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Herlon Charles 1
“Corpo do pecado”. Aqui, Paulo não está se referindo ao corpo humano, pois este não é em si mesmo pecaminoso, como
pensavam os gnósticos. Trata-se da natureza pecaminosa que se expressa por meio do corpo (Rm.6:12), ou seja, o corpo
condicionado e governado pelo pecado. Trata-se do nosso velho eu, isto é, nossa natureza adâmica. O corpo do pecado
é o corpo dominado pelo pecado, o corpo enquanto condicionado e controlado pelo pecado, já que o pecado usa o nosso
corpo para os próprios propósitos malignos, pervertendo nossos instintos naturais e transformando a sonolência em
preguiça, a fome em glutonaria, e o desejo sexual em luxúria. (Rm.6:12).
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“Seja desfeito”. Aqui, “desfeito” não significa eliminar ou erradicar, mas derrotar, incapacitar e destituir de poder. Não
significa desaparecer, mas ser vencido. Não significa ser aniquilado, mas despojado de poder, subjugado e dominado. A
natureza adâmica não é extirpada na conversão, mas recebemos poder para subjugá-la e dominá-la.
1.2. "Casa terrestre"(2Co.5:1) - Paulo está usando uma figura de linguagem para retratar a morte e a ressurreição. Ele menciona
o tabernáculo temporário para falar do corpo físico, que é transitório, temporário, que se debilita, enfraquece, adoece e morre, e
menciona o edifício permanente para falar do corpo glorioso da ressurreição, que é permanente e eterno. O apóstolo Pedro afirma
que nesta Terra somos “peregrinos” e forasteiros (1Pd.2:11). Não somos um corpo que tem um espirito, mas um espirito que habita
num corpo. A morte não pode matar a personalidade humana. A tenda, que é o corpo físico, é apenas um lugar de habitação, e não
o homem essencial. Agora, caminhamos pelo deserto da vida numa “tenda provisória”, mas há um “templo’ permanente preparado
para a alma, onde haverá estabilidade, poder e beleza.
1.3. "Templo do Espírito Santo" – (1Co.6:19). O nosso corpo é templo do Espirito Santo onde a glória de Deus se manifesta.
Aonde quer que vamos, somos portadores do Espirito Santo, templos em que apraz a Deus habitar. Somos a morada de Deus. O
nosso corpo deve ser “Lugar Santíssimo”, o “Santo dos Santos”, onde a glória de Deus se manifesta. Portanto, devemos eliminar
do nosso corpo toda forma de conduta que não seja apropriada para o “templo” de Deus.
2. Pecados contra o Corpo: O Corpo por si mesmo não tem poder algum para pecar. Porém, há uma lei que opera sob a força do
pecado adâmico em todos os homens. Essa é a lei do pecado, que opera sobre os membros do corpo para pecar (Rm.6:6-23). O
Corpo é um instrumento da alma, e esta recebe contato do mundo exterior por meio do corpo. O sentir, o pesar, o exercer vontade
e outros atos, são, na verdade, não apenas função do corpo, mas principalmente da alma ou do “EU”. De forma que é o “EU” que
exerce alguma função e não apenas os braços e as penas. É o “EU” que pede e não simplesmente a língua ou os membros. Assim,
entendemos que é a alma quem usa o corpo para levá-lo a pecar contra Deus. Essa combinação de alma pecaminosa e corpo
humano constituem o que se conhece como “o corpo do pecado” (Rm.6:6), ou “a carne” (Gl.5:24). A inclinação e desejo da alma
para levar o corpo ao pecado é descrita com a “mente carnal” (Rm.8:7). Portanto, é importante que os impulsos pecaminosos da
alma sejam extirpados, e essa é uma das grandes obras do Espírito Santo (ver Cl.3:5; Rm.8:13). Pecar contra o corpo "é transgredir
as leis que regem o funcionamento normal do corpo" (1João 3:4). A Bíblia adverte acerca dos pecados contra o corpo. Vejamos
alguns exemplos.
2.1. Prostituição, adultério, fornicação. Paulo ensina que o sexo é uma bênção, mas pode se tornar uma maldição. Ele é uma
benção dentro do casamento, mas um sério problema fora dele. Somente no casamento monogâmico e heterossexual (1Co.7:9) se
pode praticar sexo, sendo totalmente contrária à Palavra de Deus qualquer outra conduta que não seja esta. Portanto, toda prática
sexual realizada fora destes moldes constitui-se em sexo ilícito.Tudo que Deus criou é bom e isto inclui o sexo, que foi estabelecido
por Deus para ser desfrutado no casamento heterossexual antes que o pecado entrasse no mundo (Gn.2:21-25).
A Bíblia admoesta fortemente contra quem comete o pecado da prostituição - usar o corpo como mercadoria a ser vendida
para fins sexuais. A Palavra de Deus diz aos crentes com muita clareza - (1Co.6:13). Os coríntios pensavam que assim
como o apetite é natural e o corpo precisa de alimento, também o sexo era um desejo natural e precisava ser satisfeito.
Para eles uma pessoa não podia reprimir seus apetites sexuais. Eles entendiam que assim como o alimento é preparado
para o estômago, o corpo era preparado para o sexo. Dessa maneira eles não deveriam ter quaisquer restrições. Paulo,
então, os confronta. O alimento é para o estômago e o estômago é para o alimento, porém, o corpo é para o Senhor e não
para a prostituição.
A Bíblia também tem graves admoestações contra quem comete o pecado de adultério - relacionamento sexual
extraconjugal (1Co.6:10; Hb.13:4). O mundo vê o adultério como algo normal, natural e até esperado no casamento.
Recente pesquisa feita no Brasil demonstrou que dois terços das pessoas esperam ser traídas por seu cônjuge e entendem
ser isto natural e compreensível. Entretanto, o adultério é abominável aos olhos de Deus, tanto que seu alcance foi
ampliado por Jesus no sermão do monte (Mt.5:27-30). Sua prática é considerada loucura pela Palavra de Deus (Pv.6:32-
7:27). O adultério é a figura da infidelidade. Na Bíblia, a prática do adultério é punida com a morte eterna, tamanho o mal
que representa (ler 1Co.6:9). As Escrituras Sagradas afirmam que é o próprio Deus quem julgará os adúlteros (cf. Hb.13:4).
A Palavra de Deus permanece para sempre e ela continua a nos ensinar que ficarão de fora os adúlteros e os fornicários
(Ap.21:8; 22:15).
A Bíblia também admoesta contra quem comete o pecado da fornicação -relacionamento sexual entre solteiros (Ef.5:5;
Ap.21:8). Na ética cristã, a fornicação é geralmente entendida como a atividade heterossexual entre pessoas solteiras ou
entre casal e solteiro. A fornicação é errada porque concentra-se no prazer e não na convivência legal; é instantânea e
inconstante, não tem compromissos e não assume responsabilidades familiares. A Bíblia condena a fornicação do início
ao final. A Palavra é bem clara ao afirmar que os fornicários não herdarão o reino de Deus (At.15:29; Ef.5:5; 1Tm.1:10;
Hb.12:16; Ap.21:8).
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2.2. Homossexualidade. É a pratica das relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo. Pode ser masculino ou feminino. O
homossexualismo e o lesbianismo são uma aberração e, salvo os poucos casos em que há distúrbios de saúde física e/ou mental,
é uma expressão de rebeldia contra Deus (Rm.1:21-28; Lv.18:22). O AT condena explicitamente a união homossexual,
considerando-a "abominação" a Deus (Lv.20:13; 18:20). O NT confirma essa condenação, reprovando a homossexualidade de
modo não menos incisivo - (1Co.6:10). O homossexualismo e o lesbianismo são o mais baixo nível de degradação moral e a maior
expressão do juízo de Deus (Rm.1:24-28). Paulo diz que Deus entregou tais homens à imundícia (Rm.1:24), a paixões infames
(Rm.1:26) e a uma disposição mental reprovável (Rm.1:28). Tanto a imundícia como as paixões infames, assim como a disposição
mental reprovável, apontam para a imoralidade sexual, sobretudo o homossexualismo. Ao descrever o homossexualismo, Paulo
aponta sete características desse pecado abominável: (a) imundícia (Rm.1:24); (b) desonra para o corpo (Rm.1:24); (c) paixão
infame (Rm.1:26); (d) antinaturalidade (Rm.1:26); (e) contrariedade à natureza (Rm.1:26); (f) torpeza (Rm.1:28) e; (g) erro (Rm.1:28).
2.3. Transsexualidade. “E um "transtorno de identidade de gênero" ou "disforia de gênero", segundo a Organização Mundial da
Saúde. Nesse transtorno, a pessoa sente-se desconfortável com o sexo biológico com que nasceu. Um homem "sente-se mulher",
uma mulher "sente-se homem", e a pessoa deseja "mudar de sexo". Isso é absolutamente impossível. Jamais alguém poderá mudar
de sexo. Essa distorção da identidade humana está associada à falsa e perversa "ideologia de gênero", que prega que a pessoa
não nasce com gênero definido, mas com "gênero neutro". Quando cresce, depois da puberdade, "escolhe" o gênero com que se
identifica. Essa ideologia é, no entanto, falsa, tendenciosa e perversa, e de origem satânica, pois pretende destruir o plano de Deus
para a sexualidade e a identidade biológica do homem, além de não ter a mínima base científica. A transsexualidade “é uma terrível
afronta à sacralidade do corpo humano, que foi criado por Deus, com sua identidade binária: ‘macho e fêmea os criou’ (Gn.1:27). A
igreja cristã deve rejeitar peremptoriamente toda argumentação a favor da falsa ideologia de gênero e da transsexualidade, ou a
falsa ‘mudança de sexo’".
3. A Santificação do Corpo: É o ponto fundamental na mordomia do corpo. Sem santidade, é impossível haver justificação e
regeneração. A pessoa que aceita a Cristo nasce de novo e é justificada, mas, para ter sua salvação assegurada, é indispensável
fazer a sua parte, buscando a santificação diária, ou progressiva até à morte, ou até à vinda de Jesus. No estudo sobre o
Tabernáculo que realizamos no trimestre passado, vimos que entre o Altar de bronze e a Tenda existia a Pia de bronze, onde os
sacerdotes deviam se lavar diariamente. A Pia pregava a santificação diária dos sacerdotes. Para o povo de Deus da Nova Aliança,
ela simboliza a nossa santificação diária. Pela Bíblia sabemos que o Corpo é o santuário, ou o templo de Deus e a morada do
Espírito. (1Co.3:16; 2Co.6:16). A mesma Palavra diz que Ele é santo (Lv.19:2). Sendo Santo ele só pode habitar num corpo que
também seja santo. Por isto, ser santo é uma exigência do próprio Deus, conforme diz: “...Santo sereis”. Nosso Corpo está sempre
em condições de ser morada do Espírito Santo? O crente pode participar do processo de santificação mediante os seguintes
elementos:
“Vivo” em contraste com os sacrifícios levíticos cuja vida era tirada antes de ser apresentada sobre o altar.
“Santo”, isto é, consagrado, separado e reservado para o serviço de Deus.
“Agradável” a Deus”, como o ascender em sua presença da oferta aromática de outrora oferecida no ritual levítico.
A sociedade contemporânea idolatra o corpo. As academias de ginástica estão lotadas. Muitas pessoas gastam rios de dinheiro em
cosméticos; cultivam a beleza e também a força. A Palavra de Deus nos ensina não cultuar o corpo, mas cultuar a Deus por
intermédio do corpo.
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2. “em sacrifício vivo" (Rm.12:2): Devemos ter o corpo pronto para ser oferecido em “sacrifício vivo”. Antes da nossa conversão
oferecíamos os membros do nosso corpo ao pecado (Rm.6:12-14); agora, oferecemos nosso corpo “em sacrifício vivo” a Deus. Não
oferecemos mais um cordeiro morto no altar, como fazia o crente da Antiga Aliança, mas nosso corpo vivo. Como podemos oferecer
o nosso corpo em sacrifício vivo?
Deixe que o olho não veja nada mau, e ele se tomará um sacrifício.
Permita que a língua não diga nada vergonhoso, e ela se tornará uma oferta.
Deixe que a mão não faça nada ilegal, e ela se tornará uma oferta em holocausto.
Todavia, isso não será suficiente; precisamos ter a prática ativa do bem: a mão precisa ajudar o necessitado; a boca precisa
abençoar em lugar de amaldiçoar; o ouvido precisa dar atenção aos ensinamentos divinos. Que nós possamos produzir frutos para
Deus com as nossas mãos, com os nossos pés, com a nossa boca e com todos os nossos outros membros.
3. “em sacrifício santo" (Rm.12:2): O nosso corpo é um local onde devemos adorar a Deus, um lugar onde devemos demonstrar
a pureza de nosso interior, um lugar que deve demonstrar o perdão dos nossos pecados, um lugar onde tudo o que façamos tenha
por objetivo agradar a Deus. Muito ao contrário dos que defendem a falsa doutrina de que "Deus só quer o coração", o que a Bíblia
nos ensina, através desta figura, é que o corpo é o lugar em que devemos adorar a Deus, ou seja, servi-lo. É através do corpo que
estaremos comprovando se, realmente, fomos santificados, fomos perdoados, fomos purificados e se, realmente, estamos
agradando a Deus. Quando temos consciência de que o corpo que agora temos será substituído por um corpo espiritual, por um
corpo glorioso, passamos a viver diferentemente na perspectiva da vinda de Jesus e da eternidade, perspectivas estas
indispensáveis para que tenhamos uma vida santa e consagrada a Deus.
4. “em sacrifício agradável" (Rm.12:2): Agradamos a Deus quando os nossos atos o glorificam. Nenhum culto é agradável a Deus
quando é unicamente interior, abstrato e místico. Nossa adoração deve expressar-se em atos concretos de serviço manifestados
em nosso corpo. Glorificamos a Deus em nosso corpo quando contemplamos o que é santo, quando nossos ouvidos se deleitam
no que é puro, quando nossas mãos praticam o que é reto, quando nossos pés caminham por veredas de justiça.
5. Extremos que devem ser evitados: o desprezo e a idolatria do corpo:
a) O desprezo do Corpo. Há uma tendência entre alguns segmentos religiosos de desprezar o corpo. Em nome de uma santidade
não bíblica, exigem que o corpo deve ser massacrado, desprezado, “crucificado”. Segundo eles, todo cuidado dedicado ao corpo
passa a ser visto como vaidade, como mundanismo. Isso acontece, também, em vários segmentos que se dizem cristãos. Roupas,
adornos, alimentação, cuidados higiênicos, tudo é rigorosamente “policiado”. Consideram o corpo como um vilão, inimigo do espírito,
responsável por todas as mazelas que prejudicam o homem. Confundem o corpo com a carne, a natureza material com a natureza
carnal. Assim, na tentativa de abater a força da carne, procuram matar, ou sacrificar o corpo. Quando Paulo disse: “Já estou
crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim...” (Gl.5:20), certamente que não era o seu corpo que estava
crucificado; quem estava crucificado era a sua carne Gl 5:24. Era sua natureza carnal, símbolo do “homem velho”, que ele, Paulo,
procurava manter na cruz. Paulo sabia que o responsável pelas mazelas e desgraças do homem, não era o corpo, mas a
concupiscência carnal que operava sobre o corpo. O corpo é vítima, não vilão. O corpo não peca e não conduz o homem ao pecado.
Quem peca e conduz o corpo ao pecado é a alma. A filosofia grega não dava nenhum valor ao corpo, dizia que ele era apenas uma
prisão da alma. Por isso, os gregos pensavam que tudo aquilo que você faz com o corpo não conta. Paulo, porém, rechaça a filosofia
grega e diz que Deus criou o corpo. O corpo é tão importante para Deus que Ele vai ressuscitá-lo (1Co.6:12-14).
b) A idolatria do corpo. Este é outro extremo, perigoso e antibíblico que precisa ser evitado. Enquanto uns desprezam o corpo,
outros o transformam em ídolo, colocando-o no altar da idolatria. Há uma tendência mundana visando a exaltação do corpo.
Multiplicam-se as academias de ginástica. As clínicas de estética, os salões de beleza, a indústria de cosméticos rende cada vez
mais. O número de cirurgias plásticas com finalidades estéticas supera as cirurgias corretivas. Dietas de emagrecimento se
multiplicam. Redução de estômago se multiplica. Vive-se hoje sob a ditadura e a idolatria do corpo. O corpo, porém, tem que ser
um instrumento para glória de Deus, e não para a glória do homem. (1Co.6:20).
CONCLUSÃO: Diante do que foi exposto, devemos nos conscientizar de que o nosso corpo pertence a Deus. Somos apenas
mordomo. Portanto, cuidar do nosso corpo é um dever. Como servos de Deus, temos o dever de cuidar muito bem do nosso corpo,
pois ele é o templo do Espírito Santo (1Co.6:19). E, além disso, é desejo do Pai que desfrutemos de boa saúde física, mental e
espiritual. O que não podemos concordar é com os exageros cometidos pela sociedade pós-moderna que cultua o "corpo" em busca
de um ideal de beleza imposto pela mídia.
Referências Bibliográficas: Bíblia de Estudo Pentecostal; Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento) - William Macdonald; Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD;
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.