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Científica
Silvio Ruiz Paradiso
Espero que este material seja de grande valia para sua vida universitária, tanto na
graduação quanto na pós-graduação.
Dessa forma, este material visa abordar elementos necessários dentro da Metodologia
da Pesquisa Científica. Para atingirmos o objetivo estabelecido, o livro em questão foi
organizado em quatro unidades, sendo que a primeira delas apresentará como tema: A
Metodologia Científica: Ciência e Conhecimento, em que discutiremos as formas de apro-
priação do conhecimento e seus componentes; os tipos de conhecimento: mítico-religiosos,
filosófico, vulgar e científico; Ciência, Pesquisa e Método.
Com isso, esperamos abordar os aspectos cruciais que fundamentam a pesquisa cien-
tífica e, consequentemente, sua introdução a este mundo.
Bons Estudos.
Metodologia da Pesquisa Científica
Olá, caro(a) aluno(a). Bem-vindo(a) ao material de Metodologia de Pesquisa. Certamente, este ma-
terial te auxiliará na reflexão e construção dos saberes científicos, a partir de uma estruturação ideal,
crível, clara e atendendo às normas vigentes de metodologia científica no Brasil, como a ABNT, Asso-
ciação Brasileira de Normas Técnicas.
Para tanto, o processo de construção de saberes científicos passam por dois vieses: o reflexivo/inte-
lectual e o formal/discurso. O primeiro é baseado nos saberes em si, e é isto que veremos nesta primeira
unidade.
Seguiremos nosso aprendizado conhecendo o que é a Ciência, e sua relação com o conhecimento,
bem como o entendimento sobre a Pesquisa, o grande fruto do conhecimento científico. E, por fim,
veremos que o conhecimento científico só se constrói a partir de um método.
Dessa forma, te convido para adentrarmos nas discussões sobre o Conhecimento Científico, Pesquisa
e Método.
Metodologia da Pesquisa Científica
Metodologia da pesquisa: conhecimento e ciência
Metodologia da Pesquisa Científica
Metodologia da pesquisa: conhecimento e ciência
Metodologia da pesquisa:
conhecimento e ciência
Figura 1.1 - Toda pesquisa é baseada em conteúdo e forma. A Metodologia de Pesquisa ajuda
em ambas.
Reflita
Ter consciência tanto de conhecer uma coisa quanto de não a conhecer, este é o conhecimento.
Fonte: Confúcio
Formas de apropriação do
conhecimento e seus componentes
Figura 1.2 - Conhecimento é “conhecer algo”, e isto pode ser feito de várias formas.
Figura 1.3 - Quando bebemos um chá para uma dor, estamos usando o saber tácito, mas os
estudos farmacológicos sobre a relação de tal planta àquela dor é uma saber explícito.
Tipos de conhecimentos
colocar sobre a testa das pessoas, formando uma cruz três vezes, e com ela cortar
batata cruas em rodelas, e com estas rodelas colocá-las sobre a testas de alguém
febril, cobrindo com um pano úmido, a febre irá baixar. Desconsiderando toda
parte da faca e da cruz, possivelmente, atribuída devido a mentalidade cristã e
mística da sociedade, descobriu-se que a batata possui propriedades anti-inflama-
tórias e enzimas que podem auxiliar na febre, além do fato de panos úmidos serem
compressas úteis para baixar a temperatura corporal. O importante é entender que
o conhecimento do senso-comum é fruto de circunstâncias, às vezes, empíricas, mas
não, necessariamente, verdadeiras.
Conhecimento mítico-religioso
É verdade que o conhecimento mítico não é o mesmo que o conhecimento reli-
gioso, pois este último é posterior ao conhecimento do mito. O mito é uma forma
antiga de se compreender o mundo e o homem, mediante metáforas religiosas ou
não. É um termo ligado, intimamente, ao contexto antropológico, como bem revela
seu sentido lexicográfico: “relato simbólico, passado de geração em geração, dentro
de um grupo, que narra e explica a origem de determinado fenômeno, ser vivo,
acidente geográfico, instituição, costume social etc.” (HOUAISS, 2002, p. 1936), ou
“Personagem, fato ou particularidade que, não tendo sido real, simboliza, não obs-
tante, uma generalidade que se deve admitir” (PRIBERAM, 2018, on-line).
Figura 1.6 - Estátua da deusa Diana, no museu do Louvre. A Mitologia greco-romana, por exem-
O mito não explica, pois não tem essa função, mas de forma “simbólica” e “meta-
fórica” compreende os fenômenos, apresentando “respostas” sobre a natureza, por
meio de lendas e fábulas. O relato mitológico é quase sempre feito de forma pública
e coletiva e, devido a sua impossibilidade lógica, sua autoria tem autoridade dis-
cursiva devido às posições hierárquicas (sacerdotes, anciãos, feiticeiros, gritos etc.).
Para Andrey (2003, p.20), o mito desempenha um sentimento coletivo, “é trans-
mitido por meio de gerações, como forma de explicar o mundo, explicação que não
é objeto de discussão, ao contrário, ela une e canaliza as emoções coletivas, tranqui-
lizando as pessoas em um mundo que as ameaça”. O mito, depois de sistematizado
e organizado em um corpo coerente de doutrina torna-se religião, e daí surge o
conhecimento religioso, que, com a mesma ideia do conhecimento mítico, usa-se
de linguagem poética e metafórica para sustentar, não apenas a compreensão de
fenômenos, mas agora de dogmas e crenças.
teológico.
Conhecimento filosófico
A partir do momento que os mitos começaram a ser questionados, buscando
uma “verdade”, tal indagação levou ao nascimento da Filosofia (CHAUI, 2005). O
Metodologia da Pesquisa Científica
Metodologia da pesquisa: conhecimento e ciência
termo surge com o pensador grego Pitágoras, e vem das palavras gregas philos,
“amigo”, e sophia, “sabedoria” (RUIZ, 1996, p.111). Aliás, são os gregos um dos pri-
meiros, segundo Matallo Jr (1989), a sistematizar esse tipo de conhecimento.
A Filosofia vem ao encontro com o senso comum e com o conhecimento mítico
-religioso, pois diferente desses tipos de conhecimento, ela vai questionar os fatos,
indagando valores, racionalizando seu conteúdo.
O conhecimento Filosófico nasce em hipóteses, que, no entanto, não são verificá-
veis, ficando apenas no mundo da reflexão, da lógica e do raciocínio. Tais hipóteses
vão convergir a uma realidade, encontrando soluções e respostas às coisas, porém,
ainda sem um método material (instrumentos, teste, mensurável, empírico), mas
especulativo.
Filosofia e Ciência são irmãs: nasceram no mesmo local (Grécia), mesma época
(aproximadamente seis séculos antes de Cristo) e com o mesmo objetivo: a busca
da verdade. Ambas buscam uma sistematização do conhecimento. As duas
caminharam praticamente juntas desde o nascimento até o final do século XIX,
quando houve uma cisão mais definitiva entre as duas devido ao Positivismo. As
perguntas que a Filosofia tenta responder são diferentes daquelas que a Ciência
consegue responder. Enquanto a Ciência é fortemente baseada em fatos, ten-
tando estabelecer leis e padrões, a Filosofia é especulativa, baseada principal-
mente na argumentação (SANTOS, s.d, p.8).
É valorativo, pois seu ponto de partida consiste em hipóteses, que não pode-
rão ser submetidas à observação.
Não é verificável.
É infalível e exato.
conhecimento científico.
Conhecimento científico
Nos séculos XVI e XVII, o conhecimento cientifico é sistematizado a partir de
Galileu Galilei, matemático e físico, que evidencia com fórmulas, observação e expe-
rimentação bem definida, suas hipóteses, que culminaram na Revolução Científica.
Tal revolução mudou o cenário da aquisição do conhecimento, que até aquele
ponto era baseado nos mitos, religião, senso-comum e filosofia. O conhecimento
científico trouxe de diferencial uma nova “abordagem”, baseada no uso da mate-
mática na física e na astronomia, além de inaugurar novas formas de divulgação
dos trabalhos científicos.
Metodologia da Pesquisa Científica
Metodologia da pesquisa: conhecimento e ciência
É sistemático.
É falível, em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final e, por este motivo,
é aproximadamente exato (TARTUCE, 2006, p.8).
Figura 1.9 - Experiência de Pasteur. O método da ciência prevê instrumentos, passo a passo,
verificação, observação, etc., ou seja, um caminho que, permite ao final, determinar o fato ou
A ciência
Entendemos que o(a) aluno(a) que pretende desenvolver um projeto de pes-
quisa, uma monografia ou artigo científico terá que buscar muitos subsídios para
essa tarefa. Essa preparação envolve leitura tanto sobre o tema a ser investigado
quanto sobre a metodologia de pesquisa a ser utilizada. Para uma leitura mais
aprofundada em métodos de pesquisa, consulte a bibliografia que se encontra ao
final deste módulo e alguns sites na internet apresentados a seguir.
Reflita
O conhecimento científico está sempre em transformação, pois, a cada nova descoberta, a verdade
até então definida é refutada.
Fonte: o autor.
Figura 1.10 - Desde sempre, as Universidades escolheram a ciência como fonte de conheci-
Então, por que o conhecimento e o método científico ganham espaços frente aos
demais tipos de conhecimento e métodos dentro do mundo universitário? Minayo
(2007, p. 35) menciona dois motivos:
[Um que] diz respeito a seu poder de dar respostas técnicas e tecnológicas
Metodologia da Pesquisa Científica
Metodologia da pesquisa: conhecimento e ciência
Saiba mais
De acordo com a legislação, especificamente, no artigo 207 da Constituição Brasileira de
1988, o tripé formado pelo ensino, pela pesquisa e pela extensão constitui o eixo fundamental da
Universidade brasileira. Entende-se que o ensino é a transmissão de conhecimentos teóricos ou práticos
de determinados assuntos, feitos por um docente. A pesquisa é a aplicação e/ou desenvolvimento
de novos conceitos a partir das bases construídas pela etapa do ensino. E a extensão é a aplicação
Metodologia da Pesquisa Científica
Metodologia da pesquisa: conhecimento e ciência
direta do conhecimento obtido nas fases do ensino e pesquisa na comunidade. O método científico é
essencial, nas primeiras fases, e principalmente, na segunda.
Fonte: Moita, F.M.G.S.C. e Andrade, F.C.B. (2009).
A pesquisa
Ao adentrar o Ensino Superior, provavelmente, você já deva ter experimentado
o ato de pesquisar, tanto de forma informal, quanto formal, dentro da escola. A
palavra pesquisa, advém do latim perquirere, que significa “investigar” (CORREIA,
1940), e é conceituada no dicionário como “ato de pesquisa”, “informação, inda-
gação, inquirição, busca” (PRIBERAM, 2018, on-line). Pesquisa é o ato, e condição
necessária, para aquisição de um novo conhecimento.
Quando na vida cotidiana fazemos uma pesquisa de preços, estamos buscando
informações sobre esses preços, a fim de descobrir o mais caro, ou o mais barato.
Na escola, quando os professores pediam trabalhos dos mais diversos temas, nosso
dever era “pesquisar” o assunto, buscando informações sobre eles, em diversas fon-
tes. Logo, a pesquisa é uma busca, mas de caráter “investigativo”, como revela sua
própria etimologia, isto é, uma busca minuciosa, que tem como objetivo proporcio-
nar uma informação – nova ou confirmar outras já encontradas.
A pesquisa científica, porém, tem um outro valor agregado. O próprio termo
“científico” que o acompanha reserva ao seu significado uma noção mais singular.
A Pesquisa Científica é a pesquisa que tem seu modelo no conhecimento Científico
Metodologia da Pesquisa Científica
Metodologia da pesquisa: conhecimento e ciência
Perceba que o modelo científico estabelece uma regra, um método, e este método
é lógico, exato, objetivo e sistemático.
Dessa forma, uma pesquisa científica difere-se de uma simples pesquisa pelo fato
da necessidade de seguir um método e regras, que darão à pesquisa, mais credibi-
lidade, mais objetividade e cientificidade (confiabilidade). Assim, a metodologia
científica tem esta função - trazer respostas e informações por meio da pesquisa,
mas com método que garanta a legitimidade e credibilidade desta pesquisa: “O
conhecimento científico é produzido pela investigação científica, através de seus
métodos. Resultante do aprimoramento do senso comum, o conhecimento científico
tem sua origem nos seus procedimentos de verificação baseados na metodologia
científica” (FONSECA, 2002, p.11).
O método
Falamos muito sobre esse tal método, mas o que significa esse termo? Método
é todo procedimento, técnica ou meio de fazer alguma coisa, cujo processo seja
Metodologia da Pesquisa Científica
Metodologia da pesquisa: conhecimento e ciência
Indicação de leitura
Nome do livro: A história da ciência para quem tem pressa: De Galileu a Stephen Hawking
em 200 páginas!
Editora: Valentina
Autor: Nicola Chalton, Meredith MacArdle.
ISBN: 9788558890472
2.500 anos de descobertas — os feitos dos grandes cientistas, desde os tempos antigos até a
era moderna. Desde os tempos antigos, homens e mulheres de brilhante intelecto tentam entender
o universo observando muito além da capacidade de ver ou mesmo tocar — de minúsculos átomos
às mais distantes estrelas. A História da Ciência para Quem Tem Pressa é um guia essencial para
o leitor que deseja conhecer os resultados de milhares de anos de atividades e esforços na área da
ciência. É uma obra que resume, em ordem cronológica, as principais descobertas dos mais fecundos
pensadores, entre os quais podemos citar Aristóteles, Arquimedes, Lavoisier, Fibonacci, Darwin, Da
Vinci, Curie, Turing, Edison, Euclides, Newton, Einstein, Pasteur, Kepler, Copérnico e Hipócrates. O livro
destaca também, em sintéticas biografias, a vida e os trabalhos dos cientistas que mais influenciaram
nosso planeta. Nele, o leitor saberá, entre muitas outras coisas superinteressantes, que Ptolomeu teve
que corrigir certo aspecto de suas convicções para se harmonizar com suas teorias; que Freud usava
cocaína em suas sessões de atendimento psicoterápico para “expandir” a própria mente; e que Tim
Berners-Lee, o inventor da WWW, foi proibido de usar os computadores da sua universidade depois
que descobriram que ele estava hackeando o sistema. Também com o objetivo de demonstrar que
a curiosidade humana não tem limites, esta obra apresenta os experimentos que ousaram contestar
“verdades” consagradas e cujas teorias mudaram a nossa forma de ver o mundo. Para sempre.
Metodologia da Pesquisa Científica
unidade
Métodos 2
e tipos de pesquisa
Caro(a) aluno(a), nesta unidade iremos estudar a base da ciência: o método, conjuntamente com as
consequências disto, que é a produção científica. Em breve, você estará produzindo ciência, em forma
de TCC, monografia, artigos ou projetos, mas para tanto, necessitará conhecer alguns métodos cien-
tíficos como o Dedutivo, Indutivo, Dialético e o Hipotético-Dedutivo, este último, inclusive, mais usado
nos trabalhos acadêmicos.
Em seguida, iremos observar como a pesquisa científica é dividida enquanto Abordagem, Natureza,
Objetivo e Procedimento.
Em relação à abordagem, veremos que a pesquisa pode ser qualitativa, quando foca-se no tema,
em detrimento aos dados numéricos, estes, objetivos da pesquisa quantitativa. Já a natureza da pesqui-
sa pode ser básica, quando fornece conhecimento teórico, ou aplicada, quando a teoria é colocada em
prática. A pesquisa pode ser dividida em relação aos objetivos, que são três: descritivo, exploratório e
explicativo, cada qual com uma função. Por fim, a pesquisa é dividida também em seus procedimentos.
Na última parte da unidade, iremos esmiuçar os procedimentos de uma pesquisa, a partir dos tipos
de pesquisa. Veremos o que é uma pesquisa, experimental, estudo de caso, bibliográfica, documental,
de campo, participante, etnográfica, entre outras.
Esperamos que a partir desta unidade, você já esteja mais preparado(a) para adentrar à produção
do conhecimento científico.
Metodologia da Pesquisa Científica
Métodos e tipos de pesquisa
Metodologia da Pesquisa Científica
Métodos e tipos de pesquisa
obtidos nas partes mais simples são somados para se obter a solução do
problema complexo (SANTOS; FILHO, 2011, p.37).
Cada uma destas frases é chamada de proposição (enunciado que pode ser con-
siderado verdadeiro ou falso). As proposições 1 e 2 são chamadas premissas e a 3 é
a conclusão. Silogismo é o nome da relação entre as três frases. Contudo, o silogismo
nem sempre aparece desta forma estrutural, ele pode aparecer de forma indireta,
como este exemplo:
Metodologia da Pesquisa Científica
Métodos e tipos de pesquisa
a defesa pretende provar que o réu não é responsável do crime por ele
cometido. Esta alegação é gratuita. Acabamos de provar, por testemunhos
irrecusáveis, que, ao perpetrar o crime, o réu tinha o uso perfeito da razão
e nem podia fugir às graves responsabilidades deste ato (CRUZ, 2010,
p.30).
Ainda que o método dedutivo seja um dos métodos aplicados na ciência, formal-
mente ele pode ser correto, mas a conclusão não ser verdadeira, como podemos ver
no exemplo a seguir:
O problema aqui não é apenas a estrutura dedutiva, mas uma série de erros
dentro da perspectiva da lógica formal dentro do exemplo, e não iremos adentrar
nisso. Neste método, se todas as premissas forem verdadeiras, a conclusão será
logicamente verdadeira também. Mas deve-se partir da ideia que seus princípios
reconhecidos sejam verdadeiros e indiscutíveis.
O que quero pontuar é que argumentos gerais tendem a apresentar problemas na
veracidade. Porém, este método é largamente aplicado nas ciências matemáticas,
Metodologia da Pesquisa Científica
Métodos e tipos de pesquisa
cujos princípios podem ser enunciados por leis e regras generalistas – pois leis,
apesar de serem gerais, já foram empiricamente provadas como verdades. Já nas
Ciências Sociais e Humanas, o uso do método dedutivo é mais restrito, pois, segundo
Gil (1999), haveria maior dificuldade de se obterem argumentos gerais cuja vera-
cidade não possa ser colocada em dúvida. É por isso que o filósofo Francis Bacon
(1561-1626) critica o silogismo, já que para ele este método, apesar de ser cientí-
fico, não propicia conhecimento completo e inequívoco.
Figura 2.2 - Francis Bacon, grande pensador que ajudou a formulação dos métodos científicos
Maria é mortal.
José é mortal.
Pedro é mortal.
Judite é mortal.
Ora, Maria, José, Pedro e Judite são seres-humanos.
Logo, os seres-humanos são mortais.
b. Método hipotético-dedutivo
Hipótese é uma possibilidade. É uma proposição que se admite, independente-
mente do fato de ser verdadeira ou falsa, como um princípio a partir do qual se
pode deduzir um determinado conjunto de consequências, e para tanto deve ser
testada e confirmada ou negada. E isto é base para o projeto científico, desde um
seminário, um artigo, um projeto de Iniciação Científica, uma monografia e o TCC.
Falaremos mais adiante sobre uma hipótese de pesquisa, mas neste momento,
devemos compreender que, a partir da crítica ao método indutivo, pensou-se em
um outro método: o hipotético-dedutivo.
Sobre isso, remeto-me às palavras de Gerhardt e Silveira (2006, p.27): “Este
método foi definido por Karl Popper, a partir de suas críticas ao método indutivo.
Para ele, o método indutivo não se justifica, pois o salto indutivo de ‘alguns’ para
‘todos’ exigiria que a observação de fatos isolados fosse infinita”.
Metodologia da Pesquisa Científica
Métodos e tipos de pesquisa
Popper em sua definição entendia que, quando falamos “logo, todos seres-huma-
nos são mortais” tem uma diferença muito grande de quase todos, alguns, grande
maioria etc., mas isso só pode ser provado até que se prove o contrário. Exemplo:
mesmo eu não tendo feito experiência com todos os seres-humanos, apenas com
alguns, para provar sua mortalidade, isso será verdade até que apareça algum
ser-humano imortal. Popper (1975) acreditava que o método científico parte de
um problema, chamado aqui de (P1), para tal problema é oferecido uma solução
provisória ou possível resposta (TT - Teoria Tentativa), depois, deve-se criticar
essa solução para tentar eliminar qualquer erro, chamado (EE – Eliminação do
Erro). Assim, solucionado, este processo seria renovado, e daria origem a outro pro-
blema (P2).
Podemos compreender o método hipotético-dedutivo a partir do seguinte esquema:
• Problema.
• Hipóteses.
• Dedução de consequências observadas.
• Teste da hipótese.
• Corroboração.
c. Método Dialético
Para o pensador Hegel (1770-1831), a dialética seria a conciliação dos con-
trários nas coisas e no espírito. Neste método, encontram-se a afirmação ou tese,
a negação ou antítese e a negação da negação, a síntese. Do conflito entre tese e
antítese surge a síntese, situação nova que carrega dentro de si elementos resul-
tantes desse choque. A síntese, então, torna-se uma nova tese que contrasta com
uma nova antítese, gerando uma nova síntese, e assim por diante. Mediante o
Metodologia da Pesquisa Científica
Métodos e tipos de pesquisa
Figura 2.3 - Hegel e Spinoza, dois pensadores da Dialética e, portanto, contribuintes do método
científico
Todos os métodos científicos aqui elencados, sejam eles dedutivo, indutivo, hipo-
tético-dedutivo ou dialético vão girar, de forma geral, em torno de três elementos:
Metodologia da Pesquisa Científica
Métodos e tipos de pesquisa
verdade, e esse conjunto é o método científico. Desta forma, a ciência, em suas mais
variadas áreas (exatas, humanas, biológicas etc.), possui características comuns
quanto ao método, independente de suas vertentes. Assim, a metodologia cientí-
fica é aplicável tanto para o segmento lógico da ciência (Lógica e Matemática),
quanto para o segmento empírico (Naturais e Sociais).
Medeiros (2010, p.12) entende que “os trabalhos de graduação e pós-gradua-
ção, para serem considerados pesquisas científicas, devem produzir ciências, ou dela
derivar, ou acompanhar seu modelo de tratamento”.
Já compreendido o papel da ciência e do método na pesquisa, e que a pesquisa
é um dos pilares da universidade, iremos elencar os diferentes tipos de pesquisa
quanto a(ao/s):
• Procedimento.
• Natureza.
• Abordagem.
• Objetivos.
Metodologia da Pesquisa Científica
Métodos e tipos de pesquisa
Tipos de pesquisa
a. Abordagem: qualitativa/quantitativa
Quando nos referimos à pesquisa qualitativa, estamos nos referindo ao termo
qualidade, e quanto à quantitativa, a quantidade. Qualidade é o pressuposto refe-
rente à compreensão de uma qualidade social, ou seja, o problema é mais impor-
tante que a quantidade numérica deste problema. A pesquisa qualitativa ainda
que se utilize de uma representatividade numérica, não se foca nisso. Informações
da vida social é o foco desta abordagem, independente da quantidade de fatos,
Metodologia da Pesquisa Científica
Métodos e tipos de pesquisa
pessoas, fenômenos, pois as dinâmicas das relações sociais não são quantificáveis
nesta abordagem.
Por exemplo, em uma pesquisa da área de Ciências Sociais, o tema pode ser a
“reprovação de jovens negros no Ensino Fundamental”. Se o foco do(a) pesquisa-
dor(a) fosse o índice de reprovação, a quantidade de alunos negros e essa relação
direta com as notas etc., poderíamos ter uma pesquisa quantitativa, pois a abor-
dagem quantificável se sobressairia. Agora, se o foco fosse o motivo pelo qual a
reprovação acontece, se isso está intimamente ligado às questões sociais e raciais, o
foco é qualitativo.
Metodologia da Pesquisa Científica
Métodos e tipos de pesquisa
Figura 2.6 - Gráficos costumam ser as formas de interpretação dos fatos na pesquisa quantitativa
Perceba que quando o resultado e/ou foco da pesquisa puder ser quantificável,
temos então a pesquisa quantitativa, cujas amostras de população e dados são
objetivas e brutas, diferente da análise qualitativa que é mais subjetiva. Nesta
abordagem, as relações entre variáveis matemáticas, porcentagens e razões se
sobressai às questões mais específicas da experiência humana e dos fenômenos
estudados.
Exemplo de pesquisa quantitativa é a pesquisa de intenção de voto, na época
das eleições, ou o número de leitores em uma escola, ou até mesmo o índice de
satisfação do cliente de uma marca de telefonia celular. Já como exemplo de qua-
litativa, podemos citar uma pesquisa sobre um escritor do romantismo inglês, a
Metodologia da Pesquisa Científica
Métodos e tipos de pesquisa
PROCEDIMENTOS
MÉTODO
CARACTERÍSTICAS MÉTODO QUALITATIVO MÉTODO MISTO
QUANTITATIVO
*Concomitante. Mais
*Entrevista.
de um instrumento
Instrumentos de coleta de *Observação.
*Questionário. quanti-qualitativo
dados *Levantamento bibliográfico
utilizado em diversos
e documental.
momentos.
*Roteiro de entrevista *Questionário
*Questionário
com perguntas abertas padronizado
padronizado com
ou sequência de tópicos e integrado a roteiro de
alternativas de respostas
Estrutura do instrumento subtópicos. entrevista: planilhas
pré-fixadas e algumas
*Planilha de observação. de observação, guia
perguntas abertas
*Guia de termos e forma de de termos e forma de
(opcional).
compilação. compilação.
*Integração de
*Dicotômicas, escalas técnicas: alternativas
*Texto narrativo, mídias, e múltipla escolha, de respostas pré-
Tipo de registro de
fichamento do levantamento transcrição literal de fixadas, texto narrativo,
respostas
bibliográfico e documental. respostas a perguntas gravação de voz,
abertas. fotografias, filmagens
e fichamentos.
*Banco de dados
estatísticos.
*Arquivos de dados
*Arquivos de dados de
*Banco de dados de entrevistas ou
entrevistas ou documentos.
Forma de processamento estatísticos. documentos.
*Organização dos dados em
de dados *Arquivos de fichas de *Organização dos
temas e categorias.
leitura. dados em temas e
*Arquivos de fichas de leitura.
categorias.
*Arquivos de fichas de
leitura.
Metodologia da Pesquisa Científica
Métodos e tipos de pesquisa
*Análise integrada
*Comportamento de quanti-qualitativo.
variáveis, indicadores e *Apresentação de
*Elucidação da estrutura índices. resultados na forma
narrativa de textos. *Estatística descritiva ou de tabelas, gráficos e
*Contextualização e inferencial. quadros triangulados
Análise e interpretação de interpretação do significado *Análise univariada, com trechos de
dados de imagens e/ou sons. bivariada ou depoimentos dos
*Análise de conteúdo de multivariada. entrevistados,
depoimentos, textos e *Elaboração de tabelas narrativas e
documentos. estatísticas, gráficos e reportagens.
quadros. *Triangulação com
*Testes estatísticos. documentos textuais e
audiovisuais.
• Pesquisa experimental
Como o nome diz, a pesquisa experimental trabalha com experimentos, isto é,
na manipulação de variáveis precisas e controladas a fim de apreender as relações
de causa e efeito (FONSECA, 2002). Este tipo de pesquisa pode ser feito tanto em
laboratório como em campo, sendo que no primeiro o ambiente é artificialmente
criado e no segundo, as condições dos sujeitos são controladas.
• Pesquisa bibliográfica
A pesquisa bibliográfica é a mais comum dentro das universidades, principal-
mente na área de humanas. Seu método baseia-se na coleta e levantamento de
informações referenciais em textos com livros, enciclopédias, dicionários, artigos,
periódicos etc., podendo ser meios escritos e/ou eletrônicos. De acordo com Fonseca
(2002, p.32), “qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica,
que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Existem,
porém, pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica”,
estas também chamadas de revisão bibliográfica – revisão de tudo o que já foi
escrito sobre o tema, em outras pesquisas.
Metodologia da Pesquisa Científica
Métodos e tipos de pesquisa
Figura 2.7 - Bibliotecas são espaço constantes para quem faz pesquisa bibliográfica. Contudo,
• Pesquisa documental
Muito semelhante à pesquisa bibliográfica, a documental recorre a fontes que
não há tratamento analítico, como relatórios, documentos oficiais, leis, cartas, fil-
mes, fotografias, vídeos, documentários etc.
• Pesquisa de campo
A pesquisa de campo caracteriza-se pelas investigações e coleta de dados que,
além do uso de técnicas bibliográficas e/ou documentais, também são feitas in loco,
junto às pessoas, que são objetos da pesquisa.
Metodologia da Pesquisa Científica
Métodos e tipos de pesquisa
• Pesquisa participante
Pesquisa que é caracterizada com o envolvimento e identificação do pesquisador
com os objetos e pessoas pesquisadas.
• Pesquisa etnográfica
Pesquisa cujo objeto pesquisado é um grupo étnico ou povo.
• Pesquisa-ação
A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa com cunho social, que visa a intervenção
como resolução de um problema, muitas vezes coletivo.
• Pesquisa de levantamento
Pesquisa que se utiliza de levantamento de uma amostra ou de uma população,
ou seja, uso de censo.
Indicação de leitura
Nome do livro: Discurso do método
Editora: Martins Fontes
Autor: René Descartes
ISBN: 85-336-0551-X.
Cogito ergo sum. “Penso, logo existo”. Tal proposição resume o espírito de René Descartes (1596-
1650), sábio francês cujo “Discurso do método” inaugurou a filosofia moderna. Em 1637, em uma época
em que a força da razão tal qual a conhecemos era muito mais do que incipiente, e em que textos
filosóficos eram escritos em latim, voltados apenas para os doutores, Descartes publicou “Discurso do
Metodologia da Pesquisa Científica
Métodos e tipos de pesquisa
método”, redigido em língua vulgar, isto é, o francês. Ele defendia o “uso público” da razão e escreveu
o ensaio pensando em uma audiência ampla. Queria que a razão - este privilégio único dos seres
humanos - fosse exatamente isso, um privilégio de todos homens dotados de senso comum. Trata-se de
um manual da razão, um prático “modo de usar”. Moderno, Descartes postulava a ideia de que a razão
deveria permear todos os domínios da vida humana e que a apreciação racional era parâmetro para
todas as coisas, em uma atividade libertadora, voltada contra qualquer dogmatismo. Evidentemente,
tal premissa revolucionária lhe causaria problemas, sobretudo, no âmbito da Igreja - em 1663, vários
de seus livros foram colocados no Index. Razão alegada - a aplicação de exercícios metafísicos em
assuntos religiosos. Discurso do método mostra por que Descartes - para quem “mente”, “espírito”,
“alma” e “razão” significavam a mesma coisa - marcou indelevelmente a história do pensamento.
Indicação de leitura
Nome do livro: Pesquisa no Mundo Real
Editora: Porto Alegre
Autor: David E. Gray
ISBN: 978-1-84787-337-8
O livro conduz o leitor do início ao fim do processo de pesquisa. Ajuda o leitor a compreender os
muitos meios pelos quais é possível coletar, validar e interpretar dados. Entre os tópicos abordados,
estão: como selecionar projetos e questões de pesquisa adequadas; como decidir sobre quais são
as estratégias mais eficazes para o desenho de pesquisa; e como escolher e implementar métodos
de coleta de dados. O autor lança mão de recursos como atividades e “dicas quentes” ao longo dos
capítulos que visam auxiliar os leitores em seus projetos de pesquisa.
É ideal para estudantes de áreas como Administração, Ciências Humanas e Ciências Sociais e
também para profissionais envolvidos com a pesquisa aplicada e organizacional.
Metodologia da Pesquisa Científica
Olá, caro(a) aluno(a). Nesta unidade, você irá aprender os elementos básicos de uma pesquisa cien-
tífica, tanto no âmbito de um projeto quanto de uma composição científica (TCC, artigo, monografia,
ensaio, etc.). Assim, inicialmente, apresentaremos a base desses elementos: o tema, o título, o resumo,
as palavras-chave, a introdução, a revisão da literatura, o referencial teórico, a justificativa, os objetivos
da pesquisa (geral e específicos), a metodologia, o cronograma, as referências e os anexos/apêndices.
O tema é constituído por quatro itens: a questão inicial, a exploração do tema, a problemática e a
construção da hipótese. Quanto ao título, por meio de algumas palavras, ele é capaz de representar a
síntese da pesquisa. O resumo deve apresentar os elementos básicos da pesquisa. As palavras-chave,
por sua vez, são os termos que definem os subtemas do estudo e a introdução é a parte textual que
expõe um panorama geral do que será apresentado na pesquisa.
Após desenvolver essas seções introdutórias, o pesquisador deve explanar acerca da revisão de litera-
tura e do referencial teórico utilizados no trabalho. Posteriormente, é necessário elaborar a justificativa,
responsável por explicar o porquê da pesquisa, isto é, quais são as razões e os fundamentos relacio-
nados à importância e à relevância do tema. Em seguida, o investigador precisa expor quais são os
objetivos da pesquisa, que se dividem em objetivo geral, ligado diretamente ao problema e à hipótese,
e objetivos específicos, que são os caminhos percorridos para se atingir o objetivo geral.
Devemos salientar que, apesar de ser apresentada em uma seção anterior, a metodologia será dis-
cutida aqui como um dos elementos necessários para o entendimento de uma pesquisa. Quanto ao
cronograma, ele marca, temporalmente, cada fase da pesquisa. Por fim, você entenderá o que são
as referências, os anexos e os apêndices. Temos a certeza de que, após a leitura desta unidade, tudo
ficará mais claro para você, caro(a) aluno(a), no que se refere à composição de uma pesquisa científica
desenvolvida a luz da metodologia científica.
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica
Figura 3.1 - A construção do texto científico precisa ser embasada em uma estrutura sólida que,
Fonte:OLEGDUDKO, 123RF.
do que quer pesquisar. Devemos ressaltar que a diferença consiste no foco, que se
desenvolve a partir do tipo de texto produzido. Esses tipos estão mais bem expostos
a seguir.
• Projeto de pesquisa: contém uma “intenção”, um “plano” para desenvolver
determinada ideia de pesquisa. Esse tipo de projeto abrange elementos obri-
gatórios, que devem ser seguidos para a sua correta execução. São eles:
objetivos, justificativa, cronograma, metodologia, etc. É no projeto que o
pesquisador esboça, delimita e apresenta seu objeto de estudo. Desse modo,
toda produção científica inicia-se com um projeto de pesquisa.
• TCC: é a sistematização de todo conhecimento acumulado na trajetória aca-
dêmica em forma de texto. O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é uma
exigência acadêmica de grande parte dos cursos de graduação e de pós-
graduação lato sensu. Um TCC pode ser feito em formato de monografia,
artigo, paper, dissertação (em caso de mestrado) e tese (para o doutorado).
• Monografia: é o estudo bem definido de um único assunto (mono = um;
grafia = escrita) e possui um caráter mais científico, pois se destina ao
estudo de um assunto mais profundo, de forma mais completa. Por ser um
trabalho longo, divide-se em capítulos e subcapítulos.
• Artigo: refere-se à apresentação sintética, em forma de relatório escrito, dos
resultados de investigações ou dos estudos realizados a respeito de uma ques-
tão. Tem caráter dissertativo e baseia-se em referenciais teóricos acerca do
tema. O artigo tem, aproximadamente, entre 10 e 20 páginas, dependendo
do local de publicação, além de suas partes serem divididas em seções.
• Paper: é um miniartigo científico que tem um número reduzido de páginas
(entre 3 e 5, aproximadamente). Aborda determinado tema e é bem técnico.
• Banner (poster): diz respeito a uma exposição sintética de um trabalho
acadêmico, o qual é impresso em um cartaz. Por esse motivo, privilegia
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica
Tema
Caro(a) aluno(a), todo trabalho se inicia pela escolha do tema, o qual se refere
à delimitação do assunto que, muitas vezes, é amplo e pode envolver diferentes
temas. O tema, então, é o recorte desse determinado assunto, isto é, uma perspectiva
a respeito dele. Pensando por esse lado, uma turma de 30 acadêmicos, por exemplo,
pode fazer pesquisas distintas sobre um mesmo assunto, cada um com seu enfoque.
Nessa perspectiva, segundo Gil (2004), delimitar um tema carece de alguns crité-
rios, como o espacial, o temporal e o populacional, apresentados a seguir.
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica
Reflita
“Se queres fazer um livro poderoso, deves escolher um tema poderoso”. Herman Melville.
Como vimos, a escolha do tema advém de um assunto, que precisa ser o mais
delimitado possível. Por exemplo:
• assunto: violência:
• tema delimitado uma vez: violência no trânsito;
• tema delimitado duas vezes: violência no trânsito de Mogi das Cruzes;
• tema delimitado três vezes: violência no trânsito de Mogi das Cruzes, entre
os anos de 2010 e 2018;
• assunto: racismo:
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica
Essa leitura preliminar serve para auxiliar a responder à questão inicial, além
de possibilitar o conhecimento de abordagens e enfoques diferentes sobre o tema.
Ademais, o local mais utilizado para se fazer a coleta de textos é a biblioteca
(física ou virtual), devido à variedade de referências presente nela. Também é
nessa etapa que o pesquisador começa a treinar a elaboração de resumos e rese-
nhas, que auxiliam durante o processo de leitura e pesquisa.
Saiba mais
Caro(a) aluno(a), para conhecer as diferenças entre resumo e resenha, acesse: objetoseducacionais2.
mec.gov.br
ao optar por uma solução que deseja demonstrar (ou seja, a hipótese, nascida
do problema apontado), tem-se uma tese. Neste momento, é importante
que façamos a seleção/delimitação do assunto e deve-se então escolher o
“pedaço” do problema que se quer ou se precisa estudar para estudá-lo em
profundidade. Mesmo que todos os aspectos sejam considerados importan-
tes, devem ser tratados um por vez e, ao escolher um deles, abandonam-se
ou outros. É uma imposição do método. Aqui é fundamental fazermos a
construção da(s) hipótese(s), que é uma solução provisória que se propõe
para o problema formulado. Sendo uma suposição que necessita de con-
firmação, pode ser formulada tanto na forma afirmativa quanto na interro-
gativa. Não há uma norma ou regra fixa para a formulação de hipóteses,
mas deve ser baseada no conhecimento do assunto e na literatura especí-
fica que foi levantada: lança-se uma afirmação a respeito do desconhecido
com base no que se construiu e publicou sobre o tema. A formulação clara
das hipóteses orienta o desenvolvimento da pesquisa. As hipóteses devem
ser razoáveis e verificáveis. Em pesquisas exploratórias e descritivas, não há
necessidade de apresentar as hipóteses.
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica
Para que haja a melhor compreensão acerca desse assunto, considere os temas
expostos anteriormente:
• violência no trânsito de Mogi das Cruzes, entre 2010 e 2018;
• racismo na obra “Caçadas de Pedrinho”, de Monteiro Lobato;
• o uso de metilfenidato entre vestibulandos, do colégio X.
Título
O título é o primeiro elemento da pesquisa com o qual um leitor se depara. Dessa
forma, o título precisa impactar e despertar interesse para leitura, pois é ele que
sintetiza o que a pesquisa trata, como o objeto a ser pesquisado, o referencial teórico
ou a perspectiva. Devemos destacar que os elementos utilizados para afunilar a
pesquisa (geográfico, temporal e populacional) também devem aparecer no título.
Ademais, a presença de um subtítulo pode ser muito útil para o entendimento
geral da pesquisa.
Por exemplo: “O lúdico na escola: um olhar piagetiano acerca da prática dos
jogos, na segunda série do Ensino Fundamental”. Observe que, nesse caso, há título
e subtítulo, sendo que o título apresenta o tema geral: o lúdico na escola. Há
também o objeto de pesquisa, prática de jogos, além do referencial teórico, uma
abordagem feita com base nos estudos de Jean Piaget. Por fim, o título expõe o
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica
Resumo e palavras-chave
O resumo é uma parte importantíssima de uma pesquisa, pois muitos vão lê-lo,
para escolher se prosseguem ou não com a leitura. Dessa forma, o resumo deve ser a
síntese do conteúdo da pesquisa, o atalho e guia do conteúdo pesquisado, devendo
“falar por si”. Muitas vezes, nas bases de pesquisa de artigos científicos, monogra-
fias, dissertações e teses, o resumo é a única parte disponível, sendo o elemento mais
acessado da pesquisa.
Portanto, o resumo deve conter informações suficientes e responder a questões
como: qual é o tema? O que foi pesquisado? Por que foi pesquisado? O que querem
com isso? O que foi descoberto na pesquisa? Dentre outras. As instituições e revis-
tas científicas têm suas próprias formatações quanto ao resumo, porém a ABNT
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica
RESUMO
A nova política de assistência oncológica do Sistema Único de Saúde SUS, implan-
tada em novembro de 1999, propôs modificações substanciais na forma de creden-
ciamento das unidades de tratamento. O objetivo do estudo foi descrever o perfil
do atendimento ao câncer de mama e de suas usuárias, após a implantação dessa
nova política. Foi realizado um estudo descritivo sobre o tratamento do câncer de
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica
mama nas unidades credenciadas pelo SUS, no Estado São Paulo, de 1999 a 2002.
As informações foram obtidas a partir das unidades de atendimento, por meio
da ficha de cadastro ambulatorial do SUS e de pacientes, pelas autorizações de
procedimentos de alta complexidade em oncologia e de prontuários. Foi analisada
uma amostra aleatória simples de 580 prontuários, provenientes das 25 unidades
credenciadas. Para a análise dos dados utilizou-se a distribuição percentual dos
dados pelas categorias de interesse e o teste X² para avaliar a associação entre as
variáveis. Houve predomínio do tratamento nos Centros de Alta Complexidade
Oncológica (85,3%); em unidades públicas (78,5%) e localizadas na capital do
Estado (81,1%). Os resultados mostraram diferenças relevantes entre os tipos de
unidades credenciadas e apontam para a necessidade de implantar recomendações
práticas para a política nacional de controle do câncer.
PALAVRAS-CHAVE: Formulação de políticas. Neoplasia de mama. Serviços
de saúde.
Fonte: BAKONYI, ARZUA, CARDOSO, 2012, p. 37
Introdução
A introdução deve apresentar os fundamentos do estudo em questão. Assim, seu
objetivo é situar o leitor no contexto da pesquisa, permitindo-lhe perceber o que
será analisado, o alcance da investigação e as bases teóricas.
Os elementos estruturais, ordenadamente, devem ser: tema (assunto tratado no
trabalho); problema da pesquisa (apresenta, claramente, de forma interrogativa,
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica
onde se quer chegar, o que se pretende mostrar, descobrir, testar); base teórica
(definição dos pressupostos teóricos e principais conceitos trabalhados na pesquisa);
formulação da hipótese (consiste na(s) possível(is) resposta(s) proporcionada(s)
pelo trabalho de pesquisa).
tempo, mas muitos encararam essa ação de forma ambígua, como visto no olhar
romântico de alguns teóricos ou no olhar crítico de outros acerca dos textos do autor.
Dessa forma, as discussões relacionadas aos pressupostos ideológicos e raciais pre-
sentes nas obras de Monteiro Lobato fundamentam-se em Vasconcelos (1982),
Lajolo (1988) e Dalcastagnè (2009)”.
O conjunto de reflexão autoral, isto é, os teóricos utilizados para discutir o tema
devem ser autores célebres, que podem justificar ou refutar a tese do pesquisador.
Trata-se, então, do referencial teórico. No exemplo pertencente a uma introdução,
que é um excerto de projeto, evidenciamos que o pesquisador tem como referência,
para sustentar seus argumentos, as ideias de Marisa Lajolo, Regina Dalcastagnnè e
Zinda Maria Carvalho de Vasconcelos. Elas são renomadas pesquisadoras do tema
e possuem autoridade de discurso para fundamentar as discussões desenvolvidas
pelo autor da pesquisa.
Justificativa
Em trabalhos acadêmicos, em especial, nos projetos científicos, a justificativa é
um elemento importante, pois se refere ao tópico que define as contribuições espe-
radas dos resultados da pesquisa, a relevância, bem como a necessidade de reali-
zação da pesquisa. Assim, a justificativa é uma parte da estrutura da pesquisa que
apresenta argumentos para sua execução. Trata-se de um texto altamente argu-
mentativo, que visa convencer o leitor, os avaliadores ou os órgãos de fomento de
que o trabalho é, no mínimo, importante.
A relevância da pesquisa deve contemplar vários âmbitos sociais, como o pró-
prio curso do qual se originou a pesquisa, ou seja, a academia, de forma geral, o
mundo científico e a sociedade, pois toda pesquisa deve, de certo modo, ser útil
para as pessoas. A seguir, analise um trecho de uma justificativa.
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica
quais motivos pessoais e profissionais que levaram você a escolher este tema?
[...] A pesquisa irá contribuir para elevar o nível do conhecimento da ciência
no campo estudado? [...] O estudo será útil para estimular a realização de
novas pesquisas? A pesquisa irá contribuir para testar as teorias utilizadas e/
ou para testar a teoria que está sendo elaborada?
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica
De forma geral, os três itens importantes que precisam ser descritos na justifica-
tiva são: a importância, a viabilidade e a cientificidade da pesquisa. A impor-
tância refere-se ao motivo que levou o pesquisador a abordar o tema no cenário
acadêmico. A viabilidade é o grau de facilidade ou a dificuldade do processo de
utilização dos materiais consultados durante a pesquisa. A cientificidade é a opor-
tunidade de a pesquisa tornar-se uma contribuição, sendo fruto da junção entre a
parte social e a parte científica.
Figura 3.4 - Qualquer assunto pode ser um tema, mas a relevância e a viabilidade são pressu-
postos obrigatórios
Figura 3.5 - Uma pesquisa precisa ser importante nos três níveis
Saiba mais
Os objetivos de uma pesquisa começam sempre com o verbo no infinitivo e a escolha do verbo se
relaciona com o que se deseja: conhecer, compreender, aplicar, analisar, sintetizar ou avaliar. Assim, a
seguir, há alguns verbos que podem ser usados nos objetivos de uma pesquisa:
verbos de conhecimento: associar, citar, calcular, classificar, definir, descrever, distinguir, enumerar,
especificar, enunciar, estabelecer, exemplificar, expressar, identificar, indicar, medir, mostrar, nomear,
registrar, relacionar, relatar, selecionar, etc.;
verbos de compreensão: concluir, descrever, distinguir, deduzir, demonstrar, discutir, explicar,
identificar, ilustrar, inferir, interpretar, localizar, relatar, revisar, etc.;
verbos de aplicação: aplicar, classificar, estruturar, ilustrar, interpretar, organizar, relacionar, etc.;
verbos de análise: analisar, classificar, categorizar, combinar, comparar, comprovar, contrastar,
correlacionar, diferenciar, discutir, detectar, descobrir, discriminar, examinar, experimentar, identificar,
investigar, provar, etc.;
verbos de síntese: combinar, compor, criar, comprovar, deduzir, desenvolver, documentar, explicar,
organizar, planejar, relacionar, etc.;
verbos de avaliação: avaliar, concluir, constatar, criticar, interpretar, julgar, justificar, padronizar,
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica
Metodologia
Em um projeto científico, no item “metodologia”, o pesquisador deve explicar
quais métodos serão utilizados na pesquisa. A seguir, há um exemplo de um trecho
da descrição metodológica de uma pesquisa da área de Literatura e História.
“A metodologia baseia-se em pesquisa bibliográfica que, de acordo com suas
características, é desenvolvida por meio do embasamento científico em livros, dis-
sertações, teses e artigos de periódicos, com a aplicação teórica destes no texto
literário, confrontando, assim, ideias e análises. Nesse sentido, a análise do corpus
literário será realizada a partir da teoria da crítica feminista e dos estudos culturais.
Entendendo-se que uma obra literária não pode ser reduzida a apenas um
levantamento de questões de ordem social, pretende-se utilizar o método de abor-
dagem dialético que, de acordo com Gil (1999, p. 32), ‘fornece as bases para uma
interpretação dinâmica e totalizante da realidade, já que estabelece que os fatos
sociais não podem ser entendidos quando considerados isoladamente, abstraídos de
suas influências [...]’.
Para que a pesquisa possa, além de cumprir a proposta inicial, garantir sua obje-
tividade e validade, os métodos de procedimentos serão o histórico e o compara-
tivo. O primeiro investiga acontecimentos do passado e a influência deles nas socie-
dades atuais. O segundo verifica semelhanças e explica divergências em grupos
existentes no passado ou no presente, em diferentes estágios de desenvolvimento.
Ademais, esse tipo de pesquisa pode ser classificado como descritivo e exploratório,
visto que usa referências e fontes já discutidas no campo teórico acerca do tema”.
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica
Cronograma
Como todo trabalho científico necessita de planejamento, o pesquisador deve ter
em mente um cronograma, a fim de cumprir os prazos estabelecidos, o que também
auxilia o acompanhamento das etapas da pesquisa. A definição das fases evita
atrasos e facilita a execução do trabalho. Essas fases precisam ser determinadas em
um espaço temporal, podendo ser executadas simultaneamente.
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica
Revisão x
Apresentação ou defesa do
x
relatório/artigo
Referências
As referências dizem respeito à parte do projeto ou do texto científico em que são
apresentadas as referências citadas na pesquisa, as quais podem ser bibliográficas
ou não. As referências devem ser apresentadas em ordem alfabética, a partir do
sobrenome dos autores.
Anexos e apêndice
Os anexos e o apêndice são elementos opcionais que devem ser usados quando
forem imprescindíveis para a compreensão da pesquisa. A ABNT identifica o
anexo e apêndice como elementos acessórios da pesquisa, ou seja, suplementares. A
diferença entre o anexo e o apêndice é que o primeiro contém todo material (foto,
notícia, capa, figura, documento, xérox, etc.) que foi mencionado, mas que não foi
elaborado pelo autor da pesquisa. O apêndice, por sua vez, é um documento suple-
mentar produzido pelo autor (gráficos, questionários, fotos tiradas por ele, etc.).
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica
Indicação de leitura
Nome do livro: Os desafios da pesquisa
Editora: EDIPUCRS
Autor: Délcia Enricone
Olá, estudante, bem vindo à nossa última unidade do material de Metodologia da Pesquisa Cientí-
fica. Nesta parte, iremos explorar a Apresentação e os Aspectos Gráficos da Pesquisa Científica.
Primeiramente, iremos compreender que a ideia de pesquisa científica, como vimos nas unidades
anteriores, é ampla, podendo ser materializada em produções como artigos, monografias e projetos,
sendo estes os mais comuns. Assim, elencamos os elementos mais comuns que abrangem estas tipolo-
gias científicas, iniciando com o artigo.
No começo desta unidade vamos conhecer os elementos de um artigo científico, divididos em pré-
textuais, textuais e pós-textuais. Nos pré-textuais, veremos os elementos como título (conciso e completo),
autores e filiação, resumo (contendo tema, problema e hipótese, objetivos, metodologia, justificativa,
resultados, etc.), palavras-chave (termos indexadores) abstract e keywords: versão em língua inglesa do
resumo e das palavras-chaves. Adiante, os elementos textuais, que são a introdução, desenvolvimento
e conclusão e, por fim, elementos pós-textuais, referências e anexos.
Por fim, na parte de estudo dos elementos pós-textuais, focaremos nas referências. Nesta última
parte da unidade veremos as formas de se referenciar livros, artigos, trabalhos, congressos, dissertações,
teses, jornais e outras fontes, com suas especificidades normativas.
Assim, acreditamos que seguindo nosso estudo, você poderá colocar na prática a produção e apre-
sentação da Pesquisa Científica.
Metodologia da Pesquisa Científica
Apresentação e aspectos gráficos da pesquisa científica
Metodologia da Pesquisa Científica
Apresentação e aspectos gráficos da pesquisa científica
Reflita
Todo o produto do trabalho do homem deve ser esteticamente agradável, funcional e encantador,
por mais simples que possa ser.
Fonte: Koppe
1. Elementos de artigo
a. Elementos pré-textuais de artigo
Título do artigo: Como vimos, deve ser conciso e completo. Deve estar em caixa
-alta, negritado e centralizado. O título não tem ponto final.
Autores e filiação: Um espaço abaixo (comumente, com um “enter”) vêm, por
extenso, o nome e sobrenome dos autores. Algumas revistas científicas e/ou uni-
versidades pedem, também, a indicação da afiliação institucional dos autores, que
devem vir em nota de rodapé.
Resumo: Também, já visto, deve estar em um só parágrafo, fonte 10, espaça-
mento simples, contendo tema, problema e hipótese, objetivos, metodologia, justifi-
cativa, resultados, etc., entre 250 a 500 palavras.
Palavras-chaves: Deve ser apresentada uma lista de 3 a 5 termos ou expressões,
separados por ponto e vírgula ou ponto.
Abstract e Keywords: versão em língua inglesa do resumo e das palavras-cha-
ves. Algumas revistas podem pedir a versão em outras línguas como a espanhola
(Resumen/palabras clave), francesa (Résumé/mots clef), italiana (Riassunto/ Parole
Chiave), alemão (Zusammenfassung/ Schlüsselwörter), e assim por diante.
Capa X X
Folha de Rosto X X
Folha de aprovação* X
errata** X
Pré-textuais
Dedicatória e Agradecimento* X
Epígrafe* X
Resumo e Palavras-chave X X X
Abstract e Keywords X X
Metodologia da Pesquisa Científica
Apresentação e aspectos gráficos da pesquisa científica
Sumário X X
Introdução X X X
Textuais Desenvolvimento X X
Conclusão X X
Introdução X X X
Conclusão X X
Perceba que as numerações das seções estão em algarismos arábicos, e que não
se deve subdividir seu trabalho demasiadamente, chegando, no máximo, na parte
Metodologia da Pesquisa Científica
Apresentação e aspectos gráficos da pesquisa científica
Folha de rosto:
Seguindo a capa, um outro elemento obrigatório é a folha de rosto. Este elemento
tem este nome devido ao fato de “dar o rosto” ao leitor, isto é, mostrar a que veio.
Metodologia da Pesquisa Científica
Apresentação e aspectos gráficos da pesquisa científica
Folha de aprovação:
A folha de aprovação é um elemento obrigatório, quando exigido pela insti-
tuição. É ali que os membros da banca avaliadora devem assinar. A folha vem
depois da folha de rosto, e é constituída do nome do(s) autor(es) do trabalho, título
do trabalho e subtítulo, se houver, natureza, objetivo, nome da Instituição a qual é
submetido, área de concentração, data da aprovação, nome, titulação e assinatura
dos componentes da banca examinadora.
Errata:
Errata é um termo oriundo do latim, que significa “erro”. É um documento feito
para acompanhar uma obra, posteriormente à sua publicação, em que estão elen-
cados os erros desta, bem como a sua correção. A inclusão de uma errata é neces-
sária quando o autor da obra admite oficialmente que houve um erro, e que não
foi modificado durante as correções. Exemplo de errata:
Página 23, linha 14 – onde se lê “ao encontro de”, leia-se “de encontro a”.
Dedicatória e Agradecimentos:
Dedicatória é um elemento não obrigatório e configura-se em uma página na
qual o autor presta homenagem ou dedica o trabalho de pesquisa a uma ou mais
pessoas ou entidades. É inserida, posteriormente à folha de rosto. Já, os agradeci-
mentos é o elemento situado após a dedicatória, e, também, é considerado como
elemento opcional. Caracteriza-se na página da qual o autor expressa agrade-
cimentos a pessoas e/ou instituições que contribuíram, de alguma forma, para a
execução e bom trabalho.
Epígrafe:
Classificado como elemento opcional, a epígrafe é designada como página em
que é feita a citação de um pensamento que, de certa forma, embasou a gênese
da obra. É posicionada na parte inferior direita da folha, e vem em seguida dos
agradecimentos.
Listas:
As listas, de acordo com Peixoto (1993), são instrumentos de forma não discursiva
para apresentar informações e dados, através de uma sequência. As listas podem
Metodologia da Pesquisa Científica
Apresentação e aspectos gráficos da pesquisa científica
ser de: I) tabelas e quadros; II) abreviaturas e siglas; III) símbolos; IV) equações e
fórmulas e V) ilustrações. O título principal deve estar centralizado em caixa alta,
e após um espaço (enter), os elementos (siglas, símbolos, figuras, etc.) devem estar
elencados, com suas respectivas legendas, seguidos da página em que se encontra.
Exemplo:
Sumário:
O sumário, segundo a ABNT (NBR 14724/2011), é a enumeração das divisões,
seções, capítulos e outras partes do trabalho, seguindo a mesma ordem e grafia em
que a matéria nele se sucede. A construção do sumário é uma das últimas tarefas
Metodologia da Pesquisa Científica
Apresentação e aspectos gráficos da pesquisa científica
a serem feitas no trabalho, pois é necessário que todas as partes estejam feitas,
garantindo a correta paginação.
Os termos do sumário devem ser escritos da mesma forma que estão no corpo do
texto. A indicação das seções deve iniciar junto à margem esquerda, e a paginação
obedece a margem direita. O espaço vago entre as seções e a indicação de pagina-
ção pode ser pontilhado para melhor visualização. Porém, há formas automáticas
de se fazer sumário, como o oferecido no programa Microsoft Word.
Saiba mais
Você sabe como criar um sumário que seja fácil de atualizar no Word? O próprio suporte do
Programa Word/Office dá as dicas. Veja em: support.office.com
Metodologia da Pesquisa Científica
Apresentação e aspectos gráficos da pesquisa científica
Para não acontecer o plágio, e o aluno consiga articular ideias de outros autores,
a ABNT traz orientações sobre como fazer citações de forma correta. Basicamente,
existem três tipos de citação: citação direta, citação indireta e citação de citação.
• Citação direta
Chamamos de citação direta a transcrição fiel de trecho de uma obra/texto. Isso
acontece quando consultamos um autor e algum trecho escrito por ele foi conside-
rado importante, tal que houve a necessidade de reproduzir “fielmente” o trecho.
Assim, iremos copiar o trecho, que por ser uma transcrição exata, deve vir entre
aspas duplas, e, em seguida, citar o autor. Este tipo de citação pode ser feito de duas
formas:
Citando e referenciando
Quando o sobrenome do autor em caixa alta, ano e página são apresentados
entre parênteses, após o texto. Exemplo.:
Perceba que a abreviatura de página é “p.” e não “pg.”, além do fato do uso do
ponto final, ser realmente no local que faz jus a seu nome: no final de tudo.
Referenciando e Citando
Quando o nome do autor é que chama a citação. Neste caso, o sobrenome não
estará dentro dos parênteses, e, portanto, não poderá estar em caixa alta. O ano e
página estarão dentro dos parênteses, normalmente. Exemplo.:
A citação direta é cópia exata de um texto, e, portanto, se vier com algum des-
taque, deve ser acrescido nos parênteses “Grifo do autor”. Exemplo.:
Caso você deseje dar ênfase ou destacar algo, acrescente o termo “grifo meu/
nosso”
• Citação indireta
Uma outra forma de citar é a forma indireta. Usamos a citação indireta quando
nossas ideias são parecidas com a do autor, e não queremos usar as mesmas pala-
vras que ele. Fazemos, então, uma paráfrase ou escrevemos a ideia dele de outra
forma. Todavia, lembre-se, a ideia continua sendo dele, logo, precisa citar. Na
citação indireta, por não ser exatamente o texto do autor, não precisa estar entre
aspas duplas. Outra diferença é que a citação indireta não precisa da página, pois,
às vezes, a ideia do autor está perpassada por toda obra. Exemplos:
Algumas citações podem ter mais de um autor, pois obras diferentes podem tra-
zer ideias comuns. Exemplo:
• Citação da citação
Às vezes, ao lermos uma obra ou artigo, nos deparamos também com outras
citações. Principalmente, em livros e textos antigos, seus autores usaram como fonte
outras obras, ainda mais antigas e raras. Contudo, tais textos nem sempre estão
disponíveis, mas o autor que você está lendo, teve contato com estas obras. Se o
autor que está sendo citado no material que você está lendo for extremamente
importante para você, use-o! Chamamos este processo de citação da citação. Como
o próprio termo leva a entender, você fará uma citação de um conteúdo que foi
citado na obra que você está consultando. Apesar de ser usado só em último caso,
é comum, quando necessário. Exemplo: Suponhamos que eu esteja consultando este
artigo, abaixo, cuja referência é VASCONCELOS, PARADISO. 2018:
Metodologia da Pesquisa Científica
Apresentação e aspectos gráficos da pesquisa científica
Então, encontrei no texto uma ideia de Ferretti (1997), que considero impor-
tante para meu trabalho. Vou retirar a citação do texto referenciando da seguinte
forma:
ou
Metodologia da Pesquisa Científica
Apresentação e aspectos gráficos da pesquisa científica
A expressão latina “apud” significa “citado por” e é usada dentro dos parênte-
ses, quando não optamos pelo uso de termos como “citado por”, “referenciado por”.
Quando a citação for direta, usa-se a página e aspas, normalmente. Exemplo:
Saiba mais
A fim de facilitar a leitura e o entendimento do conteúdo que se quer expor, são importantes os
aspectos abaixo:
a. Apresentar as ideias de modo claro, coerente e objetivo, conferindo a devida ênfase às ideias e
unidade ao texto;
b. Evitar comentários irrelevantes, acumulação de ideias e redundâncias;
c. Usar um vocabulário preciso, evitando linguagem rebuscada e prolixa;
d. Usar a nomenclatura técnica aceita no meio científico;
e. Evitar termos e expressões que não indiquem claramente proporções e quantidades (médio,
grande, bastante, muito, pouco, nem todos, muitos deles, a maioria, metade e outros termos ou
Metodologia da Pesquisa Científica
Apresentação e aspectos gráficos da pesquisa científica
Elementos pós-textuais
Como vimos, os elementos pós textuais costumam ser as referências, anexos e
apêndices. O único elemento obrigatório são as referências, que nada mais são, que
todos os materiais consultados, seguindo ordem alfabética de sobrenome autoral. Já
discutimos anteriormente sobre os anexos e apêndices, e desta forma, iremos, agora,
focar apenas nas referências.
Referências
As referências devem ser elencadas em ordem alfabética, de acordo com o sobre-
nome dos autores. O espacejamento deve ser em espaço simples, e duplo entre
parágrafos. O alinhamento é pela margem esquerda.
Alguns detalhes são importantes no aspecto gráfico das referências, como:
a. Só o título é destacado em negrito e itálico, nunca o subtítulo;
b. Termos em línguas estrangeiras não aparecem em destaque;
c. Quando não podemos determinar o local da publicação, coloca-se no lugar
o símbolo [s.l], do latim sine loco - sem local;
Metodologia da Pesquisa Científica
Apresentação e aspectos gráficos da pesquisa científica
Simpósios e congressos
NOME DO EVENTO, Número do evento (se houver. Pode ser arábico ou
romano), Ano do evento, Local do evento. Título dos anais em itálico; Local :
Metodologia da Pesquisa Científica
Apresentação e aspectos gráficos da pesquisa científica
Editora, ano.
Exemplo:
ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM ADMINISTRAÇÃO, XX, 1996, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: ANPAD,
1996.
2014.
Dissertações e teses
SOBRENOME, Nome abreviado. Título da obra em itálico ou negrito. Tipo
(tese, dissertação ou trabalho) (Grau e área) - Unidade de Ensino. Local: Editora,
ano. Quantidade de páginas (opcional).
Exemplo:
PARADISO, S. R. Religião e Religiosidades nas Literatura Africanas Pós-
Coloniais: um olhar em Achebe e Mia Couto. Tese (Doutorado em Estudos
Literários) – Programa de Pós-graduação em Letras. Londrina: Universidade
Estadual de Londrina, 2014. 305 p.
KATZENBACH, J. A disciplina das equipes. EXAME, São Paulo, n. 17, p. 56- 60,
nov.-dez. 1999.
Indicação de leitura
Nome do livro: Como elaborar projetos de pesquisa.
Editora: Atlas
Autor: Antônio Carlos Gil
ISBN: 9788522431694
Livro prático que apresenta a estudantes e profissionais os elementos necessários para a elaboração
de projetos de pesquisa nos mais diversos campos do conhecimento. Em sua elaboração, o autor foi
guiado por dupla preocupação. Primeiramente, o de apresentar aos iniciantes os elementos necessários
para a elaboração de projetos de pesquisa. Em segundo lugar, garantir ao profissional de pesquisa,
bem como aos estudantes dos níveis mais avançados, inclusive dos cursos de pós-graduação, condições
para a organização de conhecimentos dispersos, obtidos ao longo da vida acadêmica ou do contato
direto com a prática de pesquisa.
Caro(a) aluno(a), chegamos ao fim do nosso material de Metodologia da Pesquisa
Científica, com a certeza de que este material será utilizado como um guia de referência
para o processo de produção científica na vida universitária, através de um TCC, de uma
monografia, de um artigo, de um paper, de um pôster (banner) ou de uma simples pes-
quisa.
Logo, este material foi organizado em quatro unidades sendo que a primeira delas
apresentou “A Metodologia Científica: Ciência e Conhecimento”, em que discutimos e
estudamos sobre as várias formas de apropriação do conhecimento e seus componentes,
através do conhecimento mítico-religiosos, filosófico, vulgar e científico; Ciência, Pesquisa
e Método.
A segunda unidade tratamos dos “Métodos e Tipos de Pesquisa”. Nele, vimos os prin-
cipais métodos como dedutivo e indutivo, hipotético-dedutivo e dialético, além de ter
aprendido sobre os tipos de pesquisa, quanto sua Natureza; Abordagem; Objetivos e
Procedimento. Neste último item, diferenciamos algumas formas de se fazer pesquisa,
como bibliográfica, estudo de caso, Documental, Experimental, Pesquisa de campo, entre
outras.
Com isso, aluno(a), reiteramos que a utilização deste material seja apenas um começo
na caminhada científica que virá com a vida acadêmica.
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724;
informação e documentação – trabalhos acadêmicos - apresentação. Rio de
Janeiro, 2011.
CHASSOT, A. A ciência através dos tempos. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2004.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
LEO LINTANG. Voltar a exibir pessoa de negócios que procuram a cidade [...]. 123RF.
NIRUT SAELIM. Old book with Reading glasses. 123RF. Disponível em:
<https://br.123rf.com/photo_68074297_old-book-with-reading-glasses.html?-
term=knowledge&vti=mlqdl23gm4h68eibct-32-85>. Acesso em: 14 Fev. 2018.
RUIZ, J. Á. Metodologia científica. Guia para eficiência nos estudos. 13. ed. São
Paulo: Atlas, 1996.