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Redes 3G e 4G: Características do LTE

Long Term Evolution – LTE

Na escala evolutiva do 3GPP, o primeiro padrão que apresenta como técnica


de acesso ao meio o OFDMA (acesso múltiplo por divisão de freqüências
ortogonais) é o LTE. O OFDMA já é usado nos mais modernos sistemas, tais
como padrões de TV e rádio digital, redes Wifi e Wimax, dentre outros. Essa
técnica consiste na divisão da banda disponível em milhares de subportadoras,
e na transmissão dos dados de um ou mais usuários, de forma simultânea, em
várias dessas subportadoras, conforme mostra a figura 7. Dessa forma o
sistema se torna mais resistente a interferência seletiva, multipercurso e pode
ser projetado para ser praticamente imune à interferência intersimbólica,
introduzindo-se um intervalo de guarda adequado.

Figura 7: Composição das portadoras e subportadoras no OFDM


Fonte: HSDPA and Beyond, página 25, (By Nortel)

As redes LTE são a evolução apresentada pelo 3GPP para aproveitar de forma
mais eficiente bandas acima de 5 MHz. Para bandas disponíveis de até 5
MHz, as tecnologias baseadas em CDMA já apresentadas até aqui, fazendo
uso de técnicas também apresentadas (como MIMO, avanço dos receptores,
modulação de alta ordem, dentre outras) apresentam uma eficiência
semelhante. Contudo, para bandas maiores, as redes LTE oferecem ao usuário
um desempenho superior, conforme listado abaixo:

 Uso do OFDMA no downlink e o SC-FDMA no uplink, para reduzir o


alto PAPR – Peak Average Power Rate – do OFDM que encarece os
amplificadores e obriga que eles sejam ineficientes, por não poderem
apresentar alto ganho. Procura-se com isso reduzir a complexidade do
equipamento móvel.
 Latência abaixo de 5 ms com 5 MHz ou largura de banda maior. Com
alocação de banda abaixo de 5 MHz, a latência menor que 10 ms pode
ser viabilizada.
 Largura de banda escalável até 20 MHz, com bandas menores cobrindo
1,25 MHz, 2,5 MHz, 5 MHz, 10 MHz e 15 MHz. A banda de 1,6 MHz
também é considerada para casos específicos.
 Suporta somente comutação por pacote (Packet Switching – PS). O
serviço de Voz para o usuário é fornecido através de VoIP ou utilizando
as tecnologias legadas.
 Taxa máxima de dados no downlink de até 100 Mbit/s e no uplink de
até 50 Mbit/s com largura de banda de 20 MHz.
 Redução do valor do TTI para 1 ms.

Técnicas Chave Empregadas

Visando a melhoria de desempenho dos sistemas 3G em direção aos sistemas


4G, algumas técnicas estão sendo ou serão empregadas. Muitas delas já foram
descritas anteriormente e as mais importantes estão listadas abaixo:

 Utilização de modulação de níveis superiores (16QAM, 64QAM).


 Técnicas de cancelamento sucessivo de interferência e diversidade de
recepção no downlink.
 CPC (continuous packet conectivity).
 Sistemas MIMO (2X2, 4X2, 4X4).
 Beamforming, que é a técnica na qual uma Antena Inteligente ou
Matriz Adaptativa pode alterar dinamicamente seu diagrama de
radiação de forma a atender os clientes da melhor forma, como ilustra a
figura 8.
 Eliminação de nós na rede (Arquitetura IMS), conforme mostra a figura
5.
 Desenvolvimento do Evolved Packet System – EPS para permitir
interoperabilidade entre GSM/UMTS/HSPA com o LTE.
 Utilização da técnica OFDMA para acesso ao meio conforme mostra a
figura 7.
 O OFDMA proverá maior eficiência espectral e
maior troughput máximo para bandas maiores que 5 + 5 MHz.
Utilizando a banda de 5 + 5 MHz o HSPA+, fazendo uso do CDMA e
de técnicas avançadas já descritas, possui eficiência espectral muito
próxima ao LTE que utiliza o OFDMA.
Figura 8: Exemplo de uso do Beamforming
Fonte: UMTS Evolution – From 3GPP release 7 to release 8. HSPA and
SAE/LTE,
Página 76, June 2008 Update – 3G Americas

As técnicas descritas são responsáveis por grande parte da evolução dos


padrões 3GPP, conforme ilustra a figura 9.

Figura 9: Evolução dos padrões do 3GPP


Fonte: UMTS Networks Services, Apresentação AIRCOM

Perspectivas para o 4G

Conforme é comum se ensinar nas escolas, a história é o estudo do que


ocorreu no passado para que possamos nos preparar e até predizer o que
acontecerá no futuro. Esse pensamento é muito utilizado na estatística e na
economia. É muito comum armazenar certos tipos de dados de
acontecimentos passados para que seja traçada uma tendência para o futuro.
Essa característica é bastante usada no mundo das telecomunicações para se
prever, por exemplo, quando serão necessários novos investimentos para
ampliação de capacidade das redes em função do crescimento da demanda de
tráfego.

Levando em consideração o comportamento do 3GPP para escolha das


técnicas de múltiplo acesso das gerações anteriores e com ajuda da figura 10,
teremos uma indicação da técnica de múltiplo acesso que será escolhida para a
próxima geração de celulares. Nos anos 90, o TDMA foi escolhido em
detrimento do CDMA para a segunda geração. Em 2000, o CDMA foi
escolhido em detrimento do Orthogonal Frequency Division Multiplexing –
OFDM para o 3G. Seguindo essa lógica e com base na utilização dessa técnica
em grande parte dos sistemas de comunicações mais modernos, espera-se que
o OFDM seja escolhido pelo 3GPP para viabilizar os sistemas 4G do futuro.

Figura 10: Adoção de técnicas de múltiplo acesso pelo 3GPP

Conforme mencionado, outra indicação que o OFDM tem grandes chances de


ser escolhido é a sua utilização difundida em sistemas mais modernos. São
eles: WLAN (IEEE 802.11a, g, n), Rádio Digital (DAB, DRM, ISDB-TSB),
TV Digital (DVB-T, ISDB), TV móvel (DVB-H, ISDB-T, MediaFLO), 3GPP
LTE, WMAN fixo (IEEE 802.16 – Wimax), WMAN móvel (IEEE 802.16e,
IEEE 802.20, WiBro).

Espera-se que o novo padrão seja capaz de atingir até 1 Gbit/s, para usuários
até 15 km/h, e até 100 Mbit/s para usuários com velocidades superiores,
conforme mostra a figura 11. Espera-se também que as redes 4G sejam
projetadas para operar conjuntamente com as redes UMTS e GSM legadas.
O relatório ITU-R M.2079 indica que serão priorizadas bandas dentro do
intervalo de 400 MHz a 5 GHz para implementação da nova geração.

Figura 11: Velocidades para cada tecnologia e geração


Fonte: UMTS Networks Services, Apresentação AIRCOM

Ainda há muito que ser definido para padronização das futuras redes de 4ª
geração de telefonia celular e existe a perspectiva que muito seja definido até
o final de 2010. Apesar disso, algumas operadoras pelo mundo afirmam que
irão adotar as redes LTE como suas futuras redes de 4ª geração. Contudo as
redes LTE não satisfazem alguns requisitos desejados para redes 4G e,
portanto, essas afirmações devem ser analisadas sob olhar mais crítico.

Redes 3G e 4G: Considerações finais

A tecnologia vem evoluindo numa velocidade impressionante nos últimos


anos. Na vanguarda dessa tendência está situada a telefonia móvel que, com a
implementação plena das redes 3G, pode passar a ser chamada também de
banda larga móvel.

A implantação efetiva de 3 gerações de sistemas celulares, num período


inferior a 15 anos, e a preparação para o surgimento de uma quarta geração
suscitam a questão de como se dará a convivência entre as tecnologias mais
novas e as chamadas tecnologias legadas. Um exemplo de como isso pode
ocorrer são as redes das operadoras que possuem a tecnologia GSM e UMTS
funcionando simultaneamente, nas quais é possível até mesmo o handover
entre os dois sistemas.

Outro aspecto interessante a ser observado na escala evolutiva do 3GPP é a


futura transição do CDMA para o OFDMA, que ocorrerá quando da
implementação do LTE. Conforme já mencionado, o OFDMA possui melhor
desempenho para bandas acima de 5 MHz. A redução da latência também é
um aspecto importante que, conforme já mencionado, deve ser alcançada
principalmente com a aplicação da Solução de um Túnel (OTS) que implica
na redução do número de nós das redes.

Analisando com cuidado as técnicas apresentadas na escala evolutiva do


3GPP, observamos a preocupação com dois aspectos complementares: de um
lado a tentativa de aumentar a eficiência espectral com a adoção técnicas de
modulação de alta ordem, como o 64QAM, e de outro a tentativa de melhorar
o C/I com a adoção de técnicas como o MIMO, a diversidade de recepção e o
cancelamento sucessivo de interferência. As primeiras tendem a aumentar a
vulnerabilidade do receptor no caso de ocorrência de interferências e as
segundas tentam minimizar o efeito da interferência percebida, viabilizando o
uso mais eficiente do espectro de freqüência.

Referências

 EDGE, HSPA and LTE: The Mobile Broadband Advantage – 3G


Americas
 Defining 4G: Understanding ITU Process for the next Generation of
Wireless Technology – 3G Americas
 Wiley - WCDMA for UMTS - Radio Access for Third Generation
Mobile Communications, 3rd Ed - 2004 - (By Laxxuss)
 HSDPA and Beyond (By Nortel).
 Wiley – HSDPA HSUPA for UMTS High Speed Radio Access for
Mobile Communications ebook – Spy (Edited by Harri Holma and Antti
Toskala)
 UMTS Evolution. From 3GPP release 7 to release 8. HSPA and
SAE/LTE. June 2008 Update – 3G Americas
 Overview of Multiuser Detection/Interference Cancellation for DS-
CDMA – Tero Ojanpera, Nokia Research Center, 2300 Valley View
Lane, Irving, TX 75038, USA
 Lopes, Estevan Marcelo. TP-100 – Sistemas de Comunicações Móveis
e TV Digital, Apresentação INATEL.
 www.teleco.com.br
Redes 3G e 4G: Teste seu entendimento
1. Apesar do sistema UMTS usar várias ferramentas do sistema IS-95 (CDMA),
qual alternativa abaixo representa uma das diferenças entre eles que devem ser
observadas?

Necessidade de sincronismo para inter-operação entre as estações base no IS-95,


que é opcional no UMTS. Por essa razão os sistemas UMTS não necessitam das
antenas GPS presentes nas estações do sistema IS-95.

A taxa de chips utilizada para o IS-95 é de 1,2288 Mcps, numa banda de 1,25
MHz, enquanto que para o UMTS a taxa é de 3,84 Mcps, numa banda de 5MHz.

O UMTS é projetado para operar conjuntamente com o GSM, portanto, o handover


entre os dois sistemas é suportado permitindo manter o nível mínimo do GSM
durante a introdução da rede UMTS.

Todas as alternativas anteriores.

2. Qual das alternativas abaixo não representa uma das alterações em relação ao
WCDMA implementada pelo HSDPA?

Utiliza o soft ou softer handover (não ocorre hard handover).

Utilização de Spread Factor fixo e igual a 16 (SF=16).

Decisão de Scheduling realizada pela Node B.

Utilização de modulação de alta ordem (16 QAM).

3. O que permitiu que o LTE fosse interoperável com as outras tecnologias 2G e


3G (GSM/UMTS/HSPA)?

A existência de largura de banda escalável até 20 MHz.

Desenvolvimento do Evolved Packet System – EPS.

O serviço de Voz fornecido através de VoIP.

Uso do OFDMA no downlink e o SC-FDMA no uplink.

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