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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Litispendência, Coisa Julgada, Perempção e Convenção de Arbitragem


Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online

�L ITISPEDÊNCIA, COISA JULGADA, PEREMPÇÃO E


CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM

Relembrando!
No bloco anterior, além do interesse de agir, foi observado que existem os
requisitos negativos. No caso concreto não pode existir a configuração da
litispendência, coisa julgada, perempção e convenção de arbitragem.

REQUISITOS OBJETIVOS EXTRÍNSECOS NEGATIVOS DE VALIDADE


DO PROCESSO

Se existirem, impedem a formação válida do processo e por isso são negati-


vos, ou seja, deve-se demonstrar que eles não estão presentes.
Esse tema é tratado no art. 485 do CPC, mas é importante destacar, nesse
sentido, o art. 337:

Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:


(...)
V – perempção;
VI – litispendência;
VII – coisa julgada;
(...)
X – convenção de arbitragem;
(...)

A perempção, a litispendência e a coisa julgada são consideradas matérias


de ordem pública, isso quer dizer que podem ser conhecidas de ofício pelo juiz
ou mesmo alegadas pelo réu a qualquer tempo, enquanto pendente o processo.
Nos casos de coisa julgada ainda é cabível a denominada ação rescisória.
Essa é uma ação autônoma de impugnação, utilizada quando se está diante de
uma decisão de mérito que já transitou em julgado (art. 966, IV, CPC).
A convenção de arbitragem não pode ser conhecida de ofício pelo juiz e deve
ser alegada na preliminar de contestação, caso contrário, haverá a preclusão.
ANOTAÇÕES

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Julgado do TJDFT
APELAÇÃO CÍVEL. PROCESSUAL CIVIL. COISA JULGADA. INOCORRÊN-
CIA. SENTENÇA PARADIGMA NÃO TRANSITADA EM JULGADO. IDENTI-
DADE DE PARTES, CAUSA DE PEDIR E PEDIDO. LITISPENDÊNCIA CONFI-
GURADA. EXTINÇÃO DO FEITO. ART. 485, INCISO V, NCPC.

 Obs.: a litispendência ocorre quando há duas lides pendentes, ou seja, duas


demandas idênticas tramitando ao mesmo tempo. Para se identificar se
uma demanda é idêntica à outra, é necessário analisar os elementos da
demanda: partes, causa de pedir e o pedido. Ocorrendo a litispendên-
cia, uma das demandas será julgada e a outra será extinta sem a resolu-
ção do mérito. Geralmente, a ação que é julgada é aquela que foi regis-
trada ou distribuída primeiro. Tal situação é diferente da coisa julgada que
ocorre, por exemplo, quando alguém ajuíza uma ação para discutir maté-
ria que já transitou em julgado.

1. Nos termos do art. 502 do NCPC "denomina-se coisa julgada material a autori-
dade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso".
2. A imutabilidade gerada pela coisa julgada material impede que a mesma
causa seja novamente enfrentada judicialmente em um novo processo. In casu,
considerando não ter havido o trânsito em julgado da sentença paradigma, a
qual se encontra pendente de julgamento recurso de apelação, não há que se
falar em coisa julgada.

Obs.:
 para que se configure a coisa julgada, é preciso que a matéria que foi objeto
da primeira ação já tenha sido julgada e sobre ela não caiba mais recurso
(transitou em julgado). Se há uma ação em curso e outra pessoa ajuíza
uma ação concomitante, essa situação é considerada litispendência.

3. Todavia, tratando-se a presente ação de reprodução de reconvenção ante-


riormente ofertada e cujo processo se encontra pendente de julgamento de
recurso, revelando-se, assim, a identidade dos elementos caracterizadores da
litispendência, com as mesmas partes e causa de pedir, mantém-se a extinção
do feito sem julgamento do mérito, porém, com fundamento diverso.
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4. Recurso desprovido.
(Acórdão n.1045135, 20150710161213APC, Relator: GETÚLIO DE MORAES
OLIVEIRA 7ª TURMA CÍVEL, Data de Julgamento: 23/08/2017, Publicado no
DJE: 12/09/2017. Pág.: 544-547)

No julgado acima, ocorreu a seguinte situação: o autor propôs uma determinada


ação contra o réu, porém o réu apresentou uma reconvenção (fez alguns pedidos
dentro do processo). Porém, esse processo está em grau de recurso, o que não
configura coisa julgada. Assim, o réu decidiu entrar com uma ação contra o autor,
porém essa é uma reprodução da reconvenção por ele feita e que ainda está pen-
dente de recurso no primeiro processo. Então, dessa situação pode-se entender
que há duas ações idênticas tramitando simultaneamente e, portanto, o Tribunal
entendeu que trata-se de um caso de litispendência e não de coisa julgada.

CPC
Art. 337. (...)
§ 1º Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação ante-
riormente ajuizada.
§ 2º Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa
de pedir e o mesmo pedido.
§ 3º Há litispendência quando se repete ação que está em curso.
§ 4º Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão transi-
tada em julgado.
§ 5º Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz co-
nhecerá de ofício das matérias enumeradas neste artigo.
§ 6º A ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na forma
prevista neste Capítulo, implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo
arbitral.

 Obs.: o juiz não pode conhecer de ofício da convenção de arbitragem. Assim,


aguarda-se a manifestação do réu. Se essa manifestação não ocorre, há
então a preclusão, pois entende-se que houve a renúncia ao juízo arbitral
e nesse momento torna-se competente o Poder Judiciário para a aprecia-
ção da matéria.
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A convenção de arbitragem lembra a própria Lei de Arbitragem (Lei n.


9.307/1996). A convenção de arbitragem pode se manifestar por meio da cláu-
sula compromissória ou até mesmo pelo compromisso arbitral.
Assim, quando se fala em cláusula compromissória, é normal que as partes rea-
lizem um contrato como uma cláusula que dispõe sobre a decisão em Câmara Arbi-
tral em caso de problemas, ou seja, já foi definida a técnica de solução de conflitos.
O compromisso arbitral ocorre quando surge um problema, porém as partes
decidem resolvê-lo não por meio do Poder Judiciário, mas por meio da arbitragem.

 Obs.: é possível lembrar dos elementos estudados por meio das seguintes pala-
vras-chave:
• Litispendência → espelho;
• Coisa julgada → caixão; e
• Convenção de arbitragem → aperto de mãos.

Se no curso de uma ação o juiz identifica litispendência, coisa julgada ou


mesmo a convenção de arbitragem, ocorre a extinção do processo sem a reso-
lução do mérito, ou seja, a consequência é uma sentença terminativa.

CPC
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
(...)
V – reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa jul-
gada;
(...)
VII – acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o
juízo arbitral reconhecer sua competência;
(...)
§ 3º O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em
qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado.

Art. 486. O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a que a
parte proponha de novo a ação.
§ 1º No caso de extinção em razão de litispendência e nos casos dos incisos I, IV,
VI e VII do art. 485, a propositura da nova ação depende da correção do vício que
levou à sentença sem resolução do mérito.
§ 2º A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do pagamento ou
do depósito das custas e dos honorários de advogado.
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 Obs.: ocorrendo a perempção, o juiz dará uma sentença terminativa e o autor


não terá autorização para entrar novamente com a ação, pois nesse caso
fala-se em coisa julgada processual.

§ 3º Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sentença fundada em abandono da


causa, não poderá propor nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe
ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito. (Perempção)

 Obs.: a perempção pode ser comparada, por exemplo, com a história do após-
tolo Pedro, que negou a Jesus três vezes. Em paralelo, a perempção
ocorre quando alguém deixa o processo ser extinto por três vezes por
abandono de causa (mais de 30 dias).

Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a
aula preparada e ministrada pela professora Raquel Bueno.

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