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Módulo 4:
Etapas do Planejamento Estratégico
Brasília 2014
Atualizado em: dezembro de 2013.
ENAP Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Presidente
Paulo Sergio de Carvalho
Diretor de Desenvolvimento Gerencial
Paulo Marques
Diretora de Formação Profissional
Maria Stela Reis
Diretor de Comunicação e Pesquisa
Pedro Luiz Costa Cavalcante
Diretora de Gestão Interna
Aíla Vanessa de Oliveira Cançado
© ENAP, 2014
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SUMÁRIO ENAP
4.2.Grandes Escolhas........................................................................................12
4.2.1. Visão.............................................................................................................12
4.2.2. Objetivos Estratégicos..................................................................................14
4.2.3. O Mapa Estratégico......................................................................................15
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Módulo 4: ENAP
Em nossa abordagem será utilizado o planejamento estratégico com uso do BSC, uti-
lizando um modelo adaptado da MACROPLAN (2001), no qual o processo de planeja-
mento estratégico subdivide-se em quatro etapas:
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ENAP Convém destacar que o presente curso tem um enfoque prático, ou seja, pretende-
-se aplicar a sequência metodológica preconizada na Figura 2. Portanto, à medida os
conceitos teóricos referentes a cada etapa do processo de planejamento estratégicos
forem apresentados, serão realizados exercícios para serem desenvolvidos em gru-
pos, conforme indicado no Quadro 2.
Essa etapa tem como objetivo analisar os principais documentos organizacionais, tais
como: decretos, planejamentos, regimento, dentre outros. O plano estratégico não
deve partir do "zero", deve-se considerar como insumos os esforços realizados ante-
riormente. Por isso é importante e necessário resgatar as principais lições aprendidas
dentro dos ciclos anteriores de planejamento.
4.1.3. Missão
A missão de uma organização é a sua finalidade, sua razão de ser. O critério de su-
cesso definitivo para uma organização é o desempenho no cumprimento da missão.
Segundo PORTO (1998), "nesta etapa são definidas referências ideais para a atuação
da organização que independem de quaisquer restrições temporais ou de recursos".
Essas referências são, na verdade, os parâmetros de avaliação perante os quais a or-
ganização considera o seu desempenho estratégico e seu progresso no que se refere
ao conjunto de situações ideais.
LOBATO (2000) argumenta que "é essencial que se procure clarificar, definir, expres-
sar formalmente qual é a missão da empresa, ou seja, delimitar a função (ou funções)
que a empresa deve desempenhar as necessidades que deve atender, buscando jus-
tificar a sua razão de existência".
Esse autor ressalta, citando Peter Drucker, que de fato "uma empresa não se define
pelo seu nome, estatuto ou produto que faz, ela se define pela sua missão. Somente
uma definição clara da missão é a razão de existir da organização e torna possíveis,
claros e realistas os objetivos da empresa". Embora a referência aqui seja a organiza-
ção empresarial, o princípio é válido para qualquer outro tipo de organização, inclusi-
ve aquelas do setor público.
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ENAP O legislador ao criar uma organização pública, define claramente sua área de atuação.
Isso não significa dizer como a organização irá atuar para atender a necessidade dos
cidadãos. Assim, cabe à organização definir claramente sua forma de atuação. Neste
contexto, apesar de limitada à sua competência definida em lei, ao se definir a missão
de uma organização pública devemos evitar o que os autores chamam de visão mí-
ope, ou seja, definirmos a missão de uma forma mais restritiva ao invés de optamos
por uma abordagem mais ampla.
Uma premissa fundamental: a missão não pode ser confundida com a estratégia. A
missão funciona como uma "estrela guia", uma fonte de inspiração e orientação para
o processo decisório, delimitando as escolhas dos (as) executivos (as) para os cami-
nhos de evolução da organização descritos no planejamento estratégico. A base para
o desenvolvimento e o crescimento sustentável da organização é estruturada quando
ela evolui "de dentro pra fora", da missão para a estratégia, e não "do contexto exter-
no para o interno". Este é, inclusive, o princípio que define a tão almejada instituição
holística. Vejamos a seguir alguns exemplos de missão organizacional:
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4.1.4. Valores
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ENAP Para surtir efeito, a missão precisa ser vivida pela organização. O Ritz-Carlton possui,
por exemplo, um Credo, onde ressalta os seus valores organizacionais. De acordo com
essa empresa, o Credo é a crença principal da companhia e, portanto, deve ser conhe-
cido, apropriado e energizado por todos os seus membros . Então, juntos, missão e
valores estruturam a alma da organização.
Por isso, dizemos que os valores não são criados, mas sim identificados porque já exis-
tem e permeiam a instituição ao longo de sua história. Capazes de influenciar as pes-
soas, os valores norteiam as normas e os padrões de comportamento da instituição
porque agem como o "lado direito do cérebro da organização", alimentando a lógica
emocional e moral no dia-a-dia das pessoas, fortalecendo seu aprendizado e influen-
ciando seu alinhamento com a missão e a estratégia, transformando o propósito em
atitude diária e constante. Já a lógica racional e comercial, representada pelo "lado
esquerdo do cérebro da instituição", não consegue sozinha, motivar o engajamento
das pessoas neste comportamento consistente.
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Ademais, a agenda pessoal é um aspecto importante que deve ser considerado quan- ENAP
do a questão envolve valores organizacionais. As pessoas têm a tendência de inter-
pretar o mundo e agir de acordo com suas próprias agendas. Essas agendas atuam
como um filtro, podendo gerar interpretações positivas sobre as mensagens e fatos,
ou distorcer a realidade, desdobrando-se em atitudes inadequadas ou desalinhadas
com os valores e a essência da organização.
Para evitar esse tipo de ocorrência, é muito importante que os dirigentes e líderes
atuem como educadores, assumindo a responsabilidade de esclarecer e dar o exem-
plo dos valores no dia-a-dia. Por fim, é necessário destacar que os valores conspiram
a favor da blindagem da organização e do seu propósito. Para que isso ocorra, há seis
recomendações, referentes à disseminação dos valores, que podem ser observadas:
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ENAP É uma "fotografia" tirada do ambiente como um todo, propicia a visão do terreno
onde se encontra a instituição, serve de apoio para que as fraquezas sejam minimiza-
das e os pontos fortes maximizados, melhor aproveitados, através de uma estratégia
que contemple, ao mesmo tempo, as oportunidades do ambiente e o que de melhor
a organização poderá fazer para aproveitá-las.
4.2.Grandes Escolhas
4.2.1. Visão
Para onde vamos? Responder a essa pergunta simples e direta é algo crucial, a par-
tir do entendimento do significado da missão. Sabendo a finalidade, é preciso esta-
belecer com clareza onde se pretende chegar. A visão é a idealização de um futuro
desejado. Ela deve ser expressa de forma sucinta, inspiradora, pois deve sensibilizar
as pessoas que atuam na organização, assegurando a sua mobilização e alinhamento
aos temas estratégicos. Normalmente as organizações optam por um dos seguintes
critérios na formulação de sua visão:
Qualquer que seja o critério ou o estilo adotado, aprendemos que a visão de futuro,
por definição, tem de ser um objetivo bastante audacioso, por três motivos:
Sem uma boa visão, uma estratégia inteligente ou um plano lógico raramente conse-
gue inspirar o tipo de ação necessária para produzir uma grande mudança. Portan-
to, quando tratamos de visão de futuro, seis características devem ser consideradas
como parâmetros de eficácia, ou seja, a visão deve ser:
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ENAP Vejamos alguns exemplos:
Segundo o Guia Prático, uma das formas de se responder a essa questão é verificar se
o objetivo do Programa atende a determinadas propriedades comuns aos objetivos.
Uma técnica muito utilizada para isso é a aplicação do modelo "SMART", acrônimo
que significa:
• Specific (específico): um objetivo não deve ser amplo ou genérico que con-
duza a interpretações duvidosas ou perda de foco.
• Mensurável: não se pode gerenciar o que não se pode medir, portanto um
objetivo ou meta deve ser passível de aferição;
• Atingível: um objetivo deve ser realista, viável, possível de ser atingido em
face dos recursos (humanos, materiais, financeiros etc.) disponíveis e das
restrições inerentes à administração pública;
• Relevante: um objetivo deve estar relacionado a um problema, demanda ou
oportunidade prioritária para a agenda estratégica. Também deve estar ali-
nhado aos objetivos estratégicos (setoriais e de governo) estabelecidos.
• Tempo: um objetivo deve ser programável, deve possuir uma data limite
para alcance (prazo).
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4.2.3. O Mapa Estratégico ENAP
O mapa estratégico é uma ferramenta simples e eficaz, que traduz de forma visual os
objetivos estratégicos que serão considerados pela alta administração. Ele materializa
a visão e a estratégia que a organização adotará para transformar a visão de futuro
em realidade, norteada pela missão e pelos valores. Sua maior virtude é proporcionar
o alinhamento entre os diversos objetivos estratégicos, traduzindo de forma visual
e direta a estratégia adotada. Através de uma figura que ocupa um único ambiente
visual (por isso é chamada de mapa), agrupam-se os objetivos estratégicos em pers-
pectivas fundamentais.
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4.3 Elaboração do Plano Estratégico ENAP
Sendo assim, nessa etapa o plano estratégico será detalhado, podendo ser desdobra-
do em planos táticos e operacionais, de acordo com a complexidade da organização.
Nesse sentido, segundo a metodologia do BSC, pode ser identificada a necessidade
de elaboração de mapas estratégicos alinhados com o mapa estratégico institucional,
ou seja, o mapa de um Ministério, por exemplo, pode ser desdobrado para organiza-
ções vinculadas a esse Ministério.
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ENAP O Painel de Gestão é formado por um conjunto de indicadores que traduzem de for-
ma numérica os objetivos estratégicos. Os indicadores deverão ser estruturados com
base nos seguintes elementos: título; descrição; fórmula de cálculo; polaridade; fonte
de dados; responsável; e linha de base.
Para a proposição das metas é fundamental que sejam apurados os valores iniciais de
cada indicador, ou seja, a linha de base. A Equipe de Desenvolvimento de Gestão Es-
tratégica da Organização deverá realizar o trabalho de levantamento da linha de base
analisando os últimos resultados para os indicadores que já são mensuráveis e, para
o caso dos indicadores que ainda não foram mensurados, partir para a elaboração de
um plano de ação que permita essa mensuração.
Enquanto os indicadores buscam traduzir a evolução no alcance de cada objetivo estra-
tégico, as metas estabelecem o nível desejado de cada indicador quando do alcance dos
resultados finais. Para todo indicador deverá ser estipulado um nível desejado (meta)
para o horizonte de tempo da vigência do planejamento proposto. As metas deverão
ser elaboradas considerando fatores de contexto e a linha de base (quando houver).
Tipos de Indicadores
Eficiência: relação entre os produtos (bens e serviços) gerados por uma atividade e os
custos dos insumos empregados para tal em um determinado período de tempo. Se a
quantidade de produto está predeterminada, procura-se minimizar o custo total; se o
gasto total está previamente fixado, procura-se otimizar a combinação de insumos para
maximizar o produto; em ambos os casos a qualidade deve ser mantida. Essa dimen-
são, portanto, mede o esforço do processo de transformação de insumos em produtos.
Exemplos: os tempos de atendimento nos hospitais foram reduzidos, sem aumento de
custos e sem redução de qualidade do atendimento? Os custos diretos e indiretos de
uma oficina de manutenção foram minimizados, enquanto houve aumento no número
de veículos reparados que satisfizeram os padrões de qualidade requeridos?
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de utilizar, com rendimento máximo, todos os insumos necessários ao cumprimento dos ENAP
seus objetivos e metas. A eficiência preocupa-se com os meios, com os métodos e proce-
dimentos planejados e organizados a fim de assegurar otimização dos recursos disponíveis.
Propriedades Essenciais: são aquelas que qualquer indicador deve apresentar e sem-
pre devem ser consideradas como critérios de escolha:
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ENAP Em todo caso, porém, é imprescindível que seja claro, atenda à necessidade
do decisor e que esteja adequadamente documentado.
• Sensibilidade: capacidade que um indicador possui de refletir tempestiva-
mente as mudanças decorrentes das intervenções realizadas;
• Economicidade: capacidade do indicador de ser obtido a custos módicos; a rela-
ção entre os custos de obtenção e os benefícios advindos deve ser favorável;
• Estabilidade: capacidade de estabelecimento de séries históricas estáveis
que permitam monitoramentos e comparações das variáveis de interesse,
com mínima interferência causada por outras variáveis; e
• Mensurabilidade: capacidade de alcance e mensuração quando necessário,
na sua versão mais atual, com maior precisão possível e sem ambiguidade.
Caso queira se aprofundar no assunto, sugerimos a leitura do Guia do Metológico abaixo:
Guia do Metológico
Guia do Metodológico
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É importante destacar que, tanto na definição do PMI – Project Management Institu- ENAP
te (que elabora o PMBOK) quanto na do Governo Federal, a estrutura básica do con-
ceito de projetos relaciona-se com a percepção clara de um produto a ser entregue
(escopo) para um determinado esforço predefinido. Isso significa que ao iniciarmos
um projeto já sabemos, a priori, "quando?" e "o que?" será entregue
Para finalizar, faz-se um estudo prévio da viabilidade das alternativas de solução apresen-
tadas para cada um dos objetivos estratégicos identificados. Esta análise compreende,
entre outras coisas, a comparação entre os recursos disponíveis e que podem ser mobi-
lizados pela organização e os que são demandados pelo projeto; o suporte político que
se pode obter; as questões legais, tecnológicas, culturais e sociais envolvidas; e demais
aspectos que permitam avaliar o grau de viabilidade de cada um dos projetos propostos.
É também com base nessa análise do grau de viabilidade dos projetos que a organiza-
ção tende a estabelecer um cronograma de implementação dos projetos, de tal modo
que consiga aumentar a eficiência na aplicação dos recursos existentes e maximizar o
alcance dos objetivos estratégicos. Em tese, essa cronologia da implementação deve
iniciar-se com aqueles que apresentam maior grau de viabilidade, fechando o ciclo
com aqueles de mais baixa viabilidade.
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ENAP mento; Processo de Execução; Processo de Monitoramento e Controle; e Processo de
Encerramento. Vejamos na Figura 5 a representação integrada dos Grupos de Proces-
sos em Gerenciamento de Projetos.
Para conduzir um projeto de forma adequada devemos ter especial atenção com os
seguintes aspectos gerenciais:
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Durante todo o projeto, desde o processo do planejamento inicial (ou iniciação), to-
dos os aspectos a serem gerenciados (escopo, tempo, custo, pessoas, aquisições,
qualidade, comunicação, riscos e integração) serão objeto de preocupação do Geren-
te do Projeto e da sua equipe de gerenciamento.
No presente curso abordamos apenas alguns aspectos de gerência de projetos, uma vez que
a própria ENAP possui outros cursos específicos para o aprofundamento nessa temática.
• Atrasos no cronograma;
• Custos acima do previsto;
• Falta de recursos de pessoal;
• Mudanças de requisitos e especificações;
• Qualidade abaixo da esperada;
• Complexidade acima da capacidade;
• Produtos mal projetados;
• Produtos que não funcionam; e
• Projetos que são cancelados.
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ENAP Várias podem ser as causas que geram as falhas citadas acima. Dentre elas, é possível
destacar:
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