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Livro Eletrônico

Aula 02

Direito Empresarial p/ Magistratura Federal 2018 (Curso Regular)

Professor: Paulo Guimarães

12429080729 - Leonardo Cardoso Ferreira Cordeiro


DIREITO EMPRESARIAL Ð MAGISTRATURA FEDERAL (REGULAR)
Teoria e Quest›es
Aula 02 Ð Prof. Paulo Guimar‹es

AULA 02
DIREITO SOCIETçRIO.

Sum‡rio
Sum‡rio .................................................................................................. 1
1 Ð Considera•›es Iniciais .......................................................................... 3
2 Ð Direito Societ‡rio................................................................................. 3
2.1. Conceitos introdut—rios..................................................................... 3
2.1. Sociedades dependentes de autoriza•‹o ............................................. 6
2.2. Sociedade Nacional e Sociedade Estrangeira ....................................... 6
2.3. Sociedade entre c™njuges ................................................................. 7
2.4. Desconsidera•‹o da personalidade jur’dica ......................................... 9
2.5. Sociedade Unipessoal ..................................................................... 10
2.6. A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) .............. 11
2.7. Classifica•‹o das Sociedades Empres‡rias......................................... 13
3.6. Sociedades N‹o Personificadas ........................................................ 16
3.7. Sociedades Personificadas .............................................................. 19
4 Ð Opera•›es Societ‡rias ........................................................................ 29
4.1. Transforma•‹o .............................................................................. 29
4.2. Incorpora•‹o................................................................................. 30
4.3. Fus‹o ........................................................................................... 31
4.4. Cis‹o ........................................................................................... 31
4.5. Outras opera•›es entre sociedades .................................................. 32
5 Ð Dissolu•‹o, Liquida•‹o e Extin•‹o das Sociedades ................................. 38
5.1. Regime de dissolu•‹o total das sociedades contratuais ....................... 38
5.2. Regime de dissolu•‹o parcial das sociedades contratuais .................... 42
5.3. Dissolu•‹o, liquida•‹o e extin•‹o das sociedades por a•›es ................ 46
5.4. Dissolu•‹o parcial nas sociedades por a•›es ..................................... 50
6 Ð Quest›es .......................................................................................... 51
6.1. Quest›es sem Coment‡rios............................................................. 51
6.2. Gabarito ....................................................................................... 57
6.3. Quest›es comentadas .................................................................... 58
5 Ð Resumo da Aula ................................................................................ 72

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6 Ð Jurisprud•ncia Aplic‡vel ..................................................................... 76


7 Ð Considera•›es Finais.......................................................................... 78

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AULA 02 - DIREITO SOCIETçRIO.


1 Ð Considera•›es Iniciais
Ol‡, futuro Magistrado!
Seja bem vindo a mais uma aula de Direito Empresarial com foco na
Magistratura. Hoje come•aremos a estudar as sociedades empres‡rias, um dos
temas mais frequentes e importantes na matŽria de Direito Empresarial. Vamos
compreender as principais teorias a respeito do tema e as modalidades
societ‡rias previstas no ordenamento brasileiro.
Bons estudos!

2 Ð Direito Societ‡rio
2.1. Conceitos introdut—rios
O Direito Societ‡rio nada mais Ž do que o estudo das sociedades, que s‹o
pessoas jur’dicas de direito privado resultantes da uni‹o de pessoas,
constitu’das com a finalidade de explorar uma atividade econ™mica e repartir
lucros entre seus membros. Esse intuito lucrativo Ž o que diferencia as
sociedades das associa•›es, que, por sua vez, tambŽm s‹o pessoas jur’dicas
de direito privado decorrentes da uni‹o de pessoas, mas sem fins econ™micos.
Veja o que dizem os dispositivos do C—digo Civil que tratam dessas duas
modalidades de pessoas jur’dicas.

Art. 53. Constituem-se as associa•›es pela uni‹o de pessoas que se organizem


para fins n‹o econ™micos.

Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a


contribuir, com bens ou servi•os, para o exerc’cio de atividade econ™mica e a
partilha, entre si, dos resultados.

As sociedades, portanto, s‹o formadas para explorar atividade econ™mica,


enquanto as associa•›es s‹o formadas para diversas finalidades, mas sem a
distribui•‹o de lucros entre seus associados.
Feita essa primeira distin•‹o, precisamos aprender ent‹o o que Ž uma
sociedade empres‡ria. O conceito de empres‡rio do art. 966 do C—digo Civil
alcan•a tanto o empres‡rio individual (pessoa f’sica) quanto a possibilidade de a
empresa ser exercida por um grupo de pessoas, que ent‹o far‹o parte de uma
sociedade empres‡ria (pessoa jur’dica). ƒ importante lembrar tambŽm que
existe hoje a nova figura da Empresa Individual de Responsabilidade Limitada
(EIRELEI), prevista no art. 980-A do C—digo Civil.

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Art. 966. Considera-se empres‡rio quem exerce profissionalmente atividade econ™mica


organizada para a produ•‹o ou a circula•‹o de bens ou de servi•os.
Par‡grafo œnico. N‹o se considera empres‡rio quem exerce profiss‹o intelectual, de
natureza cient’fica, liter‡ria ou art’stica, ainda com o concurso de auxiliares ou
colaboradores, salvo se o exerc’cio da profiss‹o constituir elemento de empresa.

Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada ser‡ constitu’da por


uma œnica pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que
n‹o ser‡ inferior a 100 (cem) vezes o maior sal‡rio-m’nimo vigente no Pa’s.

Como a constitui•‹o de uma sociedade empres‡ria traz maiores possibilidades


de atua•‹o, ao menos do ponto de vista mercadol—gico, do que a atividade
desempenhada pelo empres‡rio individual, as sociedades s‹o mais
representativas no que se refere ao volume de neg—cios no pa’s. Isso ocorre
porque a constitui•‹o de uma sociedade empres‡ria possibilita a limita•‹o da
responsabilidade dos s—cios, trazendo maior seguran•a e prote•‹o quanto ao
patrim™nio individual de cada um e, portanto, minimizando o risco empresarial.
Em outras palavras, cada s—cio contribui para a forma•‹o do patrim™nio da
sociedade, que Ž separado do patrim™nio de cada um dos s—cios. Apenas o
patrim™nio da sociedade, portanto, responder‡ pelos resultados da empresa.
Estou mencionando esse arranjo como regra geral, mas a limita•‹o de
responsabilidade dos s—cios depender‡ tambŽm da modalidade social adotada.
Em algumas sociedades, como veremos mais adiante, n‹o h‡ limita•‹o de
responsabilidade, ou, em outras palavras, as obriga•›es sociais podem alcan•ar
o patrim™nio de um ou mais s—cios.
Pois bem, segundo o art. 966 do C—digo Civil, a atividade empresarial envolve a
organiza•‹o dos fatores de produ•‹o para o exerc’cio de atividade econ™mica
voltada para a produ•‹o ou circula•‹o de bens ou de servi•os. Voc• tambŽm j‡
sabe que h‡ pessoas f’sicas que exercem atividade econ™mica, mas que, por
n‹o estarem presentes os fatores de produ•‹o organizados, n‹o s‹o
considerados empres‡rios: Ž o caso dos profissionais intelectuais mencionados
pelo par‡grafo œnico do art. 966.
Nem toda atividade econ™mica configura atividade empresarial, j‡ que nesta Ž
imprescind’vel o elemento da organiza•‹o dos fatores de produ•‹o. Seguindo
essa mesma l—gica, conclu’mos que nem todas as sociedades podem ser
consideradas empres‡rias. Basicamente, portanto, temos dois tipos de
sociedades: as sociedades simples e as sociedades empres‡rias.

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Atividade
Sociedade Ex: Sociedade
econômica não
Simples Uniprofissional
empresarial
SOCIEDADES
Sociedade Atividade
Empresária Empresarial

O C—digo Civil define, em seu art. 982, qual o objeto da sociedade empres‡ria e
da sociedade simples.

Art. 982. Salvo as exce•›es expressas, considera-se empres‡ria a sociedade que tem por
objeto o exerc’cio de atividade pr—pria de empres‡rio sujeito a registro (art. 967); e,
simples, as demais.

Em regra, o que define uma sociedade como empres‡ria


ou simples Ž o seu objeto social: se este for explorado
com empresarialidade (profissionalismo e organiza•‹o
dos fatores de produ•‹o), a sociedade ser‡ empres‡ria; se ausente a
empresarialidade, teremos uma sociedade simples.

Mesmo essa regra, porŽm, conta com exce•›es, j‡ que o par‡grafo œnico do
art. 982 determina que, independentemente do objeto social, a sociedade por
a•›es sempre ser‡ empres‡ria, e a cooperativa sempre ser‡ uma sociedade
simples.
Um exemplo de sociedade simples s‹o as chamas sociedades
uniprofissionais, formadas por profissionais intelectuais cujo objeto social Ž a
explora•‹o da respectiva profiss‹o intelectual dos seus s—cios. Nelas, em geral,
n‹o est‡ presente o requisito da organiza•‹o dos fatores de produ•‹o, da
mesma forma que ocorre com os profissionais intelectuais que exercem
individualmente suas atividades.
Lembre-se ainda, porŽm, que, nos termos do par‡grafo œnico do art. 966, caso
o exerc’cio da profiss‹o intelectual dos s—cios da sociedade uniprofissional
constitua elemento de empresa, ou seja, nos casos em que as sociedades
uniprofissionais explorarem seu objeto social com empresarialidade
(organiza•‹o dos fatores de produ•‹o), estas ser‹o consideradas sociedades
empres‡rias.
Podemos dizer, de forma resumida, que a diferen•a entre as sociedades simples
e as sociedades empres‡rias n‹o est‡ no simples fato de uma possuir finalidade
lucrativa e outra n‹o, atŽ porque as sociedades simples em geral t•m fins
lucrativos. A distin•‹o deve ser feita em fun•‹o do objeto social: a sociedade
empres‡ria tem por objeto o exerc’cio de empresa (atividade econ™mica

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organizada de presta•‹o ou circula•‹o de bens ou servi•os), enquanto a


sociedade simples tem por objeto o exerc’cio de atividade econ™mica n‹o
empresarial.

2.1. Sociedades dependentes de autoriza•‹o


A Constitui•‹o de 1988 consagrou o regime capitalista de mercado,
estabelecendo especificamente os princ’pios da livre iniciativa e da livre
concorr•ncia (art. 170). Por outro lado, existem algumas atividades cujo
exerc’cio Ž de interesse pœblico, e por isso dependem de autoriza•‹o e est‹o
submetidas a fiscaliza•‹o governamental.

Art. 1.123. A sociedade que dependa de autoriza•‹o do Poder Executivo para funcionar
reger-se-‡ por este t’tulo, sem preju’zo do disposto em lei especial.
Par‡grafo œnico. A compet•ncia para a autoriza•‹o ser‡ sempre do Poder Executivo
federal.

Essas s‹o as chamadas atividades reguladas, que, em geral, submetem-se a


estruturas regulat—rias centrais que comp›em o Poder Executivo federal, como
as ag•ncias reguladoras (que regula as atividades relacionadas a energia
elŽtrica, petr—leo, telecomunica•›es, transportes, etc.), o Banco Central do
Brasil (que regula as institui•›es financeiras), a Superintend•ncia de Seguros
Privados (que regula as seguradoras), a Superintend•ncia de Previd•ncia
Complementar (que regula os fundos de pens‹o) e a Comiss‹o de Valores
Mobili‡rios (que regula as sociedades de capital aberto), etc.
Como regra geral, a sociedade que depende de autoriza•‹o tem o prazo de 12
meses para entrar em funcionamento, contados da publica•‹o da lei ou do ato
administrativo autorizador, salvo se nesses for estipulado prazo diferente (art.
1.124). Uma vez concedida a autoriza•‹o, nada impede que a mesma venha a
ser cassada pelo poder concedente. Isso ocorrer‡ se a sociedade Òinfringir
disposi•‹o de ordem pœblica ou praticar atos contr‡rios aos fins declarados no
seu estatutoÓ (art. 1.125).

2.2. Sociedade Nacional e Sociedade Estrangeira


Ao contr‡rio do que se poderia imaginar, o critŽrio para defini•‹o da
nacionalidade de uma sociedade n‹o Ž o da nacionalidade de seus s—cios, nem
da origem de seu capital social. O tema Ž objeto do art. 1.126 do C—digo Civil.

Art. 1.126. ƒ nacional a sociedade organizada de conformidade com a lei brasileira e que
tenha no Pa’s a sede de sua administra•‹o.
Par‡grafo œnico. Quando a lei exigir que todos ou alguns s—cios sejam brasileiros, as
a•›es da sociedade an™nima revestir‹o, no sil•ncio da lei, a forma nominativa. Qualquer

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que seja o tipo da sociedade, na sua sede ficar‡ arquivada c—pia aut•ntica do documento
comprobat—rio da nacionalidade dos s—cios.

Se a sociedade foi organizada no Brasil, segundo a lei brasileira, e tem sede no


pa’s, portanto, ser‡ considerada uma sociedade nacional. Por outro lado, se a
sociedade n‹o atende a esses requisitos, ser‡ considerada estrangeira, e por
isso necessitar‡ de autoriza•‹o governamental para entrar em funcionamento
no Pa’s. Importante lembrar, porŽm, que nada impede que essa sociedade
estrangeira seja acionista de sociedade an™nima (art. 1.134 do C—digo Civil).

A sociedade organizada no Brasil, segundo a lei brasileira,


com sede no pa’s, ser‡ considerada uma sociedade
nacional, independentemente da nacionalidade dos
seus s—cios.

Uma vez autorizada, a sociedade estrangeira deve providenciar seu registro na


Junta Comercial do local onde pretenda desenvolver suas atividades (art.
1.136), e a partir de ent‹o estar‡ submetida ˆs leis e ˆ jurisdi•‹o brasileiras, no
que tange aos atos e opera•›es praticados no territ—rio nacional.
A sociedade estrangeira dever‡ funcionar com seu nome original, podendo
acrescentar as palavras Òdo BrasilÓ ou Òpara o BrasilÓ (art. 1.137, par‡grafo
œnico). AlŽm disso, a sociedade dever‡ ter representa•‹o permanente no pa’s,
com poderes para resolver quaisquer quest›es e receber cita•‹o judicial em
nome da sociedade (art. 1.138).
Por fim, vale mencionar que a sociedade estrangeira autorizada a funcionar no
Brasil poder‡ obter autoriza•‹o do Poder Executivo para nacionalizar-se,
transferindo sua sede para o territ—rio nacional (art. 1.141).

2.3. Sociedade entre c™njuges


O C—digo Civil de 2002 solucionou um antigo problema do Direito Empresarial,
que dizia respeito ˆ possibilidade de contrata•‹o de sociedade entre c™njuges, e
as rela•›es que decorreriam desse contrato social e suas implica•›es em
rela•‹o ao regime de bens adotado no casamento.

Art. 977. Faculta-se aos c™njuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde
que n‹o tenham casado no regime da comunh‹o universal de bens, ou no da separa•‹o
obrigat—ria.

A contrata•‹o de sociedade entre c™njuges, portanto, Ž poss’vel, a n‹o ser que


o regime de bens do casamento seja o de comunh‹o universal de bens ou de
separa•‹o obrigat—ria. Segundo o STJ, essa regra vale tanto para sociedades

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empres‡rias quanto para sociedades simples. Veja o que decidiu o Tribunal no


julgamento do REsp 1.058.165/RS.

DIREITO EMPRESARIAL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. VIOLA‚ÌO


AO ART. 535 DO CPC. FUNDAMENTA‚ÌO DEFICIENTE. OFENSA AO ART. 5¼ DA
LICC. AUSæNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. VIOLA‚ÌO AOS ARTS. 421 E 977 DO
CC/02. IMPOSSIBILIDADE DE CONTRATA‚ÌO DE SOCIEDADE ENTRE CïNJUGES
CASADOS NO REGIME DE COMUNHÌO UNIVERSAL OU SEPARA‚ÌO
OBRIGATîRIA. VEDA‚ÌO LEGAL QUE SE APLICA TANTO ËS SOCIEDADES
EMPRESçRIAS QUANTO ËS SIMPLES.
- N‹o se conhece do recurso especial na parte em que se encontra deficientemente
fundamentado. Sœmula 284/STF.
- Invi‡vel a aprecia•‹o do recurso especial quando ausente o prequestionamento do
dispositivo legal tido como violado. Sœmula 211/STJ.
- A liberdade de contratar a que se refere o art. 421 do CC/02 somente pode ser exercida
legitimamente se n‹o implicar a viola•‹o das balizas impostas pelo pr—prio texto legal.
- O art. 977 do CC/02 inovou no ordenamento jur’dico p‡trio ao permitir expressamente a
constitui•‹o de sociedades entre c™njuges, ressalvando essa possibilidade apenas quando
eles forem casados no regime da comunh‹o universal de bens ou no da separa•‹o
obrigat—ria.
- As restri•›es previstas no art. 977 do CC/02 impossibilitam que os c™njuges casados sob
os regimes de bens ali previstos contratem entre si tanto sociedades empres‡rias quanto
sociedades simples.
Negado provimento ao recurso especial.
REsp 1.058.165/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3a Turma, j. 14.04.2009, DJe 21.08.2009

ƒ poss’vel que c™njuges contratem sociedade, entre si


ou com terceiros, desde que n‹o tenham casado no
regime da comunh‹o universal de bens, ou no da
separa•‹o obrigat—ria.

O dispositivo do C—digo Civil sofre cr’ticas da doutrina, uma vez que muitos
autores consideram que, em homenagem ao princ’pio da livre iniciativa, n‹o
deveria haver qualquer restri•‹o ˆ constitui•‹o de sociedade entre c™njuges.
A inten•‹o do legislador foi dar alguma prote•‹o ao regime de bens do
casamento, evitando a impossibilidade de individualiza•‹o da contribui•‹o social
de cada c™njuge, no caso da comunh‹o universal, e evitando que, no caso da
separa•‹o obrigat—ria, n‹o se possa, por meio da constitui•‹o da sociedade,
unir o que a pr—pria lei determinou que fosse separado. Por outro lado, as
cr’ticas encontram algum fundamento, principalmente porque, mesmo na
comunh‹o universal, h‡ bens cuja propriedade n‹o se comunica, e, mesmo na
separa•‹o obrigat—ria, h‡ a possibilidade de aquisi•‹o de bens em condom’nio.
Deve-se ainda mencionar que o art. 977 apenas pro’be a constitui•‹o de
sociedade, nesses termos, com os dois c™njuges como s—cios, sendo
perfeitamente poss’vel e juridicamente aceit‡vel, diante de nosso ordenamento,

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que um dos c™njuges contrate sociedade com terceiro, independentemente do


regime de bens adotado no casamento.

2.4. Desconsidera•‹o da personalidade jur’dica


Para que uma sociedade empres‡ria seja formalizada, seus atos constitutivos
devem ser arquivados no Registro Pœblico de Empresas Mercantis. A partir da’ a
sociedade adquire personalidade jur’dica, respondendo pelas obriga•›es sociais
com seu pr—prio patrim™nio.
Por outro lado, esse princ’pio n‹o pode ser um dogma. A personalidade jur’dica
da sociedade, separada da dos seus s—cios, serve para incentivar a dar
seguran•a ˆ atividade empresarial, mas seu mau uso pode levar a sociedade a
ser, momentaneamente, tratada como sociedade n‹o personificada.
Chamamos esse fen™meno de desconsidera•‹o da pessoa jur’dica, e essa
circunst‰ncia excepcional ocorrer‡ quando a autonomia patrimonial da
sociedade estiver servindo para acobertar pr‡ticas fraudulentas dos s—cios. A
possibilidade est‡ prevista no art. 50 do C—digo Civil.

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jur’dica, caracterizado pelo desvio de


finalidade, ou pela confus‹o patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou
do MinistŽrio Pœblico quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e
determinadas rela•›es de obriga•›es sejam estendidos aos bens particulares dos
administradores ou s—cios da pessoa jur’dica.

Uma vez caracterizado o uso indevido da personalidade jur’dica, o juiz pode


decidir, a requerimento da parte ou do MinistŽrio Pœblico, que os efeitos de
certas e determinadas rela•›es de obriga•›es sejam estendidos aos bens
particulares dos administradores ou s—cios da pessoa jur’dica.
Em matŽria de Direito do Consumidor, a desconsidera•‹o da personalidade
jur’dica j‡ est‡ expressa em dispositivos legais desde 1990, podendo ser
adotada pelo juiz quando, Òem detrimento do consumidor, houver abuso de
direito, excesso de poder, infra•‹o da Lei, fato ou ato il’cito ou viola•‹o dos
estatutos ou contrato socialÓ, nos termos do art. 28 do C—digo de Defesa do
Consumidor (Lei n. 8.078/1990).
De outro lado temos ainda a Lei de Improbidade Administrativa (Lei n.
8.429/2992), que determina a interdi•‹o para contratar com o Poder Pœblico de
empresa que tenha como acionista majorit‡rio autor de ato de improbidade.
Dessa forma, desconsidera-se a personalidade jur’dica da sociedade empres‡ria
porque estra poderia servir de instrumento para burlar o impedimento de
contratar aplicado ˆquele s—cio que praticou ato de improbidade.
O Novo C—digo de Processo Civil trata do incidente de desconsidera•‹o da
personalidade jur’dica nos arts. 133 a 137.

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Art. 133. O incidente de desconsidera•‹o da personalidade jur’dica ser‡ instaurado a


pedido da parte ou do MinistŽrio Pœblico, quando lhe couber intervir no processo.

O incidente pode ser instaurado em qualquer fase do processo de


conhecimento, no cumprimento se senten•a e na execu•‹o fundada em t’tulo
executivo extrajudicial, mas n‹o ser‡ necess‡ria a sua instaura•‹o quando a
desconsidera•‹o for requerida na peti•‹o inicial.
Uma vez instaurado o incidente, o s—cio ou a pessoa jur’dica ser‡ citado para
manifestar-se e requerer as provas cab’veis no prazo de 15 dias. Ocorrer‡
ent‹o a fase de instru•‹o, ao final da qual o incidente ser‡ resolvido por decis‹o
interlocut—ria. Se a decis‹o for proferida pelo relator, Ž cab’vel o agravo
interno.
Se o pedido de desconsidera•‹o for acolhido, a aliena•‹o ou a onera•‹o de bens
ocorrida em fraude de execu•‹o ser‡ considerada ineficaz em rela•‹o ao
requerente.
Vale mencionar ainda a chamada desconsidera•‹o inversa da
personalidade jur’dica, que se refere ˆ situa•‹o em que o patrim™nio da
sociedade Ž atingido para satisfazer obriga•›es assumidas pessoalmente pelo
s—cio.

2.5. Sociedade Unipessoal


A possibilidade de constitui•‹o de sociedade unipessoal j‡ Ž antiga no Direito
Empresarial. Basicamente estamos falando da possibilidade de ser constitu’da
uma sociedade composta por um s—cio, apenas. No nosso ordenamento
jur’dico, a pluralidade de s—cios Ž pressuposto de exist•ncia da sociedade, nos
termos do art. 981 do C—digo Civil. Vamos relembrar a reda•‹o do dispositivo.

Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a


contribuir, com bens ou servi•os, para o exerc’cio de atividade econ™mica e a partilha,
entre si, dos resultados.

No Brasil, portanto, n‹o existe, como regra, a figura da sociedade unipessoal.


H‡, porŽm, um caso bastante espec’fico em que esse arranjo societ‡rio Ž
admitido: Ž o caso da subsidi‡ria integral, espŽcie de sociedade an™nima que
tem como œnico s—cio uma sociedade brasileira. Essa possibilidade encontra
respaldo no art. 251, ¤2o, da Lei n. 6.404/1976, conhecida como Lei das
Sociedades por A•›es.

Art. 251. A companhia pode ser constitu’da, mediante escritura pœblica, tendo como
œnico acionista sociedade brasileira.
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¤ 2¼ A companhia pode ser convertida em subsidi‡ria integral mediante aquisi•‹o, por


sociedade brasileira, de todas as suas a•›es, ou nos termos do artigo 252.

Alguns doutrinadores apontam ainda o caso da empresa pœblica unipessoal, em


que toda a participa•‹o societ‡ria Ž titularizada por uma œnica pessoa jur’dica
de direito pœblico.
A inexist•ncia de previs‹o da sociedade unipessoal Ž objeto de diversas cr’ticas
doutrin‡rias. Muitos autores apontam a cria•‹o do instituto como um imperativo
mercadol—gico, outros dizem que diversos ordenamentos admitem a limita•‹o
patrimonial de um œnico s—cio.
Essa impossibilidade levou ˆ populariza•‹o, no Brasil, de um modelo social
Òfict’cioÓ, em que 99% das cotas de uma sociedade limitada pertencem a uma
pessoa, enquanto 1% pertence ao outro s—cio, que na pr‡tica apenas
ÒemprestaÓ seu nome para possibilitar a limita•‹o de responsabilidade, e a
consequente limita•‹o do risco empresarial do verdadeiro titular da empresa.
Tal realidade vem mudando desde a cria•‹o da Empresa Individual de
Responsabilidade Limitada (EIRELI), inclu’da no C—digo Civil em 2011 por meio
do art. 980-A.

Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada ser‡ constitu’da por


uma œnica pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que
n‹o ser‡ inferior a 100 (cem) vezes o maior sal‡rio-m’nimo vigente no Pa’s.

2.6. A Empresa Individual de Responsabilidade


Limitada (EIRELI)
A Lei n. 12.441/2011 criou no Direito Empresarial brasileiro a figura da Empresa
Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI), que introduziu a limita•‹o
patrimonial por meio da afeta•‹o do patrim™nio de uma œnica pessoal,
compondo uma nova entidade, com personalidade pr—pria.
Parte relevante da doutrina critica a nomenclatura adotada, j‡ que a figura
criada pela referida lei n‹o Ž a do empres‡rio individual de responsabilidade
limitada, e nem a sociedade limitada unipessoal. Em qualquer caso, o objetivo Ž
o mesmo: permitir que um empreendedor, atuando sozinho, exer•a atividade
empresarial limitando sua responsabilidade ao capital investido no
empreendimento, e, apesar da estranheza do ponto de vista tŽcnico, a nova lei
consegue atingir esse objetivo.
A Lei n. 12.441/2011 incluiu no C—digo Civil o art. 980-A.

Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada ser‡ constitu’da por uma
œnica pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que n‹o
ser‡ inferior a 100 (cem) vezes o maior sal‡rio-m’nimo vigente no Pa’s.

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¤ 1¼ O nome empresarial dever‡ ser formado pela inclus‹o da express‹o "EIRELI" ap—s a
firma ou a denomina•‹o social da empresa individual de responsabilidade limitada.
¤ 2¼ A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada
somente poder‡ figurar em uma œnica empresa dessa modalidade.
¤ 3¼ A empresa individual de responsabilidade limitada tambŽm poder‡ resultar da
concentra•‹o das quotas de outra modalidade societ‡ria num œnico s—cio,
independentemente das raz›es que motivaram tal concentra•‹o.
¤ 4¼ (VETADO).
¤ 5¼ Poder‡ ser atribu’da ˆ empresa individual de responsabilidade limitada constitu’da
para a presta•‹o de servi•os de qualquer natureza a remunera•‹o decorrente da cess‹o
de direitos patrimoniais de autor ou de imagem, nome, marca ou voz de que seja detentor
o titular da pessoa jur’dica, vinculados ˆ atividade profissional.
¤ 6¼ Aplicam-se ˆ empresa individual de responsabilidade limitada, no que couber, as
regras previstas para as sociedades limitadas.

Uma das mais pol•micas regras sobre a EIRELI est‡ relacionada ˆ exig•ncia de
capital m’nimo superior a 100 vezes o valor do sal‡rio m’nimo para sua
constitui•‹o.
No ordenamento jur’dico brasileiro n‹o existe qualquer outra exig•ncia de
capital m’nimo para a constitui•‹o de sociedades empres‡rias, raz‹o pela qual
foi ajuizada a ADI 4.637 perante o Supremo Tribunal Federal, pelo Partido
Popular Socialista (PPS), contra a parte final do caput do art. 980-A. A principal
alega•‹o est‡ relacionada ˆ impossibilidade de ado•‹o do sal‡rio m’nimo como
indexador do capital m’nimo necess‡rio para abertura da EIRELI. AlŽm disso, o
dispositivo esbarraria na veda•‹o de vincula•‹o do sal‡rio m’nimo para
qualquer fim, prevista no inciso IV do art. 7o da Constitui•‹o de 1988.

De acordo com o art. 980-A do C—digo Civil, para a


constitui•‹o de EIRELI Ž necess‡rio capital m’nimo
correspondente a 100 vezes o maior sal‡rio-m’nimo vigente
no Pa’s.

O que os doutrinadores classificam como um outro equ’voco do legislador foi,


na cria•‹o da EIRELI, defini-la como uma nova modalidade de pessoa
jur’dica de Direito Privado, inserindo um novo inciso no art. 44 do C—digo Civil,
quando, em vez da EIRELI, poderia ter sido criada facilmente a figura do
empres‡rio individual de responsabilidade limitada ou da sociedade limitada
unipessoal.
Quanto ao nome empresarial, a EIRELI pode adotar tanto firma quanto
denomina•‹o.
H‡ ainda cr’ticas em rela•‹o ao veto presidencial do ¤4o do art. 980-A, que
previa que Òsomente o patrim™nio social da empresa responder‡ pelas d’vidas
da empresa individual de responsabilidade limitada, n‹o se confundindo em

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qualquer situa•‹o com o patrim™nio da pessoa natural que a constitui, descrito


em sua declara•‹o anual de bens entregue ao —rg‹o competenteÓ.
O dispositivo era justamente o que assegurava a limita•‹o de responsabilidade
de quem constitui uma EIRELI, com a afeta•‹o de determinados bens e d’vidas
ˆ entidade, que deve contar com patrim™nio pr—prio, separado do patrim™nio
pessoal de seu titular.
A justificativa para o veto foi a ado•‹o da express‹o Òem qualquer situa•‹oÓ,
que, ao menos em tese, mitigaria a possibilidade de aplica•‹o do instituto da
desconsidera•‹o da personalidade jur’dica, previsto no art. 50 do C—digo Civil.
Mesmo com o veto, porŽm, devemos entender que, uma vez que a EIRELI
conta com personalidade, que haja tambŽm patrim™nio pr—prio, diferente do
patrim™nio de seu titular. Isso se pode extrair tambŽm do ¤6o do art. 980-A,
que prev• a aplica•‹o ˆ EIRELI das normas previstas para as sociedades
limitadas.
Outra pol•mica gira em torno da possibilidade de uma EIRELI ser titularizada
por pessoa jur’dica. N‹o h‡ na reda•‹o do art. 980 nenhum dispositivo que
exija que o titular da EIRELI seja pessoa natural, mas, ainda assim, o
entendimento da maior parte da doutrina, bem como das Juntas Comerciais
tem tradicionalmente sido no sentido da impossibilidade da constitui•‹o de
EIRELI que tenha como titular pessoa jur’dica. Por outro lado, o DREI
recentemente modificou seu entendimento, com a publica•‹o da Instru•‹o
Normativa n. 381/2017, e agora entende que Ž poss’vel a constitui•‹o de
EIRELI tendo como titular pessoa jur’dica.
Por fim, menciono a regra do ¤2o do art. 980-A, em raz‹o da qual a pessoa
natural que constitui EIRELI s— poder‡ ser titular de uma empresa nessa
modalidade. Muitos doutrinadores t•m sido cr’ticos ˆ tal proibi•‹o, sob o
argumento que est‡ sendo imposta desnecess‡ria limita•‹o ao princ’pio da livre
iniciativa.

2.7. Classifica•‹o das Sociedades Empres‡rias


O C—digo Civil prev• alguns tipos de sociedades. Quanto ˆs sociedades
empres‡rias o legislador foi mais organizado, trazendo dispositivos espec’ficos
aplic‡veis a cada um dos tipos. Por outro lado, em rela•‹o ˆs sociedades
simples as informa•›es s‹o mais esparsas e pouco organizadas, mas reproduzo
aqui a tipologia usualmente adotada pela Doutrina.

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Sociedades Empres‡rias Sociedades Simples

Sociedade em Nome
Sociedade Simples Pura
Coletivo

Sociedade em Comandita Sociedade em Nome


Simples Coletivo

Sociedade em Comandita
Sociedade Limitada
Simples

Sociedade An™nima Sociedade Limitada

Sociedade em Comandita
por A•›es

AlŽm dos tipos trazidos pelo C—digo Civil, h‡ basicamente tr•s classifica•›es
importantes para as sociedades empres‡rias. A primeira leva em conta a
responsabilidade dos s—cios. Segundo esse critŽrio, as sociedades podem
ser de responsabilidade ilimitada (por exemplo, a sociedade em nome
coletivo), de responsabilidade limitada (por exemplo, a sociedade an™nima e
a sociedade limitada), ou mistas (por exemplo, a sociedade em comandita
simples e a sociedade em comandita por a•›es).
Nas sociedades de responsabilidade limitada, todos os s—cios respondem
limitadamente pelas obriga•›es sociais, ou seja, seu patrim™nio pessoal, ao
menos em princ’pio, n‹o pode ser executado para satisfazer d’vidas contra’das
pela sociedade. Nas sociedades de responsabilidade ilimitada, por sua vez, os
s—cios respondem ilimitadamente, ou seja, esgotado o patrim™nio da sociedade,
os credores poder‹o executar todo o restante da d’vida social sobre o
patrim™nio dos s—cios, sem limite. Nas sociedades mistas quanto ˆ
responsabilidade, teremos s—cios com responsabilidade limitada e s—cios com
responsabilidade ilimitada.

Outro critŽrio que nos permite classificar as sociedades Ž o seu regime de


constitui•‹o e dissolu•‹o. As sociedades podem ser contratuais, a exemplo
da sociedade limitada, que s‹o constitu’das por meio de um contato social e
dissolvida segundo as regras do C—digo Civil; ou institucionais, a exemplo da
sociedade an™nima, que s‹o constitu’das por um ato institucional ou estatut‡rio
e dissolvidas segundo as regras previstas no Lei n. 6.404/1976.
Os doutrinadores costumam dizer que a autonomia da vontade dos s—cios Ž
maior nas sociedades contratuais do que nas institucionais, pois naquelas eles
podem pactuar suas rela•›es sociais como bem entenderem, enquanto nestas

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temos as rela•›es sendo reguladas pelos estatutos, que n‹o cuidam dos
interesses particulares dos s—cios, mas sim da sociedade em geral.

Por œltimo, quanto ˆ composi•‹o, as sociedades podem ser de pessoas


(sociedades intuitu personae) ou de capital (sociedades intuitu pecuniae).
Nas sociedades de pessoas temos uma import‰ncia muito grande da figura
pessoal do s—cio. Nesses casos a entrada de uma pessoa estranha no quadro
social pode afetar seriamente o destino da empresa. Por outro lado, nas
sociedades de capital o que importa Ž a contribui•‹o que o s—cio d‡ ao capital
social.
Havia um entendimento doutrin‡rio, hoje j‡ superado, no sentido de que as
sociedades limitadas seriam sempre de pessoas, enquanto as sociedades
an™nimas seriam sempre de capital. Isso poderia fazer algum sentido no
passado, mas hoje n‹o mais. No Brasil, por exemplo, Ž muito comum que
sociedades an™nimas adotem essa fei•‹o personalista, tanto por meio de regras
estatut‡rias quanto por meio de acordos de acionistas.
Esse entendimento inclusive j‡ Ž corroborado pela jurisprud•ncia do STJ,
segundo a qual devem-se analisar os aspectos estatut‡rios e contratuais para
aferir e a sociedade an™nima fechada ostenta fei•‹o capitalista (v’nculo intuitu
pecniae) ou fei•‹o personalista (v’nculo intuitu personae). Da mesma forma,
deve-se analisar atentamente o contrato social da sociedade limitada para aferir
se ostenta fei•‹o capitalista (v’nculo intuitu pecniae) ou fei•‹o personalista
(v’nculo intuitu personae).

Atualmente n‹o se pode afirmar que toda sociedade


limitada Ž uma sociedade de pessoas, e nem que
toda sociedade an™nima Ž uma sociedade de capital.

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Ilimitada - Sociedade em nome coletivo

Quanto ˆ
- Sociedade An™nima
responsabilidade Limitada
- Sociedade Limitada
dos s—cios

- Sociedade em comandita simples


Mista - Sociedade em comandita por
a•›es

- Sociedade em nome coletivo


Contratuais - Sociedade em comandita simples
- Sociedade limitada
Quanto ao regime
CLASSIFICA‚ÌO de constitui•‹o e
DAS SOCIEDADES dissolu•‹o
- Sociedade an™nima
Institucionais - Sociedade em comandita por
a•›es

- Sociedade em nome coletivo


- Sociedade em comandita simples
(quanto ao s—cio comanditado)
De pessoas
- Sociedade limitada (salvo previs‹o
em sentido contr‡rio no contrato
social)
Quanto ˆ
composi•‹o
- Sociedade em comandita simples
(quanto ao s—cio comandit‡rio)
De capital - Socidade an™nima
- Sociedade em comandita por
a•›es

3.6. Sociedades N‹o Personificadas


Entre as sociedades das quais trata o C—digo Civil, temos as personificadas e as
n‹o personificadas. Come•aremos a estudar essas œltimas agora, mas desde j‡
Ž importante deixar claro que a constitui•‹o de uma sociedade pressup›e a
exist•ncia de personalidade jur’dica, e por isso a tipologia parece contradit—ria.
Na realidade, quando trata de sociedades n‹o personificadas, o legislador est‡
disciplinando as rela•›es jur’dicas no ‰mbito das sociedades de fato, ou
irregulares, dando a elas algum grau de seguran•a.

3.6.1. Sociedade em Comum


Esta Ž a sociedade ˆ qual normalmente nos referimos quando falamos em
sociedade irregular, ou sociedade de fato. Segundo o art. 986 do C—digo Civil, Ž
a sociedade que ainda n‹o teve seus atos constitutivos inscritos no registro
pœblico.

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Art. 986. Enquanto n‹o inscritos os atos constitutivos, reger-se-‡ a sociedade, exceto por
a•›es em organiza•‹o, pelo disposto neste Cap’tulo, observadas, subsidiariamente e no
que com ele forem compat’veis, as normas da sociedade simples.

Vale lembrar que a doutrina sempre fez distin•‹o entre a sociedade de fato e
a sociedade irregular. A sociedade de fato seria aquela que n‹o possui
instrumento escrito de constitui•‹o, ou seja, n‹o possui um contrato social
escrito. Por outro lado, sociedade irregular Ž aquela que possui um contrato
escrito, mas que n‹o est‡ registrado na Junta Comercial, e da’ sua
irregularidade. O entendimento que prevalece hoje Ž no sentido de que a
sociedade em comum disciplinada pelo atual C—digo Civil nada mais Ž do que
uma nova express‹o trazida pelo legislador para se referir ˆs sociedades de fato
e ˆs sociedades irregulares.
Outra parte da doutrina, porŽm, entende que as normas que estamos
estudando n‹o se aplicam ˆs sociedades irregulares e de fato, mas sim ˆs
sociedades contratuais que est‹o em constitui•‹o, desde a sua forma•‹o de
fato atŽ o registro de seus atos constitutivos. Da’ a distin•‹o feita pelo
legislador em rela•‹o ˆs sociedades por a•›es, cuja forma•‹o Ž detalhadamente
disciplinada pela Lei n. 6.404/1976.
Entretanto, nada impediria a aplica•‹o dessas mesmas normas a essas suas
situa•›es (sociedades irregularidades e de fato), ainda que por analogia.
Como a sociedade de comum n‹o tem personalidade jur’dica, tanto que o
pr—prio C—digo Civil a chama de sociedade despersonificada, os s—cios seriam
obrigados ilimitada e diretamente pelas obriga•›es sociais. O C—digo Civil, por
outro lado, adotou uma solu•‹o um pouco diferente em seu art. 990.

Art. 990. Todos os s—cios respondem solid‡ria e ilimitadamente pelas obriga•›es sociais,
exclu’do do benef’cio de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela
sociedade.

Em primeiro lugar, o C—digo Civil estabelece a responsabilidade subsidi‡ria dos


s—cios da sociedade em comum. Isso significa que em primeiro lugar responde
pelas obriga•›es sociais o patrim™nio da pr—pria sociedade, e, se n‹o for
poss’vel satisfazer as obriga•›es, o patrim™nio dos s—cios pode ser atingido. O
s—cio que contatou, porŽm, tem responsabilidade direta, ficando exclu’do desse
benef’cio.
Na realidade o dispositivo n‹o tem l—gica alguma, pois a sociedade em comum,
a rigor, n‹o tem personalidade jur’dica, sendo muito dif’cil inclusive a
identifica•‹o de seu patrim™nio. A tentativa de resolver essa quest‹o est‡ no
art. 988 do C—digo Civil, por meio do qual Ž criado um verdadeiro patrim™nio de
afeta•‹o, chamado pelo legislador de Òpatrim™nio especialÓ.

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Art. 988. Os bens e d’vidas sociais constituem patrim™nio especial, do qual os s—cios s‹o
titulares em comum.

Vale mencionar ainda a preocupa•‹o espec’fica do C—digo Civil em rela•‹o ˆ


prova de exist•ncia dessas sociedades. Nesse sentido precisamos conhecer o
art. 987.

Art. 987. Os s—cios, nas rela•›es entre si ou com terceiros, somente por escrito podem
provar a exist•ncia da sociedade, mas os terceiros podem prov‡-la de qualquer modo.

A regula•‹o da quest‹o da prova de exist•ncia da sociedade Ž importante para


a an‡lise de controvŽrsias judiciais aceca da sociedade em comum e terceiros,
bem como acerca das rela•›es entre seus s—cios.
==aaa43==

A solu•‹o adotada Ž no sentido de que, em eventuais demandas judiciais contra


essas sociedades, os terceiros podem provar sua exist•ncia por qualquer meio.
Por outro lado, se quem necessita provar a exist•ncia da sociedade s‹o seus
pr—prios s—cios (o que pode ser necess‡rio, por exemplo, para discutir a partilha
dos investimentos), o legislador somente admitiu a prova por escrito, ou seja, a
apresenta•‹o do instrumento contratual ou, pelo menos, um documento que
comprove que o terceiro sabia estar negociando com a ÒsociedadeÓ, e n‹o
apenas com o s—cio.

Em eventuais demandas judiciais contra sociedade em


comum, o terceiro pode provar sua exist•ncia por
qualquer meio. Por outro lado, se quem necessita provar
a exist•ncia da sociedade s‹o seus pr—prios s—cios (o que pode ser necess‡rio,
por exemplo, para discutir a partilha dos investimentos), o legislador somente
admitiu a prova por escrito.

3.6.2. Sociedade em Conta de Participa•‹o


A sociedade em conta de participa•‹o Ž o que alguns doutrinadores chamam de
sociedade secreta. Na realidade n‹o Ž exatamente uma sociedade, mas sim
uma forma de contrato especial de investimento.
Esse tipo de sociedade conta com duas categorias de s—cios: o s—cio ostensivo e
os s—cios participantes.

Art. 991. Na sociedade em conta de participa•‹o, a atividade constitutiva do objeto social


Ž exercida unicamente pelo s—cio ostensivo, em seu nome individual e sob sua pr—pria e
exclusiva responsabilidade, participando os demais dos resultados correspondentes.
Par‡grafo œnico. Obriga-se perante terceiro t‹o-somente o s—cio ostensivo; e,
exclusivamente perante este, o s—cio participante, nos termos do contrato social.

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Podemos ver, portanto, que a sociedade em conta de participa•‹o s— existe


internamente, ou seja, entre os s—cios. Perante terceiros, apenas o s—cio
ostensivo aparece, exercendo as atividades em seu nome, e respondendo
sozinho pelas obriga•›es contra’das. Os s—cios participantes, tambŽm
chamados de s—cios ocultos, apenas se obrigam perante o s—cio ostensivo, nos
termos do contrato social.

Art. 993. O contrato social produz efeito somente entre os s—cios, e a eventual inscri•‹o
de seu instrumento em qualquer registro n‹o confere personalidade jur’dica ˆ sociedade.
Par‡grafo œnico. Sem preju’zo do direito de fiscalizar a gest‹o dos neg—cios sociais, o
s—cio participante n‹o pode tomar parte nas rela•›es do s—cio ostensivo com terceiros,
sob pena de responder solidariamente com este pelas obriga•›es em que intervier.

Se os s—cios participantes ÒapareceremÓ


a perante terceiros, ou seja, se atuarem
em certo neg—cio juntamente com o s—cio ostensivo, responder‹o
solidariamente pelas obriga•›es decorrentes dessa negocia•‹o.
A constitui•‹o da sociedade em conta de participa•‹o n‹o depende de qualquer
formalidade, podendo ser provada por qualquer dos meios admitidos pelo
ordenamento jur’dico. Geralmente esses contratos s‹o registros no cart—rio civil
de t’tulos e documentos, mas esse registro n‹o confere personalidade jur’dica ˆ
sociedade.

3.7. Sociedades Personificadas


A principal caracter’stica dessas sociedades Ž a aquisi•‹o da personalidade
jur’dica decorrente do registro de seus atos constitutivos no Registro Pœblico
competente, a depender do objeto social. A pr—pria sociedade, portanto,
dedica-se ˆs atividades empresariais, com responsabilidade e patrim™nio
pr—prios.

3.7.1. Sociedade simples pura (Òsimples simplesÓ)


A sociedade simples, como voc• j‡ sabe, Ž aquela que tem por objetivo o
exerc’cio de atividade n‹o empresarial. Apenas para refrescar a mem—ria, este
Ž o caso das sociedades uniprofissionais e da sociedade cujo objeto constitui o
exerc’cio de atividade econ™mica rural, desde que seus s—cios optem pelo
registro em cart—rio, e n‹o na junta comercial.
A sociedade simples tem um modelo de organiza•‹o b‡sico, previsto nos arts.
991 a 1.038 do C—digo Civil, que estamos denominando sociedade simples
pura, mas tambŽm pode organizar-se de acordo com alguns dos tipos
societ‡rios previstos para as sociedades empres‡rias (com exce•‹o apenas da
sociedade an™nima e da sociedade em comandita por a•›es).

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A constitui•‹o dessa sociedade d‡-se por meio de contrato escrito, observados


os requisitos do art. 997 do C—digo Civil.

Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou pœblico, que,
alŽm de cl‡usulas estipuladas pelas partes, mencionar‡:
I - nome, nacionalidade, estado civil, profiss‹o e resid•ncia dos s—cios, se pessoas
naturais, e a firma ou a denomina•‹o, nacionalidade e sede dos s—cios, se jur’dicas;
II - denomina•‹o, objeto, sede e prazo da sociedade;
III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer
espŽcie de bens, suscet’veis de avalia•‹o pecuni‡ria;
IV - a quota de cada s—cio no capital social, e o modo de realiz‡-la;
V - as presta•›es a que se obriga o s—cio, cuja contribui•‹o consista em servi•os;
VI - as pessoas naturais incumbidas da administra•‹o da sociedade, e seus poderes e
atribui•›es; a
VII - a participa•‹o de cada s—cio nos lucros e nas perdas;
VIII - se os s—cios respondem, ou n‹o, subsidiariamente, pelas obriga•›es sociais.
Par‡grafo œnico. ƒ ineficaz em rela•‹o a terceiros qualquer pacto separado, contr‡rio ao
disposto no instrumento do contrato.

Como o contrato deve ser registrado no Cart—rio de Registro Civil das Pessoas
Jur’dicas, precisar‡ ser escrito. O prazo para efetiva•‹o desse registro Ž de atŽ
30 dias ap—s a constitui•‹o da sociedade.

Art. 1.022. A sociedade adquire direitos, assume obriga•›es e procede judicialmente, por
meio de administradores com poderes especiais, ou, n‹o os havendo, por intermŽdio de
qualquer administrador.

A sociedade goza de personalidade, mas n‹o tem vontade pr—pria. Essa


vontade Ž exprimida por meio dos atos praticados pela pessoa natural que
exerce o encargo de administra•‹o. Esse administrador exerce atividade
personal’ssima, n‹o sendo poss’vel que outra pessoa exer•a essas fun•›es.
Caso o contrato social n‹o designe o administrador, esse encargo caber‡ a cada
um dos s—cios, sendo poss’vel ainda que a designa•‹o do administrador seja
feita em ato separado, posteriormente.
ƒ poss’vel ainda que n‹o s— esta cl‡usula, mas todo o contrato social seja
posteriormente alterado, apenas de a legisla•‹o exigir qu—rum bastante
expressivo para tanto, como voc• pode ver pelas regras estabelecidas pelo art.
999.

Art. 999. As modifica•›es do contrato social, que tenham por objeto matŽria indicada no
art. 997, dependem do consentimento de todos os s—cios; as demais podem ser
decididas por maioria absoluta de votos, se o contrato n‹o determinar a necessidade de
delibera•‹o un‰nime.

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Par‡grafo œnico. Qualquer modifica•‹o do contrato social ser‡ averbada, cumprindo-se


as formalidades previstas no artigo antecedente.

O contrato social Ž a Òcertid‹o de nascimentoÓ da sociedade, trazendo uma


sŽrie de obriga•›es para os s—cios subscritores, entre as quais a principal Ž a de
contribuir para a forma•‹o do capital social, subscrevendo e integralizando
suas respectivas quotas. Como contrapartida, o s—cio participa dos
resultados sociais, nos termos estabelecidos no contrato social, ou, caso este
seja omisso a respeito, de acordo com o art. 1.007 do C—digo Civil.
O contrato social deve estabelecer, ainda, as matŽrias que depender‹o de
delibera•‹o dos s—cios. Em alguns casos, porŽm, a pr—pria lei determina que
determinadas matŽrias dependem de decis‹o social. ƒ o caso da hip—tese de
transforma•‹o da sociedade (art. 1.114 do C—digo Civil).
a
Art. 1.010. Quando, por lei ou pelo contrato social, competir aos s—cios decidir sobre os
neg—cios da sociedade, as delibera•›es ser‹o tomadas por maioria de votos, contados
segundo o valor das quotas de cada um.

As decis›es que dependam de delibera•‹o dos s—cios ser‹o tomadas por


maioria de votos, levando-se em considera•‹o o valor de cada um. Caso haja
empate na representa•‹o do capital social num sentido ou noutro, prevalecer‡ o
posicionamento que obteve o apoio do maior nœmero de s—cios. Se ainda assim
o empate persistir, caber‡ ao juiz decidir.

3.7.2. Sociedade limitada


Este Ž o tipo societ‡rio mais comum na atividade empresarial brasileira,
correspondendo a mais de 90% dos registros do pa’s. Isso se deve basicamente
ao car‡ter contratual dessa sociedade, por meio da qual Ž poss’vel facilmente
limitar a responsabilidade dos s—cios.
Atualmente este tipo societ‡rio Ž registo pelos arts. 1.052 a 1.087 do C—digo
Civil. Na omiss‹o dessas regras espec’ficas, o pr—prio C—digo Civil determina
ainda a aplica•‹o das regras previstas para a sociedade simples pura (arts. 997
a 1.038).
Mais uma vez aqui o instrumento b‡sico para forma•‹o da sociedade Ž o
chamado contrato social, que tem a natureza de contrato plurilateral, por meio
do qual os s—cios tomam parte da chamada affectio societatis, que nada ais Ž
do que a uni‹o de esfor•os em torno de um objetivo comum.
Os requisitos do contrato social s‹o, em regra, os mesmos que constam no art.
997 do C—digo Civil, mas h‡ alguns deles que nem sempre ser‹o aplic‡veis. Seu
inciso V, por exemplo, menciona Òas presta•›es a que se obriga o s—cio cuja
contribui•‹o consista em servi•osÓ. Esse tipo de s—cio, porŽm, n‹o Ž admitido
na sociedade limitada.

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A sociedade limitada pode ser simples ou empres‡ria, mas em qualquer dos


casos o contrato social deve ser escrito e registrado no —rg‹o competente.
Vamos relembrar o que diz o art. 1.150 do C—digo Civil acerca do registro das
sociedades.

Art. 1.150. O empres‡rio e a sociedade empres‡ria vinculam-se ao Registro Pœblico de


Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil
das Pessoas Jur’dicas, o qual dever‡ obedecer ˆs normas fixadas para aquele registro, se
a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empres‡ria.

O prazo para registro do contato da sociedade limitada Ž o mesmo que vimos


quando estudamos a sociedade simples pura: 30 dias. A altera•‹o do contrato
social da sociedade limitada, diferentemente do que estudamos na sociedade
simples pura, exige o qu—rum de tr•s4 quartos do capital social.
As disposi•›es que estudamos sobre a administra•‹o da sociedade tambŽm s‹o
bastante semelhantes, mas aqui precisamos fazer um detalhamento acerca da
possibilidade de administra•‹o da sociedade por n‹o s—cios. Na reda•‹o anterior
do art. 1.061 isso s— era poss’vel quando houvesse previs‹o expressa no
contrato social, mas essa regra foi alterada em 2010 para tornar mais simples
essa possibilidade.
Basicamente o que voc• deve saber Ž que Ž poss’vel a elei•‹o de n‹o s—cios
para administrar a sociedade, mas isso depende de amplo qu—rum de vota•‹o.
Enquanto o capital n‹o estiver integralizado, a elei•‹o de n‹o s—cios para o
cargo de administrador depende da aprova•‹o de todos os s—cios. Se o capital
social j‡ estiver integralizado, a elei•‹o depender‡ da aprova•‹o de pelo menos
dois ter•os dos s—cios.

Se o capital social estiver No m’nimo 2/3 do


integralizado capital social

Se n‹o for s—cio


Se o capital social n‹o
Unimidade
DESIGNA‚ÌO DE estiver integralizado
ADMINISTRADOR
Se a designa•‹o for em ato Mais da metade do
Se for s—cio separado do contrato social capital social

Art. 1.015. No sil•ncio do contrato, os administradores podem praticar todos os atos


pertinentes ˆ gest‹o da sociedade; n‹o constituindo objeto social, a onera•‹o ou a venda
de bens im—veis depende do que a maioria dos s—cios decidir.
Par‡grafo œnico. O excesso por parte dos administradores somente pode ser oposto a
terceiros se ocorrer pelo menos uma das seguintes hip—teses:
I - se a limita•‹o de poderes estiver inscrita ou averbada no registro pr—prio da
sociedade;

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II - provando-se que era conhecida do terceiro;


III - tratando-se de opera•‹o evidentemente estranha aos neg—cios da sociedade.

Se o contrato social nada dispuser a respeito, o administrador ter‡ poderes


gerais de administra•‹o. A sociedade responde por todos os atos dos seus
leg’timos administradores, com exce•‹o das situa•›es elencadas pelo art.
1.015, em que ser‡ poss’vel que a sociedade alegue excesso perante terceiros.
Quanto ˆ responsabiliza•‹o dos s—cios, como estamos falando de uma
sociedade limitada, em regra o patrim™nio pessoa de cada s—cio ser‡
preservado de obriga•›es assumidas pela sociedade. Por outro lado, a pr—pria
lei prev• uma exce•‹o a essa regra, que ocorre quando o capital social ainda
n‹o foi totalmente integralizado. Nesse caso o s—cio responde com seu
patrim™nio pessoal pela parcela do capital que ainda lhe falta
integralizar. 3
No que se refere ao poder de decis‹o dentro da sociedade, o art. 1.071 traz
uma sŽrie de matŽrias que dependem de delibera•‹o dos s—cios.

Art. 1.071. Dependem da delibera•‹o dos s—cios, alŽm de outras matŽrias indicadas na
lei ou no contrato:
I - a aprova•‹o das contas da administra•‹o;
II - a designa•‹o dos administradores, quando feita em ato separado;
III - a destitui•‹o dos administradores;
IV - o modo de sua remunera•‹o, quando n‹o estabelecido no contrato;
V - a modifica•‹o do contrato social;
VI - a incorpora•‹o, a fus‹o e a dissolu•‹o da sociedade, ou a cessa•‹o do estado de
liquida•‹o;
VII - a nomea•‹o e destitui•‹o dos liquidantes e o julgamento das suas contas;
VIII - o pedido de concordata.

O —rg‹o espec’fico respons‡vel pelas delibera•›es sociais Ž a assembleia dos


s—cios, mas o C—digo flexibiliza essa regra quando trata de sociedades
pequenas, com atŽ 10 s—cios. Nesse caso pode ser adotado o regime de
reuni‹o de s—cios, com rito mais simplificado, estabelecido pelo pr—prio
contrato social.
Quero chamar sua aten•‹o ainda para a possibilidade de exclus‹o de s—cio por
justa causa. ƒ o que ocorre quando, em rela•‹o a um s—cio, n‹o exista mais a
chamada affectio societatis. Nesse caso a solu•‹o mais coerente, seguindo o
princ’pio da preserva•‹o da empresa, Ž a exclus‹o do tal s—cio.
Em regra, essa exclus‹o Ž feita judicialmente, por meio da chamada a•‹o de
resolu•‹o da sociedade em rela•‹o a um s—cio, mas hoje o C—digo Civil permite
tambŽm que ocorra sem a interven•‹o do Poder Judici‡rio, por delibera•‹o da

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maioria absoluta do capital social, desde que essa possibilidade esteja


prevista no contrato social e que o s—cio a ser exclu’do seja minorit‡rio.

3.7.3. Sociedade An™nima


Esse tipo societ‡rio tambŽm Ž amplamente utilizado na realidade brasileira,
principalmente para grandes empreendimentos. Aquelas grandes empresas das
quais ouvimos falar, cujas a•›es e outros t’tulos s‹o negociados em bolsa, s‹o
as sociedades an™nimas!
No Brasil, a legisla•‹o aplic‡vel ˆs sociedades an™nimas est‡ na Lei n.
6.404/1976, conhecida simplesmente como Lei das SA. ƒ uma lei bastante
elogiada pelos doutrinadores, que sofreu poucas altera•›es ao longo de sua
exist•ncia, e mais recentemente foi adaptada ˆs novas demandas relacionadas
ˆs boas pr‡ticas de governan•a corporativa, um tema bastante em voga nas
discuss›es sobre gest‹o do in’cio do sŽculo XXI.
A S/A Ž a sociedade capitalista por excel•ncia, e sua participa•‹o societ‡ria,
chama de a•‹o, pode ser livremente negociada. Por isso tambŽm o pr—prio
C—digo Civil disp›e que as sociedades por a•›es (cuja principal representante Ž
justamente a sociedade an™nima) s‹o consideradas empres‡rias
independentemente do objeto social adotado.
Os s—cios da S/A s‹o chamados de acionistas, e sua responsabilidade tambŽm Ž
limitada por sua parte no capital social. S‹o rar’ssimas as situa•›es em que a
limita•‹o de responsabilidade do acionista pode ser mitigada, como ocorre na
possibilidade de desconsidera•‹o da personalidade jur’dica, em caso de fraude.
As S/A, tambŽm chamadas de companhias, dividem-se em duas principais
categorias no que se refere ˆ forma como suas a•›es s‹o negociadas: temos as
S/A abertas, que negociam a•›es no mercado de capitais, e as fechadas, que
n‹o t•m autoriza•‹o para tanto.
O mercado de capitais, tambŽm chamado de mercado de valores mobili‡rios, Ž
o ambiente em que se efetuam diversas opera•›es envolvendo os valores
mobili‡rios emitidos pelas companhias abertas. Por meio desse mercado essas
grandes empresas conseguem negociar rapidamente suas a•›es e outros
t’tulos, permitindo tambŽm ao pequeno investidor a aquisi•‹o ou venda desses
t’tulos de forma r‡pida e pr‡tica. Essas opera•›es, no Brasil, s‹o fiscalizadas
por alguns entes estatais, entre eles a Comiss‹o de Valores Mobili‡rios (CVM),
cuja atua•‹o Ž fundamental para manter a saœde financeira e a transpar•ncia
dessas negocia•›es.
A S/A Ž uma sociedade institucional e, portanto, Ž constitu’da por meio de um
ato institucional ou estatut‡rio (estatuto social). Essa constitui•‹o,
diferentemente do que estudamos em rela•‹o ˆs sociedades contratuais,
depende da observ‰ncia de uma sŽrie de detalhados requisitos legais e
regulamentares. Vejamos, por exemplo, o que diz o art. 80 da Lei das S/A.

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Art. 80. A constitui•‹o da companhia depende do cumprimento dos seguintes requisitos


preliminares:
I - subscri•‹o, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas as a•›es em que se divide o
capital social fixado no estatuto;
II - realiza•‹o, como entrada, de 10% (dez por cento), no m’nimo, do pre•o de emiss‹o
das a•›es subscritas em dinheiro;
III - dep—sito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro estabelecimento banc‡rio autorizado
pela Comiss‹o de Valores Mobili‡rios, da parte do capital realizado em dinheiro.
Par‡grafo œnico. O disposto no nœmero II n‹o se aplica ˆs companhias para as quais a
lei exige realiza•‹o inicial de parte maior do capital social.

Caso se pretenda constituir uma S/A de capital aberto, o procedimento Ž mais


complexo, dependendo tambŽm de registro junto ˆ CVM, que s— pode ser feito
por intermŽdio de uma institui•‹o financeira, mediante apresenta•‹o, entre
outros, de estudo de viabilidade econ™mica e financeira do empreendimento,
projeto do estatuto social e prospecto organizado e assinado pelos fundadores e
pela institui•‹o financeira intermedi‡ria (art. 82 da Lei das S/A).
Quanto ˆ administra•‹o, em geral quando falamos das S/A nos referimos ao
poder de controle. O controlador da empresa Ž aquele que detŽm o poder de
decis‹o, e em geral tal poder advŽm da titularidade de parte mais significativa
do capital, ou do acordo de um nœmero de acionistas que represente a maioria.
Fala-se ainda no controle gerencial, que existe quando o nœmero de acionistas Ž
t‹o pulverizado, que estes assumem apenas a posi•‹o de investidores,
enquanto o verdadeiro poder de controle est‡ nas m‹os dos administradores.
O estatuto social se ocupa da estrutura•‹o da empresa e de determinar a
composi•‹o e compet•ncia dos diversos —rg‹os que a comp›em, e que, em
geral, s‹o muitos e complexos, j‡ que as S/A normalmente dedicam-se a
grandes empreendimentos. A Lei das S/A, porŽm, traz um desenho dos —rg‹os
de cœpula da sociedade an™nima: assembleia geral, conselho de administra•‹o,
diretoria e conselho fiscal.
A seguir temos um esquema por meio do qual mostro a voc• as principais
regras acerca desses —rg‹os de cœpula.

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Tem car‡ter exclusiamente deliberativo,


Assembleia-
reunindo todos os acionistas (mesmo sem direito
Geral a voto)

Tem car‡ter deliberativo, com vistas a agilizar as


Conselho de decis›es da companhia (no m’nimo 3 membros,
Administra•‹o acionistas ou n‹o)
îRGÌOS
SOCIAIS
îrg‹o de representa•‹o legal e de execu•‹o das
decis›es da Assembleia-Geral ou do Conselho de
Diretoria Administra•‹o (pelo menos 2 membros,
acionistas ou n‹o)

îrg‹o colegiado de fiscaliza•‹o dos —rg‹os de


Conselho administra•‹o (exist•ncia obrigat—ria e
Fiscal funcionamento facultativo; m’nimo de 3 e
m‡ximo de 5 membros, acionistas ou n‹o)

3.7.4. Sociedade em nome coletivo


Segundo diversos doutrinadores, trata-se do mais antigo tipo societ‡rio
medieval1, com origens em associa•›es decorrentes de la•os familiares, nas
comunidades medievais italianas.
A principal caracter’stica dessas sociedades Ž a responsabilidade ilimitada
dos s—cios. Por essa raz‹o, a sociedade em nome coletivo somente admite
s—cios pessoas f’sicas, nos termos do art. 1.039 do C—digo Civil.
Por outro lado, Ž poss’vel que os s—cios convencionem a limita•‹o da
responsabilidade de cada um, entre si. Essa limita•‹o, porŽm, n‹o pode ser
oposta a terceiros, servindo apenas como uma seguran•a em rela•‹o a um
poss’vel direito de regresso de um s—cio contra os demais, caso seu patrim™nio
venha a efetivamente responder pelas obriga•›es assumidas pela sociedade.
Na qualidade de sociedade contratual, a sociedade em nome coletivo tambŽm Ž
regida subsidiariamente pelas normas aplic‡veis ˆ sociedade simples pura, que
estudamos anteriormente.
Por fim, Ž importante que voc• conhe•a algumas regras adicionais acerca dessa
modalidade de sociedade:
a) ela deve sempre adotar firma social como espŽcie de nome empresarial
(arts. 1.041 e 1.157 do C—digo Civil);
b) n‹o se admite a participa•‹o de s—cios incapazes;
c) os s—cios t•m ampla liberdade para determinar as regras acerca das suas
rela•›es sociais;

1
Ramos, AndrŽ Luiz Santa Cruz. Direito empresarial esquematizado. S‹o Paulo: MŽtodo, 2016,
p. 425.

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d) Ž uma sociedade de pessoas, e por isso a entrada de estranhos no quadro


social depende do consentimento dos demais; e
e) sua administra•‹o compete aos pr—prios s—cios, n‹o sendo poss’vel a
designa•‹o e n‹o s—cio na condi•‹o de administrador (art. 1.042 do C—digo
Civil).

3.7.5. Sociedade em comandita simples


Alguns doutrinadores encaram a sociedade em comandita simples como uma e
evolu•‹o da sociedade em nome coletivo. Isso porque essa modalidade
societ‡ria h‡ duas categorias de s—cios: os comanditados, com responsabilidade
ilimitada, e os comandit‡rios, com responsabilidade limitada ˆs suas respectivas
quotas.

Art. 1.045. Na sociedade em comandita simples tomam parte s—cios de duas categorias:
os comanditados, pessoas f’sicas, respons‡veis solid‡ria e ilimitadamente pelas obriga•›es
sociais; e os comandit‡rios, obrigados somente pelo valor de sua quota.
Par‡grafo œnico. O contrato deve discriminar os comanditados e os comandit‡rios.

As normas previstas para a sociedade em nome coletivo s‹o aplicadas ˆ


sociedade em comandita simples, na medida do poss’vel. As regras acerca dos
s—cios da sociedade em nome coletivo s‹o as mesmas aplic‡veis aos s—cios
comanditados: somente podem ser pessoas f’sicas, somente os comanditados
administram a sociedade, s— o nome do comanditado pode constar da firma
social, e a responsabilidade do comanditado Ž ilimitada.
O comandit‡rio, por sua vez, somente contribui para o capital social. Essa
contribui•‹o pode ser feito em dinheiro ou bens, mas n‹o em servi•os, e n‹o
lhe conferem a prerrogativa de praticar atos de gest‹o, e nem de ter o nome na
firma.
Por fim, vale mencionar o art. 1.051, II do C—digo Civil, segundo o qual a
sociedade em comandita simples ser‡ dissolvida quando perdurar a falta de
uma das categorias de s—cio por mais de 180 dias. Uma caracter’stica b‡sica
desse tipo de sociedade, portanto, Ž a pluralidade das categorias de s—cios, n‹o
havendo sentido em manter a sociedade apenas com s—cios comandit‡rios ou
apenas com comanditados.

3.7.6. Sociedade em comandita por a•›es


Aqui estamos diante de uma sociedade empres‡ria de natureza h’brida, que
contŽm algumas caracter’sticas da sociedade em comandita simples, e outras
da sociedade an™nima. O capital dessa sociedade Ž divido em a•›es, mas h‡
duas categorias distintas de s—cios: uma com responsabilidade limitada e outra
com responsabilidade ilimitada.

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Na sociedade em comandita por a•›es, o s—cio diretor, ou seja, o acionista que


exerce fun•‹o de administra•‹o da sociedade, responde ilimitadamente
pelas obriga•›es sociais. Se houver mais de um diretor, a responsabilidade ser‡
solid‡ria entre eles.
Um aspecto importante Ž que os diretores na sociedade em comandita por
a•›es n‹o s‹o eleitos pela Assembleia-Geral, mas simplesmente nomeados no
ato constitutivo, n‹o havendo mandato. Os poderes da Assembleia, portanto,
s‹o mais limitados do que na sociedade an™nima/

Art. 1.092. A assembleia geral n‹o pode, sem o consentimento dos diretores, mudar o
objeto essencial da sociedade, prorrogar-lhe o prazo de dura•‹o, aumentar ou diminuir o
capital social, criar deb•ntures, ou partes benefici‡rias.

A destitui•‹o dos diretores, porŽm, Ž poss’vel, desde que haja delibera•‹o de


acionistas que representem dois ter•os do capital social.

3.7.8. Sociedade cooperativa


O regime jur’dico das sociedades cooperativas Ž estabelecido pela Lei n.
5.764/1971, que definiu a Pol’tica Nacional de Cooperativismo. O C—digo Civil,
porŽm, tambŽm traz algumas disposi•›es sobre as cooperativas, determinando
que ser‹o sempre sociedades simples, independentemente de seu objeto social
(art. 982, par‡grafo œnico).
No art. 1.094 est‹o detalhadas as principais caracter’sticas das sociedades
cooperativas.

Art. 1.094. S‹o caracter’sticas da sociedade cooperativa:


I - variabilidade, ou dispensa do capital social;
II - concurso de s—cios em nœmero m’nimo necess‡rio a compor a administra•‹o da
sociedade, sem limita•‹o de nœmero m‡ximo;
III - limita•‹o do valor da soma de quotas do capital social que cada s—cio poder‡ tomar;
IV - intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos ˆ sociedade, ainda que
por heran•a;
V - quorum, para a assembleia geral funcionar e deliberar, fundado no nœmero de s—cios
presentes ˆ reuni‹o, e n‹o no capital social representado;
VI - direito de cada s—cio a um s— voto nas delibera•›es, tenha ou n‹o capital a
sociedade, e qualquer que seja o valor de sua participa•‹o;
VII - distribui•‹o dos resultados, proporcionalmente ao valor das opera•›es efetuadas
pelo s—cio com a sociedade, podendo ser atribu’do juro fixo ao capital realizado;
VIII - indivisibilidade do fundo de reserva entre os s—cios, ainda que em caso de
dissolu•‹o da sociedade.

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Quanto ˆ responsabilidade dos s—cios, ela pode ser limitada ou ilimitada,


dependendo como a cooperativa for constitu’da, nos termos do art. 1.096 do
C—digo Civil.

4 Ð Opera•›es Societ‡rias
As opera•›es societ‡rias s‹o fen™menos por meio dos quais as sociedades se
relacionam entre si, com transfer•ncia de patrim™nio. Agora estudaremos as
consequ•ncias jur’dicas dessas opera•›es, que provocam mudan•as na
estrutura dessas sociedades.
As opera•›es societ‡rias s‹o regidas tanto pelo C—digo Civil quanto pela Lei n.
6.404/1976, conhecida como Lei das Sociedades por A•›es. Quando uma
opera•‹o envolve uma SA, tem prefer•ncia a aplica•‹o da Lei das SA, j‡ que se
trata de uma lei mais espec’fica do que o C—digo Civil, mas aqui estudaremos as
regras dos dois diplomas.

4.1. Transforma•‹o
Vamos come•ar estudando os dispositivos da Lei n. 6.404/1976.

Art. 220. A transforma•‹o Ž a opera•‹o pela qual a sociedade passa, independentemente


de dissolu•‹o e liquida•‹o, de um tipo para outro.
Par‡grafo œnico. A transforma•‹o obedecer‡ aos preceitos que regulam a constitui•‹o e
o registro do tipo a ser adotado pela sociedade.

A transforma•‹o, portanto, Ž a mudan•a do tipo societ‡rio. ƒ o que ocorre,


por exemplo, quando uma sociedade limitada transforma-se numa sociedade
an™nima, ou quando uma sociedade em nome coletivo se transforma numa
sociedade limitada.

Art. 221. A transforma•‹o exige o consentimento un‰nime dos s—cios ou acionistas, salvo
se prevista no estatuto ou no contrato social, caso em que o s—cio dissidente ter‡ o direito
de retirar-se da sociedade.

A transforma•‹o exige, como regra geral, vota•‹o un‰nime, exceto nos casos
em que o ato constitutivo (contrato social ou estatuto) da sociedade
transformada j‡ contenha disposi•‹o expressa autorizando a opera•‹o. Por
outro lado, se a transforma•‹o for aprovada por maioria, o s—cio dissidente
pode retirar-se da sociedade. O C—digo Civil traz regras semelhantes sem eu
art. 1.114.

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A transforma•‹o exige, como regra geral, vota•‹o


un‰nime, exceto nos casos em que o ato
constitutivo (contrato social ou estatuto) da
sociedade transformada j‡ contenha disposi•‹o expressa autorizando a
opera•‹o. Por outro lado, se a transforma•‹o for aprovada por maioria, o s—cio
dissidente pode retirar-se da sociedade.

Art. 222. A transforma•‹o n‹o prejudicar‡, em caso algum, os direitos dos credores, que
continuar‹o, atŽ o pagamento integral dos seus crŽditos, com as mesmas garantias que o
tipo anterior de sociedade lhes oferecia.
Par‡grafo œnico. A fal•ncia da sociedade transformada somente produzir‡ efeitos em
rela•‹o aos s—cios que, no tipo anterior, a eles estariam sujeitos, se o pedirem os titulares
de crŽditos anteriores ˆ transforma•‹o, e somente a estes beneficiar‡.

A transforma•‹o n‹o implica em liquida•‹o ou dissolu•‹o da pessoa jur’dica,


mas apenas em mudan•a no tipo societ‡rio, e por isso n‹o h‡ raz‹o para que
os direitos dos credores da sociedade sejam atingidos. Regra id•ntica consta no
art. 1.115 do C—digo Civil.
O C—digo Civil traz ainda, em seu art. 968, a possibilidade de Òtransforma•‹oÓ
do empres‡rio individual em sociedade empres‡ria e vice-versa. De acordo com
o ¤3o do art. 968, caso venha a admitir s—cios, o empres‡rio individual poder‡
solicitar ao Registro Pœblico de Empresas Mercantis a transforma•‹o de seu
registro de empres‡rio para registro de sociedade empres‡ria. AlŽm desse
dispositivo, temos ainda o par‡grafo œnico do art. 1.033, segundo o qual o s—cio
remanescente pode solicitar a transforma•‹o do registro da sociedade para
empres‡rio individual, ou para empresa individual de responsabilidade limitada.

4.2. Incorpora•‹o
A Lei das SA define a incorpora•‹o como a Òopera•‹o pela qual uma ou mais
sociedades s‹o absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e
obriga•›esÓ. Defini•‹o semelhante pode ser encontrada no art. 1.116 do C—digo
Civil.
Podemos dizer, portanto, que na incorpora•‹o temos a extin•‹o da
sociedade incorporada, mas n‹o surge uma nova sociedade. Desaparece,
portanto, apenas a sociedade incorporada, que Ž sucedida em seus direitos e
obriga•›es pela sociedade incorporadora.

Art. 227. A incorpora•‹o Ž a opera•‹o pela qual uma ou mais sociedades s‹o absorvidas
por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obriga•›es.
¤ 1¼ A assemblŽia-geral da companhia incorporadora, se aprovar o protocolo da
opera•‹o, dever‡ autorizar o aumento de capital a ser subscrito e realizado pela
incorporada mediante vers‹o do seu patrim™nio l’quido, e nomear os peritos que o
avaliar‹o.

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¤ 2¼ A sociedade que houver de ser incorporada, se aprovar o protocolo da opera•‹o,


autorizar‡ seus administradores a praticarem os atos necess‡rios ˆ incorpora•‹o, inclusive
a subscri•‹o do aumento de capital da incorporadora.
¤ 3¼ Aprovados pela assemblŽia-geral da incorporadora o laudo de avalia•‹o e a
incorpora•‹o, extingue-se a incorporada, competindo ˆ primeira promover o arquivamento
e a publica•‹o dos atos da incorpora•‹o.

4.3. Fus‹o
A fus‹o Ž definida pelo art. 228 da Lei das SA como Òa opera•‹o pela qual se
unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes suceder‡
em todos os direitos e obriga•›esÓ. Defini•‹o semelhante Ž tambŽm trazida pelo
art. 1.119 do C—digo Civil.
Na fus‹o, portanto, o resultado da uni‹o das duas ou mais sociedades Ž o
surgimento de uma nova sociedade.

4.4. Cis‹o
De acordo com o art. 229 da Lei das SA, a cis‹o Ž Òa opera•‹o pela qual a
companhia transfere parcelas do seu patrim™nio para uma ou mais sociedades,
constitu’das para esse fim ou j‡ existentes, extinguindo-se a companhia
cindida, se houver vers‹o de todo o seu patrim™nio, ou dividindo-se o seu
capital, se parcial a vers‹oÓ.
A cis‹o, portanto, Ž a transfer•ncia de patrim™nio de uma sociedade para
outra. Essa opera•‹o pode resultar, ou n‹o, na extin•‹o da sociedade cindida,
a depender da quantidade de patrim™nio transferido.

Art. 229. A cis‹o Ž a opera•‹o pela qual a companhia transfere parcelas do seu
patrim™nio para uma ou mais sociedades, constitu’das para esse fim ou j‡ existentes,
extinguindo-se a companhia cindida, se houver vers‹o de todo o seu patrim™nio, ou
dividindo-se o seu capital, se parcial a vers‹o.
¤ 1¼ Sem preju’zo do disposto no artigo 233, a sociedade que absorver parcela do
patrim™nio da companhia cindida sucede a esta nos direitos e obriga•›es relacionados no
ato da cis‹o; no caso de cis‹o com extin•‹o, as sociedades que absorverem parcelas do
patrim™nio da companhia cindida suceder‹o a esta, na propor•‹o dos patrim™nios l’quidos
transferidos, nos direitos e obriga•›es n‹o relacionados.
¤ 2¼ Na cis‹o com vers‹o de parcela do patrim™nio em sociedade nova, a opera•‹o ser‡
deliberada pela assemblŽia-geral da companhia ˆ vista de justifica•‹o que incluir‡ as
informa•›es de que tratam os nœmeros do artigo 224; a assemblŽia, se a aprovar,
nomear‡ os peritos que avaliar‹o a parcela do patrim™nio a ser transferida, e funcionar‡
como assemblŽia de constitui•‹o da nova companhia.
¤ 3¼ A cis‹o com vers‹o de parcela de patrim™nio em sociedade j‡ existente obedecer‡ ˆs
disposi•›es sobre incorpora•‹o (artigo 227).
¤ 4¼ Efetivada a cis‹o com extin•‹o da companhia cindida, caber‡ aos administradores
das sociedades que tiverem absorvido parcelas do seu patrim™nio promover o
arquivamento e publica•‹o dos atos da opera•‹o; na cis‹o com vers‹o parcial do

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patrim™nio, esse dever caber‡ aos administradores da companhia cindida e da que


absorver parcela do seu patrim™nio.
¤ 5¼ As a•›es integralizadas com parcelas de patrim™nio da companhia cindida ser‹o
atribu’das a seus titulares, em substitui•‹o ˆs extintas, na propor•‹o das que possu’am; a
atribui•‹o em propor•‹o diferente requer aprova•‹o de todos os titulares, inclusive das
a•›es sem direito a voto.

Em rela•‹o aos direitos e obriga•›es, a regra Ž que a sociedade que adquire


parte de outra a suceda nos direitos e obriga•›es que constam no ato da cis‹o.
Caso a cis‹o resulte em extin•‹o da sociedade cindida, a regra Ž que as
sociedades que absorverem seu patrim™nio a sucedam, na propor•‹o dos
patrim™nios transferidos, caso haja direitos e obriga•›es n‹o relacionados no
ato da cis‹o.

opera•‹o pela qual uma ou mais sociedades s‹o


Transforma•‹o absorvidas por outra, que lhes sucede em todos
os direitos e obriga•›es

opera•‹o pela qual uma ou mais sociedades s‹o


Incorpora•‹o absorvidas por outra, que lhes sucede em todos
os direitos e obriga•›es

PRINCIPAIS
OPERA‚ÍES
SOCIETçRIAS
opera•‹o pela qual se unem duas ou mais
Fus‹o sociedades para formar sociedade nova, que lhes
suceder‡ em todos os direitos e obriga•›es

opera•‹o pela qual a companhia transfere


parcelas do seu patrim™nio para uma ou mais
sociedades, constitu’das para esse fim ou j‡
Cis‹o existentes, extinguindo-se a companhia cindida,
se houver vers‹o de todo o seu patrim™nio, ou
dividindo-se o seu capital, se parcial a vers‹o

4.5. Outras opera•›es entre sociedades


As opera•›es societ‡rias podem ser bastante complexas quando consideramos
as possibilidades de os s—cios tambŽm serem sociedades. Em raz‹o disso
devemos tambŽm estudar alguns outros fen™menos a respeito das opera•›es
societ‡rias, que eventualmente aparecem em provas de concursos pœblicos.

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4.5.1. Coliga•‹o
A respeito desse tema temos, mais uma vez, dispositivos muito semelhantes na
Lei das SA e no C—digo Civil. Acerca da defini•‹o de coliga•‹o, especificamente,
o C—digo Civil Ž mais espec’fico, tratando do tema em seu art. 1.097.

Art. 1.097. Consideram-se coligadas as sociedades que, em suas rela•›es de capital, s‹o
controladas, filiadas, ou de simples participa•‹o, na forma dos artigos seguintes.
Art. 1.098. ƒ controlada:
I - a sociedade de cujo capital outra sociedade possua a maioria dos votos nas
delibera•›es dos quotistas ou da assembleia geral e o poder de eleger a maioria dos
administradores;
II - a sociedade cujo controle, referido no inciso antecedente, esteja em poder de outra,
mediante a•›es ou quotas possu’das por sociedades ou sociedades por esta j‡ controlada.

Podemos dizer, portanto, que as sociedades coligadas s‹o aquelas controladas,


filiadas ou de simples participa•‹o.
No controle societ‡rio, temos uma sociedade (controladora) que detŽm o
poder de ditar o futuro e a administra•‹o de outra (controlada). No caso do
inciso I do art. 1.098, temos o controle societ‡rio direto, que n‹o
necessariamente corresponde ˆ maioria absoluta dos votos, mas apenas ˆ
preponder‰ncia, com o poder permanente de eleger a maioria dos
administradores. O inciso II, por sua vez, trata do controle societ‡rio
indireto.

Art. 1.099. Diz-se coligada ou filiada a sociedade de cujo capital outra sociedade participa
com dez por cento ou mais, do capital da outra, sem control‡-la.

A regra dos 10% para identificar a coliga•‹o, segundo a qual a sociedade que
conte com essa propor•‹o de participa•‹o em outra ser‡ considerada coligada,
tambŽm constava na Lei das SA, mas hoje a lei passou a adotar o conceito de
influ•ncia significativa. Veja o que diz hoje o ¤1o e seguintes do art. 243.

¤ 1o S‹o coligadas as sociedades nas quais a investidora tenha influ•ncia significativa.


[...]
¤ 4¼ Considera-se que h‡ influ•ncia significativa quando a investidora detŽm ou exerce o
poder de participar nas decis›es das pol’ticas financeira ou operacional da investida, sem
control‡-la.
¤ 5o ƒ presumida influ•ncia significativa quando a investidora for titular de 20% (vinte por
cento) ou mais do capital votante da investida, sem control‡-la.

Perceba que h‡ influ•ncia significativa quando houver o exerc’cio do poder de


participa•‹o nas decis›es financeiras e operacionais, independentemente do

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percentual de participa•‹o no capital. Por outro lado, se a participa•‹o for


superior a 20%, mesmo sem controle, haver‡ a presun•‹o de influ•ncia
significativa.
Por œltimo devemos mencionar os arts. 1.100 e 1.101 do C—digo Civil.

Art. 1.100. ƒ de simples participa•‹o a sociedade de cujo capital outra sociedade possua
menos de dez por cento do capital com direito de voto.
Art. 1.101. Salvo disposi•‹o especial de lei, a sociedade n‹o pode participar de outra,
que seja sua s—cia, por montante superior, segundo o balan•o, ao das pr—prias reservas,
exclu’da a reserva legal.
Par‡grafo œnico. Aprovado o balan•o em que se verifique ter sido excedido esse limite, a
sociedade n‹o poder‡ exercer o direito de voto correspondente ˆs a•›es ou quotas em
excesso, as quais devem ser alienadas nos cento e oitenta dias seguintes ˆquela
aprova•‹o.

O C—digo Civil determina, como regra geral, que, quando uma sociedade tiver
participa•‹o de menos de 10% no capital votante de outra, estaremos diante de
simples participa•‹o.

4.5.2. Grupos societ‡rios


Os grupos societ‡rios s‹o mencionados pela Lei das SA em seu art. 265.

Art. 265. A sociedade controladora e suas controladas podem constituir, nos termos
deste Cap’tulo, grupo de sociedades, mediante conven•‹o pela qual se obriguem a
combinar recursos ou esfor•os para a realiza•‹o dos respectivos objetos, ou a participar
de atividades ou empreendimentos comuns.
[...]
Art. 266. As rela•›es entre as sociedades, a estrutura administrativa do grupo e a
coordena•‹o ou subordina•‹o dos administradores das sociedades filiadas ser‹o
estabelecidas na conven•‹o do grupo, mas cada sociedade conservar‡ personalidade e
patrim™nios distintos.
[...]
Art. 269. O grupo de sociedades ser‡ constitu’do por conven•‹o aprovada pelas
sociedades que o componham, a qual dever‡ conter:
I - a designa•‹o do grupo;
II - a indica•‹o da sociedade de comando e das filiadas;
III - as condi•›es de participa•‹o das diversas sociedades;
IV - o prazo de dura•‹o, se houver, e as condi•›es de extin•‹o;
V - as condi•›es para admiss‹o de outras sociedades e para a retirada das que o
componham;
VI - os —rg‹os e cargos da administra•‹o do grupo, suas atribui•›es e as rela•›es entre a
estrutura administrativa do grupo e as das sociedades que o componham;

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VII - a declara•‹o da nacionalidade do controle do grupo;


VIII - as condi•›es para altera•‹o da conven•‹o.
Par‡grafo œnico. Para os efeitos do nœmero VII, o grupo de sociedades considera-se sob
controle brasileiro se a sua sociedade de comando est‡ sob o controle de:
a) pessoas naturais residentes ou domiciliadas no Brasil;
b) pessoas jur’dicas de direito pœblico interno; ou
c) sociedade ou sociedades brasileiras que, direta ou indiretamente, estejam sob o
controle das pessoas referidas nas al’neas a e b.

Para constituir um grupo de sociedades Ž necess‡rio estabelecer uma


conven•‹o, que tratar‡ dos detalhes da rela•‹o entre as sociedades envolvidas,
mas Ž importante notar que n‹o h‡ aqui propriamente uma opera•‹o societ‡ria,
pois cada uma das sociedades que comp›em o grupo mantŽm sua
personalidade e patrim™nio pr—prios.

A sociedade controladora e suas controladas podem constituir


grupo de sociedades mediante conven•‹o pela qual se
obriguem a combinar recursos ou esfor•os para a realiza•‹o
dos respectivos objetos, ou a participar de atividades ou empreendimentos
comuns.

AlŽm da formaliza•‹o da conven•‹o, a Lei das SA determina ainda que a


sociedade controladora deve ser brasileira e exercer, direta ou indiretamente, e
de modo permanente, o controle das sociedades filiadas, como titular de
direitos de s—cio ou acionista, ou mediante acordo com outros s—cios ou
acionistas.

4.5.3. Cons—rcios
A constitui•‹o de cons—rcios Ž permitida pela legisla•‹o para a execu•‹o de
empreendimentos espec’ficos, nos termos do art. 278 da Lei das SA.

Art. 278. As companhias e quaisquer outras sociedades, sob o mesmo controle ou n‹o,
podem constituir cons—rcio para executar determinado empreendimento, observado o
disposto neste Cap’tulo.

O cons—rcio n‹o tem personalidade jur’dica pr—pria, sendo constitu’do por meio
de um contrato, que obrigar‡ as consorciadas nos termos do empreendimento
espec’fico. Cada uma das sociedades responde por suas obriga•›es, sem
presun•‹o de solidariedade. AlŽm disso, a fal•ncia de uma das sociedades
consorciadas obviamente n‹o se estende ˆs demais. Nessa situa•‹o o cons—rcio
continua com as demais contratantes.

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Art. 279. O cons—rcio ser‡ constitu’do mediante contrato aprovado pelo —rg‹o da
sociedade competente para autorizar a aliena•‹o de bens do ativo n‹o circulante, do qual
constar‹o:
I - a designa•‹o do cons—rcio se houver;
II - o empreendimento que constitua o objeto do cons—rcio;
III - a dura•‹o, endere•o e foro;
IV - a defini•‹o das obriga•›es e responsabilidade de cada sociedade consorciada, e das
presta•›es espec’ficas;
V - normas sobre recebimento de receitas e partilha de resultados;
VI - normas sobre administra•‹o do cons—rcio, contabiliza•‹o, representa•‹o das
sociedades consorciadas e taxa de administra•‹o, se houver;
VII - forma de delibera•‹o sobre assuntos de interesse comum, com o nœmero de votos
que cabe a cada consorciado;
VIII - contribui•‹o de cada consorciado para as despesas comuns, se houver.
Par‡grafo œnico. O contrato de cons—rcio e suas altera•›es ser‹o arquivados no registro
do comŽrcio do lugar da sua sede, devendo a certid‹o do arquivamento ser publicada.

4.5.4. Sociedade Subsidi‡ria Integral


A sociedade subsidi‡ria integral Ž a œnica possibilidade de sociedade unipessoal
admitida no ordenamento jur’dico brasileiro. ƒ uma modalidade espec’fica de
sociedade an™nima em que todas as a•›es pertencem a um œnico acionista,
que, por sua vez, ser‡ sempre uma sociedade brasileira.

Art. 251. A companhia pode ser constitu’da, mediante escritura pœblica, tendo como
œnico acionista sociedade brasileira.

A sociedade subsidi‡ria integral pode ainda ter sido constitu’da sobre outra
modalidade, resultando da convers‹o de uma companhia j‡ existente. Para tal
basta que todas as suas a•›es sejam adquiridas por sociedade brasileira. O art.
252 prev• ainda a possibilidade de uma subsidi‡ria integral surgir como
resultado de uma opera•‹o de incorpora•‹o societ‡ria.

Art. 252. A incorpora•‹o de todas as a•›es do capital social ao patrim™nio de outra


companhia brasileira, para convert•-la em subsidi‡ria integral, ser‡ submetida ˆ
delibera•‹o da assemblŽia-geral das duas companhias mediante protocolo e justifica•‹o,
nos termos dos artigos 224 e 225.

4.5.5. Sociedade de Prop—sito Espec’fico (SPE)


A SPE n‹o Ž um tipo societ‡rio, mas apenas uma sociedade empres‡ria que tem
um œnico objeto social. Normalmente Ž uma SA institu’da por sua controladora
para atingir determinada finalidade.

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H‡ alguns casos previstos na legisla•‹o em que a constitui•‹o de SPE Ž


obrigat—ria, a exemplo das Parcerias Pœblico-Privadas (PPP). A Lei n.
11.079/2004 traz essa obrigatoriedade em seu art. 9o.

Art. 9o Antes da celebra•‹o do contrato, dever‡ ser constitu’da sociedade de prop—sito


espec’fico, incumbida de implantar e gerir o objeto da parceria.

4.5.6. Holding
A holding nada mais Ž do que a sociedade que Ž s—cia de outra sociedade.
Nesse sentido a doutrina faz uma diferencia•‹o que merece ser mencionada por
n—s.

Tem por objeto social somente a


Holding pura participa•‹o em outras sociedades

HOLDING
Tem por objeto social a participa•‹o
em outras sociedades e tambŽm a
Holding mista explora•‹o de outras atividades
econ™micas

4.5.7. Joint venture


Joint venture Ž uma modalidade de coopera•‹o entre sociedades
empres‡rias com a finalidade de exercer uma atividade econ™mica
independente e com intuito lucrativo.
ƒ comum a cria•‹o de joint ventures, por exemplo, para buscar novas
tecnologias, assegurar a presen•a de determinado agente econ™mico num setor
de mercado, etc.

4.5.8. Fundos de private equity e venture capital


Esses fundos foram desenvolvidos inicialmente nos Estados Unidos e hoje s‹o
uma relevante forma de investimento em empreendimentos de risco.
Basicamente s‹o fundos de capital de risco que trabalham com investimento
privado, por meio do qual se compra participa•‹o em determinadas sociedades
empres‡rias que tragam possibilidades reais de crescimento e desenvolvimento.
Os investidores assumem papel relevante no desenvolvimento do neg—cio, e
normalmente, ap—s seu crescimento, vendem sua participa•‹o e procuram
outro neg—cio para investir.
Por conta desse perfil Ž necess‡rio que haja garantias para uma sa’da segura e
rent‡vel. Um mecanismo muito usado para isso Ž o chamado direito de
arraste (drag along). A express‹o se refere basicamente ao direito de um s—cio

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que est‡ vendendo suas a•›es de obrigar os demais s—cios a tambŽm vend•-
las, caso o comprador tenha feito a oferta de compra de toda a companhia.
Geralmente a cl‡usula drag along Ž prevista em estatutos de empreendimentos
que recebem investimentos e fundos private equity e venture capital. ƒ uma
estratŽgia para permitir a sa’da futura desses investidores, j‡ que eles
normalmente ingressam nesses empreendimentos com o objetivo de sair ap—s
determinado per’odo para procurar novas possibilidades de investimento.

5 Ð Dissolu•‹o, Liquida•‹o e Extin•‹o das Sociedades


No ordenamento jur’dico brasileiro h‡ dois regimes diferentes de dissolu•‹o das
sociedades: um aplic‡vel ˆs sociedades contratuais (previsto no C—digo Civil), e
outro aplic‡vel ˆs sociedades por a•›es (previsto na Lei das SA). A l—gica geral
dos dois regimes Ž a mesma, e v‡rias regras s‹o muito semelhantes, mas
precisamos estuda-los separadamente.

5.1. Regime de dissolu•‹o total das sociedades


contratuais
Comecemos analisando os dispositivos do C—digo Civil que tratam do assunto.

Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:


I - o vencimento do prazo de dura•‹o, salvo se, vencido este e sem oposi•‹o de s—cio,
n‹o entrar a sociedade em liquida•‹o, caso em que se prorrogar‡ por tempo
indeterminado;
II - o consenso un‰nime dos s—cios;
III - a delibera•‹o dos s—cios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo
indeterminado;
IV - a falta de pluralidade de s—cios, n‹o reconstitu’da no prazo de cento e oitenta dias;
V - a extin•‹o, na forma da lei, de autoriza•‹o para funcionar.
[...]
Art. 1.034. A sociedade pode ser dissolvida judicialmente, a requerimento de qualquer
dos s—cios, quando:
I - anulada a sua constitui•‹o;
II - exaurido o fim social, ou verificada a sua inexequibilidade.

Parte da doutrina diz que o art. 1.033 prev• as situa•›es que ensejam a
dissolu•‹o de pleno direito, bem como as causas de dissolu•‹o amig‡vel
da sociedade. Por outro lado, o art. 1.034, traz as causas de dissolu•‹o
judicial.

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A maior parte da doutrina, porŽm, apenas distingue a dissolu•‹o judicial da


extrajudicial, o que Ž mais simples para n—s, n‹o Ž mesmo!? J
No C—digo de Processo Civil de 2015, a dissolu•‹o total da sociedade segue o
procedimento comum, enquanto a dissolu•‹o parcial segue procedimento
espec’fico que estudaremos no momento oportuno. AlŽm disso, devemos
lembrar ainda da fal•ncia da sociedade, que tambŽm acarreta a sua
dissolu•‹o. AlŽm disso, o pr—prio contrato social pode prever outras situa•›es
que justifiquem a dissolu•‹o, conforme art. 1.035 do C—digo Civil.

Art. 1.035. O contrato pode prever outras causas de dissolu•‹o, a serem verificadas
judicialmente quando contestadas.

O procedimento de dissolu•‹o se inicia com o chamado ato de dissolu•‹o, que


assume formas diferentes a depender da hip—tese com a qual estamos
trabalhando. Pode ser um distrato social ou uma decis‹o judicial, por exemplo.

Art. 1.036. Ocorrida a dissolu•‹o, cumpre aos administradores providenciar


imediatamente a investidura do liquidante, e restringir a gest‹o pr—pria aos neg—cios
inadi‡veis, vedadas novas opera•›es, pelas quais responder‹o solid‡ria e ilimitadamente.
Par‡grafo œnico. Dissolvida de pleno direito a sociedade, pode o s—cio requerer, desde
logo, a liquida•‹o judicial.

A sociedade n‹o perde sua personalidade jur’dica com o ato de dissolu•‹o. Esse
ato dever‡ primeiramente ser registrado na Junta Comercial, e ent‹o a
sociedade iniciar‡ a fase de liquida•‹o, durante a qual deve ser adotada a
express‹o Òem liquida•‹oÓ em seguida ao seu nome empresarial.
Durante esse per’odo ser‡ feita a apura•‹o de haveres da sociedade, com a
importante atua•‹o do liquidante.

Art. 1.037. Ocorrendo a hip—tese prevista no inciso V do art. 1.033, o MinistŽrio Pœblico, t‹o
logo lhe comunique a autoridade competente, promover‡ a liquida•‹o judicial da
sociedade, se os administradores n‹o o tiverem feito nos trinta dias seguintes ˆ perda da
autoriza•‹o, ou se o s—cio n‹o houver exercido a faculdade assegurada no par‡grafo œnico
do artigo antecedente.
Par‡grafo œnico. Caso o MinistŽrio Pœblico n‹o promova a liquida•‹o judicial da
sociedade nos quinze dias subseqŸentes ao recebimento da comunica•‹o, a autoridade
competente para conceder a autoriza•‹o nomear‡ interventor com poderes para requerer
a medida e administrar a sociedade atŽ que seja nomeado o liquidante.

Lembre-se de que a hip—tese do inciso V do art. 1.033 se refere ˆ extin•‹o de


autoriza•‹o para funcionar. Neste caso, se os administradores da sociedade n‹o
promoverem a liquida•‹o da sociedade nos 30 dias seguintes ˆ perda da
autoriza•‹o, caber‡ a tarefa ao MinistŽrio Pœblico.

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Art. 1.038. Se n‹o estiver designado no contrato social, o liquidante ser‡ eleito por
delibera•‹o dos s—cios, podendo a escolha recair em pessoa estranha ˆ sociedade.
¤ 1o O liquidante pode ser destitu’do, a todo tempo:
I - se eleito pela forma prevista neste artigo, mediante delibera•‹o dos s—cios;
II - em qualquer caso, por via judicial, a requerimento de um ou mais s—cios, ocorrendo
justa causa.

O liquidante ser‡, como regra geral, escolhido pelos s—cios, sendo poss’vel a
escolha de um n‹o s—cio para exercer a fun•‹o. A destitui•‹o do liquidante pode
dar-se da mesma forma ou por via judicial, quando ocorrer justa causa.
O procedimento de liquida•‹o est‡ descrito nos arts. 1.102 e seguintes do
C—digo Civil.

Art. 1.102. Dissolvida a sociedade e nomeado o liquidante na forma do disposto neste


Livro, procede-se ˆ sua liquida•‹o, de conformidade com os preceitos deste Cap’tulo,
ressalvado o disposto no ato constitutivo ou no instrumento da dissolu•‹o.
Par‡grafo œnico. O liquidante, que n‹o seja administrador da sociedade, investir-se-‡
nas fun•›es, averbada a sua nomea•‹o no registro pr—prio.

O C—digo Civil confere ao liquidante da sociedade uma sŽrie de deveres:


a)! averbar e publicar a ata, senten•a ou instrumento de dissolu•‹o da
sociedade;
b)! arrecadar os bens, livros e documentos da sociedade, onde quer que
estejam;
c)! proceder, nos quinze dias seguintes ao da sua investidura e com a
assist•ncia, sempre que poss’vel, dos administradores, ˆ elabora•‹o do
invent‡rio e do balan•o geral do ativo e do passivo;
d)! ultimar os neg—cios da sociedade, realizar o ativo, pagar o passivo e
partilhar o remanescente entre os s—cios ou acionistas;
e)! exigir dos quotistas, quando insuficiente o ativo ˆ solu•‹o do passivo, a
integraliza•‹o de suas quotas e, se for o caso, as quantias necess‡rias,
nos limites da responsabilidade de cada um e proporcionalmente ˆ
respectiva participa•‹o nas perdas, repartindo-se, entre os s—cios
solventes e na mesma propor•‹o, o devido pelo insolvente;
f)! convocar assembleia dos quotistas, cada seis meses, para apresentar
relat—rio e balan•o do estado da liquida•‹o, prestando conta dos atos
praticados durante o semestre, ou sempre que necess‡rio;
g)! confessar a fal•ncia da sociedade e pedir concordata, de acordo com as
formalidades prescritas para o tipo de sociedade liquidanda;
h)! por ocasi‹o do fim da liquida•‹o, apresentar aos s—cios o relat—rio da
liquida•‹o e as suas contas finais;
i)! averbar a ata da reuni‹o ou da assembleia, ou o instrumento firmado
pelos s—cios, que considerar encerrada a liquida•‹o.

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Podemos dizer, sem maiores dificuldades, portanto, que o liquidante se


torna, de forma geral, o administrador da sociedade em liquida•‹o,
recebendo poderes para representar a sociedade e praticar todos os atos
necess‡rios ˆ sua liquida•‹o, inclusive alienar bens m—veis ou im—veis,
transigir, receber e dar quita•‹o.
A ideia Ž ainda corroborada pelo art. 1.104 do C—digo Civil, segundo o qual Òas
obriga•›es e a responsabilidade do liquidante regem-se pelos preceitos
peculiares ˆs dos administradores da sociedade liquidandaÓ.

Art. 1.106. Respeitados os direitos dos credores preferenciais, pagar‡ o liquidante as


d’vidas sociais proporcionalmente, sem distin•‹o entre vencidas e vincendas, mas, em
rela•‹o a estas, com desconto.
Par‡grafo œnico. Se o ativo for superior ao passivo, pode o liquidante, sob sua
responsabilidade pessoal, pagar integralmente as d’vidas vencidas.

A liquida•‹o e todo o trabalho do liquidante s‹o conduzidos de forma a atingir


dois principais objetivos: realizar o ativo, com a venda dos bens da sociedade
a cobran•a de seus devedores; e satisfazer o passivo, com o pagamento de
todos os seus credores.
Perceba ainda que as d’vidas ser‹o todas pagas, ainda que vincendas (ou seja,
que n‹o estejam vencidas), mas neste caso dever‡ haver um desconto
concedido pelo credor, em raz‹o da antecipa•‹o da liquida•‹o.
Uma vez feitos os pagamentos aos credores, entra-se ent‹o na fase de partilha
do patrim™nio l’quido da sociedade ente os seus s—cios. Se o passivo for maior
que o ativo, obviamente n‹o haver‡ o que partilhar, e o dever do liquidante
ent‹o ser‡ requerer a fal•ncia da sociedade.

Art. 1.109. Aprovadas as contas, encerra-se a liquida•‹o, e a sociedade se extingue, ao


ser averbada no registro pr—prio a ata da assembleia.
Par‡grafo œnico. O dissidente tem o prazo de trinta dias, a contar da publica•‹o da ata,
devidamente averbada, para promover a a•‹o que couber.

Ap—s a partilha, cabe ao liquidante prestar contas de suas atividades aos s—cios.
Aprovadas as contas, a liquida•‹o estar‡ encerrada, e a’ sim a sociedade ser‡
extinta, mediante averba•‹o do registro da assembleia de s—cios na Junta
Comercial.
Se algum s—cio discordar da presta•‹o de contas do liquidante mas terminar
sendo vencido na assembleia que a aprovou, ter‡ o prazo de 30 dias para
propor a a•‹o que entender cab’vel.
Se houver algum credor n‹o satisfeito, este poder‡ exigir dos s—cios,
individualmente, o pagamento do seu crŽdito atŽ o limite da soma recebida em

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raz‹o da partilha. AlŽm disso, o credor pode tambŽm propor a•‹o de perdas e
danos contra o liquidante.

5.2. Regime de dissolu•‹o parcial das sociedades


contratuais
Hoje o C—digo Civil admite expressamente a dissolu•‹o parcial da sociedade.
Isso ocorre quando um s—cio descontente deseja retirar-se da sociedade,
recebendo a parte que lhe cabe no patrim™nio social. Nesse caso n‹o Ž preciso
nomear liquidante, mas apenas indicar perito cont‡bil para a apura•‹o dos
haveres, nos termos de decis‹o do STJ.

COMERCIAL E PROCESSUAL CIVIL. DISSOLU‚ÌO PARCIAL DE SOCIEDADE.


ALEGADA VIOLA‚ÌO AO ARTIGO 535 DO CPC. NÌO-OCORRæNCIA. NOMEA‚ÌO DE
LIQUIDANTE. DESCABIMENTO. PROCEDIMENTO DE APURA‚ÌO DE HAVERES.
INDICA‚ÌO DE TƒCNICO PELO JUêZO PARA REALIZA‚ÌO DE PERêCIA CONTçBIL.
PEDIDO GENƒRICO DE CONDENA‚ÌO EM HONORçRIOS ADVOCATêCIOS.
POSSIBILIDADE. EXISTæNCIA DE INTERESSE RECURSAL PARA MAJORAR O
QUANTUM FIXADO PELA SENTEN‚A. DISSêDIO JURISPRUDENCIAL. RATEIO DAS
CUSTAS E HONORçRIOS EM PROCEDIMENTO DE DISSOLU‚ÌO PARCIAL DE
SOCIEDADE. PRECEDENTES DESTA CORTE QUE ADMITEM A APLICA‚ÌO DO
PRINCêPIO DA SUCUMBæNCIA. INCIDæNCIA DA SòMULA 83/STJ.
1. N‹o se observa negativa de presta•‹o jurisdicional quando a Corte local se manifesta
acerca de todas as quest›es relevantes para a solu•‹o da controvŽrsia. Aus•ncia de
viola•‹o ao artigo 535 do C—digo de Processo Civil. 2. A dissolu•‹o parcial de sociedade,
com a retirada de um dos s—cios, n‹o prev• procedimento de liquida•‹o, incompat’vel com
o objetivo de preserva•‹o da atividade empresarial, sendo cab’vel a indica•‹o de perito
cont‡bil, pelo ju’zo, para apura•‹o dos haveres do s—cio exclu’do. 3. O interesse recursal
subsiste mesmo na hip—tese de pedido genŽrico de honor‡rios advocat’cios, visto que n‹o
Ž poss’vel quantificar previamente o valor da condena•‹o a ser fixada pelo magistrado. 4.
Conforme precedentes desta Corte, comprovada a resist•ncia dos rŽus em promover a
dissolu•‹o extrajudicial da sociedade, for•ando o autor a ingressar em ju’zo, incide a regra
contida no art. 20 do CPC, com a sucumb•ncia da parte vencida. 5. Recurso especial n‹o
conhecido.
REsp 242603/SC, Rel. Min. Luis Felipe Salom‹o, 4a Turma, j. 04.12.2008, DJe
18.12.2008.

Aqui vale mencionar a pol•mica relacionada ˆ possibilidade (ou n‹o) de penhora


das quotas sociais. A doutrina mais tradicional (que encontra algum respaldo na
jurisprud•ncia dos tribunais superiores) Ž no sentido de que, nas sociedades de
pessoas, n‹o faria sentido permitir a penhora das quotas sociais.
Nessas sociedades, como voc• deve lembrar, o v’nculo entre os s—cios Ž muito
forte, e por isso Ž muito comum que haja cl‡usula no contrato social
condicionando a admiss‹o de novos s—cios ˆ anu•ncia. Permitir a penhora das
quotas, portanto, traria a possibilidade de sua aliena•‹o a um estranho, o que,
muito provavelmente, terminaria levando ˆ extin•‹o da sociedade por falta de
confian•a entre os s—cios.

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O C—digo Civil de 2002, porŽm, parece ter admitido a possibilidade de penhora


de quotas para garantia de d’vida pessoal do s—cio.

Art. 1.026. O credor particular de s—cio pode, na insufici•ncia de outros bens do devedor,
fazer recair a execu•‹o sobre o que a este couber nos lucros da sociedade, ou na parte
que lhe tocar em liquida•‹o.
Par‡grafo œnico. Se a sociedade n‹o estiver dissolvida, pode o credor requerer a
liquida•‹o da quota do devedor, cujo valor, apurado na forma do art. 1.031, ser‡
depositado em dinheiro, no ju’zo da execu•‹o, atŽ noventa dias ap—s aquela liquida•‹o.

Vale a pena mencionar que o dispositivo acima se aplica especificamente ˆs


sociedades simples, mas voc• tambŽm deve lembrar que as disposi•›es acerca
dessas sociedades se aplicam subsidiariamente ˆs sociedades limitadas. Somos
obrigados a concluir, portanto, que as quotas de sociedade limitada s‹o hoje
penhor‡veis para a garantia de d’vidas pessoais do s—cio.

As quotas de sociedade limitada s‹o hoje


penhor‡veis para a garantia de d’vidas pessoais do
s—cio.

O procedimento para penhora de quotas encontra previs‹o espec’fica no art.


861 do C—digo de Processo Civil de 2015.

Art. 861. Penhoradas as quotas ou as a•›es de s—cio em sociedade simples ou


empres‡ria, o juiz assinar‡ prazo razo‡vel, n‹o superior a 3 (tr•s) meses, para que a
sociedade:
I - apresente balan•o especial, na forma da lei;
II - ofere•a as quotas ou as a•›es aos demais s—cios, observado o direito de prefer•ncia
legal ou contratual;
III - n‹o havendo interesse dos s—cios na aquisi•‹o das a•›es, proceda ˆ liquida•‹o das
quotas ou das a•›es, depositando em ju’zo o valor apurado, em dinheiro.
¤ 1o Para evitar a liquida•‹o das quotas ou das a•›es, a sociedade poder‡ adquiri-las sem
redu•‹o do capital social e com utiliza•‹o de reservas, para manuten•‹o em tesouraria.
¤ 2o O disposto no caput e no ¤ 1o n‹o se aplica ˆ sociedade an™nima de capital aberto,
cujas a•›es ser‹o adjudicadas ao exequente ou alienadas em bolsa de valores, conforme o
caso.
¤ 3o Para os fins da liquida•‹o de que trata o inciso III do caput, o juiz poder‡, a
requerimento do exequente ou da sociedade, nomear administrador, que dever‡ submeter
ˆ aprova•‹o judicial a forma de liquida•‹o.
¤ 4o O prazo previsto no caput poder‡ ser ampliado pelo juiz, se o pagamento das quotas
ou das a•›es liquidadas:
I - superar o valor do saldo de lucros ou reservas, exceto a legal, e sem diminui•‹o do
capital social, ou por doa•‹o; ou
II - colocar em risco a estabilidade financeira da sociedade simples ou empres‡ria.

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¤ 5o Caso n‹o haja interesse dos demais s—cios no exerc’cio de direito de prefer•ncia, n‹o
ocorra a aquisi•‹o das quotas ou das a•›es pela sociedade e a liquida•‹o do inciso III do
caput seja excessivamente onerosa para a sociedade, o juiz poder‡ determinar o leil‹o
judicial das quotas ou das a•›es.

Uma outra hip—tese de dissolu•‹o parcial da sociedade Ž a morte de um dos


s—cios, podendo haver disposi•‹o contratual que preveja a possibilidade de a
sociedade continuar operando com os herdeiros do falecido assumindo sua
participa•‹o social. Veja o que diz o art. 1.028 do C—digo Civil acerca do
assunto.

Art. 1.028. No caso de morte de s—cio, liquidar-se-‡ sua quota, salvo:


I - se o contrato dispuser diferentemente;
II - se os s—cios remanescentes optarem pela dissolu•‹o da sociedade;
III - se, por acordo com os herdeiros, regular-se a substitui•‹o do s—cio falecido.

Outra hip—tese que merece ser estudada Ž a do exerc’cio do direito de


retirada por parte de um dos s—cios. Neste caso o C—digo Civil permite a
dissolu•‹o parcial da sociedade, com a apura•‹o de haveres do s—cio que est‡
se retirando.
Esse procedimento foi estabelecido com base nos posicionamentos doutrin‡rios
e jurisprudenciais acerca do princ’pio da preserva•‹o da empresa. De acordo
com esse princ’pio, as atividades econ™micas consideradas relevantes e
eficientes, ou seja, que sejam dotadas de fun•‹o social, devem ser
preservadas, cabendo ao Estado envidar esfor•os para a sua conserva•‹o.

Art. 1.029. AlŽm dos casos previstos na lei ou no contrato, qualquer s—cio pode retirar-se
da sociedade; se de prazo indeterminado, mediante notifica•‹o aos demais s—cios, com
anteced•ncia m’nima de sessenta dias; se de prazo determinado, provando judicialmente
justa causa.

O exerc’cio do direito de retirada por parte de um s—cio, portanto, leva ˆ


dissolu•‹o parcial da sociedade, mas tambŽm Ž poss’vel que os demais s—cios
n‹o queiram dar continuidade ˆ sociedade, podendo optar pela dissolu•‹o total
no prazo de 30 dias.
Por fim, devemos mencionar ainda a possibilidade de exclus‹o de s—cio, como
mais uma causa de dissolu•‹o parcial da sociedade contratual. Essa causa de
exclus‹o tambŽm est‡ prevista no art. 1.030 do C—digo Civil.

Art. 1.030. Ressalvado o disposto no art. 1.004 e seu par‡grafo œnico, pode o s—cio ser
exclu’do judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos demais s—cios, por falta grave
no cumprimento de suas obriga•›es, ou, ainda, por incapacidade superveniente.

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A A•‹o de Dissolu•‹o Parcial da Sociedade, no regime anterior chamada de


A•‹o de Resolu•‹o de Sociedade em rela•‹o a um S—cio, serve para a situa•‹o
em que n‹o se deseja encerrar uma sociedade, mas apenas retirar um dos
componentes do quadro societ‡rio, continuando a sociedade com os demais,
reduzindo-se o capital social.
O Novo CPC traz disposi•›es espec’ficas acerca dessa a•‹o, diferentemente do
que fazia o CPC de 1973.

Art. 599. A a•‹o de dissolu•‹o parcial de sociedade pode ter por objeto:
I - a resolu•‹o da sociedade empres‡ria contratual ou simples em rela•‹o ao s—cio
falecido, exclu’do ou que exerceu o direito de retirada ou recesso; e
II - a apura•‹o dos haveres do s—cio falecido, exclu’do ou que exerceu o direito de
retirada ou recesso; ou
III - somente a resolu•‹o ou a apura•‹o de haveres.
¤ 1o A peti•‹o inicial ser‡ necessariamente instru’da com o contrato social consolidado.

Como a sociedade se dissolver‡ somente em rela•‹o a um s—cio, dever‡ ocorrer


a apura•‹o de haveres, em conformidade com o art. 1.031 do C—digo Civil.

Art. 1.031. Nos casos em que a sociedade se resolver em rela•‹o a um s—cio, o valor da
sua quota, considerada pelo montante efetivamente realizado, liquidar-se-‡, salvo
disposi•‹o contratual em contr‡rio, com base na situa•‹o patrimonial da sociedade, ˆ data
da resolu•‹o, verificada em balan•o especialmente levantado.
¤ 1o O capital social sofrer‡ a correspondente redu•‹o, salvo se os demais s—cios
suprirem o valor da quota.
¤ 2o A quota liquidada ser‡ paga em dinheiro, no prazo de noventa dias, a partir da
liquida•‹o, salvo acordo, ou estipula•‹o contratual em contr‡rio.

Tratando-se de sociedade limitada, o C—digo Civil traz disposi•›es espec’ficas


sobre o tema.

Art. 1.085. Ressalvado o disposto no art. 1.030, quando a maioria dos s—cios,
representativa de mais da metade do capital social, entender que um ou mais s—cios est‹o
pondo em risco a continuidade da empresa, em virtude de atos de ineg‡vel gravidade,
poder‡ exclu’-los da sociedade, mediante altera•‹o do contrato social, desde que prevista
neste a exclus‹o por justa causa.
Par‡grafo œnico. A exclus‹o somente poder‡ ser determinada em reuni‹o ou assembleia
especialmente convocada para esse fim, ciente o acusado em tempo h‡bil para permitir
seu comparecimento e o exerc’cio do direito de defesa.

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5.3. Dissolu•‹o, liquida•‹o e extin•‹o das sociedades


por a•›es
Como voc• j‡ sabe, o procedimento de liquida•‹o das sociedades por a•›es n‹o
segue o C—digo Civil, mas sim a Lei n. 6.404/1976, conhecida como Lei das
Sociedades por A•›es.

Art. 206. Dissolve-se a companhia:


I - de pleno direito:
a) pelo tŽrmino do prazo de dura•‹o;
b) nos casos previstos no estatuto;
c) por delibera•‹o da assemblŽia-geral (art. 136, X);
d) pela exist•ncia de 1 (um) œnico acionista, verificada em assemblŽia-geral ordin‡ria, se
o m’nimo de 2 (dois) n‹o for reconstitu’do atŽ ˆ do ano seguinte, ressalvado o disposto no
artigo 251;
e) pela extin•‹o, na forma da lei, da autoriza•‹o para funcionar.
II - por decis‹o judicial:
a) quando anulada a sua constitui•‹o, em a•‹o proposta por qualquer acionista;
b) quando provado que n‹o pode preencher o seu fim, em a•‹o proposta por acionistas
que representem 5% (cinco por cento) ou mais do capital social;
c) em caso de fal•ncia, na forma prevista na respectiva lei;
III - por decis‹o de autoridade administrativa competente, nos casos e na forma
previstos em lei especial.

O art. 206, como voc• j‡ deve ter percebido, prev• o chamado ato de
dissolu•‹o, que d‡ in’cio ao procedimento de liquida•‹o da sociedade. Das
possibilidades mencionadas pelo dispositivo, a œnica que traz a necessidade de
esclarecimento adicional Ž a al’nea b do inciso II, que exige a
representatividade m’nima de 5% do capital social para a proposi•‹o de a•‹o
de dissolu•‹o da sociedade fundada na impossibilidade de atingimento de sua
finalidade.
Conforme a jurisprud•ncia do STJ, a titularidade de 5% do capital deve ser
comprovada no momento da propositura da a•‹o, sendo irrelevantes altera•›es
posteriores na distribui•‹o das a•›es.

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DIREITO SOCIETçRIO. A‚ÌO DE DISSOLU‚ÌO DE SOCIEDADE ANïNIMA,


PROPOSTA POR ACIONISTAS MINORITçRIOS. QUORUM MêNIMO ATENDIDO NA
DATA DA PROPOSITURA DA A‚ÌO. DESISTæNCIA DA A‚ÌO POR UM DOS
AUTORES, NO CURSO DO PROCESSO. HOMOLOGA‚ÌO PELO JUêZO.
CORRESPONDENTE DIMINUI‚ÌO DA PARTICIPA‚ÌO DETIDA PELOS AUTORES NO
CAPITAL SOCIAL DA COMPANHIA A SER DISSOLVIDA, PARA PATAMAR INFERIOR
AO MêNIMO LEGAL. IRRELEVåNCIA.
A titularidade de 5% do capital social da companhia, em a•›es de dissolu•‹o proposta
com base no art. 206 da Lei das S.A., Ž condi•‹o a ser preenchida na data da propositura
da demanda, sendo irrelevantes as altera•›es nesse percentual ocorridas no curso do
processo. - Na hip—tese dos autos, a desist•ncia de um dos litigantes n‹o poderia
prejudicar os demais. Sendo necess‡rio o litiscons—rcio formado por ocasi‹o da
propositura da a•‹o, o consentimento dado pelo autor no in’cio do processo n‹o pode ser
revogado em seu curso. A desist•ncia s— pode ser admitida caso subscrita por todos os
autores. Recurso especial conhecido e provido.
REsp 408122/PR, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, 3a Turma, d. j. 20.06.2006, DJ
27.11.2006 p. 272

O C—digo de Processo Civil de 2015 previu a ado•‹o do procedimento comum


para a dissolu•‹o total das sociedades por a•›es, contando com procedimento
especial apenas para a dissolu•‹o parcial.
Assim como a regra que estudamos no C—digo Civil, a Lei das SA determina que
a sociedade deve manter sua personalidade jur’dica durante a liquida•‹o,
adotando ao final de seu nome empresarial a express‹o Òem liquida•‹oÓ.

Art. 208. Silenciando o estatuto, compete ˆ assembleia-geral, nos casos do nœmero I do


artigo 206, determinar o modo de liquida•‹o e nomear o liquidante e o conselho fiscal que
devam funcionar durante o per’odo de liquida•‹o.
¤ 1¼ A companhia que tiver conselho de administra•‹o poder‡ mant•-lo, competindo-lhe
nomear o liquidante; o funcionamento do conselho fiscal ser‡ permanente ou a pedido de
acionistas, conforme dispuser o estatuto.
¤ 2¼ O liquidante poder‡ ser destitu’do, a qualquer tempo, pelo —rg‹o que o tiver
nomeado.

Ocorrendo um dos atos de dissolu•‹o, passa-se ˆ liquida•‹o da sociedade. Em


regra, o liquidante dever‡ ser nomeado pela assembleia-geral, mas se a
companhia tiver conselho de administra•‹o, este ser‡ competente para tal.
AlŽm do —rg‹o que o nomeou, o liquidante poder‡ tambŽm ser destitu’do
judicialmente, mediante requerimento dos acionistas, caso se verifique o
descumprimento dos deveres previstos no art. 210.

Art. 210. S‹o deveres do liquidante:


I - arquivar e publicar a ata da assembleia-geral, ou certid‹o de senten•a, que tiver
deliberado ou decidido a liquida•‹o;
II - arrecadar os bens, livros e documentos da companhia, onde quer que estejam;

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III - fazer levantar de imediato, em prazo n‹o superior ao fixado pela assembleia-geral
ou pelo juiz, o balan•o patrimonial da companhia;
IV - ultimar os neg—cios da companhia, realizar o ativo, pagar o passivo, e partilhar o
remanescente entre os acionistas;
V - exigir dos acionistas, quando o ativo n‹o bastar para a solu•‹o do passivo, a
integraliza•‹o de suas a•›es;
VI - convocar a assembleia-geral, nos casos previstos em lei ou quando julgar necess‡rio;
VII - confessar a fal•ncia da companhia e pedir concordata, nos casos previstos em lei;
VIII - finda a liquida•‹o, submeter ˆ assembleia-geral relat—rio dos atos e opera•›es da
liquida•‹o e suas contas finais;
IX - arquivar e publicar a ata da assembleia-geral que houver encerrado a liquida•‹o.

No art. 208 temos as hip—teses de liquida•‹o extrajudicial. A previs‹o de


liquida•‹o judicial consta no art. 209, que voc• tambŽm deve conhecer.

Art. 209. AlŽm dos casos previstos no nœmero II do artigo 206, a liquida•‹o ser‡
processada judicialmente:
I - a pedido de qualquer acionista, se os administradores ou a maioria de acionistas
deixarem de promover a liquida•‹o, ou a ela se opuserem, nos casos do nœmero I do
artigo 206;
II - a requerimento do MinistŽrio Pœblico, ˆ vista de comunica•‹o da autoridade
competente, se a companhia, nos 30 (trinta) dias subsequentes ˆ dissolu•‹o, n‹o iniciar a
liquida•‹o ou, se ap—s inici‡-la, a interromper por mais de 15 (quinze) dias, no caso da
al’nea e do nœmero I do artigo 301.
Par‡grafo œnico. Na liquida•‹o judicial ser‡ observado o disposto na lei processual,
devendo o liquidante ser nomeado pelo Juiz.

A primeira hip—tese de liquida•‹o judicial Ž a dos administradores ou acionistas


que deixam de promover a liquida•‹o da sociedade, nos casos de dissolu•‹o de
pleno direito. A segunda Ž o caso de a companhia n‹o dar in’cio ˆ liquida•‹o no
prazo de 30 dias contados do ato de dissolu•‹o, ou de interromp•-la por mais
de 15 dias. Nesses casos o liquidante vai ser nomeado pelo juiz.

Assim como o C—digo Civil, a Lei das SA trata o liquidante, em geral, como
administrador da companhia em liquida•‹o, conferindo a ele as prerrogativas de
representar a companhia e praticar todos os atos necess‡rios ˆ liquida•‹o,
inclusive alienar bens m—veis ou im—veis, transigir, receber e dar quita•‹o.
Lembre-se ainda de que alguns atos do liquidante dependem de expressa
autoriza•‹o da assembleia-geral. Sem essa autoriza•‹o o liquidante n‹o poder‡
gravar bens e contrair emprŽstimos, salvo quando indispens‡veis ao pagamento
de obriga•›es inadi‡veis, nem prosseguir, ainda que para facilitar a liquida•‹o,
na atividade social.

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Art. 213. O liquidante convocar‡ a assembleia-geral cada 6 (seis) meses, para prestar-
lhe contas dos atos e opera•›es praticados no semestre e apresentar-lhe o relat—rio e o
balan•o do estado da liquida•‹o; a assembleia-geral pode fixar, para essas presta•›es de
contas, per’odos menores ou maiores que, em qualquer caso, n‹o ser‹o inferiores a 3
(tr•s) nem superiores a 12 (doze) meses.
¤ 1¼ Nas assembleias-gerais da companhia em liquida•‹o todas as a•›es gozam de
igual direito de voto, tornando-se ineficazes as restri•›es ou limita•›es porventura
existentes em rela•‹o ˆs a•›es ordin‡rias ou preferenciais; cessando o estado de
liquida•‹o, restaura-se a efic‡cia das restri•›es ou limita•›es relativas ao direito de voto.
¤ 2¼ No curso da liquida•‹o judicial, as assembleias-gerais necess‡rias para deliberar
sobre os interesses da liquida•‹o ser‹o convocadas por ordem do juiz, a quem compete
presidi-las e resolver, sumariamente, as dœvidas e lit’gios que forem suscitados. As atas
das assembleias-gerais ser‹o, por c—pias aut•nticas, apensadas ao processo judicial.

Durante o processo de liquida•‹o da companhia, o liquidante deve,


periodicamente, prestar contas de sua atua•‹o, convocando a assembleia-geral
a cada 6 meses.
Perceba ainda que, de acordo com o ¤1o do art. 213, nas assembleias-gerais
realizadas durante a fase de liquida•‹o da companhia, todas as a•›es passam a
ser equivalentes no que se refere ao direito a voto.
No caso da liquida•‹o judicial, as assembleias-gerais ser‹o convocadas e
presididas pelo juiz.
As demais regras da Lei das SA acerca da liquida•‹o e seu encerramento s‹o
muito semelhantes ao que j‡ estudamos no C—digo Civil.

Art. 214. Respeitados os direitos dos credores preferenciais, o liquidante pagar‡ as


d’vidas sociais proporcionalmente e sem distin•‹o entre vencidas e vincendas, mas, em
rela•‹o a estas, com desconto ˆs taxas banc‡rias.
Par‡grafo œnico. Se o ativo for superior ao passivo, o liquidante poder‡, sob sua
responsabilidade pessoal, pagar integralmente as d’vidas vencidas.
Art. 215. A assembleia-geral pode deliberar que antes de ultimada a liquida•‹o, e depois
de pagos todos os credores, se fa•am rateios entre os acionistas, ˆ propor•‹o que se
forem apurando os haveres sociais.
¤ 1¼ ƒ facultado ˆ assembleia-geral aprovar, pelo voto de acionistas que representem
90% (noventa por cento), no m’nimo, das a•›es, depois de pagos ou garantidos os
credores, condi•›es especiais para a partilha do ativo remanescente, com a atribui•‹o de
bens aos s—cios, pelo valor cont‡bil ou outro por ela fixado.
¤ 2¼ Provado pelo acionista dissidente (artigo 216, ¤ 2¼) que as condi•›es especiais de
partilha visaram a favorecer a maioria, em detrimento da parcela que lhe tocaria, se
inexistissem tais condi•›es, ser‡ a partilha suspensa, se n‹o consumada, ou, se j‡
consumada, os acionistas majorit‡rios indenizar‹o os minorit‡rios pelos preju’zos
apurados.
Art. 216. Pago o passivo e rateado o ativo remanescente, o liquidante convocar‡ a
assembleia-geral para a presta•‹o final das contas.
¤ 1¼ Aprovadas as contas, encerra-se a liquida•‹o e a companhia se extingue.
¤ 2¼ O acionista dissidente ter‡ o prazo de 30 (trinta) dias, a contar da publica•‹o da ata,
para promover a a•‹o que lhe couber.

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Art. 217. O liquidante ter‡ as mesmas responsabilidades do administrador, e os deveres


e responsabilidades dos administradores, fiscais e acionistas subsistir‹o atŽ a extin•‹o da
companhia.
Art. 218. Encerrada a liquida•‹o, o credor n‹o-satisfeito s— ter‡ direito de exigir dos
acionistas, individualmente, o pagamento de seu crŽdito, atŽ o limite da soma, por eles
recebida, e de propor contra o liquidante, se for o caso, a•‹o de perdas e danos. O
acionista executado ter‡ direito de haver dos demais a parcela que lhes couber no crŽdito
pago.
Art. 219. Extingue-se a companhia:
I - pelo encerramento da liquida•‹o;
II - pela incorpora•‹o ou fus‹o, e pela cis‹o com vers‹o de todo o patrim™nio em outras
sociedades.

5.4. Dissolu•‹o parcial nas sociedades por a•›es


Por muito tempo a jurisprud•ncia dos Tribunais Superiores n‹o admitia a
liquida•‹o parcial das sociedades por a•›es, especialmente por n‹o haver
affectio societatis, em raz‹o do seu car‡ter de sociedade de capital. Lembre-se
ainda de que o direito de retirada do acionista est‡ previsto expressamente na
Lei n. 6.404/1976.
Entretanto, mais recentemente a jurisprud•ncia do STJ tem mudado para
admitir a dissolu•‹o parcial de sociedades an™nimas fechadas organizadas como
grupos familiares, j‡ que nestes casos podemos dizer que existe affectio
societatis.
Em raz‹o de posicionamentos divergentes entre suas turmas, a Segunda Se•‹o
do STJ pacificou a quest‹o, entendendo que Ž poss’vel a dissolu•‹o parcial de
sociedade an™nima nos casos em que haja o v’nculo intuito personae e a
posterior quebra desse v’nculo. J‡ h‡ diversos julgados corroborando tal
posicionamento, e a seguir trago um exemplo.

Comercial. Sociedade an™nima. Dissolu•‹o parcial. Impossibilidade jur’dica do pedido. Nas


sociedades an™nimas o direito de retirada do acionista Ž restrito ˆs hip—teses do art. 137
da Lei 6.404/1976, apresentando-se imposs’vel o pedido de dissolu•‹o parcial da
sociedade, pr—prio das empresas organizadas por quotas de responsabilidade limitada,
sem relevo a qualifica•‹o de coligada da empresa acionista, cuja condi•‹o poder‡ ser
desfeita mediante aliena•‹o de a•›es de modo a reduzir a menos de dez por cento do
capital da sociedade an™nima. (AgRg no Ag 34.120/SP, Rel. Min. Dias Trindade, 3.»
Turma, j. 26.04.1993, DJ 14.06.1993, p. 11.785)
Comercial. Sociedade an™nima. Dissolu•‹o. Impossibilidade jur’dica do pedido. Car•ncia
de a•‹o.
I Ð Pedido de dissolu•‹o, in casu, Ž juridicamente imposs’vel pois a espŽcie societ‡ria
admite o direito de recesso do s—cio descontente.
II Ð Recurso n‹o conhecido.
REsp 171.354/SP, Rel. Min. Waldemar Zveiter, 3.» Turma, j. 16.11.2000, DJ 05.02.2001,
p. 99

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6 Ð Quest›es
6.1. Quest›es sem Coment‡rios
1. PGE-BA Ð Procurador do Estado Ð 2014 Ð Cespe.
A desconsidera•‹o inversa da personalidade jur’dica implica o afastamento
do princ’pio de autonomia patrimonial da sociedade, o que a torna
respons‡vel por d’vida do s—cio.

2. DPDF Ð Defensor Pœblico Ð 2013 Ð Cespe.


Segundo o C—digo Civil de 2002, para a autoriza•‹o da desconsidera•‹o da
personalidade jur’dica, basta a falta de patrim™nio da sociedade para solver
suas obriga•›es.

3. DPDF Ð Defensor Pœblico Ð 2013 Ð Cespe.


A desconsidera•‹o inversa da personalidade jur’dica ocorre quando o
patrim™nio do s—cio Ž atingido para o atendimento de obriga•›es da
sociedade por atos que tenham sido praticados por esta com desvio de
finalidade do instituto da personalidade ou pela confus‹o patrimonial.

4. DPDF Ð Defensor Pœblico Ð 2013 Ð Cespe.


A aplica•‹o da desconsidera•‹o da personalidade jur’dica tem por efeito a
anula•‹o desta no caso concreto.

5. DPE-TO Ð Defensor Pœblico Ð 2013 Ð Cespe.


Assinale a op•‹o correta acerca do direito societ‡rio.
a) A sociedade em nome coletivo ser‡ constitu’da por pessoas f’sicas ou
jur’dicas e a responsabilidade de cada s—cio Ž restrita ao valor de suas
quotas.
b) A sociedade an™nima ser‡ considerada simples ou empres‡ria, conforme
a atividade desenvolvida.
c) A sociedade controladora Ž titular de direitos de s—cio que lhe
assegurem preponder‰ncia nas delibera•›es sociais e o poder de eleger a
maioria dos administradores da sociedade controlada.
d) As sociedades limitadas adquirem personalidade jur’dica no momento
em que todos os s—cios assinam o contrato social, devidamente elaborado
e discutido em assembleia geral.
e) Dissolve-se uma sociedade empres‡ria sempre que ˆ falta de
pluralidade de s—cios, esta n‹o seja reconstitu’da no prazo de sessenta
dias.

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6. PGFN Ð Procurador da Fazenda Nacional Ð 2012 Ð ESAF.


S‹o sociedades empres‡rias, independentemente do objeto, exceto
a) sociedades em comandita por a•›es.
b) companhias de economia mista.
c) subsidi‡rias integrais.
d) sociedades an™nimas.
e) sociedades limitadas.

7. PGE-PB Ð Procurador do Estado Ð 2008 Ð Cespe.


Assinale a op•‹o correta acerca da personalidade jur’dica das sociedades.
a) A eventual inscri•‹o do contrato da sociedade em conta de participa•‹o
na junta comercial atribui-lhe personalidade jur’dica.
b) As sociedades simples, para adquirirem personalidade jur’dica, devem
ser registradas na junta comercial.
c) A sociedade em comum s— adquire personalidade jur’dica se atuar sob
firma social.
d) As companhias, para adquirirem personalidade jur’dica, devem ser
registradas na junta comercial.
e) A personalidade jur’dica das sociedades extingue-se a partir do ato de
dissolu•‹o.

8. TJ-SP Ð Titular de Servi•os de Notas e de Registros Ð 2014


Ð VUNESP.
No tocante ˆs sociedades empres‡rias, Ž correto afirmar que:
a) a sociedade em conta de participa•‹o n‹o existe mais no Direito
brasileiro.
b) a desconsidera•‹o da pessoa jur’dica n‹o pode ser aplicada ˆs
sociedades an™nimas em face do grande nœmero de acionistas.
c) o contrato social deve designar quem Ž o acionista controlador em cada
sociedade.
d) os administradores da sociedade limitada podem ser pessoas que n‹o
sejam s—cios.

9. TJ-SP Ð Titular de Servi•os de Notas e de Registros Ð 2016


Ð VUNESP.
As sociedades empresariais podem ser
a) an™nimas ou ilimitadas.
b) simples e cooperativas.

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c) personificadas e n‹o personificadas.


d) simples e limitadas.

10. TJ-SP Ð Titular de Servi•os de Notas e de Registros Ð


2016 Ð VUNESP.
Sociedade em comandita simples Ž aquela
a) que possui duas espŽcies de s—cios, uma com responsabilidade limitada
ao valor da quota social e outra com responsabilidade ilimitada.
b) em que todos os s—cios t•m responsabilidade limitada ao valor de suas
quotas.
c) que possui duas espŽcies de s—cios, uma com responsabilidade limitada
ao valor do capital social e outra com responsabilidade ilimitada.
d) em que todos os s—cios t•m responsabilidade limitada ao valor do
capital social.

11. TJ-MS Ð Juiz de Direito Ð 2015 Ð VUNESP.


Nos termos do C—digo Civil, a sociedade de cujo capital outra sociedade
possua menos de dez por cento do capital social com direito a voto,
denomina-se sociedade
a) de simples participa•‹o.
b) comum.
c) filiada.
d) controlada.
e) em nome coletivo.

12. TJ-SP Ð Titular de Servi•os de Notas e de Registros Ð


2014 Ð VUNESP.
As sociedades empresariais regulares, no Direito Brasileiro, podem adotar
os seguintes tipos:
a) sociedade simples, sociedade em nome coletivo, sociedade em
comandita simples e por a•›es, sociedade limitada, sociedade por a•›es
b) sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples e
comandita por a•›es, sociedade limitada, sociedade por a•›es
c) sociedade em nome coletivo, sociedade em comum, sociedade
cooperativa, sociedade limitada, sociedade por a•›es.
d) sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita por a•›es,
sociedade limitada, sociedade de prop—sito espec’fico, sociedade por a•›es.

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13. TJ-SP Ð Juiz de Direito Ð 2014 Ð VUNESP.


Tratando-se de sociedade empresarial, Ž correto afirmar que
a) as sociedades em nome coletivo e em comandita simples s‹o de capital.
b) as sociedades de pessoas s‹o aquelas em que a contribui•‹o material Ž
o que mais importa com rela•‹o aos s—cios.
c) a natureza da sociedade importa diferen•as no tocante ˆ aliena•‹o da
participa•‹o societ‡ria (quotas ou a•›es), ˆ sua penhorabilidade por d’vida
particular do s—cio e ˆ quest‹o da sucess‹o por morte.
d) as sociedades de capital s‹o aquelas em que a realiza•‹o do objeto
social depende mais dos atributos individuais dos s—cios.

14. TJ-SP Ð Juiz de Direito Ð 2014 Ð VUNESP.


Tratando-se de sociedade em comum, enquanto n‹o inscritos os atos
constitutivos, exceto por a•›es em organiza•‹o, a sociedade ser‡ regida
pelas disposi•›es constantes do C—digo Civil, observadas, subsidiariamente
e no que com ele forem compat’veis, as normas da sociedade
a) an™nima.
b) em comandita simples.
c) em nome coletivo.
d) simples.

15. TJ-SP Ð Titular de Servi•os de Notas e de Registros Ð


2014 Ð VUNESP.
Assinale a alternativa correta.
a) Na sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples e
comandita por a•›es, e na sociedade por a•›es a responsabilidade dos
s—cios Ž limitada ao montante do capital social.
b) A chamada sociedade de prop—sito espec’fico n‹o Ž um tipo societ‡rio
definido no C—digo Civil, assim ela pode tomar qualquer das formas das
sociedades regulares ali previstas.
c) Nas sociedades limitadas, a administra•‹o obrigatoriamente tem de ser
feita por administradores s—cios e a responsabilidade dos s—cios Ž limitada
ao montante do capital social.
d) Na sociedade simples, a administra•‹o Ž feita conjuntamente pelos
s—cios e a responsabilidade deles Ž limitada ao montante do capital social.

16. TJ-SP Ð Juiz de Direito Ð 2014 Ð VUNESP.


Assinale a op•‹o incorreta.
a) Tanto a sociedade irregular quanto a de fato comp›em categorias de
sociedade comum.

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b) Na sociedade em comum, os s—cios, nas rela•›es entre si ou com


terceiros, somente por escrito podem provar a exist•ncia da sociedade, e
tambŽm os terceiros dever‹o assim provar.
c) Sociedade irregular Ž aquela cujo contrato social n‹o est‡ inscrito no
registro pr—prio, ou, estando inscrito, o est‡ de forma irregular.
d) Sociedade de fato Ž aquela que nem mesmo possui contrato social
escrito.

17. TJ-SP Ð Titular de Servi•os de Notas e de Registros Ð


2014 Ð VUNESP.
Segundo a legisla•‹o civil em vigor, no que diz respeito ˆ empresa
individual de responsabilidade limitada (EIRELI), Ž incorreto afirmar:
a) ela pode usar tanto de firma quanto de denomina•‹o social, seguida da
designa•‹o EIRELI.
b) tem o capital subscrito inteiramente por uma œnica pessoa e a
responsabilidade dela vai atŽ o limite do capital social.
c) a pessoa natural que constituir EIRELI somente poder‡ ter duas
empresas dessa modalidade.
d) aplicam-se ˆ EIRELI, subsidiariamente, as regras da sociedade limitada.

18. TJ-MG Ð Outorga de Delega•‹o de Notas e de Registro Ð


2017 Ð Consulplan.
ƒ uma forma societ‡ria n‹o personificada:
a) Sociedade em conta de participa•‹o.
b) Sociedade simples.
c) Sociedade em comandita simples.
d) Sociedade em nome coletivo.

19. TJ-MG Ð Outorga de Delega•‹o de Notas e de Registro Ð


2017 Ð Consulplan.
Os c™njuges podem contratar entre si sociedade,
a) independentemente do regime de casamento adotado.
b) desde que n‹o tenham casado no regime de separa•‹o de bens, seja
este obrigat—rio ou volunt‡rio.
c) em nenhum caso, independentemente do regime de casamento adotado.
d) desde que n‹o tenham casado no regime de comunh‹o universal de
bens ou no de separa•‹o obrigat—ria.

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20. TJ-PR Ð Juiz de Direito Ð 2017 Ð Cespe.


No que se refere a direito societ‡rio, assinale a op•‹o correta.
a) O C—digo Civil regula a fus‹o e a incorpora•‹o de sociedades, mas n‹o
se aplica ˆs sociedades an™nimas nesse particular.
b) O CDC aplica-se ˆs rela•›es entre acionistas e a sociedade an™nima.
c) Perdas comerciais, ainda que irrepar‡veis, n‹o autorizam a redu•‹o do
capital social depois que ele j‡ esteja integralizado.
d) Desde que haja previs‹o no contrato social da sociedade limitada,
poder‹o ser-lhe aplic‡veis supletivamente as regras da sociedade simples.

21. PC-GO Ð Delegado de Pol’cia Ð 2017 Ð Cespe.


Depende do consentimento de todos os s—cios ou acionistas Ñ salvo em
caso de previs‹o no ato constitutivo, hip—tese em que o dissidente poder‡
retirar-se da sociedade Ñ a opera•‹o societ‡ria denominada
a) incorpora•‹o.
b) fus‹o.
c) cis‹o.
d) liquida•‹o.
e) transforma•‹o.

22. TJ-PR Ð Juiz de Direito Ð 2017 Ð Cespe.


Acerca de liga•›es societ‡rias, assinale a op•‹o correta.
a) A subsidi‡ria integral Ž uma sociedade limitada ou an™nima unipessoal.
b) Devido ˆ sua natureza legal, as cooperativas n‹o podem ser s—cias de
qualquer tipo societ‡rio.
c) Restringem-se ˆs companhias os conceitos de sociedade controladora e
controlada.
d) No cons—rcio para a execu•‹o de determinado empreendimento, a
fal•ncia de uma consorciada n‹o se estende ˆs demais, subsistindo o
cons—rcio com as demais contratantes.

23. TJDFT Ð Juiz de Direito Ð 2016 Ð Cespe.


Com rela•‹o ˆs sociedades em conta de participa•‹o, assinale a op•‹o
correta ˆ luz do C—digo Civil.
a) Em caso de fal•ncia do s—cio participante, ocorrer‡ a dissolu•‹o da
sociedade e a liquida•‹o da respectiva conta, cujo saldo constituir‡ crŽdito
quirograf‡rio.
b) O s—cio ostensivo tem a faculdade de admitir novo s—cio,
independentemente de consentimento expresso dos demais.

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c) O contrato social produz efeito somente entre os s—cios apenas atŽ


eventual inscri•‹o de seu instrumento em qualquer registro, momento em
que a sociedade passar‡ a possuir personalidade jur’dica.
d) A liquida•‹o da sociedade em conta de participa•‹o, se rege pelas
normas relativas ˆ presta•‹o de contas, na forma da lei processual.
e) Os bens sociais respondem por ato de gest‹o apenas do s—cio ostensivo.

24. TRT 6a Regi‹o (PE) Ð Juiz do Trabalho Ð 2015 Ð FCC.


No que diz respeito as sociedades,
a) segundo o artigo 50 do C—digo Civil, a desconsidera•‹o da personalidade
jur’dica da sociedade pode ser decretada atŽ mesmo de of’cio pelo juiz,
desde que constatados desvio de finalidade ou confus‹o patrimonial.
b) a desconsidera•‹o da personalidade jur’dica pode acarretar a extens‹o
dos efeitos das obriga•›es da sociedade tanto aos bens particulares dos
seus s—cios quanto aos das pessoas que meramente a administram.
c) a aquisi•‹o de personalidade jur’dica pela sociedade, qualquer que seja
o tipo societ‡rio, limita a responsabilidade dos s—cios pelas obriga•›es
sociais ao valor do capital investido.
d) o contrato de sociedade limitada n‹o produz efeito algum entre os
s—cios antes de registrado na Junta Comercial, tratando- se de sociedade
empres‡ria, ou no Registro Civil de Pessoas Jur’dicas, no caso de sociedade
simples.
e) a personifica•‹o Ž caracter’stica intr’nseca a todos os tipos societ‡rios,
inexistindo sociedades sem personalidade jur’dica.

6.2. Gabarito

1. CERTO 9. C 17. C

2. ERRADO 10. A 18. A

3. ERRADO 11. A 19. D

4. ERRADO 12. B 20. A

5. C 13. C 21. E

6. E 14. D 22. D

7. D 15. B 23. D

8. D 16. B 24. B

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6.3. Quest›es comentadas


1. PGE-BA Ð Procurador do Estado Ð 2014 Ð Cespe.
A desconsidera•‹o inversa da personalidade jur’dica implica o afastamento
do princ’pio de autonomia patrimonial da sociedade, o que a torna
respons‡vel por d’vida do s—cio.

Coment‡rios:
A desconsidera•‹o inversa ocorre quando o patrim™nio da sociedade Ž atingido
para satisfazer obriga•‹o assumida pelo s—cio. Chama-se desconsidera•‹o
inversa porque o art. 50 do C—digo Civil em princ’pio trata de uma exce•‹o ˆ
limita•‹o de responsabilidade do s—cio, permitindo que, sob certas
circunst‰ncias (abuso da personalidade jur’dica, caracterizado pelo desvio de
finalidade, ou pela confus‹o patrimonial) o patrim™nio do s—cio seja alcan•ado
para satisfazer obriga•›es da sociedade.
GABARITO: CERTO

2. DPDF Ð Defensor Pœblico Ð 2013 Ð Cespe.


Segundo o C—digo Civil de 2002, para a autoriza•‹o da desconsidera•‹o da
personalidade jur’dica, basta a falta de patrim™nio da sociedade para solver
suas obriga•›es.

Coment‡rios:
Opa! Veja bem, se a assertiva fosse certa, a limita•‹o de responsabilidade que
decorre da constitui•‹o da sociedade empres‡ria n‹o faria sentido algum, pois
sempre que n‹o houvesse patrim™nio suficiente, poderiam ser buscados os
bens dos s—cios. A’ em vez de limita•‹o de responsabilidade ter’amos apenas
um benef’cio de ordem, n‹o Ž mesmo!? J
GABARITO: ERRADO

3. DPDF Ð Defensor Pœblico Ð 2013 Ð Cespe.


A desconsidera•‹o inversa da personalidade jur’dica ocorre quando o
patrim™nio do s—cio Ž atingido para o atendimento de obriga•›es da
sociedade por atos que tenham sido praticados por esta com desvio de
finalidade do instituto da personalidade ou pela confus‹o patrimonial.

Coment‡rios:
Muito cuidado aqui! A desconsidera•‹o inversa ocorre quando o patrim™nio da
sociedade Ž atingido para satisfazer obriga•‹o que inicialmente cabia ao s—cio.
Se Ž o patrim™nio do s—cio que est‡ sendo atingido para satisfazer obriga•‹o da
sociedade, estamos falando da desconsidera•‹o direta.
GABARITO: ERRADO

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4. DPDF Ð Defensor Pœblico Ð 2013 Ð Cespe.


A aplica•‹o da desconsidera•‹o da personalidade jur’dica tem por efeito a
anula•‹o desta no caso concreto.

Coment‡rios:
Tenho cr’ticas ˆ maneira como essa quest‹o foi formulada. De qualquer forma,
a palavra Òanula•‹oÓ est‡ sendo aplicada ˆ personalidade jur’dica, e n‹o Ž isso
que ocorre quando Ž aplicado o instituto da desconsidera•‹o. Na realidade a
desconsidera•‹o Ž epis—dica, eventual, ocorrendo apenas naquele momento
espec’fico, para aquele caso concreto.
GABARITO: ERRADO

5. DPE-TO Ð Defensor Pœblico Ð 2013 Ð Cespe.


Assinale a op•‹o correta acerca do direito societ‡rio.
a) A sociedade em nome coletivo ser‡ constitu’da por pessoas f’sicas ou
jur’dicas e a responsabilidade de cada s—cio Ž restrita ao valor de suas
quotas.
b) A sociedade an™nima ser‡ considerada simples ou empres‡ria, conforme
a atividade desenvolvida.
c) A sociedade controladora Ž titular de direitos de s—cio que lhe
assegurem preponder‰ncia nas delibera•›es sociais e o poder de eleger a
maioria dos administradores da sociedade controlada.
d) As sociedades limitadas adquirem personalidade jur’dica no momento
em que todos os s—cios assinam o contrato social, devidamente elaborado
e discutido em assembleia geral.
e) Dissolve-se uma sociedade empres‡ria sempre que ˆ falta de
pluralidade de s—cios, esta n‹o seja reconstitu’da no prazo de sessenta
dias.

Coment‡rios:
A alternativa A est‡ incorreta porque somente pessoas f’sicas podem tomar
parte na sociedade em nome coletivo, respondendo todos os s—cios, solid‡ria e
ilimitadamente, pelas obriga•›es sociais (art. 1.039 do C—digo Civil).
A alternativa B est‡ incorreta porque a sociedade an™nima ser‡ sempre
considerada empres‡ria (art. 967, par‡grafo œnico), da mesma forma que a
cooperativa ser‡ sempre uma sociedade simples.
A alternativa C Ž a nossa resposta. O C—digo Civil define em seu art. 1.098 o
que Ž uma sociedade controlada, e por consequ•ncia podemos dizer o que Ž
uma sociedade controladora. Vamos relembrar!?

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Art. 1.098. ƒ controlada:


I - a sociedade de cujo capital outra sociedade possua a maioria dos votos nas
delibera•›es dos quotistas ou da assembleia geral e o poder de eleger a maioria dos
administradores;
II - a sociedade cujo controle, referido no inciso antecedente, esteja em poder de outra,
mediante a•›es ou quotas possu’das por sociedades ou sociedades por esta j‡
controladas.
A alternativa D est‡ incorreta porque a sociedade empres‡ria adquire
personalidade jur’dica no momento de seu registro, e n‹o da assinatura dos
atos constitutivos (art. 985 do C—digo Civil).
A alternativa E est‡ incorreta porque o prazo conferido pelo C—digo Civil para
que a pluralidade de s—cios seja reconstitu’da Ž de 180 dias, e n‹o e apenas 60
(art. 1.033, IV).
GABARITO: C

6. PGFN Ð Procurador da Fazenda Nacional Ð 2012 Ð ESAF.


S‹o sociedades empres‡rias, independentemente do objeto, exceto
a) sociedades em comandita por a•›es.
b) companhias de economia mista.
c) subsidi‡rias integrais.
d) sociedades an™nimas.
e) sociedades limitadas.

Coment‡rios:
De acordo com o art. 967, par‡grafo œnico, do C—digo Civil, a cooperativa ser‡
sempre sociedade simples, enquanto a sociedade por a•›es ser‡ sempre
sociedade empres‡ria. As sociedades em comandita por a•›es s‹o modalidades
de sociedades por a•›es, assim como as sociedades an™nimas. As companhias
de economia mista s‹o, por disposi•‹o constitucional, sempre sociedades
an™nimas, assim como as subsidi‡rias integrais, cuja exist•ncia est‡ prevista no
art. 251, ¤2o, da Lei n. 6.404/1976.
GABARITO: E

7. PGE-PB Ð Procurador do Estado Ð 2008 Ð Cespe.


Assinale a op•‹o correta acerca da personalidade jur’dica das sociedades.
a) A eventual inscri•‹o do contrato da sociedade em conta de participa•‹o
na junta comercial atribui-lhe personalidade jur’dica.
b) As sociedades simples, para adquirirem personalidade jur’dica, devem
ser registradas na junta comercial.
c) A sociedade em comum s— adquire personalidade jur’dica se atuar sob
firma social.

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d) As companhias, para adquirirem personalidade jur’dica, devem ser


registradas na junta comercial.
e) A personalidade jur’dica das sociedades extingue-se a partir do ato de
dissolu•‹o.

Coment‡rios:
A alternativa A est‡ incorreta porque, nos termos do art. 993 do C—digo Civil, o
contrato social da sociedade em conta de participa•‹o produz efeito somente
entre os s—cios, e a eventual inscri•‹o de seu instrumento em qualquer registro
n‹o confere personalidade jur’dica ˆ sociedade.
A alternativa B est‡ incorreta porque a sociedade simples deve ser registrada
no registro civil das pessoas jur’dicas do local de sua sede (art. 998).
A alternativa C est‡ incorreta porque a sociedade em comum est‡ prevista
justamente como aquela cujos atos constitutivos n‹o estejam ainda inscritos no
registro pr—prio. S— com esse registro Ž que a sociedade adquirir‡
personalidade jur’dica, e isso nada tem a ver com o nome empresarial.
A alternativa D est‡ correta e Ž a nossa resposta. De acordo com o art. 985, a
sociedade empres‡ria adquire personalidade jur’dica com a inscri•‹o dos seus
atos constitutivos (artigos 45 e 1.150). AlŽm disso, a constitui•‹o de uma
sociedade an™nima dever‡ ser registrada tambŽm na CVM.
A alternativa E est‡ incorreta porque o ato de dissolu•‹o somente d‡ in’cio ao
procedimento de extin•‹o, sendo seguido pela liquida•‹o da sociedade.
GABARITO: D

8. TJ-SP Ð Titular de Servi•os de Notas e de Registros Ð 2014


Ð VUNESP.
No tocante ˆs sociedades empres‡rias, Ž correto afirmar que:
a) a sociedade em conta de participa•‹o n‹o existe mais no Direito
brasileiro.
b) a desconsidera•‹o da pessoa jur’dica n‹o pode ser aplicada ˆs
sociedades an™nimas em face do grande nœmero de acionistas.
c) o contrato social deve designar quem Ž o acionista controlador em cada
sociedade.
d) os administradores da sociedade limitada podem ser pessoas que n‹o
sejam s—cios.

Coment‡rios:
A alternativa A est‡ incorreta porque h‡ previs‹o da SCP nos arts. 991 a 996 do
C—digo Civil. Trata-se da sociedade em que temos um s—cio ostensivo e os
s—cios participantes.

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A alternativa B est‡ incorreta porque, ainda que esse entendimento fa•a


sentido, n‹o h‡ previs‹o legal. H‡ alguns entendimentos jurisprudenciais no
sentido de que acionistas que tenham participa•‹o relevante na sociedade
podem ser atingidos pela desconsidera•‹o da personalidade jur’dica.
A alternativa C est‡ incorreta porque, em primeiro lugar, a sociedade por a•›es
n‹o tem contrato social. O poder de controle est‡ relacionado ˆ relev‰ncia da
participa•‹o do acionista na sociedade.
A alternativa D est‡ correta. Nada impede que a sociedade limitada tenha como
administrador pessoa que n‹o seja s—cia, nos termos do art. 1.161 do C—digo
Civil.
GABARITO: D

9. TJ-SP Ð Titular de Servi•os de Notas e de Registros Ð 2016


Ð VUNESP.
As sociedades empresariais podem ser
a) an™nimas ou ilimitadas.
b) simples e cooperativas.
c) personificadas e n‹o personificadas.
d) simples e limitadas.

Coment‡rios:
Quest‹o bem simples, n‹o Ž mesmo!? As sociedades previstas no C—digo Civil
podem ser simples ou empres‡rias, e por isso uma sociedade simples
obviamente n‹o Ž uma sociedade empres‡ria, o que j‡ elimina algumas
alternativas. AlŽm disso, temos ainda nas alternativas men•‹o ˆ sociedade
an™nima, que Ž uma das espŽcies de sociedades empres‡rias. Por outro lado,
no C—digo Civil n‹o temos men•‹o a uma modalidade chamada sociedade
ilimitada, por isso nossa resposta, por elimina•‹o, Ž a alternativa C.
GABARITO: C

10. TJ-SP Ð Titular de Servi•os de Notas e de Registros Ð


2016 Ð VUNESP.
Sociedade em comandita simples Ž aquela
a) que possui duas espŽcies de s—cios, uma com responsabilidade limitada
ao valor da quota social e outra com responsabilidade ilimitada.
b) em que todos os s—cios t•m responsabilidade limitada ao valor de suas
quotas.
c) que possui duas espŽcies de s—cios, uma com responsabilidade limitada
ao valor do capital social e outra com responsabilidade ilimitada.
d) em que todos os s—cios t•m responsabilidade limitada ao valor do
capital social.

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DIREITO EMPRESARIAL Ð MAGISTRATURA FEDERAL (REGULAR)
Teoria e Quest›es
Aula 02 Ð Prof. Paulo Guimar‹es

Coment‡rios:
Alguns doutrinadores encaram a sociedade em comandita simples como uma e
evolu•‹o da sociedade em nome coletivo. Isso porque essa modalidade
societ‡ria h‡ duas categorias de s—cios: os comanditados, com responsabilidade
ilimitada, e os comandit‡rios, com responsabilidade limitada ˆs suas respectivas
quotas, nos termos do art. 1.045 do C—digo Civil.
GABARITO: A

11. TJ-MS Ð Juiz de Direito Ð 2015 Ð VUNESP.


Nos termos do C—digo Civil, a sociedade de cujo capital outra sociedade
possua menos de dez por cento do capital social com direito a voto,
denomina-se sociedade
a) de simples participa•‹o.
b) comum.
c) filiada.
d) controlada.
e) em nome coletivo.

Coment‡rios:
O C—digo Civil determina, como regra geral, que, quando uma sociedade tiver
participa•‹o de menos de 10% no capital votante de outra, estaremos diante de
simples participa•‹o, nos termos do art. 1.100 do C—digo Civil.
GABARITO: A

12. TJ-SP Ð Titular de Servi•os de Notas e de Registros Ð


2014 Ð VUNESP.
As sociedades empresariais regulares, no Direito Brasileiro, podem adotar
os seguintes tipos:
a) sociedade simples, sociedade em nome coletivo, sociedade em
comandita simples e por a•›es, sociedade limitada, sociedade por a•›es
b) sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples e
comandita por a•›es, sociedade limitada, sociedade por a•›es
c) sociedade em nome coletivo, sociedade em comum, sociedade
cooperativa, sociedade limitada, sociedade por a•›es.
d) sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita por a•›es,
sociedade limitada, sociedade de prop—sito espec’fico, sociedade por a•›es.

Coment‡rios:
Para acertar a quest‹o precisamos identificar os erros em cada uma das
alternativas em termos de modalidades de sociedades empres‡rias. Na

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alternativa A temos men•‹o ˆ sociedade simples, que, como voc• j‡ sabe, n‹o
Ž empres‡ria. Na alternativa C temos a sociedade cooperativa que, de acordo
com disposi•‹o espec’fica do C—digo Civil, ser‡ sempre simples. A alternativa D
traz a sociedade de prop—sito espec’fico, que, apesar de ser empres‡ria, n‹o Ž
uma modalidade societ‡ria, mas apenas uma sociedade empres‡ria que tem um
œnico objeto social. Normalmente Ž uma SA institu’da por sua controladora para
atingir determinada finalidade.
GABARITO: B

13. TJ-SP Ð Juiz de Direito Ð 2014 Ð VUNESP.


Tratando-se de sociedade empresarial, Ž correto afirmar que
a) as sociedades em nome coletivo e em comandita simples s‹o de capital.
b) as sociedades de pessoas s‹o aquelas em que a contribui•‹o material Ž
o que mais importa com rela•‹o aos s—cios.
c) a natureza da sociedade importa diferen•as no tocante ˆ aliena•‹o da
participa•‹o societ‡ria (quotas ou a•›es), ˆ sua penhorabilidade por d’vida
particular do s—cio e ˆ quest‹o da sucess‹o por morte.
d) as sociedades de capital s‹o aquelas em que a realiza•‹o do objeto
social depende mais dos atributos individuais dos s—cios.

Coment‡rios:
A alternativa A est‡ incorreta porque as sociedades em nome coletivo e em
comandita simples s‹o tradicionalmente consideradas sociedades de pessoas,
em que pesem posicionamentos doutrin‡rios mais recentes no sentido de que
s— Ž poss’vel dizer se uma sociedade Ž de pessoas ou de capital analisando o
caso concreto.
A alternativa B est‡ incorreta porque sociedades de pessoas s‹o aquelas em
que as rela•›es pessoais entre os s—cios t•m maior import‰ncia, e por isso Ž
comum que a aliena•‹o de cotas depende de prŽvia autoriza•‹o dos demais
s—cios.
A alternativa C Ž a nossa resposta. A doutrina mais tradicional (que encontra
algum respaldo na jurisprud•ncia dos tribunais superiores) Ž no sentido de que,
nas sociedades de pessoas, n‹o faria sentido permitir a penhora das quotas
sociais.
Nessas sociedades, como voc• deve lembrar, o v’nculo entre os s—cios Ž muito
forte, e por isso Ž muito comum que haja cl‡usula no contrato social
condicionando a admiss‹o de novos s—cios ˆ anu•ncia. Permitir a penhora das
quotas, portanto, traria a possibilidade de sua aliena•‹o a um estranho, o que,
muito provavelmente, terminaria levando ˆ extin•‹o da sociedade por falta de
confian•a entre os s—cios.
O C—digo Civil de 2002, porŽm, parece ter admitido a possibilidade de penhora
de quotas para garantia de d’vida pessoal do s—cio.

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Teoria e Quest›es
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Art. 1.026. O credor particular de s—cio pode, na insufici•ncia de outros bens do devedor,
fazer recair a execu•‹o sobre o que a este couber nos lucros da sociedade, ou na parte
que lhe tocar em liquida•‹o.
Par‡grafo œnico. Se a sociedade n‹o estiver dissolvida, pode o credor requerer a
liquida•‹o da quota do devedor, cujo valor, apurado na forma do art. 1.031, ser‡
depositado em dinheiro, no ju’zo da execu•‹o, atŽ noventa dias ap—s aquela liquida•‹o.

Vale a pena mencionar que o dispositivo acima se aplica especificamente ˆs


sociedades simples, mas voc• tambŽm deve lembrar que as disposi•›es acerca
dessas sociedades se aplicam subsidiariamente ˆs sociedades limitadas. Somos
obrigados a concluir, portanto, que as quotas de sociedade limitada s‹o hoje
penhor‡veis para a garantia de d’vidas pessoais do s—cio.
A alternativa D est‡ incorreta porque as sociedades em que h‡ maior
import‰ncia dos atributos pessoais dos s—cios s‹o as chamadas sociedades de
pessoas, e n‹o de capital.
GABARITO: C

14. TJ-SP Ð Juiz de Direito Ð 2014 Ð VUNESP.


Tratando-se de sociedade em comum, enquanto n‹o inscritos os atos
constitutivos, exceto por a•›es em organiza•‹o, a sociedade ser‡ regida
pelas disposi•›es constantes do C—digo Civil, observadas, subsidiariamente
e no que com ele forem compat’veis, as normas da sociedade
a) an™nima.
b) em comandita simples.
c) em nome coletivo.
d) simples.

Coment‡rios:
De acordo com o art. 986, enquanto n‹o inscritos os atos constitutivos, a
sociedade ser‡ regida, exceto por a•›es em organiza•‹o, pelo disposto neste
Cap’tulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele forem compat’veis, as
normas da sociedade simples.
GABARITO: D

15. TJ-SP Ð Titular de Servi•os de Notas e de Registros Ð


2014 Ð VUNESP.
Assinale a alternativa correta.
a) Na sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples e
comandita por a•›es, e na sociedade por a•›es a responsabilidade dos
s—cios Ž limitada ao montante do capital social.
b) A chamada sociedade de prop—sito espec’fico n‹o Ž um tipo societ‡rio
definido no C—digo Civil, assim ela pode tomar qualquer das formas das
sociedades regulares ali previstas.

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c) Nas sociedades limitadas, a administra•‹o obrigatoriamente tem de ser


feita por administradores s—cios e a responsabilidade dos s—cios Ž limitada
ao montante do capital social.
d) Na sociedade simples, a administra•‹o Ž feita conjuntamente pelos
s—cios e a responsabilidade deles Ž limitada ao montante do capital social.

Coment‡rios:
A alternativa A est‡ incorreta porque na sociedade em nome coletivo todos os
s—cios respondem ilimitadamente pelas obriga•›es sociais. AlŽm disso, na
sociedade em comandita simples, o s—cio comanditado tambŽm responde de
forma ilimitada.
A alternativa B est‡ correta. A SPE n‹o Ž um tipo societ‡rio, mas apenas uma
sociedade empres‡ria que tem um œnico objeto social. Normalmente Ž uma SA
institu’da por sua controladora para atingir determinada finalidade. H‡ alguns
casos previstos na legisla•‹o em que a constitui•‹o de SPE Ž obrigat—ria, a
exemplo das Parcerias Pœblico-Privadas (PPP).
A alternativa C est‡ incorreta porque Ž permitida nas sociedades limitadas a
contrata•‹o de administrador n‹o s—cio.
A alternativa D est‡ incorreta porque, se o contrato social n‹o disser nada a
respeito, a administra•‹o da sociedade cabe a cada um dos s—cios (art. 1.013
do C—digo Civil).
GABARITO: B

16. TJ-SP Ð Juiz de Direito Ð 2014 Ð VUNESP.


Assinale a op•‹o incorreta.
a) Tanto a sociedade irregular quanto a de fato comp›em categorias de
sociedade comum.
b) Na sociedade em comum, os s—cios, nas rela•›es entre si ou com
terceiros, somente por escrito podem provar a exist•ncia da sociedade, e
tambŽm os terceiros dever‹o assim provar.
c) Sociedade irregular Ž aquela cujo contrato social n‹o est‡ inscrito no
registro pr—prio, ou, estando inscrito, o est‡ de forma irregular.
d) Sociedade de fato Ž aquela que nem mesmo possui contrato social
escrito.

Coment‡rios:
Note que aqui a banca pede que o candidato marque a alternativa incorreta,
que, no nosso caso, Ž a letra B. O erro est‡ em dizer que apesar de os s—cios
somente poderem provar a exist•ncia da sociedade em comum por escrito, os
terceiros podem fazer prova tambŽm por outros meios (art. 987 do C—digo
Civil).
GABARITO: B

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17. TJ-SP Ð Titular de Servi•os de Notas e de Registros Ð


2014 Ð VUNESP.
Segundo a legisla•‹o civil em vigor, no que diz respeito ˆ empresa
individual de responsabilidade limitada (EIRELI), Ž incorreto afirmar:
a) ela pode usar tanto de firma quanto de denomina•‹o social, seguida da
designa•‹o EIRELI.
b) tem o capital subscrito inteiramente por uma œnica pessoa e a
responsabilidade dela vai atŽ o limite do capital social.
c) a pessoa natural que constituir EIRELI somente poder‡ ter duas
empresas dessa modalidade.
d) aplicam-se ˆ EIRELI, subsidiariamente, as regras da sociedade limitada.

Coment‡rios:
Mais uma vez a banca examinadora pede ao candidato para marcar a
alternativa incorreta. Neste caso, falando sobre a EIRELI, o erro est‡ na
alternativa C, pois, apesar das cr’ticas doutrin‡rias, cada pessoa natural
somente pode constituir uma EIRELI, nos termos do art. 980-A, ¤2o do C—digo
Civil.
GABARITO: C

18. TJ-MG Ð Outorga de Delega•‹o de Notas e de Registro Ð


2017 Ð Consulplan.
ƒ uma forma societ‡ria n‹o personificada:
a) Sociedade em conta de participa•‹o.
b) Sociedade simples.
c) Sociedade em comandita simples.
d) Sociedade em nome coletivo.

Coment‡rios:
Das modalidades societ‡rias apresentadas pela quest‹o, apenas a sociedade em
conta de participa•‹o n‹o conta com personalidade jur’dica pr—pria. A SCP
opera em nome do s—cio ostensivo, sobre o qual recai a responsabilidade
ilimitada sobre os neg—cios sociais.
GABARITO: A

19. TJ-MG Ð Outorga de Delega•‹o de Notas e de Registro Ð


2017 Ð Consulplan.
Os c™njuges podem contratar entre si sociedade,
a) independentemente do regime de casamento adotado.

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b) desde que n‹o tenham casado no regime de separa•‹o de bens, seja


este obrigat—rio ou volunt‡rio.
c) em nenhum caso, independentemente do regime de casamento adotado.
d) desde que n‹o tenham casado no regime de comunh‹o universal de
bens ou no de separa•‹o obrigat—ria.

Coment‡rios:
A resposta para essa quest‹o pode ser encontrada no art. 977 do C—digo Civil,
segundo o qual os c™njuges podem contratar sociedade, entre si ou com
terceiros, desde que n‹o tenham casado no regime da comunh‹o universal de
bens, ou no da separa•‹o obrigat—ria.
GABARITO: D

20. TJ-PR Ð Juiz de Direito Ð 2017 Ð Cespe.


No que se refere a direito societ‡rio, assinale a op•‹o correta.
a) O C—digo Civil regula a fus‹o e a incorpora•‹o de sociedades, mas n‹o
se aplica ˆs sociedades an™nimas nesse particular.
b) O CDC aplica-se ˆs rela•›es entre acionistas e a sociedade an™nima.
c) Perdas comerciais, ainda que irrepar‡veis, n‹o autorizam a redu•‹o do
capital social depois que ele j‡ esteja integralizado.
d) Desde que haja previs‹o no contrato social da sociedade limitada,
poder‹o ser-lhe aplic‡veis supletivamente as regras da sociedade simples.

Coment‡rios:
Nossa resposta est‡ na alternativa A, pois, como voc• j‡ sabe, as opera•›es
societ‡rias das sociedades an™nimas s‹o tema da Lei n. 6.404/1976, conhecida
com o Lei das Sociedades por A•›es.
A alternativa B est‡ incorreta porque a jurisprud•ncia do STJ Ž tradicionalmente
no sentido de que o C—digo de Defesa do Consumidor n‹o se aplica ˆs rela•›es
entre acionistas e a sociedade an™nima. Vale mencionar, porŽm, que esse
entendimento vem mudando recentemente, em que pese ainda n‹o ter se
consolidado essa novidade.
A alternativa C est‡ incorreta porque a perda irrepar‡vel Ž uma das hip—teses
que autorizam a redu•‹o do capital social depois de sua integraliza•‹o, nos
termos do art. 1.082, I, do C—digo Civil.
A alternativa D est‡ incorreta porque a aplica•‹o subsidi‡ria das normas
previstas para as sociedades simples Ž a regra geral relacionada ˆs sociedades
limitadas, podendo o contrato social prever a reg•ncia da sociedade limitada
pelas normas da sociedade an™nima.
GABARITO: A

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21. PC-GO Ð Delegado de Pol’cia Ð 2017 Ð Cespe.


Depende do consentimento de todos os s—cios ou acionistas Ñ salvo em
caso de previs‹o no ato constitutivo, hip—tese em que o dissidente poder‡
retirar-se da sociedade Ñ a opera•‹o societ‡ria denominada
a) incorpora•‹o.
b) fus‹o.
c) cis‹o.
d) liquida•‹o.
e) transforma•‹o.

Coment‡rios:
Para responder corretamente ˆ quest‹o precisamos conhecer o conteœdo das
normas correspondentes no C—digo Civil e na Lei das SA. Isso porque o
enunciado menciona tanto s—cios quanto acionistas, n‹o fazendo diferencia•‹o
acerca do regime jur’dico aplic‡vel.
Art. 1.114. A transforma•‹o depende do consentimento de todos os s—cios, salvo se
prevista no ato constitutivo, caso em que o dissidente poder‡ retirar-se da sociedade,
aplicando-se, no sil•ncio do estatuto ou do contrato social, o disposto no art. 1.031.

Art. 221. A transforma•‹o exige o consentimento un‰nime dos s—cios ou acionistas, salvo
se prevista no estatuto ou no contrato social, caso em que o s—cio dissidente ter‡ o direito
de retirar-se da sociedade.

GABARITO: E

22. TJ-PR Ð Juiz de Direito Ð 2017 Ð Cespe.


Acerca de liga•›es societ‡rias, assinale a op•‹o correta.
a) A subsidi‡ria integral Ž uma sociedade limitada ou an™nima unipessoal.
b) Devido ˆ sua natureza legal, as cooperativas n‹o podem ser s—cias de
qualquer tipo societ‡rio.
c) Restringem-se ˆs companhias os conceitos de sociedade controladora e
controlada.
d) No cons—rcio para a execu•‹o de determinado empreendimento, a
fal•ncia de uma consorciada n‹o se estende ˆs demais, subsistindo o
cons—rcio com as demais contratantes.

Coment‡rios:
A alternativa A est‡ incorreta porque a subsidi‡ria integral, no ordenamento
brasileiro, precisa ser uma sociedade an™nima.
A alternativa B est‡ incorreta porque as cooperativas podem ser s—cias em
qualquer tipo societ‡rio, j‡ que n‹o existe veda•‹o legal nesse sentido.

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A alternativa C est‡ incorreta porque, por mais que os conceitos de


controladora e controlada sejam mais aplicados ao contexto das sociedades
an™nimas, tambŽm fazem sentido para outras espŽcies societ‡rias, a exemplo
das sociedades limitadas de grande porte.
A alternativa D est‡ correta e Ž a nossa resposta. A alternativa reproduz a regra
do art. 278, ¤2o, da Lei das SA.
GABARITO: D

23. TJDFT Ð Juiz de Direito Ð 2016 Ð Cespe.


Com rela•‹o ˆs sociedades em conta de participa•‹o, assinale a op•‹o
correta ˆ luz do C—digo Civil.
a) Em caso de fal•ncia do s—cio participante, ocorrer‡ a dissolu•‹o da
sociedade e a liquida•‹o da respectiva conta, cujo saldo constituir‡ crŽdito
quirograf‡rio.
b) O s—cio ostensivo tem a faculdade de admitir novo s—cio,
independentemente de consentimento expresso dos demais.
c) O contrato social produz efeito somente entre os s—cios apenas atŽ
eventual inscri•‹o de seu instrumento em qualquer registro, momento em
que a sociedade passar‡ a possuir personalidade jur’dica.
d) A liquida•‹o da sociedade em conta de participa•‹o, se rege pelas
normas relativas ˆ presta•‹o de contas, na forma da lei processual.
e) Os bens sociais respondem por ato de gest‹o apenas do s—cio ostensivo.

Coment‡rios:
A alternativa A est‡ incorreta porque a fal•ncia do s—cio ostensivo acarreta a
dissolu•‹o da sociedade e a liquida•‹o da respectiva conta, cujo saldo
constituir‡ crŽdito quirograf‡rio (art. 994, ¤2o).
A alternativa B est‡ incorreta porque, em regra, o s—cio ostensivo n‹o pode
admitir novo s—cio sem o consentimento expresso dos demais (art. 955), a n‹o
ser que haja estipula•‹o em contr‡rio.
A alternativa C est‡ incorreta porque o contrato social da SCP produz efeitos
somente entre os s—cios, e mesmo que haja registro n‹o haver‡ a cria•‹o de
pessoa jur’dica (art. 993).
A alternativa D Ž a nossa resposta. De acordo com o art. 996 do C—digo Civil,
aplica-se ˆ sociedade em conta de participa•‹o, subsidiariamente e no que com
ela for compat’vel, o disposto para a sociedade simples, e a sua liquida•‹o
rege-se pelas normas relativas ˆ presta•‹o de contas.
A alternativa E est‡ incorreta porque a contribui•‹o do s—cio participante
constitui, com a do s—cio ostensivo, patrim™nio especial, objeto da conta de
participa•‹o relativa aos neg—cios sociais (art. 994 do C—digo Civil).
GABARITO: D

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24. TRT 6a Regi‹o (PE) Ð Juiz do Trabalho Ð 2015 Ð FCC.


No que diz respeito as sociedades,
a) segundo o artigo 50 do C—digo Civil, a desconsidera•‹o da personalidade
jur’dica da sociedade pode ser decretada atŽ mesmo de of’cio pelo juiz,
desde que constatados desvio de finalidade ou confus‹o patrimonial.
b) a desconsidera•‹o da personalidade jur’dica pode acarretar a extens‹o
dos efeitos das obriga•›es da sociedade tanto aos bens particulares dos
seus s—cios quanto aos das pessoas que meramente a administram.
c) a aquisi•‹o de personalidade jur’dica pela sociedade, qualquer que seja
o tipo societ‡rio, limita a responsabilidade dos s—cios pelas obriga•›es
sociais ao valor do capital investido.
d) o contrato de sociedade limitada n‹o produz efeito algum entre os
s—cios antes de registrado na Junta Comercial, tratando- se de sociedade
empres‡ria, ou no Registro Civil de Pessoas Jur’dicas, no caso de sociedade
simples.
e) a personifica•‹o Ž caracter’stica intr’nseca a todos os tipos societ‡rios,
inexistindo sociedades sem personalidade jur’dica.

Coment‡rios:
A alternativa A est‡ incorreta porque o art. 50 do C—digo Civil admite a
desconsidera•‹o da personalidade jur’dica a requerimento da parte ou do
MinistŽrio Pœblico, mas n‹o de of’cio.
A alternativa B Ž a nossa resposta. Lembre-se de que o art. 50 prev• a
possibilidade de atingir o patrim™nio tanto dos s—cios quanto dos
administradores da sociedade.
A alternativa C est‡ incorreta porque existem tipos societ‡rios em que h‡ a
responsabilidade ilimitada dos s—cios, a exemplo da sociedade em nome
coletivo e da sociedade em comandita.
A alternativa D est‡ incorreta porque, antes do registro, o contrato social gera
efeitos entre os s—cios, ainda que n‹o haja ainda personalidade jur’dica.
A alternativa E est‡ incorreta porque existem tipos societ‡rios sem
personalidade jur’dica pr—pria, como a sociedade em conta de participa•‹o.
GABARITO: B

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7 Ð Resumo da Aula

Atividade
Sociedade Ex: Sociedade
econômica não
Simples Uniprofissional
empresarial
SOCIEDADES
Sociedade Atividade
Empresária Empresarial

Em regra, o que define uma sociedade como empres‡ria ou simples Ž o seu


objeto social: se este for explorado com empresarialidade (profissionalismo e
organiza•‹o dos fatores de produ•‹o), a sociedade ser‡ empres‡ria; se ausente
a empresarialidade, teremos uma sociedade simples.

A sociedade organizada no Brasil, segundo a lei brasileira, com sede no pa’s,


ser‡ considerada uma sociedade nacional, independentemente da
nacionalidade dos seus s—cios.

ƒ poss’vel que c™njuges contratem sociedade, entre si ou com terceiros, desde


que n‹o tenham casado no regime da comunh‹o universal de bens, ou no da
separa•‹o obrigat—ria.

De acordo com o art. 980-A do C—digo Civil, para a constitui•‹o de EIRELI Ž


necess‡rio capital m’nimo correspondente a 100 vezes o maior sal‡rio-m’nimo
vigente no Pa’s.

Sociedades
Sociedades Simples
Empres‡rias
Sociedade em Nome Sociedade Simples
Coletivo Pura

Sociedade em Sociedade em Nome


Comandita Simples Coletivo

Sociedade em
Sociedade Limitada
Comandita Simples

Sociedade An™nima Sociedade Limitada

Sociedade em
Comandita por A•›es

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Atualmente n‹o se pode afirmar que toda sociedade limitada Ž uma sociedade
de pessoas, e nem que toda sociedade an™nima Ž uma sociedade de capital.

Ilimitada - Sociedade em nome coletivo

Quanto ˆ
- Sociedade An™nima
responsabilidade Limitada
- Sociedade Limitada
dos s—cios

- Sociedade em comandita simples


Mista - Sociedade em comandita por
a•›es

- Sociedade em nome coletivo


Contratuais - Sociedade em comandita simples
- Sociedade limitada
CLASSIFICA‚ÌO Quanto ao regime
de constitui•‹o e
DAS dissolu•‹o
SOCIEDADES - Sociedade an™nima
Institucionais - Sociedade em comandita por
a•›es

- Sociedade em nome coletivo


- Sociedade em comandita simples
(quanto ao s—cio comanditado)
De pessoas
- Sociedade limitada (salvo
previs‹o em sentido contr‡rio no
contrato social)
Quanto ˆ
composi•‹o
- Sociedade em comandita simples
(quanto ao s—cio comandit‡rio)
De capital - Socidade an™nima
- Sociedade em comandita por
a•›es

Em eventuais demandas judiciais contra sociedade em comum, o terceiro


pode provar sua exist•ncia por qualquer meio. Por outro lado, se quem
necessita provar a exist•ncia da sociedade s‹o seus pr—prios s—cios (o que pode
ser necess‡rio, por exemplo, para discutir a partilha dos investimentos), o
legislador somente admitiu a prova por escrito.

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Se o capital social estiver No m’nimo 2/3 do


integralizado capital social

Se n‹o for s—cio


Se o capital social n‹o
DESIGNA‚ÌO DE Unimidade
estiver integralizado
ADMINISTRADOR
Se a designa•‹o for em ato Mais da metade do
Se for s—cio separado do contrato social capital social

Assembleia- Tem car‡ter exclusiamente deliberativo, reunindo


Geral todos os acionistas (mesmo sem direito a voto)

Tem car‡ter deliberativo, com vistas a agilizar as


Conselho de decis›es da companhia (no m’nimo 3 membros,
Administra•‹o acionistas ou n‹o)

îRGÌOS SOCIAIS
îrg‹o de representa•‹o legal e de execu•‹o das
decis›es da Assembleia-Geral ou do Conselho de
Diretoria Administra•‹o (pelo menos 2 membros, acionistas ou
n‹o)

îrg‹o colegiado de fiscaliza•‹o dos —rg‹os de


administra•‹o (exist•ncia obrigat—ria e
Conselho Fiscal funcionamento facultativo; m’nimo de 3 e m‡ximo de
5 membros, acionistas ou n‹o)

A transforma•‹o exige, como regra geral, vota•‹o un‰nime, exceto nos


casos em que o ato constitutivo (contrato social ou estatuto) da sociedade
transformada j‡ contenha disposi•‹o expressa autorizando a opera•‹o. Por
outro lado, se a transforma•‹o for aprovada por maioria, o s—cio dissidente
pode retirar-se da sociedade.

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opera•‹o pela qual uma ou mais sociedades s‹o


Transforma•‹o absorvidas por outra, que lhes sucede em todos
os direitos e obriga•›es

opera•‹o pela qual uma ou mais sociedades s‹o


Incorpora•‹o absorvidas por outra, que lhes sucede em todos
os direitos e obriga•›es

PRINCIPAIS
OPERA‚ÍES
SOCIETçRIAS
opera•‹o pela qual se unem duas ou mais
Fus‹o sociedades para formar sociedade nova, que lhes
suceder‡ em todos os direitos e obriga•›es

opera•‹o pela qual a companhia transfere


parcelas do seu patrim™nio para uma ou mais
sociedades, constitu’das para esse fim ou j‡
Cis‹o existentes, extinguindo-se a companhia cindida,
se houver vers‹o de todo o seu patrim™nio, ou
dividindo-se o seu capital, se parcial a vers‹o

A sociedade controladora e suas controladas podem constituir grupo de


sociedades mediante conven•‹o pela qual se obriguem a combinar recursos ou
esfor•os para a realiza•‹o dos respectivos objetos, ou a participar de atividades
ou empreendimentos comuns.

Tem por objeto social somente a


Holding pura participa•‹o em outras sociedades

HOLDING
Tem por objeto social a participa•‹o
em outras sociedades e tambŽm a
Holding mista explora•‹o de outras atividades
econ™micas

As quotas de sociedade limitada s‹o hoje penhor‡veis para a garantia de


d’vidas pessoais do s—cio.

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8 Ð Jurisprud•ncia Aplic‡vel

DIREITO EMPRESARIAL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. VIOLA‚ÌO


AO ART. 535 DO CPC. FUNDAMENTA‚ÌO DEFICIENTE. OFENSA AO ART. 5¼ DA
LICC. AUSæNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. VIOLA‚ÌO AOS ARTS. 421 E 977 DO
CC/02. IMPOSSIBILIDADE DE CONTRATA‚ÌO DE SOCIEDADE ENTRE CïNJUGES
CASADOS NO REGIME DE COMUNHÌO UNIVERSAL OU SEPARA‚ÌO
OBRIGATîRIA. VEDA‚ÌO LEGAL QUE SE APLICA TANTO ËS SOCIEDADES
EMPRESçRIAS QUANTO ËS SIMPLES.
- N‹o se conhece do recurso especial na parte em que se encontra deficientemente
fundamentado. Sœmula 284/STF.
- Invi‡vel a aprecia•‹o do recurso especial quando ausente o prequestionamento do
dispositivo legal tido como violado. Sœmula 211/STJ.
- A liberdade de contratar a que se refere o art. 421 do CC/02 somente pode ser exercida
legitimamente se n‹o implicar a viola•‹o das balizas impostas pelo pr—prio texto legal.
- O art. 977 do CC/02 inovou no ordenamento jur’dico p‡trio ao permitir expressamente a
constitui•‹o de sociedades entre c™njuges, ressalvando essa possibilidade apenas quando
eles forem casados no regime da comunh‹o universal de bens ou no da separa•‹o
obrigat—ria.
- As restri•›es previstas no art. 977 do CC/02 impossibilitam que os c™njuges casados sob
os regimes de bens ali previstos contratem entre si tanto sociedades empres‡rias quanto
sociedades simples.
Negado provimento ao recurso especial.
REsp 1.058.165/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3a Turma, j. 14.04.2009, DJe 21.08.2009

COMERCIAL E PROCESSUAL CIVIL. DISSOLU‚ÌO PARCIAL DE SOCIEDADE.


ALEGADA VIOLA‚ÌO AO ARTIGO 535 DO CPC. NÌO-OCORRæNCIA. NOMEA‚ÌO DE
LIQUIDANTE. DESCABIMENTO. PROCEDIMENTO DE APURA‚ÌO DE HAVERES.
INDICA‚ÌO DE TƒCNICO PELO JUêZO PARA REALIZA‚ÌO DE PERêCIA CONTçBIL.
PEDIDO GENƒRICO DE CONDENA‚ÌO EM HONORçRIOS ADVOCATêCIOS.
POSSIBILIDADE. EXISTæNCIA DE INTERESSE RECURSAL PARA MAJORAR O
QUANTUM FIXADO PELA SENTEN‚A. DISSêDIO JURISPRUDENCIAL. RATEIO DAS
CUSTAS E HONORçRIOS EM PROCEDIMENTO DE DISSOLU‚ÌO PARCIAL DE
SOCIEDADE. PRECEDENTES DESTA CORTE QUE ADMITEM A APLICA‚ÌO DO
PRINCêPIO DA SUCUMBæNCIA. INCIDæNCIA DA SòMULA 83/STJ.
1. N‹o se observa negativa de presta•‹o jurisdicional quando a Corte local se manifesta
acerca de todas as quest›es relevantes para a solu•‹o da controvŽrsia. Aus•ncia de
viola•‹o ao artigo 535 do C—digo de Processo Civil. 2. A dissolu•‹o parcial de sociedade,
com a retirada de um dos s—cios, n‹o prev• procedimento de liquida•‹o, incompat’vel com
o objetivo de preserva•‹o da atividade empresarial, sendo cab’vel a indica•‹o de perito
cont‡bil, pelo ju’zo, para apura•‹o dos haveres do s—cio exclu’do. 3. O interesse recursal
subsiste mesmo na hip—tese de pedido genŽrico de honor‡rios advocat’cios, visto que n‹o
Ž poss’vel quantificar previamente o valor da condena•‹o a ser fixada pelo magistrado. 4.
Conforme precedentes desta Corte, comprovada a resist•ncia dos rŽus em promover a
dissolu•‹o extrajudicial da sociedade, for•ando o autor a ingressar em ju’zo, incide a regra
contida no art. 20 do CPC, com a sucumb•ncia da parte vencida. 5. Recurso especial n‹o
conhecido.
REsp 242603/SC, Rel. Min. Luis Felipe Salom‹o, 4a Turma, j. 04.12.2008, DJe
18.12.2008.

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DIREITO SOCIETçRIO. A‚ÌO DE DISSOLU‚ÌO DE SOCIEDADE ANïNIMA,


PROPOSTA POR ACIONISTAS MINORITçRIOS. QUORUM MêNIMO ATENDIDO NA
DATA DA PROPOSITURA DA A‚ÌO. DESISTæNCIA DA A‚ÌO POR UM DOS
AUTORES, NO CURSO DO PROCESSO. HOMOLOGA‚ÌO PELO JUêZO.
CORRESPONDENTE DIMINUI‚ÌO DA PARTICIPA‚ÌO DETIDA PELOS AUTORES NO
CAPITAL SOCIAL DA COMPANHIA A SER DISSOLVIDA, PARA PATAMAR INFERIOR
AO MêNIMO LEGAL. IRRELEVåNCIA.
A titularidade de 5% do capital social da companhia, em a•›es de dissolu•‹o proposta
com base no art. 206 da Lei das S.A., Ž condi•‹o a ser preenchida na data da propositura
da demanda, sendo irrelevantes as altera•›es nesse percentual ocorridas no curso do
processo. - Na hip—tese dos autos, a desist•ncia de um dos litigantes n‹o poderia
prejudicar os demais. Sendo necess‡rio o litiscons—rcio formado por ocasi‹o da
propositura da a•‹o, o consentimento dado pelo autor no in’cio do processo n‹o pode ser
revogado em seu curso. A desist•ncia s— pode ser admitida caso subscrita por todos os
autores. Recurso especial conhecido e provido.
REsp 408122/PR, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, 3a Turma, d. j. 20.06.2006, DJ
27.11.2006 p. 272

Comercial. Sociedade an™nima. Dissolu•‹o parcial. Impossibilidade jur’dica do pedido. Nas


sociedades an™nimas o direito de retirada do acionista Ž restrito ˆs hip—teses do art. 137
da Lei 6.404/1976, apresentando-se imposs’vel o pedido de dissolu•‹o parcial da
sociedade, pr—prio das empresas organizadas por quotas de responsabilidade limitada,
sem relevo a qualifica•‹o de coligada da empresa acionista, cuja condi•‹o poder‡ ser
desfeita mediante aliena•‹o de a•›es de modo a reduzir a menos de dez por cento do
capital da sociedade an™nima. (AgRg no Ag 34.120/SP, Rel. Min. Dias Trindade, 3.»
Turma, j. 26.04.1993, DJ 14.06.1993, p. 11.785)
Comercial. Sociedade an™nima. Dissolu•‹o. Impossibilidade jur’dica do pedido. Car•ncia
de a•‹o.
I Ð Pedido de dissolu•‹o, in casu, Ž juridicamente imposs’vel pois a espŽcie societ‡ria
admite o direito de recesso do s—cio descontente.
II Ð Recurso n‹o conhecido.
REsp 171.354/SP, Rel. Min. Waldemar Zveiter, 3.» Turma, j. 16.11.2000, DJ 05.02.2001,
p. 99

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9 Ð Considera•›es Finais
Chegamos ao final da nossa aula de hoje! Espero que voc• esteja gostando do
nosso curso. Se ficar alguma dœvida n‹o deixe de me procurar, ok!? J

Grande abra•o!

Paulo Guimar‹es

professorpauloguimaraes@gmail.com

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