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O DIREITO DO TRABALHO

NA FILOSOFIA E NA
TEORIA SOCIAL CRÍTICA
os sentidos do trabalho subordinado na
cultura e no poder das organizações

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EVERALDO GASPAR LOPES DE ANDRADE
Professor da Faculdade de Direito do Recife — nos programas de graduação,
mestrado e doutorado — e da Faculdade de Direito Maurício de Nassau. Membro
da Academia Nacional de Direito do Trabalho, da Academia Pernambucana de
Direito do Trabalho e da Academia Pernambucana de Letras Jurídicas. Presidente
do Instituto Pernambucano de Direito do Trabalho e do Instituto Ítalo-brasileiro
de Direito do Trabalho. Membro do Instituto dos Advogados — Seção PE —, da
União Brasileira dos Escritores, da União Brasileira dos Compositores. Procurador
Regional do Ministério Público do Trabalho — aposentado. Músico.

O DIREITO DO TRABALHO
NA FILOSOFIA E NA
TEORIA SOCIAL CRÍTICA
os sentidos do trabalho subordinado na
cultura e no poder das organizações

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Setembro, 2014

Versão impressa - LTr 5096.6 - ISBN 978-85-361-3107-8


Versão digital - LTr 8491.5 - ISBN 978-85-361-3157-3

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Andrade, Everaldo Gaspar Lopes de
O direito do trabalho na filosofia e na teoria social crítica / Everaldo
Gaspar Lopes de Andrade. — São Paulo : LTr, 2014.

Bibliografia.

1. Direito do trabalho 2. Direito do trabalho — Filosofia 3. Sociologia


I. Título.

14-08154 CDU-34:331
Índice para catálogo sistemático:
1. Direito do trabalho 34:331

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Dedico este livro aos meus amigos, filósofos do Direito, João Maurício
Adeodato, Stéfano Toscano e Enoque Feitosa. Aos meus amigos, professores
de Direito do Trabalho, Giancarlo Perone — Universidade de Roma Tor
Vergata — e Juan Manuel Martínez — Universidade de Valência.

À amiga e colega do Ministério Público do Trabalho Jailda Eulídia da


Silva Pinto, e à Juciene Nascimento, meus agradecimentos pela correção
ortográfica e metodológica do texto; pela dedicação e carinho no
desenvolvimento e conclusão do trabalho.

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Sumário

Prefácios................................................................................................................................. 11

Uma teoria crítica iconoclasta sobre o direito do trabalhO ................................................. 11


João Maurício Adeodato

No rastro de Marx: da crítica ao trabalho alienado à desconstrução do paradigma trabalho


livre/subordinado como objeto do Direito do Trabalho ...................................................... 13
Enoque Feitosa Sobrinho Filho

Na contracorrente do pensar o direito do trabalho: uma crítica radical às raízes deste


ramo do conhecimento jurídico — centrado no trabalho livre/subordinado ............................ 16
Stéfano Gonçalves Regis Toscano

Capítulo 1 — Contextualização e Desenvolvimento dos Temas. O Triunfo do Capitalismo


e da Subordinação da Força do Trabalho ao Capital .................................................... 19

Capítulo 2 — Do Espírito das Luzes, das Razões do Iluminismo à Crítica da Construção


Teórica Iluminista. Modernidade/Modernismo e Pós-Modernidade/Pós-Modernismo 32
2.1. Contextualização do tema ............................................................................................... 32
2.2. O espírito das luzes segundo Todorov ............................................................................ 34
2.3. As razões e as crises do iluminismo segundo Sergio Paulo Rouanet .............................. 36
2.3.1. O resgate crítico da razão. O confronto entre razão e irracionalismo .................. 36
2.3.2. As crises e o legado da modernidade .................................................................... 40
2.3.3. As crises e os legados da ilustração. A distinção entre ilustração e iluminismo ... 42
2.3.4. Os Herdeiros do iluminismo................................................................................. 46
2.4. Modernidade e modernismo. Pós-modernidade e pós-modernismo. Sociedade industrial
e sociedade pós-industrial ............................................................................................... 48

Capítulo 3 — A Ética Moderna e as Respostas aos Desafios Morais, a Partir de uma Regu-
lamentação Normativo-Coercitiva e de Absolutos Universais ..................................... 57
3.1. Moralidade e eticidade modernas. A visão de Zygmunt Bauman ................................... 57
3.2. A filosofia como ciência das condições a priori de qualquer ciência. A ideologia e a
Hegemonia na superação das contradições — Althusser, Marx e Gramsci. A crítica
marxista ao direito segundo Enoque Feitosa .................................................................. 62
3.3. O direito como instrumento a serviço da dominação. A legitimação do poder no discurso
da soberania e nas práticas dos aparelhos e instituições sociais. A visão de Michael
Foucault em Stéfano Toscano.......................................................................................... 68

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3.4. As figuras do poder. Fascinação e sedução do poder em Eugène Enriquez .................... 70
3.5. O poder simbólico. A visão de Pierre Bourdieu .............................................................. 71

Capítulo 4 — Modernidade e Direito. O Direito Dogmático como Teoria do Direito


Moderno: a Visão de João Maurício Adeodato .............................................................. 77

Capítulo 5 — A Doutrina Liberal de Raiz Utilitarista e a Ideologia. Centrada na Supremacia


do “Trabalho Livre”. Dilemas e Contradições .............................................................. 94
5.1. A doutrina liberal e a versão ideológica da supremacia do trabalho livre/subordinado
sobre o trabalho escravo/servil ........................................................................................ 94
5.2. Os dilemas e as contradições presentes na expressão trabalho livre/subordinado.......... 99

Capítulo 6 — Os Sentidos do Trabalho. A Cultura e o Poder nas Organizações ............... 104


6.1. Os sentidos do trabalho .................................................................................................. 104
6.2. A cultura e o poder nas organizações.............................................................................. 108

Capítulo 7 — Os Sentidos do Trabalho para Além da Cultura e do Poder nas Organizações 117
7.1. Os valores de uma empresa pós-taylorista. A ética empresarial no contexto de uma
ética cívica. A versão de Adela Cortina ........................................................................... 117
7.2. O trabalho em sua dimensão ontológica. Os sentidos objetivo/subjetivo do trabalho ... 120
7.3. Os distúrbios físicos e metafísicos decorrentes do emprego ou do desemprego ............. 124

Capítulo 8 — A Universalidade e a Fundamentação do Direito do Trabalho no Contexto


do Pensamento Ético Moderno e as Práticas Legislativas. A Subordinação e o Salário .... 127
8.1. A universalidade e a fundamentação do Direito do Trabalho ......................................... 127
8.1.1. O trabalho subordinado como objeto deste ramo do conhecimento jurídico e
como fundamento de validade do contrato individual de trabalho ...................... 127
8.1.2. O Salário — compra e venda da força do trabalho abstrato — como o segundo
pressuposto indispensável à configuração do contrato individual de trabalho .... 131

Capítulo 9 — A Economia Social ou Solidária e a Renda Universal Garantida como


Contrapontos ao Trabalho Centrado na Subordinação e no Salário ............................ 135

Capítulo 10 — As Relações Sindicais e os Paradigmas Contemporâneos das Teorias dos


Movimentos Sociais. O Corte Epistemológico .............................................................. 141
10.1. A prevalência das relações coletivas sobre as relações individuais de trabalho ............ 141
10.2. As ações coletivas no contexto das teorias dos movimentos sociais ............................. 144

Capítulo 11 — O Iluminismo e a Modernidade como Marcos Temporais em Termos de


Filosofia da História. O Direito do Trabalho no Contexto do Direito Dogmaticamente
Organizado pelo Estado Moderno. A Perspectiva Dialética ......................................... 155

Referências............................................................................................................................. 167

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A moderna classe trabalhadora se desenvolveu, [...] uma classe de trabalhadores que só
sobrevivem quando encontram trabalho, e só encontram trabalho quando suas atividades
ampliam o capital. Esses trabalhadores que têm de vender-se pouco a pouco são uma
mercadoria, como qualquer outro artigo de comércio, e estão permanentemente expostos
a todas as vicissitudes da concorrência, a todas as flutuações do mercado.
M. BERMAN (2001)

[...] os aristocratas de nascimento, no campo do espírito, não se dão demasiado à pressa:


suas criações brotam e caem da árvore em uma tarde tranquila de outono, sem que hajam
sido desejadas, forçadas, nem devoradas por outros, com pressa. A ânsia de estar criando
sem trégua nem descanso é vulgar e manifesta ciúmes, inveja, ambição. Quando se é algo,
não se necessita verdadeiramente se fazer nada – e, sem embargo, se faz muito. Há um tipo
humano mais elevado que se encontra por cima do indivíduo ‘produtivo’.
F. NIETZSCHE. (1993)
Diariamente, entre o fumo e o cheiro de óleo do bairro operário, situado no arrabalde, a
sereia da fábrica apitava e vibrava. Das casas escuras saíam às pressas, como baratas
assustadas, pessoas tristes, de músculos ainda entorpecidos. Ao frio da manhã, caminhavam
pelas ruas mal pavimentadas para a alta gaiola de pedra que, serena e indiferente, as
esperava com seus numerosos olhos quadrados e viscosos. [...] À tarde, quando o Sol se
escondia e os seus raios vermelhos cintilavam nos vidros das casas, as entranhas de pedra
da fábrica vomitavam as suas escórias humanas, e os operários, rostos enegrecidos pelo
fumo, e dentes brilhantes de esfomeados, espalhavam-se de novo pelas ruas, deixando no ar
exalações úmidas de óleo das máquinas. Agora, as vozes eram animadas e mesmo alegres;
o trabalho de forçados estava acabado, por hoje [...].
GORKI (1973)

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Introdução

Uma teoria crítica iconoclasta sobre o direito do trabalho


João Maurício Adeodato(1)

Um dos graves problemas no debate jurídico brasileiro é o baixo nível — pode-se


dizer, a quase inexistência — da doutrina. O papel desempenhado pelas discussões e
sugestões dos juristas sempre foi fundamental na evolução do direito positivo, pois sua
função crítica representa a vanguarda em relação às demais fontes do direito, pois é claro
que toda jurisprudência e toda lei, por exemplo, resultam de alguma posição doutrinária.
Quem primeiro pensou nos direitos dos trabalhadores, na proteção à concubina ou na
união homoafetiva foram doutrinadores, as pessoas que pensam o direito.
O estudante de direito de nossos dias se surpreende quando o professor coloca a
doutrina como fonte do direito, ao lado da lei e da jurisprudência. O tema aqui abrange o
debate sobre as fontes do direito. Pode-se dizer que o principal motivo para a doutrina ser
até hoje discutida como fonte do direito tem suas raízes em Roma. O Corpus Juris Civilis
de Justiniano I foi compilado entre os anos 529 e 565, ocupou mais de uma geração de
juristas romanos e permaneceu como a mais importante fonte do direito na Europa até
a modernidade.
Essa compilação não se compunha apenas de leis, mas também de orientações
jurisprudenciais e doutrina. Sabe-se que a doutrina do chamado “tribunal dos mortos”,
que consistia em uma reunião das opiniões dos cinco grandes juristas Gaio, Papiniano,
Modestino, Paulo e Ulpiano, pesava mais nas decisões do que qualquer outra fonte do
direito, mais do que a lei. Ou seja: o Corpus era muito importante dentre as fontes e, em
seu seio, a doutrina era fundamental.
Vários séculos se passaram sem que aparecessem juristas no nível técnico dos ro-
manos, um povo antigo e sábio na visão das nações posteriores, oriundo de uma cidade
que era a sede da Cristandade, e o simples passar do tempo trouxe ainda mais autoridade
ao seu maior monumento jurídico, o Corpus. O fato de ser escrito foi-lhe dando força
de “lei” (o texto da norma que se comunica por meio da leitura e cuja aplicação se pre-
tendia internacional, muito diferente dos costumes medievais localizados), ainda que seu

(1) Professor Titular da Faculdade de Direito do Recife. Livre Docente da Faculdade de Direito da Universidade de São
Paulo. Pesquisador 1-A do CNPq.

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conteúdo abrangesse todos os tipos de fontes formais do direito: legislação, jurisprudência,
costumes e doutrina.
Por fazer parte do conteúdo do Corpus Juris Civilis, a doutrina foi assim considerada
fonte formal do direito; a princípio a doutrina romana original, depois a doutrina mesma
dos juristas contemporâneos, sobretudo a partir da Escola de Bolonha e dos glosadores
do próprio Corpus, os quais o explicavam e até complementavam, adaptando-o ao direito
do tempo e lugar.
Este livro retoma essa posição crítica da doutrina, na melhor tradição dos antigos
romanos, mas também de outros bons momentos observáveis na evolução do pensamento
jurídico ocidental.
Um segundo ponto que quero destacar nesse prefácio é que, pelo menos no Brasil,
dentre os juristas que se dedicam aos diversos ramos da dogmática jurídica, isto é,
concentrados na atividade de decidir conflitos no dia a dia do direito positivo, nota-se
um preconceito contra o direito do trabalho que não é fácil de compreender. Afinal, a
justiça do trabalho brasileira resolve conflitos de forma mais eficiente, aparenta ter menos
problemas de corrupção, mais agilidade e menos influência de mecanismos extralegais de
poder. A razão pode estar justamente nessa eficiência, supostamente na maior simplicidade
dos conflitos jurídicos trabalhistas.
Este livro também mostra como pode ser falsa essa maneira de ver o direito
do trabalho, trazendo uma filosofia sobre o trabalho humano e sobre o próprio direito do
trabalho.
É assim que a obra parte de uma contextualização do problema do trabalho humano
diante do fenômeno de construção do capitalismo, o “individualismo possessivo” (C. B.
Macpherson) que caracterizou a evolução da civilização ocidental moderna, e se detém
no estudo do iluminismo, para depois estudar o problema ético da modernidade e
como o direito dogmático nela engendrado trata e neutraliza esse problema. Corolário
do capitalismo, o ideário liberal é analisado em suas consequências para o direito do
trabalho, seus conceitos e sentidos diversos e os dilemas herdados pela civilização
contemporânea, sua inserção na cultura e no poder das organizações. Sob esse pano de
fundo cuidadosamente construído, o autor destrói os ídolos da tradição embolorada,
olha para o futuro e expõe suas teses sobre os novos desafios para desenvolvimento e
proteção do trabalho humano.
Uma palavra deve ser dita sobre os marcos teóricos escolhidos pelo autor, os quais
— numa metodologia que deve ser saudada também por sua raridade neste país — analisa
e critica a obra de seus colegas brasileiros, inclusive seus contemporâneos.
Assim como ocorre com as diversas ciências particulares, qualquer tipo de saber
necessita de uma teoria geral e se torna filosófico quando procura investigar as bases
de seu conhecimento. Essa afirmação vale para os diversos ramos do direito e, é claro,
também para o direito do trabalho.

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E são esses aprofundamentos da filosofia que o leitor encontrará neste livro, no viés
do que seu autor chama de teoria crítica do direito. Com efeito, Everaldo Gaspar Lopes
de Andrade constrói uma teoria iconoclasta sobre seu interesse maior, o problema do
trabalho humano e sua regulação jurídica, iconoclasta no sentido de que está sempre em
confronto com as visões dominantes. Desconstrói argumentos e preconceitos profun-
damente arraigados no que Luiz Alberto Warat chamou de “senso comum teórico dos
juristas” e instiga a reflexão.

No rastro de Marx: da crítica ao trabalho alienado à desconstrução


do paradigma trabalho livre/subordinado como objeto do direito
do trabalho
Enoque Feitosa Sobrinho Filho(2)

Foi com enorme orgulho que recebi o convite de meu amigo e mestre, o Professor
Everaldo Gaspar Lopes de Andrade, de prefaciar (mais uma) obra de referência de sua
autoria, intitulada O direito do trabalho na filosofia e na teoria social crítica: os sentidos do
trabalho subordinado na cultura e no poder das organizações.
Everaldo Gaspar, além de uma magnífica figura humana — Procurador do Ministério
Público do Trabalho (com quem tive a honra de compartilhar complexas negociações
trabalhistas, eu na condição de assessor do movimento sindical), músico de raro talento,
professor dotado de um enorme senso crítico e autor de qualificada produção teórica, pois
que entrecruza um firme conhecimento do direito do trabalho com uma refinada crítica
da alienação, repensando suas categorias centrais e mostrando — da mesma maneira que
Marx — que não há entrada já aberta para a ciência(3).
Este livro é resultado de todo um percurso intelectual centrado na crítica ao trabalho
subordinado, e na mesma esteira de outra obra que ousou, com todo êxito, questionar os
paradigmas da dogmática jurídica voltada ao mundo do trabalho. Refiro-me à relevante
obra de Gaspar, Direito do Trabalho e Pós-modernidade: fundamentos para uma teoria geral,
datada de 2005, de inestimável valor, reconhecimento não apenas meu, mas, já na época
da publicação, também do eminente catedrático de Direito do Trabalho na Universidade
de Deusto e, na ocasião, presidente do Tribunal Superior de Justiça do País Basco, na
Espanha, o professor Manuel María Zorrilla Ruíz.

(2) Advogado. Graduado, Mestre e Doutor em Direito pela UFPE. Doutor em Filosofia pela UFPB. Professor-Adjunto III,
lotado no Centro de Ciências Jurídicas da UFPB, lecionando na Graduação em Direito e nas pós-graduações (mestrado
e doutorado) em Direito e em Filosofia. É Pós-doutor em Filosofia do Direito (UFSC) e atualmente é o Coordenador
do Programa de Pós-Graduação em Ciências Jurídicas. É líder do Grupo de Pesquisa / CNPq “Marxismo e Direito”.
(3) A epígrafe é extraída de uma carta escrita por Marx em 18 de março de 1872. A carta acabou por servir de prefácio
à edição francesa, em fascículos, de O capital. Ver: MARX, Karl. O capital. São Paulo: Abril, 1983. Livro I, p. 23.

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Escrita em estilo direto e profundo pelo autor que, além de tantas qualidades, é
professor do programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal de Pernam-
buco, aprofunda e lança novas questões num campo tão intrincado quanto é o Direito do
Trabalho, em mais de alentadas duzentas páginas de análise, reunindo as mais recentes
reflexões desse alagoano da melhor estirpe e que faz, ao longo do texto, uma reflexão de
elevada qualidade sobre os fundamentos do Direito do Trabalho e uma crítica de princípio
a essa contradição ambulante chamada de “trabalho livre subordinado”.
É esta obra que passo, de forma perfunctória, a examinar, na medida em que não
desejo tirar do leitor o privilégio de examiná-la com muito mais qualificação. E diga-se, de
logo, que ela tem o mérito, numa área tão árida quanto à dogmática do trabalho, de criticar
a apologia ao trabalho subordinado — no que vai na contramão de todo o conservadorismo
e das últimas modas acadêmicas. Para tanto, não hesita em recorrer a um autor “fora de
moda” (ao menos na academia) — Marx — ao invés de, como é de costume, seguir os
últimos modismos acadêmicos, os quais pululam na academia e desaparecem tão rapi-
damente quanto surgem.
E embora cause momentaneamente o incômodo de se “nadar contra a corrente”, a
vantagem de ser démodé é dupla: ao tempo em que não se pretende querer inventar coisas
tão singulares quanto esdrúxulas, também permite que se trave um fecundo diálogo com
teorias consistentes e que (ainda) têm algo a dizer.
A estrutura deste trabalho — cuja apresentação compartilho com outros dois grandes
mestres, Stéfano Toscano e João Maurício Adeodato, este último, de quem tive a honra
de ser orientando — segue a diretriz de Marx, pela qual o complexo é que explica o
mais simples (o que confere a toda obra uma diretriz claramente afastada da rendição ao
existente, típica de um tosco empirismo, visto que essa tradição, em todas suas versões,
defende o oposto(4)) e de início trata logo de uma questão macro, qual seja, o aparente
triunfo do capitalismo, que os apologistas do “fim da história” davam como irreversível,
e a subordinação do trabalho ao capital.
Para o êxito dessa análise de partida, o autor não apenas recapitula a tradição na
qual ela se funda: o espírito das luzes e as razões do iluminismo são postas à prova através
de uma densa crítica (prática) de sua construção teórica, e que constituem o primeiro e
o segundo capítulos do livro que ora prefaciamos.
Em seguida discute o autor, mediante o uso de categorias da filosofia, as formas
pelas quais a chamada ética moderna oferece (ou tenta oferecer) respostas aos desafios
morais a partir de uma regulação normativo-coercitiva. Esse intento é feito sem que, em
nenhum momento, Everaldo Gaspar — nesta magnífica obra — resvale para uma atitude
esterilizante e jusnaturalista pela qual (como incorrem vários autores que se pretendem

(4) Para Marx, na contramão de toda rendição ao empirismo, o estágio mais avançado de qualquer fenômeno é a chave
para entender seus estágios mais primitivos: a economia moderna é a chave para compreender a economia antiga
ou — aqui, se valendo de uma figura forjada por ele — “a anatomia do homem é a chave para [entender] a anatomia
do macaco”. MARX, Karl. Contribuição à crítica da economia política. São Paulo: Expressão, 2007. p. 262.

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“críticos”) ao invés de se examinar o direito como efetivamente é, desvendando as con-
dicionantes que o faz assim ser, parte-se para discorrer como o direito “deveria ser”,
paralisando o jurista de fazer em face dos desafios do presente. Por isso é que, no capítulo
quarto, adentra em examinar o ambiente em que se constituiu a forma jurídica tão qual
a operamos, isto é, tal como o direito moderno ou “direito dogmaticamente organizado”.
Corroborando a concepção de Marx, além de apontar os elementos da crítica mar-
xista ao trabalho alienado — cuja expressão mais densa se encontra nos manuscritos de
1844, que quando descobertos e editados receberam o nome de “manuscritos econômico-
-filosóficos” — Everaldo Gaspar faz uma das mais qualificadas críticas, no âmbito do
direito, à doutrina liberal, de viés utilitarista, à ideologia centrada na supremacia do
assim chamado trabalho livre e seu sentido enquanto cultura de poder nas organizações.
Por fim, critica a universalidade daquilo que é a expressão mais concentrada do
trabalho alienado, que é a compra da força de trabalho em troca de um salário no qual
se subtraiu mais-valia (isto é, trabalho não pago) do trabalhador.
Na parte conclusiva da obra, o autor examina como toda essa artificiosa construção da
economia política, do liberalismo e do pensamento burguês (três aspectos de um mesmo
fenômeno — o poder do capital), imprimiu um dado caráter e uma dada direção às
relações sindicais, apontando na negação da negação, a perspectiva dialética de superação
do existente. Assim, o autor fecha o trabalho mostrando uma função-chave da apologia
ao fetiche do trabalho subordinado pelo capitalismo: a legitimação das funções de poder
e da dominação burguesa e o faz através da análise do Direito do Trabalho sob a égide
das relações capitalistas de produção.
O mérito desse trabalho é duplo: por um lado, mostra que um ramo do saber voltado
à regulação de relações sociais, como o é o direito, não pode ser compreendido em ple-
nitude senão munido de um método que o insira como parte de uma totalidade histórica
específica — a sociabilidade cindida —, na qual cumpre um papel claro de tecnologia social
para se lidar com conflitos resultantes dessas mesmas relações; por outro lado, o segundo
mérito é o de trabalhar com uma explicação histórico-social para o direito, afastando-se,
portanto, daquelas outras que ou explicam a sociedade pelo direito e também daqueles
modelos que tentam explicar o direito a partir de determinadas crenças sociais (ao invés
de explicar as crenças pela estrutura social), sem perceber que essa “visão jurídica do
mundo” nada mais é do que a secularização (moderna) da (medieval) visão teológica do
mundo, na qual o dogma e o direito divino foram substituídos pelo direito humano e a
igreja [substituída] pelo Estado(5).
Note-se que o caráter dogmático(6) da tecnologia jurídica, consubstanciada em
exigências tais como aquelas pelas quais a argumentação, a interpretação, a aplicação

(5) A chamada ‘consciência jurídica’ cumpre papel chave na sociabilidade capitalista, na medida em que representa em
nível ideológico a ‘concepção jurídica do mundo’, fenômeno tipicamente moderno visto que nada mais foi do que a
substituição da ‘concepção teológica do mundo’ para justificar e efetivar o controle social. Para essa questão remeto
o leitor a: FEITOSA, Enoque. O discurso jurídico como justificação. Recife: UFPE, 2009, passim; ENGELS, Friedrich.
O socialismo jurídico (compilado e publicado por Karl Kautski). São Paulo: Ensaio, 1995. p. 24-25.
(6) Note-se que o uso do termo “dogmático”, no que se refere ao direito, nada tem de inocente e visa, notadamente, no
âmbito do ensino e reprodução desse saber, a inculcar a ideia de que as chamadas “verdades jurídicas” são eternas,
imutáveis e inquestionáveis.

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do direito e a obrigatoriedade de decidir, sempre deve ocorrer com referência a algum
texto normativo, acaba por confundir as circunstâncias modernas nas quais funciona o
próprio direito com o fato de que ele não poderia ser questionado (e quando o for, isso
caracterizaria uma atividade sociológica, política, filosófica, mas nunca jurídica), na medida
em que seria ilógico pôr em questão um fenômeno supostamente inerente à própria
existência humana desde tempos imemoriais e, portanto, com ou sem história ou com
uma história apartada das lutas humanas, que ele, por estar acima, arbitra, e não que é
um resultado desses mesmos conflitos.
É essa profunda e detalhada análise do Direito do Trabalho — da sua natureza,
significado e funções — que recomendo vivamente e para a qual remeto o leitor. E o faço com
mais entusiasmo ainda ao lembrar que se trata de um experiente e testado pesquisador,
na qual se destacam várias características, mas uma delas do maior valor, que é aquela
de não se limitar a repetir fórmulas, visto que “pensa com a própria cabeça.”(7)
Assim, e para permitir ao leitor que, seguindo a diretiva proposta por Marx, deseje
acompanhar essa aventura intelectual, quero afirmar minha convicção de que este livro
será extremamente útil não apenas para profissionais e iniciantes da área jurídica que
pretendam conhecer as teorias críticas sobre o direito, mas para todos aqueles interessados
nos problemas do nosso tempo.
É um trabalho inovador, que “olha” de maneira diferenciada um problema histórico
(as relações de poder e dominação no mundo do trabalho), e que tem a coragem intelectual
de usar como ferramenta teórica um saber (aparentemente) fora de moda, cuja morte
centenas de vezes já foi decretada e depois desmentida pelas duras lições da história.

Na contracorrrente do pensar o direito do trabalho: uma crítica


radical às raízes deste ramo do conhecimento jurídico — centrado
no trabalho livre/subordinado
Stéfano Gonçalves Regis Toscano(8)

No âmbito acadêmico, é um tanto comum que o valor de uma obra seja avaliado
pela capacidade demonstrada por aquele que a oferece ao mundo de levantar questões
consideradas pertinentes e relevantes e, tanto mais, talvez, pelas propostas teóricas e
metodológicas que foram mobilizadas para que os objetivos almejados pudessem ser
atingidos total ou, ao menos, parcialmente.
(7) Literalmente, nas palavras do próprio Marx: O que pressupomos são estudiosos que desejem aprender algo de novo
e queiram, portanto, também pensar por conta própria. MARX, Karl. O Capital (Livro I). São Paulo: Abril, 1983. p. 12.
(8) Mestre em Sociologia pela Universidade Federal da Paraíba. Doutor em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco
(2010). Professor da Universidade Católica de Pernambuco e da Faculdade Marista do Recife.

16 EVERALDO GASPAR LOPES DE ANDRADE

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Porém, dispor as coisas nesses termos torna a relação entre as perguntas formuladas
e as tentativas de resolvê-las ou de elevá-las a um patamar mais alto de compreensão um
tanto simples demais, pois não é também muito raro encontrar trabalhos que, em face de
questões bem formuladas e instigantes, terminam por descambar em abordagens conven-
cionais e conservadoras, para não dizer reacionárias, em que o que de fato se evidencia
é a capacidade do autor, seu talento para travestir, sob novos matizes, ideias há muito
tempo grisalhas. Além disso, podem-se identificar obras que, promovendo uma espécie
de inversão quanto ao que foi anteriormente mencionado, mobilizam um aporte teórico
sofisticado para abordar problemas precariamente propostos, seja pelo fato de que não
passam de velhas questões recicladas ou porque não instigam de fato novas formas de
ver, pensar ou compreender o mundo, entendendo-se nessas circunstâncias por novo
menos o inusitado do que aquilo que apresenta a capacidade de romper com o que se
convencionou chamar de real.
Em face desse contexto, resultam trabalhos cuja relação entre o problema proposto
e o desenvolvimento, que visaria à sua compreensão, aponta para dois desdobramentos:
o primeiro, em que a postura de questões não se faz acompanhar do devido rigor, ao se
optar por uma determinada via teórica e metodológica capaz de desenvolvê-las, sendo esse
primeiro sentido provavelmente o mais óbvio, pois a fragilidade dos meios mobilizados,
dos métodos e teorias torna-se patente, diante da contundência das questões. Por outro
lado, no que diz respeito à segunda direção, essa talvez seja mais difícil de discernir,
devido ao fato de que ela consiste na fragilidade ou hipossuficiência das questões em si
mesmas, o que equivale ao obscurecimento do próprio ponto de referência, a partir do
qual a adequação dos conceitos, teorias e métodos poderiam ser avaliados.
Quaisquer que sejam os motivos que levam a essas conjunturas — em que o conhe-
cimento não sofre mutações e o status quo é cotidianamente reafirmado — são eles, em
geral, concomitantes e devem ser buscados para além das problematizações meramente
epistemológicas. Cabe considerar o comprometimento com demandas institucionais,
acadêmicas ou, como diria Bourdieu, com as exigências do campo do direito, com a
hegemonia de determinadas correntes ou escolas de pensamento que, por sua vez,
condicionam a própria postura das questões. Esses fatores tendem a ser menos visíveis,
sobretudo porque derivam de um contexto intelectual normalizador, homogeneizante e
pseudodemocrático, associados a demandas e expectativas de ordem política e econômica.
Como o leitor, por si mesmo, será levado a admitir, o livro do professor Everaldo
Gaspar conseguiu suplantar as limitações brevemente analisadas acima. Em primeiro
lugar, por ser uma obra que, na contracorrente dos trabalhos dedicados a pensar o direito
e um dos seus mais importantes ramos, o do direito do trabalho, não titubeia em tomar
para si a tarefa de realizar uma crítica radical, no sentido de uma busca das raízes, dos
corolários nodais e dos princípios norteadores da doutrina do Estado liberal, do Iluminismo
e da ideia do trabalho livre e subordinado que ainda orientam as percepções dos juristas.
Merece também menção o fato de ser uma obra que representa um longo caminho percorrido
pelo autor que, ao longo dos anos, vem desenvolvendo questionamentos que visam a
perscrutar as próprias bases constitutivas do direito do trabalho, conjeturando sobre

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possíveis alternativas para a construção de um direito do trabalho em novas bases, de
certo modo, por meio de uma filosofia que por ser, a um só tempo, crítica, destruidora,
mas também criativa, além das opções teóricas que nela encontram espaço para aflorar,
não deixa de ser uma filosofia a golpes de martelo.
A congruência entre o peso das questões arquitetadas e a abertura para horizontes
teóricos obtidos por meio de um atento mapeamento dos autores, o modo generoso como
o autor pondera sobre os esforços de alguns teóricos menos conhecidos ou que não per-
tencem ao campo do direito e do Direito do Trabalho em particular, que certamente não
contariam com a chancela dos mandarins que procuram controlar o tráfego das ideias no
interior do campo do direito, excetuando-se os casos em que essas ideias venham a ser
submetidas a todas as sevícias destinadas a retraduzi-las e adaptá-las aos imperativos do
campo, promovendo-as a objeto de interesse legítimo, (desde que devidamente domesticado),
como bem ensinou Bourdieu, algo que, enfim, o referido trabalho se recusa a fazer.
A relevância e, provavelmente, o que pode ser ainda mais importante, a beleza do
trabalho do professor Gaspar resulta de ser uma tentativa de um trabalho livre e atento
a outros devires. Por fim, ao se observar a trajetória do autor, as questões que o movem
e, se como disse Mallarmé, toda vida foi feita para acabar num belo livro, foi isto o que
esta obra conseguiu atingir, muito embora (e aqui é o desejo que fala) não seja a última.

18 EVERALDO GASPAR LOPES DE ANDRADE

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Capítulo 1

Contextualização e Desenvolvimento dos


Temas: o Triunfo do Capitalismo e da
Subordinação da Força do Trabalho ao Capital

Esta obra segue os caminhos percorridos pelos estudos que venho desenvolvendo
nestes últimos quinze anos, sobretudo a partir dos livros Direito do Trabalho e Pós-mo-
dernidade. Fundamentos para uma teoria geral (2005) e Princípios de Direito do Trabalho.
Fundamentos teórico-filosóficos (2008). Logo, compõe uma trilogia que se propõe, a partir
de novas pautas hermenêuticas, a avançar nas pesquisas e formulações teórico-filosóficas
envolvidas com um tema emblemático, profundo, instigante e que acompanha a própria
história da humanidade: o trabalho e suas dimensões. Pretende, especialmente, proble-
matizar e desconstruir a versão consolidada pelo Direito do Trabalho, que elegeu, como
a priori de suas teorizações, uma única forma de trabalho ou de labor: o trabalho livre/
subordinado/assalariado.
Como se trata de uma obra que procura seguir caminhos, os leitores podem sentir
falta de autores que aqui não foram citados, mas o foram naquelas duas outras obras
que mencionei. Além de entender desnecessária a reprodução de grande parte daquela
bibliografia, confesso: não teria condições de abarcar todo o universo literário que se
ocupa deste tema.
Sem pretender aprofundar a distinção formulada por Hannah Arendt (1993) — entre
labor e trabalho — ou concordar com ela sobre as observações que faz, na citação abaixo,
acerca da compreensão marxiana sobre o labor —, houve, em todas as etapas históricas,
um claro desprezo pelo labor, em comparação com as atividades políticas, artísticas,
filosóficas etc. Isso desde os tempos que precederam o aparecimento da cidade-estado,
os inimigos vencidos — que se tornavam escravos —, os operários do povo, os artesãos.
Aristóteles passou a considerar escravos aqueles que já nasceram como tal — como pro-
priedade viva — e mesquinhas todas as atividades que levavam o corpo ao desgaste. Nesta
fase, as ocupações não políticas eram tratadas com desprezo, como sinal de servilidade,
ou melhor, alheias às condições da vida humana(9).

(9) Para uma melhor compreensão sobre os sentidos da condição humana e a diferença entre labor e trabalho, em Arendt,
consultar: ADEODATO, João Maurício Leitão. O problema da legitimidade. No rastro do pensamento de HANNAH
ARENDT. Rio de Janeiro: Forense, 1989. Ver principalmente o Capítulo VI em que o autor procura discorrer sobre “a
ação e a vida activa” (Ibidem, p. 113-131). Para ele, “importante característica do labor, como visto, é estar ligado
a um sentido de dor e sofrimento. Por isso mesmo é uma atividade necessária, realizada porque não há outro jeito.
Daí a famosa justificação da escravidão proposta por Aristóteles: como nota Arendt, ‘Ao contrário do que ocorreu em

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