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NetLab Web Lab: um laboratório de


experimentação remota para o ensino de redes de
computadores baseado em SOA
L. Agostinho UFU, A. F. Farias UFU , L. F. Faina UFU,
E. G. Guimarães CenPRA, P. R. S. L. Coelho Unicamp, E. Cardozo Unicamp

Resumo– A diversidade de ambientes de EAD para Web domı́nio de Web labs. O iLAB desacopla as funcionalidades
proporciona a seus usuários diferentes funcionalidades que especı́ficas dos Web labs relativas a execução dos experi-
podem ser exploradas no processo de ensino e aprendizagem mentos, das funcionalidades administrativas gerais, tais como
à distância. Neste sentido, este artigo apresenta uma arquite-
tura para a construção de laboratórios de acesso remoto (ou autenticação, registro e autorização de usuários, gerência de
Web Labs) segundo o paradigma de computação orientada a grupos e armazenamento de resultados dos experimentos. Para
serviço. Nesta arquitetura, os blocos elementares são serviços as tarefas administrativas, iLAB usa um Service Broker que
que, recursivamente, podem ser combinados na construção de concentra e processa as requisições de gerenciamento e uso
serviços mais complexos. Cada recurso do laboratório (fı́sico de Web Labs.
ou lógico) é modelado e implementado como um Serviço Web
e experimentos oferecidos pelo Web Lab são construı́dos por A proposta aqui apresentada possui similaridades com o
meio da composição destes serviços. Um Web Lab construı́do iLAB, como desacoplamento entre o uso e a gerência do
segundo a arquitetura proposta é apresentado, juntamente com Web lab, utilização de serviços web para gerência e acesso ao
exemplos de experimentos remotos na área de redes de serviços laboratório. As principais diferenças da arquitetura proposta
diferenciados. em relação ao iLAB são: composição de serviços para a
Palavras-chave– Web lab, Computação orientada a serviço, construção dos experimentos; utilização de navegador padrão
Laboratório de Acesso Remoto, Redes DiffServ, Serviços Web. para execução dos experimentos e acesso por diferentes tipos
de terminais (notebooks, palms e celulares).
O trabalho está assim dividido, Seção II apresenta a arquite-
I. I NTRODUÇ ÃO tura orientada a serviço. A Seção III apresenta o framework
proposto para um Web Lab com a arquitetura SOA. O labo-
Internet, através da Web, tem contribuı́do para o surgi-
A mento de ambientes de ensino e aprendizagem cada vez
mais dinâmicos e interativos. Estes ambientes disponibilizam
ratório remoto NetLab Web Lab é apresentado na Seção IV.
DiffServ e QoS são apresentados na seção V. Finalmente, a
Seção VI tece considerações finais.
ferramentas diversas que permitem professores e alunos explo-
Abril, 2008
rarem positivamente a Web como um meio para compartilhar
conhecimento.
O número crescente de usuários que necessitam usar a II. A RQUITETURA O RIENTADA A S ERVIÇO
Internet para fins educacionais intensifica a diversidade de O paradigma de computação orientada a serviço, Service
preferências, interesses e capacitação de alunos. Oriented Computing (SOC), e sua respectiva arquitetura de
Neste sentido, este artigo propõe o desenvolvimento de suporte, Service Oriented Architecture (SOA), são considera-
um Web lab utilizando o paradigma da arquitetura orien- dos atualmente os mais promissores na área de computação
tada a serviço, implementando um modelo conceitual uti- distribuı́da. O paradigma SOC prega a interoperabilidade e
lizando serviços web, classificados em três categorias: serviços o fraco acoplamento entre elementos básicos (serviços) de
de acesso, de interação e comunicação (ou difusão). Estes software através da definição de interfaces neutras e da
serviços constituem na infra-estrutura básica para um Web lab. utilização de protocolos de transporte padronizados. Serviços
Laboratórios de experimentação remota têm sido propostos são unidades lógicas de software, podendo encapsular um sim-
como poderosas ferramentas de suporte ao ensino. Apesar da ples método ou um grande processo envolvendo múltiplos co-
literatura apresentar um grande número de implementações, laboradores [Souza 2005]. Algumas caracterı́sticas relevantes
poucas destas implementações que seguem o paradigma da da SOC:
Arquitetura Orientada a Serviço (SOA). • Interoperabilidade - alcançada com o uso de um protocolo
Web labs foram desenvolvidos inicialmente com as mais de transporte independente, usualmente HTTP (HiperText
diversas tecnologias Web. O Projeto iLAB [MIT 2006] con- Transfer Protocol);
duzido pelo MIT é pioneiro em utilizar serviços Web no • Capacidade de composição - serviços podem ser com-
postos para formar outro serviço, provendo um modo
À CAPES pelo financiamento de bolsas de estudos para que esta pesquisa
fosse realizada. de criação de novos serviços flexı́vel, rápido e de baixo
adriano.fiad@gmail.com custo;
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• Capacidade de reuso - sendo uma unidade modular e rede. O serviço web possui uma interface descrita em um
auto-contida de software, serviços podem ser reutilizados, formato passı́vel de processamento pela máquina, especifica-
reduzindo o tempo e esforço para criar novas aplicações; mente Web Service Description Language (WSDL). Outros
• Ubiqüidade - serviços podem ser acessados através da sistemas interagem com o serviço web da maneira definida
Internet de qualquer lugar a qualquer momento; na sua interface usando mensagens SOAP (Simple Object
• Acoplamento - um fraco acoplamento é alcançado em Access Protocol), tipicamente transportadas usando HTTP
diferentes nı́veis: com serialização XML (Extensible Markup Language) e em
– Apenas as interfaces expostas pelos serviços são uti- conjunto com outros padrões relacionados à web.
lizadas nos mecanismos de composição de serviços; Um dos grandes diferenciais da tecnologia de serviços Web
– Com o uso de mecanismos de registro e descoberta é a possibilidade de realizar a troca de mensagens na Internet
desacopla-se o uso da localização do serviço; sem que estas sejam bloqueadas, a priori, por um sistema de
– Acoplamento à linguagem e plataforma pode ser evi- firewall. Ao contrário de outras tecnologias, o uso do padrão
tado usando um protocolo de transporte independente SOAP permite realizar a troca de informações como se estas
de plataforma; fossem arquivos HTML modificados. Na verdade, estes são
A SOC utiliza serviços como elementos fundamentais documentos XML cujas informações podem ser interpretadas
para o Desenvolvimento de aplicações/soluções. Serviços são como métodos a serem executados, como dados, ou como
elementos computacionais auto- descritı́veis e independentes qualquer outro tipo de informação definida no Serviço Web.
de plataforma que suportam uma composição rápida e de Por utilizar SOAP é possı́vel integrar sistemas distintos, es-
baixo custo de aplicações distribuı́das [Papazoglou 2003]. critos em linguagens de programação diferentes e utilizando
Esses serviços são oferecidos por provedores de serviços, padrões gratuitos de código-fonte aberto.
os quais fornecem a descrição do serviço, bem como
suporte técnico e de negócio. Desta forma, provê- III. A RQUITETURA PARA W EB L ABS SOA
se uma infra-estrutura de computação distribuı́da para A arquitetura proposta neste artigo e apresentada através
integração e colaboração de aplicações intra-domı́nio inter- do NetLab Web Lab permite a criação de experimentos a
domı́nio [Leymann et al. 2002]. partir da composição dos serviços oferecidos, classificados em
SOA é uma arquitetura para organização e utilização de três categorias: serviços de acesso, interação e comunicação.
competências distribuı́das que estão sob controle de dife- Novos serviços (experimentos) podem ser adicionados sem
rentes domı́nios proprietários através de diferentes unidades qualquer interferência àqueles já existentes. Essa composição
funcionais, ou serviços, de uma aplicação com interfaces e de serviços pode ainda utilizar serviços oferecidos por outros
contratos entre estes domı́nios bem definidos [Bueno 2006]. Web labs, formando assim uma federação de Web labs.
Na arquitetura SOA, as interfaces dos diversos serviços são
definidas de forma neutra, independente da plataforma de hard- Serviço de interação Serviço de Acesso Serviço de Comunicação
ware, sistema operacional e linguagem de programação. Isso
Experimento 1
permite que serviços desenvolvidos em diferentes plataformas Gerenciamento
de usuários
Gerenciamento de
papéis e permissões
Serviço de
Difusão
de hardware e software possam interagir entre si de maneira
Experimento 2
uniforme e universal. Esse baixo acoplamento traz benefı́cios
...

na habilidade e agilidade de sobreviver a mudanças evolu- Gerenciamento Gerenciamento Serviço de


laboratório Sessão Streaming
cionárias na estrutura e na implementação interna de cada Experimento n

serviço que compõe a aplicação distribuı́da. A tecnologia atual


que mais conformidade possui com a arquitetura e com o Fig. 1. Arquitetura para Web Labs SOA
paradigma de computação orientada a serviços é notadamente
a de serviços web. A Fig. 1 descreve a arquitetura proposta neste artigo em
um diagrama de pacotes UML. Os componentes apresentados
A. Serviços Web permitem ao usuário remoto ter acesso a uma gama de
Serviços Web (Web Services) são definidos como uma tec- experimentos disponibilizados no Web lab.
nologia para a integração de sistemas distribuı́dos [Neto 2006].
Essa tecnologia baseia-se na troca de mensagens em formato A. Serviços de acesso
XML (E’x’tended ’M’arkup ’L’anguage) para a comunicação O pacote de serviços de acesso reúne um conjunto de fun-
entre as aplicações. cionalidades para a administração de usuários e experimentos,
SOAP (Simple Object Access Protocol) é um protocolo de compreendendo o controle de acesso a laboratórios, bem como
comunicação baseado em XML e que também confere um o controle da sessão de uso dos experimentos.
formato de codificação para comunicação entre aplicações O serviço de gerência de participantes é o responsável
distribuı́das que utilizam SOA. O SOAP é visto como a nova pelo cadastro, exclusão e atualização de dados de usuários
geração para aplicações de computação distribuı́da conhecidas (participantes). A cada participante deve ser atribuı́do um papel
como serviços Web. (administrador, instrutor, estudante, etc) e uma permissão de
Um serviço web é um sistema de software projetado para su- acesso que define as suas autorizações/restrições para deter-
portar interações máquina-máquina interoperáveis sobre uma minado experimento.
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O serviço de gerência de papéis e permissões é o res- componente agente de serviços é chamado para encaminhar
ponsável pela adição, remoção e atribuição de papéis e per- a solicitação de inicialização de serviços remotos. no compo-
missões aos participantes do laboratório. nente servidor de serviços web encontram-se disponibilizados
O serviço de gerência de laboratório é o responsável pelo os serviços web para os experimentos no Web lab.
cadastro, exclusão e atualização de dados de Web labs, ex- O Agente de Serviços informa ao Serviço Web Gerenciador
perimentos e recursos. O experimento reúne um conjunto de de Serviços Remotos os hosts do experimento e quais os
recursos selecionados. Por sua vez, o recurso é a unidade do Serviços Remotos que devem ser instanciados nesses hosts.
experimento que pode sofrer alteração ou consulta. No entanto, Isso é feito porque serão os Serviços Remotos os responsáveis
é necessário que todos os recursos do experimento tenham por executar eventos e estes serviços devem ser inicializados
sido reservados junto a Gerência do Laboratório para que seja antes da Aplicação Cliente, garantindo a presença dos recursos
possı́vel iniciar o experimento. Ao usuário cabe somente a para o usuário.
reserva do experimento, enquanto que aos serviços de acesso a As Fábricas de Serviços são componentes responsáveis
garantia que os recursos associados ao experimentos reservado pela instanciação de Serviços Remotos. O Gerenciador de
estarão disponı́veis. Serviços Remotos deve conter a lógica de negócio necessária
O serviço de gerência de sessão realiza a autenticação, para localizar e informar quais Serviços Remotos devem
verificação da reserva do usuário e inı́cio da sessão de acesso ser instanciados por cada uma das Fábricas de Serviços da
pelo perı́odo de tempo estabelecido para o experimento. A rede interna. Cada host gerenciável do laboratório possui a
sessão de acesso é finalizada pelo usuário ou pelo sistema, caso sua própria Fábrica de Serviços. Uma vez que os Serviços
o perı́odo de reserva tenha expirado. O serviço de gerência de Remotos estejam ativos o Agente de Serviços redireciona a
sessão inicia os serviços de interação (seção III-B) e propaga execução para a Aplicação Cliente.
no serviço de comunicação (seção III-C) eventos relativos ao A comunicação entre a Aplicação Cliente e a rede interna do
inı́cio e término de sessões. laboratório é limitada pela visão disponibilizada para o usuário
do experimento. Dessa forma, apenas os recursos reservados
B. Serviços de interação serão passı́veis de consulta e/ou alteração.
Os eventos do usuário são encaminhados para o Servidor
Os serviços de interação correspondem aqueles que efeti- de serviços Web utilizando o protocolo SOAP. Cada evento
vamente tornam o Web lab funcional do ponto de vista de possui o seu respectivo Serviço Web e Serviço Remoto. O
uso por parte do usuário final. No framework proposto, os Serviço Web é o responsável por encaminhar as solicitações
serviços de interação devem ser implementados como serviços do usuário para a rede interna; já o Serviço Remoto é o
web especı́ficos para o domı́nio dos Web labs. Tendo em responsável por executá-las. Uma vez que a solicitação tenha
vista os objetivos para o desenvolvimento do NetLab Web lab, sido processada pelo Serviço Remoto cabe ao Serviço Web
foram implementados serviços de interação que possibilitem redirecionar a resposta para a Aplicação Cliente.
ao usuário um maior contato com tecnologias de redes de
computadores suportando a execução de experimentos, ofere- C. Serviços de comunicação
cendo interfaces de manipulação de recursos necessários ao
Para suporte à comunicação foram especificados dois
experimento.
serviços: serviços de difusão e serviço de streaming; O serviço
A utilização deste serviço depende do estabelecimento de
de difusão é responsável por prover comunicação ponto-
uma sessão de acesso para autenticar o participante e verificar
multiponto entre usuários e Web lab. O serviço é baseado no
a existência de reserva para o uso do laboratório.
modelo produtor-consumidor, sendo responsável pela entrega
Lado Cliente Rede Interna do Laboratório aos consumidores dos documentos submetidos pelos produ-
Aplicação Cliente Agente de Serviços Servidor de
Serviços Web
Serviço Web tores de informação.
O serviço de difusão Fig. 3 expões uma interface WSDL que
permite o registro de produtores e consumidores, a submissão
Site do Laboratório Gerenciador de
Serviços Remotos
Serviço Remoto de documentos para difusão e a consulta de documentos ar-
mazenados. Aos documentos submetidos, o Gerente Produtor
* acrescenta uma marca de tempo e os repassa ao Canal de
Rede de Acesso

Fábrica de
Difusão. No canal é averiguado se o documento é persistente
Portal de Acesso Serviços Remotos 1
ou transiente, de acordo com o tempo de vida estipulado pelo
produtor. Em caso de persistência, o documento é armazenado
na base de dados. Por último, o Gerente Consumidor procede
Fig. 2. Serviço de Interação em Web Labs SOA a entrega do documento aos consumidores registrados.
O serviço de streaming permite a gerência de fluxo de
Os laboratórios cadastrados no domı́nio podem ser vi- mı́dia contı́nua entre produtores e consumidores de fluxo,
sualizados através do componente Portal de Acesso, como sendo implementado sobre o serviço de difusão. O serviço
apresentado na Fig. 2. Cada laboratório possui um conjunto de de streaming suporta gerência de conexões multimı́dia ponto-
experimentos que podem ser acessados através do componente multiponto com negociação de parâmetros de mı́dia tais como
aplicação cliente, acessı́vel para o usuário, através do link codificação e tamanho de vı́deo, codificação e tamanho da
encontrado no site do laboratório. Ao acessar esse link o amostra de áudio, taxa de amostragem, etc.
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Serviço de Difusão
cadastrados tenham acesso aos experimentos. Cabe também
Consumidor de
Produtor de
Informação
Gerente
Canal de Difusão
Gerente Informação ao site fornecer para o software do experimento as permissões
Produtor Consumidor
do usuário e a identificação do experimento.
Interface de
Base de Notificação
F1 F2 Fn
Dados
Filtros XPath
A. Arquitetura Fı́sica do NetLab Web Lab
A Fig. 4 mostra o ambiente onde os experimentos podem
usa
ser suportados. Os hosts do laboratório estão previamente
Produtor de Consumidor de
Fluxo Serviço de Streaming Fluxo configurados de maneira que cada um seja capaz de consultar
todos os demais. O host servidor da rede possui conexão
Interface de
Negociação~
Negociador
com a Internet para que seja possı́vel o acesso remoto ao
Fluxo de Mídia Contínua
Web Lab. Os hosts possuem NICs Ethernet 10/100/1000Mbps
conectados por um Switch Ethernet Gigabit formando a rede
Fig. 3. Componentes do serviço de difusão e streaming. principal do Web Lab. Aliado a isso, NICs 10/100Mbps são
utilizadas para a conexão com um HUB formando a rede de
retaguarda. Isso é necessário para garantir que as alterações no
IV. N ET L AB W EB L AB laboratório remoto sejam executadas fazendo com que os hosts
NetLab Web Lab é um laboratório da Universidade Federal envolvidos com os experimentos, em momento algum percam
de Uberlândia para ensino remoto de redes de computadores a conectividade com o servidor do laboratório. Essas NICs
aplicado em um domı́nio de Serviços Diferenciados. Atual- passam desapercebidas pelos usuários, pois as mesmas não são
mente, a garantia de recursos para aplicações que exigem um apresentadas a eles em momento algum, por serem interfaces
fluxo contı́nuo de informações tem se tornado cada vez mais administrativas, que servem para efetuar as configurações das
evidente. Por isso, a oferta de Serviços Diferenciados permite demais NICs envolvidas com os experimento e desfazer as
priorizar diferentes tipos de tráfego de dados. No entanto, configurações efetuadas pelos usuários ao término de cada
a configuração exige esforço para dispor uma rede fı́sica experimento. Os computadores utilizam o sistema operacional
que suporte essas alterações e o entendimento das complexas Linux Slackware 10.2 e kernel 2.6.15.6 com suporte a Serviços
configurações realizadas. O NetLab Web Lab se propõe a Diferenciados.
ser uma ferramenta que permita agregar funcionalidades para 192.168.10.3 192.168.10.5 192.168.10.6

o ensino de redes e Serviços Diferenciados (Differentiated


172.16.50.1 172.16.50.2
Services - DiffServ). Internet
172.16.20.2 172.16.20.1

A infraestrutura de software do laboratório é composta 172.16.70.1 172.16.10.2 172.16.30.1

por um container de serviços Web Apache Axis/Java, um


Zeus
container JSP/Servlet Apache Tomcat, um banco de dados Urano Poseidon

relacional MySQL e utiliza a tecnologia Java RMI para realizar 172.16.70.2


172.16.60.1 Rede Principal
172.16.60.2
a comunicação entre a rede interna do Web Lab e o container 172.16.10.1 172.16.30.2 Rede de Retaguarda

172.16.40.1 172.16.40.2
de Serviços Web.
Hodes
A parte administrativa do laboratório é realizada no site que Helios Gaia

implementa os Serviços de Acesso. Apenas o administrador 192.168.10.1 192.168.10.2 192.168.10.4


do sistema tem acesso a esse componente. As tarefas do
administrador incluem a gerência de participantes, de papéis e Fig. 4. Disposição Fı́sica do NetLab Web Lab.
permissões, do laboratório e da sessão do experimento, como
detalhado na arquitetura proposta.
Para que um experimento possa ser disponibilizado, o ad-
B. Experimentos no NetLab Web Lab
ministrador do sistema deve fazer a alocação de recursos para
o experimento. Feito isso, o experimento pode ser disponibi- A Fig. 5 representa a visão do experimento de configuração
lizado por um determinado perı́odo de tempo. Então, através da rede interna do laboratório remoto NetLab. Esse experi-
do site do NetLab Web Lab, os usuários podem realizar a mento tem o objetivo principal de verificar quais alterações
reserva de experimentos no dia e horário que considerarem permitem manter a comunicação entre os nós da rede. Neste
mais conveniente dentro da disponibilidade do laboratório. caso, os hosts e as suas respectivas interfaces de rede são os
O site do NetLab Web Lab apresenta links para os experi- recursos alocados para o experimento. Os seguintes eventos
mentos suportados (aplicação cliente). Ao selecionar um link estão disponı́veis para esse experimento:
o software do experimento será downloaded no computador • Alteração de IP: O usuário pode fazer a alteração remota
do usuário. Esses usuários têm acesso limitado aos recursos dos endereços IP das interfaces de rede. O intuito é
do laboratório, o que implica que a configuração apresentada permitir que o usuário compreenda o significado da
no software do experimento pode não refletir todos os recursos representação numérica que identifica unicamente a in-
disponı́veis e que ocorrem na rede. terface na rede.
O site do NetLab Web Lab comunica-se com os compo- • Rotas: O usuário pode fazer a consulta e a alteração das
nentes do Serviço de Acesso para que apenas os usuários rotas de encaminhamento de pacotes de cada um dos
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apresentados e testando a comunicação. Por outro lado, a


representação visual do experimento pode ser vista como um
atrativo.

V. R ESULTADOS DO EXPERIMENTO DE Q O S
Aplicações de tempo-real que utilizam a Internet como meio
de integração de serviços de telefonia fixa, difusão de fluxos
de áudio e vı́deo, laboratórios virtuais, teleconferência e outros
mais, exigem um nı́vel maior de qualidade de envio e recepção
de informações se comparado com aplicações convencionais.
Para dispor de QoS (Quality of Service) em uma rede IP
três componentes têm de ser disponibilizados: manipulação
do tráfego, sinalização e configuração [Roberts 1999],
[Bernet 2000]. O primeiro diz respeito à manipulação do
fluxo de pacotes, escalonamento e algoritmos empregados para
o gerenciamento de cada fluxo. O segundo diz respeito à
Fig. 5. Experimento de configuração da rede interna do NetLab Web Lab. forma como a marcação desses fluxos será interpretada para a
provisão de QoS na rede. Finalmente, o terceiro componente
lida com a medição, o monitoramento, o estabelecimento de
hosts. O intuito é permitir que o usuário compreenda limiares e polı́ticas de controle do comportamento do tráfego
que a simples alteração de endereços IP não garante a de pacotes.
comunicação entre dois ou mais hosts na rede.
Perda de pacotes (%)
• Teste de conexão: O usuário pode testar a comunicação
entre os dois nós da rede de forma a verificar periodica- 140 AF11 obtida
AF21 obtida
mente se as alterações realizadas nos eventos anteriores AF22 obtida
120 BE obtida
surtiram efeito no enlace entre os hosts. EF obtida

• Configuração de Disciplinas de Fila: Para realizar testes 100


relacionados a Qualidade de Serviço, o usuário pode 80
realizar a configuração de disciplinas de fila nas interfaces
de rede. Devido o caráter pedagógico do experimento, 60

a configuração realizada em um nó pode ser propagada 40


por todos os nós da rede. A representação visual da
20
estrutura lógica da configuração aliada à exibição do
código auxiliam no entendimento da configuração. 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Segundos

Vazão (MBytes / segundo)


12
AF11 obtida
AF21 obtida
AF22 obtida
10 BE obtida
EF obtida

Fig. 6. Experimento com Disciplinas de Fila no NetLab Web Lab. 0


0 10 20 30 40 50 60 70 80
Segundos

Os eventos apresentados podem ser utilizados para melhorar


Fig. 7. Comportamento Obtido dos Fluxos no Domı́nio DiffServ do
o entendimento de aspectos importantes relacionados à teoria laboratório.
de comunicação em redes de computadores. A arquitetura
do software do experimento permite que novas funcionali- O NetLab Web Lab disponibiliza a configuração de Serviços
dades sejam agregadas sem comprometer as anteriores. De Diferenciados junto à rede interna do laboratório utilizando
forma semelhante, o mesmo aplicativo pode ser estendido uma representação gráfica das classes de comportamento,
para comportar mais recursos da rede, combinando os eventos filtros e disciplinas de fila. Para manter a semântica de
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representação são informadas as linhas de comando e suas [Fernandez et al. 2005] Fernandez, R. O., Borges, A. P., Pérez-Lisboa, M.,
respectivas alterações a cada iteração do usuário com o Peixoto, N., and Ramirez-Fernandez, F. J. (Politécnica da Universidade de
São Paulo. 2005). Laboratório Virtual Aplicado à Educação a Distância.
experimento. Atualmente é possı́vel gerar fluxos de dados Sensores Integráveis e Microestruturas. IEEE/ACM Transactions on
pré-definidos para avaliar as configurações realizadas apenas Networking.
no laboratório, como mostra a Fig. 7. Pretende-se estender [Guimarães et al. 2003] Guimarães, E., Maffeis, A.and Pinto, R., Miglinski,
C., Cardozo, E., Bergerman, M., and Magalhães, M. (2003). REAL: A
essa aplicação para o tratamento de fluxos reais de mı́dia, Virtual Laboratory for Mobile Robots Experiments. In Proceedings of
entendendo que os resultados a serem obtidos continuarão a the IEEE.
respeitar as configurações do domı́nio. Da mesma forma, a [Hua and Ganz 2003] Hua, J. and Ganz, A. (Boulder, USA, 2003). Web en-
abled laboratory (R-LAB) framework. ASEE/IEEE Frontiers in Education
representação gráfica dos fluxos será inserida na aplicação do Conference.
experimento. [Leymann et al. 2002] Leymann, F., Roller, D., and Schmidt, M. T. (2002).
“Web services and business process management.”. IBM Systems Journal,
41(2):198–211.
VI. C ONCLUS ÕES [MIT 2006] MIT (2006). Projeto iCampus/iLAB. URL at http://
icampus.mit.edu/ilabs.
(HTTPS) apresenta um solução relativamente simples e bem [Neto 2006] Neto, A. C. (2006). “Web Services em Java com Axis - Teoria e
estabelecida para segurança. Apesar do protocolo HTTP ser Prática”. URL at http://www.guj.com.br/java.tutorial.
artigo.159.1.guj.
ineficiente para o transporte de fluxos multimı́dia em tempo [Papazoglou 2003] Papazoglou, M. P. (2003). Service-oriented computing:
real, esta deficiência é minimizada pelo aumento constante da Concepts, characteristics and directions.
capacidade das redes de comunicação. [Roberts 1999] Roberts, L. (1999). “Quality IP”. URL at http://www.
data.com/issue/990421/roberts.html.
A disponibilidade limitada de recursos ou ausência de con- [Sicker et al. 2005] Sicker, D. C., Lookabaugh, T., Santos, J., and Barnes,
trole de acesso pode ser minimizada pela implementação de F. (Indianapolis, USA, 2005). Assessing the effectiveness of remote
serviços de acesso capazes de coordenar múltiplas instâncias netoworking laboratories. ASEE/IEEE Frontiers in Education Conference.
[Sivakumar et al. 2005] Sivakumar, S. C., Robertson, W., Artimy, M., and
de um mesmo recurso e oferecer polı́ticas de acesso capazes Aslam, N. (2005). A web-based remote interative laboratory for internet-
de gerenciar uso mediante reserva, papéis, permissões, grupos working education. IEEE Transactions on Education., Vol.48.
e sessões. [Souza 2005] Souza, V. A. S. M. d. (2005). Uma arquitetura orientada a
serviços para desenvolvimento, gerenciamento e instalação de serviços
Serviços Web eliminam a necessidade de utilização de sis- de rede. Master’s thesis, Instituto de Computação Universidade Estadual
temas de software proprietários no terminal do usuário. Além de Campinas, SP.
de empregar padrões 100% abertos, Serviços Web podem ser
acessados a partir de múltiplos terminais, inclusive terminais Lucio Agostinho da Rocha Mestrando em Ciência da Computação
móveis como computadores de mão e telefones celulares. pela Universidade Federal de Uberlândia.
O modelo de referência para Web Labs apresentado neste Adriano Fiad Farias Mestrando em Ciência da Computação pela
artigo teve o objetivo de identificar os principais componentes Universidade Federal de Uberlândia. Atualmente é professor do
que devem ser implementados para a construção de Web Centro Federal de Educação Tecnológica de Petrolina, Pernambuco.
Labs SOA. Neste modelo, os experimentos são designados Luı́s Fernando Faina Doutor em Engenharia Elétrica pela Universi-
através da composição de serviços oferecidos pelo Web Lab, dade Estadual de Campinas (2000). Atualmente é professor Adjunto
favorecendo assim a reusabilidade de código para a construção da Universidade Federal de Uberlândia.
de novos experimentos ou adaptação dos já existentes para Eliane G. Guimarães Doutora em Engenharia Elétrica e de
novos contextos. Está composição reduz drasticamente os Computação pela Universidade Estadual de Campinas (2004). At-
esforços para desenvolver experimentos de acesso remoto. ualmente é Tecnologista Senior III do Centro de Pesquisas Renato
Finalmente, o maior benefı́cio de computação orientada Archer.
a serviço está na possibilidade de utilização de aplicações Paulo R.S.L. Coelho Doutorando em Engenharia Elétrica pela
de forma federada. No caso de Web Labs, os Serviços Universidade Estadual de Campinas.
Web utilizados para a construção de experimentos podem Eleri Cardozo Doutor em Electrical and Computer Engineering -
ser disponibilizados para outros Web Labs, aumentando a Carnegie Mellon University (1987). Atualmente é professor titular
abrangência dos experimentos e perfis dos usuários. Para tanto, da Universidade Estadual de Campinas.
os serviços de acesso devem ser capazes de honrar contratos
estabelecidos entre domı́nios administrativos distintos para fins
de autenticação, acesso e uso de serviços.

R EFERENCES
[Bernet 2000] Bernet, Y. (2000). “The Complementary Roles of RSVP
and Differentiated Services in the Full-Service QoS Network.”. IEEE
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[Chella 2000] Chella, Marco Túlio e Ferreira, E. C. (2000). Ferramenta
para o desenvolvimento de experimentos remotos com aplicações edu-
cacionais. VII Congresso Iberoamericano de Informática Educativa.

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