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AMÉRICA LAflNP.

rn SECUlO XIX
TRAMAS, nus [ HXIOS
U\'JV::l\S!DJ\l)f N: S,\{) P.\UlO
Jkiw: A:.:o1i;h<) Jn~é Mett
1J.lín N.'.Jf}X'ka d~• Ü !..!~

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h:r-,r!'Wk;J,'f c~,,..1kfo h1l1lo F~.fathoi
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Cnk.i~ !.Rena P,,1dm~;, D.mt,1~

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V.biv ~krtin~ fLho

trmva (;!1~(>fia! s~:.am :li1~f


!:itfi<r;; i..~•;<:r.:1itl Eia.'1a Cab:ra~hi
:hrtrr:i !~,u~r:í<:rálfn: A1i;(!h. .\falia C;mft>n,'i11 'htn~
IYu.n.1 ..<í:SMtrI/f: ?'.fut{!tm Ví.u:rnh:
Maria Ligía Coelho Prado

AMÉRICA LATINA
NO SÉCULO XIX
TRAMAS, TELAS E TEXTOS

PretüiJ
ln1é 5;bi;!ià; '/líllir
H:1d:n. :ntr·r nar.knah de Catahga~-;'io nil hiklí( f'.çán (CiPj
t:ãnnn. Bn~íldra zb Liv:-o, SP. hnsL!J

Pradt~. ~~ta:fa ~.igia Cu.lh<>


,\m~fÍt,f\ LUnJ S·?<.:do xrx: Tnw1;.i:'i, ·:·L·las f Tr.H•>; (
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~~Liria dGi.,1 ( nd~w Prnd•>.. 2. ~ d.. Sãu rat~lu: E<lltor<i d,,


'Crfr{·~nidadf: :k 5i1r: Pado, 20111. c:nM.C:); Laliw1 a:1~eriG!f".OS.: .o
Bíbbl~rah<t
!Sll!I; 85 J >HJ:< 4 ~

l Amtrír-i L1:i~l.l - Hbtória - Sctul•l XIX 'L Polifr'·~ t


Cuhu a ·· A:l<t~~;ra I.a: ína L 'Iitulu. lL S~ric.

fmfüts f~ltá ("*"t:áfoj~O s §l:OH;J!ÍfH:


t A·uóira L)1 Jl.!: Cultura(' pdltic~1:
S&:u:c X!X Hstótí<é:
i .'\'.nt:rk.a : .,:11 nJ: h.dti:a tn.:ltt;rJ,
Só:ii!o XIX: !1i>1,irio• 9EOG:l !

Elh,t\} Ed;1:.1rn da ~Jnivr:>&idade d:~ SJo Pat..b


e\-,,·. i>r<~f. Lurku10 CtaH1Prto, Tru\·;:-~a j, 371
6<) a.1Rla.r - [d l!ti ,.\1;t•gà .fü. tor~a - CiCttCc Unircrsi1/1rià
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51õLiOTECA
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mma l?ni.r. re.'ld.\~"11.1 tÍ/L\ dnl«JS, e

h .mtmdria di! mlnhs .t"rwi1;a /hna !Jiaj.


çur nna. Hi a Yüfa.
,\r:ígos j.i pub:icados:

Ç~atrn dos emaios aqui apresentados fornm publicado~ ant1.•nonn2nte. Apenas


"-?ara LL'r o 'Fa.!:'undo· de S-ormicntc.. r:ã.o sofr{'u alterações s.ubstandais. Os dcni:d.c;.
foram revistos e º"1ant<' ampliadr>ll·
{ "<\ Partidpaç5o das Mu1heres nas Lutas p<ih: lndep<mdência tfa América
Lath: • :... j publirndo em: Rn•isM Bro~í/rira de Hislrlri;i, n. 23-2.J. S~o Paulo, ;i·t.
!9\l!/agc1. 1992.
2. 'Mora e F.cheverria: Duas Vhõ«s sobre n Sot<>ran:a Popular· ilJl<trewu em:
Hi>hir'a, rol. J (, SJ,1 f'auln. lJnesp. ;992; tambem cm: Sm1mda, n. 22,
\1<'x'co. :9!12.
3. "L~ndo ;lv.e!as no Bra\il !<:>anirn.1" fci publ;ca<lo com o título "Dcs rmmns
pour les fcm;nes d:m' !r. Bn'»l t'u d~but du X[X• síérle". no livro organ!za<lo
plr Kitiil de Que:n); \13ttnsu. lrs ft•mllts lÍ•ws fo vi/1'. IJn díalogui
Fra11m·Bri.uJim. Paris, Pressesde l'l:ní'lersité d<' Paris.Svrbcnnr, l!l97.
4. ·Para Lt:r ti' F~cundri · de Sarmknt11" foi pubhrndo mmo Introdução do livro
éc Domingü fauslinc Sarmíento. Facwrdv, Coleção Clássicos da Politka.
Pdtópolls. v~JZCS, l 991í.
innJv;, r:;miJi !':5Sl mum:fü
qrn atk: t"l.•rr.f, ma.'f virâ
um dia. 1tfll.m re mil ;u~
tai~"f'z mai1 ., nãú tt"nbtJ prt~'l
Um mtndv tnfi.m Pn!trt!0.};
ur.u: p;;,;ria ~m Jrorr.$s,
srv. ft.1$.' '11Jrtl.tJJ'tfnttx,
t;lll/1 l1:rt: ;,rru knthi~&.
.li!l'I igrrfa:. ntm ~<IJfifJ>.
>'<'lfl dar Jtffl fo.llrr, >l!il1 wm,
um sdfa!ro de t-iw1~
mas amtJáW- a varftWWt~
; Jml1,;alitídM1 @!J
qut hi dtntrq W Gi!líJ un.
LJ.t'fl ri4:Y1t sNn pmun. dt cdr)) .srm /1ntl.?>J«!!u1,
lJ,W plJ.fj de rtw r gM.ria
cam11 mmr:,1 h11t1.,.Y: liNWwt:,
&tt pau n;1Q i rr1tu
ntrn 1.-ru.w :.11Rda. p.JtÜi!,
M.m t}t- ,w-fli um r!ü1
Opalsd~ if)W !J.,mnr:.

C:Jfl01 Drurrnmnd tk Antlrndc,


"Cidadé Premta'
SUMARIO

Agrade.cimentos .................................................................................................................................... 13
f'r-.:füdu ...............................- ................... "'"""' ...................................................... 15

lntr<l<luçâo ........................................................................ .,............. .......... .................. ........ 19

L A PartiC:paçáo das Mulheres ms Luta.> pela


lndepcndêrn:ia Polítirn da Amt'rica Latina • ., .................................................... 29
2. Sonhos e De5ilusôt's nas 1ndependendas
Hispan(J-americam1s ........... ., ..........................................,..... .
:!. Morn n Ecbevcrría: Duas Visões da Questão
da Soberar.ia Popular ....................................................... .. ....................... 75
4. Uni>\~rsídade, Estado e fgrcja na América Latina ........ .. ........... 93
5. Lendo Novelas no l:lrnsil Joanino ............................................................................... 119
6. Para Ler u Farundo de Sarmiemo ............ -........- ...... - ................................ _............... 151
7. Natureza e ldentitfutle Nacional m1$1\111ér.cas ........................._ ........................ 17!1

Fontes da Ilustrações ..................................................................................................................... 217


Bí!Jllograna ................................................................................................................................. 21fl
----------······~·····~

AGRADECIMENTOS

E:n todo; estes anos de tnbalho, bcne:kiei·rce 1b> sugestües. críti


cas, ind:caçõcs bibllogrâfkas e phtas de pesquisa qu<' me for.:un ofereci
dm pc>r amigos e colegas. Deixo aqilc regbtrado 11:eu especial agratk6
mento por terem me ajuckdo a pensar estes ensarJ> a: Agmtin Martine1,
Alberio Aggio, Anar:lada Fadul, Ar.a !\faria de t\lmeida Carrn1rgo, Am1
;vbrln \'1iirtinez Corrca. Antc:1b Dini;H, qarbua Welmt(~Jn, CecíLa
lklena (k Salles Oliwíra, Emí!i;, Vintti da C(•Sta, Ed de M<·w111íta
Samara, Gustavo Prado. Hdoísa Rdc:he! Herbert KJe;n, Ho!ien Bezerra,
lika Stern Cohen, Jaime de Alnwida. Jorge Scl111;ut:1, Joy.\ Luís Beired,
fo;é Sebastião ·~Vítter. Ju!:o C.•sar Pim:~n!Pl Pinto Filho, Katia Gerab
Haggio. Katla de Queinis l.!;;arno. Kir;ten Sei 1ul!L L1ura de Me:Jo e So11·
za. LFi!an Mernn A!gran(Í, Marr.o Anunio vm ••. .\faria de Lourdes Mona·
ro janottí. Maria Ocliln Leite da SLva D;as, \farli<c Meycr Modesto fü,
n,nzann, l\'icol21s Schun11>~y. Philomt,na C,"hmn, Syhi.l B;i:;s('tto. Tl:resa
M('adc. Waldo i\nsaldi, Ziida lcrnL
Aos cok•ga> <lo [kpartam2r:to de Histúia da Univf>rs.í'.:lade de Sfo
PatJlo. agradeço pelo com1vlo ~cadernico e intelectual e pela parceria na
dcfosa da unilcrskfade pública 'irmlkirn.
A José Mind!in, pela gcr.e~osidadc de abrir as porias de sua extraor
dinárla biblioteca aos pcsquisadore e por ,-,}i ter construído um esp<:ço
t<lo ;1cc)lhcdor. A Cris:ina Antu1:cs, bíhliotec;íria do acervo. pela com-
pet~ntia e .1tençio.
;\os ceus alunos. pelas n;mífcstaçõcs de carmho e por me darem
razôc> par: continuar :1 3crlcdítar que <J vida universitária faz scmido.
Agrndcço de forma espc·cial a Gabriela Pellcgrino Soares, a Laris~;; Radc
Ccstar: e a l\ifary i\nne !unquf'ira, pela ajuda ra fase fina! de rcvi>:io :lo
!c...:tn; a \·luy. tanbérn pl'las valiosa~ ~;1gestôes sobre ;i h!haografla nnrh'-
il!llt:iicana.
l'rna p;i!avrJ c>pm:l;1I a duas a:nig;is mui:c queridas. A Ilana Dfoj.
que 11w deu muiln mai; do que pôde ír:1agin;,r: wa g<"nermidade. S'.!U
c.\emplo <b corngrn\, stu aguda crítica, SC"d ronsfante apoio. A Maria
f lclena Ca?ela10_ parcc~Jra intclcct1.12l nestt!S último~ trint:i afü)5, 11ue me
deu sua prcciosi! amiwde e foz dela uma rim referênci:is centrais em
minha v:da.
A minha farnília, pelas razôcs do co:-.1çí10. Ao Fabio. Lafs . .\1aurn_
Canú1 Vanessa. Gabriel e Bruno pela aleg:·ia cio cotidiano e pela cene
za do amor irrestrito.
PREFACIO

Fazer prefacio é sempre diffdl. ~vfais difícil ainda quando


se destina a anteceder os escrito5 de autora já consagn:ida e de
intelectual de nédtos indiscutíveis. Acresça-si~ a bso o foto de
cu ter sido professor e examinador de Maria Lígia Coelho
Prado. Ainda aluna da graduação. já discuti.imos suas idéia>
cm tempos difíceis de $Cf professor. Depois. ao longo dr sua
vida, fiz porte da banca examinadora de ma disscrrnção de
mestrado, que re.mltou no livro O Brmm Afatutím1 Fiz parte
também de seu concurso de livn>docf,ncin. na Univcr:;ídadc de
São Paulo. Deste último resultou Amfrka Latina 110 Sfrulo XIX:
1i'm1ms. Tidas 1' Te.>:tos.
Dentro do espírito do livro retonm a epígrafe do ültimo
ensaio da obra de ivlaría Ligia para encontrar um eixo para
essas considl•rnções: "Da,s n:dentcs do Piai.a cai na~ do
Amazonas; estive cm contato com a naturC!W a mais rica e luxu
riam.e deste Brasil; pisei as sua:; fabulosas minas de rnHai~ prc
ciosos; sulqllei as águas de seus grandes rios; ::ttraves:;d as suas
16

encantadas e formidáveis cachoeir:1s; 0mrei nas aldeias de 2


mil arcos {... ] e, diante de rnntas grandezas, sonhei um mwo
mundo j ... J"' fasa itir.cgraçiío. talvez a mais sonhad;1 por lodos
nós.. é ~çmprc <lJícíl.
Maria Ligia ~cm. d1: certa forma, tentando cornprcernlcr o
fenõmcno laCno·americano, em suas pesquisas, seus cursos.
seus artigos e líHos. Busca cnt.clíder as peculiaridades dt.'ste
universo que é o continente latino·arnericano. Cuida de a>pcc·
tos m<Jrranres do fenümeno da indqwndi•nci;1 hispano·ame~í·
cana e tamb(:rn da id('!lli<lade nadonnl, mas t.r.isca nos C'SCl'ítos
litl:rárim as l.JílSC5 par;i os diferente,; ,1spcc:tn.5 da í.mi'lfüt• do
proccsrn civilízatório du sóculo XIX. Cada leitor pode t~rtcon
trur outros aspcclos relevantes da pesquisa da historiadora t·
pensadora Maria Ligía. Entrctalllo, dcsl<tGVic a problermiric:a
crn torn0 da universidade. do E.stado e da Igreja. além dos difo·
rentes t~lemcntos humanos a participar des;,as açôes. A autora
salienta o quanto se tem ncupado destes nos li!lim05 anos e
alerta: "para entender a írnUluiç·ão. <' p:-ecíso huscar as funçües
fílos:íficas que a informam e nas quais fund<i sua legitimidade
e, ao mesmo tempo. cruz;Has com o mundo cfas vicíssíludcs
políticas. enlaçando-as com a sucic·dad<~ na qual nasce e da
qual depende''.
l\fos se a <1utora de.>laca neslt'.' trabalho srn;s prct)<.upa~·ü(•s

("OH! a univ<.•rsid\lde e eu considero, no Hvro, o ~eu cuore, n~ío

tf~111 111cnor v;1lor as abordagens ~obre ll.·1ora e Eí.:heverría, a


leitura de F<1rnndo c- a busca da JMrticipaç5o das mulheres nas
lutas da indepmdôncia política da t\mc·rica Latina. l111as não é
só, vai buscar no univcr~D joanino da~ novelas e dos contos cdi·
tados ;iela Irnpressão Rt"gia aqueles inspirados em protago·
nistas fen1ini1Ns. Procura entender, cmão. qual era o publico
que o tvnsumia -· o provável leitor desse> livros ··· e ainda bus·
car dados sobre a existência ou não da n~n>1..lrn oficial. Hã.
ainda. a quesl<io básica ria nature7a e a identidade nacional no
PRU ~.CIO

s\•culo XIX. Aos lci:ores. na1ura!111cntc, fica o juízo final. En-


ircr.aul.o, gu,taria de encarec(•f o valor ela 1wsq\lisa reaLzada
pela Profa. Dra. \faria Ligi<1 C()clho f'rado e a import;incia de
ier rütmido, num livro inteiigemc, o labor de tanws <n1os -
agora oferpr·ido a um púbHcc diferente cfoqucdc que ex;;imína,
cui<hdosarnente, as tc~es acadi,micas. É uma obra esc!arcwdo·
r;1 dPstc tompl.::.:o univi.'!rs•J ccrnposw por tantos pon.i~. f'm
diforelllí'> rcgíúcs gecgnific<ts, nu111 contim:nte expcmt-ncial,
com caract0rístin.is divt»rgemrs e co1wcqze11te.~. A tcdos que se
dPtiYerem no,; c~crito~ da 'mwra, ~urgido diferenks leituras e
i'mgulos especiais ou cLvr:rsfflcados, l' nenhum dos leitores 1ert1
a m1,o;111<1 imagem ·~ compret,no;ão daquilo c11.ie í' a Arn~rica
Latina -;ociaL p()lítica e culturalrnente. ch,sde as sum origens.

}ost> Sebastião vVitrl.'r


INTRODUÇÃO

fate livrn é íorm<ido por um conJucto de ~etc wsaios <1m mwl i·


sam ·· na maíor partt' das v<:zes, de !ormz comparativa - temas d,i
híitória da Amfric;i Latina. nc >écuto XIX, dentro do tampo (l;i
hillória da cultLra (! dai idc'.hs rmlíticas. Ampliad:>s (' lntegrn'rnenle
rct»crit.os p<ira 1";ta publicação · que ~e dirige a cn ptíhlicn mais
amplo q uc o estritamente: acad~mico - es~e.\ textos fornm anterior·
mente ilfJrt'scnuHlm como tne cc lívrc·durê11cia ao Departamento de
Histórin dil Univtrs;dade dt' Saa Paul0.
O século XIX é particubrr:wntc imeressame p:ira ser pC'»quisa-
do, poi~ ;\lgumns r:b~ ques6es contt•mporiínea5 maii polêmic;~ reíe·
rem se diret<Hncntc il história desse periüdo. O e,tudo cuLladoso
d<~S>e ~éculo vmtribui para fJ entendimento de temáric.:as ccn!nis, que
vão da participação pclitica democràtica, do papel dm intelectuais. da
~il.laçãn <la mulher à construção das identidades nacionais.
Brasíl e América Lmina: dois pólo; que se i!lraem e repelem.
Edmundo O'Gorman, cm se1J clássico livro .4 fnvmç<'fo da 1lmérka, afír-
mil que, sem con:radiçãt> lógica, a América é 11, ao a1csmo tempo, não
20

é i'.l Europa. "condiçiio clra1rnítica de sua c•xl~t(•nda e eh.ire de seu dcs·

tino"' 1. Penso que podc:no-. afirmar la:nln:•m que o Hras.il é e, ao


mesmo lempo, nií:J é Am\'.:ríca Latina. O Brasil afírmou·sc e afirma-se
çomo :\111erica L1'.í1w e111 dher~<Js e ~arL1das m<Hlifom:tçõc~ polítícas,
mm tamb{:m n·:ga ma identidade, ig:~nrando. desqualificando e for·
n1ando cstL:re(Hipos negath·m rd,1ci01iado1 ao mundo hhpano amcri·
car:o. N'o Brasil. os e~tuJiosm d2 bis:.óriil da i'\múrica Lm.lna vivem
intensanwme 1•ssa dírntomia e prccisrm1, d~ inkio. asrnrnir os pruble·
mm dcl.1 dcc<11n.•1:tes.
S('lll dúvida, é ext.rnrna1n·11te difir:it pt:rm<ilkcer na rnlil dos cS11.1
do1 Jatinoarneri:anos num rwis que ir:síste pref1'rcncíalnwn:e na
Europ2 e nos Estacbs Unidos como modelos inlck:ctmlis. A América
Latiria comunwntc é considurada uma áre<. mccor ou secundMia, em
quem paixões polítirns se sobrepõem w e>tudo sério. Assim. o histo
ríador ;:;ompromclido :0:11 a anJllsc das temáticas latino i1rneríca1ws e
.iriterc~sado em pensar G Brasil nesse quadro mais ;impb 11cccssila de
cuidaJos rnaiore; para 11fim:ar seus trnbalhos. fatc livro(, o rcmltado,
por un; lado. de minha p»rsís'.ün::ia cn: nadar cnntrii a corrc·nte r, por
()utro de meu sempre rcntmido fü\cínio pda pc~quí;a da história da
Arnér;ç;1 Latina.
Na medida em qce a hístóri<l d;~ cada país da Amérira Latina
rorrc parnlelamcrn(• üs denu:s, ;Hr<m~>sando ,il.uaç6es h:fitan\e sernl:'
lhanlcs · ;1 coloni;açâo ibérica. ;1 i;ide;Jend1'11cí;i i;olit:ca, a forn1<1çi10
do~ Es:ados Nacion.iis a preeminência inglesa e depois ;1 norte-ame·
rion;1, para citar apcm:n alg:im nrnr-cos tradidrm:ii; - rnío há. do meu
ponto de vista, cerno fugir :i~ wmparaçôes. Em vez de manter os olltm
fixos 11;1 Europa. é muito ni.1is esthmúu:tc, para o r-csquisM!m', olhar
o Ermil ac !ade dos países de colnn.íza:;ão espnnlmla~.

L Edmur:do O Ct:ornn, :l hwrr:çk r1:1 A;;,fr,«t. $~") P.:.iulo, Cí1ilt•1a <',i lJn~-~p. 1!1)2,
2. PHá (':'ÇJii'>Mr:adoffo, t>hm:: tlcch f una ;"('Í(r,)~Ki:t for1.:'.11:1<;;w;d lJUUK!o .e u~;";~;h>~ <"'J!n <t tDm;~;.ra
~-;JJ. Er um r.l<í~ko ar~lgo d~~ lt2S. J.fürn;1 q1..k~ o ·1:1.'l~io cmç>,;r~ti'«u ;:.t>t.k· ~•~t u1~~.r1diih <.0;1·h (1r.:l

írMrunJ:,~nw dt• i(~nií~. ck l.ô\1 Htm.:ffü}, <;ut kr~ ~ ~'l.".'...t.:lt<t'..kS po,~.L<H, f\ir::t •·h~. d pô~\:·od lt.>Vir<lar
rp;i:S.!d<..·~ e prr~t:h'!H\\$ nrnm qrnnlo ~:- de~XJ o f~i).;~c;; t;\(:/1~·,,1. ~~ ,;..! ;(nc'~) h.1ri;:o:H\.'$, n:n~'>f ~·:\tr·:·.iL.~.
Este> ensaios mantiveram um diúlogc ('Gmtante con <.s pcspcc-
iivas da noY<l hist(Srln política, em torno do qual se c:F;;mí;ou um
importam.e grupo de pcsquiM nu Brasil' No~ anos re:cctc~. novas
abor<lagem C:clm relação à hís:úriél pol ític.;, (' da; idéia~ rolitÍCJ'i lfO\J·

xPram problemas e qucstóe! e1timula1fü» par;t n debate. fkpoís de ter


5ldo longamente criticada - ·.anto no ca11po du mJrxsiro, quanto
dentro da faeola do5 i11111ahe\ - a llistóri~ po!írka VC'lll ;;~ reno·cando.
Para se ddcn:ler das habirna's acusaçôcs de clítist<i. idrológi::ri. par
tir:ular, fanua{, na~iurn1li1:a. a !Ji<Mir·ía pnlitic:i teve que 1q:en;;u· suas
abordngens e indi'.:i1r cnrninhns de pe;quii;1 innrndorcs. omo propor
a ti•mporalidadc cm out·a prrspccllva, ;ida longa dunç'ío, :! trnm·
forniar a história política cn1 história do poch:r'.
Meu tr;;ballu ra:nbcrn J'.' inspirou 11as n~nrxôcs Je lko:1íslav.
Baczko que, em u:n livro instigante, discwe r• conceito çc inwgináriu
social. Sun an;ili>c estabelece fortc5 líg<i\·ees rntrl' im<1g.n;irio, repre·
seiita~:ão e poder político. To~lo poder, C'\}HX ialmf'ntc e poder pdítí-

(L YcJC Hk:rl1, Tüuf .iih~ hi<.iniw nn:;p.r~--t~ tf.i:-:i :V){k>ti:i; (;"\\fll!/..,Tn\".".·. l.'lH ,\!8g1-~·n !J;~u~t/{1\>.. Pàrh
-SEV~)fN. :í1(~1, t. L \('L ü V'.<l. \bU'.i\'(·A~11:ard, 't !htnirc ~·1 tm~:p.;~r;,0 \s..>1/, i:>n: lt. ,;i:,;1"1 e,\, í~~H~?;mt'>ft'
ln1;~'\ L .\f,1·r t11th :m/i·J;JJJui. l!ú;;.íiwmHy~un< <'! ...·f~·u:.,;~ .>..W.JÍ::'>.. f\>,d\. [dd-~11'> li- i fc-(\k•<k~ 1tn;tr~
~·L1k~·· --~t .~'t"1.'L' Soc;ú.'.1,, 1~J:l(} 1• i~i'i~·i?Gt~rh;:rd !fauv~ '(; !f1;t·~ ~.i;11'wit'!'{)' th' i;a~ H~wJ1i1i

((Clp;~'",!~~.1"' '~"~ f1•:1(l nf t lWf !' nrn1~~:i.qi1i• .!-i'.\.í (üi:~ .. ). F~~.~'>..dni \';t;<>1:p,~~f«l Ri·) ( ·' f •Jldt ' ::dÜ,·l :1 dil
:t;.;~j/Ed,10rnd,.fG,, U~iB..

j Eo:<U· f;:up•·.1.~· ~._,, :)r:,~ H1:>'::;J nn inrr <) út /.\t·~ 'i i (A'\vXM\··~,, SYi>m;~l1.k 1h-,:ú i~ .. h'tll r~·~~fab :\<•hrc
i '-...:n :1u·....ii'1c. ~rr, pm t'JlFt1~h \1:w.1 Jt"' bwrks .\~ J;1:<d-;~ ~ \l.~~! L:~ [f;\!1:\'>lf• ~ :\ .:,h-1,, ·'.n '.\Jifr ._, ri,1
PP·lo;':"o ,\(<;if(·nirn ~b; Prf·~·;:im;:s, tk h·:::,;.:;·d·.w~:;n :?Dd5 Htl!) ·, L10,.t,. fLsrJ, "5' 1i. : ;, -;d, ~i. Hh
,k J~;d:rn, rn:.fo;/l.n1;1'i,H ~~ CaHro ·~Mit;\. 'f'di;;i -~: Hht<,'dtU{>iidJ, ltà.>r<i ('(~·.' ::.bi•JYh'<úfi;,,.~ n.
; '] ,;>\. ~}. ~!i1H ·l~. dtCll ü. rn,Jf~: \';i:q. ?,1dlf:~·;; f:!<;q;l'>, 'f fr.,;.Jd~ t:d~Hç11: '~H"ldid(' :· h.;;,~;:1~r () ~, f:\rnd-;~
jftn:r;.~ .•J r.. l :, v~.i !f. Rl'' :.k Ja -ichü, HH!i, \hrh·J,t \1orat.'\ ~.; N;~._·:i 'Yefo-1 !·h1~·~0:.~·. R 1<.\1 '" •fa Hhtúri.<>
Jtdilh'a· j\;·.·d.J~ 1 !!,u~·iai n. 11 Hi:1•k J;ndm. 1'.::12
",;H Jan:;w·-;.~d!h•;\l 'AÍ< l:lh <.t. t·11 h::-rn ;\(ir;:i ~ j.n:/.1>:~1 i.f Cnl! {·1r;;-; :·, !ii.J,·:«, ,'~'.11e,\ .h.c.d-.1;, ,1-.,;,,~,,~j

P:n!:icmt..~. ,Vt~'/IJ Akr.f 1,i;mt :;l,\(, tk: ;andr(). F! ;;n{i~;.) AI'. e.;, i17G. C\té~ <.NDI' f•ii <.kt r;ii ';}\'ÍI' ·~ :, (OLA' N.
,k n<1n:'fla e. .:;~,a. mF.r;~, 1~irc11i.1r~ p;tr.i ~:">'\' G!C)j~~ .. Jvqp.:1;• Lf• ~~dl <ib! ii.1 c;i;r,!', p·~i~p{•.I k:~.., l\.:H:t ;,

ddJ<=!C 'í\:n..fük• 11 '.t~ti hi.<~in\ú ~b Hi\h,d,\ ~Je Sl~fil:1fo:íf· ;, 1i .\lM!i1 l'ülítiüt ".'!> n.Jt>rn:~ <:.lv·Y; ('m
t Lsrótü dí., }\;<kr, TnrnC'.S<?. · 11~t(\n.:=- :!ePrd~mdid;xk~; ·w1 J:.i1que:tk Gcff. ~l~ Pnkc'>~ :U üit fi,iclü;.)nf·
d i h:><;uyt. em ~, Gnh·r; t. S. R. (;mdm1d h•rw.. J. ffi.>!t.: .:uf S;wi,f:s Jix.tJ.1: !\!~·~ 'ràh. ~kxtt~ , 197 l. p.
lál. hnrn R:1?óJH,1Hcc, rn~~;>; rtX'l'r:trrn.~nk, p;opfr~, wi:n k*l \r'l?e!C~~.:mh' utfü1 ~;H(if.J ('.:;n.::·htu<Jl dr}
f'·.1lidt.:{1 em 'f'o...tr un:· h'>:o:rt' con( epbidt' ü,, pül!tvp.1e {~Jue ~k ~1.n<i11r. ti:; !~0 ;·;.?{· S,>Ithsf, ~li~' 1V.
n. ~ t Jun. HkMí.
~MHICA c~liNA IJO SôCUO XIX TPMJ~;. ltlAS ! Ti:<l05

co, está envolvido por representações coietiva~. fazendo do domínio


do irnagí11árío e do simb<ilico um lugar (•stratt<gírn de irnpo;tlinci;1
capítaP. O imagmário wcíal é, assim, uma das forças regu!Jdoras da
\•ida colet.íva e igualmente uma peça efetiva dos 1füpositi~os de exer-
cício do poder. Mas o poder, pilrn ~e impor e sobreviv!.'r, precisa rc·
pousar em alguma legitimidade e. dessa forma, toda soricdade de'ie
im>entar t imaginar a legi:irn:dade com que sustenta a poder. As ínsti·
tuiçürs sociais e. natadamentc, as instituições po!iricas. participam
do tmi\erm simbólico que as envclve e forma os quadros ó~ ~eu fun·
cionamento.
Ot1U-C5 temas de pesquisa rlie fornrn sugeridos pelos desdobrn
menws <ic certas !c~tturas sobre a que1tão da~ universidades. um dos
focos principais de ninhas refi<:x0cs, no> 1íltímüõ anos. Ao buscar
cstabeleci::r as relações entre ~H1i\·er5idadc e sociedade, comtatei qm~,

em gernJ, a hisror:ogn1fia s::>brP tmírerskfades. especialmente as do


periodo colonial, preornpa·se com as qurstõe\ institucionais, levan·
!ando os nomes de retores, a composição do daustm, a cria(:io dm
e>tatutos ou a organização ri.is <:2ítedras existentes. Na tenta.f.Í'ta de
encontrar outras abordagem parn o tema, ;i hilróríll da çiência na
América L;itina abriu·mc possibilidades novas e internssantes, ao
questionar, por exenpla. os :i:n!rr:s da produção d<' conhecimento
nas colünias e nas uni~i:rsidade~ cominada' pela Igreja. No século
XVllL as grandes mudanças em termos de co1Kcpr,&o da unin:rsi·
dade, que nasceram com o avanço dos pressupostos do que se cmi·
vencionou chamar de ciência moderna, fazlam sobrcs~air os embates
entre a velha escolástica e o Ilumini.mm. Em segundo lug<ir, as expe·
dições científicas enviadas pela Coroa espr.nhola à ,\mérica. ao lado
dos viajantes naturati5tas que cortaram a América nesse século, colo·
cavam problemas sobre os encontros culturais entre o Velho e o Novo
Mundo e entre visões muitas vezes ronílitantes6 • Outro <Jtalho me
levou a pensar as relações entre ciência e políUca, i:ueganb1rn uma
din:nníca particc!ar com as lutas pr:la inderendência n;;s colõnia~
espanholas. Fín;drnente, o liYro clássico de Antoncllo Gerb: desper-
tou meu interesse para áreas po<:co estucada~. como a da hístóri<1
natural. indicando como "a disputa dD Novo Mundo', cor:10 ele a
tlenomina. põe europeus e ameríc<inos ern campos opüstos, discut.ln·
do a natureza do continente'. Enfim, um tema bastante trrcdicíonal
como o da imtítuição universit;iría Jevou·me a Pnco~trar lf!mas e
abordagens diferenciadas.
Tenho me u1terem1do, u'.tin:amcntc, '.)Cla história do livro e d;1
lcíturn. Nesse rampo, Roger Chartier e Robert Darnton iào dua~
referências obrigatórias'. Eles nos lazern refletir sobre i!l aprcpriaç6e5
plurais do~ mesmos bens e das ffl!'Stna~ idéfos cm circulação, por partE
dos leitores, cuja Hbe~dade diante do cexlo precha ser cnfatb·ada. Por
outro prisma, o lí\ro é uma mercadorie e, como tal. fa1 o hiitoriador
percorrer o longo caminho de ma prcdução às várias etapas de dís·
tríbuíçào, comercialização e cornµrn pelo futuro leitor.
Os impiracbs trabalhes que a historiografia brasileira tem pro
duzido sobrr as rnulhen::s re;)ercutiram na escolha das ten<iriCJ> dos
ensaios de~te livro, Como afirma !-.faria Cdiia Silva Dias

:a recon.\truçilo do~ papCissocidh tcnü"u10-;. ro~n.: mC',dfa~'ÕCi (llt' po'1.sílíl1tt·;::1 ~1 su;. int<.·grrrção
na globz!idlJ(fQ do pn::,CC3.~{) hh;!ô.rJCO de ~('U tcrnpo, J)iH"'t'Ct' Uf'.1 modo ;JWr~i'.'l.'.iUf d~ lutar (JO·

trii e p:dno dc-s ml~o..~. normas t: (..~!c:t<itipo'i O sni nud:; p\.>t\lli<.lr ü~ int-r\!'lQ "º prcx:c~ü
.\ot:r:: pckfc $P.r r:ap:a:lo (1tr~\l'.i d:1 rL·co:utr·~ç.í~ globJl da:s ;clJ\ti~ ~ndah :·ú1J10 um t')(fo~

fi. v~~r. ;)1..)(ü('f;-~\!<J M(í'r:i L:.m~ f'ntt, b.>(•tf,?Jf)-'!(' Ii:<it-& ,·füh)/ ;:af Tr.1i1Slli1'r..JJ1J.})Jü "~l!W ~!il k, P...:'JukxfJ;l', 19!·2, t'
l)f·'lfth f\_,nc1; l!tt1r'l"!} j{J.jJ·tvy~: 1.Nrr .ni fmugesid~ in Evm;Jt>J!J 11-t-.rt ~foún;r PrnY«~?Ut. h~flCt:.ou llnh·e"~h
Yn.~. H-Ol.
7. A1·u..·:K:lloCl•frt. Li.if'J!5p.l"JJ,b NtJ:'t"o,\knm. Jl\<(t:Jd?!.t:A 4'1J~~1!hi. Mf>xl((1 Frnlll<">-fa (\ rm:l fau~w;tic1, 1~32.
Reg'.!:f On:lí~t. Ltra,r.J tf" !ttlft;.(J danJ l1 FJJ[1t'e â:mrk11 /1~for. Paris.. ~'i.1.J. 198'1; R<)tnt D.mt'.Jlf. O &_{x; d!-
1...'ft;ti:l~t. Sdc- fau!n Ccmpmlill.' d.Ni :~dr<ii. JH15: ~~'r ChirtJ::'.f '.(~t)~.), .r1rJ:,.r .n ·k· 1.-tl'.:im. ~;IO 'auh. fat>:~;l\()
Lbcr:!<il.'. !9'.l!i
!l, Cf. ~~farfa OdíL l.d.!(' d4$g.,-:_~ JL1!'.. (fu,-x-Mi.utJ rfa:P.<' rr S-jJf~1uJ,,11>.; 'fiknh.\'IX, S1'1<~ ~Jul0.BrrMi.:::r5ot\ '.981, p. 7
Os artigos que compô~m este trabalho aprescnwm tcrnáticm di
vr21~Js. como jâ apontei. As abordagens e pcrspectivas teóricas for;,irn
se alterando cm ftnção dns convc!rgênclas cmrc m:nhas inquietaçôt'>
ínre:cctu;;ís e as leituras prn!ícadas, m:1s sem uma ruptura brnsca.
O primeiro artigo discute a parlícip;;çiío feminina nas lurns pda
lndqwndêncía da América Latina. A pcsquísa, cujas foll!es principais
for.un as biografias das hcroinas do scculo XfX e começo do XX, J11dl·
wu que a> mulheres tiveram uma particip<içõo muito mais expr<:s~íva

no proce!>;o de in<iependenda do que a historio5rnfí11 costuma apnn·


lar. Mas. reste anlgo, outrn de minhas prcocupaçô1:s foí mostrar
rnmo as biograíías. em gual escritas por homens, transformaram
esm mulheres aguerridas. batalhadoras, que de~afiaram a ordem
vigente, em paca!m esposas(! dedicadas mães de fomifü1.
Os sonhos e ai dcsilusôes que aeompadmram as lutas pela inde·
pend1!nci< da América Espanhola süo e tema do segundo artigo. Apre·
senro ;llguns Ilustrados que advogaram urna nova concepção de d&n·
da e que lambérn mumiram uma posição política rndiral, ao abraçar
;1 c~usa dl independência. Apoiada em externa bíbliografü1. reílílo
~ocre o lugar dos ir:telectuzís e da igreja nas lutas polítíca.1 lalinu
amerícanas. Depois de conquistada a indepcndénda, entretm1m.
mu1los participantes sentiran:-sc frustrados e de ~espcranç<J~'J~.
Aml:so asrn:açôcs ~mre css;;s sentimentos e;) contexto social e po:iti·
co mais arn;ilo cm que vlvíam, para l'ntcndcr melhor suas escolhas.
O terceiro emaio propõe uma reflcxiio sobre certas i<lêias políti·
cm no período pós·índepenéência. O nrgeauno Estcaan Echen~rri<l {~
o mexicano José María Luis Mora, que escreveram nas décadas de
18ZO e 1830, tinham uma definida pf~rtepção do conccltn de sobcra·
nia popular. A pergunta central desse texto, cm que a5 fontes primor
díais foram os escritos políticos dos autores, é sobre a posição de
setores ilustrados latino·amcrícanos, representados per yfora e
Echeverrfa, diante dos problemas da ;:mrticipaçiío pel:t:ca popular. É
um artigo cm que se quesLona o impacto das ídéJas nas decisôes
politicas das eli;es dominantes e dos ohiiáculos por elas cdocados à
construção da democracia no wntnentc,
O quarto artigo aborda o term das univcnidade~ no súculo XIX,
e foz pane de um extenso projeto que, como já afirmei, estuda as
relações entre univcr:;idade e soc:ie<lade na América Latina. Aqui,
analiso as rel<1çôcs entre essa instituição. o Estado r " Igreja, wn três
pai!es: Chile, México e Brasil. Qual a concepçi;o de urüversidad;:; dos
age:1tes que a criaram, depois de ccnquis!ada a ímlfprndência? Como
fazer conviver a ami5a concepçflo de unlversídJde. l'igeme durd11te o
pcr'odo coloni:il na América E';anhola. e m nuvos tempos de
dornínío das ldéia'l liberais. <11Jcrt0> tona indcprndenda'i Em ~.egui­
da, procuro entender de que modo mhogados das idéi<is posi!:'i;stas,
no Brasil e no México, fizeram propostas cduczcionais bas!iintc d1vcr·
sas. em termns da educação em gc:al e da universidade un particular.
Dessa maneirn, lndíco como :i mc;mo corpo doutrirário pode j.istí-
fitar práticas po\íth::üs difcrencia<hs. cm função dos conílitm r tcn·
sões sociais de ClHfa prJs,
O quínla ensaio analisa as pubHn1çôcs da lmpress?io Hêgifa do
Brad, entre 1808 e l8!8, detende-se rn1 edição de novelii; 0 rn:nos.
Pnr::urn i11diG1r a existência de t:m p1'bfü::o feminino lcLnr d1sscs
livrn1. Encontrd nmt de>&t~S textos. Eram traduçôc1 do franó, li
nham for m<no peqi;eno e trntav.1m dos desafios dos st'nlirne:Hos
amorosos. Pt~rgumo se havía algmra coerência de intenção. por parte
da Impressão. na escolha das publicações, no <;ue se refere, i; 1Hnáti·
ra. i'is pmpmíçôcs morais e aos exemplos femininos das hemimts,
fasas leituras carrcgan1m um certo modelo cultural cspccialmcme
voltado para o controlo das mulheres? Outra questão importan:e con·
síste no entendimcntc do papel (]ri cemura colonial e de come e por
que foi permitida a publicação de livros não inteiramente adeq:1ados
à moral eatólica.
o SCH:O <migo e sobre () F:mmdo, do argentino Domingo
Faustino Sarmlenlo, publicado em 1845. A5 fontes foram fundamen-
talmente os livros de Sarmíento. Além do próprio Fawndo, também
sua autobiografia. Rl'cumfus de la Pro1incfa e seu tlltímo lívrn. Coní!Icw
y Arwonía de !.?s Razrs. É uma análise bas<~mb na história política d;1

Argemina - aprescini t1m histórico dos principais temas levanrndos


pela crítica sobre o F.!c1mdo, e foz uma leitura particular da mais
íanKisB dicotomia de seu livro, a oposição entre civilização e barbáic.
Finalmente, o último wxro aborda os díscurms sobre a natureza
e s,1;is rdaçóe~ corn as rnmtruç5e~ das identidades naciona\~ na
Arfl'ntin;i e nos E~w<lm Unidos. Combino urna iwsquírn iconográfica,
qu( se cnnc(:ntrou r;os pintores norlo.;:meric:mos du Escola do rio
Hudson e na prnduç.1o pictórica c'.os ví<1J;rnres europeus no Prn1a, na
primdrn rnct:tde do século XIX, com uma rdlex5o ;;liccrçada numa
bibliografia t:astante extensa sobce o terna da mnure~a na ;\mérira
Esp1nhoh1 e nos fata:Jcs Unidos. Propod10 que a elabornçiio de írna·
ger.s e símbolos sobre a naturnz<i contrtbuem para a romtrnç:io :li:•
unn identidade nacional. Levand::i à frente cs;as comideraçôe>. esta·
beleço ligações com a política, lndicando como as cxph:açfü•s sobre o
nas~ímemo da democracia nos Est!ldos Unidos e do tH1torítnrim10 :1a
Arnf.r·ica Latina e&tiio relacionadas com essa literatura,
A visão da América latina politicamente dcsafiat:ora e cultura].
menle rica subjaz na escrita desses ensabs. Espc~n poder trnnsmitir ao
leitor um pouco dcm: pcrspecth'a, 1m:it'.:l dist:mtc dos r~stcrcótípos tJo
cornlm1entc n~prtidm <JUC afirmam nossa "inferioridade congênil;1' e
que insistem no império da "anarquill '.tio 'mos', da "desordem" e tla
"ba:uáríc·· durante o século XIX. Prefiro olhar por outro ângulo e
idcntiflcar·mc com padre Quíntana, personagmn de Carlos Fl!entes
em La C.1mpaiía que, ao se dirigir a Baltasar, rcl>elde latino·amcrícano
da índt:pem!ência, rc;umc meus smtimentos:
na cspi:-aual: íl ning.l1n gobmnantc. 3 11ingón Irtr.do~ecu\ar a nint;un<t ffo~v)ffa:., a nln~ún
pt:•-der 1-:líll[..tf o económk.>. m> ?u de> tu ft: Hõ tl; e:&.rrdr, ru cornplí.cadór•• tm ex< e,L>'

dorw.1, ~u i:i.akt:.a ilnagirudón, dl<formant~ ~J~~ 1oda1 fa..". Hmfadc-s: __ .


1. Desenho ée Auguste Em1~, gravura de Edward FioJtn, Maria Quità/J áe Jesus,
·········---···---------

A PARTICIPA~ÃO
DAS MULHrRES Nt\S WTAS

PELA lNDEPrnCtNC!A POLITICA

DA AMÉRICA LATINA

S-~1 Wf ~\1;f ~>h ÍJ (41';.,~]{1

â' J:t 11liw1;; qu~ <i.:•'l.fü\

~Â;Je,'11J1'l!r It1rmi'>t!.,!f.1tflG1HM df'- bi ffp,.;:.hr~:


t 1t;:~m

O wma da imlependencia g;mhou, na histQrkgr:ifia l<l\l11oa~1e·


rkana do sérnlo XIX, imporUínda capital. Ei-a ner.mário escrcvtr a
história dos Esrndos nascem e>. justificando o rompi:nrnto com és :nc·
trópoks e legitimando o poder wnstituírlo. A indt>/l:ndimcía ··· consi·
derada o momento c'.e fundaç:io da pátria - í' wu; '1~róis. pema:.im
corno artífice> dessa hercúlea tarefa, ornstiwíam·sé cümo objete ;:iri-
vilegiado da incipiente hístorío,çrnfla nai:ional.
Não foi por acaso, portanto, que 05 historiadcrc> :l<'ssc perfodo
se o<:upararn <; uase obsessivamente do lema tfo ern;in:ipação, el<,bo-
ramki !.tiografias de seus lidere~. Na Argentína, m !t:ndadorns <]a his-
Jf

toríografia rudonal. crnno lkirtolorneu l\Hlrc (1821-1906) nu Vicente


Fidel Ldpez (l 815- l !l03). <fo:liorarn w a pesquisar e a aprest'ntar rnas
interpre:açóe~ 50lJre a 'revolução a1gcmina" e o pzpc! de suas llc!c
ranças'. No Chile, Benjamin Vicuiía Ma-:kcna (1831-J 886) preocupa
va·se em entender a irzjett'.:ria de O Higgíns e :uialisar seu posterior
"ostrncisino ''. \fo Méxiw. Carlos M1ria de 3u~urnante (l 774-1848}
colr~ton r or1;m1iz')ll don.11mn1os soLwe a índepc11dêncla. e José María
l .UL5 Mora (l 7fH l 848) PScrevcu cxtrn1si\amcnte sol:rc a qucsliio~. Por
fim, no Brmil, como he:n S(: conhect, Varnfugr:c publicou sua hist<í
ria da imkpcn:U•ncia, dando grande <fastaque ;, fígurn de IJ P<'dro 1.
qtie apa1Yria guiado peb m;l;i da Divna Prnvid1":1cia. Conr!uia o !il'rn,
a:\rmando: "Terrnim:m1r·~. pais, s;rndrndo t"om n•1kraçãn" reverencia
a rnemória do principe FUNDr\DORDO lMPl~RIO'.

,\ (01'.Stâncía ca pr.~sença dos heróís Hilcionais na prnduç;io des-


ses lüslo:·iadore<> Jig<Ht'. de ::m lado, às questóes po'.í1ícas da 1x!ifica·
ção da mçit•) e. de outro, à :erspe:íha domínante na época, que fOn·
ft?ria fundamentalrnentt am "grande: homem" a realização dos foitm
!üstóricn>.
Entrí'ta1110, no can1po elo simbó\lco. m h(!rói<> nacionai<; só foram
eonsagrndL'! depois de lut<\5 de reprcsH:tação. que Cé'lerrninar.Jm es-
rnlha5 e ~xdusüe1 parrirulares a caifo paí~'. Na Vern•Jut)];t, a trajetória
de· entrnniz.v;:io de Sln:ón Bol:va!· omo herói máximo & exemplar,
Ainda que tiH:~se dedicado ;, vída à rnusa da índepl'ndéncia, pNL'l!'·
rl'ndo valia\ exten~ür.,s da Améri:.·a di1 S:1l e perdendo v:údc t! fort11
n<1 pessoal. Boi ívar morreu nCJ exílio. em San la Marta, criticado e des·
preme.lo 1Jor seus antígm aliados. Porém. na década de 1840, quando

J. ~/ftre pobk!;U Hí.l~ai.1 t'fo U{:.:.ratw J' dt- !<1 :rnkptadtN.•11Â:SfnlJriJ1' t/itWJ Í.J fk s,m ,\fJ11.Í1 X(/? ü fiRtrÓp<.'!liifl

SlliÚft<wrkJna t: ;j)p<~t,. !11trili1ciân .Jh ifü.""1..:rf..1 ó l.,:; R<'n.'1u:iú11 Arp:<im


:~. V,-ruh~ .\fa.k1'rt:1 ts.'n:veu fJ (Àlr.'it.'-"ll:i t.0 '--:C1Y.ul D. 3.."'f .;:mb ~'Jf!:g,t)1.t F.!..~i.I) u1 !J.t.\l!ati1:tJ; f>ti(?,iM!' i\'14:(;!...~
Aur&uit'tl'f
3. Etts.tunaHk pn::cük.J o C'u~.ttv n:'íJ°;:ÍW &iii f!t:J/Jfu<irfa fi~.V..1iM t" Mür"ft, Mi:riw J JH$ fu.iVÍ1Ô';fl!'\-
4. A di<;J.':u~M :<tob e a b:.a dt? n>pff>:>i'ltlÇ(.l(~ t:.iü ::=:m Rqi;:i'." Ch<s t.1.'f J Hisuúia. Crh.:ut Út'le PrJtk..au P:.!pr:v:1·
tac1."ir:1, L~OO~!hoi.k: J;m~~ro. D:fo!,B.ertr&id Bl.41$;?, t99t
a Venezuela "M:: um período de intrnsm lutas políticas que amfaça-
varn sua coesão inlema. as vi1ô~·5 mbrl' Sirnón Bo!h·ar wfrPr<Hn alte·
raçôes radítilis que e conduziram da posiç<io d!' traidor da p<ítri:; ao
altar do~ henfü rnnsol idadon:s da unidad<' ·1arional. SP.•1s restos m:>r·
tais forac1 tra1'siada.Jos a Carac<;s com p011pa e circcnstimda, iní
ciar1do um 1•cri.1adeiro culto i! sua pe><oa. qu~ nos anos sc·guintes t:ltra·
pasrnu a~ front:~iros •enezudanas, co ornndo·o no Olimpo dos heróis
lat ino-;irnerícancs'.
O c;;so me:.:ic:anJ também é ln!i•re~rnnte. Logo ap1s il incle?en·
dênc.ia, '1avia w111ru:üsias mLrl' quem de1·eria ser apontado c::mo
heroi da eriwccip1çáo. Os consen·adnres. parlícularrnrnw, difundi·
rnrn urna \'báo negativa dos p:idn:\ ~liguei '...!ida!go e José fvtaría \!o-
relcs. cujits propmtfü sociais for11m '.>a\lanle radicais. Mesmo um li-
beral co:no José '.\faría Luis :-.tora foz duras criticas a Hdalgo, t'âo o
trat.rndc con:c hrró. naríonal'. Também a Igreja ·· que durante a
guerra r:c-1<1 indrpenM~ncia f;XCOll!U!'goe Hídaigo e Mcretm - rnn!.i-
nuou a pintar Hidalgo como um denfmb que enganara o povo tnm-
h« Mu:ta.1 pPças [H>pulares de teatro tinh.1111110 como vilão rraiço~íro,
ap1n~ntêdt) c:o1n as c;:iisas do inferne, que 1errnim1va sempre castiga·
do'. Com a derwta da Igreja irentl' aos liberais em 1867, no panteão
dos hm\:is naclo11<:is passou a haver lup;ar p<rn :.odos, de;de Hidalgo e
l\,·lor('ÍO\ cs lídr·1es ropulare\, até Jmü de Luhidc, () artífice COJlS('l'-
v;id;ir da i11dcpe11dôncia. Pmteríonn<.'ntl\ com a l~ernluçãn \foxkana
d<' 1!) l Oe sua propmla de unidad!~ naciona, rnnsagrouse um esp.:ço
oficiJI p;ira todos os heróís. Os museus mc'dcanos os homem1gdam,
inrorporancio lldusxe aquel~s qur, nurror;; foram comiderados ·pc·
rígosos" liderei populares.

C.?un.i.:ü~\·--.,u-mf1;,.1r-cn.
C'" Jo..'i'~ lhn<J Liú~Mor.a, .\f'(frlJ)'.SL'.> RMifO<.ii>t:f\.,] \1'l\, M.'·\iOJ. Pi.::n..iJ., t%iJ. \Ol. Hl lrun 1,J;:s.:',fü!i-
tl1 rM.rf~.
\h plt'H:.t.l.:1n;~c'1l" otrnha!1üd~1codcLih \:ilkiw, flPrJfJ6it1tfeokig.iwde!a f!f!l'OL'C'ft).-1 &lmli'.J)t"â"'ICÜ
·~ <Y.L J.1i"Jht\ i)l\'.\\'.. 1884
31

No Brasil, a indeP'~n<li\n~ia l!Jí CC$Crila corno um cpíscilfü• ín·


cruento, sem rupturas :rrofundas. Prr.:darnJda pdo f:lho do rei d('
Portugal, houve uma certa ;,mb:giú'.ade em torno de1 figura de D. Pe·
drn !, nem Sl'mpn.~ accio <:·:imo principal herril tht e11Bncipaçào. Sua
mulher. Dona Leopo!dirw. ou José Bnrnfâcío de Andrada e Siha, wn·
selbeirn do jol'ern príncipe e depois cognominado Patriarca da [nde·
pendimda. dividiram com eh: a re,ponmbllidade pele ";no glorio></.
Depois da chegada da ReplibLra, outros heróis ganhsnrn espaço.
corno Tirndcnle5, comicera::Jo nàrtir da independf!llliil'.
Correndo puraleL1 3 hlslo:·icg1afin nh:ial prmL?id;: 1•0 sé'«uln
XLX e começo do XX. qcie det: vhibilkade apenas ar::s lwcwm c·1mo
permnagcns prindpais das lutas 1wla índ"pen:Umda, u1e<.nnn1·S(' üi.t·
tra iiteratura ···ouras de unn .1t'•:ie de auinr«s rm:nm v:1:c1rizz1dr.» qw·
l'SCf('V('íJ m biogré.l'ias so::ire as Looímli desse niovinw:ltn. Existe uni
repertório cümpmto po1 füros .1cb:·e "muHmn·s cóiebi-L•s", "'muHwres
patríólkas". "rnu!heres ílust:es··. rue devia Sf~nlr .:orno lic ..k d,--, 1111iral
para as jovens e que, muitas nnc;, ('rü leitura obrigatória rn1s escolas'.
!·fa, aindn. dícioni1rios ':Jiogdficos. que incJu,,~in H histór.ia de homens
e m:ilheres. Nesse material - nmsa font(• :le ptsquim - ê poss.í\PÍ dcs·
cobrir muita coisa sobre a pankip;1ç;1o das mulhere1 que lutaram
independência da Amúíca L;;,;.ina. Outros tcx:os intNP~'.idi.tcs são ai

narrativas rnnrnnceadas suhre ;i \Ídi! dc»as mui h(;n:s, qu(: nft>n:i:cni <>
mesmo estilo tradirion;,I e as rrcsnim fina!idJc;e; patriáticJ> •.
A hlstoríognifüi wnü'mporilll~a - r:ern ier:a precísG afirmar -
encontrou outros camit'Jos teórk:;s e metodológicos para rrnbaihar

8. P;r;) (; p<•N).j•) d<i. ;r.d1.Trnd,"rx..L:J. kf Cf\.JiA Ld•-T1<1 de S;d~'~ Gl:\~'lr:i, A :h<,1ud i:J«.1>'« hfr,u;ár< T !Jw.:,
t!tu Á'r,>i.:~~ Hútf«,·fl niJ Rv«~·J,m•P· 1JSd/iS2·t}, T~x.- ;:k (),J>..~rn;rco. :bn P;;;~ki. l.kpac<:r:l:h~~•w <k' l::}c~
ri;, FFU'H USr l!'l!i-J'. F-tr;1 <'l l~tpL?:<!i~,;1, 'º J;.w \\: J-1, 1• ::':;;~.; lfL-, :l Í<.Hk'ÇDV :/,,., A•rtl/..5. ~.;n f1;•,ol.\
Cr.:mpmllw !l>~~ lc!rlJ.. iWO.
9. N(, Brn·,1!. forwn publicrdos. lcxF.i:. ,·onw üS ü; hãGW:it ~·brud t:~~ .~forc,fo MuI.<(r'f. CtANr~ Rto r\· ."a
rK::im,B. L G<irnkr. 1an~ Joaqtiw ~;id.J1"rtt: <•• Sctrt;....~ ~llv<J, J'.t<hidnõ D:ehw,,, r~11 ls. G<1t1lH.1 Ln-í~·s.
l 8úL, G(•iwr;d C-"r105 A d·~ Cm1if»<, Jfadn~ d> Jh<}.d s~·k hulo. S.t P., l 9i7, r-:0 nm flt:~w tc.•xfo, '.7Jh'!
rh1ms a falil; Sübr€~íti dn,$ prinxlra livH6 rtado~.
10. O :"1><)1erâlli r.vieMd•") rd~:re:\e i1 ;)ff"Nluç),nd<J kpiii-l.t m~·l<lik do 1/n1k~ XIX: tb ~;i1rq:n (h ;~X·i;~n ;\X
seus objcro~ de i;esqulsa. Abriu, Hincl<i. novos •mnpos de estudo. corno
é o caso dd história da mdher, que imµLcou mudanças e;.;traordínd·
ri<1s na mam'ira de abordar os wmas históricos. No entanto. M; iomar·
mos um '.fina tr:i.dicional como o da irnfopendéncia, notamos que a
presc:1ça d~ mulher continua baswnte ofuscad<1. Os faros de 5fntest
sobre a l'.istóría da indepmdéncia da América Lalina. por exemplo.
quase não fazem referénciJ> à panicipaçiio poiífüa da> mulheres ne~­
'c5 11contec'1m::rnos. O quase desaparecimento t~ em~ silêncio em t.or·
nD de sua atuação nos fo2 rnltnr il imagem prcn!ecenw da mulher
<ornn criatura rouco imeressada e nada partíclpantc nas questô1.•\ po·
lÍIÍUs".

A partir dü c:.>pfülo, c.ste cnsaí<J pretende. num prinwíro mo·


mn110 - por mrin rias bas:anlt' tr;1diciomí~ bío.~raflas produzidas nv
segunda n:etadc do século XIX e rnrnPçn do s<'culn XX - íw!ícar que
a p<1rLcipc>çiw p~>lítíca das mulheres 1ws luW\ pek i11depcndê11ci;1 nm
dil·cr:>a~ reg.ôes da Amérin Latina é muíto,mais .1ígnificativa do que se
supôc. revcrtenÚJ a per'p~cUYa üc alhiM!llCl\to da mulher d;1' coisas
ptíb!irns. Num segundo momento, pretende analíiar u dbcmso de5w;
biógra!~Js. f.'m >tia maioria :nasculínm. m::iirrando como sua \'hão cem·
tribHHt parn 2pagnr a mem1ri;1 das mulheres rnllit1ntes rebcldos.
Antes de tL:do, <' pn•drn kmbrar c;ue, nas wlôntas espanholas
:10 contrário do Brasil. h?m·c u111<1 gue:Ta prolongada que dtirot:

.=\lf_m\\ li>.li)} }'(>fü~-t~~~('l< for;)m t'.\(ól:ü:•;>; p:.~:f:l* fli,nkm <1n<;'J';1,l v·z·4w1 !)J :L~ :.JX'nfa,;}:1:1 trwk ~ü
~la~. âí<iHLH:d) A'} :Ú'!l11l.'in flJdid~Ói r;-y:r.1~;.::1:1";", [:'-~~h' f:ft'.tO'dt:HUid<."~;,n•..:f.1(, \'a, p\;!" t'.'"l'Wplo
]~Fi.'> fkrú1;0 C:ni(~·t. })f((ien;uf1 [1;~,pL"ilX' .-l«Tk'rir.1:?,~. F:d~ T1pn1.:r:tlb !3:!tW 1:.;-:-.; t'~< Jüv' ~.í.;, •."lJonfo
~.'q-ui&. /0;,·v~u.:.í.dL·.<..~trl l:;:, CiJti:ikoJ dd~ f<i-~l\'fri:i:u,1, L·1 l'vº GJ .i·PA' C.rn~ :d;n_;:tU, 10i"J7, )'-'ntlo a
:1r :ne .r>.H'<.t~-~;; Je l 919. Cm lx:m ('\:<r:~pkl ik Li•J};r..itl,~ rnu1.•r'!f·<:~td:1 (-<.1 :ir E.nr-:...1u.·;,1 H~)nH1.~·:1 •.i<.' Lrnn
;'"~ l,,, Ctâh P&t"~YJJ.' s~t.H11rr;,rJ. fh~,}lj kViilltfl {.'(d<~mumo d1' c~1l!tra, Uí'2
1i ;\ç :.:.1,r<il, h-i ;:npo:vnte>S lwbúhu~ 5<brr: ;i nui11\•:mnénJ<i XIX, En1-r:f.'lt·s.: M-tnd.k!!l,1 LdH• J;.i >iha
D-~- (/at.lf:.r!i1<1 ,º Pvó:r o:-Séwk~iij}( 4n1 Cr(r,-,1:+.>~ {,'<.-ji'j,-;::t, ib P~uh Brl<~i1<trl'tt'. ltSt Mti·1nl f.11n,'i~;i
L~'l'.l'. A Cord~,(;J fi11iit1im·• r.r. H<tt dt );·ode;, ,\<::·uh XP;· Jl!:ié&ü d!.' Iútr"' à hy,•n:::>. S;u Pauh 1-:un
t"":,/ in~d1 L.tf ~,)dun<i; do Lh<<.>!Furn.:.->ç-10 ~~~.fÍ~)r:al l'r«: \ktiliJ!Í.;\, !~i3l [r;! r1·~ \lf'~qwu <l;,;irrHri"l ,.-h ,\b,.
Pnr1, {t lh4~~, rn Í«1mt.J: S'l:1 /~mil\ SéitkX!X SJ,) P,tió~, ~.!,w::n l1~m 1%l Kana do()u~·~l(>'1. \btt9\!\ h·
f>tf:f,t ~ Sr.<:W ~lr
na Rdú,1 úJ /0:uh ,\1X $.'.i1) P.wto, [r_,rm;:ir. WSB; M,wa ,>if"i~ iY- H.:ini:~·\ \~<J!!. / ;\f;;f,';(t
r,.:/..uiv;m:ti:Wí1 2f1mfd,},J.5."H) P.nib.Cnmv~«1. ltJSS
34 AM(RICA \,\TlllA NülfCUlíl m. TRAflAI. T!!A~' llxrn.1

entre dez e quínze anos, fa1mdo enwrgir aspirações sociais diversas e


conl1itanies.A n:gião este\'eexpostJ a uma luw ince:ta, cm q1:c <1 vítr)·
ria de urn cki> lados não erc eviden1e r.: em qw• a mne mudm; de rma
muit<ls vezes. O medo e a insegurnnç•; fizeram pactf de uma \ituaçao
como 0s~a. pxém eram acn111panh1dos pela espffa:wa e pelil crença
cm urna n111ômH;n parn 111elor. Flores Ga!irn.kl nos fala de vários um·
rnis lirne11! 1:11, do começu do s;'rnlo XIX. que retrntJ1'am a im.1gNn do
mundo <k' fM1rn ealwça: o n;u a:iarecia :Jguanfarnlo o juiz, tl urnr;írío
PX(•rcf•ndo J caridade, os toLws Jrr~1fü'!t•ndo nm:rn º'
lidad(!rcs".
(~u:11Hl·• \P fala .;m exérciw. rn~sse periodn, inngi11amos >r·mpn'
!iornt'll~ !lliH'fhando a pé ou a carn!o, lutando. fat~un:emo nrn :foque
as mulhc'rn. muitas vetrs wrn :1lhos, acmnpanhwrn1 wn-; riaridtfr
soldados; <ú:n dis\o, como não lrnda aha>tccimeruo wgular das H\J,

pa~. muit<t> lrnha1ha\am - :ozinhand:i, lavando ou costuran<lo ('nl

troca de al.Julll dinheiro. fncnnm,mo·las nos ex;'rcitos can1:iom'\i"S


de J!i(a:go e \lorelm, assim rnrno, un st:'~n.1!0 depois. nas fotigrnfias
dm exr1cil<J\ zapatistas da Rcvoluçio lv!exicana de 19 !0. Exµoslus a
durew das wnpanhas e <iOJ 1erigos d;,s batalhas, enircmavam cora)o·
samen:e m arares das guerras''.
Permit<.rn·mc avançar algum ancs - já dcpo:s 1.k conc11ii~tadi1 a
indepH1dên:ia - para lPmb1ar ;i leufa crí<ida 1fo Argentina i.'m torno
daquda que ficou rnnheciú como Ddüma Ccm<·il. Era a jnwm rmi
lhPr de um >oldado que ing~cssou nm filas de Far.undo Químg;i, nJ
(·poca d,1s iut11~ entre fede~alístas '' unltárlm que dividiram o ;n;is.
Acompanha\'J o marido e trazia corsigo um filho ;ier1ue110 que ainda
amanwntava. As agruras da campanha pd;1~ terrm secas do rnroes1e
argcncno e a falta de corní1h levarrnt·na à morte. Cnnla a lt>nda que
quando a encontrar2m, já morw. ainda saía ldk de seus stÍD\ e il
criança cnnri1tia1-.1 vi>a. mamando. A partir des5P "milagre", Del'unta

E /\llwn:i Fkrn f-.:i!.udc k,ri_~.}. lndrpemr_.-.1~'f y k"lí<Úl:'fó!! Urna, fruurnio N;..cion;ll de Cutwr;~ l ilfr
~3 ~\n ~1.~.xKo ü1ttBn~h.'í doe '"Ja'S 10ld~foJ.">"; \~·r o :n1hüh«1 .:.b H!f;.i~xi:!l Ú1!<'1$.. SfJh!:uif:r:;J in1M :'1ft6':t«
.i.fi/if.rt}. jfrlha:d Jfm:J<y, A.l.Hi.in, L'.nhc:dy uf Te;w~Prt>.'>. 11)Sl.
Cor~ea lramforrnou·se numa mnta popular, cuja cfovoçiio e1palhou·se
pela H'vi<ln.
;\s biografias anreriormrníc citadas indicam a rwe1ença não apenas
de rn:ilr:(•rps quP. SPg11iam rm !Mio de seus rnmpanhPinA ma~ de várias
mu!h;:n:s·~oldados que pegaram em armas para conseguir a !fü,•rtação
dM ~Gloni:i~. Assim, a conhecida figura de ~fari;1 Qu!r,>ria. u jovPrn baía·
na ce fo1nil ia )Í rnplcs, 1·c1tída orgL:l hos;i n wntc de horn<'lli. que !u\ou con-
tra ~> :'c.;~·as do general ~.fod~iíra. n•'m mostrou ser um.i t'Xceç<lu 110 amplo
Vip;:p r'a Ankrica Latina. Alíál. llJ Europa, al&m da mirka ilu01:1;i fran·
n''ª· Jo;~na D'Arc, Lcin tempos já wnternpor:uwos tarnbem H'i~l>trc>u·s~ a
;.mw(1c da 1m1lher·wlcbdo. Como nos !rn1bra Genrg'' \l<lW'. 11;i Europa
dn séw!o XIX. cnrnntravamsl' jovrns mu!h('l'C\ qu0. disfarçada> de ho
ltltli> entraram pat«• o ext-rcito: lutaram, pm exemplo, nas gi.wrras da
f~evoluç:lo FranCl'Sa. i.amo do lado fr::m:fa quamo do al('mfio. !ll!»>e cim
um •rxto, pu!Jlirado em 19 t 2. mhre "as heroínas a!rnãs ·das guerras en·
trc J807 e J 8l:i. no qual o Jutor documenta a pre;ença de d(•zessNc mu·
lher(~\ \estldti~ de homens que abra~·,lran1 a "causa patrió!k"\·t 1•
Vb. 1·nltando à ..\m(1rirn Latina, as hiGgrnfí<is lemhrnrn um núme·
ro bastante rxpre5'ilo de muillere~ que se inccrpcrarnm ao rx{·rciw,
con~c ~oldadus. todas dl'fomora~ d<i imlependênria. A opçfü) de \faria
Qui:.(:·ía de Jesus pela Cilll>il da in<kpendúnt:ía é e.xempbr. N?Jn sabia ler
:HJ hrnve1: mas nu•iu histórias na pr·qut>r1íl pn.>priedade dP srt! pai. no
interior da B.1hia, >ohrc 11 opr01sftt1 UP Portugal. fazendo mi wraç<io ·ar·
(kr 1b 21nor i· p;ít:ia'. Fugiu fl'H'ª a casa da írmá r<i>3da, que a ?Juduu a
ve1t.rse de llunmn p<H'J, assim, puder entrar para o exén:iio pa;riótico.
Partidpc>u d<o algumas batalhas, distinguiu-se em a\fo e finalmente fol
1effbida pelo imporndor, ern ,1gosto de 1823. que a rnndewrnu com ,1
ordnn llo Cruzeiro e a prornovrn a aH'cres, Ne,sE> mesmc mês, enrnn·
trot>~c wm a viajante ínglc,;1, !vbrb Craham, que drixou >Ooll' ela as se:·
guintts impressões:

t t Gí'.:-t:gi: :,. Moi'>f .V,11K<t1>1íb11 ã!rj Xw~ôtr. Rmf~W.A;,Nty <mli Al.a:;r;~f;~l S.;.w,;,f;~ i;r JJ."Iwi fim }X, t<n·, Yi>1 k.
fL..,,~·.1rt!Ftüig. 1!:185, p t'.?!.
MMiü dr J..:-~us ,... 1tum a latuUbincla 1Jua t: il pcrcc;'(fK agwü.,. Nada .se rvL•t de
n1<i~l..t Hn:J e-m seus rno~fos, [Wle~ (."$ prruü t;!~nt1; t> .:u ~Avds "~àt< t.l;r.1··1hJ ocn!~;;m hM.?ih1
grcsitirü ou \u!g<w 1.h.. w.::.te <1 rkk: dl' nm1p,-1rn~.>i 1t;.,_, N.i1~c\ =~t>l"i de ;ccuHn1 r;q \lt'.L pru··
s..-e(.irn~nto i:i mesa. 41 Mkv.:i que ... furnrurn df;:.~rc. <';JÓ• ttx!J u{~.:lç:~»i\

CerHnl!Nl!c, \Uas obscrvw;úcs dcvw1 se à exbt(:nda de precon-


ceitos que cmohi;m ri figura da rn1J!hc~·so!dado. vln1 rm1 i!a\ vezes

corno mn<1 prrsomgcrn rnascu!iníza<Ja -:~ fora d0 lug:ir, que >e apre·
priara de qua!idadi% uuialmer:te Jlriln1idas aos hrnmns, con:o cora
gc'rn. sangue-frio. auJiiría etc. 1•.1: irncnssdntc rcwrdar que o reunto
''oticíal" de l\fari<: Q.Jih~rk a 1n:stra 110 Jníforn:e i!e un dos bJtalhôes
do i:11perador, ao qual ela acn>Scrtntou. para iorn:i-Io mais ;.Jtraentc,
um saíote esrnct's dartado de uma pi atura visw por ela. Ainda que
vestida de hmnem. ela fazia quc·stão de d::r 11m toque feminino an re·
trnto qur: fica;a pa:a a pmtcridade.
Entretanto, sc- Maria Qui·éria prccbou \C disfarçar de h•;n'cm,
nem >cmprc, no> rnso\ que v;1111os cita: a seguir, ~ts mulheres foram
obrigJ1fas ;1 esconder st·u sexo µara pan:cip<lr da guerra. Ü> exl'mµlos
começam por umJ das filhils <li: 1Iidalg:), rp.;e ü aw111panhot1 f;nde o
princípio, vestida no :miforrne dos oficiais ins:crgcatcs 1'. MaH1tel.1
Eras) Gardarill~s s Jc;efo Moncsinos, ambas de Cod1abamba. ~Jan í·
cipararn d'.! vária<, açôf'I armaC:as. incluindo ur.1 <:ud;idosc ataque <10
quartel dos n:lcrnros ;:alistas cm 181 5: rnnt<Mc 1;ue ~lanucla, ao ver
aproximar-1c> um atJqJe a cidtde, notb:'ldo certa \'acilação px parte
do pequeno grupo de sQ!dadm teria afümado: "Si ya no h<iy hnmlnc";,
aquí estanios nosotrns, ;mra <ifomarnmal ener:iig;l, y morir por lapa·
trfrt 1 ~.

l 5, },far ~, Gt~dl~m. D1Ariuüu'71.i ,Jo:.,1,v.-;1~111 HmJ. Hdo 1kri t m1e/S:1c bmb. h.1üaoJ /Edu5i;l, :J90, p J m.
~Ó, \.'('r G(:·orgc L ~t~)s~e. ,y ,.,,,,., e~·,t·d<ilnwnH··':. rJp. 5
: 7, Ci1,·d,J pnr [li,:abr~th $)1."L. ~ir" ,.::·., p. !.6 \ã.., ld. ci;~1fU.1n:.•. im p;r:.<>.ct.rn, fütkh;;\t;:> l''«úknc <'.f dornff·t'°IH(I~
{_ue fHM~ .a p;ulfdp.Hr<!c Attili"J-.b: f ~rn <k Püi~•liO 1<,.;::~sw~Lt.'l..\,
· 8. <Se ,1:~~) hA nu\~ J'imnm~.a<v<i .Wó.nn'í.. nfr:, µm1 cd"rtrll<Jrn hlnJw. f'. rncm;; p(;'.i pátrtt" <i1:srl'.:ql~:: !(H:
Mri;::::dm!lo UrqukH Fdt·hr;,af ?hJtt,,""'S. [ ;!; ; rJHriílrrn dt t-1 hJ(!ifll{ínli<{ Lt PM bJ. j.>íl.' Ç;,n ílrh<\{;lli.
195·,;. p, JQ(;. o. ~d, t~ll:!!-
Manuela Pnlrnza. ronhctid;; p0r La Turnmana. lutou ao lado do
marido cnnlrn a ima>ão ingle;;:1 de focnos Aires. cm l 806. rernbt•ndo
o grau de tenene". Maria Remnlío dei Va!lc portenha. fazü1 parte
dos exércitos de San \fartín no ?eru•? parUcipc>u de multai ila!Jll:as'".
Na decisiva batall:a de Boyacà. i?m 1319, Evangelista Tarmyo, m11ur<1l
de Tunja. lut.ou sob as ordens de fü•lil':n. morrendo em 132 l. com a
patcnli:' de capitiío?•.
E11ttc:•1nto. a figurn paradígm.\tira de mul!10r·soldado é Juor:a
A.zurduv de P<cdilla. nascida nu Ch1.1quis;;:;1 Sucre). cm 1780.
que ;unto um1 o mmído. bon cn· dr prmes e dono de fazenda>. :ide?·
r;1~a uni grupo de gucrrillwircs. Lull!ldo iit:la indqwmlê1•::ia. pai t it i·

pou de 23 açüe; ;irrnada~. 1ilgrnnas sob seu tomando, pudentlo ao


longo desses er1lb,1t<:> todos m iceis Gl'!lS. GrmhQll fama pH 5UJ ron
geme hahilida<k chegando a obter i. patente de lenen1e·cornnel. H1·
via ~un grupo de mulheres. clwrnaó "las amazrmas'. que a acompl-
nha\'a nm combates. Em 1816. num periodo de rnntínu1; tkrmtas
das força.> rebddes. vs corrnmrla1•tt:·~. bto t'. cL1 e o maridc, o cC1rone!
Manur:i A>('cnd:) P.KHlta. accmpanllados do c;1pdàn e de seus aíu·
danws-dc·e<nnr•c -- o de Juana era t:ma mulher. u1üforrnizada corno
ela - batlam em n~tírada, dep::iis de uma ba1diha perdida, quando f•;·
r;im <dcanç11dm pelos rc·;llistas Padi!'.1 foi lll(H'to, mas Juam conseguiu
cstapar. V"' o> re;lit>t.as a tonílrndí:iun rom ,;u;i ajudanu:-dt:·úHilfhl,
Jmediatamentc execu!ml;i. Depi:i':> da mune <lo marido, Juana comi·
nuou pMticipando da lula gucrrilhdrn, a:nda que tom dfa:uld:idcs
rn:src11le>. Depois da independúnci.1. vivendo com a únha filha que
havia sohrevivkb. recebeu una pcwena pcmilo durante o goverro

l'J. ~:it<rJ- v,w ~ IJdm:ngn Cytf"i. r.p. ár,. il K<l


?:J, !dnn~.l(Jw~ r<·•ri( .ndt1.H.h' J_ Loí~ 1're-n\l R·x<: nnr<. (f'.,ià'f.. .\t!Jjf'!L' dt .imfril'.<!, hwnr,s AiM blilorfal Hu:.»r·
/}b. :~1t".
21. ::i' Ran:1n e Cc1 Wd. l;fttiül ..lliv ,Jt iliJJ dfffon'í H11W:-! "fof;;;o.. htpf~:~~(,1 U1-p,~r\,)...'Tif'!):;,~ .%$. p. :z:i. «;.:d
fadvn c~~''i·"J~. "L't :1:H!'.· ip l{16n L'{' },1s. \!<.~j!'n::; ~ri. J \1ovimLnw dJ> Ífül~'Jk'LÜi'Í;.'.'.ÍJ <h' !;J Drn: fúh.Y.11
;füt. 173.(; l8Jti~ <·n .~!<<JflC:f,\~ l.<tH'!n forr~). L<i V.~m:-J /,;itfrKnr:urkHKV P1:·~J,Yrri>·;u rf.o..;Jrn'<t. M>·:r-,-/-'1l,
de Antonin Jo;ó de Sucre, peloi serviços prestados à cau~a. Mas logo
depois dt'Jxou de rH0bc•r qualquer ajud;1. vi':endo até ~ua mer;(', aos
oitenta anos. f"Jbre e es<:uecida".
Bofivar dl'ixou um testcm1mho da particípaçiíu efetirn da5 mu-
lheres nn guerm pela índepcndência na Venezuela. Nun:a prodama-
çio ao exército que líbertou a prnvfnd11 de lrujíHu, doglou n:in ap<'·
nas os soldado homens. mas ta:nbt~m a> muHwr<.'\ qu0 :ut<m!l11.

J .,, j até :.:; t),,>!ü 'H..''·-"l . .:h ddü.:L~o,; de bl:·nerc h.miani J~tY;\;t"ó ;:unn:<n· i1\ r<>mtun~~ ~n1
0

rrn!i~~ O\ Jir:'lriü~ r-i: S:in (<;rb\ U)!f\ i<n:a,. tH ;igen :\i\'in<( ~únd.1 tp~ :-.~·t, >•dt:t, ()) rno1:..~
Hu) l~ i ·,~n::. d~ L!li.."!ha dlt::g:ff.:l:t! •~o cui~:'' d.i afr.11d1,1 ,J,_,. sua n.11; 1v. didJinirn ~;:, .nf~.mes
am:ds rüntr:s 1;<; ~:'.tdldih e frnünin.(;\ p~itu.'i de 1.~r'.l:'>;s hd~LH1u.;; .dP ·'.·an.:H;T., '\f';J 1.H)~ue:

füt>ra~n ···xrírzr nu <1s <ld.1s t >Vi 0nt hei ..tn <k· gri1~1fit·~, poi que ( Hlt.(·h.:r ,101 '; }ol. Lrnc dt·
sí,~nln dt· W:wn<H' 'i.JJ, n(kfl~\d.a p:itdN::.

Em terno de Bdiva:-. gravi:a ;1 história de nutra nullwr que g::i-


ni1ou '.'.'!Otorieóde por sua coragem, i11íci;itivii e dedêm ;K•las rnn·
v;,nçôe~ sorlab de sua época. Reflro·rnt! ;1 l\fanuelu S:ienz, nllia ikgí-
frna d;: uma rnstiça e um espanhol, qcie passou [Bra;; hi,toria como
;unante do líder máximo dii5 lt1tas rwla índepemi<'ncia. Ca><;da rnm
urn médicc in!(lês, separou·st~ dele para arrnnpanhar lLlívar. que co-
nhecera ('r\ [g22. em Lima. A ;l<dxilc nfo diminu:u ar6 a r11orte de
l.b!ivar. en• 18)0. !v1uíto se escreveu scbr'• sua indcpcn fonci3 inl.i'li
gência. sJgari&1de e iniciar.irn. Cuidr•u do> arquivo' rL' l3o1Íl'ar 1•m
sLa estada no Peru. c·srreveu rnnas <]Ut' ele ditava e mlrm1·0. q:gtm·
do teslemunhu diversos, de du;:\ tentn!ív;:s de assassinato. Depois da

22 Solirt> J<J:ina :\1~1n:~y, "'.'r A.Uph V;ó.~IK !:-t v,~;;,2. Ma:íw1 f lwma Vwt!i:v __,j Pai. LHH'Ó.'f Editor u Ju
~en1u-; 1%! i:.> AittH) C<JS~il dl' ta Tú>1\~, [," Jfnoh'ã ja,,,~,1 Atw'flu;r dt /1,iú;L:.', :..1 P~t,:. fdílnc?.:I C~·;.-i
Mwlidp:J d1> IJ Cuura fr,inz faw:-iyo J~l8l.(h rk~~ hr:J" t"<~11H 1!1.ii :1m o hiH::;!i;nj-l:i 1.1\• se\. r1:1.y;;'i

t~1•:nlr.>. k~: UJú.'í;t.nl<J \::qi...hli, 'P· rif, td:t um !.t;11i.p c.1pírn:1·; ~ubn~ l~i.{ \l'L çínn:, :u<it·: )ÀJfllJ;gú
Curk·\. t~p d1, p. ,,\: J. 1. Trvntí Hnn~mmJ. tp cit;,,:. "bo;:c.1.lú• n,m,Hw1:.•cH:-<> dr M t'í:.- li.w~:.cfa G;.;,l

11t%.. A: Gti!h. Cúrilimt. l&..tidad, Leyrw!.T J Ahw rlf' l.i (o,ane:i1 1f k::. A111ft.s. ./udt«r A.:w<'<>f t!c f .itW!.:1,
PJr::rn.. Entre fb~:\ ~ditorhl N·H.'H lmprf'\~O<~. !f!Gí.i.
23 rr. L~:. h<:i,H ·1nnd:iide t~m.e:,'e!.'tW tl Si,;kJ:~)X l'h1&p·N1St' fawdtJ, 12 ~r;k, Cm.l.fm,; 'jC3. ~·o! l,
p, f.~i, <?pvd f:\dyrCbc>rpak, op ri'.. p. ~)57.
morte do iídcr, teye d1.• ~e smtentar mm seu trabalho. não acei!ando
voltar para o mar,do, qJ~ segundo consta ainda a queria''.
Outro exemplo a St'r recordado ,> o de Leona Vicario, na~cída
na t'i<ladc do México, em J 787, de 'amília íníluente e de po1sPs. Re·
celwu bo.1 t"ducação formal e depn s ria morte dos país. aos dezoito
anos, pasma a ter 2on:J tutor um tio. influente advogado do vice-rei·
nado, Conheceu e1~1 Y.H c;m1 i\mlrés QuintíH'la Roo, jowm poeta
yuacarern partidário di í11.Jepend6Hci1. por quem se 1paixonou. En-
tret;into, o pedido dt' rn'amento foi recusJdo pelo tio, Logo em se·
guida, Quintana p211ti1: para se juntar !is tropas d1• More!os ern Oaxa-
ca. Lcona perl"l'aneccu na cidade, mas mantlnh<1 conntos com o noí·
vo e de v;lfiadas ma rw::·3s ;Jrocurnn auxilíar m :murgentes. rnrn di·
nlieiro e ir;fnrmações: afirma-se até que fornprou u:na imprensa e
envíou-a ao r:oivo. Stw advidades denunciavam que Jdt'rírn à causa
da indepr-r;dfaicia e come<;aram a levantar mspeitas. Foi presa em
1813, no Co!egio de Pf'lr~n. Depois Je diversas p(•rípéci~s. foi liberta·
da pDr trés oficiais ínsirgernes e pôde, finalmente, ír JO encontro de
Quintana Roo. co:r1 q.:ern "'<' 1.asou. ,\ partir daí, continuou "º lado
do maricb. fugindo dJ> realistas e escondendo-se; nessas drcunstân
c·ias, nasceu sua príml'\ni filha. Oep:ib de algumephúdío> meio obs,
euros. os dois acabann ~e· entregando às autoridi!de~ n•aliltas, rccc·
bend.o indulto. Mas as.1tívidadl'' pnliticas de Lcori.L :!p;\; a ind::pt:n·
clônci<•. não cessaram, V'.'1':10-la tornando partídi; dm fodernlistas, fo.
zendo reivindirnçôes, 1u:ando por re<iver parte da fonuna confiscada
nos anos de guerra. uiund:i o pr"sdente da Repúblíca. Anastacio
Rustamante, p;irn <le!lJn~iar amr:aças que o marido vinha sofrendo.
sendo objeto ú crífrm nos jorn.1is d!:' oposição, enfim. atuando
como ur~rn figura ptíilic«. Quanrb morreu, em 1842, m político~
pre<,taram-lhe horncrar:em, e o~ jcrnais dedicarun,lhe artigos.

74 \'('.~ i\lkn.<:f1 Ruri;;-zo C<nált~ MN~vtls S:inl!, b !ibrn:-tdw,t dtf L1>t,ruL't>r. Hm::it. A1rn. H4.S. G.Jhrld
C.1H:i.'.i ~.1;kquN, in~p,t:').J ~:: ~~~"'~ ~«fapãt;i .::omlnifrjll'rn•:D:gens.dv,,: wm1!1{n OG?1w;1.f l'fIJRu Lr
#idJ:Ie :~ O fh.ir.. m1 ó.~· P:1:rf;,rc;t
Carlos ~faria de Bustam;mte disse que ela ha,.ia úlo ·e1 ornato de su
sexo y la glaria de m par;ia"z;_
Há variadas narrativas sobre outro tipo de panicipaç;io da:; mu·
lheres, por exemplo. as que trabalhavam como mensageiras. levando
infonnaçües para os insurgentes. Sua co;idíção lle mulher suposta
mente levantava menos suspeitas; entretanto, 1ária$ dela> acabaram
sendo descobertas, presas e algumas condcnadm à morte. Os realistas
não hcsita:am cm executar aquelas que ernm consideradas t.rnidoras.
Em Nova Granada. Polkarpa Saiavarrícü1, La Pola, que levava in·
formações sobre os rcaliltas aos rebeldes arm«<los. (\ sem dúvida a
lll<LS rnnh;'cida. De familia simplt», trabalhav1. wrno costureira. Nas·
citl3 na pequena cir.fode cfo Cm1duas. desde rrn:to jovem tomou o
partido dcs imurrectos. Por sua capadda<le c:e u~andar informações
sobre os realistas para os rebelde,\, foi enviada, por um grupo de pa-
triotas, para Santa Fê de Bogotá. Pela própria profissão, costumava
freqüentar casas de fomí!ias de posses - mui!;;s reafütr1s -·, colhendo,
dessa maneira, informaçêcs sobre as tropas do rei, já que se J'ahwa li-
vremrnte na frente daquela jo\em e "ínof:msiva costureirinha''. fate-
vo próxima dos lídems da resistência criol.ta aos rna'.iwis, como os ir·
111ã0s Almeyda. Seu envohirmmw foi ta! qut', quando um grupo O! re-
beldes ct1iu prisioneiro - entre eles, Alejo Saba~aín. que a bíografü1 ro
manceada aponta como seu gr~nde amor -, !u~ia documentos que a
COrnFomctiam diretame1tc. Ne:c~ constavam listas de nomes dm
simpatizantes da índependéncia em Bugotá, ao lado de informações
sobre a quantidade de armas e munições das t·opas reafütas. Presa e
jJ!gada, foi condenada à morte,jumamenlc com 01;tms oito homens,
entre eles ieu noivo. O fuzilamento ocorreu na pra~·a prir:cipal de Bo·
gotd, no dia 14 de novembro de l 817, causando gr;rnde ímpano sobre

2:i SJbtt leon# \'kaúo, \tr GemHo Ca(cfo, Lfflfü tiniria. Hrmfnil fm;,;,wnrc. hlê3..CO, s,~<:rC1<H :à. fk f;Ju
cadlt1 f ublt:a, l !l.15 {1. t~lL t9 I(}};ver t;Hnbém luis RulJto ~4HCC'ú. Mu}rrc:i Cddte..i r11 ltJ fnr1<J""mit!1fJ~1
d~lWixiro.. Mkxko, i.a!k:'5Crálkosdô Zól Nadôn, 192!1, A ti!;,ç~o €k &u.tn1r.;:1.n1c- nMj aa j). 23; ~~e-~-
1'rt!Jfln fa:h.1rn.n:t\ LM-:J Viiatfir WMujtt frtru t>t fu lm:kpr:dt:sd,-,,, \foJt.iW. [d;cbne.~ Xnd .lti 1945
a pcpulação. Sua coragem e audácia e a vimléncia de suas falas con·
tra " opressão do; c~panhôis, até o momcn:o finnl. foram rcgistnida~
por tcMermmhos e rccupc~adas por seu~ biúgrnfos''.
No \léxícc. il "menwgcira" mais f;1111m.i é Josefa Ortiz dr Domin·
guer.. espo~a dornrrcgrdor de Querétaro. Miguel DominguPz. Em de
família de poss<s. tcmlo eitudado no colégio das Vizcaínas, de 0:1de
saiu para se casar. Ela e o marido tínham hgaçôes com m: con5pirJdo·
res que prelcndi«m inicia~ a reuelião pela imkpendf•nda; ao tornar
conhedrnento c'.c que a rebelião forn dl'nli'Kindil e os conspirndorns
iam St'r prasos, i'ez que;; 11míci;i chega:;se a:é eles, precipitando a de·
cisão do "Grilo d(:' Dnlorrs". No entJ11to, o ra5al foí pre>o. cmbot'il ele
logo tenha S!(b perdoaúi. Ela, poré'.m, teve que passar longos perio·
dos como pri>ÍlYleira e1r: diversos conventm, em Querérnru e na Cida·
de do Mêxko. Conquistad<1 a ind.~pem.U•m:ia, continuou a manter
seus imerei;se'i l' atividade; polítícas, lígandu·st: à loja maçónica dos
"York" e relacio:undo·S(' mm fíguras como Guadah1pP Victoria e Va
lcnt'.n Gómc;; de Farías1;.
Também se ,;onhccem mulheres que de afgurna maneira coope·
raram com os rebeldes e sofreram castigos por isso,rnmo Juana Morn
de López, de Saiti, que lc\ava informes aos rebeldes: ficou conhedda
como La Ernpa1cduda, porque os reafü:as" rnndenaram a morrer de
íome em sua cam. nlja'i portas e janel;1\ for, m lacradas; cntrcrnmo, m
vizinho> derrubaram a parede que divida :is e.mi~.\~ ela se ~alvütL An·
toni1 Santo~. de Socorro, \Jova Granada, que financiou a~ !ropa~ ff'

21.t \ii:r J. b;t~ Tr:."l'd R3e<1mJra, Jp. rir. p Hf.: t> ]Ls1; DGn:ii:1go f..t:·ift·~. cp. ~;{,. p. ·1W. l\m.sdtar, airn.fa
b fiAJU>...'1i1 \kn:Q)a :k t,'1g,1fm. li1 CrioJ!,1 P1 fi<:JJtJM Saf;n.u::t:.;. [\<JfOt..í, h.~tí1HH1 Co],1rr.\.ii,1f!P rk Cuf
1

tut<! l:JJ2. f'arn t.1nu Uograf?<t rt::vnl<'. \f:r fom~~ IJ HN~ft<;-,,·-11 ~Linda Ror:kly Hc-ndl):·x1n, Tér;Nr,;;,1-
hk 11-ãrat. a d ! ..i;j)t/ua.:k,1. Chk"~º· \'d'.'>í>n·HiJt. :!l'/S. np, 6.
27. \'ff l.uhRubic 511.w:. ''r· 1:1 Va~.- lm:brnrquc jm(• M.,;. L" Morn. em"" hi<U1iad> u<!ep<"'!&rt
tJ;., rnh'riJ ~~ e ck; <:.>no ~i* rm.dter Jo t:ún\•gt~-.r·, K'm {lUr '\+~"' t>ú.rn"'. Sua ·•ts5:e ;o..b lhe í'í<'I fa••mk
, •.~.. Afin .,,\; ~ ·.~ m.dh·t df: IJnroin~fü'l. qu(: não t!ntiJ vu~ra; i<lh'ii ~h::.: J im.kpwdúr.r;..1 ~11tJ {;
o(lic /!O~ t·~inr,l~ói<õ, !o~o (V.li! ,%Ji.J.lf.> :tHt.' ~(~ füfl<.plt<in-•a C)1ll1 ;• -l•!!<. dtrfo.rou·~~~" favor dó> fUft( r;ido~
e 1!)31l<Í,JU t.m 2ri50::xr um <Y>Hfln pMHr:ular"' Htdalgc e ;\~;n'il.k adH~1HnikH~Sdü µ:nmk- tiY-o qiic
tnniarn·. ,\!fYJ((! yS.J.~·Re~d:titimuc.., 2. ~~d., Mó(tCú. l'offo,'), 1!!:'\!. 3 w·,k, VüL m, hvm 1, p. Zft
IX!:ces e :>a~sava lhes informaçôcs, tew n mcm10 fin eh! L;i Poia: foi
c:)eruiada em praça p1íhlka, por ter·w re:1mdn a fohr" Mnrfa
Ccme\ia Olhwcs, nascida em Chi!án, su! de CLile. dcstacüu-~r: fiOr
l«1 gninde habilidade para ;i orntc\ría, f:llcndo dbcursm so~Jrc a libcr-
rhrle cm vàrios salões e também dll prnça p\J')Jica. Adrnoesrad.1 p.~Jm
f•>d.stas, :<Jntinuou (~m suas prcgaçi\,1\ e <Ka!:ou ;ervlo pr<:$<1. 'l& pri-
s::in, t<'H: a cabeça rnsp:ida e, wmo (asngo maior. foí assín cxpost1 "a
veigorha ptíb!in1". na praça prinfipal d(• ChLán. ,\gueda Mcrumftío
de Lmapi;1t pertcn::ia a uma tradtcional fomtlia rhilé'na e era ca,ada
ru:11 um oficial franc('s que 1crrira na Argcntín;i com Líríer;; e que C'nt
dc~',~nsm da índepend&nci:t. Em ~nr sabo moc1>sto r<'U11inm-se nrnítos
do; que 01~1partilh;il'r.m as idéia~ dt' liht:rrnçào das wli:niJ~. St1;, lilhii
)urna, dr quinze anos, acum1xH1liaa il nde no ín!Nesse e cntusiam10
:x~:a causa. Es<reviam cartas aos em:gr;idm, pa;savam informaçôe~ aos
'a>urgmt;,>; quanc!0 San Manín ew:1e em \fondolJ, t!l!VÜ!l'am·llttc no-
tíc'as sobre n situação dm realisrns. Descoberta foi pres« e sofrell ui do
R:~cimindu-w a folar,
tpo d(• prcss;io p;ira delatar mllr<'S e111Llividos.
foi cor1ffo•1ada à forca. devendo <mislir antes ;n suplído da filha. cuja
rniío direita ~cria cortada. por ter escrito \ilrtas com irJorn1('S com:dt'·
ni:os subversivos. Foí perdoada nn último nonien:o, n:as morreu
lcfO dl:'pois. vítima de doença coniraid,; na pnsão".
A,nJa que as hiogr~fia> rela!e!ll r11ab rnmu11ie1tte a~ hi\1ó:ia~
iJ,, mulheres que vinham de familía1 de poss<1. há tam'.irm referf~n­
cia> a mu'.heres pClbres (wmo algJmasjii cítad;is] i• :nestíç;is. A nar·
tó\sa mais ponw•norízada que encon!rPí fob Je Si1mma J')sefa Man·
Br.<·da, nascida cm La P;iz, em l i!O. Era ant>ii e casou se com um
n:e;tlço da ffi(:sma profissão, que morreu algJm tempo depnís. F.rn
:sns. na revolta de La Paz pela indepcndüncia, Simon a Jmefa rle·
su:1penhou um ach·o papd, reunindo e orgrníBnr:n ns >"ecina.1 de

~~g. \'f·t J b~, Tn:rni Rr...;:;,i,r:.1,,:r:i, f.p. cr, ~~ J~J~f; DcmH:lf~O C-::tni!~. ,)? d? p. 1{.{l.
?] Xórc !S miJf11cn.:) (h,k;i:i~. •~r '~kcn!cC;c-t. L;;U,;j~mdt J;,i !t:rl:·jí't:dni.:1:1. S.~nfüfj(1, lni,Jc:f :i.<l · fa
Gr~uad r~<ifiMUi, tS!U: e- wmbün}"ill'> Ccrnlt"IW":: C:irtf\ p ár. ~J, L TrPnH Ra<.'<1.fhPrn, vp. .
1. üf.
seu bairro, cue dírigira:n·se armado; à praça das Armas, onde se C)(i·
gia o rabi/do Jbferlo. Derrotadü o :novirncn!O, >eus líderes foram rn
mamente exc::utad;1s, havendo grande núrcero de presos. Ela come·
guiu fugir, escon(fondo·se nu1ri vilarejo do interior. Entreianto, em
1814. por ocasião da rcvo!:a dm irmãos Angu!o (inídada cm Cu;;co
e que chcqcu ao Alto Peru), ~i-la de volta às 'ua~ atividades rerniu-
cioniirias. Derrotados rnai~ uma vc"t, foi denunciada e presa; bus~a­
vam tarnbér:1 ~eu filho, qu~ não foi encontrndu e de qt,at se pcr<'.eu
o paradeiro. Dqi:iil de p:ba, foi submetida a julganenío sumário,
rendo mmle airor: ·e;·e il c:ihcça ra;pada e, nua, foi ·~xihi:la nas nrns
rnontadd num bwTico, flagelada e f1i;:ílada pela;, cmtas c:m pr;1ça pü-
blic.i. F!fü' Uc\tigo t;io infamrntc <''lá prova~e!rncr.rt> tigadt1 ú ma
cc11di~;1c1 de mPstiça "po~ie '''.
Essas são apenas dgum;:is indlrnçôcs do ekvado nümcro de regis-
trns sobre as atividades po'.ítícas das mulheres no per'.odo da indep~n­
dência. Tais biQgrnfia.s, corno ji dbsc. tinham objetlvo1 patrióticos e de
cxahaçiío das fígunn fo:ninirlm cue- se cnvolver,un nas lutas pela inde-
pendência:".
Também pesq1:isei a cnletiio de p;:mf!ctos chilc:ns publicados na
época dRs guerras pd1 indPpmdôm:ia, na Thc John Carter Brown Li-
brary, cuja leitura°" sug"?ri:Hm· ou!rn probkrm intcn~ssantc: a n;:rns·
sidad;• tk se ::01tv1,:1:ci>r .h m1du•res d;i ímporuncía da ·caus;i patriô
tica". A :ndcpen<i<~:ncí1 cm. ll.1 coni:cpç<io dm rmlti'rrlporiüieos, 11m
negócio de hnmem do qual aõ nullicres de\'ialll ficar apartadas? Ain·

30. Ç(, AHpw Va!.c::ntJa Vc-,~FL S1m,-m«t J~J)?b .Hm.rintda, L1 P<1.1. b~1rvd2 Ed11orlJl Jl_n~miud, ltiS. i.'" .• \L
UHpídL rp. :·t.
3 l. Crm~ 1flt,, a1:~1:i.fb~ irnht.1lhü:>jêl d1a'.~·-;1, r~ ·wg1.tlnw.; {{'.'(10< tbntot• f~"' J•'YtuU\ndr<Kt..•. P•cn:rr'.i .A<1 ln·
tf~/:i..'T&':;rb Íir:.!.K'f: / . Jfak':Cm !..t .rus .\~rr;ff~ mn ,..tJ2m?JS 8,?ff!{J:1 F.fs:J.ilff..!i. QuW\ Ttpognifí& (~ t:t
f...\:.:ltd,1 r.h~ Ant:'~ y Ofid)X, 1:1.0. \farrn EH.::-,1. Mír1nd<~. Mujfx·~ C1i!m~1'. S;:n!l;~~o, E>i. N°«K1nnnto,
!~1'.l; A:l:J,d r\'<nn·!rl C..J k!!l!, !-il M~fr hY;ufj,th, rn M [11.~'"ff'';dmâ~!.C;.i1:J•'JÇ, ~.ed., !-. d :J. li. Mt>n
\;~l..-.;.". }.i:.:j-fVi di! t4 J~rrfrpf'1dend<:: H..:gc13, '.mprcnt<~ \'.11 i•m;;l f!)t•.>: Catk.1) lkmil 1d1:1., ,\f.1jr1"fi Ct.'l'/u'"'~
rrtMltiuJ.. Sw1.An1er1fo, Ctçj fjofnria1 Lo?.6fitt !916.
:12. C~){.,·o:ir) ~&:- P"n~k!~ do per'rn:lo d1 i.11hp.!ndi1Kh C1 Chile fh1~ jnhn Cart1~r lh~ . . -n L'lhraty, füo .... n
lh1ío'rrn;,: Prw/rkn :~~- R.hoô: :.,far,?1 {Et A)
da que a respcm, de manda gemi. dcw ser afirrmri•a. 11ô<1 é túo au·
soluta quanto prnsa pMeccr i! pri1rniin vista.
Os panílNlli são ce l B17 e compôem·sc de diálPg<» enHe Cl:lri·
deo. Rosa e P;n(irlO, trê5 ir•niios. i\o primeiro, Clarideo. u ilí7<n1do
se <li' argument,)S lib(•rais. comer:cir: J{ma da ntccss.dad,; cb in
dcpe11dcncía. EL, realista, t»tav,1 a:nedront<Hla con1 os usdg<n que a
religião lhe prometia - cxcormrnltiu, inforco ····caso .ilJrJÇil>Si' n~ no·
vas idfü15, Porém Clarídeo a pcnuadíu :lo~ males cas;icm pela lpe·
ja, sempre Hgad;, i1 oprcssii::i pt•lo.i eip;inhüi>. R:1>ot <•11fi111. cc:fou.
afirmando estar rntàn no lad(J do irm:lo. Em outro pmílcto. •) di;ilo·
go sr. passa entrt Paulino e !\os:... abordando ~i kll1il 11«!'.is <0:1;pli~xo
da m~ei.sidade ,:a vio!i:ncia Jl<U'ê se akançar ;1 l:l;eriladc. Mais umil
\'el, a írrnü foi cuwenciói. Üt' un lado, aparece o l'.orno:m. como o
dono da raâo, om·enr.end:i il mullwr imersa no 111tmco dm senti·
mcntus rcligicso>. Por outro lado. de lhe conL,ri.i u:lJ 1bnensi:o
rnab m1p!a rp:c ;1 dorri•stiGt, in:crt:>s;;do que cst;1Vi\ cn: prrsu;1d:·la
da iff;iortància d,' sua ack•sib à caurn públka da iml<·pc:nt'.lncia.
Esses panf1e1os trazem t, lcrnlmmça a ammlr: <k Ja•·ir'r<i Carr rra.
irmã dos lickres da incependênd;1 thibrw, José Miguel. Luh <' Juan
José, wc acon1p<nhou enlusiasticanwn1r ;1 iuta dos lrui1m e >egu\u·m
ao exílio argcntír;o, ornk arnli~1ram sendo <issassinzrbs l'.li1 também
foi ig11;1lmcntc pc:·ocguUa e fülta pr:;;oneirn por ;;!gur11 tempo. Coma
se que seu sarto, ~m Santiago !lu Chile. era ponto de rncnntro dos li"

volur:onárlm.

'.li S('; con·:<:>ntr,1:-;nn. bu~ca11dc: um w1{orU.t\d a~-irígc. !ú(b<:tO\ hcnK·1~ t: tc<l;n d


iddaç C:.- í':pora: ~1B fcmc-ntavall'. H!I :.abeç;;'> (·torr.a~·a co:p<• f: :.n:o:1fC\f"LH;:1o. Foi nes-
te sa!(ív, mc·t.;i.de tlub:: e metJ)th: ;:;.sscr:'lbhiE. L:;uc ccríJ. noi1e J:c ó..:::d0t:. uu li d:ia;; 1:cs
pn·.H~'"lk''i crnochm.&:J;;:;. o uovCl t"'.-<üir:-~farlt' d;i piltnd. que <ll'via )C: :nsti> :m :ugnr do C·\Ǻ
panho!·.
Um breve comentário wbn• a linguagem de nosso rntor · · volta·
íl'Í a esse tuna ma:s adiante - indír:a u ton~ patriótico dil narrativa e J
írwísibllidade du fígt:ra da mulher na soa de1rriçilo; ainda que o salfcJ
fo\SP de Javit'ra. qac organiw1·a e1qs \t'Ssües e a que111 ;e atribuiu a
concépção d:c bandeira, de afirm;o q1w all se reuniam "todm us lmmm>
e id1'iils da época', scrn mencionar seu nome.
A irnport:inci;1 do convencimento d.11 mutlwrcs 1mde tmnb6m
St!r notada no Méxko, onde se encontram manifestos cm j:m1ais. em
quem 1mtlflt•n·~ Nam convccndas a parrícipar do mmimento peb íri·
dPpendência O Sana1;ar!a Pmríritico Amcric, m11, dü5 domingm 22 e 29 0

de~ noYcrnbrn de 1312. pllbliwu um man lesto ínri1u!aro "A 1'1s DJ


mas dl' :Yfoxico" no quai ~e afinn;wa a m:ccssídade da '(fo<::e ajuda da
rnullmrc~, p,1rn c::1111pkrnr o triunfo rc:volulinrnírio.

Era picciK1 pôr ('r1 mninwnfn o lmp!:r;o qut· çxi_.''i:tiit~':. .::,obh' 051,1:r,,:\'Jt:~ ;nwik,mo'í
~! 11,~,) JC$Car;$)(' cn:::yano ,1 Hhi~nh:k ~fa p;1~ri~ nãH Í<J:-'>e> ,Ú~)'.~pda r;m: ;i;l.<~ ( '':.;~~ fim
dc'.'Ln1 híl~;n:-<U. fonnh~·re-:' e l'Mt''f qt~ ü<; fn~:n<; du \k\:Ci) :Y:- éf'cdh$Pa; <1: f>C~Y +:>rn tn!lY\
U/i-;üa o déspow '-'lii-Ufk'U.., ~\.;('" c~(-1 /f::nr~:. <iedrmrnuw.r: d:J c\·mah l't)t;l)i;,') q~;~·~·n-d.Jrrm:;; me
xk.:~;1a.:.; sabLJm toi11.1J l,,a.tt:' !th yJanÓl'.' c:nprt'Sih {' ;uLn wm W-d.J a t'n1,.'igkt (!:1.~11do M: i;::.1
~t\\"<.-t {fa Hbnda>:b dJ ~M\h• •• \)uu ft•li:1nt•iih< j.i1e LPH!~i\am c<:m~ nlgurn..;ll d-Hn{!'. ·)UP, !!J1(<.'<tff

d.1 e>pi•m;~gi:::r~1 e du~ pnx<>1sc~. 'K harí.:im \.:d:d1: du JJ"ú! ff:d;'.; pai;:: pw.stw J lH~i~C>)trú~·n~ da
:na\.:ir irnportú=1d;t; ({Uf' d:.i~~'.,li'Üt e f('J/ r;)1>;11<n•) da lit...;dJde, r qa:: cs!li' hú:.b>t kll >Y•
nnnw.'i d:..h<i.<'Vi d.:im:t~ ~· (h ~tu~ \wtótci;s ;.it;<<.>, ~- nrn. t' 1n1:n ·'>\Ui;!~:\ H-rl•~~ u>;r<, ;~drrif,1t;:,~}~

f notável. pornrn!rJ, que alguns dm proiilgoní1ta1 nmcu!inos


ronftrL'.>em ;is mu\iietes um p<1pd, ainda qu(· secund<írio, nas !ums
pelii independenc:a.
i\naliscff1CJ5. <:gnr~, {!S conn. ~p\·ücs )Gbrt! ~l\ muHKres rt·lh~hlcs

subjacentes n;1s j<í clWth11 hiogrJfíJ5. cm p,erJI '''trita; por liurne11>.


Na~ narralív;is, a linguagem cmprég~rki e\irlencia (>bjetiws eriifl· º'
cantes dos textos t nos .:prr:sN11.a um n:trato ele mulher ideal. Wlh
truido como excomplo para as gN;;çôc' cnntcrnpor.incJ> e futura" A>
rm11!wres ernm rnocfostas, dedicadas, al!ruístns, generosa~ e ahn«ga-
dm. F11 wrno delas. foi moldado um padrão de resreüabiLdade a
panir do qual sua vida ganhav:i um lugar digno na galería da~ fi11,:1rns
nadm:aís.
George Mosse trai;ou, para a Eurnpa, as íntrlncad:is rL·laçôrs nr1·
ln' nacionn!ísmo e respeítauilldade. termo que, a partir do inído do
século XfX, pa>SO\J a indicar modos e moral decen(:'S C C'Or!'ClOS, jllfil.<J

com uma atitude si\bria cm rda1;ão à 5cxualidai:fo. Desde e fim do ~é­


culo :X:VIIJ. emibdecernrn-se normas de comportamcrno social. rrn~
qu:1h us p;ip(;is da mutiler e do hunwm Narn clarM11ente dcf'intdm.
A>Sím. aimh1 que ;1 tr;1jetdriil e as escolha\ das mu!Lcn-"> relrarnda~ pe·
lo' ;mures hí<p;ino-amcric:mm n;ki fo"em das mai; "at·kqu1idas (·cor-
reu~", !cm11do-se cm conta as regrns da sociedade ::olonial, ;,~ 11Btrn·

tílns pcmcriores trnnsfonnaram-nas e11 herninm respeitáveis, cujos


·,kwios" se justificavam pelo "amor ?1 pálrta"!>.
Sua.s açfü» respondiam apenas am apc:lm do cor~dio, Estl.! é cu-
ho prnuo irnport<U\W. Nas bíogr.ifh1s. as mulhcrPs eram sempre tcma-
da~ p0,· urn sentínwrno de paixão que .is çmptu-nn·;i pa~a ns trilha> r'.<1
insJrrdçào, ~Jão apan:dam nm10 seres dotados d" raziio, 'i1zcntlo 1rn:<1
esrnllla racionaL depois de um ba!Jnp cuidadoso d;1\ partes. A\:1im.
Mari.i Quítérí;1 "ardia dr! amor pda piitria": a rhih•tia Luis<1 ;{ernbiirren
tf'I''' l\j'.orlunidade (Í\; "dar a rnnhFr('r Oi admir;weís dot0s O(' s•'u C:'lr<•·
çàc": il nw~k;,rw Rira Pért·z de \loreno, "matronn que t·ra um an}; '"~
caridade" teve "seu cornçfln posco ;) prova" pelos sofrirnenrm e d~;rn·
ganos. Arrl'batadJ> por foncs senllrnentos. tornaram-se i1~surg,.T1tes.
º""ª maneira. n circuito d,1 mulher ou n cmr;io 0m que S() mo-
via é o das cmoçôc's. Aliada a essJ idéia, sc·u rerrnto Jp;irecc cst;:m;1an-
do a imagem do s;icrificio e do sofrimr:nto; todas e5tav;:m dispost:1s a
s11ix1nar as mais duras pcn;is, se elas revenessem para o bt!m da p<i·
tria. Não havia obstáculo - longas caminhadas, fu!,,l~ perigosa.~. falta
de comida e confcrtc. punição - que as demovem' do~ objetivos me·
iendidos. !\ada as impedi<: de continuar, Forque acreditavam qte are
cornriensa. istCJ 6, a líl;cnliide di1 piÍtria, 5er;a alcmçada.
Diferentes d::>s hnmem, tinham totaf cb>intere~5e pel;1s honrarias
públicas e pelos bens materiais: essas hü\.:r<ifla~ cnfatiz;ini que. nes-;e
momento cxn'1;conal da histórb, era luuvjve: que elas tivc~>en~ adcn·
tradc a cena polír.ica para lutar pela "c;ms·i justa". Mas. al::ancado e
fim (!csej<1do. dcYiam rnltar ao h1r, para 01 devt~res da família e tl<1~ afa·
zer<;S (]Off.esticos: "Ol!ar para ~eu "!tigar n;itural", a ()rbita do privado.
A bíq;rafia da mcxi:rna Eit;i Pé:ez de llforeno, <pe conrríl:uiu par;1 a
imlefH.. 11dê1Ki;1 çom IY.Ui!iís açôc,, termina ;i>sirn: [conquist.:da a indc
pcndcnda]. "do:1a i~íli' thorou a morte do e~poso, mas se consagrou
ao rnidado de sr~u lar na cidade de Lago;, ornk i:usccu. vivf'ndo até J

idade de ll2 anos e deixar.do urna eterna reccrd<:çao" 1".


'.únuralmeme, são tambérn ;iprcscntada~ como mndebs e<.' mitc
e espo.>a. llfosmo que a b:ognifi" mo~.tre que a mulher cstPvr. p;esa ou
que icH· ele fugir. ddxa1:do muitas vo:e1 m f:!hos com ornros pa:«m·
l<'>. rs autores lmistc:n er11 111os:rá-las ccmo <1brwg;idas e dedirndh;..i·
mas mflc~. Toda<> estavam imbuídas Ú{• rnra fé extrnordinár:a na justc·
za da causa. mantinlrnrn :.1111<. espen:mç;i ardente. nDo p1!rm:tíndo que
o ànímo dos dcma's es1:iorcce~q·, Acari<ble. for!;; sr1ntimento de des·
pn·rFlimenw n1<1:Pri;;\, 'lunca ;:s abandonava, ern qwdquer sitw,;ç<k
em que se encon:rassem. pa:·tic:Jlarnwnt<> se fos,ern dor adas de algu·
mas po~so. Ponamo, as mcsrnai qualída:ies que regiam a éric<1 caU'lli·
ca esta\'am prcscn1cs em sLm <1çücs no munffo secularízado da p~ilití
ca. Ainda que seu comp:irt:immto. na época. fosse absclutanl<'nte
wntr<\rio il p:>s~ção oficial da hierarquia da Igreja, SUiiS ações foran:
sacralizadas por .mu linguagem rPligiosa que as ele,ava a uma catego
ria superir;r''. A biognifiz d.1 chik:na Paula jara Qurnmda, que torrm;

:1t .\.tnJa qt,<;; <l~U<:CS p:;offf"~ tf'dM!ll httllci.d'.l ;.·, ?fü1i,;r; >i.<i ;~1dqxnd{:nd~.ú ]i:rcja, f<;rHOiti~fi!UÍ"\~O, pt"r-
1:4;n~·r, :'1, <KJ l<ló) d;-i CürO:l ;-te o úi1 írrw nr.:x':trHt';,
;>arte adva nas lmas pela inúpcrnlência. flnaliz;1 1:c111 as scguintm pa·
l<mas: "Tf:rrninada 1 guerra de ;ndt'Pé'rdéntiJ, a sra. Jara se dedicou
cxdusivaucntc à prütíca da cari:lad~. Foi um dos espíritos mais abnc
gados de mil época Depois dr han~r ::orrribuído para él llberclJde de
su<. p,:it~ía, prncur;iva libt'rtar m opdnüdos tfa rnbüía"''.
A exl·cução df Amonia Santos, 'que amava com delírio a ~anlil
cama da emancipação de ma pátrí8". ó assim narrada: "A fr;mqucza,
o •der, a energia e a piedade que ;1 comp;rnharnm <Hé seu t'litímo ins·
lanle são indescríti1ei;;, Sua r:m;te foi a morte dos heróis da p;í'. ria e a
m:1rte dos heróis de uhtiani;:110 "''''.
Aínil1 que us f'rúprios acontecnr.cntos iulícas;em, muitas wws.
a scparnçüo entre a mulher csua farní'ia. na' n:1rrntiv;i, anulís;idas a li·
gm;ão entrem duas partes é >'.>:n;Jre cnfatizac!a :niportanle d ressalt;ir
que nação e família eram constantemente aproximada~ na Hngua)\cm
do iwrbdo, fazendo com que a nação fosse vil:a como unu família'''.
Na> biografias consultadas, ha uma c0nst1i:1lt· - a n:ulher rnmr.1 cm f('"
tra1.ada sczinha, aparecia ernohid11 ror •;;irios mcmbrns da família.
Lugilf importante rnscrvarn·ie à figura d()s maridos: elas t:rnrn ma~
cornpanl1t'iras, muitas n:zcs rnnvcrtid.is à c.msa pelo exemplo rnJsr.u·
lho. awrnpanllandtHJS nas sfüaçõci mab advcn;1s e perigosa5. Os fi·
lhos e. nrnis comumcnte. as ffhas, pcrmanedam aü ~eu lado. fambt:~m
m irmcws ;ianharam bom e~p1~0 ncssi\S n<'rrnth«h. Lt!lll!.mnnos qt1e <1s
perso:1agcns do> panfletos ci1úmos. anteriormente dtu:!os. são com·
pcsios de ;rôs irmiíoi, que nu Lnai p1~rmanccem unidos pdas mesmas
idt'ias. Os temas da pnlítíca siío mostrados como temas disrntidos peb
família e na família, que se c:oslrarn cnida pela rnnma cama, e mm·

38 (f. \'uxntt' ::JP:.'!.. <p. W-- p 'i'J


39 (t. J, D. (n:t<,k,. ~V âr. p ·1Gti. V,):i• ~!t~!~l \;· 1l;r;;:r i'â ·1;.1-T..Hi~,;.-. !'l~td,,1n~ :v./)r>.~ a rdigiD~a i:r>:J.í:d:c. S~1·
r1):r j(,Ma A11géfü-;;., í!b;~J:•.,;íl (!() (·c;nwnt(1 d,;1 L.;pa. T'' fr,i <8><1'>.\Íl'l;:1di prh» ~n!~fados tú ~~'rn'r:1: \fo,

,;o \(r c;H11go(k hbry L FrlWn•.:r TarnH~\l:~t1ph01~ Ta~ l..angua;.y ü-' .:m lmJepo1únrr~ R::,;-tó.a1~1u'".
er:• CM;.y;.'l:.'4'!\tStu;ifrs ;.;rS~itt; ;iad Hút<If, !1. l. HWJ
ca dividida. As díl'isôes. ainda que algumas vezes indiwdas, :·?foríarn·
~e à g(:raçào anterior, <ic paí:i e tios ap1~g,1dos ao nnm:lo coloni.11. So·
brc a chilena Luísa Rccabárren. dizia urn autor. ao cm!tcccr ma con·
tribuiçiio para a liberdade c'.a patria: '1\<sim, con o exemplo de seu
heroísmo. cngrnndeda. a farníii<1 e irn:ulova na alma daquela grnçilo
o ideal do dever r- do sauVício. t;ue hoje {1878! .i:i que parece anrlam
tf10 tbbílii•dos'.''. Outra história exemplar é a de Crrtudrc~ jJ()(;arn.•

gra, famosa heroína rnexil:a112, na~cida cm Pátzcu~ro, ac1s;llfa de


cnmpirnr contra os n~alístas. Fresa com orrn.> três filhas, fui ccmfonada
à rnnrr.c por se rccusRr a dcn . mciar sem cnmpan!wir:.1s. Fo; fu:.ilada
cm ISJ 7. e conta·sc que anl!'S rito morn'r entrq;o!I ao >acord::te que a
acnmpanliava algum o~jcws. diLerhk< "Padre, diga a toda5 r•Ja, [-ua>
nlhasl qee s11a m,ic. ru• c.:ilfofrl'>o e pre.n~s a expirar. •mví<i·lhcs::orno
rcconiaç;io <:sas pnb:os prenda>; :1uc lhes cnc;1reco que j;n:1ais se
apart~m do caminho da vlru<le e 11110 eL. do céu. velarei por c'.as"".
•\lguma:; rnm:lusCies pedem ser apresentadas: cr11 primcirn lugar,
a par'.icípaç·JiJ polit.k;1 d;•s 1milhcres d:irantc as lu:as pela indcpen:li'•n·
eia precba svr IC\'tlda em <:nnstderaçi\o, pois sua prose:1ça e toni;1urt<1·
1m;nt() não tfrn sido suficien~cmcnlc notado:; e mloriz;idos. Em toda a
:\rnfrirn Lalina. o número i!c mullwrco que pCf;'OU r·m <HTtns é Sllr·
preenclcntc: mas a rn<lllPira l!'a s mu;1! <l<' atuar se c:mnc!i1ava por nwio
de uma n·de de wnliecírncntos e lt•aldadr~ - que lnrlufa os <•rnpn·g:idrl)
doml'sticos das pcssoos n:aí~ 1irns dll qu0 pas;avam infrn rnil\'Ôe\ espa-
lhavam not iclas, escondiam fügilivrx, dos realista>, rnidavam dn> frrido~.
ílnan~b1·a111 arr:1a1m~mos ou compra;-;1111 até rnc~rno 1i:Jquinas tipográ-
ficas. ou p0r mdo de enconln~ cm sall>es (das mulhcrci mais <bai:adas)
onde se discutia p•;lílica. Enfim, uma t.da en1 que as rrn1llwr0s tiv0ram
um µapcl fumbrnental, arriscando-s: e sendo muiW\ vezes p.:rse11uidas
e punkfa> corn a prisão ou a rr1orte.
Em segundo lugar. re;salt(ViC que, a despeito dessa atuação l:mtan·
te signilkitiva, o empenho oflci,11 para o rcconhrcimtnlo de al1ium.1~

41. CC, Vkffi;c Grct,, :ffp. at. p. )~,

<12, Cf, Luis.Jhibtz~ Siht.t.."ü., à!1 tif,, ;'). 5L


dessas mulheres como ·rurn!Jdoras da pátria' foi pequeno e csponidico.
As homenagens públicas ou ri instituição de data~ 1iadonais comenora-
tivas não acornecernm. Nesse particular, os mais importanrcs símbolos
fominin11s nacionai~ continuam a ser as Nos.~as Senhor.:s, desde a de
Guadalupe {cujo estandarte, por sinal, os insurgentes carrl:'gavarn à fren-
te de seus exércitos] até a de Aparecida'1.
En'.retanto, é pcssivcl em:cmtrancst.ígiosconcrctos que !emhram a
atuação dessas mullieres. O mais desrncado. nesse partiwlar, parece ~<.·r
a homenagem ~ boliviana Juana Azurduy de Padilla. O aeroporto de Su-
cre leva seu nm1e e lá também se enrnntra u;na estátua que a represen-
ta montada a cavalo, zrneaçando os realistas com ;ir d<~saflador. Seu re·
conhecimento olkiilJ torna se mais evid<'nte quando Iernbr&mos que
Azurduy é o nome la mo ele uma província do departarnentn de Chuqui .
sac.1 como de sua capital. Poemas e peças de teatro popular foram e wn .
tinuam a ser escritas em sua homenagem". La Pola !aml>ém ganhou
uma est~trn1 em Bogctá que a mn'ilra sentada, de olhos vendados, antes
da exernção pdos realístas. Sua efígie aparece na no!<I de doh 11csos co-
lombiaMs. Taoibérn loi protagonista d" poem;is, peças teatrais e roma11
ccs que cantav;,m sua coragem. Na l.lahla. o reconhecimento das açôcs
de Marfa Quitéria se faz particularmente nas escolas públicas. Na praça
de San te Domhgo, M ccmro da ddadt~ do Mcxico. Jrm~fo Ortíz de Do-
minguet !em saa citárna. Muitas cidades do imer!or dão seu nome a
ruas ou e~cola\, onde o.s alunos ;;prendem a história de sua ~fda*'.
Finalmente, uma observaçào sobre a que5lào do comportamento
político feminino. O que mais me chamou a <itenção foi a transformação
dcssa.1 mulherci rebeldes, que desafiaram as instítuiçôes mais podemsas

t3. Pcmanm b;;,tantt~ difon~r•cé-0~ !.Í:m).J:os ~clonais f~mi.r,h:}~ de Jl;ma. pa:\('-.. da f.uropa. c:::imn M<l-
riar,iw- marn:;a). Britânia Un};ktt~rr.t) ou Gem1firlia [Ã!eullnh;,): ~)t;.t:·~ ,\fart;1r:ne. 'it'f as f!}l:C1ll;:tk~rts

rrat~lhat de ~taurx::~ Agdh:~n. J/,'lti;;tr.nt ao C!lnli.af. r!m,11rrk n Íll S,,tr.·fd:1c" .W;utliJ.~-~;::..s .dr 1789 d
18Sü. htris, fl.anm:ariún. l9H. e /\!~r'.anm au l'vimii l'Jmi!/ft.~ a !.i Syn~üqur Rq>•.Jh~'ir.J11ts dt 18-SG j
l!l!I. PattJ. Flammui-on, dr.JS: íObrt< Gernâfi:a fom C'!\~~ii.1f) ~ Eri~nil, \l~~r Goort~ Mtroi,~. op, ní,
44. O rnarilh d~ Juan~ Padll::a.<íeu 1C\J n:·rlu 31:erJO:.\~ à 0tpi1al da pn>\írtt;a <le Tomíru ra~wquiSJm)
45. Sct~ntlufb1we-,<iCa Miiier. rn dcaila de t95J. a\ rncl!;C'rt--s. 1ei\.'inrJíc:;m-1.k1 5u:a- r:Jí.lxt..w.i.a. tinlmr1 o. rs-
~o da praça Ml •oha tf« rnãtu;i conu ponio dL· t~11toritrv Ct f''.'<ln:eS(':t Miller~ iaria .4-!:lil'"dt"&~ H'i;
mtn ít!hl ;J:r Sr.1rcb br Sncid}.1H~f. Her.o;.ier. Uni\05.Í!J Prni..< ofNf~w EogL'lfKI. Jf.19!
- a~ rnetrópclrs e a lgrcj<1 - cm modelos exemplares de "bom comporta·
mento". Joscfo Dominguet. ou La Corregidora, por exemplo, "desobe-
deceu" ao marido, que a havia trancado em casa - temeroso de que ela
os comprometP..S$C ainda maü com os realistas - e conseguiu mandar avi-
sar Hidalgo, A!lende e Aldama que a complração havia sido demiberta.
Leona Vícario fugiu do convento onde e5tava presa. auxiliada por três
oficiais rebeldes, para se encontrar com o noivo, Quíntana Ro(), com
que1r. ainda não est.ava cas;ida. Maria Quitéria fugiu da família para se
vestir de homem e lutar como 50Jdado, numa decisão premeditada f!
consriente. Fornm mulheres rebeldes, insubordinadas, agindo fora das
regra> e das normas, que garJiaram respeitabilidade, transformada> em
moddos de esposa e mãe. glorificadas por todas as virrudcs cristãs inti-
mamente trançadas com as \•irtudcs patrióticas. Enfim, biografias domes·
tiradas, descamad;;s e llbera<las de qualquer dimensão de conílíto st>não
aquele entre o bem maior - a pátria - e o mal absolmo - a opressão co-
lonial. Ainda que não culluada~ ou entronizadas, pelo menos até o pre-
sente, alcançaram nessas biografias o altar de santas da pátria. Os bió·
gràfus retiraram-nas do espaço público. onde efetivamente se deu sua
atuação polírka. e recolheram-nas ao espaço privado, já comagrado
comr. "o lugar da mulher'.
Em uma palavra. foi esquecido ou ocultado t]\lC as mulheres partí-
cipar:tes dos movimentm Jl0la irn:ependência atuaram num c:rcuito
daramel1!e identificado com il da política, motivadas por idéíii~ ..~ent.i·
mentos e crenças <1ue ns levaram a romper com os padrões sociais e re-
ligioso.;; vigentes. Sua not,ívd coragem - especialmente nos moncntos
trágicos da prisão e condenação - indica que estavam preparad2S para
aceitar as conseq üências de suas escolhas.
2. José Clemi:nle Omzrn. Hfáalgo.
2

SONHOS E ÜESILUSÕfS

NAS hJDPf '>JDtNCl.~S

HIS~ANO·AMERICAt\AS

Fu.1;j~>\/.1 ;'::i!.t/~1.% L«ú fPJl!r:::t


q~.h ,'1 lí.ÍJJ/íJ <f(fJ ,.J·ttf'i. ~' ~I 1;,;'n.~.J {'tllh'.

\h!,t;tl :\H\1tií. (,\~;,',R.\,


Df~~:rin:.~. !XtJ.

(),. '.kfi:11:.<;rcs da inc!q1t•rnknd;1 da; r:ilónim espanlmbs da


J\rn{~rica dcni<>nstn.ffan: <:n!seu~ escritch -· p:r:dcros, ihrcs, rne1nórh)5.
cfü('wms, jcmaís - ~ólido ronhccimerno d,15 idéias lili1•rai~. Funl;i
mcnlancb·st~ nelas. cu >ej;1, oa crcw;a da ra1ilo ronx.i guia uns nçôcs
bum,1r1as, n;i ccntr<llidacc do indiridun nu perwrso J;: bi.niri;i, na
dcf'c.1>1 dos dircí'.m r:att:rais eles hcmi:m, entre ele< ;: liberdade e ;1

igualdade jurídica e ,1 legíiimid:ide ria prnpricfade rrivada. armai am


>tia> pli:iwforn;,;~ de .1çfü; e Hldi juôf'ic11il«1i )'Jf'J ;J :'1"t8ncipaçào. ,\:;
denomim1das · idéias f'r<i:1cesa1' liarlam se dhsemín;n:o e fktietr<1do
num vasto grupo de í!u~tr,](Jos. /\límenl;iJo; ror d@, Sirnón Bo!ívar,
tvliguel Jlidalgo, los<· de Sa;i Xfar!ín e la!JICS outros rmicionarnnHe ii
frente de "'H> exén:llD>.
54 AM!RICA LAHUA 110 SfCUlO .tlX. TRAMAI, Ht;.5 E IEJ.r05

Quando se pensa em letrados na América Espanhola desse pcrio·


do, o primeiro nome a ser mencíonado é sempre o de Bolivar'.AJêm
de grande líder do movimento de independência, deixou muitos es·
crltos. entre eles uma extensa correspondência,.que foi rnidadosa·
mente organizada no século XIX. Era um homem que conhecia as
idéias liberais e que se apoiou neJ;1s para dar forma a suas propostas
polítíc;1s.
Para Bolivar, a liberdade, como um dem ex macl1íI1il, seria cap;iz
de transformar a América, oprimida por séculos de colonização. em
um mundo novo. Apoiado na hisl!)ria, construia pares opostos cm que
o p<1ssado, dominado pela tirania espanhola, contrapunha-se ao futu-
ro. em que reinaria a liberdade. Dos espanhóis dizia: "Por trés sérulns
gemeu a Am&rka sob esia tirania. a mais dura que aíligiu a espécie hu·
mana; por três século~ chorou as funestas riquezas que tanto atrativo
tinham para St?Us opressorcs" 1• Para o futuro, esperava:

T.fio togu scj:unos fm·tc!., Súh os auspídosdc unui ~rnção libnat -q~r- -n:e-s cmprt·itt:- sua
pruh~fm. w noi verà conconh.:·~ \~m n1t\i...,1lr ns virtudt..>S e os l(:l1Cn\i)S qm; cnndutt.~n1 ~t g1ó·
ria; t>ntão seguiremos a rnarcha maj<!Stn)a t•rn dht~\-50 i1s gcantk:) pm~peddaJes pan1 ~~

qval\ a ,•\~~,JricJ '.\teridfo;~al csi.:f. <lestinAd.:il,

Notável é sua capacidade de analisar as conjunturas políticas no


calor da hora. fazendo projeçôes e oferecendo snluçôes carregadas de
esperanças para a continuidade da luta. Como born líder, não esmore·
eia; retirava das situações mais desesperadas força t~ disposição para
seguir em frente. Seu\ projetos políticos concretos. como U\ apresen·
1adm no Congresso de Angostura de 1819, ou no Congresso Consti-
tuinte da Bolívia em 1826, demonstravam. muitas vezes, as ambigliida·

\, P;:;ra uma «itüihe i!;tt.rcJsa1t;esohtt' ,., apro;.tóaçõi-s tkt figura dr. Botii-ar, '<:t:f Cetmà: Ct1r~,.~~~ [fama~. fJ f'C1!·
na Biú·Jf, Can1c~. Unh-ie-nkhd Cuttr;,il de Venciuda, !9b3. Ve:r a!nd.i a :rt!od:.."(-1.:. de A·~a Maria M."'!:ii
~1l·l.-Corffa e ~faf'.JJ.)d 1..('to fkl.lo:U•J, &J,lfrur. São Pauk>. ÁLK"A 1931
'fkiin~f. ~Carl~ ao Coveraadur de CuriJ{õtO"', em O!xJJ Col!tpJ19S, \'V!.!. pp.. G2-f:1.
3. P-."ih~u. ~CJrta t1t Jar;1aíu(, em ODr.M ÚNI1pÍf{.3J, 'ui. l. pp. l.5:1· 174.
dcs de seu pensamento, ein que se mesclavam idéias liberais e propo-
sições autoritárias de governo'.
Além dos lideres mais conhecidos, como o caso de Bolívar, havia
um grupo comiderá\•el de letrados que. da cidade do México a Bue·
nos Aires, divulgava as novas p(•rspecfü«is. escrevendo em jornais re·
cém-fundados, !'.a.zendo discursos em salões familiares, ensinando cm
novas cátedras da uni1'ersídade. Muito se t~screveu sobre o papel da~
universidades, nas colõnlas espanholas. romo difusoras das novas
ídéias. John Tate Lanning. historiador norte·amerícano. devotou boa
parte de ~cus escritos à demonstração de que as colônias espanholas
não eram. como tanto se afirmou. o lugar das treva> em termos cultu-
rais e educacionaís"S~u clássico trabalho iobre a Universidade de São
Carlos da Guatemala mostra que, no século XV[ll, os estudantes de·
fon<líam teses em c1ue apareciam seus conhecimentos sobrn Descarte5,
Locke. Copérnico. Newton e, até mesmo, Benjamin Frankli~. Rel<Ício-
nando a universidade com as novas idéia~ pnfüicas, afirma ele que dos
treze: homens que assinaram a ata da irniependén:ia das Repúblicas
Unidas da América Central nove tinham recebido graus da Uníversi·
dade de São Carlos;: Também a Universidade de Chuquisaca (hoje,
Sucre) ficou famma por ser considerada um espaço revolucionário_ O
histcrí;idor bolíviimo Gumucio cfü que. dos 28 deputados que d<'da-
raram. em Tucurnán, em lS l fi. a independência dai Províncias Unidas
da América do Sul, catorze tinham sido alunos de ChuquisacaE.
,:,\ importàn::ía das universídades µara a di'lulgação de i<k'ias re-
volucionárias tem sido superestimada. pois se tratava de um espaço
re:mítO que alcançava um círculo social bastante pequeno. Mais signi·
fícativo ainda ,5 o fato de as universidades, como insUuiçôes, terem
permanecido fíéls à Coroa até o último- momento. Dentro delas, rnn·

<t, Xâi.J 'ti.:cro i.·:i;r;u r;d :füctnsôt'5 ~Jlln~ o &1ít21r d<.'1.:)i.X!f.ita ou. ~tmJrt!.:át'A llJ u:-tt;)éXl.cr;;.a-rl~us?>âo !otl!>re
('"~ tem,1: nú:tha ~~pec~~'*ª t"!SÜ ert1 ~&fü-ar. Bo!M1r"5:·, FoU~fü?l~ fofludl S Pii:Jh. !A }Jl J983.
J. G.'ln.fo:·rm• jeLt~ 'f:rt1.· lai1nhf?. flJt Eg}tlft<nJ.ft(lflt.1r,r f.i1ti~!tlrn:f.lr.t Üí th!. U.1fr~mly tiS.m [~rk>t .'11: Ca..~tem,'lf.f
!th;;ra Cor:tell Unll'eniiy Pi'"" \956
6. Coo~ornw ~fad:ano 3a;ttisu C1u:im:W. 1!.tt:ti!lUICn y lJn,~-u!Wm i!éiró. U Pll. Edld:.l?íl-t 1~htt!. 1956.
frontavarn·sc Juas vísõcs de mundo: uma, defen~ora da ordem colo
níal, e outra, minoritária. com extremas difo::uldadcs de sobrevivên-
cia, t;ue pustulitVa idêias contestadoras a c>sa mc,smd ordem. Náo é de
se estranhar, i;ortanto, que conquísta<la a Jndcpcndi'.nda os llbcrais ví-
torimos tenhmn fechado \{1ría~ universidades, consideradas símbolo
<:b pi!~sado colo11ia !.

Além <bs idéía5 políticas francesm riue circulavam cm lívros clan·


dcstilio> ou panfle:tm anónimos. (; preci5''1 con~idPrar qm• as inovadon1s

ccntefJt,'Üe> sobre a natt1reza e a cíéntiil, à prímcirasí~ta meno\ perigo·


s<i>, ia:nbém tív..:n1m um peso importante na subversão das visôe~ tradl-
cion::it; do mundo col01üal1. Essas conccpçôcs, que fornm divulgadas cm
jomail, a.>soda;õcs den!ífk:as, ou em c;ítedras uni>ersitúril1~. tiveram.
entretmto. um primeím impulso pmpurdonado pda própria Coroa.
Durante o reinado de C<ufos III. no auge das chamadas rcforrnas
bourbôníc:is, foram emiada~ (1 Amérirn as conhccid;i..~ expcdiçôe.~ lmtil-
nicas; entre elas. uma a Nova Granada, dirígi<fo, cnln~ l 783 e 1808, pelo
espanhol José Celestino Mutis. Sua finalidade era estudar ü1 loco a natu·
reza e sem fcnômenos. aplicando os recentes procedimentos científicos
e revclamlo objetivos utili1ilrios, anteriormente impemúveis. \lulis teve
um papel inovador cm Nova Grnnafla. Estudou a flora e a fauna, difun·
diu o rnétorlo de Newton e o ensino da matemát.ícn e foi o respom.ivel
pela ronstru~·fto de um observatório astronómico, o primeiro do Novo
i\4undc. Inaugurado em 1803". Com os mesmos fins, também dwp,aram

'!. Pt1r<.1 ~ !tma ver Di rk Go:1art Cirr,,.<a f C1Jt~dmô:~ ({J .11fxifii. (Jífi!/fo~"'Jj ~k~iw Si·pl)·1:u•nuiDia1i~,
t!.81 \1'r tani1ri:r11 .\faü,J: fü,dlo'!f ü~ G. E de f;.;rnt.,,_·,;1 A i,~;T~ C!ro.:::.iJ iiJ PJ;;i::. Oi"l!swn:! Ürtwhír? r:J GJtlf·
w..i~,.1"1 ó Rr.1sii" do :\him (f '!iô-.1~f:5j, T~~1'1~ ~;.ç;...,1\ff<J.k·. ~/;11,~ h,t;b, 11.,frif<"'.~\~>D\n di~ \·L!'l~~ni<". H:,G \
l'Sf: l!lJf,,
K C:mf.Jtlll~ Alhn10 Saladm~} (.Affi«, i}?.; Ci~1;ti/J~~ 6 l.J :ho~arhfa lii;pJ.t;(f.l:l~'dr..1n,1:}. A A!,9!e _r FI rfi
C1!d<.1. \{éx.ico. Vui~·m:kfad At;t(nonn t.!l· MáíctVUni~nid;iÓ Au~é-n::ma f!t;l E~t.t1f:1; de t-.Mxko. w-go
\ú. ;itda. Dír~~o Me11drn;.l, }J.pt,iir:kf... l'~:J.:!-.:2 á }r.>f Ct1«~-'i.:1t1 MufÜ >Ji Muh1 íMnc de Cr;w:d.~ ! Mm,núa;
li~fifasJt frA.mÍ5is)]ir!i dr Calda1, M<iôiitl. [J:rNía Cr·rwnil tk Vlntrit~nt1 }1l.:Hx·z, l'3{.i~,
a Nova Granada. no princípio do século XVHI. as fomosas expedições
dos naturalistas Alexandre von Humboldt e i\imé Bonp!and1'. O impHc·
to d('sscs emprrnndimentm sobre o pequeno grupo de letrados do vic<'·
reino foí notável e contrih1iu rara um sério questionamento da filo·
sofía e educaçáo escoláHicas, nas quais se ba1eou o conhecimcmo no
período colonial. Em vez das certezas rcvclad1s pela fe. próprh1> da fi·
losofía de sào Tomfa de Aquino, as norn> pcrspecti'•'ilS abriam 11 naturc
za à obs.e1vm;ão e experinwnla•~ão. Em preds•) pesquisar e rnnhec(;'r a
natureza d;i América, n::tando sua.1 partír:ularidad('s, O ato de éerrubar
as muralhas da escolástica. abrindo uma brcc:m parn as nov<15 wm:ep·
çôes do conhccinientü, tr;i1ía, ernfHHída,, implitaç·ões poiítica~. Se era
possível que•lionar o inundo físico, por que nf!o fazer o mesmo com o
mundo úa política?
A~ opçôc) do letrado colombiano mm:itb 1~m Popayán. h<111dsu:i
Jmé de Cahfas ( l 77l-l8l5}. são um extraordirMio f'Xemplo de1sa com·
binação. Caldas fazia coexistir sua fü ratólica com ;1 ;1doç;io do m('todo
expe~ilrnmrnl em cif~ncia. aliada~ ;i urna firme defc\a da independência
polític:a' 0• Pam agradar ao pai, obteve o grau ce bachard em kis, pelas
quais n;io tinha qualquer interesse. Como ele mesmo afirmava:

l\n: 50ft<~. kir:d._i no u:kp..íd ün~ hm t:att:ddrk{l 'V,e d(':t:-;t.t\-~\ o j>:i1~vfo •-sn)l<mko
q1w h~~~:b t:J,'f~·~'irnpid(i O') mah tebs enk,ndhrentn~: "'ºb ~tJ rtir~;~o. d.r<~:qu~·i mt· ac csw
do d.:t .:wiimdk~. g=:::i.)rH(hia, tdgvnt>rnHrífl., i-Hj!d:H~t •.' Ílskd e;.;pBJir:mntal, t·'nr·:irn.· no,\V::>
Lmso {\\~ f\lo~ofb í-:i\ V\~l'{h.d~~trnrn.ent1,.'- Ut'tt t:uno Üi..~ füf{'.\:~ t nt.1ti:múün~ l ... \. t\'-'.Jil "J()t:;<'H.'1~
mai~ V:"\'Nneme m.eu gosw ;.p.Jc o t6tfl.'1r\-l.Xni,~: --;p:;i rf'k-i.ç.k com~ n:-i.•,(•gaç.lJJ, 1J g{ngi•i.fi.:i . a
o:tinologia. u bliU112n1t· e n:oi:~tLílü1 c-~pctfa:ulv rn~ fi<:rr&ri; d<"ddl.r pt::r ela",

~). S, ó!~' Hwrh~kk <.'a<.; e:..p-~·ó·;ü1:'> lK~HnkA\, ~';f Anh;o~Jb Cttk, 1) ,\~~F ,\í~E;,,!ti, Uü!Jfi;, 1k ~.:P,,t ft>Ym-Jt<J
(!ij(,i.J[!fjO_,, S)(I ?.\l.H). Ct fl\}"kf"bl;l da.<. Lett:\.1. i'.JJS, l.~p,. 8: µir,e lib;.<:~tklà, Hu:dH!dr, fa, rwmw;;:id;J,
\V:'<.irQ, ~·('l)~·(1W(~, !'2$3; M.My luui~ t'r>.'IH. kps~n~t fJõ. }f,1wi kif?!ij ,uJJ! na."r. w!!w·Jtw.st Xt'«>" Y.:idc
Hw..:.h1ge: 199.':. t~p. G.
lü. ~'lt-ln.Ü:; ;~!! C'ót\% ChWt~ramt.~. ~ !hl~h11;f!..1 t~!..'< À{;W-.rk& L\{'J.~lla.i.fü p.t'-<<-::ÚJU aíg'l.WS. traços. :\<"~ít":•.'.'·
lha1.~,;s -d!11 d.i m.t'itópült. ou ~a. foz con:H·r:;ir .<!5 hki~\ IK.\i.•r.ti. (l'm ~1'.go <Li dhi.:tnri<.'l r*.6h("a, C!l
da..i, a'.i.'>Ült n,;.; H"..:c.. :.uru. (.'Xf.'.e(:í.:<J, 'tt jo~ Cadui ChiMitrHOHit ú..rg}, frrn:rr~iiwu (k Jc. liwsnJ~fo;1,
5tJ:\Jú:'.J f .'Wt:imJef !l){rn.•1't;-i{~1rut o: ri S'if,l:J XV!!l, (;11.,."l-('<i\. P1h!i;tf.'.\~1 A:~rndio, 1979,
l l, frílJt~i.~n1 icl~~~ ó.e L:dd1.~. C.af#.LJ,, pp. 85-86, l!p;,,-d Afüeitc Safadim G,-irr.íJ, eµ. tir, p-.t5S.
18

Consideravê lo>ú Celestino '.\1ulis responsável pela difusão da nova


cil'rda e pda fornnção df~ muitos jovem. Afirmava sobre ele:

Naquela t'f•üGt ~·oruçcm ;;,e a OJ\ir no reínn quf a T~ffl f{k1va ~1bn':' ~N1 dxú e ao reder dn
Sol. ( tj!H': se d0,a r:o!ot~Ha cntn~ o nü1:11f~ro tios planeun. Qi.:arn.:;s dé~go:Hos lhe n~:s.tou fk.J"Sulct~r
nos 1.h:s:r.a \'rr11ad~ l[io Gi.pha!! !\p:r,~· d:.t ol.htinaçüu dos padn·<o, f1JrnL.1!aiu se muiurt jín'(>n!i, ~se dí·
fund:·.:i:m os cor;'wdmrnt{'> a~rr(Jn6nü:.cs/!.

Ca!dasdediwu sua v:da ac estudo e il pesquisa da astronomia, geo·


graf:a, botãrica, zoologfa, meteorologia. imr.re outras áreas. Determinou
longitudcs e latitudes de tidas a.~ \'ilas e momanhas que 11isirou. descre·
H'U 1eus rec~rsos rn:tu;ais e se:i díni:L Estudou n:!côes e terremotos. Foi
direwr do Obsern:tório í\5trn11ómko, cr'iarJo por ~fotis. Sua curiosidade
ime'ectual era imatiável. 1ó eqaiparnda ao ;1fii tk divulgação drn novos
con'wcímen:os. Seu trahaiho l'oí reconhecido não só por seu mestre di·
reto Mutís, mas também por Humboklt. Conta Caldas que

1.-- ~ f.ün'M111 tnca ~ Jlh~La ·üdz r:o :::d:Jvo Ca aHt r:H\OmíJ apHn~dJ á go)gf:.1fia e !J n;.nt-•gl·
ç:w. áfí~ir.a e a h~túria 'lJt.md; On!!Crfi a (>t?c-Nadi:"·me 'ic t('!C fính(} ~~ccnadn nesta mrreira f~JÜ·
d-:iosa. qtmmfo ~io apn\O que lhf;:f.lm p-0r meus tr~balhos. o $rnhor dcm José- Ci'lf:''\Jin.o }..foth eu
bJrãorte Horntm1dt. qui: t~omeçaram a dhpc~\'i<ff-rlat-' ~c.;J prnte(.fw P favores'',

Corno !:bera! coere:1te, Jcrcdítelva na educação e na difusão das lu·


ze> para a rnaç.'lo de urr nt.mJ•) melhor. Foi. assim, catedrático no Co·
légio lvfoior !le Nossa Senh.:ira do Rosário, de Bognrá. Cont.a um de seus
biógrafos qm seu "espírito científico" o dominava en quah;ucr circuns-
tiinca. Temb sido nomeado para 11 c<itcdra ele matemática, junto com
outr-> profosjor dn direito, este pronunciou um tradicional discurso de
poss~. enquanto Caldas clisie apenas a seguinte frase: "Senhores, o imgu·
lo central é o dobro do ãngu'.o periférico"".

l2, frJn<:isc11 José ·fo Caktt'i. Ok.-s límvtm!.: Pl' ?{).') 1. ~.,PJr<f Albi..'rh;. S-:tl'1íhno ()3rei.?:, ~/A fit. p.lt2.
13. Fn1:td:\rnJo:sé 1(> Caih~ C.utn. p. JIO -apud ;\U.111.~rto S.:1Jadi.tl!J Garcia, OJJ rif,. p.166
14- t if;) (f\~ f'ornt.1, ... ~~'k!ff>tia Hi<J.lh:r;..i '>l:bfC" la 1..'1tb. C:uóiciL'I', Trahcjr>~ CiN3tifk,()Ç y 1.i~Nfl!lO~. y
Sr.·r~ídm. P:11riók:m de fnrciiCcJ..xC l'.C c~d~hs'. Crl Jo'íi& c~r 1.rn C<Jd.-i~. Cattí.U, p. 107. :•pad ÀJl;('f(()
Sa!idino GMci;r tip, ril .. p, IG-{t
SGllHJ5 l ~!SllHÔ(S ~ASIND(Pf.NOtNCIAS tllV~AO·AMiHCANA~ \9

E<lilou o Semarmrio dt>! Nuevo Reino de Crn1wda, em 1808 e 1809,


que depois perdeu <1 periodicidade, mas sobredveu, <iimla. por onze
números. A publicaçib tinha um caráter cíenrFico. ll:·gundo $CU pré
prio diretor. Assim, não aceilãva as críticas de que o jornal apresenta-
va termos científic;Js e técnicos !ncompreemileis plra a maioria díl
população. Caldas asrnmia o eiitismo de SW\ publíração. indicando
que era escrito parn poucos e seleciomidm lrirorPs intt•ressa.Jns nm
qu<•stôes da cil'mcia.
Pensava a ci/\nciJ. voltadz para o progresso e a fo!icidad<' para o
maior núm(•tü tk pt'l,oas. Pür isso, buscando exp.icações CM!a vez
mais preci~.as e corretas, acrecitava que a pesquisa chveria ter urna fJ.
nalid;:de pnítica e cocttibuir para o progresso e o bem-estar d~ pàtria.
Quando as lutas pela índ~p:ridêncía começaram. Cald,1s mumiu
uma definida posição de agitador político. Decidiu publicar rnr:1
Joaquín Carnacl10 o primeiro jornal da Republica; i?iario Pofrirn, cm
que saíam artigo~ sabre cconJmia política e ofcrccilm-se not:cias so·
bre a marcha das luta> pela índependt'ncia. Em 181'l. as forçi:s reiJlís·
tas rnmand.Hfa> por ~fori!lo <:prisíonaram e fwilaramno cm Sogotà,
junto com um gru;:m úc !ibff<Jb, coluborndorcs do SmJllario e dJ Di.nio.
Calda; comestou 0s purrdõgmus de conhecirne·ito e o pcdc1· po
lítico vigentc:s no ccmieço do siic-Jlo XIX. DemJnstrou qm:- n2o havia
ruptura entre as novas visões sobre o mundo {;a ciêllcia e o universo
da pclltica. Su;-: inquietação e coeréncia l.:>varam·m a as~umir posi·
ções radicais e o Cispusernrn <1 lutar pela indeDcndêr.cia. Dessoi forma,
11ilo foram apenas as id<'ias do.\ filósofos francé•ses cue motivaram os
reueldt:>s, mas também as desafia ates pcrspecti«.1s no que se refere ao
conhecimento do mundo físico. Animado por um espírito rebelde,
Calda~ levou suas idéia> alé as últimas conscqúência\ não retroccden·
do diante do perigo crescente, que acabou por lhe !irar a vid:1.
6(

Ao pensarmos a Igfeja C.1üílica na América Latina comc'mporá·


rca, df' imediato nos vêm <1 mente suas divisôes int<Trms wm rclaçáo
ao pDdt>r p·~iHtk:: e aos prnblcmJs sociaís; coloca11Mc frente a frente
m seguidor::s dJ Teología da líbertaç:iu e os dcfomores da hier;1rquia
c.ms,:nadora. t pussívr:l fazer um pai'iltc·lo cmrc o [ll'l·.,cn1(' P o fJ\'fÍO·

do da indcpcndi'nda.
A lgre:a. ciwu imtiítd1Jío hiernniuiz;Hfci, Ps!cvc ao lado dos rca·
liitas durante (éltb o pro;:c''º de indc•pcndt":ncía e u~ou ;1 n·ligiüo
como arm;1 para dissuadir m relwlde.>. A bquisíçüo, ;Ji!lda que nos
scw; c~tc·no:cs. vigia~;i n1ídados;inwnt(' para impedir ;1 drrnliiç·Jo da\
kléias cDmidcrndas Sltl)\i(:rmas, Quando o H'ITemoto de IS l 2 abalrnt
Cararns e rnltfi1> cida,frs da VencwcLt, os padres pregavam nas igrc·
ja> que- forn um e<:>ligo de Dt:u>. provor;ido pela revolta du pom con·
1
tra o rei e os rnlores da lgn~ja ·• Em Límn, depois tia vitúri;: de San
J\.larlin. o d<'ru não dcíxolJ de 1rabalhar contra a indcpendi'm:ia, tcn·
tando reverter e quadro polilirn.
Entt".:lanto. c.i direção oposta, é notúvcl o mírncro de padres in
corpo:-.){Jos ao rnrr;imcntú de emancipação. Nurn csrndn sobn· a Norn
füpa nha, imlíc;;.se que h;í docunw11tos citando míl JM: titipanH.'\
entre os dez saccrdctc~s existentes, cm qualrpJCr um dm l.dm. Assim.
uma út':cima partD do ckro C'.Stcve cmoktda pnliticanwn!c no nl(lVÍ-
1m~n!o. e um ct>ntingente expn~»irn parlícipuu da gu<'r"a ;m1prh
IHC'.11t.c <líta 1".
Muitos ;acordotcs rlcdkaranHe .w mnvinH.•11lo pela independ{:n·
da, tran~lí:mmmck; se c;11 lirlen~s. Receberam crítica~ e sofreram
pressões pda op.;i\o a>sumida. Os nwsmm argumc.~nlos \obre o "ina-
pDpríado" envo:vimento dos p<1dres com a rmlítica. l<io ao gosto dos

I:.; t~;wa •:.rn horn fo,w gi:-i-d s.:-.&r<;' ,.,_ i111h•p:',1Jt'nü1 (),. :\n.t:r,til f>•;;M,l;c;A, wi J<;: m Ly1·.tb. '"!'!1~· .\ft:·!ii\J'1

,1mrr/'.JU r:tvo/m;c.ll .IFUJ·iSZó, N~>W ·,·::irk. ~:,i \V t!n:l::•I! ;wt Ci~~ HJ73
l~ v~:· t'.b·vy r.t l'::o;ris. f!l1~7 ,yrf (k,:;t f•) Co~.,1!1~1: .~fr.,/rt~. L:n~hn Ad1bf,...' hPs\. ; !!ii8.
ronscnadores dus nossos lr.!rnpo>. 1::11ubén foram utUzat'os m 1>e pe 0

ríodo, cori,;Jdcrando "poli't.ic1" :ipcm:s ;1 piirticipaçfo cornrari;i it ma·


nutençào do status quo. Os exemplos d05s1s vidJs ontur'Jada:i ils vc·
zcs atornwntHdas. podem começar por l\lígud Hiúdgo e Jns( Maria
Morelos. lideres do rnovirn1•nto reliel::ic no México; c:m!inua CJm Ca·
rnilo Torres, presidente da ftllurn Colômbia. fuzi:ado pel11s tropas rea·
líst~~; Camilü Hemfr;uez. direlur d,) j:imd La Aurora dr D1ík, ~ue lu·
!ou com ~eus escritos pela indcpcnd·'ncia do Chile: e•. r:o Brasil. o cô
nego Luís Vieira, prntkipantc da compiração pela i:l•k':)Uldên::ia crn
Minas Gerais. A:t'm de mui:<'5 outro~. cujO\ regislrm íicaram pi·~dido;c;
para a hiMóría, m;1s que ccrtiimcnte, cm ;ua; pan.>cuim. :10; sermões
de domingo. e1wolvcran1-Sc na defo>a ardorosa das nova> ídi>iaH·man·
cipacionista:,".
Em Cuzco, na n•b1:liiio do:; irmãos A:1gulo. crn 18! 4, naó alar·
mou mais º' fundornirim reais que o cletado n~·1rnero de saunlotcs
<'nvolvídm no mmimcnto. Afírmavarn ek.·sciiie Angu!o cst.ztV;.1 rn:.lcado
de frndcs e clúrigos, seus principais consdhcírn>. 1\cusar.m1 alé mrs·
mo o bispo de Cuzco, de 87 anm. de cumpLddade".
No México. tanto Hidalgo como Mnrelns fora:r ;:i;rnnpanharlos
pnr gri.lnde numero de padn:s, ;1 pontn la~)bt!fn de a:.smtJr as rntori·
dadt:s reais. Um i:omandante reJlista <hrgou a afirrn;ir qun era :ien!s·
~;.\rio 1rnzcr sacerilotcs tb Espanha, ](?;1h i: Curoa. para ocupar as pa·
róqtliils nwxíumas. O bisptJ de Michnacán, Abad y Queipo dctlarnu
que a rcbeliào pPb índqJcndência fora "quase obra própria drn cdt"
~i;ístíuis, pois são efos o> princíp;1is aulon::1 e os que a i;romnvcrarn e
a smtentam ""'. Expressiva da pattícípa;ão é a decisão t!cs atHoridadcs
do vice-reinado de suspender a írnuníd<Jde clerical, óc ta: fon;·a que
os comandantes militares pudessem julgar m padres rebe!:fos. s:·tP; t<~r

11. r,,rd <l '1(L'!lf.'n. d,1 .:i-,·:(':l-i.f1 .u Hiü'dll· 11!0 rk ir1dl.'f,W.~f;rli.~nd~, ·wr Jnq,t~ L D·~Hü1t«i"1,. Frn.wri'fi:úu !}

Lf'dn;J, LJJ i}:!~)1«w>#.11fo .ld lr»J"'t'.tf.J t:vJtuf-,.Jra A·~1t1it,:f, 7,11:..\iu;, ,:;011do de Ci:h.Jr<l [t, núni!<·,, W8i
13. Ctinfom1~ l.~rwid ermH~ O:flf' tmht a:;, V,~ hr Múr1:,11~ ·i.1 Cmf,rJ :J !.J R(:y/.JMLa Ciiãffl. l-!!12·/!''i-J, ~kú
t(~. Fundnd(•Co!iw3 Ectlfi1tni<':\. :crn:1,n1p, XXH.
19. M,m,;ml Abat1 ~· Çudpo, LvtiW.~, pp. i-5. ··V'Ud :Jw,~1 A :!randr>J;. Oft r:t.. p 6Ll
de St' dirigir aos bispos responsávd~ por eles. Essa decisão causou
grande apreensão t' muims protestos indignados"'.
O diário, de um guerrllheíro da independência do Alto Peru. cn·
wntradü depois de quase um ~écuío e publicado hà dez anm por
Gunnar Mendoza, 6 uma fonte documental rica para entendermos a
independência por intermédio da visão de um *homem comum". José
Santos Vargas, este era seu nome, narra sua \'ida de maneira direta e
despretensiosa. apresentando as aventuras da luta guerrilheira no
Alto Peru, entre 1814 e 1825. No Diarla, também podemos .:walíar o
papel de um ·padre comt;m". irmão do protagonista".
Nascido em Oruro. em l 796, o norrndor coma que, quando hou-
ve uma batalha entre o exército rebelde e as tropas reaiístlls em sua d·
dade, acabou fugindo e pernmbulou por quacro al!os pela região dos
vales de Punata. Em 1814, chegou à casa de um irmão mals velho. pa-
dre, Amlres Vargas. Até e.sse momento. não dernonstrara afinidade
política com qualquer dos dois grupüs em luta, embora tivesse vivido
várias a~enturns e presenciado muitos episódios <la~ montoner:1s robe!·
des, Na casa de seu irmão. em Pocusco, em Inquísivi, descobriu qu~
este era partidário ardoroso da independência, tendo sido capelão de
grl!pos guerrilheiros. Nas conversas GUC se seguiram, acabou persua·
dido pelo irmfio a escolher o lado da ermmcipaç;io. Ficou fascinado
quando soabe que seu irmão escrevera um diário durante as campa·
nhas. Tomou então as dua\ deçisües que mudaram sua vida: entrar
para um grupo de guerrilheiros e asmmif como tarefa fundamental
e;cre1-'er um diário.
Muito> dos líderes religiosos estavam profundamente ligados aos
camponeses mais pobres e escolheram defender algumas de suas H+
vindicações. Sem dúvida, o clero era muito influente e respeitado, sua
palavra exercia poder de convencimento sobre seus paroquianos. E~ra

20 \;Jr t}.r.iic n;o.anJing. t:>p. tJ'I.


n. \'.•[ Jü.sê S;;;n:» V?.r_gl, i>iarfo t!t UIJ ÜN!lãtit.1õm!.f e!~ 1.1 iml.11'1f1Kk1uf;t Mtxirn, Sigb XXI. 1982. anot~;Jo
f.1Y Gunnac llern1l-'ll.à.
observação é particularmente concernente ao denominado ba:Xo de-
m, que estava mais próximo da população pob:e. Quanto ao alto dc·
ro, mais disuintc do cotídiano de seus fiéis, alinhou-se cm gtral com
o regime eo!or.ial nu manteve uma ambígua n~utralidadc. Um equí-
voco bastante comum ~ a idcmifícação de tod:is os padres pobre$ e
humildes com a ignoránda e a superstiçãc.: a ir.da que esse jt:lgamcn-
to seja válído parn muitos deles. outros cantos liam bastante. tinham
pequenas bibliotecas em casa e estavam fa:11ililrizados com ai novas
idéias. Além do cónego Lu1s Vieira. cuja bblio:eca, apreendida pdas
autoridades portuguesas, foi estudada cuídadcsamenten, tornemm o
exemplo de Hídalgo. muitas vezes apomado como pobre e ignorante.
Hidalgo nasceu cm 1753, na província d~ Guanajuato: seu !IBi
era administrador de uma fazenda e tinha recursos sufi-:ientes para
oferecer estudo aos filhos. Miguel foi para o Colegio de 5an Nkolás.
em Vallodolíd (futura Morelia), prm.-íncia de Michoacán, e ma forma-
ção lhe deu crede:1ciais para prestar exames e obter o grau cie bacha-
rel da Univ<'rsidade do México (segundo a> dá•isulas da universidade,
isso era possível para quem houvesse cursado dilrante três anos alguns
colégi(}S. com prMlégbs especiais). Obteve, as~im, o grau de bacharel
emanes em 1770, recebendo três anos depois 0 grau dl.' baclnre! em
teologia".
Jedicou-se à docência de latim e de :eokgia no mesmo Coleg.io
de San Nicolás. !amando-se reitor em 1791. Porrazões não illl~iramen
te conhecidas, abandonou o colégin para ser sac~rdote de pequenas pa·
róquias do interior; em 1803. substituindo o irmio, José Joaquin, pmlre
come ele. chegou à vit2 de Dolores, no norte de Guanaju~to.
Hidalgo não era um conformista, e suas idéias já haviam chama-
do a atenção da Inquisição, que o colorara soh vigilância, depois de
reccl;cr várias demíncia~ de sua~ supostas hen'5ias, Dizia·su que dt1ví-

ll, 'iu &!~r.tttk) Frleitu. O Dí31..tf ru Lirr.-L"iiJ rb (Clwgc S-h P-.:1Ubifiel:'.:! HtJíiWnh'\ fÁfa~pfltJtab, 118)
2l Pai<>.:; "V.1.1 •X Hi-.'Jatgç. ,,~~ lu:., CtntAo Lcd&n. Hidaifp. Ltt Vidt< t!ti Nbv, l \.-'Dk,. '\1tixko. l94i V\'t t<iillbém
Pcd:c. Garfia, flt1 ti Ü!rrf fl'J;ilçxJ to .•a Cumif d: f;i:kp...."1t1:JZIJ, A.fé.xko F.n11ITT.'!;.<ü F..clr.oialf.$5. A.. ltliS,
dava da virgindade de Nossa Senhor<L que .1finnava Jhio :.. r:r a fornica·
ção um pixado e qae sua vida era imoral. Quunto às idéia5 pnlítie<t\,
foi acusado de querer cs!;1belcccr as li!Jcrdades franccs,15 na America.
de defender n repú'i!ie<t, entendida como melhor que a nwnarquía. e
de ailicar os morarem como tirar.os rk~pôfícm. Josc> ~foría Lui~
Mora. critím ;lsperv da c:mdutil de Hidalgo ü frente do exürr:ilo rebel·
de. afirmava, sem qualquer simpat:a, que ll:d<Clgo fora denunciado ft
lnquisí(ão. desde 1.; ano de 1800. ;:or \árias pessoa>. Entre das. por
uma mulher que. dizendo ter mantick) rdações intima<; com ele. de
darava que Hidalgo µrodamava a ínexi>ti~nda do inferno e de Jesus
Cristo e que <Hau1vi a S<Hllidadc dr Gn·gúrio VI!. qtw, :-egumlo ele.
mc.\!llll caruniza(Jo, ardia na ínÍt'l'IHJ. A conlradiçiio de~\as falas é
transparente'''.
Em Dclür;•s, aiê111 de suas tarefas dP p;írnco ·· qul' ao que tudo
indica mio lev<wa muito a sério - ded:ccu·sc !'. '.·inícultLira. apkulturJ
e scrickuht:ra. alt\rn de ::stabcleccr uma ola:'ia P"ra a fobricaçiic de
cerâmica e lijo:os. Viviart com ele. cm ~ua cc.s>.L e lrmáo rn<1ís nmo,
Mariano. um primo e suas duas filhas íii;gír inH\, foscfa e tvlicaela.
Todas cssa> fat:?tas nmtravarn um hom1,m inquieto. com intcres·
ses diw!rsifioHlos. n~o enquadrado n<. dc.-n·ição de um padre tradiclo·
nal e bcm·componado. A leitura de aLtlore; fr«m-:csc~. ingk~l'S e tam
bém de mexicanos, entre eles o jcm1íw ílustrado Francisco Ci<ivijero.
fornererandhe um arcabouço rlt' idéias q~w justillcavam a luta 1wla
c11wr1rípaçâo';.
Quandoª' nor.'cias mbre o carhciro de Fernacdo VII chegaram
em l 808 a Nova Espanha, formou-~e uma Junta logo reprímída pelo
vice-rei; seus membros foram presos e algum rnndcnadm ir morte.
F.m 18!0. um grnpo. cntrc os quais se encontr;iva Hidalga, conspirava
em favor da independência. Quando chqym1rn à sua casa, dianle das
notícias enviadas peh mulher do correg!'.'<lor tk~ Querétaro. Josefa Ot

24 Ct fo-M~ ~brf>l Vd~ M<lrnº Mf~ia1y.~1(Retdudttm. 2. d..., \fr:Jr:ím. Pc(nw, 1'1~0. 3 vok. \'<li. IH. l~;.-?u l. p. iil
25 Ver Luls \'ifa;}IQ, EJ r~~ !dJJ/0,•.~'l) ri la l?t~'ú/Urfórt i]e íat!t/tN•·ÍtiX'i?., Mt-(ir.n. Ur âll~ J~~l.
tiz de Domínguez. de que a conspiração havia >ído descoberta. deci-
diu, i:orn os demais, que mio havia outra >aida a nilo ~er iniciar íme
diatameme a rebelião. Dessa maneira, em 16 de setembro de !8!0, o
chamado "Grito de Dolores" - segundo as narrativas tradicionais, Hí-
daigo convocou a população. tocando os sincs da igreja, foz um ser·
mão político. e o povo re$pondeu com viva;. i1 indcr,,~ndôncia e gcitos
contra os maus governantes -- iniciou uma guerra de om.e anos.
As primeiras vitórias '.oram espetaculare;. A tomada de Guana
juato. depois da queda da fortaleza chamada 'A!hordig<J de Granadi·
t,1s", foí seguida por um massacre de espanhós e realistas cr:1flvs Seu
exército era formado per camporwses e artcs<im pobres, ruj.i rnaioría
caminha\'a a pé; as armas variava111 de pistdm, esp;idas e !anca< a ar·
cm e ílechas e pedras. Das fcrças que atacaram Gwnajuaw. ap0nas
cem homens eram soldados profissionais do rngimenlo <la Rainha de
San Miguel el Grande. Hidalgo comandava, portanto, um exército
não·profüsíona!. mal armado e indisrlplirmh, que recebeu críticas
por parte de outros lideres, como seu compar:hciro de lota, e militar
de carreira [natio Allcnde. O eliército fo' recebendo ad1;sôcs por
onde pas~ava e chegou a ter entre oitenta e noventa :níl homem. Car·
rcgava1n. i1 frente, os c>tandartcs cem as irratcns de Fernando Vll e
de Nomi Senhora de GuadiJlupc. a virgem inda'".
Depois da vitória de Cuanajuato em 17 Je out:1imJ, se:n enco:1
trar resistência. cntrnrar:l em \'allnd;)lid, on:ie e futJro líder Morelos
ofereceu seus serviços a H.ídalgo . .1\inda que P~cnmu11gado pcb bispo,
Hida!go continuou lutando e obtendo ritériis. No fün de curubrn,
suas forças ~~tavam ás pcrtas da Cidade do México. Após sofrer uma
derrota não cornµromc:cdcira cm Monte de !asCrnces, decidiu recuar,
all•gamlo falta de muniçccs. As cspccu!ar;ôcs s-:Jbre m razôes deha ari·
tudc permanecem sern um resultado confiável. 1oda\ia, apóst'S>a vitó
ria parcial dill tropas realistas o vice-rei Vc:iegas decidiu transportar
sol;mcrre:1t1; uma imagem d(: l\os;;1 Senhorn do5 lforné-dios de seu san·
tuãrio até a cat<'dml da cidJCk~ do Mó:i::o, atribuindo a \ítóriLl il ma
proteção e cntrouo11clo·a mmo pmlr:mra dos realbtas, numa ckrn
(01Ylf.l!'l:Çãocmn e"p:ider irJng:·r1.so" d:.i Virgem de Guadatupe, prol<'
1cr;i fhs rebeldf:s.
Depoi~ de oura pequeria d<·rrnl:1 pe:os n•alhta\, tlidalgo t' seu
f·xército dlr:Hirnnlse para GJadal(~,;ani; entrararn iw cirfade, sern cn-
rnnt rff r<'sistc:ndz, .1e•1do adanndos p<·la popul,!ç[,o. ,\li H~ apropriou
di• urna p(·q;tena pràfica e putllicrxi ojornai Dr.>pfrl,?dcr Americmm. cujo
prinwiro ;11ÜH(•ro :!0 20 tk dezt•nhro rlt' 1810, cntllinha uma prorb·
111;1çôc <:o po\'O. in íta:idtH: < t.l!'iVie w Fxf.'.rcilo P:11 riot;J.
A pr:m•ira d.orrcL1 imp1naú• dn e.x•. ~1dro rd1eldt• <1ront1•<·cu na
ponte cb ri» Cald,rón. de 0:1de ie ccnrrohm1 e;lr;ilt:gin1mcntt:' a e11
trnda ck ckadc di G:.iadali.,j:ira, Cerno rc.E~seqüê11cia. Hidalgo vitMe
ohrígado a p3ssar r, conarnb a Alle1~d(» 10mb em vís•a i.; criticas que
''inha rPcebwdo Ó) se11s ('t>mpari'wirm !'<"Ili :-ebç;'io à ímfücip!ina do
PXl'rci:c: foi decidih 'amb(,11 mm relira,;a para o none, onde üSpffa·
vmn enrnnuar t'1ílX)f apoio e novos reforço~.
Era o rnmeço d::: fím. T:aídc; 1mr um co1·orwl rc:b('lr!e que lwvia
se des~r:lenJído
CiiCl .1\Hend<» m 'orç;:\ 1·cafüt2s prcparniarn lllna em·
hoKaíln pan Híd<::go e Allffdc 0:n rrn:·i;-c de !Bl l, p('r!O de J'vfonch
"ª· To:los m lídern rníram Jrísbn:uos: Alda111a. que fora µara os Es·
lados Unidts em missi'io diple>mJtii:a. hi p1 ""º w; TL·xas. Julg;1dos rn·
pidamentc. ''ornm:od:is cor:de111dm à r::orie por 1raiçi'10, de maneírn
ígnominiosc, ou s<a. fuzifamenu pela'> c•Jsta~. com exceçilo de Ahaso·
lo, qu(: recebeu prna de prí1ão pe1p{'.r11a na Espa:1ha, onde 11101TNl
cinco :mm dqmh ;\Jfrnde foi fu!.i1ado e:•1 2() de junho, e Hí(falgo, Pm
30 de jdho, depo:; de cscn·1cr Ulll! confosão. enlcn<lida por muitos
como J negação de suas idéia> e aios a1:tcriores. Si:us corpos foram cn·
lerrndm ('rn ChihuJrua, e a; cabeças. colocadas cll'ntro de gaiolas de
ferro, expostas nrn qcatro cantes ck "J;Lóndiga' de Guanajuato, por
dez anos, como ter.cbmso !'xr.mph
67

Lui;; Villoro. em seu foro s:ihre a independi:":ncia mexicana, foz


uma bonita análise' da trnjetirin de Hidalgo. Mostra um homem divi·
dido enrre a defesa das :déias d•? liberdade e ;1 necessidade do m:l da
violência parei realizar sua lHJpi:l. Como alcançar a liberdade sem vio
léncia foi o dilema vMdo [J<Y 1a11w; mmcs revulucion1írio~ !Jtíno-nme-
rkano~. Diz ViHoro: "Todo <1to hu:nano <>presenta dui!s faceta~ imepa·
ráveli: por um lado. \~o qm· i:m minha int0nç-Zlo quero qtw seja. por
outro. u <.Jlll' de fato · qrn~ira cu nfici - rcpresé?nta pan: m demais''"'· l lí·
dalgo assumiu depr:.m,,nrm tüua a respnmabíLdad1• pelo\
r•:11 >CUS

fotos e comr:qth'.:ncw<; de \!l2 ;•ç;\o revo!udon;íria. Airn';i que uJmcien·


te (.lia \io!('ncia, pe:is.iva que a rn11quista da imkpem'<':u:ii: cornrerna
riil todo\ PSH'> rnalPs. Ecrrcr:mto qtunó:. fraciss~. o pe10 :.le seus atos
o aringe e ele St'lltC! rernrn-y,, ?.mi n autor. em1 é <' explicacão p;,ra
.ma~ rcnfis>Ôl'S, qum1do jtdgado. Dêss<i maneira, não 5<:ria um a!1'qwn·
dimcmo ou uma ne.~ação d< luta pt>la indcp:~nd(~ncin, mas sim a culpa
por ter sido rt>spons;ívd por 1ant:1 violrnria. Dí1ia Hid:1lgo: "Uma gota
de sangcie anwr:cnno pe:>a Jlli::\ <'m nms;i vis:io do quf ;i prosperidade
i-m algum combate. que pn:x:uraremo> rvitar, 0nquanto nos penní!ir a
felicidade rafülka. c.mno já H1!ll•)S :Cito "1l.
lfüfalgo esteve ü frrnt(~ de urn cxfrcilo popular e. nos puucm
docnn:cntos esu ilo; qu<' ddxou. ;ip;:rei:eir <kcrelos q1tc Yinh<im ao
('r\<ontro d;1S as;.iiraçôes dos mais p·:ibrP<;. J'or ex<'rnplo, Pm 5 de dc:-
zembro de 18 iO. ordernwa ;; F'stituíção ;,, Cúllllmicki:!e' índigi.'nas <b~
terras que ltu'> pertenciam t: qt!e 1inham ~i(b murpadas. To:nm í1, a se
guír, duas medidas fund;im:·ntüs: aboli;, o p;igamcnto :los tr:!Htto>
indígenas e (kcrt::tava 0 fim da e~c1avídào i:-m dez d:as, sob pena de
mort<:• par;; os prcpr'etarim qt.:l' nüo cumpriss.:>rn o deterrnin;;clo. No
'.\fanifesto de Guad?.'.ajam, depois de critic~r os esp;mlléis e p:?dir a
união de wdos .. os nascidos n:,lll: folíl so'.o', fin;:liza rnm :i> >t::,{uintc~

palavras:

2'!. Lllh Vilk··,)., r:p, âl,, p. 8;)


2»S UhJdg;}, • ~fan'."U*w·. ii[Vd L.Jtj VH!c'!:1, "í;, á p. ~I.
Estabclrça~1m um Con~refü1 ~·fü "' rnmp()nha de rrprescntamcs de todas as cirla,
<les, \".ila\ e lugares dfSte mino, que tc:do por objeto prbdpat manter ru-1s.'\.1 s.anra rcUgiJo
<l:te leis 1uavt"S, hcnffie.a.1' e aromnda~'i à.;:; -tirturstânr.ias de fada po~~: dei então w:;ver,
nar:ílo com a dnç·1ra de um µai. nos ;raar-l"\o çomo innãos, desterrarão a pobrf<za. müde,
ra.n:do a <levrutaçào do reino e a extr01~~,ô de wu dhlhe.tro. fomenwrão Q artes, 4!vívàrâó a
indú•tria. faz~ndo uso livre d11> riquhü:na:; prodw;ües de :>ossc» foorndo5 pafacs. e <lcpoi>
de poocn~ ar;oj desfruflffful stus hl'!bLantcs de h:.id.gs â$. ::fchdc_s que o Sob.:m.lno Aulür da
natwc:r-a derwrnou :s:1brn este ra5h> n:rtínt~m~"j.

Hidalgo sensíbilizotHe com as injustiças po!itkas e SGciaís e com


o sofrimento dr~ humildes. Sua figura é modelar, pois. corno tanlr,-s ou,
tros padres na América Latirn, levou sua visão religiosa ao extremo da
rebeldia. Hidalgo, movido po: mas crnnças, pegou <:rll armas e liderou
um movimento rcvolucíornírío. Viveu profundos dramas de rnnscíêncía
an fazer çonvivcr a doutrina católica com as práticas ~io!cntas da luta ar
mada. foi um homem perturbado por fortes senümentos de remorso e
arrependimento, mas também uma fígurn de extrema coragem, que de-
~obcdeceu à IgrPja, enfrentou a excomunhão e sofreu acus.1çfü\\ de
toda ordern, sem abandonar os objetivos nos quais a;.;red.itava.

Quando a guerra terminou t> a independência foi alcaw;·ada. es·


pcra11a se que tempos novos e gloriosos surgissem, acontecendo um
renascer das terras "subjugadas e oprimidas por séculos". como se cm·
tumava proclarrnr. Na co11cepçâo dos letrados liberais, a liberdade. a
justiça, o progresso, a rlqurzt deveriam florescer mi América. Entre
tanto, a g~erra nas colónias E~spanholas foi lor;ga e cruel. e o sofri·
mento e o empvbrccimento \híveis. A.~si.1tia-5e ao c.1pet.ácu!o da ruína

t9. H,cfa;go. "1fa:üfies1o'. det. 1810. cm Jm>.: f.Hi'> P,(lm(ro e tuh:Âb•.·11.1,.. Ro1r:ero (nrgi..}. Ptn:nmkfu,1 l'n-
litf.tc i11 la Ew.ant!p;1r.:in.. Carntlt SibliN<.o A}<KUCM. 1'fl7. r. II. J). -ll
>ONH)S [ D!HJiÔlS NA$ l~OEPENC(NCIAI li!SPAlO·AM[{ICANf.S 6l

cconômica e da dernslaçào geral. Muitas das nquc1.as produzidas ti·


nham sido destruídas: pla:itações, criação de gado, minas. Os tesouros
p1íblicos cncont.ravam·sc esgotados, os lideres políticos 1füputavam o
poder, divididos em íacçÕBS. De repente, tudo parecia ter sido em vão,
espcclalmente para aqud~s <}\I\'. haviam se empenha::!o tanlo nas lutas.
Enquanto isso. na Eipanha, coritimmrnm a exis\ir planos e pro-
jetos rocambolcscm, que visarnm à reconquista. Quando surgiram
bred:as, como a guerra e11trc Brasil e Argentina (1825-1828), as espe·
ranças se nmov;irarn. Corriam rumort•s de iminentes reaçées r<:alistas
na América, ilssim como a curiosa crença dt' que Francia, o d:tador do
Paraguai. estaria. em verdade, conservando secrNamentc Es~e tNritó-
rio para o rei da Espanha e apoiaria qualquer tcntatirn irrnisora ''.
Para mostrar que os pfanos não fic;mun apenas no pJpcL eu: ju·
lho de 1829, um exércilo de quatro r:1il soldados espanhóis pmtiu de
Cuba e desembarcou no México. onde, pcns;m1m eles. os realistas
crnm muito fortes. No di~ seguinte, depois de r.erder novt(entos ho
mcm. o brigadeiro Barradas rcndcu·se <:deixou o ~.fr~xi<:o Foi a ülti·
ma aventura no <:onti:ien1c. Fcrrwndo V!I. ao morrer cm 1833. aimfa
acreditava que a indcpcmlência tinha sido o desejo de um putKOS e
{jUC ·a América se perdeu contra J vcntidc da prôpria América"".
Ao lado dos problemas económicm, a pn!ífüa parecia un desastre
ainda maior. Muitus tios principais lidere; .... mfürares ou po1íiico5 ··· da
rebelião foram a\sas~inados: o argcmino lkrmm:b dl' l\-1rnitear::uado,
numa nw de Lima. os :rés irmüos chilenos Carrer~. em seu exílio argcn·
tino, e Sucrc, no interior da Bolivia. Outros tantrn morreram no Exilin,
voluntarie ou ni\o. Bernardo O'Higgin~ trnninou seus dias r:o Peru, Si-
món Bolívar. em Sant;1 Marta, José Artigas no interior do Paraguai, Jmé
de San :Vfartin. na Europa. Francisco de Miranda, numa prhiio em Cá·
diz. O mexicano Agus:ín rle lturbide teve um fim mais trágico . Depois

3.1 Vtr J,1;f.I ;6d ?. Ci~élo<:. l.1 Pupt.cJ'.$ ;i fü ir~kpa:Jwt:ia. W bp.~ú;; l!tveliiíl y lês Rtro/;,el1)1U! liis;;J'!·oa·
mrriC'..m.1.s. !8lfJ-18~0. \1C11:1co. f<m<lo de C:u!t:ur;~ frnnómJ~(l, 198.!L
3L Crn1fvnrw Mirh;ld f'. Cu~.:,drn~. Jp. <it.
da independência, foi prodamad<'.l imperador, mm leve uni governo er,;_
mEro. Abdicou e exilou-se na Europa. Entretanto, convem·id11 de q1;e na
Espanha ;e tramava uma C•)mpir.ição çontrn o Mexico, dcddíu voltar a
seu pais. ígnornrdo que havia sido condenado ti rnorte por traição. O li·
der tia índepend?ncia terminou seus dias num lugmio (krnminad11 Pa-
di11a. executado 2m 1824, assim que pisou em terras mexicanas .
./\ crença no futuro, própria dos !ibernis, pMccia ter >e evaporado.
Todus. como que de n.:pente, <lavam-se' conrn dP que as socil'dades lati·
no·amerkanas erarn mai~ complex.1~ do que as aparê'mias sugeriam.
Bolfrar, durante 'J5 ano~ de !cita pela independ<)ncia, ddxarn <'~ffltQ\
cantos de louvo~ à liberdade•' prognmtir11ra \1111 pnn·ir qm' Faria da Amé·
nu1 um exemplo parn o mundo. Quinze atW5 rlc;)(1is, nmrrla doente,
pobre. desiludido e só. Poücos dias antes d(~ &ua morte. c•s<re\·eu ao ge·
11erai Flores 1m1a cana terrível, em que afirmava ser a Amfrit:a íngover·
nável; acrestenta~a riue '3quclc que sene a uma revolução ara no mar",
e que nem mesmo o> espanhóis de><tiarimn re::onquistar a Amérlra. ta! o
caos instalado. Nosw destino, dizia c:i<". ·era ~er goveniado por p€qu·::nos
tiranos m1perceplí\tds". Enfim. u "ünico re1:1édio era emigrar'".
lnte:·essante. também. é iegulr a :rajetórla d<" Bern;inlo tfo \fonte·
gudo; ardoroso adepto da democracia e diretor d;i Sc.ckd;1de Patriética.
fundada em Bumo~ A:re> cm 1812, acompanhou San Martin em sua
rampanlm ao Pe'.'tt, cnde ocupou o cargo de mini~tro do Exterior. Mo·
dera:1do cada yez mais ~uas tnnvicçôes, termínou corno monarqoMa;
teve um tr;ígirn llm, assa~:-inado, em 1825. E1wrevrn cm 1823, depois de
sua brPve experifnda política no Peru L' de sua pem~guição e rnfügJo em
Quíw: "É necessiírio concluir que as relaçô<.'S ertre amos e escravos. en-
tre raças que se detestam e entt'e horr.ens que fonuam tamas subdivl$ôes
sociais quanta> modificações há em sua cor. são intdramente íncompatí·
veis com as idéias democrática.'>" '1 .

.:n.BoU\'ar, ~Ca.rfJ:: ao Gl:.·'ri"r.11 Jui.rn Jlié Flcrm ... cm Ot"Jí Ciimp!<"??• '.-cl IL p·l f,01 5J!.
33. Bem;min de Mont.~~:gu<Ic,. A~•111.a:J t~.·:N,·-í<>), -::rn Jm.( Lui\ ?.rmErn" Lui5 A}1t~:t-> R:.1mem (nrg~.}.
"í'-<it.,p.17?..
Carlos Maria de Bustamante. que havia luwdo pela independência
do México com ardor juvenil e defendido as iéêias lioerais no confronto
polftím dos anos que se seguiram. com o passar dos anos foi assumindo
posiçô~s cada vez mais consen'adoras. a ponto de afirmar que Lucas Ala·
mán. tun dm expoentes do conservadorismo mexicano, era "venladeira·
mente o grande homem de Estado que tem a Republica"". Escreveu. ao
longo ::los anos. as crt'lnkas dos a:onteclrrnmt::is da história mexicana, que
comc~1Mm1 pela índependtncía. Cuatfm Hístâriw de la Revolución Mexiauw.
Se no mído a nlJrrativa g,anha\a um tom patrlôtíco notável, um crescente
desalento vai tomando co:1ta de ~etl~ escrítm. Depoí> do tcnmto com n
Frarn;.a em 1838 e o tratado de paz - para eie humilhante-, c;mfid<"ncia-
va, em 1842, a um amigo que "estnva decretado ncs céus que nossa degra·
dação e enviledmentc nãn terão fim'". A guerra com úS Estados Unidos
e a derrota mexicana lev;1ram·no ao desespero e à desespennça com reta·
ção ao futuro do t.foxicoM.
Antonio Jo~é de Iris3rri, gualemaheco. partidp<mte da campanha
chilena, escrevia em 1846 a histórla do assassmaw de Sucre e lalllentí!Va to'"
dos os ass<w;írwlos politkcs ocorridos depois da independênda; í.Hi.ia ele
que proclamando 05 direitos de liberdade e de igualdade não Ezemo; nin·
guém Jhre ou igual, e que só fomos iguais para submeter·nos aos cnp1ichos
alheios e ils desgrnç<l5 const.>qlient(:S de \nna ordem tão monstrnosa "'1•
Com o µas>;if dos ano>, foi·S<': tomamfo rada vez mais conservador, a prni·
to de em 1361 afirmar, mi Guatemala: "Os liberais de todo o mundo são
intolerantes. Agora, o que devemos tratar de liu.er é que esses scn!mres
nos deixem iranqiiilos na Guatemala, e não nos venham embromar com
sua liberdade, de que Deus no> guarde, como da pHsteou do '.ncêndio'"'·

3-4- CL D:i~id A. Bratlin~, Or'.4~ ir~.ff11m. /}: J.1 Man,mp.rí.1 (wâlir.a ;, b !?Jpti!:iiC"1 ()frJ.l:t. 1452.JS!J?, \11,'<(ko~
Fondo<h' Cul1ur;1 faX>nóm\rn. \$91. p, fül2.
3'.l. Cifa(b ptV' Luis \'i11<-.:~·o. ap. t1t.• p. 238.
16. Cf L<i> VUom. op, át.. f p. {J] 240.
;n, Antnai:.> Jo•oié tlt<" lrh;en, '"'Dl~u:-sc Prnlim!tt.a::- a lt, Hd:torta trifira d~? i\~~n iJl.'!'t (nn}..fart~i:. d de
.4.;ac:~cü<::: • em jC;~;.; lUs Rome-ro e: Lui'S AlhettP Ro~1er.:t {r.rg~.}. Pt:n;múwt.-r CtJHJt:ndl'.-'f (J?JJS··lSG!J).
e,..,,,.,. llíhllflloc• Aracudm. 19)1!, pp. :u 1327.
3B. lri!OL "Cattas", em José Lwdbmrn> e Lt.U Albcr:n fumem (-0rg;.J, 'JfJ, ciL p, 327.
Não se pode deixar de notar a ~cmelhança de comportamento
entre os revolucionários da índcpend'}ncia e -OS posteriores advogados
de transforrnações mciais na Amúíca Latina. O desejo de mudança da
juventude, baseado na vontade e 11<1 crença da justeza de suas idéias.
dão lugar, na maturidade - na mcdída em que os acontecimentos não
correspondem às suas expectativas - ao desespero e à desilusão. O re·
sultado é, muitas vezes, a adoção de posiçôcs comcr\adoras e a nega·
çào de todas as ceneza~ passadas. l\ssim aconteceu com Bolívar. Bus·
tarnantc e Monteagudo. Irisarri rcpre'>enrn outro paradigma de políU.
co; ele concluiu. cem o passar dos anos, que a liberdade e a igualda·
de eram, em sua e&~ência, más e que na América Latina, <lesprepara·
da para essas idéias. traziam somente o ç;,os. a desordem e o atraso. O
povo não estaYa preparado pira as mudanças - cantilena repelida por
mah de um século - e, assim, enquanto este se preparava. a resposta
deveria ser um estrito controle soda! baseado na repressão policial e
na ordem autorítâna.
Bolívarou Montcagudo não quiseram (ou não fcrnm rapazc.1 de)
compreender algun$ problemas políticos por eles enfrcnt;1dos. lv!on·
teagudo acabou despertando ódio contra si mesmo. n:> Peru. pois de·
ddíu organíwr wrnt campanha rnntra os espanhóis numa cidade em
que os interesses dos prôpr:m críolfos estavam profundamente ligados
ao~ dos peninsulares. Lima guarda\a caractcrístirns aristocráticas, com
suas elíte> voltadas para valores trndíc:onais. Sua folra de sensibilidade
acabou por dcstrní·lo políticamente. amargurnndo·n profundamente.
Bolívar entroi.: em btas políticas em metadi' da América do Sul: alcan-
çada a paz. acreditava que sua presença de guerreiro li'.lcrt,1dor era su·
fic:iente para garantir-lhe o poder em qualquer dos lugan:s onde, na
sua r.oncepção. havia sido o respomávcl pela libertação.
Como uma caixa de Pandora, as lutas pela indep::ndr~ncia espa
lharam desejos e aspíraçôes sociais que pcdiaru so\uçõe~ imediat;1s,
mas que nem sempre eram fáceis de ser alcançadas. A ldéia da onipo·
tênda dos líderes não se coadur:ava com os imediatos e intrincados pru·
blcmas que as lutas pela índepcndéccia haviar.i coloca::fo e chocava·se
tanto com 01 objetivos.dos poderosos quanto com as aspiritçt!Ps da·
queles que nada possuíam.
Se. portanto, a il~dc,pendênda aparece como mm frustraçf,o,
como proclamaram tantm de sem protagonistas, é porqL1e, antes de
tudo, abriu a possibilidade de urn desenlace difercn:e e despertou os
sonhos adormecidos de muí1os. Tempo> de transformação tniwm em
si grandes e~peranças e sua outra face. a.s inevitáveis frusiraçõcs. Os
porkrosos querimn tudn organizar e controlar. Os \e:racfos. descncan·
lados com a incapac'dade de rcalitar sem so11hos, esqutéceram que os
processos históricos erar:i lentos. que o ritmo das n111dança; níío
acompanhava a pressa dos atores >adais e que os ve:itos nem sempre
sopral'arn rn• direção per eles dEsejada. Os humildes rambém se cfoses-
peraram. pois sua vida continuava domínmfa pela pobre1a e opressão
e tratada com desdém e ccsrrspeílo.
Aqueles quE dispunham de poder e traduziam os intcrcsrns eco-
nõtnicos duminantes tinham, diante de. si, um rol de tarefas complt'·
xas. Era necessário constrmr novos Estados, com imlitu.çlics que ga·
rantissem a ordem e o wntrnle sedais., nrns que ta1dlêm mnfcd~scm
legitimidade aos que govcrna~am Grupos políticos anta1,i'inicos for·
mavam-se, a Igreja !ut;i;a para. não perder seu lugar llt'g:•nônico. de·
fx.tes furiosos travavam-se entrem que tkfondíarn um go•erno r:'ntra·
Hzado e os que preforizm o fedenlismo.
Porém, para ar;udc~ guc não dispunham de n-cursos, quer cco-
nômírn!>, quer e ulturaís. o> novos tempos :ião troux~ran: henPsKs ou
regalias. Reformas sociais de peso. terra. salários dignos. panidpação
polítka. educação popular, cidad,inia, rcspe:to cultural ;,s dlkrcnças.
tudo isso teria de e~perar. .~~ açôe; de ;mornos autoritáccs cobririam
e deixariam suas marras regíslndas na Amérii:a Latiua durante a
maior parte do sêculo XlX. Os "de baixo' tedam de s;; organiwr, lu·
tar, wfrcr e morrer p<1ra alcançar H:us objetivos. Náo fon1rn as lutas de
independência que mudaram sua vi(fo.
3. Diego Rivera, AOrganíntãc i!o Mmímentü Agr3r!a.
3

MORA E ECHElJERRLn.:

DUAS VISÕES DA QUfST~O

DA SOBLR.ANIA POPULAR

[iU:."W.> (!'f(',fid!I'. amtn :.,r_hJtraújfJ; ~mo d 1kt-


;;1a ti•frle..lf-:t?~tirn /_;{}!'e; unia di• tif'ífit.'?'tõ ~Ut7 ;r na•
i'ffeHJ<- i1'l'>UI .ilitn-'1." il/it.f":;;á.1~ ·~r..tm~r:nhHH fÍt>1Í~
t;;t. l 0::1 t:~i iiJ<}(! ÍJJ <j;if f.i N.rtH~.I tJ"'f;vj(.U ffVfJttW,

r<ltnUi.!S nadr:o<i!11!>f .ufrf-Va.s f.~!~'1,

L.r::-:~ AtA"--t.:.."'1
C;::'JJ [1) r:~,mP! 5:l:HJ Annr_ JRS3

'.'Ião é predso reaflnma· que a rnrntntçiio da dcm::itracía 1n /\mt'rí-


ca uFina tem sido cxtrernz.rnente difkil e que ,, pie!'ª ckadania das das·
ws populares ainda prcdsa ser conquistada. Alguns estudímos pmçurJ-
ram entender cs~a questão tom íntcrprelilçôt':i gcnérit:ai que vkm. por
exemplo. na herança rc;lonial iben:ramcrícana ou na dep>ndémL1 esln1·
tural do rm:rcado internacional a expfic:içil<:i central para a perrnanenda
do at.toritarbnm ou da rlitacktra no continente.
Para ~e pi::nsa:" esse tema. o perío<b çosterior à índept!ndúnda
poHtica na Améríca espanhola l~ partkularmenl<r lnteress;mte de sc:r est:r-
dodo. A constrnçiio t'.os fatad::is !\acionais sigr:fficou un; longo processo
de luta'> socíais r~ poEtkas, cm que se confrontaram adversários podem·
sos. rmAtas vezes acompanhada> de longas guerras ri1 h, cnvolvl'ndo
grnndc parte da sociedade. de abastados fon•miciros" pobres pci'fo5.
A e.rncrgência de aspíraçDc> sociais dívcrgcmc:;, r;um" époc.l tk 1m:·
danças insmutiomis. aicda f('z aparecer 1;0 cenário p'Jlítícn um i11ten·

.so dehale, entre si.:jeiln\ polítíca e id2oxlgi1'.a:1w11re ,-,rosrm. sobw w


mátitas fund;imen:ais. como o federalismo, a laiciüiçào do Estado e a
democracia.
P(:nso que aiml.1 sf,0 neccss;íri<1« outras pesqui~::s his:.óric;:is que,
nesse período de formação dos Estados '.'íad'.JnJí~. trabalhem a~ espc·
ciflcídades das rclaçôes entrr setorn dirigentes e suballcrm:is. ,mali·
sando, de um lado, a n;Jturczn d<is a5píraçiks poi itica~ populares e. de
outro, as n~spnst<is variadas dos scror0s dirigertcs diante de situilçücs
soci:lís e polítít:as diversa>, podendo cferci:er, d<'ssa rni11wíra. tmw fE•al
coniríbuíção para se comprccnckr a que<,tfo da conHruçiio de um
pensamento democratíco na Américi Latina.
No campo da politka, n2s décaóis (f(; i C.20 e 183\l, ~iio o~ liberni~
que se detêm a pensar, de formv mais c11nsi5tcntc, a (;•icsli'\o da demn·
cracia, ;mocíada. nm textos dássicm Cl'rG[ícus. à icl:':a de mbcrnnia
popalar'. Pretende anafüar aqui o c:sci:rso rk algum desses íntclcc·
tuaís liberaís qul'. ao rrfletir sobre a sí!uaçik pnlilíca e'!~ seus paíse5, se
vêcm cbrígados a rever tal asmdação e a justif:car os Hmirt•s da jHrlí·
r:ípação política popular. Parto da premb;i de que tal p:·eucup<h,::m 5ú
se c'labelcceu pel;1 forte presença de dernarHfa,~ poplllan•> qtn~ r;red·
sava:n icr comornadz5 e cnnrroladm rw:o, grupos dirígentes.
Escolhi dois autores ···o arg(:ntino Estd1an Echererna e o iw•xi·
cano Jmé Marfa Luí> ;\fora con.,ideradm defonsoru dos princípíos
liberai< e romtrutorc5 d;; uma ce-rta conn~pçiio de éernocrnciii que

L Para uma pr:r5p1:rtlvii 1~,~-.imi('.<i <lrn ciebtes tOJHt-rn.i:-~ünefü ~:im: :iobc1<1nla. pvp.1lm. \et No-Uei m Hcti
tlíc. NiH:I,, \t.itt('uH;i e G1.rnfiunco ?;i~r.uin. [!;:;;,múti~de J',/ú.'w, Bn1sih.:L EdHtnH.1a U:i!~. H~::m. p. l r~S:
n: s~her.Jftíi l>-')J..>Uiilr líUíllj ;xxspC'(!íva ·'Jf\O'>ta a rk di:rdiil<t..\l.J·f,>~Jn:t S{' ~,~1a1tif3.~a ro s•~tt podi"t :::itn\i.i·
tu:1lJJ, l~b qual, p-nr meio <fa ({-;.r·,~tifu·çtlõ, <lcfirw os ::q~5H"' ü\ JKKkw1 (0flHillidr>'i ,~ lrMnura o on1c-
narm·ri:•J, C<nd<.:: estão J;f0i>l:J> ;is f<.g1a~ que f>?!l'hlitcm :<>ua tr'<lt~\k.>r!'.:ui\.'lo L ~UJ i.p k 11<.X. ~. \'u t.:r,ibf:iu
GiQv:anni S\lrtori, A Twn«~ dJ iJr1,1omtt:.: Íi'MS.it;;,h:. 2 nú .. Sio f'~1do, Ai·(::t, Hl'.'l{i·~ou·l;1!mcrti~ o i'.tp. 2.
justifira a exclusão dos setores mlnltcmos da arena política. Ainda
qw• SWVi referê11das teóricas estivessem na Europa, e;p\~cialmrmte na

Frnnça. tinb<1m sempre a preocupação de refletir sobre os .. fenõHH>


nos da n~alidadc" e de ·brncar soluçôes adequadas ao meio"'.
Não pn'lendo fazer a genmlogia do peri;ammo político deisc>
dois autore~. Mas é preciso assi~ia!ar que a11úos 1e111 uma formação
polítir:;i allcerçada nm prindpics liberais e: ei;1 seus tré~ temas ess011
ciuis: 11attm1Hsnw. racionalismn e indh·:dua!'smo'. Eóeverria impír<1·
va-sc em Saint Simon e '~m ~cus dhdpulcs, P-.err<> Lc1Tn1x e Ecg1.•1w
tcrrninii:r. adminr.«1 o crHti;ulim:o lílll'nl de Lrniennais e tomav,1
Maaíni como exemplo. ;\fora 1·a:oritav<: \!ont'·~quictH' ídcn!ifk;1asC'
fortcm~cme com o libcraLsmo rnmtilUcional fran:ê1. cspccial111cotc
com o de lle11jamín Ccnstam'.
bteban Echcvcrria (:805·1851), airnla que n1;1i1 conlicddo co·
mo literato'. fazia parte de urn grupo cfo intclecti..ais •J políticos~ l'l'.·

trn eles, Juan Bautist:'l Albcrdi e luan Mufa Gutiér:cz -· depois cor:hc
cido como a Geração til: 37, qac ativamente se upos ao fedf'ralbta
Juan Manuel de Rosa~. desde 1829, govemacbr da província de llue-
nm Aires. Nesse período. a Argc~ntm;i, ch~pois :!e ullla efémern c>.pi"
riênci,i cm que o país e>tcre 1.mífic,ichJ mb um gnn,rno ccmralizadu,
con,títuía->e num;1 frágil federa; fio de prnvinc.as, dr:minada pelo go·
ven1<1tbr de Buenos Aires'. Este. p)l·ticul;;nm·ntc Jepois da morw de
seu ri~a! político, Facundn Quircga. em 1835 t'Stmd::i .>NJ poder po

E1.' i'!:r.\i·;l <j •J( ü p.;blirt<t.a .,;rn n~nl:<tlf, Pt-rrt :. rrtH1:>., <itHür n1:.~itn !du r,;i 1q.~_L'io ·k~ riu J 1 ?r ,~1,1.
p:·np;ffü1..a Tte 'ii~ pro: Nks~c. (f Jz-.,~-~ Lt;~, k;Ii'!-.•m. L;.1; fd,.:;~ fw',·i(JJ. rr! '~' ;.-m:J.n.a. lhaDs.i;. AhY~ F<... 1
dn tl'..! C',,;1m::1 E::.r1<i·nka, l:IBI.t:, i3G
Cr \q,~r..: \'.i<l · t, L:~ !Jmf:;gra l_t:;ff,1:. 2: vc:h. H<1.1:(d·-'"~'.E~1(1n:dfmdc.:1~1.:i,..:JS, iJil..
Cki:'.t '> 11,)!~! t•'IÍf.'i~'fc qtw '"' t·~wH1~ dt• J~bn iJf·h)"\. pN1x1don~ k;m1 r::l:.e·, i.~:1 '<-'l.'l- dc5 h~(.kt11ht:.:~ rK.r·
g:;.21!1;ui.· .11Yi, c~<J >'..hr·~f~iC~('! :l>! 'd1'(i,.ftl iiL1 J() h"rr: de .w><p1.~ii>:·1lth da Eun µ;~ <:ónr~rw1H,\1 t'1hf! rn>·h
ílhh::n.1 e~ ri:;i'.-:h .J\~ ,.~~x;::.'a.''°' .fa nJi:~ ~ >.iLw~·~m d::;~ Lt~!dti.s 1.';· n:>:.. hM. U L!fJrraJmmJ Affxi~HJ>J m
l.~ é~>.!,., •ff Jbu i18ii IH53j ~kxxt>. Sigh ;'.XI. t"itll, 1;, 21}1
;i. $1.H olir<l nal; •inrK;ri<inh·~ •~ :~ )'.1.!mJ !..1' Ca..1tf;:,: w·n'.1(m ,,.~:1»~H'1~ n :~nm'Kf· f/ :lt'.:1r,-rduu, 1~0 qur'll
:co~ :t:r.6 cima <:rítka no g:o•:(·Ukl :k ítM~rí. ai lder1tâkJfo ~nm o-·~iiita·kt\/,
fi Sob:\; l\ ~\rg.:::nlil1ô tfJiíHa, 'it~f JJ. Cnro'itcf.,'t.l rk fo1n:~. Ll Ury,inii.'lt'ÔfJ Klüui,'il, Bu\~nos ;'\ !ff..'~, F'üdti1,,

t'.HZ, e j_.tn~ L1nd1, .Arf?Ht:iu Oi~c1a,:;}.ua Uat.-ud d~ R<-'i,u. iS2{! !851. Oxfnd, Clrm~don Pw1i::;, I %1
!ilico por udoo pai5, mediante ·mn !.i'riC' <:e par\()~ <i:'hitrndG\ en1 e os
demai' pil\Cftla:lores. Em Buenos Aífr,, l:l1f1;1 sus:<>rn;1ç?.o politini dos
grnndn <:stmKidrn>, pois protUO\l respc,1Kkr ils suaõ denunda> com
medidas q:w :·isavam, por um Jscb, ;; legah.a a propriedade~ da irrrn
e. por ourr:'>. Jurganinr o inclpienk lll('rc<dn de n1ballw, enqu2drnn·
do e dbclp!imndn H rniío«le·otr;t Dt•u r:tu•çiio f ~rkcii1l il questüo da
frontelra, upandíndva Nll din-ç:w i!:J ~ul por i11:ermédi:l d1• rampa·
n!tas ll'il.t:r<o•s >.intra cs írnlíos. AinJa r;uc kl•·onxi>ssc• os inwr esses dos
1~standeirc; (<,·ndo lamhi'rn urn •l<'lc;), deM'nrnhni unu políti1«1 de·
ccnpt<iç:b (!Os ?tupos popu:ares, 'J.!C lhe responderam com apui(J en·
wshsl; n.1 rid:id,; :h Eu..:ncs c\]n,s'.
G:)lcrmL rnm pl,:11m podrrcs P pcncguiu seus inimigos politi·
co~. rh: fonna panicu!ar o~ uni:arí("~. cuw itnplndrel d:-termínaç;in.
l';.Ta esH:>. :fos:;i rcprr:seni.ara a 0ror1iar;ào do ubsoiutisrno, da arbH r<i·
riNl<ide e ó b:xbârie. J Ci.)rl!rilpd·1iiJ::i, portanto, (ks pri>1cipios Hher;iis
qul' def;>:idan;_ !\las a oposição ,1c gmernwlo' Na at1·a e nem S<'mpn•
se dc·íxav.1 intirnldar.
O jcwm :;cheverrí1, depois d1• viv0r na França 1Ttte 1826 e l830 r·
de conlle·:er mdcbates polítkos ç iJwlógifm que lú se tr;,,,av;irn, voltou à
Arge11tin;1, 11ír.lnndo·s« rom aqueJ1:1 qu0 se opun!um ao r:>shmo. Um
gc.1po. n:e \e jJga\'a re1pnnsdn:l p1h: níssilo., de ddinir a n.1çüo
argentina. fond,Ki cm Buntos Aires. '':li 8 (kjuJm dr~ .'338. uma asvicia·
ç·iíd sí'fr•'!<l, dencminnda Jmern .\rgn.Hna, ir.spirada na> congérwrns curo·
pt'Í<J\ Jovcmháii;,, Jmt:m fairopa. d1:?lii;tdol'.i fK•t \laninL Pn:punha a for
1mi~jo de lm faurlo i;uiadu pelos prí:l::íplm U;uaís 1• pela; luzes dd razão
:1l"' moklar:mn 1:11JC1 Ccnslituição t .v:r -;egui:la í" H\l;Jdtaria. pündo fim.
por :111:•io d< co:Kiiia~·ãn, ;is lums qtL <hkliarna Argentina. EclKvprrfri era
o presi(!•:nte da ::'imcíaç~o e Albedi t· Gut:érn:1. fozí;,m partt· rb dírrçf10.
Em I~ de i:meiro d<' ! 839. a ;\is11fi:.lç«\o Jorc1111\r,:;e11:in;1 publicou no
ornai sattSÍilllYihnn E/ Iniciador. Je Mornevidéu, um Jo,111Jeslo c1críto

1. c(.flforup\V;td\! <\1-~kk "Li fmj;1 'k un Lw.H~r. u Ci.l'.l•H'.~· .\~;,n ,\fanuA d;.~ :~~1-~-t')" "(~ln c~m:•~ ,i'
Cwpr.1 !' ;, lll\L
79

por Ld1everría. C11tié:·:·l~Z e i\!berdL que se ómominava Cdd!ga o Dr-·


daralilfn de los Principios qm Conslítu;m /:1 Cmr:da Social de la Pt11uUíca
Argentina. ou simplcsmcn!e CI"3rmfrJ. A segunda ediçáo, de 184&. to·
8
mou o titulo definitivo de Dogma S?tia/Jsta de la Assaci2cidn d1 fl-liiyo •

com Edw...cr:ia assumindo sua red<u;iio. A repres>i\o política 01)f nar-


te do reglme ros:sra havia empurrado p1rte de seus opcsitorc\ ao exí·
lio no Chile e nu Uruguai. para •!;c;i;;.arem à pri$~O. ou me\llltJ h mor-
te. Drsde 1840. Ech•veiria vivia exi12co em Nlontevidr•u e llHlff<:ll
onze dllü~ dqicís, 'ern vet· port<H1: o, a tkrrul,;id;• de Hosa> dü pnder.
~·rn 1852. Es~es e:d;,dos mantherarn ví~a. por nwio de seus cscri:os, a
n>>íst;\ncia polit:ra rnntrn o gmr:~nador.
O Dog111;1, ccmpmtn por 1Jrios túpícos. t• urn;1 sinrese do; prinri·
pim polilicm ,;ercndido> por Ec:10verria e inicia com a enumeraçto
das palavras simbó!ic;is do que denominava a 'fé (1il jovem ger;1çü1 ar-
gentína"; Associ<1çfin. Progresso. Fralemidack. IgualdiiJe, Libffdé:dc,
Di;us. DPmrnTach São ela> que farão a Argentina "sair do ca~1" para
em:ontrm· ·a luz que; rt gui<:>" e · c1 ;:;·pnça que a anime". ~A cor{rnwrni-
datle de princípios proó;ziní a unifto e a fraternidade d<~ tocb; os
rnPmbros da familía argentina e coaec'ntrafii 5em aml':OS em rnn úni·
co ohjPI ivo. o da liberó1de e engranrkdnento da P:itri;{'_
Alguns autore>. uit1u Caries M. Narm1. l'<Hl>idermn Et:h<V01ría o
'intrndutur dn 1wns:rn1n1to su,·idis:a no Praia'·". Pnqtwnio owrns
apornam p;lra ~ua' inrnngn1ências e 'r~consE:Jliêncía\ doutr.n;iriiís".
1\índ.l que Eclli;n:rr'.,1 tenha cl1a:mdo seu Dcgma dP ~ccíalísL1. filian·
do o às correntes sdmimoníar.as, pre'íro ir.>í~rír q1.1e o rnxtü, em
seu desenvolvimento. enfatiza o papel da razáo e a prPvakuc:<l do

O w::w.1fo~W kw ;: Frinr p;c, n Li1·1k> ri<' Úff!<>i;. a, (ua,J ü hr-.-t ft~d~,-&dü püi F>brwora."" An~~r(H
rnw, ~o: 13~f.. E(/'<.•n•rrl,;., ':> ífVillt:'t11 com (1 W~.$;D p.•1d rpA firntJ cn:d:Hi<b. ·C.v~ikmf:~ }'J~.· !.~ i<t ffo
n..=~w, f ki M...1.,.f'ú/1:0'. ~1A~p·;f;na ~- cd, 5w~n(;:o; .\.:~t.<t, !'orn.k.<fr"' Ct;1tuf<J Ee;nónio., :'ikl, V 1 ~5
Fn1.~:,:r, En:t·,..i-:d; "E J,)_~·;;; ~0Cl..a:iH.J~, ,.m Cmlrn \L !<;1H;a fo:'.gJ, l'w';i>1;{,_:1 S.Í*·~•!i'.~f<J C.-:r,(JS, &l:.ilkto
a t\'!~Kllr!'".:'•. ::H'/.? l2~
li} (f ~..Hrh\ t.t .a.una, úc:;::xfuç<d.) <n~ '!J" cil., y. XXX"].
tl (\·-~n~> ':-uLn lb'pcin Uun&hí [t l'trihW1fN1'.o ót' :J""!J.~iero, 3ue:f<)~ Aín·:-.. ~1.u<1mcricti11Jt !9:3 rt.rmí
fMfu:-. ~t RNt1íi "Jp. :-;;,, p. X:<XL
·ndividuo, assim mmo defende as teses fundamentais da doutrina li·
'.wral: o direito à liberdade. 11 igualdade legal e na oaturcz;t, o direito
a propríedadc pri,uda e à segurança e proteçilodG Estado". Faz n:fe·
rôncia:; constan1cs às idóias de liberdade e prngrc·sso, t.'io carn aos li·
'.:>cral~ ([(}século XlX. Sua ídeotif!caçãn cnm aut0fcs cerno Larnenrrnis
explica a ínclus?io do vocabulário rclig:oso presente no texto ·· f'C, rc-
1elaçào divina, sacrifitio, alén: cia constante 1mnçim a Deus, ''fonte
pum de nossa vicfo e faculd11des, de. nossas espera:1ç;h (• alegrias'".i. A
palavra 'sm:ialísmou, como afirma o próprio !{Jrníl, e.>tá empregada
como "ccmlém:ia em direção à .socid1Hítfade e ao humanirarismo '".
O conn:ilo d~ democrzcía vem expresso rn; ítcru do;'.e, "Organi·
rnção da P1ítria sobre uma b8se demorratirn". Afrmm·a Eciwverrí<i: 'A
democracia parte de um fau necemirio. quer dizer~ a igu;ild;idc das
dasses. e marcha çoia passo firme crn direção à wnqui>la do reino da
liberdade mais arnpla - da liberdade individml, civil e política"".
Jg;m!dade, para Ethcverria, ::>igníf:çíl\'a que os din:ítos r~ ckwres dm
homem dcverian: mr igualmente admitidos e <kdarzdos por tcdos,
!em que nir:guém pudesse escapar à lei que os formulara; cada ho
mcm deveria pardcipar igualmente das recompensas. propo~cio·
nalmentc â ma inteligôm:ia e trnuolho. "Todc prvilégi•! f; 1m1a\ftHG·
d·:J à jgualdade""- l'or liberdade, enten::lia - ~eguindo o manifesto da
Jovem E•.i:·opa - o dirdtD de e<1da lwm+.:ffn em ernprcg;;r sem trava al·
guma suas faculdr.dc> para alcançar o be1frcs1ar e para eleger os
meios que pude>srm levar à comewçiio de seus objetivos. \fas. lem-
hrnndo Voltaire. o livre exercício das faculdades individuais niío dc-
'cria cdusar cxtcnáo nem violênda aos direitos dos mmm".

12, CL 1\rnkl' Vm.ht1. op. 01

J:l E~td;iat1 Ed1t:H.?U"Ía, ""SI I Obfü.t S<.tti~Jhri", :m1 eµ, iÍL p. IGI
H. cr. C.·b; /.1. """"· ep. a .. p. XXX.
15 E"'E•lmn Erh(!u:rria, "C.1 lopna &K:iJ:fü1;,l"'. •.Wl ty>. ;if.. p 118.
1fi Jdnu ;~ 98.
17. Mrm p J(lll
MORA l [Ç-IEVERRIA R1

Partíndo dessas premissas, a dcmocr<:da, continuava ele, é o go


rnrno das m;iiorías ou o conscmi1r,ento da razão de todos: e>se on·
sentimento geral é a .s:ibcranía dopovo. E em1 soberania é ilimitada
no que se refere à sociedade. mas não no que se reforc ao individuo,
ma rnnsciéncia, sua propriedade. sua vitk sua liberdade. A dcmo~ra·
eia deve a~sPgurar a todos e a radoi um íl mais ampla e lil'rc fruição ck
seus direír.os naturais, nssim D povo sobenno ou a maioria não pode
violar os dírcims lndíridt.Mis qur são a ori:;cm da associa(iío". O !.mi·
leda raz.io coletiva é G dirdro, e o '.imite da rnziiü índivkiu::il é a sobe·
rnnia da razão do povo. Dai resulta seu pr:mciro princírio: "A :;obcra·
nia do povo e ilimitada enquanto respeita o direito do indil'i<luo""-
Apnmeira oposição eutre os dircitm individuais e rnlNirns ~e
gue >t: uma $Cgumfa. que,; d op:.isiçilo cn:rc raz.ío coletiva e vonl'tdc
coletiva. Afirm.iva EchHerria que ,1 razão examin;1, pesa, decide, en·
quanto a vontade é cega, caprid;osa, irracional. Portanto. a mlierania
do povo só pode re\ithr na ra:aío do pom. sendo rbamada a exercer a
soberania apenm a parle semata e racioral da co1mmidade snci;1i,J\.
democracia não i:. des.sa form2,c despotl:>mo das. r.passas ncrn .elas.
rn1tiorias. ~ sirn o 1(•gi me da rM.:lo. Os ignorante>. <;uc não pmh~rn di~·
tinguir o hcm do mal. del'em subrneter·se aos que tôm o domínio d;u
luws: e ns v;cgallundos e aqueles qm'. n;m r.~m oficio niio podem fazer
parte da soberania do pcvo, porql:t'. não :ém qualquer int.eresH' liga·
dn à sociedade>, necessitando. pnrtanto, de tutela. Comeqüt:•ntcrnen·
te, r;nào e trab;1lho estão intrins~camente ligados à sol.ierania do
povo. Seu \egundo princípio diz: "A. soberania do ;)ovo 1~ ;\lJs•)!uta en
quanto tem por norma a razão"".

l& Ain<l-1 ;uc o ron<:dtr;, de-so!J<•ra:fr:i ·.11)~·u':M rdnrt.1. i;o.ç. h:i.:ur~-':J mm:c-m%, (tirnmn<"ntt <1 Rnu&e.M;,
nt>'~ni·~C a!'i dofoc'.!:nçm d;! j)f."~FCClJv;1 r-o; (f: H IC'\"..:J tk• EchrvlIJTÍà e o (!Q autor de OConlif1tJ $Hutt "A
:•O~)(!:a:c~;:o !: ir:c'.id~J'.il:~l {:l l~ m.~:;1•)f> rati1r1-qu~ó ir.~11t:·niw:I, f)f)Í'i <0: >tl!"!lí.Jdo~ tfü é_gtr~t (fü n:tv ~~ t''. nu ú
a fio <rn {"'.J du l).J\'O, ou ~tnN1~.c de lllfl'l JMrle. No pt irnPlrJ tã'><l, t'S.H H.:f!-ttidc dl..'Y-;1""r.sda t~ um AW <lt:"
v..i:f•;,1:1\.;;. e t.tz a ld; no 5q;unrh•. n,I:; r~).l ée una. iwu:1d~ pdfl in.>lJr N ~k wn a;o d<::: m;iw..!.o!JHn-a.,
ii~rnr~tlu 1;rnifn, tlit ;.uu d~Hétú. g,hfWMil!. ~fJ Pt1~.1:•). Nn« ~ ~:ulHn.<1!, p, i~ (CnJ o~ Pe!1•<i:brc;;;.
Ft. faid>an hb.~'x<:.?ffiíL t;p cit. p. llU
W. !c.~m. Hmkr!i
J\5 rn:mas ignorantes, ainda que prinidas do cxe:·cícfo dos dírní·
tus de sua soberania ou de füa libedale política. cstftc crn pleno gozo
cfo sua füy•rdadc ífüfü:dud. Segundo Erheverría, a~ m~ssns tendem ao
desp1JlisuD, s;io gulad.is pdo imtinf1) L' silo 5emíveb aü impér.o da
vontade e J)aio ao da rJzão~
O tecccim e último princípio anuncia que quanda todos os mem·
lirm da ;mntiar,âo esi\vi:,rt•m cm plena pm1e dns Hbcrd;ide~ - a índivi
dual, il chi! e J política w. e iíS exctc\'n'!ll, Hll.iíO estatá constituida pie·
namente a democracia''. M2s, µar.1 S(' <Hing;r taJ t\5J'il(iu, é pred~o
prepar.ir ilS lllaSS<l'.\ para O t!eS!'.lllp»llho íLj a!ividacks 1nl'tíc1s pela
edunç'io ·111e lhes si;rá mh1is!rata per)ó qw.• dc:t·Sm a> lm1·>. t-~>i111, fe.
dliMt! o drcu'o dcs ekito~ para e t•xc-rtído :la democaciJ r: def..rmí,
na· se l'j'JP dew:m fin1r ó: fora. :li:J11<1nlantlo u ü~\\\,,1'1\it11f:'nt1J dos llus,
Irados. No fin;il do texto, ;:,fírmavJ st•r•t dci:..ar- dúvidas: "A snlwrnnia só
re5ide na raziio coletiva do Pom. O sufr~igio L111iversal é ab.rnrdo. Nfto
~j r1o~YJ a fórmula dos ultr;-, dem:Jcratas fr;:;nce:;es: t·.alo para c1 Povo e
!1"111 Pf•VC. mas sln a st'g'Jí:itc: tudopua o Porn I' prla ruzfo do Puro''"'.
A~ rcforê'l1clas 1rórica> dos Psc: ítos políticos de f,J1•'verría L'Slf10.

nmn J:i nfirnnmm. na.> lé'IH11m de· Saín:·Símun, Lf:rnux e Lamermals.


mas 5c11s oltim estivam é·n:1vado~ ncs drama~ ~oci;iis d:i ArgNHina da·
q:wk• periodc. l(csas. ·'.l b:irbarn', .. o c'éspota", coma.-a mr11 o apoio
popular, r·~pt·tidariwnte rl'il~rat.b f'fn n:omuitos cfr, cri\c. As ··massas"
que lhe d::;·;;rn rn1rcmaçiio polirica etam, conscqilc11telllm1:e, p<:rigo·
sas, <'.dx~r.:1rnst' kvar pelo instinto e pcln •. rmt;ide enganadora. Os cí-
vill1.adcs. guiados ;id,u luzes da raztc. rnpazes de di&tinguír u bem do
m31. consti!uíam·sl" no único grnpn <uto JHfll Pxcrcer o poder. após a
<.krruhad,1 rio "ditador' fü1sas. Para l·i\'<1r a Argentina ao caminho do
prngrvs~o. fazia·st• rnxPs~ario encontrai os melos leg:1is que ímpedis
sem a participação polít:ca dos cespr:~parados.

(~1 /,~'!':'/. :.) l2!


22 f.~~f. '.'\ 12)
Echeverría não v:vcu ;)ara ver,. vitória dos liberais. apôs a queda
de Rosas em 1852. nms algumas de suas id<:ias p;1s"1rarn a ser pofrjca-
mcnto hegernônicas_ Sem dtMda, outros Hberais que compartilhava:n
os mesmos princípio>. tais como juan Bautista Alberdi t Domingo
Faustino Sarmiento. rnntribum1m c1z,h forieir.ente para os debates
políticos do período ;\lbe;cl; e;creveu Jm rexto que se constituiu na
base fundamental da Constítui;;·iio de 1353 · en que o presidente da
Repúblícr1 n&o era eklto pelo sufnígin universal - e S;;rmíemo. aMrn
de urna i:nponaníe ;xoduçã:J de livros. chegou à presidência t!a Ar·
gemina em J 8ô8"'. Emrernntc. no Dognw. Eche'.er:ía apresentou uma
análise rncí1m1, rdletda e pornwnorira:la do concdto de democracia,
justificando rnrn argumentos filosófico; a exduào dm setores popu-
larn> do PXcrcício lcg1l da pclilica. Não se de\e e1guecer que, no C\-

pt"Ctrn político da Argc:l\irla dern~ período. Ech,~wrrb deve ser vi;to


como um republicano radical.

José Maria Luís \fora O7g4-J850), a despeito de ter rccebido ;Js


ordens ~accrdorais, imcn:ow:·se no ::leba!e político do ~foxico µó~ inde·
pe11dê>11cia como um dos prim:Jpais do>fonwr(:S doi principím liberais.
Assumiu uma perspectirn idi!ülógica de wmhare'. num JK'ríodü em
que o p.ti~ 1•stav;1 div:<'.ido enrre '.ibê•ra s <' (Onsen-;odorrs com projetos
politicm divQrgenw1 pao a c;1n~l1 w;iio do Estado Nm:ü:naL Cumo
eni nenhum outro pa.is da Ar:ifrlca Latina, a luta pdos bem da

?:3. A hdiogr J;l;~ ~du e :\lttrk!'fü ~~ /\lbt:rdi ; '.in('WL. Ctt<.: <tfll'f,J\ i!;~urn -'..•)5 ~'H"í1it1s mais rN·· rn, -. ~J
t.;!k! P.c;,_w,.fl, La T;-;!,{l:;;dí! Ripu'.dicr:Ff. lh.wcos Airt'S, Lil!(;;ia.! SisúJ:n~d;:::u:.i: h8< Tu:t:ü HaJp;ral
nongiu. i!;.t1 /J:-,,·fr,";; flf.'1 é !}ri;Jrrta .1t;,rt'Iil 1trE 3th'l)i}}< Ah ,''S,, c~~ntro b!Hit lk -\nertc.JLlfi1\;1, f f)~l. Ct·
lh;;>;. Lru.•rf, .Y,rr;1in!:-: r :.1 hzn:tlU-'Jn r~ia (J,1v ihN•iir;;;Mt f·;J<W.l:l Ahb. Con1!1:1puntn l9SG: CarLs A'.·
t~irw~;n,, {'. 13-:::;~f:'.r Snb, Eáq:.1..\ :k5't:1ti!Y.l:. 1/r ,\:t.;•!irm a !,1 hmru.urifa. HL~t'll.>)<. Ah~~- i.\'niro btrnr
d,· !•,JrlÜlfil ';.;ó~M, :%3
2t Expu·'i'<,1-:~ t.&da p0r Ld'1p0Mo b•a. i:.! h1't!1riJPwm ltn(t.. 1 i.'d., \1(>\k·o, f~nü1 (1:• Cutwn :&:onr:"
mk~. 197L Scbre ;.) ri:!m~u11('nW de \for,.1 W!T :.A1<;de1 HJk JL~if,"t1· LH11~•1iJt1J.i.'1 rhtA,4t-vfJkr;., 1K2i-
!S5J N~'tl.· lfai:t~n. 'r;ú': :JnWt<.rsty Pras. i)G~; 'tob~c o lberah\mo n>.i ~Hxif\l, wr Jc}lJ'\ Rt=>yg~ rt~rúlt~s,
Ei Lf>n<lfisma .\.(<?'r;U\7et Mh:ít"'(, Umirn~ 1"157·1~~ l, 3 to!~,; ,rxara wn ~Hl:m(lJ .;of}r'I) o t•~m.i, ver Afan
Knl.tIH. E: lü.:.-:.füwo A!r:!t.<~MJ à.?s& J.1 R:5_:1ro,1 h.gf,1 },J .1?tPfJf<.:i-iüJ lha "irurrprH!itWrt ~m1 ffü1.ir~1 .Hrü-
i'Mk'.L XXXV; "\"til. ! . 1:, 131.+J.d,-~f'l. l~.S~í.
ígreja dividiu fortemente a sociedade e deflagrou urna guerrn clvíl de
prnporçôesagudas. Grosso modo, m liberais exigiam a extinção dos fb.
ros especiais edesiásticm e a nacionalização de >eus bens, enquanlo
os conservadores defcndíam tanto os privilégios da !grcja quanto os
do ExérdLo e sonhavam com urna monarquia que fosse capaz de pôr
ordem nc que eles entendiam como cam político. Foi uma longa e ín
transígen·e luta, que terminou com a vitória do:; liberais e a suburdi·
nação da Igreja ao Estada laico, na scgua<la metade do século XIX".
Mon estudou no antigc e prestigioso Colégio de fümto Ildefon-
so, fundado pelos jesuítas. e depois tomo;,i as ordens sacerdotais. Exer·
ccu uma atívidade politlca e intelectual í111cnrn: pertenceu à maçona·
ria, foi designado mer.ibro da t!epu!HÇâD província! do México em
lil22, participou da Legislatura Constitl!ime do Estado do México, em
1823 e 1824. Apoiou e fol uma espécie de conselheiro do governo li·
beral de \'aJcntín Gómcz Farias. em 1833; com a derrubada do gover·
no pelos co:iscrvadores. partiu no ano seguinte para a Europa, onde
viveu os últimos catorze a::tos de v1da. Expõs suas idéias cm varlos pe·
riódicos politicos, que tr:nu e dirigiu. foi editor, logo após a índepen·
tlêncía, do Semanaria P1iítica y Li1c1mio; entre 1827 e 1830, publicou o
Observado; da República ,\f~xicantt Em 1837, decidiu rompil<lr grande
parte de seLs escritos: ·As obrns soltas que se publicam nesta cnleção
não túm outrn objet.ívo. de minha parle, senão apresentar ao povo rne-
x:cano o total de minhas ídélas políticas e administrativas" 6 ,
Ft>z também inc1m~es pc!a história H~nclo projetado uma hisló·
ria do México a partir :la independência. cm cito volunws. dos qual~
se conhecem apenas trés".
Fiz u:na escolha, éentre esse va~to malerlal, dos artigos nos quais
Mora discatía temas refi;tentes à questão da participação política po-

25. !io'Jre os. fx>.nsdiJ Jgr~Ja no Mélict, ver J~n ffa:ta:ttt, Los BJt."Jtr d~ {;,{qieshf!R MfaJtv {í-85$.J!flS), Mé~í­
«1 F.I Cnl<'giütl" Mt'xiw, l9il.
26. jo~ Jlifa:rfa ;_,1.u Moríil, Prefár.:io.ern ()/;r-<uS-,1t~.u. 2~ cd .. M~xit·e:, EtHoi·fu.! fom,fü, 1953, p, l,
~1. ~J~! Maria :.uls. Mura. ,,_fifkt1 ! ~s&wludfJfm. 2, t:d • t11~6x:f·ü. Ecttcr!~l Ponua, 19j].
85
-
pular. Dessa m;mcira, foi p.:issível acompanhar >ua reflexão sobrn os
significados das liberdades e da soberania populi!r, na qud a;mntava
as condições ~ociais que garnnli<nn (ou não) os <lireilm individuais da
reprc~entação politkan

Embora 1ivessc rccebitb as ordens sacerdotais e cminado no (olé·


gio de Santo Ildefonso, distinguiu-se por um anrisl~rical_isn14 militantr>
que se foi acentuando com o passar dos anos. Dcdarou dbconbr do
partidn f[uc rrpresentava 'sua dasse" (o clt'W) e r.mundm1 • ''todcs os
seus privilégios civis" (]J mcsrna.'poís suiL[l(iJ,i~A? polílirn () colornvt.
"rnmra todo tipo depriri~~u:.ci~/ O combate que Mora JFOprnha c,;uva
sendo travado contra os prívilégics coloniais. encastelados fu:1drn1rnra!·
mente n<• Igreja e no Exêrcílt', ente:1didos por ek como •i> forças do re·
trocesso. O "partido do progresso". que ele defendia. propunha a di:sa·
morlizaçi\u dos bens da Igreja, a abolição dos prívifogiOI do clero l' do
Exército. a difu~f10 tfa educação pública. a liberdade Je optn,ào. a igual·
dade para os estrangeires e o estabelecimento do tribunal do jü1P Sua
rd1exào politica aliCftrçava.se, assim, nas qu!'stôes e;pecífc•s da S:)CÍC·

dadc mexicana e rKis seus nmílitos e lutas sociais


Sua \isilo da história da ln; rnanídilde estil\'<l rdndomda din·t<rnien·
te com a3 questões políticas do momento. Oistir1t,•1Jia rrn história dm na
ções "três graus de clvHizaçáo': um estado de irfür:cía em que o~ ho·
m~ms podiam g<1;.:;ar da liberdade civil mas apenas sob a tutela total de
seus chefes: num segundo pa~o. com o "desenvohb1ento das facukla·
des humanas", os homens passariam a ter liberdade adrnlni>trativa, po,
<lendo encarregar.se de dírigír o; interesses locais; finalmente, depois
dos ··av;mço~ da civilização e do progresso", chegaria uma época em que

28. Trab-~1ht>1 Ô:! fonFa: nrnls sttcinaKaos SC)!uhtti'5' ;.w.ígm pubfüadn~ ct>gintihru~nu rw (JiJ~"rvâdiv dr J;,
Nq::ulf!i!i!f J,frxiw1;;~~ rornpifa(i(H n(l ~li;t.o i.fo (lhr:is SudlJí _.Dt! ia Efu::ad.a <[Ul' Jit A1db.1ye a l:.1S fo>mrt\
de G~;bit>rnoA; "En~fv ffü)~ófiro oolnrJ Nüesra Rcvoh.u:Mn Cm~fHrk~rnr~ ""Dbfúru Yhre l<: Nt-'(·t:
'iidnd <ln ft;ar t1 Derc-c:hn de Cíud~limia ~:in b RepúhfüAi y ffacedü f,.,~,rn;.fllm&nteAlú::to ~ la Pr.i:u W·
d,n(~ "Disa1rw sobre :a-; EktçHnl)s l'róxhm;'.l'"; "Di~:ur~l sn1J"r12 lil'i< CÊ'.._oi;m·s Di:"tx$s'"; ~D<l 1~>5' 1·h~
Jh):s, tJe Pn:r;m<o.~r la-s ~-vnlw.:klt'"1~ ...
29, Conforw,.J Chrirk-~ Hak-. op~<P-., p, 115.
.1 ~'fi1i~A IAllNA NI) S!COUJ :n. TRAMtS. Hl AS í H X!05

fü nações cstaiam prontas par.l adquirir as liberdades políticas. Para


Mora. o :'lfoü:o e11.ma entranài na terceira fa~c e, 11ssim. era prPciso
muita rautela :om a quesrâo do; direitos poldcos, para qtw fossrm f'\'Í·

rndos futuros prohl1•mas, 1xovp1dt11tes da prc:ipit11çâo·1".


Scg11ncbe!e, al;;uns dos maiores ma!Psda Reptiblica - caos poli·
rico. dcrsordr-m soei;;!, lutas inr(•1tina1 - tinham \idn cn1%Hlos pela
·:wrign>a e fut11rst<1 palavra 'igti:ldade"''. Osexre1ms d;1 teoria iguali·
tá ria da dernc2cacia política ;ndíaTll ser nvdidos pela • escnmla!n;,a
prnftm!o con: q1w "~ ;iF)(ligdi:aram dirdus pnlí!Ít'<lS, !ern;md<Hls
P\'.trmi1·os tr u;muns mé ;11 :ílrimH classes cb socir:dade'·".
Ern 110111<• da igualdadL', uw purJiado ó~ homens "s<•m cdl1<»1ção
1• sem princíp:o," ué:uii:ircirn 1xs1os puh!iui>. lernndo a adminhtrai:ão
do Estado ao .lesa.;:rl'.
As "paixôe; 1npulares' li;;,iJ.rn tramfo;mado a Ci\rnara do> De·
putados cm a:v,o >ernellrnme â C;nwcnçtio francesa do período rcvo·
tuciodrio. pci\ nZ1:i é'rn mais um "ínstrumei:lo atirn" gol'ernildo pL•la
"rnzão dos ~'·presentantes', e sirn uc1 ·wrpo passivo" sujeito à
'vont<:dc de u:n num01-c1 de focdosos, d1arlrnãcs e atrm:dos". A calma
t' a dcliberaç.'I; rac'onais tinlrnn dado lugar .l paixão e. m:.ih uma vez,
º'direitos individuai; haria!lM\' redur\:lo cm nom.• da vontade geral.
Em sc:i Catrrismo p,)/Jfíco rfe :a Fidrr:iciân .\fexúma, d<' 18.i:, 1•\nit o em
forma de perguntai e re~posta>. Moni :itac1w1 o conceito de soberania
popufor e \'OTade gcr<:I, propcrnlo a ;11;ào de uma ·auwrida<fo rnn>
rmente", que 'os\c capaz de o:ntrokir a ·vonadc gerar".
Afírma\'1 qm· "a :rntoriéz.de das soc.t!dades não é ahsnlura
mente i!imitacla, corno jt1lg::iu Rous~eau". Citando Comlant, denun·
clava que

J{L b~·:\lcri;.L·oi\ \kJ, Ok•i.'i~e:J:,j, P~ !J,j,


:n. ldf'!ii p. G::!O.
87

os hurrnr-:)<i:as <i!tn'.ado~ C(>WN.1dn~ mi R.~::tJluçãü frtmfi_•<,:;: crontn a if.}<:f:!Jdc í·1divídual


'-' m dirdtni1 <.fo i.'hhiU!i; f:;ran pnw(:tú::-nt>'.!5 c·n f;ranrle partt• da \'Og~ l'm qr..,t:se f"Hccm~nw<i osa
douHirn !di..~ Hü'J~~('tm}_ qtc akm <fr-nilir wr H-,r·ral cnn~titui e jirfad{'io :\111t!;rnwnul du dt:s·
pntürnd 1•

Criticam.lo o Congres~o C:orntitulnte de 1823. afirmava que as


próprias leis prndiJalizurnrn
o d~r.:·~re 1:1.; d~hda;1i;~ coi:1 u:1a rrnfasi·J: ~>&,{:;:md:.t!osa, b:C>r.dno ó".>r:\· [si!.\. cnnlra o
(ilh' t(Ui t n:.liindo .J rM~D l ;; 1..•xp.•rit:"~t: a. ,H~ as th:-.sc.; rn<ih lcflrn,;~ :!t :w.kó1dc:. ;.rr.fo~. h f,>r-
;~'.:i ti(' nrn~td~r o ~v~c ~~~ d1am;..1 t!() iíl·(~nL1df', Yl'H! \e .Jtnbt;;~:de t> diretto 11 ;:i'\ pi t.>ehi:i;~ e d .'H
r.·{Hio;. p{~'\'\(·i<.s ip", p":- :~ur:: pnbr.;-...-~~. §~m:·dm:la e J;,t1<1 J(> ind~·p:::~ndi'!rn:í<.1. f~:·i·"í ú»nh1·(Pm n·,.,,rn
p~:Hl("'fn Gprt~rL3r :~l!;-i 1·~,r~'r·:.incnL co:xerlf"H'.o e\ ttlm muHa Lid:n~<tk t-m :n~trum.rri;~)~ t.e1~0:;
d'.h. t{m' pH'!Pr.dou .. rd ... :ti·fo~ (" U)s frw ~i>i=1 irt:n:s>;~: Lrn db~.1>;.&r d~· ss~u ~cn:!or:'

Para S<' precaver tie wdos em•s 1rn1les. Mora prc-scrnia a limita .
(.:Üo d;.i panicipaçã:J política ;)opu!ar e <'e<ermim1va qw~ o Congresso
fíxasse ·as condições para é'Xcrcer o direito <le ddadan'a cm todz a
R1!púb!ica e que por ela; ficassen excluídos de seu ~xerckio tx!os os
que não pwfom:m inspirar rnn!lanç.i alguma, i5to é, os não·propric·
tàrk)\"}~.

Propriedade. para ele, er<: a possess?..o dt> bem capJzes ele oferecer
ao indil íduo meios de uma rnhsisténcia cesafogada e independente; <li·
zü nfm e&1ar se referindo apena> ao; dori:is de terras. mas tambclm a to-
dos m que cxNct:sscm pro!bõe5 pro<lutcrns de conrli;õ~ paru urnn 1·kl<!
rômcd;1"'. Associando nvúo e propriedade. elegia a pam, da 5c:;dedade
quu entendia ~cr n tínica a pD>suir rnspornabilidadcs para cc1m o bem to·
mum e qut' eMava. <mim p~epar::da paru exercer os dirt>ito~ poEtícos

31 hY- Marfa Lw"> tbrn 0&<'.fli Sur'!;1S.. r- ~'/3. Pit..l Ü):,WC.( fünJW,.m {";) \lff! hHad.:ir mr.1><ki:no d.1 t\'·
pü~Jíç;,ü d:i lib!H~~,~h·i1n?íga'.\, E.nl(·n.fo!l qu;•.10.Pnú ioda hb(0rd~Eh:: ;ti:!lip er.<.,l;!'J peug.;, JH!PnJ11n',
re p:.u~i :.~ Y..'_?,ur.;m~ > indíü:foa1 e .x:n.....:irnv i ()UC <J :solRrarmk püpül.-lt \Ç. ir,irufumun~,t·m c"':''"'''u,, dns
rd;1ç·k~ p:·h~t r~. r\ lH.wcibde d~s tivxl•·rn<:l!! ~k"'.:•:"i.1 .t:?.; tom<.'~r~u ~ drf1'.nd~·r i'1 '."•!1~r-í11 ln.l'c1Jt~ndtn i-il
do trid;\1~.::w.::, V~:r :-.;;n!io Hnta11~1, i,J Trndk/."m í?111lih!ic1m1. Bm·nu.;, A,n·:i. Smt<rrrrk:.uüi 1981, '-'~.p..·-
' i,1lnwnH! lt :;Jp, !t
:~ 1. ítkn:; Gi
AMERICA LAmA NO stcvtc rn:. TUMAS. TflAS f HXIO$

É significativo lembrar que mesmo um liberal mais radical como


Lorenw de Zavala, que havia defendido üS princípios democráticos
em 1828, três anos mais tarde adl'ogava a limitação do voto apenas aos
proprietários, para "evitar a demagogia e a intriga política'"'.
Essa visão, que desqualifica as capacidades e habilidadüs popula-
res. está presente na anâlísi:! que Mnra dcsenvotv11u sobre a !nde·
pendência do México. Seu primeiro líder~ o padre Hidalgo, que co
mandou um exército camponês. aparece, em sua narrativa. sempre de
forma ncgíltiva e crítica. Atarnv<i-o, dizendo que errara profundamen·
te ao se apoiar nas "rn•mas· de~preparadas e indisciplinadas, .~cm ar·
mas adequadas, como parte lntcgr<:nte de seu exércitu. Por outro
lado. apresenta Moreias - também padre e rnnlinuador de Hídalgo ...
posith•amcnte, dcsta:amlo sw·:s qt;alidadP.> de líder. Emretamo, Mora
não deixava dúvidas quamo li opinião relatírn a essa primeira fase das
lutm pela indepcndéncia no México, cm que foi notável a participa·
ção camponesa. O prim<!;ro capítulo do t<~n:dro wmo de seu livrn ~o·
bre a indcpendênc:la mexicana. Aiéxíw y S(IS Remlucianes, iniciava com
uma frase reveladora de sua pcrspcc1iva: ·A J'C\'Olução que irrompeu,
em setembro de 1810, foi tão necess.iría p<ira a consecução da índe-
pcndünci<1 como perniciosa e destruidora para o paf:i".
Para prevenir o perigo de uma nova rebelião campones11, ern ne-
ccssáno que o poder polítíco estivesse nas mãos daqueles que pos·
suíarn qualldad~ adequadas para manter a ordem e também senslbi·
!idade suficiente para precaver-secas "revoluções dos homens", prcs·
crevendo as ·rcvoluç5cs do tempo'. Para tanto, era mister que a sobe·
rnnia popular e'' participação democnític<t foss<:m postergadas pi!rn o
seu ·devido tempo", pela prudência e perspioícía dos govemantcs".0
povo deveria aguardar e ter paciência, até quP, por meio da c:Juca·
ção, fosse preparado para exercer a~ liberJades políticas. Insistia:

31. Conforme' Chat1~~ Hilí". ap. r1r.. p. 00.


.lS. Jo!r~ \farfa Lui1. Mora .Míxír> y JtJS /(fi,,nf!XÍ(;tU$. p. \).
39. Jru! Ma:ía Luh Mor• OiJra.1 S:J<Jt>.t p. 749.
UORA [ [CHVIRRIA

·o elemento mais ilcces.sár:o para a prosperidade de um povo é o


bom uso e exercício de sua razão, coisa que sô se consegue peh\ cdu·
caçf10 das. n1as.sn~. ~cm <1s quais não pode hawr governo popular"".
Esta era tambérn a visão de Z,1va!a. Afirmwa, em 1833. qu\~ no Mé·
xico não '1;1\•ta e niin haveria dcmoaacía, pois o "despreparo" tla popu·
hiçào era (:non:w: ~egumlo c'c, por exemplo, :los du7H1tos míl vornntes
do Estado do México. doi> tm;os crnm ;malfahems, rne1adc niio tinha o
que vestir, um terço não s;ibia cspanrio' e trfa <pínlos crm1 insl.nHnen·
to do panido que estava 110 poderº Estava su'Je:1lendido m·ssackcl<m1·
çáo que os indk,s 11ào tinham capacid;.ide paw dc~1~mpe11har ~u;1lquer

nthidadc polilica e 1.;uc o ·pr:;vo" em gemi nõc ~<ihia foLN a escülha cor-
reta nm deíçôes. Nenhun; desses ídeólogos "p:)líficos julgava possí~el
que os índios, os mestiças ou o~ l;rancos pobres fossem capaze~ de
aprender por eles mesm::>s as regras do jogo dtm:icrátko e tlecidr quem
melhor os representaria politicamente.
A defe:.a da !ímitaçiio (los dímitos políticos pas1a pqr uma perspec-
tlva ilustrada t! elitista próprm dos líberals do wculo XIX, tanto na Arnê·
ric<t Latina como na fa:rnpa. Não quero csmbdcwr tJlEllqucr tipo de gc·
nernli1.açào abstrata, mas apenas bmbrar que m Europa, ness,J nwsrn;1
1~poca. havía um intenso debate sourc a queslãD tia soberania popular no
campo ídeológíco líberal. mm a proposição de urna série de mccanis·
mm legais para evitar a ·perigosa" participação política popul;ir. Esses li·
mites só puderam ser superados, peta efetiva luta dcs !(rllpos irnpt:dkbs
de alcançar a cidadania naquele momento.
Quem eram os dcstírntârios dos textos <lc Mora e Echeverda?
Para o primeiro. os homem proprietârios qce ;e destacavam por" 5U<J
virtude, seu talento, suas lm:cs e seu valor", e, para o segundo, "a par·
te sensata e racional da comunidade soei<!". Ambos eram libernis
com proµost;is políticas pa:a a conformação dos fawdos mscentes
que pretendiam falar pr;r aqueles aos qua;:. ::lirigiam seus cscr:to~.

41l !ohJ4 Jl· 110.


41. Cí.lm.k.J p9r Ch.Y:fe. }fale. ey:. dt. p, Ut
Opunhnm se. m~dianw argumentos rackr.a:s.;; seus lnimigos políti
cm por!erorns rlc'ntro dos sct:m:s dírigertes - na Arger;tina, os frcfo·
ra!hta\ resista> i! no Méxi~o. os rnmerv<td(1res ligado~ à lgr('ja e ao
Exüci::1. N:10 sr dírigiz,m ao,; '''tores poFi<n::s, qi.:P não eram rnrni-
dcrados í11terlocutorL's políticos; estes 1•s\"\<HL prescmcs cm M'U'> dis-
cursos, 111;1s como zm.,Jç;1, como perigo e. po1 bw rne>1:io, lnviam
sido dt\;dassificados como )lljeiros políticos, au.. sadm de ignodncia,
ck:sprqiarn. imarnrkhide ou irr.'lcíonalidMl<:. ,\s tcmôe-; ;odais !.' os
amagonisnws pclíticos eram o p;;nto de p:Hlüfo e cL.~ cncgada d•'SSl'S

discursos.
O ti:xw de Eclwv~tria, como°' escrílcs :h' \1nn, rr~pondi:.i111 Ü\
qucsrüe.s política> cob:adas cm paulil pela sitUZ!Ç<io histórica rJ,• sem
país<» l' cs!:ivam plen:imcmc ª''cquadm .1 "n.•alít!.:1de' :la AmNirn
Laliria. Discordo, pz.wt<:nto. da lcímrn e d;·1 ccnmução de ccrt:ts intet"
prr·t;iç·1i0s que stparan: ou Juotapõcm. de um lr:do, !; ··purismn" dns
pre~supDS!os lib~rai5 e dcmocrüth'rl> t;, d:: cu:ni, ª ··crua e ~iol0ntõ1
re;11idadc btino·m1cri(:<1na"'. ~iw ll<i scpa:-;·~·[10: ícf.:iim; <.• prátlrn polí-
tica estào unida~ pela dinàrnira p;ópria rli'> a.>piraçik~ ;; lut~~ soci::iis.
Czbc aqui :ndag<ir, como z;ronosw para rellex}!), pCJr qu? as
dasse~ popular<>s nf10 ;;:uderam fuer frrnte iw~ projet(Js 2ntid,.mn-
cr;íticrn idcaliwcos e ~osus cm vigor pdos 'etorcs ver:< m!ores. É
certo que eh5 nío demmi~trar;m1 passlvidarfo ou submissüo. Bas1:i
acomp<rnbar - e a bibll:.igrafia ossím o tem d(·rnomtrndc as rebe-
liôes campo1wsas e os l2vantcs tl"lianos durante o século X!X. Creio
que essa'i moblliüiçóes não corm'guiram congregar forç;:is politlcns e
wdaís mais abrar.gentc» para imprimir uma c:íreçfü; díferE'nte daque
la que excluiu os setorei populares do direito de cidadania. Entretan-
to. corno alguma> pesquisas rc·ccntcs tôm apm:t;.1do, '' pre~ença e as

12 ~i p.;r-:pctJí% i.;:i ji..ü1~p:Hlr;il~} {~~l'í ('fü àhdd do \<il11..'};J~, Rr!i:wt.~ fai,vUáI•' en e: ltw,.mútnra 1;ôiH/t
wm[>n<!~ \L'rn:~.:i. Síg1üXXt l'..171: Hil ~r~~!t n:r <• tt•;,.tfj ~1c r&irit ~d\l(!: dt• C:irt:d!o fp m«.~. K A.~ !·!1i.lJ
fat<tí tb f ,.1,.;,it"~·m {';,1/•m;;s dt lÂt:;1!/l, n. 1. '976
reivindicações popullres CXfTCS5Bs em diversa' 5it11açües tivl'rarn de
ser ievadas em conrn nas éedsões wmzda~ pelos grupos díri11ente511 .
Em suma. u quest:io da democracia e do direito it cidadania sú
pode ser entendida it lm :la análise c!e siiuaçfüs histórín1s esp1·cifl-
cas. com ênfase na q~1ES!ào tlas lutas sociais e dos conflilos políticm
que <1s envolvem. Se bu;carnios l'xplíca;õts a pnrtír <b 1:on<:dtuaçõe~
gené;'cas. como a dependência ou <J rE·rança co!onlal, eMaremos pre·
sos a t:rn esquema prec0ncehido que r.os c1ar[i a priori as respostas que
buscamos. (relo ser irnporta:1te obserur que as just!Dcalívas elakm:i·
<hJ> pnr ('\se5 liberais do sémlo XlX fornm, posteriormcn:e. zpr<>
pría<fos para instituir uma certa p('rsp~L·füa do "atraso" e do "'dc!pre-
paro • dos \elonc~ populares p;ira o cxe~cído <b dern0c«tc1a, <1 que
acabou trnnsforrnando·s~ em "vardad~ · inqucstlonáv.;l, '"fruto do pm·
sado hhtórico da ;\Térica Latina·

·11 ..._,~,, \X".>t {'Xrn4-lf-, u~1ret1dJ. ~/.i:'o1, c(«'H:<i/f( ;1:u! :V,i/.-:_,Jt .v!:e Jf.~M.1g <.l fr;.$<.><Ai.'!:Jl ,ikxlw JMÍ PtMI.
Bctl-';14T l:rn-.~·;·~lly Df CaLfon;a rH~''· t:ms. e th:rk T1it,;i'lKi., f~,'!I fo~ ~rv~Ui:S <i- Om;-UJ-ridd
(cmN;;.út:ivriS<:fPt;~Mú;ni.Jl V/l;:fü>mtH~ inAn':<:!t.? f't«>J, J~d~:i. !}:Jl;; U:•.i~L·~nr Prc~s, !iY)7.
4. Fobgrafü1 de Milítão Augus1o (J> Amedo. Vista ib l.ago ir Sào Frar.dsw em 1862
4

U~IVERSlOADE, ESTADO E IGREJA

NA AMÉRICA LA.LNA

.~·; ,~~ f,1 /,f; .u i1LrrJ,1dr.\ !.wuu t~),t_.):{J~, q~·a.-rti• .w


; (< ~ ~ i} !h ;if:Mh. é jA'!t [wi ;.V.'>m j (! drn t/1 ~~Í«H

~;..,.•iAí a., tir.·Húd

Dmant<; o século XIX, os libcrnis rnurnm cm dírnr>m paíY.>s da


Am('rica LaUua ,. com rn;üor o·.i rnc1101 !xiro - destruir a mú·cc;;dadr
co[1)rJi;1[ e. ao rn<.Jsmo tl'lll[m. comi ruir IHJ''~ i.nstiluíçfü~s educacícnail
ancornd;is na5 idéias do liberalismo'. Mính.1 Jburdagem sobre o tema da
universici.Jde entra pck campo da hís!:í:ía :la> imtítuições t das iófün

J. lmn';jw~i;: ~tç_·Jm c:x<~t=-~rb•, '~ lhmor<if.-:tik fji; \to Fik!'-',j~~ ~"mí,1.~n dl) Chtk, frnvl:Ã~J nn l7J~. foi
h.1.fa. a~~im rmtiJ <>i Rrnl ?cmtmrí~ V!1íw·i~í.1'.f.Hk do t~xirn. rd~<fa rm t55t Por o».:tm f;.iotb,:i Pní
fi'!

vt•ndJde ó;; S.iit) M;in-G. de l.Ama. fombd11 ::rn 1$5\. (•Jt,e r.ôdnli.J. ~:e l~2l, r;..iOS~lt'-.imt~~n1m.~ 'on
:svnr_flm ~b~:rt<\,. v.~r ,\.f;O('.t\' !-.h1i.) R<xlrt~t".'Y Cru1. !f:i:tril dt. l:u (.iiíHnMa/.:j Jh:p.m!.,\:?:iâ/";(/lf}lH
2vd?L J)<J)Vjlá, lrn::1.cJ ~>~ ~Cl1r<n'o, l'H1
qrn· de1em ser pensadns num detrrminado rnn'.fXD sodopo1itico, Para
l'ntender a imtitu\çflo, é preciso l 1fü:ar as cone cpçüt:> filosól'ir<í\ qu': a
informan e nas quais funda su;i h\\itimidadc (:, a) nW>Hl'.> !Pmpo, cru1it-
las rnrn o mundo das vicissitudes p:iliticas, <·nlaçrnd<H\S C)ff. :1 sodt·da
de na qual nasce e da qual drpPndt'.
ESJ::olliendo a!gumn'i sorícdn:les l<itino-arrndcmas. 2 comparnr;ào
lcrfrse mostrado hast<mt<•. es:imuf;nte no que se rdHc' iJ quest~o ()3 uni·
wnld<1tle, poi~ ainda que was C\HlC('pçüc~ ten:1zm silfo O'\línwntadas
pelas me1m;t1 idóias fílmóficas P ;Jolitkas. l- possi';el acoinpanhar, em
paíics difori'ntes. a proposiçfaJ dc· snlw;ües até r11em1n op:J'!as. 01 cm
wrnrnws i'fl!rl' ldeía'i e conílítns ;..iriopol'ticos 'ÜC a chal'c parn com·
preendt>r tais ap<!rente\ inf<:}ngn1êr:cin~.

:\a :\1m:Tica Espanhola, dcpoi1 da irnlep'?rt:l'.'ncia polític;1, :-irm;i w


um grande confronto t>ntre o~ adv1.1pdm <h n:m.aençà::i da uni1t:rsida
de colonial em propugnatlcrcs da lmpk1ntaffo dr; urna r:ov;; institulçi\o
moderna, alicerç;l(Ül nDs principies libNah. que enendiam os ;1n1igo>
es1::ibdo:ímer11m mperíorcs como ~ímboln dn at:~Wl. J:i ; ;pn:ssüo l' tio
domínio da Igreja, Está anunciado o conf1iro - «ngrcss;,do, na ,jcgunda
me!ide do srcuh p(•lo5 posilh'ist<Is - <·nlrc libcní< t· a Igreja Católica,
No Bra,i!, s;1o também essas as <:m-:-entcs polítirns q1H' 1-{10 pcn,ar os ru·
rnm da edticar,-fü; mpc•rior ll<J país,
A 1:srolha dn Cl1i!c . .\léxico e 3r<Isíl JMrii ddmer:rm (·,sas qu'~>tÓ(•s
par!'f'l' 1:1!' arlt·;Fli•da. na mt'dlda r'm que, nos Ir{·~ país<:s, liberais c;itóH-
cm e pcsiti\ísm se \'lfilm cnvohido1 em lnng.H p>lh11ira;, Cjllf' r('sulk
rarn ern soh.1çô•~s d~ver<;ilkadas 1x1L1 o l'mir 10,

~~''Chile, em comparação com os ornr1» dei~ pii:\es escnlhídus, a


cri;1ciio tlP 11mJ universidade nacional, C'lll 18·13. foi !xistante precoce.
1\<ompanhava a consolida\ÜO do E,;tado Nar:ond, rn;as bnse> haviam
~ido plantadas na década amerior pelo comenrid:)r Dic•go Portaks, Lí-
ber;,;í>, cs p1/Jio/os, e conservadores, os pel11nm•s, dis1;utavam o poder no
Chile, Depois da indepc-ndência, m liberais, com(: Bernardo O'Híggins
e Ramón Freire, dominaram o país mas dPpoi; oscomenadures chega-
rnm para manter-se no poc'.er até> ~is anos dt 1860. A universidade, com
urna cara moderna e libNul. fui ctra dos gc•:emm conservadorts1.
Mas é preciso acompmhar os antecedentes (10 rna ('t'íação. Noras-
tro das pri!llciras vit.órias dos inde;iendemístas, fec h.:inBe institui:;ôes re-
ligicsas, entre ela> a tradicional Universid~de de SZü Fillpe. Anunciando
os novos tempos, fci criado, em 1813, o Instituto :\Jcíonal, !ilsão d~ qua·
u·o ímtítuíçõcs edurncirnnís ~o!oniais, por um grupo de ííu~trados cató-
licos, corno Ju<m Egafüt e Ca111ilo Henrique:. Por ism mesmo, r;iptura e
mntkuid11de no111·ívian1 nurna dula fealdade. poisd0 um bd-Jtrauma
eKola iJUf' çc colocara. conn afbnarn o próprio !lnt!K'. dentrn d!'I es-
paçu da nov;i nai;ão. m:;s de outra con!int:ava a i1rd1:nar padn·s. num
daro re~pi'ito ;:1 vdha ord:•rn Çmndo o pfndulo faiorerc>u (h n~atistas,
cmr<• 1814 e 1818. ahriramse nwarnenlE' inslituicõcs rokniai;, ín- ª'
duindo a Unil•enida:k cb S5o F:líp1\ r· fedH>u-se o lmrituto t\acimaL
Consclídadn ~' indqwndi•nch. o Instituto !\:l('íonal voltou a l'Xistir. assu-
mindo uma ponura ;inttdcriral IHstame forte duran!e os go\'erncs de
Bernardo o· Higgim ~)de Ramón Frcice e píepar;mdo-se parn dcfOí Clll
bates com a Igreja nos arms 1egui:ttcs.
Foi pn."cís;;mente um c:mflii.o o:m1 o lmtituD Nacíonal que deter-
minou. cm 1839. o desaparc·cinrn10 definitivo 1fa Universidade diJ San
Filipe. De acordo co:1; um lfrcre:1 de J823, somentf· m gradu.1dcs do
lnstím!o Nacínnal 1:nlla:11 o privil·5gío de obll'r grnm universithír;, in-
dicanr!o a ofcn~í"a do fa1ndo no tocante à educação. Enrretalll:J. ()rei·
cor e o clatmrn da univenid.idt• ignoraram tal <lerisãv, di>tribUndo
gr;w~ parn formando-. de outrm '~~ubt•lecirnPnws edurncionai\. Mam!!'I
MonH. reitor do lmtituto tiadcn11. denmnsuamlo força polüict fJ('S·
wal, que fu!Urnnu:nl<~ o levaria à presidência da R~públíra, venceu a ba
talha, e as porias da instituiçàc c•úmial foc:rnram .1e para serrpr<~!.

FS'.f fa'.'",..- h:'''> W'H),:!..{h <1 idil::(<,1),'.inli,~ d::;hi~ ?;n; w:i ll<'•i:~ fXH'.~;):q • >l ifrk;~~', ~Vi oi;fr~··!'; ~x1~\;11 !1 ·~I
6
!m1imdon.;:Jtl.1~: Lil"·H~:. \ t!iihN\é&i.kn d V1i!1: :·:,'dr!;C:1(mi'1° i·m !.ii,,ra;i:•i, :tH~t:i tfa l!nwn<bt!t ~k
'Lka. ::w0 f.. EOt "~". "i'.~(fa, "C:id.t:'.I fhó fk.t:~.~- i':;lí~k~J Dn::,lf1.,dkf~C;i><."{i1• Ciilt· h': d Sitü .\L\',
('lfl ii't.t!;t-u# i!aiH:)/'-.JâJ, JO()N).:J~ t:d h:·fÚl!:> fr<:+r'.<f•ÍO. \;~Pl:.clt.fl, f\ 7. l~X:t
:1. VH !ü:1,\úsk. i1'"&!MitJ': N1!Jl'h in O.:k, );b;r.1y, ~wte t:rh~t:r'%{Jiof •.;,"" Yuk fiN\, ~~8'.l.i.:~J~ 1.
Ern 184:3, abrb-;,; a Universidade do Chile, C'.)111 estatutos escrí·
tm por ,,\mlrcs Bcllo. qrn• foí seu rnímeiro rcí:.or. lcspirada pelo mo·
ddo na?oleónico. a .nstrnição, cm:: um,1 estruL11a ccntralirnda, foi
pcmadacomo nadoi:al ecobcada s~b a êg:de co Estado'. A Igreja ta
;ó1irn não lC>c: força aolíiica para 111.1ntcr il posiçflo hcgcm!':nica !cm
gament;; desfrutada durante o ocriofo colonial e contectou·~l: com a
manutenção <lc algums 11rc:nigati\·as. cnnn a uhríg;itoriccfauc do Pn·
sino religioso em tcd;s o• e;tabPlcci:nenrns dt! ensino.
En:retanto, rw principio. nZ~o h1vLi a:1'as n1 urlivcrsidad'.1, poh
81,i, cumpria, de inic:o. cutras funçôcs entendidas rnmo funéallll'll·
:ais. O projeto era or;<iniwr un'. sistu11a edu:atho nacio11al, concen·
lrar mi universidade ns pxkrcs de um.zi supcrL1tt':idêm:í.1 da cduc~1·

;ib nacional, dc~dc a primei ria 3l~' a mperk>r (rmifo:.iorwl), passando


;Jt!G sec~mdú1ia. Só <1:gurn !<::npo depois, ~ insti:uiçâo paswu n ofere-
cer rnr~ose a criar f'l•)'lal ea~rcíras.
André's 3cllo afí:1nmJ no rhnmo de i:nugurnç;1o da universída
•k que esta, pilra !\<lfantir ~.eu !ugm enlrc ª' L:-1slituiçiies sotiaís do
país, tínha que cultiv;: ;u c!tncias t é!i fetta~.
sl'm c:imiderà-las perigo·
;as do ponte; de vista mora! e pulítico'. Pa~il Bcllo, que pensava a uni·
"c:·s:dad;:, guiada por unu forte oricntaçfto rnonL ~1 cullin:i das cíén
rfa.s e lelrns exercia LDJa rrofunda inluf·nei.i pclítica e: moral sobre a
1oçietladt•. A vt•nladc.rn 1Jrefa éa rhilíza.ç-ão as5enta";a-se na rfü~emi·
nação, ror meio da o:iucação. d,1 rncral que náü podia se separar da
"eligião. É assim que. m bdo tk, im~ortancia 1nr ell• conferida à re·
çentementc uiada fautd11dc de Fi!csofia e Hmna11idade;, rcsponsá
vei direta peb mpervisàoda educaçâJ primária e pc'o nmnitoramen·

A ~.h1ht=:Fid,ld* do ChH~ :.>. urrtt~:r;.th ç~:; Hlrrnl P;i.r,,Afflt•du J<1r:~:) u-f..k'.t. op rit, o ;.o<:..nlo \ibN~( ct[~
bri!UiÇâ.), no stcufn XlX,cri,xb::ad w~i ;.:cm'Mr imp:::~nd. pv.s o tb.~nfürnn pd:i fgii.;o.·;, <J ppd p.i!Ai--
r.ocla ~"'·nu w=dhK, v·u ~z<t, -OJ dido. rn;~h.aJo p.ar:J ~1e' 1,1n rwi.<Jd(,1rie n0·r: ~·)iS!"· e. ~p:r..Lt :\~
iru'.J!uíçfl.:~ l~taff ;'onctb!1.Ls ;:;ma fn'i:côJe~. ;>toôrnrs {fo c;llrn \~ f~\ff\<H o e d~r~gid<h a, uto Lrn utílitíi
rk.i Er~ um ptoj-HJ fJIJI?' tintP'tií.a .:.i..wr-..u as trmli(ó.",do f.>Ttl-.?;~~ e ~dJ.SHHlif a H~lfm t,~n.fom Pl.'la 1Krta
11 xcct.o krnhrH que Bdh e:. bt~r d('-'Ol.<1fot!os ft&oíús da li ,1mícismo c~:ocú G.'1:o'..Jnt<tJ. Rd·:'.l, Du,
gaU St<-w~n. Thomas fücl.n) K.'Ol\'!"-<Jlkmkh~ l!;J p1"$ped i•·" fie qur: 'J$ IJ1HUt< i~/t.~'>- ·~lt;çu, hnJh tl~\t'·
ríMl M; a--sentu :"<li funda;f!:Cr1~ rn:~.)ri:ot. (Ãnb(nJ h'án )J!.sk. ap. -·Jr.
to do ensino de filosofia nos cursos secundários. fatia que>liio de man-
ter a Faruldade úc Teologia, com professores da <Jntiga Univenidadc
de São Filipe.
A universidade instalou seus ct:rsm e se abrin muito lentaneme
para novas carreiras, como a medicin::i e a eti!:enharia. Procurou. an·
te:; mesmo dn "em do po>itívismo". valorizar o "mnhecimento üU'",
com incentivo à formação de\sc1 prof:ssionais. Pr:rém, 1v~ru mem10 a
medicina gozara, naquela metade do sóculo. d:.! prestí_gio seda! e tau;-
pouco dispunha ck professores prcµarados para e:isirwr". Dos vinte
membros fundadores das faculdades de medicirw e ci&nd<'S rnatermí·
ticas e físicas. a metade em formada per europem. Mas as mudanps
se faziam sentir. D<~ duas cátedras, na (!locada de i:no. com que ;e iní·
ciou 3 t.bcência de merlícína, pa~\ou-se a dez, em 1872.. quaml,) ap(;·
nas dois de seus professores eram estrangeiros. O )aixo prestígio
social da carreira (depois d<: 1870. o q<H1dro vai :11udindo) prnlc •c1
rne<lído pelo foto de que dos 51 licem:iado1 cnü<' 1854 e !870, 23
eram c~tr:inf.leirrn. O caminho da engenhnri<: foi mais difícil. 0; estu·
danll's dessa carreira eram os mais frntos e indisci:Jh1ad:is. ;1km de
serem de extni~·ão ~ocial mais pobre. As <'spec'afübdes preforiJas
eram b<1sirnmente as de topógr::fo; ou de l:'ngt:nhc;rn~ de rnbas. En-
tre 185'1 e 1870, formaram-se apcn;.1s 128 estudan:es''.
Em 183G. ,\núés Bc!lo, num artigo ínlltul;i:l;; "Educ:1tión". de
fendia a ídéía de que a educação dcwria contribui:· pan a m:íxim;;
foUchlade comum. Entretanto. entenda que ío:!n., m homens uiin po
díom reccher ígu,1! educaçiío. porque entre i:íes sêmpre haveria dcsi·
g.uald;1de de condiçôes, de necessi:iad('.\ e de mt!tedo• ck 1ida. Ainda
qm: todos dcve~sem ter alguma cduc;1ç.10. era :Jt«:cisu que as d:fcrcn
ças ap011tadas se ;imoldassem a ela. Ignacio Dwxyko. sucesmr de

G, A r~!r\illbd<' {h~ M1><~J.: f'a finh;J (COKl ÍUE·;~rn primr.>nh<'tl, !)<'S..'Y~ p:mll'.. fl) p~nü.:ki, a \·dk.a-;;ào:.· cL.;s
~J1p'.J,;~l<:h \:X- S'lLtllK:',f(J.._ í~':.;(l;>1;1c~\:. UJ ff:Ú\:pl(~ d•:~~J.\.3ln VXl'ftt( .;J )TIJ.$.\f*' Ü.:f:<11Hli."1l1i'..
ínfo1 n;;1çô·•\ r'(~lir;~J,l.~ dt~ Sol S.:rr·,1no PCrtv. 'Lm l)t)!;Jfí:<J>; th: t·1 ~'n n~n:1J1.d â~ f'hik'en t~ fr~~v.dici­
n-\»fl tkf E~ta(b (1842/187~1)" em l?d1rxf:;tffi wbr~ H:~~~!JXiJ, n.~fiuraJ'RrJr.hr p,b~i<Wf Jr-rnm:,1 !e J!ia:uh
r,:Hh>:>rs.t!, !'i<tnr ~ag•) r(!i·"'iJ;)fü"S- lJH1'.'('(}(,d;-i{: fa!t'Jh;J (li! Clülc, l !JS3. pp. I; Jl Jl
SB

BP!lo cerno 1\•itor da UniVN'Sidnde do Chih\ dPiXJ~a em: ponto mai1


daro Aíi1 mava que a ucic:lade chile:w e~rnrn dividida cm dua~ das,
ws: um~ pobrt', que l'ivia do trnbalhn n:eritnir'o ú: suas 111ãm e quP,
portanto, nan dispunha d<: poss!b.lidades d,~ p:1rLcip:1r da vid;; fHÍ·
blka: e :i outra. que (ksd:: a inffmcia ~e c.;stin;iva ;1 fornnr o "corpo
gm0rna:ivo da R0ptíb::ca'. D<i 1fü!on<1 maneira, a educação püblica
deveria ~lívhlir-s0 cm doi> ramos: c•d11c.1~«io prírnári;:i ;nrn a primeira
classe e imi~ução superior p<!í·a a segt:nda'.
Com refação aos 5e!OtT~ mais pubres da popi;L1çiw. o disrurso do
cônrgo )nacuín Larrnín Ga:1dadlas, mdniwo d:1 bculdad0 d<• Troh
gh tfr, Uaiwrsidad<' do Chilr, •' e\prn,5ivo rLt pmiçfü• Jas dif!·~ ( hí!i·rn'
dn período. Num discur;o na bcu!dade dê· H1mw1idad0s. anrmm;1:

do' ll<;s { Ul\(~S 1!1' hu m:trúbdPS i,. ,j. N <L· as t"~~r ,-1: ri uito <K~}%h ri~ à• ··bi~(.'\ h<.'L'Xi!~ 1 t:~ ~ü::~uh

dt-. O l}<Jt~ f<adm .;~ p,th. -..~-O'.$ fi.h<)(. ti( nin1porF:>1·s e •~i ~t"dH'.\ ;.fotw~vu.i:~rn a ni~~dir;)n t•i11 (PP
(h <iJh><.:w...:: J Pr<Yrnk~~ei<t para n·mtn.'- 1.:", nn HkÍ" d;';; ~· 1 •1,• ... , ''')) pedanh'.!; rJ~'í•t'>!Jç, j ! "l'ff' <u
lüt:ada\ tTu..rnu po.ü\àiJ bba !1' 'Jnt:1Z1f ;)o lUT ~N avu::i;lu â :><odnfJi;t',:' ~

O projeto da Uni\l~r,k'<11Jo r l!ú·na aprns(:m:w~-st· t:omo !i!J•'ral e


nacional. Cominlia poderei p:ira norrn;ü inff <' plnrliflcar a t>ducaçãu
dn pais Pm todos o~ níveis. Deverill e~tm J serviço de fonçi'ws 1.ítei<;
para -i s<\cíedade e. ao mc-;mo tempo. preon;par-se cem flnali\b(\es
mora.s ' ctiras. Como bor«s liberais., não deixavam de M'.I «lilísta~: "
uni1er&itfode pretendia ílu~trar e formar a dite polí!ica o tulwml chi
lf'na, ri,ipomirel por r;<'m.ir m prob!CJfülS da nação. dirígír seus des-
tinos " encontrar as so!uçôe' ;mm m prubh:rna> d«lectados. Alcim dis·
so, punla-se como tarefa o nescjo c:c• íornt·ntm <i b0m mornl do país,
educH o '·ccrpo de cid:ldfms" e "inculcar o esp[rít.o cf"ico rrpublic;rno"

S Cl!~1(~,:i j>;: Caifas Rwot, ··f~ud~. Polú;a. y f}{•rn<>crXi<.L U C:ti.0 1k~ Chfr i.-1; e! Si;;k' X:X', (J~~) Rr.atid.1d
Unil.,-t'iiMiJ Hf},4..·hzt14•f f:i3!úimPrrl,iJ1,,._;ó, n 1, 1Dttl pp. 15-lt)
9, CL J~;iqdn l..oHEifn C<1ni1<1rU!.~\ d.;,,r.1 tf';.~) ct;:s ,r~q:Gmçào [1 Fxuld 1dr-- (:~-- r~mn~:mji k~~fo~ 2~) ;,;_i)f, 1Kfl.3 ~lH
AmL>àÚ l:nit1'r~ifl:tdd,0C!úk, ~.<ntí.iy:, Impt Hi~~Nat"%t'! .:11. l:{'.l], a;;~.âkíü, {\.rlo:o o;;. th, pp, !ti -17.
na sociedacfo"'. Outro ponto h;í~ico e, em verdade, inm:;;dor p;1:-a o
país, era pensar a tmi1·ersidadc çomo parte do Estado. que pa5sav<: a
~Pro rl'sponsóvd dire:o p<·h1 m<m1.wmçào e ampliação da du.:açào no
Chilf» A íd\'ia da <'duca;ão como modo de "civilizar" a su:b.IBde re
cêilMaida do mumlo ro10:11ill f;Xpressava-si: !líl pcrspcctha d,, pensar
a naçào como pm·te <'o rnundn oddenra: "civilizado', ah~no à~ rcn-
quistas uníH::»Jil, m<íS prncu~eHidü udaptálas ao Chile. Essa univer-
sidade mode1 rn; era apr.•srnt ada conn :igente do progresso, propaga-
dnra de idúias novas ~· dt.~finia~so con10 a nt•gtt\~5o da ordern .lntccnc
do passado c·,lonial, p(fflmto discintc <ia c-;co[ás:ic:i e Jo conlw~l­

menn e.speculaUvo.
Porém, a ecuu1(.ii) pública vdt.lda l"'ra J; mullwrü i:ão fatia
p:lrll' das prt'OCL!)<IÇlV'\ dcs lih•'riliS. ;\ 'nwrar da\ <ihlOi!~ Óf",·ería >'OH·

tinuar presetvJd;t. "'tc.nge das !r·ntaç)C$ do mundo", garantíd,1 p<>la


prnteç5o da lgrc·j<;. O lib~rni Zora\Jz,bel Rodriguf?l afirn1a\;,: 'Os li-
tl'US para rnulhcrC'' a cwg<l do fatat!o nãc, serão outr;1 coi<:i ~lniio wr·
d.:idelrn.~ bordéis r·ustrndo1 ;ielos rnnu·ibdme;. A palavra,, tíurí~sima,
mas(: a ünica qm: r~xpre~~' rom e:iotidão nos;o penmm:rtc: ".
O Estado dí:·i;;kb pdo partido rnns,'rvador favcreci<- ":a:1ótlm
nco'ssita\'a d.l pn'sença da lgrej<1. que cnmEguía mantc•r \';irini <k :1eus
privii•':gim coloniais: rnltn pLiblíco (·xclu~ivo g.1r;i111:do pc-'a ~onsti11ü­
(fio, controle sobre o~ atns leg;:ls da v.da privada, cmino obcga!órb e
cxclusi\'o tb rl'lisíâo catóLcJ em lodo.; os e<,tabolecirnmtrn ele ensino.
Todavia, 1l Estado firmara >~u pa;x:l nn campo d;i l'd-.ica•;ào. abril:dn
uma brecha perigosa para a hegemonia da Igreja.
As tensões mtre o Estz1do e a lgrc•ja cro5ceram mm •} ;mnço dii\
idt':ías posiiivistas e o <!spa~·o que elas ganharam nc à:nbiw il gc'.Jwr-
no. O já eirado Jc:quin Larraín Gondarillas. HH.•mbro da Lcuídatk de
Tenlogia da Unil<::sidatle do Chile, preocupava-se com a avanço do

H'; C::rihi.rn1•' ..\1~·rf!\., ;nwi'.~r'~ f hh, ep. t;i'.


11 T,·· ..:!v, 1H<.f;J•l·~<; dt• ;, Lat;ct:··;). Uúw~:J :.i.: J,-1 Slli'".J:.<..j f'~ ChiÍ1', .S..:.n~;~g~. f\.1Hi> M;tni." k~ h ;,'ntn.r·
<;;:td tfo ('Uk, 19J9: ;lp JS!!·lKt { ~.idn por C·f!,)!I ~llll, ~J eh. p. ;~2,
positivismo nas salas de auJa, que para ele era ªuma triste filosofia {fUe
prega o materialismo e o ateísmo"".
A reação católíca baseava-se no crescimento da influência pmiti·
vista, assim como na ccrfozo de que os positivís:as fazíam e>forços
bem-sucedidos para transformar o curricu!wn das escolas. Em 1879,
Diego Barros Arnna col.aborou com \ligue! Luis Amunf.tegul. ambos
1impatiz<mtes das idéias po.;ifüistas, p<1ra escrever· a lei de educação se·
rnndária e superior, na qt;al se institucionalizava o cnsíno da dê11cia
e se propunha a eliminaçifo dos n.:rn;mescentes da etiuc;:içáo religiosa.
Para algum posltívíst1s. como Juan Enrique Lagarrigue. tão im
porwnle quanto a ensino c;emífü::o era a eduraçào das nulhen~,, pm-
4
11ue. em primeiro lugar, iria livrá-las da Cscravidão da religião". Dizia
de· "Nossas escolas para professoras são dirigidas por freírns, que só
sabem pregar e rezar [... l Que pena para o progresso! Que pena p;ira
o país!'· 11 • Amunátegui, na qualidade de mloistro da Educação, havia
permitido que as muiherei obtivessem graus profissionais e frcqüen-
tassem escolas técnicas.
A ameaça sentida pela Igreja foi tão forte que a levou à fundação
da Pontifícia UnlversidadeCatólica C:o Chile em 1888, cujn primeiro
reitor foi o já conhecido J01quín Larraín Gandarillus. Hqwe~ent;iva o
primeiro desafío, no período poswrior à indepemléncía, ao controle
do Estado >obre a educação superior na América LitirnL A defosa dos
estudos relígiosos foi uma resposta ao~ ataques do Estado e ao avanço
dos positivistas.
No Chile. o Estado NJcional organizou-se e fortalcreu·se muito
rapidamente depois d<1 independência. O partido co1m~rvador, de·
fensor de muitos dos fundamentos liberals, criou uma universidade
nndonal que se propunl1a <i formar as elites dirigentes d;:i pais e a pen·
saros problemas da nação. Por ouro lado, estimulou a criação de car-

n, Larrain Ci.mrfa.fill.at "'Ex~um~not.". p. 7.fJ. ::itadó pa; Í\;vda~\o:e, r.p. tíL p 45


H. Cf. Ju~n F.::irã1-1ut Lagarrigue~ ..Neccidad de w10:: Gran Reforma ~n la faw:,l.~tv.{t", llo:fu;d.:/uittr.t,
u. W. 1a·re. tí1ado poc lvàn J.OOíc, !1J'th.• ?P· 4(~?.
Uiil\'[P.lllJ~CE. lHAllC l IGRU NA AM(RIC~ UHNA 101

reiras técnicas. como a engenharia, que vísava á produçf-0 de wnhe·


cimentos títeis il sociedade. A Faculdade de Filosofia permanecia como
que a guardiã moral da institui~~f10, encarregada de passar para a socíe·
dade esses altos valores. Mas era n Estado quem detinha o podtr sobre
a universidade, alnrla que oferecesse algum espaço à Igreja. Esta se
manteve em posição defensiva, até quE o~ positívh!as, mui1as vc1m alía-
do.~ aos liberais, pressionaram de tal forma que ela tomou a olerniva,
criando a primelra universidade católica moderna na América Latin;i.

No Méxíc(l, apôs a independcncia. conflitos intemos eine líbe·


raís e çonscrvadores mantiveram forie inst<1bilidadc politka. que se
trndutia na constante troca de governantes. A Igreja rn:ólica, muito
rica e poderosa. alinhou·sc ao lado dos comenadores. !uta1do pela
manutenção de seus prhilégím wloniaís. Sob <l égide da lgrt~<. a lfoal
e Pontifícia Universidade do México que começou a funcionar em
1553. permanecia torno a mais importante universidade do período
colonial na América de colonização espanhola. Mas os novos tempos
trouxeram dificuldades pam sua existência. Foi fechada pel:1 pirncira
vez em outubro de 1833, por determínação do Hberal Gúmcr Farras.
com a justificativa de wprcs<>nlar tudo de negativo a~socía_d11 il!l passa-
do coloníaL Josl' Marra Luis Morn, rnnselheiro de Gómez Fn~ías, as·
sim resumia as razót•s desse ato:

A univcrãlt!mh: Ui;monstrou ser im.1H.• irrf·f~}!'rmht~~ [Jtd e jW.·rnkío_stt, rnu1il p.•qtw Hdi\
n~J<k.1 s.t rnti1~;r~ t nath1 :sz~ aprem1hl; porqtc- n<.. CX!.i:nt~~ para os W,;\US men0r.:i n:irn un:rn foi·
malitLd:e e para os gr:mi rn;,·-0res. muiio cu;tn·o~ e tlfü.ds., r:apa$:cs d~ maLllr um t11Yj1\:ü1 t nàn
de qua\íirJ·kl: itr.:!fcrmân::i1 pcrctuc toda u:fon~1a ~upúc ª' b$S(~~ do anhg(1 ('Stabckdmento. e
sendo r:s da or:i\'CJ~ldade frlútfis e não (.<m:"'.í11:nh:H.om M.'U olrjN<L Na indt~ç:en-;áre! foé,ki <h>
sap<;n..>-ter: J, .. j a urú\·crskradf lüi c:x.ms~tlfrad:a tautém pf1'rnicim,J P'uqm: cfa~.t :ugar 2 pcrd!'I de
temp1> rim es/t;(kJntc1 [ ... ]".
Mudando u> ares polir.ícos. entretanto, f('abrl!He a imtituiçiio,
nr: ano seguinw, por ordem dC> governo cnmcrvador de Sama Anna.
A gm~rra civil entr:~ 1fbr>rili\ e wmen'adore> apro'undou dlfrren·
ça> polit.icas e ideológicas, n•afirmando a posição conserv;1dnra da
lgr(tia. Em setembro de l S57, com a viaka provisória dm liberais. o
prt>sideme Comonfort determinou de novo o fcchamenro da univer-
sidade. r'.m março de 1858. os conserv&dore1 a n•abriram. Enfraqm!!:i·
da per tanta ínstabilidade, <Hluncii:va-se seu fim Ernjrmeíro de 1861,
o !ib0rà BenitD Juárcz ordt·nou novamente seu dcsaparer:irmmto. E.
por ultlmo, o ímp<~rador Maxin:ílimo11, r;1w nem sempre mostrou se
afinado com os co:m:rvadorcs que sustentêrnm 5<'LI g:Jverno, dctcrmi·
flCU (;UC SUJS poria> fossen CC'f''ad;iS, J),~ssa VC!, foi parn .~cmpl e''',
Ernrcianto, is;o nfn s:gnificou o desaparecimento dos estudo;; su-
pcricrPs no país; continuatam a existir escotas de direito. medicina e
engt>nharia, embora nào em seus melhores dias. Pnr outro iarki. a füo-
sofia, nib inteiramente liberta da em)lãs'ica, tradiciona!mentro tutelada
pela teo)ogia desde a unívcrsidade wlonial, deixou de ser ensinada.
Corn a vitória dos liberais em 1867 lidcr~dos por Bcr.ito Juàrez,
imediat1mentc chamou·se Gabino BanTda - rcet~in·chcgado da frJn·
ça, onde conhenTi os rnrsos de ftbsofía de Comlc - para que orga-
nimm~ o sistema nacional de edu~ação do pais. À pnrneica Yi5ta, uma
gonde heresia, poi~ os ;)o~ítivistas 11iío 2crcdita\am no p;1pel do Esta-
do como responsável pela cducaç;io, incapaz, cm rna perspcniva, de
prornovtr a passagem do e~tadn metafísi:o em r;ue se encnntrava a so-
ciedade mexic;ina para o superior estado positivo". Entrcrnnto, os

15-. )s (OnJCN<'Jdtin'% Lt>':am l'HrWi..'flt'du !\-f;:t"':tniltt1<: ,1,\ Ál..\~f<a ::t ~- tr~RFlrnm.n. ~~ p:.w1r dt" t~I, 't.~m
-:np~~a-i:u l'kf) Wif;\iU~nos Si~u lf.>w..n1a fa~ >:-trf\T'i~'lo fll~b gt...'-~'~ª dfíi, qul' f~TOJ"Jt.kt ..-.0111 ~ \-1.•.irúi.
WS d>('r~i'i. l;,!,axlntJ!iauu ioi Cl)H,icnüdt1 à rlM~tC vr (u,:il::1:tWl:tt: l' f':'(\~lll;;{k,1 01' !~67, cf~~rl~';fl'i.ft,10
rn f; ;l::d~r d<: Bcnârn Ju;r.>.r, Jid~r mix!n:-0 Cm; UwGÜ~-
HL ün{onU>~ o texto bastm-e tradh:iürul tfo G, f,\J.;.~to Garna Snwt. Sfo~ü:S !-iútciri.c <fl :.S Ur.i\fhi:ta~i de
Jfixim, ~~xlco. Unam. f!fi~l.
17. fara o P.L'-i!Mmw, \'i·r <1 :í~bafhr-1 l~e L.~p..ú:to 7.e&, El Pwitfri:ma .,~:, .\ft:.i-:o, Mi:'.xit·o, f\aafo \k Cuhu
ra fomó01ira. 1913.
UNJVB!JGA[)l, !\lf,CO r lGRl!A NA AMU! CA fAT!U

conflitos socíopolíticos mexicanos leva:-;1m os liberais ií COrtlfJr?ensão


de que era fundamental derrotar a Igreja num de seus redmcs mais
fortes e tradicion~is. Era preciso alijá-la da edLcação e fazer o Estado
ocupar esse espaço. Na medida ern que o corvo de idéias pmítlvístas
propunha soluções claras, definidas e pragmâtkas. os governantes
mexicanos apostaram nessa diretriz. que deveria levar à derrota da
lgreja e dos conservadore.;
Sun d(n:ida cs liberais fornm bem suce<lidr:s em s<?u projeto A
Igreja, derrotada na g..ierra, foi obrigada a rec;a1, e o Estado ocupcu
seu preeminente lugar na eduoi;iio. Os positivi>td> foram g<:r.hando
poder político. até brmarem um círculo esm·ito em torno do pre~i·

dentP Porfirio Díaz (l 87G·l 9! i). que governou rnm mão de ferro o
país. Cabino Barred1 organi20u a educação nacional. i:;ropondo tl'.ll

t'minc homogéneo(' centralizado para mdo o µaí>, Criou a fümla !~a­


cional Preparatória, que c'.cveria preparar uníformememe os eitu<lan·
tt·~ para as carreiras profissionais. .'\. proposta dessa escola devera 'ci·
mentar o único meio de condlí:u a liberdade com a concórdia e o
progresso com a ordem. A orden1 íntdectual que e»a c,ducação ten-
de a «~tabelf~cer é a dta\C da on;em socia( de que lanto tcrno1 neces·
sirlat:le"".
Porém. a ídt'ia da criação de umJ univenidade. avessa t:D pmíti-
vismo. não foi aceita. Mas aç amhigüidades prmseguíam. rn<s Justo
Sierra, llgura dC' des:aque entre m positiví.1tas e próximo dos drct:bs
do poder, propôs, pela primeira vc?,, a fundação de uma Unht':sldade
Nacional f!m 1881. Dizia pretender com a criação da lJni;ersídode. 'ie·
vantar o nível científico de nossa sociedade ah! a maior altura possível,
o que tem incalculán~! transcendência sobre o prngressc gemi'''.

lS. f.-~lln;) Barwda. ~c3.f1.1 :i ~l.a:rfaru füv.t P4Jadn ~. em h~p1Jfd.o 'lf!il fo -g_.J. Pe~.>.'1-t1Jr:-itn ff'Y..'!J\ftt:1 l ;ui
0

11mimtlhn:-1. Ca.i~J.~. Ihf:lt..ltf!t'::a Ay-dr."Jdm. l~ p. 17


l9. JuSlo ~L'ffa, ~ l l< Urárervif'01:1 Na::k"~ .... i'm L<J Rept:blit<..1, Métc:íut t7 fov. l881. titr.do :w: Miiria de
Lourdes Aka: ado. -SobM: :os Origenes, de ~.-. lfriwerskla.1 Nãtionai.. ~em MrmOli.1 drJ Segtiít&& En<:l.:tntm
St!ÍJlt Hi.";tarf.1 t!~ Í3 i!:tft.'LrJ:ii..1d, Méxt(O, C~/l!ni.m, t-93&. p, 100,
AM(RICA <ATINA llOSCCUln XIX. HAMAS. lE"~ (. HX'!OS

Para tanto, queria orga:iízar uma Escola de Altos Estudos. de.\ti·


nada a formar espedalíslas cm conhecimentos práticos. tanto cientffí·
cos quanto literários. Desde algum tempo, advogava tambem a criação
de uma cátedra de história da filosofia m> ensino superior, pois não
bastava, dizíá de. repetir que a metafisica era inútil. porque isso sígni·
ficava exercer ·uma prmsão despótica sobre o cérebro" dos ahmost·1•
Trinta anos mais tarde. no dia 22 de setembro de !910. Justo
Sierra, como ministro da Instrução PúUica, inaugurav2 a Universida·
de Nacional. foJ constituída peíe reunião da Escola Nacional Prepara·
tória, do Jurisprudência, de Mcdklna. de Engenharia, <lc Belfü·i\rtes
e da recérncríada Escola de Altos Estudos. Dirigida por um reitor e
um Conselho lJniversitárlo, subordínava·sc <.O tvlinistério de Instrução
Pública. Tinha também por objetivo C:)ordcnar as funções rias e:1e.ola.s.
existentes e criar outras para realizar a cdurn.ção nacional.
O díscuno de inauguração da universídad<! ww enorme reper·
cussão1'. Nele, Justo Siena assumia que o projeto era gmernarncntal t~
que não haviil "nascido do pol'O". Enfa1i2al<.1 que o e~tabclerímento
nada tinha a ver, em sua organização e objetivos. com a antiga univN·
sidadc wlonía!. a conwçar do prédio no>o onde se i11stalava. Seu cor·
po docente seria laico. encarrcgm1do-ic de criar•' propagar a dênda.
O interesse pela ciência llga•a·se ao interesse da pátria. e ambos de·
\eriam "sornar:e na alma de todo estlld;ntc mcxican::> •. A universída·
de proporcionaría os meios iJar<i queº' csLtdantes dessem conta de
"nacionalizar a ciência e :nexicanizar e ~aller'". Em viva com•x<\o com a
cultura nacional, a unil·ersidade deveria coor::lenar as Lnh<1> do caráter
nacional. inculcando-lhe ideais de verdade. >aúde, bondade e beleza.
Cabia a ela fonnar cérebros que se trnnsformariam nos dirigentes do
país. Por outrc lado, à educação primaria c;úia transformar a popula
ção mexicana "cm um p-Jvo, uma democracia, converter a disciplina
externa em int~rna, unificar a língua: em umz palavra, fazer do menino

Zü. C\rndo por Maria Je Lcuroos Ai.orado. !JfJ. fit, f.· ~5


Ze..a. cp. til.
21, Ve':.r od:OCurso t=mLnipo!ôo
UMViliilDADí, ur~oo ( fGRiJA NA AIHRICA l411NA

um cidadão·', iniciando-o 110 "culto do dever cívicn" e ":ié rr'ip,íão da


pátria·. A educação primária era para todos. mas a uni\0rlitáia. mais
restrita, tinha também de as.sumir um compromí~so con;;, democracia
e a liberdade. Em suma, a universidade formaria as elites ari~entes do
pais e cultuaria os ideais de progre5Sú, paz e ciência.
Dois meses mais tarde, o governo de Porfirío Dí'az o:0"1<'.Çill'<t a
enfrentar a grande Revolução de 191!}, que obrigaría o tlítad1;r a fugir
parn a Europa em maio do ano ~egulme. Assim, a univerüla•ie trioda
nos tstertores cio regime enfrentou .:s adversidades pn.briasda situa·
ção. Em 1912. durante o governo de Francisco :\fackrn ~)f1eu o pri·
meíro golpe sério. Nos debates da Cihm1ra sobrn o orçilfl1rnt;J, alguns
deputados puscrnm em risco wa existência. Um deles. li~•&, ao re[;i·
me porfirisla depmto. dizia que não se devia gastar dinheiro rom uma
obra que não era urgente. nem intfüpensãvel; que a fatclade Altos
Estudos não tinba condições de implantar-se. pois nào di.1r1.mha de
professore~ preparados, obrigando-a a chamar professem t1trangci-
ros, ·que deram cm1forências que quase ninguém enierideu'". Toda·
via. a universidade sobreviveu. já que ::i orç;irnento, mcs1110qcc peque-
no, ac2bou semfo aprovado.
Entretanto. os argum(mtos rnab violentos que t.en:aiam sua dc\-
truiçáo vieram dos pcsiti11ístas. A uní•t>nirlarfo, scgundoés.h,wía as-
sumido uma tendên:ia antipmitivísta. poís indum:i os r>tLClü1 filnsófi
cm r.a Escola de Altos Estudos. abrindo esp<1ço para a tio L'liticada
111elafí5irn. Na Revisti3 Positiva, dirigida por Agustín Ani;ón publica·
ram-se artígos contra a Universidade em que st! apontaCJSt.ia criação
como um retrocesso, uma medida absurda, contrária am 'sábios prin·
cipios positivíst;v;". Horndo Barrcca publicou cm abril <le 1911 uma
série de cinco artigos. na mesma n~vista. atacando Justo SiS'r;;, que ha·
via sido seu rne~tre. Perguntava-lhe ~e a fundação da Lnhi::rsldade

li.. C1tHb pct Clorit VHt~g.s~ Mon'.'rn, ~la Urd\f'({trl.:.tt, d(• Jmw ;Sicrrn y !a R("\'Ohlt<.ó( ·:F Mrmt-rin.s i1d
f'rfmt'r Em:urmm âr liMt111I;1 sobre Jg Vm-r!Yli:Uil( M~xfw, Ceu JfJnmn. l flS.4, p, N5
105

fora "um ndadeiro avanço r;!alizado pda educação pàtrla, uu rNe·


b[va], pelnrnnlrário, um <!l;irm;:ntr sintoma ile rctnKc~so rnentaJ"h
Outrn argtEH'nto cr,murn am positivista\ l'ra o d(• que m univer>ll•Í·
1ios lwvi<1m 1ido sempre m piorrs inimigo:> :fos c!.osco~1:im1HlW~ ím·
pon;m1Ps 1; :iue se opuseram a Darwin. Co:utt; Stu3rt t.lm, Spencer.
ente<' rnitroP. Arag<ín acn~ava a Lniv<•rsidadP de ser rt·sp01~s;ivel pda
fonnação de ·uma casta. a pcdantotracía'·, <:ujo rwrmr est;wa nJ cor·
prnação de órnton•s l'lll sua> rda\:ões cnm o pnder polÍl.icú. ao qu;i!
se \ubmetiasrrvilmen10h Em 1912, Aragón ap!·cscmou à CJmar2 u!ll
proje!O que~:·opun!:a o fediarnrntn da L'nívr·r>ítfode. No 1~num\(1, foi
derrotado, <'!1 Uníl'ersidade Nariornl Úl M<;x\rn cr.nhC'guiu sobreviver
;; csst•s anrn u·rnpcstunso:;.
Pode·s' ronduir que. no MéxLo, a [grejJ foi ot grand(• derrotada
nr."c ptTJCn;'.), esmagada pela aliança entre liberais e positivistas. A
Consti!uiçiiJ de !9J7, redigida no fragor t!m ccm!xlles rt'vo!uci:m<i
rios. proihi;;,:1 Pmírn:: religioso Plll qu:clfJucr ir:,r.'índ;i edwacinn;1l 01i·
mítava as açi,r;s da lgn:ja. Ainda que osa rígidu 1cnha sido quelnufa
nos último~ :ums. a trndíção de; ensino laíc(> {• t'ic forte no \.1exico,
que niio ho;l'e pm.síbi!idadc•s para a criaçi'lo de uma l.JniH>nidaflt, Ca
tólica. a exunplo do1 dcmah p.1í1c~ :alírnJ-<nncrírnno';,

O Brn~.. ;, no fJUC se refor« i1 "d·..1c;iç'io, apc-sen!a dik•t ('!lç.is ~tlbS·


tanciab co1:..rdaç;iü aos rJeimi5 pahes da An:1;1lra Latin.L Dttranlc• o
periodo cob:üal, a metrópole nunca permitiu a cri~ção de: u11iversida
des em sua mlônia, çxbtindo ape:ia~ uma série de colégio~ dirigido~
por jesuítas Também não con:ava com a e.xist61K;a de casas impresso-
ras, em opos\ào ã Amêrica Espanhola, onde t•lai chegaram jj no s1!·
rnlo XVL

2.1 .~pudGlort~ \hw~'-'. iyr. ri:., p. 9l.


24 Ap~_trf Clmü \n:g'1s:, op, dt.. p g,:q_
2'.'i. ApudClorb \ü,ga\, tljJ. rit. p, .93,
lJl

Com a trar:sferência da Corte porwgucsa para o Brasil em 1808,


corno r sabido, várias rm:díd-1s na áeJ cultural e educacional foram
tomadas. Além da !m:in~ssiío Régia e do Jardim !fotâníco, foram cria-
da> ih cadeira~ de matornia no Rio de Janeiro e de rlrurgia na Bahia
e no Río de Janeiro. Em !81C. foí fundada a Acark>mia Real \1ilitar e.
mais cirde, ".\e;u!trnia de Bdas·Artüs.
Durante o Império. as decisôes g;i1·ernamt'1liHis para a fonnaçikJ
de n.a·sns supr;lons foram p'luco expressivas. O Brasil contava dewle
l 827 ço111 doi> i:un:isJuricHc0s. um em São Paube outro 1•111 Olinda,
tramforrm.1dos em Faculdade; de Dir•:ito. dn 185:!. Duas eram tam-
Lém a~ Faculdadc•s dt \kdit;na, na Bu!iía e no R:o de Janeiro. surgi,
das em 1832, " 1nnír dil\ cadeiras criadas 1Hltcriüfl11!'nie por D. João.
Em 1875, apared:1 a EscOlít de Mim1s d:' Oum Pretü, por iniciativa rws,
~na! do imperadrn-D. Pedro[!. Em lhH, a Estd;, Poli\('rnírn do Rio
de Jani:im. cuji'> ;nízes emwD:n na Academia :'11ililar. inaugurou o en·
sino de cng<mharia reaHzadc E>m estabelecimento ni\o·mili:ar e vul ta·
do parn obJe!irns cvh. Sú n1Jb no f)rn do sóculo apareceu um mabr
número de escolas superiores. dentro da pc•rsi;t;ct1va poslfüista que
valorizava os estudos iêrnirm voltada\ parn o ens·no dai ciências que
tive~~em umil ;iplíca\'iHYpr;ífra. Foi asilm qu<) st.r;:iiu a Esfola Polir&c·
nka de Siio P11ulo. ·~m J393, como tamh,;m 1«Jriii' outrJs <'si:olas: •.k
t'ngenharia. agrku\tura e farrn;íd;i, cn dil'ersas ci\bdcs dü Brasil-''.
A1 discussõrs sobre educação, lksc!c a prirnária até a mperíor.
ocuparnrn lugar pouw expressivo no cenário polítkn do fmpérío. I~
notável qLw nos debates par!:mwntan·s de d''cad.i de 1850, anos fun·
dmm•mais para se pensar no·:os µrojetos para o Brasil· smp<~mão do
tráfico de escravns. moderni7.;1çflo cccnómica - JS temas da educaçf10
passassem ao largo das pr<?ocupaçües maiores dos deputado; e sena·
doresº A folia d8 uma tradição de cmíno superior, que <trostumara os

26 Cn1fo1w1• Luí;; A:,;t(wi(~ ·:1nh.1. A Unf-..ni,/,,J.'i· Jf-:i:Í1..uiy Ri;:, J,• J,11oc; >', f.;;im'i'<('H AL~'.~, 1:1.&G,
2'!. Cf. j-:>:~ú AU:tlfli.~~ r·<~t"!J.J('!.., OP;1r!;.rmm!{J2It1'iilt1:1J11:1 !k.1d;nf!H5{) :lfLtA>Jilfr'*IiiJUmi>f.ttd~ !d&<lttni.-.
dJ::t. Di!.5•:.l!~~,io cfu ~fos:r;,i:(fo, Sáu h1uli.1 Dq~attarm'WJ de hNúrb '13 ffL(tJ rsr; nnt [n;,(ern:r,rn,
AM(RlCA tAllN~ Mi SECJlO ~'IX. TUMhS, 1LJS l 10105

"bem nascidos" a mandar ~CllS filhos estudar na Et:ropa. contribuía


para tal atHude. De outro lado, na visão dos senhores, a escravaria não
necessitava de qualque1· estudt), nem o das primeiras letrns. O pouto
empenho do Estado no tampo da educação primária e secundária no
Brasil, durante o Impérlo, deixou o c1paço livre para a atuação da
Igreja, ma aliada política.
Mas, a partir dos anos de 187(), os positMstas começavam a ter
um papel oolítico de dcst11que; sua~ idéías faziam adeptos entre os
que, na amrn política, t:nham efetivo prnler. Porém . .no BrnsJJ, as li·
nhas de cru;wmento entre católicos, litJcrais e positivistas t!rwn bas·
tantP diferentes das do México. Em primeiro lug~r. as dístinçôes ideo·
!6gic<IS entre os doh ponidos, liberal e conservador. permaneciam
muito tênues. e diversos membros do ckro prnferia:n os líber<ó aos
conservadores. Em segundo lugar. os positivistas, cujas ídéías penetra·
ram fortemente no Exécito, distinguiam-se por suas ídé'ia~ rcpu'.Jlica
nas e a11titscravistas. não demonstrando um antagonismo ferrenho
contra a Igreja catdlka2'.
É posiível, assim, entender as aflrrrn:çõcs de um especíalista wbre
o tema a re;pcito das posições am.1midas por esse~ grupos 1fü111((; da edu·
caçáo superior. Os parlidários da absolutil liberdade de cmino, sonhan·
do índusive com a elíminaçâc das funções educativas do fawdo, eram
um gnpo formado por positivistas, grande pane dos catolícos e a maio-
ria dos Hbernis. Para os lihcrafa. a universidade era sinónimo de çcntra·
Hzaç5oc monopólio, entendida como uma rmtitulção do passadu, supe·
rada pelas necessidades e <i;pirnçücs do presente. Para certas conentes
Lbcrais. o ;1bsolutísrno e a monarquia de direito divino eram o pano de
fundn da in~til.!líção univer'ihária. Aos catüLcos, n5o interessava a ínt.m·
mí.ss~o do Estado na e~frrn univcr.\il<\ri11. Os pnsili\'ista~ engrossat<im

Í.\.\l.) r,i).·1 clili.;nfír.-t aflr.m.Jr que não hO>l'<"t~e f.h.~!hi!fi r prop~içót~ :r.-0n1 n'i:-t~~o ~11:; .~rHíno ;r:1bt.(o r•or
r-au:: do bt::b. qut>- prPlt.•mlia • é''~íh.t.4>" l~ fr;~um.r' a n.lN.Lde., t:'XN) l<en <kmc1i!Strcu Sclm;1 R'in:.ii-
d 1..-J:o ~fanm. lfrd)H rr~t li{iir.J. Üi,!,.!,U'.1.a~jq) de M~tr.::1dc, Ri'> dd<ttlfHQx f\ondae,;;:\r, C1:rü:i\) Varg--t~. 10H2.
ét.p\·d1lírkr.L~ <J top, lll
2a. CL :t:nt!rt.O Í:Qffl3HU, Em.si!: Iv~f.1ttJ.füfti E.w<t.kJ, Sâv rat:h, Kai;j~ E"f9,
109

essas fileiras, pois para eles criar uníversidades era caminhar contrn a hls·
tóría. Para uma domrini que propunha até mem10 a supressão do cmi·
no supl"rior oficial. a unirersidade reforçava prhilégios odimos21 • As uni·
versídades. para eles, sim;>le~mente reproduziriam o conhecimeulo do:;
bacharéis, que lhes panodam ínüteís e atrn~ados. De todo modo. corno
já se assinalou, as faculdades de diccito foram importames, no século
XIX brasílelrn, come fornadoras do> segmento; políticos que dirigirnm
o país". Os posilívlstlis sez:ornntllfr;un no grupo mais homogb1coc coe-
rnnlc na permanente critica à íundaçlfo de unh·ersidadcs no país.
Entre 05 ddemore; da cria\:íío da UnhC'Viidadc, 5ob a églde do fo.
!ado, estavam os tíbewi;, repw~cnwntes du ideal do germanismo pccla·
gógico, e os ccnservl!dores monarqdsms. querendo, por :mcrmédio •la
Univ<~r>idade, colab<)far para a gfórla do Império". É de se not;1r que os
adeptos da fundação de t1niversídadcs durome :> Império apn'wr:tanun
vários projeto~ para sua da;:i\o, mas todos fornm rejeitados. O de minis·
tro Paulino dn Souz;i, €m 1870. despertou interesse e acalorndm ck~ba­
tes. Zacadas de Góes manifestou se contra o prcjeto de Paulino. pds m·
tendia que o ensino priln:írio em priorldad~ absoluta. Afirm11va qtJC a
propmta de criação de universidades ~acrificava o presente pelo futuro.
O Brasil jü tinha badwrfü demais e necessitava de trabalhadores parn o
comercio. a larnurn a indústria, enfim. de gente qt1e produzi;se"
Com a Reptíbli:a, afirmou-se. contra a lgr0ja. a laicidad« d.1 Com·
tituiçào de 1891. (01110 índicou Roberto Romano. o líberalismo "negou
de direito e de fato a existência pública da Igreja; ao mesmo temp1. pro·
curou rnduzi·la à invisili:lidade das conscíênc ias incfüiduais"1'. Por outro
lado, o posífüismo 'assegurou, na insr.auraç.10 da legalidade rqublita·

2U. Cf. R:i:1u,! 5ill'_..';fl\>!r M.ideJ de brm~. A lfu.u:<Ki"o Bwsi!rira ta Mt';i dt Umntúd<.n.ft. S.ãa hrniü, Con"i'
Vio!Ed'J~P- ;5;8G, pp. 2432.lot
30, Vt:r S&rgi(J Ad(1rnn. Ú'i Apmn!i.cff du Pode:. R;o de Jat:eko-. ?Jl. (~ T12!1"J. IOAA. f; tjnlftJm A!hetto Vcr1~1i
dô fiil\..'), lJ:tj Atuid,]~ M füt:li;:111is-Bh~, Sãn f"ada, 191'1,
31. v~·r fÚ}(jfü~ Sf11.~n;·1:f' Moclcl de ltnú), d_jJ. t,;L. C:.ip. l, sq;w:t:.';t p:~f't'.
32 ?.oq·At! Sft<.~rnx~ Míldd rfo·Bar:-~, 1~>'· t:fl,, p. 2$2.
:I:! O. f'.ohcr:o E0r.mn~. 1;p. til. µ l 28.
i '.O

na, cont1;, o nc\·iinmto llheral. o direito à pc\Se e fr propriedmle da


lgrcj;i, pmnirindo ll:c a panícipzcção ru vida pública d(•qfo qu<• e>tiH·\~e
absDlu!an•ente separala do Estadc '". Embcra a JXJ>içí\o dm pmlíivl~las
não sígninrasse afinid:dcs c'p proposiU» com us ca!ólicos, as,eguruu um
\Spaço p:ilítico de cnr:córdi3 P d(• nfío·hostiJidad1:-, Ü~ poSÍÜl'Í$Íi!S prcten·
('.iarn gi1t:uir rc:rnpo par,1 C)tabl..,'tecer deflnitivan1cct( a ~obernnia lnlca

que u·Jri,t mn ültima imtá:x:ia, '1 n:udanç·a de tH'JEaJidade em favor do


r.Pll'iiJ!HC1lO cien:ifko°'. A lgr('ja, aimh que <L) ho1tí!kfades e1rh.•>;el)J
hngp doque <JCorneti<' no Móiitn, nào cncniHnu '.u1T·rn1 livre parn to·
mar con"' do ensinu ,i;üvcnít<lri·:i.
A r:::~.sibih!ad(• J:., criai;ào de w1ivcrsidad1·s C•mtímnn srnpensa.
Mas, no ;~Hfü\D du ":";u!o, o quadro corm \:;.va il mudar de figura. Os
i·mílivi>::s jd n:lo dís;xmh;:m rl:i rncs:na i;>:·ça politk:i p;c·a ímp0dir a
criaç-fü) rk universidades nJ país, ap(;s:-.:· de seus :irgua-,c·nlos ·segundo
1.s quaís ;1 unhersidr,lic não crn a solução ndcquad:i para o~ problemas
cacionDh, p{)Í\ apcn115 fr: f[ >íl '\!Hk pedanleria S~~tetnàtiCJ. {\urna alrofia
1 1

ó.1 desenohin:rnlo dt•ntífL:u" ... p~;: rn;rn(;rt·;<;,•111 cun alst.llla fon,-a. :\


i·nfrise 1n d<frsa da educaç:'10 <·ic11ti:ica e profis1íorniíz:1nte niio perdia
<:sp;;çn.
F11m'tanro, per núa dt< l 915. ª' 'd<'·ia' po•itívi>t'b t»tan1111 sofr<:n-
<lo crític.s severas. pxtin1lan1i1c•nre por parte de urn gr~1p:> de biw> d;1
l:sn>la P:ilitécnica do Rio de Ja1wíro, ;1dmir,1do:cs das (HH'ías tk Eíns·
L:in. Con<•r;<1nrn a ddender n:<iis cbrarnenti~ a nt'<''ssídat::~ d;; exisll-n·
da di: w::>:er~idalc:., dride 't' desemohc:ri;nn r;e>qulsas u:~nríllcii>, mes-
mo sem una aparente u-llidade. Entr:;\·am em cr:nfronto coni as ;impos-
tas pragrmitlca> d::;s fX.JUivht:i», p<:ra quem Eimtéin, pm exemplo. nflo
pi1ss,ava ó~ un1 charla1tlo, P df~L1cia pura. mera ffietafisica~".
Ao r·iesrno tempo cm que :is id0ias 1:0sitili\tas perdiam ter:eno.
ccrtm grnpm apoiados nas ;déiJS lí:.:craís conwçavam a discutir rnals

::i /d( m, F 3).


:~;. C11r{<:n'ii~Ant(ir1iú PAm :1CDFf.' ií ddb -dr Lf,;w1rff'Jc ffo; dt':' Jt1n'i1ü, Ttff)ü Bt<,<;ifojro, l :;,<;I
111

amplamente m questôes ca educaçã:i. E~ses dc!x1tes wim:idiarn curn ;:is


agitaçÕt'I sociais das ck;GJ<las de 1910 e 1920. Crem:'.ltes manifosrnçôes
urbanas de prurcsro. greves opr 1 r;irb1 nas grandes cidades. rcbeli(K'1 mi·
lítart"• dos csca 1<Jc> inforiorcs da hkrarquia. ;1gitaçi:o potírka e críst•e<:O·
nômica forn1,mrn1 um quacko b;,s·m1te inquietante pmi setores ciascla>·
~es dirignnte"l brasileira:i.
fas.ts prcocup;m)es se tnduziram em uma sêrie de iniciativas. A pffs-
pectlrn liberal de que a cducaçüo é a maneira mah ,,dc::prnd;1 de fonr,1r e.
ao nw,mu tcn:pi:. rbciplin;ir '' ddad<i<J, g;rnharn <:SfHÇOs polííkos l«:da
vez maiores. :fo Rin. Heitor Li:·a iundou. em l 92G, a Assoríaçiío Bi ª·'·'cirn
de Educaçâo (ABE}, em tor:1c cb <J'rnl M' agruparam 3Jguma.> fígu1«11 ~ig
níficm.ivas. corno Anísío Teixtira e l.omem;o Filho. Ainda no Rio. cm
1D27. a ABE pmin0v:cu um inqu~rilo sobre o l'n5íno ~entndário. Ern S<io
Paulo, em ! 926, e Jornal O Ü!Ddo (ft' 5. Paula havia decidido n'afizar um in-
qur~ríto \Obre <L ed1.waçiio ptíhlka e dbtríhuirn questiont1rios qm' foram
r<:spornli;lc,, por pm'essores st:n1ndários. da Fscob Nünnal e das foc1kfa·
1lt~s. al1•m de jormdistas e outEl> profissionais líherais. fases inquéril:'l> vi-
savam fazer um díagnó>tirn po 1tirn-educac:ronal parn propor soluçÔt'S
condü:cntcs cc;n; 1; situaç5o do país. mPdiante reformas da educação'.
Em 1920. na f1.1mL1da a C:1iversidatk do Hio de Ja1wiro, nj;u'\i1do
da agregnçiiü ck trôs instituto; ;upcriorcs de funnaçi\o prollssional · me·
dicina, eiigcnllar!a e direito - jâ cxinente5. Em Hl27, fuml<iva·sc a Univer-
çidadc de Minas G(•m '· na mesma lbha da jmtapo>içào de m1tlg,1' esco-
la;. Mas es~a organização rnlo m,zia inornções na manE•ira de se fX!tNff o
ensino supericr !;ra1íldrn. As a'.Ct·ra~fíes ernm anunciadas. cm <tbd de
1931, durante o g..:v«.:nw de Gctülio \largas, com a imtituição do Es:nt.u·
to tbs Lnivcrsirfadm Brasileiras. que propunha a ·:'rí<:çiío de uma Facul·
dade d1~ Filosofia. C.ências e Letrn> wmo espinha dor;al dm uní1•er.;ida-
dcç a serem t:S!zóe'.ecida>''.

:Jr \à C<.':1~1 th ~:~mh><1, .E;tu,'.l(:iJ t Aut~>rfM1b;rw fiiJ Úfi1de :\~iw_ 5t~r} ff<'.u\), (<:rh'i, l:l82, E.>, ;,iiod,: hH.t'
( aHln~~" A U:wn>iúk 1h Cwiun!1Ja P1u!bf,". ~s1,1 Jl;r,ó,\ Ccrw-1. rn:-<?
:~& \'t::r San0r~ 5--ti~• ·1n:r;mn i>! J1., P:niptn (lf Ca-y-'lrw:;;:,, R1!) de J.i.:w:ko/Si><iP~uki-. f\u t~ T~"H.G) Etl1h~· l ·HO
Em São Paulu, foi o grup:J pl•I itirn !·cprc>;cntado pelo jornal
O Estado d,• S. Paulo e pelo Part :do Dcmoc:-.ít:m que p~oje:ou a criaç·ão
da Universidade tb São Paulo (USP) ·'. O g;upc, cr.111 Fernandu de
Aze•edo f1 frente e uma prnp'.>Sla ql'.c irazia críticas i1 já constiluitÍ<l
Uni\crsidade do Rio de Janeiro. qucrin que fossem integradas 5ob um
sistema único, rnm com dircçiio autónoma, as faculd<ule5 profüsio·
nais. os imtitutos <le csperi;;lí~ação \~ :;s im:itut.ns de altCJs estudos''.
Estes liltimos ~ignilicaram a fnrmaçiio da Faculdade de Filosofia, Cii'n
ci;;5 e Letras. medula do ncwu prejcto.
Essa univcrskade, qtw to:nana fonna em 25 de j.meiro de 1fJ:M.
com o nome de Uni\er5idad1' ce S;Jo l'aulo, deveria ~cr o lug;ir adequa·
do à prqnrnçào eh~ elites diríf:ienrrs, rcspomã\cls. cm tíltíma ín>t<'m-
ck. pela resolução dm prnhkmas 1rnciorn>i>. Segundo Jí:!io de fvk~qui
la Filho, "a ação dris elites intdcnuah, formadas nn cadinho dos ccn·
trns superiores de wlturn, rcflctír·sc·i na comcic·ncía popular"".
Enftrizava também a icMia de criar 111 'alma colcUvil a mística na·
dona!", tirando a "imensa rml';'d do seu c~!.ado atrnil, ainda qu;isc
arnorfo, para dar-lhe consciê:··cia difr~renciada e ddlnitira"c A USP
m•sccu nem momento político partírnlar. quando um dos mcr:iliro;
dC$>C grupo liberal, Arnwndo de Sallc·s Dh'•·ira, foi nnmeado í111er·
ventor por Ge!!ílio Varga>. Estavam criada~ as c:mdiçõcs politko insti·
tucionais para o n~~drucnto da Universidade no S1tado de São PJulo.
Para Fernando de Azevedo. o biado deveria ser o gt·ande pro·
mz)tor da educação pública e tm:1bú:i da universidade. Afirmava que
<is "i:.·lites" tinham de ser eduuu!;·,s ante'' <lls "massas. ;)ois cabia ;)s pri

3:!!. Pn;i a o ?art do l}crm;rrd1ko, >t~r k:in:~ Li.;J.1 C·K~HioJ Pr :t1!0. A L"!tm(lt.,1~/.!ü !it1iF,1d:). (} P:utú14 lhr.~uJtf.
a~ àSifo frufo {Jf!2tJ.J9.1]j, Sh P<'lwb, .~::t;.1, t·)i)G
·fü. \'c-r Lt1i~, :\ntz':niü Cuntw. (:/t (Íf" p. a~ \r·r ~lnd;~ frrn.~· dn (;~ -~.'('h'~k1. A ú:!w1:-f fk~>:,if('Íl,j, ,J NL
,~[Vi f>mdo, Mdh{'.l!'M'htfff)'í. l9lH .
.-l L Júlio ck~ Môquita t\Um. A Cri~ .V.1âo,i.i1i, 5.:.o !';iuki, S?,;Z.•) U~ O ;c1-, d .' (~ [•{;iwi 11« S. f\•v.1r:, 1!"i2\ p ~\a.
42. JG.no tk M·.·~qi.üq fíl!iü. Pr::.'i:frt1 (' :~ldtur."1. :).)r.) r~ql:) \Lrt;1~~ '')(j'J. 1111. i JG tt-7. P::.ra a .~h·d. 1;;:.1 d1)
j<nn,1 1. w~· \fo~ü ~fok;n.;; C.')jWl:~M e M<'irb Lígi,a C~:llt·~ Pf;;_d;-;. () R1.,11 U:t.'i:lir?:J. {c 111;;ça;.: t .'Jwlo;.;~,:1.
O Joa~.1; OFJfNid ilt .5. P._t11h, S.1..-J F'~ulo, Ara-ôm~J?:<l. 1Hlil
1' 3

meíra~ a educação das segundas. ,\5 elites ·:•ram uma dassc ahfrta e
act•s;hcl que se recrutava e ~e rcnoVil\'a cm udoi os segmentos sociais.
Aos rnai:> intelige1111». aJs irais dedicados. rsm11 reservado um lugar
entff' a~ elites, mesmo tenda nascido denlm das dasse; mais pobres
da sociedade. O ensino prim;írin (k·s!inava·.R' il~ ma.s;as, o sP.curFhrio
ás ch;ics mód ias e o univenit<írio iís elites: da Llniver>id<H.le. ideias e
~erck!des se dh>Nninariam e ;e irra<Hariarn, trarsformanlo se em cor·

rentes de opinião d0 toda a sociedad;;. A dcmorrncia cnnsistia no go·


verno wns1.it.uido por ekmmto~ lirnd()S do povo e preparildOS pelil
t>duciçfüi super;or pmt dirigir ;1 11<1çilo".
l'or outro lado, o lugar da l~rej'1 Católica. nesse (t~bate, i;rccí~,;i
ser analisado. Durante o sénilo >.IX. a Igreja c~ti;era alastada do c1:·
~ino ~upcríor ilbcrtn a kigm. Ape:ias no co1~H~çc do sécdo XX a qucs·
tão da ímpcrtilncia de mm edu:açào caté-lil:a 'operior <:Ollll'\J·;a :i
conqui~t<ir
;1dep:os. Congres~os de leiga> prnpmeram a criaç~o de
uma universidade tatólirn, tendo como rrnddo a Universitlad0 r!P
Louvain. na Bélgica. Em !9:18, strgia, em S<1o P.mlo. a Facu!d.id<' d0
Fílo.1efia S;io Ben:o, 3gregada ;1 Lniversidad•: de Lou~aín. Em 19[[), o
entiio ;ircebispo de Olinda. Sebas:íiio Le11w. <1poiou a idéia da cri«çií<>
t!e uma unívC'csidadc ca(ú!íra em Recife.
N<i rlt'cada de 1930, a 0dur;;ção p;marn a ser um <lm terrns im
purta:lles da cena poliU:a .•; o bl<it!o la ice orupava un e>paçü cres·
ccntf' na direção do emino nacional. t\esse clima, a lgn'ja partiu para
;1 ofenst\"a. Em 1936, a Facukladt de Filosofia úi Sào Bento foi reco·
nlicdrfo pelo governo federal. O n1e>mo aconteceria, !ogo fkpois,
com iJ Faculdilde ~le ?eéagogiJ, Ci1'ncia.1 e Letnh Sdní> Úrsula, no Rio
de Jauciro, e com o Instituto Sed.:5 Sapientiac. cm São Paulo".
Em outubro de 1940, Getúlio Vargas autorítava o funcionamento
das Faculclades. Católicas (DírPítoe Filosofia). m Rio dr Janeiro, inau-
gurad;is ~olenemcnt<~ Pm março 1le 1941. Com a inccrporação da Es-

.t:t (( t·~: ro.1:-i:~c· (:~ lti:Hcdu, r.p n~


H. Ver Lu!: 1\i,h)qio ·::\.ttha ..y. â;.
114

cola d" Serviço s~JCíal e a criação d. facda Pulitú-rica. as foculdades


fornm rcccnhecídas cono llnivcrsil'ade. em 1946. r:o ano seguinte. 0
papa forn::edeJ título e prerrogarivz' de P.;mí!kía à Lniversidade (:y
tó!íca do Rio <ie Janeiro. Em Sío Paulo. a cria~·ãc da Universidade
Católirn amnte:·cu em 1946, senco o rcsu:tado da ;ii;rcg;içã-:i de seü. fo.
i:uldadcs, incluindo as antigas. C·1l11;) a de São BcntJ e a do Scdt's Sa·
pícnüae, calg11:nas novas. corno< F<cuhbdc Pau!ist:i de Din'ilü t• a Fa·
midade de Ergenharia Ind:istrid.
Segunde rc·rta inlc:preta\·áo. il Igreja ncci!arr o ppr·l de n:md·
jurante nc prott·ssc ck crn!ralí:z;,çüo 1h poder, !Pv;do a cabo pdo go·
verno dit<roiial de Vargas, ten<fo sido abçrt;:, a ela novamem". como
recomperna. o carnpn <:as escol~i> e u:1il'Nsidades'\
l\las ?Or t~;ís dessa bern·suceditla iniciativa. <' preciso enfutizar,
havia algu:nns figuras rentrais re;pcmávcis peb pn.jrto cmófirn vito·
rimo na cJpita1 do país. Ern 1924, rr;:Jiiou·se no Hío de Janeiro um
Congresso Cnolirn de Educ;içãc., ffr< que unrn da• rCJrnhsôes 1"rava
encarrega•fa de propor él Cf'ÍaÇàO de U!Ua l' ni•e"sída1!e caff)!ica. 0 Gff--
dca! Le:ne, agora no Rio. assunllu ii tarefa. f(•ndo re:ebídc apmu díre·
to de papJ. A organização das faculdade\ C;:;tàlk;i;, cerne da futura
l'ninTsíd;,d.::. foi ('n!fu 01!rcgm a Alceu de J\rnonso Lima e 10 pa
drc Leonel Franca••. Arnboseran1, rcspcctirnmente,dirc::1r t· a~siMen·
!e ecksiüs·irn do Ct•nrro D. Vít:! ..1wgi<h1 •'m 1922. que vinha orga·
ni?arnlo 01 ltdgos em urno de lpestôcs rdmkas ao lugar e papel dos
catól:cm r:a ;ocifl.'.Bde brasileira. Em H12L fora nicda a rt'vi\ta A Or·
dcm, mb h~pirnçfio dv c;inlea! l.en:e e tendo il sw frente outro ex·
pü<:nte do pemamemo católicn ;los anm de 1920, J<1cks1Jn de figuei·
rcdo. Propu:ihanHe fund;;merna!H11:n!e a pmmorer a pe11etraçào
espiritual :aló!ic;:, entre os intelectuai>''.

45. H Rctwrnllo11m1. '1• di.. pp. 141!·150.


46. ( L Luit An/.oü-> ;~:unh<t, í-JJ. á. pµ. 3t 4 e ~.
4? Cf. 3t~tt<nk1 C~a.i'om ~.~A :·1.mi!r:1(<'io d..t•>. F;:srdi!Ade1; C116lk.:H. A Recmo!w~ l\;) d;is S!i! t:'S lkui;f•ira~".
cm l/:ú~·l'r,~ú;adr{:,l '1i.'lt':!"J.i, .\tmúri&, lf.1.~/X'(!Í'<.IJ A.1a4d,~(..t.!fpn:,;.1 !lt5-t<J!Í.-·d;r U·M1tNi::<~t!f. f 0 {á:!ad·
ria, Comibn. 1~9~.
O projeto cEtólico reiterava a imponimcla ea educação, único
caminho capaz de promm·H a revolução e>pir:ual necessária ao
paí>". Para tal for, foz~He urgeme combater o vinua! monopólio es-
tatal. Afirmava o padre Leonel Franca: "A <'Srnla leigar evldernemen .
te comníri.1 à consciêncía católica 1•.• !. o Eswdo qut baseia pelos mo!·
des do lnicisaio toda a ma ímtrução ofidal ultrapaisa cis mias de sua
amoridade. lesando rn direito; espirituais de wrn pa;te da popu!a·
çi10''H. No mes1;10 sentido, concluía Alceu de Amor:i;o LínH: •Não res-
ta aos católicos ;en~o contar tom suas próprias forças. Sô eles estáo
em condições de orgarizor uma universidade de ·JJm v2rdadeiramen·
te .:,spiritual"'''. A revolução espirltua!. que teria r:a udversicfode trm
espaço de grande significaçiio. deveria ser lerada <: cabo pelas elites
católicas formada; nes><rs irmltuiçôe,. Ta! perspect:va ~parecia dara-
meme na revi.>ta A Ord~m. en: 1932:

I'. inwri! L~~1:a:-:H<J) ínfü11r nrn t:!L~Uno'l d;i Na)}tü t.. de EstrdJ H':11 p<1srnlnn0-\ una
t'lH0 rc<:ilrm..>ntc a~:fa'\tr:-da qur C''iff'ji\ ern <.undi\ÜVi &• p:'J:· t:m mn:mcnw m grarnk1s t'"lM,
~~is deitnraís ir·rn H'i:r.o d(• HOiHlS. \dí?'ítc. umst:uinr;t\. E que p0~s~n r~üstir ~ pn:~ç'.)~10 di:1s.
idcüloglM <iue a C{d<i nvm~1.."r:u, nvs ~;;,J.hn.t~1· 1
,

Tendo em vi~ta l'W' projeto. um dos disetir\üS prnnun:iados pelo


primeiro reitor. padre Leontl fr;mca. soava inteiramente rnerPn!e'.

p..,.,k, cfr"'l :h: <'.11-ino (l>-"'·' H1m~rn:u. forno pefo C.JJ"<H.id:D.tr- supt·i i.)r d~ snn e~tu'lfan·
t<'S, a l'.<:L<::-i:U;i%.{> tP~lift~ir.ki•~ t toda or~!:.Tn<?.da nun) :senüdo d\_• triS{rh1 ~ din'i/j,:1, Cr\!ÇÚ« ;fo
c.í(nd;:i. dire~·ãc :!.r: ~:;c1C'dadt>. Do~ ~eus :t"dnto~ \.airflc oqudô qti:" ,Jqufid ?'jitudar os pro·
hlc.m;_)~ df,~ t._fr;a';ó, L."ltn-ntr.1db..:.;.. i.lS H>iuç6c·>;; e impú fos comu n1x1n.;:1de g:>'>'f'lT'l>,1'"·

-18:. ~obre c- po,jf'tc r-:iwlkr> ~· .'! ~Jh{f!~; dA'> unkt.:f~kfa<lC>5 rn~c1;~·~1 ~t'r TAriti:S§1t>rn. º{}oC(>mto D Vit;"ll i.1
Un.:~·<'f>irüde Cacun ~ l.'"m ~-iDGn Xht<irtlm:m forr]' U:mc~ü1a!ts a »t:tiWhfh Cmíff.'flH' r!iJ El~<r dt
J~:lr"ia:. Br-d~fli>J:, O·~P.1.
Hl82: 1h<ar rfohfoff de \fa!t<1.~ "';\ fr:-:t,:âú da> fonàhdn üt~:li:<-~"-: lJm r roj<'·
l~~ Sni.~da #. -: r:::: UrJ·e-t:WrJ;;á/) lforMH MnnúJ.i1, Pm;.,o:;ji :i1 Afr.t 4" ..lut1 ngr.~1 H!StJâ.1 da f),·~>mf,
t!:1ti". 7' Ct11~aA.t:v C>hnbra. J ~l!,
-rn 1-l/11.tf·í:u":f" S,ú.>nt ~·r tF .. p. 1!7.
:Jn A;wdT-lda s~,Jnt). ºl, dr .. p. 1?5
SL Ct TJni~1 J..nkrn. ~11:.ü;.. p 12i
5',J Ci. L~'{>fü.:'. fr::trL':l, :.Y1:.i..1 Ct'm/d,H, Río d'°J;ml'ir•J :\t;i: l'Yi:. •.ot V. t., :!/JUt1 J.,.lii Amt>nio Ü. lh3,
vp. dr.. p. :!17.
\M:ucA lAH~A rlOStCJtO X<(. TfAMAS. ThA~ E 10105

No Brasil, portanto, as Unh·ersldades Ca:ólicm, cria<fos também


tardiamente, manifestavam a importan::la da formação católica das
elites dirigentes nacionais.
Urn balm(o das soluções apontadas cm e;nla )JaÍ$ rwrrnlm-nos
oferecer algu:nas conclusões. Os liberais mantiveram vivas e fortes al-
gumas de suis !Jropostas educacionais alravés dos tempos. É intcres·
sante notar tjllC a concepção da Universidade chilena. aparecida na
metade do séclllo XIX. guarda muitos ponto; cm comum com a da
Universidade uíada pelos paulistas cm 1934. Assim, o ;npel d() Esta·
do. a forrnaçàl das elites dirigentes, a preocupação com m problemas
nacionat. csuvam presentes nos dois pr:-:Jcto,s.
A Igreja se comportou de maneira divena nos três países. as~u­
mindo posições mais ou menos ofensívns. conforme as prnssf:ie., poiíti·
cas e ideológie<:s sofridas. No Chile. a U niversídadc Católica foi pre-
coce, en1uanto no Brasil m::ontcccu tardi<Jmcnte. No México foi invia·
bilizJda por drcumlàndas hhtórka:;.
Os posilivistas também aluaram de acordo com ris conjunturas
de cuda país. No Brasil, foram bem sucedidus, por um longo tempo,
na obstrução à concretização de um projeto unívr:-shilrio. No México.
embora muito poderosm. aceitaram cünstruir um sistema cducacio·
nal nacional JOb a égide do Estado. Além disso, ~im membro dissiden·
te do grnpo, Jmto Sierra, tcrnotMe o grande respormhel pelo nasci·
mcnto da Urtvcrsídadc Nacíorn1L
Pc~so, assim, que as rclaçôes entre Estado, Igreja e Universidadl'!
no Brasil. no Chile e no México só podem ser compreendidos quan·
do cruumos a~ soluções cducatíonaís propostas com o universo polí-
tico ideológico e com as iutas sociais travadas. Sem essas relações, não
se pode entender por que positivistas, católicos e liberal~ advogaram
certas idéias e prnjctos nem sempn~ inteiramente coerentes com o
corpo doutrir,ário que defendiam. Não se trata, como afirmam tantos,
de uma :nâ c\Jmpreensão ou de urr:a deformação das ídéías matrizes.
e sim de um• consciência bastante cliJra desses aiores. para quem as
idêias estão sempn: a ;crviço de urna causa políticosocial, fato que os
levou a fazer ieiturJ~ peculiares dos textos filosóficcs clássicos. A~ ~m"
bígüidade.~ enconlf<•Cbs exp:icarn·se. para o histonador, pela análise
dos cnuament~ entre os vários campos e par seu cntendírnento der>
tro de cada contexto .mdal particular,
O DIABO COXO,
VERDADES SONHADAS .

,,.,
NOVELLAS DA OUTRA~VIOA ·
TRADOZrnAs .A ESTA.
~',~ ' ', ~ ~ >)~-~)

P o a hc.

NOVA J::DI<:;ÃÓ:
TOMO PRIMEIRO.

RIO DE JANEIRO,
NA IMPRESSÃO REGIA.

1810.
Com Ltcenra de S, t.I. R.

VçndNn·Je os dois volumts per r óco t1:is


na Loja áe f>aulo Nlartin jiílw.

5. Frv'\USplciO dr. oDiabo Coxo.


5

lfNDO NOVELAS

NO Bt!ll.Sll JOANINO

A1;,,iw.i11,1 /;;;F·d,1 t .J 4l'.'>.Ífltfj df P,vo i.<rm1:0 lfr:1v


Ó,!,;!1:' lf N:'rurJ. fMJ.}inu:111':" õkl' h~(t\c,~;.1 {}('

11r.!.l ?il.(i;·r,1 . .tli;-;,·.:miti.t. q-2, i~~:r.: ~r í.:1;.,'iti'. tif1.1;t

1''1- ,wdlfJ.~ i~t V»W~m(l(~.-L~:tli.l('i f(l'IUbl ,·:J'_i{.rli

Kt>{L(; hWd(
{1.,v; !;» ,\0'td }'•! CfJ:Mr.:f;fatrff'b t.:r!t

Pretendo neste tt'x'o trabalhar rnrn novelas e rnntnscditados 1)('la


Irnprcss..io l{égia no Brasil, entre 1810 e 1818, a:~alis;m:o as idêi:1s P
im1!gem das prntagcnistas fomininJS constiluilh1s rwb; <dtJ:'C5. Prnpo
nho-nw ainda a qtn:11.ionar ~ cxht<'nda. nes>e períQdo. d1 t:m público
feniínin•,1, prnvúvel lPítor dc~ses livms. a:talisando a1 re1:q5es ímpm1.a1
pela remura oficial i; seleção dos rextos ímpre~sos.
120

Nos anos rm:111cs. uma série de trabalhos Jmti~ames prnpmeram


urna neva ahord1Retll da história do livro {~ d:1 ldt:rn Amplíando sN1

campo de ímcsl ígação, o histtxiador nbo dcv·~ firar restrito ;1 "grnmk


obrn" de um <Hlll'r rnnsagrndo. Sua ;1tcnçik voHil se tambérn parn aqw"
lc5 escritcrm e textos comiderados secrndárlos ~ à~>Citrláveis pela cfiri·
c:a erudita, que a:~ar;çaram. ent.-ctanro, gramh ardtaç~o popular em
det!)flllím,da épc;.i. Essa pen.rertiva t.r:ibal'n cc:i1 a .déía de qtH' do ou
Iro Jade da obra i;1críta ftá um llJitor que pode, J p<Uir d.> sua espPcifi-
ca formação cult1tal, lô-la de maneira p.1Líw:;1;. 'A história da leitura
ter.í éle 1cr<tr crn conta il coerç;\o do texto solJr1• o feitor, fiem 1omo a li·
bcrdad<> do leito: co:n u texto. A tl~nsão 1'1J(r:1 e5sas !n~dém:ias existe
sempre que as pNom c.~tão dianti' de Hi·m1 f .. J". Nfü; pretendo me (:S·
tender Jqui sobretccrim de rcccpção da kíttn. mas somente apontar
<1ue o hístoriadm precisa estar atcmo i!s pcssibfüfa:fo:, de cornpn:en.1iw
<b social ;1 panir fo leirore.s e leituras. h·inbr;<1xk (;ue a flrrnlüla:k da
his:ôria dos livrns. como índ:ca D:irnton. ó "m•w:idcr comu as ideias
eram tran.smitídi!ipor vías impressas e tomo o <mtato mm a palavra ím·
pressa afetou o pensamento e o cornporlitnh:ntod~ hun;;u:idark nm úl·
tirnos quínhentmmcs.,.
Outra qucst:io irüercssa:1tc assinalada por 1111.,H''' bi~'.cciadmcs d;i
<"U!tura refere-se ài relações rntre a cultura der.cminada r-rudita e a cul·
tum popular. ParHc trabalhar corn reprcscnwçôes e inmgm;;rios, é fun-
d<n11cntal inditiH as wn1plcxas relações entre a prcdução de texto; -
muitas ''e1.es ernó!a -, JS ar:ap\<tçôe5 que os C'tliton~> rv;di1arnm para
"cair mdhor" no psto popular com simp:Jica1ôc> o.J cortes nos orígí·
naís - e a percepdo dos leítores'.
Ccrnecem:Js mtà.o no.ss~ análise. apre>;)nL111do a lmprcs;i10 f~•'gia,
que se irwalou núBrasil cm 13 de maio de 180b. logo dcpoís da chegada
de D João VI, pu)licando livros, folhctm. panflctcs, 1km de toda 11 rna\S<I

1. Cf Hcl)-"ft lJ;imx:11, JitijarJ,~ L:urmurtttt, $ao P;nll1, Curnpém!ll.~ tb l.J1r,1s, t,_;~~j,. p i 1;1
t, Jrirm. p. ICIJ
3. Cf, Rog;?r Ch<1?!.íc1, Í.>.faJtw.i u /t'í.'CUtJ dJ'iJ h1 hnme riAmftu ·Wftii:<r, f~rh. Scuil 1~3?, 1;. ·)<.li<)
111

de don1mcntos ofici~is do gov~rno'. ?ara dirigir ;1 Impressão Hêgia, :'oi


nomcJda uma Juma .•\dministrnlíva, a>>im mmo censore;. queju!ganim
os textos aprcscntndos'. Até 1822. pcrio::lo 011 qu0 rrwntew o rnonop1Yio
<lP imprt'Ss<1o no Rio de Jmwiro. sua prndu~üo foí t1as1antt: vari<idll. atai-
gindo µor volta de 1.20[) itens'. To111em:1s •ú;uns exemplos. htrc 1809 e
1814, a lmprcssl\o Régia ccupmHc dLl triKluçfü1 de compéndim. r na
nuais tk~ rncdidna '~de tratado~ de rnattmil·'ca, fíúa, inecàni<:a. p.ira s::r·
vir aos alunos das cscofos si+wricres n·cênHria<líl> ;1or O. Jcüo \!uito W·
murn foi;; produção de l!'Xtos whrc :i comércio liln>, aí i11du nrlo o CJm·
pàidív 1/a Ríq11e1a dns A'.1çix•s rfo Afam Smith. ;111kriorment•· p.:rmiCi.fa
pela rensura portuguesa apc:Hs ;, "pc;som privíL'giad;i\"'. j.is1.• d:1 S'lrn
Lisboa publicou mtiito> textos pefo !:11prns;iio. en;re ef(•s,j;i ('!ll 1808, :J/I·
St"JTações sobre o Comefrâo franm do Brasif O intt~n?~»c pela prmpr'ridade J.is
prn\·íncias brasileiras cm grnntk. como ern Emaí;1 Polítírn r !'!r1S1.Ífiw s11!1<'
a Capil,mfa do Ceari.f para Sm,ir li sua HisMri1 G'cm!. de João rli: Sí!ra feúó.
Nessa rcmárica, também se dcstarnva o livro <lc l/Jnud i\~T\'\ do Cmal,
D1mgmfia Brmríliu.1 ( t:i 17), que junl.ou :nui:as sub>.'.riç.õe~ pn:a podc:r ser
publicado e: que dcscre1·ia minuciosamente as prrn·indM hrasilciras'. Os

.\ h,_pr<".'>-'«~,,., ti1;1·;< •· Fíl.. nq>·;1t~.1 d<; \:UM\l;t~.1-l l'q, ,t!m,)fü.i.i.,. dü ~-.·.n..!rn. Em i8l :, \~!;1~=~ X·'.1'..~ \ Lbnu
(k (,:::;~.1; d1..' Jq;.1r, ;1'.;g1 .:-r-<r ~1 lwr·n~-..b pmk<~w <A~c lucre-- CC í-;ul.-·,,; tkrk~dc \k>~".). ·:, ;,q :::.)'"""
H<-J;L\ ri(; l~iu de :~~iKí:o. O i,,;('161' f·ro~h.t,J•J' < f;\1 R~:~"l(i1' H1:,ik1 dt' }.1et<.wsr .'\1:,~ \1 i:L1
w• !<Hf;>) Gif";~y-,,,fa rlr,· lr:tf'H"S">J[, R~~b ih !:.'to ti1 /,ir:;· fii ~;i, 1rJ•,d,>, f>h:oy"'L-;\HfH f>-,"f{·~, !'.-:•.~
;\ J;1rd~ era huH:id.~ _=.-:r Jo>:>f' d.1 S:oh;!Li::.'>i;~1. J\r.~ fb:1.!ftb ;~· Cw.1-~ dhrb!mk~k l'.:r:ir:.:d,; f ,,,~,v,,:;i, h!
1'.l!T.i M-t:rq:1t.~ ~k M. . : Jt:;J 'lm' f}'.'f.HiN.'CtY c>'h ('Jli~.'li" -:.~:;~/ :1Y: Js:.:1. h::-um u:n.I(;:; \ il~ák'.\ H"W..'" J>: b::h
J.,~;;{J;, ~e'"' t l'!>1~t1J. r:>dn1 Lw:r J1,.y'~ ·.k C4tv,-Hi•1J.::\1d.11· firi i\iJJnk;:J: AnAb1d~. 1\•í:\,l u.1:: ;-,e :r•:o -:i:
::i.:11 ~ f ~·~'..'.'.'<t~ t·~·kt*!'v..ia ,i, tr{':s ,~1·n.v..)i\•s rógi..,,:;, Lf iL \1.·,'.~r1 J,:~\rM~H •:~n·rniüu rú~'·<.i,.,,u J ,,~;'"" n <i:1,·1.
D)r::;)fr<WÜ'>l1.i>de.BmJ) (-;.1q/-<1 ~~01!de1 f {; p1;..t; 11iü r.-1.J1j:m.1j.né I'Nn:.1 ;'/,1 F:mv.:;,_ tim.".11· <111iirni~;-~1tfa
iui ;:A, OtJfO<. tr<ltn ff-:\Xm ...·w.s epenas r~J,1 t't~lk\<.lr.J d~ h\ff'; hnp.~!li.ld:J•. o LHb \k•.~n Al;:,~Nl(J. fiN;;.~.
R1Bp,w r. Már.~{i<!<!dt: A Cétt~!;W dr l nm:l l'U !ir;n;;(h [),j$.t;1 •l .',iROli !32 1) 5,li> P<nik..\ l~~;\, {rnMwc l
6. F~1twm Ü(.;rlJ,1 de Mm-.w;,, .'lf- rit,, dil {fU'' ;s. f~uthcaçfK~ :,;omw1 lfUH~ (i> 1.?.íO ú;1Úij.~~ /.;{1m·'f;ü' d;ikm~n
o
um~ Pt) P.m0f, Sf:.) hm'.o, TA Qu~ü.:or?E:~wp 198~, .aHrr,:,1 qu~: (:,~l!\)~;dpo:;n l lH A pF>d\içiL>Ln·
t.M.! muto ~~m !8Zl f' 1822 i:u~·)( 1di1 <~o r.rnn ;;~\ tl).Jrfani;N. ~il·: St' 'Kpd~;rn ti 8~ ... ~+..ç,'n !.il~,:·:;l ~'ifi hrhi;.:, li
(: c:1;; (:t,\ f~nff,1i::k1-;. 6::b;il,n pot li( C\ 'l•; fiu'.\f, ;)~ v:~p~~:.tH;,1 ndi'f\('rn!n -l k
7, Cf f...f.vl<1 AdefaidvS.11,·,-,k.1 ,'\f 1i-quc\, A Rt<u«\f1s.: Dm~ri.) eéli.:.':·1p ..~/Ü':.(::1a! rf)imhr;;, t:ií.'.•. µ, ;y~
?t Vr:r \~:.ir.;.~ Od:Lt dJ Sih·,1 ()iJ.,, ':\:<-ptn-.Js d~ ,huu~h no HrP-,i( '.'l!l ú~iv,: ~1-1 fM»:;r,,fi;);J'.':1't (,fµ,t'ú
!Jra:ifi."'rr<, ~-o! 273,J:o -:::rn. !%H, p. li/
tm1;1s políricm ganharam mai~ espaço a partir de 182'.l e 1821. quando a
publie<11·.fo de p2nfletns rrcsc<~U de maneira risÍl\'I. Mas a Impressii<> não
e\l:jueceu a titnztura. Além dl' dássicm como Vírgifio, Üvfdiü e Racine,
em:ontrnvanHe podas portuguest'; e brnsik'lrni;: Tomiis António GomA1·
ga. fl~13(.'i:J da Gama, Josi.' E!éí Otoni. fbcage e Correil Garção'.
A hístoriografíJ t<·m ainda procurado dt'cifrar o t:omplt'xo shre·
~nil de produção mater:al e de dbtríbuiç"'J,1 dos livros. on1r~ndidos Of'S·

w rarn ccimo 1imples nwrcac!oria;; ;; serem comum'das. De;sa forma.


nemi aborrJagm1. a h!slóda d>J lkco niio ~e n:stringe ao <mtor que o
escre;.·e. mm se estende ii~ avealuras do ediFw, ans irri passes d.i umsu·
ra. ao trabalho do impre~scr 2E dific.1tdaões do distdic:idor (e do li·
vrdro. Con: ndaçàu ac Rb de Janeiro da dfcalla de 18!0. ;ilglHnas
pesquísa~ rcsj:J<)nderam a l'<irir,s des~as :JLK:~t('>r:s'''. Um tf'.'ít<>. p;ira .>>'r
publicado pela [mpressi\o Rrgi<1. dl!veria ser proposto pefo própria
lrnpressio (muitas vezes por cn!eni de Sua Alreza Real}, por urn edi·
wr nu pelo autor. li o que f1~2. com n·rte1a, jcfü' da S1Jrn Lhbo;1 parn
edhar diversos de seus trabalhes. O mais impcriant·c livreiro-editor do
Rio desse pffhx:b. Pat.la klartlm Filho, também foi [}asrm1te 1itírn, in·
díumdo 1-.-irios titulo.s. ,\ livniría de set: p3i. Paui Mart.in. natural. cfp
Tours. pravzvd:nente o prí1:1i:>im livrcírc u.iriuca, já apareff•ra no ai·
11wnaqw~ de 1'19'.J: retirou se d:JS negrícírn ou f'aleo~u em l 8 JO, 1nas a
!ívraría '.'Ontínuott f1mcí:.mm:do. snb a direção do fühn. at<: pdo
;)J"n()\ 1823.
Em ! 8C8 . havia sei; hrnrias no Rio de Janeiro. duas pt'rwr1ren .
rcs a ftilnccs:>s; ;im pouco mais t<trdc, in>I<tlaranH>c> rnaJs quatro"- Em

9. \\·r fú.btn>. Hc.d?J .:.,e Mor~'");. {_J~,,,lf:: H:'JJ;Wf.!S tlf/ 11.~d ~·'J.].)11•;;;, füo {~!' J1;ww>IS::t•) Pú>.ÜO. u~·r.;)'t
Tcí.ni<n'i.t~ Ci~~nt1Ii.;11~!St'1,'f!•t;:ui..i.. da Cut;;r~. Ców!lêTC't:Mlrx~v:1-d{1 fand~ <le.5111 f\:do. Hil~. l .JU·
r~ncc Hafh,.,·-d, <:.;.. rfrj ü ;\fari.1 Bi·.a;nl NiFa <ia Sílv.:.t C.;ht;r,1 ~ S.i;,·11,.ffift m; Pla Ó' j<i,:te.ÜV, ffit.),-f;\12!.
5411> ?,füht, Ua. Editcr~ Ní!corut rnls.
w. kr V.irfo Be.J.r:il N:ü<!. rfa s.In. (ufrun1 ;ir flr,ai! L1:tfJ;fi,· . .=~..HÓFOli.~ \:li:re:c; !B3t; (h r;le$.J>n :nttilrJ,

"LvnH~ SH:;i(•tfoÍ\~n.dho (!t!]an('ir<) l U:lUfi·l~lf nn Rtt'\";1 Ir lliff;;J,J, a. ~Jt nn: I! ~l)Et;t'Üc Lô"<J'

l t Markt I:"•..atrú. ~~iz1~Ja Sih·a, f;p cir., l SBl. p;.i. J'll·J 52.
1820, chega\'alll a dc:wsseis". Mas os livros eram Jambérn vendidos
em lojas "não espedaliwdas", mistt1rados com outrcs artigos corno te·
cídos ou remédios". Os livreiros anunçfavarn seus p~odurm, na Corte,
par!icu!<Jrrnente na Cazi'ta do I?.:o dl' Janeiro e 110 reriódim litcrtrío
O Palriaw, que te•e, no cntan:o. vida curtl (1813-18!4). Nz Bahi;;,
anuncia1·a-sc na Idade rl'Ouro dn Brash'. Impo~tantc mencionar qcc Sil·
ni Scrv,1 havia imta!ach lã uma ca.rn imprcs'Ora já em 18 l l. deptJis de
obter todas as licenças. Era o respor:sávcl pda publi:ação écssc perió
dicoª N<1\ primeiras páginas dos li1ro~ de um mesrw er.fücc inunci;i
nmNe outros com a inókação dos preçcs. Havía ombêrn cat<i:ogos.
na maiol'ia, ínfolizmer.te. perdi:b1''. ~) preÇ'l dos lhrm nfio era <lema·
~iadam1~nt.-, alto. A múlía ('Slava entre 600 ~ 700 réis. o que equivafü1
a um jJntar numa c<:sa rh: pam; ''. () lrabaUn de impressão era de boil
qualidade. í~ubcm Botba de il·loraes admin-sc, po; exemplo, mm u
cuidado gráfico da cdk;iio dos Ensziios iiftJrais dt• Afoxandr;~ Pope. Po
rém, considera que a qu;ilidadc d11 Tipoi:.rzfia Nacional - denomina·
çiío da Impressão depois de ISZJ - ~ofrcu. nas década~ prmeriorcs,
um rebaixamento de qu;ddade. só rncup2nda d~poís de i940"
Mas quem crnn: D> leitores r;o Br<1síl do cornc,;o do ;écdo Xl X1
Há muito que pesquisar para se r«sponder '' css:i qucscào"- 'fomns ;ui·
da pouco> 1rnballws sobre o tcm:.i. Para e Rio de Jmeiro d0s~c perío-
isto é,
do, Nia;1 da Silrn, lr<ibaihando co,11 setccrntos su!iscrí1.o:es
pessoas que se comprnmetiam a comprar cJeterminado lhro :mi.e> de

)(.. Lltíi(·.r~.~ H:inc~~dl. "P eh, p ·lí, fJ~!.-q11n~m !lSf~ hanJ t}!:~tç li=<t"4n~\ t qu-',\ e.m JH O. di í;~«.·:1tm :~
tlN, Apl'~1f (!~') r;i:oque1'\a5 dwrgl:·rn::lw;, d: l'.= Ma'ia lk;,1ui; Niwt ~!a $1h'~. '-~ª- r:t. a~r('\(1";.~rnu (> IHl~'

m.ú nZt'lK"tü 11ar~ n í.'Offi(;<ÇO th <lk:~1h d1~ f8HJ


13. Essa p:anicc.f.ar;.i:bdt: pêrmtleW.}í. pt>-:1.S.).r t:~1i~ pi,. tn.~l:•N'S 11ii:t< bm peb i ;ji.~r!u k>'\'níth nk~x~tk-·f\«;'l
d'n•ttt~<fi- Je~- ..·r-~~1'1 cu:n_g,1r t.".f1)hf~1 ~~puu tiJ'f{Jj p:.>ri! ~(·n"n 't'i:t~rttl* nm fa1tt-,rfoi.
l l. Su21 Cll.\il foi {'[l\li1;1 J:h·;• J:t~ s.113 mH1f: l:m ;Sl9: s.'1..J g<-nrudé;;. ci.m~hukkk: MJ rn~r:-ki<J,

f 5. Ld!il M<.:!,;m Alnr~,n:t C:il< )UdPE.'Vl:;JÍSlJ:'l til-Jd.a, {!l{"0(1~r:.w l~h t.'!1tt!ogvçefn\:J~~~~a f:!.'\Wlijl{Úl~ff:~­

lG, ~Jad21 lli~a1d1 NmadaSil't'f:. (>[J, <k~1i. tSl.


! 7. Rul>.:o.>O fk\!bZ. de ~.LnH..·~. () JiW&'ih-A.pn:-af:.?, s;v '.>-a\Jlo~ Ci>.1: tdit~~r.af.ki..:it1í>1. i9f5,
!X .. PQri"i ,, fº"r{;,1do r<.1l<.;r~nt VJ\f ·J ;,i11i..;:ü 1.k~ Lld1 Vilhtm, "O 'í,tJ< v.: fõb.-t' o '1li.t' !».~ 1.A :.. fr1g<:~-t. ~w.r-ut~l:c1
<~ Lt<ifunt, t~n\ b'.Jn tk Mdfo e So:..11(1 f.Jtg.;, ff~nkf.:t ~!1 Gf~1 I'lfrâil:.wo !Jt::nf!, mL L Scl.J -P.-i.Jv.
{Ãlmjranhit tfaj. Ldras, 1997.
sua publicação - de obras da Impressão Régia, concluiu qm· a maior
partt tfo público em compmta por homens leigos. empregados públi·
co;; de tllfcrentes hierarquias. Comtatou. também. r:nm~ m ~ubscrít.o·
re.~. a existência de 0,8% de mulberc~. Número ínfímo. ~em dúvida,
mas rc\elarbr da exi>téncía de mu:heres. que <ilón de leitoras ính•rc!>·
sa\·am s:: ativamente pela ediçiio <l•: J:nos'~.

Esse ponto nos leva de volta 'º rl'.'inci;->al objcfüo deste artigo. il
m1áli5e da~ novelas. pois em rneío J j<'. citada 1aricdad:) de pub!icaçõe~

da l:nprcssâo encontravam·se rm:s de vin:c del<1s, publicadns entre


1810e i818". tcituras, sem dü\ido.quc deviam Jntcrem1r i1s mu!lwrns,
pois tr;r.avam das venturas e de~vc:1turas dos sPntimcnws arnurnsos. À
p1<!11eilJ vi~<il. essa rda~:ão entre mvl:k~ e püblicu feminino pude cau·
~ar úívidas. porque. em geral, niio se pensa na exi>téncia de uma lei
tora fernlnír.a nas duas primeiras décadas do séfulo XIX tmisíleíro.
Abda que ;is evidências seja.n espars;is e raras, é possível encon"
trar rcforêmias sobre mulheres que tinham o h;füito de ler no come"
ço dt1 si,rn!c XIX, além <la indicação scbre as wbscritorn~. acl1w1 refo·
rida. sa·:iemos <~star tratando com um uni'ierso Instante reduzido de
leitoras. poí; o analfabui~rno abra:1gía a maioria da população, embo·
ra csw 1tào seja o ünico critério definidor de quem podí;.1 desfrutar da
lútc'iri<: de um livro, pois não se P"dc esquecer ôn leitura cm voz ;.ilui,
conuff ncs)C período". J\fa1 a constatação que se irnpôe é que, se os
livrc;n:z propunham a ediçiio de wntos e novel;;> t~m qut•" lemálica
dos .imDres bem nu rnalsucedido.' era central. t!e·1ln haver quem os
cornprc.-.~e.

En múrrlÓrias escritas, podunos encontrar outras pí5tas. Um


born exemplo é o tão <:ilado düírio da ingksa !\faria GrJham, que re·

l'.t. (f,~fo1ia BcJ!rix WUit da Silrn, tifJ- âr, HlSl. p l~(í,


20 { f. Rl.lb:n.$ "Scrb:J de Mor~. üp, tii.
ll. Como 1~mhr.a.Roger Cbmtit=, Ln:tuu~ N k-t!Nll"i fit:H:!;; fr:1·1~t i!'Alr<il.:11 !t'J/Uc. p 3$4.: ~(h ínlk:~''i d~_., ;J.
fo:b~üt.i.:J~-.~ nã..) dfr", a !ilCtfüfa da famHi;idtfo.d(' :;}m o csnitn ~ ta~o n:.>b <{tJ('- :1>.'l' SO<.":i«lé0B a1 1cpt<;.
cmq~cm ayMl1dtl.tidus da kltura ~· rfa ~~sal!;1 r~.un dh$od11tlu!>- e fü!,H~hl'.is., uun~rnM:t\ ~fio...::; indin
<lu>s... ~pJrfü·ukurn~nle
;n nnllhtrn, q_c d-cíx;;-1111 ~ e~wr.1 s..1k.•nfr:i k.>t, <""10 me1w;~ ;lll JXHEJ,\ m;;j \.á(·1
in.tapa.'.;'ide CKr6n~ (a !t«<for;Ao é 1rnnlm).
trnt11 sua e~tud;,1 no Hio de Jane;ru (182!-1822). Ela narra algurn;i> de
suas ví~ítas à biblioteca publica e conta de rna ida â casa de ·uma se·
nhora brasi!<>irn muito agradável". cJamada Maria Clar<1, qlie "lê bas·
tan!c, espedalmente filosofü1 e polítca; é pass:ível em botânica e pin·
ta flores extremamente bcrn·u.
Outra fonte são os relatos de ]Gé de í\lc11car (nasrido cm 1829)
sobre sua infânc.ia. Escreve ele qut' ''.•ra eu quem lia para minha mãe>,
não som,;ntc as cartas e os jornais, crnm os volumes de 111111 <b11in:1·
la lívraria romlin:irn formada ao gosu do tempo". Hábito bastante co
mum este da lei1urn em vm alta p;n1 urna pbtt'ia atenta, conpn~ta

com certeza por tmw rnaioriJ de mdieres. i\h:ncar fola de ma r11fle e


de uma tia, dona Florinda, e de ami~as como auvintcs mn~t<11Fcs:

l:rna 11oü1; d~iq.1da~ em qJ..m cu nlim.l fK)S.•.ddo dn fo:r~), li.~~ om o:prti\~;o ~Hna {.h$-pügi
na'> maís comtf\'(~utts <la ll0$$~l hit!Uot:-r~- As ~~·nhrra~, <k Glhet1 b;1í~.a. kvanrn n lenço ao rns,
to, r poucos morn~n;m;. depois. n:w ]Ha!Pra~n rona os solu(Oi :i~..w rompiam lh\'i n sd;). ((qn a
ltüt. <1foga1..tJ fH:-La t'JIY:l\,Mi- eu \ht;1 crnp;in11da pd.t- !ágrlnui. !~o também, rNtandn ü 1kHl <ih"~r·
lo, dhpar(!t t'.hl pra:n>t (~ 1 ('ifnm<lía tf)-1n. p;tL.1vnH d1~ rnn~t)IO ü lannmtA\'i.h:s. dr• nü:ilrn m.lr n
~t:.ms arniç,a~.

F.m S:ão Paulo, nas ençantadorc> memúriils de Marh Pne~ de BH·


ros, nascida nessa cidade, ;:m 1851. pode se acompmlliar stws lcn1·
branÇ1iS >obre mulheres leitoras:

Scmk:i a >11stru(~\n ~~lcm~nta.r, pur n.ào hart' cokgh»& ll<tL q sex<1 frmãníuo. '.1eut trlmtmq
cu fünu:;.u as m .t,)Jçúes tfa:« MCHiH;!~ i:ingí.aH1-':1'<•j "'úfa düm{>dca. R1ff3fflt't;l(: Ht·~'S d~<'ga\:(,I :âfl

akaru:·f! al~'Hrt b'rn. c:)o'.-c:No o r.fo nn'Y: no urrmdt$iás n~1rrmivas .de f.l:nu utli'.n.'.r~L vHhC e

u, Mn-:i:l G1,1bua. :J;;h.. i; r'r UJff,'? rMgttu ·X' & 1\iÍ, ?J...Jü l fu-;;:n.r1Jt'f!':.Ju t>~~:i}, hi:;,)tJ/fah..õ<fh ~si.li) ;~, :sH
ll ]i.m'! rle l\~('l:t~e, {Jb:<T Ri;. de j;lndw, Ag,llí.b:11. 1019, f,'. l 3l-131. 8pui\.farlr.c Mf.yt~I~ :'-<tr.ún~tl.~ dr. l:m•t'1:r:ki1J
twilr:ut1. ~o: t1<"uh l:C:.sp, lf.l:JJ., füJ, ,;n5(t i\kn(~tr i; A:x:nnd.;=;e0vy tfo lkp,ím: Rr!>di('. ~1.irt}~! Lroni /.lJ
mi: q1~-~ ng ;.it~um<1§ f.;UT:::Jas fr;,ru:f~~t<)Ct('(;tl <kl~u.k.1 XIX. h~~"& uma !lgíth d~fA~., $1'.-XU!il de ~:itc'.as
m; rn;1f1uf'.); lj,;,m em '.1.~! ;itw p«-r:.l ~ fo1Al:i:.1, t: m llonuu flkfltreg;::vwv~ da e.~<:dtW-<'> ~ <!)ílf.lt1ii'.icl-::W.:v.. ~\~r
l'..fa11ya LJ'•Jm ''Lm ~~u~-' Lt~~{irn~ dt! !riftlo X1X~, ~n Gugih1hw' Cuatk ~ lfogi.>..r Cwr~i~r (<.t'f!'::<), !fi4ffflf· 1
& !.1 i~ram·tn ri M1..m?Wí1ndmwJ, ~1"1'.i~, T;\~n.rs, 1-YJt, p, 4/8,
h-ufli f tír:~fri.:. tY Fkrntrdcdc·\~int·ritrh'. q;H' lnm n:r ·u trnn ;hídu i'~kn·>i.~!.L ~\afr \e ,,Ji,::1..•::
tpi-:· t':'lle brü. do q~wi 2!(!Ulfrlf l10S5-<!.~ ~~·ús ', 1ta-.n1:'. de uw p_ig:n, "!! intdn~ id :ts ~~ü'> ddi
: ª"· ü 'lllf n J de nrn~ f{)l\Vt·r-0çón t: 1k f:ít;ririas <':H0·n<>dd,11

Cc.n'.<i, hind;J, qu:; i :nrdc, depoi\ doja:uar servU:i às duas horm,


"''ntarn:n se a5 nH:nirrn a fozN trnh<ihm ée .1gulha, uiquanto omiarn
a 'Di:ldir:ha ·que !ia em mr 1ú:1 ';,lgun: llvr:i imtrut:>r{~ 1 .
Out1c dado a ser l~l'ildo em .:o;:sideraçiín ti o de quP ern 1827,
Pii.'ITP Plwcher fnrnc{:Hf!!C ürern prot>lcm:1~ poiilirm i~m ,;eu país,,
íerugiara·se no Bnml em 1823 - funón o ;)rimciro j'.Jrnlll "dedicado
às sc•nhüras hmilcirJs'. O Es.wl.'w Diwwmim, que pretenôa "promo·
~,·r a imt11..çiío e o cntrN<:'11i1ne:1t.-1 de h>!<:; <t:XD 1ksta Corte" Indica·
ç'h dr• 'lU~ já se ha1'i> brrnado, no rb:rH're" Ja décadil anterior, um
m:mc:nJ \u:'lckn!e dt' !ll',;iht're; que cultik\i11:: o h;ihi::.l d<, leitura''''.
O ;)1;dric Lopes Gnm3. algum anos rnai~ wnk, ('!ll 1;q2, v;;i st~ re·
frrir ,10 hibw de leítu:a dr' n:wdas pela' rm;ihercs ::omo algo co
mum. fmi:1ando o qt1e l'('VÍ<t ser urna hc»:t dona de"ª'ª e imhtindo
na v;ilorização do tral:all:o nnnua! para o i!un: :!.•,<:'fff)(·nho do p•qiel
fe1rlnino no lar - dtig:ase .'li rn.1l!l1•rcs ;!a elite - demr;nstr;w;i um
cc~lo desdém pcto dm<ju de diwniío da; Flldh::rt"s. E1rn' restringiam·
se ils kLtu-a1c!e11ovelJ1,ao piu:o e il~. quadrilh;;1. cnlrx:;idos todos no
mc~mn piirnm,ir. Nu fim do art :go mlíc ítwa as .rn:~.1- /«;'loru:; que n,lo lhe
torr.'1>1c:11 nj ..rin pdo> rnnselhus apré>fntad:J> e p('!a; .:rí1icas às SllJ\
futílid;Hlc» '.'JoH• si~. Fmntn, +w ele tambürn ;idmí'id que ;i; mu!he·
res liam o wu jorn;tl"
A ass:rk;ção entre mvdas •?mulheres tambérn cn1 feita, no pcrio·
{b estw!ado, pP!os próprios rontempori\nc•os. Leib Mezan Algranlí
mostra (O:ro (•censor ftam:i~cc de !3orja C3rç;!o Stvckler temia dr tal

2·1 lfarrrn, :\'v f><:,qr'J1' lJJ.me;. R::.o<L~ .htL'i.rJ. i ~!l e T.~:ra, t!:~~+ . n•:<,.p.>{ikan--':ffe, FP· Sr-
~-.~ ~·•lJ.ria ~\v.-; tlv
i: Como v»rl-r>'I>"·:\ P,111fo r b/1i,.;..~1 cditad:~ no H1;~·;.íl vet Lr:r :?>;.<;;\r• fü•g);"t p'l:s. prin;('fia \-rl, em !$1 l.
2i ::·. ~f,u L·t~· ~,\;)t r frAtfdfr:; S.:..~ Lmh1. (;,n11runlu.t diJs Lur.n. Hi:tf:, t» -H: \('t "uni.ia, :2l1rf'íYt> tfa!l,~
;;rlJ.iJjJ fÍt.C:Jf.<
2G f-,,1!do C.:it1 ;..f ôc Mdk krf ~. idrt ;.',q,.·( (';;J!d. C (~.1«1iwli i:v .. S5o f.:i~·"'. 1:..:1: 1i .pm:L:·,; •.b l.eir;h,
H(i6 p. 1Ll.
lünna os rornancc>. como ,5êncro. qLc ;impunha censurar rndos. in·
depc;irkntcmcnte de seus rnntctidcS, p:iibíndo as~im completarnrn·
tt' sua importação. Justificara ma. atitude argumentado que esses livro~
rcpresent;ivam perigo para :.is jovots t <is mulheres. Dizia ele, Nl'
181 !J, qu(~ "mesmo que algum [romance;] po>~am wr ínocemes e s.1"
vam para recreio. wis leitura> des\'íam rn mancebos das aplicaçôes
proveito~as, exaltando a irnagin3çàu <las picssoas moç.1s cio ;r•xo fomi·
r:ino";;>.
Ê possiVé~l afir:n~ff. a pancr d1Js,;1s poucas pl>t~'i qtn,, no Brasil do
coineço do 1t'cu!o X!X. lia\'ía nrnlh(,~ts :·pc :iarn, aimfa qut' seu mime·
ro foss1·: pequeno. Provarnl1nente, n() Rí()tk Janeiro, em turno da Cor·
te, encomrav<He a maior !'arte des~'" n:ulherc~ !Pimras, que deviam
pPrknc:cr aos setot<:s ml'.·dim e de dite da sucledadc. :\s pul.Jlíca1·ôes
ÓJ lmpressão Régía índica1;1m que na ~vilJnia já lrn\ia mercado. ain
da que exíguo, para a leirur;1 de ronmncei e contos. É prHi5(1 enfat i·
1.ar qut• <H afínna<:ôps dt' ]<>s1~ de Alen;:.,r. Maria PJes de B:irros. padre
Lop•·s Cama e Fr;mcbco Stocklcr co;1fim;•vam m E·stereólipos 1obri' <l
rnulh\)r, criatura que nfw ~!' gdava pela razJo e mcumbia ao a1wlo dm
>í'nli:nentm. i\ novela C>litda iiga:la iJ mulher que >e deixava le\iil' pe·
las rni.,as da imaginação, pdo excirnmti:to dJs p<1ixôrs e pela cnaçflo
de ilusêws. Voltaremos a csw pente na zn<ilhP do colltuí:.Jti das no1T
Ias publicadas pela ImpreSiJc Rc;gía.
l·listoríadore~ têm nnstrndo sue ern pabe> europem, come a
França. a Inglaterra e a Almunha, ne 5{.~ulo XIX. estabeleceu 'e 1z.n>
bém a mesma relaçiío entre público fommino e leitura de HJ!ll<HlCh e
contos. () pübllco lcitür femín'no na Europa desse período cresci~.

pois a~ esposas e filhas da burgue<.i" dispunham agorn de mais teicpü


!ivre. Seu tfmon th: leilur;i, que até êl c0:1ieço do sôC1tlo XVUI restrin·
gira-se quase exclusivamente ás obr.is re1ígímas e edificantes, podia

~l. f\;.a µ<híçi~t) r,1dlc..1! n~.o ~úi aat.ill~~~-í:i q.w ~r;: cnnuahúnn~,id;J pf:1ê rl:..~ {)(JlJG\ i.:l'nx.::rc5, r:~m~> ~ü!t
d;_t Silrfl L!i;l,11'H t\h'. 3.r da qt1~ f.'Pfhíl<'f;b:<-.i.~ o~ t í~a lh:':':..' lcílur ,). .zr>trndiJ que :ifm tOih'S ()\ !-.'Y7~'l·
rt~~ <lc·"H·rtrnt SI..'! ~·c<m11.::rb;,, p.r-oct•1.r~ndJ $1' fJ :st;.: Hn Xí1iç1c :.d~".:iona;:h ChJe> per l d,1 \k-1-< ~!
Aí,'.!"i!nií, v_i.,., d; __ r, 1S.
llll

por fim amplia:-se. Nos semanários morais índica~a-st• a lei1ura de "IJi·


bhoterns para mulheres·· que preti:ndiarn fomentar urna formação cs·
trilamente c:ircun$crüa a seus deveres domésticos. Mas também pro·
punham aplacar a sede de conhadrnentos das rm1lhcres com refotos
de vi.agem e fábulas, inclusive cnm romances ingleses. que ganhavam
espaço a partir da segunda metade cb sêrnlo XVIII"
Ocorriam paulatinamente, na Europa ocidental, outra> rnudan·
çm signíficatilns. Ourante o 5écu!o XVm. aconteceu uma espécie de
revolução da kitura. Assistiu-se a passagem grnd2tiva da ld!Ut;l inten-
slva, iito é, a le:tura repetitiva de um ou pouco~ !kros. cm sua maioria
livros de índole religiosa, além da Eiblla (nos países protestantes).
para u:na leitura extemiva. A:ém dissn. a leitura p::issava a ser silencio·
sa, transformandrMe num ato individual e :ntmn, que in<lirnva, no
caso da mulher, a con,1uisla de um cspa•;o de: 0uwnomia. Mas é prcd·
soque se ressaite, por outro lado. que os romances e sua leitura índi·
viduaJ rt'forçavam, nesse caso, o lugar restrito da mulher como parte
da csfora pri\•ada 11•
No Brasil. na entrada do sérn:o XIX, a mulher leítorn vai poder
também adotar gostos mais seculares de leirnrn, porque haverá livros
''mun:ianos" pub'.ícados pela Impressão Régia, a5'Shll como lí::cnça para
11 ímpxtação cfo novelas. As lembrança~ de Maria Pacs de Barros falam
nos da leitura <lc livros religiosos e de alguns romances. Mas o texto de
Marly1<: 'vleyer sobre os folhetim qul' entram nu Brasil, a partir do fim
da década de 1830, lndirn a passagem pum il leímra náo·religio~t1. O de·
poimento de José de Alencar e também o de Maria Pacs de Barros mos·
tram 1.1ue na primeira metade do século XIX, no Brasil. os leitores pos·
suíarn um pequeno repertório de fü10~. que eram lidos e relidos. O
aumcr:ro da circulação de títulos no pais era uma revolução aperws
anum:ada, cspecialmenrc com a entrada dos folhetins.

?..~. Ver- ~:.n:-..1rd Witrnam~. ~n\>OO ura RtW\)tudún jr 1\ tfl'.'.mr~, a nnnIN dcl S:gt-n XVBP'' e~•) Ct1glitizuo
C..av.'lib e: RngC'r Ch.vt~t (org~;, l li!Joril <Jt /J [.a:rum m ri Afüt;úo-Ütâlktü;f. Ma:Jmf. Taum>J., T'iB8. p. 448
:29. Ver lt;Jinh..vd WiH:ua,"ln, 1.t;. ât.
voltando ao Rio de Janeiro. na segunda déwda do :é~uío XIX ha-
via uma circulação <fo aproxim3damernc cenlo e clnqüui1a 11cvdas e
contos, importacos. cm geral. <b Purtugal ". :'1 esmagadora maioria esaí
desaparecida e se constituía de pequenos co:1t:)S ou novelas que o tem-
po se encarregou de <ipagar. Mas outros eram H"rns reeditados iru.hne-
rn~ \'czcs, encantando geraçô0s de leitores. Enlre eles. As Mil e Uma IVoi-
trs, Vi'a.w'lls dr Cutlívn de Swm. Dom Quixote, ó• Ccrvantes, Tom fones. de
Fielding, .4s Am11uras d? Robinson Crusoé, de Defoe. Gil !Jias. de L;csage.
A1a!a. de Ch:iteauhriand. ou As PasmiJSdS A Ff!lltrPJ do Barâu dr Afürú1hau·
sm". Vürios dt'Sscs '.ítulos, por razôcs que pPds1m >er rnai; bem rnrn-
preendidus ·· lah·ez recontados inúmeras vem, foram so'.re1:do >impli·
fluiçôtes - tramformarmn-se, no presente, crn hhtéiria> pua crianç11>.
Marlysc Meyer cita outros titules. que parccfln tec tido suces»J. pois
foram reeditados, e:iúora também não tenharn chcg~do até nós, Para a
auwrn. antes da intrcduçao dos folhetins (1838), havia como qllc uma
padronhr.1çiio de rnulos consumidos pelos kitor1:s :lras<dro~. cnmtituí-
do:; pela produ;;ão européia prc·romántica. Exemplos ckssa'. leituras si\o
As A1w1t11ra.s de CarliJS Magno. letêmaro. Gmilirh' à Lichtlll'/d. de Afmr de
Mnnto!ieu. Crle5!in;1 ou Os Üpr.1.1m.1n1111 Sm·m". m ;inda o Si11dai: das //!:a>.
dC' ElL~abr~th Helme, puhlícado no Brasil cm !825. cmsídendo "o protó-
tipo m1 p<1raúlgrna de ccno tipo de firção ewmgeira ante:·:or ao f::ilhe-
Hrn e corrr.'nt<' no Bra~il na primeira metade do séwlo XIX":'.
Das novelas para mulhere' publícadas pda Irnpre'-~ão í<i'gia entre
18JO e 1818, encontrei nove entJe os mais ée vinte títuln.1 rnnhecídrn.
Sua Jeitw a foi muilo prazerma:''. Foram elas: CDiabo Cirm, de Lesage, o

30. \fan<1 Ikmi i2. \'u;.a da Süm. rp. tN.• t97.;,


31. Mad,1 [k:nri1 "\itwda Sll"ª· e'F ot.. ttl?&: F!i..i1Y;rn f)(lit,ideV-ww'} .:p dr.
:i?.. ;\ ;:Ltt.•t ia dt.>t•' h':..1o 1.· H~~·Jil':<,n< hm'fn'" :)tnb.úô;-, i1t: 0$;:nuthvi fo r:.;n1(.t~ (l\• !L1M, (·:~~irt.anH~, ~ p:.~J.UH<
<lo:;i :~l<:tl,><«: \fryr ,1fin~1~ <i*' ,; tr:~nr.b Bd i;tde ta Lfüt11üfure (S1:U wtnf. ei?, (k. !l, 438.
33. l--t-11 ·:.~P \fr>r<. 1J;,. â~.. 1%-5. p. 31,
J.t Entüt:•n.'.i üs-ext~mfllut~~ c;.1 [d1Hntt~(a .'.\:1drnml r~J) R;o dt Jtmt'ir~ Ífiu;:H '~·' n~ f.f"''\~·~ do0 lN1\Y:. :--ium da Dí·
h'.ioh't·.t ~,forl:iclpal M:hii~ 1k Arnh>do:: (rnu) t. r-<1 hfoHo!t'~"' p~1~irn!:n ~f' Jí~<.ú \hrdlln q>JP. ind~~l o íi(iJ'f.\.'
d( Rrl'~n', HwbJ ó: Mii,,t(·~J. iqu-:itrül,
1:.0

primeir<l rom2nce pdilicado no Erasíl (IRJiJ); Paulo e Vii;qfnía {1811)


0 A (hupam1 fndia (1811), ambos de Bm,;:mJin de SGint·Pierre: ;h
CartardF 11ma l't'WViana ~lSll-1812) de Mm1•tk: Crnfflgny: Histriria df
Dúis k'k1ntu ou o T~mpío dt /arnii. de autc:· desrnnliecido: Hr1wli;1 da
!J1mzr!t Tcmlota, em que si• 11Rta 1!t sua Crand1• Fóm1U1tm1 <' S:-ibrdoria
(1315). lnónimo tanbém; os coau,, mofai~ As Duas Desafcrrwwda1
(l 3 J 5) {) Dmigc da P:V.'iiir ,tit;av ( 1815) e ]i·isit Efeiw ;ic uma fnf;drfída
:11' (18!5). de <HHorrs fr.nc:~ws não hl~·ntiikadm.
,\ comtimda dt• ;iutor.:s frnnc<''(" "'' de lt>:dos 1rndmidos do
franft~;s dcnot~1n~ a tn1portància d~ França con10 r:1alt b: geradora d0
tt:Xl05 ccnsumidos r:o Br Jsil. J:<:!m Lu::od-'. i:omva, no cmnPÇO d1: ;,(cu·
b XIX que se li;:m muitm liH0s tm fr<1r~,,;, no Ri•> zl•.· Ja•ki:«.1.'. O pa·
:ire b:;c~ Gar:ia em O C1,"i!/NK'iro. ilD (h\ <da ó; l 8'.D e comPçr dii de
J840, ((J:'tSU ói uma lrincb0:ra para dcnur ;(Lf o <Jfr;,:rc!'samr·nto da ;o

~icdadc brasileira. lnror:ioói,ao partituL1rnwnt<' a qrn">!JO <la "d<•\·


:·ar;;Cldizaçflo" da lingua :·N:hca 1a de' g;ilicmno;". CJI!Jeno Fn'yn'.
u111 sélu'o deFüí>, rnas f•m o.1trn diapasão, desc•moln• o tema d;i e:nm·
pciza;:w (p;ic;.ipalnwnk rrnn.::cs.l e iugl0sa) Ól ~(ij('dade (' d;J n tlt\I
rn br2!1/dnis d::> ;écu:o Xf)i ccn (ki> bngos c;:;pítu!o> de Suím1doi- 1· Mu·
cambos Citando nmitas vezes os arligos do p;,drc Ca:na, faz c•.)nsrantes
refcrnida> am modo> afrrncc-;ado~ ÚJ ~<;nJo XlX brasileiro Di1ia
ele. rei't'rindo-se a cscritus de 1812 <k C.11Tt•a cc Au·1·r·do: a pala\'ra
wqueitme

[, .! f\m:»h!k. ( ;n ~:urnprl!J,cff;!r â f: .111,:1.~~1. l rn 'i.ht~;- ~i fl ~nl..'c-..1, t·m :abr


0 im1 p~~u n dr
füuiâ:'H cr ínr,JCs, '.Oz.ar r '> teda'.b tb um pW:o ••ii<; '' ·~(·n'.1111Ndaí'l., ~·hh\-íl :ri1:or>,; üH :li1:;;:1
na, c·rn ru do LJ<h ron SUJ trbh:•d1 iirabt: e :i.:1 rm.u!rnha ;~fl,Jd:·~dll, m•:1n 1:/dr :111i.t, dur,u1tt~ o <i;1~­
( uh :x 1;T~ 1ào ~x.i.ldõ au s.r.rn :lo ~ ia!à)'~

~5. Cf. JJ.i, Ltit·rrnk, :V<Ws imJ(o dr j.n.ei;!1 ;;md if!' 5-•t1the•n Puu .f R"N'.', Y..1t•1' .A:1w:: .J St5i:h';;:-.. ff Tt11 f~;i!:<.
!:! ;t;~:fr.,.w:0 hrnUtJd uUtH.L.mdor\, l~]. p. 12S.

36. CL 7,d;.. Lop.>s C;lw~, •-f ftl, PP· 4!( ,~ ~,:;.


Jl, Ver( !J:::rw frcy:-c "li, J\!Ulht.'f ~·o lfo:nJ:r ~ ~· "D Hn<Ut~h1 :~ :~ b~rq.ict;· mn S;{,:;efM r.*.!unm,'#;í Ri11

<k• JJ.~..:flt, fo:é Olyrnp:o t J51. '-·nL ~. Ji. 09 .


1 f~:o ilOVL~I liO B•ASll IOMmo

An iniciar a pesquisa, havh !evant;;do a hipótese central de que a


prodllç<'lo de novelas e conto! i:;o:· pane da Impre»iio Régia deveria wr
tomado uma determinada dirt;;~iío, faze>ndo circular cenos mode:os ~ul·

turaL~. especialmente para ;is rml:11eres" i\fo eiperava que cxisfüsc un:
ºprojeto" ediroríal ou uma prq;miçi10 glO:)al ~radutora de urna cerw
fH:rsrwctí1a sobre: n univ.:rso lcmíninc. ma.1 buscav:i alguma coerénd1:i
nas novelas e contos lídoi - na tcm<ítica, 11JS prq.insíçli<:s moeis, no;

exemplos femininos. Da mesrn;: forma. embora t.ive\SC t•m mente q:.iP jii
em 1832 Nisia Floresta trooduzir;1 e ptibli('ara no Re::ife Düdtos das Jfui!w
rfi 1~ hUus/iças dâs Iftm1ms. dil infikSJ ~fary Wo!lstoc:r:ifr''. 11àc PspN[,vil
('IKOntrar um rol de mJ!lF.!tc> r'.~be!des, lurnndo por sua emancí;mç;',o e
Hhcrdade, pois sena m:.<. perspec:tiv;1 fora d::S'e tel!lpo lntórko. lrnagi·
nava qrn' as heroínas fc>>t;m 1•irtuosas, comporloflílM!' de arnrdo com
os mais del!nidcs Y<1lores cristão~ Era preciso leva:· Píll conta que os li·
\TOS pesquisados hav;am ;iassadv pela censura ofichi! de urn governo me·
tropoliiano instalado na rnlôtfü'. Acreditava que. pass,1tfos as novel;;~
pelo que imaginava ser urn crivo moral éstri'.o, surgiriam C'Sposas '' ffks
devotadas, fü:·e;; de vícb> e tent.ii;ôes. Entretanto, a leitura dos !iH"os w·
Jocou·me questões e pmLlcmas i:1es1w:·2do~.
A primeira ~urprcsa foi ci;crmrrar uma dhiersidadc de u:xtos que
nftn st~ l'Ilqtwdnvam cm qua!c,uer modelo pree.,rnbP!ecído nem p<~r
mitlam construir muitos ch•1:ominadc.rcs cormzrn. O que <:ncc·nt~·atía
uma jmcm teíton desse p(~r:odo ao buscar urna idemífica<;-;1o rnm as
heroínas rlessas novelas? O que hr1verk de comum entre essas fi!'uras
fominíncis que pudesse alimer.t~r um (Pl t1 imagirnírio sobre '.'.l !Ligar
d:i mulher· na soried;;de brnsilfirn de então?
Para corncç<tr. pensemos ern Virgínia. heroína de Pauto e Virgfnía
de Bemardln de S11int·Píerre. Ela sintefüa muitas das virtudô ideal
merne atribuídas ;, mull:cr. Si11')oliza o amor pno, ingênuo, se:n "~

38 t~J r~!\J.<t~tPa d~ Rtlf:'tr Ct ••utk:r, 1'r ai,, lf.Nf'. t':op 3


3} Vr't fvk:fa í1·1~·;ra C:'é~f-nti Bc1n.;,ri.l1:1. J:if);n>J Lf!1ttJd!J5, SiJ (1f j.neblfth Sio.úJ X!\' (iffltJJ89li)< :e:.H'
d~ D·•t.it<ifvili>. São P;1 ~ln, lhp u t°l' C1~1~do~ Su::!Ji.,;.dJ FFLCHl!$P, l~HJ
1mTcas da paixão físlc;;i. Sua modéstia - una das mals apreciadas vir-
tudes cristãs - é tal que a foz :norrcr trai;icarnente num naufnig10,
por se recusar a tirnr as roupas para atirar-se ao ma~. ll!lica possibílí-
dade de salvamenw. O amor que a une .1 Paulo é hmn<mioso, frater-
na\ e se expre\sa e ganha forma em >em encontros ~ cornatos com a
namrcza. Amor pleno e tntaL !evade ii~ úlimas c-ornl•qli(~ncías, pois
Paulo morre, de desgosto. logo depo;s da ;;macia. É umil ilislória sim·
pies, pastoril, que deve ter produzído muit;:is liigrínrn~ na.s lcltoras. fa.
zendo·as sonhar com um amor ti\o co111pltto e forte.
Mas. ao lado dessa jovem e pura Virgini1L uma g<ikria lM~tarne
dívcrs;1 de mulheres - não tfü.> nobn:~ e ri11.twsas - CP11wç<ffilll1 .i rks·
ffü,r diante de' met1s olhos. As P''rwn«gcns rios t rés co: 11os morai~ ·· .·h
Duas Desaforiunadzis. Tn:>tl' Efeítu de ww lnfrldidndc e O C1stfJ;(I da Pros-
lituiçiío- são hastame de;concertante~. Ainda que. ao final. o vicio seja
punido de maneira dráslic.1. a; figuras feninirn1> esti\o longe dr• su
edJkanb~s. Por exemplo, eln O Castíga. • protagnn:sta-narrndorn -
qtw vagarnPrne nos kmbra a }i,;sli11e r:c Sa<ie - conta a história dP sua
"queda" e irnNsào no "pecilminmc/ mundo da pn:islituição. O casligo
final, a doença venérc.i, l~ bastnntc forte. Mas a narradva sobre o pra-
zer, a seduçiio e o rks('.jo füíco sáo demmlarla111enle tentadores e deve
ter tido o poder de despertar grande ínteressCl nas lcitmas. Ao lado
disso. a vila, que procura le1ar a jovem pan "o mau carninho", foz uso
de argumcmos bastante rca!ist<•~ cornra o wsamento - a c>u-aviza~·Jo

d.i mulher e a tírnnia do homem - que n.\n sJo crmrcstados cm mo·


mento algum. Assim, 0mbora o vício is:o t\, a prostituição, seja casfr
gado, uma leitura pos.~frnl desse mesmo ccrito passa pda idéia de que
a Lbe.rdadc e o prazer mcrc,ccm ser vividcs. especinlnu,nte enquanto
se ó jovem e se tem beleza.
Em Triste Efríla, cuja narrn:íva lt~rr: l!lgo das Noifrs de Pmis de R~s­
tif de la Bretonnc, a jovem se mata ao fina', pois havia '\ç entregado ..
a um homem que se recusara a esposá-la, eml.KH'i1 ela estivesse grávida.
Apesar do "crime" cometido, e'a é tratada com g:rarn:c n!speiro pPlos
l'.ll

domais personagem, e >ua história g<inha uma dimem?.o trágica e de·


scspcrad::t. O suicídio .. p:.;rndo dos m<lis cxcmtdos pela Igreja Católi-
ca - niíu é acompanhado de qualquer concbnaçào. A heroína deixa
uma GH'Ul antes de se 111at;;1.r, pedindo que a cri~nça que da carregava
fosse salva. Mas os dois corpos são "emerradvs numa mesma cova". O
castigo pela perda da \lrgíndade antes do ca5aJh'nto fora o desespero
e a desespcrnnça a~1So1utos que acabaram por lení-la ao suicídio
(ucomp<inhado de infonticírlío). Do ponto de \ÍSfil da moral católica.
esse era um perndo que não nwreda perdâ(>'. na pcrspecHva da leito-
ra. o como ünha um;; amH1eroína, um <1mímodclo.
As ilw1s .lksa!Ortunadas ó um conto gue (;;u a hí$lória de dua~ mu·
Jlmrc$ - uma mais jmcrn, Lucília, ottra mais velha. a marquesa ele:
Ciarencc ·· que >e encontram t'm um convm:to, fif;m1 amigas e dt•sco·
brcm que amaram o mesmo homem. :\jornujà havia tomado o húbi·
w, dcpoi!i de desventuras amorosas r da falta \ll' recursos d<1 família,
enquanto a mais velha rnrna o hihíto ao nna!. depois <.pe o mMido
morre, Numa história que lemhrn A Re!íglifü1 de Díderot, a tnma di-.i·
mática ó bastante simples e cnfatila a amiLa:le d:i~ duzs mulheres no
comento, consctidada pelas confid(:ntias qtt: u:na fa1. b otnrn. Há, cn·
trr·t;mw, uma pa!»agi~rn d111idos<r: 'farn ;mizade. que nu rnmdo é
ap(:nas um sentimento, no claustro vem a ~er uma 1dxãn. Bem ck·
pffss;1 sua união foí intima. porém de ambas ª" part•'; 11rn amargo
oculto lhe cnverhêllHYa Ioda a doçuni"(p. 4).
Seriio i:o5Sos olhos comernporZineo5 qae v('ern alt0m.:11írns nãn
pr0tcndidas pelo autor do começo do st.'cuk XIX. ou aqui h~. urna in-
sinuação àe amcr [ís;ço cmre HS duas mullil,res? 'foria:n as palavras
significados dífcrnme; nesse pcrímhii Que se entende por ''paixiio "1
(orno teriam ;is jovens leitoras entendido cs:a p;magcm"?

4ft t h1rün<nt<~ 1<trnbj?m ni::i;~r ':"f<ll'~ r.âc ~ poifo t·H GTWJ~ w. ec;Jd t0!:1!ú~ f&&"'H p<iJH-c•~(l% í.>11 iruegn
c\1 \.(' hr.v'l (1.ma::.k~~- :SJt?C ~.., tütr. {-trti~J~ qt:(> há ~hp:;;.dore>;nu f.r:mnmbdt.n.•,; ,!.";>; H'.'<~U\, qw: ~"\<;
un };'~1,<d ~CUS 1fCd·JftH(~, fr._~ ;'J•)ici"\'d rr-Ur;;ir um c;tpi ~ib m;fü:,:itan1t Cu a1tém &l,~1JfW1 9<).'i'«.~gl:.tlJ.
De toda maneira, nr:ssc último corno, as qudidades "pmitíYas"
do5as duas mulheres não são suílcknlc~ para ú~spenar um forte

so:1iimcrno de idertídade e de cump!icíd(•('.e por p;:int: das l!'lroras.


Nos outros dois (O Castigo e "frisff Eféito). a pc•rsonagem prlnc!pal i)

ur1 rnodelo "negativo", pois do W!1i• :'orrna ou de outra sucumbiu 11


p<ilxão. aos sonHdos e pagou alto prfço por sem "crimes". Atrave5
sando a5 histórias, há a mensagem moralista de que <1 mulher não
pode se deixar levai· pelos arr.-bati!fflt•ntos e que pred~a ;~prN1dPr a
s~.·:· conduzida pela razão. Esta JMrece ser a lição mora! mais eviden·
tP. \fosses dois contos. a punição que cJi sobre as protagoni.mis é
c•\emplar. A prímeíra comome na do1· e 11:J ostracismo sedai cau·
S('

~arfos í'eb doença venért'a, cnq;un:o a sq:;,m(h pc'rde a própria


vid;; e a do filho. A> histórias soam corno :idverrt'.ncia; àquelas que,
pc•rVf'lltura, ousem ul!rapassar os limites mor;\is C'Stabclccídos pela
socierhde o pela religião
A Do1mla Teoéom e uma hercína muito particular. poi\ alia :1
sua formosura impressionante dc:-:iinio ~obre ;is :nais diwrrn~ áre;is
do rnnhccírncnto, inclusive filos0f:a. ~endo ,idamada a mais sábia
ertrc lodos os siíbios com quem ''"bateu. Tl:xto publkado pela pri·
melra vez em 15.tO. na Elpmiba, p;mou pdos séculos despertando
continuado inter<'sse. Trata·se de figcira única na galeria de nossas
rrul!wrcs. pois sua força e ~ui::esso t»lfio ba-;eados na razão e na !ia·
bcdoria. É HH.n esses atributos qrn~ ela. urn;1 escrJva cri51à, recupera
a :·onum de seu senhor, um torn;:rcianrc hún,~a:o nn reino ele Tu·
nes. A despeito de füas qualidade; inte!<'ctuais, Teodora ni\o contes
ta wa condiçáo de escnm1; pelo c:m:rário. não só a aceit:i, comn é
absolumrnente fiel ao seu senhor. Parn a kitora bra~ileirn, devia
causar uma cert;1 perplexidade rssa heroína branca, cristã, sábia.
porem escrava, pois se vivia num p<.ls de escravas negras. considera·
das ignorantes e inferiores.
Nos demais livros - A Cboupwa Índia. Os Dois A11h~n/t•s, e O Dia
bc Coxo - a mulher ocupa urn espaço muito secundârio, sem um pa~
1l5

pel atí·m e forte. apenas co:npomfo pares a:rormos, cuase se escon·


dendo nas dobras das trnn'.as <las histórias.
Em suma, há algur:s denominadores comuns. quando repam1
mos essa galeria de rnulhues. Saliente-se. entre eles, que em todos
os t!'xtm · com exceçfw de A DamclB Teodora - as ffulheres vivem
dominadas pelos sentimentos. rnm·emlo·se dentro dos espaços li mi·
tados da esfcr;i privada. Sio seres frágeis, inflm:ncíáveis. que facíl·
mente "sucumbem às t€ntaçües", já que os ientidos, e não a raz.fo,
as dirigem. Sub·reptidarnente. de>enha·sr Jma mulher idt•al que
não ~e pode deixar kvar pelos inpulms. quf' precisa ser controlada
pelo côrebro. ,\inda qtw tenham c'.arcza dos limites mor;iis impos·
tos pela sociedade cristü, as hesoínas siío apr2senrnd<1> como vítimas
prcfercndais das tentaçôrs. dos instintos e rlos vícios. Essa é a tuta
das mulheres: não sucumbir ao ··mar e cn:ontrar <' felícídade ao
lado de um ho:nem. qUi) pelifi condiçôes ca prépría natureza lhe é
supPríor. Por trás dos textos, o pecado parece espreitar as leitoras.
Prü\ . welrnenle, devia passJr uma st·nsação de irnegurança. poise era
pos;M:!. a qualque1· mrniwnto, que alguma2ko;iteira ou algum ho·
mern vies~cm temá·las. Fracas. sem as luzc> que a razão confere, as
IPi!rn1s prcci\a1·;m: estar cm 0starb de ;dnt;1, para permanecer fiéis
aos princípios da boa con:luta meia!. fas;1 mesma imagem parece
nof\t'.H' a esco:trn dos tex1os por partr dos edíwres. assim como as
ohs{'n<ições dos contemporfm('Os sobre as relações 011trc a leitura
dos romances e" leitura fominín;1 irnern1 no rm:ndo das ilusôcs. da
intaginação e (:a~ paixões.
Marlyse Meyrr. ao trabalhar os ron1ances ingleses muito lidos
no Brasil. nns décadas seguintes, elege Sinchiír das flhm. de Efüa·
b<'lh l-Ielme'. corno protótipo ou paradigma de certa ficç;io estrnn·
gein' lida no Brasi! anu:s da cheí;ada do J'o!hf'tim {1838)' 1 Mas Sin·
claírtem sua primPira ediçáo brnsJeira em 1325. depois do período
que estamos analisando. À autora vê em Ambrosina, a heroína do
livro ou em /\manda (de Am;m:út e Oscar, de Regina Roch(•) modelos
dvilil.atórím pa1<1 as mocinhas recém-chegadas à Corte que se inicia·
vam em sua kír.ura". Essa cofü·k:sào deve ser matizada, porém, em re-
lação à~ obras publicadas púla Impressão Régia, no período anterior.
Tal re!kxão, contudo, .ibre<JOs 0;4;.ra porta, ns cenários onde as
ações se desenvolvem e os encontros entre o mundo "civilizado'' euro·
peu e a periferia. considerada "prirnith•a ou bárb<ll'a'. Os livros publí·
cados pda Irnpressií<:i siío também bastante <nnbíguos, r<1so estivésse-
mos buscando uma defosa irrestríla da 'civilização conira a barb;iríe".
Bernardin de Saint-Pierre é um bom exemplo. para conw~annos. Para
ele. e~sa questão cst<i baçtame definida. Em f'auln e Vitginí:i, é no iso-
Janwnto do mundo civí!izado, na ilha dístante perrfüfa no oceano In-
dico, que se desírurn a felicidade plena. O contato <l<~ Virgínia com a
sockdildc francesa só lhe trouxe sofrimento e, cm última instância, ti·
rou-llw a vicfa. O encontro wm a naturP..za, vista como a criação mals
i:xtraordínárí« de Dc·us, comliluLse no grnmlr• rcsponsúvel pda vid,1
idílic.1 e harmoniosa desfrutada na ilha. É sua distánda do mundo ci·
ví!iz11do que lhesgarantr• a plenitude da exlstêncla,. Em certo momefr
to, o narrndo~da :·iistóri;1, ele próprio nzscido na ilha, filosofa:

V:Ss tur0pt.1..l~, njo tsrírí~o ç?- ~nc~t: dP~de a inf):ncfo dt· (3f1la~~ prooeupà~;ôt:>s cnn·
trifrias à fotdda::.tt-, 1;és nt\o pode-h f•)íl((~ber f;Uf: a n.>Hurüz..a fH}'i>'\<.l dar 1fft"itR'} luz<:~,1 <' pr;.u:o~

rcs f ... { ''füiS a nai·~-c1:1 e n cortH;·.lo iáo ine5.~ptin~i~, Paulo~~ Virgínía nàt< linhan11dót~lo,
nem ca.li:.1d(!rio. nem H\nJ~ dt~ trm.ologíri. fk hi;túria e Je fik~fifi0. O~ P<~riodos tfo sua
richt se :eg-d.:tt >:lm iJb.'.''C~ os ·~(1 n:nuni;i (p. 77),

Em urna pa:avrn, en1m folíze~ e inocentes, longe do mundo mo·


derno e das oxi\·eru;ves s1;c:<1is C5tabclecJda.s".

-12. Mitrh~ .~.·ley·C'r. op df.. dl9l p S~.


41 S..)in1-1'i~·; 1c f&
:s.rmd!.i=ildit. un fdf(1r de r:1cforot. [XH.s flf;e.u~'1<"h d;is pe~p1.'f~fy.a,,. !.h íHúto"o f.•room rm ~w-,
Him<n::t~. A HJttJ!Vt~.)WJ'íl DíJC'rut, (' 1.n :.l\tu l..t orginíHl e u~1k,g:in,,d~.n:ni d'.;i !(ll.Jf <~ ~f'asihfüdc;tlf' 61
:r:;;i.lét~.i rr:-:\ um h.q.1r ~.emrnl Ew,.• "mJLr alt.mo ü~g•nk>!>l<{ !u·Can1c1r.r; un.a t1ic~ At.r::).;., :..:~ trr~n Lu·
n:...,nç~ ,ü romet4ôe~ da s:1..Je-d<ide q1~c retrkgem 0<.s ':~.y~ :~u!<·~k;:~ d,\ i.-,~nJ.;t.a h1. 11aa:1<~. V.r.-r ~i"i.'I•ÍI~ t
iJidrrt-t "'Oieçbo 01Pentt<.fJ1(:~ H)t 1, SM ?rufo :\r,.·a CuU:.:ra1. 1188..
Em A Cfwupana Índia, n0vamcnte o wntraste ernre civilização
e o mundo natural faz a balança pender ,·n: famr do último. O
grande sábio íngles, depois ce perço:-rcr o nmndo e deb~t,~r u·m os
maiurcs cérebros da 'forra, (;r:contra a \trdade e ;1 felicidade na
choupana dL~ um pária indbno. A civiliz<1ç5o ~orrompt'. e na visão
de Bernardin ck Saint·Piern: :üo é ela qu(: fará a humanidade tll<liS
feli2. mais justa od mais s;íbia. Quan'.o 1rn1ís próximo da catureza e
longe da artificídirfade do mundo rnoc!,:rno, mais próxima e~wrá d
hurmm.idadc da Divina PnHi<il~nciu e dt> ~11<1 pc>rfciçáo.
Por outro lado. ô atracão pdo exótico e por ccnürim cfütanres ·
multas vezes acompanharfa de precnnceí'.(ll - expressa-se em algv
mas dns novdns lich1s. O gosw ;)elas "turqucrias" já hari;i d1f'gnlo ,)
Portugal no fím clü sz!culo XYIH. Tm:1bl\rn na Frui1çct, o mesmo fo.
nôrncno acontecem: " [... J a ;;scc'ns.'b do rcrriancc, o fo:,cinio gpr; l
pelo mundo imediato da 11aturern e p:~IQs mll'.dm cfotantes (k; pai
se~ exóticos se difundiu ed.re o público ct.l:o \:ntrc a •'poo d" Dt»·
cartes t': Bougainville'"'. No Ri.o de Janei'T do comcÇ~' ,lo sl'rnb
X!X. a leitura desses textos vai ganhando adeptos, como cm A f fa.
tóri.11k Dois Am:mtrs, de autor desccmlwcHh» mas cena111cntE' e:>ffi·
to ou adaptado por um ocidental'''. O tX(itisrno do mundo rnuçul·
mano, com ~eus harêns e mcrc;:idorcs de csrn:ras branca~. tem sct.s
limílPs no olhar precuncdtu!lso por t1"b do <1pan•rn;: f,1:;:·ínio Per
('xemplo, nesta afirmativa: "Na /Í.sia i' panas mul!11•rps urna limHa
pag,ar aos 5erralhos, para os qual:; th:sJ~~ a infancia ~·ê dcstí:mn a; nwis
bcda•· (p. 7). A mulher no Oriente, sinl>o!ízada no Oció•nH: pda
dança do ventre ou dos véus. é idenufkada por sua se:·m;ali<lilde. \u,
:xúria e seduçf1n, atributos indcsejál'eis :m:m mulher ci•llizada''.

44. Rdx'tt D.Jrr:lon, Pp. L{. p H~l


45. \'~!~ (;u!<\r tpe ~> 1n1hl· Ll•f't\ C.'!~~n. t~m i.eu jül'll.-!I ~) (?'lf]'(-'t:,<J&~ 22 iJ·..~ 1r.:t~~1nht1' ,k 1313. 1;;·,; ".~·
?:J.'l a crítw.f! dç it"/r. ;-ifUn>r•·.~: O tclí: ~ 1·n; bo:l'S. :ewH P'"JM?.'-l:i:;t twx<ls: i~'Ut'Cl~'S. Ú,dwt.~ ~ tmn ni"i
uo!-ia 1vda a litn ,º,it::'i.l e f~hk·~b c.>:t.s.np:~i:-a i>lê turfro'tê;1: }i{~~.NW'J t!.:rt~1. mas ck~ ~t, 1ú,:i$a~K m1. ptd
p~b lin;.yJ;)" l\•d!I~ tüpe'> (Jm<i, t::p. â!.. f, l n ~gnh fW:'.lJ,
-16 &.'-im.• ~- i ~)ll~~.-..Jf~V ~h idí.'.:íl :k !.~tp<:rí:ctii.;1C{A du Cirder>•'! s::bre 9 Drit'fnJ. \(_'. b1-,,;vli s~dd, Cticrtk
h\m, N..:w 'ú:d~, Et-1.mlt•)l~ llmm>. l!;Ht
Em outros dois iextos, Cartas de uma Pt•wi1íam1 e A Dmv:ela Teo-
dora, o embl!e entre Ocidente e Oriente assume sua face haLítual,
índkando a mp(~rioridade do mundo europC!U. :fo encontro entre o
bárbaro e o civilizado de Cartas de uni.: Pen!\'íana, a princesa inca
curva se às maravilhas da civilização francesa, sirnb,11izada na suhstl·
cuíçfo do seu ar:inr inca pelo do comandante francês. com qurn1 fí.
nalmente sente-se em paz e feliz. A Dome/a Ti'(fr!tJr:i, tFie é "da nação
{,5par.h0!a" f crfstà, vence wdm os sábio> da cnrtc oriental do rei ~-tí­
nmiotim Almançor. O Ocidente vence o Clrit>n!e. Emreranto. em sou
umj-.mto, a '.eítura desses textos niío rn:JS rermite extrair uma conclu-
são u'.1ivorn 0 linear. As ambigüídlldes penmmecem ti<, leitura <h.·ssc:.:
grupo de livros, não sendo possh•el aflm:ar a existfa1,·i;i plena d« um
estrito projc~o civilizador ocidental como modelo a ser seguidu.
Güstaria de tocar num tíhírno ponto, que me p<iren: dígno de
nota. Não sr pode esquecer que toco~ esses livros passaram pela
ccns:m1 ofklal", Quais os crilcríus dos cc1m1rcs mais ativos como
Jo~é da Silv;; Lisboa, frei Amón\o de Arrábida t) padre Luís j(,5é de
Car\'alho e !:relo? Os três eram homEm ilustrados. :::om uma visào
rll• mundo l:bet:aL José da Siha. Lióoa é ixmante conhecido por
suas idéias eatitm.les moderna.>. Os dois ouLros membro~ eram reli-
giosos ilustrados. Carvalho e Mdo tinha grande interesst~ pelas dôfr
eia~ 1~ foi c·le que publícou, em l 825, Flora !iumínl'lm, de autoria do
frei José l\!ariann da Com:eiçàc Veloso. impresso na. Tipografia Na-
('i,111a!. Arníbída compartilhava com ele os mesmos gostos pelas
ci/>nc:as natcm!s e acumulou v:irlas funções públicas em Sl!a vid;r".
Mas. \·(•ltar:do il\ nossas novelas, indiquemos alguma~ das in·
congruências d€sses censores, 'folvt·z o caso mais gritante seja o de
Os Dm:> Anumtes. A linguagem é bastame explícita no que se rc·fcre

.}1. Sohrn a <.rnfür<int.~~r JX!rn.:xt1-. w~r J.nb Me1..n Ngrant, (,,'[, üt.; Lá:r:.a M.trta lt.'lS~rn rn~~~n da! J\:<.'\'(•<.
'.! T.::mta !k~mntda C. frnóra ~o Medo d0sAbt)mh:l;ht:-ü ?ünc~pios Fra11ü'.~'-l: A Çc-n\1,ir~ tlo<S Lh·Hn.
no "fnídü d.1 Sé:ub :XIX ng f!n·11W . em Aun~, JV•,:fs:_.tltk .~nciu! Y;t,~~lJHàL voL 1, u, 1. ;<t1:.Jun (fr l ikm:
Marn~b lpdrn~ir:tt, ;{ tm~~;rJ w1 8rfüi!. Rio dt• .'a1Hro. Arm:ro.:. U>ü
~it CL Maria Üdil:Jd.a ~ibd !Ji:_is. np át
tE~DC NOVEL;.$ NO IRl\SIL IGA~l~D ni

aos cesejos físicos. O personagem :'.lascu!ino está semJre ardendo


de amor, com o sangue ern fogo, o corpn incendiado por sentirncn
tos difíceis de serem expressos, tomado "por urm: doce embria·
gue/. Arelação amorosa se constrói a partir da beleza exterior, sem
levar em cor.ta um conhecimento mais aprofundado, as a'inidaée~
e virmdes. Ele conhece unrn moça. acha·a linda, apaixona-se oor
c•la. Depois conhece n irmã, iue é mais linda. A paixão muda para
a segunda. A linguagem. a trama, ;is personagens nada tf·m de edi·
fícaf'ile, a ponto de merecr:r o 1eguinte comentfrio, na segunda me·
tade do século XIX: "é rn11~, novela cm que a modé~tia e ~ horwsti-
dade dm costrnncs são mui rouco respeitadas. \'ã<J 1ei como ern
te>mpo de censura pré~:a se ix.,rrnítiu a sua impressào'•1. O tradutor
e "acornodador' de ""xto. jrsé Pedro de Soma Azevedo. que en
ponuguês, bacharel err matu:lâtlca e oficial da Marinha, l'S'.eve sub
suspe!ção de jatobinismo.
Os dois livros de Bcrna1din de Saint·Pierr0 nada têm de ·con·
dcnáveC m;is niln deixa de causar surpresa a escolha de \l'.11 autor
que em adepto das 'pcrígo;;as" ídéias francesas. foi zmigo de
D'Alcmbert e de Rousseau, leitor de Didemt. tendo partídp2do.
duwnte o período rcvcludo:1ário, de um culto d1mominadn "teofi.
!antropia", constituído por cm pe<p.ieno grup:) de homens forma-
dos na maçonaria'G. Ern Paulü e Virp.!nía. há um;1 ínqueilíonrtvel prn·
posição crítica em favor de una sociedade mais ígualítúria, (~m que
as diferenças dr~ nascími:nw não deviam importar. Mmr de !a Tour,
mãe de Virginia e kfargari<k mãe de Paulo, s.'io amigas fraternas.
ainda que a primeira seja nobre e < segunda. plebé'<t. A v\!à da hh·
tória é a tia rica e nobre. As ::oncepções do autor a respei;o de rf'L
gião e de política nflo se enq;adrnm nos c.rUérlos es!ri'os e~perHlo>
num imaginado manual de censura caLôlica e colonial.

4!l Jtw:-trn.:b h,.01:;;x:1 ds. Si:ra, [)1l'";,f,tJ.'Jl"irJllbt'i;/iifu1 l\nrg~lf:s. L~b(Ja, 1m1~1h'>.\.d ~iu-imü tfh2.,apw:fü.,bt>&.~

Ho:-b de M:iu!'\, tr?, fJ', µ. 2f.JK.


S" Cf ha'~"" f'u,o: e Mo'' Clwo! {c;rg,»}. :Ji<wm;i:i< frtiro ,fa f!e>dn>;i• Frar.-,,, li» tl< ,anciw t'>fo"
Frun'íra. lrJf.m,
Afain Rcné Lesagc", Jutor di) O Diabo Coxa. também não parece
ser n aul()r m;tis imlirnd<J p;H·a o dclcilC <ic mulllf'l\1.> carrilicas e• de
bon fomilí.t. O lívro pode .1er entendido como urna u'tiníca cinirn da
umdíç5o humana, rm que as irtllSlíç;i; perrnanew:n e nada se faz
parn mudá-las (ainda que o di,ilJ.1 tivcm: poderes >cbrP:iaturnis). O
arr;ujo fiml. do cas;m1ento do csludan-e mm uma jDvcm rica, rcali·
;a-sr• çon1 ;; intenndiaçáo dcl rií~!;o e has(:ia-sc nurHD n1t21ttirn, ji\ qw:
o diabo se dí;far\:;;r~ d<: cstudantt, atua:rto cerno h\'t óí. t\n fl11.i l du
lilrn, não bí Cil5li(-((, p<lr<l :1 díabv. nem L1,-:'io do nnral par<i o leitor.
E foí r:ste o llHo cmillúfo par:1 .~·:1r o prim(·ir·o rom;1nn.• a S<'r :)ubli·
cado nn Brasil.
Há nutras decfsõcs di:'íccis (k seren comi•n!enlicas. Em ;h C-1r
tas de uma Permi;l!li!. " pc!l'SUfl<lfi'nl runi11im \'ilÍ ú~,cnbrimlo aos
j}QUCO> os encantos ..iJ 'cilfüzaçfüi' frnnns;i e ;icalJ;i tnid;1 a(i cum.m·
dmw franc(•s que a hbl'!'tara das uüos du> •!Sp:nhciis •·i>ws de forma
extremamente negativa rn nmck Niio deixa dP ,1;,r .'>ttrpre(•nd0ntn
qu1, :~rn 1812. ano ;fa pu\iliCilÇ<\t' do li,rn, embora \I> franC('\t','> fos
>e·n os maiores lnin:ii;os políticosdos pr111uguese>. ~n1 lexw que tr;i
ta d~s façanhas franccsa1 ru Peru '.ab'.olutamcnte firticias) e qt1•' km·
va \ua sodcdacl<: e s~us coswmes, SPj;1 pu1J.icado, ;rr:i qualquer pro·
bhrn1a, n.i rnlônia lVinuguesa.
\7aie a pena lembnu- (} dJhak~ f'r11J'C 05 crnsorv~. (~tn 18JBj enl
torno da li('(.'ttça pnw importar o :ivro <k W;c·Jmd. O Oberon. anali>a·
de por Lcila \h:znn :\lgnintL Frei Ant0niG d(' ,\ff;it•id;; não censura
rn o roema, e o f'Srf\'~(J da Càrnar3, Lobito, !l<Ít) co:i.ordou Ctlll1 >U:1

cla:isfto. Drvohendo ;i frei Antô:1lo, r:s:·e re;1firn.n:. ~t'U p:JJecer:


·'Con}kh.~~-o-o tanto na t)rigt n1. ro;no na 1
ínlrod.l\·~lo. ll.:1 cl<i~~(· de \C:r·
sos e das novelas que todo mur11:k lê 0 cingui'rn aCH"..lita ·. lnrnnfor·
mado, Lübato l'fl''io:.i o tom paraJos•~ d<i Si!vn Lísbx1,

51, lC$..<~s tíd1t> cu:r-:. •'..'>k'\"~ c;rp,,!;:,n:.-'..: íi(> ~ic ;::~sa t;m<:<'I. A~ ..tn1!:u:.r1 r.. ~ i;·i: iJ,':1;;. !J'..i:.,h.a·k· p•t:1
h<ipw'''''~~ R<'@!i: ~!i.' L.1~>:"\ ·!~ l 7')J {w::1 çd\{.11'> <s:i:T~\ív;.«Ú, 01};~ pwneírn pa·t.~ '.!il~ ia &ído i:.:icu-.>:.~d<:J
por f.r_1[-iJ:,l'
•1,:.~~ ;1(:.1lF".l l:i>:H(•:'dM:dc) oy1: fn) \1 >'~1 ;í(b, uk;~;1rd1 fj~'l' l> pneD [;tcri;~ fruo ~~ )Á!Í·

l.t f;t:i:>- t::<~l'...1:n1r:~ 1!:: ft>IHpú <..! n:~o i'i<! i!L)(p(· t1 rdigi-1\J ( J :i ·'-t11)(;~L CmKíum f.ur:il:r<-:ido qtnv' ~J
Pbra era k ;;;:11 :n) rdrx e Lt~:.mt:' i:r)"Jhedu 1· qor proHJi b S('l'~.: daf,!;·::t.· iiqh)!";.'.ínô:~ qt 0

lmlo alérn das nmclas <h[Ui ;nalis<•d;i.;. t\ possívd notar nutres


enigmas da censu:·1°.. Pur exempb. a puhllc;11,·fw de llenriuJ:i. de \'ol
laírc. pncma cm iom prü\'üe<11ivo. <)UP trilto da história dr !-fo::ríquc
rv d;1 Frarn;a. o Í(;'XW foi traduzido pdb hastlcirn l«m;;is de Aruí·
no ck Ekh• hc·i1a~. pu:ilicmh r;o Porto em 17% e 1Timprcsso 11()
í(tn c1n 181?. O Cam•Jo Br::zií.'m;e de· Hip<ili!o Jos1'.· da Cusu. ;dmi·
rase ~ta publiC<c\'ilO Jc íienrrd:1. l>Ois Nlkndc que ·1w·rn o 1.~ vai
pa>sar pur meu, ou pele menu:. pnr .. acohino". 1'\íi tnrnn:o cm
1817, José da Silva Ushoa ccn;u!'ou a importaç<lc> dos rnrnc.1 c ro·
:mmc~s de \'ol:airc. cm fr;nc(•s, :H•niuc trazi;u11 "m;ís :kut ri ·use in-
decônd<.~s n101\ti:/':>1•
H€l ~an1~H.'·:;1 caso~ tit· fivros que l Ht\ k11n sido {;(~:lstwado~ ünH:cor"

mem1~ ~~m Ponugal e cuja publicaç:io foí pnmilida no Biasíl. !'..e que
aco11wcc com :ls Cartas cJ,, Aürf,c,1doi' lldoi\ac o J<\ citado i) Dütho C:n:o.
Ou siluaçiks rorno " de 0> Soflim:·mo.> do f1wcm 1Vin:1er. de Coeilie.
cuja kirura a cenYJra e:n Ponugal lilll lntl ;1 pe~~\la:, J'IÍYílq;íadas,
'cmlo mnb lirarnfa qtw a do B1;11i'.. que prcfüíu Hmilrni.:!llP e rn:u;11t·
CC, aí:1cfo que depois de Jtll dt{J;t{(· !i;istJllL~ Íl!tl'lb<l, Cr"l0 l[UC, :ll'S
~e ca::;o pan ic11br. a obra t it ih.1 wni "{ama· Jc pcrign>a ,';1 l'\tab1>L·ci·
tLi. O suiridio tk Werthcc <U Cinal tc:ria irnpirndo ··· assi1n \C dizid na
t;poca -- o tne.~mo <OLJ cm mu:Ln j.:ivens atingido:; pdo n1a'. do amm
ínfdiz. fase fato prn•m·t~inK me ,1sfüstara o;; cemorcs.

Sl. cr. l~lb !\\ •').!'. :~I~:rm" t~·,, ur .. t· 18. :) ('S'Jfd,Hb C;<1Mf,H·l<1,) l~fü-<i!H ç.ilb d;• t'f!·i~ii < \ li:--1.a_.,,.·;i). d; li
~V1'> ~ ill(vi, n;<·1,1c f':l;::.,!) :nht;,,!..,.1,an Di:,rm!xrp; rn 1\\'v ~ '.f.~\ ('l:l=SVh fl'):r1 •1i~•'f':n:1,,.n.} \n;s p, it:"I'»'~
::i Cf. (j r~ r.r.~; fr~~?ihe'Kt. Ú''J. l ~ n. PP ''\'.-·'.~ t~! : . .;~~i~• 1~;,1\'x' 1.dX;dn 1k \br~U'.> V.\ lrnp•.'\~.tf: n'3Ú:: li::> Rt<.i

~Ít' j::·i; fJ "\: 01-i;;;eriS l' Ft:)-'.b.lf,-~''. (il)\ nd ....·n~ l>ni! i..'.!ik \fn;·:·~ ~· :'i :[i \~Mi-') ,·fp A!.1i:1,:ifh Cw .•~~w.~ :l)lf";, ftr·.
U~'.i:·< 'f.• 11.t i•s-p>H' }(, ~}..i.i~, p. l:Q
){ D-:··~::f.•..irr,:,do ;~Jrí',_ i:1iv1 lfü~. itv:.uH:>'.· w: UL n·'11;nim•:rl•J (4 L:;-i.ú\ C10}~'ll l>'<<ii·','x1. íi~.l :'?1.,.~· fi J=<:'v
tgui-..11,:T~! fü1;.::\ ti '.)d:~iiH'.
É difícil responder .à questão da falta de nitéríus dos cemores.
Rubc-r1s Borba cfo Mnraes afirma que a censura .:·m Portugal. anl('~
de PombaL carncterízou-s1• 'pefo falta de crfü1rios e de regras daras
e espec'fícas. era caótica e varh\\c!" 5'. Mas não se pode f;cneralízar
\'SS<1 afümu:'.l'a para outro> períodos. ~lo RiJ de Jarwiro, ns rn:s
membro,; u::nsorcs. dtadüs acima. ernm honwn:; lhmrado~. nn' is~o
:ião jt:stific;; a permissão para a publicação <'.e f'('rtm livro>. wrno A
l'fo!iiria df D11ís Amanres. A •'Xplira~·iio m;1is .,arbf.1tóría parw:e·nw ser
.1 de cyw a n•n>tm1 estava dennsiadamm:tp p:·z·nn:pada com üs tr•x·
im qw· traz.iam idéías po:Hlcas e fík:>ófic:is. Estas t'l':m1 ª" "idd;is pe·
rigosé•s". Por outro lado. Pstava:n muítn a~>sorvidcls :•ebs ptoblNnas
im«dLlws th colónia, ck·sde as dccisô\'> >chn~ a en:nomia · C•)!\10
lh'll\ de:nor:~!ra a trqjctórín de José da Sil\'a Llsbcit ··· p;i;;o;;rndo pdd
no c;1so dos outros
rfoís remores-, :lté <!s soluçôcs parn "o adia1·tamc11to" do rt'ino. Os
Jnos que prêeedermn a í::depcr:dt:'nda estav.1n: repli:tos de tensões
sociais e pnUícas, rnnro no Br:1sil tjuanto em p,,r111gaL Estes eram
os gran:les pmblernas e ;;s d.·~;,fiantcs qup;t;.}cs qce ocupavam a
mente dos fenso:·es. Creio que os rü11wi:res e as n:u1hcres, cmnu
p«queno ptíblíco consumidor, nd.:; ronstitufam o cemrn de rPl'erún-
cía dent\) do ur.iverso de r;rc"ocupações dus cc:1sorcs, dl'rnomtran·
do, cc um Lido, a pouca ir:iprn tànda c'm roc1l.1nn's e, d1• outro, a
invisibilidade da mulher no cen<lrio puL'.ic•• e socf;d bra>ilc~irn
dt~ss;J época.
Em smna. neste anígo, procurei demons:rar a exisu~ncia de um
público f1'mínínc leitor de ncll'clas e cornos. Ind:quri corno a fmpr<'S·
s;'10 l~ógia re1e critérios de escolha c:ue nào nos per1~·1ir :ram r-nconlrar
coerência de intençôes e uniformida<k de per:s;ieclirns A pluralidadP
dos textos p'.lb!icados r;o que se refo~e à mora: e ao cornpor!mnento
da.s mulheres é nouivel. Foi pos~ivd, no en:anto, identíficar urna
llNO(l NÇl;.:AI ~C BUS l JOANINO 1'3

cena \:isiío comum que perpJ>~a a conduta de quase '.odas 2.s heroína~.
vistas, em uma pa:avra. como seres ír;igeis il !;~ira de peczdo, que de·
veriam abandonar a seduçiio dos sentidos e cntregar·se à eondu:;ãu da
n:mio. A linguagem de vários textos fog:' ao p1drib de moralidade
cristã que imaginãv;unos para a cemura co!mu11. Esta l!.'ve atitudes
desconcertantes, permitindo a publicaç;ic de ::vros p;iuco recomendit·
veis, do ponto dP vista catúfa:o. Os cr:ná1 ios das novelas : :mbém nJo 0

nos iwrmitir;im concluir que houl'esse qualquei' ht:~nç51) de desper


taro amor à pátria ou a delesa ::e cNto;; padrfw~ cilíli?atários
Avan<;·ando pa:·a ;1 scgur:dn metade do sécdo XIX, eeio ser pm·
sível Pncomrnr um modelo nu!tu n:"ís dcl1nído de muliler, suger:ó)
rm algum textos. Petw.i, por exemplo, :1:is !i\rcs de Joac;Lim M<i:1uel
de Macedo e de Jo2quim !':rnbc1i.n dí! Souza e Silvr:, r<m quP bíogra'.'i?.s
de "m11lherr·s célt>bre>" erarn prer.extus para ~.e easiri.ir, nDs t!scdas, pa·
c!r'õPs <.h• comportamento "v1'1.uoso, ch•i!irndc !'de a:nor ü p<ítr'a"". O
primeiro foi adotado, em t.878. pFl() gmem:i imperial. ;n1ra ·'!eiLira
na~ escolas de instnição prírnárin do ~exo feminino do Município da
Cun,,·. O segur:dn, de 1862. er;i dcsnn;;do "::o !HYIO e ;.1cfap1ado às es·
<;o!as. aos mit1lO$ •' aos prcmb; que se ol"ereo.>rll iL'i s~nho:as". Dc·finia·
Sl'. cL: forma pn,císJ. o papel da mulher na fam'!ia e n;i mcicdadc e
~cu'> comprnmlssos <.om a pàtrl;i, Para o nmso i1P1iodn. en1rc1anro,
ludo estava pur S(' ddink. era vagil l' pouco cunsbte:11e. Daí. a ílu::kz
das ··~colhas dos lívrns a :;crc1n publicados Mib a do gove•no ir.e
lropolitano. As mulheres ainda c~r.ava:·n esfc:11açadas, pluto visí.,cb.
Seri;: rn:ce~\;íria a i::dc:pcndencla, os projetm de cor1strnçSo da nacJo,
para que os pap~is femininm ganhas~em conurnos ~rnis fortes no ân
bito da esfe;a publica.

55. jn:,..:1uJm l'\hnut'l l!t~ Maü:.Xfo . .Huffw':'S Cik:brr!>, ~!!o de .'arwiro, :: L C:u.ni:r, l8T8 Joaqub Nó1Jt·nu
dt :::óma l' SUt:t:. iL'1$fMr;r'> t"L'Jbi1">, m) :k Jandrn. 3 L G<>rnl<.r, l SUL Sthre r.~\ · l<'rn..Mi• de .!bhkh:
pn~Jundü$ por ~1;:.;wk, \:a ScJnJ fUrJ rl. :Je Ma:ta>. !J:.c11ii tmL:ç..."eJ. [hssi:rW\<\() :k ~k·'itrado, l"i:.tde
J;~n-:irt., f\ind~ção Ci~· ú:t•J Vnrgas. 1Hl A atua ')Hh!rn conir, ú§ .Í\Tü$ <:hdáHcn de \.b<f•<k1, etha
ru. d:'.'t'ad;,; Ó' :81){), h_,~~~L1i..m1 o;dem ím='Nhf 1~ pôm,i mn d~~t~q;;1.•~) !og.J.r .!<f. 'l~nü YX,-t·!~1<lt~
0

(Ire% -l

r~o fi)n;unlo ~ta S:Xi'.~fhtk ~mpcnJ!, f..-t:it:ltiruiQ .l :·1.;n:i-,1:--tl')k.~ ~k: urm iC:l~n::rl:.th'!-,
A Histôria de Ooij Amantes ou a Trmplo de ]a111!f''. de autor dcsco·
n:wctdo. Coma os amores de doi~ jovem arnantes turcos. O narrador
e personagem principal. De!y. e um homem CJL:e trnbnlha para um
mercador de cscrarns, que sai com o obJetlvo de comprar mulheres
parn o scrrnl110 de uc grilo-wnl1or. "Na Ásia é para as mulheres uma
honra pamir aos scrraltms, para os quais dc5<k a innlnda se destinam
as ma:~ bd;;s" (p 7). Eassim que conhece um pai que deseja vender
>uas fil!·.m. A ;irimeir;1 logo desperia seu mnor. porque. afirma ek~. é
linda. \la> da rrrtenre a uma seita. a de Jatah. q:w ari!ba ele desco·
brindo m purccer :m1b a 'um lupanar do qut: a um h'mplo". pois as
mulheres devem ceder ao.; capricho~ do pré,prio Jatab e de seus irinís·
tros. QL;a:1do ccnliece a segunda irrnií. Zulima, decide· se por ela, que
é mah bo:1ila que a primeira. O pai vai \1:mdê·l& depois de cumprir os
prcceitcs no tempb de Jatab. t\s aventuras co111L\'<Hn entüo. Para im·
pedir que a moça •cja levada ao templo. foge mm ela. Depois de in-
wnt<ívc1s pcripéci::s. o casal cl1t~ga a salvü ê. ConsLmtínopli!. onde
Dely paga por Zuli111J o dol;r~> dü pH:ÇC> J)(,clitlo p.:] o 1nerrndor. C'ilsa·
se rom cLi. oforece-lhe escrnvas e a 1n;mkrn (•scondida do mundo no
interior de sua casa. Na ültima frnse do liHc1 ele afirma esperar "que
o mundo aprove >(;>:l proceder".

O {)1aflo C()}d'. de Alain Rc1:é Lrsagc, publicado cm Paris. cm


1707. A história se passB cm Madri, e as personagens principais são um
e,>tudante chamado dom C!eofas e o próprio dí;;bo, que se encontram,
por a::aso, num quarto. O diabo cfüí preso m:ma garrafa e persuade o

:r;. tnosulwi :<1 edtc;'k p11blk:.1fa t!~) Rio i.b~ J<i11(~lfo, Imi:nt~'i"f o l~i1l:i<1. ;~.! i., Sü p,. 1r'1<:lcôc.1 ~' <10.Jniott~d;J
per j_ [~ S,., ,L .;;om b::-r~nç>: d~ S. A R V~>udrn·:i~ m1 t,:a de Pauk· \bn;n: ;•i1h.-.1 ;t:lr !fü<) r(~i~.
5f.. Cnmul1f> H'Ó\;;() rul>lienfa 110 Rio(.(' J;md<o. bnre.s«\t> Ré!!••. BIV. •& L 131 p (' W>L 2. J'/.1 p.
ron !trc:Jç.t de S. A, R Ven<llti.-sc r~ k?j"' d~ ?rn.o ~fo_n:irn Fi!tv... t~ôr l .-500 n.h.
esluda:1te a soltá-lo. Assim acontece, e começam as avernuras. O rle·
mônio é clescrito como aquele que i11t:odL11.iu no mundo o luxo e o
deboche: sua especialidade é ajudar amantes em pt•rig<J. Ê, er:1 uma
palavra. o demônio da concupi>cencia. e seu no:i1e e' Amiodeo'"· Si10
dois ~olumes dr~ avent.uras, vividas ou contad;ts, pois o diabo voa corn
o estudante e vai·lhe mostrando t.udo o '1Lle se pa5sa atriis das janelas
das ca~as. Vísit<Hn uma prisão, um hospicio, vécm a vida dos ricos ''
dos pobres. Tudo é narrado em um certo tom cínico, rnomando quc.
a vida e~t<í cheia de injustiçm e que 1rntfo se pode fazer para corrigi·
las. Pelo nwnos. essa é a "filmofi:i"" do díabo. P:ira tr-rminar. eles pnc:.·
(~nciam um inn~ndio na C-Jsa de um lmmPlll r!rc, •1ue S() salv11ra mm se
mostra desesperado. pois sua filha está presi! dentro da ca~a <' v;;i mor·
rer qt,eimada. O estudante pt'i.!e que o diab:-i il sali'e. E~tc. ent<lo, trn:ta
a aparênda do estlldame, entra na c<1sa e salva a moça. O usarne:Jto
do estudante com a rica moç;1 e arranjado pelo diabo. E assim termi·
na o lhro, .mm qualquer puniçf10 para o dc:nónío, que L~\o demcm-
trn qualquer <trrependimcntn ou piedade cn: re::.çào am huntai:os.
Mas. de toda forma, é ele o 'santo casamentebi" que l:ne os dois_o-
vens.

Paul11 e Virgiíiia'', de Bcruan.lin <k· Snin: Pierre. pub!L:ado e:u PJ·


ri5, crn 1788. A ação se passa na ilha de Fnm,a. :m nccai:o Índico. e 1~
nanada por um habitante 1fo lugar a wn jrnem que cnc:ontra u1r;a
casa abmdonada no alto de rnn campo. Esta é a história: duas mulhe-
res ~e cncontrnm na ilha, depois de ten~m vivido dcsve:itcras amorc·
sa~. A primeira, nobre, 11.lme de la Tour. casara-se com um pleb~u. mas
ficara viúva, e a segunda, Margarida, ;llehéia, fora" <lcsonn.da" por urn
homem. Sàc) as mães de Virgínia e l\iulo. Com a ajuda de dofa cscrii-

59. Sr!))tnl<.ir) <i trádk)iu popu~bJ, h.wia flhJ<tc~ "tl;'K».. d'! ~kmfo'.íüt IRocct 3'wt.K. tc~ffC!'i!r<..!S. .<HJl.-:~ ..U.'9j,.
:s.utH·r~i'u11:~ e ludfugos. Cf, Laurn. de Md'u e Sr)ui.a, ·O lA1X. t~1 'f\1.1 <k JiJntJ. f.+ut Sl.l:o PlluJn, Cnm·
JlMlhi~ dw, f.Clr<h, J98fi, p. IJ7, 0 4
Hf.<\'W~ diUfJQ (i:i~WH~'j~·; .il Ul'<~~Ot'.a. tk-4 .'1tm•t:!i
fiO Co!"~._tú~1 a f.dl~àn puh!lcad.t! rm Rlc1 dt~ 5am~lro, Imr>:e.:.ân .Réga, ;SJ L r.om Íic(riÇl dt' S <\ R. ·23g p.
Vt:mfü;·M; :M bJ3 di:~ Pauk. r..~;ar~jm ffüt.). rnr 9fij :ht.
146 ~ll!ilCA .ATINA N3 S(:UlO tlX. IRAM,\;, lf!AS l !0101

vos cultvarn juntas um pedaço de terra. As crianças creSC('lll, amando·


se. A história é o emontro desses dois "rcraç·ões puros" r· sua relação
com a narnreza, onde encontram paz e felicidade. Mas já adolescente,
por insfflncias d~ urna tia - a vilt, da história ··, Virgínla é obrigada a
partir para a França para se instruir e ter um futuro garantido. Depois
de alguns mo5, quando finalmente n:io aceita casar com o prewnden·
te que a tia quer the impor, volta fl ilha. Paulo<:: Virgínia nunca deixa-
ram de 1e amar. Na \olta, o navio, já próximo da costa, é atingido por
um violerno forêcão e está pr·~s•e;; a afundar. Pauio, que havia corrido
à praia para bu;car Virgínia, :ena di:»espcradarn!:nte nlvá·la, mas aca·
ba assistírnlc à sua morte, pois da si: recusa a tirar as roupas-· por mo·
rlt>stia - P se atirar no mar. O fim rlo livro é o mai> triste possível.
'fodos rnoirem, um após o outro. e a ca~a fica abandonada, em ruínas.

A Chmp.1:1a Índiif 1, de Bt"rrnmLn cte Saint-Pierre. publicado em Pa·


ris, em 1791. Um grmo de sábíc~ inglese~ ;,e reúne e decide víajar para
as mais dher~;;s partes do mundo ·para buscar as lu:ws sobre todas as
cif,ncias, para 2sclarecer os homms e fazé·!os felizes" (p. 209), O mais sá·
bio dek"> Bi à Índia, "berço das arles e da~ ciüncias·. Depols de est;1r
com m 'ioinens mais cultm do n:undo, conclui que, em çez de respos
tas, wrn mais düvidas. finalment?. na Índia, encontra·se com um pária e
"hosped,1·se" em sua choupana, !Wrdida no fundu eh: um bosque. O pá·
ria tem mdhcr, f:lho cachorro e gato, Todos vivem cm harmonia. De-
pois de wnver~arem r:mito, o sâbiG conclui: "Eu percorri metade úo glo·
bo e vi i.1penBS o erro~ a discórdia: só encontrei a vertb.le e a felicidade
em 5lla choupana' (p. 382). E guarda em seu coração as palavra> do pá·
ria: é preci;o procura~ a \'erdade com o coração simples, porém esta só
será encontrada na natureza, que é a arte de Deus.

G1, N.".o ~11C0ntE~i 1;; ~:Uç.i,) br.J~leira det lmpr-elióln, v~ncfa.ta na k~ de Pt'.u!o Ma:tli'D f·'iJhi:o. por 640 n~k
Comulld a 1,di<;:;iJ fram:eia (UbHr..irla cn P~ü. Fvn~ ct Ct.:: Lbrairr.s.-5:-füe-\tn, 1863. t:'flm linda~ ilu~·
~raç~~. l!gena a5..s~nadas a;>cnas por Wilh;J"n!-: e urna L-ôii;ãn t"JJflj'Jflt~ com P.ut1' t ~'!rgir.ia,
As C.1rtas de uma Peruviamf', de Mmede GraITígny, publicado em
Paris, em 17 47. É a hl~tória de uma jovem da nobreza inca apaixonada
por um principe, Al.1. Em forma de cartas <lirigida~ a Aza, ela narra suas
desventuras; os espanhóis invadem o templo onde ela se encontra. fa.
zendo·a prisioneira. Entretanto. é salva por frmceses. que a levam de
navio à França. Dcterville, o comandante fran.::ês. trata·a como prince-
sa. Em Paris, é apresentada à Corte. sempre escoltada pelo frano~s e por
sua dedicada irmã, Celina. Ela começa a aprender francês e a admirar
a nova cultura: 'como as maneira;; destes ~elv;igens !franceses! me pa·
recem extraonlinârias" (p. 149). Finalmente, dmcobre que Aza lhé foi
infiel e decidida a viver na França oferece sua an1iwde a Detervíllc (que
a ama), e os dois terminam juntos e feliws.

Ilistórié1 Verdadeira da Donzela I"et.ldortP, de autor desconhecido, pu·


blicado na Eipanba, cm 1540. Tem por cenário o reino de Tu!'f,s, onde
um mercador muito rico, natural da Hungria, compra uma escrava crL~·
tã. ·espanhola de nação·. Era !inda e fidalt.ia. O mercaJor determina
que ela seja instruída. Contudo. ele perde a fortuna e, ao se aconselhar
com a donzela. ela se oferece para ser vendida ao rei Miramolim Alma·
çor. O mercador pt'dc por da der. mil dobras de ouro e explica que o
alto preço se deve ao fato de da ser a mufüer :riais sábia do rnundn. A
partir dai ela vai passar por uma si't'ie de pro·rai, debatendo com os três
maiores sábios do reino. Vence todos. No final. o rei dâ·se por vc:ncido.
perm!tindo que Teodora permaneça com a mercador, que ainda rece-
be mais de1 mi! dobras de ouro pell'~ rcsposlm que Teodora oferecera.

As Duas Desafort1madaf'1, de auror francês desconhecido. Nesse


conto passado em Paris, duas mul:icres das melhores famílias se encon

02, Naocnromrci a cdiÇ\o da frnp1:ea'1o Rêgiacie :Si J·1812. Cim11u}~io lívrr, publit.3<ID tm'i Putç_ tmprl
1néT!e de MignR-n.'1, 1747: pcrtantc. a primeira f'<fu,ilo
63, Consultd •edição publkada no Rio <M J2ndro. Lnf.<d>ào ~éti• !81$, 30 p.. rnm fü:ença <!e S..~. R.:
1radutldo de -r~tdhaun fX.lt' Carbs Ferreiro Li.!bane·rM
&\, Coruulrei o "1!mn< p.il:il!:ado no Rlc de l•ncho. !rupr"''"' Ré~i>. JUS. 32 p.. toJm llcenç.J d• $. ~. R.:
tradudda do frar1Cês,
M!tíl1CA !ATINA '10 ltCL'lO ~IX H:l.\1AS. 1! IAS f rr.xros

tram e:n um convento. A maí~ neva. Lucília. havia tnlll<í<~o n Ji;ílJito de·
pois de urna dewentura amoro:ia e da perda de rccurMi~ da familia. A
mais velha, marquesa de Ciarence. havia se refugiado 110 convento por
problrma> com o marido';'. l1cabam por t!escolJrir que <1marnm o mes
mo horne:H. ern épocas diferenh:~. Ma>.-, m;a·qnE~l. doente pela \•ida Ji.
henina que vinha lerandü, está ú h:ira da nwrte. A marqU<:sa mi ao
seu encoc:tro para assbti-lo na J:r:ra tfo morte, omínüo :.cu ;1rrcpc11di·
mento. E:a dcride também to1u.1r o b~E1íi0. O narrador cnr<io diz:
"Com sua alma [de Alme de Clo:n:ncc] dtcia d('~!as sarnas \déí;"· r•l;1
Vt~Hl ajuntar-se a sua a1niga. <jtH' tit:h:Ju a<, pé dus nl'. ar(!S. [ ... J Ehh cho·
mm juma:; p('la ültima \ez; e pourn depni:i i\f;:;f 1k C:<1re11ce ui11:"1·
grou a Deus, pelos mc-srnos rntm que Ludlü1, c~k coração, c•;tc> atrn-
tivos, (·estas vinudc>. de que o rnundo 11~ío (·1 a digno' (p. 32),

O Cnsti;;o da PmstituiçiíO", de dllor f:«Hllt'$ dcscn;-;hccirlo, ;\ na;·


radora ()a pt.~nonagein príndpal. un:u joi..cru nn1lh0r. 5obr(~ ql11.~tn n:to
se tem m:.ilta informaç.\o, Conta qJc "urna astuta nirroptora" lisun
jeou sua vaídad·:: com "uma lingti<t[,•'m engarFidora" " :i fez voltar \er;'
pcmamé•ntos ;nra os holllem. Ela se d('ixuu k•v;ir pdos nrnus come·
lhm d1 outra e acabou na pws:i11;içáo. Os argumentris da cnrrnplorn
foram muito n:nvincemes: c·n:r:: •cl2s n lie qué' o ca~;Hn~nto era urna
verdat!eird e;rrnvid5o e que c:T1 1wccssário (Í(»frn:a:- d bdr;.a e a ju·
ventuce, que eram passageira;. D:a::te de primeiJ,, b:Hnem. :>m'1rn:hiu
ao; apelos do ;exo. "Arrastada pda semualidack, cu n~o pude jci m<.iis
wspe1.der·rnc: a paixüo da liLenina,;ern se 2po(:ero:1 de minha
alma .. " {p. 28), Porem, arrcpendt>·se de aldc: "Eu foi cw;tígada de
meus ;irazer~s: a dor se wio apodeDr do imtru:~·,ento do crime: um
veneno morra! '"mistura em meu ~angue. e n'.e hrma um objeto de

frj ~i) Eí:bil c:.<!onial l?.fHlt1:!rn mu'.h<'í"F!- fdWd"o; f-tüClir.)qn~ o~ CJfri('OHi$ jDr nu{.~·~ p'>1 crii b'\ mm•~~ do
ccnlc Ver Lcib. ~1lr.~an Aigr<~t1ti, J!w1ra:f.J~ e L~r:r.:s: !viuf,tmth ÜU!.h;ó, Rt.:> Ú; Jil:tf.>it<:../füa~ihJ, J0_w
Ulyii~l>il):í:(!<mb, l?H
6S. C1Jtn.a!wí) \'Ok<rh! pt;h!lca.dn no Rw rl{~ :.J.:wiru hl)rN\SO :;:.~gLt. 1-i15. -~2 p.. C<>rn nc-enç;:i -de
S A, (; rraduii<lv úv fran •.C~.
horror para os outros e parn mim mesma' \p. 2ll}. O Hvro termina
mm uma pequt>na invocação à1 jovem donzelas: "!.... ] quan:o lllf·u
l:Xcmplo e minha:> desgraças vos devcn~ imtruir [... J Não vos deixeis
enganar por m ulhcrcs e libertinas" (p. '.12).

Triste Efeito de uma lniidrfldadtf'. do autcr francôs descon:icci<b.


Um mnsquetcirn narra ;1 iiistória de romo <'r~contrnu iJ noHc tri's vul
tos vestidos de mulll!~i'. O grupo cm cmnposlD por uma jovem, Je uma
d;:s m2ll1orcs fmniliêls de Par;s, 5u;1 cri.ida,; um s,1nTcntc, que c;uE~r1.x
ajmhda. A moç" fugia da fúria d11s hmüos, c;u•' queriam matála. Sn1
"crinw" fora ler ~ido seduzida pc:· um of:na: e estJr .:;rávida. O rms·
quetcirn. solicito, 1mmdou seu cscucfoiro levar a carta da jmt'n: ao S<'U
amantl'.', capiri'10 1,io reglrnento. em <;tw (']a expunha sua situaçiiD. No
cntan10. ele rcnrnm qualquer tipo c'c aj.rca. Dcse~perada, dec.d:u
que .\t' mataria. E ;m;m aconler.cu. Deixou tuna cana, Jmplora:·Hio
perdilo e pedlndo que a criança fosse rctíraó.1 de seu ventre para ser
ballznda. Os dois corpu~ fcram enterrados na mmrna covn.

f,'J Conv.1!!f'i (' Hhme fHrhllt.'l:h :10 Río de JhnPlri-;, Jrnpn''<i~:o Í~(:g;;1. Hih. 30 !J., <'.U/lí 1Lf'nÇ>~ (k·
$ A.. R., H-~Jmkb dn ff<lnr(~~.
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6. Johann Mor!z Rugenáa; C3!.id11!s Matear:áo.


6

PARA LER o FAcurwo DE SARMIENTO

CV:t.rJJt fw;; 1.:}rt f.&f .«trN? }JmiHI1.Mt~!t!f\;1hiw d-t


!t><. -çut t.'>Wri!an '!i.P:t'lit r~w: m la\ faun1N.itf}fj dr
krj 1!1u, 1pi: t~d ..-igw;s .1J ,;;:u:u tf.jX1$1Mrt ~a a PfJW
J:u JM:ti-·v!as Wlid.i! qut Yiitn rr1 á&hK!'.;JJ. y ft-ffi·
/}li;!rl d h'rffll'J.

SJ.i.Mir.·ro.
Rtrae.'tf.,,J d~ ,'a Pw~ L·1<:J~J !~50

Farumlo 011 Cíví!izaçüo e Barbârir. considerado um dás~ico do pen-


samemo político !atino-americano. permanece até o presente muito
pouco conhecido dos leitores brasileiros. Publicado em 18'15, apenas
em 1923 recebeu a prímcira traduçtm para o português. reeditada
posterionnente em Ul38'. Isso se explica, possivelmente, pelas :fütan-

1. A tr,~du,<1n pora o port•.iguê~ )$tjn como ;.i r--;:o~•~ dt~ h?ff='~nt:içãr.. é dt~ c.~ric~'> Y.aut: lt.à uma c..1rn:. lntP"J
:;bç:1o l!O f'·~r!Wr Urf~·.:ntlo;,;- F!Jnudo Rt~a... A pt;ir.dr;.ci \;.:.tc;l::> (> r!..', OOilC•ra d') r~krnr.im Lo':>::h: <:a j'}f,;Wl
rfa. dil Bóhotixndo fx~•.rcito. NrHa. <lparft1• ur.:a Gn.irn -:iher<t~àf::- a ~ot:: \fo Cu.•1s \f;-:;.Ui ê mati t<XtNU~
~· r~kn:i-~~ <1 '''Aros d~:h l:vn;.~ Y;bf(~ :1 Ytd.a cie hrn:do Q.1~r'>t;:1 o cle Ramon C:trra1<> e e) t11 D"'°~id Pcü;.\.
tcs e cornplicadi:ls rdaçôe~ çulturni~ e polhio1s ·· p<H'licuhirmcnte no
século XIX · · entre o 13.rnsii e os úc:neís pahc.> da Anu1 rica Latina. En
tretcnto, é inl.cn'ssante indicar qu2. cm seu ensaio, o <irgçmtino Do
mingo Faustino Sarrnicmo. :10 afã de entender a Arg<'1ltina. comtniio
urna interpretação carn::gatla de idé:as. ínwgcm e ~in1bolos, compar·
tílhados, na mesma época. por <:vnlemporiu:eos t:rnsili;írns, ocupados
<:om identka tarefa de compn.•emler e próprio p;1is. ,\~sim. no propor
<r dualidade civilização e barbáríc. f~'ICU!ldo ultrnpa55ou os limites da
Argcntma para se ewmder pelo território !alino·arnerícano, animan-
do controvérsia~ e contribuindo para a cL;talizaçiio de c~rlm estPre>1
tipo' sobre o contincme. Cn:il' que t• texto de Sarrnicntu pode contri-
buir também para uma rclkxào ~obre a posi,:iío do l3r;;~íl na Am.'rirn
Latina.
Se, no Brasil, Sarmlento pa~sa qu:i~e dcspr:rcebidc, na J\rgcnlirn1
continua !iendo urna referência fundamenlnl. Escritore:;, hístoríadu-
H'S. políticos con.wmtemcntc fazem mençiio l1o ;ntor. Jurp:(: Lui> Bnr·
ges, por cxcmpfo, escre;cu um prefilcio ao F:JCum!o. m1in1 conio ,10 li·
vro autobbgnífirn Rewrdaçlifs da Prrw!rlcia. Nwm crnrcvlsta, ao ser
pi~rguntado como via o homem, o p::ilíticci e o escrilor Sarmícmo,
Borges off~recc sua op.iniào:

EJ (l'tiJ q~1e S.armie;·1t~-,., ~-~ rJJ 11onL~1;: rn;1.\ :irpoi. :,a~!!t (~ue C'i:~t ~»lil pi:<:K;t;'lid, ( :\'Í!)
qw.' t~ ·,m horne1n de ~ênfo, e c:r-iu ~p~e. se h:idvls'S1~nv·~ deddido qu:.~ J';f•">'><l tôro1 c{.:1~....,kti

s~~ri<k o K~.cunâo, DO\!\a his:ü(H hff~t.·rh1 ;ido {ifr,~~nlt', Crr,b qt;'..', tt1/{i,,::t. i:11:r;:í:i>rn ii p;n k, (<

uma !útimi:I qtK to1hJmm r-k:~:u :\farün Fi<·rm uym) ohr;i ;·, pt-.~ii. nt<~1'.\·a Jd.~ n:~~::hi}".

Um historiador do pone do ~ocialista Josó Luis Romero tanili<'m


tínlu Sarmifn:o e111 alta çomidic:ni\:úc.

1... : t'. irr:o1t.1:, s~;.;-~n:cr.to, :) Gn>:de. (' 'SCU lrnrnc Eu'ítre ~... brni-.:r·t.il, .fl[X'~ar dos.
édio..s: dac~uc!cs que ftUÍSf•rarn v• í:,~nra ;:; ;:ncs - eu.<:.n1cn:-10 ~ hu:~:llh,~'b ... SuJ icm!Jr;:mça

?,:, j1,";tf"2 Lut~ Hr;r~ei, "5e!l.t 1 Cn:wr:"1-:1::.;{n.. e;:l j;y_M1<k S,rra l,1:~1. S1r11 (°.JJi1"M»:1FV1<,: r ..,., J:.•"i-,""! {,1.:tJ lbt;t\ g,~~
nmAí~·e-5. Cm PudJ tGH. pp, 10J:l1J. Ag11«J,;;i;. ~Ju1b-C:·~~r J\rne: :d f ,·u·) fi hf1 por {'.i~,1 ~r~rlk:<>r,f\<i
153

nflo p\xfr.• pU'í!cer: t'\"iíCan1 no (t" her~kin.1\ d·.! Slkl b:~iuJít:i impirll\';llJ-; rnot.<H11·no tó.11si:.J{t1i
o~ inb1igo'i {jlW t ('1-.n.cen coT.:~ J n 1 ~'r\·;.1 d:t t'"<>:ut,d:d<:~ Yl'Hwn1'·.~ th. iGHOr.'lnci<l •~ Jo cç:-,.

pdt~:i. Anod;:~ !1J di:.erlns ~);i;: a o-: qt:<!L\ >~ fdl;o~ ill'H~~ ~oin nDo OJ ;~q!<.;;rJn1 k·v;ir .;. <:.'híL~.1-

'.f!O. Ainda px;'.'.ltem dórnf;,..; ~~uf} firp:-m ignt·r~1r a forç<.1 n<'r"ne t~,n o)n'\\'i(···JJc~1" ii'n:;
,\ind~1 f'XiMr-m hr.~:·harcs ~iu(' :h:v:·n· <lJF<'nder qu~ a.;: idt~i~i'.I U:'J r'.K.,rrnn

Entretanto, muitos outros m.tores argcnti:los, entn- ele~ rndona-


li~tas e peroni;tas. ;C:em S«rrnientt' cn1m1 inimigo -:\;1 'liitria. aquele
qu<• iljudou a vrondrr o p.1is aos irn~ressc:s e ic<;ia' e~trmlg<'irch, Es1a-
rnos, as;im, dían:ç dü um ocritor ru:J .itua'idadc p<ilíri:a 0 índisw!1,
vel. Entre a vn;cn1ç·üo e o ódiu. h1cuwb sn'irnh''-'1:. cmiintLH'.dG "
pro\'0UH' leitur;is apaix0mdas,
Sem dúvida, CHimHJS diante d(' u:n '.ivro \'igc·rmo. pol\,-rn11::J e ins,
ligantf'. Os críticos rninddcm em ap1vscntar i':,,wno'o corno um texto
cuj:-i impor!úncia é ínegtivl'I; llivcrgern_ tod.11ü, nns te11tativa\ de s1H
classificar;iio, pois orn r~ 1-hlo ;:orno :-om;mn1 !:iogr~f:cn, oral orno pan-
llt>to político ou n1c5mo conhl ~5tudo sociológico, Como disse f'Xentc-
nwme uma autora li-:\ rn;1i' <le um !.no contido n:J F:1cundo, 1;uc t'
meio ficçiío. meio hmgraiid. U(·lo lutória política, meio rn;u'.ifc:>LJ'.
Não pretendo confromar tal p.ú'mica. na rnl'di<fo pm (;t1t' tenho por
ohiP:ho pr.incipal localizar a produçãn da ;>br;1 cm ':.1a <'. poca (' rnntcx·
1

to ILstóricos e uf\.~recer urn :padru dc:s prinfip<.i> tflll~' e dci;ati·~


com i'nf.ise :i<h quc:stôc-s politir,:s ~ que' o linc 11!Sci:(lu cm '>Ll<' !f 111g;;
vi da de sén1lo e 1i:cio.
Para situar a produção lk obra de Snrmiemo e enundcr as pnsi-
çüc~ políticdS por ele as;urnidas, é preciso ;1co1:1p;inhir. ;iinda que un
linhas muiw gerah, o tol'.lexto hbtú~:co da Ai gent:m1 pús·in:kpcn
dênría. O pafa cstarn divid;t'.o politicamente entre iKJlll:les qtw propu·
nl1am um governo ccnE«t!i1.:1do - ns uniíários - e os que a<hog:nam a

J Jo~.'~ lui<; Rn11:'rn, "S;wrnk•nti:, :9}15', {>!!l J•Y.,t" !.w') toffnfi, L.~ l\r1r:·k•11i:. kt}~ilin~} ();11.~ Y,; 1,.m.1~.
lwn:..:ç )LT,:s. Ediuwi;d de Lclgr;:i.110. 1)l'.l(J p, lJ ~- i'-~h\f' L'\h1 dt' ~irn!v.' pvfjf.ti, ~·lt.: fo,. ~;·!11 ní idJ i-•!
:r,.h>b (~l~W~ fL~.t,;i~ (.a CU\'fü S~(;mkrn(l a!1.1ta':.A) C f\·r~k ~,~~ri! m, 1· fJh'.~dt ~r1~:r ~di'1.{ :1!')

Vn D('I i~ Soi<>mcr, Fcw>·iu:oo~I f« 1 ,<:11>.~ ifJf' ,V,sth1:~•! fú1r,,t1nu.HJ t 1i'u; A:w1.:<-<1, fh; ht>l,_.;y, U1dwn:t1 m
C<iUnrn!a iJH"'>~. ? '.U l, p. GJ.
autonomia radical das prmíncias os fodera!is1as. As divergêncíns fo.
ram de tal cnveqpdura, que só se pndc folnr em Estado Narional
organizado depois de l8G2, quando Banolmneu ~11itre <mumiu a pre·
~idência nacional. ,\té essa data, guerra> civis cindiram a sociedade ar·
gentina. Em Buenos Aires, o estancieiro Juan Manuel de Rosa;; che·
gou ao governo da provír:c:a ern 1829. Com um breve intervalo, aí
permaneceu ;;te 1852, qciando foi derrotado na grande batallla de Ca·
serm. Gmcrnou Brn::ws Ares e toda a Argemi:ia - ;mr meio de uma
;úie de pac:cs com ouros guv(1n:adores ·· com mão de ferro. Come·
guiu grande respaldo rncí;,J. responcendo, de um lado, i1s demandas
dos ~Ptores pccuaristas, p:.i:~ :egn1izou a propderfade da terra(' cli~ci­

plinou a força de uab<1:l10 de º':tro, atendeu;i cert;1s rei•irnlicaçües


populares, fato que lhe rendou ªFoío enL!síasmado Como t•!t) niesrno
escre1'eu em 1829, a um ccrreligim1jrfa:

l .. ~ 1 ?aH"(UlLW qu<: nos bn.·~·~ d.p l<"~·0!uçâo. os OF!~;-\::>~ partido~ h;1vtain de iiar !u·
J;df' H 'que• l'~~<t t1'1~::it' fc].:t'i~C ;Júbrt.) ~t' )(•brt?pUSVf)( (• G!U!i3S!JÇ ó~ fH.(IJOfi".'> Hl;lfo1., jlOf<lt.H; ()

Sf'nho; nlnh1~\(~ a clispm;.çâo <}Jí' hl .'..<'fll'.1H· nnquú~ que nai;.1 rem, contf.;:i 01.0 rkn~ e supe·
rmn:.;·s., Pacc»'.'(>''J·me. poi:s. dC"sd< cnUo. rnul!0 :mp;)rtantc r.onsegu';- urc:1 hfluf·:1d,1 grande
sobre e».sa o;;;ü.\~t'. ;.i.ara t"t>n:ê la ou pora J)riµi !<1; prirn hS(l foí preciso tr~'.,Jalllílr corn muiH1
C)fl'.::'.ár:cla, um1 muitü~ ~Jcríf:dos de tontdkl<M:e t~ dirJa•;;·o. !;.u:n·rn.:• '·g~itidi•>" rnn1u
..-k~. falar cotro ek-;; t> fazer quantodrs :·::uJ1:·n; prot~pé-(1)~;. fot("r·rtu...> ~cu "\tp'Jí.;(•rad(l '', c.11
da;· de 'iPU.'> intf>rt'S~t-,.;;, ~nf1rn, :~:w ~~n1w.rn!;tí'lr tr.-1batho 1:en:: n~rÍl'..>'i ji.1ra <n'.\<'..'f P1riis cm
-:o.cu ;·onct~Jo'.

É possível afirmar. ainda que de forma ~imp!ifica(h que a i\rgcn·


tina <'>lava dividida, ncm's anos, por lutas civis intf:fmitentc5 polariza-
ó1s cm torno dos dois principais grupos políticos. os federalistas e os
unitários. Dentre os primeiros estavam Resas e Qutroga, que tinham,
entretanto. posiçôes nem sempre semelhantes a respeito de muitos te·
mas, corno por exemplo a própri.1 rirganiiaç;io do farndn Nacional.
Enquanto Facundo pt-nsa1a ser r:eces5•ba a criação de um Estado

A;m,,' Wúfo Ans~Hl ... G fmja d~ IH~ Dir1arltJ:', !I t.aw (t;.: Juan Manuel ffi~ Itot<~~~ t!m C:iút.-:1 y Utopia,
r>, 5, Lt"~r .r.·>-·\;n>s.. US1
dentro do sistema federnlista, Rmas entendia que cada provfncía de-
via primeiro se organlzar e se estahiliz.ar para então poder formar-se a
Federação. Dentre os unitários - ao !ade dos quais ~linhar-se·ia Sar-
miento - a figura j:i lendária do derrotado general José Maria P21. per-
manecia ainda como símbolo de resistência contra o poder do~ fede·
ralistas.
Rosas teve plenos poderes para governar Buen::n Aires e não ad·
mitía contestação ao sem governo. A lealdade a ele devia ser pübfü::a,
com o um obrigatório de \'ariados e1:iblemas com a cor vermelha: aos
inimigos. a rna:wrca, a degola. a pri:;iio o exílio. Os adversário~ do di-
tador o representavam como ;; e;1car:1aç·;io cfo a:)solutisrno. da arl.>itra·
riedade e da barbárie. Os libl·rais que a ele se opu:iham p<·rbaH11n a
formação de um Estado guiado pelas luzes da razão que moldariam
uma cormituição a ser seguida e respeitada. pondo fim às luta5 que dí·
vidiam a Argentina. Para indicar o antiliberalismo de Rosas. contava-
se que o general ~família. ao descobrir ~eu !Hho. Lucio. lendo Rous·
seau, afirmou: "Meu amigo, quar:do alguém e sobrinho de Rosas. ou
não !{: o Contra!O Social se qui5er permam•t(~r no país, ou deixa-o, se
quiser lê-lo com proveito"".
Para 0scapar da repressão do regime rosista, seus adversários fc.
ram empurrados para o exílio. Fugindei de urna po~siwl prisão ou
me~nm da morte, imtalat ::,nHe, em gemi, no lJrugt:ai ou no Chile,
omle se organizaram e produziram muitos escritos em OfY;siçãn ao go·
vernador. Esse grupo de intelectuais e políticos fic'rn conhecido como
a Geração de 37 - em verdade, a primeirn de uma iérie futura de ge-
rações de exilados polítícos ;irgentinm - destat<indo·se cntrr ele~ Juan
Bautista Alberdi. Juan Maria Gutiérre1 e Estcban Echeverría.
Sarmiento, alguns anos mais novo que as figuras exponenciais ela
Gt>raçilo. nasceu em San Juan. prol"incia argentina de Cuyo, em l 811,
portanto, praticamenrejunto wm m mnvimer.tos pela independência

Apvd]o~i' LHi'-' R(}móW. L:u !â:~1• Pof:;ir.!iS ui A1tn(:r.~1. 3, td .• 8UC'h'.lS. Ain'\. hn)r,o di'? Cutura Etr>nú
rnh:·<i, 1981, p. 121
do antigD vice rcína:'.o do rio da Prma. "!\;mJ', dzi<1 de, "no nono
mês depois do 25 de maio"'. fcrj:mdo un:a coincidi'nda. qtw parcela
conectar o destino do l:omcm ;w d:i "n;i>::entc naç;b". am1nciiindo n
"glorimo lutu~o" de ambr:;s'.
Sua fan:ília. de modl'sla formaç;10 lctr2da, niín tinha rernrsm
matr:r.ais. Su;, :nãe ~~bi<:. Ir:-, mm como contava Sarmíen10 em
R1'atm!or dr la Pnrintfa, seu !i.-ro autuiJiogrilfico - com o p<1ssar dos
Gm••. foi ·::squere:vlo, por <:o:nple\;) :«illa d0 p:·áHrn. Sr·'u pai, ainda
que: .:onforissu impurl[1ra:ia aos estudos, pDi.s fez :.Jl.h:'S!{10 rk colm:á·!o
nas Escuelas de l<l Pmria, uiudas logo apó> a :nde :wndénda. teve pou
ca Nhirn(àO forn1<1L f~c!i1tava rn:n (Jfgu!hü ter ilj!!'l'r:dido a ler nlllilo
pequeno e ser k\'auo de casa em ui;a, quaH: zomo uni fenrimeno.
para qu~ !esse err. voz alta i;nrn os viz:nl~os. Sua cond içào de au!mllda,
w c~tá 'bwci;1da. em Rcl've1dos, i1> fot<J!ídadcs l:hté:ricas,, em qtw os fo.
dcralistas tiveram urn papei nesnJvo relevante , , r1uc curtar:irn a con·
tin:ütlade de seus estudos. Duas vezes viu frn~tracfas suds po:.~ibilida·
ces de ir a Bm•110<> Aires para n>1·1tími;1r rna fmma~ãu cthn:acional n>
guiar: nJ primeira, niio fní so:wado. qunndo da tfütrillulçiio de h:Jl>Js.
e na >egumfa, íl ernrnda das tropJs de Facundu Q:1írog;, ern ~tw cid.i·
de ;n.alnrarn por impedi· 1 ::.i de sair. Em 1821, :una rt:Yolrn provincial
impossibíllwu se\, ingrl'SW 1:0 Ccilcgio t!e Loreto, em Ü)rdoba. Dessa
manc·íra. s11<1 µrímeira f<n11;ição re>tríngíu·se ;iquda que Jlip foi dís-
pensMla per :·eligíosos. corno o bispo Quiroga Sarmíc:1110 m: o presbi
tem José de Oru, seu t:o.
:\o mesmo tempo e1:1 que narrava rnrn crgulllo sua trajetória como'\
autctlidala, tamb(:m dcmcnstrn\'a em Rernrnli>s amargma e certu senti- i.
rnemo de inferioridade por não ter re<.-cbido uma u!ucaç5r> formal.

1'.k1mi1pJ F111:~;ino S.n:<1l•1uo. l:1'ú;rrd.:5dr h f';(m':ins, iLk~.-n~ !\h1 ~. (~''\Iro fafi:(•f J~; ,'\m(ú";l L;.t·

'"" 1919,? MI. 11.c•J <'m !100),


8. S;irmi:>cJc n;10 Í'\i o 1.u1i'.'fJ ,1 c~l<if)l,~!ece-:· ç~~1 cn:u.~x{t~. ~10 Hras.!L n ;:~x!tf :·(n1ik·i:-n Coi1ç;Ü\.1'S Db>
rnrnhên: ::)!1s:m,u ~~'i.l rn•::;n·a bJ;>.ic'"w~ w:; 1Jm p:.:r,rn~no r;n~:1 ü a..< d.ü:;g;~fk~, r.i:fi'1) ~·:u !BJ( ~l;wd
D.whi ":"', H<J.bcrly, Tln~ SÂ'l.t f.:11ci. l?i1ú'<li f'mi;W ..J."f; ,'\a1ir..-r1al (-l!utJ..:i:,:u>;n<.'..\ in 5mnl:,.:: Lüe; ,1u1jr, C«m
IJrKJge. ÜF1h1 ,tJ:~·· Lní·,t:f~i!y ?re;~ ~981 r:. 19.
·\ S.",\il"Ü(,'11'1> fa,nn: to::to\ <h tiHilos ip;( S<' ~~(k111mT~ \.t'(;tmi!c 01, p;<:rr.dirn:'ntv~ íor"
:n::th'. n.~n 1t~;n hrr;m:~J c~;,tü i;lL r,oi; sob.~n~o;:.;,.\ 1úo Íf'l C<itnir:, mdit-1r. ! WJLf!'í.>:wr:n! .:.o Ü:!-
;:o conu seu\ t.Mn:rt<.·.'l iinh Í:lhtrcs. ni;rn '.'>\''.!IKí ( dPutor. ::'n<:i~ Ctirfm::i<;~ ii.ll:w: ;i riana(".'!f•
de Â~HNÓ!..\ .:u:::~o .nn~i ':~pt'de dt.• (o;'.1p<-.-·r~t(:ovrri;1~1n(:n1cc:nw; ~> auuxld.iu f' '·'~ ,1f~u:.1irc<.".

,\ d<'speito disso, Sarrc)ÍPnlo 1r<1rne1e urra penpec{irn n;ida mo·


desta ~obre sua pos:.'a: ;; históri;: s··· rnndava !t st:n vida. P airnl;i que>
;ilgurnas conting('ncia> o tíwsscm i:npNlído d.• ;tlc;.1nçar n~rtm objcti ·
vos, vi<t ;e t.'<"r:tríhuiuk para fazu <l<litÇill' a; ;;rnndes tr.1:islof'11'1\'<)t·s
tk ;s•u tempo. Coloc<rndo se du imb do nmc... do futurn. ki.\il."il o VP
llw mundo coloni2tl p:1r<' rr:;~ e íntc·w"•l'iL\e ;m "d•:·udu e noln'" de>·
1ÍlH> hirnírico da Anv5rb1 do Sul. Di;mtc d;i\ que a llistnrífl 1!te
ofcrt•('crn, escolhera rDnscit·nterner.t1: defew!('r o que erl!C·ndía conic
progrnsw. Di1.ia ele. cm Rrnmdos, quando se referi;: ;1 >w infúm:ía:

Aq,:i u;rn:ürM .'.l ht-.ioda co:or ia!, (hJrp; rei ~n~írn, d(: rnínha f,'1rnilb O qtn: :.e !.l':gut-
ú n uaJJ.:ú..;;u lt::;1t;1 t: pf:nn<;:t de urn 0urr~ ~-nod:) d·~ ~cr, a" d.1 <lll Ke1,~Jb!kanaH n~:,.,-, ;: hn;.
do~ paHi~Jt.>".>, d g!..,CH& \.i'o'i!, ~\ p~nti ;J;úo Ç 9 'h"4t.'H O, (\ :,í.tÓf~J da :.:~nl.fb 'i><~ !?"'.!~·, ( Oni<:·
thHn) di:: ;,ii;Ô•J ;:, ,• XOIG'tfr·r..i. ,1 hi'Sl~'.·fi:~ {fa pdl.Íi) A ndnhó f;t'CW)nk. \Ucdu ru ~ .. j. Pci~
qta' em mbhd \'hti t;~. tk:,.huhla, t.i!D tllHtrnri:~LL r· t::nl;(•',l;'lO tt=i') p~:r:>hl'tanL~ 1u .1\p~
i-'-1Çi10 <.k• wn m~o ~e: f1;..ó eh' dc•\ddo ~· n• ~t>1e. p<;;(T~"mJ~ \ :::: ri •1A.?t·\e hJ~ JKibi . . i\~·1f:1 l1·a
tfo Sul, t~i(~fflt.k..>·~r' (·l'~ Sr~~ rE,d.L fr:>::~::.~h <::•::.for~ 1~ '>l.1pt<-~-:-;r;,-; p;.~f<;; lt.~\~)t~L:· ;h ;~~:i:'. ~' l-.H ~.'
rJ1VJQ M.' >l ~,d~~ tt:11·Ltí~·;1 c·:nt· H o'i L:n i\ <.kdj<:i;:. ~;'> fi\lt' ;- 1...·~hr, <::r(~ c~~1c>h.

Para um lwrnem sem outrm Uu!m ;enào ª' p1úpri<ls qudidadPs


individuais, Sarmicnln un.fü i:•m sua i:recoce autobLigraf:a ··· Lnha :i9
anos l]Uandn o livro foí publicado - uma lra:m que o lga\a intinrn·
me11te ;1 hi>c'iria da "p-í!rla nascente'. Ao confundir SUB vi(b com a
vida da Argernin:i. u11i;, rnoidandn ;J outra . .:onH\:ava a mmtruir sua
legirnl!idmlc rnnm fu1 ur::i llder r:ol:tíco.
Sarmlento chcr;ou ú pr:r:ieira .m<·ntudr.>, ainda que (uyr) :1:«1 fcs·
se o pclco dcdsho do.> acontcc:imcn!os nacLirwís, CiHWiv:~ndo com ,1)

fL Cmr~t>< HW CtH /o:; .~ :t.l!' :t M<) e t~~~;frii S,u JQ. En.1c11m /i?gwfftm;. -~ 5.sr:r:,;t''lfi~ .~ ! ~ ,Jr<.~;a;w):d. Lhwo\ ()
Afrn. Ci,n!r(; úlitur >t:r A:n~nrJ ...athii, E!H3, fi. 33
lO. l\;!HlH,v· !!;ni-.Jnc s~1 n1ir:r-W, t>p. «í .. :)p, H\2-Hi3.
dolormas campanhas que dividiam o; argentinos na tarefa de com·
trução do Estado NadonaL As lutas sangrentas enrre unitiirios e fede·
ralistas, ccmo Sarrniento mesmo conta. fizeram·no, desde cedo, tomar
partido dos unitários. por entender que este t'ra o lado justo". Tal
opção hr.piicava, na década de 1830. lutar contra o poder de Rosas,
que, como já assinai amo>. havia construído uma eHrutura política ba·
seada em acordos com vári::><; caudilhm das províncias do interior,
como o próprio Facundo Quíroga, natural de La Rioja. Por meio des-
ses pactos, Rosas estendeu seu domínio por toda a Argentina e gover-
nou-a durante mais de vinte anos sen:, entretM1to, apoiar-se na e.xís-
tência formal de um governo central.
Aos \intc anos. Sarmiento part:i: para seu ptimriro exílio, no
Chile. cm companhia de pai; o compmmetlmento 'h família com os
unitários não lbes deixou outra saída, quando Facundo. em 1831, do
minou tmfa a província de Cuyo. Em 1836, voltou a San Juan, quando
os tempo> pareciam·lhe mai> calmos; ai continuou de"~1wolvem!o ati
vídades políticas, fundando a Socíed~d Literaria, quf'
'iC pretendia
uma sucunal da Asociadón de Mayo criada em Buenos Aires por
Edwvcrría para cornbater Resas; 111.iriu também o primeiro semanário
da cidade, Ef Zond;;. Em ! 838, tomou contato corn a biblíotern de seu
amigo QLiroga Rmas, que acabava de regressar à província natal. vín·
d,::i c:c Buenos Aires. tle cmdc trou'<em a literatura que alimentara,
qaase dez mos antes. a~ idéias da Gerarão de 37. Estes fr:m.1m os livros
fundamentais para sua formação, r.itad0s mm grande fa1fase cm Re-
we1t10>. desde autores mer.os expressívos como o sansimoniano Pierre
Leroux e A F. Villemai:i, ilutor de um Cutra de literawra France.ra até
os mais significativos, corno focque\ille (sobre o qual voltaremos a fa·
lar) e o hísmriador e politico conservador Cuizot.
Novamente problemas políticos - um envohimento nurna cons-
piração unitária - levaram·no, em !!MO, â prisão e depois ao exílio no

11 {°,(lr.forrnc e~ rnerr-0 anu..a na~ rnnduil<..-,: dt~ CMf:Yta ! Am;'Oltf.il tl: f:Js RiUM m A;nrriaf. Buenos
.\k·•» lrnpr«:is;, y Llrogra;)3 hl.riaM Meurn.1900 {!. txi. em UIB3).
159

Chile, a mando do governador da prm•inda, Bcnavídez. Imtalou·se


em Valparaíso, com um modesto trabalho no crnnérdo, mas em ape·
nas três meses encontrou uma senda por onde penetrar no acanhado
mundo intelectual chileno. Publicou, no jornal E! }\4ercutío de Valpa·
raiso. um artigo sobre a bata!l:a dl' Chacabuco que te\·e repercussões
e recebeu a atenção do pai das letras chilenas, o venezuelano André:;
Bello. e de seus discipulos, entre os quais José Victorino Lastarria, de
quem posceriormente se faria amigo.
Em 1842, Sarmier.to escreveu um texto para o mesmo E1 .1líerw·
rio, críticando um artigo publicado anonimamente no mesmo jornal,
"Ejcrckios Populares de la Lengua Castdlana', dando ini:::ío a um de·
bate intelectual pela imprensa que. mú; tarde, crnwencíonou-sr. cha·
mar de "As Polêmicas <lo Romantismo". Sanníento advoga,·a uma po·
siçàn comrária à urilização rígida da gramática, atribuindo à fala do
povo um lugar importante. na língua: desejava, dizia ele. ventilar a tese
da soberania do povo em matéria do idioma.. "Um idioma é a expr~·s·
são das idéías de um povo, e urn povo M de tomar suas idêias onde
ellls estejam, indcpmK!cnr&ment€ do critério de pureza idiomática o:.t
de perfeição acadêrnica". Segundo Sarmiento, a Real Aczdemia Espa·
nhola deveria wr por função tt'!(;olhcr as palavras que () povo e os
poetas utilizavam. e não assumir a po.sição d.? autoriwr (IU deixar de
autorizar seu uso. Sua çomicção, como a de outro~ intelrctuais hi~ 0Ja·
no·amerlcanos .... alguns mais radicais que ele, ccmo outro exilado ar·
gNltino no Chile, Vicent<> Fidi"! López - era a de que a !itcraturn e:;-
panhola havia perdido sua força e 11 litt'rarurn frnncesa aparecia como
modelo a ser seguido. Atacavam o classicismo, suas regra~. sua retôri·
ca, sua gramática".
Defendendo o cla:}s!cismo, ainda que de forma moderada. levan-
raram·se Bello e alguns de seu; discípulos - José Victmíno La!>tarria,
José Maria Nm1ez, Salvador Sanfuentes e Jmé Joaquín Vallejo, mais

12 Vi:!· Paul Venjevn}'\.'!. Illmülf!b fauv.itkO S11ro.'imf<>. Eti;.t;:;E'ttur d ft!;J..'1ti!'e, Paris, IrntiWl cies HautL>ç tradcs
de L'Amériqui" .Lrtlt\e, 1963. pp. l12 í! ~
AME RICA L~TINA rio sr ;um X!X TRAMl.5 fHl'.S [ rtxrns

conhecido por Jo1abechc - no Semanario. de Santiago. A1 pcrspecfüas


dí\·ersas sobre o modo de entender a língua e a literatura desllzaram
nas "Polêmkas" para invecti•as de caráter pessoal. Naturalmente. a
pecha de cstr<mgeiro que Sl' intrometia a discorrer sobre a sociedade
chilena que não conhecia foi repetida inúmeras vczc:> nos ataques a
Sacmic•nto. Mais tarde, cm Nrcuerrlos, as feridas desrns disputas, aLada>
ao amargor <hls liinitaçôes (]P. sua formJçi'io, pockm ser nowdas nest;1
afirmação:

N4n r.o prinupio <lt.• lninb1 r<-HH~J-a de l;\;:t hor~ was mal') wrú:. h,::\:uiioi. .hC> t~rn 5n:n
ü<1g•> mn ~t.:'rtímen10 de d~·sd~m pt:.>!a i~linha ialcriüddo~dc. de que ati· o:.-. rn.p;::1.c-s do~ oJ~iS-·

gfn~ p,-1nkip'°'r~\m, Eu pt·r1;1..~t/fH"la ho·jP, se fn>:>:!>l· Ct'cc!>.\~ulo, a ttido:; o\jOVf'l15. dn S!'l1JiU::UiP.

:SI~ teriam foilo rcaimcnte cs1udos m<iis sónn':! qm~ o\ muis·'?

A oposição de Sarmknto a Rosas e o unherso liberal que confor-


nmva suas idéía~ políticas levaram os pipiolos (os liberais chilenos) a alcn
tar a possibilidade do ilpoío de Sannicnlo a seu partido. 110 qual haví<l
feito muitas relações. Porém, sn1 amigo ManuPI Mornt. urn dos líderes
dos pelurnm.5 (os conservadores), conseguiu utraílo para sua causa Sar·
micnto tornou, crn ma bíogn1fia. que o partido p1jliolo lhe cnvktra uma
corrüssão para o imJu;;ir a tomai~ na impíensa, a defesa de seus intere~·

ses; para assegurar o êxito da <empreitada. flzer;im do general Las Hcrn~


seu intermediário. Dqlois de pensar por oito dias. di~sc ler chegado il
conclusão de que o p;1rtido pipío!a não tinha condições de vencer <e> elei-
ções (de fato. os conservadores ~enceram em 1841). e que serí;1 nen·s~<i·
ria ainda urna grração para que o partido pudesse representar os novos
interesses do pafa. Depois desse ba!arn,·o oportunista, ofore.ccu sc)u apoio
político aos conservadores. que souberam recompensá-lo por sua leakl<i·
de, pois i\farlUcl Monn. leito presidente da Republica. o enviaria duas ve·
ws em missões diplomáticas aos Estados Unidos".

l3, Lh;1ningi:» h:n1<:.ün0 S:1m1i,'.nh.;., op fit .. p. !()~,

14. \'>~r Lui~ Alb.;:·r~u fk.u:l·.:ro. -s<'.nnío1to~ T-e~(íg& _}' '!(:~ti11lt?~üc t:k b Surlt'.t.fad tk Süml<olf.;'~~. e~~ Hviit:1
fht'TfMmnfom<r. w:L UV n. l43. PiH"Stvfi:th, ;;.br.j.m Vi1SS.

-
PARA lCR o OCl!NOO ac SAR'Jlt'.HO

Esse grupo criou o primeiro diário de Santiago. E! Progrr.rn. e Sar-


micoto, deixando a redaçáo do EI AI~rcurío de v'<1lparaíso. ímt1tlou-se
na nova redação. farundv ou Civi!izaç;!1• e Barbâríe. seu primeiro traba-
lho de emergadura e para muitos o mais importante. fol p•..1blícado
nesse jornal como folhetim. a partir de l'! de maio de 1845. [\(,ssa épo·
u1, além de Valparaíso e de Santiago. a maior cidade em que já estive:·
ra. o conhecimento empírico do mundo geográfico llmíta•8·>P. p:na
nosso autor. a modestas capilab de província, corno San Juan ou Men-
doza e as peqtwnas vila\ chilena~. Quanto ao c~rnpo. se estava familia-
rizado com as montanhas, nunca h;nia ü1to ns pampas. [jamai:; pisa·
ra em Buenos Aires".
O lívm é uma biograf'ia de Facun<lo Qu!rnga. o caudilho de La
Rioja. ao mem10 tempo advcrs;írio e rnrreligiom\rio de Ros;).5. que
morreu assassinar.lo em urna emboscada, em Barrarn:a Yaro, em
1835". O subtítulo do livro. Civiíí2ap:lo e Bm"bdlie, indicava mas prctcn·
sücs de ultrapassar os limites individuais da per:o.onagcm e rnmtruir
uma interpretação mais abrangente e generalizadora que alcançasse
toda a sociedade argentina. Snrmiento inaugurava nesse foro uma
;:m;1!ise, pmreríorm<:-nte matriz de incontáveis outras leituras que esta·
bcleda a oposição entre o campo, higar da barbárie. wrritôrin lívre
dos fodernlista5, e a~ cidades, lugar da chilíz.;1ç.io, protótipo da cultu·
ra. do progrcsw e da riqueza. As oposições eram, ao me.mlO tempo.
políticas - federafüt.as conlrn unitário~ - e culturais - nmndo lctrndo
contra tradição oraL
Na línba da tradição romfmlica, ;i figurn do hnmi:,rn cpiil'eda
como produto do meio e. assim, a primeíra parte do livro é uma aná·
lisc do meio geográfico da Argcnlina. introduzindo m paisaget!s qll<)

l~- lJepo;.;o !Ja publi.<::tç::ln dt~ fan.md.i, fo·í a Mür'.•f"o';i1t~u. -c~~1 1.'M-5 r 1847, vt:sitou rJ Rk tL }.'l.r'.eUx.. f.: d!di
partiu parn a Eoro~, p;;~n<lopor 't.'án.os: paha; dt 1::\ ~!ajou p;,w~ o CanJtd~ !: fislJJ;)!{ U'úk.;; ;.·ültnn
do. pai.sou por lLwi!r<.J. Panruná '! G's:a f.fo l'.o!!.ífK<> (Lint(J, A1ka e V<ilparat.io).
1t Na rian'H~í,~·a de S,,tm.~n1o, H.:l~::. :ipart';((l C(1HYJ m~:u1anútlo ::hm·:; í'~~ Mlipi:dta ~lbn•:t~OtJ i:;·~)h\n~
t&<s que -;e i:u)longar.am por <l€~~~das. :-fo prrsenlr-. a 9plrn;10 p1i·1k>minci.o'.t: ..::111w -..;:;,l:.~t11ri~hm:~ i~ a
tk ~r-1c fü~ín..'1!/~. w:ttt:>-f\X=dcr de C6rdoha, ft~i: () tl1.1ll!.la11~t' d1) (fÍ(,)1.~,
camp1mharn o ccnrlrin Pmlt: w dcsenYolvpriarn ;is lums ciVl1 vntre
unitários <' foderalistas. Para SJrmkrno. •• l?ep1íblica argcntín;J em
cnn.<,tituid<t, gcogrnficarnum', de wl rnarwira, que havia de ser sempre
m:itiíria, JXiís J despeito dm ;.cidentt·s gcogr<ifirns perniian's, prcdn
unifonrn· e çm1\l,•nui~ '. A pl;micie em
cnntínua. e (h Tios confbf.nn Hum puno ü11ko. fawndo a Rcpüblíca
il!'gemina !l'r "una e indiYisín.f'". ~hs <'Ssa ten" coniinhri um gr;imk
mal. \ua enorme \'<J>ti<Lk. qtta'>t' d(''I!Cwoada. o que 1w p\'r;.pectiva dr
nc>~n autor, cri<n·a o tr1Teno aprnpr:;H'.o para as !t'ndt·nda~ autorít;í-
rL\\ ómj1ru'.h';.
Dt~)\a p<·d'.')agt~.1n. brotavanl a "'orí~:n{:!íd~lde" t~ -a "csppdficid,Hh:
dn pmo". quv :iarrnlt~nto apr:'.i(•ntma •llrm{·\ da cornlntçiio dn> "ti·
Pº' ~ ~o can:or. e baqueúCO; o ;·astrendor, o g'1üchn. Enqu,1ntn ~u1~1 ci·
dad;:s rh'Pjtl\'iHT~ t~)da-s as fonnas possi\eis de "'a~sociaçiict, no nirnpn,
onde grandes dh1;lncia> srpJrcr1mn os pequenos aglomer<1dus dP r;ila
popuLição, ;:, cullu~.:i era "imí:il ou imp1i>sí1-r-!", e o bem público ap;1·
reda ccnm ;ligo abrnlutameme "sem sentido". DiLia Sarnlienlo que
i.\OS p<lmpa> • f .. ] faJt<\·lhe a cidade, O llll:llÍCÍpÍO, a ;;s~ockçi\o Íntima,
ponanw faHa-llws a b1s'· de 1,1do dPsemoll'inwnto soci:it; nfío estan·
do reunidos. os htancíeírn~ n:io 1êm :1rcessidade,; pt'ibiit-;1\ q11e sath

Lr.tcr· en1 urna palavra. nüo hü n s pul1icá"us. 1

A sr>gurnfa par!P do lhrn dr·dica-sc ü biogDfia proprimfl('llW dita


de F:;ec1nck Quirega. Sanniento cnrer:t:i:i q1w Facundo f'ra o produ·
ro '.E!\lra1 da \(H:iedad(' •ll';Jl'll!ina num dt>líT1uí11ddo pnnrn dt' ~ua

e\'oluc;áo. 5,,,u '·tipo d1• primitivo b1;rh:trhmu", ·~"u instintivo údio <i>
\eis". "mil ·;ida de perigos', sua "fcrücidadC<". que o aprnxi:navarn de
urn ,min;al selvagem. wmlitufon: o.> típicos pH,1dutm do campo argc·n·
tir:o, 0:1tb não h;wia ;;,~~ccinç;'ó nern espfrito pübEcn.
1\ wrn'ira p3rle diz respciw ii naçfu) e il política, j<i que a hiogrnfia
de r :icundo foi u:11 prctr·X!O para S;:irrnkmo :d~car '~º'ª'· rmgnar por

17 lJnnkgn. Fu1Vim: ),ffnÚ•t<f') Fmnuo, Cr,:1~::~·;, Bibli'.·h·q i\~'· r J{hn, IJl.!. p ~-ti
IS !J",]l, f, ::L
1f1

sua drrrubada e indicar uma propusta altemativ;1 de g:m~rno, um pro-


jeto politícn parn a furtird Arfo;emina, unida, fom· e lib1rnl. Esse- progra-
nic1 rnmistia na opo>ição 2.1 línhas mestTiIS que nortN1v1m <) gmemo ro-
shta. Dois nodelm político~ e idi:o!ógír:os contrz:pur1hcni si· a cada
pasm. San~:iento PnfoLzava as difPrenças entre o presente sombrio e o
futuro radioso e pronúrnr.

!\.i.r11tu• ('1? !f.'.o<>:a~! :Jur:;,w~ '}Ullí..' ~mos n~~·: b~t:ou urnJ 1n:dtcll arhninhtn1:h'd
pa:'J {s.'~>i\~:·--~: o n•n1r'>g·:;.; i1: ,:·:-inr 1.,. a :nd~i\tfb nosru~tc dt~ :JG~~1s I 'ü" ind~1s !.,. ! ··~ lhV:.J

r;n•rr;11~ ~~~ t1,>11·;;~f.:::.ni .u f<..' >kb~+ ~.,_,r (;:; ( nnefri.;,, e .;.:~V'.f-l<I (ff e-; c\H~frd;i:1-;, quf•,; rudun~/,;1

n:cmtén ~ih:·n:·~ F"r :cd,;: J :''.\~rTt;.;u•dJ Hv;:•úbEr;~~~.

Ccnti:11.1:1ndo a tomar p:n.'5 OFOsios, SarmíH1to :ifü:rn11a que o :1orn


govffno garaniíria as fr;mlelrns do sul contra os indio>, t'Stab('k•cendc.J l'!J·

lônias rnilltafl'S na n.'gi<io; incenth·<if'iit a imi~rnç·f\o, pov:iando e intc•ri•.>r


"dewno"; fo11wnrari:i a navegaçào fluvial, tornando linVi '.odos os rios:
Bucn.;io; ,\ires seria di.'darnda proprird;1de rndonal, "sms rendas promo·
veriam o h1•r1H~Sl;\f' do naçJo: a cdue<u;Jo pública st.•ria mJanimda rnra ;pm
a Arg(•mina entra\~e p.1ra o rol dos pnises rivilizadm; promowrla a impre11·
'ª liH•> " a pub!ic;1ç:'i;: 11e jornais e !iYros; o novo gownro s~ rodea:ia dt'
gr,;ndes l mmens i!ustraêos. que: estavam cspamun<:1dn~ p:•la l<'rT;i e a lnte·
Ugi'ndu. o !iilr•1Ho e n '"ber sNimn tilamados de nove a dirigir os d<"s!íno>
do p:tfs; n:~rat:el(·Cf•ria fonllas n:prcr~nrativ;1s de gnvernoi~.- ftn.;druen:t\ ha-
V•~t ia 3mt1ç-". O 110\'o governo ~cria rnnígo dm porns Purnpeus e simrxí!bJ
ao,\ f.lOWh anwric<HK>s, fodo ísm "porque D\'.l-S nm rJpu [as hm~~ daJ nir.,io

qul' nos dbtingu·::m t!as besus e nos tomam livres para jllgar""'.
O programa que .Sarmienro nfen•cia 2 Argentina. ca!cado nm 5l!·
po:;tm da d•Yitrim lil!ern'., índirnvJ que tal governo era 1 c:cminuaçiio do
governo uni:;\río ,k, Bern;;rdino Rh·adavia (1826/182!), lntc•1rompido
pelas "trcn>" d•: 1wríorb rosist.a. O futuro gowrnn ;c1 ia, cm venJac.'.e, a
!'('Stm1rnçfio do sí>tnna p:madn, destnifdo Jela lnirhdtiP lederafüta; os

í !J ídr~:, pr, 2.'~~ r h., ( , y,1 lh~ ~ho m:~;l>:o.


:!J, /&11,_ p, 2H.
AMfJIC4 lAT!NA ~O S':Ul.O X X. 1 R4~'A;, Ul AS [ TEHCS

e:dh1ch.1 polírirn~ <1\1u111iríam um pape'. central e govcrnatlam o país, m··


gm:z.ando 3 edu::ação. povoando (com os imigrante;;), esta:Jclccm1do um
Estado de direito :1ue prcrnovcri;i o dcscm·olvirnento cconórnlco de que
a Argcntica tamo 11ecl~Ssitava. Na pcnpcctiva de So:umicnto, as ddades
deveriam palr0cinar a vitória da cil'itirnçãQ sobre a barhàríc. Sua explka
ção sob;e a tornada do poder por Rosas baseava-se num entemlirncnto da
história cuc via a!. r;:;ucrras d<i rcvoloção ar,f/~nllna se dcM~nvohcmlo cm
duas f1ses: J pri!l'cirn - pmltiva - consisl'a na !ut<t da\ ddacfo~ cornra a
ooressão e>panho:a cm favor ó l bercbd.~ que lcv;ora :ic dc1•:nvohimen·
to da dvilizaç;l<Y a scgum.Ll . . negativa - mos;ra\'a a luta dos rnudílhos
conlra as cidades. c:ja l'itórla >í~n.fícou o domínio da l)Jrbáic reprcst'Il
t;rda por F.·1nmdo E Ru;m. O apiln~dnmn:o das "ma~sas n:rnh" HO n·n;i
rio poií:íco argcrllír:n (patrxirmbs pero di!i!dor) dcrrnl<!rn o 1.1rc1ciu ü
víiizador dos t:níti\rios, irncq;iiido 0 país nas "!rc\as'.
Facundo. urn füro prmoca:ívo, com lese.> di>cutíveís ;,r)hrc ;i nallff("
/ji da sociedade a;gcntína c sobre as saídas politicas para o país, estava
destinado a receber elogb~ Pn:usí35madcs c irritadas crítkas. Sem críl í·
cos foram incarndwis ao apontar os inJmercs equívocos m111clidos por
Sanníento na naratíva do~ arnnt~cimcntos hisiôricos do pC'ríodo. Seus
d•!fomorns se; aprn5aram ern irJormar que o au~ur mmc;1 pretendt>ra i:s-
c:revcr erna hbtói ía das lutas chis na Argentina e que porta mo, esses pe-
quenos prnbltnm não eram rde1antes di<mte da grnnJiusíd;ide do tex·
t.o. Sarmknm adn:ítíu que os ctrosacocterer«JF1 conío resultado d;1.> con-
d.çê:cs Hlvcr>a> en que o lí;rn fura <c»crírn · o e>.:ilio, a ffütfü1dJ do> do·
nnnent:<Js neccss<1:ios. a p~cssa cam;1da pcy radies poli!ic.1s. O wspcit<tdo
1nlítko e lu~torí;1dor Valcntín Alsin;J, rn1 respmt;; a um p•~tbfo do pró·
prio autor. enviou lhe, cm nutdJro de 1850. Jc Mon:e1·ídéu. uma longa
sfríc de nctJsem que apontava os cquírncm liístóricm (datas, nomes. lu·
g.ucs, batalhas etc) e fazia ou1ros agudos rqmros ao t.cxto. Sannicalo
aparentt>1nente dcdarou qJe <l:eitava :.i> críticas, nws niio as levou em
conta quando prcpzrou a scgur:da edição do livro!'.
Jwm BautL>l<> Albcrdi, cc:itemporânco ihmre, com sua h;ibltual
mordacidade atacou Sarmicnt:> cm t:rn tcxw chamado La E:uf;iril' Hís
ffirica 1/r Sannirnlo no qual. a;oontam1o suas incongnn!ncías, iniciava
com a famo<a <Jlrmaçilo: ·1: o primdw livro de história que nfo tem
nem chita, nem dados, param acornecimcntm aos q1;ai~ ~e refere''".
Em 1852, ern seu ft:a<fomenta1 texto Ba.1es, a''ínnava .~lbcrd' que a úni
ui (füisiin da sociedade argeri:\na dava se entre "o homcn do literal"
e· "o hornern do in1r1ior", dc·mnrntrando prtnetipaçãn romas rdaçô(·S
rnnflitiva~ entre füwnos ;i;w~;: as cle01aís provi:1das. E111rndía que u
meio gcogrtificü n<'10 produ;,laJ b.:rb;írie, pois náo acmiil<va que esw
fos~•· determinante parn a fon1aç;ic das >1:.cíedades''. Taubén Este
b;1n Echevf'rrí:.t crílíc;w;:i Sarn::ento :Nr sua rígida ;w:spectha e pro
punhJ que ele forrnula>w 11nE pnlítica pan1 o futuro em vez de ~e de·
ter em questiond\'c'i5 t'xplicaçóes solm• o passado''.
f\5 opiniôe5 divc:rg<~ntfs '' apJíxonathn mhre S.:w11i1nto ;;traves-
saram o ,;óculo e p•)(.le!ll ser arompanlwdas na historii)gr<.fi<• argt'nli-
na di..-idida por pmiçücs pdífa:as deftnídas. Como (anta~ ww . acon
tece. m texrns <le Sarrnicntc, p:irtí;'u!armcn;e F:iwndo, ~ep·ír;m: como
arma ideologica p;irn dois rnn:pm políticos em di.spula Cnrnidcrmlo
um dos fundadon~s do Estado Nacional Hrg1·ntíno. Sarruícnto recebf'll
;1pl;111\u< daqLw!e5 que iljJOÍJ\'J!ll C regime fiolítico idcaiiz;;do relu> ii·

ber<ii~ depois d,; queda de R :sas. ,\ié rncsmo os s'l<::illbtd>, cnrno o


furni.idnr do P;,rtído, Juan B. Justo, educava Sarmicnlo rnzah'ri<e dos
grandes homens a;gentíno;, <ia qual Rosas, ctíden!ernent'" n.So fozía
parte. Qu;indo, c~pecia!nien:e 2 partir de dccada de l!l2G, gmLou força

l't .4p;;a',Albc::o PJko~ rnl h)truikç.ti~~ (i;idl;Jo ü~>rnphr por f'h• ')<f_;-3.fÜ?.<§(fa f,• p.<:ilhd;~ r<·ll l~~iFC'':'!.·
dade h~'t'!o-na: (;tJ La r:a,a l'iT) 19J;i I' j 1 l\t1 H\lfJ {J? Cchm L~t<lj. pcd»!lh_~ ;1{ l>tn!rn:Ülff m qf05
q_l»:" $A;-~)W.!t:;;J UHW~k1i ;to :\~i.~Uf i:1 •,idlli l1' f~ uoj; i' óh lM\,~lhA<.. <},:i<, qt.:iiS ..,;'.! t~ :pcu f mfw11t,\J),
ílo-oo l.'im; ft.mk~s tk.::tum,·111.t:s ilq;.1•::1.:i<>11h•.':S. Cctína La;.·<'<y, ,farwif.nt.i y ÍJ him:u;tfo de!;' !tko!o_;;í,i dr
f,l úw lJ?.;irfü:il!W, Eutnú5 Ai~ bb!f!ri,;Jf<>rnr<1r ..mtn. 19% <:!,prrL-ltn~!.•·:~1·::-ap. E
23 Para ui~1:-.i ::~lltw 1~ti:n1;.il m11! que diH~ttí.' lS idl-.M pc-~htrr:.:is dr S.t.i.rmit~11w • d·:AJwoH. fÜt'.;r<ÍinC!1 tr:
1<x1:- (úlhJ :;:. ~t~:w;<rtdJ e a.o,: líb·r-:h(t.<$, rN r\.daLo [\.~;"n;~, [;1 Tt,.ó·i.<Jr. !h;u,~:!.tn::.t, Bum.os Al!-ts
bkqrii{f Sud;nrwr.:::tn4 1HH4.
2'~. \\» ...,L·n~.a . . Skmw.:;,y, 17or fonv•(i>n :J!A1yi'Jrúiit Ue;k'~'kJ. Un:r.-f.·rüty üf Cdif.:-woif-1 :i,t'.'i.'), tDl, p, ll'.)
uma corrente que fazia a crítkil ao Estado liberal, a ri<1rlir de urna 6ti·
Gl nacionalista. Rosas a~mmiu o papel do "verdadeiro" n·prr-~entantú

da "argen:inidai:e~. e o gmícho do cunpD transformou-se na expres·


são da 'essênd;i do ser nacicnat". Ne~sn medida, Sarm:enw e 5eus
companheiros de '<léías. Bartolomr, Mitre, Va!entín Alsína, Vken!e Fi-
del Ldpez, fora111 trati1dos como os ideólogos da hnposiç;'\o de idéias
estranhas e írnportarh~. que ;m:tern.füm1 desrwturaliwr a Argentina.
Os ;isslm chamados revisioní~tas amcir·am Sarmientc e sua dicn\nmíiL
dviLzaç<lo e b<idiarie, pois. para .:>lt•s. era na *barbárie rnrmierníJ!li(
que se encontr;:na a Argemírn real e podernsa, que fora desvirtuada
pdos lihNais í111portadores de modr!lcs ü id6fa~ t·~1rangelrns, !'Pctmin·
do a enlfil!l hada ruJi dad e nacional; t'ra rn•ce;;sârio rncc!ocar u Argen·
tina na trilha "n~tural" de ma história, buscando as rni:ws da rmciona·
!idade> no campo, n::i g;ukho, na natureza.
A perspcnirn de que as fomes pafil o conherírnemo moderno
de1iarn se:- busc<>da> na Europa tornou impresdndivel para Sarmien·
to a leitura de aut:;res eur:ipeus. '!&! 1·isim pode ser arnmpan hada na
rnnferônda lida na Faculdade de Filusofoi e Humanidades de Snntia·
godo Chile cm 1843. em que enumernva 0s grandes homens lodos
cmopcm, com ab;oluta predomíntmcia dos franccrn> - cujos conhc·
cirnen1·os ccniri!:uíram para a "cxtraordlnár:a civilizaçiio' do mundo.
En1rc eles c~tarn:1: tn's naturalistas· Buffon. Cuvler e Sain!·Hílaíre ·
no lado de filósi>fos e escrítorc.~ ccmo Montesquieu. Cousin. Vi!lc·
maín. !1u,~o Dumas. Se !JouYcssc orgaui:..:ido uma l:st<igcm dos >ul
ainl',riranos. sua ímodéstia lhe tcrln, provaH~hnente. reservado n pri·
mciro lugar''.
Entendia que a hisrôri;; éa Arnrrica do Sul era diferente da euro-
peia, sinalízwdo a construção de uma anttlisc C)UC necessilava refletir
scl:re a rspecíLca >iluaçiio sul·arH<!ricana. Era preciso traduzir "o esµí·
rito m:ropeu para o espírito americano, com as muda:içJs que o teatro

2.1. O~ <iutrm ~n Rac:rn.~ \ül:.aiw, Di<lt'rt:t. Ctnh~,\u»m:Jrn\ l.t~!~n:·fin,_>, Aiago. J.<1:.tr·~ . .::p1111r'fo~·I ~:rib
hfOl\ R1'i:/Rjafi. ldtt.lei.:J y :..l':trMt!ti.J t:'J ti F~tmai'Já~Ç.,ctttr;t~'J!fo. t\?;hl•~r,fatu, R~~bFi M. V.. 198.t p. 1!9,
diverso requeria'', afirmava. Mas ínspirutVi(~ nos hiltoriadores fnmcc·
se\ para montar suas interpretaçôes sobre a sociedade argentina. En·
lrc eles, é preciso mencionar Guizot, cttja formulação ;!e uma teoria
da civíllzação aplic.ivel à França e á Europ~ rml'to impressionara Sar·
miento. assim como MiclieleL que Sarnúnto admírii'>'<l e que com:e-
dia grande importânda à geografia coma fator de explicaçiio para a
história"'. Ma:1 seu modelo f;worito e fonte dt: inspiraçüo foi :\!exls de
Tocque;ciHe. rlo ijtWl Sarmi,,nto pretendia 1er o émulo sul·arnericano.
Anunciava j<:\ na imroduçàn do lívro que i:

X1:C!rh.::a dnSd em g\'rni. ~: <:.. Rt~(ólica .!rg·~1:titi:l ~drNudc )I· r~ f,u; falta um T1cquc"lilk,
qw' '.ll~n<.dc ik· f<ml'~u.ínwrtn :tas ti'~•ria'i ~.>)\'l:i:~, lnrn:i O'>iijan!(.· dcrU:T:-1;d1· L1n)m(:'.f(1"t, ec
t••rfü'.\ r tr;.:~'lnfos, \'k~:cie p<'.n;:tra.r no inkr~nr dt.! rii.a•.a \idJ.. pol1t!rd. i.:cnw CJl um CH!tpo VMÜ<:-

sím1> l' ~;j11:t1.. nJr} dt'S'.Ti'.() pt':'l? t'i(•ll( a. f' D ~{·\'~fo~SI~ a E~r:qvi, !l frn.tiç-.1 .. ,?'.

As5im se fochava o circulo, poli o crn:hecimemo se iniciava e ler·


mimiva na Europa. O r!es~endan1ento da \'ida µolítíca ~ulamcrírana
g<mhava legitimidade na medida (:m qne pudesse ><:r cntendda e
apreciada pelo público europe11,
Sarmíen:.o, como em geral m imrados da Gera~·3o de 37. tinham
clareza da importância da e>crítíl cta história parn a conslmção da na·
cionahdade, especíalrnente a qu<' se·· refrria ao pHíodo pmt.<:rior à in·
dependéncia Dessa maneira, A!bedi. t:n1 !839, puh'.irnva na Re~'ista
(Ífl Plata, a "Crónica Dramátirn de la Hevcludôn dr \favo". que com·

lituía uma tentativa pioneira de narrar os c·;entos da "fundaçào eh Pá·


tria", Como vimos, o primeiro ilrtigo de Sarmfonto sobro a hístôria ar
genlina. teve como tema a batnlha de Chacabuco A tar·efa de com,
truir a m1çiiú associava-se ao de\'e;' de es<Teircr sc1a história. A chegada

n E<.t::im:,~ no<; rc-fr:indn Js. -0t. . .a'> de Cui:ot'. Ht-.r,irl"tk f:tút•/:..,;1:mr1 m EúrtJk!tr rt fr,wff:tlt-pu!> h cJmtt
.i... J'~·up.'1tm: 1rnin. p:ihlkadc C'~ ll12S·l8Jú<: .JO l:S!...~?.,.Ur ! !1.'J:nírrdf fru)f'l.-di.' tf.23~ {1 Hxt11Jfrwà ÍÚ'1tl'
de \1 (.hdn ar1<~L!~l.~:f {.'111 ~·::1 wlurnr.'i: <:ntre Jihl ':' l!íM; fY(J<,':iH'Ímtme, Sarnknto t'.".l!'>! a;('~\{) a-:M
pfi:fri.:iros. ?1-;lumt's, Ver l~c.:lmrtr; \rtn:n:k1. fa;n.~vmria, "'R1~r:">.cui:tín~if·11ro th':l Muf\Ct; Fe:"d.l.cr< H
Tarn,ui.·)· dt.> Satmir~nt,J .. <'f.1 Rtt•ista !terrw1:.eif:;,1;~~- \'üL UV J;. 113. Pifülurgh. :\hr jt:n. UíUf.
2L f},··,r,:in.i:;0\ brnS1.1fü1 S..u1nit•n:o. :JJf!. rJt.. pp. 'dO.
161! AM(RiCA lAlíM NO S!CLtO Xll. TRIU/AS, 'lll.l ! lUf>Jl

a Santiagn ck um enviado político de Rosas foi o íncenlivo imediato


que fez Sarnú:1110 decidir se a escrevei o folhetim Panmdo. como um
imtrumento rrn "IJatalha 5agrada" tia organizJção nacicnaL [s~a nies·
ma conscíf:n~i;; pode ser notada, 110 Brasil elo mesmo período. nos ex
plíd!os objetivos da criação do l mtítut;i Histór:rn e Geográfico Brasi·
leíro'i ou nm escrítos dos pnrneirm. historiadores. como Frnncísco
Adolfo de Vamhagen, que publicava sua ffütffri<l CernJ da Brnsil, Ptn
: 855. Todal'ia, os contextos po!ítírns eram muito diverso~; \'arnhagc'll
cantavam glórús da mo:1arqula brasileira e lou\';iva a unidade nado·
na!, mantida <fopois da indepcndénda. num ü;_;m d<:' h<.rmonização e
acolhimento das "p<trtes rebc!dcs" que tentaram ~e sc·;iarar da "gnrn
de unldade". S-irmicnto escrevi;i sobre• as duas Argcmil:as - a das lrn·
vas rnsistas e a das luzes liberais - que para con~'.t!:Jírein uma fulllra
unidade !inha1r de destruir uma i1 mllra. Na vísão de Sarmiemo. da
mesma forrm que a barMric líquida:'3 a civilização nascente, iniciada
com as idêim d2 independência, a próxima vitéría dos !ibernís signífi·
caria a 5Ubmi:;são total do gmkho. do campo, da par te "negativa" da
sociedade. A unidade nascia a partir da dc~trulçào do inimigo, que
não tinha qualquer espaço reservado 1m nova mganirnção. fasa divi·
~HJ r~ oposiçáo fundaram ;i unidade nacional nrgentína. pois segundo
tu11 1ccente e maio, l~xundo, conn '.rn1a das "ficções goias" argentina\,
deve ser entendido coma uma "mitolcgía de exclusno", e não como
uma idealiza;;ào éa urlid;idc nacíonaP.
:\.5 referências com;antcs a füiç~nos Airc:s com0 o ccnrrn irradia
dor de culturn devem ser arnlisadas sob vürios aspctlos. É prndw lem·
brar que Sarrníemo, o in:electual da pnniacia. ainda muito jovem en·
víara um texto a Alberdi (também mi~ddo no ;nterior). que vivia na
Capital, pedindo-lhe f('>pcitosame.:te sua opinião. ELHmos Aires.

e bp1'1/.fi!,~S rfM 1\.-Jp,t:, .Sfíl) P+11Jh.),


23,. Sobre o lmrfü.1ta }fatôtíto e Gco3rjfü:o, ve:- una v(>fÍ'l ~,d-:-V.ítí(1,
Comp•nhí> das Letrns. 1991.
ll Ver Nkdai Shnrt"1iii\'j'. op, rit, µ. XI: o aumr thuud e 'ílcçõr:s·p>íat 1t1r.u.·L:1 =m·lú~ r!:'..'ª"M,:J:t b!> par~1
q~m m tndhif.hKl~. dt• HtnA dNerm:n;nda snr::cd<1rk <:n.•!U-'n) ll'.H ir:ntU;: d::- Wl\'im, m:rn. ;rkot,idad~' :'tlÍi:
lív<'. um otjGth»:HWdOn.<il
onde e<;tavarn. segundo ele, as cabeças pensantes do pais, CO!l1 acesso
aos !i\ros. aos jor:1ais, às novas idt,iJ~. dcspcrtav.1 uma ili ração incon··
testável sobre o jovem íntcriorm;o. Porém a elci~·,io dessa cidade
como modelo de ci·dliwç·ão não se baseou no eonhec'r:1uJto empíri·
coou t•m su<i experh:'ncia pessoal. polsjamais havi;i pisado em Ilucwy;
Airt•s, que s(l (O!Jlwc<'ri;i ·· a~sim como aos parnpas ... ffuit;l tempo dt~·
pois da publícaçâ;J de F.iwndo. Foi a k~ltura dos iluministas europeus
que permitiu a Sarn1ícnlo estabelecer essa mstKi1.1<;·iJcJ entre cMli1.<H;iio
e c~p<i~o urh.:mo. A 1·isiio da cidadt• como lugar da liberdade, d;: r,11ün
e d;i folícida<ie cü;npunha o 1magi11ári0 utópico liberal. crnnJ bem de
mumtrou Bac:zkc"'. Da mc~;i;a forma que P;iri\. cssci Bué·.aos i\ire~ ima-
gimíria havia sicb o palco da rcvoluçfo Hbcctadora quc o; inimigm
das luzes lla;l;im wnmdü temporariamente.,\ irki.i 1k que a ci"ilila
\'<'irl estava imcrita nos rnurus da cid;.:dc utópica - Buencs A.rc~ - dav«
" Sarmicmo a certeza eh vitória próxitllil.
Ao lado da ckbdi: m11ddo, aparecia o ;uitimwldo, Có:·doh;L
com a qual tambúm ~e farnili<1rizara ern ldturns e que (Vfütituia n par
npas!r.> a Buenos Aires. Se csl<i ;1paft'.da corno cxempb de movimcr1·
to e rmoluçiio, cr:: bu;ca rio novo, luga:- da cultura letrada, do prn·
grt'.1i50. da rauunaEr.!ade. Córdoba 1n1strnva sua cara de cidade cob
nial e cspanbcla, apq1ando-sc :1 cducaç;lu religiosa, ei;niç-;, cslátko.
ho>til a inovaçôcs. r'.omí11io ài atrn~o. da religião e !ln ubcu;1r;ti1
mu. A cidade da utopia Huminbta que 0Ji1;w;1 parn o futumcor:trapu·
nlu se á cídacfr, cscolás!irn •·oll«da para o passado. que rei11iccva ern
não deso parecer.
O tema das cidades c>m FammJo teci produ7.idn 011tra; inlerpre-
taçôcs e alimentado ;;lgumas poJLn1kas paralelas. Por exemplo, al-
gum autores entendent {[lll' il de~peito da eleição de Buu1m Aires
como símbolo dos novos tl'mptís, as cídades do ifl!C'rior, como San
Jwm, Menduz;i, Salta ou Tucumán ornpaiam um espaço ba~tanie
grande em rn:i analise. Sarmierno estaria celebrando as cidades pro·
frJCiai'. onde seus pmduti;ns h;ihit;·ntes tí1ocrn111 sua 'r·vch:ção pn:i·
rnis~ori' !rm•rrnmpida pelas ''hor<Li> >,;r!umi~ b<lr'.iar·iis": "Em 'I\inr·
mtin. S:iitJ y Jujuy, :i~Jra. p(~]a invas;io de Quimga, imcrrompidu ou
dclnlítado um gr;rnde movímr-lltc lndmtria.I e pro~n:S'ivo cn nad<1
lnfNior ao de Mcndow ... "'.
A arnílíse do texto de: Sarm iento. rnrno represcntaçüo dos i1m~·
res'í•\ dr> uma classe soch!. consiituitHf' cm outro dos temas n:«Of"
n·mt•> na produção rerente mire r: :mkr. qu0 c·ctrctantq perdeu,
nos días que cnrrcn, muitn do \cu 1igor. Muitm dc\):nes foram renli·
zados LHfagando \e Stirn1;c:110 rc·prCH"n 1 ar la Lun:,t df'~e: nlinadii da~sc
>criai ou><· sr•u prnji:lo socíopolitü:d tréidl!?iria in:er\~sses qnc ultra·
pas\avam os !imfü•s írdívid.1;\i\. Par<l alg:i:1s, bi d;issifica(b nmm ti·
picu repn'>eil1iHl!C :Li hmgm~sia ponenha, que havb m'IConiradn um
f!Ori<JV)l à altura de SUaS a:nbiÇÔC.S. ,\s Jll'OflOStas Ó' S.-1fl11Í(:J1t() C<ISil•

VdlH"~e, pars:s certos JHJli&ias, c.:·1:n a.~ aspiraçôe~ d(~s5a burgucsi;~ 11d~­

Cl'llte. :\fírrnrnMr, :nrnhérn. cem base cm wra conceitu:n;iío vag<t P


irnpredsa. que de 1raduii0 os innt"~º de ~1mJ ";in'·hurgu('1j;i do
interior". Omrm autures :10 l:escjo (k isen:ar Sarn1ic1110 dos dt'\
m1u1do> e <irbítr<H'ícd<:dt'\ c:rnwtidrn 1·Pla aS>im d('nom irnHl<1 IJurguc
>ia gamdc·ra. defor(foram J idéia d1• q1:e est:1 se apropriara do prn
grama lilfmienriano, detucpandc-:; <· cc1llx;•ndo·o a s(•n·i~·o de sell';
íntcrcs:e,; irncdiatrn, que d(~;.cmbo,:arnc1 no rb:rinío do capital. da
trrrn e do poder rvilílín.i olíg;1qHi1ado. E"es r:»u!t;;{:1.1:; j,1in;.1ís. ~e·

gundo ~>kS autores, leriam \írlo apn1~ado> ;vir S;.1:-r:nenw. qt1<' desc·
j.1·;;} unia sociedade n~ais dernocráticrY
As imerpretaçüe1 a respeito rL\ mais '.'wnusa opD~.içã".l ou, mellwr
ditendo. 2ntinomia ó~ Fanmdo - civi!iz;;ç;10 e harhide - merecem

'.H. l':<~n1ln;n:. L_~,Vi~in,:J $:1rnü::u:1, (lp, :H. pp. 180 l"L •·~i 1;n11he'11 M d ~,;1lmw:n, tp, âl.
I:! :\'.~!\J:IM ó·< L:::.1\=t\'{íó d~ S.ir ti0r:t..) n)s si.~\JS: J1irn{'f.> ís.DM, !<fo if».0:31J,a) fMrn rnrtpm~ar s:ia di:~ihJ·
~<lo. 1:1~.;.úsfr1çJG (: írt( <infr,m1H;idc. Vt'.1 Mtkú t~'í l\-::\·1, .4.'l:·mh 5..;mimfi, }' fi !ft.1. fh1ntf>"\ /l.irn. f ifa nl

nt\ Vit""l'..l~. Ul'i!I: f'd~ a v<~P(•irJ. !»§íçâo. W'f, ~m:r l'\'.tmtl.fl. C:~'liºYI Li'ny. ép. t::'r: ~Jud S;i](>f~l()H, r.:p.
4j<

nma rnf1cxão particular". Para alí~lll da leitura óbl'ia, na qual S<' co·
lncarn os dnis conceitos cm campm diarnetr<:lrne!l'.e opostos,(• pos·
sível pC>n:eber - corno tem feilo uu;1 bibliogrnfia n:ais re:l?nte - que
essa opmlçiio es1:i cortada por a:rbiguídml,,~ <' fütLezas notihTis.
0brrnndo a infüncía l' juvenude de Facun:lo. S1rrniento conrn~a
uma versi'io rncheadi1 de hh:ôrias rornmlwlescns e eswpaflirdia~.

fundamemad:is ern testemunhos ln1tan:c 1·agos. nos qJais a barbüriu


do pcr~orngem en:i sali·?ntacl<L Porém, ess.-~ rratamo:·nto val rnu:lando
e ganha sutllmc·nte un,1 <:imens2u mai1 pos:tiva no per:odu dP ~1.ta

maturhfade. O rapirnln scbrc a ernbmoda e a comurnaçiío do nrni~·


si1rn:o transforma Fac undo em um pcnonagEml ,·crajCJso e e,kterrni·
nado. dhpmm a i'nc;u ar o (fosrinu ~ern :nedu ou íHded~iio, pn:mtn a
enfr\'11tar lwmad;mien1P a mo:tt· arnnciada. A drmrn:i!icid;:de da
narrativa envolve o lt::'lor e conf('rC n farun.Jo, a despe'to das 1rbi·
trafk!dades dc-scritas an:eriormente. u1n traiamer:to Jn hr~rúL rN!i
mido por meio da iw»rtc gloriosa. O e1paçc da barhílri? mostra·~e.
wmb(;Jll, cnrno o lugar do !wroismu. envolvido cm u,na pu r1'1a (' h 1
t«gDçiki com :r natu~r·1:J qm: a civilízaç.·,o teria, co:1tnditoria1rnm:c.
de <kstruir''.
i\irn!;i que S;··irnú·nlO ;hc~\e po\íc;(",•s firmes $Cbre a importârn:ii
cenl"al tb .:drn·;i~·:ío lctrnr!a ... sr·m a qual. ;)em:.ra, ;1 1uçib nfm cx.stiri<• -
não pôde deixar de ~e apmxí:nar do :mmk1 <fo tradi-;im oral. Furam <'.e
poimc:ntos orais que nx:bcar;m1 su:1\ ::imi!iscs ~1brc J vh!a tio caudilho;
cklcvc-s;: para ouvir n que cnte:vlia rnmoas vwcs do pas1acb, do :nundu
colonial. da barh;írlc. A nwmm disfo1çnd.: SÍ!l!jialia r»Ja parte "h,irlura"
da S<1cicdadc argenHna pode ser també;m 11ot<1dt. quando :1il ;n·ímcira par·
te dn líuo Sarrnimto faz a dPscriçiio do.< "tipo; g<1udie1cm", O gaüc!Jo

33 H.> m».iitu:,, tr<J<a!hc~ '.):~bc- ~h· WI"'."<' ln!l;'t~:.~.')aclr:-; ::v.lo )~ t~maln ~fo N<.:z- jltr<k. H.Ht(l 0 \o.: ~.f1.tr!:')

1/6•.1.ffi':Yf{n & .r~r 'R!ría, f.fot•r:o'!- Ab\\\. C c•'Hrn f.dHi~r d( :m~:rn.:.:~ Lmna, U8.1 t,tH!ID "\ti.a Ílfirnt.v("ílfJ ~~;

f:J 'D>J·.'1•. puNin.d>.:i pt~l.i Blb!Lh~··~) Ay,;_cud 1;; (> ~irn:fa. l ,fr~ ]tia~) ~;u('m~r·~, Trt:. Tt111,H d! Fil,•"'1.'Jfí:t n; !.1.!
Eorr<1óx dr! ?~1ru."4{(,. BucLos t\Le~. Ed•Dii~l úMe::Kj1:, '.913:1.
Jl \'1·r. F<'<' (':Xt-'ll1pl0, J·.1!jr;i }t,"'.l'H('ü. 'Sa:1(•r 1k, 'O.ro" E'.idtuc-,'1 ~ Or.'.'lfaLd n1 d 'fa'-:md~, <.'e D F.
~:<11:1hv;tü"". ~m Rrt·ú1•. ffK.,ruw~>t/d1J,t_ "'ª!. U\', L t43, <l'>r,j>.<,,t tSRS,
'baqueano" era um tcpógrofo, "o único m<ipa que um general consulta"
nos campos de bat<Jha; o "cantor" e <ua "poc>ia original", muitas vc1rs.
fombravam cs ímprovisadnrc-s napolitanos. alcançando "alto nível poéti-
cc{ em algumas de ~tl<l'> fOmpos:çiícs de "real mérito''"; o "rastreador" li·
nha <XJmciô1cía de seu onhedmtnlu, o qlK~ lhe conferia urna dignidade
misteriosa e rc~ervada: d~ linha em seus c\r~.'i:J> vbuaí~ "um rnlcroscópico
poder" qaec transfunnaem "uma suhli•11e ;ri<ilura '; att\ o "gaúcho mau"
possuía quillidadcs, umaext.rncrdin:í:'ia rnc11óri;1 e um profundo rnnhc-
dnwnto do pmnpa. Os. ti/OS s,io <kscritos crnio dono~ de um saber supe
r_or, naturni. qui: m <fütil:gue de !llHK·íia péculbr. Entrc!itrno, é 11eccssi\·
ria a cxistfo:cia do autor pura dar forma e~crita. mcdern.i e tr.imfu;mar o
sJbcr em vcocs da m:idíçlo oral, por _ntcrrnfalb da ríência c:IGssífífJtrki;i,
cm conhc:cimento i11telii;vcl para :ii pri\i:egiadn\ lcímrcs".
A socíedade podia 1er analisada 0 sint<'li:ada por meio da elabora-
ção dos rhanados tipos, da mesrn;i !Onna qu(\ na nalurew. os animai!>.
plantas e mlncrah :!evi~:n ser obscrvadcs e dassilírndos. A con~truçiio

dos tipos :rrn sido rdac:onada. pela bibliografia. dirc1arnent1; wm os


d1;imadcs "mstumhrbtai" ninip«us. Mas Surni(,.1to, emhorn cati1·0 cks-
sas leituras - menclona·se cnmta:1t1~rnen:c a irnport{111d<1 do; textos do
espanhül Mariano José de Larrn - 1•1ube mmpreemfor a dist;incia que
separava e; 1ÍfJOj t!o "co;tumbrí~rno" e,1m;w11. r>rn gPral padccernb as
misrníve.s ccndiçõcs d3 'lida u:·bam, :nutilados pel;• Cl(J\il soc!Pdade (a·
pitaHsta cr1 formação e ;;g:ukho, :iinda !in:~ de 111i5 imprmçõts, mant<•n-
do sua 'rMgridaJe e !ibcdadc no seio da n;:iturci<i'.

3~ O r('i;n·)11~yir.1u,10 ttü 1')h)raki p:w:,, g.4ú~·hr) :rn\ qur p;i<,\.; .. P\' f:t ·o•ndck• de n;LwJ n::~td.do u,1 bi

rop;: As.~m" ·i ::omp1:r:a,;;füJ l'Off=m fartnc:'l. n;t ;f!!it,m•)« urn p..~<k[10 <ft' t .Abra 1>q1~11t.ti· k~i!i;)'l~)do
pd.i flf.ltCV~foclc (tu~ti:l'.i ·oLlü~t,l~k<s", rúc i n.ip•:flh:;.~. \.'0 lnMi 'lóôon~v. ~"/·i~ ~ta (Mf1ri-.. ·1 Jldlt.~.if:
Fu1,o~,f r a Lwnd,de 1f.1ma1fa:, \h."1 tk Jarv:iE\ Zaf._ir, l ')fi~.
Jfi, Ver Juro ffarnn~, i!f'- tJr, ;1. 563
:F. Sa:on11.:!n .tntxlr.1 f~Y~ S<"nnir.nnJrlt!•C lff llt!o .~\'.'('.»U JO KV1).> d.,.. Mar.k1t10 jc~( tit~ Lisrr!l., :Jnl1 KUS M1i
g<"Ji sobrem t1.duritut wb.JnJ-5 e~.m'1h<HS !><Ú<.'n pul>he>tdns1'H M<.F1te', idi'u, m:) qunfr<l •du1~1'.'\ t!nt1 .i.•
18.fi r. 18'PJ, ~ Sa!oinór;, op (Íf.,I), 1), \'t~f WJ' hún Paul v~~de1<1)'t~. tiµ. lll SuiáII ~;irf.:p'*lli~·~.. kfil ·:h•c
ldt•çfoçy :>fC.JSt1f:·>l:íl:mii,.., !'fn fk--.;fv{lkJ ~1fl!f li!t'1~1.'1.JJ?,
.?., n. ;, iJ;'R ..;dim!.1 q ... J.~ :J fms;ii;; do tJ~~·,1~r:~"~s
ffK1 é i';ua· <GiYI qt;<' )\ di\•1l·HlJ\<:S.rnte<, •1' S.õri~;J;;<fo· p-0;,,s;·r'l ser <'('.llllp~e);{]ídcx 1.<.i-11; prlm ~n! H'S.
r\os "coslnm1bbtas" europeus, co:110 cm S;innienta, a cxterío·
rklade do ser. seu comportan:ento. fisionomi;i. meiú amliienre. sllo pie·
nos de significados. D<1i a imp:)rtancia rL1 descrição dos traj01, po:~ ª' 1n·
fornli1Çôcs sobre ~ ,·cstimcr.lil fozimn pane do retrato do pc.·sonagcm e
ajudav;un il compor e quadro pskológiu1 e sociológGJ do analisaln. Na
opmi~·áu dininniGJ uH1 ;• i«:mpo e cidade. a \'esii1H>:nta 1:·;wsfig1..rnv<.i>C
cm línguagcrn c.\prcssi\'a das dlfort'nÇa5 e n.ml1itos da ~nrir>tl.lck•. A rnu
p<t podia ser um ;ígno tanto eia barbüric qu~1nto da .:ivílizm;;id'.
O texto de S<crnL nto foi compmto a p;:;rtír de icfcrén<J;i, rn·
0

nnms am lütrados da primeira rnc:rndc do século XIX. i'forn) autor


proct,nm se ínscrt'h.~r d(•1nro r.lJs rrn-r2nr«1 que d('g(·r;im o dhcmso
ckntífíco cumo aquele que :il,via <lM rnnta da n«ilídadv social. Dls·
cu no e>te ainda nH1it;1 dcw;dor dn> cirnmws da li sHíri;i natrn-;d, p:;ra
o qual analisar s:gnifiCJva dc•\Cllver. onknar "rl;Lsiflcar. P;ira que fa.
wmfo pudesse ser í11leiígi·;cl para o publico culli.;idu. ~ulamerícano
ou europeu, linha de p;i:;:.ar pchs c:ntcgorias e co1c(·pçôr» da t.h'ncí;1
moderna. trJrt>fonnando a "ma:üia brma" cnrm:tra<ki na ;m:kdadc
argentina em produto imdcnwlmentc cnmjffccn'>i\'d. ,\ i'nfasc qw'
a hh'.ôria natura! conferia ih \ingularicfades da 1atu1 c:za nforecia as
[)(l't~s para ;i r()mtitul<;iiü Ül' uir sc;r americ<turi rLstinto e au1úncmo.

D1'»a maneira, a> difen:11ç;1; com a Europa predsr.-;un ~'~r gua;'cfad;n.


puis umn ;i uríginaliclúdD t' E>Sfh~cíficitlJdc da i\rn~rícd (:u Sul e. m;iis
prcci>:m1c11ll', da Argcn; lr:a, quê Htc lUflÍ('l'ÍiHl1 iir.er<:~se primonfü1F''.
A partir do final do 'éculo XVEI e primeira nL·tadc do '>Gcu!n XlX.
de !Tl'HK'irn pdnitula:·, viajantes c•:ir0pt:<us deslocar;wl'Se pcln mundo <'!li

busca de regitks (k;sconhf'ddas, ti:fas corno exótica>. f:5sc 1!()VO mundu :lc
veria ser observado, medi.do. dcsuito, cla'>>ificadn e os resull;idm dd> t:X·
ploraçúes. publkaJos para u entrrtcnímcnto dos eruditos''. Acurr.p!dda·

l·t B;~lüc c~ci t'n'H. un l330, t~rnb J,;ç .'f,Vf.';its pg lrí g,ixm. \HH<i if'lk)o,riio $::>r-..~ n<\ ~ u.,;,i;w'~. V': n1r IL fLH.
hff;r>, ,-,e} r-i.1r,~ f'~pu:~h;, '1 F~orn d ~ r,fü~ (tlll.' k!.,lhf" da \~~st ~nwnu :i;;\q,~ri:i: ;,i ni~''>nv üPprJ: 1,\i)l l<t qlw
a5 f:-3i\{'<!'1• do 1wJ.<J romo derne-r,?f> rHd-.dor •lY1' rn">Hff>H'~ de 1:r:1_; :s-x~~·d,dr·. Ciuid( p;,( N<::x-.:-1
)J!úm:m, t:p aL p !z~; \,'~~f ·11:n!h.~rn D-mT1ír:;o~ hn.\{JW) ~u:fü·Hto, &}·
:n Ruhnto C:>ti.;.,oit:·t Ed':f'rao h ,111. tfr., p, 3~7
-ht '" /vr?i·ic;i. tb:S;JI bl Yil<JY<ld;i, cn1n>outm~. Fr ,\:..::x~wd.n~Wi-"D HH~d.õ·/.:-H~. C.1:i hie-dnd1 nm v.~n1ii5,
fl'

dr Hllr<' cxp!o~aÇ:o du~ rl'n!l'sos nawrais. c:iénci<C e liwr"tura foi n:t1ho co·
n1L.m nc\~as nc.rr:ith\~S dt~ \'f,:gen,_ Ao b(:o dns fHó~üfos t' hhtoriadores, e~·
se> iiajar.h's .. panindarnwme o !í.ru de Francis Bcnd H·~ad. do qual Sar·
1
mii·nto n-tirou v[ri:rs das epígrafr·.\ do <1wnd11" ... tíwrarn grande :nipaelo
scbw nosso ~uror. 1r.;mando-~e fon:rr inponanh• p;wa muif;H de suas <k'.s·
cr l(lC'i !' tontr'ilit indD para a dab:iraç:ío thr <.CU irnaginári:J sobnr ;;, eida·
d('\ e º' p;inqw;. Eram i'S>as ldlur;1s cuc• llie conftTiam auíorírfode para
aíhmM, pret.•11.;;nienl(' baseado em su,1 f·xp:'.r'it'rKia, cpe e.; com1me> 1·
pr;-Hicn~ Pncontn::ios nas {kscriçÜt) dt Jit,1dn1orü Co0pcr crn Thr• }~··;Jftfr

c1a:;1 t.C10 :múlcgo; .1ns dos p;1mp:1s. qt10 o fü,.;·ain pensar quer;~ prh1eírm
pla~i;:nm: m l<'gLmlns''. Do nw5mo rnodu, :· cw· irnagirnído que lhe per
tnite l~~tabvlcl'~~r :::·.HTlJMf0SÔPS .entr~: o dc~crtn d gt:n:.irk~ <- ç; (jrifnrc-. Ci
rarJo Vulm•y. S:mnien10 a'irm~1·;<1 a e-.;istê·r .d;1 dr algc >elugt!: ·: rH; l('ffítll-
tin p<itrio (}Ul' o f1;ia se lernbr ar da ,\si:1, h;:vr·ndo uua ~unelhanç:i 1•n1re o
piifffKl e ;is pbníce> t'mn: o Tígn' e o Eufi<tli's. Para i''.P os usos,.. roMu·
me, olm-rvados n::s i::.H'a\·~nas de hrdu:nls IC>a~am nn a ( m1cluír qur'> no
Orkrne t:Hn•J no1 p:irnpa•,, dominai';! o· rdn•) ela força brnLl°' ,.
Eram, air.d;i os modelos das dérKi<l~ nJtur:ü> respomüwís pcbs ima·
gr.·!ú wuL\gírao, c.1prcgada.i por Sarn1k•ntn nas descríçrct<S fk· stm flNM'l-

na~,t1ns. Facu:1do,por 0xen1p"lo, r.-ran ·'ugrP {los li<~nff{ . t•FfH)to qce· lhe fora
con:(~rido dl.":iois (;1 nurnç&.o eh- «U t'['húdit 1 no qual ha,;a ,;do pe:·1eg1.1i
do por H>l' aún n"'. P.-.r.1 ju~tiflcar css<' ai;efüb :1.arnhcntc ,1Hnn;1\·a rpw,
·'corno a frerulog;;~ j:i provou·'. -t•xi~1in1r r<'k\·(~•C() L\videntcs c·ntn~ a~ f0rnu1s
ext·rníls e a;; rp;úlarks mornh huu\<111-l'> e• •'ntrr <J í·Hc cior de um '1urrn.·m

'.>~:ig~' ! L, .Jn 1 ·h\c:i: l.1n~;'.l(lnrff, Ui...uk·~ l\tr..;ifi. \'tr~'...irr t ct><.' h ct!l. tn/rt.ri<i!fn'>. ~,;',HiÍ '.t 1i!útf; ~ttJd
f,;1"•<"<'J;~1:· 1'i(;.ti '(>:1.k ~: \;.-,~ Yv!Y Rn~1d1.dp\ Fl'.??
11. tt.;u..:/1 ,YJt•• ü~n Diú1:·; S.-me]tmnn-<uwn tfof;:r;~p.:~.~fhf J:;;·.1'!; tfu' A1.d ~ l~ 1 1·,urc ilo '.h1•i de f l«:td,
:11» {,:n J.uUn:d!t: cn. !tE~
lt t::in11\:.;<,\ L:tfü:n.) ~;:1~wEto. ii. ut ( ilíl. '!. \'ci- ~- ~--;kYl~~~·11.: <. tlJl \t 10···-,' t'~i;.;t 1i'lw·J;(~ di· 1Jnri~
~,;111n>t·r. · h,\J~r;1,,\:.\·,Hilrrn:u~;. SJ.rn'lknH ·l 1.;(~\útf ;u.lf ::::tl!f'G ~ er-.11:;; ··;r
-1] YA11t.' ~· Cr~(·1ih..> ~·ht~: i•:k~i t'.>.::;:i~'n,-:1\. \'>.'f o1. ~":'i•:nd; m~· Hd ,_,,1,, hh.:ial ~;üd, Ot.·N~::ü~-!.''. \i1:i f"aq
L (<~in~Hi1h<-Jd.i5 L r .~~. b';<! \'.-,t :MnL{.rti ).'.,;1y Lml~~ [ tôlll vi'' 1.: , 'P R ~, J~:.: ~~S·:n:rnl 1· 1'i' <'ú.
(;p. 2
~4 i\r:o\ 1.;m;1 ·u1.1h·:~nujra d,1 fü.>J.ã" _;H/J1J.. d,i /;·1:,·rin !.11! .n.t. d 1hfk;1da t}(·fn' c1J;r::"~' 1·'"°'· \H' f>..nf-:)1,l'f
L Cr::d:i, i«J !Xvr..:1,·i :i.< ,\'&1\·~ M1.<1:it.0. if:'>füri<:dt :m« h4éi!i<.;1. ~:k>-,l::.:>.>. Fon;l-i tk C.;.t1u·a Enat;·)1~1lc,~
1}8!,, ~~:o,p,•ri;1!11"('fli<:"...,.. doi!. prn:idrni. «cipít~~L?;
175

e a scmc:lhar:ça físio qLte o ap:·o:-:iina>·ii da aparcnda de um animal. Sua


dc1criç;;o de hcuncb dctínha·se na forma de >eu cr.'.inio. t~rn sua corpu!ên·
eia e cm 5CU5 fcrotes oH:os··, c;1ra~tcrísticas C$l<IS que o a'\sociarnm a urn
animal schag0c1. e, <Cnseqüent«nwrltt'. a um bandido l1fJrb;;ro. O aparcn·
11.• wm clt: cbjci.bi(IJ1k l1:·::1l>t·<wa e pic:J;àu de anihse c:uc ncssC's anos. eo·
nw~·awi '' Sü 1:s:;1be!e::cr e que incli.::a umcepçÕi'S tfo urn "raci,ma cí<•r:tíll·
ro''. quC' pi''i'i11·a pele· f'Studo ói fren:1!ogL1.
:.Ião há rlúvi<h« d.' <r,;e o kítur J:r,-,silciro t'slatwkce um parnlêlo irnc··
diato cnire fawnâc e 0> Srr';les, :k· ?m:lídr·> d'.I Cunha. O !ll'ro bras:kirn
tan1b(•rn inici.a corn J rkscríçZlo do ff.{~iü - <~terra-. <:rr: )eg~iid~t an2Usa o
ho11wm 1.· depuh ,1presenw a rc·bdiecc em .:;ue: \JS klllé•~ políric;; e nac;ilu se
('fltn:h''''rn :k m,:n<·iw killwntc. Sc1as dt•;::ri('Ü<'> dm "ti;Jo\", o jagunço
tk"Sh'n1\do, e, !;s::mreu jngênuo c;u :> ~errant~fv fone. ~ornaran1·:-,'~ fl.iss.ka\
n·í<·r.'·11rim. En:r,•t;i!'.(o. as dif';,renç.1s sôt, mLita:;. F.uc:::J,., t:stevc no campo
t!e batallra. observc•u de prrto a vio\1>ncia e a cruc·ldade d<L\ fo:ç<is rnilílares
Yitc•ri'.lsa~. :1 qu(' o frz repcns.ir muitas ó• suas icL'ias antcrinrc·'· O ctirnis·
mo c:·im n'L,çiio ao futuro da hu111;;:1::lade. car<JcNíst'co do jlO'>íthisrno
sp1•nrerbc1. que n 12\'<Jva ;1 prod<11n<;r ql:t' ;; dvib.dt;ih rk;truiria. mmid<i
1wl.1 forç;i da hístôría. o nlrnso do i:ltP1for. mi'>rhva-se à ck·mincia das t•x·
pediçflPs e<mlrn C11nurlos. en:endidas cor:)o cnminos1s. Para ele. ;: liã~lia·
rn all:aç;io dos civilizados. rn:sst• (")111'·.,rn:c l':iu-r• duas cultur;1>, .ida cnsL1 e
a do SN!,!u. poderia hloqrn:ar a unid cdl' nacio11al, na sua 11;;1 •.m1i ewluç:m
hi~1(rrica. <"and•J ii arníli5\C unu í1wspu:1Clii contribdç~io pc>-siiri~!a".

Fawnd~ <H'tmtiar<l ·· npc\a:· das sutik2;1\ e ambigüid.idcs a;xmlhli\5


nos registrns d;i OfHJSiçiío rntre e >1ili1..aç:n e barbüiic .... a futura atuação po
litk;1 de Sacnit:nru ..~1n ~1.w cnuíHb <'Ul f~;\·cr da civilila\·ão e contc:ria ii
bach;irie. Sannicmo tcH~ uma brilhanl'' carreira polítka, (!t·pois da qued;1
de í?.csas cm !852. fol gDl'Cfnador de Sa1t Juan. minhtro de fatado. sena·
dc:r, emba:xador e presidente da ILpúblio. L'r'!rn 1868 t• 137.;, No arn (lt>
cr.inslruir a "dvillzJçüo". com:·füuiu p;;r.'.I a urgan.z.u;ha de um fürndo Na·
dnnaL pammlo poc un;i cons1itul~:10 7i!:crn1, P dedicot1-~e príncipairncntc
à caus,1 da eduoçim pública. Nc 1Jr~;ejo de tllU?nnimr o ·mrasu" que se
ffJmuhstancb1a :ios protótipos do .~ptirho e de indío, p~oinmcu campa
nha sístcmáua :tmtra as última;; uwnlvncras !edcrnlistas e pr-;:parou as de-
finiç<ies da i!lJaÇÍO do r:'\tadG CGn!r~ 05 indio~. (jllC cuJmiJ:Mdnl Cünl i1 cha·
macia ·cmnp:ib do Deserto" crn 188D. t;uc dcflnití1·anw:He empurrou os
rernare~cem:i t1dígenas para o :.•xtn:mo sul ó1 pzís. Não tinha t:úvida
quanto ao lug1rm1dté se cricom11Na a "civíliz.1ção" e soub0 perseguir s.:,us
objetivos corn lnstantl' êxito. Em um d<• seus ültirnrn iino'\. pulilindo em
l B!B. Con!lidJJy iimomi.1 de la.> Rarax que cmhid,•raw uma rnntimrnção d(•
Faamdo. reafirtLjYJ MJ<lS idéias. ao indicar qn' um dos rnaks da ccbniw·
çiío <:s:1anhol• fom ter aceito os í1t..Uos. essa "raça pn:•-histór:ca'« quer como
parceiros. qcer ::vmo serrns: melhor tcrí11 sítb fa1er o mesmo que os nor-
le·americane5 me em sua 1n1~sagem pJra o o-:>stc: (;xterminar~im us índios.
ErJlm. rorn ri1runda. Dumin;~o FJllsllnc S;,rmit'nto buscou corslruir
seu lugar no w1:<írio políiirn a;gcntino. Lugar anunciado, tecido. e con-
qu:stado por tSL' r• outros Pscritt» nos quais lorn•Ju paríido du qm' acredi-
t;iva srr a mor:em'dactr~. a ciênc;;1, u prngrcs;;o e a dviliz:idlo. OIJtc•'c <:xíw
em SJJ carreira pdíttcn. porque coincidcnterre11te •·Jvcu rum morm•nto da
história do pais un que t.>s.ses fcr;1m os lemas e as txinrJcius viwrio;n~. Os
derr:>'.<1dos e~ c'quecidos ·· gaúchos, índios. 11n111m:ero.i. fctkrniistas. mu·
!ileres, ímigrmt:s pobr~ ·· não i;uderam celfbr.Jr !'.nl iguúfade de condi,
çôes <:s nmc1.i:sGs ifos novo; temr:os.

Anexos;

i\ histéria Ú\s edições de Fanmdo precisa Sff contada. Após !.air corno
folhetim nojJrna: E! Pmgn:sfl, a porlir do c::imEpó: mé.io de 1815. ganhou,
no mesmo am.' prlmeirn edição em livro. ~inda cT Santiago do Chile,
pela lrnpre11tJ d~l Progrcso. Em 1851. igualrncntc no Chi'.e, pda !rnpren-
ta tfo J. Bclít;í Ci1, Sarmicnto put1licou a >cgcrd.i C'diçiio, que apresentava
diferenças rn:á\~is. pois dC'sta nãocomtavam a introdu·~fo e 0> dois ültírnm
111

capítulos. Em Girtil a Va!emín Aliina, .1 quem ess.1 edíçf:o fora cedicada.


Sarmiento escrevi;! que retirara a introduçào por ccnsidcr<í·la supérflua:
<1t1ibuía a supr<:ssilo dos capítulos à acolhida {los roasdh'1s do pr()prlo AI
sina. que afirmara estar o livro !t'rn1h.ulo com a mofll' de QtLroga A!!Jer-
tc Palcos, t>ditor da exemplar ediçii:o de 1935, emende qtk .~ua decisão. en·
tretanlo. n ..'Spondia a qu,~stüe> tk outra ord•'m. O c<>nárb pnlit:rn argenti-
no era oww em 1351, e Sanniento c•stavJ ccrt:J do que a queda de Rt.isJs
seria ímínente. Assim. rnmiria congrE'gar esforços 01:1 torno tfa unidade
nacicnal, Viqurcendo ''' rn·;.:idades entre uní:<írh1s e f<:de1\11is1a~ e, cspe--
cialmcrüt~. ga:antlr un~ h1g::ir polilico paril ;i próprio no "iomo" pais.
Em 18G8, em Nova York. D. Appleton e Ci;,_ publiccu a H!f(L"Íla edí·
<;ào, que mantém cs mesma> supressões da >egunda l' apresenta algumas
corrççõcs, a pçdído do autor P do grarna!ico cubano Man:illa, re\·isor cfa;
provas. Era ano de deiçôes pr1Csíó'nciais na Argentina, ·' S:irrniento fora
indicJdo cnmo cam:Hdillo pelo ?aníd~> Aulonomis:a de Adolfo Alsina. O
partido conhecia as firn\es posiçõ2s que Sarmiento defencJcra nos lillímos
anos, contra a fedcralízação de: Buenos Aires: como. portanto, publicar os
ülrí1ms rnpit:ufos da ediçâo or:ginal se l.í «drngr.va tão ::kramcnte i\ fede-
rallwção da capitaP
Em 1874, já no fim de seu mandato como presider:te, SJm1iento en-
cancgou o neto, Augusto Bdin SJrmic:nto, de fazer ;:i quartíl crliçiii:., peb
l.ilnifí<J Hachettc. f'.e Paris, cm que eram rd:i.wrpurndfl5 J íntrncluçt.o e os
dois ú!tin;os c:apitu!c\. suµdmidtJ.i de;:le a t><liçüo de li:«lS. A questür: da ,:.i
pita! não fora ainJ,3 ft'SJJh.-Jda (seria foderali?.a!fa nu 1881), ma>tudo se en·
caminhava para a solução dD problema. A Sarmk~nto intcres~av.i. Sé'gundo
l';:km. que o p<iblico compar.Jsse a proposição de seu prngrarna, quando
c~sravano exílio, com o desempenho à frente do governo argentino.
Em 1889, um ;mo drpoi> de s1;a morw. a quinta ed'.çáo foi publicada
110\Olmne VII das Olm.is Completas, organi;ado por Luis Montt. filho de ~,fa­
nurl Montt, que arnmpanhira a e•'.íçílo de 1845, sem IHar l!ni conra a-; cor·
rt)çóes n.m[iadas por Sarmíento para a sC'gund:1, terceira;: quana ediçôc,.
Dos 52 •ciumes das Obras Ca:nplcias, os sete primeiros foi arn oq}Hliiados
por Luís Montt e os demais, por ,,eu neto. "\ugust() llelín Sarmiento,
7. Albert !l!erSlildt, Si'quóíil> Gi;antes da Caiífómía.
7

NATUREZA f IDENTIDADE NACIONAL

NAS AMÉRICAS

/J,:;,,s \tHuifft tia PtHH üli 11.u da AWili"'l'tJa.~; 1.l'"Ú'!"

rm n-;,.·1<.1tc tss; J Jk'ht•v;t .~f .it.,1:l ~K,11 /!;.úir:..·:üff

!t•'ft' Ih.it§i; p~ 11$ Wi!S bi!x~t:Jt:rs :·dnJ.~ rir- ifJt'.d~


f'J"UÚ,;,(;i.' MJ!jJCl à.~ ~f4j<1J~· fL lfiJ..i' :J~:<Ji~;/_t-t IÚ.<.'>; .'i'r.t-
1'1'!..íti :!'.' Ht.:"..í: r;mt.~d.h /' f<>n.·1<rb1f'Ú --adMér<.H.-: nr
N: :t:.u<'!Jek;..'i <ft 2 ;11,/ .ur,Ji /"._1 e lii:.-tt:t~ :it t.rn·
t!H p.mà~1rr•. ,~itJ.e; u:j; '411'0 mur11k~ ..

J 't !.J:J E !rLK~Vi.


,.-lpvu:uum'<J-.( -1-· h ..-\s.nti U:Hl

A natmezil, na história ca~ socicckdt~s. sern!;rc despmt0u interesse.


exerceu fascinlo e provocou medo por ;cu in::·:m!~ul<ivd poder mbre a
vid.1 humana. Ciemist<l, pintor ou poc!J, todos se debruçaram sobre eia
para buscar entender suas le's. tentar cnr11rck1r stias açôcs ou encon:rar
nela conforto ou inspiração. No século XIX. os cientistas dcscja\·am ob·
scrvá-la. medi-la. d·~screvfda. dasdicá·la e mtulii-la. lá os arlísta'l român·
lit:m viam-na mravessada por qualidarfos e dcfoi1.os semelhante~ acs dos
seres humanos e ncln projcla\<1m sentimentos, cltspc~;mdo admiração
011 mmor. O primeiro gr<;po utili<;1vr. il linguagem supostamente objetiva
e fria da dêccía, o segvndo falia descrições que carregavam na5 cores e
tintas e que respiravam emoções. Quando um poeta rornfmtico, corno
Goethe, pretendia ser também um ckntísta, víase na obrigaç<lo de imli-
car o momento da pa~sagem: "Eu t\'nho olhado paisagens com o olho de
um geólogo e um topógrafo, e suprimido minha imaginação e emoções
para preservar minha capacidade de obserrnção dara e desapaixonada"'.
No século XX. a crítica à íc inabalável na posíti•idadc do domfnio
humano sobre a natureza possib:litotl. o cresdmemo de grupos de eco-
logbtas que acreditam h2ver na natvrcza fortes i'•Otcnci<ilidades parn rrn·
zer de volla a harmonia e a esperança de futuro que, para eles, a huma·
nidade perdeu. Por isso. lembrnmlo os romiimicos, <1 natureza precisa
ser preservada 3 qualquet custo, envolta numa espécie de sa<:ralidmk'
Observando e classífic.andn ou escrevendo e pintando. a nat.ure·
za ilpresenta·se como urna teia cm branco sobre a qual &!:' consm:iem
díscursm denlíficos ou 1e desenham imagens e símbolos. Ka perspct·
tiva do hístoriador, a natureza pode ser entendida como mn ol~jclo so·
brn o qual se elalloram represenla-;·ões que carregJm visôes de mun.
do e contribuem para a ge~taçâv de imagens e idéías que vão compor
repertórios ciiverms, emre eles. os constitutivos da identidade do ter·
ritóri<1 e da na~:ão. Este ensaio. rerido sempre çomo re!'erênda:s leitu-
ras sobre a natureza, começa apresentando alguns textos dássicos pro-
duzidos por naturalistas do século XVIH sobre a América e detém se
11a análise de dois grupos de pinton:s que, na primeira metade do sé·
culn XIX, dese:iharam paisagens rnspcctívamet1te dos Estados Unidos
e da Argent.ína. Finaliza comparando doí~ textos que relacionam na·

t Cf \\:olri;ang, Gz:cih1~. F:bgf'm !)hiJ:a, <'f!~:1! f-'klrn ~Ussck.in:::, OBr.uiJ nim f bo,~>e Daqui. 500 PJulo, Com·
p.11'-hi> da., lctm. wio. p, 112.
2 Slrul rk~ rnu<lanç-.~ ~tu llvr<> rfo St·110f) St~ ~fll.\, P~1iwgtm t Mr.w tfa, S~1 Pauto. Ccnlf~ffil~la J~ ]J:·
lff~. l ~!'95. l>ít a .:u~or qiu· n lhro ~n.\tl foi' -.";1V.f.bldü t€WD urn ::ün>::k> fâcU par..a u dGw~í f' e:.oh~,
i;~co... :m111 e dt'\-r.t".:ôr·. 9\!:í\l dú~·irta, dos. df'.',J.."\1t'.S p:o~QS("t)'l ~!k.'IS l,'(OhJJi'iil. ~\. Su~ prt>p<·~~;J -e. .à~\e!Í..\rlt a

µ.1i~~t~m o:w.no $<.~ fü$C: t;ma l~S:,.tt\'<.•Ç~) fdtê í.i~x;lxo dJ: ttiJ~'•«'> nh"t'l de Yi)ào c-on\':".:t<d.m~1t. <:dm a fia:!

U:'íê.de <lc rocupcr<tr OS\iei-0$. ;1&m.1.:i. e r;'l<"n~ór~~ :_:x;~u.:n'.~':!< :wb a ~q)CJ"íic:k.


1S1

tureza e política: e do hl5toriador Frcderick Jackson Tu:ner sobre a


fronteira norle·americana e o do emaísta argcntllw, D::irningo Fausti·
no Sarmfcnto, sobre dvílizaçim e barbárie.

Um bom pomo de partida para começar essa reflexão ti o traba·


lho dássíco de Antorwllo Gerbi sobre o que ele chamou de "a dhputa
do Novo Mundo· emre 1150 e 1900'. Nesse livro, são apresentadas,
com extraon1in5ríos rigor e erudição, as po!êmícas cn:rc os que pro·
wraram denegrir a imagem da Amijrin1. afirmando a ínfrrio~ídade de
5ua rrntureta e aqueles que replicaram, nih 11~dtaudn :Jis acusaçôes.
Os capítulos íniciais do texto são dedicados a Buffo1 e a De Pauw, au·
tores rnlldernm. fundadores da visão "cielllifica" negati\a da Amúíca.
t\ História Natur.11, de Buffon, teve seu primeiro t0l11rne pub:ica·
do em 17-17 e lnmsforrnou·se muito rapidamcnHl mini h!:o.•o clássico de
rnferêncía Com relação ao Novo Mundo, ;iprescnlav11, de' forma me·
rente. obscrv.wõcs. conceitos e preconceitos para pronr ;ua tese ce11·
trai: a !1ilttirc1..n da Ainérica er,1 inferior il dç Velho Murd•.•. Os animais
l'ram de pequeno porte. pois nào havia leões, tigres. elffmle., ou gira·
fas. O Jhama, por exemplo, não passava de um rnmdo mirrado. No
rnntinentc, dominavam insetos e répteis. que ünh;in1 Y!l'.f;W~ frio. em.
animaís ('tiropeus. como cs dom(•\ticm. aqui não se ;i(;;q;t;1v;u:1 rn; di·
mínufom de tamanho, já que a natureza americana era 'iostil ao seu
desenvolvimento. A umídnde generalizada rorroía f dHe;ior;wa tudo,
C'nchendo o ar de míasmas pecigosos.
Para Buffon, que não rompem inteiramente con a fíbufüi e~cü!M
tíca, ser ,r;rande era privilégio de ser fixo, Acompanharnlo :\riílóteles, parn
o natunilísta. o estrlvel, atributo da perfoição, n.io scfria r::utaçõcs, >en·
do .superior ao variávet Havia uma escala desrenderne. rnnieçando por
Deus, pa.~sando pelas estrelas flxcis crnvada.> no céu, qrn chegava Hté as
rmaaçôcs desordenadas do mundo tu-restre, próximas éa rnrrosão.
182

Além da rnutzbili.ir:dc, pníprí:i dos sc•:·es lnfc;inrcs. a América


cr.i um continente ~mcn1 e i1112tL:ro, com uma umidade fria qtw causa·
\'a ;1 putrefação do ambiente. Tci,do ficado n:aís lf>ll1po sob as ;íguas
de mar, não secarn a;)rc:i:ríadaml'ntc. Lembremos c;t;,1 no seculo
XVlfI (1ram comum as teorias sobn: a gcraç.ío e>porUír:ea de \'Crmes
e Yíboras a partir cc orpos pure!ato:J e sobre terras em harcad:::s e
imrdubrPs.
l\o Nom Mundo \íví;im seres humanos CíU0 a:·omp.mhavam l·ssas
tkf.cíhKi.1s. Os irnligena,; a::im pm:cos e dôbe'.s 0 nunca haviam sido
rn:HZi'S de domina:· a narnreza. Pe!n contr{lr;o. acóar:rn1 >ttbjugadm
pu e!.1. in-::m:izes d(· cnllll'<JU la. /V.ima: pas>i':o. indigena carac º'''
t(\riza.,,a,sP p J:~ g:-.and~~ fri0z~ scxLn;~ tr:H~utorn dv sue hnpoti~ntia e
passividade gemi. Sé:gu:1do Bufk•n, a ll<Jtun!za emeric.11:a podia ser a>·
sim explicada:

L. po;·t;rJ~ü. -:;.-;Urcit:dn por c:.i.ls[i! ern r--~'IHCl'!i ht•nw>:~ na .An:J.."ri1·a r por k·\·:n'.'m rm
~u,: rnaloria Wfül \ld,l de :inlrrJis. f!dxand~1 a r::~l!H'(•:r;·1 tm tr~.t(• e :-;:~sH,r,c ,, :an . .h a lí·11d,
qJ,·: e!:~ perm.:.u.•o.:u friJ. in:ap;:1 i::k prudtuit o~ )filKipL.:s .:;.:;\·o~. dP dt''il?fi'<\)h-C": os
gi'rt)l(•n.;, de flt?J:drÜpí'df'~ ;;::a:on!~, <1~ fllliíi\ ;>:'·X.\l~H. p~ra C':_'\t:etL'~n (' <;(· nc1hiplk~ll('IH.

Ü'~ tf1do n. r:tlcr, rl·~ m<la a aihlda<.!c qu~ •}-,.e! JHl1ie cim~·~x:cr ~t ~('r r.J --1uo1 f>:-:ü: "~ "~ pvb í·,1
t_fic .1nT1sa q·,1t• ol ín\,.•ws. o,:, n'Ttd'> e t.nda\ a~ c~pédl:',I'; de ~Húnwi~ :it•l \e an.hf<.11 1 · n:>
l(i(!O. CU, 0 \lil:,~rn} i: àgua t' liC('" fJ~ ~\.lh:ifn :•;"11 (H(•if :1 pGdridftO. ~~V Ü r,- ;·;). l'Wrcn·1'_,i)') ~: ''iv<:ilO

IP.$ (.!'11 :{_Ufo\ 2"- "Nfi',<; b~L'-\:)~. ·lfnid;JS. P ?,m:;H:OS!lS t!;,, "li' r~o';,; :_~rJntlL·"';Ü-,J

Buffo« c> sJas t0o:í:is consuuern marco fundar;k de rnrta l'isão


so'.Jr(~ a naurrz1 da Anérica, :1cssc p::riodo d~ ebbornç:io dos dno·
ncs de que se c1x1wnc'onou rhanrnr de cif:nda 11~odH1m. Su;1s ídéias
nôc só foram aceitas corno •·erda:foiras, como c:mbém tiveram grande
e duradou:a fo"ça de ;errnas;io. Augusw Comrc,. un' século dcpnis,
ÍILIUÍ Buffon na sc'eçiki de leitura> o:irigalúias pa"<I quem (ksc~jass(!
fo:·rnar um rnnlwcim0;110 ~:J!ítlo sabrn o mundo. Na Am&ric;1 Latma,
e naturalis:.a e patriota grnnadino Frrmrísco Jmó de Caldas, apesar de
sua~ idéias iluministas e seu wmportamento político rebelde, aceita·
va a> teorias zoológicas tle Buffon, concordando que 110>'cs aninnis
('fi\111 • a1:õc.>, mutilados. débeis"". Domingo Í';'!USlino Sarmi<:>nta apon·
ta Buffon corno um dos poucos sábios que contribuíram para ·o en·
grardedmento do conhecimento humano·. \'ale enfatizar que a~
idéias e imagens riropost;;s por Buffon s'.'lbrc <1 natureza, tema aparen·
knwnw neutro. con(ribuírnm para a gestação de 1lma identidade, a
principio continental. O Nmo )\.fundo rfül.inguia .se do Velho por pos·
~uir um.1 natun:za inlcriuL com diversas car-<Kterísticas rH'gativ:is.
Em Berlim, no ;mo de 1768. Corneille Dt> Pauw publicava a~ Rr·
cbrrdri» pbi!osophfques ~ur les Américaíns. Em sua pcrspcctiva. "o ameri·
cd110 nern seque!· chega a ser um anima! irnarnro. não ó uma crianç<1,
é um dcgenen:ido. 1\ natureza do hemisfério cddcnml não é imrH:déi·
ca: 1' decaída e decadente"'.
De Pauw, discord<Jndu de Buffnn ·· que afirmava ser a na111r('za
da i\mt'-rica ainda adolesn~ntc -·, entendia que o contincr:re idri;1 dos
males da dcgenernçC10, por ter suportado ca!ristrnfos terríveis, corno
inundaçôc>. '.remores de terr« t'. rombustôcs. Mar,, para c:e. o diltívio
teri;i sido a causa maís prov<ivcl para a cxislêndu Jm vícios e deprava·
çrles encoc,tradm no temperamcmu <'os ltabitnrnes do Amérí::n. De
Pauw de\(' te!' tomado nmhccimento de algumas dahornçô(·S do fim
do sciculo XVII. fHoduzida' p<!la cscol.i dm cL.rn1adns r!i!uvianç, qtll'
mriLuíam a essa cmásirofo urn dd1ilitamento de toda a Tt>rr:i. uma es
tl'riJ:zação rln solo e um:i dimim1íçào da longevi<focle dos seres huma·
uos e dos Gnirnais ..Fornec,an1 assirn unul r:·xpiani:lção n:nur\d~ e nào
mais teultígica. para o dillivío, num movimento de laidnção da tradi-
ção bí.blíra'. As afirmações pontuais de De Pauw si\o supreendentes:
na Am&rka, os animais perdiam os rahm, os cachorros não sabiam

:.;~. 1 ;, , ll 23.'.i \'.'". ând~1. ,.Jp. 2


/1H:Jt;•:J~) ::,~-1.•, •-[' li( ('- 57.
ld•1«. p i)O
nem latir, o forro amolecia e não servia para fabricar pregos. Os seres
humanos eram igncrimtes, fracos, despreparados e como que conde·
nados a permanecer nesse estado de decadência.
A ciência, que ganhava e:spaço.1 cada rei mais amplo~. conforla
credíbilidade a essas interpretações. A partir do século XVIH. o dís--
curso cicntífko assl:mia voz de autoridade para explicar a natureza e
a sociedade. Alicerçzdos nesses princípios, viajantes europeus desloca·
ram-se pelo mundo em busca de regiôes de1conhcddas tidas rnmo
exóticas. Ali, iriam observar. medir e classificar a 11ora, il fauna. as ro·
cllas, as montanhas, os rios. Porém, os resultados de 5u;:is pesquí~as só
seria:11 valorizados e! levados cm corukforaçàfl quando cxpmtos ils as·
soc:açõe~ cícntiflcas enopélas e por cl;is aC!'ilos A himiri;:i natural
conferia uma certa idcnlidadt! a um pais ou região. marcando Mias

ú1gularidades e identificando um ser distinto, autônorno e origi.naL


Eram esses atributos que despertavam o interes~c dos cstudímos eurn·
peus pelo continent;; americano,
Dentre esses viaja11tes, Alexandre mn Humboidt foi o mais fa.
moso. Chegando à América Espanhola em 1799, fugindo das guerras
napolcônitas. permaneceu por cinco anos. Não entrou em terras do
Brasil. pois Portugal não permitiu sua visita. Com olhm encantados,
descreveu mcntanh:is, rios, vales, a Hora. a fauna; \ia cm toda parte
1 cores magníficas, exuberantes paisagens, vistas originais. As menta·
nhas mexícamis eraJ1 as mais behis do mundo e os trópicos surgiam
1 corno 'seu elemente". Combatia a idéía de imaturidade do cüntinen-
lede Buffon. lndicanda que naturalistas haviam encontrndo fósseis de
antigüidade indiscutiveis, incluindo dois esqueletos de ma mure desco·
bcrtos perto de Nova York. Adrnirnva o jogo violento das forças natu·
rnis, declarando que a tensão era mais fecunda que a harmonia. Apre·
dava a complexidade, não valori'.l.antlG os equilíbrios e os contrastes si·
métricos. Na correspondência com ~eu irmão diz que se sentia muito
feliz nesta parte do inundo a cujo clima Jí esta·•a tão habituado e que
parecia não haver m Europa.
Ainda que não aceitasse a :dl'ia de raças supe~iorcs e inferiores,
acreditava que os índios americano> haviam "caído" cm sua condição
a partir de outra. mais ele,·ada e ci\ilízada. Depois de longa ~lecadên .
eia, haviam se embrutecido. A despeito dessa polêmica e prnconcei-
tuosa pmiçiio, Humholdt wmou parlido da ;\méric<i na 'disprna do
Novo Munrlo", cant<1ndo as m11riívil;ias Ó) sua mi,ture:a. Em vez de fa.
zer comparações entre o Novo e o Velho l\fondo, procur<mi cntc•ndl'r
as c•specifkídadcs de cada organismo<~ de cada ambiente cm si. e sua;
rnlaçôt:s com o univeno 1.
De voltn à Europa. pDssou :oda d Slía \'id<1 orga1ua1:du, <Hlcli><HJ·
do e rcvhando o material cok!(;idc na Amér;ca Espnntnfo. Começou a
puhlirnr em Ul05, em Paris. l~m 'rm1cê~ ... v~rag;•s twx r(i;íom rquimxia!~~
du riauvi•m1amtíncnt Íilíi r:1!799.1800, 1801. 1802. 1803. 1804 p.1rAle·
xamkr nm Humfto!dt e! Aímt' Btmplanr. Foratr 35 volumes. o lii'.tmo de·
les editado em 1834. A repcrcuss5o foi enorme·, inciushe 11J América
Espanhola. onde Humboklt pmcu a ser urna referência obrigalôri;1.
Dn mesma forma que Hu::il:ddt. tanto na América Latím1 quanto
nos Estados Unidos, muitu> escritort'S <' n<1turalhtas manífootat:rnM<;
contra as acusaçôcs da infcrioríd:ide da 11alureza no Novo tv!undü. En
trntrmro, há uma diforer:ça importante entre a~ duas fHl:'tes úi cunli.rn:n·
!<>. Na Am0rka E5p<mhola, ai:1da no século XVIII. portanto ante~ da in-
dcpendêm:Ja, u defesa foi rcnlizacfo c>pcdalc1entc porJ\'suita~ - expul·
sos pela Coroa espanhola da Arnfric:i e exilados er:i Hom;i ... rnnhl Chi·
vijcro. que vinha dn f1'léxico, ou \folina, que chegam do Chile. /\n1bos
polemizaram com Buffon. màS arnc;iralll De Pauw de forma mais con:un·
dente. Nm Estad<)S Unidos, por outro lado, as primeira~ defos;1s da na·
ture1,;1 do rnntinente wincidern cem o período de constrnçiio do Esta
do N;1donal. Como afirma Gcrlii, 'se;: Améríai Espadwb louvar<i sua
legião de santos. os troféus fulgurantes e preciosos da Religião. m ;1bun
\j]

<bntes cLx1s relestes di Graç:i, a Améric~1 a11gb·sa.\.'1 exa!tava·se Jl<'li1 mi


ragem de sJa pLreza virginal e suas pmsil.:l11tfar.fos tc:ffc:m~ ilimikdas·".
H;1> :'. f Jrnfamennl enfatizar, p11r:1 os flll~ dt'ót:~ (:'nS<.lio, qu\' a na\li
reza l<;i tcn:ida como objeto polfonko sobre o qual se prodwírarn dh·
fursos C:(:r.tffico~ can\•g;1dos de id.:'·i;is e intPrprC'laçôcs muitas vezes
O;J05la'>. Esses textos pu:.'em. !ndcpcmltmernenlt> das i11tençf3cs de seus
11uton». servir :1 fins p1.lí!icm e íde()lôgicos 1ariadm.

t\n, E>t;id;>S Unic:.h pús·indt~JH'!ldh1c!a. ;;orw;;pondc·sc às renrias


dr B11ffu11 e de Dv PauN. r.fofcnwrcs da rn:m.m·.1<1 1101·tl'·;11nc•ríc;:irn1 (kdí·
c;-r;·,n.se 8 wr2fa de p!T•var (jt:l', cm muitos a>:x·c:•.i; o Nom Mundo ('1\1
sLp,,;ii•)r ;:io Velho Cont-çavam "tomar \'on:1a ceca~ inrnrpn't:1çôr'" so·
bre o Jil'CS(rnc e foiurcdo país. ctw ganhm·;Hn conLwnos muito par!icu
la1'f''>. l'<'nrn\'.H:> que rn E~rado,; Lnidos tínila111 recebido dJ Divina Pro·
vidênd(t unu 111í'.\~Üo c~=.dlizadora. ao Jado dct tnn0 \'()Cação inatn 1wra a
exp;imiío :b !t•rrit<írio.rorno que um Oe~:irn l\1a11i'e~to'. DeS('1iha1'in('
a idC>ia de tm1 p.Jvo deite por Deus. uma hr <wl nwc'~·rr1~. que ;ikançaria
;1~ altura' pr2ilesr .nadJ; gríl~;t> ac~ c~forçm e i i:uiLdade; d(• sem Px
t•-;1orrlincirios habitank>.
BPnjan:ín Fr;mklir dizia: "Os comimes íh; amcrk;1nrJs, comider:.J
dos ern s:-,11 fonjunto 0)1110 un: pmo. siío mt;ito rn;:h p1iroç, mulflJ rne·
r:os co:Ton1pido; que r1 cu~•urne,; dm íngleli'-' - 1!í:'1•fff\(:J corn ii qual
Fmlí'.111t)~. 11.irurnírnent1 focur t· qttP tk•\t'.l!HJ~ >i:i:;pn• c~perar c•rnn~ o>
1:aíses jo11·rs e os 1t•lho1 ;Jaíses""-

:\a Ar:1é~io, a rnturcza, e clima. º' :ni:'ig,.'n•·:s, tudo era ;upe·


1tr fJ EL:npa. Era ben vndade qur até aquc:'.e momento "e~sa terra

9, >\ntor0lk> {J.q·U. Q!'· cit. p l ':)i


lH D~n\ d;i'.i,,_;.{Y>~ ,'ikrf.'-o t ':na~:!/ :\H.~:n \'\\.·ín·/l:.rg . .'·Íi'HJÁ~i Vt:6:~r A ~if!.iü d.'ht~!Jihf E'r'r1Mrxihm Ili
Amtf>Y·w fJ.jfl.J(', Khirnor~!, !:1!5. s! H:r.r; '.\ç~h '$;dth, Vi\r.w LaoJ TJ<t Am ,,;·,:m Uf_,f ;!J Sm11,d .md
AhM C;11·1! r:d;;<' H: n mt Ur§w:r<,i y ~'al''.it~.
1 l~lf.,{)

l ~ B<.<t~('.l;1tu~ Fraú.hn ~on Aru1~ti'.;u1 -~--~prt!í;'ü'.d toa in P ·~rb:,ir 1:·1(. lrl'm fi) liM P:t.H.. I'· :üt apd Eh!.l'
}.hric 11:7.<>, /.13'.{~t~ht:-t f,,.w!.nt2i rk l,, l•/:;Ji:;r Awm(Mm, h=rh, Í°di!ío::s C'~=~~p!t\'l:t~, f'.:f,2'. p 2t14
privilegiada" nàJ bavi;1 produzido poet;:s de granel'" envergadura. \lm,
isso. nfírrmm1 ktfersoo em mas Notas sobffa llirg(nia, cbvia·sc~ à ma ex·
trem;; juventude. Perguntava e:c como se exp!iG\'3 <' m.:~C·mia de pue·
tas na Grécia •mtcs de Hon:eru. e111 Rema antes df Virgílio, ou na ln·
glnterra ant.~~ de Shakespeare e i\1il:on. Portantu. eL1 urna sirnrlcs
questito de tempo. Os Estados U:1idos teriiw1 nc fuuro poetas até
!lll'»rno superiores acs europeus".
,\ i(h\ia de que o país i;rn ;Jrivilegfodo · mem:o co111par;mdo·~c à
Ew()pa - ganh:11«1 e~pt;o e er.1 n~petlc'.<1 co:11 crna frcqüênch. bses
prinwirns Pm:1ios m1cinnaliL•1s propunhar:1 a scp.-rio:-ídad:: da nuu-
n~Dl nor!e·arncric:m:1. que. confi<inm. írLi despnt1ir a admíra\·iin de
todo o mundo. Em Lm;Úi:'S. Abgail Adans. mt.lf;er de John Adams,
cw-rc•.ía e:1i 178G que não eia pmsí\'(;J cfopt:l.lr ct•m a Europa as n:a·
ravillia~ dc ~uas artes e indüstrl:;s, qu' 1i11'.1am r 1cgado a um extrnor·
din.frio gr;1u de rnaturidildo e pcr!dçào. M.:s. dizia el:i, 1wd~ 'l• igt;a·
l:na il natureza nortc·arr:e1 inrna: 'J> p;cilsam; e Jiopcus não G!lll;l\am
tJo maY.ío,;i:nente, as frutas não crn::1 ti• doces m fkrc~ mio tinham
o n:P>mo perrume, o povc :1110 era táo •·ir:wm1 1:.
Em contrnpa~tída ao velho e desgastado mun•Jo europeu. os nor"
lc·amerícanm descobríram a jovem e ;rnra wiftltmi•s.>j'. AtribJIO pri·
rnordi~11 da natureza rt:·>rt(~·arneri~;~na. ~1-ria a ins;>iradora ck~ Li:1a
grande cuttnn:. ;\ 11nt1in'í'.:.l ganhava urn trJ!wrnl'o fr.wmln

12. Tbl\l~.-; J~ík'rv.:i.o, .\.1frs<w1 t'f:·,1n1I.• v. :·at. :J;:miEM.w ~---\~,(nn".. 1>:\ât ~\ ?J<i.
ll (':uu IÍ~ r\J;::}id i\UúEI'> J t·n ;;.i,~q<) k \!r;':'~·i(!u;;-ll,,<f ~'.l Ji• rnYj ~~:u de 178{. ;~{W<lRt•ti!'"•/1'

,~~;.>~L IL'h~;f;(.~ur,lt'J»Afl.n-i-.w,'\!,mf Nt-,\ ffa~u~. Y,~k :...,rii.ri·~i!yP·nt FJtr~ p i~9

lt 1h!dl'f11t..},1rt'b1C''1l l! :.=doç;)o (•\ai J ~'n· r:'-~tNg.i~~~- 5h-;1· :ÍlfJ. :><..'r!á•). ~··in. ! :~;;1r prlarniw; m.t') :íf 1tn ~ JH~~
-ti~iw <la 1~>'t!:\\t.í\. Hg.I-''>(. ".\J,, 'il1<i f--:i.r:n \ m,,;), .v1tii;a i ... J Hí·~r.-a~ii.<>eH;:rai(·L1cion~do f .w1 fbH,\~;,\ iu
p• rl~~ h:~bf!;;i(k:. p:11 )'.'><l~ kl·,J:Jrrt1 ·_XJ hG~lh~rn ~,): ... ~i~•' v,: v;Jdn; n A~) ~w~•1m~ u>mpít "'gr1lfü;an :p•_
t) lh;tl\?fü t·rn roru.:-d<J d:-? f·\lr;:dm.n ,·n:o, ~ n~írido ~ <l<}.Wbi1;:d-~ H.'.·ú'-» íb.(:;..f~-1$ x Ü, ~.bi-y \-m~·.
J1Ll1ql.drn. :fo St:: lti f{n C:-~md.-. fru!tt:•;ur!~1 ~1 -lmf!i:-:1 !.:s'ih:t .-m S--!wJ1r Cht-!' Wild'.'rr;i_•~s .1 f:wJ'f''.f,i

(W-t/ i9l{!j_ Bta_~>\n~a t1>:1,.. ~1.J;, Edu."J. 2Cf0 N~ar~ arhr,( -;.<;bn'' o~<''~h C.:>n:-~~·l Mk-hi:t t~\ th~ d~\)~)~S
fl.:.~ afamd que fi5ó it.' puct~ tf,liJIFir í!t}.!tNU'> fúJr,:~ <J fif-l!;-ré·~- fOllSH"!'F 'im~ Ci.ia ncçai) f• ((.'flff,Ji Jl.i;

1ó:·,1 í!f- C<lnr<::d. ,n"..h.:1rnJ l q,,~ tü (~itn,;;;.i ':..l ·t;J t((if n~ nü~h':f<J, 1.•{pb1<lor, ~P!f<lgtrb (: forc<L Cr:u
forT< \1k:-i.d tx füií l ·L~i,;:iit• du. ·...,füfrjfl~~~"', ~~rn ;)f;iJ..:7..°?11 Li!if}:ún. n z::·:, fn(jf H!..12, J, 'Ü,
da 1ddernm o rcrdadeirn c.:minho da rc1·elaçàc c'.ív ina. ,\ 11alureza vir-
gem compan:vase ;rnj1rdi11s Úl Éden. an'.es da queda do pecadu. Na
meta:fo do 5éculo XJ)( muitm autcrcs rcconhcciam·11a como fontl'
cultura! e mora! e co:no bast~ da auto-Pstima naciorn1;. Nas pahJgen~
intocadas pela mão do homen. que guiird;iv;1m um frcscor virginal
inigualável. não mai> ei:contra<lo na Eurcpa, era possín'Í sentir~ mfüi
de Deus. "Como s:10 grnndes asvanrngem. da se: idáo! Como,; ;ublinu.•
o slllncio da nmuraa :iue carreg2 tantas ern•r1;i<1.>: lfa alguma <:oisil
no próprio nome de rnldrrness que encarna n omidn a ,igrada o <·spí
rito do homem. lfa rdigiiw nele'"'·.
Na prnfi:m'il so!:diío. t·lll rn:1!i:tn direto crn1 a :1aturcza. ronver..
~ava·~e com Ü.;u, As verdndes cnicrgiam m;1is facilmente da> paha·
gcm dcsab'.tadas dn c;uc nas cidades ou no rnrnpo, un~k os t1 aballios
dos homem hal'i;imsç mbrepmw a::::s de Deus·'. Para Roderick Nash,
essa ?tnspcc!i\;1 sobre < wi!dernes5 e>!<W<• no wnlro da construção da
idcr:tidade e do nacicnalí.smo nonc-anwricanm".
Durante o sécub XJX, essa vis.'lo mbrn a naLircH1 prívlkgiilda
por !Jcus .. presente ra literatu:·a e nos escrii.Os político~ - allnhava se
com J ídéi;:; de que o nascimento d<• naçiiu Jí(lrtf'«lrlWr:cana signífita·
va o começo de uma r:ma história que. dr um lildn. rnmpi;:i com o pas-
Sildo e. de :JU:rn, ccnectav;:i-se con: o fi.:lllro. O heni dc>rn aventura
em o individuo cm;1nci;iiHfo, conf!ar:tc e solitúrio. q11l' cao carregava
u fardo da hi1tória p;r,sada r que C<;t;;va i;ron:o para confronwr. com
seus )rôprios recurs::i;, q<wlqur1· novp dl~~;Üio. Sua po,íção m'lral era
anterior i'l çn'.pria C).feriênda 1h·:da. pn.1jl.'tando a imagem da inocl;n .
eia. O llOHJ henií, n:rrn sodc:la:k alrwe>sada pebs principio; rC'li
gimos, identific;wa·se com Adiío antes da Queda, m;is S•: rnnfígurava
1aml:r:m co:nt lwmern preparado para ser o protagm:ista do "Destino
ivlaníl'esto". ·o rmmco e a his'.ória cstcnd'arfrsc diante dek•. Era o

lS, E<61Nirk Eva:m. AP,w:,ffi,n.s ~,.a af /(}'Jf Th.>r.n«Nf :Vi:ei iti:r)uéfs t;k H'!.ú'rrJ 5rw. ~ :md 7!>{{ /.;u:!.\ Dm!!)J
t!u '1ln:rr ;m(: .5pif1g d JSU, µ. t •~pui: R::;d~rtd<. NJ.'h, t•fJ. <il. p. iü.
l 6. VtT Rndí•nrk t-:a2L i1)- ci!, l'ap, 3,
J"i, Mea.tntrcxh;<;ito,
tipo do criador. 1l poeta per cxccl(·ncia, criando a ;m:Jpri;; linguagi,n:
µara nomínar us elemento; da cena a sei: redor. Tudu hs1 e mais e~­
wva ::outido na imagt•m do nor(e·Jmericann corno Armo"'.
i\._.,~c p1.·rindo, es:ahdcciar:1-w la'.11húm rclaÇll.'> diPtas Mitre a
natureza e a.\ instítuiçôes >ociais e pulíC.itJ~ do pi.i~. O poeta lfalph
Waldo Erner,:in dcdani\'a, c•:n 185•1 q\:c ·aqui '1! lds e ins·ítuiçliP~ de
vem ·:xistir t:m :ilguma e~ca!a de propmç<'.t1 i: rnaj1.»tadc di rE1tuieza ".
Ou "aqui abumfom estrela5, 11Mt1,1s, :nnnte1. anirnab, homrns. e is rn~
t;1s iendf~ncias concorrrm para u:na 110"" ordem [.,, i. 1rn1 ::•tado uunl
e mail cxc:ekmte que a histõr:a tenha 1egt>tr-1do"'"
t\a rnttade do ~écub XIX. os poetas ron 1fü1tícm \Íi1:r as tlcrc;'.i!S
sPlvagcm como mais atraentes que ')5 nrdcuadmjardím ü: Vcrsaih:cs,
tão c°<) agr;1do <!ív. iluministas europeus. O prírnít1\'isno era entendi·
do corno um elemento po::.ít ivo, já que ü sublime 1H 11a1unw (''tava li·
gado à gr:\nd2z2 de Do:Js. Tlmreau, qu0 crn 18-15 retírara·J! da ridadc
para viver nos bosques uma vida símples e primíti1a, foi um do; mais
;irdentes dPfemor,~s da natLH'Cza JHlor.c;ua, Cons:rnLl su,1 c1s11 num
tcrrmo cedido por bwrson. !'.O :ago Wddcn, Para ele. \0 o céu da
Ani&rka parcn' infinllamcntc mais alto, e as cstn;ias mai\ brilhant•~·'·
acwdito que esses fatm simbc>'ízain as al!,1ras que ;i fikJ\diJ, po0si.1 ('
religião de sem l1ahitanlDS pod:~r~c um <lia ali1qic"''.
Wal t \Vhi!man, poeta com dara; divisa> naficn;:ihta\ >intf•líHv.1
essas per~p<:clíva~, fazem.lo a dr·(·si dn co11tím~nk~ 31llerk;,no. cn1 ron-
trapmiçáe> à \focrêplta" Eurupa. 0; EbJÚ1S Un!d(-5 (•caiu 'um µ01~1n.1
maícr", em que havia lrnrmonb perreila e1\lrP :1a1urcza '~ocirda:Je.
Prnjdava para ?. 11açào ~mi futuro repktc de: grandeza, nn pmsi!ii11-
dades ilirnitJda~. com uma cxtraordínirl<1 lltera:u1a .iderpad;i à; pro·
fHessa~ inscritas na nBturcza' 1•

Pi- CL k \!.', ~.t l.ewh., ~ A:t&1t.:N AJ.Nl. lrwwn;;•, 'b,·q;~3F /1, /! !:,f•Íff.'n it: th: lú\'1'ttr:h Ü1m.tty, (' 1lc:a-
g.::, Íht lhin•nl1y d Ch'r:~go Pn.>~'"- 14.')'.j p, :;.
Ht \\';,iii:{o E.n1eno11:, CtMlp!ae ffí:.11"!, ~nL r. pp, 37,) e ;:i:i. ,l;JHi:Í~nJ()fo"lk Gçbl, \I:'· f;~·.l'· 386
20, ·:l1t1(~"4Y., 1t~JAm;; f,.dlf"!t:1;;-s. i-G. fü ;.m2, <·ip<10Amm~.l!o~\:rüi, !.p. ·"N .} Jifi, \'uu=·'.nb:w tt>drrkk
>h~k ;;p ~u., t'Jp. 5.
21. W.1;. il•h11m;in, l~rl.',r: Us.& (}11t:u1/!> Shn 1'· JJil t1J: d ;\;:i:.11:c o G:::or",;i, ~jJ e;, p flJ,
Por outro lado. os r:•:.,·te·anwricanos >.ofren1m das 111ui!as ambí·
gt:idadt:s típicas dm !mb:urnêcs de ex colõnl<:s eurnpéias. HevPrenda·
vam CJ5 padrôe' cullurnb dó' E1n1pa. nndclos dimllP dos quais se cm·
Vill'Jm, mas a:; mt::smo tt"mpo buscavam em :.tu :i<1tun~1.'1 a bJse para a
co•i:mw,·âo de unh1 posit'•:a ;:firnwç.b narional. \V;1shíngton ln•ing, o
cri:dor de Rip t·:in Vlinkk afirmava em 1832 queº' jnn~n\ rnand;idm
pn:·a ;1 Eurnpa se torn.1\·arn cfi:minados e cllt'ios eh• lu~os artificiais.
Aconselhava 1.;uc fosscn fls planiries dn }.fokH1e.m\ umle encontra·
fiam simplicidade t' dE'se:·1\oh".'f'í:m1 s:1a nwscu!inidarh~". Es!a; eram
cua!idades que se casavam perfoilamente com as in~!ituir,<ies pc:lític;JS
nnrte·am1•ricanas. O poctil vVUliam Cullen Bry:mt 1wrgur\!ava-sc. em
1872. tfa r.:dw Je se viajar :i Sui1,:J, so.: u; [stadus l'nidos tinham '·u et'·
n.i:·io inai.s sdvage:n e bonito do rnundo" Para de ;i; flnn·stas ;m11.Tí

c·;mas uam o berço da n<,ç<io". Fcnimorr C1oper índicav,1 quP rr wíf.


dem1•ss, lugar de exdt<:nte 2vent~rn1 f fonte de ett•mu hl'lcrn, pn1voca·
Víl uma benérca infiuf•r:cia mera! Uma de >t>us [Krs1mag0m, Ndty
Bumppo. cfüin que freqGcr:rcn1 ..·nk a m:\o de Dem em víslil na wíldeF
ne;1:'. Outra mos:rava i]llf\ em cm;trnsic com a pure1a do >.!ovo Mun·
cn, o \'.::Jh0 estava ç<isto, abmado''» Todos compartill:al'am a mem1a
vlsi!o ca força regencrachra da nalureza norte·ame;ric;1na ,. da bendi
c.:i ccn11Lmh~1c corn seus lwuitnnlPs l' com sdas lmtilllí\·ô.::Ç'.
Es5rs <'Sf!'itt>r<» :nanliV<'c':«1m :irn c!í<ilogo cnmunlP mm país;1gis·
ias, de fcrrna :11ais din•ta, 0~1 m;1i, indlreu''. F.ntre rn pi11tore1. dhta·
ca-sP '.Jlll inten:;santc g:·upu que trabalhou 1w pria1i.'ira Jll('li!Ck do><'"
culo XIX. co11!Exido «orno a Esrni<i do Rio Hudmn. Eles pintavam

? ; ~\·.&·t: .t\rim ;,·,fi:;{A f1~'Jxw':1t ,t~·.~iri·~. ~\t-•ff~~·: l.hL1LrnHJ I~~~ ,i \'.\'H, ~~~ffií.r ,~1;•t: 1~1 ~- r\,·,\h. ut ,;; . i'· 73
23 :)jpm f-xlü/5{/,UrA.·:xd~1. t:t'* for1-., rn:.~. ;y?1dFo<.br!1:.; N.hL ri;.. iir, p, '?5.
21 Ct<:p<< l1t l~ku•.>J !'ú."'<:· kü. Hl12. p. '.fe)?, :;p.id F.\i&·rlf~ \"~·~. ·'{" <if .• p 7f ;\ :)::inl:io fl~1;5:.i ó~
ô(1H!;-.uc ~-·.k rn;:{
t.5 í"(üt•n, 1& '"•~iíb., ~..;l'~ i'urk. D1), )· 2K .wuJ R:.1do~d{ N.~l, 1p. r:,·. b}. /1 pL~;-i;.•irn fiik,11, &1
rom:;rnr-Jdf.'rn27
Lt ?,1:-,t.c~iH~;('r;L", ,,.~.a pcc:;p-::·~tl·;J püd1._~)('.: ~iin,~1n.ti!..I r!m .:,1:f;r~ ;~ritJ.;-es. oq~J. L·--:~t;~d!.:,w 1: J!..:w:L.>r'lC
~7 _:.,';ürn Slf-..w'.-lni:L 11~ ti;,. 1r1osm, ~, r<Hfo.;v; ('>~ln:: (f:i ;-~rrilnfrJI f( 1 m.~:q;{ct br'citlk'1C:6 f, r~ c;.;1•,ir,ú:'<l<'.~ pinrüH~
1
.1,,:m.~ L1l'l1:::-1 ~ Rugen,IJ.."'i. q,~ t:ü:,a1;;w ·; t1r<.:\i! rn, P' ku•íra m.t't 1(!•; ~J;J '.-f-<.uk, Xl.\


paisagens dos vales e montanhas cm tür:-JO do rio Hudson, no nordt:"s·
te dos Estados Unidos23. Fornm em vi<!;1 nuíto fes!ltlados, ma~ pmte-
riorrnenle seus \]LMdros -- cone arte P wmo mrr~adoría ·· ;icaharam es-
quecidos e pouco valorizados''. Entn•t;,nlo. nos mim rcn.•nte~. l·rn par-
rc prir causa do:; movimr.:nr.m ecológicos, acontcr eu urn;1 revalor:zaçi:o
drsii:'s píntOH'S. a 1at pcn!O que, em UJB7. ~) .\!Ptropnlilíln Muscum, dt'
'fo1·~1 York, prnparnu t:nw rm»tigiosa cxposiçf10 çm, o~ "reab:!Lou".
faiudando rn1 Europa. espec.alT.ente cm Du!>.\c,Jdor' ou em
Ronw. c'ses Fíntorcs trcnixe;am o esti:o gótí;::c. do:nimntr: na epoc:a,
par;1 os Em1dos Un'do~. E".:1!wlcceu-se um rlii\!ngo comtantv t>nw: s~­
bcn:;, in:age:t~ <' tfürnrsm pt('Garnd:is na Eucop:i e os elaborados nc1-
le continente:. ,\ Escn!a do RiJ Hudscn caraneriniu·sP 1wla ahsorção
de padriie' :écníccs e gostos n1ro:1em. animadm p::ir :c'n:ütica> none
arrn~rfomas,
que contribuirn:u pilla a rnmlrução de u;n repu1ório de:
imagem mJCionais. por 111eio das pai\agms pint~.da:;.
Seus t"midios eram t'lll Ncrn York n;1 nm l O. llil pane oeste J,, Ma-
n!iaitall~J. Porém. visita~;;m ::s rcgíôes que dL'SPjavam rctrarnr. acmnpa-
van~ no meio do mato. pernnnecendo on contato direto com as paísa·
gens. t.: ma 1:si<1(\J t'ln certas r0giô•'> craconsídera1.'G U!11il e:q:erí('nda es·
píritual, k·v;1mh1 o arti;rn ;i \fntir-se prcxirno de Deus. A' rrk:r0ncias so-
bre a natun.~za C(;!llC'.f obr:i <lh ína e:·a:r~ co:-1.l:fante.íí· o a1Lanhcrr-r. cn1
rncfn ;, nHdnnc.í\ comparnva-,,~ iI (rL1<;\n, a um mts.do rHM>. (•nqu;ultc
a bruma matinal cquiv;;li<1 ac r;10; H 1m·1ir <lo qual Ü('L' forjrn-;1 n mun-
do. Dissiparfa a lnmrn. surg12 c'.iante dos olho> a gramtiosídulu :h nam·
re7.a, mostrada corno pura. em uniãc cu:n a humanidade.

?S tY Lo~;hi..~ Mi.:1~s, ~"h» límhfln Ril~: .~!1)1) N(;:\\ YotkCn:~n-n'. D1>ük:\. !Nkl: \ff ~J.!:1hé1) fr~~i::t..,r>'.'k A
S.-.-:~1Jt, ?~i? •1 /:..o~m P.:,'·1S:J~oal :~nd~re i:dr .-4m.tn'<a1 h.1i1dsc~µ ;hfd)ft1P. N(•W 'hr'k !S1~. <:Jane" '1tin-
rn:t!> r:( \n·~-r. 1:,.-,; W:'tkt ln1i.~;.;e· lhe P:t:NÍ'l!,~ t.d Aw.i•rfra'\ VJtn "t-Sd:ud 1i·m i11rur,,"><; (;ir>'ª Wi-Hll),I/ ,f·\;.,•J'ef,
f~"t.'\·;n, Vifi2. Vr·f ;1im.1a ~;n<}n Srfl<,rnl. !p. 1il., f'\Jf':'·.i;:ir.;cmç ,;)- < .tp~ } t~ (;.

,i'.~i (1 tn~':d,;, ~,1 v-;~'.~u !n111c6 B·w~JiJotHcr.w,-,;u ~~ 1!1ltt:ir t"J> E~<·n::)'i U11i;::=m.a panr (k•\ ~,1,0-:.d • 18'/0, e'
\-,~~ p~t<l-Jres p;i~~;;ram a ;F:tdt': JJTl''>ÜlJ-J. DPpois i:.ky;.e f 4:1'fod(-, a p hH'in f'.\P~içfu dt ~3,t< tra)'aJ·(>So
ót,[>ntu.~·u iipt·n~s t":~ rn1•_-

~m. r'><iJ fi<t'.h ;,ui 1 <jS,1 (pt:;i .:1, t:•tlaí:t<; Cm rf\L:!.!.'.'l~S q~t~ f.~;p,.o~e5S.t"Jn ;,Jt<: flfJfl:~·<'ln'f:rn."<::na~ ;i p;kH.'h<:i Íl.li -i

n·,,k;,• <1 N;1ücn;~l ,\n~km, e D:-sii;r:: c'r i\,:1,?, pí>k~ 1n'..p;lO\ at!Sll.lS i:m ~O'd Yo~, e1n l ~1:6
Em oposição iis cenas pastorL; curn;;éias, scmprt' bem on:!enadns,
as paisagens norte-americanas tinham um toque ~e!vagem. de natureza
icltocada. Charles Fermo 1 foffman, ern ;ua viagem ao neste em 1833,
afirmava ;:ircfolir "vcncrnr" um velho c~in<Jlho dn que uma coluna gre-
ga modelada. Os templos romanos c:;tavam associados a manchas de
sc:ngue. Nos Estados Unidm, re~pirava·se a pureza das "profundas fio·
restas que só os cill1os de Deus hav'am tcir.Kb", onde a natureza cm
"seu :>amuáric ínv~'1l2do' b1riJ ch:positado "frutos e flores em >cu al·
tar"31 • Esses enm os füta<los Lnidos qt:c Dem escolhe:·a como o lugar
>uperbr em relação i•.s demais regiôcs do mundo.
As paisagens n;1 pintura dc5.>il escola t.:nha;n alg1riv15 carar.tcrí,tí·
cas peculiares. Os ho:11rns possuíam uma pequena dimr·múu diant(! da
natureza não domntíc,da. As paíSJi;cns eram gra:id:mas, inatlngivcis,
intocada.s.. cheia> de rnblfrios, de g:·andc bdcza e nrigínalidadc. A na·
turcza apresentav<s-se corno refúgio, tanto cspirltu;;f rnmo fisíco. A
,111áiise dessas pinturas mostra que •:cmtrlbuiram p<1ca a elaboração de
imagem consUtutivas de urna ickrnidac:e nacional. era uma arte nado
:1alisra que pretendia afirmar que a natureza atmgira sua forma mais
pura e elevada nos Estados Unidos.
Thomas Cole (1801 -l 348). comid;;~r&do o pai dcs~a escola, dei
xou urna nbra em que o ;:;ultü da :u:ureza é do:ninante. Seu trabatho
fol reconhecido pelo público e pintou tambi'm por encomuH!a para
algum hurguc>es de Nova York. o que moslta\'<I sua popularidade. Por
c~emplo. Robert GUmore, de Baltimore. encomendou-lhe um qua·
dm. pín!a(fo cm 1827, b;,scado cr;, O Ú11ima das J!foícano.>, de Fenirno·
rc Cooper. <pe mostra Cora. a mulher lmrno cativ:i, diante do c<Jnse·
lho dirigidc pe:o chefe dos malumAs, Tmnenud. O drnma desenrola·se
entie altas monlan!ias, profundos vales e ílmes!o.1 virgens. A~ figuras
humanas são minúsculas dianlc th: grandiosidade da poderosa nature·
za". Cole interpretou Coopere produziu sua venãu de uma das cem1s

3 L f·hffn-wn, n-:rtrr f11 tl>t Hhf pJi. !~~J 1J4. ;1ptd Ri.>du ifk MJ!L ()p, 11;·", p, tt
:J2. Vc v\'.::l.Jf!C: Cta.tn, A•:M':~t.:-.; ·t'~. Ji:Jror;r wti ft.;/!.J.•1·. :kw 't~à lfar=rJ K Al~r;;.:1l'i~ ht, JS-Jt t~p. li
191

mai> dramáticas do romance, índ:cando as o diálogo entre pintores e


escritores nesse período.
Em um de seus quadros mai:; famosos, Af;:milã E11solamda no Rio
Haóon, de 1827, a bruma matinal aindd entobre algumas partes da pai·
sagcm. ma.> ao longe vê·se a natureza em todo o ~cu t'splendcr (fig. 8).
A bruma signifü:a o caos antes da Criação; a parte dara e ensolarada
indica o esplendor da natureza depois da Criaçao. Tais metáforas fo.
ram anunciadas por ele mesmo :im escritos que também deixoi.I. Ceie
morreu muito jovc·m. mas disdpulos e seguidores cor:!ínuaram a trah,i·
lhiir com os mesmos lema:;n,
Seu o,uc;~~mr, Asher !J. Duram! (l796-1H85). decidiu prest:ir-lhc
urm lwrnenagem wm o quadro Kindred Spirits (EspítiiGs Afinadas úll
Atum.> Gemras) que se transformou cm uma de suas maís populares
pinturas \fig. 9). Kes~a pinUJra, ve ..~e Thonws Cole com a palheta na
mão, ao lado do poeta Bryant. 1mma posição que supõe um diálogo
fraterno entre amhos. Solire urna ;mdu saliente. como se fom• um
púlpito. contemplam uma magníLca p<Lsng0n1. Ao fundo. ll;í mm1 l'iL·

tHosa luz dourada, cobrindo montanhas e um riacho. Os nomes de>


Cote e Bryan: mtfio grnvadm numa dns três árvores inlerlígadHs <1 frcn
te e à c5quenb do quadro. As trés <írrnl't'"\, segundo Dm·id ~L Lubin,
representam a Santfssinw l!·it1dack. de aé·ordo com ;1 sc:1>ibílídadt•
qua.;e religimo da pintura. mas também inc!i:;;un que DurJ:id se colo·
ca 1.omo uma das almas gém«;1.1. assocíand,;..sc de pr<1prío ar.:s dob
amiws". l'c:n1 culrrn au:ores. a <írvoi'c quebrada il direiti é o simbnln
da morte d" Cok·'. De toda forma, os ;1ornen~ revcrr11ciar1 a in:onal
e grandiosa na:.urcza 1101'llHltllericana. Duraml. l1onwm ro;iigíom. ha·
\'Íil decidido nI:o ser ministro de Deus, para 'er:.regar-sc linPmentc ú

13, Vc :.ouiw !-.1:rl<, il;J ri; .. t' c1.s t:~~mcnl;i:ir:i; ~dn<! Ú·\• L~~I Ji:~lX ~ch:unJ. 'l-f'· <fl, <"JJ.h. :l í'fi.
3-~. a J);.i.'t'J~ \t f,Jlfa rítw"lti,?i).VJf'.Ja,A:"ft>:d:X·n·l(J.-,t1VJ'·'1t\·!n~ry.::rJ-:.:l\ni:r;r·1nNb,~·~•' ILhHl. "':1k ll!1··
•'f<:$.Í!J p,Vi«~ J JJ~ p k'Z
Ti L'f ;,,H6.'"'"1.ink~.t'i:. <ir
19l tMERICA tATIN~ NO \ffUI 1) XIX flWJA5 l: .1'1 t TEXTO~
9 Alfler B. Durand, Kindr!.'d 5pínls.
1$6

reílexão sob e imenso pálio celeste', conferindo. assim, um caráter sa·


grado à sua "míMão" de pintar. Em outro de sem quadros. No Bosque.
de 1855, é possível notar um exemplo rlo estilo gótico (fig. 10). Osga·
!rios das árvore>, de cada lado de uma alameda, curvamse no alto. for-
mmdo arcos quc· lcmbnim os de mmi catedral gótica.
Na década de !850. esses pintores começaram a viajar para o ocs
te? e a produzir quadros que pretendiam mo.srrar a monumentalidade
do que viam. Foí assim com A!bcn Bíerstadt (1830-1902). que jú pin·
tina em Norn York mas que decidira fazer urna \'lagent chE·ia de peri·
gn> e aventura> à Califórnia - recónl-incorponida ao pais - acompa-
nhando uma expedição oficial de reconh0cimentn". Ao voltar. depois
da Guerra de Secessão, encontrou um plÍbHco intNessado em sm15
pinturas, que 11wstrnvam as maravilhas do Oest<'. desçonllecido. Fez
urna séríe sobre as Montanhas Rochosas. uma das quais foi vendida
pela assombrosa.soma de 25 mil dólares. Suas Cawratas de Yi:J10111·wne
mostram. mais uma vez, a grandíosidade da naw reza intocada {' suu
força e energia {fíg. 11). O Üe5!c encan:ava a ()ríginalidJdc norte·
americana; na pintura, essà mirobgia nasceu no Leste com os artis·
tas da Escola do Rio Hudson'·', Esses quadros aludiam a uma visão
épica e romant;rnda do processo de cxpamJo nurte·arnerírnna,
escondendo a violôncia da íncorpornç:w forçada d<ê t.erritórío.s e a
adquilaçàc sun;íría dos indios.
Até por rnl!a de 1820, retratos e cenas llist6ricas (a maior par-
te em casas pankularcs) havíarn dominado a pinlurn norte«1rnerica-
na. A novidade das paisagens, qur glorificavam as maravilhas topo

Ji AJ.HÜlli.'íra~'Xjm·&',J.) ;.::r('ffK. ff;~ntat i:. oor.ebitk P'lf Ttic-n~;;i J.;íkr..rm Hrh~ n. fi-rrnlda'J,. . i.fo 'rf.çnr:tlN'Pr-

;i 'f:rrHGdo, do dü Mtuh.\ípi -00 X~'~no Pa:,ifa'o, ~~ ~ui. {otr.ir..r,Jud;.; p1H ~tu Mx-a!iii:,; ~w:Hcular,
\kr1whc1er Ll~ls t .'.ífb wkt:Hb·t::'l:pJ,jt<:dn; Wmtim ClJú. foí t~r::i-~1..a:dida ~ dLl!cu d<' :·,,1 o d1; ; ô!H .,
sNiaibrctlv 13-%. tl.'iL'1l tom:J.f:>.1Lltaíf1) o rrupca1w:n!'.J Jc "i:l~il rt'gf.lü
tm~t >.l 1.,.;tr;l;n;) f.' o lr'r;i~>Jrí<.:i ó:
1
poil> dmnudo de Cr<:t"·º· Vt::-r LlHot Ccoos fod,} The H~1·1r.J d tf.e i.Jw,·~ ;;m. (J;:/Ji F.xp.i;tfgt~. 3 ><Ú•.. )'>;("W
fork, Duwr. reproduçk: (l;J e•Jít,Jo <.b i&1:3.
37. Ver L(HÚ*- M:nk~.. o;. tfr, ç~ Rrn1erkk N~nh, cp. c.t,
gráficas. cr,1 a exposição em feiras, galerias ou edifícios ptiblícos. ao
akanrc do olhar de um bem maior publico. Mais significativo, nesse
sentido, é que desde 1840 e5sa> pinturas foram copiadas em livros de
viagens, ganhando um espaço de difusflo mais amplo e populi1r.
O público, como já foi dito, respondeu a esses pintores de for·
ma muito positiva. Embora na América do Norte arte séda ainda fos
se ~inônimo de arte européia, e os ricos colecionadores se voltassem
para os mestres estrangeiros, as classes média~ compraram esses qua-
dros de paisagens norte-americanas, pintados na nrn W na ilha de
Manhattan, e fizeram de algum desses pintores homens ricos.
Essas pinturas, ainda que construidas a parlir dc< urna técnira
aprendida na Europa, com pcrspectiva e forma europ&ia~. •1cabaram
sendo uma rontríhuiçiio efetiva para o imaginário nacional. Os bta·
dos Unidos C'fam esse grandioso pais no qual a natureza s,elv,rg.:m
era a prova de que a Divina Providênc.ia havia toc<ido l~ssa te1 rn com
um olhar especial, de terra eleita. Ao mesmo tempo. a wihit:me.1s ln·
dk:ava a originalicade none·americana diante da fü:cop;1. fasa natu·
reza forte, intocada, grnndima. enígrnática, era o sinul positivo que
prel'ia a grande naçao que os Estados Unidos M)ri<im algum (füt.

Assim. justificava-se. mais uma vez. a necessidade d<1 expdnsão p<tra


o oeste. co11füm1u11:fo a idéia do DeMiim Monifc~to.

A natureza niio é. portanto. um olzjeto ne\ltrn, perscrntadn pele


olhar supostamente imparcial do dentista ou pelo do anísta .;•m bus·
cada "bdeza pura". Suas representaçfü•s silo rnrregadas de idt>:as qu(;
produzem imagens e símbolos, contribuindo pai"a compor o imagimí-
rio de uma ~ocictfade. Nos textos e quadros ;)presenladm, exhtc como
qut· uma cumplicidade entre natureza. politíca e história. \lo c:am
norle-amerinmo. podemos levar cssíl~ reiaçôes adiante e rcl1ctir ~obre

outras associaçôes possíveis. Na mtnha pcnpectí\a, fica mais fJril


entender o texto clássico e marcante do historiador Frerleríck .l<lC'kson
Turner sobre 11 fronteira norte-americnna depois de p;1s~ar pelo> autores
1O Asher B Du'cíld. ln t!J? wooâs.
lf9

11. Alberl Bir:rnadt. Yel/owstone Faiis.


citados, que olharam para as paisagens nacionais de maneira tão par·
tict.dar.
A fronteira. como tema, na hi>tôria da pintura norte-americana.
está associada a urn famcso quadro de George Caleb Bingham que.
com toda a certeza, Turner cm1becía. Trat;Me da Emigração de Boone ou
Daniel Eoone Acomp.ml1ando Colonizadores Através da Garganta Camber·
land pintado em 185 J ou J85V' (fig. 12). ~u meio da ptntura vê·se Da·
nicl Boone. de rosto decidido e 1n.t;culo. vestindo um impecável casa·
co de couro de antílope. espingarda ac ombro. ~egurando as rédeas
do cavalo branco na mào e man:hando na direção oeste; Em sua com-
panhia. montada a cavalo, está sua rnulher e atrás dela, uma das lllhas;
à esquerda, amarrando o ~apato, outro de sous filhos. Floone tém li sua
esquerda a !lgura de um desbravador, de olhar destemido, em geral
identiflcado com() Flanders Callaway. Muitos críticos fazem uma leitu·
ra religiosa <l() quadro, associando·o à Fuga parn o Egito e atribuindo
à mulher de Bocne o~ rnntomm de Nossa Senhora. Oufrm trabalham
cora as significações rmlis materiais da pintura. que louwi e engrandc·
ce a expansito para o oeste. O grupo atravessa a 1t·ilrlrmess, envolvidos
por uma paisagem amedronli!dora, om!1~ sobressaem, bem à frente,
vár:os galhos de árvores drama:.irnrnentc qucbrndm. Uma soliláda ave
voa ao fundo. Entretanto. os ser~tirnemos de confiança o determina·
çãn transmilídos pela pintura relacionam·sc com a escolha do autor
de cobrir o grupocom uma luz eSpt'di!i, religiosa, qUa5e mágica. É a
imagem dos indivíduos que tem iniciativa e determinação. apresenta,
do5 como vencedore1 e integrantes do "povo eleito".
Tecnicamente, <!55€ não é um quadro. de paiSag<!m. devido a
prcscny; predominante de protagonistas·~ por referir-se a um eplliódio
histôrk:o. O quadro de Boone. no entanto, ô emblemático, pois traduz a
coragem e disposição <los pioneiros de avançar inexoravelmente em di-
reção ã 'ronteirn oeste. Para muitos, esse quadro traduz de forma direta
a perspr,rtiva norte·arne1·ícana do Destino Manifesto.
201

12. Geor!,ri: Caleb Eingham. Bxme Esccrfíng 5ettie1s tNougt1 th• Cumterlanú Gap.

A fnmteirn como tema est;\ no rcntrn do lt'Xfc. com pourc mnis de


trinta púgínas. que Ttm:cr lct;, cm 1893. numa rcunfüo da Amerirnn
Historica! Associalicn cm Chicago. Reílctindo so':irc o significado da
fronteira na história dos Estado> Unidos, o autm· promoveu una l'enla-
deira rcvoluç<itJ na hi\toriogrnfia norte-americana do p~~rbdo:'1. Deixava
de lado a trar!icional linha de ina;rprctaçào da história m-ne ame-
rinn1<1, qut' via nos conf1ílns entre o Nonc antit·5'.~nivh:a e o Sui c5
craüsta a chave da expllcaçiío do presente. Turner prnmove1: uma vi-
ra<ltt irnprnsslonanlt'. pois entendeu quo as reli!çôt;~ emre Lesl<! e
Oeste eram fundamentais para a compreensão dos Estado~ Unidos.
O jovem professor tia Universidade de Whrnnsin ia mais longe ao n!·
jeitar a ideia conecte de que os germes das instituições políticas

:~9, haL~r .(k JJ:~K~}<~ 'fo>1~er. 11·~ S.gili!k:a:~te úÍtt.? f 1tinüu h1 Anwr .cm 1[Ct;:;-;y",, t:ti\ llm frttlr'N'f" Üí ,4JmrH éiff
!IJJWf. l !m::íngt~m \e11· forlí. R&.3C~ ['.. Krk-glr h1hli>:hi11g Ccmp.m:r 19i6. \'er :e W)h,'J!J.ho í:npGn,1mc tfo
f'..:...:lk:d S101w.iJ1, !"":.fa: Emf1>.n rrmr. 1N Af)1f> tJÍ.'lr hur.tür ir< (;e 1~<>t rJ lndasr,l31iú-Mt1 {JS&J.-Jh"XJ), Nt'W \'or ~­
Jüorc1· f'·~wmfrtl. J))l. -m 'l~~v! o<tut>Jr iH .i::i"" 1 fr:.sn!dr;l rnit>i.1 n:ii l<:P.n:fa1 da nds.ira mJllt):ltm.nktn:i~. f.i-
!~;;,ulo ;) ;.., ':i10.l.ôns tf:i c:tn\lit'.JC5oda ll;.fÇ-~) ed• tdcntUnfa nmtc-.v::('fiç0'!1~.
11one·arncrica11as haviam nmcido nos bosques germârlicos. Afirmava
que a dernocrz.cfa norte·amer'cana não h:iv!a brotado dos scnhos de
algum t.~õrico; r:la nascera da Ire~ !anrf. da~ florestas, e ganhava força
quando tocava rwva fronteira. Para 1urner, a~ diferenças básicas en·
tre as civilizações da Arnerirn de Norte e da Europa radicavam no
fato de existir uma natt1rcza inig:.ialâve! 110 Num Mundo. A frcmei·
ra mével. com áreas de terr,) abertas, f/llP empurrn»am os homem
para o oi:ste, desde os primórdiü; {fa cotonimçào. podiam explicar o
caráter norte-americanow.
Sua mais sígnif;caliva dívida com a tradíçi\o :nte'.;•ctual foi acfl·
iar as idéia~ de barb~rie e cívilizaç'ío que usou pMa definir a questão
da fronteira. P.li era o lugar do encontro er:tre os dois estados. Até
onde havia terras culth·ac.ias havia uvíliwção, C:epoí~ era a wi!rhmô:ç,
o reíno da bar)<be. A iclf:·ia da '1'ild•rtu•ss s11gr.du a Turner uma 1Kr•·
pecriva poética que conferia i1 terra intocadn una influê'ncía sobre os
indivíduos e a >oc:edade que se trac:u;ia em renascimcnlü. regenera·
çào e rcjuvenedrnento. Para ele. era as>ini cue si:r procc»sava o NH:cm-
tro entre a civilização e a 11 ift!emess ".
O texto descreve mínucío\amantr as v;i:'í;:is lonm1s que :i frontei·
rn assumiu desde qt:e m ing!eseç cheganun. nn~tr2ndo a seqlii',nda
harmoniosa e se>m conflito do av;:mço que começava com ns caça·
dorts. seguia om os importantes co:rn~rciantes de pe:cs e dcpoil mm
os p;istorns ü agricuhorc:-. lndr:a c1s rowirf" "oi- c;,rrdn hos da frontci·
ra nos diversos período; da hiStória nonemneric;ma e. finalmente,

-10. Turn~·r t·u.rCH~ qu.:ndo ~e ~nun.(iJ. ~; mmiHKf:t<J qITT a M.i((H ·.C>!~r;•fi:a nut_ç·.:1.1•crk.:;:rk!: tk»rruu tk pn>
g~~~'.>tíl. Nei.'K'. mrmt>'lfn, r.~ J)(~qufwn: !u~':ndt'l:r\do Or!'>H~ {' ( \ M·f1,!'r.\ popubn!~ <.id-..uim rts1g.iri~n
-cr::ntr.& n\ péulnM~L:on&;ô(~~ de trah;-,!hú. m~ tf'J}:c~ os 1MrHpl'i1C•; !..'l.. Eri!. o Ü'!:•SJ~~ Y.J rt>br~hwrb C(lrl
tr..> o lA•Me, romld!'racieariífocr,itico Ernbxa Jà nivesse ;td<)l;1:1fo. 1u 1Hal :1:JW{;ulu XlX, n :;i..:út:.;g~

Ull..iH:r~I 1ua~n.1lirn t:Z>r rntriç·ôc.\ aos t:egro~, H:l algum t•.muk~, rn ~nwHm ::iottk:i:t'i i;: 8 d~Ll(lt"Uifi

tt'.;ltinuav.tat s..md<> rt:hindit.idm. Nâo i ~m moiím que o ale< p:Jr;cipaJ d~ {1cfl.1ü·.·1c::r !a c.k: Tuna.>t
~~r;i O {J:m~. O prq..ie-rn Í"7J:ndeíro, que fera O prinWí'D .il 5l' fi."l:ttr ôií rp.gfüo, ·!Cpo.s, ((,; :·açc,~·l~Xf'$ f.'

rc .1Rrdarih.>:":$. 1'untt~r jwua as H'!itiruJi.r:u;õG <lo 1rrNirw'1W prngsc~hl.l :-orr; a tr;idíção :agrMfo j:.:-t·
ff:rso~1l<'.m-O, que Mrnttr.~·rd ii tkmocr~ci>J ;,p<JiPdê JT P'-XJ:l.l~no •1J:1!t.td1er,
4L Cf Ecrlry ~~ash Sn1ilh Dp. u .. n~··i""'r!h·'c<Jrh~nt.:~. pp.251 é Z5l

-
propõe-se extrair algumas condusões ml:Jre a política e a so:iedade.
Para Turner,

O dc~::.:nvobümnr0 sod:ll ntJrt~"il'."lh. ritarl(• cnnltn:Jaclarncritc tDmcça lfr;. fronu:lfa.


F~. . \.i· i1r·n~n~: n:~'.m\l'.'..mNWl, c_i;s;.<J ílu:ô.~t d~ \·UJ nortt··lmeric;1r;;. , r~ça mqn:u:J.io p~lra o oes·
k oim nc'.'<15 oporL1r:kadt»'l. t~~c antfnuo l'tH:.ontrt> ~vff, ~-~ &ünpEddad(~ ck sc<-kd~d:.: µ:·J.
mith-7-. f-~Jn1ct:tnl a~ fcri:;a~ qm~ :ioír!hv,m ·~ c-:1~í)trr no:~o·ar-ner;r;.n)~ 1

Escreve que o homem eurnpe'-1. com sua~ roupa~ e ferramentas ti-·


picas. ao chegar il fr::mtci:-a, poucn a pouco vai mudando até se trnmfor·
mar no ~wne·amerkano. Ea wíidtmt'SS qoe cornar:da a vida do colono.
O autor cri'.ica os histol'Ía(:or<•s C)lle sempre deíxaan esses fotc·
res naturais de fado em suas irnerpretaç.:Jes sobre a polltiGl. Diz que
l:'rn preciso lentar entender os latr·s polífü:os lc•ando em conta es>as
áreas novas da fronteira, notando ;;s muéanças que operavam ncs lm·
nwns. Afirma textualrnente que a fronteira promüveu a formação da
nacionalidade do povo ncrte·an'.ericmio, pois foi ali que os i:"nigrantes
se americ::inizarnm e >e fuadira:n mmu "rn~-.1 mis'.1(. Tanto o cr('SCi·
mN1io do nat:iona!isnw como '' evolução das ínstituíçôcs políticas
nnrte·amerlcanas dcpen:leram do avanço ó1 front0irn.
Enrn;t;into, sua concbsào mais ousada é aquc1;a que afirma s<'r a
promoção da deffocracia o efrlto mais importante da fronteira sobre
a sociedade none·americ:rna. A frontrirn pmdt1Zii1 o indMdua!ismo,
que, por su2 vez, prnmoví:r a dernocrad;1, ,\ detnC('.faCÍ::! norte-amerí·
cJna niío nascera nc meio da~ !lornstas da Germânia, mas na frontci·
rn do Oeste, onde ela sempre se rPr.ovava e fiore'.~ria.
Em 1m1a anedota intere~sanw, Turner estabelece algumas d1fe·
renças, por ele consideradas exemplares. entre o habitante <b Leste e
o dn Oeste. Reforindo·se à fala de um deputado da Virgínia. conta que
este assím se expressou:
Mas. S<~nhor, n~~i é n .aun:cmo d:t JL)f:u!ay1o do Ot:s:tt que <':ih~ {:'<;.\.a:befr<J : ·lo L·~h':
tcmf'.f, a e;.ter_gía que Jlrí!§a d<1c mi.:muuha t~ th hábito:> do (Jt.>St<" pao,~.aH' F-lra ~qtwln ia:igrm:
h.>~º Smhof. r.leL)àO ri>JJifü'f'#<bn=s poJUn:lmtnt{'. Elf<> !.os <k>f,UO'rtcs.j 1:-gc· sr U<l'.1'ifor··nem ("fü
pulf(Íi_<))c Gt.!C tni:MJhün;~ ~ di:"enn:;a i'J'.trf~ {,) p.::ilbro qur t~n.balha (~o qw.• ar.1~r:~a 't.'lh:: falar e
lrmmxi.

O deputadodo Leste, quando volta para caxa, tem fü'grm para


abaná-los antes de dormir, mas o representante da fro:1teira, quando
regressa à sua nm, "tira o ç;1saco e pega no arado. bsc lhe dá ossos e
nllís:ulos e faz con quu mantenha seus prin:ipks republkanm puros
e nib·conlamim1cbs"".
Turner \·é. ;ii:1da. uma reloç-êo direta entre as condi:;ües dr• 1·ida
na fronteira e ª'·"um traços ddínidurcs da ;hfa íntelettual dG pai;.
Pa~sando de gern~ilo a w~ração. :~~sas caractefr;ticas podi.am ~cr :mim
defiriidas: uma mmtalí<.lJdc pr<itica e imentíva. ao lado de um certo
mitcriai~. atravess<Hfos por \Jlll espírito fone e agudo.
apq;o ils coisas
O "belo anhtico", rnconhece ele, pe:de um pouco. mas ganha rnuito
diante da µoderom v0nt.1de de díngir grnndes objetivos e de lll11<1 in·
quitta e nervosa ~nergia. Existe na víd3 ínte!ectua! um domlnJnte
:ndividualbmo e una notável exuberãHda, frutos da ;:omívência wm
a líberdadeH.
As rciaçôes n1tre história, pnlít.íca. cultura i~ o em:ontrn dos ho·
:rn~ns com a natureza estão clara1:1ertc explícitas no texto. !\ \'ida na
:roctcíra ·· que é,; expr12ssão da 11ikfm1ess - fez nascer a dcirn..icr;tcfo e
ofereceu possibLdades para o const;;nte rc:Lorescer das ba~es das íns·
:ituíçôes políticados Esiados Unídrn. A confiança nü futuro e o 1·tgo·
~oso frcscor da ~1:iedadi~ norte·amerirnna tém srn1s rnizes na natun:·
za da intocada fr:ntcirn. Foi o Oeste que dei.; norns oportuníth;dcs aos
homens, que traíôformcu os imigramcs em nDrte·amerkanos e pro·
rnccu uma "positiva evolução social'. Em rnma, ·a civiliwç<'ío na Amé·
rica do Norte seguiu a; arterias comtrnídas pela geologia {. .. ] a

ll. Ttrner. qi. <ir.. p. 3L


t4 f: .., n~U;ito t.bAda-..i n~tc-ant('l'.iono,. CL Q. ft W. D. L\>~.,,~~. 11p. ti' .. lntrnt!u·;1o
vdldtmc.<.s foi interpenetrada pda~ linbs d<1 cívilizaçaci"''. A democra·
eia. o nacionalismo e as instituições polifü:;,s norte·americami~ 5empre
C>tín.•ram depç:ndente5 do avanço da frontcírn natural.
Corno demonstrou Mary Arlllc Junqueira,

IVf.'de:ne;:s. Oeste e !fonte-ira c~Wc s.r.ibrcro.i;lo~L imhdra<lcs, n:~lacitm.&dfJt F.·uem


pute d 1J lmaei:1áriu nc:·tc"'Bn~(!rlcar:n ~ f. >;t:lc n~tr.:crM~fo~ à kl,(•1;1idJd 1.' t: i10 na<.:kina!i)mo
m:1rt~·arrw1k~t;·;i.1~. Por outn> küo . t-:>..\C únt1ginfü+:1-ju5cílcou e frg_JirrNu ;i <irüquih1\·Jm d('
coan.mi<laJcs irdíg...•"'~ intelnHx a ;lc~tr~li;'fto do wr-U .:~n:hente !~ d,;~ t~pédr<. <;(>!'at. ~m­
Reforçc>u G ç.1({\-~Jd<.m<1;ismo r,;:)rt<::·8mcti:ano ~ -l<(':tl 1~xpa,1ü1n,ísrrn por inü~rn1iidiü i..fa
WéL·1 de qtw en:un o rmvn ddto po: DJ.:u~ pora .S(: ;tp.ç~~;ff 1b l~r::d t'.r(JlYWth:la';-

Turner <:scrcveu seu texto mais rfo cc:u JflOS ilpó~ a independên·
eia dos Estado~ Urudos, quando o Oeste já haVia sido iml'iramentc
"conquistado", o índio não constituía mais ··pmLlema" e eram ('Vldcn·
tcs os sinais de êxito ceonômíceo e riqueza do 1x1is. Mas a linha de fron-
teira interna ~-~ esgotara. Por i~so mesmo, algum íntt'rprctcs de SLI<'

obra virnm-n;.1 romo um comitc à cimtnuídatk da c:qMnsilo. pois


sempre 5eria nece~s;iria a cxhtênda da fronH~irn para a renovação
constante da dt·rnouada. garantidora da prmpeulade. Turner, por
outro lado. r.nm seu textn :·cbehm·sr rontra o slah/í5/;mmi univcr>Hií·
rio nortPmnericano, dominado até aquele mcnwnto por lüsto:·hdo·
res europeus, particularmente alemiír~~. que viam a dr·mocn:icb norte--
americana como resultado de um transµlante de origem ger.111'\.níe<1.
Assumindo urna posturn nadonalisra. Turner revatcu essa visão. Par.t
engendrar sua interpretação. teve a seu dispor um vasto repertório
símbólico prnduzido por cseritcre.s, poetas, pintores (<, seus divulga·
dores em jornais, livros de viagem, alrnanaques etc.) que contribuiu
para a construção de urn .ímagírnírio nadornil, centrado na idéia dos
Estados Unidos como terra prometícla e do norte-americano como
povo dd10 por D<~us,

45. Tu~ ri•~r, cp, <it p-;;.. l ~-15,


4:i. Cf. ~fo:·1· Anw ju;):)\tt~rt, '*' át.. ~l. 88..
Deixantl•; os Estados Un.drn, passemos ao extremo sul das Améri-
cas, a .:\.rgen!iru, parn pemar al;~i:mas fOrnparnçóes em tomo da> sutls
rdaçóe~ entre natureza e polir in. Se nos Estad;:, Uni<kJ.s. n;1 décnda de
1820. na pos~íve! t•m:omrar um grupo d·} pímores norte·arnerk·<HlO\,
depois "1P1Hífícadrn sob a tL:nuri:íwção de fücola do P.k• Hudson. na ;\r
gentín;; Ja mmma época o p;:in<1ra11n da pintm;: en ba.,t&1:i: din'!»n. ;'11;1
primcin rnew:le cb >é.:ulu XIX, n"' ..\rgentinil, Ót me mia for tr1a <tue no
Brasil, LDU'.'e uma produçib art1s1ka predomii:anrc de píll!orcs estliln·
geircs que viaja\'.Hn pela Arn1>ric;, ói Sul. A prudu~·iio gráfica deíxada pe-
los prinrípa is víajanu•s foí puhlirnd;, na Europa. ;; maiü!' pilrli! na F1 an·
o,(" cwra111 tna dífu;,iio prntlt:an'cnte nu!a na . \rnt-,rka [>!-'dttl1ul<1
As Jlgaçôrs dimrns entre a Fumpa e a ;\mr;rirn dn Su!, no campu d ..1
arte, r:;; printeíra metade do sécul1l XIX, n'\o ,,. e<:.gouni :ii. Out!'a 1\:k

ri'•ncia inc>cap:ível 6 a cbeg1da <JO Brasil, e:-n 18 l 6. da ~.!i"iio Franct>sd,


rnnvo1·Hila pela Corte port1;gcC'S:l, que dc,N11pc::hou um p«p<"I irradia·
dor. 1únpas~ando algumas 1·cwi ils frnni1•irn> co país. Os principais ar..
listas da \fü,ão - l\ico!:\s Antoine lrnnay e Jrnn Baptiste Debrcl não
aperm rroduzírnm obra re!evantc• sobr(' e 3rétsil. como ta1dlérn ensina-
ram, n.1 :iowo.r:orm~ntederornina'.!a AcadEmi.) c'e Bebs-ArlP~ do Eio de
Janeirn. respectil'arnente pJisa~wn e pínt11ra histórica, f::;rnrnndo jo''"is
21ils11'"" A imp::rti:r1cía de sua a'Ua\i:o pode ser medida pela introdt1·
(fü:i tfaõ ,;onrtpçfo-s 1wodís.>h:Ls e rnm:ínticas, que em :;o'1 rncd:da
.:dípíarmi a tradição da pintura <clonial :>rasilcira·"
NaArgemina, Juan L.~ún Pa'!ibrc. crmsidcrado a mais takmoso
dos pir:nn;s desv• grupo de c1tra11geirc», tem ma hlstóriJ de vida

17. Qt:<".:':rioD~:+r,~t r('r,rc:.,v;u il França, ttn 183:, k::>:.... 'll.' 1 db,,,·ipi.k) fai.'<Jdlí•, \kw·~·r .\n1t:._:o !..01t11·e\k:
W"···j1h'd,•i'ILfJU u"n nhr1 5J:gnWt:i!h<1. P<1r3 ·1;)»~0! fou. \>'.~~eu~ lhl(Jn,) ,f}.1r'<l,f R,,';\;1<'~(.t, (!(· l8i3. (lhe
h'fll ;;;. ~·:r~<:k7hfr.~\ do> pai"i.<1f,i\,I;~~ .l<)r!(.·7il!U'tir?;1)<')), lKt<: t>ll:.HCt:<I p· .i111\ll(Vi'.~ -?vll vp.:.~ Ç~tO ;! :n;!g
rnikhrn das p(.'<jlL':JlJ~ 'ig1ra-; hun:maS,
43. Vf·r R::.di.;o Cufü~~c-:t. \'ifüJ:t.i.ks. ~BaJ1 ("I ~~bdi k~ ~v::xh~mi.l.'>. [1 ~·uf.~>~.,i:~«.rn,) y d Hi.~WrJ~ ii;Tu en
lJ P ni:-...:!l [Q(.>rôttr:.:~·rkaw ~ ('fn Rodtgo G1.<fü'(:·~;: \'ii<L>tk !i- ,~ R:t 11ón Guti!'•t ffZ (-erg:?>,}, Ar:J<w-J E;.:vJ.
tm<1y f>':<t.'r<tfú w b2ro.,1tJfii<iJ, ~.1;_yfr~t Cátd.ra iD~7. Pa-<J ~1 lkal<iL '/\;r C-irl..;,; Ot-r.rnd<:.('<
E-1khn::i
"\'iajm-rn. N11tlirt:ifütasc-,.\,rt~stn fü1rrngeb.;~"'. i!m ~érgi0 3t.arqu(~ dr l !oh1,1J,1 ~{Jlf; ). ti I:r.3Jii ,\(,:'ft,lt
qufct t. I, vol. 1. SikJ Pado. D&:!. lY?tl
dír~t~unenre relarionada com a Missãc Frances;i. Nasceu no Rio de Ja·
neim, em 1823, p(Jh seu pai, ArmandJulicn P;:illii~re, também pintor,
fnn contratddo pela C::ate de d. João, tendo chegado ao Brasil cm
1817. Palliere, fllho. pamiL os primeiros anos da inf.'.incía no Rio e o
re~tc da vida dividido entre a Europa .. ondl' estudou - e a América
dn Sul. Dt~ixou algumas pintur;;s sobre o Rio de Janeiro. rms sua prn·
dw:[io mais :1\lmerosa retratava o Prata. Viajou durante anos pel;i Ar·
gentína, dcpoís de 1856. pintando rctratus e cenas da vida cotídianu.
particularmente do gaúd10 ... ma rrwneira de ves!ír, suas 11ivídades.
su;i> dlslniç'";es. Em l 8fi4, pubH:m. em Buenos Aires, com :J apoio do
lin'graío Jdío Pelvílaín. u11 <illnn~ com o tiu1lo dt• E~fl'nas Amrrirnnas.
Lugo depois voltou parn a Frnnça, onde c:ont inuou a pintar, mortt•n-
do ('m 1887. Seus quadr'!,, ilustr:im os u~ros de história argentina att>
o presente!·~.
JohMm Mcritz Rugrndas, cuj;J trabalho é :ào conhecido no Bra·
sil, tambt'm 1·iajou pela ArgC'nrha. Nascido na Alemanha, e:n 1802, ví-
siwu lcngamente a América Latina em dua.' onsiôes. A primeira. Pn·
tre !82! e 1823, quando accmpnhou pelo Br;isíl, como dfie11hist<1. a
expcdiçiio do barão nmo Georg Heínrich Lang\dorf. A srgunda via·
gem acor1tece;1 vn:re 183 l e 18·í7, quando paswu trf>s ;me; no Méxi·
co. e mais de dez no Chik, de onde fel visitas espor;idicas à Argenli·
na, Pt>ru e BoJivia. '.\la volta à Alemanha, passou dois anos ·~ntrn Urn·
guai, l\rgentina e, de no110, Brmil. Publicou em 1826. pela editora En·
gelman de Paris. sua Víij-ag.: pfl!Jti!:ífJUe au Bn'.~il, obrn com qJc ganhou
nolori<:~dace na Europa. Humboldt conheceu C•> desenhos que fez da
florn e fau:1a brasileira. já em 1824. e os utilizou em iilguuas ilmtra·
ções de sem livros~''.
Rugenda> viveu pow:o tempo na Argentina. n;1o tendoüdo iempo
para coir.por uma obrn táo importantu quanto à rt>alizadi: no Brasil,

~!l Cf. ,\Ljo t ~~üm.:ik1 G;irtttu:i. E: Pf::':f:.r J1.:tm L:ús P:;ufiffl.>_ ffo..v..ra1for dr ld t'id.J Argmt.~:A" dtl f Sb'tJ, But~·
oos A.tt'.5, :${ici::~dsd dt~ füs.wria A~g.r:~-rk'i?.., l 94 l, p, S
e
:):). Cf. 3cnÚí:"I( Ífl dd ;uril, A11ú.t<u fa~!.Jf'}'iilSf'; Ar~"MíÚ~l, Jf..wrki<l ÍÓ~c.,"!fidit>õ, Bu~n!15 AiM,, :\-:::ad~m:a Na
dml.aJ de Bf'l'.zs: ~~r1t,~. 1Ç6QÃ
Chile e Mêxiw. Pintou alguns pouco:. filJJdros. lendo por tem;, a Cor·
dilhf:ira dos Andes, dciJ<ando-s1c também fJ~cinar peia vida dos galí·
«
chcs Um de setH quadros "arg;mtíno.> Rapto de Crü1fanas por ios Jn-
díos. foí ínspi:ado pelo poema de bttban Eche\crria, "Lu Cauth·a ', de
gra:1dc irnpa:to ra regli'io do Prata, demomtram:b, mais uma H'l. o
diálogo ente~ pintores e p0etas. Sarmlemo conheceu Rugemlas pEs
ma'.nen~e. em !8Hi (portau:o. depo1s d;! publicaçüo de FawwJtÍ). no
Rio de Jrndrn. Numa e<irta a MHrtín Pir1eru, de fovereiro de 1846. Sar·
min1to afirmi que Rugemfas era nrnís um hi>lor:i!dor que um paisa
g.isl!I. Entend.a q~ie n pintor soubern retratar CJ q;1Litho r\Jmo nin·
guém; "Entre as cu1m do Pampa. l\ugE'mfos uí;i dub tiptiS, que repeh!
r: vJria ao in!tnito. A cena di: bolear rnHilo:; e o rnpto do~ ui\tàos, o
poema épico do l\unpa, do e ual Echevc!'ffa Urcu tilo belo par11do em
"La caut:va"'"
Ap1ecí<idor ós fncse5 de ('Íl'ito, Sannienw ponl.ific<t: "I·lumlddt
rnrn a pena e Rugendas tom o lilpLs süu n5 doí\ europ"m qw' mais vi·
1arnente desrreveram a Amérira"'7. Segundo C1rríl. cr'!;c!anto. a obra
de Rugendas permaneceu desconhecida por qu:m: um s(~culo na Ar·
gentina.
Antes de RugtTlÚilS e de Palrn:rP, :10 Pmamo, o prnneirn pintor
l>trnngelro q::e ~e desw:a, füHo;neço :io st'rn!o XJX. no PrCJlit é o in
gles Erncríc foex Vida! (l 7!11- 186 l). Etnou para o servíço naval inglé"
muito jon•rr r. crn 180!L pí<.ou pela prinv::~íra vez. wrras sul-americanas,
a bomfo de un dos nmfos da csquaé;·a britânica que escoltou <l família
real portuguc:;a em sua viagem ao Brnsil. En1re 1815 e l8 rn. exerrcu a
função de contador do llill'io inglês l-lis l.ktish \fojcsty Hyarírnh, esta·
cíoriado nas rnsta~ flumincmes. Pintou algum quadres mbrc. a naturc-
lil do Rio de ianei;o, pouco conheci<lm no Brasil. Com o ataque pm"
n1guês à Banéa'Oríen'.al, a esqLiadr:i inglesa foi enví<•-da :ic Prata, com

it, C[.zdo 1wr [kntfacio <id Carril, í!p. f!t,, p. '.~8,


3.2:. C:i:::.dn r..nr thni.fado <M Carnl. op:. d .. p. ~7"
!íJ9

13. (r:o alto) E. L Vkfal Vist.J de una Farte C:tEtr.;r;oi t,'ms. lam,l(f.1 Jeideet MMJdcrodd S11Jotile.
i4. (JbaiMl) E, L \'dai, Caaum rJe Cab.11/ci
1s. (·10 alto) L E. Vida!, Eslatôa sow 1:: ilío San Pl:'ãm
16 {abaixo) E E. Vida!. caucMs e'l rz Puerta ée una Pllípe'iit
211

Vkal em 5eu pmto. Em 1ctPmbrn de 1316, dirlgiu·s:; a Bt:cnus Aires. Vi·


dai fa1ia - :0:110 se charmva il épot8 ''vist;n" dé' Buenos Aíres, do~u·
mer1to' pm::iosos para se conhecer a cidade desse perio:Jo (fig. 13). O
gatlrho, o horn2111 dcs pampas, :meressou vir<'mcnte o pintei: que de·
senhou suas \estim2:1L'" típíca1, seus jogos. sem ca1·ak1s. ;ua~ tar0fas no
canpo. (Lg~. 14. 15 e 16). P;ira um ctítco argNitno, o p:ntor e1colh:·1
Buenos :\:res porque a paisagem Gl'J ':11onótom, SC'm ex e a pfanícle
imensa se perdia no horizonte'"'. Segundo o nwi.ino autor. a arqu:te-
t.un d<1 cid~dC' c·ra pobr•:, só !Lc rcsrar;do. a!(•m das 'vis:as" lb cidade,
pintar os h~l;ir;rntes urbanos e rurais. Frn 18 llt o Hyaduh ;olurn à fn.
gla'.•!ffil e. no ano ;.cguíntt>, ,\ckc:·rnan, um dos cditoff:s ingleses de
suas pintur.1s. Em l 82'1. publir<.Ju a>
mais prP'1Í[)i<>, inlcn::srnL·Sc por
liwiracluws Píntcmcas ({~ Hum·:,s Aii?5, rnmpm10 dr· vinte e cínrn ,1q~1a
rcla.1. Sua produção. ainda que tenha ilustrado algum lhros de rngem
L'1.uupcm. ficou c~quecída por muito :empo :10 PrJt/°'.
Ou :ro arri~t a dc·ssi: período é Charles Henr; Pe!lr,grinL franrôs
de origem írnliar1a qu•J chegou ao Prata cm 1828. cor,trnrnclo romo
crn~C'nllciro l:idrüulirn. /\ Arg('ntina atravrssava t;m pc~íodo polít'co
dif1cil, e e> planos de PcllP;;rni não pudffarn se ruilízar. A~sim.
rr«tnsfr:,rmci-sc• cm retratista de enorme rnc~ssc. f;:un!J5m plt:tou ce-
nas de Bé1enos Aires e pímur;1s de g,t':nr.ro. !<'ndo sempre o ~aüdw
corno per.>onagem principal.
Os p:·imeírm artistas !li)cionui~ no século XIX, foram Carlos
More! (l8!3-!89·i) e Ptilidiano :>az Pueyrrer:ón (1823-1370). filho do
herói <la intlcpern!ênci<l Juan Martin de Pueyrrn<lóa. Morcl. quf' co,
lalnrou com Pellcgríni, deixc-11 qua:lros da \ida cotidiana gauchcscn,
publicando em I 844 Usos,r Coswmbrl'S :iel Rio fie /,1 P!ata. Pu(•yrr0r.kin foi
o primeiro argt'nt'no a ir ii Emop~ pra esturfar, Jp:Jiafo pela sóllda

13 (l.A,L'jh P. lr~)t'f<'J'!(•-!:Ga,·~;-1.q, k:11.,,g1<th; -11,:;:ifiá:JA<tNiát~'! lSlOt<>;}v: ..1 ,\h.;ii#&fa ífr!.Jl:l1Jrn 1!rE


[ VN..-.f. f;.-"~11 Vh Air\"~, J<>n:~u.~ [.di!on.•!I, H4l p. !;L
.H Cr,i~i.:iJ,~1. f;;~;;):\,J, q1. à~ .• r~- 74,
111

sitl:açãtl financeira <la família. 1mltou dil Eurnra em l 8·19 e. 110 ano
seguinte, pintou um :amoso rctnn; de Manuclil<1 Hosa~".

Em surna. os pintores de algum rncanltecme11to. :wrn•s dJireis


i1nos pcsrericrns a .nrlependúncia. ci"arn en w1 c.m1;1ga(bfa m;liorla es·
:rangciros que se ddxavam imprns'onar pdo cxóico. Os ternas rnai> co·
muns :bs pinturas a~l;;cionavanne com <1 ví<ia do g<11.'JCho Cena~ da vida
cotidiana estão :m centro dos qu;.dros. eoqu:mto a p;uagt:m, cm gcrnl
o pan:pa. entra ::umo coadjuvanrn. comprn;do o '.undo da pi:1t11ra.

'fa ülti:na ;:utc deste ensaie. torncnos Fi1Cu11rfo vu Cívilizaç<.fo t


R1r/J<iíif, o [amo;:: livro de Domi11go Fauiino Sannic;:;n pubLc.ado
cm 18·:5. no qua: o Jutor também ">tabdt:cc rcL1çül's dircL1s entre na·
;urc~z;• ·~ pol:tira. Como mostramos no cql!ulo amerkF. Sann~cmo
:raca. H'%C 1rnbali10. a biografia ó1 ca\H.L!hn Ein1mb Quirog.1, prc
:cxto para elaborn~ um libelo pclítico cornra o; fcderahst;os, cm gt:raL
e conín Juan 1'.hinucl de Ho~a>. gc1·,;rna(br de l)uenm /\irc5, rn1 par
:icular. A primeira parle contém unw descrição Jo meio g,·ugrafü.:o e
a ~egunda, a bbgrafia de Facundo: a terceira parte trntll de uma pru·
posta polí!íc~ lib2ral a ser aplicada :]('pois da dt'1Tub;1d<1 do ditador. A
mct>ifura mais ~ochc.:ida do tcxlc. no entanto, ccmislc na opo5iç<'ío
entre o u11npo, lugar da barb<írie. ta cidade, Iug;1r da {'Ívil :zaçiíü. Mcs
:1m ª"cidades. onsis de civilização. :icam quase perd:das 110 meio da
·· naturrza sdrnge:n ·que as ccrcc 1· :iprime. Essa idéía é- dc1cmolvida
il cx;.n;Hão durante todo o texto, ;dc,·11 ífic;indo o ga:id10, habitante do
c3mpo. wmo o pxitótípo do bidmo.
Indicamos corno S<Jrnlienm 1e formou lvn:io os ;:iutorns
emange;rns, pa;ticularmente os lm:ccses. Mostramos como sua inter·
?reta•;<'o se 11liccrçava nos relatos cfo vácos ~iiljante> europcm. enltc! os
quais 5e destarn\'J FrarKb Bom! Hmd. EnfaUttm:osas '.írrnlicaJes políticas

)S. Sob;i~v km;~. 'l'.}r P...x.fr~~,OV:lthSrr(t \'ifü1c1!t's, ··~, Paím~e v .~Cwm1nb:·.~l. Jm la :'ímunit lhn~f;,11wri­
Ui!1.J. Anht~s. Vh'.l'IC~ '.- :.'.:1.)•fw1~bri.\J<1>; i\1w.•rk é:fw~ ::e! XIX", un f{~;ri::};<> ·.~u!.iE.~rrr'r \'lúcd~~~ {~ R:m1:)n
Gut mm· iorg\ J. furr.:m. E:t:.uti!lra J frwg1,,f;~ e; ti~10,iffWt iu. }.ti1rn1, [J!J~'i·Y~.'~ C<~h~d; a, l 9~17.
de seu tE'.Xto, num período conturbado de edifbçüo do brado Nacto·
naL trinta anos apenas apôs a indepcndênciJ. C !Mí> possuía uma po·
pulaç.ao pequena (o pnmeíro censo nacíon.:,:. em 1869. aponiava L8
mifüiio habitantes) e unrn economia pobre. qu~ aí!Hfa n5o ha1i<1 ··des·
cober10" a pmdu-;iio rh: trigo e a exportação de carne.
Gos1<1ríamos de· e~plora1~ ai1cda. um aspe(lJ não disnnido nCJ ca-
pitulo anterior. '' questão ~la~ pltFurJs que pn-:.criam ter cirruládo no
µafs mC o período d1l (j\JC S;1r111icn10 escreveu. alimemaodo sua vís;io
sobre os pampas. Entrftanto. como demom'.:·:11nos iUll•:ríorrnente, us
pínl•1re.s que rrabalhar•m no Prata eram eslr:Hw·irns que se encanta·
vam mm o exoticü. Não existe o tom imciorHliHa e eh:- Yem'r<;çào <·111
rcJaçtlo h nntilteJ<;a, <p.H~ bin·k11 no ff:esino pt>riodo, nos E~tadus Uni·
do~. A nat UrL'Za. nos quadros do Prnta 6 despojada. selll )',l;in<limída

de. De toda mane:rn, c;sas pinLn-.1s circularam ES<:assJmente pdo pais


na primeira metade do ».írulo XIX. ,\inda q1w SJrmiento fíz.c!sc rcfo·
rf~ntia 11 Hugcmla~ como pintor rfo f\m6ríca cb Sul. niío sabemos se de
o conlteci;; antes de í'Sm)\'H f;irunrh.
No livro. o p:ímdro grn1l'.lc tu11a (1 " na:urcza, a dcscliçdu da
iml'n~id<lo dos pampas. aiireseut;:da desde o i1i:cio sob o signo da 1w·
gt1tidd11ú•. Há rn5tidào por !oda a parw. ni; 1:lanícícs, nos rins. no:,
bmquPs. "Um llorírnnü~ sempre i1icNtn", q1w se confunde com<' tN·
ra. não permitindo nem mesr::o di>tlngui L• ,;o n:u. fasas silitkks.
continua Surmicnto. fotcm na~ccr uma lme~urança entre os homem
q1w a'.í vivem. prc;;curn<los tornos ataques d:.:s Jnimal> ou do' índim.
'fa! i1m:gurançt "impri11e ac cmiter argentino ~nt3 r!'sign;içào pua a
mort<> víolenla !... J e p;ir:c. lalvcz, explicar etn p.nte. a indil'rrt'nça co;n
que <Lio e recdwm a mor:c"'"
Mas o pifJr, srgun:fo Sarmi,,nto. ú qw' o tl)~a! holmncnto ímpus!O
ao gaúcho condul a mm vida se:n política, a um• rerspcctiva indirodua
lista. que destemboca na bar!J;írb l' no dcspo:.bmJ. Citando "muito; filó
~ofos•. conclui que ;is planícies p~cparam a sucit:(:a:le para o despoti>mo.
214 AM!RiCI\ lAI .U 11<) HCtil·J XIX. JFA\!AS T!I!>\ E HXfOI

As phmicic; enormes(' :Kiuca habitadas que clom::1am a füionomiH ín·


t<:rior d.1 Argentina imprim:'m un;a certa "timura <1si.itica'' ;i vida inte·
ler.tua! do país. Há p1re:itt•\:os entre o:; pampas e as plnn1des do T1gr0
e F11fratt~'· c:ntrn as •rnpils de carretas solit<íri;:s que cruzam os d1~scmn·
pados agentlnos e zs carn;anas de 01111,•los que w dírig<'m a Bagci ou
farrdma. O chefe de uma ou de outrn tem qtw guiar >eu grupo com
müo de forro e nao poú: '"r contt~'t.<ula $Uii nutor'.dade. Dco;s;i forn13,
n~ Orilmte cu na A;gp1Hina. \·omcça a se (•sta'.Jc!ccer por rssas fH'CU·
liarid:ide~ ü predomin.c d:i força bruta, a pn:pcndcr{rncía dn rn;ü; for-

te. a autorid;de sem lintitC'S •) sem re>pcmal!ilidade dus que mandam.


n ju1tça ilCmii:htrnda srrn furm;1.' uu <k•bli\·~··· 1 .

O ga\l(llO sofüârb ;idc;uire h:hítos dP vi1•~r longP da sncíi.•(fodt~ e·


de enfrentar individu:al:nente a natuH·zn. crnilwc><:ido ni:Is priw1;·ú1~s 0
sem cC>ntac tom outros recursos ai&m dl' ma rnpacidadc rwssoal. A
vida do campo dcse1volvc no gaúcho t:s !'ncddadcs l'ísícas. mas não as
lntekctuai<. Ele é fcrk, enérgico, <litivo, n:a> ni\o tcrn ln~truçiio algu·
ma. /1. íncapacidade de ;e organizar cm sccied2de é o mal maio:', que
impede a cntrnd<1 do progresso e da civilizJç:ío, Não havendo rncíccla-
de reunida. "<palquer Lpo de gnvcrno" ó impo1~í\'el e a ff'I publica de-
sapan0>ce. Dos solil áríos parnpas nrgentínm, na~cct: n despotbrno.
Vo!Licdo ás pcssiveis l0ilurns que pod('m ter caus<Jdo fonc im·
Jlf'C\sào em S:irníNlto, -5 prccisQ ie inbr;u- que llwnboki: expôs sem e·
lhantes considerações nu:na rwss~gen1 c111 r; u-:.~ fr1zia 1H1~ã dc-:scdçfio
global da'i regíôes desl'rt:cu tb América do Su!. nek1s i:iclulndo J re-
gifto dos pait'pas. Adolfo Prieto ana!ísa:

E r S.C'_g~1id3:, ú üaj.:m?(' n;Uwbn'dr J cc:;honw a ímageia (C ~oa\ ínu..1r<x·;s flíl.:~\·id~ pdfr>,


\~'<"fK':> dr; Eump;"l. r G.-1 R.1-;..sl.:vdm <:ii ínwgcr,~ d.:< ;tr;ltK1i.t~ (!;_~ ')J...~1 ülfrnn incur~f;; pt:la) ;/.;mi·

dr~('.<.~ VeJ 1l~rw:l.~, p~tfd u ir;fü our ~.1.1 te~c fa:.·or'.1a d.1 :)>:.U t !\ ~ l.t. :.!<ide d;l f.>.:ti'.i<St>lr: :m:l( rfc,'.lrM
A eNucond.a~úe'i tigrt•g;.; uma rcíloâ«J aparemun-L'nLe rn~wJ st1hrea uirc('t1çàn emrn n (:>lb·
tfn~i;;i da~ c~1<"pt:~ ,cn1 n:b(lnho\ t.~ o C\~~potis,rná"',

Teria Sannier:to lido nse texto?

:\s inlc~pretações de: Sarmit·nt•J e Tt1rner JH5sam pelos rnes:no>


temas. ou seja, ~ rn:tureza sdl'<1gern. :1 soHdiio das p!anfr:íes, a> grandes
extr'müc•:; de li~:T;i vazias em que o !:ornem entra <>m contatv com a
nalurc7<'L r>1rp1:111h n nnn0:mwrír.n10 r<'tira d<:ssc- enconrrc a P1pe-
ranç:1 de um futuro rndio;i:.. de um pais cbmonátiro. parn o qu;;l con-
trílmírMn o ind ividualistro enfrgicc e meio bn:ío do pioneiro_ o
argentino <'ntr,nde esse co:nato corno o ?rt1drnor du despotilmo, d:i
au;(~ncia cfa res publica e• dz transfornnção do gaúcl:o em bárl•arn.
Não pretendi aqui ;ipr~sen1ar uma compreensão mnis ampl<: so-
brtt ilS difcrenç;,s de enlendimento, rropostas por Turner e Sarnien-
to. das rdaçôes entre m imlilíduos" a 1nturet.íi. Meu o!;Jjetiv:; foi in-
dkar. mi; Eswdm Uni<fos, .una continui::ladc de- perspeciiv1t1 que >r;
repetiram r:esde o período da indq;endi>ncia 1~ permaneceram por
todo O sérnlo XfX. Quis, fJ:CpOSitad1mente, derH-me nas cornt:'ll\Õt;s
do i rnaginárlo norte anwriono sobre u naturc•za, sem explon1r ;is nu-
!rn.<. importantes relações entre o mundo cbs idd;i1 e o das estruturas
económicas e; sociais. Mas tenho da:N.a de guC> cs.1<. vh:'io rZ.o pmitiva
dm Estfldo> Cn:dos está ligada ao !:ern-stK<~dído a\anço do rnpitafü.
mo, ao e:><traordintirio crbdnwnn Nor:ôrnirn, às fadfid.ufos dr~

esccJrnento das mcrcadoriai, ao tle»:•nn;lvi:1Ko!o da indústri;i, t ilbe1-


tura de pos5ibíl:dades rcai; rk melhoria ik vida para muitos. As i11m-
gNis positivas trabalhadas por tantm ~1utores tradc•iarn a pwspt'!ída-
de nmwrlal do país, anunciando mn futuro ainda mais pmmL~mr e
rirn e. ao mesm0 tempo, apagavam J ferocidade e :is contradições do
processo de e:r9a11são. Na outrn ponta :k1 continente, a Argentírn

:~~- tr .),d,~llc. PtL·r~,, l:•J' Vi.yfroJ ft;p):.>6 ~ fJ fmff/.,'ifa\.r ;k M !i:r"."Wra l·rJ;ptú<i (i82i'Ub::r,y f1Ri.n~ A1·
:;e~. Sud>H;t('filJ!i:t IU9G. p. HJ
1llravess<1va um;-, siruação poiitíca difícL qu~ Sarmie:ni npontava
como a responsihd prlü <!lfaMJ económico rio pai>. Não reconhecia a
existência de "ch:ilzaçãll" no~ pampas, reg:íslrdv<t J pobt eia política e
salientava os aSJKctos negativos da sec:cdade argenHca. Para '.Jut' a
naçlio se organizasse e tivesse futuro, ernrn necessiirí<1s mudam;as rad-
icais que ~ignificariam uma rupturn com o p;issad-J.
Por outro !ado, é 1m~rho salientar que essa; ín:erpret<,çôt:s pe
sam 50brn a sociedade e ~-~llltríbuern para a conllguraçiio (].; uma nulo
inrngem nacionnl mais r:c~i!il'<J ou mai> negatil'J, As soluçôcs polítlcils
de uma sociedade estão ligadas a um espectro de po>sihilídades dada>
por :;Lia histórb; :·:elas C<lhem a~ rpicstôes ni;.tlerí<liL flld5 umb'n' o n~­
per:círío de íd<'ia\, image:is e· simbolm de 1m1<1 sotietfode'''.
1\1

f ONTES DAS !LUSTRAÇÕES

fig 1 /-.fr-n;1 (J11:il:i.: cff ;êsta, lfrscnho de Au,;u)te f-:Jrle, grai,;1.;>a d~ E:faard F'inú•it k GR>J·i:!.M~
.Mm10.1J1';;r.u d~ últM l'.ia,rm ao Brasil. S.5o P.Jub, Cia. Edítor;l N.iciond, l9SE. p 3!.5

fig. t /1id1lr;(~. JtsC Clcrn.~rtc OJ oito, a:h:s<o. 1937. Pahl:lo do :-lm{:rrm, G~Jad;ú~.iara, In:
RC(HHlRi, Dcsn~cmt J.,fa:ic:m Alw~1ii!."s.. Lon<;on~ LlH..t<'!'HC(' Klrg Fuh!iahing, 19')3, p. 142.

fi!! A (};-g.uuwçio drt Afat-'fmtW'1J .4g:;it-;t1, Oic-go R:-rern, -0frocr.:. HJ?C, ::.1rfb :k V1.iry~fsid&t:c
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