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EXECELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA

ÚNICA DA COMARCA DE NOVO REPARTIMENTO-PA

AUTOS Nº 0007258-60.2016.8.14.0123

ARTHUR SOUZA NOLETO, neste ato representado por sua


genitora, JOELMA DE SOUSA FERREIRA, ambos já devidamente
qualificados nos autos do processo em epígrafe, por seus advogados in
fine signatários (procuração anexa), vem, respeitosamente, à presença
de Vossa Excelência apresentar CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO,
que seguem em anexo, requerendo, após juntada, que sejam recebidas e
remetidas ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Pará.

Nesses termos, pede deferimento.

Novo Repartimento, 18 de junho de 2019.

Cândido Lima Júnior


OAB-PA 25.926-A

Ângelo Sousa Lima

OAB-PA 26.226
EXCELENTÍSSIMOS SENHORES DESEMBARGADORES DO EGRÉGIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ

ORIGEM: Autos sob n.º 0007258-60.2016.8.14.0123 Vara única da


Comarca de Novo Repartimento/PA.

Apelante: VANDERLEY PAZ NOLETO

Apelado: ARTHUR SOUZA NOLETO (menor impúbere)

JOELMA DE SOUSA FERREIRA (representante legal)

Egrégio Tribunal,

Colenda Câmera,

Nobres Julgadores

I- DA TEMPESTIVIDADE

A presente impetração é totalmente tempestiva, visto que o


Apelado tomou ciência deste Recurso de Apelação no dia 03 de junho de
2019, através de carga rápida do processo realizada por seu patrono, de
tal forma que, dado o prazo de 15 (quinze) dias para a apresentação de
contrarrazões, este apenas restará findado em 24 de junho de 2019.
II-BREVE RELATO DOS FATOS

A ação que deu origem ao presente recurso foi ajuizada pelo


Apelado, em desfavor do Apelante, na data de 22 de agosto de 2016. À
época, pugnou-se pela condenação deste último ao pagamento do
importe mensal de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a título de alimentos
definitivos.

A audiência de conciliação aconteceu na data de 03 de abril


de 2017, restando infrutífera entre as partes.

Ato contínuo, foi apresentada a contestação pelo Apelante,


oportunidade na qual trouxe ao processo seus argumentos, infundados,
como justificativa de eivar-se ao pagamento de prestação alimentícia
aos seus filhos.

Em sede de contestação, o Apelante arguiu ser beneficiário de


programa de assentamento de reforma agrária, anexando aos autos
certidão de supostamente comprovaria tal condição e,
consequentemente, sua hipossuficiência.

Sustentou ainda que sua manutenção mensal é retirada de


atividade de roça, onde exerceria as atividades comuns a qualquer
lavrador, não havendo que se falar em situação financeira estável.

Alegou que a parte Autora, à época, ora Apelada, não


compareceu à audiência de conciliação de forma injustificada, contudo,
esqueceu de mencionar o fato de que isso aconteceu em virtude das
inúmeras ameaças sofridas pela representante do menor, de que teria
sua vida ceifada caso insistisse na perseguição de seus direitos.

Por fim, pugnou pela conversão dos alimentos provisórios,


anteriormente fixados ao patamar de 30% (trinta por cento) do salário
mínimo, em alimentos definitivos, afirmando que tal patamar atenderia
perfeitamente ao binômio necessidade-possibilidade

Eméritos Julgadores, as afirmações do Apelante a respeito de


sua condição econômico-financeira beiram o escárnio, quando em clara
tentativa de punir sua ex-companheira busca meios de eivar-se da
prestação alimentícia em favor de seu filho.

Insta destacar, Nobres Julgadores, que às fls. 37-38 dos autos


epigrafados foram juntadas as comprovações do alto poder aquisitivo do
Apelante, que realiza anualmente, até os dias atuais, festa do tipo
“Vaquejada”, sendo este o proprietário e organizador do evento.

E mais, como se não fosse suficiente, o Apelante possui


veículo automotor do tipo HILUX, bem como cavalos para participação
em vaquejada.

Às fls. 75-78 dos autos, temos o Termo de Audiência de


Instrução, realizada em 19 de setembro de 2017, oportunidade na qual
todas as testemunhas do processo afirmaram que o Apelante possui
condição financeira de classe média alta.

Às fls. 79-82 dos autos do processo, o Douto Ministério


Público do Estado do Pará manifestou-se favoravelmente ao pleito do
Apelado, para que se fixassem os alimentos definitivos ao importe de 01
(um) salário-mínimo mensal e, a seguir, o Douto Juízo de Piso prolatou
sua sentença, JULGANDO PARCIALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO e
acompanhando o Ministério Público quando da fixação dos valores.

III - DAS CONTRARRAZÕES AOS FUNDAMENTOS DA APELAÇÃO

III.a –Da alegação infudada de error in judicando e


- Da suposta não observância do binômio necessidade/possibilidade

O Apelante sustenta que o Douto Juízo de 1º Grau, ao


prolatar a respeitável sentença da qual busca reforma, condenou-o em
“valor totalmente desproporcional, tanto com relação às necessidades do
alimentado quanto em relação à possibilidade do alimentante”.

Seguiu, ao arguir, às fls. 93, que inexistem nos autos


comprovação por parte do Apelado de reais necessidades que ensejem a
fixação do valor de pensão alimentícia posto, conforme vejamos abaixo
trecho retirado da exordial recursal, in verbis:

“[...] pode-se observar que no caso dos autos, o credor da


verba alimentar trata-se de uma criança de 03 (três) anos
de idade, não havendo qualquer menção na inicial de
que dependa de cuidados maiores senão alimentos
para sua subsistência. Além disso, reside em um Distrito
(Vila) da zona rural do município de Novo Repartimento,
não havendo quaisquer elementos que comprovem que a
criança esteja matriculada em instituição de ensino ou
participe de outra atividade extracurricular que justifique o
pagamento de alimentos no importe de 01 (um) salário
mínimo” (grifos nossos)

Destarte, digno de ênfase o recorte destacado do trecho acima


colacionado, eis que demonstra a total despreocupação do Apelante em
relação ao melhor interesse da criança, bem como o desconhecimento a
respeito das necessidades básicas de sua própria prole.

Nesse desiderato, é imprescindível asseverarmos que as


necessidades do Apelado ultrapassam a esfera dos alimentos
propriamente ditos, e os valores pagos a título de pensão alimentícia
também servem para abarcar despesas essenciais como vestuário,
habitação, educação escolar, despesas relacionadas a serviços
essenciais como energia elétrica, água e internet, e, notadamente,
também àquelas despesas que guardam relação com o direito
constitucional ao lazer da criança.
Em que pese à alegação do Apelante de que o Apelado não fez
provas de suas necessidades, o fato de este último ser menor faz com
que suas necessidades sejam presumidas, conforme a própria
jurisprudência desta Egrégia Corte:

TJPA-0082409) APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO


DE ALIMENTOS. FILHO MENOR. NECESSIDADE
PRESUMIDA. FIXAÇÃO DO QUANTUM DEVIDO - BINÔMIO
NECESSIDADE E POSSIBILIDADE. IMPOSSIBILIDADE DO
ALIMENTANTE NÃO DEMONSTRADA. ALEGAÇÃO DE
FATO NOVO NÃO COMPROVADO. MANUTENÇÃO
DA SENTENÇA. 1. Verba alimentícia. Não demonstrada
a impossibilidade financeira do apelante e sendo
presumidas as necessidades do alimentando, impõe-
se a manutenção da pensão mensal no valor fixado
pelo juízo. A alegada ocorrência de fato novo, qual seja,
gravidez de esposa, não restou comprovada nos autos. 2.
Recurso desprovido. Sentença mantida. (Apelação nº
00010306620128140040 (179313), 1ª Turma de Direito
Privado do TJPA, Rel. Leonardo de Noronha Tavares. j.
07.08.2017, DJe 17.08.2017).

Imperioso pontuar que a paternidade ultrapassa totalmente a


esfera do mero fornecimento de alimentação, restando totalmente
ultrapassada tal visão que, claramente, não atende ao melhor interesse
da criança e não se adéqua às disposições do Estatuto da Criança e
Adolescente, bem como aos princípios da Convenção Sobre os Direitos
da Criança, pacto internacional do qual o Brasil é signatário e,
consequentemente, tem observância obrigatória em nosso ordenamento
jurídico.

Neste sentido, inclusive, a jurisprudência deste Egrégio


Tribunal:
TJPA-0087485) CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO
CÍVEL. AÇÃO DE ALIMENTOS. PEDIDO DE REDUÇÃO
DOS ALIMENTOS FIXADOS EM SENTENÇA. NÃO
COMPROVAÇÃO QUE JUSTIFIQUE A IMPOSSIBILIDADE
DO PAGAMENTO NO VALOR FIXADO. TRINÔMIO
NECESSIDADE - POSSIBILIDADE -
PROPORCIONALIDADE. SENTENÇA MANTIDA ÀUNANIM
IDADE. 1. Os alimentos devem ser arbitrados em
patamar suficiente a garantir ao alimentando as mínimas
condições de sobrevivência, sem que haja prejuízo
patrimonial ao alimentante. 2. In casu, não consta dos
autos qualquer documento colacionado pelo
apelante que confira verossimilhança às suas
alegações acerca da sua incapacidade financeira
para custear a pensão alimentícia. 3. Em decorrência
do princípio da igualdade entre os filhos e não restado
demonstrada a redução da sua capacidade financeira,
deve-se manter o percentual fixado, em atenção ao
trinômio necessidade-possibilidade-proporcionalidade. 4.
Recurso conhecido e desprovido à
unanimidade. (Apelação nº 00057307320158140301
(183736), 2ª Turma de Direito Privado do TJPA, Rel.
Edinea Oliveira Tavares. j. 21.11.2017, DJe 30.11.2017).

A r. decisão a quo deve ser mantida em sua integralidade, isto


porque foram juntadas aos autos provas que de o Apelante ostenta
estilo de vida de alto padrão financeiro, promovendo eventos anuais de
vaquejada e, inclusive, sendo proprietário de pista de vaquejada,
possuindo cavalos próprios para esses eventos, além de carro próprio,
modelo HILUX, todos estes bens que pública e notoriamente possuem
alto valor de mercado.

Nestes termos, cumpre-nos apontar novamente a


jurisprudência do Tribunal de Justiça do Estado do Pará, conforme
vejamos:

TJPA-0076946) APELAÇÕES CÍVEIS - AÇÃO


DE ALIMENTOS - VALOR DO QUANTUM - FIXAÇÃO COM
ESPEQUE NO TRINÔMIO
PROPORCIONALIDADENECESSIDADE - POSSIBILIDADE
NECESSIDADE DAS ALIMENTANDAS - AUSÊNCIA DE
PROVA DA EXTENSÃO DAS DESPESAS OU DA SUA
IMPRESCINDIBILIDADE - VALOR FIXADO COMPATÍVEL
COM A NECESSIDADE DAS ALIMENTANDAS -
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS FIXADOS CONFORME A
LEGISLAÇÃO - RECURSO DESPROVIDO - CAPACIDADE
FINANCEIRA DO ALIMENTANTE NÃO DESCONSTITUÍDA -
COMPROVAÇÃO DE SINAIS EXTERIORES DE RIQUEZA -
POSSIBILIDADE DE SUPORTAR O VALOR ESTABELECIDO
NA SENTENÇA - APELO DESPROVIDO -
SENTENÇA MANTIDA. 1. É dever dos pais prestar
auxílio material aos filhos que estejam sob seu poder
familiar, cabendo-lhes prover os alimentos de que
necessitem, na medida das necessidades do menor e na
proporção das possibilidades dos genitores (art. 1.566, IV
e art. 568 do Código Civil). 2. Os honorários advocatícios,
nas ações de alimentos, devem corresponder ao montante
equivalente a uma anuidade da prestação alimentar,
observado o mínimo de 10% e o máximo de 20% sobre o
valor da condenação, conforme inteligência do art. 20 do
CPC. 3. Os sinais exteriores de riqueza devem ser
considerados para a aferição da capacidade
financeira do Alimentante, mormente quando há
indícios nos autos de que o mesmo aufere renda
muito superior à declarada. 4. Nos termos do voto do
relator, recursos conhecidos e desprovidos. (Apelação nº
00479346920148140301 (177063), 1ª Turma de Direito
Privado do TJPA, Rel. Leonardo de Noronha Tavares. j.
12.06.2017, DJe 23.06.2017).

Nesta monta, notadamente a decisão de base atendeu aos


requisitos legais, dado que o valor fixado é totalmente
proporcional/razoável às necessidades do Apelado e as condições
financeiras do Apelante, dado os notórios sinais de riqueza por este
exibido perante a sociedade.

- Das alegações do Apelante sobre ser beneficiário de programa de


reforma agrária do Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária - INCRA

Nesta senda, a argumentação do Apelante prossegue


novamente trazendo à baila o fato de que este seria assentado,
beneficiário de programa da reforma agrária do INCRA, e que sua
propriedade possui apenas 10 (dez) alqueires de dimensão.

Quanto a este argumento, mais uma vez, cumpre destacarmos


que o Apelante é detentor de pista de vaquejada e realiza eventos
anualmente, conforme documentos já acostados aos autos, além de ser
pecuarista e possuir diversos bens que demonstram o elevado padrão
financeiro, como cavalos de vaquejada e automóvel do tipo
caminhonete, marca Toyota, modelo HILUX.

De qualquer sorte, conforme prolatou o MM. Juiz de 1º Grau,


ao Apelante era facultado simplesmente constituir prova de seus
rendimentos mensais, mas não o fez, limitando-se ao argumento de ser
beneficiário de programa do INCRA como se suficiente fosse para lhe
desonerar de seus encargos.

Vale mencionar que ser beneficiário de programa da Reforma


Agrária não constitui atestado de pobreza, como podemos observar no
presente caso, em que o Apelante, que seria assentado, possui bens de
alto valor financeiro, inclusive que ultrapassam o valor de mercado do
próprio lote do qual foi beneficiário.

A apuração correta a se fazer seria os motivos que levaram ao


INCRA a beneficiar, na qualidade de assentado, pessoa que ostenta
padrão de vida de classe média alta, que visivelmente não se adequa
aos requisitos elencados pela Instrução Normativa nº 96 do INCRA, que
veda a participação no Programa Nacional de Reforma Agrária – PNRA
por pessoas que auferir renda de atividade não agrícola superior a três
salários mínimos mensais.

Eméritos Julgadores, com o devido respeito, façamos um


pequeno exercício de matemática que nos permitirá comprovar que
as alegações do Apelante não se coadunam com a realidade fática e
têm escopo meramente de desobrigá-lo de seus deveres enquanto
genitor.
Suponhamos que o Apelante realmente se enquadre nos
requisitos da IN nº 96 do INCRA, e que com suas atividades não
agrícolas fature o equivalente a 03 (três) salários mínimos mensais.
Lembrando que o salário mínimo está fixado atualmente em R$ 998,00
(novecentos e noventa e oito reais), o que totalizaria o importe
aproximado de R$ 3.000,00 (três mil reais) ao mês.

Uma simples consulta à Tabela da Fundação Institutos de


Pesquisas Econômicas – FIPE, utilizando como base uma
caminhonete da Marca Toyota, Modelo HILUX, 4x4, 2.8 Diesel,
Mecânica, ANO 2016, tem-se que HOJE, DIA 19 DE JUNHO DE
2019, o valor de mercado do veículo para revenda estaria estimado
em R$ 105.854,00 (cento e cinco mil oitocentos e cinquenta e
quatro reais).

Desta forma, caso o Apelante, com sua renda mensal não


superior a 03 (três) salários mínimos, de acordo com os requisitos do
próprio Programa de Reforma Agrário do qual alega ser beneficiário e,
por isso, não ter condições de pagar o valor fixado a título de pensão
alimentícia ao Apelado, desejasse realizar a compra do veículo supra
expendido, teria que desembolsar quantia superior a R$ 100.000,00
(cem mil reais).

E mais, ainda que o Apelante vivesse única e exclusivamente


com o intuito de pagar esse veículo, teria que trabalhar durante 35
(trinta e cinco) meses seguidos para conseguir quitar o valor
mencionado, isso sem contar os juros do financiamento do veículo, caso
procedesse ao pagamento de forma parcelada.

Necessários 35 (trinta e cinco) meses de renda integral destinada


à compra do automóvel, sem a menor possibilidade de existirem outros
gastos.
Ora, Nobres Julgadores, notadamente a realidade financeira
do Apelante não é de assentado beneficiário do programa de
reforma agrário. É nítido que estamos diante de um grande
empresário do ramo das vaquejadas, alguém que ostenta padrão de
vida luxuoso e que possui totais condições de arcar com o valor
imposto pelo Juízo de Primeiro Grau.

- Dos depoimentos testemunhais durante a instrução processual


que comprovam a alta capacidade financeira do Apelante

O Apelante alega ainda em suas razões recursais que durante


a instrução processual não ficou demonstrado através dos depoimentos
das testemunhas que ele possui boas condições financeiras,
colacionando em seguida trecho de retirado de um dos depoimentos.

Nesse sentido, insta ressaltar que o Apelante traz aos autos


apenas a parte do depoimento que lhe interesse, descontextualizando-a,
na tentativa de nos fazer crer que se trata de um cidadão
hipossuficiente.

Em virtude disso, passamos a colacionar a seguir os


depoimentos de algumas das testemunhas do processo (fls. 75-78), que
demonstram de forma inconteste o alto padrão financeiro do Apelante,
senão vejamos:

Depoimento 1ª Testemunha – Arrolada pela parte


Autora: Carolline Di Rodrigues

Às perguntas do Juízo respondeu:

“Que conhece o Sr. Vanderlei; Que o conheceu quando


ele ainda estava casado com a requerente; Que
conhece Vanderlei da Vila de Vitória da Conquista;
Que Vanderlei trabalha com gado e parque de
vaquejada; Que é o segundo ano que Vanderlei faz
vaquejada; Que Vanderlei e os filhos promovem
vaquejada; Que Vanderlei tem uma hillux; Que
Vanderlei tem fazenda, mas não sabe o tamanho;
Que não sabe informar se Vanderlei tem gado na
fazenda; Que acredita que Vanderlei tem boa
condição financeira; Que na região não há comentários
sobre a situação financeira de Vanderlei; Que Vanderlei
tem 03 filhos; Que um dos filhos é formado e mora no
Maranhão; Que o outro é casado e mora na fazenda
onde é promovido o parque de vaquejada; Que o outro
filho é mais novo e mora com a mãe; Que a esposa de
Vanderlei está grávida; Que acredita que Vanderlei reside
atualmente com a esposa e sua enteada; Que a enteada
de Vanderlei deve ter por volta de 7 ou 8 anos de idade;
Que não sabe dizer se a atual esposa de Vanderlei
trabalha; Que não sabe dizer se Vanderlei ajuda algum
parente financeiramente;

Dada a palavra ao advogado da requerente, às


perguntas respondeu:

Que Vanderlei já teve funcionários trabalhando para


ele, mas não sabe se ele ainda tem; Que mostrada a
foto de uma caminhonete Hillux a declarante
reconheceu como sendo o carro de Vanderlei; Que
acredita que Vanderlei é da classe média para cima.

Dada a palavra ao advogado do requerido, às


perguntas respondeu:

Que não sabe dizer se o local em que é realizada a


vaquejada pertence a Vanderlei ou ao filho dele; Que não
sabe dizer o tamanho da propriedade rural de Vanderlei e,
tampouco, a quantidade de gado que ele possui
atualmente; Que o filho do casal reside com a genitora na
Vila Vitória da Conquista; Que o filho do casal está com
pouco mais de 01 ano de idade; Que quando o casal era
casado a declarante frequentava bastante a casa deles;
Que acredita que 01 salário mínimo é suficiente
para a sobrevivência de uma criança; Que na região
nenhuma criança sobreviveria com menos de 01
salário mínimo.

Dada a palavra ao Ministério Público, às perguntas


respondeu:

Que após a separação do casal o requerido ficou com


na casa e a requerente foi morar em uma casa
alugada; Que a casa em que a requerente mora
atualmente é um pouco melhor do que a casa do
requerido; Que esclarece que a casa em que a
declarante reside atualmente é própria; Que a
própria requerente arcou com os custos da
construção da casa após a separação do casal; Que o
requerido não ajudou a requerente na construção da
casa; Que não sabe dizer quanto seria o valor do aluguel
da casa da requerente; Que a requerente trabalha com
joias; Que não sabe dizer como o requerido é visto social e
financeiramente pela comunidade; Que não sabe dizer
como ficou a situação financeira da requerente após a
separação do casal; Que não sabe dizer se a Requerente
tem tido dificuldades financeiras para criar o filho.

(Grifos Nossos)

Destarte, percebemos do depoimento testemunhal acima


colacionado alguns pontos fundamentais ao deslinde da questão posta.

Primeiro, resta claro que o Apelante possui boas condições


financeiras, tratando-se de empresário do ramo de vaquejadas que
anualmente promove eventos na região em que reside, e com
capacidade monetária para comprar veículo cujo valor de mercado
ultrapassa a esfera dos R$ 100.000 (cem mil reais).
Quanto à afirmação de que o Apelante tem 03 (três) filhos e,
em virtude disso, possui outros gastos que não lhe permitem arcar com
o valor fixado a título de alimentos pelo Douto Juízo de Primeiro Grau,
destaque-se que dois dos filhos são maiores de idade, o primeiro reside
fora do Estado e é formado, e o outro é casado e trabalha juntamente ao
próprio Apelante.

Em relação ao terceiro filho, menor, que reside com sua


genitora (depoimento testemunhal colacionado mais a frente),
importante pontuar que o Apelante não paga pensão alimentícia a este
menor, de tal maneira que os gastos por ele alegados que justificariam a
reforma da sentença de base são inverídicos.

Destaque-se também o fato de que o Apelado reside com sua


genitora na zona rural do município de Novo Repartimento, de tal
maneira que a vida se revela bem mais dificultosa e, consequentemente,
demandando mais gastos, conforme se depreende do próprio
depoimento de pessoa que também reside naquela localidade.

Por fim, ressalte-se quanto a este primeiro depoimento


colacionado, que o Apelado, após a separação de seus genitores, passou
a residir com sua mãe e teve que deixar a residência do antigo casal,
indo morar de aluguel sem receber qualquer auxílio financeiro por parte
do Apelante.

O fato de a representante do Apelado ter se reerguido na vida


e proporcionado um futuro melhor àquele, somente demonstra que
estamos diante de uma mulher guerreira, e que mesmo diante da
negativa de ajuda por parte do Apelante, esta não se abateu e, com
muito esforço e muita luta, trabalha diariamente para proporcionar
tudo que o Apelado possa ter de melhor.
Destarte, para ilustramos ainda mais a condição financeira do
acusado, colacionamos a seguir o depoimento da Sra. Margarida
Ferreira Noleto, ex-companheira do Apelante, que se manifestou nos
seguintes termos:

Depoimento 3ª testemunha – Arrolada pela parte


Requerida, ora Apelante: Margarida Ferreira Noleto

Às perguntas do Juízo respondeu:

Que é ex esposa de Vanderlei; Que Vanderlei é assentado


em cima de 10 alqueires de terra; Que Vanderlei cria
gado; Que Vanderlei tem “gado na meia”; Que
Vanderlei não tem mais de 100 cabeças de gado; Que
mostrada a foto de uma caminhonete Hillux a
declarante reconheceu o veículo como de Vanderlei;
Que Vanderlei promove vaquejadas a cerca de 02
anos com seus filhos Robério e Renan; Que nenhum
dos 03 da declarante e de Vanderlei moram com ele;
Que a atual esposa de Vanderlei se chama Ariatina; Que a
atual esposa de Vanderlei está grávida; Que a enteada de
Vanderlei também mora com ele; Que a mãe de Vanderlei
é doente e ele a ajuda financeiramente quando pode; Que
classifica Vanderlei como de classe média; Que
Vanderlei reside na sua propriedade de 10 alqueires; Que
acredita que Joelma vende ouro; Que não sabe dizer se
Joelma ainda é funcionária pública; Que Joelma reside em
casa própria; Que Joelma também é da classe média; Que
Joelma tem uma caminhonete Hillux mais nova do que a
de Vanderlei.

Dada a palavra ao advogado do requerido, às


perguntas respondeu:

Que quando a declarante se divorciou de Vanderlei


ele ficou com 126 cabeças de gado e que ele olhava o
gado dos irmãos, do pai e dos filhos; Que na
propriedade rural de Vanderlei não era possível se
criar todo esse gado; Que Vanderlei entregava esse
gado a terceiros em parceria a mando dos irmãos
dele; Que não sabe dizer se Vanderlei ainda cuida de
gado de terceiros.

Dada a palavra ao advogado do requerente, às


perguntas respondeu:

Que não tem conhecimento sobre uma segunda fazenda de


Vanderlei; Que Vanderlei olhava o gado para alguns
parentes de forma gratuita; Que Vanderlei colocava
na ficha dele da Adepara o gado dele e também o de
outros parentes; Que mesmo sabendo que na
Adepara se cadastra o ferro do gado Vanderlei
colocava o gado de outras pessoas em sua ficha; Que
não sabe dizer se Vanderlei tem cavalo de cavalgada; Que
quando se divorciou de Vanderlei ele deixou 15
vacas para que fosse tirado leite como uma espécie
de pensão; Que acredita que seus filhos mereciam
uma pensão melhor do que essa advinda do lucro do
gado leiteiro; Que as 15 vacas foram suficientes
para criar seus filhos, mas se Vanderlei tivesse
condições seria razoável que ele lhe repassasse mais
vacas.

[...]

O depoimento acima expendido, de testemunha arrolada pelo


próprio Apelante em sede de instrução processual, é mais que suficiente
e idôneo para comprovar sua excelente situação econômica e a
inexistência dos gastos que este alega possuir.

A testemunha inclusive confirma que o Apelante trabalha


como pecuarista, possuindo não somente gado inteiramente próprio,
como também “gado na meia” com terceiros. E mais, confirma que o
Apelante é proprietário de caminhonete tipo Hillux, bem como promove
eventos de vaquejada na região em que reside há cerca de dois anos.

A testemunha ainda confirma que nenhum dos filhos do


Apelante mora com ele, bem como em suas últimas declarações ressalta
que após o término da relação conjugal, àquele deixou à declarante
apenas 15 (quinze) vacas leiteiras, como forme de pensão alimentícia ao
filho menor do ex-casal.

Também se percebe a furtiva tentativa de justificar a imensa


quantidade de gado registrado no órgão competente em nome do
Apelante, já que supostamente este último registrava em sua ficha na
ADEPARÁ gado de terceiros.

Eminentes Julgadores, aqui estamos diante de alguém que


está acostumada a resolver suas questões através do “jeitinho
brasileiro”, alguém que para evitar cumprir com as suas obrigações em
relação ao seu primeiro filho menor, deixou apenas 15 (quinze) vacas
leiteiras como forma de pensão alimentícia, julgando ser esta quantia
suficiente para arcar com os custos do desenvolvimento de uma
criança.

Evidenciado também o fato de que os gastos com outros filhos


alegados pelo Apelante são inexistentes, dado que nenhum deles reside
com o Autor e, como comprovado pelo depoimento de sua ex-
companheira, este nunca pagou pensão alimentícia, senão através da
entrega de 15 (quinze) vacas leiteiras para suprimir suas obrigações.

Quanto às alegações em relação à condição financeira da


representante do Apelado, cumpre dizer que são insuficientes para
justificar o não cumprimento da obrigação alimentar pelo Apelante, já
que este contribui com apenas 30% do salário mínimo mensal, quantia
irrisória e injustificável diante da realidade financeira deste último.

Ademais, lembremos que ao encerrarem a relação conjugal, o


Apelado e sua genitora tiveram que recomeçar a vida do zero, sem
qualquer ajuda por parte do Apelante, não olvidando-se o fato de que a
representante do Apelado vive única e exclusivamente para cuidar do
filho e sempre arcou com todo o ônus financeiro das obrigações
parentais sozinha.

Digníssimos Julgadores, às fls. 98 dos autos o Apelante


novamente faz menção ao fato de possuir outros filhos menores sob
sua dependência e, conforme demonstrado, é imperioso ressaltar
que tal afirmação é inverídica e destoa totalmente de prova
produzida nos autos por ele próprio.

Restou comprovado que o Apelante somente possui 01


(um) filho menor, que nasceu, inclusive, após o presente processo
já se encontrar em trâmite. Quanto ao outro filho menor, a própria
genitora deste último declarou expressamente que o Apelante
JAMAIS PAGOU PENSÃO ALIMENTÍCIA, senão lhe forneceu 15
(quinze) vacas leiteiras a título de pensão, transferindo a ela o
dever que lhe incumbia.

Isto porque as vacas leiteiras necessitam de manuseio


para que possam gerar lucro e, consequentemente, renda. Na
prática, o Apelante jamais pagou qualquer valor a título de pensão
alimentícia, visto que os valores auferidos através dos cuidados
com as vacas leiteiras são frutos do trabalho e esforço da genitora
do menor não do Apelante.
Destarte, ante o contexto fático e jurídico apresentados, no
caso em ebulição, notório que a irresignação do Apelante se perfaz de
forma inidônea e injustificada, sem qualquer respaldo legal ou material
nos autos do processo, já que a respeitável decisão do Juízo a quo
atendeu perfeitamente ao trinômio
necessidade/possibilidade/proporcionalidade, de tal maneira que se faz
mister a manutenção da decisão e do patamar fixado a título de
alimentos definitivos, qual seja, a quantia de 01 (um) salário mínimo
mensal.

III- DOS PEDIDOS

À vista de todo o exposto e cumpridas às formalidades legais,


são estas as contrarrazões apresentadas, ao passo que REQUER seja
negado provimento ao Recurso de Apelação e mantida a r. sentença
prolatada pelo Douto Juízo a quo.

Nestes termos, pede deferimento.

Novo Repartimento, 19 de junho de 2019.

Cândido Lima Júnior


OAB-PA 25.926-A

Ângelo Sousa Lima


OAB-PA 26.226

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