia um detalhe. Um misterioso objeto conhecido como cálice
sagrado que, segundo os contemporâneos, seus possuidores eram os Cátaros; também os
templários estavam relacionados e até com a fundação da Ordem. Os cálice é geralmente
relacionado a Jesus. De acordo com algumas tradições, foi o copo utilizado por Jesus e seus
discípulos durante a última ceia.
De acordo com outras , foi o copo na qual José de Arimatéia colheu o sangue de Jesus quando este
estava na cruz, o que lhe confere uma qualidade mágica , simbólica. E se existiu? Onde estaria ele
durante todo esse tempo? Outros diziam que o cálice foi levado a Inglaterra por José de Arimatéia. E
também que fora levado por Maria Madalena à França. No século IV , lendas descreviam Maria
Madalena partindo da Terra Santa e atracando em Marselha, onde suas supostas relíquias são ainda
veneradas.
Por volta do século XV , a lenda de que Madalena levara o cálice para Marselha, tinha assumido
imensa importância para pessoas como o rei Renné d’Anjou que chegou a colecionar taças.
Entretanto lendas mais antigas dizem que Madalena trouxe o Graal, e não uma taça, para a França.
Robert de Boron cristianizou o cálice informando além dos fatos , que após a crucificação a família
de José de Arimatéia foi a guardiã do cálice.
Quando submetido à análise cuidadosa, os romances sobre o cálice se revelam crucialmente
baseados em assuntos de linhagem e genealogia , herança e hereditariedade. Nós nos perguntamos
se isso seria relevante. Enfim, havia alguma importância no fato de a linhagem em questão imbricar ,
em certos pontos chaves, como aquela que aparecia de forma tão saliente em nossa investigação -
a casa d’Anjou , por exemplo, Guilhem de Gellone e Godfroi de Bouillon?
Poderia o mistério ligado a Renné Le Chateau e ao Monastério do Sinai estar ligado , de algum
modo, ainda obscuro ao misterioso objeto chamado cálice sagrado? Em alguns manuscritos, o cálice
é chamado Sangraal ou Sangreal. Sangraal ou Sangreal talvez não devessem dividir-se em san
graal ou sang real. Ou, para empregar a grafia moderna, "sangue real".
Esse jogo de palavras pode ser provocante , mas não é , por si só, conclusivo. Tomado em conjunto
com a ênfase dada a genealogia e linhagem, contudo, não deixa margem a dúvidas.
A esse respeito, associações tradicionais - copo que colheu o sangue de Jesus por exemplo -
pareceu reforçar sua posição. O cálice parece relacionado , de algum modo a sangue e a linhagem ,
o que , obviamente, levanta algumas perguntas: qual sangue? Qual linhagem?

OS REIS PERDIDOS E O CÁLICE

Apoiados nos romances do rei Arthur da Távola Redonda , que viveu no século V e/ ou no início do
século VI, no ápice da descendência Merovíngea na Gália e contemporâneo de Clóvis. Se o termos
Ursus era aplicado a linhagem Merovíngea , o nome Arthur, que também significa Ursus , pode ser
uma tentativa de conferir a um chefe britânico uma dignidade incomparável por outro lado, muitos
autores insistem em que a corte de Arthur era em Nantes (na região da atual bretanha francesa) e as
tradições medievais confirmam que o cálice não foi levado para a Inglaterra por José de Arimatéia,
mas para a França, por Madalena.
Começa-se então a suspeitar que o próprio cálice, o sangue real, se referia na realidade ao sangue
real da dinastia Merovíngea, um sangue que era considerado sagrado e possuidor de propriedades
mágicas e miraculosas. Talvez isso explique porque o templários, criados pelo Monastério do Sinai
para serem guardiães da linhagem Merovíngea foram declarados também guardiães do cálice e da
família do cálice.
Os romances ligados ao cálice e aos Merovíngeos se ligam, de forma bastante explícita às origens
da cristandade, a Jesus, a José de Arimatéia, a Madalena. Nos romances também, os heróis são
sempre herdeiros da casa de Davi, sendo identificado como próprio Jesus. Então , qual seria a
conexão do cálice e dos Merovíngeos a Jesus? Como pode o cálice se referir, por um lado , a época

5
Merovíngea e , por outro a alguma coisa levada por José de Arimatéia à Inglaterra ou por Madalena
à França?
Se o cálice foi o receptáculo do sangue de Jesus (sangraal ou sangue sagrado) qual a relação com
os Merovíngeos? E porque deveriam estas duas coisas serem relacionadas na época em que foram,
durante as cruzadas, quando as cabeças Merovíngeas usavam a coroa do reino de Jerusalém,
protegida pela Ordem do Tempo (Templários) e o Monastério do Sinai? Poderia a linhagem
relacionada com o cálice, levado à Europa Ocidental logo após a crucificação, ser interligada com a
linhagem dos Merovíngeos?
Por outro lado, sabemos que o povo semita escreveu o velho testamento obedecendo rigorosamente
as linhagens , a partir de Adão. Teria esse povo esquecido de dar prosseguimento a genealogia de
Abraão, Isaac, Jacó, Davi, Salomão e , quando chega Jesus, eles simplesmente se omitirem! Os
judeus ortodoxos ainda esperam um Messias , considerando Jesus como um profeta tradicionalistas
que são , mesmo nos dias de hoje, teriam se esquecido disso? Ou o mundo Ocidental desconhece?
O próprio Jesus anuncia seu advento no final dos tempos e ele obedecia as escrituras e sempre as
mencionava.
(Trechos extraídos de Baigent, Leigh e Lincoln)
É bem possível que Madalena fosse a esposa de Jesus e , após a crucificação, grávida de 3 meses
tivesse sido levada a Gália, onde comunidades judias já existiam e essa linhagem se perpetuou
incógnita por séculos , além de haver casamentos dinásticos, não só com outras famílias judias ,
mas também com romanos e visigodos e , que se aliaram à linhagem real dos tronos , engendrando
assim a dinastia Merovíngea.
Isso explicaria a extraordinária posição de Madalena e a importância do culto a ela dedicado durante
as cruzadas. Explicaria a condição sagrada atribuída aos Merovíngeos. Explicaria o pacto entre a
igreja romana e a linhagem sangüínea de Clóvis (um pacto com os descendentes de Jesus não
seriam um pacto óbvio para uma igreja fundada em seu nome?). Explicaria a ênfase dada ao
assassinato de Dagobert II , pois a igreja , tomando partido dessa morte , teria sido culpada não
somente de um assassinato real mas, segundo sua própria doutrina de uma forma de assassinato
de Deus.
Explicaria a tentativa de erradicar Dagobert da História. Explicaria a obsessão dos Carolíngeos em
legitimar-se, como chefes do Sacro Império Romano , ao clamarem por uma genealogia
Merovíngea. Também explicaria os romances da família do cálice.
Nós já tínhamos adivinhado que as referencias à vinicultura, que apareciam durante nossa pesquisa,
simbolizava alianças dinásticas. A vinicultura agora parecia simbolizar o processo pelo qual Jesus -
que se identifica repetidamente com a vinha - perpetuou sua linhagem. Como se numa confirmação
disso , descobrimos uma porta esculpida representando Jesus com uma porção de uvas. Esta porta
se encontra no Sinai, na Suíça.
Obs: a doutrina espírita , consolidada pelo Francês Leon Hipollite Denizard Rivail (Allan Kardec) , no
século XIX, também estudou na Suíça e usava como símbolo de Jesus, a vinicultura.

O REI SACERDOTE QUE NUNCA REINOU

No que diz respeito à tradição popular , a origem e o nascimento de Jesus são bem conhecidos. Mas
os Evangelhos, nos quais essa tradição é baseada, são consideravelmente mais vagas sobre esse
assunto. Somente Marcos e Lucas dizem alguma coisa sobre a origem do nascimento de Jesus e se
contestam flagrantemente.
De acordo com Mateus , por exemplo Jesus era um aristocrata, se não um rei legítimo e de direito -
descendente de Davi, via Salomão; de acordo com Lucas, a família de Jesus, embora descendente
da casa de Davi, era de uma classe menos elevada.
De acordo com Lucas , Jesus , recém nascido , foi visitado por pastores; de acordo com Mateus, foi
visitado por reis. Segundo Lucas a família de Jesus vivia em Nazaré e depois viajaram à Belém (a
história refere que esse censo não ocorreu). Mateus dizia que a família de Jesus era rica , abastada
e residira em Belém todo o tempo; Jesus havia nascido em casa.
6
Nessa versão, a perseguição de Herodes aos inocentes impele a família a partir pelo Egito, e só
depois de seu retorno eles vivem em Nazaré.
Os Evangelhos não podem ser incontestáveis ; ou um dos Evangelhos está errado ou ambos estão.
Quanto mais se estudam os Evangelhos mais claras se tornam as contradições entre eles. Não
concordam entre si nem mesmo quanto a data da crucificação. De acordo com João, ela ocorreu no
dia anterior ao da celebração da libertação dos escravos judeus do Egito. Já Marcos, Lucas e
Mateus ela ocorreu um dia depois.
Tampouco os Evangelhos estão de acordo em relação à personalidade e ao caráter de Jesus: "um
salvador humilde como um cordeiro" (Lucas), Um poderoso e majestoso soberano, que veio "trazer a
espada e não a paz"(Mateus). Existem outras discordâncias sobre as últimas palavras de Jesus na
cruz.
Em Mateus e em Marcos essas palavras foram: "meu Deus , meu Deus, porque me abandonastes?".
Em Lucas, foram: "Pai, perdoai-os pois eles não sabem o que fazem." Em João, simplesmente:
"Está consumado."
Nestas circunstâncias , os Evangelhos são questionáveis e não definitivos. Não representam a
palavra perfeita de nenhum Deus, ou, se o fazem , as palavras de Deus têm sido censuradas ,
editadas , revisadas, glosadas e reescritas de forma muito liberal , por mãos humanas.
A Bíblia, deve ser lembrado, e isso se aplica ao velho e novo testamento - é uma seleção de
trabalhos e , em muitos aspectos , uma seleção arbitrária. Na realidade, ela poderia conter muito
mais livros que tenham sido perdidos. Pelo contrário. Foram deliberadamente excluídos. Em 367
d.C. , o bispo Athanasius de Alexandria compilou uma série de trabalhos para serem incluídos no NT.
Esta lista foi ratificada pelo Conselho da Igreja de Hippo, em 393, e novamente pelo Concílio de
Cartago , 4 anos depois, nesses conselhos uma seleção foi aceita. Alguns trabalhos foram reunidos
para formar o NT como nós o conhecemos hoje , outros foram rudemente ignorados. Como tal
processo de seleção pode ser considerado definitivo? Como poderia um conclave de clérigos decidir
infalivelmente que alguns livros pertenceriam à Bíblia e outros não? Especialmente quando alguns
dos livros excluídos possuem uma aspiração, perfeitamente válida à veracidade histórica.
Em 1958, o professor Norton Smith, da Universidade de Colúmbia, descobriu em um Monastério
próximo a Jerusalém, uma carta que continha um fragmento inédito do Evangelho de Marcos.
O Fragmento não tinha sido perdido, mas aparentemente suprimido, sob a instigação se não pedido
expresso , do bispo Clemente de Alexandria, um dos mais venerados antigos padres da igreja. Ele
reconhece livremente que existe um autêntico evangelho secreto de Marcos. E instruiu Theodore a
negá-lo alegando " que nem todas as verdadeiras (coisas) devem ser ditas a todos os homens" e
inclui a transcrição do texto, palavra por palavra, em sua carta:
(Smith, Secret Gospel, p. 14 a 16)
"E eles chegaram a Betânia, e uma mulher cujo irmão havia morrido, estava lá. E , vindo , ela se
prostrou ante Jesus e lhe disse: Filho de Davi, tenha piedade de mim. Mas os discípulos a
empurraram. E Jesus, ficando com raiva, foi com ela até o jardim onde estava a tumba. E
imediatamente, um grande grito foi ouvido na tumba. E imediatamente, indo na direção de onde
estava o jovem, ele estendeu sua mão e o levantou, segurando-o pela mão. Mas o jovem, olhando
para ele, o amou e começou a implorar que pudesse segui-lo.
E saindo da tumba eles foram para a casa do jovem, pois ele era rico. E depois de 6 dias, Jesus lhe
disse o que fazer e à noite o jovem foi Ter com ele, usando uma roupa de linho sobre seu corpo nu.
E ele permaneceu com ele aquela noite, pois Jesus ensinou-lhe o mistério do reino de Deus. E
então, se levantando, ele retornou ao outro lado do Jordão".
Embora esta episódio não esteja em Marcos, ele é bastante familiar, na cura de Lázaro no quarto
Evangelho (João). Contudo, existem algumas variações significativas.
Em primeiro lugar, existe um "grande grito" na tumba antes que Jesus afaste a rocha ou instrua seu
ocupante a levantar-se. Isto sugere que o ocupante não estava morto, negando assim qualquer
elemento miraculoso. Em segundo lugar, no episódio de Lázaro, parece haver algo mais do que as
narrativas aceitas nos levam a acreditar.

7
Como argumenta o professor Smith, é na realidade muito mais provável que todo o episódio se refira
a uma iniciação , uma morte e renascimento , rituais e simbólicos , de um tipo muito comum no
Oriente Médio na época. Na realidade, as únicas referencias a Lázaro estão nos Evangelhos de
João.
Se o Evangelho de Marcos foi tão dramaticamente expurgado, ele foi também carregado com
adições espúrias. Em sua versão original ele termina com a crucificação , o enterro e a tumba vazia.
Não existe a cena da ressurreição , ou a reunião com os discípulos. Algumas Bíblias mais modernas
contém um final mais convencional para o Evangelho de Marcos incluindo a ressurreição.
Mas praticamente todos os estudiosos da Bíblia concordam em que este final expandido é uma
adição posterior , datada do final do século II e anexada ao documento original. (Segundo o Codex
Vaticanus e o Codex Sinaiticus, o Evangelho de Marcos termina em 16,8).
Se o Evangelho de Marcos foi tão prontamente manuseado, é razoável assumir que os outros
Evangelhos foram tratados de forma similar.
De acordo com a tradição teria, a mãe de Jesus veio a morar no exílio, em Éfeso, onde o quarto
Evangelho teria surgido depois.
Não há qualquer indicação de que o "discípulo amado" tenha cuidado da mãe de Jesus durante todo
o resto da vida. Segundo o professor Schonfield , o quarto Evangelho provavelmente não foi
composto em Éfeso, mas somente retrabalhado, revisado e editado lá por um grego idoso, que
trabalhou segundo as próprias idéias. (Schonfield, Passover Plot, p. 119,134)
Se o discípulo amado não foi para Éfeso, o que aconteceu com ele? Se ele e Lázaro são a mesma
pessoa, esta pergunta pode ser respondida, pois a tradição é bastante explícita sobre o que
aconteceu com Lázaro. Segundo a tradição e segundo alguns escritores antigos da Igreja, Lázaro e
Madalena, Martha, José de Arimatéia e alguns outros, foram transportados por um navio até
Marselha (Sul da França).
(ref. De William de Malmesbury, The Antiquities of Glastonbury)
Lá, José teria se consagrado por São Felipe e enviado à Inglaterra, onde estabeleceria a Igreja de
Glastonbury. Lázaro e Madalena teriam permanecido na Gália.
A tradição afirma que Madalena morreu em Axien - Provence ou em Saint-Baume, e Lázaro em
Marselha, após haver fundado o primeiro Bispado.
Se Lázaro e o Discípulo amado forem a mesma pessoa, haverá uma explicação para o
desaparecimento conjunto de ambos.
Lázaro, parece Ter sido levado à Marselha juntamente com sua irmã - que, como afirma a tradição
posterior, carregou com ela o cálice sagrado, o sangue real.

A dinastia de Jesus

O Evangelho de Mateus afirma que Jesus era de sangue real, descendente de Salomão e Davi.
Ele poderia Ter a pretensão legítima ao trono da Palestina unida. Ele teria enfrentado a oposição que
enfrentou, precisamente em virtude de seu papel, o papel de um rei-sacerdote que poderia unificar o
seu país e o povo judeu, representando assim uma séria ameaça tanto a Herodes quanto à Roma.
Sugerir que Jesus tivesse tal pretensão é desafiar a imagem do "pobre carpinteiro de Nazaré".
Em primeiro lugar, existem dúvidas à respeito da cidade de Nazaré no tempo de Jesus.
Ela não aparece nos mapas romanos, documentos ou registros. Não é mencionada no Talmud nem
nos textos de Paulo. Nem mesmo o historiador Flavius Josephus - Que comandou tropas na Galiléia
e listou as cidades da província - mencionou Nazaré.
Em suma, parece que Nazaré não surgiu como cidade até algum tempo depois da revolta de 68-74
d.C., e que o nome de Jesus se tornou associado a ela em virtude da confusão semântica.
Sendo de Nazaré ou não, não há tampouco alguma indicação de que Jesus tenha sido um "pobre
carpinteiro". ( Vermes, Jesus the Jew, p. 21, menciona que nos provérbios do Talmud o nome
aramaico denotando carpinteiro ou artesão (naggar) significa homem culto ou intelectual)

8
Nenhum dos quatro Evangelhos o descreve como tal. Na verdade, as evidências nelas contidas
sugerem o contrário. Ele parece Ter sido bem educado. Parece Ter recebido treinamento para rabino
e Ter conversado tão freqüentemente com pessoas ricas e influentes quanto com os pobres.
Nicodemus, José de Arimathéia, o casamento de Canaã , sugere que Jesus e sua mãe eram
membros de uma casta.
Se Jesus era Rabino, era casado; se era casado, seria muito estranho que não pudesse Ter filhos.
Se Jesus era um aristocrata, e se ele foi casado com Madalena, é provável que ela fosse de
situação social comparável. E, realmente, parecia ser. Entre suas amigas, estava a esposa de um
importante oficial de Herodes.
Nos documentos do Monastério do Sinai, Jerusalém - a Cidade Santa e capital da Judéia - tinha sido
originariamente propriedade da tribo de Benjamim. Depois os benjamitas foram dizimados em uma
guerra com as outras tribos de Israel, e muitos deles partiram para o exílio, embora alguns tenham
permanecido. Um descendente desses remanescentes era Paulo, que afirma explicitamente ser um
benjamita ( Romanos 11:1)
De acordo com todas as narrativas do NT, Jesus era da linha de Davi e, portanto, da tribo de Judá.
Aos olhos dos benjamitas, que tiveram Saul deposto por Davi, isto pode tê-lo tornado um usurpador.
Esta objeção poderia ser neutralizada se este fosse casado com uma mulher benjamita. Tal
casamento teria constituído uma importante aliança dinástica, repleta de conseqüências políticas.
Ela não só teria fornecido a Israel um poderoso rei-sacerdote, como também teria desempenhado a
função simbólica de devolver a Jerusalém aos seus donos originais e legítimos. Tal homem teria sido
realmente o "rei dos judeus".
(trechos extraídos de Baigent, Leigh, e Lincoln, O Santo Graal e a Linhagem Sagrada)

A crucificação

Durante sua entrevista com Pilatos, Jesus é repetidamente chamado "rei dos judeus". Segundo o
professor S.G.F. Brandon, da Universidade de Manchester, a inscrição afixada na cruz, deve ser
considerada genuína - tanto quanto qualquer coisa no NT. Em primeiro lugar, ela figura, sem
nenhuma variação, nos quatro Evangelhos. Em segundo lugar, trata-se de um episódio muito
comprometedor, muito embaraçoso, para ser inventado.
No Evangelho de Marcos, Pilatos, após interrogar Jesus, pergunta aos seus dignitários reunidos
(Marcos 15:12) "Pois que quereis que eu faça ao "rei dos judeus"?. Isto indicaria que, pelo menos
alguns judeus se referiram a Jesus como um rei. Ao mesmo tempo, Pilatos confere este título a
Jesus em todos os quatro Evangelhos. Não há razão para supor que ele o faz de forma pejorativa ou
irônica. No quarto Evangelho, ele insiste nisso de forma bastante séria e reiterada, a despeito do
coro de protestos. Além disso, nos Evangelhos sinópticos, o próprio Jesus reconhece sua pretensão
ao título (Marcos 15:2) "E Pilatos lhe perguntou: "Tu é o rei dos judeus?" E ele lhe respondendo lhe
disse: "Tu o dizes". Na tradução, esta resposta soa de forma deliberada. No original grego, no
entanto, é interpretada como: "Tu falaste corretamente".
Os Evangelhos foram compostos para uma audiência greco-romana. Em conseqüência, era natural
colocar os judeus no papel de vilões. Jesus não poderia ser retratado como uma figura política e o
papel dos romanos no julgamento e execução de Jesus deveria ser limpada e apresentado de forma
mais simpática possível. Assim, Pilatos é descrito nos Evangelhos como um homem responsável e
tolerante, que reluta em consentir a crucificação.
Os Evangelhos informa que Jesus é inicialmente condenado pelo Sanhedrim (Sinédrio)- os
conselhos dos anciãos judeus - que então o leva até Pilatos e pede ao procurador que se anuncie
contra ele. Historicamente, isto não faz sentido. Nos três Evangelhos sinópticos, Jesus é preso e
condenado pelo Sanhedrim na noite do festival dos judeus, mas pela lei mosaica, este conselho era
proibido de se reunir durante o festival. (H. Cohn, Trial and Death of Jesus, p.97)
Nos Evangelhos, a prisão e o julgamento de Jesus ocorrem à noite, antes do conselho. Pela lei
judaica, o conselho é proibido de se reunir à noite, em casas particulares ou em qualquer outro lugar
fora dos recintos do Templo.
9
Nos Evangelhos, o conselho é aparentemente desautorizado a votar uma sentenças de morte - e
esta seria a razão para levar Jesus ante Pilatos. Contudo, o conselho era autorizado a votar
sentenças de morte - por apedrejamento, se não por crucificação. Desta forma, se o conselho
tivesse desejado dispor de Jesus, ele teria autoridade para sentencia-lo à morte por apedrejamento.
Não haveria necessidade de perturbar Pilatos.
De acordo com os Evangelhos de Marcos e Mateus, libertar um prisioneiro se a multidão assim o
quisesse , é fantasioso. Os Evangelhos dizem que era costume do "festival dos judeus".
(Brandon, Jesus and the Zealots, p.259., H.Cohn, Trial and Death of Jesus, p.166. e Winter, on the
Trial of Jesus, p. 94)

Nota: Haim Cohn é um ex-procurador geral de Israel, membro da Suprema Corte e professor de
História Jurídica.

Autoridades modernas concordam que tal política nunca existiu por parte dos romanos, e que a
oferta para libertar Jesus ou Barrabás, é uma ficção.
Nem todos os judeus eram inocentes. Mesmo que a administração romana temesse um rei-
sacerdote com pretensões ao trono, ela não teria condições de embarcar abertamente em atos de
provocação que poderiam precipitar uma rebelião em escala total..
Mas mesmo que seja este o caso, permanece o fato de que Jesus foi vítima de uma administração
romana, numa corte e sentença romana, com soldados e execução romana - uma execução, que na
forma, era reservada exclusivamente aos inimigos de Roma. Jesus não foi crucificado por crimes
contra o judaísmo, mas por crimes contra o Império.
(Brandon, Jesus and the Zealots, p. 328., diz que toda pesquisa sobre o Jesus histórico deve
começar pelo fato de sua execução pelos romanos por sedição. E que a tradição de considera-lo "rei
dos judeus" deve ser aceita como autêntica. Os antigos cristãos não teriam inventado tal título, em
vista de seu caráter embaraçoso.)
Nota: Observa-se que o judaísmo sempre cumpriu rigorosamente as leis mosaicas até os dias de
hoje. É compreensível que, com tantas contradições culturais, os judeus ainda não tenham
compreendido a missão de Jesus como Messias.

O SEGREDO QUE A IGREJA PROIBIU

Segundo os autores do best-sellers "O Santo Graal e a Linhagem Sagrada", Baigent, Leigh e
Lincoln, era conhecido deles o contraste de seu cenário com os ensinamentos cristãos estabelecidos
através dos séculos.
...Mas quanto mais pesquisávamos, mais claro se tornava que esses ensinamentos, na forma como
foram transmitidos através dos séculos, representam somente uma compilação altamente seletiva
de fragmentos, sujeitos a expurgos e revisão severos. O NT oferece um retrato de Jesus e de sua
época que reconcilia necessidades e interesses escusos, de alguns grupos e indivíduos que
exercem grande influência no assunto. E qualquer coisa que possa comprometer ou embaraçar
interesses como o Evangelho "secreto" de Marcos, por exemplo, têm sido devidamente extirpada.
Na verdade, tanto foi extirpada que foi criado um vazio.
Como atestam os Manuscritos do Mar Morto , os ensinamentos de Jesus também contém aspectos
importantes do pensamento essênio. Mas se a mensagem não era completamente original, o meio
de transmiti-la provavelmente era.
O cristianismo, na forma como evoluiu nos seus primeiros séculos e , finalmente nos chega até hoje,
é um produto dos "seguidores da mensagem" e não dos "seguidores da família e sua linhagem". O
caminho de sua disseminação e desenvolvimento tem sido amplamente percorrido por outros
estudiosos que não necessita muita atenção aqui. Basta dizer que já em Paulo, a mensagem
começou a assumir uma forma cristalizada e definitiva. Esta forma se tornou a base sobre a qual
todo o edifício teológico foi erigido. Na época em que os Evangelhos foram escritos, os dogmas
básicos da nova religião estavam praticamente completos.

10
A nova religião era basicamente orientada para uma audiência romana. Assim, o papel de Roma na
morte de Jesus foi, por necessidade, suprimido, e a culpa transferida para os judeus. Mas esta não
foi a única liberdade tomada em relação aos fatos, para torna-lo mais assimiláveis no mundo
romano. Pois o mundo romano estava acostumado a endeusar seus governantes, e César já havia
sido oficialmente estabelecido como um deus. Para competir, Jesus - a quem ninguém antes havia
considerado divino - tinha que ser endeusado também. Ele o foi pelas mãos de Paulo.
Foi aí que a idéia da ressurreição assumiu tal importância, por uma razão óbvia: colocar Jesus no
nível de Tammuz, Adônis, Attis, Osiris e todos os outros deuses que, morrendo e revivendo,
povoaram o mundo e a consciência de seu tempo.
Pela mesma razão, foi promulgada a doutrina do nascimento virgem. E o festival da Páscoa - festival
da morte e ressurreição - foi elaborado para coincidir com os rituais da primavera de outros cultos e
escolas de mistérios contemporâneos.
Assim, para levar adiante tal pretensão, todos os elementos dinásticos e políticos foram
rigorosamente expurgados da biografia de Jesus. Todas as referências aos zelotes, assim como aos
essênios, foram removidos.
Enquanto a "mensagem" evoluía desta maneira, a família e seus aliados não parecem Ter ficado
inertes. Julius Africanus, que escreveu no século III, narra que os membros sobreviventes da família
de Jesus, acusaram amargamente os governantes de Herodes de destruir as genealogias de judeus
nobres, removendo assim todas as evidências que pudessem desafiar sua pretensão ao trono. E
estes mesmos membros teriam "migrado pelo mundo", carregando consigo algumas genealogias
que escaparam da destruição de documentos ocorridas durante a revolta de 66-74 d.C. (Eisler,
Messiah Jesus, p. 606.)
Para os disseminadores do novo mito, a existência da família representava uma perigosa ameaça ao
mito e toda menção a uma família nobre ou real, a uma linhagem, a ambições políticas ou
dinásticas.
Daí a intolerância dos padres da Igreja dos primeiros séculos, em relação a qualquer desvio da
ortodoxia que desejavam impor. Daí também, talvez, uma das origens do anti-semitismo. De fato, ao
culpar os judeus e "aliviar" os romanos, os "seguidores da mensagem" e disseminadores do mito
teriam conseguido um duplo objetivo. Não só teriam tornado o mito e a mensagem digeríveis para
uma audiência romana como também teriam impugnado a credibilidade da família, uma vez que ela
era judia.
Todos esses elementos asseguraram o sucesso da disseminação do que se tornou a ortodoxia
cristã, que se consolidou no II século d.C., principalmente através de Irenaeus, bispo de Lyon, por
volta de 180 d.C., que se dedicou a dar uma forma estável e coerente à teologia cristã, em seu
volumoso trabalho " Libres Quinque Adversus Haereses" (Cinco Livros contra heresias) que
catalogou todos os desvios da ortodoxia e os condenou veementemente. Deplorando a diversidade,
ele sustentava que só podia existir uma Igreja válida, fora da qual não haveria salvação. Quem
desafiasse essa afirmação era considerado herético, devia ser expulso e, se possível, destruído.
Entre as diversas e numerosas formas de cristianismo inicial, o gnosticismo incorria na ira mais
injuriosa de Irenaeus. O Gnosticismo repousava na experiência pessoal, na união pessoal com o
divino. Para Irenaeus, isto minava a autoridade de padres e bispos, dificultando a imposição da
uniformidade. É o primeiro escritor cujo cânone do NT condiz essencialmente com o atual.
É razoável afirmar que Irenaeus calçou o caminho para o que ocorreu durante e imediatamente
depois do reino de Constantino, sob cuja égide o Império Romano se tornou, um Império cristão.
A tradição conta que Constantino teria tido uma visão reforçada mais tarde por um sonho profético -
de uma cruz luminosa pendurada no céu. Uma sentença estava supostamente inscrita na cruz - In
Hoc Signo Vinces (Por este sinal conquistarás). Constantino então, encomendou para suas tropas
escudos contendo o monograma cristão; as letras gregas Chi e Rho, as duas primeiras letras da
palavra Christos. Como resultado, a vitória de Constantino sobre seu rival Maxentius na ponte Múlvia
veio a representar um triunfo milagroso sobre o paganismo.

11
Com base nisso, a Igreja pensa que Constantino converteu o império romano ao cristianismo. Na
verdade, ele não fez isso. Para verificar o que ele fez, devemos examinar as evidências mais de
perto.
Em primeiro lugar, sua conversão não parece Ter sido cristã, mas descaradamente pagã. Ele parece
Ter tido algum tipo de visão, ou experiência divina, nos aposentos de um templo pagão a Apolo.
Segundo uma testemunha que acompanhava o exército de Constantino na época, a visão era o
deus sol, a deidade adoradas por alguns cultos sob o nome de "Sol Invictus", o invencível sol.
Ele não fez do cristianismo a religião oficial do Estado romano. Ele atuou como principal sacerdote,
do "Sol Invictus" e, nessa época, as moedas, faixas imperiais e em todo lugar, circulava o emblema
pagão.
Só em 337, foi convertido ao cristianismo e batizado, quando jazia em seu leito de morte. O
monograma de Chi Rho foi encontrado numa tumba em Pompéia, 250 anos antes.(ver Halsberghes,
The Cult of Sol Invictus. O autor explica que este culto foi levado a Roma no século III d.C., pelo
Imperador Elagabalus. Quando Aureliano introduziu sua reforma religiosa, esta era na realidade, o
restabelecimento do culto do Sol Invictus na forma que havia sido originalmente introduzido).
Esse culto, essencialmente monoteísta fez a ortodoxia cristã florescer sem ser molestada.
Constantino decretou também, em 321 d.C., o dia de repouso no Domingo, "dia venerável do sol e
os cristãos se adaptaram, o que ajudou a dissociação de sua origem judaica.
Além disso, o nascimento de Jesus fora celebrado até o século IV, no dia 6 de janeiro. Para o culto
do Sol Invictus, contudo, o dia crucial do ano era 25 de dezembro - o festival de Natalis Invictus, o
nascimento (ou renascimento) do sol, quando os dias começam a ficar mais longos. Novamente o
cristianismo se alinhou com o regime e a religião do Estado estabelecido.
O cristianismo também se alinhou ao Mithraísmo que celebrava seu nascimento em 25 de
dezembro. Enfatizava a imortalidade da alma, um julgamento futuro e a ressurreição dos mortos.
Constantino consolidou, em nome da unidade e uniformidade, a condição do cristianismo ortodoxo.
Em 325 d.C. convocou o Concílio de Nicea, onde foi estabelecido a Páscoa e decidiu por voto (218
pró e 2 contra), que Jesus era um deus.
Um ano após o Concílio de Nicea, Constantino mandou destruir o que desafiava a ortodoxia cristã, e
permitiu que fosse instalado o bispado de Roma no palácio Lateran. ( Só em 384 d.C., o bispo de
Roma se autodenominou "papa" pela primeira vez.)

Nota: Em 303 d.C., um quarto de século antes, o imperador pagão Diocleciano havia se empenhado
em destruir todos os escritos cristãos que pudessem ser encontrados. Como conseqüência , os
documentos cristãos - especialmente em Roma - haviam desaparecido.
Quando Constantino permitiu encomendar novas versões desses documentos, isto possibilitou que
os guardiães da ortodoxia revisassem, editassem e reescrevessem seu material como bem
entendessem, de acordo com suas próprias doutrinas.

O NT, como ele existe hoje, é essencialmente um produto dos editores e escritores do século IV -
guardiães da ortodoxia, "seguidores da mensagem", com interesses a proteger.
Quanto à família de Jesus, mesmo de seu exílio incógnito, as pretensões e a própria existência da
família teriam exercido um apelo poderoso que representaria uma ameaça à ortodoxia de Roma.
A ortodoxia de Roma repousa essencialmente nos livros do NT, mas ele em si, nada mais é do que
uma seleção de antigos documentos cristãos do século IV.
Inúmeros outros trabalhos antecederam o NT em sua forma atual, e alguns deles lançam nova luz,
freqüentemente controvertida, sobre os manuscritos aceitos.
Existem os vários livros excluídos da Bíblia que são conhecidos como "Apocrypha", datados dos
séculos anteriores e posteriores ao oficial, e podem Ter tanta pretensão à veracidade quanto os
Evangelhos originais.
Um destes trabalhos é o Evangelho de Pedro, cuja primeira cópia foi localizada em um vale do Alto
Egito em 1886, embora ele seja mencionado pelo bispo da Antióquia em 180 d.C. de acordo com
este Evangelho Apócrifo, José de Arimathéia era amigo íntimo de Pilatos, que a tumba onde foi
12
enterrado Jesus, situa-se em um local chamado "O Jardim de José". E as últimas palavras de Jesus
na cruz são particularmente chocantes: "Meu poder, meu poder, por que me desamparastes?"
(Evangelho de Pedro 5:5)
Um outro trabalho apócrifo interessante é o Evangelho sobre a Infância de Jesus (que data do
século II ou anterior).Jesus é retratado como uma criança brilhante e eminentemente humana e
temperamental. Um fragmento curioso e importante sobre sua infância, quando Jesus foi
circuncidado. Seu prepúcio foi dado a uma velha mulher não identificada, que o preservou em uma
"caixa de alabastro que Maria, a pecadora buscou e despejou o óleo sobre a cabeça e os pés de
Nosso Senhor Jesus Cristo".
Esta unção é equivalente a um importante ritual de iniciação. Mas nesse caso é evidente que a
unção havia sido prevista e preparada com muita antecedência. E o incidente como um todo implica
uma conexão - obscura e tortuosa - entre Madalena e a família de Jesus, muito antes de Jesus
embarcar em sua missão aos 30 anos de idade.
A família de Jesus não daria seu prepúcio a uma estranha, além de Ter sido preservado ao longo
dos anos para cair em mãos de Maria de Betânia (João 12:3), exceto, se ela fosse alguém não muito
menos importante e apta a uma iniciação.
Outro fato curioso é a omissão dos zelotes nos Evangelhos canônicos é a omissão dos zelotes,
militantes nacionalistas e revolucionários "lutadores pela liberdade", que seriam facilmente vistos
como vilões pelos romanos.
Como argumenta o professor Brandon "O silêncio dos Evangelhos sobre os zelotes (...) indica
obviamente uma relação entre Jesus e esses patriotas, que os Evangelistas preferirem não revelar".
Qualquer que tenha sido a associação de Jesus com os zelotes, não há dúvida de que ele foi
crucificado como sendo um deles.
Em uma famosa e estranha passagem, Jesus anuncia que veio "não para trazer a paz, mas a
espada". No Evangelho de Lucas (22:36), instrui seus seguidores que não possuem espada a
comprar uma; e após a refeição do festival judeu, ele mesmo averigua, aprovando, que eles estão
armados (Lucas 22:38). No quarto Evangelho, Jesus é um pacifista moderado.
Segundo autoridades modernas, Judas, o Iscariotes deriva de Judas, o Sicarii - e Sicarii e Lestai
eram sinônimos para zelotes ( Lestai foi denominado aos ladrões crucificados com Jesus e
Barrabás).
Na realidade, os sicarii parecem Ter sido uma elite dentro das fileiras dos zelotes, um grupo de
assassinos profissionais.
Na versão grega de Marcos, Simão é chamado " Kananaios", tradução grega da palavra aramaica
para zelote. Na Bíblia do rei James, a palavra é mal traduzida e Simão aparece como "Simão, o
canaanita". Mas o Evangelho de Lucas não deixa dúvidas. Simão é claramente identificado como
zelote, e até mesmo a Bíblia do rei James o introduz como "Simão zelotes".
Se a ausência - ou aparente ausência dos zelotes nos Evangelhos é surpreendente, a dos essênios
também o é. Na Terra Santa do tempo de Jesus, os essênios constituíam uma seita tão importante
quanto a dos fariseus e dos saduceus, e é inconcebível que Jesus não tenha tido contato com eles.
Segundo as narrativas, João Batista seria um essênio.
Os essênios, segundo cronistas da época, começaram a aparecer por toda Terra Santa, ao redor de
150 a.C. e usavam o VT que interpretavam mais como alegoria do que como verdade histórica
literal. Repudiavam o judaísmo convencional em favor de uma forma de dualismo gnóstico que
parece Ter incorporado elementos de adoração do sol e do pensamento pitagórico.
Praticavam curas e eram altamente considerados por sua habilidade com técnicas terapêuticas.
Eram ascetas rigorosos e facilmente distinguível pela sua vestimenta branca.
O Manuscritos do Mar Morto refletem sua teologia dualista. Dão grande ênfase à vinda do Messias
-"O Consagrado" - descendente da linha de Davi. (Allegro, Dead Sea Scroolls, p.167)
E aderem a um calendário especial segundo o qual o culto do festival judeu era celebrado na Quarta
e não na Sexta feira - o que coincide com o culto do festival no quarto Evangelho.

13
Em vários aspectos importantes, seus escritos coincidem, quase palavra por palavra, com alguns
ensinamentos de Jesus que, no mínimo, conhecia a comunidade de Qumrãn e colocou seus
próprios ensinamentos, pelo menos em parte, em concordância com a deles.
Embora os zelotes sejam tidos como agressivos, violentos, terroristas e os essênios, ao contrário,
pacifistas, gentis, na verdade, os zelotes incluíam numerosos essênios em suas fileiras, pois não
eram uma seita, mas uma facção política.
A associação entre os zelotes e os essênios é especialmente evidente nos escritos de Josephus,
que forneceram muitas das informações disponíveis sobre a Palestina da época.
José bem Mathias nasceu da nobreza judaica em 37d.C.Quando a revolta de 66 d.C. irrompeu, ele
foi nomeado governador da Galiléia, onde assumiu o comando das forças alinhadas contra os
romanos ele parece Ter-se revelado inapto como comandante militar, sendo prontamente capturado
pelo imperador romano Vespasiano. Traiu então sua causa, tornou-se cidadão romano, tomando o
nome de Flavius Josephus, divorciou-se de sua mulher, casou-se com uma rica herdeira romana e
aceitou ricos presentes do imperador romano - que incluíam um apartamento privado no palácio
imperial, bem como as terras confiscadas dos judeus na Terra Santa. Pouco antes de sua morte, em
100 d.C., suas copiosas crônicas do período começaram a aparecer.
Em "A guerra judia", Josephus oferece uma narrativa detalhada da revolta que ocorreu entre 66 d.C.
e 74 d.C. Os historiadores posteriores aprenderam muito com ele sobre aquela desastrosa
insurreição, o saque de Jerusalém e a destruição do templo. E o trabalho de Josephus também
contém a única narrativa da queda, em 74 d.C., da fortaleza de Masada, situada no canto sudoeste
do Mar Morto.
Assim como Montségur alguns 1200 anos mais tarde, Masada chegou a simbolizar tenacidade,
heroísmo e martírio na defesa de uma causa perdida. Assim como Montségur, ela continuou a
resistir ao invasor durante muito tempo, depois de cessarem virtualmente todas as outras
resistências organizadas.. enquanto o resto da Palestina caía sob o assalto romano, Masada
continuava invulnerável. Finalmente, em 74 d.C., a posição da fortaleza se tornou insustentável.
Depois de bombardeios com mecanismos pesados de cerco, os romanos instalaram uma rampa que
lhes possibilitou quebrar as defesas. Na noite de 15 de abril, prepararam um assalto geral.
Embora os arqueólogos da atualidade não concordem com alguns dos fatos narrados a
seguir e que se encontra neste documentário, no livro Teria sido Jesus Crucificado e o
Massacre de Masada, continuaremos a pesquisa do livro de Josephus, segundo a opinião de
Baigent, Leigh e Lincoln.
Na mesma noite os 960 homens, mulheres e crianças dentro da fortaleza cometeram suicídio em
massa. Na manhã seguinte, ao irromperem através do portão, os romanos só encontraram
cadáveres entre as chamas.
O próprio Josephus acompanhou as tropas romanas que adentraram Masada na manhã de 16 de
abril. Afirma Ter testemunhado pessoalmente a carnificina. E afirma Ter entrevistado três
sobreviventes do desastre - uma mulher e duas crianças que supostamente se esconderam nos
condutos sob a fortaleza, enquanto o restante das pessoas se matavam. Josephus relata que obteve
desses sobreviventes uma narrativa detalhada do que aconteceu na noite anterior . segundo essa
narrativa, o comandante da tropa era um homem chamado Eleazar - uma variação de Lázaro. E
parece Ter sido Eleazar quem, por sua eloquência persuasiva e carismática, levou os defensores à
sombria decisão. Em sua crônica Josephus repete as interessantes falas de Eleazar, como afirma
Ter ouvido dos sobreviventes. A história registra que Masada era defendida por militantes zelotes, e
o próprio Josephus usa as palavras zelote e sicarii alternativamente. Ainda assim, as falas de
Eleazar não são convencionalmente judaicas. Ao contrário, elas são sem dúvidas essênias,
gnósticas ou dualistas.
" Desde que o homem primitivo começou a pensar , as palavras dos nossos ancestrais e dos
deuses, apoiadas pelas ações e pelos espíritos de nossos antepassados, têm constantemente
impresso em nós que a vida, não há morte, é a calamidade para o homem. A morte libera nossas
almas e as deixa partir para seu próprio lar puro, onde desconhecem qualquer calamidade; mas
enquanto elas estão confinadas em corpo mortal e partilham de suas misérias, na verdade estão
14
mortas. Pois a associação do divino com o mortal é mais impura. Certamente, mesmo aprisionada
ao corpo, a alma pode fazer muito: faz do corpo seu próprio destino, movendo-o invisivelmente e
impelindo-o em suas ações além do que pode atingir a natureza mortal. Mas quando liberada do
peso que a arrasta à terra, é suspensa acima dele, a alma retorna a seu próprio lugar , e então em
verdade, partilha de um poder abençoado e de uma força verdadeiramente desacorrentada,
permanecendo tão invisível aos olhos humanos quanto aos olhos do próprio Deus. Nem mesmo
quando ela está no corpo pode ser vista; ela entra incógnita e parte desapercebida, possuindo ela
própria uma natureza indestrutível, mas causando mudança no corpo; pois o que quer que a alma
toque, revive, desabrochando, e que quer que ela deserte, fenece e morre, tal a super abundância
que ela tem de imortalidade."
E novamente:
São homens de verdadeira coragem aqueles que, considerando sua vida um tipo de serviço que
devemos à natureza, submetem-se sem relutância em liberar suas almas de seus corpos; e embora
nenhuma desgraça os pressione ou expulse, o desejo da vida imortal os impele a informar seus
amigos que eles partirão.
( Josephus, Jewish War,p.387.400))
nota: É de se admirar um discurso de tal lirismo e profundidade ser repetido por um dos
sobreviventes do suicídio coletivo. O máximo que podemos supor, é que Josephus, em sua fala, ele
próprio tenha sido envolvido com o comentário e deixado a poesia tomar conta do restante.
Não sendo este o caso, ele poderia Ter aproveitado o discurso de um típico essênio/gnóstico e
colocado aí, num gesto de admiração.
É extraordinário que nenhum, até onde sabemos, jamais tenha comentado estas fala, que levantam
uma série de perguntas provocantes. Por exemplo, o judaismo ortodoxo jamais fala de uma alma, e
menos ainda de sua natureza imortal e indestrutível. Na verdade, o próprio conceito de alma e de
imortalidade é estranho à corrente principal da tradição e do pensamento judaicos. Da mesma forma
o são a supremacia do espírito sobre a matéria, a união com Deus na morte e a condenação da vida
como má. Estas atitudes derivam, inequivocadamente, de uma tradição do ocultismo. São
flagrantemente gnósticas e dualistas. No contexto de Masada, são caracteristicamente essênias.
No quarto Evangelho, os discípulos desejavam se juntar a Lázaro na morte. É possível que os
defensores de Masada incluíssem alguns seguidores da linhagem de Jesus

OS ESCRITOS GNÓSTICOS

A revolta de 66- 74d.C. foi seguida de uma Segunda insurreição importante cerca de sessenta anos
depois, entre 132 e 135 d.C.. Como conseqüência desse novo distúrbio, todos os judeus foram
oficialmente expulsos de Jerusalém, que se tornou uma cidade romana
Os verdadeiros espíritos do judaismo e do cristianismo partiram da Terra Santa. A maioria da
população judia da Palestina, se dispersou num diáspora como aquela que havia ocorrido 700 anos
depois, quando Jerusalém caiu sob os babilônios.
Mesmo assim, as heresias começaram a florescer, a despeito dos esforços de Clemente de
Alexandria, Irenaeus e seus adeptos.
O conhecimento moderno sobre essas heresias deriva amplamente dos ataques de seus oponentes,
o que, é claro, distorce o quadro.
Em geral, Jesus parece Ter sido visto pelos primeiros hereges de duas formas diferentes: para
alguns, era um deus com poucos atributos humanos, se é que os possuía; para outros, era um
profeta normal, no fundo semelhante a, digamos, Buda - ou, um milênio depois, Maomé.
Entre os mais importantes hereges estava Valentino, nativo da Alexandria, que passou a última parte
de sua vida (136-165d.C.), em Roma. Extremamente influente em sua época, Valentino contava com
homens como Ptolomeu entre seus seguidores. Declarando que possuía um corpo de
"ensinamentos secretos" de Jesus, ele recusava-se submeter-se à autoridade romana, afirmando
que a gnose tinha procedência sobre qualquer hierarquia externa.

15
Outro alvo era Marcion, um rico magnata da navegação e bispo, que chegou a Roma ao redor de
140 d.C. e foi excomungado 4 anos depois.
O terceiro maior herege do período - e em muitos aspectos , mais intrigante - foi Basilides, um
intelectual de Alexandria que escreveu entre 120 e 130 d.C. Versado tanto em escrituras hebréias
quanto em Evangelhos cristãos, ele também mergulhava no pensamento egípcio e helenístico e,
segundo Irenaeus, promulgou a mais odiosa heresia. Basilides afirmou que a crucificação foi uma
farsa, que Jesus não morreu na cruz, e que um substituto - Simão de Cyrene - tomou seu lugar. Tal
afirmação pareceria estranha, mas ser revelou persistente e tenaz. Até o século VII o Alcorão
mantinha precisamente o mesmo argumento: um substituto, tradicionalmente Simão de Cyrene,
tomara o lugar de Jesus na cruz.
E o mesmo argumento foi levantado para a BBC de uma "prova incontestável de um padre sobre a
substituição.
O local onde os hereges estavam mais unidos, era o Egito; muitos deles para lá se dirigiram. Assim,
não é de se surpreender que o Egito recebeu os Manuscritos de Nag Hammadi onde foram
descobertos muitos Evangelhos gnósticos.
Nota: Neste site, os Manuscritos de Nag Hammadi.
Os Manuscritos de Nag Hammadi, são uma coleção de textos bíblicos, essencialmente gnósticos,
que datam, aparentemente, do final do século IV ou no inicio do século V, ou cerca de 400 d.C. . Os
manuscritos são cópias, e os originais a partir dos quais eles foram copiados datam de muito tempo
antes. Algum deles - o Evangelho de Tomé - por exemplo, o Evangelho da Verdade e dos Egípcios -
são mencionados pelos primeiros padres da Igreja, tais como Clemente de Alexandria, Irenaeus e
Origen.
Em primeiro lugar, eles são importante porque eles escapam à censura e revisão da ortodoxia
romana. Em segundo lugar, porque eles foram escritos para uma audiência egípcia, não tendo que
distorcer para os ouvidos romanos e, por que eles podem se basear em fontes de primeira mão.,
testemunhas oculares.
Como era de se esperar, os Manuscritos de Nag Hammadi contém muitas passagens antagônicas à
ortodoxia e aos "seguidores da mensagem". Em um documento, por exemplo, chamado segundo
tratado do grande Seth, Jesus é descrito precisamente como ele aparece na heresia de Basilides -
escapando à morte na cruz através de uma engenhosa substituição.
Alguns outros trabalhos da coleção Nag Hammadi testemunham uma rixa entre Pedro e Madalena
que poderia refletir um cisma entre os "seguidores da mensagem" e os "seguidores da linhagem".
No Evangelho de Maria, Pedro se dirige a Madalena como se segue:"Irmã, nós sabemos que o
Salvador te amou mais que as outras mulheres. Conte-nos as palavras do Salvador de que tu te
lembras - que tu conheces mas nós não." Indignado, Pedro pergunta aos outros discípulos:" Ele
realmente falou em particular para uma mulher e não abertamente para nós? Devemos nós todos
dar a volta e escuta-la? Ele a preferiu a nós?" Mais tarde, um dos discípulos responde a Pedro: "O
salvador certamente a conhece muito bem. Por isso ele a amou mais que a nós.
No Evangelho de Felipe, as razões para esta rixa, parecem óbvias.. existe, uma ênfase recorrente
na imagem de uma câmara nupcial. Segundo este Evangelho, "O senhor fez tudo misteriosamente,
uma crisma e um batismo e uma eucaristia e uma redenção ." Esta câmara , à primeira vista, poderia
ser simbólica e alegórica. Mas o Evangelho de Felipe é mais explícito: " Existem três que sempre
caminharam com o Senhor: Maria , sua mãe e sua irmã e Madalena, chamada sua companheira."
Segundo um pesquisador, a palavra "companheira" deve ser traduzida por esposa. Certamente,
existem razões para faze-lo, pois o Evangelho de Felipe se torna mais explícito:
E a companheira do Salvador, é Maria Madalena. Mas Cristo a amava mais que a todos os seus
discípulos e a beijava na boca freqüentemente. O restante dos discípulos ficavam ofendidos com
isso e expressavam sua desaprovação. Eles lhe disseram:" Por que mais do que a todos nós?" O
Salvador respondeu e lhes disse: " Por que eu não te amo como a ela?" ( O Evangelho de Maria, O
Evangelho de Felipe , em Nag Hammadi Library in English, p.472, 140,138;)
Muitas evidências foram apresentadas pelo Monastério do Sinai, através de seus documentos e
representantes. Mas sabemos que Sinai possuem alguma prova de que Jesus foi casado e tivera
16
filhos e que deixaram a Terra Santa na época de sua suposta morte. Encontraram refúgio no Sul da
França e lá preservaram sua linhagem em uma comunidade judaica. Durante o século V esta
linhagem parece Ter se misturado, via casamento, com a linhagem real dos francos, engendrando
assim a dinastia merovíngia. Em 496d.C., a Igreja fez um pacto com essa dinastia, ligando-se
perpetuamente à linhagem merovíngia - presumivelmente conhecendo a verdadeira identidade
daquela estirpe. Isto explicaria a oferta recebida por Clóvis de se tornar imperador do Sacro Império
Romano, o "novo Constantino", e seria a razão pela qual ele não foi feito rei, mas reconhecido como
tal.
Ao corroborar o assassinato de Dagobert, e depois trair a linhagem merovíngia, a Igreja se tornou
culpada de um crime que não podia ser racionalizado ou expurgado. Ele teria que ser suprimido,
pois a descoberta da real identidade dos merovíngios não fortaleceria a posição de Roma diante de
seus inimigos.
A despeito de todos os esforços para erradica-la, a linhagem merovíngia - sobreviveu, em parte,
através dos carolíngios, que se sentiam mais culpados do que Roma pela usurpação e procuraram
se legitimar através de alianças dinásticas com princesas merovíngias. Mas o mais importante é que
a linhagem sobrevivei através do filho de Dagobert, Sigisbert, cujos descendentes incluíram Guillem
de Gellone, governante do reino judeu de Septimania e, finalmente, de Godfroi de Bouillon. Com a
captura da Jerusalém em 1099 por Godfroi, a linhagem de Jesus teria recapturado sua herança de
direito, a ela conferida nos tempos do VT.
...Se nossa hipótese estiver correta, o cálice sagrado representava simultaneamente duas coisas:
por um lado teria sido a linhagem sangüínea e os descendentes de Jesus - o "sang raal" ou "sangue
real", do qual os templários foram nomeados guardiães. Ao mesmo tempo, o cálice teria sido o
receptáculo que recebeu e conteve o sangue de Jesus. A partir disso, teria surgido o culto a
Madalena, na forma como foi promulgado na Idade Média, e ele teria sido confundido com o culto à
Virgem. Pode-se provar que muitas famosas Virgens Negras ( incluindo Nossa Senhora da
Aparecida, no Brasil, estátua negra e padroeira do País, descoberto pelos Europeus na Idade Média)
ou Madonas Negras, do início da era cristã, eram ícones de Madalena e não da Virgem - e eles
retratam uma mãe com o filho.
Em 70 d.C., durante a grande revolta na Judea, as legiões romanas de Tito saquearam o Templo de
Jerusalém. O tesouro pilhado do Templo teria ido parar finalmente nos Pirineus e o representante do
Monastério do Sinai, afirmou que esse tesouro se encontrava nas mãos dessa sociedade secreta.
Mas o templo de Jerusalém pode Ter contido mais do que o tesouro pilhado pelos centuriões de
Titus. Religião e política eram inseparáveis no antigo judaísmo. O Messias devia ser um rei-
sacerdote, cuja autoridade compreendia os domínios espiritual e secular. Assim, é possível que o
Templo abrigasse registros oficiais sobre a linhagem real de Israel. Se Jesus era realmente o rei dos
judeus,, o Templo. Certamente conteria informações copiosas relacionadas a ele. Poderia mesmo
conter seu corpo, ou pelo menos o seu túmulo, uma vez que o seu corpo teria sido removido da
tumba temporária dos evangelhos.
Qualquer sacerdote que estivesse ali, naquele momento no Templo, deixaria para eles o ouro, as
jóias, o tesouro material que eles esperavam encontrar e esconderia, sob o Templo, os itens de
maior importância, relacionados ao legítimo rei de Israel, o Messias e sua família real.
Por volta de 1100, os descendentes de Jesus teriam atingido proeminência na Europa e, através de
Godfroi de Bouillon, na Palestina também. Conheciam sua própria genealogia e seus ancestrais mas
não podiam, ou não queriam, prova-los ao mundo. Se fosse conhecido que essa prova existia, ou
talvez existisse, no interior do Templo, todos os esforços teriam sido empreendidos no sentido de
encontra-la. Isto poderia explicar o papel dos templários - que sob a proteção do mistério, realizaram
escavações sob o Templo, nos chamados Estábulos de Salomão. A partir das evidências que
examinamos, restam poucas dúvidas de que os templários foram de fato enviados à Terra Santa
com o objetivo expresso de encontrar ou obter alguma coisa, tendo cumprido a missão. Eles
parecem Ter encontrado e trazido para a Europa o que deviam procurar. O que aconteceu com o
que encontraram, permanece um mistério. Mas parece que sob os auspícios de Bertrand de
Blanchefort, quarto grão-mestre da Ordem do Templo, alguma coisa foi escondida nas vizinhanças
17
de Rennes le Chatêau. Um contingente de mineiros germânicos foi importado, sob um forte
esquema de segurança, para escavar e construir um local para oculta-la. Pode-se apenas especular
sobre o que foi essa coisa. Pode Ter sido o corpo mumificado de Jesus. Pode Ter sido o equivalente
da certidão de casamento de Jesus, e/ou as certidões de nascimentos de seus filhos. Pode Ter sido
alguma coisa de importância explosiva. Um ou todos esses itens pode se relacionar ao cálice
sagrado, e que podem Ter passado, por acidente ou não, para as mãos dos Cátaros e constituído
parte do misterioso tesouro de Montségur.
Por circunstâncias desconhecidas, os merovíngios não conseguiram restabelecer, ao longo dos
séculos , sua supremacia. No século XVI a casa Guise quase conseguiu o trono francês, no século
XVII, a Fronda quase conseguiu manter Luís XIV fora do trono, suplantado por um representante da
casa Lorraine. No final do século XIX, esquemas foram elaborados para um tipo de Santa Aliança,
que teria unificado a Europa Católica - Áustria, França, Itália e Espanha - sob os Habsburgo. Estes
planos foram desviados pelo comportamento agressivo da Alemanha e da Rússia, que provocou
uma mudança constante de alianças entre os principais poderes e, finalmente, precipitou uma guerra
que desestabilizou todas as dinastias continentais.
Foi no século XVIII que a linhagem merovíngia chegou mais perto da realização de suas metas. Em
virtude de suas ligações, via casamento com os Habsburgo, a casa Lorraine havia conseguido o
trono da Áustria, o Sacro Império Romano. Quando Maria Antonieta, filha de François de Lorraine,
se tornou rainha da França, o trono da França também ficou à distância de apenas uma geração. Se
não houvesse a Revolução Francesa, a casa Habsburgo - Lorraine poderia, pelos idos de 1800, Ter
feito seu caminho na direção de estabelecer domínio sobre toda a Europa.
Parece claro que a Revolução Francesa foi um devastador banho de água fria nas esperanças e
aspirações merovíngias. Os planos, cuidadosamente elaborados e implementados durante um
século e meio (observa que Maria Leopoldina, arquiduquesa da Áustria era sobrinha de Maria
Antonieta e Napoleão também foi casado com uma da mesma linhagem), foram subitamente
reduzidos a cinzas em um único cataclisma. Referências contidas nos Documentos do Monastério
mostram que, durante a turbulência da Revolução, Sinai perdeu muitos de seus preciosos registros e
possivelmente outras informações também. Isso pode explicar a mudança de posição de grão-
mestre da ordem, em direção a personagens culturais franceses que, como Nodier, tinham acesso a
material de outras formas inacessível. Também pode explicar o papel de Sauniere. Às vésperas da
revolução, seu predecessor, Antoine Bigou, havia ocultado, e possivelmente escrito, os pergaminhos
codificados, partindo então para a Espanha, onde morreu logo depois. Assim, é possível que Sinai,
pelo menos durante algum tempo, não soubesse precisamente onde estavam os pergaminhos.
Mesmo que soubesse da sua localização na Igreja de Rennes le Chatêau, não poderiam obtê-los
sem a ajuda de um padre simpatizante no local, um homem que agisse seguindo ordens, refreasse
perguntas embaraçosas. Mantivesse silêncio e não interferisse nos interesses e atividades da
ordem. Se os pergaminhos se referissem a alguma outra coisa - algo escondido nas vizinhanças de
Rennes le Chatêau - tal homem seria ainda mais essencial.
Sauniere morreu sem revelar seu segredo, assim como a governanta , Marie Dernanaud. Durante os
anos que se seguiram houve muitas escavações nos arredores de Rennes le Chatêau, mas
nenhuma delas produziu alguma coisa. Se informações explosivas tivessem sido ocultadas nos
arredores, elas teriam sido removidas quando a história de Sauniere começou a atrair a atenção de
caçadores de tesouro e a mídia (a cidade passou a ser ponto turístico e Spilberg fez um filme de
Indiana Jones sobre o cálice sagrado) à menos que essas informações tivessem sido ocultadas em
algum depósito imune a caçadores de tesouros, em uma cripta subterrânea ou sob um lago artificial
em propriedade privada. De fato, existe um lago artificial próximo de Rennes , nas proximidades de
um local chamado Lavaldieu ( O vale de Deus)

18
A HISTÓRIA DOS EVANGELHOS

A PALESTINA NOS TEMPOS DE JESUS

No primeiro século a Palestina foi varrida por desavenças dinásticas , conflitos destruidores
e , ocasionalmente, guerras.
No segundo século a.C. , um reino judaico mais ou menos unificado foi estabelecido
transitoriamente , segundo os dois livros apócrifos dos Macabeus. Por volta de 63 a.C. , contudo , a
terra estava novamente em turbulência , madura para a conquista.
Mais de um quarto de século antes do nascimento de Jesus a Palestina caiu sob o exército de
Pompeu , e a lei romana foi imposta. Mas Roma, na época, muito extensa e muito preocupada com
seus próprios problemas , não estava em condições de ali instalar o aparelho administrativo
necessário para um governo direto.
Assim, ele criou uma linha de reis marionetes - a dos herodianos - para governar sob seu
controle. Não eram judeus, mas árabes. Heródes Antipater (63 a 37 a.C.); Heródes, o grande (37 a 4
a.C.); Heródes Antipas.
O povo do país podia manter sua própria religião e costumes. Mas a autoridade final era
Roma e reforçada pelo exército romano. No ano 6 d.C. , o país foi dividido em duas províncias,
Judéia e Galiléia. Heródes Antipas tornou-se o rei da Galiléia. Mas Judéia - a capital espiritual e
secular -ficou sujeita a norma romana direta , administrada por um procurador romano baseado em
Cesarea. O regime era brutal e autocrático. Ao assumir o controle direto da Judéia, mais de dois mil
rebeldes foram crucificados. O templo foi saqueado e destruído. Impostos pesados foram criados.
Este estado de coisas foi melhorado por Poncio Pilatos, procurador da Judéia de 26 d.C. até
36 d. C. Os registros existentes indicam que Pilatos era um homem corrupto e cruel, e não só
perpetuou, mas intensificou os abusos de seu predecessor. Pelo menos, à primeira vista, é
surpreendente que os Evangelhos não contenham críticas a Roma , nem menções ao jugo romano.
Os judeus da Terra Santa , podiam ser divididos em várias seitas e subseitas. Havia, por
exemplo, os Saduceus, uma classe de pequenos mas abastados proprietários que, para desprazer
de seus compatriotas colaboravam de forma insidiosa com os romanos.
Havia os Fariseus , um grupo progressista que introduziu muitas reformas no judaísmo e que ,
apesar de seu retrato nos Evangelhos, se colocava em uma posição teimosa , embora passiva, a
Roma. Havia os Essênios , uma seita austera, misticamente orientada cujos ensinamentos eram
mais prevalentes e influentes do que é geralmente admitido ou suposto.
Entre as seitas e subseitas menores havia os Nazoritas dos quais Sansão , séculos antes
tinha sido membro; os Nazorianos ou Nazarenos , um termo que parece Ter sido aplicado a Jesus e
seus seguidores, realmente , a versão original grega do NT se refere a "Jesus, o Nazareno" ,
expressão mal traduzida como " Jesus de Nazaré".
Em 6 d.C. , quando Roma assumiu o controle direto da Judéia , um fariseu rabino conhecido
como Judas da Galiléia tinha criado um grupo revolucionário altamente militante, conhecido como
Zelote e composto, parece, de fasiseus e essênios. Os zelotes não eram propriamente uma seita.
Eram um movimento com afiliados de várias seitas.
Muito tempo depois da crucificação, as atividades dos zelotes continuaram inalteradas. Por
volta de 44 d.C. elas aumentaram. Em 66d.C. a luta irrompeu, toda a Judéia se levantando em
revolta organizada contra Roma. Vinte mil judeus foram massacrados pelos romanos só em
Cesarea.
19
Em quatro anos as legiões romanas ocuparam Jerusalém, arrasando a cidade, saqueando e
destruindo templo. Entretanto a Fortaleza montanhosa de Masada resistiu por mais três anos,
comandada por um descendente de Judas da Galiléia. Depois da revolta houve um êxodo de judeus
da Terra Santa.
Entretanto, um numero suficiente permaneceu para fomentar outra rebelião cerca de 60 anos
mais tarde, em 132 d.C. Finalmente , em 135 d.C. o imperador Hadrians decretou que todos os
judeus deviam ser expulsos da Judéia por lei, e Jerusalém tornou -se uma cidade essencialmente
Romana, sendo rebatizada com o nome de Aelia Capitolina.
A vida de Jesus se passou nos primeiros 35 anos de um turbilhão e se estendeu por 140
anos. Gerou expectativas inevitáveis ao povo judeu e uma delas era a esperança de um Messias
que libertasse o seu povo do Jugo romano.
Para os contemporâneos de Jesus, nenhum Messias seria jamais considerado divino. Na
realidade a própria idéia de um Messias seria extravagante. A palavra grega para Messias é Christ
ou Christos. O termo - em hebreu ou grego - significa "abençoado" e se refere geralmente a um rei.
E quando Davi foi abençoado rei no Velho testamento , ele se tornou um Messias ou um
Christ. E todos os reis judeus subsequentes , da casa de Davi, eram conhecidos pelo mesmo nome.
Mesmo durante a ocupação romana da Judéia , o alto traço sacerdote nomeado por Roma era
conhecido como sacerdote, Messias ou rei-sacerdote.
(Maccoby, Revolution in Judaea, p.99)
Todavia , para os Zelotes e para outros oponentes de Roma, este sacerdote marionete era ,
necessariamente, um falso Messias. Para eles , o verdadeiro Messias significava algo muito
diferente - o legítimo rei perdido , o descendente desconhecido da casa de Davi , que libertaria seu
povo da tirania romana.
Durante a vida de Jesus essa espera era enorme e continuou após sua morte. Realmente, a
revolta de Masada em 66 d.C. foi instigada pela propaganda feita pelos Zelotes em nome de um
Messias , cujo advento seria iminente.
O termo Messias significava "um rei abençoado" e , na mentalidade popular , veio a significar
também libertador.
Em um termo de conotação política , algo bem diferente da idéia cristã posterior de um "filho
de Deus". Esse termo, essencialmente mundano, foi usado para Jesus , chamado "O Messias" ou -
traduzido para o grego - "Jesus , o Cristo" e mais tarde "Jesus Cristo" que se distorceu para o nome
próprio.
A HISTÓRIA DOS EVANGELHOS
O massacre de Masada extinguiu as aspirações de liberdade do povo judeu. Então essas
aspirações foram perpetuadas pelos Evangelhos sob forma religiosa.
Os estudiosos modernos são unânimes em dizer que os Evangelhos datam , em sua maior
parte , do período entre as duas principais revoltas na Judéia - 66 a 74 d.C. e 132 a 135 d.C. - sendo
baseadas em narrativas anteriores e tradições orais.
Algumas exageradas, recebidas de segundas, terceiras e quartas mãos. Outras, contudo ,
podem Ter derivado de pessoas que viveram na época de Jesus e podem tê-lo conhecido
pessoalmente. Um homem que fosse jovem no tempo da crucificação pode Ter vivido também na
época em que os Evangelhos foram escritos.
OS EVANGELHOS
MARCOS (66 A 74 D.C.) - ATÉ O CAPÍTULO 16:4
Parece Ter vindo de Jerusalém e companheiro de Paulo. Se Marcos quisesse que seu
Evangelho sobrevivesse , não podia apresentar Jesus como um anti-romano e teria que aliviar os
romanos de toda culpa pela morte de Jesus. Esse artifício foi adaptado não somente pelos autores
dos outros Evangelhos, mas também pela antiga igreja cristã. Sem tal artifício, nem os Evangelhos ,
nem a igreja teriam sobrevivido.
LUCAS (+/- 80 D.C.)
Médico grego que compôs seu trabalho para um oficial romano de alto escalão em Cesarea ,
a capital romana da Palestina.
20
MATEUS (+/- 85 D.C)
Deriva diretamente do de Marcos, embora este tenha sido composto originalmente em grego
e reflita características especificamente gregas. O autor parece Ter sido um judeu, possivelmente
refugiado da Palestina. Não deve ser confundido com o discípulo Mateus.
Os Evangelhos de Marcos, Lucas e Mateus são conhecidos como "Sinópticos" significando
que eles vêem "olho no olho" - o que, é claro, não fazem.
JOÃO (+/- 100 D.C)
Composto nas vizinhanças de Éfeso , na Turquia - por um homem chamado João. É
geralmente aceita como uma tradução posterior. Não há nele , a cena de natal , nenhuma descrição
do nascimento de Jesus, e a introdução é quase gnóstica. O texto é decididamente de natureza mais
mística e o conteúdo também difere.
Contém episódios que não figuram nos outros evangelhos : o casamento de Canaâ,
Nicodemus , José de Arimatéia, Cura de Lázaro (embora esse último tenha sido incluído no
Evangelho de Marcos). Com base em tais fatores , estudiosos modernos tem sugerido que o
Evangelho de João , a despeito de sua composição tardia , pode ser o mais fidedigno e
historicamente acurado dos quatro. Mais do que os outros, ele parece originar-se de traduções
correntes entre contemporâneos de Jesus, bem como de outros materiais inacessíveis a Marco,
Lucas, Mateus.
Um estudioso moderno observa que o texto reflete um conhecimento topográfico
aparentemente de primeira mão da Jerusalém de antes da revolta de 66 d.C. o mesmo autor conclui:
Por trás do quarto Evangelho existe uma velha tradição independente dos outros Evangelhos.
(Brandon, Jesus and Zealots, p.16)
Embora tenha sofrido adulterações, era o mais fidedigno dos quatro.
Seria Jesus casado?
Segundo o costume judaico da época, não era só usual, mas quase obrigatório que um
homem fosse casado. Com exceção de certos essênios de algumas comunidades, o celibato era
vigorosamente condenado. Se Jesus fosse celibatário, certamente haveria uma forte reação e teria
deixado algum traço.
A falta de comentários sobre o casamento de Jesus nos Evangelhos é um forte argumento,
não contra, mas a favor da hipótese de casamento, porque qualquer prática ou defesa do celibato
voluntário, no contexto judeu da época, teria sido tão estranha que teria atraído muita atenção e
comentários.
A hipótese de casamento é reforçada pelo título de Rabino e a lei judia é explícita; " Um
homem não casado não pode ser professor".
As bodas de Canaã sugere que o casamento tenha sido a do próprio Jesus.
É de se estranhar o fato de Jesus e sua mãe estarem lá; ele ainda não havia iniciado seu
ministério; e Maria lhe ordena que reponha o vinho. Comporta-se como se fosse a anfitriã (João 2:3-
4)
"e faltando o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: eles não têm vinho. E Jesus respondeu: Mulher
que importa isso a mim e a vós? Ainda não é chegada a minha hora. Mas Maria, completamente à
vontade ignora o protesto do filho (João 2:5). Disse a mãe de Jesus aos que serviam: fazei tudo o
que eles vos disser. E os servos prontamente obedeceram, como se estivessem acostumados a
receber ordens de Maria e de Jesus."
No que concerne aos Evangelhos , ele ainda não tinha ainda demonstrado seus poderes; e
não havia razão para que Maria assumisse que ele os possuía. Mas mesmo que houvesse, porque
deveriam tais dons , singulares e sagrados , serem empregados com um propósito tão banal?
Por que deveria Maria fazer tal pedido à seu filho? Por que deveriam dois convidados a um
casamento tomar sobre si a responsabilidade de servir; uma responsabilidade que , por costume ,
seria reservada ao anfitrião? A menos, é claro, que o casamento em Canaâ fosse o próprio
casamento de Jesus. Nesse caso seria responsabilidade sua servir o vinho.
Outra evidência está em João 2:9-10 "O que governava a mesa chamou o noivo e disse-lhe:
todo homem põe primeiro o bom vinho: e quando os convidados já os têm bebido bem, então lhes
21
apresenta o inferior. Tu , ao contrário, tiveste o bom vinho guardado até agora". Uma conclusão
óbvia é que Jesus e o noivo são a mesma pessoa

O CONCÍLIO DE NICÉIA

325 D.C – É realizado o Concílio de Nicéia, atual cidade de Iznik, província de Anatólia ( nome que
se costuma dar à antiga Ásia Menor ), na Turquia asiática. A Turquia é um país euro-asiático,
constituído por uma pequena parte européia, a Trácia, e uma grande parte asiática, a Anatólia. Este
foi o primeiro Concílio Ecumênico da Igreja, convocado pelo Imperador Flavius Valerius Constantinus
( 285 - 337 d.C ), filho de Constâncio I. Quando seu pai morreu em 306, Constantino passou a
exercer autoridade suprema na Bretanha, Gália ( atual França ) e Espanha. Aos poucos, foi
assumindo o controle de todo o Império Romano.
Desde Lúcio Domício Aureliano ( 270 - 275 d.C ), os Imperadores tinham abandonado a unidade
religiosa, com a renúncia de Aureliano a seus "direitos divinos", em 274. Porém, Constantino,
estadista sagaz que era, inverteu a política vigente, passando, da perseguição aos cristãos, à
promoção do Cristianismo, vislumbrando a oportunidade de relançar, através da Igreja, a unidade
religiosa do seu Império. Contudo, durante todo o seu regime, não abriu mão de sua condição de
sumo-sacerdote do culto pagão ao "Sol Invictus". Tinha um conhecimento rudimentar da doutrina
cristã e suas intervenções em matéria religiosa visavam, a princípio, fortalecer a monarquia do seu
governo.
Na verdade, Constantino observara a coragem e determinação dos mártires cristãos durante as
perseguições promovidas por Diocleciano, em 303. Sabia que, embora ainda fossem minoritários
( 10% da população do império ), os cristãos se concentravam nos grandes centros urbanos,
principalmente em território inimigo. Foi uma jogada de mestre, do ponto de vista estratégico, fazer
do Cristianismo a Religião Oficial do Império : Tomando os cristãos sob sua proteção, estabelecia a
divisão no campo adversário. Em 325, já como soberano único, convocou mais de 300 bispos ao
Concílio de Nicéia. Constantino visava dotar a Igreja de uma doutrina padrão, pois as divisões,
dentro da nova religião que nascia, ameaçavam sua autoridade e domínio. Era necessário, portanto,
um Concílio para dar nova estrutura aos seus poderes.
E o momento decisivo sobre a doutrina da Trindade ocorreu nesse Concílio. Trezentos Bispos se
reúnem para decidir se Cristo era um ser criado ( doutrina de Arius ) ou não criado, e sim igual e
eterno como Deus Seu Pai ( doutrina de Atanásio ). A igreja acabou rejeitando a idéia ariana de que
Jesus era a primeira e mais nobre criatura de Deus, e afirmou que Ele era da mesma "substância"
ou "essência" ( isto é, a mesma entidade existente ) do Pai. Assim, segundo a conclusão desse
Concílio, há somente um Deus, não dois; a distância entre Pai e Filho está dentro da unidade divina,
e o Filho é Deus no mesmo sentido em que o Pai o é. Dizendo que o Filho e o Pai são "de uma
substância", e que o Filho é "gerado" ("único gerado, ou unigênito", João 1. 14,18; 3. 16,18, e notas
ao texto da NVI), mas "não feito", o Credo Niceno, estabelece a Divindade do homem da Galiléia,
embora essa conclusão não tenha sido unânime. Os Bispos que discordaram, foram simplesmente
perseguidos e exilados.
Com a subida da Igreja ao poder, discussões doutrinárias passaram a ser tratadas como questões
de Estado. E na controvérsia ariana, colocava-se um obstáculo grande à realização da idéia de
Constantino de um Império universal que deveria ser alcançado com a uniformidade da adoração
divina.
O Concílio foi aberto formalmente a 20 de maio, na estrutura central do palácio imperial, ocupando-
se com discussões preparatórias na questão ariana, em que Arius, com alguns seguidores, em
especial Eusébio, de Nicomédia ; Teógnis, de Nice, e Maris, de Chalcedon, parecem ter sido os
principais líderes. Como era costume, os bispos orientais estavam em maioria. Na primeira linha
de influência hierárquica estavam três arcebispos : Alexandre, de Alexandria ; Eustáquio, de
Antioquia e Macário, de Jerusalém, bem como Eusébio, de Nicomédia e Eusébio, de Cesaréia. Entre
os bispos encontravam-se Stratofilus, bispo de Pitiunt ( Bichvinta, reino de Egrisi ). O ocidente
enviou não mais de cinco representantes na proporção relativa das províncias : Marcus, da
22
Calabria ( Itália ) ; Cecilian, de Cartago ( África ) ; Hosius, de Córdova ( Espanha ) ; Nicasius, de
Dijon ( França ) e Domnus, de Stridon ( Província do Danúbio ). Apenas 318 bispos compareceram,
o que equivalia a apenas uns 18% de todos os bispos do Império. Dos 318, poucos eram da
parte ocidental do domínio de Constantino, tornando a votação, no mínimo, tendenciosa. Assim,
tendo os bispos orientais como maioria e a seu favor, Constantino aprovaria com facilidade, tudo
aquilo que fosse do seu interesse.

As sessões regulares, no entanto, começaram somente com a chegada do Imperador. Após


Constantino ter explicitamente ordenado o curso das negociações, ele confiou o controle dos
procedimentos a uma comissão designada por ele mesmo, consistindo provavelmente nos
participantes mais proeminentes desse corpo. O Imperador manipulou, pressionou e ameaçou os
partícipes do Concílio para garantir que votariam no que ele acreditava, e não em algum consenso a
que os bispos chegassem. Dois dos bispos que votaram a favor de Arius foram exilados e os
escritos de Arius foram destruídos. Constantino decretou que qualquer um que fosse apanhado com
documentos arianistas estaria sujeito à pena de morte.
Mas a decisão da Assembléia não foi unânime, e a influência do imperador era claramente
evidente quando diversos bispos de Egito foram expulsos devido à sua oposição ao credo.
Na realidade, as decisões de Nicéia foram fruto de uma minoria. Foram mal entendidas e até
rejeitadas por muitos que não eram partidários de Ário. Posteriormente, 90 bispos elaboraram outro
credo ( O "Credo da Dedicação" ) em, 341, para substituir o de Nicéia. (...) E em 357, um Concílio
em Smirna adotou um credo autenticamente ariano.
Portanto, as orientações de Constantino nessa etapa foram decisivas para que que o Concílio
promulgasse o credo de Nicéia, ou a Divindade de Cristo, em 19 de Junho de 325. E com isso,
veio a conseqüente instituição da Santíssima Trindade e a mais discutida, ainda, a instituição do
Espírito Santo, o que redundou em interpolações e cortes de textos sagrados, para se adaptar a
Bíblia às decisões do conturbado Concílio e outros, como o de Constantinopla, em 38l, cujo objetivo
foi confirmar as decisões daquele.
A concepção da Trindade, tão obscura, tão incompreensível, oferecia grande vantagem às
pretensões da Igreja. Permitia-lhe fazer de Jesus Cristo um Deus. Conferia a Jesus, que ela chama
seu fundador, um prestígio, uma autoridade, cujo esplendor recaia sobre a própria Igreja católica
e assegurava o seu poder, exatamente como foi planejado por Constantino. Essa estratégia
revela o segredo da adoção trinitária pelo concílio de Nicéia.
Os teólogos justificaram essa doutrina estranha da divinização de Jesus, colocando no Credo a
seguinte expressão sobre Jesus Cristo : “Gerado, não criado”. Mas, se foi gerado, Cristo não existia
antes de ser gerado pelo Pai. Logo, Ele não é Deus, pois Deus é eterno ! Espelhando bem os novos
tempos, o Credo de Nicéia não fez qualquer referência aos ensinamentos de Jesus. Faltou nele um
"Creio em seus ensinamentos", talvez porque já não interessassem tanto a uma religião agora sócia
do poder Imperial Romano.
Mesmo com a adoção do Credo de Nicéia, os problemas continuaram e, em poucos anos, a facção
arianista começou a recuperar o controle. Tornaram-se tão poderosos que Constantino os reabilitou
e denunciou o grupo de Atanásio. Arius e os bispos que o apoiavam voltaram do exílio. Agora,
Atanásio é que foi banido. Quando Constantino morreu ( depois de ser batizado por um bispo
arianista ), seu filho restaurou a filosofia arianista e seus bispos e condenou o grupo de Atanásio.
Nos anos seguintes, a disputa política continuou, até que os arianistas abusaram de seu poder e
foram derrubados. A controvérsia político/religiosa causou violência e morte generalizadas. Em 381
d.C, o imperador Teodósio ( um trinitarista ) convocou um concílio em Constantinopla. Apenas bispos
trinitários foram convidados a participar. Cento e cinquenta bispos compareceram e votaram uma
alteração no Credo de Nicéia para incluir o Espírito Santo como parte da divindade. A doutrina da
Trindade era agora oficial para a Igreja e também para o Estado. Com a exclusiva participação dos
citados bispos, a Trindade foi imposta a todos como "mais uma verdade teológica da igreja". E os
bispos, que não apoiaram essa tese, foram expulsos da Igreja e excomungados.
Por volta do século IX, o credo já estava estabelecido na Espanha, França e Alemanha. Tinha levado
23
séculos desde o tempo de Cristo para que a doutrina da Trindade "pegasse". A política do governo e
da Igreja foram as razões que levaram a Trindade a existir e se tornar a doutrina oficial da Igreja.
Como se pode observar, a doutrina trinitária resultou da mistura de fraude, política, um imperador
pagão e facções em guerra que causaram mortes e derramamento de sangue.
As Igrejas Cristãs hoje em dia dizem que Constantino foi o primeiro Imperador Cristão, mas seu
"cristianismo" tinha motivação apenas política. É altamente duvidoso que ele realmente aceitasse a
Doutrina Cristã. Ele mandou matar um de seus filhos, além de um sobrinho, seu cunhado e
possivelmente uma de suas esposas. Ele manteve seu título de alto sacerdote de uma religião pagã
até o fim da vida e só foi batizado em seu leito de morte.

OBS : Em 313 d.C., com o grande avanço da "Religião do Carpinteiro", o Imperador Constantino
Magno enfrentava problemas com o povo romano e necessitava de uma nova Religião para
controlar as massas. Aproveitando-se da grande difusão do Cristianismo, apoderou-se dessa
Religião e modificou-a, conforme seus interesses. Alguns anos depois, em 325 D.C, no
Concílio de Nicéia, é fundada, oficialmente, a Igreja Católica.
Portanto, a versão de que a igreja católica teria mais de 2.000 anos, servindo assim de mais um
reforço para que autoridades católicas espalhassem aos quatro ventos que essa igreja teria sido
fundada por Cristo, cai definitivamente por terra. Para maiores detalhes, sugiro a leitura de :
Há que se ressaltar que, "Igreja" na época de Jesus, não era a "Igreja" que entendemos hoje, pois
se lermos os Evangelhos duma ponta à outra veremos que a palavra «Igreja», no sentido que hoje
lhe damos, nem sequer neles é mencionada exceto por aproximação e apenas três vezes em dois
versículos no Evangelho de Mateus (Mt 16, 18 e Mt 18, 17), pois a palavra grega original, usada por
Mateus, ekklêsia, significa simplesmente «assembleia de convocados», neste caso a comunidade
dos seguidores da doutrina de Jesus, ou a sua reunião num local, geralmente em casas particulares
onde se liam as cartas e as mensagens dos apóstolos. Sabemo-lo pelo testemunho de outros textos
do Novo Testamento, já que os Evangelhos a esse respeito são omissos. Veja-se, por exemplo, a
epístola aos Romanos (16, 5) onde Paulo cita o agrupamento (ekklêsia) que se reunia na residência
dum casal de tecelões, Aquila e Priscila, ou a epístola a Filémon (1, 2) onde o mesmo Paulo saúda a
ekklêsia que se reunia em casa do dito Filémon ; num dos casos, como lemos na epístola de Tiago
(2, 2), essa congregação cristã é designada por «sinagoga». Nada disto tem a ver, portanto, com
a imponente Igreja católica enquanto instituição formal estruturada e oficializada, sobretudo a
partir do Concílio de Nícéia, presidido pelo Imperador Constantino, mais de 300 anos após a
morte de Cristo.

Onde termina a IGREJA PRIMITIVA dos Atos dos Apóstolos e


começa o Catolicismo Romano ?

Quando Roma tornou-se o famoso império mundial, assimilou no seu sistema os deuses e as
religiões dos vários países pagãos que dominava. Com certeza, a Babilônia era a fonte do
paganismo desses países, o que nos leva a constatar que a religião primitiva da Roma pagã não era
outra senão o culto babilônico. No decorrer dos anos, os Líderes da época começaram a atribuir a si
mesmos, o poder de "senhores do povo" de Deus, no lugar da Mensagem deixada por Cristo. Na
época da Igreja Primitiva, os verdadeiros Cristãos eram jogados aos leões. Bastava se recusar a
seguir os falsos ensinamentos e o castigo vinha a galope. O paganismo babilônico imperava a custa
de vidas humanas.
No ano 323 d.C, o Imperador Constantino professou conversão ao Cristianismo. As ordens imperiais
foram espalhadas por todo o império : As perseguições deveriam cessar ! Nesta época, a Igreja
começou a receber grandes honrarias e poderes mundanos. Ao invés de ser separada do mundo,
ela passou a ser parte ativa do sistema político que governava. Daí em diante, as misturas do
paganismo com o Cristianismo foram crescendo, principalmente em Roma, dando origem ao
Catolicismo Romano. O Concílio de Nicéia, na Ásia Menor, presidido por Constantino era composto
24
pelos Bispos que eram nomeados pelo Imperador e por outros que eram nomeados por Líderes
Religiosos das diversas comunidades. Tal Concílio consagrou oficialmente a designação "Católica"
aplicada à Igreja organizada por Constantino : "Creio na igreja una, santa, católica e apostólica".
Poderíamos até mesmo dizer que Constantino foi seu primeiro Papa. Como se vê claramente, a
Igreja Católica não foi fundada por Pedro e está longe de ser a Igreja primitiva dos Apóstolos ...
Em resumo : Por influência dos imperadores Constantino e Teodósio, o Cristianismo tornou-se a
religião oficial do Império Romano e entrou no desvio. Institucionalizou-se; surgiu o profissionalismo
religioso; práticas exteriores do paganismo foram assimiladas; criaram-se ritos e rezas, ofícios e
oficiantes. Toda uma estrutura teológica foi montada para atender às pretensões absolutistas da
casta sacerdotal dominante, que se impunha aos fiéis com a draconiana afirmação : "Fora da Igreja
não há salvação".
Além disso, Constantino queria um Império unido e forte, sem dissenções. Para manter o seu
domínio sobre os homens e estabelecer a ditadura religiosa, as autoridades eclesiásticas romanas
deviam manter a ignorância sobre as filosofias e Escrituras. A mesma Bíblia devia ser diferente.
Devia exaltar Deus e os Patriarcas mas, também, um Deus forte, para se opor ao próprio Jeová dos
Hebreus, ao Buda, aos poderosos deuses do Olimpo. Era necessário trazer a Divindade Arcaica
Oriental, misturada às fábulas com as antigas histórias de Moisés, Elias, Isaías, etc, onde colocaram
Jesus, não mais como Messias ou Cristo, mas, maliciosamente, colocaram Jesus parafraseado de
divindade no lugar de Jezeu Cristna, a segunda pessoa da trindade arcaica do Hinduísmo.
Nesse quadro de ambições e privilégios, não havia lugar para uma doutrina que exalta a
responsabilidade individual e ensina que o nosso futuro está condicionado ao empenho da
renovação interior e não à simples adesão e submissão incondicional aos Dogmas de uma Igreja, os
quais, para uma perfeita assimilação, era necessário admitir a quintessência da teologia : "Credo
quia absurdum", ou seja, "Acredito mesmo que seja absurdo", criada por Tertuliano ( 155-220 ),
apologista Cristão.
Disso tudo deveria nascer uma religião forte como servia ao império romano. Vieram ainda a
ser criados os simbolismos da Sagrada Família e de todos os Santos, mas as verdades do real
cânone do Novo Testamento e parte das Sagradas Escrituras deviam ser suprimidas ou ocultadas,
inclusive as obras de Sócrates e outras Filosofias contrárias aos interesses da Igreja que nascia.

Esta lógica foi adotada pelas forças clericais mancomunadas com a política romana, que
precisava desta religião, forte o bastante, para impor-se aos povos conquistados e reprimidos
por Roma, para assegurar-se nas regiões invadidas, onde dominava as terras, mas não o
espírito dos povos ocupados. Em troca, o Cristianismo ganhava a Universalidade, pois queria se
tornar "A Religião Imperial Católica Apostólica Romana", a Toda Poderosa, que vinha a ser
sustentada pela força, ao mesmo tempo que simulava a graça divina, recomendando o
arrependimento e perdão, mas que na prática, derrotava seus inimigos a golpes de espada.

Então não era da tolerância pregada pelo Cristianismo que Constantino precisava, mas de uma
religião autoritária, rígida, sem evasivas, de longo alcance, com raízes profundas no passado e
uma promessa inflexível no futuro, estabelecida mediante poderes, leis e costumes terrenos.
Para isso, Constantino devia adaptar a Religião do Carpiteiro, dando-lhes origens divinas e
assim impressionaria mais o povo o qual sabendo que Jesus era reconhecido como o próprio
Deus na nova religião que nascia, haveria facilidade de impor a sua estrutura hierárquica, seu
regime monárquico imperial, e assim os seus poderes ganhariam amplos limites, quase
inatingíveis.
Quando Constantino morreu, em 337, foi batizado e enterrado na consideração de que ele se
tornara um décimo terceiro Apóstolo, e na iconografia eclesiástica veio a ser representado
recebendo a coroa das mão de Deus.

25
O imperador Constantino decidiu quais livros deveriam constar na Bíblia?”

É muito importante esclarecer exatamente que papel Constantino exerceu no concílio de Nicéia, qual
era o propósito do conselho, o que aconteceu em Nicéia e em breves palavras como o cânon (a
Bíblia como a conhecemos) foi formado. Constantino foi m imperador romano que viveu de 274 a
337 AD. Ele é famoso por se tornar o único monarca do Império Romano (após enganar e derrotar
Licínio, seu cunhado) antes de supostamente se converter ao Cristianismo. Há controvérsias se
Constantino foi realmente um cristão (de acordo com sua confissão e entendimento da fé) ou apenas
alguém tentando usar a igreja e a fé para seu próprio proveito. Constantino convocou o concílio de
Nicéia (que foi o primeiro concílio da igreja Cristã, 325 AD) primeiramente porque ele temia que
disputas dentro da igreja poderiam causar a desordem na império. A disputa em questão era o
Arianismo, que era a crença de que Jesus era um ser criado. A famosa que frase que eles discutiam
era, “Houve um tempo em que Ele não era.” Essa referia-se a Jesus e foi declarado herético pelo
concílio e assim resultou nas seguintes palavras sobre Cristo no Credo Niceno, “verdadeiro Deus de
Deus verdadeiro... gerado do Pai... gerado, não feito”. Foi determinado pelo concílio que Cristo era
homoousia (uma substância com o Pai).
A respeito dos manuscritos que foram queimados por ordem de Constantino, realmente não há
nenhuma referência a tal coisa feita por ordem de Constantino ou no concílio de Nicéia. O
documento do partido dos Arianos (a respeito de Cristo ser uma criatura) foi abandonado por eles
por causa da grande resistência a ele e foi rasgado em pedaços na vista de todos presentes ao
concílio (cf Elwell, Dicionário Evangélico de Teologia). Constantino (e o concílio de Nicéia, nesse
caso) não tiveram nada a ver com a formação do cânon. Isso não foi nem discutido em Nicéia. O
concílio que tomou a decisão incontestável do conteúdo do cânon ocorreu em Cartago em 397 (60
anos após a morte de Constantino). Porém, muito antes de Constantino, 21 livros eram
reconhecidos por todos os Cristãos (os 4 evangelhos, Atos, 13 cartas de Paulo, 1 Pedro, 1 João,
Apocalipse). Havia 10 livros contestáveis (Hebreus, Tiago, 2 Pedro, 2-3 João, Judas, Barnabé,
Hermes, Didaquê, Evangelho de Hebreus) e vários outros que a maioria considerava heréticos
(Evangelho de Pedro, Tomé, Matatias, Atos de André, João, etc.)
Os estudiosos liberais e autores de ficção gostam de sugerir a idéia de que os evangelhos de Tomé
e Pedro (e outros livros que suscitaram disputas) contêm verdades que a igreja veementemente
ignoraram; mas isso simplesmente não tem sustentação histórica. É mais próximo da verdade dizer
que nenhum teólogo sério realmente se importou com esses livros porque eles foram obviamente
escritos por pessoas que mentiram sobre sua autoria e tinham pouca base na realidade. Essa foi a
razão por que um concílio declarando o cânon foi tão tardio (397) porque os livros que eram
confiáveis e aqueles que haviam sido rejeitados já eram amplamente conhecidos.

O Evangelho de Maria

O Evangelho de Maria traz uma nova interpretação de quem teria sido Maria de Magdala. Segundo
este evangelho apócrifo gnóstico, ela aparece com uma discípula de suma importância à qual Jesus
teria confidenciado informações que não teria passado aos discípulos homens, sendo por isso
questionada por Pedro e André. Ela surge ali como confidente de Jesus, alguém, portanto, mais
próximo de Jesus do que os demais discípulos. No entanto, nada na leitura daquele evangelho leva
a concluir que ela tenha tido com Jesus um relacionamento a nível de marido e mulher e sim um a
nível de mestre e discípula.
O apego à matéria gera uma paixão contra a natureza. É então que nasce a perturbação em todo o
corpo; é por isso que eu vos digo: Estejais em harmonia... Se sois desregrados, inspirai-vos em
representações de vossa verdadeira natureza. Que aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça. Após
ter dito aquilo, o Bem-aventurado saudou-os a todos dizendo: Paz a vós – que minha Paz seja
gerada e se complete em vós! Velai para que ninguém vos engane dizendo: Ei-lo aqui. Ei-lo lá.

26
Porque é em vosso interior que está o Filho do Homem; ide a Ele: aquele que o procuram o
encontram. Em marcha! Anunciai o Evangelho do Reino. (Evangelho de Maria Madalena)

Evangelhos Apócrifos
Segundo Judas, Maria Madalena, Tomé e Felipe
(artigo de Moacir Sader – agosto-2006)

Nunca se falou tanto dos evangelhos apócrifos como neste tempo em que vivemos. Tamanha
disseminação das mensagens encontradas nesses textos me leva ao convencimento de que é
chegada a época de se desvendar as verdades que por séculos ficaram encobertas.
A Bíblia não é a mensagem única de Deus, não contempla em si todas as verdades religiosas nem
históricas, uma vez que existiram bem mais evangelhos sobre o cristianismo do que aqueles
colocados na Bíblia (Marcos, João, Lucas e Mateus).
Foi por volta do ano 327 depois de Cristo, que o Imperador Romano Constantino, a partir do Concílio
de Nicéia, copilou as principais tendências religiosas existente nos três primeiros, fazendo nascer
daí o cristianismo tal como conhecemos, quando foram escolhidos os textos para comporem a
Bíblia, tendo ficado de fora, ao que se sabe, pelo menos sessenta evangelhos cristãos.
A decisão de Constantino foi mais política que religiosa, pois ele sabia que, copilando as principais
vertentes religiosas da época, acabaria por unir todo império romano, que se encontrava por demais
dividido, situação que vinha pondo em risco o seu poder imperial.
Assim, da corrente religiosa que tinha Mitra como deus pagão, foi inspirada a idéia da morte em
sacrifício e da ressurreição ao terceiro dia, tal como era contada a história de Mitra. Da vertente
religiosa que tinha Isis como deusa, Constantino e o Concílio de Nicéia retiraram a idéia da virgem
Maria e a idealização da família sagrada (José, Maria e Jesus). Essa família, tal como idealizada,
tem sido claramente contestada por historiadores das religiões, uma vez que José possuía filhos de
seu primeiro casamento e também acabou tendo outros filhos com Maria, além de Jesus.
E os outros evangelhos apócrifos? Que destinos lhes foram dados? Sabe-se que ocorreu verdadeira
caça às bruxas. Muitos foram queimados ou perdidos por se oporem frontalmente às bases do
cristianismo colocadas na Bíblia. O decreto Gelasiano assinado pelo Papa Gelásio, falecido em 496,
continha uma lista de sessenta livros apócrifos do Segundo Testamento, que deveriam ser evitados
pelos cristãos. Mais da metade deles foi parar, infelizmente, na fogueira. Daí a importância de se
encontrar os evangelhos como o de Maria Madalena e o de Judas, resguardados, certamente por
forças espirituais, milagrosamente escondidos, para no futuro serem, enfim, revelados a todos, tal
como vem ocorrido.
O ano de 2006 surpreendeu a todos os cristãos com a divulgação para todo o planeta, pela emissora
de televisão a cabo “National Geographic”, do evangelho segundo Judas, após ter este ficado
desaparecido por cerca de 1700 anos. A sua existência já havia sido confirmada, historicamente, por
Irineu, primeiro bispo de Lyon, na metade do século II, quando o denunciou por heresias.
Contendo 26 páginas em papiro, transcrito de um texto ainda mais antigo, o evangelho está escrito
em dialeto copta (Egito antigo); tendo sido autenticado depois de rigorosos testes, por especialistas,
como sendo oriundo do século III. Acredita-se que o Evangelho foi copiado por volta de 300 d.C. e
encadernado em couro, ficando desaparecido desde então. Em 1970 foi descoberto no deserto
egípcio de El Minya.
Passado nas mãos de diversos vendedores de antiguidades, acabou chegando à Europa, e, mais
tarde, aos Estados Unidos, permanecendo no cofre de um banco de Long Island por cerca de 16
anos, o que levou a sua deterioração em cerca de trinta por cento. Em 2000, foi comprado por um
antiquário suíço, que preocupado com a sua deterioração, entregou-o, em fevereiro de 2001, à
fundação suíça Maecenas Foundation for Anciente Art, com o objetivo de que ele fosse devidamente
preservado e traduzido. Após a restauração, a análise e tradução ficaram a cargo do professor
Rudolf Kasser, da Universidade de Genebra. O seu destino agora deverá ser o museu do Cairo.
Contestando a versão dos quatro Evangelhos bíblicos, o de Judas evidencia que não houve traição
dele a Jesus como propalado, mas que, a atitude de Judas de entregá-Lo aos Romanos foi em
27
decorrência de pedido feito pelo próprio Jesus. Judas deveria agir dessa forma para que o espírito
de Jesus fosse libertado da vestimenta corpórea, conforme consta em uma passagem do evangelho:
Você superará todos eles. Você sacrificará o homem que me cobriu.
E Judas “traiu”, entregando Jesus aos soldados imperiais com um beijo, como se pode ver, a seguir,
na pintura de Michelangelo Caravaggio, criada em 1602.
Essa versão da história contada no evangelho segundo Judas de que a traição foi uma
representação pedida por Jesus pode, a princípio, parecer sem sentido; entretanto, certo é que
Jesus detinha em seu íntimo clara missão a ser cumprida. Além disso, é preciso considerar que o
Jesus dos evangelhos apócrifos se apresenta bem distinto daquele inserto na Bíblia.
O Jesus esotérico dos textos não bíblicos transmitia aos seus discípulos conhecimentos mais
complexos que aqueles divulgados pelo cristianismo. Como exemplo de ensinamentos mais densos,
veja a surpreendente resposta de Jesus ao questionamento de um discípulo:
- Mestre, onde você foi e o que fez quando nos deixou?
- Eu fui para outra grande e santa geração.
Com esse diálogo, ainda mais confirmado pelos textos que se seguiram no evangelho, Jesus quis
enfatizar que esteve em outra dimensão, provavelmente em viagem extracorpórea, embora não
tenha explicado a maneira pela qual se utilizou para estar em outro local dimensional.
Voltando ao tema da traição a pedido, é encontrada em seu evangelho a passagem em que Judas
comenta com Jesus sobre uma visão que teve mostrando o conceito ruim dos demais apóstolos
para com ele em razão de seu ato de entregar Jesus aos Romanos:
Na visão, eu vi como os doze discípulos estavam me apedrejando e perseguindo severamente
(...) também fui para um lugar (...) vi uma casa (...) meus olhos não puderam compreender o
seu tamanho...
E Jesus lhe respondeu:
Nenhuma pessoa de nascimento mortal é merecedora de entrar na casa que você viu. Aquele
lugar é reservado para os santos (...) Você superará todos eles {os discípulos} Você
sacrificarás o homem que me cobriu (...) Erga para cima seus olhos, veja a nuvem e a luz
dentro dela e as estrelas que a cercam. A estrela que conduz é a sua estrela. Judas ergueu
para cima os olhos e viu a nuvem luminosa (...) e ouviu uma voz vinda da nuvem... { o texto
sobre voz foi perdido em virtude da deterioração do pergaminho}
Como visto nos trechos citados, não se pode falar de traição de Judas, mas, sim, de cumprimento do
que lhe fora pedido por Jesus e por planos espirituais superiores.
Registro aqui que, intuitivamente, desde muito jovem, eu não via Judas como traidor e, sim, como
personagem importante de um cenário necessário. Por essa razão, ao conhecer as passagens do
evangelho segundo Judas, não fiquei surpreso, apenas, senti grata confirmação daquilo que já
vivenciava em meu íntimo desde criança.
Desde a descoberta, em 1945, em Nag Hamadi, no alto Egito, dos evangelhos de Tomé e Maria
Madalena, outros textos apócrifos têm sido difundidos ultimamente, gerando polêmicas sérias sobre
o real enfoque espiritualista. Entre eles, destaco o de Maria Madalena, embora tida com prostituta,
foi, em verdade, a discípula mais próxima de Jesus em todos os sentido, em especial, na captação
de seus ensinamentos espirituais.
Cito, a seguir, algumas passagens do evangelho segundo Maria Madalena que apresentam visões
especiais sobre a espiritualidade ensinada pelo Mestre Jesus.
É necessário viver em harmonia com todos, porque os seres estão interligados, cada um é
importante componente do todo. Assim, Jesus disse:
Todas as espécies, todas as formações, todas as criaturas estão unidas, elas dependem
umas das outras, e se separarão novamente em sua própria origem. Pois a essência da
matéria somente se separará de novo em sua própria essência...
Os pecados (ações e sentimentos negativos), segundo Jesus, são criações do homem, levando-o a
sair do equilíbrio, gerando, por conseqüência, doenças e morte. Sobre essa visão, tão comum
atualmente entre os terapeutas holísticos, Jesus ensinou:

28
Não há pecado; sois vós que os criais, quando fazeis coisas da mesma espécie que o
adultério, que é chamado 'pecado'. Por isso Deus Pai veio para o meio de vós, para a
essência de cada espécie, para conduzi-la a sua origem. Por isso adoeceis e morreis [...].
Aquele que compreende minhas palavras, que as coloque em prática. A matéria produziu uma
paixão sem igual, que se originou de algo contrário à Natureza Divina. A partir daí, todo o
corpo se desequilibra. Essa é a razão por que vos digo: tende coragem, e se estiverdes
desanimados, procurais força das diferentes manifestações da natureza. Quem tem ouvidos
para ouvir que ouça.
Sobre a espiritualidade, Jesus foi claro em dizer que esta precisa ser buscada no interior de cada
um, pois é no íntimo do ser que se encontra a presença divina, que precisa ser alcançada e vivida
plenamente. Nesse sentido, Jesus falou, alertando para que não fosse ensinado nada diferente do
que ele mostrou:
Tomai cuidado para que ninguém vos afaste do caminho, dizendo: 'Por aqui' ou 'Por lá', pois
o Filho do Homem está dentro de vós. Segui-o. Quem o procurar, o encontrará. Prossegui
agora, então, pregai o Evangelho do Reino. Não estabeleçais outras regras, além das que vos
mostrei, e não instituais como legislador, senão sereis cerceados por elas.
No final da citação anterior, pode-se ver que Jesus alertou a seus discípulos, antevendo os fatos que
acabariam dominando as religiões do futuro, que não ensinasse nada além do que havia sido
mostrado por Ele.
Com o mesmo enfoque de busca interior da espiritualidade, encontra-se uma passagem em outro
evangelho apócrifo (segundo Tomé), através da qual Jesus ensinou:
O reino está dentro de vós e também em vosso exterior. Quando conseguirdes conhecer a
vós mesmos, sereis conhecidos e compreendereis que sóis os filhos do Pai vivo. Mas se não
vos conhecerdes, vivereis na pobreza e sereis a pobreza.
Esses ensinamentos, encontrados no Evangelho de Maria Madalena e de Tomé, constituem-se,
essencialmente, na base dos estudos difundidos pelos espiritualistas, que enfocam a necessidade
de se buscar a evolução espiritual no interior de cada ser, procurando a presença divina e se
tornando una com ela.
Paralelamente à profunda mensagem espiritualista encontrada nos evangelhos citados, cujo
conteúdo nem sempre é devidamente divulgado, outra questão tem ganhado relevância especial e
até grande destaque na mídia: a ligação singular de Jesus e Maria Madalena; situação que ensejava
até questionamentos entre os próprios discípulos como se vê na fala de Pedro, abaixo transcrita do
evangelho segundo Madalena:
Irmã, sabemos que o Salvador te amava mais do que qualquer outra mulher. Conta-nos as
palavras do Salvador, as de que te lembras, aquelas que só tu sabes e nós nem ouvimos (..}
Será que ele realmente conversou em particular com uma mulher e não abertamente
conosco? Devemos mudar de opinião e ouvirmos ela? Ele a preferiu a nós? Então Maria
Madalena se lamentou e disse a Pedro: Pedro, meu irmão, o que estás pensando? Achas que
inventei tudo isso no meu coração ou que estou mentindo sobre o Salvador?
Em face desse diálogo entre Pedro e Maria Madalena, Levi interviu:
Pedro, sempre fostes exaltado. Agora te vejo competindo com uma mulher como adversário.
Mas, se o Salvador a fez merecedora, quem és tu para rejeitá-la? Certamente o Salvador a
conhece bem. Daí a ter amado mais do que a nós. É antes, o caso de nos envergonharmos e
assumirmos o homem perfeito e nos separaremos, como Ele nos mandou, e pregarmos o
Evangelho, não criando nenhuma regra ou lei, além das que o Salvador nos legou.
Inegavelmente, a ligação de Jesus e Maria Madalena ia mais além, como se lê em outro evangelho
apócrifo, o de Felipe, no seguinte trecho:
E a companheira do Salvador é Maria Madalena. Cristo amava-a mais do que a todos os
discípulos e costumava beijá-la com freqüência na boca. O resto dos discípulos ofendia-se
com isso e expressava sua desaprovação. Diziam a ele: Porque tu amas mais do que a nós
todos?

29
Como observei anteriormente, o mais importante, a meu ver, sobre os evangelhos chamados
apócrifos, é que eles vieram enfocar uma outra forma de viver a espiritualidade, desapegada de
rituais e religiões, mas vivenciada no interior de cada um, com reflexo nos comportamentos
externos, em todos os lugares, principalmente fora dos templos. Contudo, entendo justo ter chegado
o momento para que seja revelado, também, o amor maravilhoso vivenciado por Jesus e Maria
Madalena, que em nada os desvaloriza, mas que enfatiza a justa e bela forma de amar a dois, sem
qualquer comprometimento de suas atividades espirituais; pelo contrário, contribuiu para a
manifestação espiritual do amor incondicional por todos.
Tal como escrevi em março de 2005 no meu artigo “Maria Madalena, uma outra história”, sabe-se
por mensagens canalizadas que Maria Madalena e Jesus são almas gêmeas e que encarnaram na
palestina com missão de ajuda mutua. Convergindo para essa tese, Célia Fenn, canalizou,
recentemente, importante mensagem de Maria Madalena, cujos trechos abaixo transcrevo,
mostrando definitivamente a grandiosa importância de Madalena e a ligação singular com Jesus.
Maria Madalena se apresenta na mensagem canalização da seguinte forma:
Eu sou Maria Madalena. Talvez me conheçam, mas poucos de vocês sabem quem sou na
realidade, ou quem fui. Pois sim, fui a companheira do que se chamou Yeshua Ben Josef. E
sim, há muitas histórias a respeito de nós e das nossas vidas. Ambos fomos Avatares da
Nova Era da Consciência "Crística", mas os que escreveram essas histórias estiveram
influenciados pelas suas crenças de que a única experiência importante era a masculina, e
por isso a vida do Avatar Feminino, Maria Madalena, foi negligenciada e esquecida.
Madalena explica o plano que foi feito para que ela e Jesus nascessem no mesmo período:
Mas foi necessário que, para equilibrar a futura Idade Dourada, nascesse um Avatar de cada
sexo, e que eles se unissem como companheiros, criando os perfeitos Modelos para a Futura
Era de Luz! E assim foi! Nasci numa família normal de Israel, mas eu nunca fui "normal".
Levava no meu interior a Chama Sagrada do Feminino Divino desde o momento em que fui
concebida como humana. Nasci como uma perfeita Menina "Crística". Fui a “filha” encarnada
da Mãe Divina. Igual a Yeshua, fui treinada pelas mulheres nos ensinos secretos dos
Essênios. Como ele, eu era um grande prodígio pelo meu saber e conhecimento das antigas
artes da sabedoria das mulheres que estava bem alem dos meus anos.
Sobre a União Sagrada, expressão de sabedoria espiritual e de amor incondicional, Madalena assim
falou em sua mensagem canalizada:
Esta união apaixonada do sexual e do espiritual é o que conduziu à remoção da história de
Maria Madalena e da sua União Sagrada com o Yeshua Ben Josef das histórias que
comemoram a vida de Yeshua. E sim, chamaram-me "prostituta" e "impura" pelo meu
conhecimento dos dons do êxtase sexual. Que triste foi que o caminho do Feminino Divino
não fosse honrado ao mesmo tempo que o caminho do Masculino Divino representado por
Yeshua. De fato, essa omissão conduziu à distorção da verdade a respeito das nossas vidas.
Porque o verdadeiro caminho do Avatar não foi o sofrimento e o martírio. Essa foi uma
interpretação posterior feita por quem tinha outros planos. O verdadeiro caminho do Avatar
foi criar um caminho para o Êxtase e a Unidade através do Amor Incondicional. E foi
alcançado por nós! Foi esta realização que agora nos permite que levemos a vocês os
ensinos da União Sagrada e os caminhos do Feminino Divino e do Masculino Divino. Esta foi
a maior realização das nossas vidas, e essa Alegria e esse Amor é o que queríamos transmitir
como nosso legado, não o sofrimento nem o derramamento de sangue das incontáveis
guerras e cruzadas disputadas num entendimento errôneo da natureza da energia Divina
Masculina e do caminho de Yeshua!
E finaliza, dizendo sobre o momento de se viver o relacionamento de chamas gêmeas:
Queridas irmãs, é hora de elevar a vossa consciência novamente e ver que o vosso corpo é o
Templo da vossa Alma e do vosso Espírito. É um corpo Feminino, um corpo de mulher, e é o
Templo do Feminino Divino. Esta é uma energia poderosa e sagrada, uma chama da energia
Solar Feminina que lhes permite experimentar a energia da Fonte como uma Grande Mãe. Mas
também lhes permite experienciar o êxtase de uma relação entre Chamas Gêmeas na qual se
30
reúnem o Divino Feminino e o Divino Masculino ao serviço da Fonte e de seu Amor por Tudo
O Que É!
Percebi, pela intuição, que seria importante juntar, aos textos apócrifos, alguns trechos canalizados,
para que, com isso, pudesse ser observado, que a história do cristianismo e a visão da sexualidade
foram manipuladas e deturpadas igualmente nesses dois mil anos. Mas, ao mesmo tempo, é
possível ver com alegria, que é chegado o tempo para o florescimento da verdade, tanto através dos
evangelhos apócrifos que reapareceram recentemente, como pelas mensagens canalizadas, que
fluem em quantidade por todo o planeta.
Como se pode ver, o caminho ensinado por Jesus foi a espiritualidade interior, gerando o amor
incondicional praticado; mas, isso em nada se contrapõe ao amor físico, sexual, a ser vivido a dois,
que a rigor, constitui-se de pura e fantástica energia divina, gerando a alegria de viver e praticar o
amor incondicional para com tudo que existe. Desse modo, Jesus e Maria Madalena viveram essa
experiência plena aqui na Terra, em suas missões especiais para disseminar o amor incondicional.
Não quero, com este artigo, melindrar as pessoas e a fé de ninguém, no entanto, estou convencido
de que se pode repensar a história do cristianismo, vê-la de outra forma, mais realista e não menos
bela. Pelas novas e fundamentadas informações, tão amplamente divulgadas, com base em
documentos históricos legítimos e por importantes mensagens canalizadas, parece inegável que
Jesus e Maria Madalena deixaram legados de puro amor a dois, de puro amor incondicional, de
esperança, de certeza na vida eterna a ser vivida pelos casais de almas gêmeas a começar pela
vida terrena.
Na madrugada do dia 15 de julho de 2006, quando este artigo já estava praticamente terminado,
meu corpo astral teve um encontro emocionante: com Jesus e Maria Madalena. Diferente da
experiência em que me vi em Jerusalém testemunhando um de Seus milagres (ver texto “Presente
Espiritual”, do livro “Outra vida nova chance”), quando Jesus era bem moreno e usava barba escura
(seu verdadeiro corpo terreno); desta feita, Jesus se apresentou com o seu corpo astral: estatura
alta, pele e cabelos claros. Entre outras questões, Ele me disse que os Seus ensinamentos
terrenos foram destorcidos ao longo do tempo, afetando consideravelmente o rumo da
história espiritual terrena; pois muito do que se sabe, ensinado pelas religiões, não
corresponde efetivamente ao que Ele deixou de legado em sua passagem terrena.
Se as pessoas foram sabotadas pela história tradicional ao longo de dois mil anos, seja por
ignorância ou interesses escusos, é tempo de abrir os olhos e ver a bela realidade, sorrindo, de uma
história fascinante e revolucionária, que pode e certamente levará às pessoas a repensarem as suas
vidas, as suas práticas religiosas e existenciais. “Quem tem ouvidos para ouvir que ouça” {fala de
Jesus no evangelho segundo Maria Madalena}.
Luz, amor e verdade,abraços fraternos,

O Evangelho Segundo Felipe

Apresentamos, numa versão modernizada, textos considerados apócrifos e que trazem importantes
informações a respeito da vida de Cristo, preenchendo lacunas até então criadas pelos Evangelhos
constantes da Bíblia.
O Evangelho de Feilipe provavelmente foi escrito originalmente em grego, ainda que não seja
possível precisar se no primeiro, segundo ou terceiro século. O exemplar encontrado entre os textos
da biblioteca de Nag Hammadi é uma tradução para o copto, a língua do alto Egito no início de
nossa era, provavelmente efetuada no quarto século.
Ao contrário dos evangelhos canônicos, o Evangelho de Felipe não contém uma narrativa
sistemática da vida e ministério de Jesus em ordem cronológica. Ele segue a linha da tradição oral
de relatar, independente do contexto histórico, ensinamentos atribuídos a Jesus e interpretações de
aforismos e práticas espirituais, presente em outros textos apócrifos, como o Evangelho de Tomé e o
assim chamado Evangelho "Q" (inicial de Quelle, alemão para 'Fonte', que é tido como a fonte das
logia do Senhor apresentadas nos evangelhos segundo Mateus e Lucas).

31
Dentre os ditados de Jesus em Felipe, nove são encontrados também, com algumas variações, nos
evangelhos canônicos e oito são originais. A linguagem destes ditados é geralmente breve e
enigmática. Sua interpretação requer o conhecimento da simbologia usada pelos grupos gnósticos
daquela época.
O que torna o Evangelho de Felipe especialmente importante são as inúmeras passagens sobre os
sacramentos que teriam sido instituídos por Jesus em sua forma original, antes de terem sido
adaptados e ampliados pela Igreja para uso geral dos fiéis. Segundo a tradição esotérica, aqueles
sacramentos eram ministrados somente aos discípulos do círculo interno, "os poucos", em
circunstâncias que lembram os rituais dos Mistérios Maiores da antigüidade. Assim, as referências
aos cinco sacramentos: o batismo, a crisma, a eucaristia, a redenção e a câmara nupcial, são feitas
numa linguagem ainda mais velada do que a utilizada em outras partes do texto. Apesar do caráter
oculto dessas passagens, elas oferecem ao estudioso uma clara indicação dos paralelos que
existem entre as cinco grande Iniciações, as etapas da vida dos místicos e os sacramentos.
(pg 141) Um hebreu faz outro hebreu, e tal pessoa chama-se prosélito. Mas, um prosélito não faz
outro prosélito ( ... ) assim como eles ( ... ) e fazem outros como a si mesmos, enquanto (outros)
simplesmente existem.
O escravo só quer ser livre e não ambiciona adquirir os bens de seu senhor. Porém o filho não é
somente um filho, pois reclama a herança do pai. Os que herdam dos mortos estão eles mesmos
mortos e herdam os mortos. Os herdeiros do que é vivo estão vivos e são herdeiros tanto do que
está vivo como do morto. Os mortos não são herdeiros de nada. Pois como pode aquele que está
morto herdar? Se aquele que está morto herda o que é vivo ele não morrerá, mas o que está morto
viverá ainda mais.
(pg 142) O pagão não morre, pois ele nunca viveu para que possa morrer. Aquele que acreditou na
verdade encontrou a vida e corre o perigo de morrer, pois está vivo. A partir da vinda de Cristo, o
mundo foi criado, as cidades embelezadas e os mortos levados embora. Quando éramos hebreus,
éramos órfãos e só tinhamos a nossa mãe, mas, quando nos tornamos cristãos, tivemos tanto pai
como mãe.
Os que semeiam no inverno colhem no verão. O inverno é o mundo, o verão é o outro reino eterno
(eon). Semeemos no mundo para que possamos colher no verão. Por esta razão é apropriado que
não oremos no inverno. O verão sucede o inverno. Porém, se algum homem colher no inverno ele,
na verdade, não estará colhendo mas simplesmente arrancando, pois o inverno não oferecerá uma
colheita para tal pessoa. Não só ( ... ) que não ( ... ) aparecerá, mas também no Sábado ( ... ) é
estéril.

Cristo veio para resgatar alguns, salvar outros para redimir ainda outros. Ele resgatou os forasteiros
e fê-los seus. E colocou os seus separados, aqueles que havia dado como garantia segundo seu
plano. Não foi só quando apareceu que Cristo ofereceu voluntariamente sua vida, mas ofereceu-a
voluntariamente desde o dia em que o mundo surgiu. Então, ele veio primeiro para tomá-la, pois ela
havia sido dada como garantia. Ela havia caído em mãos de ladrões e foi feita prisioneira. Mas Ele a
libertou, resgatando as pessoas boas do mundo assim como as más.
Luz e treva, vida e morte, direita e esquerda são irmãos entre si. São inseparáveis. Por isto, nem os
bons são bons, nem os maus são maus, nem a vida é vida, mem a morte é morte. Assim é que cada
um se dissolverá em sua origem primordial. Mas os que estão exaltados acima do mundo são
indissolúveis, eternos.
Os nomes dados às coisas do mundo são muito enganadores, pois desviam nossos pensamentos
do que é correto para o incorreto. Assim, quem ouve a palavra "Deus" não percebe o que é correto,
mas sim o incorreto. O mesmo ocorre com "Pai", "Filho" e "Espírito Santo", "Vida", "Luz",
"Ressurreição", "Igreja" e tudo o mais. As pessoas não percebem o que é correto mas sim o
incorreto, (a menos) que tenham aprendido o que é correto. Os (nomes que se ouvem) estão no
mundo ( ... enganam. Se) estivessem no reino eterno (eon), não seriam jamais usados como nomes
no mundo. Tampouco foram colocados entre as coisas do mundo. Eles têm um propósito no reino
eterno.
32
Só há um nome que não se pronuncia no mundo, o nome que o Pai deu ao Filho, (pg 143) e que
está acima de todas as coisas: o nome do Pai. Pois o Filho não se tornaria Pai, a não ser que
usasse o nome do Pai. Aqueles que têm este nome conhecem-no, mas não o pronunciam. Mas,
aqueles que não têm este nome não o conhecem.
A verdade fez com que os nomes surgissem no mundo por nossa causa, pois não é possível
aprendê-la sem estes nomes. A verdade é uma única coisa; é muitas coisas por nossa causa, para
nos ensinar com amor sobre esta coisa una por meio de muitas coisas. Os regentes (arcontes)
queriam enganar o homem, porque viram que ele tinha parentesco com aqueles que são
verdadeiramente bons. Eles tomaram o nome daqueles que são bons e deram-no aos que não são
bons, para que, por meio dos nomes, pudessem enganá-los e vinculá-lo aos que não são bons. E,
depois, que favor os nomes lhes prestam! Fazem com que sejam tirados daqueles que não são bons
e colocados entre os que são bons. Eles sabiam estas coisas, porque queriam apoderar-se do
homem livre e torná-lo seu escravo para sempre.
Há poderes que ( ... ) o homem, não querendo que ele seja (salvo), para que eles possam ( ... ).
Porque se o homem for (salvo, não haverá) nenhum sacrifício ( ... ) e não serão oferecidos animais
aos poderes. Na verdade, eram aos animais que eles ofereciam sacrifícios. Eles eram realmente
oferecidos vivos, mas quando os ofertavam eles morriam. Quanto ao homem, ofereceram-no morto
a Deus, e ele viveu.
Antes da vinda do Cristo não havia pão no mundo. Também no Paraiso, o lugar onde estava Adão,
havia muitas árvores para alimentar os animais, mas não havia trigo para sustentar o homem. O
homem costumava alimentar-se como os animais, mas quando veio Cristo, o homem perfeito, ele
trouxe pão dos céus para que o homem pudesse ser nutrido com o alimento de homem. Os regentes
pensavam que era por seu próprio poder e vontade que faziam o que estavam fazendo. Mas o
Espírito Santo, em segredo, estava realizando tudo através deles, segundo sua vontade. A Verdade,
que existia desde o princípio, está semeada por toda parte. E muitos vêem-na sendo semeada, mas
são poucos os que a vêem sendo colhida.
Alguns dizem que Maria concebeu por obra do Espírito Santo. Mas eles estão enganados. Não
sabem o que dizem. Quando uma mulher alguma vez concebeu por obra de outra mulher? Maria é a
virgem que nenhum poder conspurcou. Ela é uma grande anátema para os hebreus, que são os
apóstolos e (os) seus seguidores. Esta virgem que nenhum poder violou ( ... ) os poderes violaram a
si mesmos. O Senhor não (teria) dito "Meu (Pai que está nos) céus" (Mt 16:17) se não tivesse outro
pai. Neste caso, teria dito simplesmente "(Meu Pai)".
(pg 144) O Senhor disse aos discípulos, ( ... ) de cada casa. Tragam para a casa do Pai. Mas não
tomem nem carreguem (nada) da casa do Pai.
"Jesus" é um nome oculto, "Cristo" é um nome revelado. Por esta razão, "Jesus" não está
particularmente ligado a nenhuma lingua; seu nome é sempre "Jesus". "Cristo", porém, em siríaco é
"Messias" e em grego, "Cristo". Certamente todas as outras línguas referem-se a ele com suas
próprias palavras. "O nazareno" é aquele que revela o que está oculto. Cristo tem tudo em si
mesmo, seja homem, anjo ou mistério, e no Pai.
Os que dizem que o Senhor morreu primeiro e (então) se levantou estão enganados, pois ele
primeiro se levantou e (então) morreu. Se alguém não alcança primeiro a ressurreição ele não
morrerá. Assim como Deus vive, ele iria ...

Ninguém esconde um grande objeto de valor num lugar de destaque, mas muitas vezes se atiram
milhares de tais objetos em algo que não vale um centavo. Vejam a alma: ela é uma coisa preciosa
que se encontra num corpo desprezível.
Há os que têm medo de ressurgir nus. Por isto querem ressurgir na carne. Não sabem que são
aqueles que vestem a (carne) que estão nus. (São) aqueles que ( ... ) despir-se que não estão nus.
"Nem a carne (nem o sangue) herdarão o Reino de (Deus)." (1 Co 15:50). O que é que não herdará?
Aquilo que usamos. Mas também o que é isto que herdará? É aquilo que pertence a Jesus e a seu
sangue. Por isto Ele disse: "Aquele que não come a minha carne e bebe o meu sangue não tem vida
em si" (Jo 6:53). O que quer dizer isto? Sua carne é a Palavra (o Verbo), e seu sangue é o Espírito
33
Santo. Quem recebe tais coisas tem alimento, bebida e vestimenta. Recrimino os outros que dizem
que (a carne) não ressuscitará, pois uns e outros estão errados. Tu dizes que a carne não
ressurgirá. Dize-me, então, o que ressuscitará para que possamos te aplaudir. Falas do Espírito na
carne, que é também esta luz na carne. (Porém) isto também é matéria que se encontra na carne,
pois tudo o que disseres, não estará fora da carne. É preciso ressurgir nesta carne, já que tudo
existe nela. Neste mundo, aqueles que usam roupas valem mais do que as vestes. No Reino dos
Céus, as vestes valem mais do que os que as usam.
É por meio da água e do fogo que tudo é purificado -- o visível pelo visível, o oculto pelo oculto.
Existem algumas coisas ocultas por meio das visíveis. Existe água na água e fogo na crisma.
(pg 145) Jesus pegou-os todos de surpresa, porque Ele não apareceu como era, mas da maneira
como (seriam) capazes de vê-lo. Apareceu aos grandes como grande, aos pequenos como
pequeno, aos anjos como anjo, e aos homens como homem. Por isto sua palavra ocultou-se de
todos. Alguns realmente o viram, pensando que estavam vendo a si mesmos. Mas quando apareceu
gloriosamente aos discípulos sobre a montanha não era pequenino. Ele se tornou grande, mas fez
com que os discípulos ficassem grandes, para que pudessem percebê-lo em sua grandeza.
Disse naquele dia na ação de graças, "Vós que unistes a luz perfeita com o Espírito Santo,
incorporai os anjos também a nós, como sendo as imagens". Não desprezeis o cordeiro, pois sem
ele não é possível ver o Rei. Ninguém será capaz de ir ao Rei se estiver nu.
O homem celestial tem muito mais filhos do que o homem terreno. Se os filhos de Adão são muitos,
apesar de morrerem, quanto mais os filhos do homem perfeito que não morrem e são continuamente
gerados. O pai faz um filho, mas o filho não tem poder para fazer um filho. Pois aquele que foi
gerado não tem o poder para gerar; o filho obtém irmãos para si, e não filhos. Todos os que são
gerados no mundo, são gerados de maneira natural, enquanto os outros (são nutridos) do (lugar) do
qual nasceram. Por ter sido destinado ao lugar celestial o homem (recebe) nutrição. ( ... ) dele da
boca. (E se) a palavra tivesse saído daquele lugar, ela receberia a nutrição da boca e se tornaria
perfeita. Por isto a palavra perfeita concebe e dá nascimento por meio de um beijo. Por esta razão
nós também nos beijamos uns aos outros. Somos concebidos da graça que nos é comum.
Havia três que sempre caminhavam com o Senhor: sua mãe, Mria, sua irmã e Madalena, que era
chamada sua companheira. Sua irmã, sua mãe e sua companheira todas chamavam-se Maria.
"O Pai" e "o Filho" são nomes simples; "Espírito Santo" é um nome composto. Eles estão em toda
parte: acima e abaixo, no oculto e no revelado. O Espírito Santo está no revelado: está abaixo, e
está no oculto: está acima.
Os santos são servidos por poderes malignos, pois estes ficam cegos, por obra do Espírito Santo,
pensando que estão servindo um homem (comum), todas vezes que o fazem aos santos. Por isto
um discípulo pediu um dia algo deste mundo ao Senhor. Ele lhe respondeu: "Pede a tua mãe, e ela
te dará as coisas que pertencem a outrem".
(pg 146) Os apóstolos disseram aos discípulos: "Que toda nossa oferenda adquira sal". Eles
chamavam (Sophia) de "sal". Sem sal nenhuma oferenda (é) aceitável. Mas Sophia é estéril, (sem)
filhos. Por esta razão é chamada de "um traço de sal". Sempre que eles quiserem ( ... ) do seu jeito,
o Espírito Santo ( ... ) seus filhos são muitos.
O que o Pai possui pertence ao filho. Enquanto este é pequeno, não se lhe confia o que é seu. Mas
quando se faz homem, seu pai lhe dá tudo o que possui.
Aqueles que se desencaminharam, os que o próprio Espírito engendrou, geralmente se
desencaminham também por causa do Espírito. Assim, com o mesmo sopro o fogo é atiçado e
apagado.
Echamoth é uma coisa e Echmoth outra. Echamoth é simplesmente Sabedoria, enquanto Echmoth é
a Sabedoria da morte, aquela que conhece a morte, sendo chamada "a pequena Sabedoria".
Existem animais domésticos, como o boi, o burro e outros deste tipo. Outros são selvagens e vivem
isolados nas regiões ermas. O homem ara o campo com animais domésticos e, com isto, sustenta-
se e alimenta os animais, sejam mansos ou selvagens. Compare com o homem perfeito. Ele cultiva
por meio de poderes que lhe são submissos, preparando o surgimento de todas as coisas. É por
causa disto que todo o mundo se mantém, seja bom ou mal, da direita ou da esquerda. O Espírito
34
Santo apacenta a todos e governa (todos) os poderes, os "mansos" e os "selvagens", bem como os
que são únicos. Pois, na verdade ele ( ... ) os mantêm presos, para que (se ... ) desejarem, eles não
possam (escapar).
(Aquele que) foi criado é (lindo, mas) tu (não) acharias que os filhos dele são criações nobres. Se ele
não fosse criado mas engendrado, tua acharias que os descendentes dele são nobres. Agora,
porém, ele foi criado e gerou. O que há de nobre nisto? Primeiramente surgiu o adultério, em
seguida assassinatos. E ele foi gerado no adultério, pois era o filho da serpente. Assim, tornou-se
um assassino, como seu pai, e matou seu irmão. Na verdade, todo ato sexual que ocorra entre seres
que não são semelhantes entre si é adultério.
Deus é um tintureiro. Assim como os bons corantes chamados de "autênticos" dissolvem-se nas
coisas que são tingidas por eles, também o mesmo ocorre com aqueles a quem Deus tingiu. Como
seus corantes são imortais, eles tornam-se imortais por meio de suas cores. Pois bem, Deus
mergulha o que Ele mergulha na água.
Ninguém pode ver algo das coisas que realmente existem a menos que se torne como elas. Não é
assim que se passa com o homem no mundo: ele vê o sol sem ser o sol; vê o céu, a terra e todas as
outras coisas, mas ele não é estas coisas. Isto está de acordo (pg 147) com a verdade. Mas, tu viste
algo daquele lugar e te converteste naquelas coisas. Viste o Espírito e te tornaste Espírito. Viste o
Cristo e te tornaste Cristo. Viste o Pai e te tornarás o Pai. Assim, (neste lugar) vês todas as coisas e
não (vês) a ti próprio, mas (naquele lugar) realmente vês a ti mesmo, e te tornarás o que vires.
A fé recebe, o amor dá. (Ninguém poderá receber) se não tiver fé. Ninguém será capaz de dar sem
amor. Por esta razão, para que realmente possamos receber, cremos, e para que possamos amar,
damos, pois se alguém dá sem amor não recebe benefício pelo que deu. Aquele que recebeu
alguma outra coisa que não seja o Senhor ainda é um hebreu.
Os apóstolos que nos precederam chamavam-no assim: "Jesus, o Nazareno, Messias", isto é,
"Jesus, o Nazareno, o Cristo". O último nome é "Cristo", o primeiro é "Jesus", o do meio é "o
Nazareno". "Messias" tem dois significados, "o Cristo" e "o medido". "Jesus" em hebraico é "a
redenção". "Nazara" é "a verdade". "O Nazareno", então, é "a verdade". "Cristo" ... foi medido. Foram
"o Nazareno" e "Jesus" que foram medidos.
Quando a pérola é atirada na lama ela (não) passa a ser desprezada; tampouco se for banhada em
óleo de bálsamo se tornará mais preciosa. Ela sempre manterá o seu valor aos olhos de seu dono.
O mesmo ocorre com os filhos de Deus onde quer que estejam. Eles sempre têm valor aos olhos de
seu pai.
Se disseres, "sou judeu", ninguém se inquietará; se disseres, "sou romano", ninguém se perturbará.
Se disseres, "sou grego, bárbaro, escravo ou livre", ninguém se incomodará. Se disseres, "sou
cristão", os ( ... ) tremerão. Quisera que eu pudesse ( ... ) desta forma, a pessoa cujo nome ( ... ) não
será capaz de resistir (ouvindo).
Deus é antropófago. Por isto os homens são sacrificados a ele. Antes dos homens serem
sacrificados, sacrificavam-se animais, pois aqueles a quem eram sacrificados não eram deuses.
Tanto as vasilhas de vidro como as de argila são feitas com o uso do fogo. Mas, se as de vidro
quebram, elas são refeitas, pois surgiram por meio de um sopro. As de argila, no entanto, são
destruídas, pois foram feitas sem sopro.
Um burro, girando uma pedra de moinho, caminhou cem milhas. Quando ele foi solto percebeu que
ainda estava no mesmo lugar. Existem homens que fazem muitas (pg 148) jornadas, mas sem fazer
nenhum progresso em qualquer direção. Quando o crepúsculo os surpreende, não encontraram
nenhuma cidade nem vilarejo, nenhum produto humano nem fenômeno natural, poder nem anjo.
Labutaram em vão, os coitados!
A eucaristia é Jesus, pois ele se chama "Pharisatha" em siríaco, que é "aquele que está estendido",
pois Jesus veio para crucificar o mundo.
O Senhor entrou na loja de corantes de Levi, tomou setenta e duas cores diferentes e jogou-as na
tina. Ao retirá-las estavam todas brancas. E ele disse: "Da mesma forma, o filho do homem veio
(como) tintureiro".

35
A Sophia, que é chamada de "a estéril," é a mão (dos) anjos. E a companheira do ( ... ) Maria
Madalena. ( ... amava-a) mais do que (todos) os discípulos (e costumava) beijá-la (frequentemente)
em seus ( ... ). Os demais (discípulos ... ). Eles lhe disseram: "Por que a amas mais do que a todos
nós?" O Salvador respondeu dizendo: "Por que não os amo como a ela? Quando um cego e uma
pessoa normal estão juntos na escuridão, não são diferentes um do outro. Quando chega a luz,
então, aquele que vê verá a luz, e o cego permanecerá na escuridão".
O Senhor disse: "Bem aventurado aquele que é antes de chegar a existir. Pois, aquele que é foi e
será."
A superioridade do homem não é óbvia à visão, mas encontra-se no que está escondido da vista.
Por isto ele domina os animais que são mais fortes do que ele, grandes em termos do óbvio e do
oculto. Isto os capacitam a sobreviver. Mas quando o homem se separa deles, mordem e matam uns
aos outros. Devoram-se porque não encontram nenhum alimento. Porém, agora encontraram
comida porque o homem preparou o solo.
Se alguém entra nágua e sai dela sem nada haver recebido e diz, "sou cristão," simplesmente tomou
o nome emprestado a juros. Porém, se recebeu o Espírito Santo, recebe o nome de presente.
Aquele que recebe um presente não precisa devolvê-lo. Mas, daquele que tomou empretado a juros,
o pagamento é exigido. É assim que (acontece com) quem experimenta um mistério.
Grande é o mistério do casamento! Pois (sem) ele o mundo (não existiria). Agora a existência do
(mundo ... ), e a existência ( ... casamento). Pense sobre o ( ... relacionamento), pois ele possui ( ... )
poder. Sua imagem consiste numa (corrupção).
As formas dos espíritos malévolos abrangem machos e fêmeas. Os machos são os que se unem
com as almas que habitam uma forma feminina, enquanto as fêmeas são as (pg 149) que se
misturam com os que se encontram em forma masculina, porém que são desobedientes. E não se
consegue escapar deles, pois detêm a pessoa se ela não receber um poder masculino ou feminino,
o noivo e a noiva. Eles são recebidos na câmara nupcial espelhada. Quando as mulheres devassas
vêem um homem sozinho, lançam-se sobre ele, entretendo-o e maculando-o. Igualmente, os
homens voluptuosos, quando vêm uma mulher bonita sozinha, procuram persuadi-la e possuí-la,
desejando corrompê-la. Porém, se vêem um homem com sua esposa juntos, a fêmea não pode se
aproximar do homem, nem o macho da mulher. Assim, se a imagem e o anjo estão unidos um ao
outro, não pode haver nenhum risco ao homem ou à mulher.
Aquele que sai do mundo e portanto não pode mais ser detido pelo fato de ter estado no mundo,
evidentemente, está acima do desejo do ( ... ) e medo. Ele domina ( ... ). É superior à inveja. Se ( ... )
vem, eles o apanham e sufocam-no. E como (este) será capaz de escapar dos (grandes ... )
poderes? Como será capaz de ( ... ). Alguns (dizem), "Temos fé", para que ( ... os espíritos imundos)
e os demônios. Pois, se tivessem o Espírito Santo, nenhum espírito imundo teria se agarrado a eles.
Não tenha medo da carne nem a ame. Se a temeres, ela te dominará. Se a amares, ela te devorará
e paralizará.
Ou se está neste mundo, na ressurreição ou no local intermediário. Deus me livre de encontrar-me
lá! Neste mundo existe o bem e o mal. As coisas boas do mundo não são boas, e as coisas más não
são más. Porém, depois deste mundo, existe mal que realmente é mal - o que é chamado de "o
meio," o lugar intermediário. É a morte. Enquanto se está neste mundo é apropriado buscar-se a
ressurreição, para que, quando venhamos a despir-nos da carne possamos encontrar o descanso e
não caminhar no meio. Porque muitos se perdem no caminho. É melhor sair do mundo antes de
pecar.
Alguns nem querem nem podem; outros não tiram proveito mesmo querendo: pois eles não agiram
de acordo, (eles acreditam,) ( ... ) torna-os pecadores. E se não querem, a justiça vai se esquivar
deles em ambos os casos: e será sempre uma questão da vontade e não da ação.
Um apostólico, numa visão, percebeu algumas pessoas fechadas numa casa em fogo, presos com
( ... ) flamejantes, deitados ( ... ) em chamas ( ... ) eles em ( ... ) fé ( ... ). E eles disseram, "( ... )
poderão ser salvos?" ( ... ) "Eles não desejam isto. Receberam ( ... ) castigo, que é chamado "a
escuridão ( ... ), porque ( ... )"

36
(pg 150) A alma e o espírito vieram à existência a partir da água e do fogo. É da água, do fogo e da
luz que o filho da câmara nupcial (veio a existir). O fogo é a crisma, a luz é o fogo. Não estou me
referindo ao fogo que não tem forma, mas ao outro fogo cuja forma é branca, que é brilhante e belo
e que irradia beleza.
A verdade não veio nua ao mundo, mas veio em modelos e imagens. O mundo não receberá a
verdade de qualquer outra forma. Há um renascimento e uma imagem do renascimento. Certamente
é necessário nascer outra vez por meio da imagem. Qual delas? A ressurreição. A imagem deve
levantar-se outra vez por meio da imagem. A câmara nupcial e a imagem devem entrar na verdade
através da imagem: isto é a restauração. Não só aqueles que produzem o nome do Pai, do Filho e
do Espírito Santo devem fazê-lo, mas (aqueles) que os produziram para ti. Se a pessoa não os
adquire, o nome (cirstão) também lhe será retirado. Porém a pessoa recebe a unção do ( ... ) do
poder da cruz. Este poder os apóstolos chamaram "a direita e a esquerda". Pois esta pessoa não é
mais um cristão, mas Cristo.
O Senhor fez tudo num mistério, um batismo, uma crisma, uma eucaristia, uma redenção e uma
câmara nupcial.
( ... ) ele disse, "Vim fazer (as coisas abaixo) como as coisas (acima, e as coisas) fora como aquelas
(dentro. Vim para uni-las) no lugar". ( ... ) aqui por meio de (modelos ... ). Aqueles que dizem,
"(Existe um homem celestial e) existe outro acima (dele", estão enganados. Porque é o primeiro
destes dois (homens) celestiais, aquele que se manifesta, que é chamado "aquele que está abaixo";
e aquele a quem pertence o oculto é (supostamente) o que está acima dele. Portanto, seria melhor
dizerem, "O interior e o exterior, e o que está fora de exterior". Por causa disto o Senhor chamou a
destruição "a escuridão exterior"; não existe nada além dela. Ele disse: "Meu Pai que está em
segredo". Ele disse, "Entra em teu aposento, fecha a porta e ora a teu Pai que está em segredo" (Mt
6:6), aquele que está no interior de tudo. Mas o que está no interior de tudo é a plenitude. Mais
interior do que ela não existe nada. É sobre isto que dizem, "O que está acima deles".
Antes do Cristo alguns saíram de um lugar no qual não conseguiam mais entrar e foram para onde
não mais conseguiam sair. Então veio o Cristo. Ele retirou aqueles que entraram e pôs para dentro
os que sairam.
Quando Eva ainda estava em Adão a morte não existia. Quando ela se separou dele a morte passou
a existir. Se ele entrar outra vez e alcançar o seu ser primordial, a morte deixará de existir.
(pg 151) "Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste, ó Senhor?" (Mc 15:34 e outras). Foi na
cruz que ele disse estas palavras, porque havia deixado aquele lugar.
( ... ) que foi gerado através dele que ( ... ) de Deus.
O ( ... ) dos mortos. ( ... ) para ser, mas agora ( ... ) perfeito. ( ... ) carne, mas isto ( ... ) é a verdadeira
carne. ( ... ) não é verdade, mas ( ... ) só uma imagem do verdadeiro.
Uma câmara nupcial não é para os animais, nem para os escravos, nem para as mulheres violadas;
mas é para os homens livres e virgens.
Somos realmente engendrados outra vez pelo Espírito Santo, mas somos engendrados pelo Cristo
nos dois. Somos ungidos por meio do Espírito. Quando somos engendrados somos unidos. Ninguém
pode ver-se na água ou num espelho sem luz. Tampouco podes ver-te na luz sem água ou espelho.
Por esta razão, é apropriado batizar nos dois, na luz e na água. Pois bem, a luz é a crisma.
Havia três lugares específicos para sacrifício em Jerusalém. O que estava voltado para o poente era
chamado de "o sagrado." Outro, voltado para o sul, era chamado de "o santo do santo." O terceiro,
voltado para o nascente, era chamado "o santo dos santos," o lugar onde só o Sumo Sacerdote
podia entrar. O Batismo é o edifício "sagrado." A Redenção é "o santo do santo," e a Câmara Nupcial
"o santo dos santos." O Batismo inclui a Ressurreição (e a) Redenção; a Redenção (ocorre) na
câmara nupcial. Mas a Câmara Nupcial ocorre naquele lugar que é superior ao ( ... ) tu não
encontrarás ( ... ) são aqueles que oram ( ... ) Jerusalém. ( ... ) Jerusalém, ( ... ) aqueles chamados
"o santo dos santos" ( ... o) véu foi rasgado ( ... ) câmara nupcial exceto a imagem ( ... ) acima. Por
esta razão seu véu rasgou-se de alto a baixo. Pois era apropriado que alguns de baixo fossem para
cima

37
Os poderes não vêem aqueles que estão vestidos com a luz perfeita e, por isto, não podem detê-los.
A pessoa pode vestir-se sacramentalmente com esta luz na união.
Se a mulher não tivesse se separado do homem, ela não morreria com o homem. Sua separação
tornou-se o começo da morte. Por isto o Cristo veio, para reparar a separação que houve no
princípio e unir os dois outra vez e para dar vida àqueles que morreram devido à separação, unindo-
os de novo. Mas a mulher uni-se a seu marido na câmara nupcial. Na verdade, aqueles que foram
unidos na câmara nupcial não mais serão (pg 152) separados. Portanto, Eva separou-se de Adão
porque não foi na câmara nupcial que ela se uniu a ele.
A alma de Adão chegou à existência por meio de um sopro. O companheiro de sua alma é o Espírito.
Sua mãe é a coisa que lhe foi dada. Sua alma foi-lhe tomada e substituída por um (espírito). Quando
ele estava unido (ao Espírito), (pronunciou) palavras incompreensíveis aos poderes. Eles o
invejaram ( ... ) parceiro espiritual ( ... ) escondido ( ... ) oportunidade ( ... ) somente para eles ( ... )
câmara nupcial para que ( ...)
Jesus apareceu ( ... ) Jordão, a (plenitude do reino) dos céus. Ele que (foi engendrado) antes de
todas as coisas foi engendrado novamente. Ele (que foi ungido) outrora foi ungido novamente. Ele
que tinha sido redimido, redimiu (outros) por sua vez.
Realmente, um mistério deve ser dito. O pai de todas as coisas uniu-se com a virgem que havia
descido, e o fogo brilhou para ele naquele dia. Ele apareceu na grande câmara nupcial. Portanto,
seu corpo passou a existir naquele dia. Deixou a câmara nupcial como alguém que veio à existência
por meio do noivo e da noiva. Desta forma, Jesus estabeleceu todas as coisas nela por meio deles.
É conveniente que cada um dos discípulos entre em seu repouso.
Adão veio a ser por meio de duas virgens, do Espírito e da Terra virgem. O Cristo, portanto, nasceu
de uma virgem para retificar a queda que houve no princípio.
Existem duas árvores crescendo no Paraíso. Uma sustenta (animais) e a outra sustenta homens.
Adão (comeu) da árvore que nutria animais. (Ele) tornou-se um animal e produziu animais. Por esta
razão os filhos de Adão adoram (animais). A árvore ( ... ) fruto é ( ... ) aumentado. ( ... ) comeu o ( ... )
fruto da ( ... ) nutre homens, ( ... ) homem. ( ... ) Deus criou o homem. ( ... os homens) criaram Deus.
É desta maneira que são as coisas no mundo, os homens criam deuses e adoram a sua criação.
Seria apropriado que os deuses adorassem os homens!

Certamente a realização de um homem depende de sua habilidade. Por isto referimo-nos as suas
realizações como suas "habilidades." Entre suas realizações encontram-se seus filhos. Eles têm sua
origem num momente de repouso. Portanto, suas habilidades determinam o que ele pode realizar,
mas este repouso mostra-se evidente nos filhos. Isto se aplica diretamente à imagem. Aqui está o
homem feito de acordo com a imagem realizando coisas com sua força física, mas produzindo seus
filhos com facilidade.
Neste mundo, os escravos servem os livres. No Reino dos Céus, os livres vão (pg 153) cuidar dos
escravos: os filhos da câmara nupcial vão cuidar dos filhos do casamento. Os filhos da câmara
nupcial têm (um só) nome: repouso. (De modo geral) eles não precisam tomar (nenhuma) outra
forma (porque têm) a contemplação, ( ... ). São numerosos ( ... ) nas coisas ( ... ) as glórias ( ... ).
Aqueles ( ... ) descem à água. ( ... ) saem (da água), vão consagrar ( ... ) aqueles que têm ( ... ) em
seu nome. Pois ele disse, "(Assim) devemos cumprir toda a justiça" (Mt 3:15).
Aqueles que dizem que devem morrer primeiro para depois ressuscitar estão enganados. Se eles
não receberem primeiro a ressurreição enquanto estiverem vivos, quando morrerem não receberão
nada. Assim também, quando falam sobre o batismo dizem, "O batismo é uma grande coisa," pois
se as pessoas o receberem viverão.
Felipe, o apóstolo, disse: "José, o carpinteiro, plantou um jardim porque precisava de madeira para
seu ofício. Foi ele que fez a cruz das árvores que plantou. Sua própria descedência ficou pendurada
naquilo que ele plantou. Sua descendência foi Jesus, e o plantio foi a cruz." Mas a árvore da vida
está no meio do jardim. Porém é da oliveira que recebemos a crisma, e da crisma a ressurreição.

38
Este mundo é um devorador de cadáveres. Todas as coisas que se comem nele também morrem. A
verdade alimenta-se da vida. Portanto, ninguém nutrido pela (verdade) morrerá. Foi daquele lugar
que Jesus veio e trouxe alimento. Aos que desejavam ele deu (vida para que) eles não morressem.
Deus ( ... ) um jardim. O homem ( ... ) jardim. Existem ( ... ) e ( ... ) de Deus. ( ... ) As coisas que
estão no ( ... ) eu desejo. Este jardim (é o lugar em que) me dirão, "( ... coma) isto ou não coma
(aquilo, da maneira que) desejares." No lugar em que comerei todas as coisas está a árvore do
conhecimento. Aquela matou Adão, mas aqui a árvore do conhecimento faz com que o homem viva.
A lei era a árvore. Ela tem o poder para outorgar o conhecimento do bem e do mal. Ela nem o
removeu do mal, nem o colocou no bem, mas criou a morte para aqueles que comiam dela. Pois
quando ele disse, "Come isto, não coma aquilo," isto foi o começo da morte.
A crisma é superior ao batismo, pois foi a partir da palavra "crisma" que fomos chamados de
"cristãos," e certamente não por causa da palavra "batismo." E é por causa da crisma que "o Cristo"
recebeu seu nome. Porque o Pai ungiu o Filho, o Filho ungiu os apóstolos, e os apóstolos nos
ungiram. Aquele que foi ungido tem tudo. Ele tem a ressurreição, a luz, a cruz e o Espírito Santo. O
Pai deu-lhe isto na câmara nupcial; ele (pg 154) meramente aceitou (a dádiva). O Pai estava no
Filho e o Filho no Pai. Isto é o Reino dos Céus.
O Senhor falou bem: "Alguns entraram no reino dos céus rindo, e sairam ( ... ) porque ( ... ) um
cristão, ( ... ). E logo que ( ... desceu) à água ele veio ( ... ) tudo (deste mundo), ( ... ) porque ( ... ) um
pouco, mas ( ... cheio de) menosprezo por este ( ... ) reino dos (céus ... ). Se ele despreza ( ... ) e o
desdenha um pouco ( ... ) sairá rindo. Assim é também com o pão e o cálice de óleo, apesar de
haver outro superior a estes.
O mundo foi criado por engano. Porque aquele que o criou queria fazê-lo imperecível e imortal. Ele
não conseguiu realizar o seu desejo, pois o mundo nunca foi imperecível, e tampouco aquele que
fez o mundo. Porque as coisas não são eternas, mas os filhos são. Nada será capaz de tornar-se
eterno se não se tornar primeiramente um filho. Mas, ele que não tem a habilidade de receber, não
será muito mais incapaz de dar?
O cálice da oração contém vinho e água, já que foi indicado para o tipo de sangue com o qual se
realiza a ação de graça. Ele está pleno do Espírito Santo e pertence ao homem inteiramente
perfeito. Quando bebermos deste cálice, receberemos o homem perfeito. A água viva é um corpo.
Precisamos vestir-nos com o homem vivo. Portanto, quando ele está prestes a descer à água,
despe-se para vestir-se com o homem vivo.
Um cavalo procria um cavalo, um homem gera um homem, um deus faz surgir um deus. Compare
(o) noivo e a (noiva). Eles vieram do ( ... ). Nenhum judeu ( ... ) ( ... ) existiu. E ( ... ) dos judeus. ( ... )
cristãos, ( ... ) estes ( ... ) são referidos como "o povo escolhido de ( ... )," "o verdadeiro homem," "o
filho do homem" e "a semente do filho do homem." Esta raça verdadeira é renomada no mundo ...
em que os filhos da câmara nupcial moram.
Enquanto neste mundo a união é entre marido e mulher, um exemplo de força complementada pela
fraqueza (?), no reino (eon) eterno, a forma de união é diferente, apesar de nos referirmos às duas
pelo mesmo nome. Porém, existem outros nomes. Eles são superiores a todos os nomes indicados
e são mais fortes do que o forte. Pois, quando ocorre uma demonstração de força, aparecem
aqueles que se distinguem pela força. Estas coisas não são separadas, sendo ambas esta única
coisa. Isto é aquilo que não será capaz de se elevar acima do coração de carne.

(pg 155) Não é preciso que aqueles que têm tudo conheçam a si mesmos? Alguns, de fato, que não
conhecem a si mesmos, não serão capazes de gozar do que possuem.
Não só serão incapazes de deter o homem perfeito, mas não serão capazes de vê-lo, pois, se o
virem, irão detê-lo. Não há outro meio para uma pessoa adquirir esta qualidade, exceto vestindo a
luz perfeita (e) tornando-se também luz perfeita. Aquele que (a tiver vestido) entrará (... ). Quem
recebe tudo ( ... ) deste lado ( ... ) será capaz ( ... ) aquele lugar, mas vai ( ... o meio) como
imperfeito. Somente Jesus sabe o fim desta pessoa.
O sacerdote é inteiramente santo, até mesmo o seu corpo. Pois, se tomar o pão, o consagrará. Ele
consagrará o cálice e tudo o mais que receber. Assim, como não vai consagrar o corpo também?
39
Ao aperfeiçoar a água do batismo, Jesus a esvaziou da morte. Assim descemos à água, mas não
baixamos à morte para que não sejamos vertidos no espírito do mundo. Quando aquele espírito
sopra, ele traz o inverno. Quando o Espírito Santo sopra, chega o verão.
Aquele que tem o conhecimento da verdade é um homem livre, porém o homem livre não peca, pois
"aquele que peca é escravo do pecado" (Jo 8:34). A verdade é a mãe, o conhecimento o pai.
Aqueles que pensam que o pecado não se aplica a eles são chamados de "livres" pelo mundo.
"Conhecimento" da verdade "torna estas pessoas meramente arrogantes," que é o que as palavras
"os tornam livres" significam. Isto lhes dá um sentimento de superioridade sobre todo o mundo. Mas
"o amor constrói" (1 Co 8:1). Na verdade, aquele que, por meio do conhecimento, é realmente livre,
torna-se um escravo, devido ao amor por aqueles que não foram ainda capazes de alcançar a
liberdade do conhecimento. O conhecimento torna-os capazes de serem-se livres. O amor (nunca
chama) algo de seu, ( ... ) ele ( ... ) possui ( ... ). Ele nunca (diz, "Isto é seu") ou "Isto é meu," (mas,
"Tudo isto) é seu." O amor espiritual é vinho e fragrância. Todos que com ele se ungem se deleitam
nisto. Enquanto aqueles que foram ungidos estiverem presentes, os que estão por perto também se
aproveitam (da fragrância). Porém, quando os que foram ungidos com o ungüento se retirarem,
deixando-os, então aqueles que não foram ungidos, mas estavam meramente por perto,
permanecerão em meio a seu mau odor. O samaritano não deu ao homem ferido nada mais do que
vinho e óleo. Isto nada mais é do que o ungüento, que cura as feridas, pois "o amor cobre inúmeros
pecados" (1 Pe 4:8).
(pg 156) As crianças que uma mulher dá a luz se parecem com o homem que a ama. Se o seu
marido a ama, então eles se parecem com seu marido. Se este for um adúltero, então elas se
parecerão com o adúltero. Com freqüência, se uma mulher (adúltera) se deita com seu marido por
conveniência, enquanto seu coração está com o amante, com quem ela geralmente tem relações, a
criança que ela terá nascerá parecendo-se com o adúltero. Portanto, vós que viveis com o Filho de
Deus, não ameis o mundo, mas sim o Senhor, para que os filhos que vierdes a engendrar não se
parecem com o mundo, mas com o Senhor.
O ser humano tem relação sexual com um ser humano. O cavalo com um cavalo, um jumento com
um jumento. Membros de uma raça geralmente se associam (com) pessoas da mesma raça. Assim
o Espírito se mistura com o Espírito, o pensamento se relaciona com o pensamento, e a (luz)
compartilha (com a luz. Se) nasceres como um ser humano, será (um ser humano) que te amará. Se
te tornares (um espírito), será o Espírito que se unirá a ti. Se te tornares pensamento, será o
pensamento que se associará contigo. Se te tornares luz, é a luz que compartilhará contigo. Se te
tornares um daqueles que pertencem ao alto, são aqueles que pertencem ao alto que repousarão
em ti. Se te tornares um cavalo, um jumento, um touro, um cão, uma ovelha ou qualquer outro
animal que estão fora ou embaixo, então, nenhum ser humano, espírito, pensamento ou luz será
capaz de amar-te. Nem os que pertencem ao alto nem os que pertencem ao interior serão capazes
de repousar em ti, e não terás parte deles.
Aquele que é escravo contra o seu desejo será capaz de tornar-se livre. Aquele que se tornou livre
devido ao favor de seu mestre, e depois vendeu-se como escravo novamente, não será mais capaz
de ser livre.
A agricultura no mundo requer a cooperação de quatro elementos essenciais. A colheita será reunida
no celeiro somente se houver a ação natural da água, da terra, do vento e da luz. A agricultura de
Deus, da mesma forma, é baseada em quatro elementos: fé, esperança, amor e conhecimento. A fé
é a terra em que fincamos raiz. A esperança é a água por meio da qual somos nutridos. Amor é o
vento por meio do qual crescemos. O conhecimento, então, é a luz, por meio da qual
(amadurecemos). A graça existe de (quatro maneiras: ela é) nascida da terra, é (celestial, ... ) do
mais alto céu, ( ... ) no ( ... ).
Bem aventurado é aquele que em nenhuma ocasião causou a uma alma ( ... ). Esta pessoa é Jesus
Cristo. Ele foi a toda parte e não prejudicou ninguém. Portanto, bem aventurado é aquele que age
desta forma, porque é um homem perfeito. Pois a palavra (pg 157) nos diz que este tipo de homem é
dificil de encontrar. Como seremos capazes de realizar uma coisa tão nobre? Como esta pessoa
dará consolo a todos? Acima de tudo, não é apropriado causar tristeza a ninguém - seja importante
40
ou modesto, crente ou sem crença - dando, então, consolo somente àqueles que se comprazem em
boas ações. Alguns acham vantajoso proporcionar auxílio aos que fazem o bem. Aquele que faz
boas ações não pode auxiliar tais pessoas, pois não se apega ao que gosta. Porém, é incapaz de
causar tristeza, já que não aflige a ninguém. Na verdade, aquele que faz o bem, às vezes, causa
tristeza aos outros -- não que seja sua intenção fazer isto -- ao contrário, é a própria maldade dos
outros que é responsável pela tristeza que sentem. Aquele que tem as qualidades (do homem
perfeito) confere alegria aos bons. Algumas pessoas, no entanto, sentem-se terrivelmente aflitas
com tudo isto.
Havia um chefe de família que tinha todas as coisas imagináveis: filhos, escravos, gado, cachorros,
porcos, milho, cevada, palha, pastagens, ( ... ), carne e bolotas . (Ele era, porém,) uma pessoa
sensata e conhecia o alimento de cada um. Servia pão às crianças ( ... ). Servia farinha aos
escravos ( e ... ). Lançava cevada, palha e capim ao gado. Dispensava ossos aos cachorros e
bolotas e lavagem aos porcos. O mesmo ocorre com o discípulo de Deus: se ele for uma pessoa
sensata compreende as necessidades do discipulado. As formas corporais não o enganarão, e ele
examinará a condição da alma de cada um falando de acordo. Existem muitos animais no mundo
que se apresentam de forma humana. Quando o discípulo os indentifica, lança bolotas aos porcos,
cevada, palha e capim ao gado, ossos aos cães. Aos escravos proporcionará somente as lições
elementares, às crianças oferecerá a instrução completa.
Existe o Filho do Homem e o filho do Filho do Homem. O Senhor é o Filho do Homem, e o filho do
Filho do Homem é aquele que cria por meio do Filho do Homem. O Filho do Homem recebe de Deus
a capacidade para criar. Ele também tem a capacidade para gerar. Aquele que recebeu a habilidade
para criar é uma criatura. Aquele que recebeu a habilidade para gerar é um descendente. Aquele
que cria não pode gerar. Aquele que gera não tem o poder de criar. É dito, no entanto, "Aquele que
cria gera." Mas, a sua denominada "prole" é meramente uma criatura. Por causa da ( ... ) do
nascimento, eles não são seus descendentes mas ( ... ). Aquele que cria trabalha abertamente e é
visível. Aquele que gera o faz (em privacidade), ficando escondido, já (pg 158) que ( ... ) imagem. Da
mesma forma, aquele que cria (o faz) abertamente. Mas, o que gera (engendra) os filhos em
privacidade. Ninguém (pode) saber quando (o marido) e a esposa têm relações sexuais, a não ser
os dois. Realmente, o casamento no mundo é um mistério para os que assumiram uma esposa. Se
existe uma qualidade oculta no casamento da corrupção, maior ainda será o verdadeiro mistério do
matrimônio não profanado! Ele não é carnal mas puro. Não pertence ao desejo mas à vontade. Não
pertence à escuridão nem à noite, mas ao dia e à luz. Quando um casamento está aberto ao público,
tornou-se prostituição, e a noiva faz o papel de prostituta não só quando é inseminada por outro
homem, mas ainda quando sai de seu quarto e é vista. Ela só deve mostrar-se a seu pai, sua mãe,
ao amigo do noivo e aos filhos do noivo. A estes é permitido entrar todos os dias na câmara nupcial.
Aos outros resta simplesmente ansiar por ouvir a voz da noiva e deleitar-se com seu bálsamo. Eles
que se alimentem das migalhas que caem da mesa, como os cães. O noivo e a noiva pertencem à
câmara nupcial. Ninguém poderá ver o noivo e a noiva, a menos que (torne-se) um com eles.
Quando Abraão ( ... ) que ele veria o que devia ver, (ele cortou) a carne do prepúcio, ensinando-nos
que é apropriado destruir a carne.
(A maior parte das coisas) no mundo, enquanto suas (partes internas) estão ocultas, ficam de pé e
vivem. (Se são reveladas), morrem, como é ilustrado pelo homem visível: (enquanto) os intestinos
do homem estão escondidos, o homem está vivo; quando seus intestinos são expostos e saem de
dentro dele, o homem morre. O mesmo ocorre com a árvore: enquanto a raiz está escondida ela
brota e cresce. Se suas raizes são expostas, a árvore seca. Assim ocorre com todo nascimento no
mundo, não só com o revelado, mas (também) com o oculto. Porque enquanto a raiz da maldade
está escondida, esta permanece forte. Mas quando é reconhecida ela se dissolve. Quando é
revelada ela morre. É por isto que a palavra disse: "O machado já está posto à raiz das árvores" (Mt
3:10). Ele não só cortará -- o que é cortado brota outra vez -- mas o machado penetra
profundamente até trazer a raiz para fora. Jesus arrancou inteiramente a raiz de todas as coisas,
enquanto outros só o fizeram parcialmente. Quanto a nós, que cada um cave em busca da raiz do
mal que está dentro de si, e que ela seja arrancada do coração de cada um pela raiz. Ela será
41
arrancada se nós a reconhecermos. Mas se a ignorarmos, o mal se enraizará em nós e produzirá
seus frutos em nosso coração. Ele nos dominará. Seremos seus escravos. Ele nos mantém cativos,
para que façamos o que não queremos e não façamos o que queremos. Ele é poderoso porque nós
não o reconhecemos. Enquanto (existe) permanece ativo. A ignorância é a mãe de (todos os (pg
159) males). A ignorância resultará na (morte, porque) aqueles que vivem na ignorância não foram,
não (são) nem serão. ( ... ) será perfeito quando toda a verdade for revelada. Porque a verdade é
como a ignorância: enquanto está escondida repousa em si mesma, mas quando é revelada e
reconhecida, passa a ser louvada porque é mais forte do que a ignorância e o erro. Ela dá liberdade.
A Palavra disse, "Se conhecerdes a verdade, a verdade vos libertará" (Jo 8:32). A ignorância é uma
escrava. Conhecimento é liberdade. Se conhecermos a verdade, encontraremos os frutos da
verdade dentro de nós. Se nos unirmos com ela, nos trará a plenitude.
No momento temos as coisas manifestadas da criação. Dizemos, "Os fortes que são tidos em alta
estima são grandes indivíduos. E os fracos que são desprezados são os obscuros." Contraste esta
situação com as coisas manifestas da verdade: elas são fracas e desprezadas, enquanto as coisas
ocultas são fortes e tidas em alta estima. Os mistérios da verdade são revelados, ainda que por meio
de modelos e imagens. A câmara nupcial, no entanto, permanece oculta. É o santo do santo. O véu
inicialmente ocultava (a forma) como Deus controla a criação, mas quando o véu é rasgado e as
coisas interiores são reveladas, esta casa ficará desolada, ou melhor, será (destruída). E toda a
deidade (inferior) fugirá daqui, mas não para os santos (dos) santos, porque não será capaz de se
misturar com a (luz) pura e com a plenitude (perfeita), mas para baixo das asas da cruz (e debaixo)
de seus braços. Esta arca será (sua) salvação quando a enchente das águas surgir sobre eles. Se
alguns pertencem a ordem sacerdotal, serão capazes de retirar-se para dentro do véu com o sumo
sacerdote. Por esta razão o véu não se rasgou somente no alto, pois neste caso estaria aberto
somente para os do alto; nem foi rasgado somente em baixo, pois neste caso teria sido revelado
somente para os de baixo. Mas foi rasgado de alto a baixo. Aqueles acima abriram para nós as
coisas abaixo, para que pudéssemos penetrar o segredo da verdade. Isto realmente é o que é tido
em alta consideração (e) que é forte! E iremos lá por meio de modelos inferiores e formas de
fraqueza. Eles são realmente inferiores quando comparados com a glória perfeita. Há uma glória que
ultrapassa a glória e um poder que ultrapassa o poder. Portanto, as coisas perfeitas se abriram para
nós, juntamente com as coisas ocultas da verdade. O santo dos santos foi revelado, e a câmara
nupcial nos convida a entrar.
Enquanto ela estiver escondida, a fraqueza é realmente ineficaz, pois ela não foi removida do âmago
da semente do Espírito Santo. Eles são escravos do mal. Mas, quando ela for revelada, então, a luz
perfeita vai brilhar sobre todos. E todos os que (pg 160) estiverem em seu bojo (receberão a crisma).
Então, os escravos serão libertados, (e) os cativos serão resgatados. "(Toda) planta (que) meu pai
que está nos céus (não tiver) plantado será arrancada" (Mt 15:13). Aqueles que estiverem separados
se unirão ( ... ) e serão preenchidos. Quem (entrar) na câmara nupcial vai acender a (luz), porque
( ... ) assim como nos casamentos que são ( ... ) acontece a noite. Aquele fogo ( ... ) só de noite e é
apagado. Mas, por outro lado, os mistérios daquele casamento são aperfeiçoados de dia e sob a luz.
Nem aquele dia nem sua luz jamais terminam. Se alguém tornar-se um filho da câmara nupcial, este
receberá a luz. Se alguém não recebê-la enquanto estiver aqui, não será capaz de recebê-la no
outro lugar. Quem receber aquela luz não será visto, nem poderá ser detido. E ninguém será capaz
de atormentar uma pessoa como aquela, mesmo quando ela estiver vivendo no mundo. E também,
quando se retirar do mundo, ela já terá recebido a verdade em imagens. O mundo tornou-se o reino
(eon) eterno, porque o reino eterno é a plenitude para ela. E isto ocorre desta forma: é revelado a ela
sozinha, não escondido na escuridão e à noite, mas escondido num dia perfeito e sob a luz sagrada.

Fonte: THE NAG HAMMADI LIBRARY


James M. Robinson (ed.)
Harper San Francisco, 1994, pg. 141-160
Tradução: Raul Branco
Revisão: Edilson Pedros
42
O verdadeiro Opus Dei
Por Peter Bancroft

Os adeptos das teorias da conspiração que ficaram intrigados pela versão do Opus Dei transmitida
pelo Código Da Vinci poderão achar a realidade um pouco desalentadora. Não há monges, não há
assassinos, não há masoquismo, não há misoginia. Mas para Católicos comuns que tentam viver a
sua fé no mundo secular, o verdadeiro Opus Dei é muito interessante.
Um dos ensinamentos principais do Concílio Vaticano II foi o do “chamamento universal para a
santidade. ”Deus chama todas as pessoas – sacerdotes, religiosos e leigos – à procura da união
espiritual com Jesus Cristo e a participar na missão evangelizadora da Igreja. O Opus Dei é a
instituição Católica cuja missão é a de ajudar a cumprir esse chamamento.
Opus Dei significa em latim “Obra de Deus.”Foi fundado em 1928 por São Josemaría Escrivá e
recebeu aprovação da Santa Sé em 1947. Desde 1982 o Opus Dei é uma prelatura pessoal. A Igreja
estabeleceu prelaturas pessoais para levarem a cabo missões pastorais específicas: no caso do
Opus Dei, será o de difundir o ideal de santidade no meio do mundo. Como viria a dizer o Papa João
Paulo II, o Opus Dei “tem como objectivo a santificação pessoal de cada um no meio do mundo, no
seu local de trabalho e no meio dos seus afazeres profissionais: ou seja, viver o Evangelho no
mundo.”
As principais actividades do Opus Dei são a organização de meios de formação que incluem aulas,
retiros e direcção espiritual. Não é condição prévia que alguém seja membro para receber formação
espiritual; de facto, a maioria que a recebe não o é. A ênfase é dada na procura de meios práticos
para crescer em santidade. Como poderei desenvolver a minha vida espiritual apesar da minha vida
ocupada? O que é que eu preciso fazer para realizar o meu trabalho e outras actividades diárias
com espírito Cristão? Que influência tem a fé Católica na minha vida familiar, nas minhas amizades
e actividades sociais? A formação dada pelo Opus Dei ajuda as pessoas a encontrar respostas
práticas a estas questões, de maneira que possam integrar melhor a sua fé com o resto da sua vida.
Outros pontos-chave realçados pelo Opus Dei são a oração, caridade e filiação divina
(consciencialização de que somos filhos de Deus).
Esta formação espiritual pretende complementar a orientação pastoral dada pelas paróquias
Católicas e nunca substituí-las. O Opus Dei desenvolve sempre as suas actividades com o
conhecimento e permissão do bispo local, e coloca especial ênfase no amor pela Igreja e obediência
para com os seus pastores.
Enquanto que a chamada à santidade é universal, há muitas maneiras de concretizar este
chamamento: ser membro do Opus Dei não é para todos. Ser membro implica de facto uma
vocação. Implica o empenhamento para receber direcção espiritual do Opus Dei, assim como o
empenhamento em frequentar os sacramentos, fazer oração, apostolado e, em geral, um esforço
humilde e constante para adquirir virtudes e lutar pela santificação dentro do espírito do Opus Dei.
A incorporação como membro do Opus Dei pode ser feita como agregado, numerário ou
supranumerário. A maioria dos seus membros são supranumerários casados, procurando seguir
Jesus Cristo através da santificação do trabalho em casa e na sua profissão, procurando manter um
ambiente luminoso e alegre no seu lar, aceitando com generosidade e educando os filhos que Deus
envia, partilhando a sua fé com os seus filhos e amigos. Os numerários e agregados partilham a
mesma vocação de procura da santidade através do seu trabalho, das suas amizades e actividades
seculares comuns. No entanto, comprometem-se a viver o celibato para poderem dedicar-se com
mais disponibilidade na organização das actividades de formação espiritual do Opus Dei. Os
numerários e agregados não são monges nem freiras: a incorporação no Opus Dei não implica
nenhuma mudança no seu trabalho profissional ou na sua condição laical.
Em 2005, o Opus Dei contava com 86,000 membros (pouco mais do que 3,000 nos E.U.A.). Cerca
de 98% dos membros são leigos; os restantes são sacerdotes que foram ordenados de entre os
43
leigos. Os membros são das mais variadas ascendências étnicas e estão distribuídos de forma
equilibrada entre homens e mulheres. Para uma pessoa se incorporar deve ser adulta mas não
existem requisitos académicos, profissionais ou de rendimentos.
Peter Bancroft é o Director do Gabinete de Informação do Opus Dei nos Estados Unidos. Estudou
Filosofia no Calvin College e Direito na Universidade de Notre Dame. Vive em New Rochelle, Nova
Iorque.

Ordem dos Templários

A Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão, melhor conhecida como
Ordem dos Templários é uma Ordem de Cavalaria criada em 1118, na cidade de Jerusalém, por
nove cavaleiros de origem francesa, entre os quais Hugo de Payens e Geoffroy de Saint-Omer,
visando a defesa dos interesses e proteção dos peregrinos cristãos na Terra Santa.
Sob a divisa Non nobis, Domine, non nobis, sed nomini Tuo da gloriam (Não a nós, Senhor, não a
nós, mas ao Vosso nome dai a glória), tornou-se, nos séculos seguintes, numa instituição de
enorme poder político, militar e económico.
Inicialmente, as suas funções limitavam-se à proteção dos peregrinos que se deslocavam aos locais
sagrados, nos territórios cristãos conquistados na Terra Santa, durante o movimento das Cruzadas.
Nas décadas seguintes, a Ordem beneficiou-se de inúmeras doações de terra na Europa que lhe
permitiram estabelecer uma rede de influências em todo o continente.
Planta do Templo de Salomão e algumas de suas linhas de construção que podem ter servido de
inspiração para os Templos dos Templários
Com a tomada de Jerusalém pela primeira cruzada e o surgimento de um reino cristão, nove
cavaleiros que dela participaram pediram autorização para permanecer na cidade e proteger os
peregrinos que para lá se dirigiam. O rei de Jerusalém, Balduíno II, permitiu que os estábulos sobre
as ruínas do Segundo Templo de Salomão, naquela cidade, lhes servissem de sede.
Estes cavaleiros fizeram voto de pobreza e seu símbolo passou a ser o de um cavalo montado por
dois cavaleiros. Em decorrência do local de sua sede, do voto de pobreza e da fé em Cristo surgiu o
nome da ordem, Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão, ou simplesmente Cavaleiros
Templários.
Segundo uma versão da lenda, nos primeiros nove anos de existência esses cavaleiros dedicaram-
se a escavações feitas nos alicerces de sua sede, até terem encontrado documentos e riquezas que
os tornaram poderosos. Supostamente, sob o Segundo Templo, local mais sagrado dos antigos
Judeus, jaziam riquezas ocultas pelos sacerdotes antes da conquista e destruição de Jerusalém
pelos romanos no ano de 70.
Segundo outras versões da lenda, os cavaleiros teriam encontrado o Santo Graal, cálice utilizado
por Jesus Cristo na Última Ceia, e que teria sido utilizado para coletar o seu sangue quando de sua
crucificação.
As versões são acordes em que o que foi encontrado foi levado pelos cavaleiros templários,
sigilosamente para a Europa, onde a Ordem teria alcançado do Papa Inocêncio II uma bula pela qual
obtinham poderes ilimitados, sendo declarados "isentos de jurisdição episcopal", constituindo-se,
desse modo, em um poder autônomo, independente de qualquer interferência, política e religiosa,
quer de reis quanto de prelados.
A partir de então, a Ordem teria se expandido rápidamente, quer em número quer em poder político,
acumulando vastos domínios em mais de dez países, vindo a enriquecer ainda mais através da
concessão de créditos a reis, nobres e prelados, cobrando juros sobre esses recursos, instituindo o
embrião do moderno sistema bancário.
No século XIV, a Ordem teria alcançado tamanho poder que Filipe IV de França e o Papa Clemente
V, colocaram em prática uma estratégia para esmagá-la e apoderar-se de seus recursos.
O Papa enviou instruções secretas, lacradas, a serem abertas simultaneamente por suas forças, por
toda a Europa, no dia 13 de outubro de 1307. Nesse dia, ao serem abertas, os destinatários

44
tomaram conhecimento da afirmação do Pontífice de que Deus viera a ele em uma visão, alertando-
o de que os Templários eram hereges, culpados de adoração ao demônio, homossexualismo,
desrespeito à Santa Cruz, sodomia e outros comportamentos blasfemos. Como Papa, recebera de
Deus a ordem de purificar a Terra, reunindo todos os Templários e torturando-os até que
confessassem as supostas heresias cometidas.
A operação foi um sucesso e inúmeros Templários foram presos, torturados e queimados em
fogueiras como hereges, mantendo a soberania da Igreja Católica no cenário político da época.
O rei Filipe tentou tomar posse dos tesouros dos templários, no entanto quando seus homens
chegaram ao porto, a frota templária já havia partido misteriosamente com todos os tesouros, e
jamais foi encontrada. Os possíveis destinos dessa frota seriam Portugal, onde os templários seriam
protegidos; a Inglaterra, onde se poderiam refugiar por algum tempo, e a Escócia onde também se
poderiam refugiar com bastante segurança.
O último grão mestre templário, Jacques de Molay, após dez anos na prisão, prestes a ser
executado na fogueira em 1314, amaldiçoou aqueles que causaram tão injusta perseguição,
convocando-os a prestar contas a Deus no prazo de um ano. A maldição dirigia-se específicamente
ao rei Filipe IV, ao Papa Clemente V e a Guilherme de Nogaret, guarda do Selo Real.
Coincidentemente os três personagens vieram a falecer naquele prazo. Complementarmente,
nenhum dos filhos de Filipe IV conseguiu se manter no trono ou deixar descendentes, encerrando-se
a Dinastia Capetiana e abrindo uma crise sucessória que mergulhou a França na Guerra dos Cem
Anos.
A mistura da hierarquia monástica e militar atraiu muitos filhos de nobres, em geral aqueles que não
receberiam qualquer herança em razão da regra da primogenia, para suas fileiras.
A valentia e destreza demonstrada em várias batalhas, tornava a participação na ordem uma forma
atrativa de servir a Deus e ganhar respeitabilidade na sociedade, sendo certo que a ordem era vista
como uma nova cavalaria, cujos membros mesclavam atuação guerreira com a salvação espiritual.
Uma das principais características da ordem era sua autonomia em relação à hierarquia da igreja,
sendo certo que seus membros só se sujeitavam ao próprio Papa. Tal autonomia os isentava do
pagamento de dízimos, e permitia que mantivessem seus próprios cultos, padres, capelões,
cemitérios etc.
O reconhecimento da ordem, ocorrido no Concílio de Troyes, e seu posterior crescimento está
intimamente ligada à atuação de São Bernardo de Claraval que advogou em seu favor perante o
Papa e a nobreza européia da época, ressaltando seus ideais. A regra que estabelecia o modo de
viver dos cavaleiros templários também foi escrita por São Bernardo, que era sobrinho de um dos
nove cavaleiros que a fundaram. Tal regra previa o voto de pobreza e de celibato.
Após a consolidação de sua força na Europa, quando passaram a ser proprietário de vastas áreas e
de diversas fortalezas, os Templários foram os precursores do cheque e do sistema financeiro
internacional. Evidentemente, transportar riquezas na Idade Média representava um enorme risco.
Assim, qualquer viajante poderia depositar determinada quantia em uma fortaleza templária e
receberia um documento cifrado que poderia ser descontado em qualquer outra fortaleza, pagando-
se um percentual por tais serviços. Além disso, os templários fizeram empréstimos a diversos reinos,
o que demonstrava o seu poder econômico.
Como a função inicial da ordem era proteger os peregrinos que se dirigiam a Terra Santa, a ordem
passou a manter relações diplomáticas com vários infiéis. Para evitar conflitos, tolerava os ritos e as
crenças dos muçulmanos e judeus e muitos de seus membros aprenderam o idioma dos inimigos da
cruz para evitar a negociação por meio de intérpretes. Tais fatos foram amplamente usados nas
acusações feitas mais tarde contra a ordem.
De certa forma, a ascensão meteórica dos Templários levou à sua própria queda. Segundo alguns,
um pouco das razões de sua queda foram causadas pelo fato de Filipe IV, o belo, ter tentado entrar
para a ordem templária, mas ter sido recusado. Além disso, num levante de seus súditos, o rei
francês foi obrigado a se refugiar dentro de uma fortaleza templária até que a situação fosse
controlada. O sentimento de impotência diante da ordem templária, aliado à dificuldade financeira
pela qual os cofres do reino se encontravam, além da ambição por documentos contendo
45
informações sobre tecnologia naval (que seria posteriormente usada por Colombo, Pedro Álvares
Cabral e Vasco da Gama) motivou a idéia de destruição dos templários e apoderamento de seus
vastos recursos. Assim, com medo do estado dentro do seu próprio estado, o rei Filipe IV, com apoio
do Papa Clemente V, que devia favores ao rei e foi eleito papa em razão da pressão das tropas
francesas, planejou a destruição da Ordem do Templo.
Templários sendo queimados pela Inquisição por acusação de Heresia contra a Igreja Católica
Em todo o território francês, os cavaleiros do Templo foram presos simultaneamente a 13 de Outubro
de 1307, uma sexta-feira. (Inclusive, alguns dizem, que vem deste evento a a lenda de as Sextas-
Feiras 13 serem dias de azar). Por terem sido submetidos a tortura, a maioria admitiu práticas
consideradas hereges, como adorar um ídolo chamado Baphomet, homossexualidade ou cuspir na
cruz. O papa aprovou a sua extinção no Concílio de Viena de 1311-1312, tendo a maioria dos
cavaleiros da ordem sido executada na fogueira, incluindo o seu grão-mestre Jacques de Molay em
1314.
O julgamento dos templários se arrastou por anos e embora muitos de seus membros tenham sido
condenados e queimados, a ordem em si não foi considerada culpada. Todavia, as máculas
decorrentes das diversas acusações impediram sua continuidade.
Quando os Templários passaram a ser perseguidos na França, Portugal recusou-se a obedecer à
ordem de prisão de seus membros. Na verdade os portugueses tinham os Templários em alta conta,
já que ajudaram nas guerras de Reconquista que expulsaram os mouros da península Ibérica, e
possuiam grande tecnologia de locomoção terrestre e marítima, útil a D. Dinis (1279-1325).
Assim, após a aniquilação dos Templários na maior parte da Europa, a Ordem continuou em
Portugal, como Ordem de Cristo (da qual o Infante D. Henrique foi grão-mestre). Toda a hirerarquia
foi mantida e na cruz vermelha sobre o pano branco, símbolo templário, foi acrescida uma nova cruz
branca em seu centro, simbolizando a pureza da ordem.
A Ordem de Cristo herdou todos os bens dos Templários portugueses e desempenhou um papel
fulcral nos descobrimentos portugueses. Por um lado, emprestaram recursos para a coroa
portuguesa financiar o avanço marítimo, por outro, transmitiu à chamada Escola de Sagres todo o
vasto conhecimento que já dispunham sobre navegação após anos singrando o mar Mediterrâneo.
Essa ligação íntima explica porque as caravelas portuguesas tinham suas velas pintadas com a cruz
templária.
Alguns templários também se dirigiram para a Escócia, onde foram recebidos de bom grado e se
incorporaram ao exército escocês. A experiência e destreza dos cavaleiros templários foi importante
nas batalhas que culminaram com a libertação do país da dominação inglesa. Apesar disso, nunca
mais alcançaram a importância anterior.
Segundo alguns, na Escócia ela gozou de liberdade suficiente para continuar suas atividades sem
ser incomodada pela inquisição da Igreja Católica, tendo se misturado a fraternidades maçônicas,
donde se originou, segunda a lenda, a Franco-Maçonaria, rito escocês.

Os Templários entraram em Portugal ainda no tempo de D. Teresa, que lhes doou a povoação
minhota de Fonte Arcada, em 1127. Um ano depois, a viúva do conde D. Henrique entregou-lhes o
Castelo de Soure sob compromisso de colaborarem na conquista de terras aos mouros. Em 1145
receberam o Castelo de Longroiva e dois anos decorridos ajudaram D. Afonso Henriques na
conquista de Santarém e ficaram responsáveis pelo território entre o Mondego e o Tejo, a montante
de Santarém.
Os Templários Portugueses a partir de 1160 ficaram sediados na cidade de Tomar, onde continuou a
situar-se a sua ordem sucessora, a Ordem de Cristo.

46
Debate sobre o Código da Vinci

Do autor Dan Brown

Será que este livro contem fatos verídicos ou fictícios?

Em primeiro lugar, a capa do livro refere-se ao livro como um romance, e na página que contem os
direitos de autor está escrito: "Todos os personagens e eventos neste livro são fictícios, e qualquer
semelhança a pessoas reais, vivas ou mortas, é puramente uma coincidência."
No entanto, ao longo da historia, Dan Brown inicia o seu livro com uma página intitulada fatos e ao
longo do livro apresenta vários pedaços de verdades históricas. Consequentemente, o leitor pode
pensar que as afirmações que ele faz sobre Jesus, a Bíblia e a fé cristã são também verídicas.

Será que Cristo não é de fato Deus?

O livro de Dan Brown contem muitas afirmações sobre a origem e o desenvolvimento do


cristianismo. Afirma que: "quase tudo o que os nossos pais contaram-nos sobre Cristo é falso." A
razão pela qual Brown faz esta declaração gira à volta de uma reunião de bispos no ano 325 na
cidade de Niceia na Turquia. Brown declara que naquela reunião (O Concílio de Niceia) o Vaticano
criou um Cristo divino e escrituras infalíveis, que segundo ele, eram doutrinas novas que antes
nunca tinham existido.
Uma coisa é certa - O Concílio de Niceia foi um evento muito importante na história do cristianismo,
para o qual o novo convertido Imperador Constantino chamou 300 bispos de todo o mundo. Nesse
Concílio, um certo teólogo chamado Arius propôs que Jesus não era Deus na forma humana e,
consequentemente, Brown no seu livro, supõe que todos os seguidores de Jesus não o consideram
como o próprio Deus mas apenas um grande e poderoso profeta.
Naquele Concílio, de fato foi levado a voto a questão da divindade de Cristo, do que resultou numa
esmagadora maioria dos participantes afirmando que Jesus Cristo era divino e apenas dois dos
bispos votarem negativamente. A convicção da divindade de Jesus não era nova; na realidade, os
documentos da Igreja Primitiva e os testemunhos dos Pais da Igreja anteriores a Niceia confirmam
que os cristãos sempre acreditaram em Jesus como Senhor, Deus e Salvador, mesmo em alturas
em que essa crença o podia sentenciar à morte.

O Concílio de Niceia afirmou que Deus existe em três pessoas, Deus Pai, Jesus Cristo e O Espírito
Santo - Santa Trindade- e que Cristo é Deus na carne. Estes fundamentos da fé cristã tem-se
mantido durante os séculos.

No Novo Testamento Jesus faz declarações sobre si mesmo.

Ele disse:

'Eu e o meu pai somos um.' (João 10.30)

'Quem me vê a mim vê o Pai.' (S. João 14.9)

'Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim?' (S. João 14.10)

47
Será que existem outros evangelhos além dos do Novo Testamento?

Sem dúvida que, em 1945, foram descobertos no Egipto cinquenta textos que continham literatura
que pertencia aos Gnósticos e, entre eles, o evangelho de Filipe, o evangelho da Verdade, e o
evangelho de Tomé.
No entanto, estes evangelhos não são livros perdidos da Bíblia como diz o livro de Dan Brown. São
documentos nascidos de um pequeno grupo de pessoas (Gnósticos) que acreditavam numa versão
de cristianismo muito diferente da dos primeiros cristãos, a que a igreja primitiva se opôs.
O livro de Dan Brown está correto quanto há existência dos evangelhos gnósticos, mas está errado
ao afirmar que eles são os mais velhos ou os mais verídicos da vida de Jesus Cristo. A razão pela
qual estes textos não estão incluídos no Novo Testamento é que eles não foram escritos pelos
apóstolos (ou seus discípulos). Os autores dos evangelhos gnósticos são desconhecidos. Além
disso, os escritos dos Gnósticos foram rejeitados porque a sua autoria era de um grupo de pessoas
que não acreditava que Jesus era Deus.
Existe evidência histórica que os quatro evangelhos que temos no Novo Testamento se tornaram
aceitáveis muitos anos antes do que Dan Brown proclama no livro, e o cânon completo das
Escrituras (que é a Bíblia Sagrada que usamos hoje em dia e que inclui estes quatro evangelhos)
data do segundo século.

Então, qual foi o papel de Imperador Constantino?

Por volta do ano 300 DC, cristãos começaram a listar os livros bíblicos, mas nunca questionaram
os quatro evangelhos. Debateram sobre os livros mais complicados, como Judas ou Apocalipse. O
Imperador Constantino mandou Eusebius, o seu bispo preferido, sancionar cinquenta cópias da
Bíblia e visto que Eusebius sabia que a tradição antiga tinha afirmado os quatro evangelhos
apostólicos, ele os confirmou como sendo evangelhos canónicos. Consequentemente, não é
verdadeiro dizer que foi o Imperador Constantino quem legitimou os quatro evangelhos pela
primeira vez.

Será que Jesus se casou com Maria Madalena?

Dan Brown afirma no seu livro ser um fato histórico Jesus ter casado com Maria Madalena. Ele
afirma também que todos os homens judeus se casaram e por isso é obvio que Jesus era casado.
Mas João Baptista não era casado, nem o Apostolo Paulo que era um Judeu muito zeloso. De fato,
Jesus exultou o valor de se ser solteiro, especialmente para aqueles que receberam a chamada para
servir Deus nas suas vidas. (Veja o evangelho de S. Mateus 19.11-12). Para além disso, se Jesus
fosse casado o Apostolo Paulo não teria escrito o seguinte:
'Não temos nós o direito de levar conosco uma esposa crente como fazem os outros apóstolos, os
irmãos do Senhor e Cefas?'(1 Coríntios 9.5)

Isto demonstra claramente que os irmãos de Jesus eram casados, mas Jesus não era. Além disto,
não existe nenhum documento que sugere que Jesus era casado. Nem sequer os evangelhos
gnósticos, ao qual 'O código de Da Vinci' refere muitas vezes, propõe que Jesus se casou com Maria
Madalena.
Então a conclusão é que esta teoria é mera ficção literária e blasfêmia.

48
Será que na pintura 'A Ultima Ceia' por Leonardo de Vinci, Maria Madalena está sentada ao
lado direito de Jesus?

Neste livro está escrito que Leonardo Da Vinci era um membro do Priorado de Sião, uma sociedade
secreta, que tinha conhecimento do casamento de Jesus com Maria Madalena, e que Leonardo
revela este segredo numa maneira codificada na sua pintura 'A Ultima Ceia'. Segundo Dan Brown,
naquela pintura Leonardo pintou uma mulher sentada ao lado direito de Jesus.
Isso não é a verdade. Historiadores de arte durante anos têm reconhecido que esta figura é o
apostolo João. O confundir-se João com uma mulher deve-se ao fato dos artistas em Florença, onde
Leonardo vivia, normalmente pintarem o apóstolo João com uma cara afeminada por ser muito
jovem, e Leonardo apenas seguiu as convenções da arte florentina. Também é de notar que nenhum
dos contemporâneos de Leonardo pensaram que a figura não era João mas sim uma mulher.
Além disto, se a figura no lado direito de Jesus fosse realmente Maria Madalena, isto significaria
que o apóstolo João estava ausente na pintura de Leonardo, um fato que precisava uma boa
explicação! Adicionalmente, esta pintura foi frequentemente restaurada de uma maneira desastrosa,
e portanto não podemos ter a certeza como era de fato a pintura original.
Leonardo pintou outros personagens Bíblicos (homens) com uma cara afeminada, incluindo João
Baptista.

Será que Leonardo da Vinci foi um membro do Priorado de Sião, uma sociedade secreta que
acreditava que Jesus e Maria Madalena tinham uma filha?

Existiu um Priorado de Sião na idade média, mas não era o mesmo do qual Dan Brown se refere.
Dan Brown está a referir-se a uma sociedade secreta inventada por um francês chamado Pierre
Plantard que se baseou num mito que se desenvolveu no século XX.
Este mito teve origem na vila Francesa, Rennes-le-Chateau (um dos locais mencionados no livro) a
respeito do padre local Berenger Saunière (1852-1917). Várias pessoas acreditaram que este padre
tinha descoberto documentos que descreveram o secreto casamento de Jesus com Maria Madalena.
Estes documentos alegadamente teriam sido vendidos às autoridades eclesiásticas em Paris e
consequentemente Saunière tornou-se muito rico. Pouco depois Sauniere morreu duma trombose, o
que levantou suspeitas a algumas pessoas.
Pierre Plantard ficou a saber deste mito através duma reunião que teve com Noel Corbu, um
negociante francês que tinha comprado a propriedade de Saunière. Corbu começou a divulgar este
mito porque tinha aberto um restaurante e queria atrair clientes. Plantard reuniu-se com Corbu
várias vezes e consequentemente nos anos 1960 e 1970 forjou alguns documentos. O objetivo era
provar a existência da linhagem sanguínea de Jesus e Maria Madalena desde os reis da França até
a si mesmo e, como tal, ele seria um herdeiro legítimo ao trono de França se a monarquia fosse
restaurada. Plantard e os seus sócios designaram-se como o Priorado de Sião e colocaram
documentos falsos em bibliotecas de França. O fraude não durou - no ano 1993, Plantard confessou
sob juramento que tinha forjado estes documentos e foi considerado louco.

O livro de Dan Brown usa esta fraude para tentar dar credibilidade ao seu livro, e usa também o
nome Saunière no seu livro (o curador de arte assassinado no Louvre). A ideia de que Leonardo Da
Vinci era um membro deste alegado "Priorado de Sião" baseia-se num dos documentos forjados por
Plantard.

49
O que é o Santo Graal?

O tema principal do livro gira à volta de se saber o que é, e onde está, o Santo Graal. A lenda
popularizada desde o século doze conta que o Santo Graal foi o cálice usado na 'Ultima Ceia', o
mesmo cálice com que José de Arimatéia apanhou o sangue de Cristo por altura da Sua
crucificação, e que depois o levou para a Inglaterra. Historiadores não chegaram a acordo se esta
lenda teve origem num mito pagão, ou se foi inventado pelos cristãos, mas existem muitas versões
diferentes.
O livro 'O Código de Da Vinci' tem uma versão diferente dos eventos, que foi primeiramente
avançada no livro 'The Holy Blood and the Holy Grail'. Esta teoria está baseada na palavra 'Holy
Grail' em francês, 'sangreal' ou 'san greal', que podia ser igualmente 'sang real' (sangue real).
Segundo esta teoria, O Santo Graal não é um cálice, mas é a linhagem sanguínea de Jesus, e é
também o local secreto onde Maria Madalena foi enterrada pelo Priorado de Sião.
Para os cristãos, não tem importância nenhuma saber-se o que sucedeu ao Santo Graal, porque
não temos nenhum interesse em objetos, mas sim em reconhecer que Jesus deu a sua vida por nós,
para nos perdoar e nos limpar dos nossos pecados.

Então, qual é a verdade da Bíblia sobre Jesus Cristo?

Jesus Cristo é Deus em forma humana.


Ele é a segunda pessoa de Santa Trindade.
Ele amava e ainda ama toda a humanidade.
Ele é puro e Todo-Poderoso.
Ele vivia como um homem na terra.
Ele, sendo inocente, morreu pelos pecados da humanidade, ressuscitou e foi elevado aos céus.
Ele agora está sentado ao lado direito de Deus Pai.
Ele vai voltar para julgar este mundo.

A Sua missão na terra foi:

libertar as pessoas dos demônios;


curar os doentes;
pregar o arrependimento e o perdão dos pecados;
pregar sobre o reino de céus, e como se pode entrar neste:
morrer na cruz, levando sobre Si o pecado de todo o mundo:
vencer o poder de diabo através da sua morte e ressurreição;
voltar para o Seu Pai nos céus onde Ele agora está, orando pela humanidade;
mandar o Espírito Santo para viver dentro daqueles que acreditam em Jesus.

A lenda do Cálice Sagrado


Segundo a lenda, José de Arimatéia teria recolhido no 'Cálice usado na Última Ceia (o Cálice
Sagrado), o sangue que jorrou de Cristo quando ele recebeu o golpe de misericórdia, dado pelo
soldado romano Longinus, usando uma lança, depois da crucificação. O Cálice permaneceu perdido
durante muito tempo, embora haja controvérsias se o que é reconhecido hoje pela Igreja seja o
verdadeiro ou apenas uma imitação.
Em outra versão da lenda, teria sido a própria Maria Madalena, segundo a Bíblia a única mulher
além de Maria (a mãe de Jesus) presente na crucificação de Jesus, que teria ficado com a guarda
do cálice e o teria levado para a França, onde passou o resto de sua vida.
A lenda tornou-se popular na Europa nos séculos XII e XIII por meio dos romances de Chrétien de
Troyes, particularmente através do livro "Le Conte du Graal" publicado por volta de 1190, e que
conta a busca de Perceval pelo cálice.
50
Mais tarde, o poeta francês Robert de Boron publicou Roman de L'Estoire du Graal, escrito entre
1200 e 1210, e que tornou-se a versão mais popular da história, e já tem todos os elementos da
lenda como a conhecemos hoje.
Na literatura medieval, a procura do Graal representava a tentativa por parte do cavaleiro de
alcançar a perfeição. Em torno dele criou-se um complexo conjunto de histórias relacionadas com o
reinado de Artur na Inglaterra, e da busca que os cavaleiros da Távola Redonda fizeram para obtê-lo
e devolver a paz ao reino. Nas histórias misturam-se elementos cristãos e pagãos relacionados com
a cultura Celta.
A presença do Graal na Inglaterra é justificada por ter sido José de Arimatéia o fundador da Igreja
inglesa, para onde foi ao sair da Palestina.
Segundo algumas histórias, o Santo Graal teria ficado sob a tutela da Ordem do Templo, também
conhecida como Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão, instituição militar-
religiosa criada para defender as conquistas nas Cruzadas e os peregrinos na Terra Santa. Alguns
associam aos templários a irmandade que Wolfram cita em "Parzifal".
Segundo uma das versões da lenda, os Templários teriam levado o cálice para a aldeia francesa de
Rennes-Le-Château. Em outra versão, o cálice teria sido levado de Constantinopla para Troyes, na
França, onde ele desapareceu durante a Revolução francesa.
Em um país de maioria católica como o Brasil, a figura do Graal é tida, comumente, como a da taça
que serviu Jesus durante a Última Ceia e na qual José de Arimatéia teria recolhido o sangue do
Salvador crucificado proveniente da ferida no flanco provocada pela lança do centurião romano
Longino ("Ao chegarem a Jesus, vendo-O já morto, não Lhe quebraram as pernas, mas um dos
soldados perfurou-Lhe o lado com uma lança e logo saiu sangue e água" - João19:33-34).
A Igreja Católica não dá ao cálice mais do que um valor simbólico e acredita que o Graal não passa
de literatura medieval, apesar de reconhecer que alguns personagens possam realmente haver
existido. É provável que as origens pagãs do cálice tenham causado descontentamento à Igreja. Em
"Os mistérios do Rei Artur", Elizabeth Jenkins ressalta que "no mundo do romance, a história era
acrescida de vida e de significado emocional, mas a Igreja, apesar do encorajamento que dava às
outras histórias de milagres, a esta não deu nenhum apoio, embora esta lenda seja a mais
surpreendente do ponto de vista pictórico. Nas representações de José de Arimatéia em vitrais de
igrejas, ele aparece segurando não um cálice, mas dois frascos ou galheteiros". Alguns tomam o
cálice de ágata que está na igreja de Valência, na Espanha, como aquele que teria servido Cristo
mas, aparentemente, a peça data do século XIV.
Independente da veneração popular, esta referência é fundamental para o entendimento do
simbolismo do Santo Graal já que, como explica a própria Igreja em relação à ferida causada por
Longino, "do peito de Cristo adormecido na cruz, sai a água viva do batismo e o sangue vivo da
Eucaristia; deste modo, Ele é o cordeiro Pascal imolado".

[editar] Origem
A etimologia da palavra Graal é um tanto duvidosa, mas costuma-se considerá-la como oriunda do
latim gradalis - cálice. Com o brilho resplandecente das pedras sobrenaturais, o Graal, na literatura,
às vezes aparece nas mãos de um anjo, às vezes aparece sozinho, movimentando-se por conta
própria; porém a experiência de vê-lo só poderia ser conseguida por cavaleiros que se mantivessem
castos.
Transportado para a história do Rei Arthur, onde nasce o mito da taça sagrada, encontramos o rei
agonizante vendo o declínio do seu reino. Em uma visão, Arthur acredita que só o Graal pode curá-lo
e tirar a Bretanha das trevas. Manda então seus cavaleiros em busca do cálice, fato que geraria
todas as histórias em torno da Busca do Graal. É interessante notar que a água é uma constante na
história de Arthur. É na água que a vida começa, tanto a física como a espiritual. Arthur teria sido
concebido ao som das marés, em Tintagel, que fica sob o castelo do Duque da Cornualha; tirou a
Bretanha das mãos bárbaras em doze batalhas, cinco das quais às margens de um rio; entregou sua
espada, Excalibur, ao espírito das águas e, ao final de sua saga, foi carregado pelas águas para
51
nunca mais morrer. Certo de que sua hora havia chegado, Arthur pede a Bedivere que o leve à praia,
onde três fadas (elemento ar) o aguardam em uma barca. "Consola-te e faz quanto possas porque
em mim já não existe confiança para confiar. Devo ir ao vale de Avalon para curar a minha grave
ferida", diz o rei.
Avalon é a mítica ilha das macieiras onde vivem os heróis e deuses celtas e onde teria sido forjada a
primeira espada de Arthur - Caliburnius. Na Cornualha, o nome Avalon - que em galês refere-se à
maçã - é relacionado com a festa das maçãs, celebrada durante o equinócio de outono. Acreditam
alguns que Avalon é Glastonbury, onde tanto Arthur quanto Guinevere teriam sido enterrados. A
abadia de Glastonbury, onde repousaria o casal, é tida também como o lugar de conservação do
Graal.

[editar] O mito

/wiki/Imagem:Galahad_grail.jpg /wiki/Imagem:Galahad_grail.jpg
/wiki/Imagem:Galahad_grail.jpg/wiki/Imagem:Galahad_grail.jpgOs cavaleiros Galahad, Bors (o filho),
e Percival acham o Graal
A primeira referência literária ao Graal é "O Conto do Graal", do francês Chrétien de Troyes, em
1190. Todo o mito - e uma série interminável de canções, livros e filmes - sobre o rei Arthur e os
Cavaleiros da Távola Redonda tiveram seu início ali.
Tratava-se de um poema inacabado de 9 mil versos que relata a busca do Graal, da qual Arthur
nunca participou diretamente, e que acaba suspensa. Um mito por si só, "O Conto do Graal" é uma
obra de ficção baseada em personagens e histórias reais que serve para fortalecer o espírito
nacionalista do Reino Unido, unindo a figura de um governante invencível a um símbolo cristão. Mas
por que o cálice teria sido levado para a Inglaterra? Do ponto de vista literário, já foi explicado.
Porém há outras histórias muito mais interessantes - e ousadas - para explicar isto. Diz-se que
durante sua permanência na Cornualha, Jesus havia recebido em dádiva um cálice de um druida
convertido ao cristianismo (isto entendido como "o que era pregado por Cristo"), e por aquele objeto
Jesus tinha um carinho especial. Após a crucificação, José de Arimatéia quis levá-lo, santificado pelo
sangue de Cristo, ao seu antigo dono, o druida, que era Merlin, traço de união entre a religião celta e
a cristã. É na obra de Robert de Boron, José de Arimatéia, que o mito retrocede no templo até
chegar a Cristo e à última Ceia. José de Arimatéia (veja box ao final deste artigo) era um judeu muito
rico, membro do supremo tribunal hebreu - o Sinédrio. É ele que, como visto nos evangelhos, pede a
Pilatos o corpo de Jesus para ser colocado em um sepulcro em suas terras.
Boron conta que certa noite José é ferido na coxa por uma lança (perceba também, sempre
presente, as referências às lanças e espadas, símbolos do fogo, tanto nas histórias de Jesus como
de Arthur). Em outra versão, a ferida é nos genitais e a razão seria a quebra do voto de castidade.
Este fato está totalmente relacionado à traição de Lancelot que seduz Guinevere, esposa de Arthur.
Após a batalha entre os dois, a espada de Arthur, Caliburnius, é quebrada - pois é usada para fins
mesquinhos - e jogada em um lago onde é recolhida pela Dama do Lago antes que afunde.
Depois lhe é oferecida outra espada, esta sim, Excalibur. Somente uma única vez Boron chama a
taça de Graal. Em um inciso, ele deduz que o artefato já tinha uma história e um nome antes de ser
usado por Jesus: "eu não ouso contar, nem referir, nem poderia fazê-lo (...) as coisas ditas e feitas
pelos grande sábios. Naquele tempo foram escritas as razões secretas pelas quais o Graal foi
designado por este nome".
52
José de Arimatéia foi, portanto, o primeiro custódio do Graal. O segundo teria sido seu genro, Bron.
Algumas seitas sustentam que o ciclo do Graal não estará fechado enquanto não aparecer o terceiro
custódio. Esta resposta parece vir com "A Demanda do Graal", de autor desconhecido, que coloca
Galahad como único entre os cavaleiros merecedor de se tornar guardião do Graal.

[editar] Outras formas do Graal

[editar] O Graal-pedra
Toda a história é mudada quando contada pelo alemão Wolfram von Eschenbach, quase ao mesmo
que Boron. Em "Parzifal", Eschenbach coloca na mão dos Templários a guarda do Graal que não é
uma taça, mas sim uma pedra: Sobre uma verde esmeralda. Ela trazia o desejo do Paraíso: era
objeto que se chamava o Graal! Para Eschenbach, o Graal era realmente uma pedra preciosa, pedra
de luz trazida do céu pelos anjos. Ele imprime ao nome do Graal uma estreita dependência com as
força cósmicas. A pedra é chamada Exillis ou Lapis exillis, Lapis ex coelis, que significa "pedra caída
do céu".
É a referência à esmeralda na testa de Lúcifer, que representava seu Terceiro Olho. Quando Lúcifer,
o anjo de Luz, se rebelou e desceu aos mundos inferiores, a esmeralda partiu-se pois sua visão
passou a ser prejudicada. Uma dos três pedaço ficou em sua testa, dando-lhe a visão deformada
que foi a única coisa que lhe restou. Outro pedaço caiu ou foi trazido à Terra pelos anjos que
permaneceram neutros durante a rebelião. Mais tarde, o Santo Graal teria sido escavado neste
pedaço. Compare o Graal-pedra de Eschenbach com a não menos mítica Pedra Filosofal que
transformava metais comuns em ouro, homens em reis, iniciados em adeptos; matéria e
transmutação, seres humanos e sua transformação. O alemão têm como modelo de fiéis
depositários do cálice sagrado os Cavaleiros Templários.
Seria Wolfran von Eschenbach um Templário? Era a época em que Felipe de Plessiez estava à
frente da ordem quase centenária. O próprio fato de ser a pedra uma esmeralda se relaciona com a
cavalaria. Os cavaleiros em demanda usavam sobre sua armadura a cor verde, sinônimo de
vitalidade e esperança. Malcom Godwin, escritor rosacruz, refere-se a Parzifal da seguinte maneira:
"Muitos comentadores argumentaram que a história de Parzifal contém, de modo oculto, uma
descrição astrológica e alquímica sobre como um indivíduo é transformado de corpo grosseiro em
formas mais e mais elevadas".
Nesta obra que é um retrato da Idade Média - feito por quem sabia muito bem sobre o que estava
falando - reconhece-se uma verdadeira ordem de cavalaria feminina, na qual se vê Esclarmunda, a
virgem guerreira cátara, trazendo o Santo Graal, precedida de 25 segurando tochas, facas de prata
e uma mesa talhada em uma esmeralda. Na descrição do autor da cena de Parzifal no castelo do
rei-pescador (que, assim como Jesus, saciara a fome de muitas pessoas multiplicando um só peixe)
lemos: "Em seguida apareceram duas brancas virgens, a condessa de Tenabroc e uma
companheira, trazendo dois candelabros de ouro; depois uma duquesa e uma companheira,
trazendo dois pedestais de marfim; essas quatro primeiras usavam vestidos de escarlate castanho;
vieram então quatro damas vestidas de veludo verde, trazendo grandes tochas, em seguida outras
quatro vestidas de verde (...). "Em seguida vieram as duas princesas precedidas por quatro
inocentes donzelas; traziam duas facas de prata sobre uma toalha. Enfim apareceram seis
senhoritas, trazendo seis copos diáfanos cheios de bálsamo que produzia uma bela chama,
precedendo a Rainha Despontar de Alegria; esta usava um diadema, e trazia sobre uma almofada
de achmardi verde (uma esmeralda) o Graal, ‘superior a qualquer ideal terrestre’".
As histórias que fazem parte do chamado "ciclo do Graal" foram redigidas de 1180 até 1230 o que
nos inclina a relacioná-las com a repressão sangrenta da heresia cátara. Conta-se que durante o
assalto das tropas do rei Filipe II de França à fortaleza de Montsegur, apareceu no alto da muralha
uma figura coberta por uma armadura branca que fez os soldados recuarem, temendo ser um
guardião do Graal. Alguns historiadores admitem que, prevendo a derrota, os cátaros emparedaram
o Graal em algum dos muros dos numerosos subterrâneos de Montsegur e lá ele estaria até hoje.
53
A "Mesa de Esmeralda" evocada pelas histórias de fundo cátaro relacionam-se de maneira óbvia
com outra "mesa": a Tábua de Esmeralda atribuída a Hermes Trimegistos. A partir daí o Graal-pedra
cede lugar ao Graal-livro.

[editar] O Graal-livro
O Graal-taça é tido como um episódio místico e o Graal-pedra como a matéria do conhecimento
cristalizado em uma substância. Já o Graal-livro é a própria tradição primordial, a mensagem escrita.
Em "José de Arimatéia", Robert de Boron diz que "Jesus Cristo ensinou a José de Arimatéia as
palavras secretas que ninguém pode contar nem escrever sem ter lido o Grande Livro no qual elas
estão consignadas, as palavras que são pronunciadas no momento da consagração do Graal". De
fato, em "Le Grand Graal", continuação da obra de Boron por um autor anônimo, o Graal é
associado - ou realmente é - um livro escrito por Jesus, o qual a leitura só pode entender - ou
iluminar - quem está nas graças de Deus. "As verdades de fé que este contém não podem ser
pronunciadas por língua mortal sem que os quatro elementos sejam agitados. Se isso acontecesse
realmente, os céus diluviariam, o ar tremeria, a terra afundaria e a água mudaria de cor". O Graal-
livro tem um terrível poder.

[editar] Um Graal científico


Em "O Livro da Tradição", no capítulo referente ao Graal, encontramos interessantes referências aos
espetaculares fenômenos desencadeados pelas esmeraldas e por outras pedras verdes. Vale a
pena reproduzir um trecho que mostra como encarar um assunto de um ponto de vista religioso,
místico ou científico, isoladamente é sempre uma maneira pobre de fazer uma leitura. "Uma
descoberta muito recente parece confirmar a hipótese de um Graal possuindo uma realidade a um
só tempo sobre os planos espiritual e material, servindo o segundo como um suporte para o
primeiro. "Segundo fontes precisas e confidenciais das quais não nos é possível indicar a origem, os
astronautas americanos da expedição da Apolo XIV teriam descoberto na Lua amostras da pedra
verde. "A análise em laboratório revelou estranhas propriedades entre as quais a de provocar,
graças a certas emissões de nêutrons, um minicampo antigravitacional. "As mesmas pedras verdes,
chamadas ‘pedras de lua’ ou ‘pedras das feiticeiras’, são também encontradas na Escócia (sendo
entretanto raras), nas highlands e, segundo a lenda, serviam às feiticeiras para fazer com que elas
se deslocassem pelos ares (com que então muitas vezes a realidade supera a ficção!). "As mesmas
amostras de rochas verdes estariam engastadas nos alicerces das criptas das catedrais medievais,
bem como na abadia do Monte Saint-Michel. A catedral de Colônia desfrutaria dessa particularidade,
o que teria feito com que ela se beneficiasse com uma miraculosa proteção por ocasião dos
bombardeios terríveis que destruíram a cidade em 1944-45 (o campo de força assim criado teria
desviado a trajetória das bombas)".
É lógico que esta explicação física para o Graal não exclui a existência de um Graal espiritual e
místico do qual o objeto material seria o reflexo. Ao final, pergunta-se: qual a natureza do Graal?
Cálice, pedra ou livro? Sendo o Graal uma realidade nos planos espiritual, material e humano
podemos concebê-lo como "um objeto-pedra (esmeralda) em forma de taça servindo como meio de
comunicação entre o céu e a terra segundo um processo descrito e explicado por um livro". Somente
homens puros (Percival e Galahad são os arquétipos) poderão servir como ponte e tornarem-se
detentores do segredo do Graal que abre caminho aos planos superiores da existência. Esta raça
pura, filha da "raça solar", é denominada "raça do Arco" - ou do "arco-íris", porque as cores
expressas no prisma solar (também chamado lenço de Íris) são a manifestação física dos diferentes
poderes que o homem pode despertar através do Graal. Isso possivelmente só será conseguido no
final dos tempos, como encontramos no Apocalipse de João (4:2-3): "Logo fui arrebatado em espírito
e vi um trono no céu, no qual Alguém estava sentado. O que estava sentado era, na aparência,
semelhante à pedra de jaspe e de sardônio; e um arco-íris rodeava o trono, semelhante à
esmeralda".

54
Maria Madalena, uma outra história
(artigo de Moacir Sader SJ – março-05)
Maria Madalena, de todas as personagens Bíblicas, talvez seja aquela personagem mais deturpada,
encoberta por inverdades divulgadas ao longo dos séculos pela Igreja, pelos textos Bíblicos e por
errôneas interpretações. Paralelamente às inverdades, uma outra história tem sido contada de modo
sublinear pela arte ao longo de dois mil anos de história Cristã e, também, pelos textos apócrifos.
Recentemente, o livro O Código Da Vinci, de Dan Brown, percorreu o mundo, sendo lido por milhões
de pessoas. Em meio a uma história de suspense, o autor insere algumas das verdades, que ao
longo do tempo, estavam sendo ocultas. Dan Brown nos chama a observar o quadro da Santa Ceia,
de Leonardo da Vinci, onde transparece que uma das imagens dos apóstolos apresenta traços
femininos, estando com a mesma cor da roupa de Jesus e interligada a Ele por um grande M
formado pela postura física dos dois na pintura, em face da cor vermelha. Segundo a interpretação
do autor de O Código Da Vinci, os dois símbolos, a letra M e a cor vermelha, indicariam ser Maria
Madalena a personagem ao lado de Jesus.
Vejamos, a seguir, a imagem da Santa Ceia pintada por Leonardo Da Vinci, no ano aproximado de
1495, na Igreja Santa Maria Delle Grazie, em Milão, onde aparece nitidamente o formatado de um

M, seguindo-se os contornos da cor vermelha nas roupas de Jesus e de Maria Madalena.


Imagem extraída da Revista Super Interessante
edição - outubro/2004

Em sendo esta a interpretação correta, o que Da Vinci pretendia com a mensagem sublinear? Da
Vinci, ao que se sabe, pertencia ao Priorado de Sião, sociedade secreta fundada em Jerusalém no
ano em 1099 pelo rei Godofredo de Bouillon, com o objetivo de guardar um segredo mantido por sua
família desde há época de Jesus. E para ajudar na manutenção e proteção desse segredo foi criada
a Ordem dos Cavaleiros Templários. O segredo que se queria, a todo custo resguardar, dizia
respeito ao Santo Graal. Da Vinci, de forma oculta na arte, guardou o segredo, mas legando ao
futuro a sua descoberta.
O Priorado de Sião, conhecido também como Monastério do Sinai, segundo alguns pesquisadores
históricos, constituiu-se em uma sociedade secreta, relacionada à Maçonaria e aos Rosacruzes,
criada para proteger a linhagem divina. Além de Da Vinci, participaram dessa sociedade secreta
personagens históricos e escritores importantes, tais como, Isaac Newton e Victor Hugo.
Existe uma corrente imensa de pesquisadores que admitem que Jesus e Maria Madalena foram
casados e deste casamento pode ter nascido uma filha, que seria a descendência real, o sangue
real, o Santo Graal, e que Maria Madalena com sua filha, chamada Sara, foram viver na França.
55
Esse seria o grande segredo, a versão da história guardada há milênios, ou melhor, história que se
julgava devidamente sucumbida a partir do Concílio de Nicéia, ocorrido no ano de 327 depois de
Cristo.
Com a descoberta, por volta de 1896 em um mosteiro egípcio, do Evangelho segundo Maria
Madalena, descobriu-se uma verdade incontestável: Maria Madalena, muito mais do que está dito na
Bíblia, foi, verdadeiramente, uma discípula de Jesus, e, segundo diversos historiadores, o discípulo
mais próximo do Mestre, de seus ensinamentos espirituais. Estes ensinamentos estavam
inteiramente ligados à espiritualidade interior, sendo o verdadeiro caminho para a evolução
espiritual, como vemos no trecho a seguir do Evangelho, segundo Maria Madalena, em que Jesus
disse:
" Todas as espécies, todas as formações, todas as criaturas estão unidas, elas dependem
umas das outras, e se separarão novamente em sua própria origem. Pois a essência da
matéria somente se separará de novo em sua própria essência. Quem tem ouvidos para ouvir
que ouça."
Unidos estamos todos nós, formando a essência da vida e com Deus dentro de cada um, por isso o
caminho é mergulhar em nosso interior, achar a direção de nossa evolução, encontrar o Deus que
habita em nós. Na passagem seguinte do Evangelho de Maria Madalena, essa mensagem de Jesus
está cristalina, destacando ainda que Ele não deixou normas, pedindo tão somente que levassem
em conta o que ele "mostrou" na sua prática de amor incondicional.
Quando o Filho de Deus assim falou, saudou a todos dizendo: "A Paz esteja convosco.
Recebei minha paz. Tomai cuidado para que ninguém vos afaste do caminho, dizendo: 'Por
aqui' ou 'Por lá', Pois o Filho do Homem está dentro de vós. Segui-o. Quem o procurar, o
encontrará. Prossegui agora, então, pregai o Evangelho do Reino. Não estabeleçais outras
regras, além das que vos mostrei, e não instituais como legislador, senão sereis cerceados
por elas." Após dizer tudo isto partiu.
O Evangelho, segundo Tomé, descoberto em 1945, tratou exatamente do mesmo enfoque
encontrado no Evangelho de Maria Madalena. Vemos este aspecto no trecho a seguir, escolhido do
artigo publicado na revista Super Interessante, na edição de dezembro de 2004:
O Evangelho de Tomé e outros apócrifos falam ao coração de um continente que não pára de
crescer nos tempos atuais: os ávidos por espiritualidade, mas desconfiados da religião.
Segundo Tomé, neste Evangelho, considerado apócrifo:
O reino está dentro de vós e também em vosso exterior. Quando conseguirdes conhecer a
vós mesmos, sereis conhecidos e compreendereis que sóis os filhos do Pai vivo. Mas se não
vos conhecerdes, vivereis na pobreza e sereis a pobreza.
O Evangelho de Maria Madalena apresenta ensinamentos de Jesus, que não foram passados para
os outros discípulos ou não compreendidos por eles na fala do Mestre. Que o reino de Deus está
dentro de cada pessoa e que é necessário se manter em equilíbrio para não atrair doenças e a
morte física. Visão esta plenamente aceita atualmente pela medicina alternativa em todas as
correntes. A cura de doenças pela medicina alternativa tem sido realizada através da recomposição
do equilíbrio energético. Nas passagens, a seguir, do Evangelho de Maria Madalena, podemos ver
essa visão espiritualista de forma inequívoca:
Pedro lhe disse: “Já que nos explicaste tudo, dize-nos isso também: o que é o pecado do
mundo?" Jesus disse: "Não há pecado; sois vós que os criais, quando fazeis coisas da
mesma espécie que o adultério, que é chamado 'pecado'. Por isso Deus Pai veio para o meio
de vós, para a essência de cada espécie, para conduzi-la a sua origem”. Em seguida disse:
"Por isso adoeceis e morreis [...]. Aquele que compreende minhas palavras, que as coloque
em prática. A matéria produziu uma paixão sem igual, que se originou de algo contrário à
Natureza Divina. A partir daí, todo o corpo se desequilibra. Essa é a razão por que vos digo:
tende coragem, e se estiverdes desanimados, procurais força das diferentes manifestações
da natureza. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça”.
Nos Evangelhos de Maria Madalena e de Felipe, encontra-se a nítida valorização da mulher, pois em
ambos se vê que Jesus fazia revelações privilegiadas a Maria Madalena por ser ela quem mais
56
estava em sintonia com os ensinamentos do Mestre. Mas, a ligação de Jesus e Maria Madalena ia
mais além, como se lê no Evangelho de Felipe, no seguinte trecho:
E a companheira do Salvador é Maria Madalena. Cristo amava-a mais do que a todos os
discípulos e costumava beijá-la com freqüência na boca. O resto dos discípulos ofendia-se
com isso e expressava sua desaprovação. Diziam a ele: Porque tu amas mais do que a nós
todos?
Em 1891, um fato veio acender ainda mais as questões envolvendo Maria Madalena. Quando da
reforma de uma igreja no sul da França, em Rennes-le-Château, o padre Bérenger Saunière teria
encontrado um tesouro, segundo se soube, trazido da Terra Santa e guardado pelos Cavaleiros
Templários. Este segredo comprovaria a existência de descendentes diretos de Jesus, ou seja, da
linhagem sagrada.
Sabe-se pelos textos apócrifos, que depois da morte de Jesus, os outros discípulos não desejavam
ver uma mulher no comando do grupo, o que naturalmente estava acontecendo pelo enorme
conhecimento espiritual de Madalena. Pedro por diversas vezes contestava e se atritava com
Madalena, pois temia que ela definitivamente se tornasse líder do grupo. A partir dessa luta de poder
relativo à liderança do cristianismo e pelo fato de uma mulher contemplar mais conhecimentos que
todos os discípulos, foi forjada a história da prostituta, que todos nós, lamentavelmente,
conhecemos.
Um dos livros que inspiraram o autor de O Código Da Vinci foi Maria Madalena e o Santo Graal, da
autora Margaret Starbird. Este livro é um de tantos outros que apresentam a ligação do Santo Graal
com Maria Madalena e a descendência de Jesus. Margaret Starbird, querendo contestar outros
autores sobre a heresia do Graal, que dizia ter sido Jesus casado com Maria Madalena, mergulhou
na história européia, nos rituais maçônicos, na arte medieval, no simbolismo, na psicologia, na
mitologia e na religião (judaica e cristã). Contudo, acabou, de modo surpreendente, encontrando
rastros de enorme evidência de tudo ter sido verdade, oculto e guardado sob várias formas,
sobretudo na arte. Todas as evidências levaram a autora concluir que Jesus e Maria Madalena foram
realmente casados e que tal casamento ocorreu de modo escondido, pois estavam sendo unidas as
famílias de David, filhos de Jessé (Jesus) e de Jônatas, filho de Saul (Maria Madalena). Stargird, no
livro citado, p. 24, escreve:
O casamento foi realizado na casa de Simão, o leproso. Somente alguns amigos íntimos e
suas famílias foram convidados. Era necessário manter o fato em segredo para que Herodes
Antipas não descobrisse que uma herdeira de Benjamim unira-se em matrimônio a um filho
da casa de Davi.
Daí a confusão que sempre fizeram os discípulos ao ver Madalena tratar Jesus, em público, com
carinhos físicos, o que seria inaceitável para uma mulher naquela época, a não ser que ela fosse
casada e tivesse tratando assim o seu marido.
Outro importante argumento em prol de ter sido Jesus casado está no livro O Código Da Vinci,
página 262:
Porque Jesus era Judeu (...) e o decoro social daquela época praticamente proibia que um
judeu fosse solteiro. De acordo com os costumes judaicos, o celibato era proibido e a
obrigação de um pai judeu era encontrar uma esposa adequada para o seu filho. Se Jesus
não fosse casado, pelo menos um dos evangelhos da Bíblia teria mencionado isso e dado
alguma explicação para o fato de ele ter ficado solteiro.
Esse casamento representou grande importância dinástica, pondo em risco o governo da época,
pois o poder político de Jesus passaria inevitavelmente a incomodar. Este fato pode muito bem ser
deduzido pelo tipo de morte sofrida por Jesus, pois a crucificação ocorria para quem fosse insurreto,
no caso contra o governo, mas principalmente pela sua dinastia. Tanto assim, que Madalena,
precisou fugir para não ser morta, indo se exilar na França.
No livro O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, dos autores Michael Baigent, Richard Leigh Henry
Lincoln, o assunto Maria Madalena e seu casamento com Jesus aparece de forma enfática. Sobre o
casamento, citamos a passagem encontrada na página 286:

57
Se Jesus foi realmente casado com Madalena, poderia tal casamento ter servido a algum
propósito? Em outras palavras, poderia ele ter significado algo mais que um casamento
convencional? Poderia ter sido uma aliança dinástica de algum tipo, com repercussões e
implicações políticas? Em suma, poderia uma estirpe resultante desse casamento ter
garantido o nome de “sangue real”?
Somente o casamento dos dois poderia explicar a presença de Madalena nas viagens de Jesus. No
mesmo livro, página 276, lemos:
O papel desta mulher é singularmente ambíguo nos quatro Evangelhos e parece ter sido
deliberadamente obscurecido(...) Na palestina do tempo de Jesus seria impossível que uma
mulher não casada viajasse desacompanhada. Mais impensadamente ainda seria viajar
desacompanhada e junto com um mestre religioso e seu círculo. Várias tradições parecem ter
tomado conhecimento deste fato potencialmente embaraçoso. Pretende-se em alguns casos
que Madalena tenha sido casada com um dos discípulos de Jesus. Se este era o caso,
entretanto, seu relacionamento especial com Jesus e sua proximidade a ele os teriam tornado
ambos sujeitos a suspeitas, se não acusações de adultério.
É certo que Madalena se apresenta em especial importância na história de Jesus, na história do
Cristianismo, como podemos ver no mesmo livro, página 277:
...é evidente que Madalena, no final da carreira de Jesus, tinha se tornando um personagem
de imensa importância. Nos três Evangelhos sinópticos, seu nome encabeça
consideravelmente a lista mulheres que seguiam Jesus (...) Ela é a primeira testemunha da
tumba vazia após a crucificação. Para revelar a ressurreição, Jesus escolheu Madalena entre
todos os seus devotos.
Se por um lado os discípulos masculinos ficaram escondidos, com medo, quando da crucificação de
Jesus, Maria Madalena se manteve presente, assistindo, sofrendo, o tempo todo, conforme
mencionado nos Evangelhos de Mateus, Marcos e João.
Os autores do livro O Santo Graal e a Linhagem Sagrada tecem um importante comentário sobre a
validade dos Evangelhos apócrifos, que no trecho a seguir escolhidos (página 323), eles os
denominam de Gnósticos:
À luz dos manuscritos Nag Hammadi, a possibilidade de uma linhagem sanguínea
descendente de Jesus nos pareceu mais plausível. Alguns dos chamados Evangelhos
Gnósticos eram potencialmente tão verdadeiros e autênticos quanto os livros do Novo
Testamento. Como conseqüência, os fatos que eles, explícita ou implicitamente,
testemunham – um substituto na cruz, uma disputa entre Pedro e Madalena, um casamento
entre Madalena e Jesus, o nascimento de um “filho do Filho do homem” – não poderiam ser
desprezados, por mais controvertidos que fossem. Estávamos lidando com história, não com
teologia. E a história, no tempo de Jesus, não era menos complexa, multifacetada e orientada
para o pragmatismo do que é hoje.
Inegável se apresenta a ligação especial de Jesus com Maria Madalena. No tempo em que vivemos
não cabe mais falar em Madalena como prostituta. No século VI, o Papa retirou o título de penitente
dado indevidamente à Maria Madalena, mas isso é pouco para resgatar a grande importância de
Madalena no advento de Cristianismo. Além do indevido título de prostituta, tentaram destruir o
Evangelho de Madalena, pois nele continha o importante ensinamento transmitido por Jesus de que
o caminho não está em seguir esta ou aquela estrada, quiçá esta ou aquela religião, mas na busca
interior, na evolução interior a caminho do Deus que habita em todos nós. Mais que rotular
indevidamente Madalena, sucumbiram o verdadeiro Cristianismo, aquele praticado por Jesus, que
não criou nenhuma religião, nem pregava ou vivia em igrejas, mas praticava, verdadeiramente, o
mais puro amor, a mais bela espiritualidade e como Ele mesmo disse:"Não estabeleçais outras
regras, além das que vos mostrei, e não instituais como legislador, senão sereis cerceados por
elas."
Se não há prova contundente de que Maria Madalena fora casada com Jesus, certo é que ambos
estiveram ligados por um amor especial, espiritual raro. Por informações canalizadas, sabemos que
Jesus e Maria Madalena são almas gêmeas, e que, na Palestina, encarnaram para viver e ajudar
58
mutuamente na implantação do cristianismo. No livro A Gruta do Sol, da autora Marisa Varela,
auxiliada por mestres de luz, a ligação espiritual de Jesus e Maria Madalena aparece translúcida.
Numa das festividades do Sexto Raio, puderam ser vistos os dois juntos, na seguinte passagem
(páginas 144/145):
Finalmente...a presença especial, sobre a qual correram tantos rumores e especulações:
Joshua (Jesus), que estava acompanhado de seu mulher lindíssima, de longos cabelos
crespos e olhos claros. Seu Raio Gêmeo, certamente. Murmurando, alguém às minhas costas
logo a identificou: - Maria Madalena (...) Ele fez um gesto com a mão, saudando a platéia,
depois sentou-se a lado de Maria Madalena, ocupando a cadeira central que lhe estava
destinada (...) O apresentador (...) agradeceu a presença de todos os que ali estavam
prestigiando a solenidade e especialmente ao do Mestre Joshua e sua mulher Maria
Madalena, os convidados de honra.
Seja lá o que o homem do passado, a Igreja e as religiões tenham escondido sobre a personagem
Maria Madalena, a sua importância na implantação do Cristianismo foi extremamente vital, ela veio
para ajudar Jesus e sua ligação com o Mestre dos Mestres está condignamente reconhecida
naturalmente nas esferas espirituais. Aqui na Terra, os artistas do passado conservaram,
esconderam (mostrando) a verdade e no tempo em que vivemos, no alvorecer da Nova Era, a
verdade se abre, desfralda o seu leque, deixando em letras garrafais a inegável verdade. Já não é
apenas questão de ter olhos para ver, trata-se de evidências tão incontestáveis que a verdade está
se impondo a todos, queiramos ou não.

O SANTO GRAAL

O Cálice Sagrado em que Jesus teria bebido é um mistério muito maior do


que uma simples leitura de romances arthurianos pode revelar. Ele teria
realmente existido? Resistiu ao tempo? Quem eram seus guardiões?

Em um país de maioria católica como o Brasil, a figura do Graal é tida, comumente, como a da taça
que serviu Jesus durante a Última Ceia e na qual José de Arimatéia teria recolhido o sangue do
Salvador crucificado proveniente da ferida no flanco provocada pela lança do centurião romano
Longino ("Ao chegarem a Jesus, vendo-O já morto, não Lhe quebraram as pernas, mas um dos
soldados perfurou-Lhe o lado com uma lança e logo saiu sangue e água" - João19:33-34). A Igreja
Católica não dá ao cálice mais do que um valor simbólico e acredita que o Graal não passa de
literatura medieval, apesar de reconhecer que alguns personagens possam realmente haver
existido. É provável que as origens pagãs do cálice tenham causado descontentamento à Igreja. Em
Os mistérios do Rei Artur, Elizabeth Jenkins ressalta que "no mundo do romance, a história era
acrescida de vida e de significado emocional, mas a Igreja, apesar do encorajamento que dava às
outras histórias de milagres, a esta não deu nenhum apoio, embora esta lenda seja a mais
surpreendente do ponto de vista pictórico. Nas representações de José de Arimatéia em vitrais de
igrejas, ele aparece segurando não um cálice, mas dois frascos ou galheteiros". Alguns tomam o
cálice de ágata que está na igreja de Valência, na Espanha, como aquele que teria servido Cristo
mas, aparentemente, a peça data do século XIV. Independente da veneração popular, esta
referência é fundamental para o entendimento do simbolismo do Santo Graal já que, como explica a
própria Igreja em relação à ferida causada por Longino, "do peito de Cristo adormecido na cruz, sai a
água viva do batismo e o sangue vivo da Eucaristia; deste modo, Ele é o cordeiro Pascal imolado".
Origem - A etimologia da palavra Graal é um tanto duvidosa, mas costuma-se considerá-la como
oriunda do latim gradalis - cálice. Com o brilho resplandecente das pedras sobrenaturais, o Graal, na
literatura, às vezes aparece nas mãos de um anjo, às vezes aparece sozinho, movimentando-se por
conta própria; porém a experiência de vê-lo só poderia ser conseguida por cavaleiros que se
mantivessem castos. Transportado para a história do Rei Arthur, onde nasce o mito da taça sagrada,
59
encontramos o rei agonizante vendo o declínio do seu reino. Em uma visão, Arthur acredita que só o
Graal pode curá-lo e tirar a Bretanha das trevas. Manda então seus cavaleiros em busca do cálice,
fato que geraria todas as histórias em torno da Busca do Graal. É interessante notar que a água é
uma constante na história de Arthur. É na água que a vida começa, tanto a física como a espiritual.
Arthur teria sido concebido ao som das marés, em Tintagel, que fica sob o castelo do Duque da
Cornualha; tirou a Bretanha das mãos bárbaras em doze batalhas, cinco das quais às margens de
um rio; entregou sua espada, Excalibur, ao espírito das águas e, ao final de sua saga, foi carregado
pelas águas para nunca mais morrer. Certo de que sua hora havia chegado, Arthur pede a Bedivere
que o leve à praia, onde três fadas (elemento ar) o aguardam em uma barca. "Consola-te e faz
quanto possas porque em mim já não existe confiança para confiar. Devo ir ao vale de Avalon para
curar a minha grave ferida", diz o rei. Avalon é a mítica ilha das macieiras onde vivem os heróis e
deuses celtas e onde teria sido forjada a primeira espada de Arthur - Caliburnius. Na Cornualha, o
nome Avalon - que em galês refere-se à maçã - é relacionado com a festa das maçãs, celebrada
durante o equinócio de outono. Acreditam alguns que Avalon é Glastonbury, onde tanto Arthur
quanto Guinevere teriam sido enterrados. A abadia de Glastonbury, onde repousaria o casal, é tida
também como o lugar de conservação do Graal.
O mito - A primeira referência literária ao Graal é O Conto do Graal, do francês Chrétien de Troyes,
em 1190. Todo o mito - e uma série interminável de canções, livros e filmes - sobre o rei Arthur e os
Cavaleiros da Távola Redonda tiveram seu início ali. Tratava-se de um poema inacabado de 9 mil
versos que relata a busca do Graal, da qual Arthur nunca participou diretamente, e que acaba
suspensa. Um mito por si só, O Conto do Graal é uma obra de ficção baseada em personagens e
histórias reais que serve para fortalecer o espírito nacionalista do Reino Unido, unindo a figura de
um governante invencível a um símbolo cristão. Mas por que o cálice teria sido levado para a
Inglaterra? Do ponto de vista literário, já foi explicado. Porém há outras histórias muito mais
interessantes - e ousadas - para explicar isto. Diz-se que durante sua permanência na Cornualha,
Jesus havia recebido em dádiva um cálice de um druida convertido ao cristianismo (isto entendido
como "o que era pregado por Cristo"), e por aquele objeto Jesus tinha um carinho especial. Após a
crucificação, José de Arimatéia quis levá-lo, santificado pelo sangue de Cristo, ao seu antigo dono, o
druida, que era Merlin, traço de união entre a religião celta e a cristã. É na obra de Robert de Boron,
José de Arimatéia, que o mito retrocede no templo até chegar a Cristo e à última Ceia. José de
Arimatéia (veja box ao final deste artigo) era um judeu muito rico, membro do supremo tribunal
hebreu - o Sinédrio. É ele que, como visto nos evangelhos, pede a Pilatos o corpo de Jesus para ser
colocado em um sepulcro em suas terras.
Boron conta que certa noite José é ferido na coxa por uma lança (perceba também, sempre
presente, as referências às lanças e espadas, símbolos do fogo, tanto nas histórias de Jesus como
de Arthur). Em outra versão, a ferida é nos genitais e a razão seria a quebra do voto de castidade.
Este fato está totalmente relacionado à traição de Lancelot que seduz Guinevere, esposa de Arthur.
Após a batalha entre os dois, a espada de Arthur, Caliburnius, é quebrada - pois é usada para fins
mesquinhos - e jogada em um lago onde é recolhida pela Dama do Lago antes que afunde. Depois
lhe é oferecida outra espada, esta sim, Excalibur. Somente uma única vez Boron chama a taça de
Graal. Em um inciso, ele deduz que o artefato já tinha uma história e um nome antes de ser usado
por Jesus: "eu não ouso contar, nem referir, nem poderia fazê-lo (...) as coisas ditas e feitas pelos
grande sábios. Naquele tempo foram escritas as razões secretas pelas quais o Graal foi designado
por este nome". José de Arimatéia foi, portanto, o primeiro custódio do Graal. O segundo teria sido
seu genro, Bron. Algumas seitas sustentam que o ciclo do Graal não estará fechado enquanto não
aparecer o terceiro custódio. Esta resposta parece vir com A Demanda do Graal, de autor
desconhecido, que coloca Galahad como único entre os cavaleiros merecedor de se tornar guardião
do Graal.
O Graal-pedra - Toda a história é mudada quando contada pelo alemão Wolfram von Eschenbach,
quase ao mesmo que Boron. Em Parzifal, Eschenbach coloca na mão dos Templários a guarda do
Graal que não é uma taça, mas sim uma pedra: Sobre uma verde esmeralda,/ Ela trazia o desejo do
Paraíso:/ Era objeto que se chamava o Graal! Para Eschenbach, o Graal era realmente uma pedra
60
preciosa, pedra de luz trazida do céu pelos anjos. Ele imprime ao nome do Graal uma estreita
dependência com as força cósmicas. A pedra é chamada Exillis ou Lapis exillis, Lapis ex coelis, que
significa "pedra caída do céu". É a referência à esmeralda na testa de Lúcifer, que representava seu
Terceiro Olho. Quando Lúcifer, o anjo de Luz, se rebelou e desceu aos mundos inferiores, a
esmeralda partiu-se pois sua visão passou a ser prejudicada. Uma dos três pedaço ficou em sua
testa, dando-lhe a visão deformada que foi a única coisa que lhe restou. Outro pedaço caiu ou foi
trazido à Terra pelos anjos que permaneceram neutros durante a rebelião. Mais tarde, o Santo Graal
teria sido escavado neste pedaço. Compare o Graal-pedra de Eschenbach com a não menos mítica
Pedra Filosofal que transformava metais comuns em ouro, homens em reis, iniciados em adeptos;
matéria e transmutação, seres humanos e sua transformação. O alemão têm como modelo de fiéis
depositários do cálice sagrado os Cavaleiros Templários. Seria Wolfran von Eschenbach um
Templário? Era a época em que Felipe de Plessiez estava à frente da ordem quase centenária. O
próprio fato de ser a pedra uma esmeralda se relaciona com a cavalaria. Os cavaleiros em demanda
usavam sobre sua armadura a cor verde, sinônimo de vitalidade e esperança. Malcom Godwin,
escritor rosacruz, refere-se a Parzifal da seguinte maneira: "Muitos comentadores argumentaram
que a história de Parzifal contém, de modo oculto, uma descrição astrológica e alquímica sobre
como um indivíduo é transformado de corpo grosseiro em formas mais e mais elevadas". Nesta obra
que é um retrato da Idade Média - feito por quem sabia muito bem sobre o que estava falando -
reconhece-se uma verdadeira ordem de cavalaria feminina, na qual se vê Esclarmunda, a virgem
guerreira cátara, trazendo o Santo Graal, precedida de 25 segurando tochas, facas de prata e uma
mesa talhada em uma esmeralda. Na descrição do autor da cena de Parzifal no castelo do rei-
pescador (que, assim como Jesus, saciara a fome de muitas pessoas multiplicando um só peixe)
lemos: "Em seguida apareceram duas brancas virgens, a condessa de Tenabroc e uma
companheira, trazendo dois candelabros de ouro; depois uma duquesa e uma companheira,
trazendo dois pedestais de marfim; essas quatro primeiras usavam vestidos de escarlate castanho;
vieram então quatro damas vestidas de veludo verde, trazendo grandes tochas, em seguida outras
quatro vestidas de verde (...). "Em seguida vieram as duas princesas precedidas por quatro
inocentes donzelas; traziam duas facas de prata sobre uma toalha. Enfim apareceram seis
senhoritas, trazendo seis copos diáfanos cheios de bálsamo que produzia uma bela chama,
precedendo a Rainha Despontar de Alegria; esta usava um diadema, e trazia sobre uma almofada
de achmardi verde (uma esmeralda) o Graal, ‘superior a qualquer ideal terrestre’".
As histórias que fazem parte do chamado "ciclo do Graal" foram redigidas de 1180 até 1230 o que
nos inclina a relacioná-las com a repressão sangrenta da heresia cátara. Conta-se que durante o
assalto das tropas do rei Felipe II à fortaleza de Montsegur, apareceu no alto da muralha uma figura
coberta por uma armadura branca que fez os soldados recuarem, temendo ser um guardião do
Graal. Alguns historiadores admitem que, prevendo a derrota, os cátaros emparedaram o Graal em
algum dos muros dos numerosos subterrâneos de Montsegur e lá ele estaria até hoje.
A "Mesa de Esmeralda" evocada pelas histórias de fundo cátaro relacionam-se de maneira óbvia
com outra "mesa": a Tábua de Esmeralda atribuída a Hermes Trimegistos. A partir daí o Graal-pedra
cede lugar ao Graal-livro.
O Graal-livro - O Graal-taça é tido como um episódio místico e o Graal-pedra como a matéria do
conhecimento cristalizado em uma substância. Já o Graal-livro é a própria tradição primordial, a
mensagem escrita. Em José de Arimatéia, Robert de Boron diz que "Jesus Cristo ensinou a José de
Arimatéia as palavras secretas que ninguém pode contar nem escrever sem ter lido o Grande Livro
no qual elas estão consignadas, as palavras que são pronunciadas no momento da consagração do
Graal". De fato, em Le Grand Graal, continuação da obra de Boron por um autor anônimo, o Graal é
associado - ou realmente é - um livro escrito por Jesus, o qual a leitura só pode entender - ou
iluminar - quem está nas graças de Deus. "As verdades de fé que este contém não podem ser
pronunciadas por língua mortal sem que os quatro elementos sejam agitados. Se isso acontecesse
realmente, os céus diluviariam, o ar tremeria, a terra afundaria e a água mudaria de cor". O Graal-
livro tem um terrível poder.

61
Um Graal científico - N’ O Livro da Tradição, no capítulo referente ao Graal, encontramos
interessantes referências aos espetaculares fenômenos desencadeados pelas esmeraldas e por
outras pedras verdes. Vale a pena reproduzir um trecho que mostra como encarar um assunto de
um ponto de vista religioso, místico ou científico, isoladamente é sempre uma maneira pobre de
fazer uma leitura. "Uma descoberta muito recente parece confirmar a hipótese de um Graal
possuindo uma realidade a um só tempo sobre os planos espiritual e material, servindo o segundo
como um suporte para o primeiro. "Segundo fontes precisas e confidenciais das quais não nos é
possível indicar a origem, os astronautas americanos da expedição da Apolo XIV teriam descoberto
na Lua amostras da pedra verde. "A análise em laboratório revelou estranhas propriedades entre as
quais a de provocar, graças a certas emissões de nêutrons, um minicampo antigravitacional. "As
mesmas pedras verdes, chamadas ‘pedras de lua’ ou ‘pedras das feiticeiras’, são também
encontradas na Escócia (sendo entretanto raras), nas highlands e, segundo a lenda, serviam às
feiticeiras para fazer com que elas se deslocassem pelos ares (com que então muitas vezes a
realidade supera a ficção!). "As mesmas amostras de rochas verdes estariam engastadas nos
alicerces das criptas das catedrais medievais, bem como na abadia do Monte Saint-Michel. A
catedral de Colônia desfrutaria dessa particularidade, o que teria feito com que ela se beneficiasse
com uma miraculosa proteção por ocasião dos bombardeios terríveis que destruíram a cidade em
1944-45 (o campo de força assim criado teria desviado a trajetória das bombas)". É lógico que esta
explicação física para o Graal não exclui a existência de um Graal espiritual e místico do qual o
objeto material seria o reflexo. Ao final, pergunta-se: qual a natureza do Graal? Cálice, pedra ou
livro? Sendo o Graal uma realidade nos planos espiritual, material e humano podemos concebê-lo
como "um objeto-pedra (esmeralda) em forma de taça servindo como meio de comunicação entre o
céu e a terra segundo um processo descrito e explicado por um livro". Somente homens puros
(Percival e Galahad são os arquétipos) poderão servir como ponte e tornarem-se detentores do
segredo do Graal que abre caminho aos planos superiores da existência. Esta raça pura, filha da
"raça solar", é denominada "raça do Arco" - ou do "arco-íris", porque as cores expressas no prisma
solar (também chamado lenço de Íris) são a manifestação física dos diferentes poderes que o
homem pode despertar através do Graal. Isso possivelmente só será conseguido no final dos
tempos, como encontramos no Apocalipse de João (4:2-3): "Logo fui arrebatado em espírito e vi um
trono no céu, no qual Alguém estava sentado. O que estava sentado era, na aparência, semelhante
à pedra de jaspe e de sardônio; e um arco-íris rodeava o trono, semelhante à esmeralda".
José de Arimatéia, um "judeu-cristão"
Robert de Boron conta que os judeus, ao descobrirem José de Arimatéia, prendem-no em uma cela
sem janelas onde todos os dias uma pomba se materializa deixando-lhe uma hóstia, seu único
alimento durante todo o cárcere, graças ao qual sobrevive. José esconde a taça que Jesus usou na
Última Ceia, a mesma que ele próprio usou para recolher o sangue de Cristo antes de colocá-lo na
tumba. Ao ser libertado, viaja para a Inglaterra com um grupo de seguidores e funda a Segunda
Mesa da Última Ceia, ao redor da qual sentam doze pessoas (conforme a Távola Redonda). No
lugar de Cristo é colocado um peixe. O assento de Judas Escariostes fica vazio e quando alguém
tenta ocupá-lo é "devorado pelo lugar" de forma misteriosa. A partir desse momento esse assento é
conhecido como a Cadeira Perigosa (mesmo nome do assento da Távola Redonda que também
ficava vazio e só poderia ser ocupado pelo "cavaleiro mais virtuoso do mundo". Em algumas
versões, é o assento de Lancelot que sempre fica vazio. Lancelot, o mais dedicado cavaleiro, que
assim como Judas em relaçao a Jesus, era o que mais amava Arthur e também o que o traiu). José
de Arimatéia fundou sua congregação em Glastonbury. No lugar onde teria edificado sua igreja com
barro e palha há os restos de uma abadia muito posterior. A mesma onde se diz estarem enterrados
Arthur e Guinevere e onde estaria o Santo Graal.

62
63

Você também pode gostar