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CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

com enfoque na jurisprudência


Gustavo Rodrigues
Auditor de Controle Externo do Tribunal de
Contas do Estado do Espírito Santo
Importância da jurisprudência no Brasil.
Indicações
• Informativo de Licitações e Contratos do TCU
• Informativo de Jurisprudência do TCE
• Curso de Licitações e Contratos
Administrativos – Lucas Rocha Furtado –
Editora Fórum
• Gestão e Fiscalização de Contratos
Administrativos – Jair Eduardo Santana e
Tatiana Camarão – Editora Fórum
• Comentários à Lei de Licitações e Contratos
Administrativos – Marçal Justen Filho –
Editora RT
Contratação
1ª: fase interna da licitação
2ª: fase externa da licitação
3ª: execução contratual
Base normativa
• Constituição Federal de 1988
• Lei 8.666/93
• Lei 8.987/95 (concessões e permissões de serviços públicos)
• Lei 10.520/2002 (lei do pregão – bens e serviços comuns)
• Lei 11.079/2004 (PPP)
• Lei Complementar 123/2006 (Estatuto das MEs e EPPs)
• Lei 12.232/2010 (Dispõe sobre as normas gerais para licitação e
contratação pela administração pública de serviços de publicidade
prestados por intermédio de agências de propaganda e dá outras
providências.
• Lei 12.462/2011 (Regime Diferenciado de Contratações Públicas)
Caráter subsidiário da Lei 8.666/93
Art. 1º (...) RDC
§ 2o A opção pelo RDC deverá constar de forma expressa do
instrumento convocatório e resultará no afastamento das
normas contidas na Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993,
exceto nos casos expressamente previstos nesta Lei.

Art. 39. Os contratos administrativos celebrados com base no


RDC reger-se-ão pelas normas da Lei nº 8.666, de 21 de junho
de 1993, com exceção das regras específicas previstas nesta
Lei.
O contrato administrativo na CF/88

Art. 37 (omissis)

XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as


obras, serviços, compras e alienações serão contratados
mediante processo de licitação pública que assegure
igualdade de condições a todos os concorrentes, com
cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento,
mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da
lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação
técnica e econômica indispensáveis à garantia do
cumprimento das obrigações.
O contrato administrativo na CF/88
Art. 22. Compete privativamente à União legislar
sobre:

XXVII - normas gerais de licitação e contratação,


em todas as modalidades, para as administrações
públicas diretas, autárquicas e fundacionais da
União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as
empresas públicas e sociedades de economia
mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
O contrato administrativo na CF/88
A Lei nº 8.666/93 diz:
Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais sobre
licitações e contratos administrativos
pertinentes a obras, serviços, inclusive de
publicidade, compras, alienações e locações
no âmbito dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios.
O contrato administrativo na CF/88
Há muita polêmica em relação a esse assunto.

Para uma corrente, a União extrapolou sua competência e, por meio da Lei nº
8.666/93, dispões não apenas sobre normas gerais.

Para uma outra corrente, a União, ao elaborar a Lei nº 8.666/93, não


extrapolou sua competência, já que a expressão normas gerais seria um
pleonasmo (toda norma é geral), só restando aos estados autorização para
legislarem sobre temas de licitações e contratos caso lei complementar
autorize.

Art. 22 (...)
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar
sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.
O contrato administrativo na CF/88
Caminho mais seguro:

• A Lei nº 8.666/93 de fato traz normas gerais, não


extrapolando, via de regra, a competência da
União.
• Outros entes federativos podem elaborar normas
específicas, desde que não contrariem a Lei nº
8.666/93.
• A Lei nº 8.666/93 terá norma não geral somente
quando a Jurisprudência assim o entender.
O contrato administrativo na CF/88
ADI 927 MC / RS - RIO GRANDE DO SUL
MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE

EMENTA: CONSTITUCIONAL. LICITAÇÃO. CONTRATAÇÃO


ADMINISTRATIVA. Lei n. 8.666, de 21.06.93. I. -
Interpretação conforme dada ao art. 17, I, "b"
(doação de bem imóvel) e art. 17, II, "b" (permuta de
bem móvel), para esclarecer que a vedação tem
aplicação no âmbito da União Federal, apenas.
Idêntico entendimento em relação ao art. 17, I, "c" e
par. 1. do art. 17. Vencido o Relator, nesta parte. II. -
Cautelar deferida, em parte.
Conceito de Contrato
Contrato é um negócio jurídico bilateral cuja finalidade é criar,
regular, modificar ou extinguir um vínculo jurídico patrimonial
entre as pessoas que o celebram.

Expressão-chave: ACORDO DE VONTADES.

Seria o contrato administrativo aquele no qual a Administração


Pública é parte?
Conceito de Contrato Administrativo
Art. 2º (...)

Parágrafo único. Para os fins desta Lei,


considera-se contrato todo e qualquer ajuste
entre órgãos ou entidades da Administração
Pública e particulares, em que haja um acordo
de vontades para a formação de vínculo e a
estipulação de obrigações recíprocas, seja
qual for a denominação utilizada.
Conceito de Contrato Administrativo
Contratos da Administração é o gênero, que
pode ser subdividido em:

• Contratos de Direito Privado


• Contratos Administrativos
Em relação ao tema, há 3 correntes:

• Não existe contrato administrativo.


• Todos os contratos da Administração Pública
são administrativos.
• Contrato administrativo é espécie do gênero
Contratos da Administração.
Traço distintivo do contrato
administrativo:
• Objeto?
• Finalidade ou interesse público?
• Regime jurídico?

Decorrência: Presença da Administração Pública


com supremacia de poder (cláusulas
exorbitantes).
Regime jurídico-administrativo
“Juridicamente, esta caracterização consiste, no Direito
Administrativo, segundo nosso modo de ver, na
atribuição de uma disciplina normativa peculiar que,
fundamentalmente, se delineia em função da
consagração de dois princípios:

a)supremacia do interesse público sobre o privado;


b) indisponibilidade, pela Administração, dos interesses
públicos”.
Contratos de Direito Privado
Art. 62 (...)
§ 3o Aplica-se o disposto nos arts. 55 e 58 a 61 desta Lei
e demais normas gerais, no que couber:
I - aos contratos de seguro, de financiamento, de
locação em que o Poder Público seja locatário, e aos
demais cujo conteúdo seja regido,
predominantemente, por norma de direito privado;
II - aos contratos em que a Administração for parte
como usuária de serviço público.
Contratos de Direito Privado
Art. 55 – cláusulas necessárias
Art. 58 – cláusulas exorbitantes
Art. 59 – efeitos da nulidade
Art. 60 e 61 - formalidades
Contratos de Direito Privado
Pressupostos para a aplicação das cláusulas
exorbitantes nos contratos de direito privado:

• Previsão expressa no contrato


• Não contrariedade à legislação específica
Contratos de Direito Privado
Acórdão nº 1.127/2009 – Plenário, TCU

1. Pelo disposto no art. 62, § 3º, inciso I, da Lei


nº 8.666/1993, não se aplicam aos contratos
de locação em que o Poder Público for
locatário as restrições constantes do art. 57 da
Lei.
Contratos de Direito Privado
Acórdão nº 1.127/2009 – Plenário, TCU

2. Não se aplica a possibilidade de ajustes verbais e prorrogações


automáticas por prazo indeterminado, condição prevista no
artigo 47 da Lei nº 8.245/91, tendo em vista que (i) o
parágrafo único do art. 60 da Lei nº 8.666/93, aplicado a esses
contratos conforme dispõe o § 3º do art. 62 da mesma Lei,
considera nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a
Administração e (ii) o interesse público, princípio basilar para
o desempenho da Administração Pública, que visa atender
aos interesses e necessidades da coletividade, impede a
prorrogação desses contratos por prazo indeterminado.
Contratos de Direito Privado
Acórdão nº 1.127/2009 – Plenário, TCU
3. A vigência e prorrogação deve ser analisada
caso a caso, sempre de acordo com a
legislação que se lhe impõe e conforme os
princípios que regem a Administração Pública,
em especial quanto à verificação da
vantajosidade da proposta em confronto com
outras opções, nos termos do art. 3º da Lei nº
8.666/93.
REsp nº 737.741/RJ - STJ
Ementa: ADMINISTRATIVO. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.
RESCISÃO. INDENIZAÇÃO.

1. Distinguem-se os contratos administrativos dos contratos de direito


privado pela existência de cláusulas ditas exorbitantes, decorrentes da
participação da administração na relação jurídica bilateral, que detém
supremacia de poder para fixar as condições iniciais do ajuste, por meio
de edital de licitação, utilizando normas de direito privado, no âmbito do
direito público.

2. Os contratos administrativos regem-se não só pelas suas cláusulas, mas,


também, pelos preceitos de direito público, aplicando-se-lhes
supletivamente as normas de direito privado.
REsp nº 737.741/RJ - STJ
3. A Administração Pública tem a possibilidade, por meio das
cláusulas chamadas exorbitantes, que são impostas pelo
Poder Público, de rescindir unilateralmente o contrato.

4. O Decreto-Lei nº 2.300/86 é expresso ao determinar que a


Administração Pública, mesmo nos casos de rescisão do
contrato por interesse do serviço público, deve ressarcir os
prejuízos comprovados, sofridos pelo contratado.

5. Recurso especial provido em parte.


REsp 527.137-PR
Afastou-se a aplicação de normas do CDC em relação ao contrato administrativo.

1. Contrato de prestação de serviços firmado, após procedimento licitatório, entre a ECT e as


recorrentes para a construção de duas agências dos Correios. Paralisação das obras...
(...)

5. A Lei de Licitações e Contratos estabelece que o contraente poderá servir-se das cláusulas
exorbitantes do direito privado para melhor resguardar o interesse público. É de sabença
que as cláusulas exorbitantes são as que inexistem no Direito Privado e permitem ao Poder
Público alterar as condições de execução do contrato, independentemente da anuência do
contratado.
6. À luz do art. 37, XXI, da Constituição Federal, a natureza do vínculo jurídico entre a ECT e as
empresas recorrentes, é de Direito Administrativo, sendo certo que a questão sub judice
não envolve Direito Privado, tampouco de relação de consumo. Aliás, apenas os
consumidores, usuários do serviço dos correios é que têm relação jurídica de consumo com
a ECT.
Art. 54. Os contratos administrativos de que
trata esta Lei regulam-se pelas suas cláusulas
e pelos preceitos de direito público, aplicando-
se-lhes, supletivamente, os princípios da
teoria geral dos contratos e as disposições de
direito privado.
Conceito de Contrato Administrativo
Para CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO,
contrato administrativo “é um tipo de avença
travada entre a Administração e terceiros na
qual, por força de lei, de cláusulas pactuadas
ou do tipo de objeto, a permanência do
vínculo e as condições preestabelecidas
assujeitam-se a cambiáveis imposições de
interesse público, ressalvados os interesses
patrimoniais do contratante privado”.
Conceito de Contrato Administrativo
Para Hely Lopes Meirelles, “contrato
administrativo é o ajuste que a Administração
Pública, agindo nessa qualidade, firma com o
particular ou outra entidade administrativa
para a consecução de objetivos de interesse
público, nas condições estabelecidas pela
própria Administração”.
Características
• Bilateral (obrigações para ambas as partes)
• Comutativo (prestações mútuas e
equivalentes, pré-definidas)
• Consensual
• Formal
• Oneroso
• Intuitu personae
• De adesão
Características

Obs. Pelo menos em um dos polos da relação


contratual precisa estar presente a
Administração Pública.
Princípio da Tipicidade?
TCEES - Prejulgado Nº 002, Acórdão TC-635/2013-
Plenário, TC 5617/2012

Pronunciou-se favoravelmente à possibilidade de


celebração de contrato de locação de ativos,
precedida de concessão do direito real de uso de
área pública, reconhecendo-o como modalidade de
contratação atípica, observadas as disposições da lei
nº 8.6666/93, quanto ao procedimento licitatório.
Mitigação de princípios de direito privado:

• Pacta sunt servanda


• Lex inter partes
• Exceptio non adimpleti contractus (art. 78, XV)

Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato:


XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos devidos pela
Administração decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou
parcelas destes, já recebidos ou executados, salvo em caso de calamidade
pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra, assegurado ao
contratado o direito de optar pela suspensão do cumprimento de suas
obrigações até que seja normalizada a situação;
Contratos X Convênios
Nos contratos os interesses são distintos/divergentes.

Nos convênios os interesses são convergentes/de


mesmo sentido.

Art. 116. Aplicam-se as disposições desta Lei, no que


couber, aos convênios, acordos, ajustes e outros
instrumentos congêneres celebrados por órgãos e
entidades da Administração.
Execução direta x execução indireta
Art. 6º

Execução direta – a Administração adquire os


insumos e ela mesma é a executora de
serviços e obras.

Execução indireta – a Administração contrata


com terceiros a execução obras ou serviços.
Execução indireta
• empreitada por preço global - quando se contrata a execução da obra ou
do serviço por preço certo e total;
• empreitada por preço unitário - quando se contrata a execução da obra ou
do serviço por preço certo de unidades determinadas;
• tarefa - quando se ajusta mão-de-obra para pequenos trabalhos por preço
certo, com ou sem fornecimento de materiais;
• empreitada integral - quando se contrata um empreendimento em sua
integralidade, compreendendo todas as etapas das obras, serviços e
instalações necessárias, sob inteira responsabilidade da contratada até a
sua entrega ao contratante em condições de entrada em operação,
atendidos os requisitos técnicos e legais para sua utilização em condições
de segurança estrutural e operacional e com as características adequadas
às finalidades para que foi contratada;
Lei 12.462/2011
Art. 9º (...)
§ 1o A contratação integrada compreende a
elaboração e o desenvolvimento dos projetos
básico e executivo, a execução de obras e
serviços de engenharia, a montagem, a
realização de testes, a pré-operação e todas as
demais operações necessárias e suficientes
para a entrega final do objeto.
Espécies de Contratos (objeto)
Art. 6o Para os fins desta Lei, considera-se:
I - Obra - toda construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação,
realizada por execução direta ou indireta;
II - Serviço - toda atividade destinada a obter determinada utilidade de
interesse para a Administração, tais como: demolição, conserto,
instalação, montagem, operação, conservação, reparação, adaptação,
manutenção, transporte, locação de bens, publicidade, seguro ou
trabalhos técnico-profissionais;
III - Compra - toda aquisição remunerada de bens para fornecimento de uma
só vez ou parceladamente;
IV - Alienação - toda transferência de domínio de bens a terceiros;
Espécies de Contratos (objeto)
Obras X Serviços:

Para José dos Santos Carvalho Filho, “apesar das


dificuldades, pode entender-se que na obra há
sempre um acréscimo ou modificação
significativa no bem imóvel, enquanto que nos
serviços gerais predomina a atividade, a
execução, o facere, enfim”.
Serviços comuns X Serviços técnico-
profissionais
Serviços comuns: não há necessidade de habilitação ou
formação específica. Ex: limpeza, vigilância, pintura.

Art. 1º (Lei 10.520/2002)


Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços
comuns, para os fins e efeitos deste artigo, aqueles
cujos padrões de desempenho e qualidade possam
ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de
especificações usuais no mercado.
Serviços comuns X Serviços técnico-
profissionais
Serviços técnico-profissionais: há necessidade
de habilitação ou formação específica.

O artigo 13 da Lei 8.666/93 definiu os serviços


técnico-profissionais ESPECIALIZADOS.
Serviços comuns X Serviços técnico-
profissionais
Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços técnicos profissionais
especializados os trabalhos relativos a:
I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos;
II - pareceres, perícias e avaliações em geral;
III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias;
(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços;
V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;
VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
VII - restauração de obras de arte e bens de valor histórico.
VIII - (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
Serviços comuns X Serviços técnico-
profissionais
Os serviços do artigo 13 poderão ser contratados via
inexigibilidade de licitação. Se não for o caso, deverá ser
realizada a licitação na modalidade concurso (§ 1º).

Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de


competição, em especial:
II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art.
13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou
empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade
para serviços de publicidade e divulgação;
CUIDADO!!!
TCEES - Acórdão TC-530/2015-1ª Câmara

“fornecimento de mão de obra, além de corresponder com


atividades desenvolvidas por ocupantes de cargos do quadro
de pessoal permanente da autarquia, o que, conforme acima
explanado, é ilegal e afronta diretamente a regra insculpida
no inciso II, do artigo 37 a Constituição Federal. Além do que,
há potencial sobreposição de atividades, em se tratando de
existência de cargos previstos na estrutura administrativa,
bem como a contratação de pessoas para exercer a função
inerente à função destes cargos, no caso sete braçais e um
agente de limpeza efetivada por meio do pregão presencial”.
CUIDADO!!!
TCEES - Acórdão TC-229/2015-Primeira Câmara, TC 4479/2013
Objeto: contratação de prestação de serviços de consultoria na área contábil.
Resumindo:
6. A contratação para execução de atividades rotineiras e permanentes
demanda realização de concurso público, sob pena de burlar exigência
constitucional.
O relator, em consonância com o parecer técnico, entendeu pela ilegalidade
do objeto da licitação, visto que houve a “contratação de serviços de
contabilidade rotineiros da Administração, que deveriam ser
desempenhados por servidores públicos efetivos aprovados em concurso
público”. Ademais, acrescentou que é irregular a terceirização de serviços
essenciais e permanentes, visto que, além de frustrar a regra de concurso
público, prevista no inciso II do artigo 37 da Constituição Federal,
comprometeu a “qualidade e o empenho no serviço prestado em áreas
consideradas prioritárias, haja vista a inexistência de vínculo duradouro
entre o executante e a administração”.
Compra e venda
Compra e venda = fornecimento.
É um contrato administrativo.

Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão:


I - atender ao princípio da padronização, que imponha compatibilidade de
especificações técnicas e de desempenho, observadas, quando for o caso,
as condições de manutenção, assistência técnica e garantia oferecidas;
II - ser processadas através de sistema de registro de preços;
III - submeter-se às condições de aquisição e pagamento semelhantes às do
setor privado;
IV - ser subdivididas em tantas parcelas quantas necessárias para aproveitar
as peculiaridades do mercado, visando economicidade;
V - balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos órgãos e entidades da
Administração Pública.
Formalização
• Regime jurídico administrativo – RESTRIÇÕES.
• Os contratos administrativos são formais.
• Via de regra, dependem de prévia licitação.
Formalização
Art. 60. Os contratos e seus aditamentos serão
lavrados nas repartições interessadas, as quais
manterão arquivo cronológico dos seus
autógrafos e registro sistemático do seu
extrato, salvo os relativos a direitos reais sobre
imóveis, que se formalizam por instrumento
lavrado em cartório de notas, de tudo
juntando-se cópia no processo que lhe deu
origem.
Formalização
• Escritos.
• Contrato verbal é nulo, salvo exceções.
Art. 60 (...)
Parágrafo único. É nulo e de nenhum efeito o contrato
verbal com a Administração, salvo o de pequenas
compras de pronto pagamento, assim entendidas
aquelas de valor não superior a 5% (cinco por cento)
do limite estabelecido no art. 23, inciso II, alínea "a"
desta Lei, feitas em regime de adiantamento.
Formalização
Art. 62 (...)
§ 1o A minuta do futuro contrato integrará
sempre o edital ou ato convocatório da
licitação.
Art. 61. Todo contrato deve mencionar os
nomes das partes e os de seus
representantes, a finalidade, o ato que
autorizou a sua lavratura, o número do
processo da licitação, da dispensa ou da
inexigibilidade, a sujeição dos contratantes às
normas desta Lei e às cláusulas contratuais.
Súmula 28 TCE/MG
“Os representantes de entidades que
celebrarem convênio, contrato ou acordo
com o Poder Público devem anexar ao
processo submetido ao exame do
Tribunal de Contas o instrumento de
mandato ou documentação que lhes
confira o poder de representação”.
Publicação na Imprensa Oficial
Art. 61 (...)

Parágrafo único. A publicação resumida do instrumento de


contrato ou de seus aditamentos na imprensa oficial, que é
condição indispensável para sua eficácia, será providenciada
pela Administração até o quinto dia útil do mês seguinte ao de
sua assinatura, para ocorrer no prazo de vinte dias daquela
data, qualquer que seja o seu valor, ainda que sem ônus,
ressalvado o disposto no art. 26 desta Lei. (Redação dada pela
Lei nº 8.883, de 1994)
Publicação na Imprensa Oficial
• É requisito de eficácia (produção de efeitos).
• Até 5º dia útil do mês subseqüente tem que
providenciar a publicação.
• + 20 dias corridos para sair publicado.

Há autores que entendem que é ou até o 5º dia


útil do mês subseqüente ou até 20 dias
corridos da assinatura, o que vencer primeiro.
Súmula nº 46 TCE/MG
“A eficácia de contratos, convênios e acordos e seus
aditamentos celebrados pelos órgãos e entidades
públicas, estaduais e municipais, qualquer que
seja o seu valor, dependerá da publicação de seu
resumo no Órgão Oficial do Estado ou no Diário
Oficial local, a qual deverá ser providenciada pela
Administração até o quinto dia útil do mês
seguinte ao da sua assinatura, para ocorrer no
prazo de 20 dias daquela data”.
Termo/Instrumento de Contrato
É obrigatório (art. 62):
• Concorrência.
• Tomada de preços.
(+R$150.000,00 E R$80.000,00).
• Dispensas e Inexigibilidades nos limites acima.
Termo/Instrumento de Contrato
É facultativo:
• Nos demais casos.
• Compra com entrega imediata e integral dos
bens adquiridos, dos quais não resultem
obrigações futuras, inclusive assistência
técnica, independente do valor.
Instrumentos substitutivos
• Carta-contrato
• Nota de empenho de despesa
• Autorização de compra
• Ordem de execução de serviço.

Obs. Art. 62, § 2º: Em "carta contrato", "nota de empenho de


despesa", "autorização de compra", "ordem de execução de
serviço" ou outros instrumentos hábeis aplica-se, no que
couber, o disposto no art. 55 desta Lei. (Redação dada pela Lei
nº 8.883, de 1994)
Em caso de utilização de um instrumento
substitutivo, preciso publicar na Imprensa
Oficial o resumo do contrato?
Súmula nº 30 TCE/MS
“A admissibilidade legal de que o administrador
público se utilize de carta-contrato, nota de
empenho da despesa, autorização de compra,
ordem de serviço ou ordem de execução dos
serviços, em substituição ao instrumento
contratual, não desobriga da respectiva
publicação resumida na imprensa oficial, com
vistas à eficácia do ato e ao resguardo do
princípio da publicidade e da legalidade”.
Contratos verbais
Regra: É nulo e de nenhum efeito (Art. 60, §
único).
Exceção:
• Pequenas compras de até R$ 4.000,00.
• De pronto pagamento.
• Em regime de adiantamento.
Convocação para assinatura do
contrato
Art. 64. A Administração convocará regularmente o
interessado para assinar o termo de contrato, aceitar
ou retirar o instrumento equivalente, dentro do
prazo e condições estabelecidos, sob pena de decair
o direito à contratação, sem prejuízo das sanções
previstas no art. 81 desta Lei.
§ 1o O prazo de convocação poderá ser prorrogado uma
vez, por igual período, quando solicitado pela parte
durante o seu transcurso e desde que ocorra motivo
justificado aceito pela Administração.
Observações
Princípio da adjudicação compulsória: direito do
licitante vencedor de que lhe seja adjudicado
o objeto. Não há direito a celebrar o contrato.

Art. 81 – sujeita quem recusa a assinar o


contrato de forma injustificada às penalidades
legais.
Convocação para assinatura do
contrato
§ 2o É facultado à Administração, quando o convocado não
assinar o termo de contrato ou não aceitar ou retirar o
instrumento equivalente no prazo e condições estabelecidos,
convocar os licitantes remanescentes, na ordem de
classificação, para fazê-lo em igual prazo e nas mesmas
condições propostas pelo primeiro classificado, inclusive
quanto aos preços atualizados de conformidade com o ato
convocatório, ou revogar a licitação independentemente da
cominação prevista no art. 81 desta Lei.

Obs. Esse dispositivo merece explicações.

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