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MEIO TÉCNICO CIENTÍFICO INFORMACIONAL:

Novas configurações do território brasileiro

Thyago Serrão Almeida1

RESUMO
Este se debruça sobre as (re) configurações do Território brasileiro a partir da inserção
do meio Técnico Científico Informacional. Desta feita, tem-se com primordial intenção
estabelecer a relação o qual se dá entre a difusão desse meio e a (re) organização do
Território valendo-se para isso da perspectiva a reação a esse avanço sobre
ecossistemas frágeis com a Amazônia e o Cerrado, mas para esse último inferindo a
sua interdependência e interligação proporcionada pela Globalização em uma
remodelação do conceito geográfico de Território. Isso se deve a possibilidade de
apreensão da realidade por meio da teoria de Santos quanto ao uso da Técnica e a
compressão espaço tempo nas novas relações sócias sob o capitalismo monopolista.
Desta feita, a elaboração deste envolveu uma pesquisa bibliográfica que engendraram
na conquista da efetivação da inquietação proposta.

Palavras-chave: Território; Meio Técnico Cientifico Informacional

INTRODUÇÃO

Compreender como se conforma o Território brasileiro da metade do século


XX para cá nos auxilia não semente a inferir as mudanças imprimidas ao Território,
mas também determinar quais são os fatores externos e infernos que juntos
possibilitaram essas modificações. Desse modo, a apreensão do Território se torna
clara a partir elementos constitutivos das dinâmicas políticas, sociais, econômicas e
recentemente ambientais que colmatam as novas configurações do Território
brasileiro dando-o vida. A essas novas configurações podemos ressaltar a importância
do meio Técnico científico informacional na reorganização de elementos constitutivos
do Território.

1
- Discente do Curso de Licenciatura em Geografia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Pará - IFPA campus Belém. E-mail: thyago.allmeida@gmail.com
Desta feita, qual é a relação entre a difusão do meio Técnico Científico
Informacional e a nova organização do territorial brasileira?

Responder a essa pergunta é as demais que possivelmente podem surgir


aglutinam as indagações de modo que elas se constituam em alguns eixos de
respostas. A priori, intenta-se entender como o meio Técnico Científico Informacional
possibilitou uma nova conformação do Território brasileiro.

A posteriori, intenta-se conceber como isso se deu e quais os


desdobramentos mais relevantes economicamente e ambientalmente. Esses dois
eixos propostos contribuem decisivamente para presumir como o Território se
diferenciou com as décadas passadas.

Assim, economicamente observa-se quais seriam os avanços feitos com a


captura do território a partir da segunda metade do século XX. E nesse bojo os seus
processos, a configuração e reconfiguração do uso do Território capturado. E a partir
disso, as novas formas de uso traduzidas em discurso e ação governamentais.

Para tal, considerou-se incialmente que as contradições na captura do


Território engendrariam fragmentações territoriais e a mescla de meios técnicos
produzindo diversamente as novas configurações territoriais e resistências a elas.
Assim realizou-se revisão bibliográfica de modo conceber primeiramente o como o
homem relaciona-se com a Técnica, a sua evolução, o incremento de ciência a técnica
e como isso se deu no Território identificando as novas configurações.

Isso tudo se dá de forma a compreender como a formações territorial brasileira


e sua importância para perceber processos e quais são os atores envolvidos
possibilitando uma análise holística e fidedigna da realidade das configurações
territoriais e quais as importâncias do Meio Técnico Científico e Informacional para a
conformação disso e reelaboração do Território.

Destarte, este se divide em duas partes. A primeira discutindo os conceitos


empregados e a segunda relacionando-os propondo uma análise do avanço dos
Meios Técnicos Científicos e Informacionais sobre o Território e a organização
territorial brasileira na sua vertente ambiental e agrícola.
PRESSUPOSTOS TEORICOS

A priori, deve-se pensar o que vem a ser o Território para depois constituir
mecanismos de análise e assim reunir elementos basilares para proceder a
identificação dos atores e dos processos norteadores das (re) configurações do
Território brasileiro. Assim temos segundo Gottmann que o Território:

[...] é uma porção do espaço geográfico que coincide com a extensão espacial
da jurisdição de um governo. Ele é o recipiente físico e o suporte do corpo
político organizado sob uma estrutura de governo. Descreve a arena espacial
do sistema político desenvolvido em um Estado nacional ou uma parte deste
que é dotada de certa autonomia. Ele também serve para descrever as
posições no espaço das várias unidades participantes de qualquer sistema
de relações internacionais. Podemos, portanto, considerar o território como
uma conexão ideal entre espaço e política. Uma vez que a distribuição
territorial das várias formas de poder político se transformou profundamente
ao longo da história, o território também serve como uma expressão dos
relacionamentos entre tempo e política.

Observando isso, tem-se que são as relações de poder que materializadas no


Território que constituem os Estados Nação. É nesse lócus de exercício da política
que a conformação territorial se valida e estabelece contornos definidos de atuação.
Isso se demonstrou na primeira abordagem sobre o Território da Geografia como
ciência.

Tendo isso em vista e admitindo que as relações de poder são exercidas


desde os primórdios da existência da vida observa-se que as primeiras noções de
Território como conceito geográfico iniciam-se com os escritos de Ratzel. Esse autor
escreve em um contexto ímpar – A formação tardia de estados – nações na Europa
central. Nesses escritos o autor baseia-se na naturalização da relação do Estado
Nação com solo em uma imbricada simbiose para justificar o expansionismo
germânico e validade da territorialidade desse. Como aponta Castro Apud Souza:

O primeiro grande autor da Geografia Política, o alemão Friedrich Ratzel, nos


oferece por meio de sua Politisch Geographie (Ratzel, 1974) um exemplo
espetacular e seminal desse tipo de discurso sobre o território
essencialmente fixado no referencial político do Estado. (2010, 85 p.)
É sob essa perspectiva que o conceito de Território sofre um ostracismo
devido a emergência de outros elementos de análise avançando pouco na sua
discussão epistemológica. Contudo, sob a influência da dialética materialista como um
todo na ciência geográfica o conceito de Território é retomado segundo Terra:

Com o advento da Geografia Crítica calcada no materialismo histórico


dialético esse conceito foi retrabalhado com base na proposição marxista de
que a definição do território passa pelo uso que a sociedade faz de uma
determinada porção do globo, a partir de uma relação de apropriação,
qualificada pelo trabalho social. Ou seja, emerge na Geografia uma grande
preocupação em compreender as contradições sociais, as transformações
econômicas e políticas, assim como a reorganização territorial do espaço
mundial. Processos que se acentuaram e intensificaram no final do século
XX, em decorrência da atual fase de expansão do capitalismo, chamada
globalização econômica. Fase esta que se caracteriza pela flexibilização da
produção em escala mundial e, conseqüentemente, pela intensificação dos
fluxos de capitais, mercadorias, pessoas e informações entre os mais
diferentes pontos do planeta. (2009, 22 p.)

Essa nova possibilidade advinda do método dialético materialista reintroduz o


conceito de Território na seara das possibilidades de análise geográficas incorporando
novas roupagens. Dessa forma, a abordagem a ser feita é a da apropriação dos
espaços mediados pelas relações sociais entre os homens (TERRA, 2010, 23 p.)

Destarte, as relações sociais mediam as relações político econômicas (re)


configurando o Território de acordo com as determinações dos fatores produtivos de
produção vinculando a análise territorial ao processo de Globalização econômica e
política.

Isso se traduz em uma dinâmica muito maior do que aquela do conceito


clássico de Território uma vez que há a interpendência entre os estados e não mais
uma conformação do Território sob a jurisdição única, entrementes o
compartilhamento e até a superposição de competências.

Mediante isso, a análise do Território toma corpo a partir de como o homem


se apropria dos recursos naturais mediado pelas relações econômicas e sociais. Isso
na teoria de Santos () remete-se a apropriação do espaço pela técnica. A priori, o
homem ao se relacionar com a natureza a constitui de única fonte de subsistência. Da
de caçadores e coletores a agricultores, o homem perpassa por um salto técnico
advindo da sedentarização decorrente do aumento dos recursos e a ampliação sobre
o domínio do Território.
Após isso, e a melhora na apropriação dos recursos observa-se a sucessão
de técnicas que regidas pelos interesses de acumulação absorvem cada vez mais
espações criando novos Territórios de exploração. Nesse momento há a expansão
europeia sobre os outros continentes anteriormente desconhecidos. Os Territórios
antes coesos e inseridos em dinâmicas locais se interconectam em tempos mais
curtos e intercalados por mais dinamismos econômicos e sociais. A técnica toma
corpo em uma pré acumulação de capital e na reorganização produtiva antecedente
a Revolução Industrial.

Indiscutivelmente, o Território anteriormente fragmentado se constitui em


unicidade sob a égide do Estado Nação e da constituição da identidade nacional. É
sob essa égide que o Estado Nação assume o status de promotor da incorporação de
mais Territórios.

Isso será importante na absorção de recurso e acumulo capital que


engendrará o processo de mecanização do Território e a consequente diminuição do
espaço tempo em um reflexo claro do incremento da técnica pela maquinaria advinda
da revolução técnica do século.

Nesse intento de constituir um espaço global de Territórios conectados e


interdependente a revolução técnico cientifico informacional toma corpo com a
constituição de rede de informação (internet), distribuição e controle. Agora as a
proteção estatal para a atividade produtiva anteriormente necessária se desfaz uma
vez que as empresas se territorializam e desterritorializam na velocidade dos seus
investimentos. O tempo torna-se relativo e o espaço maleável.

O TERRITÓRIO BRASILEIRO: NOVAS (RE) CONFIGURAÇÕES

Os sucessivos meios técnicos no Brasil potencializaram a acumulação de


capital necessária a inserção do país na condição de economia periférica industrial
em meados do século XX. Anteriormente a isso, o pais viveu sucessivas
configurações econômicas e sociais passando pela economia colonial escravocrata e
república aristocrata.
Nessas sucessivas técnicas se sobrepuseram sobre o Território e
conformaram o que hoje são e o espaço geográfico nacional. Isso se deu de forma a
capturar o Território acrescentando novos espaços a dinâmica da economia da
sociedade capitalista emergente da ruptura das condições pré-capitalistas advindas
do acumulo de capitais oriundos das exportações de produtos primários.

Isso ensejará uma nova conformação territorial com a captura de regiões


como a Amazônia e o Centro Oeste em lógicas distintas, contudo complementares.
As políticas sucessivas dos governos militares em consórcio com o capital nacional e
estrangeiro renovará o nacional desenvolvimentismo em uma clara intervenção no
Território. Anteriormente pouco fluido o Território agora se encontrava em via de
conexão e expansão da sua interdependência.

A economia tornava-se de fato nacional e ensejava a conformação dos


espaços opacos e luminosos. Dos lugares de mando e obediência. Essa expansão
somente foi possível a necessidade de gerenciamento do Território na coleta de
informações, controle delas, e ações a partir do que se dispunha. Isso somente foi
possível graças a evolução técnica oriundas da terceira revolução industrial que
possibilitaram a troca de informações, movimentação de capitais e pessoas a uma
velocidade inimaginável.

Sendo assim a captura do Território somente foi possível graças a essa


dotação de meios técnicos científicos informacionais ao Território tornando-o fluido
para a circulação.

Embora essa circulação tenha favorecido o crescimento econômico e a


implantação de redes técnicas favoreceu o domínio do territorial a sobreposição de
Territórios após o fim do regime de exceção demonstrou-se nefasta devido a
marcadamente exclusão de parcelas da população devido a fragmentação territorial e
a inserção desigual na apropriação dos recursos e na Globalização.

Essa desigualdade engendrará a reações quanto a apropriação dos


Territórios principalmente na Amazônia onde o fator ambiental se levantará
juntamente com aqueles que sobrepujados pelas redes e projetos fragmentários de
incorporação do Territórios se viram marginalizados diante da inserção da
Globalização.
A inserção do Território Amazônico facilitará a tomada de decisões,
conhecimento sobre a região e em um sentido duplo tanto de extensão dos meios
técnicos científicos e informacionais quanto de resistência a isso com a reconfiguração
e reafirmação de identidades e territorialidades. A possibilidade da captura do
Território Amazônico pelas Meio Técnico Científico Informacional vislumbra até uma
certa perda de controle sobre a floresta.

Essa mesma perda de controle se observa nos ambientes onde o Meio


Técnico Científico Informacional mais precisamente se instalou. A corrida para o
Oeste produziu a revolução verde brasileira e conformou essa região como centro e
irradiadora dos mais modernos centros de cultivos do país.

Isso foi possível graças a intensa pesquisa sobre a região de cerrado e


adaptação de variedades vegetais a essa região em uma intensa relação com o fator
global como acontece na Amazônia brasileira quanto a sua preservação e
conservação.

Igualmente a Amazônia o Meio Técnico Científico Informacional possibilitou a


circulação e o dinamismo no Território do sistema de produção Capitalista. A
possibilidade de terras mais baratas e o crédito fácil fomentaram a ida de milhares
migrantes que viam nessa empresa uma oportunidade de melhora das suas condições
de vida. Esses migrantes, provenientes, principalmente; dos estados do Sul se
expandiram com a inserção da soja como cultura dominante promovendo a
fragmentação territorial ou contribuindo para discursos pró fragmentação.

Isso decorre do fato de que com a maior circulação de pessoas e a interligação


dos espaços aos espaços globais os centros de políticos muitas vezes destoam
daqueles onde a reprodução das condições de aglutinação do Meio Técnico Científico
Informacional se tornam evidentes. Isso contribui para a fragmentação e sobreposição
políticas.
CONSIDERAÇÕES PARCIAIS

O Território nacional é a conformação de sucessivos meios Técnicos que


engendraram a realidade atual. Essa realidade constitui uma maior absorção de
Territórios pelo Meio Técnico Científico Informacional. Esse meio técnico alicerçado
por um Território somente é possível devido a releitura do conceitual dessa categoria
da Geografia.

A incorporação de Territórios suscitou as a captura de regiões anteriormente


desconexas e possibilitou o domínio de vastos espaços. Contudo, essa inserção
suscitou a reação dos excluídos no processo e difusão do Meio Técnico Científico
Informacional. Essas reações motivaram a nova configuração do Território baseada
na interligação e interdependência do Territórios a lógicas nacionais e internacionais.
O discurso Ambiental e necessidade de ampliação da produção e interconexão dos
ambientes produtivos ensejou um crescente aumento das áreas sob julgo do Meio
Técnico Científico Informacional.

Esse mesmo Território, antes visto na sua perspectiva clássica, hoje se torna
central nas discussões geográficas e de Estado. Hoje, não mais como no século XIX
o Território não é mais somente o espaço de poder e do seu exercício, mas é também
reflexo e imediato ambiente da Globalização. Essa que homogeniza os discursos e
atuação dos atores sob o Território.

Isso somente é possível graças as modificações técnicas e científicas


decorrentes dos processos de readequação do sistema capitalista inerentes a quebras
dos paradigmas do mundo fordista.

Nesse ínterim, a apropriação do Território nacional sofreu modificações,


especialmente na Amazônia, contudo sofrendo reações diferentemente das
verificadas no Cerrado. Isso proporcionará distintas situações.

O uso do Território muda, mudam-se seus atores e esses interconectados e


interdependentes o utilizam fragmentariamente.
REFERÊNCIAS

CASTRO, Iná Elias de GOMES Paulo Cesar da Costa CORRÊA Roberto Lobato
Geografia conceitos e temas 13 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2010 352 p

GOTTMANN, Jean Evolução do conceito de território Boletim Campineiro de Geografia, v.


2, n. 3, 2 012.

TERRA, Ademir Evolução histórica da categoria geográfica território e a sua atual


multiplicidade interpretativa. Caderno Prudentino de Geografia, nº31, vol.1, 2009.

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