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I SIMBOV – I Simpósio Matogrossense de bovinocultura de corte

Semi – confinamento para produção intensiva de bovinos de


corte
Ricardo Andrade Reis1, André Alves de Oliveira2, Gustavo Rezende Siqueira3,
Eliane Gatto4

1
Professor Titular da FCAV/UNESP – Jaboticabal, SP, Pesquisador do CNPq,
Membro do INCT/CA - rareis@fcav.unesp.br;
2
Pós Graduando em Zootecnia, FCAV/UNESP-Jaboticabal.
3
Pesquisador da Apta Regional Alta Mogiana - Colina,SP, Prof. Convidado do
Programa de Pós-graduação da FCAV/UNESP
4
MSc. Zootecnista, Bellman Nutrição Animal.

1 – Introdução
A partir da ultima década do século XX a agropecuária brasileira passou
por profundas transformações frente à nova ordem econômica mundial. Apesar
dos recentes avanços obtidos no manejo nutricional e sanitário dos rebanhos,
apenas uma parcela dos pecuaristas investe na intensificação dos sistemas de
produção. Assim, grande parte dos 174 milhões de hectares ocupados por
pastagens no país está degradada ou sofrem algum estagio de degradação,
devido, principalmente, a má utilização e manejo (Anualpec, 2008).
A intensificação na utilização das pastagens torna-se vantajoso, pois
permite diluir os custos fixos, através do aumento na taxa de lotação e redução
no tempo de abate. O manejo intensivo, associado à adubação, suplementação
estratégica e potencial genético animal, representam as práticas que
promovem maior produtividade em sistemas de produção de bovinos em
pastagens.
O ano de 2010 foi finalizado com sucesso pelo setor prodututivo de
carne bovina, tendo sido até mesmo denominado como o “ano da carne”. As
cotações bateram recordes e o preço da arroba do boi gordo, segundo o
CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) apresentou
uma valorização de aproximadamente 20%. Essa valorização foi acompanhada
por sinais de aumento da demanda nacional e externa por carne bovina,
impulsionando os preços do boi e da carne.
Para atender a demanda mundial de carne bovina em 2050, que deverá
ser quatro vezes maior que a atual, o efetivo do rebanho mundial, 1,5 bilhões
de cabeças, deverá aumentar em torno de 100% e o número de animais
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abatidos triplicar, desse modo haverá aumento de produtividade, expresso em


50% de desfrute.
A produção mundial de carne bovina, hoje estimada em 60 milhões de
toneladas/ano, deverá aumentar para 84 milhões de toneladas nos próximos 20
anos. Uma vez limitadas as áreas de expansão da agropecuária, o aumento da
produção de carne se dará através da intensificação dos sistemas, havendo
necessidade do aumento da produção de grãos, para a alimentação desses
animais.
Segundo a análise de dados do CEPEA, existe uma forte tendência para
queda no preço dos grãos (milho e soja), principais ingredientes do
concentrado da dieta de animais confinados. Esse cenário pode favorecer a
maior utilização de grãos na fase de terminação dos bovinos uma vez que o
pecuarista tem maior poder de compra e a relação de troca da @ do boi pela
tonelada do milho e outros ingredientes é favorável.
Diante deste cenário, as técnicas de suplementação, em especial o
semi-confinamento, devem ser adotadas como estratégia para manutenção do
equilíbrio entre a oferta e demanda de alimentos nos sistema de produção e
visando incrementar os níveis de produção animal (ganho de peso por animal e
por área) na entressafra.
Portanto, o objetivo deste trabalho é elucidar sobre técnicas de manejo
de pastagens e suplementação alimentar para intensificação da produção de
bovinos de corte no período seco do ano.

2 – Bovinocultura de corte em pastagens


A produção de bovinos em pastagens enfrenta sérios desafios, uma vez
que há limitações na qualidade e quantidade da forragem disponível ao longo
do ano para atender o requerimento animal. A distribuição desuniforme das
chuvas resulta em acentuada variações na oferta de forragem, ao decorrer do
ano. No geral, verifica-se nas condições do Brasil Central, concentração de 70
a 80% da produção forrageira nos períodos de chuvas (primavera/verão) e de
30 a 20% no período da seca (outono/inverno).
Os pastos de gramíneas tropicais raramente mantêm um balanço ótimo
entre os requerimentos dos animais e os nutrientes necessários para atender
as exigências para ganhos elevados. Com a maturação das forrageiras a partir
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do final do período chuvoso ocorre diminuição no valor nutritivo, com elevação


na percentagem de matéria seca e nos constituintes da parede celular, bem
como diminuição na concentração de conteúdo celular, como a proteína bruta
(Johnson et al., 1998). Nesse caso, o baixo teor de proteína da forragem limita
a fermentação ruminal, a degradação da fração fibrosa do alimento e o
consumo de forragem, resultando via de regra em ingestão insuficiente de
proteína e energia para desempenho satisfatório do animal (Reis et al., 2004).
A estacionalidade da produção de forragem é mais marcante nas
espécies de capim pertencentes ao gênero Panicum (Tanzânia, Mombaça e
Colonião), comparativamente àqueles do gênero Brachiaria (Braquiarão,
Decumbens e Humidicola), que apresentam maior plasticidade de produção e
facilidade de manejo.
Os efeitos desse fato sobre a pecuária de corte são evidentes,
ocorrendo uma variação acentuada de ganho de peso, e um conseqüente
atraso da idade de abate. Neste período a taxa de lotação das pastagens sofre
redução, uma vez que a oferta de forragem é reduzida. Diante disso, a escolha
de alternativas visando minimizar os efeitos da estacionalidade na produção de
plantas forrageiras deve ser coerente com o nível de exploração pecuária,
diferenciando-se, principalmente pela necessidade de intensificação de uso das
pastagens.
A utilização de suplementos concentrados permite corrigir deficiências
específicas de nutrientes na forragem para maximizar a atividade de digestão
da fração fibrosa e, conseqüentemente utilizar mais eficientemente os
carboidratos estruturais, além de complementar a dieta em situações de
escassez de forragem. Nas situações onde o consumo é limitado pela baixa
oferta de forragem, um suplemento pode substituir a forragem proveniente do
pasto, constituindo às vezes o único alimento disponível. Os níveis de
concentrado e as estratégias a serem usadas são dependentes da categoria
animal e das metas de ganho de peso.
A estratégia de suplementação, no entanto, deve ser precedida da
caracterização da quantidade e da qualidade da forragem disponível. A
qualidade da forragem no tocante a características dos carboidratos e
compostos nitrogenados são determinantes para a tomada de decisão para o
fornecimento de nutrientes limitantes a atividade microbiana.
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3 – Qualidade da Forragem
3.1 – Fração fibrosa e valor nutritivo de plantas forrageiras
Os carboidratos são os principais constituintes das plantas,
correspondendo de 50 a 80 % da MS das forrageiras e representam a principal
fonte de energia para os ruminantes. As características nutritivas dos
carboidratos das forrageiras dependem dos açúcares que as compõem, das
ligações entre eles estabelecidas e de outros fatores de natureza físico-
química. Assim, os carboidratos das plantas podem ser agrupados em duas
grandes categorias conforme a sua menor ou maior degradabilidade, em
estruturais e não estruturais, respectivamente (Van Soest, 1994).
A natureza e a concentração dos carboidratos estruturais da parede
celular são os principais determinantes da qualidade da forragem. A parede
celular pode constituir de 30 a 80 % da MS da planta forrageira, onde os mais
importantes carboidratos encontrados são a celulose, a hemicelulose e a
pectina. Além disto, podem constituir a parede celular componentes químicos
de naturezas diversas dos carboidratos, tais como tanino, proteína, minerais,
lipídeos e lignina (Hatfield et al., 2007).
Com o avançar da maturidade, verificam-se aumentos nos teores de
carboidratos estruturais e redução nos carboidratos não estruturais o que
depende em grande parte das proporções de caule e folhas. Isso se reflete na
digestibilidade da forragem, que declina, especialmente de maneira mais
drástica nas gramíneas do que nas leguminosas (Reis e Rodrigues, 1993).
As gramíneas tropicais apresentam baixos teores de carboidratos
solúveis e amido (frações A e B1), raramente superiores a 20% dos
carboidratos totais (Vieira et al., 2000). A fração indisponível C é dependente
do teor de lignina, portanto plantas com idade fisiológica mais avançada
apresentam maiores teores dessa fração. O aumento da fração C promove
redução da porção potencialmente degradável da fibra (B2), devido às
interações entre a lignina e a hemicelulose (Caballero et al., 2001).
Os componentes que compõem a fração B2 e C formam a fibra insóluvel
em detergente neutro (FDN). A FDN constitui o conceito analítico de fibra
desenvolvido por P. J. Van Soest na década de 1960, a qual apresenta os três
componentes principais: a celusose, hemicelulose e lignina. A FDN possui
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grande influência no valor nutritivo das gramíneas tropicas devido a sua


elevada capacidade de repleção ruminal em função da lenta degradação pelos
microrganismos ruminais, a qual influencia diretamente no consumo de
forragem (Detmann et al., 2010).
Em recente artigo de revisão Huhtanen et al (2010) propuseram a
utilização das frações do FDN como um modelo de predição da digestibilidade
in vivo da matéria orgânica de silagens, mas este pode ser aplicado as
forragens em geral.
O sistema de análises de fibra utilizando detergentes, desenvolvido por
Van Soest (1967) forneceu a base para um mais completo entendimento dos
mecanismos biológicos da digestão da forragem comparado com o sistema de
análise proximal de Weende. Neste sistema, tem-se a separação da matéria
seca da forragem na porção solúvel em detergente neutro (SDN), ou conteúdo
celular e na fibra em detergente neutro (FDN). Originalmente, a porção SDN foi
estimada através da diferença entre MS – FDN, mas considerando que as
cinzas não fornecem energia, o calculo de SDN deve ser feito utilizando a
matéria orgânica (MO). Assim, tem-se: SDN = MO – FDN.
A fração FDN pode ser digerida pelas enzimas produzidas pelos
microrganismos ruminais, enquanto a porção SDN também pode ser utilizada
como substratos pelas enzimas sintetizadas pelos mamíferos (Huhtnen et al
2010). Segundo Van Soest (1994) a digestibilidade verdadeira da fração SDN é
próximo de 100% quando estimada pelo teste de Lucas. Huhtanen et al. (2006)
reportaram valor de 0,963 de digestibilidade verdadeira da fração SDN em
diferentes forragens. Os mesmos autores determinaram valor de excreção
metabólica fecal (M) de 100 g/kg de MS consumida, e assim o máximo valor de
digestibilidade aparente não pode exceder a 0,90.
Com base nos princípios do teste de Lucas, a concentração de MO
digestível (MOD) pode ser expressa como (g/kg MS)
MOD = SDN + dFDN – M [1]
Onde: SDN = solúvel em detergente neutro, dFDN = concentração de FDN
digestível, M = excreção metabólica fecal.
Considerando que a fração dFDN representa o conteúdo de FDN x a
digestibilidade do FDN, enquanto a SDN é a MO – FDN e M é igual a 100 g/kg
de MS.
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MOD (g/ kg) = (MO – FDN) + (FDN x dFDN) – 100 [2]


Segundo Huhtanen et al. (2010) esta equação indica que a variação na
digestibilidade da MO da forragem está associada, principalmente a
concentração e digestibilidade da fração FDN, o que implica que a principal
ênfase na avaliação da MOD da forragem deve ser direcionada para as
características nutricionais da parede celular.
Uma porção do FDN da forragem não e digerida pelos microrganismos
ruminais, mesmo quando submetida a ação das enzimas por tempo
indeterminado (Figura 5). Esta porção é denominada fração de fibra em
detergente neutro indigestível (FDNi), a qual pode ser determinada pelas
técnicas in vitro e in situ. Assumindo esta premissa, pode-se calcular a fração
FDN potencialmente digestível (Huhtanen et al, 2010).
FDNpd = FDN – FDNi [3]

Considerando que o FDNi é uma entidade nutricionalmente uniforme, a


equação [2] pode ser escrita como a seguir:
MOD (g/kg) = (MO – FDN) + (FDNpd x dFDNpd) – 100 [4]

Onde, dFDNpd é a porção digerida do FDNpd.

Esta equação indica que a variação na DMO é uma função das


concentrações do FDNi e da dFDNpd. Segundo Huhtanen et al. (2006) os
menores coeficientes de variação (4,1 x 11,4%) e variação nos valores (0,79 a
0,94 x 0,48 a 0,87) na digestibilidade do FDNpd, comparado com a do FDN em
varias forrageiras indicaram que o FDNpd é uma entidade nutricionalmente
ideal mais adequada para avaliação da qualidade da forragem do que a porção
FDN.
Neste contexto (Figura 1) é importante distinguir claramente as
diferenças entre as frações FDNi e porção de FDN não digerida (uFDN). A
porção FDNi não é digerida pelos ruminantes, enquanto uFDN representa a
excreção fecal do FDN/ kg de MS ingerida, ou seja a fração do FDNpd que não
é digerida em um dado nível de consumo. A porção do uFDN pode exceder a
FDNi, uma vez que inclui uma porção do FDNpd que não é digerido devido ao
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tempo de retenção nos compartimentos de fermentação serem curtos para


completarem a digestão do FDNpd (Figura 1).

Figura 1 – Ilustração conceitual das transformações da MS da Forragem no


trato digestivo Mertens, 2007.

3.2 - Compostos nitrogenados


A avaliação da composição química e das características nutricionais
dos compostos nitrogenados é de suma importância para otimizar a utilização
dos recursos forrageiros. Algumas espécies forrageiras são fontes de proteína
de alta degradação ruminal, enquanto outras suprem proteína com taxa de
degradação mais lenta (Redfearn e Jenkins, 2000).
A fração protéica da forragem é composta de proteína verdadeira e de
nitrogênio não protéico (NNP). Cerca de 75% do N das folhas é relacionado a
proteína verdadeira, compondo as enzimas que atuam nos processos de
fotossíntese, respiração e crescimento. Em termos de fisiologia vegetal a
proteína verdadeira da planta é classificada em três grandes classes de acordo
com a solubilidade em água (Mangan, 1982). A Fração I é solúvel em água,
enquanto a Fração II contém porções solúveis e insolúveis e a proteína da
membrana do cloroplasto que é insolúvel representa a terceira classe.
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A Fração I refere-se à proteína homogênea do cloroplasto, constituída


de macromoléculas de ribulose 1-5 difosfato carboxilase-oxigenase (RUDP). A
enzima RUDP é uma proteína abundante, altamente solúvel encontrada nas
células do mesofilo de gramíneas C3 e no feixe vascular da bainha das
gramíneas de clima tropical (Ku et al., 1979). A enzima fosfoenol piruvico
carboxilase (PEP) substitui a RUDP no mesofilo das espécies de gramíneas
C4, e podem representar 10 a 15% da proteína verdadeira das folhas.
A Fração II da proteína verdadeira constitui de grandes quantidades de
ferredoxina, plastocianina e os citocromos do cloroplasto e tubulina, actina,
ATP sintetase, anidrase carbônica, e também fatores de alongação contidos no
citoplasma, enquanto os aminoácidos livres representam em média 10% da
proteína da forragem (Redfearn e Jenkins, 2000).
A fração de NNP representa aproximadamente 25% do N total das
folhas, embora esse componente possa variar de 15 a 50% do conteúdo de N
da planta inteira. A fração de NNP compreende DNA, RNA, amônia, uréia e
nitrato, e sua principal função é servir como intermediário para a síntese de
proteína, agente de translocação e como produto de assimilação inorgânica de
N (Mangan, 1982).
A fração de proteína das plantas C3 tem sido bem caracterizada,
enquanto as informações sobre as espécies C4 são escassas. Os teores de PB
das espécies de gramíneas de clima tropical variam de 10,0 a 15,0; 7,0 a 10,0
e de 4,0 a 7,0%, respectivamente, nas plantas colhidas no estádio vegetativo,
alongamento do caule e reprodutivo (Redfearn e Jenkins, 2000). Enquanto os
valores registrados na literatura nas gramíneas de clima temperado são de
12,0 a 18,0; 9,0 a 12,0 e de 6,0 a 9,0%, respectivamente nas plantas colhidas
no estádio vegetativo, alongamento do caule e reprodutivo (Buxton et al.,
1996).
As gramíneas pertencentes ao gênero Panicum, quando imaturas,
apresentam conteúdos de PB adequados, atendendo o requerimento para
ganho de peso da maioria de bovinos do rebanho de corte, que é de
aproximadamente 11%, de acordo com o NRC (1985). Porém, quando em
estádio de desenvolvimento avançado, os conteúdos de PB se aproximam do
nível crítico de 6,0 a 7,0%.
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Segundo Poppi et al. (1997), enquanto os teores de PB da forragem


podem variar consideravelmente, os valores de proteína do conteúdo celular
são constantes. Tal fato ocorre devido a grande variação nos valores de parede
celular da planta, afetando assim os teores de PB da forragem devido ao efeito
de diluição. Estes resultados são coerentes com o conteúdo de RUDP, que
representa a principal fonte de PB solúvel das forrageiras (34 a 40% do total de
PB).
Recentemente têm ocorrido avanços na avaliação nutricional dos
compostos nitrogenados de plantas forrageiras. O sistema proposto por Sniffen
et al. (1992) denominado Cornell Net Carbohydrate and Protein System
assume que a proteína metabolizável varia em todas as forrageiras com base
na composição da proteína bruta, taxa de digestão ruminal, taxa de passagem,
produção e composição da proteína microbiana. Esse sistema assume cinco
frações da proteína, ou seja, as frações A, B1, B2, B3 e C. A fração A é
considerada como a solúvel, constituída de NNP, enquanto a C é determinada
pelo N ligado a porção insolúvel em detergente ácido. As frações B1, B2 e B3
são consideradas proteína verdadeira e apresentam degradação ruminal
rápida, intermediária e lenta, respectivamente. A fração B3 é constituída pela
extensina, proteína associada à parede celular, determinada pela diferença
entre os conteúdos de N ligado a fibra em detergente neutro menos o N ligado
a fibra em detergente ácido.
Nas espécies de clima temperado, mais de 80% do N está na fração
solúvel da célula (Sanderson e Wedin, 1989). A concentração de N da parede
celular é menor nas espécies de gramíneas de clima temperado comparado
com leguminosas, mas a concentração de N na parede celular é mais alta nas
folhas de gramíneas do que nas de leguminosas.
As características da fração protéica também diferem entre as
gramíneas de ciclo C3 e C4. Além de menor conteúdo de PB, as folhas de
gramínea C4 possuem menor degradação da proteína no rúmen em relação a
plantas C3, uma vez que são observados altos valores das frações de menor
solubilidade ruminal (B2, B3) e insolúveis (C). Além deste aspecto, deve-se ter
em mente que os teores de proteína degradável no rúmen diminuem com o
desenvolvimento das gramíneas de clima tropical, no entanto nas gramíneas
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C3 as concentrações destas frações sofrem menores alterações (Mullahey et


al., 1992).
Com o desenvolvimento das plantas, observa-se decréscimo no
conteúdo de PB, aliado a manutenção da proporção de proteína de baixa
degradação ruminal, sendo assim, em função do efeito de diluição, tem-se o
aumento na fração proteína escape. É oportuno salientar que a presença de
proteína escape não é importante para os microrganismos do rúmen, podendo
ocorrer deficiência de N para atender o requerimento dos mesmos, o que tem
implicações na taxa de degradação da fração fibrosa, consumo de forragem e
desempenho animal (Anderson, 2000).
No entanto forragens com altos teores de proteína degradável no rúmen
apresentam menor eficiência de utilização de nitrogênio amoniacal ruminal e
síntese de proteína microbiana. A análise da Figura 2 evidencia que de nada
adianta um pico de produção de N-NH3 se a energia não está prontamente
disponível para a síntese microbiana (Figura 2). Neste caso, a amônia liberada
no rúmen será absorvida pela parede ruminal e quando a capacidade de
reciclagem do nitrogênio na forma de uréia for superada, este excedente será
eliminado através da urina, carregando com ele 4 ATPs por mol de uréia,
gastos na sua síntese, afetando sobre maneira o desempenho animal.
De acordo com Poppi e McLennan (1995) a máxima eficiência na
síntese de proteína microbiana é atingida quando se observa 160 g de PD/kg
de matéria orgânica fermentável, enquanto valores da ordem de 210 g de
PD/kg de MO fermentável resultam em apreciável perda de N.
É importante chamar a atenção para a discordância dos eventos
ocorrentes no rúmen, uma vez que a rápida disponibilidade de produtos da
degradação da proteína ou de NNP não é simultânea com a liberação de
quantidade apropriada de energia disponível para o crescimento microbiano
(situação A, Figura 2), representando baixa eficiência de incorporação de
nitrogênio em proteína microbiana. Na situação B (Figura 2), simulando maior
disponibilidade de energia, simultaneamente ao evento da degradação da
proteína, a utilização de NH3 pelos microrganismos será maior, com menores
perdas de nitrogênio na forma de amônia.
A disponibilidade das frações protéicas e fibrosas da forragem são os
fundamentos para a maximização da síntese de proteína microbiana, que é a
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principal fonte de proteína para atender o requerimento de animais em pastejo.


A sua produção (PPM) expressa em g/kg matéria orgânica digestível (g/kg
MOD) varia intensamente nas dietas a base de forragem, devido a
concentração de carboidratos não estruturais ou também daqueles solúveis em
água (Poppi et al., 1997).

Proteína da planta de rápida degradação

Urina

Uréia
Acúmulo

Fígado NH3 (B) Rapida libração de energia

(A) Lenta liberação de energia

NH3 utilizado
Figura 2. Representação esquemática do desajuste dos principais eventos no
por microorganismos
rúmen (Adaptado de Davies et al, 2005).
Tempo
Alternativas estratégicas para melhorar o sincronismo entre
disponibilidade de energia com a liberação de NH3 para uma melhor eficiência
microbiana é desejável, por esse motivo tem sido alvo de pesquisas das
grandes áreas de nutrição e manejo de pastagens. Desta forma, o objetivo
central da suplementação da dieta de animais em pastejo é o equilíbrio nas
relações energia/proteína que permitam ao animal expressar seu desempenho
de forma bioeconomicamente viável, o que nas condições tropicais apresentam
características muito peculiares.

4 – Produção intensiva de bovinos de corte em pastagens no período


seco
A intensificação dos sistemas de produção de carne bovina em pastejo
envolve estratégias de manejo que maximizem o ganho de peso no período
seco de forma a manter crescimento contínuo dos animais durante todo ano.
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Para aumento na produtividade e maior giro de capital, o abate de


animais com 24 meses ou menos de idade se faz necessário. Um dos grandes
desafios nesses sistemas é a terminação dos animais em regime de pastejo,
principalmente no período seco do ano, em função das alterações na
disponibilidade de massa e concentração de nutrientes das forrageiras
tropicais.
A adequação da disponibilidade de nutrientes às exigências dos animais
é de extrema importância para sistemas mais intensivos que objetivam abate
de animais precoces. Nesse contexto a terminação de bovinos em pastejo deve
ser estruturada em três etapas, em que a primeira refere-se à utilização de
estratégias que permitissem o acúmulo de massa de forragem para a utilização
no período de baixo crescimento das plantas. A seguir deve-se proceder à
correção dos nutrientes limitantes nessa massa acumulada para sua eficiente
utilização pelos microrganismos ruminais, e por fim o calculo final da dieta com
base nas exigências para terminação dos animais (Figura 3).

Figura 3. Esquema das etapas para terminação dos animais em pastejo


durante o período da seca.

4.1- Estratégias de manejo para produção de forragem para uso no


período seco
O manejo de diferimento do pasto é a primeira etapa que deve ser
implementada nos sistemas produtivos que utilizam a terminação de bovinos
nas pastagens durante a seca, pois permite acúmulo de forragem para
utilização nesta época do ano.
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O diferimento das pastagens consiste em selecionar determinadas áreas


e vedá-las à entrada de animais no final da estação de crescimento (período
das chuvas), com o objetivo de corrigir a defasagem de produção de forragem
durante o ano, e proporcionar forragem na forma de feno em pé para pastejo
direto durante o período de baixa produção forrageira. No entanto, em grande
parte dos sistemas que utilizam esta técnica, verifica-se que o pasto é de baixa
qualidade com pequena proporção de folhas e alto acumulo de colmos e,
conseqüentemente elevado teor de fibra (Reis et al, 1997).
A época inadequada de diferimento e a escolha de gramíneas
impróprias para este tipo de manejo consistem nos principais fatores de erro,
com efeitos marcantes sobre as fases seguintes. O período de vedação, ou
seja, as datas na qual o pasto será vedado e utilizado assume importante papel
em relação à qualidade da forragem a ser obtida ao final do período de
exclusão, sendo esta a primeira importante decisão a ser tomada dentro do
sistema.
Porém esta decisão é difícil, uma vez que é afetada por outras variáveis,
algumas controláveis (massa de forragem no momento de vedação, quantidade
de adubo aplicado) e outras não (precipitação, temperatura, disponibilidade de
luz). Assim, a escolha do período de vedação das pastagens varia de acordo
com as condições do ambiente, sendo que, a aplicação dessa tecnologia deve
ser analisada e estudada de acordo com cada situação.

4.2 – Época de diferimento e espécie forrageira


No geral, pastagens diferidas por períodos mais longos apresentam
menor valor nutritivo, maior produção de matéria seca e maiores riscos de
apresentarem perdas por acamamento e pisoteio. Em períodos menores de
vedação, ocorre um menor acumulo de forragem e um maior valor nutritivo
(Costa et al., 1993).
Leite et al. (1998) avaliaram épocas de diferimento (fevereiro, março e
abril) e utilização (junho, julho, agosto e setembro) em seis gramíneas. Esses
autores relataram que, em todas as espécies estudadas, o teor de proteína
bruta foi maior na forragem colhida nas três primeiras épocas de utilização
(junho, julho e agosto), sendo o menor valor no período de diferimento de
fevereiro e o maior em abril. Assim, chegaram à conclusão que a melhor época
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para diferimento do P. maximum cv. Vencedor, e os quatro genótipos de B.


brizantha estendem-se de março até a primeira quinzena de abril, enquanto no
genótipo A. gayanus cv. Planaltina, o diferimento deve ser realizado durante o
mês de março.
Segundo Silva et al. (2008), as plantas mais indicadas para a prática de
diferimento são aquelas cujo valor nutritivo sofre redução lenta ao longo do
tempo, tais como as gramíneas de crescimento prostrado e decumbentes como
as do gênero Brachiaria (decumbens, capim-marandu e capim-xaraés),
Cynodon (capins estrela, coastcross e tifton) e Digitaria (capim-pangola). As
gramíneas cespitosas de crescimento ereto, tais como as do gênero Pannicum
(capins tanzânia, mombaça e tobiatã), Pennisetum (capim elefante) e
Andropogon (cvs. Planaltina e Baeti), quando diferidas por períodos longos,
apresentam acúmulo excessivo de colmos grossos e baixa relação folha:colmo,
não sendo indicadas, portanto, para a vedação por longos períodos (Silva et
al., 2008). Euclides et al. (2007) relataram que as plantas forrageiras mais
recomendadas para a prática de diferimento são aquelas que apresentam
baixo acúmulo de colmos e boa retenção de folhas verdes, o que resulta em
menores reduções no valor nutritivo ao longo do tempo.
Euclides et al. (2007), avaliaram o efeito da época de diferimento
(fevereiro e março) e utilização (maio a julho e julho a outubro) em pastos de B.
brizantha (cv. Marandu) e B. decumbens (cv. Basilisk). Os autores relataram
que os pastos diferidos em fevereiro apresentaram maior massa de matéria
seca total (4.530 vs 3.160 kg/ha), de matéria seca verde (2.290 vs 1.445 kg/ha)
e matéria seca de lâminas foliares (935 vs 680 kg/ha) que os diferidos em
março e concluíram que esses dois cultivares de braquiária são adequados
para o diferimento no final do verão possibilitando grande incremento na taxa
de lotação durante todo o período seco, porém com valores nutricionais
limitantes a produção animal.

4.3 - Estrutura do pasto diferido


Durante o crescimento e desenvolvimento dos pastos, que resulta em
acúmulo de forragem, a planta modifica sua morfologia e, conseqüentemente,
sua estrutura (Hodgson, 1990). De acordo com Stobbs (1973), as
características estruturais da forragem afetam o tamanho do bocado, o número
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de bocados por unidade de tempo, o tempo de pastejo e, por fim, o consumo e


desempenho animal. Desta forma, o período de diferimento além de afetar a
produção de forragem, também modifica a estrutura do pasto, caracterizado
pela massa de seus componentes morfológicos (Santos et al., 2009a).
O tempo de diferimento influência negativamente no número de perfilhos
vivos e vegetativos e positivamente na massa de colmo verde e material morto
(Figuras 4 e 5) (Santos et al. 2010a). A redução na densidade populacional de
perfilhos vivos em pastos diferidos por longos períodos pode comprometer sua
persistência, caso o diferimento seja realizado, numa mesma área, durante
vários anos consecutivos. Deste modo, é prudente alternar as áreas de
pastagem a serem diferidas durante os anos, principalmente se o período de
diferimento for longo, devendo-se considerar ainda que a adoção do
diferimento da pastagem, em geral, resulta em aumento do banco de sementes
no solo pelo desenvolvimento dos perfilhos reprodutivos.

Figura 4 - Massa de colmo verde (●) Figura 5 –Densidades populacionais


e de material morto (o) em pasto de de perfilhos vivos (●) e de perfilhos
capim-braquiária durante o período de totais (o) em pasto de capim-
diferimento da pastagem em Viçosa, braquiária durante o período de
Estado de Minas Gerais. Significativo diferimento em Viçosa, Estado de
a 1% (**) e 5% (*). Fonte: Santos et al. Minas Gerais. Significativo a 1%
(2010a). (**). Fonte: Santos et al. (2010a).

Pastos diferidos por menores períodos (tardiamente) são desfolhados


por mais tempo. Assim, muitos perfilhos que estavam iniciando o estágio
reprodutivo têm seu meristema apical removidos, por outro lado, pastos
diferidos mais cedo (maior período de diferimento) foram menos pastejados,
apresentando maior proporção de perfilhos reprodutivos durante o período de
diferimento (Santos et al., 2009b).
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A altura das plantas também aumenta linearmente em pastos


submetidas a maiores períodos de diferimento. Santos et al. (2009c), avaliando
o índice de tombamento (quociente entre altura da planta estendida e altura do
pasto) em pastos formados com Brachiaria decumbens (cv. Basilisk),
submetidos a diferentes períodos de diferimento e doses de N notaram que o
índice de tombamento dos pastos foi influenciado apenas pelo período de
diferimento. Os mesmos autores sugeriram que as estratégias de manejo que
poderiam ser utilizadas para reduzir esse índice e reduzir as possíveis perdas
de forragem associadas a esta condição seria o menor período de diferimento
e a redução das doses de N aplicada no início do diferimento do pasto.

4.4 – Adubação nitrogenada antes do diferimento


A Adubação nitrogenada e o tempo de diferimento afetam diretamente a
estrutura e valor nutritivo da forragem acumulada. Trabalho conduzido por
Santos et al. (2009b) avaliando doses crescentes de nitrogênio (0, 40, 80 e 120
kg/ha) e três períodos de diferimento (73, 95 e 116 dias) em pastos de
Brachiaria decumbens cv. Basilisk encontraram aumento linear da massa de
forragem com o aumento no período de diferimento e das doses de nitrogênioe.
A massa de lâmina foliar verde aumentou com a aplicação de N, podendo isso
ser explicado pelo aumento na duração de vida das folhas e pelo número de
folhas por perfilhos individuais.
Pastos com menores períodos de diferimento (73 dias), a adubação
nitrogenada de 0 para 120 kgN/ha resultou em aumento de 145% na densidade
populacional de perfilhos vegetativos, uma vez que esse tipo de adubação
aumenta a capacidade de perfilhamento. Esse efeito de aplicações de N na
densidade de perfilhos depende do índice de área foliar (IAF) que o pasto é
mantido (Santos et al., 2009b). Quando o IAF é baixo, ocorre efeito positivo do
N na densidade de perfilhos (aumento no site filling), mas esse efeito não
persiste com o desenvolvimento do IAF devido ao sombreamento e mudanças
na qualidade da luz incidente na base da planta que inibe o perfilhamento.
Prosseguindo nesse mesmo estudo, foi encontrado aumento na massa
de colmos verdes com elevação nas doses de N, devido à maior número de
perfilhos por unidade de área e, principalmente, pelo maior peso dos perfilhos
nesses pastos, sendo que o período de diferimento também contribuiu para o
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aumento da massa de colmos verdes devido ao alongamento destes. Os


autores relataram ainda que o aumento da massa de forragem total com o
aumento das doses de N foi devido ao aumento da massa de forragem verde,
uma vez que o N não afetou a massa de forragem morta. Neste trabalho, o
pasto diferido por maior período (116 dias) e sem adubação nitrogenada
produziu semelhante massa de forragem (4.979 kgMS/ha) em comparação
aqueles diferidos por menor período (73 dias) e adubados com a dose de 80
kgN/ha (4.901 kgMS/ha).
Assim, adubação nitrogenada também pode permitir maior flexibilização
do período de diferimento da pastagem, pois o nitrogênio aumenta a taxa de
crescimento da gramínea e, conseqüentemente, a quantidade de forragem
produzida por unidade de tempo, sendo possível obter produção de forragem
semelhante, mesmo adotando distintos períodos de diferimento (Santos et al.,
2009d).
Porém, atenção deve ser dada à existência de possibilidade de ocorrer
grandes perdas por volatilização quando uréia é administrada nas épocas
secas do ano em solos com baixa umidade . Nesse sentido, outras fontes de N
como o sulfato de amônio e o nitrato de amônio, menos susceptíveis a
volatilização, podem ser empregados como forma de reduzir as possíveis
perdas (Santos et al., 2009d).
A adubação nitrogenada tem efeito limitado e pequeno na melhoria do
teor de PB da forragem diferida e seu efeito é mais pronunciado sobre o
aumento na produção de forragem. Segundo Santos et al. (2009d), em todas
as equações geradas que continham os efeitos do fator período de diferimento
e doses de N, o coeficiente angular foi sempre superior para o período de
diferimento em detrimento às doses de N. Desta forma, a adequação de
período de diferimento da pastagem constitui ação de manejo prioritária e
essencial para conciliar produção de forragem em quantidade e qualidade
(Santos et al., 2009d).

4.5 – Valor nutritivo da forragem de pastos diferidos


O menor período de diferimento pode contribuir para a melhoria do valor
nutritivo da forragem disponível devido à maior participação de perfilhos
vegetativos na estrutura do pasto que possuem maior relação entre massa de
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lâmina foliar verde:colmo verde o que favorece o consumo pelos animais


(Santos et al., 2009b; 2010a).
Euclides et al. (2007) encontraram relações entre matéria seca
total:matéria seca verde de 1:0,40 e 1:0,55 nos pastos diferidos em fevereiro e
março, respectivamente. Segundo os autores, a dieta selecionada e consumida
pelos animais foi 100% da fração verde da planta, e, desta, 40 e 55% das
dietas foram constituídas de lâmina foliar, nos pastos diferidos em fevereiro e
março, respectivamente. Desta forma, as ofertas desses componentes da
forragem podem limitar a máxima ingestão de forragem pelos animais.
O índice de tombamento é associado com baixos valores nutritivos da
forragem, e neste sentido, Santos et al. (2010b) encontraram que pastos mais
baixos (tombados), porém com maior altura de planta (altura estendida)
correlaciona-se positivamente com os teores de FDN e FDN indigestível (FDNi)
e negativamente com os valores de PB e MS potencialmente digestível (MSpd).
No entanto, foi observado correlação positiva entre o componente morfológico
massa de lâmina foliar verde com os percentuais de PB, FDNpd e MSpd e
negativa com a FDN e FDNi. Também encontraram correlação positiva entre
massa de lâmina foliar morta e FDNpd, indicando que laminas foliares mortas
constituem alimento energético para o animal durante o período da seca. A
massa desse componente morfológico foi correlacionada negativamente com
os teores de FDNi.
Euclides (2001) enfatizou que o consumo máximo de forragem por
animais em pastejo ocorre quando os mesmos estão em pastos com alta
disponibilidade de folhas sendo que, o colmo e material morto, podem limitar o
consumo. Vários autores descreveram a importância da quantidade de folhas
verdes sobre a qualidade da ingesta (Santos et al., 2004a; Euclides et al.,
2000; Euclides, 2001). Euclides et al. (2000), notaram uma preferência dos
animais por folhas a caules e material morto, caracterizando sua seletividade.
A avaliação da Figura 6 corrobora com os autores supracitados uma vez
que o desempenho de animais em pastejo está intimamente ligado as
variações na estrutura do dossel forrageiro e o valor nutritivo da forragem.
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Figura 6 - Oferta de matéria verde seca e ganho de peso de novilhas


suplementadas com
suplemento protéico e suplementadas com sal mineral mantidas em pastagens
de capim Marandú avaliada nos períodos chuvoso e seco.
Adaptado de (Oliveira, 2006).

A suplementação propiciou maior ganho de peso dos animais mantidos


em pastagens ao longo do ano, comparado com o desempenho dos não
suplementados. No entanto, o ganho de peso dos animais acompanhou a
variação da oferta de forragem verde, registrando-se menores desempenhos
nos meses nos quais se observaram as menores ofertas de massa e também
nos meses de julho a setembro, constatou-se que a proporção de folha foi
inferior a 40%, sendo que nos demais períodos a porcentagem de folhas foi
sempre superior ao valor supracitado. Esses dados demonstram que a
suplementação é um componente que auxilia na eficiência de utilização do
pasto, porém é altamente dependente da quantidade e qualidade do pasto
existente.
Desta forma, em situações com elevada oferta de forragem e baixo
consumo pelos animais, o aumento na oferta de forragem pode não alterar o
consumo e desempenho dos animais, uma vez que eles podem não conseguir
ingerir eficientemente o pasto (Santos et al., 2004).

5 – Princípios para suplementação no período seco


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As forragens de pastos diferidos, no geral, são caracterizadas pela baixa


qualidade, destacando-se o baixo nível de compostos nitrogenados ou proteína
bruta e pela elevada lignificação da fração fibrosa insolúvel, o que implica
baixos níveis de consumo e de digestibilidade, reflexo da falta de nitrogênio
para crescimento microbiano. Deste modo, o fornecimento os nutrientes
deficientes na forragem é essencial para utilização dos recursos forrageiros
disponíveis pelas bactérias ruminais e consiste na segunda etapa do esquema
proposto para terminação de bovinos em pastejo na seca (Figura 3).
Sendo o valor nutritivo das forragens durante o período seco limitado, o
consumo assume importante papel em relação ao desempenho animal. A
capacidade de ingestão de pasto de baixa qualidade está intimamente
associada ao efeito de repleção ruminal da fração fibrosa insolúvel, o qual
determina a capacidade da FDN em ocupar espaço no ambiente ruminal
(Detmann et al., 2010). Sendo assim, que a habilidade da microflora em
degradar e fermentar os polissacarídeos da forragem determina a energia
extraída e a taxa de passagem, influenciando assim a repleção ruminal.
A eficiência com que a parede celular é utilizada pelos microorganismos
fermentadores pode ser alterada por fatores ambientais e nutricionais, como
manejo da pastagem, alternativas de suplementação e correção de
desequilíbrios de nutrientes (Paulino et al., 2006a).
As limitações inerentes aos recursos nutricionais basais de baixa
qualidade (pasto) são intrinsecamente limitações ao crescimento microbiano no
rúmen. Nestas situações, devido à alta relação carbono:nitrogênio no substrato
basal, haverá deficiências absoluta de compostos nitrogenados para a síntese
de enzimas microbianas as quais são responsáveis pela degradação dos
compostos fibrosos insolúveis da forragem (Detmann et al., 2009).
Uma vez que a forragem foi consumida pelo animal, a qualidade da fibra
passa a ser o fator mais limitante à produção (Wattiaux et al., 1991), sendo isso
demonstrado pela melhora na performance animal com pequenas mudanças
na digestibilidade da forragem (Casler e Vogel, 1999).
Detmann et al. (2005) inferiram que em dietas onde parede celular é
fornecida pode haver um efeito dramático na cinética de digestão devendo esta
ser um processo de segunda ordem, sendo função do substrato e enzimas
ativas. Ainda citaram que no caso de parede celular, a digestão requer uma
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população microbiana ativa com capacidade de digeri-la, sendo possível que


tanto em dietas de forragem total como mistas com concentrado, há situações
em que a digestão é limitada por capacidade microbiana ou enzimática e não
somente pela propriedade cinética da parede celular.
De acordo com Reis et al. (2009) e Paulino et al. (2008) mesmo havendo
a disponibilidade de fibra potencialmente digestível nos pastos na seca, a
proteína é o nutriente mais limitante, devendo esta ser corrigida através da
suplementação, a fim de aumentar a eficiência de degradação da fração fibrosa
e, conseqüentemente, a taxa de passagem e o consumo de matéria seca da
forragem. Dessa forma, não só o consumo de forragem seria aumentado
devido ao estímulo ao crescimento das bactérias fibrolíticas, mas o consumo
de energia seria maximizado pela maior extração da energia da forragem
(Malafaia et al., 2006).
Com base nessa caracterização, pode-se inferir de forma direta que a
suplementação estratégica no período seco envolve a utilização de nitrogênio
como base para a formulação do suplemento considerando-se a segunda
etapa do planejamento nutricional para terminação de bovinos de corte nesta
época (Figura 3).
Segundo Reis et al. (2005), no Brasil Central o rebanho mantido em
pastagens no período de seca se alimenta de forragem de baixo valor nutritivo,
caracterizada por teores de proteína bruta inferiores ao nível crítico de 7% MS,
limitando, desta forma, o seu consumo. Entretanto, Lazzarini et al. (2009)
mencionaram que o nível mínimo de 7% PB na dieta não assegura
maximização na utilização dos substratos energéticos de lenta disponibilidade,
uma vez que respostas positivas na degradação da fibra foi observado ate
valores próximos a 13-14% de PB.
O fornecimento de compostos nitrogenados durante a seca deve
considerar os eventos ruminais de digestão, fermentação, síntese de
compostos nitrogenados e consumo de forragem de baixa qualidade.
Detmann et al., (2010) determinaram que no período da seca, com
forragem de baixa qualidade o mínimo de 8 mg/dL de nitrogênio amoniacal no
rúmen (NAR) deve ser estabelecido pela suplementação para garantir a
capacidade dos microrganismos fibrolíticos de degradação dos componentes
fibrosos. No entanto, verificou-se que a maximização do consumo de fibra de
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forragem de baixa qualidade foi obtida ao conseguir 15 mg NAR/dL de fluido


ruminal. A divergência entre os valores é devido às diferenças entre exigência
de microrganismos e animal. O aumento no consumo de fibra até níveis de 15
mg de NAR/dL pode constituir ajuste no balanço proteína metabolizável/energia
metabolizável da dieta. Ocorrendo constância na energia extraída a partir da
fibra, a elevação no consumo implicaria maior aporte de proteína metabolizável
a partir de proteína microbiana, o que acarretaria melhor adequação metabólica
ao animal. Deste modo, o mínimo de 8% de PB na dieta deve ser estabelecido
para crescimento microbiano e utilização da fibra e 10% de PB para maximizar
o consumo de fibra digestível (Detmann et al., 2010).
Assim, no período seco, a segunda etapa do planejamento nutricional
(Figura 3), a meta a ser alcançada com a suplementação é adequar os níveis
deficientes de nitrogênio da dieta basal, fornecendo compostos nitrogenados
em quantidades que permitam elevar o valor de PB da dieta a 10% a fim de
maximizar a atividade dos microorganismos ruminais e o consumo voluntário.
Dando seqüencia ao planejamento, a terceira etapa (Figura 3) seria o
suprimento das exigências dos animais para as metas de ganhos de peso
estipuladas pelo produtor. Como se refere a animais na fase de terminação a
energia da dieta assume importante papel uma vez que, nessa fase, o animal
passa a depositar de forma mais acentuada tecido adiposo. O nível de
suplementação e o tipo de suplemento a ser usado vão depender da qualidade
e quantidade de forragem disponível e dos objetivos a serem alcançados.
De maneira geral, Euclides e Medeiros (2005) consideram que as
formulações de suplementos para as condições de pastejo podem ser
estruturadas em três grupos, dependendo do desempenho a ser alcançado:
simples manutenção do peso vivo; ganhos moderados entre 200-
300g/animal/dia; e ganhos de até 500-600g/animal/dia. No entanto, as
respostas animal frente à suplementação podem ser afetada por diversos
fatores, sendo estes ligados ao ambiente, ao animal, e interações
pasto/suplemento.
Desta forma, para a formulação de suplementos e determinação da
quantidade a ser fornecida, com enfoque na terminação dos animais em
pastejo, devem ser considerados os aspectos relacionados à dieta basal e as
exigências do animal.
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5.1 – Características qualitativas e quantitativas dos suplementos x


forragem
A justificativa para o ajuste dos nutrientes a serem fornecidos para
animais em terminação nas pastagens, durante a seca deve-se a melhor
adequação e a maior eficiência de utilização dos mesmos. A fixação do nível
de 10% de PB na dieta basal para bovinos em pastejo consumindo forragem de
baixa qualidade permite delinear qual a melhor estratégia de fornecimento de
compostos nitrogenados que atenda a 2º etapa do planejamento proposto na
Figura 3, fornecimento de nutrientes limitantes para utilização da forragem
disponível.
No entanto, associada à proteína, deve-se considerar a
complementaridade com que o nitrogênio ruminal é utilizado na presença de
outros substratos microbianos essenciais, tais como ácidos graxos de cadeia
ramificada, enxofre, fósforo, cobre e cobalto. Além disso, o crescimento
microbiano desenvolve-se até o limite da disponibilidade de energia (Paulino et
al., 2008). A partir de então, inicia-se a 3º etapa que consiste na introdução de
compostos nitrogenados adicionais em conjunto com fontes energéticas que
permitam sua maior assimilação ruminal e/ou atendam as exigências dos
animais para que as metas de produção do sistema sejam atingidas (Detmann
et al., 2010).
O fornecimento de fontes energéticas de rápida degradação ruminal
concomitante aos compostos nitrogenados suplementares pode ser realizados
com dois propósitos principais, de acordo com as metas de ganhos e da
estratégia de manejo da pastagem. Devem-se estabelecer níveis de nutrientes
e fontes nos quais não haja restrições significativas sobre o consumo de
forragem priorizando maximizar a utilização da forragem e maximizar a síntese
de proteína microbiana. Nas situações, onde se observa limitação na oferta de
forragem, ou/e almeja-se maior lotação das pastagens, o fornecimento de
maiores níveis de suplementos com intuito de promover um efeito de
substituição da forragem pelo suplemento deve ser estabelecido. Neste
contexto, as características dos nutrientes fornecidos, o nível de suplemento e
sua interação com a quantidade e qualidade da forragem disponível ditarão às
respostas as estratégias adotadas.
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A principal interação que ocorre, quando suplementos são fornecidos para


animais mantidos em pastagens, é a do efeito associativo que,
conceitualmente, é definido como a mudança ocorrida na digestibilidade e/ou
no consumo da dieta basal (forragem). O efeito associativo pode ser de três
tipos: substitutivo, aditivo ou suplementar e combinado.
O efeito substitutivo é caracterizado pela diminuição do consumo de
energia digestível oriunda da forragem, enquanto se observa aumento no
consumo de concentrado. Assim, nesta condição, mantém-se constante o
consumo total de energia digestível (CTED), indicando que a ingestão do
suplemento substituiu a do pasto (Figura 7).
O efeito aditivo ou suplementar refere-se ao aumento do consumo total de
energia digestível (CTED) devido ao incremento no consumo do concentrado,
podendo o consumo de forragem permanecer constante ou aumentar (Figura
7).

Figura 7. Representação dos tipos de efeito associativo (Adaptado de Moore,


1980).

No efeito combinado, observam-se ambos os efeitos, substitutivo e


aditivo, ou seja, há decréscimo no consumo de forragem e, ao mesmo tempo,
elevação no de concentrado, o que resulta em maior CTED (Figura 7).
Quando ocorre o efeito substitutivo, a redução do consumo de forragem é
expressa como uma proporção da quantidade do suplemento consumido.
Assim, o coeficiente de substituição pode ser expresso pela equação:
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Descréscimo no consumo de forragem


Coeficiente de Substituição =
Quantidade de suplemento consumido

Há que se considerar que, quanto melhor for à qualidade da forragem,


maior será o coeficiente de substituição pelo suplemento. Nessa situação, o
coeficiente de substituição pode refletir a manutenção de um consumo de
energia constante, ou a diminuição da digestão da fibra, o que pode acarretar
decréscimo no consumo de forragem em decorrência da diminuição da taxa de
passagem.
A terminação de novilhos jovens, abaixo de 24 meses, exige elevados
níveis de fornecimento de concentrado no período seco. Fornecimento que
varia, entre 0,6% a 1,5% do peso corporal pode ser estabelecido de acordo
com a quantidade da forragem disponível, taxa de lotação a ser empregada e
viabilidade econômica. No entanto, a formulação dos suplementos e as
características das fontes energéticas fornecidas devem ser consideradas na
tomada de decisão.
Segundo Chamberlain (1996), a produção de proteína microbiana varia
com a natureza do substrato energético fornecido (amido, fibra solúvel, ou
açucares), podendo ocorrer efeito substitutivo de acordo com a interação
estabelecida entre pasto-suplemento. Neste aspecto merece destaque o nível
de suplemento fornecido aos animais.

5.2 – Suplementos de alto consumo para o período seco


O fornecimento de suplementos protéico-energéticos de alto consumo
durante a seca, cerca de 0,6 a 1,0% do peso corporal (PC), é realizado
principalmente para a terminação em que o objetivo é o abate de animais
precoces entre 24 a 27 meses de idade. O objetivo é conseguir ganhos de
peso entre 0,700 a 1,00 kg/dia e o suplemento deve conter entre 2 a 8% de
mistura mineral; 70 a 80% de energia; e 15 a 25% de proteína verdadeira.
Deve-se suprir cerca de 100% das exigências de sódio, microminerais e PDR;
e cerca de 60% das exigências de fósforo (PAULINO, 1999).
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Essas estratégias de utilização de altos níveis de suplementos são


comumente chamadas de semi-confinamento e os níveis de concentrado
utilizados deve levar em consideração questões econômicas, metas de ganho,
tempo de terminação, disponibilidade de forragem e estrutura adequada.
O confinamento Expresso®, ou confinamento no pasto, é outra
estratégia de engorda que permite terminar os animais na própria fazenda,
mesmo não possuindo a estrutura tradicional de confinamentos. Além disso, o
sistema permite uma tomada rápida de decisão quanto à terminação dos
animais com altos níveis de concentrado. A decisão será de acordo com
oportunidade de mercado, pois, não existe necessidade de produção
antecipada de volumoso, uma vez que os animais irão utilizar o pasto como
fonte desse alimento. Contudo, exige um correto planejamento de áreas de
pastagens a serem diferidas para acúmulo de forragem para utilização no
período de terminação. Outra vantagem é a mistura de 2 ou 3 ingredientes para
a formulação do concentrado, onde se tem um núcleo protéico ao qual é
acrescentado uma ou mais fontes energéticas.
O sistema de confinamento Expresso® consiste em alocar os animais
em uma determinada área de pasto, previamente vedada, e fornecer alimento
concentrado nas quantidades que podem variar de 1,2 a 2,0% do PC. A lotação
da área é determinada de acordo com a quantidade de concentrado fornecida,
disponibilidade de forragem e o tempo de permanência dos animais no
sistema.
As dietas utilizadas no confinamento Expresso® são conhecidas como
“dietas de alto grão”, as quais se caracterizam por alta produção de ácidos
graxos voláteis no rúmen, provocando baixos valores de pH. Nesse caso é
importante o tamponamento adequado da dieta para que limite a queda de pH
ruminal. Alternativas para isso é a adição de ionóforos e tamponantes.
Tanto no confinamento no pasto, quanto nos convencionais, é
imprescindível que se faça prévia adaptação dos animais de modo a prevenir
problemas metabólicos. A adaptação pode variar entre 7 a 14 dias dependendo
do nível de concentrado. Os ganhos de peso apresentados também são
dependentes do nível de concentrado, oferta de forragem e potencial genético
dos animais.
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O confinamento Expresso® é uma estratégia adequada de terminação


de bovinos com altas quantidades de alimentos concentrados, e se inclui no
conceito de melhora da eficiência nos sistemas de produção pecuária,
consideradas as vantagens listadas acima. Nesta análise pode-se incluir a
maior taxa de ganho de peso na fase de terminação, melhor rendimento e
acabamento de carcaça e, conseqüentemente, carne de melhor qualidade.
Na Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) no Pólo da
Alta Mogiana (Colina-SP), foi realizado um experimento para avaliar essa
tecnologia. O grupo de pesquisa testou duas formas de alimentação. Foi
fornecido aos animais a mesma quantidade de concentrado em porcentagem
do peso corporal (2% PC), sendo que metade dos animais receberam essa
alimentação em pastagens (Confinamento Expresso®) e a outra metade em
confinamento tradicional, ou seja, o que variou foram as instalações e a fonte
de fibra, que no confinamento expresso é representada pelo pasto.
O grupo de pesquisa constatou menor ganho em peso corporal nos
animais mantidos em pastagem (Figura 8), todavia esse foi compensado ao
final do período de confinamento pelo maior rendimento de carcaça dos
animais do confinamento Expresso®, em média o rendimento de carcaça foi
superior em 2 unidades percentuais. Desta forma, as arrobas ganhas no
confinamento nas duas estratégias foram próximas. O grupo de pesquisa inferi
que no confinamento Expresso® foi utilizado uma alta lotação 4 UA/ha (no
período seco) e ao final do período experimental havia baixa disponibilidade de
massa seca (<2.000 kg). Essa situação limitou o consumo de forragem e
provavelmente alterou a relação volumoso:concentrado pretendida que era de
20:80, possivelmente a taxa de passagem foi aumentada e a proporção do
conteúdo ruminal em relação ao peso corporal foi reduzida, elevando dessa
forma o rendimento de carcaça.
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Figura 8: Evolução do peso corporal de bovinos sob duas formas de


confinamento
Fonte: Moretti (dados em preparação)

6 – Planos nutricionais para terminação na seca


O estabelecimento de estratégias para terminação de bovinos de corte
em pastejo envolve obrigatoriamente o fornecimento de suplementos no
período seco, uma vez que, qualquer que seja a idade de abate do animal, ele
permanece na pastagem pelo menos por uma seca durante a sua vida.
A busca pelo aumento da eficiência técnica e econômica na produção de
carne de qualidade tem direcionado para sistemas de produção que abatem
animais jovens.
Desta forma, Siqueira et al. (2008) analisaram o crescimento de bovinos
associado a oferta de forragem ao longo do ano, e mostraram que a demanda
alimentar dos animais na segunda seca foi 65% superior a constatada no
mesmo animal na primeira seca (pós-desmama).
O aumento no ganho de peso dos animais durante a recria é
fundamental para o sucesso bioeconômico do sistema de produção, por ser
este um redutor do tempo de terminação e determinante para qual estratégia
de fornecimento de suplemento será realizada na terminação coincidente com
o período seco. Assim, o plano nutricional na vida desse animal sempre deve
ser mantido, ou ser crescente. Deve-se focar no objetivo que se deseja
alcançar com a suplementação durante a vida do animal, ou seja, qual idade de
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abate preconizada. O suplemento de seca deve ser balanceado para ganhos


semelhantes ou inferiores àquele esperado durante a fase subseqüente, de tal
forma que a taxa de crescimento do animal seja constante ou crescente
(Euclides, 2001).
Um dos fatores mais importantes para atingir peso de abate precoce é a
eficiência de ganho de peso nas diversas fases da curva de crescimento do
animal. A eficiência de crescimento de animais de corte é, principalmente,
função de duas características básicas: taxa de ganho e composição dos
tecidos depositados. (Paulino et al., 2004). Adicionalmente, o crescimento do
animal é alterado conforme a idade do mesmo desde a concepção,
nascimento, puberdade e até a maturidade. O peso acumulado do animal em
relação a sua idade segue uma curva sigmóide, com uma fase de pré-
puberdade de auto-aceleração do crescimento e de pós-puberdade de auto-
inibição (Owens et al., 1993).
Assim, na produção de animais precoces para abate, adequar a
disponibilidade de nutrientes às exigências dos animais durante as fases de
crescimento acelerado compreendido entre o nascimento e a puberdade (cria e
recria), constitui um dos maiores desafios no sistema. A estratégia de
suplementação (sal mineral com uréia; protéico de baixo consumo ou médio
consumo) a ser adotada logo após a desmama, por exemplo, que dependendo
da estação de monta coincide com o inicio da seca, será determinante para a
terminação ou não desse animal na seca seguinte.
A justificativa biológica para uma melhor adequação nutricional nesta
fase é devido à maior eficiência de utilização de nutrientes, energia e proteína,
no período compreendido entre o nascimento e a puberdade em que se
observam maior eficiência de conversão dos alimentos em peso corporal (kg de
MS/kg de ganho). Tal fato justifica-se pelo menor custo energético para
deposição de tecido muscular, o qual apresenta grande desenvolvimento nesta
fase (Cervieri et al., 2007).
O tecido adiposo é o ultimo a acentuar seu crescimento, quando o
acumulo de músculo começa a diminuir. A partir deste ponto a maior parte dos
alimentos fornecidos será convertida em gordura. Contudo, a gordura e o
músculo apresentam diferenças quanto à quantidade de energia consumida
necessária para deposição, apesar de que o tecido adiposo seja mais eficiente
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em termos de Mcal consumida/ Mcal depositada. O tecido muscular é


composto por 75% de água, necessitando menos energia para sua deposição.
Para a mesma quantidade de energia disponível (10 kcal) há a deposição de 4
vezes mais tecido muscular (2,8g) que adiposo (0,7g) (Cervieri et al., 2007).
Portanto, a suplementação é indicada na fase de recria, podendo ser
fornecida apenas na época seca ou durante toda a vida do animal. Esses
suplementos são fornecidos entre 0,1 a 0,4% de peso corporal ( % PC) na fase
de recria. Na terminação de machos usa-se na faixa de 0,6% a 1,0% do PC.
Deste modo, cabe ao produtor delinear de acordo com o nível de
intensificação que deseja implementar na propriedade a melhor estratégia de
terminação. Os animais podem ser abatidos como superprecoce no pasto com
até 18 meses de idade (Paulino et al., 2006b); o novilho precoce com abate até
22 meses; e abate entre 24 a 27 meses de idade. Assim, na escolha de
qualquer estratégia, o planejamento alimentar é primordial, passando pelo
correto manejo das pastagens e a estratégia de suplementação a ser adotada.

6.1 - Abate de novilhos entre 24 a 27 meses de idade


A estratégia para o abate de novilho precoce com idade entre 24 a 27
meses estabelece uma suplementação para ganhos moderados, 150 a 400
g/dia, na primeira seca de sua vida, sendo fornecido proteinado na quantidade
entre 1 a 4 g/ kg PC, dependendo das condições quali-quantitaivas da forragem
e do peso a desmama. Animais desmamados com peso superior a 200 kg
podem receber proteinados de baixo consumo, desde que não possua
limitações na oferta de forragem. Já aqueles desmamados mais leves devem
receber um proteínado de médio consumo para ganhos maiores.
Durante o período das águas esses animais são mantidos apenas com
sal mineral em pastagens que garantam ganhos médios diários acima de 0,500
kg/dia. Para a terminação dos animais na segunda seca, viabiliza-se ganhos de
peso corporal em torno de 0,700 a 1,0 kg/dia. Esse ganho só é alcançado
nessa fase, com elevadas quantidades de suplemento com fornecimento de
proteinados entre 6 a 10 g/ kg PC. Essa suplementação elevada só torna-se
viável caso se consiga abater esses animais no final da época seca, buscando
um diferencial na valorização da arroba.
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Nesse contexto, Euclides et al. (1998) verificaram que a suplementação


alimentar com concentrados durante o período seco do ano (8 g/ kg do PC)
propiciou uma redução na idade de abate de 5 a 13 meses. Sessenta bezerros
Nelores desmamados foram distribuídos nos seguintes tratamentos: A) os
animais não receberam suplementação; B) os animais receberam
suplementação somente no primeiro período seco; C) os animais receberam
suplementação apenas no segundo período; D) os animais receberam
suplementação nos dois períodos secos; e E) os animais receberam
suplementação no primeiro período seco e foram confinados no segundo. O
suplemento utilizado, em ambos os períodos, foi uma mistura de 75% de milho
desintegrado com palha e sabugo e 25% de farelo de soja. Os animais
atingiram o peso de abate aos 35,3; 30,6; 28,7; 26,6; e 22,6 meses,
respectivamente, para os tratamentos A, B, C, D e E.
Além da redução na idade de abate, outra vantagem da suplementação
durante o período seco é o incremento na capacidade de suporte da pastagem,
permitindo trabalhar com uma maior taxa de lotação. Euclides et al. (2001)
avaliando a eficiência de estratégias de suplementação para redução na idade
ao abate, concluíram que a suplementação no período seco reduz a idade ao
abate para 22-24 meses e ainda proporcionou um incremento na capacidade
de suporte da pastagem no período seco de 24 a 30%.
Detmann et al. (2004) avaliaram níveis de proteína bruta em
suplementos múltiplos para terminação de novilhos durante a segunda seca da
vida do animal. Foram fornecidos suplementos, na quantidade de 4
kg/animal/dia, constituídos por fubá de milho, grão de soja integral, uréia,
sulfato de amônia e mistura mineral, sendo formulados para apresentarem
níveis de 12, 16, 20 e 24% de proteína bruta (PB), com base na matéria natural
e mais um tratamento controle. Os ganhos médios foram de 0,277, 0,684,
0,811, 0,983 e 0,800 nos tratamentos sal e 12, 16, 20 e 24% de PB,
respectivamente. Com base nos resultados os autores determinaram o nível de
20% proteína como sendo o ótimo para suplementos para terminação de
bovinos a pasto, durante a época seca.
Santos et al. (2004b) avaliaram a terminação de novilhos mestiços
Limousin X Nelore com diferentes concentrado. Os animais com peso médio de
367 kg receberam suplementos com 24% PB na quantidade de 10 g/ kg do PC.
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Os animais suplementados obtiveram um ganho médio de 915 g/dia e os não


suplementados de 104 g/dia. Em experimento avaliando grão de soja e caroço
de algodão em suplementos múltiplos para terminação, Paulino et al. (2002a)
conseguiram ganhos perto de 1,2 kg/dia com animais de idade e peso iniciais
de 24 meses e 361 kg respectivamente. Os suplementos com 20% PB e
fornecidos a uma quantidade de 4 kg/dia proporcionaram pesos médios finais
de 460 kg.
Para animais que são terminados durante o período das águas
subseqüente, com idade média de 30 meses a suplementação só é praticada
durante o período seco com suplementos proteinados fornecidos entre 1 a 4 g/
kg PC.

6.2 - Abate de novilhos abaixo de 24 meses de idade


A terminação de novilhos com idade inferior a 24 meses exige um
planejamento nutricional mais preciso e a suplementação é estabelecida após
a desmama até o abate. As metas de ganhos de peso na primeira seca do
animal são maiores, ou seja, no período pós-desmana. Nesta estratégia, o
objetivo é a terminação dos animais no inicio da próxima seca, eliminado a
segunda seca da vida do animal. Contudo, questões mercadológicas referentes
a esse sistema devem ser consideradas, principalmente relacionado ao custo
final da arroba produzida e o preço pago pela arroba no período de abate.
O peso a desmama dos animais no final do outono deve estar acima de
180 kg/PC e os ganhos obtidos nesta fase devem ser acima de 500 g/dia.
Assim, na primeira seca, realiza-se uma suplementação com proteinado de
médio consumo que possa promover um consumo em torno de 1 a 4 g/ kg PC.
Trabalhos como de Carvalho et al. (2009) e Gomes Junior et al. (2002)
fornecendo proteinados na faixa de 6 g/ kg PC obtiveram ganhos médios
diários de 700 e 470 kg/dia, respectivamente. Os ganhos obtidos nesta época
do ano são em função, principalmente, da quantidade e da qualidade da
forragem. Quanto maior a oferta de forragem de qualidade menor a
necessidade de suplementos para atingir ganhos mais elevados.
No final do inverno e inicio da primavera iniciam as primeiras chuvas
promovendo mudanças na estrutura do dossel forrageiro e na qualidade da
forragem disponível. Este período é caracterizado de transição seca-águas
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onde ocorre o surgimento dos primeiros perfilhos que são aquosos, tenros,
ricos em nitrogênio não protéico, com baixo conteúdo de matéria seca. Verifica-
se assim, uma rejeição da forragem remanescente do período seco pelos
animais, que preferem as novas brotações, ainda escassas e insuficientes para
atender o consumo (Paulino et al., 2002b).
Quando o objetivo é o abate de animais no final do período chuvoso
subseqüente é necessário manter um plano nutricional crescente e para isso o
fornecimento de suplementos nesta época deve ser mantido, de acordo com a
qualidade e quantidade da forragem. Os animais devem receber suplementos
na ordem de 3 a 4 g/ kg PC. A utilização de suplementos nesta fase passa pelo
questionamento de qual nível de PB deve ser incluído para melhor eficiência
econômica e produtiva. Neste contexto, Moraes et al. (2006) concluíram que a
suplementação apenas com energia não atende as exigências de compostos
nitrogenados para ganhos elevados na transição seca-águas. O fornecimento
de proteinados na faixa de 3 g/ kg PC com 24% de PB proporcionaram a
melhor resposta produtiva com ganhos médios diários que chegaram a 1
kg/dia.
No período das águas, as estratégias de suplementação mudam, porém
os objetivos são os mesmos, manter um plano nutricional ascendente para
terminação dos animais. Neste período, as forragens são classificadas como
de média a alta qualidade, com teores de compostos nitrogenados acima do
mínimo recomendado para plena atividade das bactérias que utilizam os
carboidratos estruturais. Deste modo, o foco não está apenas na utilização
eficiente da forragem disponível, haja vista que na seca não possui
crescimento e sim utilização da forragem acumulada durante o diferimento, à
suplementação entra como uma ferramenta de auxilio ao manejo do pastejo
priorizando maior ganho por animal e por área.
O manejo correto das pastagens aliado a suplementação estratégica
pode ensejar ganhos superiores a 1,0 kg/dia. A terminação durante o período
das águas torna-se vantajoso pela menor necessidade de suplementação para
atingir altos desempenhos. A suplementação neste período deve ser de acordo
com a qualidade da forragem, pois geralmente não possui limitação
quantitativa. Para isso suplementação entre 1,5 a 3 g/ kg PC podem ser
implementados.
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Trabalhos de pesquisa conduzidos na FCAV/UNESP Campus de


Jaboticabal tem gerado informações relevantes sobre estratégias de manejo do
pasto e suplementação no período das águas. No período das águas de
2010/2011 Oliveira (dados não publicados) avaliou três alturas de pastos (15,
25 e 35 cm) Brachiaria brizantha cv. Marandu e dois suplementos protéico-
energéticos com 18% PB (Um com fonte de energia amilácea e outro com fibra
solúvel fornecidos na faixa de 3 g/kg PC) e mistura mineral na recria de
novilhos nelores. Os resultados mostraram a importância da suplementação e
do manejo do pasto. Animais suplementados e mantidos nos pastos nas alturas
de 25 e 35 cm obtiveram ganhos acima de 1 kg/dia, enquanto animais que
receberam mistura mineral apresentaram ganhos de 0,618 e 0,832 kg/dia,
respectivamente.
No período de transição águas-seca podem ocorrer mudanças
estruturais nos pastos como redução de massa total, oferta de folhas verdes e
aumento na proporção de material senescente e colmos. Deste modo, para
terminação dos animais antes do inicio da seca a suplementação na ordem de
4 a 6 g/ kg PC deve ser estabelecido nesta fase. Partindo deste principio, Sales
et al. (2008) avaliaram níveis de uréia em suplementos múltiplos para
terminação de bovinos em pastagens de Brachiaria brizantha no período de
transição água-seca. O consumo de suplemento foi de 1,5 kg/dia por animal,
cerca de 4 g/ kg PC e os ganhos médios foram acima de 500 g/dia. Barbosa et
al. (2007) no mesmo período de transição conseguiram ganhos acima de 700
g/dia com consumo de suplementos, energético-proteícos, em torno de 4 g/ kg
PC.
Villela (2004) trabalhou com fontes de proteína em suplementos
múltiplos para obter o novilho precoce criados no pasto com idade entre 20-22
meses. Assim, para terminação dos animais no período de transição o autor
trabalhou com uma suplementação pós-desmama de 5g/ kg PC no período de
seca; 1 kg/dia de suplemento na transição seca-água; e uma suplementação
de 1,7 g/ kg PC (500 g/dia) durante as águas.
Portanto, com estratégias corretas de manejo do pasto e suplementação
estratégica é plenamente possível o abate de animais entre 20 a 24 meses de
idade antes de iniciar a 2º seca da vida do animal.
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6.3 - Efeito do histórico alimentar sobre o desempenho na terminação


Atualmente estudos conduzidos na Apta Regional - Alta Mogiana
(Colina-SP), na FCAV / Unesp – Campus de Jaboticabal e na EPAMIG de
Uberaba tem avaliado os efeitos das estratégias de suplementação na recria e
seus impactos sobre a fase de terminação. O objetivo central é avaliar se o
aumento do padrão nutricional na fase de recria reduziria o desempenho dos
bovinos na fase da seca.
De forma geral, observou-se que mais determinante que a suplementação
na época de recria é o nível nutricional na fase de terminação (Tabela 1).
Nesses estudos, os animais foram recriados, na época das águas, em
pastagens intensivamente manejadas o que propiciou ganhos em peso
corporal adequados e a fase de terminação ocorreu de duas formas,
confinamento ou em pastagem. No pasto procedeu-se a suplementação que
variou de 3 a 8 g/ kg PC, porém na sua maioria na época da seca.

Tabela 1. Ganhos em peso corporal de bovinos terminados em pastagem


recebendo suplementação, em função da suplementação recebida
na recria
Dif
3 3 Autores
Suplemento GPD r GPD t Recria3 Dif term3
Sal 0,742 0,870
1 Fernandes et al.
0,4 %PC 0,881 0,850 0,139 -0,020
(2003a)
0,7 %PC 1,041 0,790 0,299 -0,080
Sal 0,770 1,120 Fernandes et al.
0,6 %PC 1,060 1,100 0,290 -0,020 (2003b)
Sal 0,460 0,375
0,3 %PC 0,638 0,350 0,178 -0,025
2
Pasto - 15 0,406 0,406 Casagrande (2010)
Pasto - 25 0,559 0,342 0,153 -0,064
Pasto - 35 0,682 0,341 0,276 -0,065
Sal 0,583 0,300
0,3 %PC 0,768 0,252 0,185 -0,048
0,3 %PC 0,772 0,256 0,189 -0,044
Vieira et al. (2010)
Pasto - 15 0,609 0,300
Pasto - 25 0,731 0,243 0,122 -0,057
Pasto - 35 0,783 0,264 0,174 -0,036
Sal 0,580 0,589
0,1 %PC 0,684 0,409 0,104 -0,180 Sampaio (2011)
0,3 %PC 0,822 0,298 0,242 -0,291
1 %PC: porcentagem do peso corporal, 2: Altura do pasto, 3-GPDr: ganho em peso na recria,
GPDt: ganho em peso na terminação, Dif recria: diferença do ganho dos animais
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suplementados em relação aos que receberam sal mineral, na fase da recria Dif term: diferença
do ganho dos animais suplementados em relação aos que receberam sal mineral, na fase da
terminação

Constata-se pela análise da Tabela 1, que em todos os experimentos


sempre os animais que apresentaram maiores ganhos em peso na fase de
recria, quer seja, devido a suplementação ou pela maior oferta de pasto de alta
qualidade, na fase de terminação apresentaram menores ganhos em peso. É
importante ressaltar que a explicação para esse fato não se baseia em ganho
compensatório, pois os animais na fase de terminação tiveram ganhos em peso
semelhantes ou inferiores, quando contrastados com os ganhos na fase de
recria na época das águas. Uma explicação para esse fato está baseada no
aumento da exigência de mantença dos animais que foram melhores
alimentados na fase de recria, principalmente devido ao possível aumento do
tamanho dos órgãos como fígado e rins que são grandes drenos energia.
Desta forma, aconselha-se aos produtores que escolham as estratégias
de suplementação a serem praticadas pensando no desempenho produtivo,
taxa de lotação e o tempo para terminação no período seco. Quando os
animais desses experimentos foram terminados em confinamento, ou seja, em
um nível nutricional superior aos que eles vinham recebendo, em poucos casos
houve diferença na taxa de ganho em peso.

7 - Considerações Finais
Nos sistemas de produção com base na utilização de pastagens de
gramíneas tropicais, é fundamental o ajuste entre a disponibilidade de
nutrientes às exigências dos animais durante todo o ciclo de produção. Em
função das variações quanti-qualitativas observadas ao longo do ano, a
associação do manejo das pastagens com vistas a propiciar alta quantidade de
forragem com matéria seca potencialmente digestível é imprescindível.
O abate de animais precoces em pastagens exige um planejamento
nutricional eficiente para atingir as metas preconizadas. O entendimento das
complexas interações existentes entre o consumo e a digestibilidade da
forragem em resposta a suplementação da dieta dos animais em pastejo
permite o planejamento da suplementação, considerando os aspectos relativos
às características do suplemento, as quantidades a serem fornecidas e a época
do ano a ser adotada. As interações entre qualidade, quantidade de forragem e
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as características quantitativas e nutricionais dos suplementos propiciam a


exploração do potencial dos animais e das pastagens conjuntamente.
Obrigatoriamente qualquer estratégia a ser delineada envolve a recria
e/ou terminação coincidente com o período seco do ano. Aliado a isto se tem o
desafio de através do manejo dos pastejo no período das águas, explorarem,
conjuntamente o potencial de ganho dos animais, concomitantemente ao da
pastagem, ou seja, o ganho por área.
O planejamento de estratégias de diferimento para produção de
forragem a ser utilizada no período seco deve levar em consideração a espécie
forrageira, tempo de diferimento, época de utilização e estratégias de adubação
nitrogenada. Esses fatores serão determinantes na quantidade da forragem
acumulada e principalmente do seu valor nutritivo, uma vez que, o sucesso do
fornecimento de nutrientes via suplemento no período seco, esta diretamente
associada à qualidade da forragem e dos teores de fibra potencialmente
digestível.
De acordo com a quantidade e a forragem disponível poder-se-á
planejar qual a melhor estratégia de suplementação para animais em recria e
terminação, traçando um plano nutricional ascendente de acordo com os
objetivos do produtor, idade de abate.
A adoção de um plano nutricional ascendente, que permita o atendimento dos
requerimentos de mantença e ganho de acordo com o peso do animal é
imprescindível para utilização de altos níveis de concentrado no período seco
do ano. Os ganhos de peso a partir da primeira seca e fases subseqüentes
devem ser semelhantes ou superiores ao registrados no período anterior, sob
pena de comprometer os investimentos desprendidos e a viabilidade
econômica da terminação com altos níveis de concentrado.
Deste modo, a terminação de bovinos em pastejo envolve
primeiramente a viabilidade econômica. Apesar de que as estratégias de
manejo de pastagens e suplementação ser dependentes da meta a ser
alcançada, a escolha destas deve ser fundamentada em uma analise
econômica. A rentabilidade das estratégias deve constituir-se no norteador na
escolha do manejo do pastejo, suplementos e da época de suplementação.
Para isso as metas devem ser previamente estabelecidas e planejadas
como a idade e peso de abate e a época do ano em que os animais serão
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terminados. A partir de então se deve avaliar com clareza a necessidade ou


não do uso da suplementação nas diferentes épocas do ano de acordo com os
objetivos traçados. O nível de suplementação, período e formas de
fornecimento, e composição dos suplementos devem ser delineados de acordo
com os recursos forrageiros basais e o manejo praticado nas pastagens. Os
custos diretos com distribuição de suplementos e mão de obra devem ser
computados no planejamento.
Outra questão importante é o potencial genético dos animais, pois, as
respostas biológicas do animal dependem do seu potencial. Os animais
oriundos do cruzamento entre zebuínos e taurinos respondem mais a
suplementação que os zebuínos.
A disponibilidade de grãos e subprodutos na região que está inserida a
propriedade também deve ser levado em consideração. A oferta e demanda
destes produtos vai ditar os preços dos suplementos pagos pelo produtor.
Questões mercadológicas e logísticas são fatores cruciais para viabilizar a
adoção deste sistema de terminação.
Todos esses fatores não devem ser negligenciados na escolha de
qualquer estratégia de terminação com uso de suplementos. O conhecimento
dos custos da arroba produzida é primordial para estabelecer estratégias que
tragam maior rentabilidade, se atentado para variações no preço da arroba e
dos insumos necessários.
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