DIREITO ADMINISTRATIVO I – PROFESSOR: FABIANO GOMES
ALUNO: ANDRÉ VIEIRA FERNANDES – DRE: 116202433
TRABALHO SUBSTITUTIVO DA PROVA
Trata o presente trabalho de uma breve análise, sob o enfoque do Direito Administrativo, a respeito de Mandado de Segurança impetrado por empresa de fornecimento de equipamentos para transporte rodoviários de carga em face do Gerente Executivo de Conformidade da PETRÓLEO BRASILEIRO S.A – PETROBRAS e da própria PETRÓLEO BRASILEIRO S.A – PETROBRAS. O objetivo do presente texto será o de identificar, dentro do processo, elementos que foram estudados em sala de aula ou que constem da bibliografia do curso, relacionando-os com os princípios constitucionais da Administração Pública. Devido ao curto espaço de tempo, pretendemos situar o recorte analítico em torno do artigo 37 da Constituição da República Federativa do Brasil, nos pontos em que fiquem mais evidentes as relações entre os fatos descritos no processo e as eventuais violações daqueles princípios elencaods, desconsiderando, no bojo desde singelo texto, quaisquer outros temas, princípios, normas, costumes e demais referências espalhadas pelo ordenamento jurídico e que compõem o Regime Jurídico- Administrativo brasileiro. O referido processo teve por objetivo a modificação de um ato administrativo praticado pela Gerência Executiva de Conformidade da PETROBRAS, que elevou o Grau de Risco de Integridade da empresa para “alto”, sem que a PETROBRAS tivesse apresentado, para tanto, justificativas claras a respeito dos motivos que a teriam levado a adotar tal medida restritiva/punitiva. Na nossa visão, o simples fato de a PETROBRAS ter tomado a decisão de punir a empresa sem que ficassem evidentes os motivos, configurou clara violação aos princípios da legalidade e da moralidade, elencados no caput do artigo 37 da Carta Magna. O respeito aos princípios dentro de um ordenamento jurídico é muito mais que uma mera questão de normatividade. Segundo Miguel Reale, os “princípios são, pois verdades ou juízos fundamentais, que servem de alicerce ou de garantia de certeza a um conjunto de juízos, ordenados em um sistema de conceitos relativos à dada porção da realidade. Às vezes também se denominam princípios certas proposições, que apesar de não serem evidentes ou resultantes de evidências, são assumidas como fundantes da validez de um sistema particular de conhecimentos, como seus pressupostos necessários” (REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 1986. p. 60). Tido como princípio basilar do regime jurídico-administrativo, o princípio da legalidade significa que o agente público sempre estará obrigado a agir exclusivamente de acordo com a lei, não podendo dela se desviar, pois tal desvio acarretaria na prática de um ato inválido que o sujeitaria a ser responsabilizado tanto civil quanto criminalmente, se for o caso. Administração pública em todas as suas atividades estará condicionada ao atendimento da lei. Este princípio vincula também às demais atividades do Estado, incluindo-se aqui as atividades exercidas por Empresas Públicas, Sociedades de Economia Mista, Fundações, autarquias e todos os demais entes direta ou indiretamente ligados à ação do Estado. Tratando-se a PETROBRAS de uma empresa estatal de economia mista, seus agentes deveriam pautar suas ações administrativas sempre prestigiando o Princípio da Legalidade. Ao inovar, punindo a empresa impetrante do Mandado de Segurança valendo-se de procedimento não previsto na lei, fere gravemente o valoroso princípio. Por outro lado, ao agir utilizando-se de critérios indefinidos para praticar a punição da empresa (subtraindo ainda seu direito à ampla defesa e ao contraditório), a Gerência Executiva de Conformidade da PETROBRAS violou irremediavelmente o princípio da moralidade pois, de acordo com a regra geral da Constituição da República Federativa do Brasil, a motivação dos atos administrativos é obrigatória e uma consequência naturalmente lógica do princípio da moralidade, que amplifica a atuação ética do administrador evidenciada pela indicação dos motivos que o levaram a tomar suas decisões. Como nos ensina Celso Antônio Bandeira de Melo, o “Princípio da Motivação impõe a administração Pública o dever de expor as razões de direito e de fato pelas quais tomou a providência adotada” (Mello, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo – 12ª. ed. – São Paulo: Malheiros, 2000. p. 70). Concluímos, pois, que o respeito aos princípios do regime jurídico- administrativo, é essencial para o perfeito funcionamento do Estado e para a consecução de seus objetivos. Como pôde ser visto no referido processo, ficou evidenciado que a violação dos princípios mencionados, em paralelo aos outros que não pudemos aqui analisar, acarretou no acatamento do Mandado de Segurança, obrigando a PETROBRAS a baixar o Grau de Risco de Integridade da empresa para o nível “baixo”. Ainda de acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, “violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou de inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e corrosão de sua estrutura mestra. Isto porque, com ofendê-lo, abatem-se as vigas que os sustêm e alui-se toda a estrutura nelas esforçada” (MELLO, Celso Antônio Bandeira de, Curso de Direito Administrativo. 12ª ed. – São Paulo: Malheiros, 2000, p. 747/748.)