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R EPÚBLICA F EDERATIV

EDERATIV A
TIVA DO B RASIL
Presidente: Fernando Henrique Cardoso
Vice-Presidente: Marco Antonio de Oliveira Maciel

M INISTÉRIO DO M EIO A MBIENTE


Ministro: José Sarney Filho
Secretário-Executivo: José Carlos Carvalho
Secretário de Biodiversidade e Florestas: José Pedro de Oliveira Costa
Diretor do Plano Nacional de FLorestas: Raimundo Deusdará Filho
Gerente do Projeto de Uso Sustentável dos Recursos Florestais: Newton Jordão Zerbini

O RGANIZAÇÃO D AS N AÇÕES U NID AS


NIDAS PARA A A GRICULTURA
GRICULTURA E A LIMENTAÇÃO -
LIMENTAÇÃO
F AO
Subdiretor Geral do Departamento de Florestas: Hosny El-Lakane
Chefe de Políticas e Instituições Florestais: Manuel Paveri Anziani
Subdiretor Geral para América Latina e Caribe: Gustavo Gordillo de Anda
Chefe de Operações: Roberto Samanez Mercado
Representante no Brasil: Richard W. Fuller
Fortalecimento Institucional do
Setor Florestal
M INISTÉRIO DO M EIO A MBIENTE
P ROJET
ROJETOO UTF/BRA/047 (A GEND A P OSITIV
GENDA OSITIVAA PARA O S ET OR F LOREST
ETOR AL
ORESTAL NO B RASIL )
Diretor Nacional: Raimundo Deusdará Filho
Coordenador: Newton Jordão Zerbini

Consultor
Maura Eustáquia de Oliveira

Editoração
Patrícia da Gama
Capa
Eduardo da Gama
Maura Eustáquia de Oliveira

Fortalecimento Institucional do
Setor Florestal

M INISTÉRIO DO M EIO A MBIENTE


B RASÍLIA
1999
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

AGRADECIMENTOS
A todos que contribuíram para viabilizar a composição deste “retrato” da Gestão Flores-
tal, no Brasil e da Capacidade Institucional Setorial instalada, os nossos agradecimentos.
Eles são extensivos aos que – posteriormente – ao nível de cada organização procede-
ram conosco o ajuste de dados e informações, bem como a atualização deles.

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AGENDA POSITIVA PARA O SETOR FLORESTAL DO BRASIL
PROGRAMA NACIONAL DE FLORESTAS

RESUMO
Estudo sobre os modelos de Gestão Florestal, ao nível dos estados, ocorrentes no
Brasil, tomando como objeto de análise da questão as organizações florestais dos esta-
dos do Amazonas, Bahia, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco e Rondônia.
Este documento analisa a situação atual do setor florestal nessas unidades, seus desa-
fios e necessidades de fortalecimento institucional e apresenta sugestões e recomenda-
ções quanto ao fortalecimento desses segmentos. Finalmente, sugere Modelos de Ges-
tão mais ajustados ao perfil de cada região do País e faz recomendações quanto aos
procedimentos indispensáveis para sua implantação.

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Fortalecimento Institucional do Setor Florestal
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

INTRODUÇÃO
A complexidade da Gestão Florestal, num País com o tamanho e a diversidade
fitogeográfica, social e econômica do Brasil, está a exigir do Poder Público Federal provi-
dências no sentido de ampliar o envolvimento dos estados e dos municípios nesta tarefa.
Conservar os recursos naturais renováveis e compatibilizar as ações do setor produ-
tivo com as modernas exigências de desenvolvimento sustentável é um desafio, cuja
resposta só será viável a partir de ações conjuntas e complementares das diferentes
esferas da Administração Pública nacional.
Ganha relevância cada vez maior entre as autoridades setoriais a idéia da estruturação
e implantação de um Sistema Nacional de Conservação e Desenvolvimento Florestal Sus-
tentável, liderado pelo Ministério do Meio Ambiente e coordenado pelo IBAMA, constitu-
indo um conjunto funcional, em que o Ministério se reservaria a função normativa; o
IBAMA, as ações de apoio técnico-institucional e de execução supletiva, delegando a
organismos florestais estaduais e municipais – cuja criação ambos estimulariam – as
atribuições executivas.
Na própria visão dos estados, este Sistema descentralizado tornaria mais fáceis e efici-
entes os serviços de extensão florestal, fiscalização, recomposição e recuperação de áreas
degradadas, reflorestamento econômico e educação ambiental, em todos os pontos do
território nacional.
Para concretizar esta proposta de descentralização da administração florestal, algu-
mas medidas são preconizadas, visando a desencadear, a curto prazo, esse processo.
Algumas serão tratadas com maior profundidade no decorrer deste Relatório.
No conjunto das propostas destacam-se:
N Recomendações de estudos e levantamentos;
N Formulação, em bases claras, de uma Política Nacional de Produção e Con-
servação Florestal que considere;
N Implantação de uma política de reciclagem e treinamento de recursos humanos
para diferentes segmentos da atividade florestal, desde os níveis de gerenciamento
até os de processamento de madeira e “design” de artefatos de madeira;
N Ação explícita do MMA e do IBAMA junto aos Governos Estaduais visando à criação
de órgãos de gestão florestal nos estados;
N Estímulos às Prefeituras Municipais para se juntar a este esforço.
O resultado dos estudos e levantamentos aqui relatados oferecerão às autoridades
setoriais uma amostra representativa da situação atual da Gestão Florestal no País, de-
corrente de estudos realizados em sete estados abaixo discriminados e capaz de permi-
tir-lhes tomar decisões, em bases mais consistentes, para a melhoria do patamar de qua-
lidade da Gestão Florestal no Brasil.

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AGENDA POSITIVA PARA O SETOR FLORESTAL DO BRASIL
PROGRAMA NACIONAL DE FLORESTAS

Estados Estudados
N Amazonas
N Bahia
N Goiás
N Minas Gerais
N Paraná
N Pernambuco
N Rondônia
Os estudos visando ao Fortalecimento da Capacidade Institucional do Setor Florestal
dos estados, em pauta, foram realizados junto às diretorias e corpos técnicos dos orga-
nismos estaduais de gestão florestal e instituições afins, através de;
N entrevistas pessoais;
N visitas técnicas;
N “desk survey” (relatórios/projetos);
N consulta a arquivos e material de informação e divulgação;
N depoimentos de parceiros e de beneficiários de ações florestais dos organismos
estaduais;
N depoimentos de ONG’s; e
N consulta bibliográfica.

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Fortalecimento Institucional do Setor Florestal
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

1. TERMO DE REFERÊNCIA
As autoridades do MMA/FAO acordaram entre si a execução do seguinte Termo de
Referência:

1.1. CONTEÚDO
Registro da situação do Setor Florestal dos estados que serão estudados para compor
o relatório final de discussão, no qual estará baseado o Programa Estratégico de Fortale-
cimento Institucional das Organizações Estaduais e Municipais Florestais, visando à
implementação da Agenda Florestal Positiva do Brasil e a contextualização de um pro-
cesso permanente e gradual de descentralização da administração florestal brasileira.

1.2. ESTRUTURA BÁSICA


A. B REVE D ESCRIÇÃO DOS A SPECT OS G EOPOLÍTICOS
SPECTOS DO E ST ADO
STADO
A.1. Área e divisão territorial: superfície do território e sua divisão em municípios;
A.2. Clima, relevo e hidrografia;
A.3. Aspectos populacionais e distribuição espacial da população;
A.4. Cobertura vegetal, status da vegetação e tipologias florestais;
A.5. Principais atividades econômicas.

B. CONFIGURAÇÃO DA PRESSÃO ANTRÓPICA SOBRE AS FLORESTAS NATURAIS


ORESTAS
DO ESTADO
STADO
B.1. Área remanescente da cobertura florestal, segundo suas tipologias, em relação
à área territorial total;
B.2. Caracterização do desmatamento e evolução das áreas desmatadas;
B.3. Principais fontes de pressão antrópica: agricultura, pecuária, mineração, ati-
vidade madeireira, consumo energético (lenha e carvão vegetal).

C. R ELAT O S USCINT
ELAT USCINTOO DO P ATRIMÔNIO F LOREST AL A MBIENT
ORESTAL AL
MBIENTAL
C.1. Lista das unidades de conservação existentes no estado: área, localização e
percentual.
C.2. Tipo e categoria de unidade (estadual, federal e municipal);
C.3. Evolução das áreas públicas protegidas;
C.4. Situação das áreas protegidas de domínio privado: preservação permanente
e reserva legal;
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PROGRAMA NACIONAL DE FLORESTAS

C.5. Ocorrência de espécies da flora e fauna ameaçadas de extinção.

D. S ET OR F LOREST
ETOR AL P RODUTIVO
ORESTAL
D.1. Descrição da economia florestal estadual;
D.2. Produção e consumo de produtos e subprodutos florestais (madeireiros e não-
madeireiros);
D.3. Reflorestamento: área reflorestada, espécies cultivadas, oferta de madeiras
oriundas de florestas plantadas e destino da produção;
D.4. Manejo florestal: área manejada, principais espécies exploradas, oferta de
madeira oriunda de manejo e destino da produção;
D.5. Participação relativa do setor na economia estadual, incluindo a indústria de
base florestal, geração de renda e emprego;
D.6. Contribuição do setor florestal para a matriz energética.

E. O RDENAMENT
RDENAMENTOO L EGAL DO S ET OR F LOREST
ETOR AL
ORESTAL
E.1. Situação anterior à Constituição de 1988: o estado dispunha de algum
instrumento legal no período temporal mencionado?
E.2. Situação posterior à Constituição de 1988: como o estado estabeleceu ou for-
mulou o arcabouço legal do seu setor florestal, no âmbito da competência cons-
titucional concorrente. Não tendo legislado concorrentemente, qual a razão?
E.3. Conceituação e diretrizes da Lei Florestal ou legislação conexa formulada,
quais os pontos focais da legislação estabelecida: Conservação? Controle?
Fiscalização? Fomento? Manejo?
E.4. Interface da legislação florestal estadual com a legislação ambiental: qual o
grau de complementariedade ou de conflito entre uma norma e outra?
E.5. Outras leis: agrárias, mineração, incentivos fiscais.

F. A NTECEDENTES I NSTITUCIONAIS
F.1. Análise histórica da organização florestal do estado.
F.2. Evolução da administração florestal estadual.
F.3. Vinculação do setor florestal público às políticas estaduais.

G. M ODEL
ODELOO I NSTITUCIONAL EM V IGOR
G.1. A organização do estado na área florestal.

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MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

G.2. Instituição à qual foi atribuída a gestão pública do setor florestal.


G.3. Vinculação da instituição florestal na estrutura decisória do Governo: controle
e fiscalização? Fomento florestal? Administração de unidades de conservação?
Pesquisa e desenvolvimento?

H . E STRUTURA O RGANIZACIONAL E C OMPETÊNCIA DA I NSTITUIÇÃO


F L OREST AL E ST
ORESTAL ADU
STADU AL
ADUAL
H.1. Descrição da estrutura orgânica.
H.2. Análise das atribuições e competências visando a configurar o papel
desempenhado pela instituição.
H.3. Distribuição das tarefas inerentes às funções clássicas da política florestal na
estrutura da organização: controle, pesquisa, fomento.
H.4. Qual o espaço institucional conferido ao desenvolvimento florestal na
estrutura da organização?

I. P RINCIPAIS A ÇÕES D ESENVOL


RINCIPAIS VID
ESENVOLVID AS
VIDAS PELA I NSTITUIÇÃO
I.1. Programas, projetos e atividades desenvolvidas em relação às atividades de
fomento, manejo e silvicultura.
I.2. Ações de controle e fiscalização do desmatamento e do uso predatório dos
recursos florestais.
I.3. Administração das áreas protegidas e pesquisa florestal.

J. I NFRA - ESTRUTURA O PERACIONAL


J.1. Qual a infra-estrutura existente para operacionalizar as atividades da instituição.
J.2. Existência ou não de unidades operacionais descentralizadas: escritórios,
técnicos , viveiros de produção de mudas, unidades de conservação.
J.3. Interface das unidades descentralizadas com as prefeituras dos municípios
onde elas se localizam.

L. R ECURSOS H UMANOS
L.1. Quadro de pessoal e distribuição dos servidores de acordo com as atividades
desenvolvidas.
L.2. Existência ou não de plano de cargos e salários.
L.3. Grau de interiorização dos servidores.
L.4. Capacitação e treinamento.

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PROGRAMA NACIONAL DE FLORESTAS

M. S ITUAÇÃO O RÇAMENTÁRIA E F INANCEIRA


M.1. Classificação funcional programática do orçamento do estado, aplicada à
gestão do setor florestal.
M.2. Evolução dos recursos orçamentários e financeiros alocados à instituição nos
últimos três anos.
M.3. Principal fonte de recursos da instituição: recursos ordinários do Tesouro Es-
tadual, receitas vinculadas, recursos diretamente arrecadados. Empréstimos,
recursos extra-orçamentários.
M.4. Participação relativa da administração florestal no orçamento do estado e no
segmento da administração estadual ao qual esteja vinculada.

N. Á REAS DE I NTERF ACE


NTERFACE EM O UTRAS I NSTITUIÇÕES
N.1. As relações com a Superintendência Estadual do IBAMA.
N.2. Se existe Polícia Florestal, identificar o grau de cooperação com a Polícia
Militar Estadual.
N.3. Como ocorrem as relações da administração florestal com as instituições
privadas: entidades de classe do setor florestal produtivo, ONG’s
ambientalistas, organizações dos proprietários e trabalhadores rurais. Que
responsabilidades poderiam assumir?
N.4. Cooperação nacional (interestadual) e internacional.
N.5. Capacidade de transferir ou assimilar experiências de outros estados.

Além do desenvolvimento do roteiro constante deste Termo de Referência, o relatório


estadual deverá considerar as peculiaridades institucionais de cada estado, principal-
mente as mudanças recentes e a vinculação do setor na administração do estado.

2. PRINCIPAIS RESUL
PRINCIPAIS TADOS E CONCL
RESULT USÕES
CONCLUSÕES
N Avaliar a capacidade institucional do estado no que concerne à gestão pública
florestal, mediante a realização dos seguintes estudos em seus organismos
setoriais;
N Levantamento da memória institucional de cada organismo; dos conflitos e/ou
entidades interinstitucionais e ultra-institucionais que afetam seu desempenho;
N Levantamento do arcabouço legal que disciplina o setor; da estrutura administrativa
e situação física e financeira do organismo florestal;
N Principais atividades desenvolvidas; principais demandas setoriais e problemas que
afetam o seu atendimento;

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Fortalecimento Institucional do Setor Florestal
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

N Significação político-econômica do setor florestal no contexto do estado;


N Importância social;
N Ações desenvolvidas com apoio nacional e/ou internacional;
N Experiência no setor; capacidade de repasse dessa experiência; pontos fortes
organizacionais;
N Situação das relações técnico-operacionais interinstitucionais; problemas, causas
e consequências;
N Sugestões ao aprimoramento da Gestão Florestal Brasileira.

3. CONCLUSÕES
Os estudos permitem chegar a algumas conclusões importantes, tanto ao nível de
cada estado quanto ao nível mais geral, que podem assim ser resumidas:

3.1. ESTADO DO AMAZONAS


ESTADO
N Órgão responsável pela gestão florestal: (*) IPAAM – Instituto de Proteção
Ambiental do Amazonas.

N Personalidade Jurídica: autarquia estadual com “status” de Secretaria de Es-


tado, vinculada à Casa Civil do Governo do Estado
N Modelo de Gestão: mais direcionado ao controle ambiental e altamente cen-
tralizado, já que o Instituto não possui nenhuma representação no interior do
estado. Os problemas gerados pelas dificuldades de atendimento às denúncias
de degradação do meio ambiente levaram o IPAAM a planejar a instalação de
um Escritório em Humaitá e outro em Parintins, se possível, em 1999. As autori-
dades estaduais reconhecem as inúmeras falhas da fiscalização florestal e os
prejuízos ecológicos e econômicos decorrentes.
O IPAAM insere-se num dos modelos mais antigos de Gestão Ambiental do
País: o que integra o meio ambiente à ciência e tecnologia. Sistemas mais mo-
dernos vão conferindo autonomia aos dois segmentos ao reconhecer a impor-
tância fundamental que cada um tem na sociedade produtiva.
O Amazonas
Amazonas, que possui 98% do seu território cobertos pela maior floresta
tropical úmida do Planeta, não dispõe de Lei Florestal Estadual nem de
órgão estadual específico para tratar questões setoriais e não possui
Polícia Florestal.

(*) O IPAAM, na verdade, é um órgão de gestão ambiental, quase sem ingerência no setor florestal.

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N Áreas de maiores problemas florestais: assentamentos do INCRA; regiões


marginais de rodovias; várzeas de intensa exploração florestal.

N Problemas político-institucionais:
- Há conflitos de competência do órgão estadual com a SUPES/IBAMA, especial-
mente no que se refere ao licenciamento de indústrias de base florestal;
- As autoridades estaduais reclamam da falta de capacidade operacional da SUPES/
IBAMA para desempenhar sua responsabilidade de fiscalização dos empreen-
dimentos florestais. Em conseqüência “não há reposição florestal no estado e
os Planos de Manejo só existem no papel: em geral, não são cumpridos”.

N Área de Competência do IP AAM:


IPAAM:
- Gestão Ambiental – Licenciamento e fiscalização de atividades potencialmente
poluidoras e administração de UC’s.
- O Instituto funciona como Secretaria Executiva do Fundo Estadual para o Meio
Ambiente, Ciência e Tecnologia;
- É membro do Conselho Estadual do Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia.
- O IPAAM tem um total de 155 servidores. Após ser criado, o Instituto fez um
grande enxugamento do seu quadro de pessoal para poder remunerar melhor
os servidores e exigir qualidade e agilidade nas ações: passou de 400 para 130
servidores, (hoje atingindo o total de 155).
- Em concurso recente foram abertas mais 27 vagas para funcionários de nível
superior em diversas áreas: sociologia, antropologia, química, engenharia de
pesca, geologia, engenharia florestal, bioquímica, biologia, economia e direito.
- No âmbito do IP AAM os técnicos consideram prioritárias as seguintes
IPAAM
providências:
w Definição clara das atribuições e funções do órgão junto ao IBAMA, para
evitar duplicidade e superposição de ações, especialmente na avaliação de
impactos ambientais do manejo florestal e na aplicação de multas;
w Definição de responsabilidades em relação aos assentamentos do INCRA.

N Orçamento:
- IPAAM dispõe, atualmente, de um orçamento de R$ 10.261.757,00, dos quais,
17% vão para o pagamento de funcionários. Seu orçamento equivale a 1% do
orçamento global do estado e a 26,5% do da Casa Civil. Segundo a Diretoria do
IPAAM todos os recursos com que trabalha são do estado: não há qualquer
repasse do Governo Federal.
- O orçamento do IPAAM, para a área florestal, contempla:
w Conservação de recursos florestais

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MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

w Diárias de proteção ambiental.


w Total R$10.261.757,00 (Fonte: Diretoria Administrativa/IPAAM.);
- Para 1999, estão previstos R$13 milhões para o orçamento setorial;
- O Instituto conta com recursos humanos com nível de pós-graduação, na maior
parte dos cargos de direção, gerência e chefia;
w Seus salários se situam entre os mais altos do setor público florestal
brasileiro: R$ 1.700,00 (hum mil e setecentos reais) em média para os
técnicos de nível superior.

N Principais Atividades Econômicas do Estado – o Papel do Setor Florestal


na Economia:
- Extração Vegetal: trata-se de um dos segmentos mais importantes da economia
amazonense, com uma produção total de madeira/ano de 530.654 m³= R$
6,23 milhões(Fonte: IBGE/1995).
w Segundo estudos do especialista Richard Bruce a estimativa do custo médio
da madeira de Várzea/toras/m³ posta em Manaus e Itacoatiara em 1993 era
de U$ 32,5 (faltam dados atualizados). A venda direta representa 76,1% da
comercialização dos produtos de serraria e 80% das laminadoras.
- Turismo Ecológico: não há levantamentos confiáveis quanto à renda gerada,
anualmente, pelo turismo, mas estima-se em U$1,5 bilhão o faturamento anual
do setor.
- Indústria de Transformação: quanto às exportações da Indústria de Transfor-
mação instalada na Zona Franca de Manaus, a estimativa da SUFRAMA é de
que as indústrias fechem o ano chegando a um total de U$ 11,8 bilhões. De
janeiro a junho de 1998 as vendas externas da ZFM foram de U$ 4,9 bilhões,
18% inferiores às de 1997.
w Apesar da grande disponibilidade de madeira de alta qualidade na Amazô-
nia, as receitas geradas pela Zona Franca de Manaus jamais propiciaram es-
tudos ou pesquisas relacionadas ao aproveitamento da maior riqueza local a
floresta tropical.
w Atualmente com a queda (-18%) das exportações da ZFM e os bons preços
da madeira nos mercados internacionais – face ao esgotamento das flores-
tas asiáticas – alguns analistas econômicos prevêem uma investida dos em-
preendedores nesta área.

N Problemas Graves:
- Escassez de pesquisas e conhecimentos quanto ao manejo sustentável da Floresta
Tropical Úmida;
- Fragilidade dos órgãos de controle da qualidade ambiental;

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- Insuficiência de reposição florestal;


- Falta de tecnologia moderna de processamento de madeiras tropicais;
- Exploração de madeira em reservas indígenas e UC’s;
- Prática de queimadas;
- Insuficiência na exploração, com grandes perdas no campo e nas indústrias.

N Agências Internacionais que apoiam a gestão florestal no Amazonas:


- PPG-7
- Agência de Desenvolvimento de Ultramar, da Inglaterra;
- W.W.F e Conservation International

N Gestão Florestal no Amazonas - Sugestões e Recomendações


- A gestão, proteção e desenvolvimento sustentável dos recursos florestais de-
pendem da ação de grande número de instituições e do publico em geral,
mas particularmente do Governo do Estado, cuja articulação com o IBAMA
tem que ser intensificada por ser o órgão federal responsável por atividades
específicas nessa área.
- Ao estado cabe criar uma instituição florestal específica para tratar, de forma
integrada e global, um conjunto de medidas relativas às questões econômicas
e de proteção ambiental e social relativas à exploração florestal:
w aperfeiçoamento do processo de concessão e fiscalização de licenças
ambientais para a prática das atividades ligadas ao uso de áreas florestadas e
à exploração madeireira. O processo de licenciamento ambiental deve abran-
ger tanto a execução de projetos agrícolas e pecuários, quanto a retirada de
lenha, a produção de carvão vegetal e outros empreendimentos que termi-
nam gerando efeitos negativos sobre os ecossistemas florestais;
w condução da atividade de licenciamento em estreito relacionamento com o
IBAMA, que ainda detém sob sua jurisdição o poder de conceder autoriza-
ção para desmatamento, uso de fogo na floresta, comercialização de produ-
tos florestais, execução de planos de manejo etc;
w assegurar e estimular a participação, nas decisões, das populações indígenas
e das comunidades afetadas, bem como do setor industrial, dos sindicatos e
dos que residem em áreas mais distantes dos centros urbanos, inclusive reco-
nhecendo-se o papel que a mulher poderá desempenhar para o planejamen-
to, desenvolvimento e implementação da política florestal do estado;
w estabelecer regulamentos suplementares às diretrizes federais para orientar
o uso da floresta, de forma a atender aos princípios do desenvolvimento
sustentável e abranger os seguintes pontos mínimos:
• utilização de mecanismos de zoneamento ecológico-econômico para in-

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Fortalecimento Institucional do Setor Florestal
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

dicação das áreas tecnicamente mais adequadas à exploração florestal;


• criação de sistema de informações sobre florestas e ecossistemas florestais,
não apenas para melhor instruir os processos decisórios, mas com o objeti-
vo de permitir que o público compreenda a necessidade de abordagem
global da exploração do recurso;
• fortalecimento da capacidade das instituições para que melhor desempe-
nhem e implementem programas de fiscalização e controle da aplicação de
critérios, normas e padrões de exploração florestal, inclusive através de acor-
dos com o IBAMA e com outras instituições públicas e privadas, para ativi-
dades que escapam à competência estadual;
• estabelecimento de normas pormenorizadas para licenciamento da ativi-
dade florestal e a promoção de iniciativas no sentido de que os órgãos de
financiamento exijam comprovante de tal autorização;
• implementação de medidas no sentido de exigir dos empreendimentos flo-
restais, como parte do processo de licenciamento, todas as providências
relativas à adoção de critérios técnicos, tais como os planos de manejo;
• adoção de normas complementares à legislação federal, para atender às
peculiaridades locais, tais como proibição de corte de determinadas espéci-
es vegetais e a criação de registro de pessoas que exploram produtos e
subprodutos florestais;
• implementação de sistema de exigência de medidas compensatórias por
danos causados, inclusive impactos irreversíveis sobre o patrimônio flores-
tal por quaisquer empreendimentos de desenvolvimento urbano e rural,
tais como assentamentos agrícolas e pecuários, estradas vicinais e asseme-
lhados;
• no caso de projetos de utilização florestal, estabelecimento de mecanismos
de cooperação com o Governo Federal para a fiscalização da reposição dos
estoques;
• favorecer a implantação de projetos que busquem não apenas a exploração
e o processamento primário dos recursos florestais, tais como madeira ser-
rada, laminados e compensados, mas níveis mais complexos de industriali-
zação e aproveitamento, ou aqueles que desejem investir em pesquisa flo-
restal. Prioridade deve ser conferida, também, aos empreendimentos que
atendam plenamente aos aspectos sociais de segurança e proteção do tra-
balhador e da qualidade do ambiente de trabalho;
• estímulo às pesquisas e aos estudos visando à “domesticação” de espécies
florestais tropicais de maior aceitação pelo mercado.

Há poucos dados confiáveis sobre o desmatamento no estado. Os índices variam de 2%


a 5%, o que só será conferido após o zoneamento ecológico-econômico a ser concluído.

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PROGRAMA NACIONAL DE FLORESTAS

3.2. ESTADO D
ESTADO DAA BAHIA
N Órgão Responsável pela gestão florestal: DDF – Departamento de Desen-
volvimento Florestal, da Secretaria de Estado da Agricultura, Irrigação e Reforma
Agrária.

N Personalidade Jurídica: órgão do primeiro escalão da administração direta


do estado, sem qualquer autonomia administrativa e financeira, integrante da
estrutura da Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária.

N Modelo de Gestão: descentralizado, fortemente baseado na participação de


ONG’s comunitárias, prefeituras e credenciamento de engenheiros florestais e
agrônomos para vistorias técnicas. Observa-se, entretanto, grande fragilidade
nessas relações.
- A Bahia possui 54% do seu território cobertos com vegetação nativa, constituída
em grande parte por remanescentes da Mata Atlântica, preservada em UC’s fe-
derais (Parque Nacional do Monte Pascoal e outros) e estaduais, como o da Ser-
ra do Conduru, uma das três regiões de maior biodiversidade do mundo. A Bahia
possui Lei Florestal Estadual e um contingente de Polícia Ambiental de aproxima-
damente 150 homens.

N Áreas de maiores problemas florestais:


- Sul do estado, face à intensa extração de lenha para carvão vegetal adquirido
pelas indústrias siderúrgicas de Minas Gerais;
- Polígono da Seca – onde a recomposição de matas ciliares e protetoras de ma-
nanciais é urgente, mas não está sendo feita.

N Problemas Político-Institucionais:
- conflitos de competência com a SUPES/IBAMA, mais voltada para a fiscalização,
enquanto para o estado, além da fiscalização, são prioritárias as ações de fo-
mento e recomposição florestal e de implantação de Unidades de Conservação;
- a Lei Estadual define responsabilidades (atribuições e funções) do DDF mas o
órgão não está aparelhado para assumi-las, nem dispõe dos recursos humanos e
financeiros suficientes;
- a SUPES/IBAMA não tem a indispensável capacidade operacional para realizar
com eficiência os serviços de:
w controle e fiscalização da exploração florestal;
w educação ambiental;
w reposição florestal obrigatória;
w fiscalização e monitoramento de planos de manejo florestal.

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Fortalecimento Institucional do Setor Florestal
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

N Área de competência do DDF:


- Gestão florestal e Administração de UC’s
- É membro do Conselho Estadual de Meio Ambiente e executor do Pacto
Federativo com o MMA.
- O DDF insere-se na administração direta, como órgão subordinado a uma
Secretaria e sofre as conseqüências deste “status”:
w Atuação lenta e emperrada;
w Falta de autonomia administrativo-financeira;
w Falta de condições de trabalho em função de:
! Escassez de recursos humanos qualificados;
! Baixos salários: média de R$380,00 para técnicos de nível superior.

N Orçamento
- O DDF dispõe, atualmente, de um orçamento de R$673.000,00, ou seja, 6,9%
do orçamento da Secretaria da Agricultura , Irrigação e Reforma Agrária e 0,5%
do orçamento total do estado.
- Faltam à Bahia Escolas Superiores de Engenharia Florestal, o que dificulta a
formação local de recursos humanos qualificados para o setor.
- Os salários baixos dificultam o recrutamento fora do estado: no máximo
R$400,00/mês.
- No âmbito do corpo técnico do DDF as prioridades são:
w Estruturação do órgão, em termos de recursos humanos, equipamentos e
informatização completa;
w Harmonizar as relações com a SUPES/IBAMA;
w Interiorizar ações de fomento.

N Papel do Setor Florestal na Economia do Estado:


- O valor das exportações de produtos de origem florestal foi da ordem de US$254
milhões em 1997, de acordo com a PROMOEXPORT. O setor florestal baiano
ainda tem participação pequena na pauta de exportações; os produtos mais
exportados são: papel de imprimir e escrever e madeira em tora.
- Não há dados disponíveis sobre o total de empregos gerados pelo setor.

N Problemas mais Graves


- Escassez de recursos humanos e financeiros para implantação e administração
de UC’s;
- Falta de “tradição florestal” na Bahia;

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21
AGENDA POSITIVA PARA O SETOR FLORESTAL DO BRASIL
PROGRAMA NACIONAL DE FLORESTAS

- Necessidade de reflorestamento ciliar e recomposição de áreas degradadas do


Polígono das Secas para preservar mananciais de água;
- Insuficiência de reposição florestal obrigatória;
- Falta de mão-de-obra especializada/qualificada para a indústria madeireira;
- Prática indiscriminada de queimadas;
- Exploração florestal desordenada por deficiência de fiscalização e intensa
atividade de carvoejamento;
- Falta de entrosamento com o CRA – Centro de Recuperação Ambiental, órgão
responsável pela gestão ambiental, na Bahia, voltado ao controle da poluição.

N Gestão Florestal na Bahia – Sugestões e Recomendações


O modelo de Gestão Florestal em implantação no Estado da Bahia é, em sua
concepção básica e funcionamento experimental, uma proposta tipicamente de
vanguarda que, certamente, num futuro não muito distante, pode vir a dar os re-
sultados desejados pelo menos na área de fiscalização: o máximo de eficiência
com um mínimo de recursos humanos.
O problema é que o DDF, além de não dispor da estrutura física indispensável
ao desenvolvimento de sua proposta, situa-se num estado sem tradição nem cul-
tura florestal, onde só recentemente o Governo do Estado se ocupou do assunto,
e sequer dispõe de recursos financeiros e liberdade de ação suficientes para testar
sua proposta de gestão, toda baseada na automatização de processos.
Observa-se que, nos locais em que tais condições sócio-ambientais ocorrem, a
ação direta da assistência técnica aos agricultores é indispensável para a forma-
ção de consciência conservacionista, capaz de viabilizar a produção em bases
sustentáveis.
O modelo baiano – descrito em detalhes no final deste tópico – não tem meca-
nismos de estímulo à conservação e produção, estando praticamente voltado ao
controle e fiscalização florestais. Entretanto, chama a atenção por sua audácia.

N Sugestões/Recomendações
- A proposta de fortalecimento institucional da gestão florestal, na Bahia, passa
por duas vertentes:
w Legal – é impossível para um departamento de uma unidade da administra-
ção direta – por definição, morosa e burocrática no Brasil – dar conta das
atribuições e funções que lhe competem, de acordo com a Lei Florestal Esta-
dual. Logo, impõe-se o reestudo da questão, para transformar o DDF numa
autarquia, fundação ou empresa estadual, capaz de oferecer pronta respos-
ta às demandas setoriais;
w Administrativa – reestruturação do DDF; formação de quadros técnico e
gerencial; elaboração de Plano de Cargos e Salários:

22
Fortalecimento Institucional do Setor Florestal
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

O Conselho Estadual de Meio Ambiente – com a formação atual, em que o Go-


verno é minoritário – representa risco constante de ser manipulado por interesses
escusos, impedindo ou dificultando decisões e ações estruturantes por parte do
estado para melhorar o setor. O Conselho deveria, no mínimo, ter representação
paritária: 50% da sociedade civil organizada; 50% governamental.
- Apoio Financeiro:
w Para prestar a assistência técnica indispensável aos proprietários rurais e em-
preendedores florestais do estado, o DDF deveria dispor, no mínimo, de vinte
Escritórios Florestais interiorizados (01 Escritório para 20 municípios), cuja
implantação ficaria em aproximadamente R$14.500,00 (quatorze mil e qui-
nhentos reais) cada, num investimento total de R$290.000.00 (compreen-
dendo veículo/microcomputador/copiadora/aluguel de instalações físicas). O
custeio mensal de um Escritório Florestal fica em R$2.000,00 (dois mil reais)
excluindo-se apenas salários e encargos. (Referência: custos operacionais do
IEF/MG/1998.)

N Modelo de Gestão Planejado pelo DDF – Bahia, ou Auto-Licenciamento:


- Descrição do processo de licenciamento para desmate ou exploração florestal:
1) O agricultor preenche um formulário de pedido de licença e o remete ao DDF;
2) O DDF aciona, na área mais próxima à propriedade, um profissional (enge-
nheiro agrônomo ou florestal) por ele licenciado para a realização de vistorias
técnicas e emissão do respectivo laudo;
3) O engenheiro vai à propriedade, faz o trabalho e remete a documentação
em disquete ao DDF que o recebe e “armazena” num programa;
4) Via imagens de satélite (através do SIG), a propriedade passa a ser
monitorada;
5) Caso se detecte irregularidade a Polícia Florestal é acionada e comparece à
propriedade para punir os infratores.

N Fomento Florestal
- O Governo estimula a formação de Associações Regionais de Reflorestadores e
o engajamento das Prefeituras Municipais no setor florestal, repassando-lhes
atribuições via convênio.
- As Associações vão captar junto ao IBAMA recursos gerados pelo recolhimento
da taxa de reposição florestal, ou junto a outras fontes, recursos para os plantios.
- Quando tratar-se de recomposição obrigatória ou plano de manejo, a docu-
mentação passada ao DDF via disquete e o controle será feito pelo mesmo
sistema descrito no item referente ao licenciamento de desmate.

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AGENDA POSITIVA PARA O SETOR FLORESTAL DO BRASIL
PROGRAMA NACIONAL DE FLORESTAS

3.3. ESTADO DE GOIÁS


ESTADO
N Órgão responsável pela gestão florestal: FEMAGO – Fundação Estadual do
Meio Ambiente de Goiás, através de suas Diretorias de Recursos Florestais (fo-
mento e fiscalização) e de Unidades de Conservação (administração de UC’s).

N Personalidade Jurídica: Fundação Estadual, vinculada à Secretaria de Estado


do Meio Ambiente e Recursos Hídricos.

N Modelo de Gestão: mais voltado à recomposição florestal do estado (reservas


legais e áreas de preservação permanente das propriedades rurais) e ao estímu-
lo ao reflorestamento. O Sistema é centralizado em Goiânia e só agora a Funda-
ção começa a interiorizar os seus serviços, com a implantação de 4 unidades em
cidades - pólo do estado. Até o fim de 1998, a FEMAGO pretende inaugurar mais
13 unidades, compondo um total de 17.

- O Estado de Goiás, apesar da exploração descontrolada de sua cobertura vegetal,


ainda possui 36% de matas preservadas, especialmente reservas de aroeira ao
leste do estado, em área de influência da Bacia do São Francisco.
- Possui uma Lei Florestal Estadual e Polícia Florestal com efetivo de 350 policiais.

N Áreas de maiores problemas florestais:


- Fronteira com Minas Gerais, em virtude da alta demanda de carvão vegetal pela
siderurgia mineira, intensificada após a edição da Lei Florestal Estadual de Mi-
nas Gerais e a melhoria dos serviços de controle e fiscalização deste estado.
- Propriedades rurais, em geral, que, engajadas nas sucessivas políticas federais
de produção de grãos para exportação, destruíram suas reservas legais e áreas
de preservação permanente.
- Extração ilegal de aroeira em áreas protegidas do estado.
- Carência dramática de florestas de produção, afetando o desenvolvimento eco-
nômico do estado.

N Problemas Político-Institucionais:
- A Lei Florestal Estadual de Goiás atribuiu à Secretaria de Meio Ambiente e Re-
cursos Hídricos a responsabilidade de gestão florestal ao nível estadual e o
direito de delegar esta responsabilidade. A delegação de atribuições e fun-
ções foi feita à FEMAGO através de uma simples Portaria que pode, a qualquer
tempo, ser revogada. Esta situação instável gera intranqüilidade no âmbito da
organização.
- Há sérios conflitos com a SUPES/IBAMA, também com ação centralizada em
Goiânia. A SUPES é mal-vista pelos proprietários rurais que se sentem “enga-
nados” na medida em que recolheram a taxa de reposição florestal obrigatória,

24
Fortalecimento Institucional do Setor Florestal
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

nada foi plantado e, agora, o Ministério Público vem pressionando-os a plantar


com recursos próprios, assim como a recuperar suas reservas legais e áreas de
preservação permanente às suas próprias custas.
- Há forte pressão do Ministério Público quanto ao cumprimento da legislação
florestal estadual e federal

N Área de Competência da FEMAGO:


- Gestão Ambiental e Florestal do Estado de Goiás, compreendendo:
licenciamento, controle, fiscalização e monitoramento de atividades potenci-
almente poluidoras; fomento e fiscalização florestal; administração de UC’s;
controle e fiscalização da pesca.
- O Estado dispõe de um Conselho Estadual de Meio Ambiente presidido pelo
Governador do estado, que tem a FEMAGO como sua secretaria-executiva, e
uma Curadoria de Meio Ambiente.
- A FEMAGO não tem experiência nem corpo técnico suficientes para atuar na
área florestal. O DECORF – Departamento de Conservação dos Recursos Flores-
tais funciona com dois engenheiros florestais, um agrônomo e uma engenheira
química que se desdobram para atender, minimamente, as exigências setoriais.
- A FEMAGO não conseguiu “fundir” os dois segmentos que administra: o ambiental
e o florestal. Com maior experiência no segmento de controle da poluição e boa
massa crítica nesta área a FEMAGO enfrenta séria resistência do corpo técnico
mais antigo em aceitar as responsabilidades florestais e o esforço de
descentralização e interiorização do órgão, através de Escritórios Ambientais.
Eles temem a perda de prestígio e confiança da população. As unidades descen-
tralizadas (as três primeiras funcionam em Anápolis, Mararosa e Cristalina) aten-
dem às funções delegadas à FEMAGO pela legislação florestal e de pesca;
intermediam pedidos de licenciamento ambiental; desenvolvem ações de
monitoramento, fiscalização, assistência técnica aos produtores rurais, educa-
ção ambiental e fomento ao reflorestamento com finalidade econômica.
- A FEMAGO recebe recursos do Fundo Estadual de Meio Ambiente: 100% do que
recolhe com atividades de controle ambiental e 30% do recolhimento do setor
florestal. Os recursos têm sido insuficientes para estruturar o setor de gestão
florestal, dotando-o dos recursos humanos necessários e de equipamentos.
- As vistorias e laudos técnicos para concessão de licença de desmate ou explora-
ção florestal são elaborados por engenheiros agrônomos e florestais credenciados
pela Fundação. Eles cobram os seus serviços dos empreendedores, tendo como
referência uma tabela elaborada pelo CREA/GO.
- A FEMAGO não tem muita autonomia de ação na área florestal, muito atrelada
à Secretaria de Meio Ambiente.

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25
AGENDA POSITIVA PARA O SETOR FLORESTAL DO BRASIL
PROGRAMA NACIONAL DE FLORESTAS

N Orçamento:
- O orçamento da FEMAGO para 1998 foi de R$ 28.890.700,00 (vinte e oito
milhões, oitocentos e noventa mil e setecentos reais), cerca de 1% do orça-
mento do estado, mas, na verdade, apenas 9% do programado poderão ser
executados (R$3 milhões).
- O salário médio de um técnico de nível superior é de R$600,00 (seiscentos reais)
e de R$1.200,00 (um mil e duzentos reais) para os da área florestal. Motivo: eles
vêm de organismos, com salários mais altos, da administração estadual.
- Segundo os técnicos, as prioridades da instituição devem ser: criar, em Goiás,
consciência sobre a importância da política de conservação florestal e estruturar
o segmento responsável pela gestão florestal no estado.
- Conseguir executar as ações acordadas no Pacto Federativo.

N Principais Atividades Econômicas do Estado – Posição do Setor Florestal.


- A criação de gado bovino, a produção de grãos e a mineração são as principais
atividades econômicas de Goiás.
- A exploração de lenha e carvão no cerrado tem grande importância social: às
vezes constitui a única fonte de renda das famílias mais carentes. A lenha e o
carvão são responsáveis pelo atendimento de 20% da demanda energética
do estado.
- O setor florestal não tem muita expressão em Goiás que, apesar disto possui
158 indústrias madeireiras; 774 indústrias de móveis; 39 de papel celulose e
33 de borracha. As indústrias de madeira e móveis operam, muitas vezes, com
madeira da Amazônia.

N Problemas mais Graves


- Falta de recursos humanos para a área florestal em nível de graduação e
pós-graduação;
- Falta de recursos financeiros para executar planos de fomento e recomposição
florestal;
- Mentalidade predominante de “desvalorização do cerrado” como cobertura
vegetal significativa;
- Fragilidade do sistema de fomento, controle e fiscalização florestal;
- Inexistência de reposição florestal obrigatória;
- Devastação total das áreas de reserva legal e preservação permanente das
propriedades rurais;
- Exigência, por parte dos proprietários rurais de compensações para as perdas
de áreas de produção, em suas fazendas, para atender aos dispositivos legais
relativos à preservação da cobertura vegetal nativa.

26
Fortalecimento Institucional do Setor Florestal
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

- Fragilidade da situação legal da FEMAGO no que se refere à gestão florestal: é


apenas uma função que lhe foi delegada.

N Agências Internacionais de apoio às atividades florestais


- BIRD – através do PED/MMA.

N Fortalecimento Institucional da Gestão Florestal em Goiás – Sugestões/


Recomendações.
- Imediata revisão da Lei Florestal Estadual no sentido de definir a FEMAGO
como órgão responsável pela execução de seus dispositivos;
- Apoio técnico e financeiro à descentralização da FEMAGO.
- A implantação dos 17 Escritórios Ambientais planejados implicaria em um
investimento da ordem de R$255.000,00 e o custeio mensal em torno
de R$1.500,00 a R$2.000,00, fora salários e encargos.
- Apoio financeiro às Prefeituras Municipais cada vez mais interessadas em
participar das ações de gestão florestal do estado.

3.4. ESTADO DE MINAS GERAIS


ESTADO
N Órgão responsável pela gestão florestal: IEF - Instituto Estadual de Flo-
restal, vinculado a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável – SEMAD.

N Modelo de gestão: altamente descentralizado, com 150 Escritórios Locais e


14 Escritórios Regionais no interior do estado.

N Personalidade Jurídica:
- Autarquia do Governo Estadual, com autonomia administrativa e financeira,
membro do Sistema Estadual de Meio Ambiente, liderado pela SEMAD, que
abrange ainda o IGAM – Instituto Mineiro de Gestão das Águas e a FEAM –
Fundação Estadual do Meio Ambiente;
- Minas Gerais possui ainda 32,40% de sua cobertura vegetal nativa, constituída
principalmente de cerrado, matas de galeria e “ilhas” de remanescentes da
Mata Atlântica e florestas secas caducifólias (norte do estado).

N Áreas de maiores problemas florestais:


- Norte e Noroeste de Minas, em função da expansão da fronteira agropecuária;
- Vales dos rios Doce e Mucuri, em razão do desmatamento para formação de
pastagens, da pecuária extensiva e produção de carvão;
- Vales do rios São Francisco, Pardo e Jequitinhonha, no semi-árido mineiro, pela

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PROGRAMA NACIONAL DE FLORESTAS

intensa e indiscriminada devastação ocorrida no passado, para produção de


carvão para a siderurgia e desenvolvimento de atividades de mineração;
- Salinização de águas subterrâneas no norte de Minas, na região do semi-árido,
devido à remoção da cobertura vegetal do solo.

N Problemas político-institucionais: praticamente superados.


- No momento o IEF e a SEMAD se empenham na atualização da Lei Florestal
Estadual corrigindo distorções detectadas, em integração com lideranças da
sociedade civil, deputados estaduais e técnicos do setor;
- Há estudos, também, para formalizar a mudança do nome da Polícia Florestal,
que hoje possui um efetivo de 1300 homens, para Polícia Ambiental.

N Área de competência do IEF: gestão florestal do estado envolvendo ativida-


des de: extensão florestal, fomento, reflorestamento, recomposição de áreas de-
gradadas, produção de mudas, coleta de sementes; controle e fiscalização da
exploração florestal; monitoramento da cobertura florestal; educação ambiental;
criação, implantação e administração de UC’s; proteção de flora e fauna e dos
recursos pesqueiros.
- Contribui na execução do Pacto Federativo, firmado pela SEMAD com o MMA/
DF, e é membro do COPAM – Conselho de Política Ambiental, responsável pela
liderança das Câmaras Técnicas de Proteção à Biodiversidade e Agrossilvopastoril;
- Como autarquia tem agilidade, liberdade e flexibilidade de trabalho necessárias
para conduzir sua missão institucional.

N Orçamento: o orçamento do IEF/MG, em 1998, foi de R$ 30.000.000,00 (trinta


milhões de reais) equivalente a 0,5% do orçamento total do estado.
- O salário médio de um técnico de nível superior do IEF é de R$1.200,00 e de
R$ 650,00 aproximadamente, para os técnicos de nível médio.

N Papel do setor florestal na economia do estado:


- Minas Gerais é o maior consumidor nacional de carvão vegetal, em razão de
abrigar o maior Parque Siderúrgico do Mundo a usar este produto como princi-
pal redutor;
- Além disso, a biomassa participa com 40% do Balanço Energético do estado. A
lenha ainda é a principal fonte de energia na cocção de alimentos e o
carvoejamento, a principal fonte de renda de muitas famílias em regiões mais
pobres do estado, como o Vale do Jequitinhonha;
- Minas é também um centro produtor de papel e celulose de expressão nacional.

28
Fortalecimento Institucional do Setor Florestal
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

N Problemas mais graves:


- Recomposição de matas ciliares;
- Falhas no sistema de fiscalização;
- Falta de planos de manejos em algumas UC’s e de sistema de proteção contra fogo;
- Forte pressão antrópica sobre a biomassa nativa remanescente;
- Recomposição de áreas de preservação permanente e reserva legal destruídas
em propriedades agrícolas;
- Expansão da fronteira agrícola em áreas de cerrado;
- Recomposição de grandes áreas degradadas pela mineração.

N Gestão florestal em Minas Gerais


- O modelo mineiro de gestão florestal – ao lado do modelo do Paraná – é um
dos mais eficientes do País, com a vantagem de vir-se modernizando e atuali-
zando desde a criação do IEF, em 1962, ou seja, ao longo de 36 anos de traba-
lho.
- Especialmente no período entre 1991 e 1997, o IEF sofreu uma profunda
reestruturação administrativa e operacional que possibilitou a retomada de
índices mais satisfatórios de desempenho físico e financeiro.
- Consolidou-se uma nova concepção da autarquia, para torná-la mais ágil no
atendimento à demanda por seus serviços, numa perspectiva de gestão inte-
grada dos recursos naturais renováveis.
- Os principais instrumentos dessa reestruturação foram:
w A Lei Florestal nº 10.561/91 e seu Decreto regulamentador de nº 33.944/92,
que diversificaram e formalizaram as novas atribuições do IEF;
w A Lei nº 10.850/92 e o Decreto nº 34.271/92, que propiciaram a reorganiza-
ção estrutural do Instituto, conferindo-lhe meios organizacionais adequa-
dos para desenvolver suas atividades. Dentre esses meios destacam-se:
•• A descentralização administrativa através de 14 Escritórios Regionais, tornan-
do-os autônomos e ágeis para a pronta atuação no nível regional. No nível
municipal, o fortalecimento de uma rede operacional, através de unidades
de atendimento melhor interligadas e posicionadas estrategicamente em re-
lação aos núcleos polarizadores do estado. Hoje, o IEF possui 150 escritórios
locais, 35 núcleos de conservação de florestas e proteção da biodiversidade,
58 Unidades de Conservação Estaduais e 120 viveiros florestais;
• A implantação de um parque computacional de razoáveis proporções, per-
mitiu a informatização de procedimentos e serviços, privilegiando, até o
momento, o controle da exploração florestal, o monitoramento da cober-
tura vegetal, o cadastro e registro de produtos e consumidores florestais, o
SIAFI e as atividades administrativas;
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29
AGENDA POSITIVA PARA O SETOR FLORESTAL DO BRASIL
PROGRAMA NACIONAL DE FLORESTAS

• A realização de um amplo programa de capacitação resultou no treinamen-


to de cerca de 400 servidores em várias atividades finalísticas como produ-
ção de mudas, geoprocessamento, monitoramento, informática aplicada,
administração de parques e reservas e outros;
• A atualização e adequação da Taxa Florestal, através das Leis nº 10.562/91 e
11.508/94, permitiram a recuperação financeira do IEF. A revisão do tributo
proporcionou recursos financeiros indispensáveis à melhoria da capacidade
de fiscalização e controle da exploração florestal, resultando em uma ex-
pressiva melhoria da arrecadação que, de R$1,56 milhão registrados em
1991, passou para R$12,01 milhões em 1997;
• O fortalecimento da capacidade operacional em nível descentralizado fa-
voreceu também a arrecadação de recursos próprios, provenientes de ca-
dastros e registros de produtores e consumidores florestais, de multas re-
ferentes a autos de infração, da reposição florestal, das receitas de parques
e outras. As receitas próprias registraram um avanço considerável, passan-
do de R$200 mil arrecadados em 1991, para R$4,7 milhões em 1997;
• O fortalecimento institucional possibilitou também ao IEF assumir a
implementação de programas e projetos especiais com recursos federais, in-
ternacionais e de empresas privadas, destacando-se entre eles os seguintes:
✱ O PROFLORESTAS, implementado com recursos do estado e do BIRD,
que propiciou as condições financeiras e operacionais com um grande
incremento das atividades finalísticas do Instituto. Através deste pro-
grama, foram aplicados, no período, recursos da ordem de R$14,12
milhões em atividades de monitoramento, controle e fiscalização, pro-
teção e administração de Parques e Reservas, fomento florestal e forta-
lecimento institucional;
✱ Convênios, no montante de R$ 3,4 milhões, foram firmados com o Mi-
nistério do Meio ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal,
através da Secretaria de Recursos Hídricos, para a promoção de ativida-
des econômicas ambientalmente sustentáveis, propiciando também o for-
talecimento da estrutura de viveiros e produção de mudas nos Vales do
São Francisco, do Paraíba do Sul e na região do Semi-árido mineiro;
✱ O PED – Projetos de Execução Descentralizada, Componente do PNMA
– Programa Nacional do Meio Ambiente, responsável pela aplicação de
R$ 6,0 milhões em 12 projetos, envolvendo 24 municípios em traba-
lhos de proteção e conservação ambiental e em atividades produtivas
economicamente sustentáveis, visando à melhoria de renda das comu-
nidades rurais e urbanas contempladas;
✱ Recursos do Fundo de Compensação por utilização de Recursos
Hídricos, provenientes dos “royalties” pagos pelo Governo Federal como
compensação por áreas inundadas na implantação de hidroelétricas no
estado. Em 1997, foram aplicados R$3,1 milhões no custeio operacional

30
Fortalecimento Institucional do Setor Florestal
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

da Autarquia, na aquisição de veículos e de helicóptero, para apoio às


atividades de controle e fiscalização do desmatamento e de prevenção
e combate a incêndios florestais;
✱ Recursos provenientes de convênios e contratos com empresas priva-
das, objetivando a promoção de reflorestamento ao nível de pequena
propriedade rural, para atender à demanda de matéria prima florestal
destas empresas. Com esta finalidade, registrou-se o aporte de R$1,4
milhão, entre 1991 e 1997;
✱ Recursos oriundos do PNMA – Programa Nacional do Meio Ambiente
administrado pelo Ministério do Meio Ambiente, no montante de R$2,4
milhões, destinados à implantação da infra-estrutura de proteção, ad-
ministração e uso dos Parques Estaduais do Rola Moça e do Rio Preto;
• Aplicação de recursos provenientes de renúncia fiscal por parte do IEF de
parcela de Taxa Florestal devida por empresas consumidoras de carvão ve-
getal, permitindo que estas empresas aplicassem tais recursos no fomento
ao reflorestamento em pequenas propriedades, visando ao fornecimento
de matéria-prima para seu consumo energético. Registrou-se no período, o
investimento de R$1,7 milhão, nesta atividade.

N Recomendações:
- Em 1999, o IEF deverá continuar o esforço de fortalecimento institucional, ca-
pacitando-se mais ainda para sustentar os níveis de receita atingidos nos anos
recentes. Neste sentido, deve continuar atento aos programas e fontes a seguir
mencionadas:
w Fundo de Compensação por Utilização de Recursos Hídricos, com previsão
do aporte de R$8 milhões destinados ao custeio operacional, bem como à
aquisição de equipamentos, à regularização fundiária e à implantação de
obras de defesa e uso em Unidades de Conservação;
w Recursos provenientes do MMA, Secretaria de Recursos Hídricos, destina-
dos à continuidade dos trabalhos de fortalecimento da infra-estrutura de vi-
veiros para o fomento florestal em pequenas e médias propriedades rurais,
nos Vales do São Francisco, do Paraíba do Sul e do Alto Paranaíba;
w Recursos da ordem de R$2,5 milhões provenientes de programa para a pro-
teção da Mata Atlântica em território mineiro, em negociação com o Gover-
no da Alemanha, no valor global de R$16 milhões, sendo R$ 9,08 do Banco
KFW e R$6,92 de contrapartida estadual;
w Incremento nos recursos diretamente arrecadados, que deverão somar em
1998 R$6 milhões, representando um acréscimo de 25% sobre a arrecadação
registrada em 1997;
w Manutenção do nível de arrecadação média da Taxa Florestal em R$12 mi-
lhões, registrados nos últimos dois anos.

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31
AGENDA POSITIVA PARA O SETOR FLORESTAL DO BRASIL
PROGRAMA NACIONAL DE FLORESTAS

3.5. ESTADO DO P
ESTADO ARANÁ
PARANÁ
N Órgão responsável pela gestão florestal: IAP – Instituto Ambiental do Paraná,
vinculado à SEMA – Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos,
através da sua Diretoria de Desenvolvimento Florestal.

N Personalidade Jurídica: O IAP é uma autarquia estadual com autonomia fi-


nanceira e administrativa.

N Modelo de Gestão: descentralizado, moderno, voltado especialmente para o


reflorestamento com finalidade econômica e de recomposição de áreas degra-
dadas. O IAP tem outra Diretoria – a de Biodiversidade e Áreas Protegidas - res-
ponsável pela administração das UC’s, proteção da flora e fauna e monitoramento
de ecossistemas.
- O modelo de gestão florestal do Paraná está baseado, principalmente, no
envolvimento e participação das Prefeituras Municipais, engajadas nos pro-
gramas estaduais de reflorestamento, através de convênios.
- Os principais programas são: SERFLOR – Sistema de Reposição Florestal
Obrigatória; Florestas Municipais e PRODEFLOR – Programa Estadual de
Desenvolvimento Florestal.
- O acompanhamento e controle dos trabalhos é totalmente informatizado, feito
através de programas e sistemas especiais.
- O Paraná ainda preserva 8,97% de sua cobertura vegetal nativa, constituída de
remanescentes da Mata Atlântica – preservados em UC’s estaduais - e da Mata
de Araucária.
- O Paraná possui Lei Florestal Estadual, em processo de rediscussão e atualização;
Polícia Florestal, com efetivo de 400 homens e um corpo de 120 fiscais civis.
- A DIDEF, num esforço de descentralização, implantou 27 Escritórios no interior
do estado e já firmou convênio com 100 Prefeituras Municipais, estando auto-
rizada pelo Governo do Estado a firmar mais 208 até o final de 1998.

N Áreas de Maiores Problemas Florestais


- Expansão e migração da fronteira agrícola, especialmente no oeste do estado;
- Escassez de recursos humanos para a administração de UC’s;
- A pressão antrópica sobre os remanescentes da Mata de Araucária e a total
ausência de UC’s protegendo amostras deste ecossistema;
- O avanço da agricultura sobre áreas de preservação permanente e reservas
legais no nível das propriedades rurais;
- Problemas de voçorocas por uso inadequado do solo.

32
Fortalecimento Institucional do Setor Florestal
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

N Problemas Político-Institucionais
- Conflito de atribuições e funções com a SUPES/IBAMA/PR;
- Negociação com a Assembléia Legislativa para aprovação da Lei que estabelece
o Sistema Estadual de Unidades de Conservação e para a reformulação da Lei
Florestal Estadual, hoje muito centrada no fomento;
- A ausência do IAP e da Polícia Florestal do Conselho Estadual de Meio Ambiente.

N Área de competência do IAP: Gestão Ambiental e Florestal do Estado do


Paraná compreendendo: licenciamento, controle, fiscalização, monitoramento
da poluição, administração de UC’s e desenvolvimento florestal sustentável.
- Área de Competência da DIDEF: Diretoria de Desenvolvimento Florestal
do IAP: implantação, acompanhamento e controle da Política Florestal do Es-
tado; reflorestamento; controle e fiscalização florestal; extensão e fomento flo-
restal; reposição e planejamento florestal.
- O Paraná tem um Conselho Estadual de Meio Ambiente – órgão consultivo
presidido pelo Secretário de Meio Ambiente e integrado por 7 ONG’s, 5 uni-
versidades, 4 Secretarias de Estado e um representante da Assembléia Legislativa
e outro da Procuradoria de Justiça do Estado;
- O IAP resultou da fusão do ITCF – Instituto de Terras, Cartografia e Florestas,
com a SURHEMA – Superintendência de Recursos Hídricos e Meio Ambiente.
Houve um choque inicial entre as duas culturas diferenciadas. Com a criação
da SEMA- Secretaria de Estado do Meio Ambiente, em 1995, e o estabeleci-
mento de firme liderança setorial, apoio governamental e da sociedade às ações
florestais, os ajustes internos vão sendo feitos e as desconfianças e resistênci-
as mútuas iniciais, superadas;
- A DIDEF, internamente forte e respeitada, automatizou todos os seus procedi-
mentos e é ágil e organizada. Sua diretoria e técnicos acreditam, com base nos
resultados obtidos até agora muito positivos, estar no caminho certo, mas re-
conhecem que sua experiência ainda é pequena e recente para se chegar, com
segurança, a afirmações conclusivas. São menos de dois anos de campo e os
processos ainda estão sendo testados.

N Orçamento:
- O orçamento do IAP para 1998 foi de R$ 17.960,950,00 (dezessete milhões,
novecentos e sessenta mil, novecentos e cinquenta reais) ou seja, 0,45% do
orçamento global do estado.
- O salário médio de um técnico de nível superior, no IAP é de R$ 871,91 (oito-
centos e setenta e um reais e noventa e um centavos) e de R$ 414,46 (quatro-
centos e catorze reais e quarenta e seis centavos) para técnicos de nível médio.

PROJETO UTF/BRA/047 AGENDA POSITIVA PARA O SETOR FLORESTAL DO BRASIL

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33
AGENDA POSITIVA PARA O SETOR FLORESTAL DO BRASIL
PROGRAMA NACIONAL DE FLORESTAS

N Segundo o corpo técnico do IAP/DIDEF IAP/DIDEF,, a prioridade básica do estado é


cobrir o déficit florestal que foi-se acumulando ao longo do tempo. Neste sentido,
as principais atividades são: coleta e beneficiamento de sementes, produção de
mudas, reflorestamento e controle da exploração florestal.

N Principais Atividades Econômicas do Estado – posição do Setor Florestal:


- O Paraná é o maior produtor de grãos do País e no período de 1991-1994 seu
PIB apresentou um crescimento acima da média nacional: 2,92% (contra 0,90%
de crescimento do PIB do País).
- Em 1993, os produtos primários representaram 47,9% das exportações e os
produtos industrializados 51,5%.
- As indústrias de celulose e papel foram as grandes beneficiadas com Incentivos
Fiscais ao Reflorestamento, implantando florestas que, praticamente, lhes ga-
rantem produção sustentada.
- A indústria paranaense de base florestal (madeira, móveis, papel e celulose)
possui 4.555 estabelecimentos e gera mais de 74 mil empregos.
- A falta de matéria-prima, a partir de 1985, levou várias indústrias a trabalhar
com 50% de capacidade ociosa, mesmo com a importação de madeira de ou-
tros estados e do Paraguai.
- Neste mesmo ano, a participação do estado na produção de papel e celulose
foi de 890.458 toneladas, ou seja, 22,14% da produção nacional.

N Problemas mais graves:


- Déficit estadual de matéria prima florestal;
- Falta de recursos humanos e financeiros para incrementar os projetos de
reflorescimento;
- Devastação quase completa das Matas de Araucária;
- Ausência do IAP na composição do Conselho Estadual de Meio Ambiente;
- Falta de recursos humanos e equipamentos para incrementar a coleta e
beneficiamento de sementes;
- Falta de recursos humanos capacitados para a administração de UC’s e fiscali-
zação florestal;

N Agências Internacionais de apoio às atividades florestais do IAP:


- PNMA/BIRD – Programa Nacional do Meio Ambiente, Banco Mundial (proteção da
Mata Atlântica/Serra do Mar; Gerenciamento Costeiro e Unidades de Conservação);
- KFW – Agência alemã (proteção da Mata Atlântica).

34
Fortalecimento Institucional do Setor Florestal
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

N Fortalecimento Institucional da Gestão Florestal no Paraná - Suges-


tões e Recomendações
- Na área legal:
w Apoiar os esforços do estado no campo político, visando:
w A aprovação da lei que institui o Sistema Estadual de Unidades de Conservação;
w A revisão da Lei Florestal Estadual;
w A revisão da lei de criação do Conselho Estadual de Meio Ambiente para
incluir o IAP entre seus membros.
- No campo das relações interinstitucionais:
w Apoio ao desenvolvimento dos programas de reflorestamento do estado e
de implantação de UC’s na Mata Atlântica;
w Abertura de oportunidades de capacitação técnica na área de administração
de UC’s;
w Apoio financeiro:
• É vital para o Estado do Paraná reforçar seus trabalhos de campo, que vão
desde a coleta de sementes até a assistência técnica à manutenção de
plantios e exploração florestal. Tecnicamente, o estado conta com o apoio
de pesquisadores da EMBRAPA e das Universidades; financeiramente, os
recursos tendem a escassear.
• O custo médio mensal de manutenção de um Escritório Regional no Paraná
é de R$ 32.770,00(*) (trinta e dois mil, setecentos e setenta reais); como a
DIDEF dispõe de 20 (vinte) unidades neste nível, para garantir seu pleno
funcionamento necessitaria de uma ajuda financeira mensal da ordem de
R$ 655.400,00 (seiscentos e cinquenta e cinco mil e quatrocentos reais) ou
R$ 7.864.800,00 (sete milhões, oitocentos e sessenta e quatro mil e oito-
centos reais) por ano.
• Já os seis Escritórios Locais custam, mensalmente, ao estado R$ 58.986,00(*)
(cinquenta e oito mil, novecentos e oitenta e seis reais) e R$ 707.832,00
(setecentos e sete mil, oitocentos e trinta e dois reais) por ano.

N Conclusão:
- O Estado do Paraná parece ter montado a estrutura mais moderna de gestão
florestal do País, com forte participação direta das Prefeituras Municipais que
assumem a contratação de técnicos e a administração de viveiros de produção
de mudas. A experiência, porém, é recente e parece temerário afirmar ser esta
uma solução aplicável a todas as áreas do País.
- Há deficiências no setor de fiscalização e controle da exploração florestal face
ao insuficiente treinamento do pessoal nestas áreas. Por isto, o IAP acaba de

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35
AGENDA POSITIVA PARA O SETOR FLORESTAL DO BRASIL
PROGRAMA NACIONAL DE FLORESTAS

editar um Manual de Licenciamento Ambiental consolidando procedimentos:


contém 35 normas que se referem a 90% das demandas de instruções dos
técnicos, inclusive quanto à fiscalização florestal (fauna e flora).

3.6. EST ADO DE PERNAMBUCO


ESTADO
N Órgão responsável pela gestão florestal: CPRH – Cia. Pernambucana do
Meio Ambiente, vinculada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente.

N Personalidade Jurídica: companhia estadual de economia mista, dotada de


autonomia financeira e administrativa.

N Modelo de Gestão: altamente centralizado e mais voltado ao controle da po-


luição. Só agora assume a gestão dos recursos florestais do estado, após passar
por uma total reestruturação interna e um processo de planejamento participativo
de suas ações que resultaram na elaboração e aprovação da Lei Estadual nº
11.516/97. O modelo de gestão tem nítida preocupação em: proteger a caatinga
com a criação de UC’s e interiorizar o fomento e a recomposição florestal.
- Pernambuco ainda possui 47,4% de sua cobertura vegetal nativa graças ao elevado
estágio de conservação da vegetação típica da área do Sertão (63% preservados).
- No Balanço Energético do Estado, a biomassa florestal participa com 22,6% do consu-
mo final de energia, superados apenas pelo índice de participação da energia elétrica.
- Só para atender ao consumo industrial o estado, desmata, anualmente, 18.700
hectares (considerando-se um volume médio de 171,66st/ha).
- Atualmente, 19,6% das famílias pernambucanas utilizam, exclusivamente, car-
vão e lenha para a cocção de alimentos e 41,2% utilizam estes recursos
energéticos florestais associados a GLP.
- Pernambuco possui sua Lei Florestal Estadual (nº 11.206), o Conselho Estadual
de Meio Ambiente com poderes consultivo e deliberativo e a Cia. Independente
de Polícia Ambiental, com um efetivo de 180 homens.

N Áreas de maiores problemas florestais:


- No litoral, face à crescente pressão antrópica resultante da expansão dos cen-
tros urbanos e à ocupação de áreas pelo MST – Movimento dos Sem-Terra;
- O agreste, onde a remoção da cobertura florestal trouxe como consequência a
salinização dos aquíferos subterrâneos.

N Problemas Político-Institucionais:
- O modelo institucional de gestão florestal em Pernambuco pode ser modifica-
do: de acordo com o andamento das atividades a CPRH pode transformar-se
numa autarquia;

36
Fortalecimento Institucional do Setor Florestal
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

- Há conflitos de competência com a SUPES/IBAMA/PE;


- O Programa “Pernambuco Verde”, que se deriva das atividades do Projeto BRA/
87/007-PNUD/FAO/IBAMA, funciona informalmente sob a coordenação da Di-
retoria de Meio Ambiente da Secretaria, quando, por definição legal, devia es-
tar na Gerência de Desenvolvimento Florestal da CPRH, beneficiando-a com a
experiência da equipe técnica do antigo programa PNUD/FAO.

N Área de Competência da CPRH:


- Gestão ambiental e florestal do Estado de Pernambuco. Cabe à CPRH executar a
Política Estadual de Meio Ambiente, atuando no controle da poluição urbano-in-
dustrial e rural; na proteção do solo e dos recursos hídricos e florestais, mediante
licenciamento, autorização e alvará; fiscalização, monitoramento destes recursos;
- A CPRH tem poder de polícia administrativa para exercer a fiscalização e impor
penalidades previstas em Lei e Normas Ambientais;
- De acordo com o Estatuto Social da CPRH, o seu Capital Social Autorizado é de
R$ 2.453.402,66 (dois milhões, quatrocentos e cinquenta e três mil, quatrocen-
tos e dois reais e sessenta e seis centavos), dividido em 2.003.400 (dois milhões
e três mil e quatrocentos reais) ações ordinárias nominativas ou nominativas
endossáveis sem valor nominal, assim distribuídas: 1.602.720 ações preferen-
ciais; 400.680 ações preferenciais sem voto direto.
- Podem ser acionistas pessoas físicas e jurídicas de natureza privada e entida-
des públicas federais, estaduais e municipais, sendo assegurados obrigatoria-
mente, ao Estado de Pernambuco 2/3 (dois terços) das ações ordinárias
nominativas, facultada sua integralização em dinheiro, bens ou créditos de
quaisquer espécies.
- O Artigo 12 do Estatuto Social estabelece que “ o acionista é obrigado a realizar o
pagamento da prestação correspondente às ações subscritas ou adquiridas, de-
vendo exercer o direito de voto no interesse da CPRH, desde que não contrarie os
artigos 106 e 120 da Lei de Sociedades Anônimas – Lei nº 6404 de 15/12/1976”.
- Salários: O salário básico de um técnico de nível superior da CPRH é de
R$ 1.319,00 e de um técnico de nível médio de R$ 663,00.

N Orçamento: os recursos financeiros se originam principalmente no Tesouro do


Estado que, em 1997, fez à CPRH uma dotação orçamentaria de R$
13.159.500,00, dos quais R$ 224.297,00 foram executados; ou seja, 67% do pre-
visto. Estes recursos representam 0,5% do orçamento do estado.

N No âmbito do corpo técnico da CPRH as prioridades são:


- A estruturação da Companhia, no que se refere aos segmentos de gestão flo-
restal e proteção da biodiversidade;
- Fortalecer o Programa “Pernambuco Verde”;

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37
AGENDA POSITIVA PARA O SETOR FLORESTAL DO BRASIL
PROGRAMA NACIONAL DE FLORESTAS

- Expandir e consolidar as UC’s, principalmente para a proteção da caatinga na


área do sertão;
- Integrar a proteção dos mananciais de água à política florestal do estado.

N Principais Atividades Econômicas do Estado:


- As principais atividades econômicas de Pernambuco são: a fruticultura em áre-
as irrigadas; a indústria de gesso; a bovinocultura extensiva e o turismo, que
cada vez mais se expande, bem como o parque industrial no Cabo de Santo
Agostinho e no SUAPE, na Região Metropolitana de Recife.
- Papel do Setor Florestal na Economia:
w As reservas florestais de Pernambuco suprem as necessidades energéticas
de 24,78% das indústrias de cerâmica; 18,15% das panificadoras e 13,40%,
das calcinadoras de gesso do estado; bem como de 18,8% da indústria e
comércio da Região Metropolitana de Recife e 17,7% da região de Araripina.
w Além disso a lenha e o carvão suprem as necessidades de cocção de alimen-
tos de 19,6% das famílias pernambucanas e a venda destes produtos, em
algumas regiões mais áridas, constitui, muitas vezes, a única fonte de renda
familiar.
w O comércio florestal no estado – produtos madeireiros e não madeireiros –
movimentava , em 1991, cerca de U$ 33 milhões, sendo o carvão o produto
de maior participação neste total.
- A silvicultura não faz parte da cultura dos produtores rurais: 56,9%deles com-
pram de terceiros a madeira e lenha de que necessitam; apenas 27,3% plantam
árvores ou dedicam-se à fruticultura irrigada.

N Problemas mais graves:


- Invasão das UC’s que pertencem a particulares e não têm regularizada sua
posse pelo estado;
- Assentamentos do INCRA em áreas protegidas;
- A dissociação entre as medidas contra a seca e a questão florestal;
- Escassez de recursos humanos capacitados para o trabalho na área florestal
(engenheiros florestais).

N Gestão Florestal em Pernambuco – Sugestões e Recomendações


- Consolidação do modelo institucional de gestão florestal da CPRH, através
da complementação de sua estrutura funcional, treinamento e capacitação
profissional do seu quadro técnico para as ações nesta área;
- Compatibilização do seu trabalho com o da SUPES/IBAMA;
- Integrar os programas técnicos de proteção de recursos hídricos aos projetos
de reflorestamento e recomposição florestal com finalidade ecológica;

38
Fortalecimento Institucional do Setor Florestal
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

- Criar mecanismos de estímulo ao engajamento dos pequenos, médios e grandes


produtores rurais – especialmente do Sertão e do Agreste – em programas de ma-
nejo sustentado de remanescentes da vegetação nativa ou de reflorestamento, com
finalidades múltiplas.
- Para conduzir suas atribuições e funções no segmento florestal, a CPRH precisa
interiorizar suas ações implantando, no mínimo, 12 Escritórios Ambientais em
pontos estratégicos do seu território.
- Esse trabalho representaria um investimento da ordem de R$ 228.000,00
(duzentos e vinte e oito mil reais- envolvendo veículo, microcomputador com
impressora e móveis). As despesas mensais de manutenção desses escritóri-
os – fora salários e encargos - custariam ao estado R$ 24.000,00 (vinte e
quatro mil reais) ou R$ 288.000,00 (duzentos e oitenta e oito mil
reais) por ano.
- Multiplicar o seu programa de educação ambiental e extensão florestal, de modo
a formar – especialmente entre os produtores rurais - consciência da importân-
cia do papel ecológico e econômico das florestas. Para tanto, torna-se indispen-
sável capacitar pessoal de nível superior em cursos de extensão e especialização
“lato sensu” em Educação Ambiental.

N Conclusão:
- Pernambuco inicia, com extrema cautela, seu trabalho de gestão florestal,
dentro de uma organização que difere em tudo das demais quanto à sua per-
sonalidade jurídica: é uma empresa de capital misto, o que, por definição, lhe
confere a obrigação de gerar lucros.
- A experiência é muito recente para ser avaliada quanto à sua eficiência, mas a
articulação do Programa “Pernambuco Verde” com os municípios tem dado certo.
- O grande problema da empresa é a carência de pessoal qualificado para o setor
florestal e de recursos financeiros para interiorizar suas ações.

3.7. ESTADO DE RONDÔNIA


ESTADO
N Órgão responsável pela gestão florestal: SEDAM – Secretaria de Estado de
Desenvolvimento Ambiental, através dos Departamentos de:
w Desenvolvimento Florestal e Faunístico
w Controle e Fiscalização
w Meio Físico

N Modelo de Gestão: precariamente descentralizado, com 26 unidades


interiorizadas mas sem grande capacidade operacional, já que não se dedicam
ao fomento e porque a fiscalização retornou à SUPES/IBAMA/RO.

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39
AGENDA POSITIVA PARA O SETOR FLORESTAL DO BRASIL
PROGRAMA NACIONAL DE FLORESTAS

- Apesar do processo de ocupação desordenada do seu território, o Estado


de Rondônia ainda possui 77,29% de cobertura florestal original, na qual
predominam as Florestas Tropicais Úmidas Densa, Aberta e de Transição.
- O estado não possui Lei Florestal específica, mas tem uma Companhia de
Policiamento Florestal, da Polícia Militar, com um efetivo de 150 homens.

N Áreas de maiores problemas florestais :


- Assentamentos do INCRA;
- UC’s federais e estaduais sempre invadidas e depredadas em razão de falhas
no seu sistema de segurança e vigilância;
- Conflitos de interesse e rara presença e participação do IBAMA na gestão das
RESEX - Reservas Extrativistas;
- Expansão da fronteira agropecuária;
- Avanços das áreas de cultivo sobre as áreas de preservação permanente das
propriedades privadas;
- Falta de sistema de prevenção e combate a incêndios florestais.

N Problemas Político Institucionais:


- Colocar em operação – em bases sustentáveis – as Florestas Estaduais;
- Solucionar conflitos de gestão florestal com o INCRA e a SUPES/IBAMA local;
- Melhoria do entrosamento com o ITERON – Instituto de Terras de Rondônia;
- Implementação do Projeto Úmidas;
- Testar e avaliar o modelo de gestão compartilhada de UC’s;
- Implementar o Projeto “Corredor Ecológico”;
- Renovar Convênio com o IBAMA para poder melhorar o controle da exploração
florestal no estado;
- Complementar o processo de regularização fundiária das UC’s com a transfe-
rência final de terras federais para o Governo do Estado.

N Área de competência da SEDAM:


- Gestão Florestal;
- Gestão Ambiental;
- Administração de UC’s.
- Os Departamentos responsáveis pela gestão florestal – no âmbito da SEDAM –
não têm autonomia alguma. Ao contrário, subordinam-se totalmente às deci-
sões da Secretaria, sempre morosa e sem recursos financeiros.
- São precárias as condições de trabalho: um técnico de nível superior ganha

40
Fortalecimento Institucional do Setor Florestal
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

R$130,00 (salário mínimo) podendo chegar a R$500,00 com gratificação e os


que ocupam cargos de chefia recebem o mesmo salário, uma gratificação de
R$280,00 e outros benefícios.
- O orçamento da SEDAM para 1998 erade R$ 8.079.000,00 (oito milhões,
setenta e nove mil reais) ou seja, 1% do orçamento do estado.
- No âmbito do corpo técnico da SEDAM as prioridades são:
w Resolver os problemas com o INCRA;
w Renovar o convênio com o IBAMA, especialmente no que se refere à de-
legação de poder quanto à fiscalização e ao licenciamento da exploração
florestal no estado.

N Papel do Setor Florestal na Economia do Estado:


- Rondônia possui 587 serrarias, 65 laminadoras de todos os portes. As empresas
têm, em média, 7 anos.
- Em 1996, o valor da produção extrativista de Rondônia foi estimado em R$ 2,2
milhões, dos quais R$1,6 milhão correspondiam à remuneração dos produtores.
- A contribuição desta atividade para o Produto Bruto Estadual é da ordem de 0,1%.
- Entre os não-madeireiros, o produto de melhor performance é o palmito (95%
da produção nacional) com o valor global de R$ 1.967.154,00, mas a castanha
é o produto com melhores perspectivas, graças a um mercado em expansão.

N Problemas mais graves do setor florestal:


- Falta de recursos humanos capacitados, desde engenheiros florestais até
operários para unidades – piloto de transformação de madeira;
- A lentidão das ações por estarem subordinadas a decisões em um órgão de
administração direta;
- A expansão da fronteira agrícola;
- A falta de poder para controlar, licenciar e fiscalizar a exploração florestal no
estado;
- A falta de proteção quanto a incêndios florestais e a intensa prática de queimadas.

N Gestão florestal em Rondônia


- O Estado de Rondônia esta tentando desenvolver dois programas inovadores,
apesar de enfrentar enormes problemas financeiros para levá-los adiante:
w A gestão compartilhada de UC’s necessita de apoio técnico-financeiro para
reforçar os processos de Educação Ambiental e de Mobilização Comunitá-
ria, que a SEDAM desencadeou e têm-se mostrado fundamentais para o
sucesso da iniciativa;

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41
AGENDA POSITIVA PARA O SETOR FLORESTAL DO BRASIL
PROGRAMA NACIONAL DE FLORESTAS

w O programa de florestas estaduais de rendimento sustentável, com o qual


o estado procura definir modelos de manejo florestal e educação ambiental
em nível comunitário, adaptáveis a diferentes situações encontradas em
propriedades particulares e RESEX.
- Nas Florestas Estaduais serão experimentadas diferentes formas de interven-
ção, em diversos graus de intensidade, para verificar que parâmetros técni-
cos são os mais indicados para a exploração sustentável do patrimônio flo-
restal estadual. Além disso, o estado procura uma forma legal de ajustar a
terceirização dos projetos nessa área, o que vai exigir a formulação de um
modelo legal específico, já que não há referências no País nesta questão.
- Uma consulta formal foi encaminhada pelas autoridades florestais estaduais
ao Ministério Público, visando a obter ajuda neste sentido.
- Rondônia também é o estado com maior preocupação à longo prazo com refe-
rência ao aproveitamento de suas florestas, tendo designado um Grupo de Tra-
balho para estudar e definir a posição do estado, nos diferentes “Cenários”
traçados pelo “Projeto Nacional Brasileiro” elaborado pela SAE – Secretaria de
Assuntos Estratégicos da Presidência da República. O GT realizou “exercícios
prospectivos relativos a estados futuros até o ano 2020” e produziu o Projeto
Úmidas
Úmidas. Neste contexto, tratou entre outros assuntos dos compromissos in-
ternacionais relativos à implantação do Corredor Ecológico Guaporé –
Itinez- Mamoré
Mamoré, previsto no Tratado de Cooperação Amazônica (firmado en-
tre o Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, em 1973);
no Convênio Brasil-Bolivia (8/90); e na Decisión de Lima, firmada, em 1998, por
todos os Ministros do Meio Ambiente da América Latina, e também das diferen-
tes opções de gestão florestal nos diferentes cenários
cenários:
w No positivo – de “Globalização e Competitividade” – prevê investi-
mentos modernizantes no eixo Vilhena/Ji-Paraná na área de gestão ambiental
e melhoria da agroindústria de base florestal;
w No satisfatório – ou “Distributivista” – apoio aos sistemas agro-flores-
tais: integração dos povos indígenas e tradicionais à produção mercantil e
ao turismo ecológico; aproveitamento da biodiversidade na produção de
fármacos, óleos e resinas e essências florais;
w No negativo – ou de Crise – centrar investimentos principalmente na
habitabilidade dos centros urbanos.

N Sugestões e Recomendações - O Estado de Rondônia precisa, no mínimo, de


acordo com avaliações de seus técnicos, de:
- Recursos da ordem de R$ 624.000,00 (seiscentos e vinte quatro mil reais)
por ano para dar condições operacionais aos 26 Escritórios que mantém no inte-
rior do estado (o custeio/mês de cada Escritório é de R$2.000,00, em média);
- Gestões na área legislativa para mudar a configuração atual do mo-
delo de gestão florestal do estado: os técnicos estão convencidos de

42
Fortalecimento Institucional do Setor Florestal
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

que, sem uma autarquia ou fundação


fundação, com “status” de Secretaria de Esta-
do, ou seja, forte e operativa, é impossível promover o desenvolvimento flo-
restal do estado em bases sustentáveis, já que a SEDAM carece da agilidade e
autonomia indispensáveis a este trabalho.
- Trata-se de questão delicada porque o estado já teve um Instituto Estadual de
Florestas que acabou absorvido e desmantelado na criação da Secretaria,
segundo acreditam, por “mexer com interesses políticos no estado”.
- Apoio federal para prorrogar os compromissos internacionais que
sustentam o PLANAFL ORO
ORO.. Todos reconhecem a extrema importância do
PLANAFLORO
órgão para o estado e o papel fundamental que desempenha na criação de
competências internas nas RESEX para a melhoria dos padrões de gestão des-
tas unidades. Recomendamos que – caso se consiga manter o PLANAFLORO –
ele estenda sua assistência técnica aos Estados do Acre e Amazonas, se for
impossível beneficiar todos os estados da Região Norte;
- Apoio político, técnico e financeiro para criar, implantar e operacionalizar um
órgão estadual, forte, de gestão florestal sustentável;
- Boa vontade do IBAMA para viabilizar a renovação do acordo que
delega ao estado competência para realizar o serviço de licenciamento
e controle da exploração florestal
florestal, sem o que a SEDAM fica ainda mais
fragilizada perante os proprietários rurais e a sociedade em geral.
- Argumentam que o IBAMA, centralizado em Porto Velho, não tem condições
de realizar o trabalho, o que só é em parte executado graças à participação do
estado, através da sua Cia. de Polícia Florestal.
- Propiciar ao Estado de Rondônia assistência técnica de Minas Ge-
rais ou do Paraná visando à reabilitação de seu Programa de ICMS Ecológi-
co, que, ao contrário do que ocorreu nestes estados, em Rondônia não pro-
vocou o esperado interesse e maior engajamento das Prefeituras Municipais
na gestão florestal e ambiental.

PROJETO UTF/BRA/047 AGENDA POSITIVA PARA O SETOR FLORESTAL DO BRASIL

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43
AGENDA POSITIVA PARA O SETOR FLORESTAL DO BRASIL
PROGRAMA NACIONAL DE FLORESTAS

4. CONCLUSÕES GERAIS
Os estudos empreendidos permitiram identificar os seguintes modelos básicos de
gestão pública do setor florestal, no Brasil:

4.1. MODEL
MODELOO 1
A competência de gestão florestal se divide entre o estado e a União. É o caso do
Amazonas, onde o IPAAM – Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas, autarquia
estadual, não cuida da questão da florestal: sua atuação se restringe ao setor de controle
da poluição, ou seja, controle ambiental em sentido amplo. No que se refere a florestas,
cuida apenas da administração das Unidades de Conservação Estaduais. O Instituto tem
“status” de secretaria e é vinculado à Casa Civil do Governo do Estado.
A gestão das florestas protegidas e de produção do Amazonas é competência exclusi-
va da Superintendência Estadual do IBAMA. A ela compete licenciar a exploração flores-
tal, os desmatamentos, aprovar os planos de manejo florestal e cuidar da reposição flo-
restal obrigatória, mas não possui nem quadro técnico, nem condições operacionais
para realizar devidamente suas atribuições e funções.
Análise: Repete-se, aqui o mesmo quadro de ineficiência observável em Rondônia,
apesar da diferente configuração institucional. Talvez por este motivo comece a ser dis-
cutida, no Amazonas, a criação na administração indireta do estado de um Instituto Esta-
dual de Gestão Florestal Sustentável. Num estado que ainda preserva 98% de sua cober-
tura florestal original – constituída pelo mais importante patrimônio florestal do Mundo,
a Floresta Tropical Úmida, as autoridades federais deveriam estimular esse tratamento
especial para o setor.

4.2. MODEL
MODELOO 2
A administração agregada ao complexo da Secretaria de Estado da Agricultura, inte-
grando-as como um Departamento Especial
Análise
Análise: trata-se do modelo mais ineficiente no cenário nacional, pela absoluta falta de
autonomia político-administrativa e fragilidade nas negociações internas por verbas orça-
mentárias em função de serem, em geral, mais recentes e sem o poder de barganha das
organizações dos organismos de gestão de águas, pecuária, agricultura e de armazena-
gem, por exemplo.É o que ocorre na Bahia, onde o Departamento de Desenvolvimento
Florestal concebeu um modelo moderno, baseado em uso intensivo de tecnologia e de um
quadro de pessoal mínimo mas altamente especializado/qualificado que se encontra
inviabilizado pela absoluta falta de recursos financeiros para implementá-lo.
Esse modelo vanguardista peca por estar desajustado à realidade sócio- política do
estado, principalmente em virtude de não contar com os recursos humanos de que ne-
cessita nem com a infra-estrutura de apoio técnico-administrativo, em sua retaguarda.
Outra fragilidade do sistema constitui-se no fato da Bahia não ser um estado de tradição
florestal, realidade evidenciada pelo alto índice de degradação de suas florestas nativas

44
Fortalecimento Institucional do Setor Florestal
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

fora da zona cacaueira (cuja cultura necessita de sombreamento) e no fato do DDF não
ter conseguido colocar em prática sua proposta de ação.
Outra questão preocupante é a renúncia expressa do organismo às atividades de Edu-
cação Ambiental, fundamentais na formação de uma consciência ambiental no meio
rural e para sensibilizar os produtores a se engajar no esforço de implantação no estado
do desenvolvimento em bases sustentáveis.
O modelo baiano é altamente voltado ao controle e fiscalização.

4.3. MODEL
MODELOO 3
A administração do setor florestal é uma competência delegada pela Secretaria de
Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos a uma fundação estadual, a FEMAGO –
Fundação Estadual de Meio Ambiente de Goiás, organismo com maior experiência e cul-
tura em meio ambiente (lato sensu) , que começa a estruturar uma diretoria técnica para
cuidar da gestão florestal, voltada para a produção e outra de biodiversidade, voltada
para as atividades de conservação do patrimônio florestal remanescente.
Trata-se de um modelo complicado por sua fragilidade político-institucional: a com-
petência para gerir o setor florestal, por Lei, pertence à Secretaria de Meio Ambiente; à
FEMAGO, a competência foi repassada apenas através de uma Portaria – cassável a
qualquer tempo, por mera decisão do secretário.
Análise: O modelo de gestão florestal, em Goiás, teria tudo para dar certo, já que a
FEMAGO, na sua condição de Fundação, tem as características fundamentais para admi-
nistrar com agilidade e independência o setor. O problema é a falta de segurança institucional
quanto ao futuro e as dificuldades financeiras graves que enfrenta para instalar e
operacionalizar as duas diretorias responsáveis pela gestão florestal em sua estrutura or-
gânica. Além disso, o corpo técnico mais antigo da instituição resiste profundamente à
ampliação de suas atividades incorporando o segmento de gestão florestal.
Talvez a melhor opção, em Goiás, seja voltar à idéia original de criação do Instituto
Estadual de Desenvolvimento Florestal Sustentável, que já nasceria como autarquia esta-
dual e com uma estrutura descentralizada de 17 escritórios no interior do estado, segun-
do as expectativas da FEMAGO, para este ano.

4.4. MODEL
MODELOO 4
A administração florestal é competência de uma autarquia estadual , com ampla autono-
mia administrativa e financeira, apenas vinculada a uma Secretaria de Estado de Meio Ambi-
ente que funciona como órgão normativo e responsável pelas questões de macro-política
florestal do estado. È o caso dos órgãos de gestão florestal do Paraná e Minas Gerais.
Análise: Trata-se do modelo mais eficiente identificado na estrutura nacional de ges-
tão florestal no Brasil. Embora com pequenas diferenças na estrutura institucional o IEF
- Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais e o IAP- Instituto Ambiental do Paraná,
por serem organismos da administração indireta e com maior liberdade de planificação
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AGENDA POSITIVA PARA O SETOR FLORESTAL DO BRASIL
PROGRAMA NACIONAL DE FLORESTAS

de suas ações, conseguiram atingir alto nível de descentralização executiva, além de


atuar decisivamente na qualificação técnica do seu pessoal de campo, enfatizando, tan-
to quanto possível, as atividades de extensão e educação florestal.
No Paraná, como já se observou no relatório específico, a gestão florestal integra-se
ao corpo institucional de uma organização ambiental mais ampla - o IAP- onde uma de
suas diretorias técnicas, a DIDEF – Diretoria de Desenvolvimento Florestal, cuida do
setor. Em Minas, o modelo é diferente: o IEF é um organismo autônomo, com Conselho
de Administração, diretoria geral e outras diretorias técnicas próprias, todas voltadas
exclusivamente para o desenvolvimento das atividades típicas de gestão florestal.
O Paraná conta com 20 Escritórios Regionais e seis locais além de convênios técnico-
operacionais com 228 Prefeituras Municipais para a implementação do seu programa
de desenvolvimento florestal. Em Minas, o IEF possui 140 escritórios locais e 14 regio-
nais e parte, atualmente, para o aumento de sua capilaridade ampliando sua, ainda
incipiente, integração ao nível municipal, através de convênios técnico-operacionais com
as prefeituras.
Os dois estados possuem o mais eficiente e produtivo sistema de gestão florestal do País;
o Paraná, porém, alerta para a pouca experiência que possui na área – apenas dois anos ao
nível de campo – enquanto Minas Gerais acaba de comemorar 36 anos de atividade setorial.

4.5. MODEL
MODELOO 5
A gestão florestal é competência de uma companhia estadual de capital misto, por
definição, com responsabilidade de gerar lucros para os seus acionistas. As ações da
empresa – a CPRH – Companhia Pernambucana do Meio Ambiente, vinculada à Secreta-
ria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, estão assim divididas: 2/3 nas mãos
do estado e 1/3 na de seus diferentes acionistas que tanto podem ser pessoas físicas,
quanto jurídicas.
Como empresa, a CPRH tem grande autonomia de ação e acaba de reestruturar-se com-
pletamente para começar a gestão florestal, competência que lhe foi definida por recente
Lei Florestal Estadual. A CPRH é um organismo com ampla experiência em gestão ambiental
(lato sensu), mas sem qualquer experiência anterior no segmento florestal.
Em todo o Nordeste brasileiro esta situação se repete: a única iniciativa florestal que ali
ocorreu foi através de um antigo programa patrocinado pela FAO em articulação com o
PNUD, o BRA/87/007-PNUD/FAO/IBAMA, que praticamente desapareceu após a retirada
do apoio dos organismos internacionais.
Análise: O modelo institucional de gestão florestal de Pernambuco, totalmente dife-
rente dos existentes nos demais estados estudados é, extremamente recente e ainda não
tem condição de ser analisado em profundidade. Até o momento, as ações de gestão
florestal com finalidade produtiva estão sob responsabilidade direta da Secretaria de
Estado do Meio Ambiente, em caráter informal, até que a CPRH complete sua prepara-
ção para recebê-la. Trata-se do “ Pernambuco Verde”, projeto decorrente da ação do
programa PNUD/FAO/IBAMA.

46
Fortalecimento Institucional do Setor Florestal
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

Até o momento, as atividades repousam em convênios e acordos firmados com


Prefeituras Municipais, especialmente das proximidades de Recife (algumas, inclusi-
ve, integrantes de sua Região Metropolitana, como Moreno), estimuladas pelo PED –
Projeto de Execução Descentralizada do Programa Nacional do Meio Ambiente/MMA
e incluem, especialmente, educação ambiental, arborização e pequenos projetos de
reflorestamento ao nível de propriedades rurais.
Junto com as Prefeituras, instalaram-se viveiros de produção de mudas, operados por
jovens carentes, que recebem pequena remuneração e assistência alimentar e são esti-
mulados e bem vistos pelas comunidades. Entretanto, Pernambuco, face ao seu elevado
consumo de lenha para cocção de alimentos na zona rural (195 das famílias rurais),
precisa de amplo programa de reflorestamento com finalidade econômica e também
com finalidade ecológica, visando especialmente a proteger os aquíferos subterrâneos
do fenômeno da salinização, que já os atinge em algumas áreas, em consequência da
remoção da cobertura vegetal nativa.

4.6. MODEL
MODELOO 6
A competência de gestão florestal pertence a uma secretaria de estado, órgão da ad-
ministração direta, sem qualquer autonomia administrativa ou financeira, que executa,
diretamente, todas as atividades setoriais.
Trata-se, pelo que se pode observar, da pior estrutura operacional de gestão florestal
existente no País. É o caso da SEDAM- Secretaria de Estado de Desenvolvimento Ambiental,
de Rondônia. Tudo ali é difícil, vagaroso, emperrado e as ações de campo, precárias, por
enorme carência de recursos financeiros.
Análise: Este modelo, pelos conhecidos entraves burocráticos que dominam a gestão
dos órgãos da administração direta no governo dos estados é um dos piores, como já se
disse, porque, não fosse a extrema dedicação dos técnicos, pessimamente remunerados,
nada aconteceria. Em Rondônia, a Secretaria abandonou os 26 escritórios de que dispõe
no interior do estado e vive um impasse: não consegue reativar o convênio que mantinha
com o IBAMA para gerir o controle da exploração florestal no estado e disciplinar o
desmatamento.
A salvação do estado é a eficiente presença do PLANAFLORO, que vem corrigindo erros
graves cometidos pelo INCRA e outros órgãos no período mais intenso de colonização da área.

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PROGRAMA NACIONAL DE FLORESTAS

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Sumário
AGRADECIMENTOS ................................................................................................................................. 7

RESUMO .................................................................................................................................................. 8

INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................... 9

1. TERMO DE REFERÊNCIA ..................................................................................................................... 11


1.1. CONTEÚDO .................................................................................................................................. 11
1.2. ESTRUTURA BÁSICA ...................................................................................................................... 11
2. PRINCIPAIS RESULTADOS E CONCLUSÕES ....................................................................................... 14
3. CONCLUSÕES ................................................................................................................................... 15
3.1. ESTADO DO AMAZONAS ............................................................................................................. 15
3.2. ESTADO DA BAHIA ....................................................................................................................... 20
3.3. ESTADO DE GOIÁS ....................................................................................................................... 24
3.4. ESTADO DE MINAS GERAIS .......................................................................................................... 27
3.5. ESTADO DO PARANÁ .................................................................................................................... 32
3.6. ESTADO DE PERNAMBUCO .......................................................................................................... 36
3.7. ESTADO DE RONDÔNIA .............................................................................................................. 39
4. CONCLUSÕES GERAIS ...................................................................................................................... 44
4.1. MODELO 1 ................................................................................................................................... 44
4.2. MODELO 2 ................................................................................................................................... 44
4.3. MODELO 3 ................................................................................................................................... 45
4.4. MODELO 4 ................................................................................................................................... 45
4.5. MODELO 5...................................................................................................................... 46
4.6. MODELO 6...................................................................................................................... 47

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