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EMB.DECL. NO AG.REG. NA AÇÃO RESCISÓRIA 2.

573 DISTRITO FEDERAL

RELATOR : MIN. LUIZ FUX


EMBTE.(S) : ENEIDE DE CASSIA CUNICO SCHWAB
ADV.(A/S) : JULIO CESAR RIBAS BOENG E OUTRO(A/S)
EMBDO.(A/S) : UNIÃO
PROC.(A/S)(ES) : ADVOGADO -GERAL DA UNIÃO

AÇÃO RESCISÓRIA. PEDIDO DE


LEVANTAMENTO DO DEPÓSITO
PREVISTO NO ART. 968, II, DO
CPC/2015. NECESSÁRIO DESCONTO
DO VALOR DA MULTA APLICADA
(ART. 1.026, § 2º, DO CPC/2015). PEDIDO
DEFERIDO.

DECISÃO: Trata-se de ação rescisória na qual se buscava desconstituir


acordão proferido pela Segunda Turma deste Tribunal, nos autos do MS
28.266, Rel. Min. Teori Zavascki. Em 29/9/2016, neguei seguimento à ação,
decisão ante a qual foi interposto agravo interno, ao qual o Tribunal
Pleno, por maioria, negou provimento. O acórdão foi assim ementado,
verbis:

“AGRAVO REGIMENTAL NA AÇÃO RESCISÓRIA.


ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO A LITERAL DISPOSIÇÃO DE
NORMA JURÍDICA. AÇÃO QUE PRETENDE RESCINDIR
DECISÃO PROFERIDA EM MANDADO DE SEGURANÇA
QUE MANTEVE ATO DO CONSELHO NACIONAL DE
JUSTIÇA QUE CONSIDEROU A INVALIDADE DE
REALIZAÇÃO DE PERMUTA DE SERVENTIAS
EXTRAJUDICIAIS SEM PRÉVIO CONCURSO PÚBLICO.
ARGUMENTOS JÁ ANALISADOS E AFASTADOS PELA
PRÓPRIA DECISÃO RESCINDENDA. PRECEDENTES. MERA
REDISCUSSÃO DE MATÉRIA JÁ APRECIADA POR ESTE
TRIBUNAL. IMPOSSIBILIDADE. INADEQUAÇÃO DESTA

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AR 2573 AGR-ED / DF

VIA PROCESSUAL PARA TAL FIM. AGRAVO A QUE SE


NEGA PROVIMENTO.
1. O concurso público é providência necessária tanto para
o ingresso nas serventias extrajudiciais quanto para a remoção e
para a permuta (art. 236, § 3º, do CRFB/88).
2. O prazo decadencial quinquenal do art. 54 da Lei nº
9.784/1999 é inaplicável à revisão de atos de delegação de
serventia extrajudicial realizados após a Constituição de 1988
sem a observância da realização de concurso público.
3. In casu, a alegação de que o acórdão rescindendo
incorreu em manifesta violação a dispositivo de norma jurídica
(art. 966, V, do CPC/2015) não restou demonstrada,
notadamente em razão de alinhar-se ao entendimento
jurisprudencial desta Corte.
4. Agravo regimental a que se nega provimento.”

Diante de tal acórdão foram opostos embargos de declaração, os


quais restaram rejeitados, tendo sido aplicada a multa do art. 1.026, §2º,
CPC/2015, no valor de 2% (dois por cento) sobre o valor atualizado da
causa. Tal acórdão transitou em julgado em 23/02/2017.
Em 21/04/2017, a autora apresentou petição requerendo seja
expedido alvará judicial para levantamento dos valores relativos ao
depósito previsto pelo art. 968, II, do CPC/2015, retendo-se, desde já, o
valor referente à multa aplicada.

É o relatório. Decido.

O depósito previsto pelo art. 968, II, do CPC/2015 é condição


específica de procedibilidade da ação rescisória, constituindo requisito de
necessária observância para sua propositura. Nesse sentido é o art. 968,
§3º, do CPC/2015, segundo o qual:

“Art. 968. A petição inicial será elaborada com observância


dos requisitos essenciais do art. 319, devendo o autor:
[…]

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II - depositar a importância de cinco por cento sobre o


valor da causa, que se converterá em multa caso a ação seja, por
unanimidade de votos, declarada inadmissível ou
improcedente.
[…]
§3º Além dos casos previstos no art. 330, a petição inicial
será indeferida quando não efetuado o depósito exigido pelo
inciso II do caput deste artigo.”

Ressalte-se que a ratio essendi dessa condição específica da ação


rescisória – o depósito prévio estipulado pelo art. 968, II, do CPC/2015 – é
impor aos autores mais um requisito a ser avaliado antes da propositura
desta ação, que não se destina a rediscutir questões já debatidas no
processo original e cujo cabimento deve se revestir de estrita
excepcionalidade, tendo em vista, principalmente, a garantia
constitucional da coisa julgada (art. 5º, XXXVI, da CRFB/88).
Com efeito, o próprio art. 974 do CPC/2015 prevê que apenas nos
casos em que a ação for julgada, por unanimidade, improcedente ou
inadmissível é que o valor do depósito será convertido em favor do réu.
In casu, entretanto, o acórdão da Primeira Turma deste Tribunal que
desproveu o agravo interno não foi unânime, tendo ficado vencido o Min.
Marco Aurélio. Dessarte, após o desconto da multa aplicada, o valor
depositado deve ser revertido em favor da autora.
Por fim, tendo um vista que os embargos de declaração opostos pela
autora foram desprovidos e considerados manifestamente protelatórios,
com a consectária aplicação da multa de 2% prevista no art. 1.026, § 2º,
CPC/2015, necessário se faz seja abatida a referida quantia do valor
depositado antes que se proceda ao seu levantamento.
Ex positis, defiro o pedido ora formulado, devendo ser revertido à
autora o valor relativo ao depósito do art. 968, II, do CPC/2015 (item 24 do
processo eletrônico), abatendo-se, desde logo, o valor aplicado no
julgamento dos embargos declaratórios a título de multa (cujo valor
atualizado remonta a R$ 20,22 – vinte reais e vinte e dois centavos).
Remetam-se os autos à Secretaria deste Tribunal para as

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providências cabíveis.
Publique-se. Int..
Brasília, 25 de abril de 2017.
Ministro LUIZ FUX
Relator
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