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ENSINO FUNDAMENTAL
6 º-
ano
1
caderno
MANUAL
DO
PROFESSOR
HISTÓRIA
6º ano
Ensino Fundamental
Manual do
Professor
História
Fabiana Saad Ezarchi
Sílvia Helena A. B. Brandão
Tania Fontolan
1
caderno
Direção de conteúdo e inovação pedagógica: Mário Ghio Júnior
Direção: Tania Fontolan
Coordenação pedagógica: Ricardo Leite
Conselho editorial: Bárbara M. de Souza Alves, Eliane Vilela,
Helena Serebrinic, Lidiane Vivaldini Olo,
Luís Ricardo Arruda de Andrade, Mário Ghio Júnior,
Marisa Sodero Cardoso, Ricardo de Gan Braga,
Ricardo Leite, Tania Fontolan
Direção editorial: Lidiane Vivaldini Olo
Gerência editorial: Bárbara M. de Souza Alves
Coordenação editorial: Adriana Gabriel Cerello
Edição: Cláudia P. Winterstein (coord. História e Geografia),
colaboração: Lavínia Valadares
Revisão: Hélia de Jesus Gonsaga (ger.), Danielle Modesto,
Edilson Moura, Letícia Pieroni, Marília Lima, Marina Saraiva,
Tayra Alfonso, Vanessa Lucena
Coordenação de produção: Paula P. O. C. Kusznir (coord.),
Daniela Carvalho
Supervisão de arte e produção: Ricardo de Gan Braga
Edição de arte: Daniel Hisashi Aoki
Diagramação: Christine Getschko, Fernando Afonso do Carmo,
Lourenzo Acunzo, Luiza Massucato
Iconografia: Silvio Kligin (supervisão),
Claudia Bertolazzi, Claudia Cristina Balista,
Ellen Colombo Finta, Marcella Doratioto
Licenças e autorizações: Edson Carnevale
Cartografia: Eric Fuzii
Capa: Daniela Amaral
Foto de capa: Eric Isselee/Shutterstock/Glow Images
Ilustração de capa: D’Avila Studio
Projeto gráfico de miolo: Daniela Amaral
Editoração eletrônica: Casa de Tipos
15-08585 CDD-372.89
2017
ISBN 978 85 7595 462 1 (PR)
Código da obra 824656117
1ª edição
1ª impressão
Impressão e acabamento
Uma publicação
SUMÁRIO
HISTÓRIA ............................................................................................... 4
Esclarecimentos iniciais ........................................................................... 5
O Caderno 1 ........................................................................................... 11
1. Como solucionar um mistério? À procura de pistas e sinais ................................................ 13
Módulo interdisciplinar............................................................................................................. 37
8
HISTÓRIA
Caros professores,
Chegamos a uma nova edição do material de História. Nesta jornada, juntou-se a nós uma
nova autora: Fabiana Saad Ezarchi. Ela também conjuga a formação teórica à experiência em
sala de aula, junção que consideramos importante para a elaboração de um material atualizado
e exequível.
Ao longo destes anos, o material tem se consolidado como uma experiência de múltipla
autoria: nossa e dos professores usuários, que interagem conosco nos eventos e pelos canais
de comunicação de que dispomos.
Desses diálogos, emergiram a criação de uma seção específca para testes, a ampliação da
utilização de infográfcos, a inserção de determinados temas (como o surgimento das cidades e
o monoteísmo) e a supressão ou o reordenamento de outros. Empolga-nos, de maneira espe-
cial, a participação periódica na seção interdisciplinar: dessa forma, podemos contribuir com a
abordagem da História na problematização de fenômenos que compõem a realidade da maneira
como ela se apresenta e é percebida no dia a dia.
Também nos preocupamos em enriquecer as propostas e a troca de experiências presentes
no Manual do Professor. Gostaríamos que ele fosse um contributo real para a organização dos
professores, sem a pretensão de esgotar ou formatar de modo rigoroso as abordagens das aulas.
Esperamos que esta nova edição atinja suas expectativas. E renovamos o convite para a ma-
nutenção e o aprofundamento do diálogo constante que mantemos.
As autoras.
4
8 Ensino Fundamental
“líquido” da modernidade, os líquidos são deliberada-
Esclarecimentos iniciais mente impedidos de se solidificarem. A temperatura
elevada – ou seja, o impulso de transgredir, de substi-
tuir, de acelerar a circulação de mercadorias rentáveis
O Ensino de História em tempos de redes – não dá ao fluxo uma oportunidade de abrandar, nem
sociais o tempo necessário para condensar e solidificar-se em
formas estáveis, com uma maior expectativa de vida.
Há pelo menos duas décadas, educadores do mun- Entrevista à revista Isto É, 24 set. 2010. Disponível em:
do todo vêm se deparando com o desafio de propor <www.istoe.com.br/assuntos/entrevista/detalhe/102755_
formas mais eficazes de preparação de indivíduos para VIVEMOS+TEMPOS+LIQUIDOS+NADA+E+PARA+DURAR>.
as exigências atuais e futuras: da constatação de que Acesso em: 27 abr. 2015.
a escola não pode ser apenas transmissora de acer- Até alguns anos atrás, as mudanças aconteciam num
vo de conhecimentos acumulados pela humanidade ritmo muito mais lento. Atualmente, as novas tecnologias
(embora essa função se mantenha) à necessidade de e a produção de novos conhecimentos exigem atualiza-
efetivamente dotar os alunos da capacidade de conti- ção constante e seletiva, bem como o aguçamento da
nuarem a aprender quando estiverem fora da escola, capacidade de análise de novos contextos. As velhas
ao final dos ciclos básicos de aprendizagem. Ou seja, formas de ensino-aprendizagem não atendem mais aos
de serem capazes de compreender e de incorporar de desafios do presente e às novas perspectivas socioeco-
forma crítica novidades que sequer existiam quando nômicas e culturais.
estavam na escola (e, por isso, não podiam ser trans- História é uma disciplina privilegiada, dentro da grade
mitidas naquele momento). escolar, por colaborar com a preparação do aluno para
Nessa direção, em muitos países, entidades oficiais, os novos tempos. As experiências humanas, em todas as
universidades, organizações não governamentais, fóruns suas modalidades, são nossa matéria-prima. Ocupamo-
de educadores, entre outras instituições, formularam pro- -nos com as trajetórias humanas e sociais, as permanên-
postas para tornarem as escolas espaços privilegiados cias e mudanças, a universalidade e a singularidade, as
para o desenvolvimento de habilidades e competências diferentes percepções de tempo, o fato de a técnica e a
individuais, necessárias a esses novos tempos, bem como arte poderem ser conhecidas e analisadas, fornecendo
para uma socialização solidária e responsável. subsídios para nos posicionarmos perante os novos tem-
Essas discussões e propostas também chegaram ao pos e fazermos as melhores escolhas.
Brasil e, em grande parte, foram formalizadas nos Parâme- O historiador Eric Hobsbawm reforça a importância
tros Curriculares Nacionais (PCN). Nessa obra, elaborada do estudo da História em tempos tão voláteis:
pelo Ministério da Educação (MEC) e publicada em 1998, A destruição do passado – ou melhor, dos me-
diversos educadores propuseram orientações pedagógi- canismos sociais que vinculam nossa experiência
cas, metodológicas e conteúdos disciplinares para adequar pessoal à das gerações passadas – é um dos fenô-
a educação brasileira aos novos paradigmas. Em nosso menos mais característicos e lúgubres do final do
entendimento, as propostas dos PCN são ferramentas século XX. Quase todos os jovens de hoje crescem
importantes para que a escola deixe de ser um espaço de
numa espécie de presente contínuo, sem qual-
transmissão burocrática do conhecimento acumulado e se
quer relação orgânica com o passado público da
torne um lócus privilegiado de formação de indivíduos
época em que vivem. Por isso, os historiadores, cujo
conscientes, que se aprimoram continuamente e mantêm
ofício é lembrar o que os outros esquecem, tornam-
relações sociais responsáveis e solidárias. Espera-se que os
-se mais importantes que nunca no fim do segundo
alunos desenvolvam a capacidade de reflexão e interajam
milênio.
com os meios natural e social em que vivem. Nesse sen-
tido, devem ser estimulados a buscar novas informações, HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX–1914-1991.
São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p. 13. Manual do Professor
processá-las e aplicá-las em seu cotidiano.
Segundo o filósofo polonês Zygmunt Bauman, vive- Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, o estu-
mos a era da “modernidade líquida”: do da História deve contribuir para o “desenvolvimento
Líquidos mudam de forma muito rapidamente, sob dos alunos como sujeitos conscientes, capazes de enten-
a menor pressão. Na verdade, são incapazes de manter der a História como conhecimento, como experiência e
a mesma forma por muito tempo. No atual estágio prática de cidadania”.1
1
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. História. Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. p. 25.
8
5
Ainda de acordo com os PCN, são objetivos gerais da Acreditamos que em vez de acionar pura e simples-
área de História, ao longo do Ensino Fundamental, tornar mente a memória dos educandos, adestrá-los com a repe-
os alunos capazes de: tição de exercícios e avaliar sua capacidade de reproduzir
• identificar o próprio grupo de convívio e as relações um conteúdo factual, devemos possibilitar aos alunos um
que estabelecem com outros tempos e espaços; conjunto de aprendizagens:
• organizar repertórios histórico-culturais que lhes per- • dos fatos – contextualizando-os no momento em que
mitam localizar acontecimentos numa multiplicidade ocorreram, fazendo que sejam compreendidos, e não
de tempo, de modo a formular explicações para algu- decorados;
mas questões do presente e do passado; • dos conceitos – permitindo que sejam percebidos
• conhecer e respeitar o modo de vida de diferentes gru- segundo sua função classificatória, que recorta ca-
pos sociais em diversos tempos e espaços, e a diversi- racterísticas no tempo e no espaço e as conjuga para
dade de manifestações culturais, econômicas, políti- exprimir determinado significado. Além da compreen-
cas e sociais, reconhecendo semelhanças e diferenças são da função dos conceitos e de seus significados, é
entre esses grupos; fundamental estimular sua utilização na interpretação
de situações e contextos, e até na criação de novos
• reconhecer mudanças e permanências nas vivências
humanas, presentes na sua realidade e em outras conceitos;
comunidades, próximas ou distantes no tempo e no • dos procedimentos – habilitando-os para a ação por
espaço; meio de leitura, observação, classificação, seleção,
cálculo, expressão oral; desenvolvendo métodos e
• questionar sua realidade, identificando alguns de
seus problemas e refletindo sobre suas possíveis
estratégias para atingir um fim (aprender a aprender);
soluções, reconhecendo formas institucionais de • das atitudes – interiorizando as reflexões para que elas
atuação política e organizações coletivas da socie- permitam rever e reformular seus valores e atitudes,
dade civil; em termos individuais e coletivos.
• utilizar métodos de pesquisa e de produção de textos Evidentemente, esses conteúdos e procedimentos se
de conteúdo histórico, aprendendo a ler diferentes inter-relacionam, requerendo aulas nas quais os alunos
registros escritos, iconográficos e sonoros; não se tornem meros espectadores, sendo estimulados e
desafiados a relacionar conhecimentos prévios com no-
• valorizar o patrimônio sociocultural e respeitar a di-
versidade, reconhecendo-a como um direito dos povos vas informações e conceitos. Dessa maneira se sentirão
e indivíduos e como um elemento de fortalecimento motivados a pesquisar (atividades investigatórias), refletir
da democracia. e levantar hipóteses, construir versões, confrontá-las com
as dos colegas, praticar o conhecimento e incorporá-lo.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. História. Ensino
Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. p. 33.
A sele•‹o de temas
Nesta nova edição, além de atualizar o material, Sabemos, e os PCN também o afirmam, que é impos-
tivemos a oportunidade de incorporar vivências, ex- sível trabalhar toda a História.
periências e sugestões que recebemos ao longo dos É consensual a impossibilidade de se estudar a His-
últimos anos. Também temos nos valido cada vez mais tória de todos os tempos e sociedades, sendo necessário
(e recomendamos fortemente aos professores que uti- fazer seleções baseadas em determinados critérios para
lizem) do recurso do Caderno Digital. A um só tempo estabelecer os conteúdos a serem ensinados.
ele é “meio e mensagem”: permite incorporar e com- BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. História.
plementar temas e atividades, e atualizar os temas Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. p. 35.
em tempo real (por meio da inserção de pins). Além Vale ressaltar que um material como o nosso é parte
disso, seu uso permite uma interação com os alunos de um projeto de formação integrada, que continua o tra-
que utilizam a tecnologia. Não é possível a escola balho desenvolvido ao longo do Ensino Fundamental I e
preparar indivíduos para um mundo tecnológico e não que terá continuidade no Ensino Médio. Portanto, nossas
incorporar o uso da tecnologia nas aulas e no projeto escolhas também se referenciam no conhecimento das
de formação. informações e dos conceitos que os alunos já adquiriram
Gostaríamos de explicitar o que acreditamos ser o na vida escolar e social anterior, assim como na maior
melhor caminho conceitual e metodológico a ser se- verticalização e abrangência que tais conteúdos terão no
guido. Ensino Médio.
6
8 Ensino Fundamental
Fizemos a seleção dos conteúdos conceituais de forma úteis para o futuro do aluno. Além disso, sua formação
integrada: História Geral e do Brasil são trabalhadas si- continuará no Ensino Médio. Portanto, temas não vistos
multaneamente, obedecendo-se à cronologia e aos eixos no Ensino Fundamental serão trabalhados no Ensino
temáticos de cada ano, explicitados a seguir. Também Médio, em outra fase cognitiva e com outros objetivos.
consideramos que as finalidades do Ensino Fundamental
(3o e 4o ciclos) são diferentes das propostas para o Ensino O replanejamento
Médio. Dessa forma, optamos por excluir determinados O material do Sistema de Ensino é composto de Ca-
temas considerados clássicos – Mesopotâmia, hebreus, derno do Aluno (ou apenas Caderno) e pelo Manual do
fenícios, persas – para trabalhar de forma mais significa- Professor (ou apenas Manual). No Caderno, os conteúdos
tiva conceitos, procedimentos e atitudes, por meio dos estão divididos em Módulos, que têm a teoria integrada
assuntos que julgamos mais relevantes. Pensamos que é às atividades de sala. A quantidade de aulas sugerida
uma solução melhor do que abordar muitas sociedades para cada Módulo é explicitada no Manual. Embora as
e trabalhar superficialmente todas elas. tarefas para casa apareçam ao final dos Módulos (seção
Optamos por organizar os assuntos estudados ao lon- Em casa), elas devem ser propostas aos alunos ao final
go do curso em eixos temáticos. No 6o ano, momento de cada aula do Módulo.
em que os alunos terão contato com uma multiplicidade Consideramos que a distribuição dos conteúdos aqui
de sociedades, nosso eixo é “Diversidade cultural”. No proposta pode ser replanejada, levando em consideração
7o ano, uma vez que os alunos tenham apreendido a as características e possibilidades das turmas e as pró-
validade das diferenças culturais, nosso eixo é “Encon- prias convicções e métodos de trabalho. Dessa forma, há
tro de culturas”, que propõe reflexões sobre as trocas e Módulos que podem ser estendidos ou reduzidos; outros
aquisições culturais, bem como as formas de violência podem ser tratados como atividade de leitura em casa.
provocadas pela recusa às culturas diferentes. No 8o ano, Há atividades que podem ser suprimidas ou adicionadas,
o eixo é “Cidadania”: a criação dos espaços políticos conforme a necessidade.
modernos e as lutas pela ampliação de direitos políti- Acreditamos que o replanejamento deva ocorrer Ca-
cos e civis. No 9o ano, o eixo “Cidadania” é retomado derno a Caderno, de forma que os novos materiais sejam
em meio à complexidade dos séculos XX e XXI. Dessa iniciados nas datas indicadas nos calendários. Por isso, se
forma, unimos conteúdos que estão presentes há muito o professor der mais ênfase a um tema, necessariamen-
tempo no ensino de História e que integram um “saber te outro deve ser redimensionado, para que os prazos
consolidado”, que deve fazer parte da formação do aluno, sejam cumpridos. Esse cuidado evita que, ao final do
a grandes questões problematizadoras que permitem a ano, fiquem temas por serem abordados e partes dos
reflexão sobre o presente e o futuro. Cadernos sem utilização.
Nossa experiência como educadoras, somada às dis-
cussões que vêm ocorrendo no campo pedagógico, nos A linguagem e a organização dos Cadernos
convence de que nossos alunos, no Ensino Fundamental,
Nossa experiência como professoras nos ensinou
devem receber uma formação humanista e generalista.
que a linguagem dos materiais didáticos deve ser ade-
Não devemos ter a intenção de torná-los “pequenos his-
quada a cada ano. Do 6o ao 9o ano, grande parte dos
toriadores”. Antes, devemos nos preocupar em utilizar a
materiais existentes apresenta textos com a mesma
História como oportunidade de conhecimento e reflexão
profundidade e complexidade, como se um aluno de
sobre as ações humanas e suas consequências, de tal for-
6o ano estivesse na mesma fase cognitiva de um de 9o
ma que os alunos se reconheçam como sujeitos históricos
e percebam que suas atitudes (ou omissões) têm reper- ano e dominasse o mesmo vocabulário e compreen-
cussão no micro e macro contexto social. É importante desse as mesmas modalidades de texto. Além disso,
lembrar que muitos detalhes factuais dificilmente são a linguagem inadequada (mesmo para o 9o ano) nos
Manual do Professor
guardados pela memória e que eles estão disponíveis em tornava “tradutores” de texto, impedindo um trabalho
diversas fontes de informação. Desejamos que os alunos autônomo por parte dos alunos.
aprendam onde e como pesquisar as informações que Para evitar esses problemas, o nível de profundidade
necessitam ou que têm curiosidade de conhecer. Além da linguagem varia e se aprofunda à medida que os anos
de saber buscá-las, eles devem aprender a criticá-las, avançam. Nosso propósito é o de permitir uma leitura
interpretá-las, compreendê-las e transpor os ensinamen- autônoma e significativa por parte dos alunos. O professor
tos para o seu cotidiano. Não podemos perder a oportu- pode ler com a classe trechos que considere mais relevan-
nidade de desenvolver essas habilidades, extremamente tes, mas não precisa fazê-lo com o propósito de “tradução”.
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Dessa maneira, em meio ao replanejamento do profes- • Atividade complementar
sor, ele pode usar o texto (de alguns Módulos) que conside- Oferece possibilidades extras de trabalho aos profes-
re menos relevante como uma atividade de leitura para os sores que têm uma carga horária maior. Portanto, ela é
alunos, sem que isso comprometa o entendimento do tema. sempre opcional.
No decorrer dos Módulos, há uma série de seções de Ao longo dos textos, aparecerão boxes de:
atividades que pretendem subsidiar o trabalho do pro-
fessor para tornar as aulas mais interativas, bem como • Você já pensou nisso?
Apresenta questionamentos e problematizações de na-
estimular o desenvolvimento contínuo de habilidades
de entendimento e a sistematização dos conteúdos. Para turezas diversas: alguns relacionam o conteúdo estudado
tanto, cada seção possui um objeto (texto historiográfico, ao cotidiano e às experiências dos alunos; outros sugerem
documento de época – textual ou visual) e/ou um pro- a eles que levantem hipóteses para explicar determinados
pósito (interpretar textos, interpretar imagens, levantar eventos ou conjunturas históricas, incitando-os a pensar his-
hipóteses, sistematizar informações) específico. Entre toricamente. Os questionamentos propostos não precisam
essas seções, destacamos: resultar, necessariamente, em produção escrita, bastando
uma discussão oral em sala de aula. Caso considere neces-
• Atividade sário, o professor pode solicitar aos alunos que redijam um
As atividades propostas nessa seção ao longo dos pequeno texto sobre as discussões propostas. Essa atividade
Cadernos tem finalidades variadas. Elas podem ter o também será utilizada em todas as aberturas de Módulo,
objetivo de retomar conteúdos já trabalhados ou fixar, para subsidiar a motivação e a introdução ao tema.
por meio de quadros sinóticos ou mapas conceituais, os
principais conteúdos trabalhados. O Manual do Professor
• Atividade com documento Procuraremos manter um diálogo com os professores
Esse tipo de proposta trabalha com leitura e análise de por meio do Manual. Ele contém os objetivos de cada Mó-
documentos históricos, que podem ser textuais e/ou visuais. dulo, bem como sugestões de estratégias para desenvolver
No tocante às fontes textuais, o objetivo é apresentar os conteúdos. Sabemos que os professores têm seu próprio
aos alunos alguns dos procedimentos básicos exigidos na repertório de encaminhamento das aulas e reafirmamos
leitura desse tipo de documento, tais como: identificação nosso estímulo para que o utilizem. As estratégias sugeridas
do assunto principal do texto, análise do vocabulário pretendem oferecer alternativas e apoio a esse repertório.
empregado, contextualização das ideias expressas no do- Com relação aos encaminhamentos propostos para
cumento, etc. Por meio da leitura “a contrapelo”, pode-se as aulas, tomamos a liberdade de sugerir um roteiro de
levar os alunos a perceber elementos que não aparecem trabalho com os conteúdos e as atividades de cada Mó-
no texto, bem como a problematizar essa ausência. Tam- dulo, bem como indicação de tarefas. Evidentemente, o
bém se procura estimular os alunos a recompor o universo replanejamento do professor pode encontrar uma distri-
material e mental no qual o documento foi produzido. buição diversa da sugerida. Ressaltamos a importância da
Quanto às fontes visuais, o trabalho visa desenvolver indicação de tarefa(s) ao final de cada aula dada, e não
os procedimentos de leitura de imagem, que vêm sendo apenas ao final de todas as aulas do Módulo.
trabalhados desde o 1o ciclo do Ensino Fundamental. As O Manual também sugere ações de motivação (para
atividades propostas devem estimular a percepção crítica aguçar a atenção da classe para o que será desenvolvido)
dos alunos, de modo a evidenciar o caráter de representação e ativação de conhecimento prévio, retomando ideias e
das imagens: o que elas representam? De que modo a repre- experiências já dominadas pelos alunos, que funcionem
sentação foi feita? Que elementos visuais foram utilizados? como “âncoras” para o entendimento do que será estuda-
do. Acreditamos que com essas ações as aulas expositivas
• Atividade em grupo
podem se tornar mais interativas e produtivas.
Visa à construção ou à ampliação de conceitos, ati-
tudes ou procedimentos. Com esse tipo de atividade, Por outro lado, consideramos essencial que se utili-
pretendemos que as discussões e produções feitas nos zem outras estratégias, além das aulas expositivas, para
grupos auxiliem os alunos a construir o conhecimento. que os alunos tenham oportunidade de experimentar
Após a realização, é importante que haja uma discussão e desenvolver outras formas de aprendizagem procedi-
coletiva, orientada pelo professor, para confrontar as mental e atitudinal e que sejam contempladas as várias
respostas/soluções de cada grupo. potencialidades de expressão dos alunos.
8
8 Ensino Fundamental
Avaliação • Respeito à diversidade cultural.
Considerando a filosofia do material, não faria sentido • Responsabilidade individual e coletiva: participar,
a elaboração de avaliações que se preocupassem apenas engajar-se, importar-se e sensibilizar-se.
com aspectos factuais das sociedades abordadas. Os pro- Dentre os objetivos que nortearam nosso trabalho no 6o
fessores devem levar em conta os objetivos de cada aula ano, o de garantir a formação de nossos alunos é a nossa
para elaborar as questões, ou seja, retomar os aspectos prioridade. Acreditamos que o ensino de História deve
enfatizados que devem ser apreendidos pelos alunos, em servir, primeiramente, para possibilitar a compreensão
detrimento de detalhes que cabem mais na memorização das diferentes possibilidades de existência em sociedade.
mecânica que no entendimento dos processos. Dessa forma, entendemos que é necessário preparar os
Além dessa seleção de objetivos, também considera- alunos para o exercício da cidadania e da solidariedade,
mos essencial que as questões, a exemplo do que faz o tornando-os capazes de participar, de se importar, de se
material, proponham leitura e interpretação de textos, engajar e de se sensibilizar com as muitas experiências
documentos escritos e visuais. Essa é uma forma de rea- dos seres humanos.
firmar a importância que damos ao desenvolvimento de
habilidades de entendimento, lapidando essa capacidade Além disso, acreditamos na necessidade de fornecer-
de interpretação. -lhes bases éticas que devem permear o convívio demo-
crático e ajudá-los a desenvolver o respeito à liberdade
Objetivos e propostas do 6o ano e a prática da tolerância.
Eixo temático: Diversidade cultural Trabalhamos ao longo dos Cadernos do 6o ano com a
• Compreender as diferentes e múltiplas possibilidades noção de etnocentrismo como estratégia para atingirmos
de vivência em sociedade. os nossos objetivos. Assim, os alunos aprendem a convi-
• Compreender que a História é construção. ver com universos e lógicas diferentes das suas, “enfren-
• Desenvolver os conceitos de tempo histórico e tempo tam” o etnocentrismo explicitado na experiência com o
cronológico. diferente, refletem sobre essa questão e aprendem que
• Desenvolver o respeito ao patrimônio histórico. não se pode analisar sociedades à luz de juízos de valor
• Conhecer as semelhanças e diferenças entre as que reduzem experiências humanas e suas especificida-
sociedades. des a comparações do tipo: melhor, pior, mais evoluído,
• Identificar as múltiplas respostas humanas às suas menos evoluído, e assim por diante. Novamente, os PCN
necessidades de sobrevivência.
referenciam nossa escolha:
• Entender que os tempos históricos podem ser diferen-
tes em um mesmo tempo cronológico, sem que isso A aproximação da História com as demais Ciências
implique em juízos de valor evolucionistas. Humanas conduziu os estudos de povos de todos os
continentes, redimensionando o papel histórico das
• Desenvolver o conceito de cultura.
populações não europeias. Orientou estudos sobre a
• Valorizar a diversidade.
diversidade de vivências culturais, estimulou a preo-
• Desenvolver o respeito à liberdade e o cultivo da
cupação com as diferentes linguagens. A investigação
tolerância.
histórica passou a considerar a importância da utiliza-
• Compreender a universalidade dos direitos humanos. ção de outras fontes documentais e da distinção entre
• Identificar as formas de organização econômica, so- a realidade e a representação da realidade expressa
cial, política e cultural semelhantes no tempo histórico
em gravuras, desenhos, gráficos, mapas, pinturas, es-
e diferentes no tempo cronológico.
culturas, fotografias, filmes e discursos orais e escritos.
Conteúdos procedimentais Aperfeiçoou, então, métodos para extrair informações
de diferentes naturezas dos vários registros humanos
• Pesquisa e seleção de informações em diversas fontes.
já produzidos, reconhecendo que a comunicação entre
• Classificação e organização de dados. Manual do Professor
os homens, além de escrita, é oral, gestual, figurada,
• Síntese.
musical e rítmica.
• Trabalho em grupo.
• Expressão oral e escrita. O aprofundamento de estudos culturais, principal-
• Leitura de mapas e de imagens. mente no diálogo da História com a Antropologia, tem
contribuído, ainda, para um debate sobre os conceitos
Conteúdos atitudinais de cultura e de civilização. Alguns historiadores rejei-
• Familiarização com a diferença. tam o conceito de civilização por considerá-lo impreg-
• Desenvolvimento da tolerância. nado de uma perspectiva evolucionista e otimista face
8
9
aos avanços e domínios tecnológicos, isto é, com uma e sua experiência à luz de pressupostos que levem a
culminância de etapas sucessivas em direção a uma comparações hierarquizadoras.
cultura superior antecedida por períodos de selvageria Nesta edição, atendendo a sugestões de professores
e barbárie. Nessa linha, valorizam a ideia de diversidade usuários, criamos um Módulo que aborda o surgimento
cultural e multiplicam as concepções de tempo. A ideia das cidades e a questão da religiosidade (politeísta e
de um tempo apenas contínuo e evolutivo, igual e único monoteísta). Ele cria base para que os alunos trabalhem
para toda a humanidade, também é confrontada com o com a questão ao longo do curso.
esforço de perceber e iluminar a descontinuidade das
Evitamos as reduções de uma linha do tempo euro-
mudanças, evidenciando, por exemplo, a convivência,
peizada (que prioriza o tempo cronológico), que só serve
na mesma época, de povos que utilizam diferentes tec-
para justificar uma suposta superioridade dos europeus
nologias, como no caso de sociedades coletoras que
em detrimento das sociedades americanas ou de tantas
são contemporâneas de nações que dominam recursos
tecnológicos capazes de explorar o planeta Marte.
outras que se transformaram de maneiras e com ritmos
diferentes. Não podemos nos esquecer de que a linha do
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. História. Terceiro e tempo, embora seja uma forma de organizar a História,
quarto ciclos do Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. p. 32-33.
cria um referencial de adiantamento ou retardamento
Portanto, nossa intenção é a de mostrar, por intermé- histórico que é falso. É necessário usá-la, mas com ma-
dio das primeiras sociedades humanas, dos indígenas do turidade, para não cometer enganos que só hierarquizam
Brasil, dos incas, dos egípcios, de sociedades africanas, a experiência histórica da humanidade. Também vale
dos gregos e dos romanos, a experiência humana na ressaltar a presença da História da África, em atendimento
construção de soluções para seus problemas cotidianos. aos termos da Lei 10 639/2003, bem como em reconhe-
Além disso, apontar que, diante de suas especificidades, cimento à importância dessa temática em um país mul-
cada povo construiu aquilo que entendeu ser melhor. tiétnico como o Brasil, que tem uma grande proporção
É por isso que não se justifica analisar uma sociedade de afrodescendentes em sua população.
As autoras.
10
8 Ensino Fundamental
O CADERNO 1
Iniciar um curso de História de 6o ano traz sempre o desafio de apresentar a disciplina para alunos
de cerca de 10 anos de forma interessante e cativante. Falar sobre o passado para eles, que vivem in-
tensamente o presente, e tentar articular a relação entre passado, presente e futuro para uma faixa etária
na qual 5, 50, 500 anos parecem ter a mesma “imensidão” não é tarefa fácil. Por isso, resolvemos ir por
etapas. Em primeiro lugar, devemos apresentar a ciência histórica e seus métodos de forma lúdica. A
importância da disciplina deve ser compreendida de forma gradativa ao longo do curso. Dessa forma,
fugimos de discursos que se prendem a lugares-comuns e, acreditamos, temos mais possibilidades de
envolver os alunos em nossa proposta e torná-los participativos nas aulas.
Iniciamos o curso com uma aventura do detetive Sherlock Holmes. Ao longo desses anos, temos
mudado os contos de Arthur Conan Doyle, mas mantido a estratégia. Ela tem se mostrado acertada: os
alunos se envolvem na resolução do mistério e ficam mais predispostos a estudar – por analogia – os
métodos dos estudiosos do passado. Desvendar esse passado passa a ser um “mistério” que precisa ser
estudado e elucidado.
O objetivo dessas aulas, portanto, é questionar como podemos reconstituir um evento que não pre-
senciamos ou uma situação sobre a qual pouco conhecemos recorrendo às pistas de que dispomos. Por
meio da história vivida pela personagem Sherlock Holmes, os alunos conhecerão o método de trabalho
investigativo de um detetive, que se baseia na análise minuciosa das pistas e na construção de hipóteses.
O Módulo seguinte propõe uma analogia entre esse método e aqueles empregados por arqueólogos e
historiadores, destacando suas semelhanças e diferenças.
Ao final, apresentamos como Desafio (opcional) um “mistério” para que os alunos resolvam em sala,
com o monitoramento do professor. É mais uma oportunidade para eles se envolverem com a descoberta
do que não é aparente e óbvio.
A partir do conteúdo desses Módulos iniciais, todos os outros conteúdos de História serão apresen-
tados aos alunos de forma a fazer relação com os tipos de documentos disponíveis para a pesquisa
histórica, bem como o método investigativo utilizado no processo de construção da narrativa histórica.
Dessa forma, serão estudados, nos Módulos subsequentes, a origem dos seres humanos, o seu modo
de vida e, finalmente, as primeiras experiências humanas na formação dos centros urbanos, na orga-
nização do poder, na vida religiosa. Nesse contexto, o conceito de civilização também será trabalhado
com os alunos.
Manual do Professor
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8
1. COMO SOLUCIONAR UM MISTÉRIO? À PROCURA
DE PISTAS E SINAIS
AULAS 1 e 2
Objetivos
• Iniciar reflexões sobre como é possível desvendar mistérios e reconstituir eventos que não presenciamos.
• Tomar contato com o método de trabalho de um detetive.
Noções básicas
• Desvendar um mistério requer técnicas e métodos de investigação.
• É possível obter conhecimento sobre o que não presenciamos.
Estratégias e orientações
Manual do Professor
Motivação
Introduza o curso anunciando que nosso tema inicial são os mistérios: como podemos resolver casos sobre os quais, a
princípio, temos poucas informações. Pergunte aos alunos se conhecem o desenho Scooby-Doo e que tipo de aventuras
a turma dele vive. Explore as questões iniciais para reforçar a percepção de que falamos sobre “detetives que solucio-
nam casos misteriosos”. Pergunte-lhes sobre outras obras de ficção (as histórias em quadrinhos “As aventuras de Tintim”,
de Hergé; os livros A droga da obediência e Anjo da morte, da coleção Os Karas, de Pedro Bandeira) ou mesmo jogos
(Detetive®; Scotland Yard®) que abordem esse tema. Você pode até lançar um pequeno desafio: “Por que um curso de
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8
História iniciaria falando de mistérios?”, “Existe alguma semelhança entre o trabalho do detetive e o do historiador?” e
deixar isso no ar para retomar no Módulo 2.
Obs.: Há episódios de Scooby-Doo disponíveis no YouTube. Alguns trechos podem ser exibidos em sala, no início
dessa Motivação.
Desenvolvimento
Aproveitando o gancho anterior, pergunte aos alunos se eles conhecem Sherlock Holmes e suas aventuras. Em
seguida, chame a atenção deles para a história de mistério que será contada.
Faça uma leitura coletiva do conto “A Liga dos Cabeças Vermelhas”. Os 15 parágrafos iniciais devem ser lidos na
primeira aula, e os demais, na segunda. Procure dramatizar a leitura do texto, atentando para a entonação das falas
das personagens e do narrador. Não aconselhamos que a leitura em voz alta de grandes trechos seja feita pelos
alunos, já que eles tendem a não prestar atenção no texto que leem, preocupados com a leitura em si. Portanto,
comprometa-se a ler as falas de Holmes e divida as demais. Abaixo, apresentamos um esquema dos parágrafos
para a leitura.
Narrador 1, 2, 4, 11, 13, 15, 30, 32, 34, 36, 37, 39, 45
Sherlock Holmes 3, 6, 8, 10, 14, 16, 18, 20, 23, 25, 27, 29, 31, 33, 35, 40, 42, 44, 46
Jabez Wilson 5, 7, 9, 12, 17, 19, 21, 22, 24, 26, 28
Sr. Merryweather 38, 41, 43
Ao final da primeira aula, proponha o item 1 da Atividade, que explora esse trecho, e encaminhe o item 1 da
seção Em Casa, que servirá de gancho para a segunda aula.
Peça aos alunos que tentem controlar a curiosidade e não leiam o restante do conto em casa. Segundo os pro-
fessores de Língua Portuguesa, essa é uma ótima estratégia para aguçar a curiosidade e estimular a leitura em casa.
Caso ela não ocorra, isso não trará prejuízo para o andamento do curso.
Na aula seguinte, após a correção da tarefa, dê continuidade à leitura dramática do conto, iniciando-a no pará-
grafo 16. Ao final, proponha os itens 2 e 3 da Atividade e indique o item 2 da seção Em Casa.
É importante que os alunos apreendam as etapas do trabalho de Sherlock Holmes, para que a analogia aplicada
nos Módulos seguintes fique clara.
Se possível, explore o Desafio em sala de aula. Ele sempre mobiliza os alunos, que se sentem verdadeiros detetives.
Respostas e comentários
3. As peculiaridades do trabalho na Liga dos Cabeças Vermelhas levaram Holmes a formular a hipótese de que o emprego
era “arranjado” apenas para afastar o Sr. Wilson da loja de penhores durante algumas horas do dia; a permanência
do ajudante durante muito tempo na adega da loja levou à hipótese de que ele tinha algum outro interesse e fazia
algo escuso na ausência do patrão. O som oco das batidas com a bengala levou Holmes à suposição de que havia
um túnel sob a calçada; a calça suja e gasta nos joelhos sugeriu ao detetive que o ajudante estava cavando o túnel.
15
8
3. a) Há pessoas em uma esquina e uma delas atravessa a rua. A maior parte das pessoas são homens, há apenas
uma mulher. No lado oposto, mais distante, veem-se homens na outra esquina.
b) O meio de transporte que aparece é o bonde. Para sua passagem, há trilhos na rua.
c) A maior parte dos homens usa terno e chapéu. Um homem parece usar um uniforme e um quepe. A mulher
usa chapéu e um vestido de comprimento abaixo do joelho.
d) Atualmente, a maior parte das pessoas se veste de maneira mais informal. O uso do chapéu é muito raro para
homens e mulheres. Ternos são usados em ocasiões especiais ou por exigência do trabalho ao qual a pessoa
se dedica. Os vestidos das mulheres têm comprimentos variados hoje em dia: podem ser mais curtos ou mais
longos que o da imagem.
e) Podemos destacar como diferenças a maior presença feminina que há hoje no espaço público (ao contrário
do momento da foto, no qual a presença feminina era muito menor). Os bondes deixaram de ser meios de
transporte e foram substituídos por ônibus e automóveis. Prédios, como os retratados, restaram em poucos
lugares. Atualmente, o estilo das construções é bem diferente do da foto.
f) Os alunos precisam ter espírito de detetive e “investigar”. A foto é de 1938, tem, portanto, menos de 200 anos.
Eles podem apontar que há mais de 200 anos a máquina fotográfica não existia.
2. Os alunos devem mencionar os locais frequentados por Charlie: biblioteca, sala de jantar, suíte, piscina, quadra
de tênis.
3. Charlie escreveu na charada que não quer “nem se lembrar” das atividades recomendadas. Isso exclui a piscina
e a quadra de tênis (locais das atividades físicas).
4. Pode ser na biblioteca (frequentava duas vezes por dia porque gostava); no quarto (dormia todas as noites e
tinha tempo para guardar o testamento); na sala de jantar (que frequentava três vezes por dia).
5. O testamento está na sala de jantar.
16
8 Ensino Fundamental
Um relato possível é:
“Analisando as dicas do avô e o relato do cotidiano do Sr. Charles, cheguei às seguintes conclusões:
– Ele não queria se lembrar das atividades recomendadas, ou seja, das atividades físicas (hidroginástica e aulas
de tênis). Ele não gostava delas: chegava a parar antes do tempo, e o personal trainer dele “pegava leve”. Assim,
excluí a piscina e a quadra de tênis.
– No bilhete, ele avisa que está no ambiente que costumava frequentar. Temos três possibilidades:
• Biblioteca – ia duas vezes por dia. Gostava de ler (ia à livraria, comprava livros de Agatha Christie), mas não tinha
de esperar por nada nela. Os livros já estavam lá.
• Suíte particular – ia duas vezes por dia, mas também não precisava esperar por nada nela.
• Sala de jantar – ia quatro vezes por dia: café da manhã, almoço, café da tarde e jantar. Nesse lugar, ele esperava
que lhe servissem as refeições (garanto que ele não se servia sozinho, afinal ele tinha um mordomo) e todas as
segundas-feiras mandava chamar a cozinheira para escrever o cardápio da semana, o que também o colocava em
espera. Portanto, de acordo com a charada, a sala de jantar é o local onde está guardado o testamento.”
17
8
porque são resultado de ensinamentos ultrapassados, nizar os arquivos, manter os aniversários, organizar as
equivocados, a serem superados por nossas aulas, nas celebrações”, pois a aceleração do tempo – o presen-
quais a “verdadeira história vai ser ensinada”. tismo – nos faz esquecer ou desconsiderar o passado.
Mas, muitas vezes, esquecemos que são referên- O ensino de história é, potencialmente, um lugar
cias culturais fortemente ancoradas em figuras fami- onde memórias se entrecruzam, dialogam, entram em
liares que sustentam construções identitárias. Dificul- conflito; lugar no qual, também, se busca a afirmação
dades de aprendizagem ou resistências a conteúdos e e o registro ou se desenvolvem embates entre versões e
posturas mais críticas, apresentados sob a forma de teorias sobre as sociedades, a política e o mundo. “Lugar
verdades absolutas pelos professores e que se chocam de fronteira”, que possibilita o diálogo entre memórias e
com as referências dos alunos? “história conhecimento escolar”, com aprofundamento,
ampliação, crítica e reelaboração para uso no cotidiano.
Exemplo conhecido por muitos de nós é o caso
das reações ao trabalho com o evolucionismo em co- Defendo que o ensino de história não é um lugar
munidades de forte adesão a religiões que defendem de memória no sentido atribuído por Nora – lugar onde
o criacionismo. Os professores precisam estar atentos memórias se cristalizam – se trabalhamos em perspec-
às representações sociais dos alunos e procurar dia- tiva crítica, através da qual as memórias espontâneas
logar com elas, principalmente no ensino de história, de nossos alunos são mobilizadas, tornam-se objeto
no qual estará trazendo revisões e críticas a saberes de estudo e de possibilidades de recriação. O ensino de
consolidados, que servem para a comunicação entre história é “lugar de fronteira” entre história e memória,
grupos aos quais os alunos pertencem. no qual a primeira deflagra análises, reflexões e novas
compreensões.
As representações sociais são dinâmicas, estão
em processo de constante transformação. Como diz No contexto da aula e das atividades, cabe ao
Nora, a memória “é suscetível a longas latências e a professor trabalhar o “pensamento histórico” para o
repentinas revitalizações”. Estas podem ser induzidas questionamento de verdades estabelecidas e a busca
pelas aprendizagens da história que, também como da compreensão da historicidade da vida social. Novos
nos ensina Nora, “demanda análise e discurso crítico”, saberes são construídos pelos alunos, saberes esses
que, ao se tornarem conhecimento cotidiano, podem
nos leva ao estranhamento, nos desestabiliza, nos des-
vir a ser instrumentos de libertação ou resistência, as-
concerta. Nesse sentido, é fundamental considerar a
sim como podem servir para a legitimação de poderes
relação entre história e memória para pensar o lugar
instituídos. As definições e opções dos professores no
do ensino de história. O ensino de história é ou pode
seu fazer marcam e orientam as diferentes aborda-
tornar-se um “lugar de memória”, “onde a memória se
gens e encaminhamentos. Como afirma Hobsbawm,
refugia, se cristaliza”?
professores de história são cada vez mais necessários.
Nora explica que os lugares de memória nascem e MONTEIRO, Ana Maria. Disponível em: <www2.uol.com.br/histo-
vivem de um sentimento de que não há mais memória riaviva/artigos/entre_historia_e_memoria_ana_maria_monteiro.html>.
espontânea nas sociedades atuais, que é preciso “orga- Acesso em: 13 fev. 2015.
18
8 Ensino Fundamental
2. O QUE SHERLOCK HOLMES TEM EM COMUM COM OS
ESTUDIOSOS DO PASSADO?
AULAS 3 e 4
Objetivos
• Comparar o método de trabalho dos detetives ao dos estudiosos que investigam o passado.
• Conhecer o trabalho de arqueólogos e de historiadores.
• Refletir sobre a importância do patrimônio arqueológico e histórico e dos relatos históricos que se constroem
com base neles.
Noções básicas
• Ainda que não tenhamos vivido no passado é possível estudá-lo e conhecê-lo.
• Os historiadores e arqueólogos se baseiam em métodos específicos para analisar vestígios e relatos escritos dei-
xados pelas comunidades em qualquer tempo ou lugar. Manual do Professor
• É preciso preservar o patrimônio histórico e arqueológico para esses estudos serem possíveis.
Estratégias e orientações
Ativação de conhecimento prévio
Ao corrigir as tarefas da Aula 2, retome com os alunos a ideia de que os detetives utilizam pistas para solucionar
os casos em que trabalham. Em seguida, pergunte se esse mesmo procedimento poderia ser utilizado para desvendar
mistérios ocorridos num passado mais distante.
19
8
Motivação monumento, pichar uma estátua ou deixar desaparecer
tradições culturais equivale a fazer desaparecer a vida
Exiba um pequeno trecho do filme A era do gelo. Acre- de quem nos antecedeu.
ditamos que essa é uma forma simpática e envolvente de
dar prosseguimento ao curso e avançar na questão do Outra comparação próxima do cotidiano deles é a da
estudo sobre o passado, articulando-a aos questionamen- memória histórica à da memória do computador. Per-
tos abordados na Ativação do conhecimento prévio e na gunte aos alunos se algum deles já teve a experiência
seção Você já pensou nisso? da abertura. Faça perguntas de ter o hard disk (HD) do computador danificado, per-
como: em que fontes os criadores do filme se basearam dendo dados importantes, sem chance de recuperação.
para apresentar como cenário da animação o planeta há Mesmo que nos lembremos de uma parte desses dados,
milhares de anos? Vocês acham que foi completamente dificilmente nos lembraremos de todos eles, de modo
inventado? que alguns se perderão para sempre. O mesmo se dá
quando danificamos algum vestígio do passado, sobre-
tudo quando ele é a única fonte de informação sobre
Desenvolvimento
determinado assunto.
Após a Ativação do conhecimento prévio e a Moti- Em seguida, faça a relação com os relatos históricos
vação, estabeleça uma comparação entre o trabalho dos e com a importância da História: somente por meio dela
detetives e o dos estudiosos que investigam o passado, sabemos como chegamos ao nosso modo de vida, e os
ressaltando o fato de que ambos se valem de “pistas” erros e os acertos cometidos pelos humanos ao longo
em suas investigações. Proponha que leiam o quadro do tempo. Por isso, podemos nos tornar melhores. A
comparativo das páginas 116 e 117 e expliquem, com Atividade complementar presente no Caderno do Aluno
as próprias palavras, algumas diferenças entre o trabalho também apoia essa reflexão e a valorização da preser-
do detetive e o daqueles estudiosos. vação dos documentos históricos.
Depois de ouvi-los, não deixe de sistematizar, en- Ao final, utilize o boxe para introduzir a questão de
fatizando que os arqueólogos estudam o passado das contagem do tempo e sua forma no Ocidente. Aqui,
sociedades utilizando, prioritariamente, os vestígios ma- abordamos dois aspectos desse tema: o agrupamento
teriais encontrados. Normalmente, se dedicam ao estu- dos anos em séculos, grafados com números romanos, e
do de sociedades que não utilizavam a escrita (embora a divisão do tempo em antes e depois de Cristo. Dada a
não exclusivamente). Já os historiadores se baseiam em grande abstração que exige, esse assunto será retomado
documentos escritos e outras fontes variadas, materiais ao longo do curso. Neste momento, ele apenas será ex-
e imateriais. plorado como ferramenta para que os alunos se localizem
nos textos. Não se esqueça de ressaltar que, enquanto os
Nessa sistematização, explicite a interseção do tra-
anos antes de Cristo necessitam vir sempre acompanha-
balho de arqueólogos e historiadores. Por isso os cha-
dos da sigla a.C., os depois de Cristo dispensam a sigla
mamos, no título deste Módulo, de “estudiosos do pas-
d.C. Embora essa questão vá ser retomada, comente que
sado”. Arqueólogos podem estudar vestígios materiais essa forma de periodização é uma das muitas possíveis.
(documentos não escritos de sociedades que têm escrita)
Lembramos que a questão da numeração romana, uti-
e historiadores podem estudar sociedades que não de-
lizada largamente na História, foi estudada pelos alunos
senvolveram a escrita. A separação de atuação, portanto,
nos 3o e 4o anos do Ensino Fundamental, em Matemática.
não é absoluta.
Ao abordar mais especificamente o trabalho do histo- Atividade complementar
riador, destaque a grande variedade de documentos que
Se houver possibilidade, recomendamos que essa
servem como “pistas” para o estudo do passado. Ressalte
atividade seja desenvolvida. É uma forma de introduzir
que nós também deixamos pistas para os historiadores
a noção da divisão do tempo em períodos de maneira
do futuro.
bem concreta para essa faixa etária. Pensamos que, por
Relacione os documentos escritos e não escritos ao analogia, os alunos entenderão melhor as práticas de
patrimônio histórico. Comente como a destruição do pa- utilização de marcos para periodização, os diversos va-
trimônio histórico pode dificultar ou mesmo inviabilizar lores envolvidos na definição desses marcos e as formas
a produção de relatos históricos. Faça um paralelo com de representação da periodização.
a história dos estudantes: se alguém eliminar todos os Sugerimos que a linha do tempo (item 3 da atividade)
documentos que registram a presença deles no planeta, seja transferida para cartazes espalhados na sala. Dessa
eles “desaparecerão” completamente da história da hu- forma, todos os elementos mencionados acima serão
manidade, não deixarão “rastros” visíveis. Destruir um mais facilmente percebidos por toda a sala.
20
8 Ensino Fundamental
Atividade extra 1 2 3 4
A
Simulação de um sítio arqueológico
Para complementar o estudo dos vestígios e documen- B
tos do passado, o professor pode organizar a simulação
de um sítio arqueológico. C
Objetivos D
• Simular o trabalho de escavação e pesquisa em um
sítio arqueológico. 4a etapa
• Conhecer as etapas do trabalho de um arqueólogo. • Depois da delimitação, cada grupo enterrará seu
• Destacar a importância das fontes para a pesquisa objeto em um quadrante preestabelecido pelo pro-
arqueológica e histórica. fessor. No caso de um objeto de barro, ele deverá ser
quebrado antes de ser enterrado.
Materiais 5a etapa
• Caderno do Aluno, revistas, livros sobre a Pré-História • No dia seguinte, os grupos desenterram os objetos de
ou as civilizações antigas. um quadrante diferente daquele onde enterraram os
• Barro, pasta de papel machê, pedra, osso e madeira. seus. No caso das caixas, elas devem ser entregues a
um grupo diferente daquele que a preparou.
• Terreno ou jardim que possa ser escavado. Caso a esco-
la não disponha desse espaço, podem-se utilizar caixas • A escavação deve ser feita com pequenas pás, para
não danificar os objetos enterrados.
de papelão ou de madeira cheias de terra ou areia.
• A retirada dos objetos ou fragmentos deve ser feita
• Pincel. com bastante cuidado. Em seguida, os grupos devem
• Cola. limpar, com um pincel, os restos de terra presentes
nesses objetos. Se estiverem quebrados, devem ser
Procedimento reconstituídos.
1a etapa 6a etapa
• Divida a turma em grupos. • Após a retirada e a limpeza dos artefatos, os grupos
• Oriente cada grupo a pesquisar, na internet ou em devem catalogá-los, fazendo uma descrição rigorosa
livros de História, imagens sobre a cultura material da de suas características e indicando o local (quadrante)
Pré-História ou da Antiguidade (ferramentas, utensí- em que foram encontrados. Em seguida, devem iden-
lios, armas, adornos, etc.). tificar sua datação aproximada e o povo ou a cultura
a que pertencem, com base na mesma bibliografia
2a etapa
utilizada pelo grupo que enterrou os objetos.
• Se o professor de Artes participar do trabalho, os
alunos poderão fazer réplicas de instrumentos ou
da cultura material com barro ou papel machê. Caso Respostas e comentários
não haja possibilidade de desenvolver um trabalho
Você já pensou nisso? (página 115)
interdisciplinar, os alunos deverão procurar objetos
de pedra, osso ou madeira que se assemelhem a ins- • Os alunos devem comentar que os produtores pesquisa-
trumentos pré-históricos. ram o período em questão. Alguns provavelmente farão
• Cada grupo deve selecionar três objetos (de osso, ma- uma ponte com o Módulo anterior e dirão que buscaram
deira ou pedra) ou uma recriação da cultura material “pistas” no passado para resolver esse problema.
(feita com barro ou papel machê). • Os alunos devem citar filmes ou desenhos que retra- Manual do Professor
tem outras épocas.
3a etapa • Espera-se que os alunos reforcem a ideia de que é
• No terreno escolhido, os alunos devem preparar o sítio possível conhecer o passado pesquisando, investigan-
arqueológico, demarcando 16 quadrantes de 1 m². Para do. Diga-lhes que veremos como essas investigações
isso, devem utilizar seus conhecimentos adquiridos no se dão. Lembramos aqui que essa questão vem sendo
curso de Matemática do 5o ano. A demarcação deve apresentada aos alunos desde o Ensino Fundamental 1.
ser feita utilizando-se pedaços de madeira e barbante, Portanto, eles devem utilizar as referências que já têm e
conforme o esquema abaixo. que serão aprofundadas nesse novo segmento.
21
8
Atividade 1 (página 118) arqueológico, a rocha é um ‘livro de memórias’. Em
sua casa, ela é uma pedra sem importância”.
a) Sim. Elas trazem imagens do cotidiano, dos sen-
timentos e pensamentos das comunidades que as 2. Tarefa complementar.
pintaram. Portanto, são uma fonte de informação. 3. Os textos II e III comprovam o que o texto I afirma,
b) É possível afirmar que os seres humanos dessa pois apresentam versões diferentes sobre um mesmo
região praticavam a caça ou a presenciaram. fato. No texto II encontramos a informação de que o
Brasil foi descoberto ao acaso e no texto III, que os
Atividade 2 (página 121) portugueses já sabiam da existência de terras onde o
Brasil se localiza, mesmo antes de 1500.
Espera-se que o aluno responda que sim, porque
conhecer as sociedades do passado requer investigação 4. Resposta possível: os relatos históricos podem ser es-
(dos vestígios, dos documentos) para que seja possível critos porque há estudiosos que pesquisam vestígios
construir relatos históricos. e documentos produzidos ou deixados pelos homens
do passado que revelam detalhes de seu modo de
Teste (página 122) vida. Graças à datação desses documentos, é possível
situá-los no tempo e contar a história das sociedades.
1. Alternativa A. Nessa questão, os alunos devem inter-
pretar o texto considerando o que estudaram sobre Atividade complementar (página 124)
o trabalho dos arqueólogos. A alternativa “a” deve ser
indicada porque eles estudaram que os objetos podem 1. Os marcos escolhidos e sua justificativa podem variar
ser datados por métodos científicos. Quanto às outras de aluno para aluno.
alternativas, devem rejeitar a “b” porque os arqueó- Por exemplo:
logos não fizeram comparações com outras regiões; a
1 fase: do nascimento ao momento em que começou
a “c” porque foi o encontro da flauta que permitiu
a andar.
a datação e definição da época desses artefatos; e a
a
“d” porque novas descobertas podem trazer outras 2 fase: do momento em que começou a andar ao mo-
interpretações sobre essa questão. mento em que ingressou na escola.
2. Alternativa D. Os estudiosos fazem relatos que são
a
3 fase: do ingresso na escola aos dias atuais.
sempre interpretações. É impossível reconstituir o Mudanças de cidade, de casa e de escola também podem
passado com certeza. ser consideradas marcos importantes.
2. a) Resposta pessoal. A escolha dos marcos se deve
Em casa (página 123) à importância que determinados acontecimentos
tiveram na vida dos alunos.
1. a) As peças e os desenhos desse sítio arqueológico
são importantes para conhecermos como viviam b) Provavelmente, eles constatarão que os marcos
os primeiros habitantes do território brasileiro. Se são diferentes porque cada um tem sua história
o sítio for saqueado ou depredado, não poderá de vida.
ser estudado, o que acarretará prejuízos para o 3. Cada aluno construirá uma linha do tempo de sua
conhecimento de nosso passado. própria vida, com as imagens que selecionou.
b) Essa atividade pretende estimular os alunos a co- 4. O preenchimento do quadro dependerá dos do-
nhecer melhor os elementos do patrimônio histó- cumentos trazidos pelos alunos. Devem ser clas-
rico presentes na região em que vivem, além de sificados como documentos escritos as certidões
mobilizá-los para a valorização desses conjuntos.
de nascimento, os bilhetes, as cartas, os boletins e
Caso tenham dificuldade de identificação, oriente-
-os. Se não existir nada na localidade, indique uma trabalhos de escola, entre outros. Como documentos
lista com sugestões que eles possam conhecer vir- não escritos, os brinquedos, as fotos, os filmes, etc.
tualmente: sítios arqueológicos, conjuntos arquite- 5. Espera-se que os alunos percebam que a perda
tônicos, outros marcos possíveis. desses documentos criaria lacunas no conhecimento
Valorize os cartazes criados pelos alunos. Eles de- de seu passado, tornando mais difícil a pesquisa e
vem trazer frases de impacto. Por exemplo: “No sítio a reconstituição de sua história.
22
8 Ensino Fundamental
3. VIAJANDO PELA PRÉ-HISTÓRIA:
A ORIGEM DA HUMANIDADE
AULAS 5 a 7
Objetivos
• Refletir sobre a origem da humanidade.
• Conceituar Pré-História.
• Identificar nos mitos possíveis fontes para o conhecimento do cotidiano e da forma de pensar das sociedades.
Roteiro de aulas (sugestão)
Aula Descrição Anotações
Retorno das tarefas 3 e 4 do Módulo 2
Você já pensou nisso?
5 Atividade 1
Teste (item 1) *
Orientações para a tarefa 1 (Em casa)
Correção da tarefa 1
A Pré-História
Como tudo começou? O que os mitos explicam
6
Atividade 2 (em grupo)
Teste (item 2) *
Orientações para a tarefa 2 (Em casa)
Retorno da tarefa 2
As explicações científicas
7 Atividade 3
Teste (item 3) *
Orientações para a tarefa 3 (Em casa)
* Os testes podem ser trabalhados em sala ou indicados como tarefa.
Noções básicas
• Classificar uma sociedade como pré-histórica significa que as únicas fontes de informação sobre ela são os do-
cumentos não escritos.
• Os mitos podem ser considerados fontes históricas, pois podem nos dar indícios da sociedade que o criou.
Manual do Professor
Estratégias e orientações
Ativação de conhecimento prévio
Pergunte aos alunos como é possível saber o que aconteceu no passado. A ideia é que eles se lembrem das
primeiras aulas do Caderno, que tratam do trabalho do arqueólogo e do historiador. Esse questionamento abre
espaço para os temas a serem tratados nas próximas aulas: como os mitos e a ciência explicam a origem dos
seres humanos.
23
8
Motivação Proponha a leitura compartilhada dos mitos e faça
pequenas pausas para verificar se eles estão entendendo.
Peça aos alunos que observem a linha do tempo da
abertura do Módulo. Chame a atenção deles para a dis- Ao trabalhar os mitos, ressalte que as semelhanças
tância entre o início do planeta Terra e o surgimento do entre eles revelam a existência de questões universais,
Homo sapiens. Em seguida, proponha os questionamen- válidas para todos os povos (tais como a ideia de um
tos do boxe Você já pensou nisso?. Criador e a superioridade dos homens em relação aos
demais seres vivos), enquanto as diferenças revelam as
singularidades de cada povo, relativas a seu modo de
Desenvolvimento
viver e de pensar.
Após o trabalho com o boxe Você já pensou nisso?, Concluída essa parte, proponha aos alunos que se
explique aos alunos que eles vão se preparar para jogar. organizem em grupos de três para trabalhar os mitos
Peça que, individualmente, eles recortem as imagens que compartilhando seus conhecimentos e suas habilidades
estão nos anexos 1 e 2 (páginas 159-164) para que em com os colegas. A Atividade 2 tem a intenção de permitir
seguida possam montar o peão, dado e o tabuleiro. Dê uma melhor compreensão dos mitos, além de trabalhar
um tempo para que façam o recorte, a dobradura e a um procedimento essencial ao ensino de História: leitura
colagem. Ande pela sala de aula e verifique se alguém e compreensão de texto.
está precisando de ajuda. Esse trabalho deve ser feito em grupo e está pro-
Em seguida, assim que todos estiverem munidos com gramado para ser desenvolvido em duas aulas, pois os
seus peões e dados, organize grupos de, no máximo, alunos deverão fazer leituras, vocabulário, interpretação
quatro alunos cada. Procure montar grupos diversifica- do texto, além de elaborar questões que serão propostas
dos, com alunos de diferentes personalidades e níveis aos outros grupos.
de aproveitamento escolar. Assim, um auxilia o outro Combine com eles as regras dessa atividade e peça
e, nas trocas, é possível dar a oportunidade para que a que sigam as instruções.
aprendizagem ocorra de forma compartilhada.
a) Fazer a releitura dos mitos, silenciosamente.
Ao propor o jogo, estamos ajudando o aluno a com-
preender de forma lúdica o conteúdo estudado. Peça a eles b) Listar as palavras desconhecidas e buscar o significado
que definam quem iniciará o jogo, por meio de um sorteio. delas no dicionário.
Explique que, ao iniciarem as jogadas, terão de prestar c) Elaborar cinco questões sobre os mitos, as quais serão
atenção nos textos que aparecem no boxe de instruções, propostas, oralmente, aos outros grupos. Solicite aos
respeitando o andamento das casas. Se perceber que os alunos que anotem as questões no caderno de classe.
alunos estão gostando, deixe que joguem mais de uma vez. Ao terminarem essa parte da Atividade 2, peça a
Para concluir, proponha oralmente o item 5 da Ativida- cada grupo que entregue as questões elaboradas. Eles
de 1. Ouça o que os alunos têm a dizer e só em seguida terão cinco minutos para se preparar para a compe-
peça que registrem no Caderno. tição com os outros grupos da sala. Enquanto isso,
Inicie a aula sobre a Pré-História pedindo a alguns monte o placar na lousa e selecione as questões, de
alunos que leiam o item “A Pré-História”. Em seguida, tal forma que elas não sejam apresentadas ao grupo
retome o segundo tópico do Você já pensou nisso?. Peça que as criou.
a eles que comparem suas respostas – a que foi apre- Faça um sorteio para definir por qual grupo iniciar
sentada na seção e a atualizada – e esclareça os termos a atividade. Em seguida, proponha a primeira questão.
“Pré-História” e “História”, caso ainda tenham dúvidas. Conceda alguns poucos minutos para que os alunos
Em seguida, aborde os mitos de origem. Comente com possam debater. Caso a resposta esteja errada, peça aos
os alunos que essas histórias surgem das tentativas dos autores da questão que a respondam. Anote no placar
seres humanos de explicar questões básicas, relaciona- um ponto para o grupo que acertar e menos um para
das à existência. Elas representam uma das respostas à o que errar.
questão universal que persegue a todos: de onde viemos? Conclua a aula com o tópico “Explicações científicas”
Enfatize que os mitos são fontes históricas, não sobre e proponha a Atividade 3, estabelecendo as diferenças
o evento que narram, mas sobre os povos que os pro- entre mito e conhecimento científico. Na medida do
duziram, pois eles revelam aspectos do cotidiano e da possível, e dentro da mesma perspectiva, os Cadernos
forma de pensar do povo que o criou. Explique também posteriores apresentarão outros povos e seus respectivos
que os mitos fazem sentido para os seus criadores. mitos de origem.
24
8 Ensino Fundamental
Respostas e comentários por exemplo, também podem nos ajudar a entender
as crenças e o modo de pensar de povos do passado.
Você já pensou nisso? (página 127)
• Por meio da pesquisa sobre os vestígios que os primei- Teste (página 133)
ros seres humanos deixaram. 1. Alternativa C. Os alunos estudaram que o trabalho do
• Não é possível dizer que os povos que não desenvolve- arqueólogo permite que se pesquise em vestígios muito
ram a escrita não têm história. Embora, nesses casos, a antigos. Assim, devem ser eliminados os outros itens
escrita não seja uma possibilidade de sabermos o que que apresentam claramente informações incorretas.
aconteceu naquela época, temos os vestígios que são Os relatos escritos só seriam possíveis a partir de 6 mil
analisados por arqueólogos, e outros profissionais, que anos atrás; na época do surgimento dos primeiros seres
procuram saber como era o modo de vida daqueles humanos não havia fotografia e muito menos filmes.
povos. 2. Alternativa D. A questão exige que os alunos interpre-
tem o texto, entendendo sua essência. Como aborda as
Atividade 1 (página 128) diversas visões sobre o mito, a única alternativa possível
5. O aparecimento do Homo sapiens é bem recente se é a que assume que a palavra tem diversas definições.
comparado com a formação da Terra e o surgimento 3. Alternativa A. Na aula, os alunos tiveram a oportu-
dos pequenos mamíferos. nidade de aprender que as explicações científicas
não estão baseadas exclusivamente nos mitos. Elas
Atividade 2 (página 132) baseiam-se em um trabalho rigoroso e metódico.
2. Verifique se os alunos precisam de auxílio na organi- Tendo clareza desse fato, as outras alternativas serão
zação do glossário. Se for necessário, ajude-os a buscar eliminadas por apontar apenas para explicações ba-
o significado das palavras no contexto. seadas em crenças religiosas.
3. Verifique se as questões que os alunos elaboraram são
realmente pertinentes e estão de acordo com o assunto Em casa (página 133)
tratado nos textos.
4. Ao elaborarem o gabarito, os alunos terão a oportuni- 1. 3 2 1
dade de conferir se as questões que formularam têm
resposta. Verifique se eles estão cumprindo essa tarefa
e explique que terão de responder, caso o grupo ques-
2. Os alunos devem grifar: o aperfeiçoamento do Uni-
tionado não consiga fazê-lo. verso; a criação do céu, da terra, da vegetação, dos
Atividade 3 (página 132) rios e dos oceanos, da lua e do sol e, finalmente, a
humanidade. Os mitos podem ser parecidos porque,
1. Os mitos utilizam histórias simbólicas. Já as explicações independentemente da sociedade que o criou, eles
científicas são baseadas em dados concretos e métodos tentam responder questões essenciais aos seres huma-
de investigação rigorosos. nos: o surgimento do mundo, da vida e do homem.
2. Para saber como era o modo de vida dos povos da Pré- 3. Peça aos alunos que mostrem o desenho que fizeram e
-História, podemos usar como base os trabalhos cien- justifiquem a escolha do mito. Trabalhe a coerência entre
tíficos e, ainda, lançar mão de outras fontes. Os mitos, o texto e a sua representação por meio do desenho.
Textos de apoio ao professor humanidade com a teoria dos três estados, definiu a
maturidade do espírito humano pelo abandono de to-
Sobre o mito das as formas míticas e religiosas. Com isso estava pri-
vilegiando o fato positivo, ou seja, que é objetivo e que
[...] pode ser medido e controlado pela experimentação.
Quando Augusto Comte, filósofo francês do século Essa posição opõe radicalmente o mito à razão, ao
XIX e fundador do positivismo, explicou a evolução da mesmo tempo em que inferioriza o mito como uma ten-
25
8
tativa fracassada de explicação da realidade. Ao criticar fundamental de todo viver humano. Ele é a primeira
o mito, o positivismo se mostra reducionista, empobre- leitura do mundo, e o advento de outras abordagens
cendo as possibilidades do mundo abertas ao homem. do real não expulsa do homem aquilo que constitui a
A Ciência é necessária, mas não é a única interpretação raiz da sua inteligibilidade, isto é, o mito é o ponto de
válida do real, nem é suficiente. Quando assim exaltada, partida para a compreensão do ser.
faz nascer o mito da cientificidade: a crença na ciência Em outras palavras, tudo o que pensamos e quere-
como única forma de saber possível é geradora de outros mos se situa inicialmente no horizonte da imaginação,
mitos também prejudiciais, como o mito do progresso, nos pressupostos míticos, cujo sentido existencial serve
cujo fruto mais amargo é a tecnocracia, assim como os de base para todo trabalho posterior da razão. [...] Mito
mitos da objetividade e neutralidade científicas. e razão se complementam mutuamente.
Contrariando o positivismo, precisamos dar ao ARANHA, M. Lucia de Arruda; MARTINS, M. Helena Pires.
mito, ainda hoje, um lugar de importância como forma Filosofando. São Paulo: Moderna, 1987. p. 27.
26
8 Ensino Fundamental
4. O MODO DE VIDA DOS PRIMEIROS
GRUPOS HUMANOS
AULAS 8 a 10
Objetivos
• Entender, em linhas gerais, o processo de hominização.
• Conhecer o modo de vida dos primeiros grupos humanos.
• Refletir sobre a origem dos seres humanos e as formas de sobrevivência.
• Diferenciar Paleolítico e Neolítico.
27
8
Estratégias e orientações Explique que, durante muito tempo (e também nos
dias de hoje), os seres humanos mudavam constantemen-
Ativação de conhecimento prévio te de lugar em busca de alimentos. Estabeleça, então, a
Pergunte aos alunos se eles se lembram há quanto relação com o conceito de nomadismo.
tempo surgiram os primeiros seres humanos no planeta Para trabalhar com o conceito de cultura, peça aos
Terra. Para os que não se lembrarem, sugira que con- alunos que leiam a definição que está no Caderno (pági-
sultem a imagem de abertura do Módulo 3. Depois de na 137). Em seguida, solicite que troquem ideias com um
ouvir as respostas, proponha outra questão: “Como vocês colega da classe, por poucos minutos, e tentem elaborar
imaginam a vida na Pré-História?”. Por meio das respostas exemplos concretos, nos dias de hoje, de convivência
dadas pelos alunos, o professor poderá ter uma ideia – pacífica ou não – de diferentes culturas. Conclua o as-
do que eles sabem sobre o assunto. Esse conhecimento sunto destacando a diversidade das formas de existência.
prévio que emerge da atividade de ativação deve nor- Organize a turma em grupos para fazer a Atividade 1.
tear os ajustes da condução da aula, pois ao conhecer Explique que primeiro eles farão uma leitura silenciosa
os equívocos, os erros e os acertos de seus alunos, o do texto “O processo de hominização” (página 136) para,
professor poderá conduzir a aula de forma a gerar o em seguida, compartilhar com os colegas do grupo o seu
melhor resultado. entendimento sobre o assunto. Somente após terem se
inteirado do conteúdo do texto devem iniciar o preen-
Motivação chimento do quadro conceitual.
Ao trabalhar o tópico “A descoberta do fogo”, apro-
Apresente as imagens de instrumentos produzidos por veite para chamar a atenção deles sobre dois elementos
povos que viveram na Pré-História. Peça aos alunos que importantes para o ensino de História: a descoberta da
observem e, em seguida, proponha as questões da seção técnica de produção do fogo como parte das ações dos
“Você já pensou nisso?”. Abra espaço para que os alunos seres humanos para sua sobrevivência, e a mudança que
levantem hipóteses, que demonstrem o que já sabem e, essa descoberta provocou na estrutura das sociedades
também, o que ainda não sabem sobre o assunto a ser estudadas.
estudado. Ouça o que eles têm a dizer e explique que Proponha que eles leiam, silenciosamente, o texto
no decorrer das aulas terão a oportunidade de conferir da Atividade 2. Em seguida, peça que se organizem em
as respostas. duplas para que possam trocar ideias sobre o texto e
responder às questões.
Desenvolvimento Antes de iniciar o trabalho com o tópico “Plantar
para poder ficar”, solicite aos alunos que levantem hi-
Inicie o tópico da aula comentando a antiguidade da
póteses sobre como os seres humanos conseguiram
espécie humana. Explique que os primeiros seres, os
descobrir as técnicas de produção do alimento, ou seja,
hominídeos, precisaram passar por muitas transformações
da agricultura. Ouça o que têm a dizer e, em seguida,
físicas e mentais para chegar ao Homo sapiens.
explique o processo.
Peça aos alunos que observem a ilustração que mostra
Trabalhe o conceito de simultaneidade e deixe claro
as transformações físicas que ocorreram nos hominídeos
que os grupos humanos se deslocavam e, por isso, enfren-
e suas consequências. Se for possível, projete a imagem
tavam diferentes ambientes e estímulos. Assim, no mundo,
que está no Caderno do Aluno (página 136) e solicite a
conviviam povos com diferentes características culturais,
alguns alunos que leiam partes do texto. Chame atenção
econômicas, sociais, etc. Comente com eles que muitos
para os elementos que possibilitaram melhor adaptação
povos, simultaneamente, viveram em diferentes fases de
dos seres humanos ao meio ambiente. Discuta com eles
desenvolvimento humano e técnico. Assim, era possível
que os avanços aqui apresentados garantiram, ao longo
encontrar grupos humanos vivendo no Paleolítico e ou-
do tempo, a sobrevivência de certos grupos, mas pro-
tros, na mesma época, trabalhando com a forja de metais.
moveram o desaparecimento de outros.
Encaminhe a Atividade 3 individualmente. Na corre-
Leia para a classe o título “Para sobreviver, era preciso
ção, se for possível, projete as imagens. Com base nelas,
andar muito!” (página 137). Peça aos alunos que pensem
retome o conteúdo e faça a conclusão do assunto.
no título e levantem hipóteses sobre o assunto do texto.
Ouça o que eles têm a dizer. É provável que associem
a expressão “andar muito” à busca de alimentos. Em Respostas e comentários
seguida, proponha a leitura do texto como um desafio:
confirmar ou refutar suas hipóteses. Terminada a leitura, Você já pensou nisso? (página 135)
que pode ser compartilhada, solicite que comentem suas • Hipóteses: pontas de lanças; pontas de machado.
impressões sobre o que leram em relação às hipóteses • Os primeiros seres humanos dependiam muito dos
levantadas por eles. recursos naturais fornecidos pelo ambiente habitado
28
8 Ensino Fundamental
por eles. Por exemplo: seus instrumentos e armas eram feitos com pedra, madeira, entre outros elementos en-
contrados na natureza; o acesso ao fogo, antes do desenvolvimento da técnica para produzi-lo, era ao acaso. O
mesmo ocorria com os alimentos que dependiam da coleta, da caça e da pesca.
Processo de...
Músculo
Mudanças Cérebro
Sistema nervoso
Prever
Desenvolvimento
Aumento da caixa Bipedismo Desenvolvimento Comunicação
Projetar das capacidades
craniana do aparelho fonador com o grupo
intelectuais
Produzir
Proporcionou...
Segurar alimentos
Facilita a caça
Mãos livres Melhor
observação dos
acontecimentos Mais fácil
Locomover-se com Melhor enxergar animais
filhotes no colo deslocamento ferozes
2. Os itens que devem ser assinalados pelos alunos são: rio; tigre-dentes-de-sabre; árvores com frutos; machado feito com
pedra lascada e madeira; uma parede rochosa com pintura rupestre; uma tenda feita de galhos e coberta por folhas;
uma lança com a ponta feita de pedra lascada.
Atividade 2 (página 141)
1. Os primeiros caçadores surgiram a partir de 50 mil anos a.C.
2. Por meio do estudo das marcas presentes nos ossos do cavalo, é possível identificar o que ocorreu no passado. Ao
pesquisar as marcas de dentes de animais e os cortes feitos com o sílex, os arqueólogos puderam, inclusive, determinar
a ordem dos acontecimentos: primeiro houve corte com sílex e, depois, arranhões causados por dentes de hienas.
3. a) Martelo, biface e lanças de madeira.
b) Ossos de animais e sílex.
c) Carne de cavalo; medula. Manual do Professor
4. Item a (vermelho):
– Outros ainda empunhavam suas lanças de madeira.
– [...] substituir suas lanças, confeccionar um novo martelo [...]
– [...] tirando lascas para dar uma forma arredondada de um biface [...]
Item b (verde):
– Seis estavam de cabeça baixa, trabalhando o sílex.
– Eles já haviam preparado alguns dos grandes nódulos de sílex [...]
– [...] confeccionar um novo martelo com osso de cavalo para trabalhar o sílex [...]
29
8
Item c (azul):
– [...] eles correram para a carcaça do cavalo e começaram a cortar a carne.
– [...] quando os ossos ficaram expostos, esmagaram os maiores para extrair a medula.
– Parte da carne foi consumida ali mesmo; as melhores postas foram levadas ao topo da falésia, onde o grupo estava
acampado, e consumidas à vontade.
5. Sugestão de resposta: Os vestígios contam a história dos seres humanos pré-históricos da Inglaterra.
b) d)
30
8 Ensino Fundamental
5. VIDA URBANA E RELIGIOSA
AULAS 11 e 12
Objetivos
• Entender como se deu o surgimento das cidades e as peculiaridades de sua localização.
• Associar a organização das cidades com a complexificação social e com o surgimento do estado.
• Tomar contato com o que há de universal e com o que há de específico nas crenças e manifestações religiosas.
Roteiro de aulas (sugestão)
Aula Descrição Anotações
Retorno da tarefa 3 do Módulo 4
Você já pensou nisso?
Novas experiências: as cidades
Novas formas de poder: força e convencimento
11
Cidades e civilização
Atividade 1
Teste (item 1) *
Orientações para as tarefas 1 e 2 (Em casa)
Retorno das tarefas 1 e 2
Crenças religiosas: uma prática universal
O culto às forças da natureza e o politeísmo
O monoteísmo
12
O respeito às diferenças religiosas
Atividade 2
Teste (item 2) *
Orientações para a tarefa 3 (Em casa)
* Os testes podem ser trabalhados em sala ou indicados como tarefa.
Noções básicas
• As cidades surgiram como formas de organização espacial e social decorrentes do aumento das comunidades e
de uma maior divisão e especialização de tarefas.
• As formas de religiosidade vividas pelas comunidades foram diversas, com uma motivação comum: buscar res-
postas sobre a existência humana e os fenômenos naturais. Manual do Professor
• É importante entender e valorizar as variadas formas de organização social e as diversas vivências religiosas.
Estratégias e orientações
Ativação de conhecimento prévio
Retome as grandes linhas do Módulo anterior: a agricultura e a pecuária significaram a conquista da produção de
alimento (em contraposição à coleta e à caça). Ao produzir alimentos em um mesmo espaço, os homens puderam
abandonar o nomadismo e se fixar em um único lugar.
31
8
Motivação forma de organização interna. Uma maneira de esquema-
tizar o que possivelmente aconteceu no desenvolvimento
Apresente aos alunos uma imagem da Terra observa- das cidades é a seguinte:
da do espaço durante a noite. A imagem pode ser en-
contrada na internet (disponível em: <http://apod.nasa.
gov/apod/ap121207.html>. Acesso em 22 ago. 2015) e Sobra de alimentos.
também no Caderno Digital.
Pergunte a eles se reconhecem a imagem. Por que
algumas áreas estão mais claras que outras? Espera-se
que eles falem que as áreas mais claras são as que
Pessoas liberadas
têm luz (iluminação à noite). Por que há regiões com de produzir alimentos
grande concentração de áreas claras e outras nem dedicam-se a outras
tanto? Eles provavelmente dirão que as áreas mais atividades: artesanato,
claras são as mais habitadas. O que caracteriza essa comércio, defesa, etc.
concentração de ocupação e habitação? Espera-se que
eles comentem que as maiores concentrações popula-
cionais estão nas cidades.
Diga-lhes, então, que estudarão como surgiram as Especialização Maior sobra
cidades na história da humanidade. desenvolve cada vez mais de alimentos e de
as técnicas de cada área produção artesanal:
de atuação. mais população, mais
Desenvolvimento comércio.
1. Aulas expositivas
Inicie a aula explorando o boxe Você já pensou nisso?. Mais conflitos internos, Diferenciação social
Depois de mencionar para os alunos que eles estudarão mais ameaças externas: crescente: alguns grupos
os locais onde surgiram as primeiras cidades, estimule- o líder ganha mais com mais posses, outros
poderes e se torna com menos.
-os a perceber no mapa da abertura do Módulo que as
governante.
primeiras cidades se estabeleceram perto de grandes rios.
Nas aulas de Matemática, eles já tiveram uma menção
a esse fato. Nessa atividade, eles devem recuperar essa
informação, observando-a no mapa, e ir além: interaja Imposição de regras
(controle de soldados), Desenvolvimento da
novamente com os alunos para que expliquem essa ca- escrita.
ligação com poderes
racterística comum. Seria coincidência ou existiria uma religiosos (apoio de
razão prática? Conduza a discussão de maneira que pen- sacerdotes), cobrança de
sem na resposta considerando o que aprenderam nas tributos (apoio de escribas
e funcionários do governo). Surgimento do Estado.
aulas de Matemática e no Módulo anterior de História.
Espera-se que concluam que, em meio a uma série de
descobertas para a sobrevivência, a fixação das popula-
Pensamos que a construção de um quadro sinóti-
ções somente seria possível em áreas próximas a fontes co como esse ajuda o aluno a acompanhar a sequente
de água (não havia tecnologia disponível para trazer água complexificação do funcionamento das cidades e o sur-
“de muito longe”). gimento do Estado.
Comente com eles que o surgimento das cidades não Não deixe de destacar o surgimento da escrita. O mo-
se deu de uma hora para outra. As pequenas comuni- tivo de muitos estudiosos relacionarem seu surgimento
dades se tornaram aldeias e foi o crescimento ou junção à necessidade de controle da produção e dos tributos
destas que deu origem às cidades. não muda o fato de que ela passou a servir a muitos
No entanto, o que diferenciava uma cidade de uma propósitos: relato do cotidiano, das ideias, forma de co-
aldeia não era apenas a quantidade de pessoas, mas a municação, entre outros.
32
8 Ensino Fundamental
durante muito tempo, foram o único povo a cultuar
Em uma perspectiva de “aprendizagem em es- um único Deus. Comente com eles que o monoteísmo
piral”, este é um primeiro momento do curso no hebraico (também conhecido como judaísmo, em razão
qual o aluno toma contato com esse modelo de do reino de Judá) esteve e está presente no cristianismo
organização social, econômica e política. No de- e no islamismo.
correr do curso, esses elementos serão constante- A tônica da abordagem, no entanto, não deve se prender
mente retomados, em meio ao estudo específico ao factual. O eixo de apresentação e a problematização
das sociedades. Portanto, não é hora de grandes devem mostrar uma prática universal (a busca e a expressão
aprofundamentos ou exploração exaustiva do tema. da transcendência religiosa), com expressões e formatações
locais – as diversas crenças, os diversos deuses (ainda que
em sociedades monoteístas), os diversos ritos. Dessa forma,
Finalize essa parte, destacando a relação entre o termo a tolerância religiosa e o respeito a expressões diferentes
“cidade” e o termo “civilização”. Achamos importante são mostradas aos alunos como práticas de coexistência
destituir as palavras “civilização” e “civilizado” de um adequada entre povos tão diversos e tão iguais.
sentido “qualitativo”, sinônimo de evoluído ou melhor.
Em vez disso, explorar a origem da palavra e seu signi- 2. Aula operatória da primeira parte do Módulo
ficado “descritivo” – relativo à cidade (ou a uma cidade/
cultura) ou, ainda, àquele que vive nas cidades – tira a Objetivos
conotação pejorativa do “não civilizado”. Nesse sentido,
Desenvolver:
é preciso lembrar que muitas pessoas continuaram (e
continuam) a viver em aldeias ou em áreas não classifi- • habilidade de transposição de texto escrito para se-
quência ilustrada;
cadas como cidades. E isso não fazia (e não faz) delas
pessoas melhores ou piores (apenas se organizavam de • procedimentos para trabalho em grupo;
maneira diferente de quem vivia nas cidades). • habilidade de exposição oral.
Depois da introdução da aula (sedentarização, cres-
A questão da escrita também precisa ser bem di-
cimento e junção de aldeias, surgimento das cidades),
mensionada: embora tenha significado um domínio
importante para registros das mais variadas espécies proponha aos alunos que façam uma história em qua-
e finalidades, sociedades que desenvolveram a escrita drinhos sobre as características de complexificação
depois ou não a desenvolveram encontraram formas das cidades.
próprias para transmissão de conhecimentos e controle
Procedimentos
de informações.
• Divida a turma em quatro grupos (ou seis, se a classe
Para introduzir a segunda parte do Módulo, as cren-
for muito grande).
ças religiosas, aproveite o gancho anterior: da mesma
• Divulgue ao grupo o quadro sinótico da página 31
maneira que as diferentes formas de viver e de se or- deste Manual do Professor (ou proponha às equipes
ganizar, as diferentes formas de crer também devem que criem um, com base no texto. Se optar por esse
ser respeitadas. desenvolvimento, esse item deve compor a avaliação
Destaque o fato de ser universal a relação das comuni- proposta a seguir).
dades humanas com a religiosidade. E que essa vivência • Os diferentes aspectos desse processo devem ser re-
sempre buscou dar sentido à vida dos humanos: explicou gistrados, ponto a ponto, por meio de desenhos em
sua origem, os fenômenos que os cercavam, a morte e forma de HQ, em cartolina ou Power Point (fixo ou
muitos outros aspectos da realidade. animado como filme).
Exponha, então, as três grandes formas estruturais • Cada grupo deve fazer a apresentação oral de sua
de religiosidade e transcendência: as crenças nas forças sequência ilustrada, sem que o texto do quadro si-
da natureza, o politeísmo e o monoteísmo. Comente as nótico acompanhe os desenhos. Ou seja, a referência Manual do Professor
características de cada uma dessas formas e pergunte aos ilustrada deve ser o condutor da apresentação (e
alunos se conhecem expressões dessas religiosidades. não o texto).
Não as apresente numa sequência “evolutiva”, mas como
expressões coexistentes. Avaliação da atividade dos grupos
Destaque a especificidade do monoteísmo, surgido Se a aula operatória for realizada, é importante que o
entre os hebreus. Enquanto a crença nas forças da na- professor destaque não apenas os conteúdos que estão
tureza e o politeísmo estiveram presentes em muitas sendo estudados e expressos em imagens, mas o ato de
sociedades, o monoteísmo surgiu entre os hebreus que, trabalhar em equipe e a apresentação oral.
33
8
Portanto, utilize um quadro como o abaixo para orientar os alunos em relação às suas expectativas e para dar a
devolutiva da atividade.
Insuficiente Suficiente Bom
Parâmetro
(de 0 a 0,75 ponto) (de 1 a 1,5 ponto) (de 1,75 a 2 pontos)
34
8 Ensino Fundamental
Em casa (página 158) b) Esses lugares tinham em comum a existência de
cidades complexas. Possivelmente, isso levou os
1. A forma do item “a” representa melhor as estruturas
governantes a necessitar de registros da produção
das antigas aldeias. Embora houvesse liderança, seu
e do pagamento de tributos por parte da população
poder era compartilhado e havia pouca diferenciação
e a encomendar esse controle para seus auxiliares.
social. A forma do item “b” representa melhor as estru-
Além disso, a construção de grandes obras também
turas das cidades. No topo, está o governante; na base
requeria cálculos e planejamento. Por isso, cidades
da pirâmide, espaço maior e com mais pessoas, estão
que foram criadas em épocas próximas sofreram
os trabalhadores; no centro, os grupos especializados.
um grande crescimento e desenvolveram a escrita.
Quanto mais perto do topo, maiores as posses ou o
prestígio. 3. a) Coexistir.
2. a) Confirmam. As pesquisas arqueológicas menciona- b) Existir ao mesmo tempo e/ou no mesmo lugar.
das descobriram documentos que levaram a novas c) A opinião do aluno deve ser respeitada. Conside-
conclusões sobre o surgimento da escrita. Portanto, rando a maneira como a palavra foi construída, com
novas descobertas sempre podem mudar o relato símbolos das três religiões, a banda defende que as
sobre um tema. Por isso, os relatos históricos são religiões e seus seguidores convivam em paz, ou
provisórios. seja, a mensagem promove a tolerância religiosa.
35
8
Na estante • DE LUCA, Tania Regina. O historiador e suas fontes.
• Abril e Time/Life. A aurora da humanidade. São Paulo: São Paulo: Contexto, 2009.
1993. • ELIADE, Mircea. O sagrado e o profano. Lisboa: Livros
• BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Ja- do Brasil, s.d.
neiro: Zahar, 2001.
• FUNARI, Pedro Paulo. Arqueologia. São Paulo: Con-
• ______. Sobre a educação e juventude. Rio de Janeiro:
texto, 2003.
Zahar, 2013.
• COULANGES, Fustel de. A cidade antiga. São Paulo: • SCATAMACCHIA, Maria Cristina Mineiro. Turismo e
RT, 2011. Arqueologia. São Paulo: Aleph, 2005.
36
8 Ensino Fundamental
Módulo
interdisciplinar
Manual do
Professor
1
caderno
MÓDULO INTERDISCIPLINAR
As atividades propostas no Módulo Interdisciplinar A atividade sobre a fogueira tem a mesma intenção:
pretendem mostrar ao aluno que um mesmo assunto ou permitir que o aluno perceba que a datação poderá
tema tem aspectos múltiplos que podem ser analisados nos contar desde quando o povo estudado praticava
e trabalhados por várias disciplinas. determinada técnica e responder sobre as técnicas de
quem vivia naquele lugar, num determinado tempo.
Orientações gerais • Explorar o belo texto de Manoel de Barros, comparan-
do o trabalho de um escritor, que “escova palavras”,
• Cada disciplina envolvida deve utilizar uma aula para o
desenvolvimento das atividades que lhe correspondem. com o do arqueólogo, que “escova ossos”.
• Deve-se evitar o repasse de atividades para casa, pois O arqueólogo, ao escovar ossos, busca pistas sobre
o Módulo não pode se tornar enfadonho e repetitivo. o passado; o poeta, ao escovar palavras, busca a melhor
forma de expressar ideias e sentimentos, recuperando,
• É importante que os professores dos componentes cur-
riculares envolvidos conversem entre si, antes, para pro- na elaboração especial da linguagem, significados que
gramar as atividades, e, depois, para avaliar os resultados. foram desgastados ou encobertos pelo longo uso. Ambos
estão empenhados em fazer o seu trabalho com atenção,
O assunto deste primeiro Módulo Interdisciplinar – a
respeito e cuidado.
exploração de um sítio arqueológico – permite retomar e
aprofundar temas que foram vistos ao longo do caderno. É uma boa forma de fazer a relação entre História e
Na ordenação das aulas, as atividades devem se iniciar Língua Portuguesa. A pergunta sobre a prática do aluno
com História, devido à relação mais estreita do assunto ao escrever é uma forma de levá-lo a pensar se “capricha”
com essa disciplina. ao escrever um texto ou se o faz de qualquer modo. Se
a segunda opção for a declarada, ele pode estragar sua
comunicação, como um arqueólogo desajeitado faria com
HISTÓRIA vestígios mal manuseados.
39
8
Concluída essa discussão coletiva, os alunos deverão 2. a) O processo de ocupação é bastante intenso. O lito-
resolver o item 2 da atividade proposta. ral do Sul e Sudeste do Brasil é uma das áreas mais
povoadas do país, concentrando capitais como Rio
Respostas e comentários de Janeiro e Florianópolis, alguns dos principais
portos marítimos e intensa atividade turística.
1. Os alunos poderão se orientar pelas linhas no tablete b) Sim. O crescimento urbano desenfreado pode
que já foram decifradas no texto. ameaçar essas áreas caso não haja um planeja-
2. Oriente os alunos para a identificação das ordens na mento ou política de preservação dos sambaquis
base 60. Se houver apenas uma vírgula, o algarismo como patrimônio histórico.
que vem antes representa grupos de 60, e o que vem c) O texto do aluno deve apresentar a seguinte ideia:
depois, grupos de unidades. Se houver duas vírgulas, o É importante preservar sítios arqueológicos porque,
algarismo que vem antes da primeira delas representa por meio deles, é possível entender o ambiente e
60 grupos de 60 (60 3 60); os algarismos que vem a vida dos povos que habitaram essas regiões.
entre as duas vírgulas representam grupos de 60; os
que vêm após a segunda vírgula representam grupo
de unidades.
a) 1,3 5 1 3 60 1 3 5 63 Sugestão de material para consulta
b) 1,48 5 1 3 60 1 48 5 108
c) 2,15 5 2 3 60 1 15 5 135 Texto de apoio aos professores
d) 2,40 5 2 3 60 1 40 5 160
Idade de um fóssil
e) 1,25,30 5 1 3 60 3 60 1 25 3 60 1 30 5 3 600
1 1550 1 30 = 5 130 A determinação da idade de um objeto arqueológico é
f) 2,3,15 5 2 3 60 3 60 1 3 3 60 1 15 5 7 200 um processo que envolve Física, Química, Biologia, História
1 180 1 15 5 7 395 e Geografia. Os métodos utilizados para determinar a idade
de um artefato ou de fóssil são baseados no estudo das
alterações químicas e físicas que acontecem ao longo do
tempo com o material de que o objeto é feito. Conhecendo-
GEOGRAFIA -se suas alterações e determinando-se o quanto o material
já foi degradado, pode-se, em muitos casos, determinar
Inicialmente, mostre imagens de sambaquis para os há quanto tempo o objeto está exposto a essas alterações.
alunos e pergunte o que pode ser aquilo, para estimular
a participação e discussão em sala de aula. O carbono-14
Peça inicialmente que respondam aos itens da ques- O carbono está presente em muitas substâncias como,
tão 1 a e b para expor melhor as características dos por exemplo, no carvão, no açúcar, na gasolina, no gás
sambaquis. O item a da questão 2 relaciona as áreas carbônico, etc. O carbono-14 é um tipo de carbono uti-
de sambaquis com a ocupação humana atual e prepa- lizado para se determinar a idade de vários objetos. Ele
ra para os itens b e c, que tratam da devastação e da existe na Terra em quantidade muito pequena. É produ-
preservação do patrimônio arqueológico. Tal sequência zido na atmosfera pelos raios cósmicos, que interagem
leva o aluno a entender os motivos de se estudar e com o gás nitrogênio presente no ar.
preservar estes sítios. O método do carbono-14 usa o fato de que os orga-
nismos vivos absorvem carbono-14 e sua concentração
Respostas e comentários (quantidade) no ser vivo é estável. Porém, quando um
organismo morre, essa quantidade começa a diminuir
1. a) Os sambaquis se apresentam como pequenas eleva- e a cada 5 740 anos a metade do carbono-14 deixou de
ções na paisagem litorânea, podendo, muitas vezes, existir e em mais 5 730 anos, metade do que restou decai;
ser confundidos com pequenos morros. Atingem e assim por diante. Pode-se usar a técnica do carbono-14
até 40 metros de altura e possuem comprimentos desde que a amostra contenha carbono: objetos de ma-
muito variados. deira, carvão, ossos, tintas que derivam de plantas, etc.
b) Não. Os indígenas atuais não mantêm esta tradição. Essa técnica é capaz de datar objetos com até 50 mil anos.
40
8 Ensino Fundamental
Fóssil de uma planta Assim, podemos concluir que essa planta estava viva,
Vamos considerar que em 2014 foi feita a datação do aproximadamente, em 15206 a. C.
carbono-14 em uma planta e foi determinado que nela exis-
tem 6,25% de carbono-14. Qual seria a idade dessa planta?
Na estante
Se hoje 2014 temos 12,5% de carbono-14, há 5 740
anos (em 3726 a. C.), deveríamos ter 25%; há 5 740 anos GORMAN, R. M. Desenvolvendo cérebros maiores.
(em 9466 a. C.), deveríamos ter 50%; há 5 740 anos (em Scientifc American Brasil – Edição especial, n. 52,
15206 a. C.), deveríamos ter 100%.
p. 80-81, 2013.
Resumindo:
DEBLASIS, Paulo et all. Sambaquis e paisagem: dinâ-
Voltando no tempo
mica natural e arqueologia regional no litoral do sul do
5 740 anos 5 740 anos 5 740 anos Brasil. UFRJ, 2007. Disponível em: <www.museunacional.
2014 3276 a. C. 9466 a. C. 15206 a. C.
ufrj.br/arqueologia/docs/papers/rita/RAS2007.pdf>. Acesso
12,5% 25% 50% 100%
em: 22 set. 2015.
Manual do Professor
41
8
Anotações
42
8 Ensino Fundamental
História
Autores:
Fabiana Saad Ezarchi
Sílvia Helena A. B. Brandão
Tania Fontolan
SUMÁRIO
1. Como solucionar um mistério? À procura de pistas e sinais .............104
2. O que Sherlock Holmes tem em comum com os estudiosos
do passado? ...............................................................................115
3. Viajando pela Pré-História: a origem da humanidade ......................126
4. O modo de vida dos primeiros grupos humanos ..............................135
5. Vida urbana e religiosa ....................................................................148
Anexos .................................................................................................159
1
como solucionar um
mistério? À procura de
pistas e sinais
Nasceu em 1859, na Es- • Scooby-Doo é o cachorro de uma turma de adolescentes que agem como
cócia, e morreu em 1930, detetives. Você se lembra de ter assistido a alguma aventura da turma do
na Inglaterra. Embora tenha Scooby-Doo?
se formado em Medicina, • Você sabe como atuam os detetives? A que eles se dedicam?
tornou-se famoso pelos con-
tos e romances policiais que
• Que relação pode haver entre as aventuras de detetives e um curso de História?
escreveu. Sua personagem
mais famosa é o detetive
Sherlock Holmes. Em 1902, Estamos iniciando o curso de História. E o nosso primeiro tema é o trabalho dos
foi nomeado cavaleiro da detetives e seus métodos de investigação. Por isso, nos lembramos da turma do
monarquia britânica e rece- Scooby-Doo.
beu o título de Sir, a mais alta Vamos conhecer agora outro detetive muito famoso, Sherlock Holmes, personagem
honraria concedida pelos
monarcas britânicos. criada pelo escritor inglês Sir Arthur Conan Doyle, no século XIX. Na aventura que
você vai ler a seguir, ele resolve um caso desafiador.
104
8 Ensino Fundamental
a liga dos cabeças vermelhas Maçom: integrante da
Maçonaria, associação
1 Num dia de outono de 1890, Sherlock Holmes foi procurado por um senhor idoso, de pessoas que se
comprometem com
muito corpulento, de rosto corado e cabelos vermelhos, chamado Jabez Wilson.
princípios de fraternidade
2 Após olhar atentamente o visitante, Sherlock Holmes perguntou-lhe: e se reconhecem, entre
3 — Além dos fatos evidentes de que já foi operário, é maçom, esteve na China e si, por sinais e emblemas,
entre os quais o arco e o
tem escrito muito ultimamente, o que o traz aqui?
compasso. Seu nome, de
4 Surpreso, o homem pulou da sua cadeira, com os olhos fixos em Holmes: origem francesa, significa
5 — De que modo mágico descobriu tudo isso, Sr. Holmes? Como adivinhou, por “pedreiro”, e remete à ideia
de construção. Em cada loja
exemplo, que fui operário?
maçônica, seus membros
6 — Suas mãos, meu caro senhor. Sua mão direita é muito maior do que a esquerda. obedecem a um chefe, o
Usou-a muito, e os músculos estão mais desenvolvidos. venerável, e se classificam
como aprendizes,
7 — Mas e a Maçonaria e a China?
companheiros e mestres.
8 — O senhor usa um arco e um compasso no alfinete da gravata, símbolo desta
organização. Quanto à China, o peixe que o senhor traz tatuado logo acima do pulso
direito só pode ter sido feito na China. Estudei um pouco a respeito de tatuagem e até
contribuí com alguma literatura sobre o assunto. Aquele truque de colorir as escamas
de peixe com um delicado cor-de-rosa é peculiar da China. Quando, ainda por cima, vejo
uma moeda chinesa pendurada na corrente do seu relógio, torna-se fácil descobrir tudo.
9 — E como sabe que ando escrevendo muito?
10 — O que se há de pensar quando se vê a manga direita tão brilhante e gasta pró-
xima ao punho, e a manga esquerda gasta perto do cotovelo que o senhor apoia na
escrivaninha?
11 Jabez Wilson riu impressionado e passou a apresentar seu caso, mostrando um
jornal:
12 — Aqui está. Foi isto que deu início a tudo, há dois meses. Leia-o, senhor.
13 Holmes começou a ler:
História
105
8
Loja de penhores: local 15 Holmes ficou muito impressionado com a proposta de trabalho, tão bem remune-
onde é possível obter
pequenas quantias de
rada, cuja principal exigência era que o candidato tivesse cabelos vermelhos, ruivos.
dinheiro, vendendo 16 — Sr. Wilson, – disse Holmes –, conte-me sobre você.
mercadorias usadas 17 — Bem, tenho um pequeno negócio de penhores na praça Saxe-Coburg, perto do
ou deixando-as como
garantia em troca de um centro. É pequeno, e ultimamente mal dá para me sustentar. Antigamente podia pa-
empréstimo. gar a dois ajudantes, mas agora tenho um só, chamado James Spaulding, que aceitou
receber metade de um salário, embora seja muito bom.
18 — O senhor parece ter sorte; um empregado que não exige um salário regulamen-
tar não é muito comum nestes tempos. Não sei se seu ajudante não será tão estranho
como este anúncio.
19 — Oh, ele tem também as suas falhas: tira fotos quando devia estar trabalhando, e
desce logo em seguida para a adega, como um coelho que procura a toca, para revelar
os negativos. É a principal falha dele, mas em geral trabalha bastante. Foi ele que me
mostrou este anúncio. Fomos juntos ao endereço indicado e, apesar de haver centenas
de homens de cabelos vermelhos, fui o escolhido. O trabalho era copiar a Enciclopédia
Britânica. A única exigência inegociável era que não faltasse e não deixasse o traba-
lho das 10 às 14 horas. Semanalmente, o homem que me contratou, Sr. Duncan Ross,
aparecia para me pagar as quatro libras.
20 — E por que o senhor me procurou? – perguntou Holmes.
21 — Porque depois de oito semanas, quando fui ao trabalho hoje pela manhã,
encontrei o seguinte cartão na porta:
22 A LIGA DOS CABEÇAS VERMELHAS
ESTÁ DISSOLVIDA
9 DE OUTUBRO, 1890
23 — E que fez o senhor então? – perguntou Holmes.
24 — Voltei para minha casa na praça Saxe-Coburg e consultei meu ajudante. Mas
ele não pôde auxiliar-me. Disse apenas que, se eu esperasse, talvez recebesse qualquer
coisa pelo correio. Mas aquilo não era suficiente, Sr. Holmes. E eu não queria perder
semelhante emprego sem lutar por ele. Por isso, ouvindo dizer que o senhor atende
aos pobres que necessitam do seu auxílio, vim falar-lhe diretamente.
25 — E fez muito bem – disse Holmes. – Seu caso é extraordinário, e terei muito prazer
em investigá-lo. Pelo que o senhor me contou, penso que se trata de coisa mais séria
do que à primeira vista pode parecer.
26 — Séria a valer! Pois perdi quatro libras por semana – disse Jabez Wilson.
27 — Vou me esforçar para esclarecer todos os pontos. Mas, primeiramente, uma ou
duas perguntas, Sr. Wilson. Há quanto tempo estava no emprego esse seu ajudante,
quando lhe chamou a atenção para o anúncio? Como o senhor o contratou?
28 — Há cerca de um mês, ele respondeu a um anúncio que publiquei. Escolhi-o
porque tinha boa aparência e estava disposto a me servir por um salário baixo.
29 — Sr. Wilson, terei a satisfação de lhe dar mais algumas informações sobre o caso
dentro de um ou dois dias. Hoje é sábado, e espero que até segunda-feira tenhamos
chegado a alguma conclusão.
30 Holmes foi dar um passeio no centro. Uma breve caminhada levou-o à praça
Saxe-Coburg (onde ficava a loja de penhores de Wilson) e seus arredores. Subiu a rua
vagarosamente e depois desceu-a até a outra esquina, examinando as casas. Final-
mente, voltou à casa de penhores e, depois de usar sua bengala batendo com força
três vezes na calçada, foi até a porta e tocou a campainha. Um rapaz bem-barbeado
e esperto atendeu e o convidou a entrar.
31 — Obrigado – disse Holmes –, desejava apenas perguntar-lhe como é que se vai
para o litoral. O rapaz explicou e fechou a porta.
106
8 Ensino Fundamental
32 Holmes então murmurou consigo mesmo:
33 — Este é o Sr. Spaulding e os joelhos dele me chamaram a atenção. Um crime Hediondo: horrível,
repulsivo, pavoroso.
hediondo está sendo planejado.
34 Na mesma noite, Holmes encontrou-se com Peter Jones, agente da polícia, e o di-
retor de banco, Sr. Merryweather. Partiram juntos em direção ao centro, nas mesmas
ruas onde Holmes estivera de manhã. Entraram em uma agência do banco onde o Sr.
Merryweather trabalhava, que ficava naquela área. Foram ao porão da agência, onde
estavam empilhadas muitas caixas fechadas com grades e cadeados. O banqueiro
contou que havia dinheiro naquelas caixas, vindo
de uma transação com um banco francês.
35 — Vejam como o piso parece oco, – disse Hol-
mes, após bater sua bengala no chão. — Vamos ficar
aqui em silêncio e no escuro.
36 Não demorou muito para que uma laje come-
çasse a se mover e dois homens subissem para o
porão. Sherlock Holmes deu um pulo e pegou o pri-
meiro intruso pela gola – um conhecido ladrão lon-
drino. O segundo homem – Spaulding – foi agarrado
pelo agente de polícia.
37 Outros policiais estavam na porta do banco,
para prender os outros envolvidos.
38 — Realmente, Sr. Holmes – disse Merryweather
quando os viu presos –, não sei como o banco lhe po-
derá agradecer ou recompensá-lo. Como conseguiu
descobrir um dos mais audaciosos e bem-arquiteta-
dos roubos de banco de que até agora se ouviu falar?
39 Holmes explicou como desvendou o caso:
40 — Era evidente desde o princípio que o úni-
co objetivo possível desse fantástico negócio de
copiar a Enciclopédia era afastar o Sr. Wilson de
sua loja durante algumas horas, todos os dias. Foi
um modo curioso de arranjar as coisas, mas seria
difícil sugerir melhor. As quatro libras por semana
eram a isca para atrair o Sr. Wilson. Publicaram o
anúncio, o outro malandro incitou o homem a ir
candidatar-se ao lugar, e juntos conseguiram que
ele se ausentasse durante algumas horas todas as
manhãs. Desde que ouvi o penhorista dizer que
o empregado trabalhava por metade do salário,
convenci-me de que tinha forte motivo para con-
servar o emprego.
41 — Mas como pôde descobrir qual era o motivo?
42 — A casa de penhores era pequena, e não tinha
nada que justificasse tão grandes preparativos e
tantas despesas. Devia então ser alguma coisa fora
da casa. O que seria? Lembrei-me da grande paixão
que Spaulding tinha por fotografias e do seu hábito
de se meter na adega. A adega! Era ali que esta-
va a chave deste caso intrincado. Estava, portanto,
História
107
8
na calçada, pude ouvir o som se propagando em superfície oca. Toquei a campainha e,
como esperava, foi Spaulding que veio abrir a porta. Queria ver os joelhos dele e reparei
como as calças estavam gastas e sujas justamente nos joelhos. Revelavam as horas pas-
sadas cavando o chão. Só restava descobrir o motivo por que cavavam. Virei a esquina e
percebi que o banco City and Suburban era próximo à casa de Wilson. Achei que estava
ali a solução do meu problema.
43 — E como adivinhou que iam tentar o assalto hoje?
44 — Bem, quando fecharam o escritório da Liga, era sinal de que já não se incomoda-
vam com a presença do Sr. Jabez Wilson. Em outras palavras, tinham completado o túnel,
mas era essencial que o utilizassem logo, porque podia ser descoberto ou o dinheiro ser
transferido de lugar.
45 Diante da admiração geral, Holmes respondeu:
46 — Serviu para me divertir – respondeu ele, bocejando. – Passo a vida procurando es-
capar às coisas comuns e estes problemas ajudam-me a consegui-lo.
DOYLE, Arthur Conan. Aventuras de Sherlock Holmes. v. 2.
Tradução de Hamilcar de Garcia.
São Paulo: Círculo do Livro, 1985. Adaptado.
nota: nesta adaptação, o foco narrativo foi mudado para 3a pessoa. nas obras originais de Conan Doyle, o narrador é o
Dr. Watson, um médico amigo de sherlock Holmes.
atividade
1 Leia os quinze primeiros parágrafos do conto “A Liga dos Cabeças Vermelhas” (páginas 105 e 106) e responda às questões.
a) Que características da vida de Jabez Wilson o detetive Sherlock Holmes observou quando o novo cliente chegou ao
seu escritório?
b) Holmes adivinhou ou deduziu essas características da vida de Wilson? Justifique sua resposta.
Adivinhar: conhecer ou
descobrir o que está oculto,
utilizando meios ou poderes
sobrenaturais.
Deduzir: ato de raciocinar
e tirar conclusões com base
na observação e análise
de características, fatos e
argumentos.
108
8 Ensino Fundamental
2 Você leu que Holmes observou e destacou alguns detalhes sobre o caso relatado pelo Sr. Wilson. Com base neles, formu-
lou hipóteses e as checou para desvendar o caso.
Vamos reconstituir os passos de Holmes, preenchendo o quadro abaixo. Para isso, leia os parágrafos indicados.
3 Explique como os detalhes observados e descritos por você possibilitaram a Holmes formular hipóteses e resolver o caso.
Para isso, releia os parágrafos 34 a 46 (páginas 107 e 108).
História
109
8
teste
1 Você leu o conto “A Liga dos Cabeças Vermelhas”. Sobre ele, é correto afrmar:
a) O mistério foi resolvido acidentalmente: Sherlock Holmes passava pela loja de penhores, viu o funcionário de Jabez
em atitude suspeita e pediu ajuda à polícia.
b) Sherlock Holmes desvendou o mistério apresentado por Jabez, mas não o ajudou: o prejuízo com o roubo da loja de
penhores aconteceu.
c) Sherlock Holmes desvendou o mistério e auxiliou Jabez: esclareceu a farsa do falso emprego e mostrou que seu fun-
cionário usava a loja de penhores para poder roubar o banco.
d) O título “A Liga dos Cabeças Vermelhas” foi escolhido porque se refere ao fato de as personagens do conto serem ruivas.
2 Aponte a alternativa que contém as ações mais identifcadas com o trabalho de um detetive.
a) Investigação, construção de hipóteses, sorte, análise de pistas.
b) Investigação, seleção e análise de pistas, construção de hipóteses, dedução.
c) Investigação, adivinhação, seleção de pistas, resolução do caso.
d) Seleção de pistas, estudo dos métodos de outros detetives, coleta de depoimentos, acreditar fielmente em tudo que
lhe contam, resolução de casos.
em casa
1 Reescreva os dez primeiros parágrafos do conto “A Liga dos Cabeças Vermelhas” (página 105) usando suas próprias
palavras. Seu texto deve ter três parágrafos, com um máximo de quatro linhas cada um, e não pode ter diálogos.
2 Chamamos de legenda um pequeno texto que explica o que uma imagem representa, permitindo que ela seja
mais bem entendida.
Observe a ilustração a seguir e crie uma legenda para ela, considerando o conto de Sherlock Holmes.
110
8 Ensino Fundamental
3 Vamos treinar sua capacidade de observação e inves-
desafio
111
8
Os dias que se seguiram foram exaustivos. O enterro aconteceu no extenso jardim da residência. No final da
tarde, Harry sentou-se na poltrona da sala de estar e começou a lembrar como o café da manhã era um momento
esperado por ele quando ainda era criança. Todos os dias, o seu avô contava uma história que terminava com uma
charada. Harry sempre tinha que ir em busca de algum objeto que estava escondido nos aposentos da mansão.
Com frequência, eram objetos que pertenceram ao filho de Charlie, pai de Harry. Os seus pensamentos foram
interrompidos pela entrada do mordomo que, ainda trajado com roupas formais, se aproximou com um papel
nas mãos e disse: “De todos os pedidos feitos por Charlie, esse é o último que vou atender”.
Veja o que estava escrito no papel:
Querido neto,
Chegou o momento da minha partida, mas não fique triste.
Depois de uma vida intensa, descansar me fará bem.
Você, por ainda ser jovem, tem muito o que viver e tudo o que está guardado nessa mansão pertence a você.
E para minha vontade se realizar, o testamento você deve procurar.
Assim como acontecia quando você era uma criança, a sua busca se inicia.
Preste atenção:
Aquele terço de hora era a minha espera diária.
Das atividades recomendadas, eu não quero me lembrar.
É no ambiente que antes eu frequentava que você deve procurar.
Harry prontamente se pôs de pé. Sentia que era uma obrigação resolver aquela última charada. Pediu ao
mordomo que pegasse a planta da casa e reunisse todos os empregados. Após dias de longas conversas, Harry
analisou todas as informações que tinha conseguido reunir. Analise todas elas:
112
8 Ensino Fundamental
Depoimento da cozinheira:
“O Sr. Charlie era um homem muito reservado. Ele sempre fazia as suas refeições na sala de jan-
tar. Conversávamos sobre o cardápio todas as segundas logo depois do café da manhã. Lembro que,
assim que ele terminava de tomar o chá e comer o seu bolo, ele pedia para me chamar, pois não gostava
de ir à cozinha. Das poucas vezes em que lá apareceu, ele comentava que aquele ambiente abafado – em
consequência do forno que normalmente estava aceso logo cedo – deixava-o com mal-estar.”
Depoimento do mordomo:
“Já não existem mais pessoas com o coração grande e uma inteligência tão perspicaz como o Sr. Charlie.
Ele acordava cedo e cumpria os seus horários com rigor. Aqui está a rotina dele:
7h30 – Café da manhã
9h – Aula de tênis
11h15 – Descanso na biblioteca
12h – Almoço
13h30 – Descanso no quarto
15h – Aula de hidroginástica
16h – Café da tarde
18h15 – Leitura na biblioteca
19h – Jantar
20h30 – Descanso no quarto”
Depoimento da faxineira mais antiga da residência:
“Há anos estou nessa casa. Sempre organizei a sequência dos lugares a serem limpos de acordo com a rotina do
Sr. Charlie, cumprida rigorosamente. Na sala de jogos eu só tirava o pó, porque raramente ele ia até lá. Dizia
que não tinha graça jogar sozinho. Na sala de estar, ele também não costumava ficar, porque poucas pessoas
o visitavam. Quanto às suítes, ele só frequentava a dele. Era a única que nos dava trabalho na limpeza.”
“O Sr. Charlie sempre deixou claro que só fazia as atividades físicas porque eram recomendações médicas.
Eu não costumava exigir muito esforço nas aulas de tênis e hidroginástica, pois, quando ele se cansava, parava
antes do término das aulas.”
Depoimento do motorista:
História
“O Sr. Charlie saía pouco de casa. Quando demorávamos a ir ao seu médico de confiança, o médico aparecia
aqui. Íamos também a uma livraria no centro da cidade em busca de livros. Ele sempre costumava voltar com um
exemplar da Agatha Christie. Dizia que os livros dessa autora guardavam grandes mistérios.”
113
8
roteiro de investigação
114
8 Ensino Fundamental
2 o que sHerlock Holmes
tem em comum com os
estudiosos do passado?
EvErEtt CollECtion/KEystonE/20tHCEntFox
Cena do filme A era do gelo.
Trata-se de um desenho animado que retrata a vida na Terra há 20 mil anos. Embora seja
um filme de ficção – os animais falam e uma série de situações improváveis acontecem –,
sua ambientação levou em conta algumas características do planeta naquela época.
• Esse filme foi realizado em 2002. Seus produtores, portanto, não viveram na época em
História
que se passa a história. Como puderam, então, recriar detalhes de como era o planeta?
• Você se lembra de outros filmes que se passam em épocas muito antigas, antes do
surgimento da escrita?
• Como é possível saber o que aconteceu no passado?
115
8
detetives, arqueólogos e Historiadores
Ao ler a história de Sherlock Holmes e fazer os exercícios propostos nas aulas passadas,
você teve a oportunidade de conhecer os métodos de trabalho de um detetive. Holmes
ouviu atentamente a história narrada por Jabez Wilson, seguiu as pistas, raciocinou,
levantou hipóteses e chegou à solução. Esse método de investigação também é usado
pelos especialistas que estudam o passado, como os arqueólogos e os historiadores.
Para descobrir como viviam os grupos humanos de outras épocas, esses estudiosos
também pesquisam pistas, selecionam o que consideram importante, levantam hipóteses e
constroem um conhecimento, chegando a várias conclusões a respeito dos nossos ancestrais.
São cientistas que estudam sociedades do passado e do presente a partir de vestígios materiais produzidos
por elas: pinturas em rochas, restos de fogueiras, construções ou qualquer outro objeto (facas, lanças, peças de
cerâmica, etc.). A esses vestígios damos o nome de achados arqueológicos ou artefatos.
116
8 Ensino Fundamental
Os locais que concentram materiais de pesquisa são chamados sítios arqueológicos.
O material obtido na pesquisa de campo – monumentos, pinturas, fósseis, instrumentos de trabalho, armas,
enfeites, moedas, etc. – deve ser removido do sítio arqueológico com muito cuidado e transportado para labo-
ratórios e centros de estudo especializados, a fim de ser analisado. Essa análise é feita em duas etapas: primeiro,
os arqueólogos investigam a idade do artefato; depois, o relacionam com informações já conhecidas, referentes
à mesma época e região. Para tanto, eles precisam se apoiar em conhecimentos fornecidos pela História, pela
Sociologia, pela Antropologia, pela Geografia, pela Biologia, entre outras disciplinas. Por isso, dizemos que o
trabalho do arqueólogo é interdisciplinar.
Assim como os arqueólogos, os historiadores
estudam o passado das sociedades. Mas, ao
contrário de seus colegas, eles se valem princi-
palmente dos documentos escritos, embora
também utilizem outros tipos de documentos
não escritos (como construções, desenhos,
utensílios, relatos orais, etc.). Os historiadores
que estudam os últimos dois séculos utilizam
ainda fotografias, gravações em áudio (som) e
vídeo (imagem).
Antes de começar o seu trabalho, o historia-
dor tem de estabelecer uma questão ou um
HISTORIADORES
que reconstituem
Diferentemente dos detetives que, quando “resolvem” os casos, chegam a documentos e objetos do
uma conclusão definitiva, o resultado do trabalho dos historiadores é sempre passado danificados pela
ação do tempo e do ser
provisório: novas fontes podem alterar suas conclusões e outros estudiosos po- humano.
dem discordar de suas interpretações.
117
8
atividade 1
b) Com base na pintura rupestre apresentada acima, o que é possível dizer sobre os seres humanos que viviam na região
de Tassili n’Ajjer, na atual Argélia, há 7 mil anos?
toM alvEs/Kino.CoM.Br
História
119
8
• Sonoros: gravações de músicas, depoi-
liligraPHiE/sHuttErstoCK/gloW iMagEs
soas que vivenciaram o acontecimento
e podem dar seu testemunho sobre o
ocorrido.
atividade 2
A palavra “história” é de origem grega e signifca “investigação, relato”. Com base no que você estudou, esta palavra é
adequada para designar o estudo do passado? Explique.
a contagem do tempo
Para facilitar seus estudos, os pesquisadores (arqueólogos e historiadores) costumam organizar o tempo em
períodos. Essa divisão reflete as medidas de tempo das sociedades. No Ocidente, região do planeta em que
vivemos, os períodos utilizados são: ano (que equivale a 365 dias), século (que equivale a 100 anos), milênio
(que equivale a 1 000 anos). Tradicionalmente, os séculos são representados por algarismos romanos.
Além dos períodos, os estudiosos também costumam utilizar marcos históricos para organizar o tempo.
O nascimento de Cristo é considerado um marco muito importante no mundo ocidental. Por isso, divide-
-se o tempo em antes de Cristo (a.C.) e depois de Cristo (d.C.). A contagem do período antes de Cristo é
decrescente; a contagem do período depois de Cristo é crescente.
Séculos III a.C. II a.C. I a.C. I II III IV V VI VII VIII IX
300 a.C. 200 a.C. 100 a.C. 1 101 201 301 401 501 601 701 801
Anos a a a a a a a a a a a a
201 a.C. 101 a.C. 1 a.C. 100 200 300 400 500 600 700 800 900
História
121
8
teste
a) Os arqueólogos puderam identificar que os homens já produziam música há mais de 35 mil anos, graças a métodos
de datação de vestígios.
b) Os arqueólogos dataram os vestígios encontrados com base na estratigrafia, comparando-os com os de outras regiões
do planeta.
c) Os arqueólogos já haviam comprovado a existência da música na Europa neste período, antes do encontro dessas
flautas.
d) A descoberta dessas flautas explica de maneira definitiva a origem da prática musical na Europa.
• Organize essas informações (fotos, importância, slogan) em um cartaz ou folheto que chame bastante atenção.
2 Caso seu professor tenha solicitado, separe documentos e fontes referentes à história de sua vida e leve para a
próxima aula.
II. A Terra do Brasil não se descobriu de propósito, mas por acaso, indo Pedro Álvares Cabral, por mandado
de el-rei D. Manuel, no ano de 1500 para a Índia como capitão-mor de 12 naus. Afastando-se da costa da
Guiné, foi costeando alguns dias a tormenta até chegar a um porto seguro, do qual a terra vizinha fcou
com o mesmo nome.
SALVADOR, Vicente. História do Brasil: 1500-1627. São Paulo: Melhoramentos, 1965. p. 56. Adaptado.
III. D. Manuel envia em 1500 uma nova frota às Índias, composta por treze naus e 1500 homens, sob o coman-
do de Pedro Álvares Cabral. Em pouco mais de um mês, Cabral chega ao nordeste do Brasil. Hoje já nos
parece que não havia muita novidade em encontrar a nova terra. Mesmo antes de 1500, tem-se, na corte
portuguesa, a comprovação da existência de terras no hemisfério ocidental [onde o Brasil se localiza].
SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. Conquista e colonização da América Portuguesa. In: LINHARES, Maria Yedda (Org.).
História Geral do Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 1990. p. 43. Adaptado.
4 Releia o texto da aula. Escreva um parágrafo explicando como se produzem relatos históricos sobre fatos ocorridos
no passado.
123
8
atividade complementar
Você vai cumprir duas das etapas do trabalho do historiador: a divisão do tempo em períodos e a organização dos
documentos relativos aos períodos estudados. Para realizar esta atividade, você deve selecionar documentos escritos
e não escritos referentes às diversas fases de sua vida.
Para facilitar os estudos, os historiadores costumam dividir a História em períodos. Esses períodos são demarca-
dos por acontecimentos importantes, chamados de marcos históricos. Veja o exemplo a seguir.
Uma das formas de dividir a História do Brasil, após a chegada dos portugueses, é a seguinte:
Marcos
1500 1822 1889
rEProDução/MusEu Paulista Da
univErsiDaDE DE são Paulo, são Paulo, sP.
Desembarque de Pedro Detalhe de O Marechal Deodoro
Álvares Cabral em Porto Independência ou Morte, da Fonseca
Seguro em 1500, de Oscar de Pedro Américo, 1888. proclamando a
Pereira da Silva, 1922. República, obra de
Henrique Bernadelli,
c. 1892.
1 Como os historiadores, divida a história de sua vida em três fases, separadas por acontecimentos importantes.
Depois, preencha o quadro a seguir.
1a
2a
3a
124
8 Ensino Fundamental
2 Agora, responda:
a) Que marcos você utilizou para identificar as três fases da sua biografia? Por que escolheu esses marcos?
b) Os marcos escolhidos por você foram iguais aos de seus colegas? Por quê?
3 Transforme as informações que você registrou na tabela do item 1 em uma linha do tempo, como no exemplo da
História do Brasil. Ilustre com fotos ou desenhos.
4 Separe os documentos que você trouxe de casa em dois grupos: um de documentos “escritos” e outro de “não
escritos”. Indique no quadro abaixo a que fase da sua vida pertence cada um desses documentos.
1a
2a
3a
5 O que aconteceria com o conhecimento de sua história caso alguns dos documentos indicados por você se per-
dessem, fossem danifcados ou destruídos?
anotações
História
125
8
3 viaJando pela pré-História:
a origem da Humanidade
Desaparecimento
dos dinossauros
(70 milhões
de anos)
Surgimento
de organismos
multicelulares como Aparecimento
águas-vivas e algas das aves
(2,4 bilhões de anos) (65 milhões
de anos)
Surgimento dos
invertebrados
com carapaça
(550 milhões de anos)
Surgimento
de vertebrados
(470 milhões Surgimento das
Surgimento dos
de anos) plantas terrestres
Formação da Terra anfíbios
(400 milhões de anos)
(390 milhões de anos)
126
8 Ensino Fundamental
Surgimento
de pequenos
mamíferos Surgimento dos
(220 milhões de dinossauros
anos) (230 milhões de anos)
(2
Surgimento
da escrita
(6 mil anos)
Surgimento
do Homo
sapiens
(130 mil
anos)
Surgimento
dos grandes
mamíferos
(60 milhões
de anos)
Surgimento
rg dos
répteis marinhos
(280 milhões
de anos)
Acesse o portal
você Já pensou nisso?
História
e e explore o conteúdo
digital Os fósseis
contam a história.
• Como os cientistas podem conhecer o modo de vida dos primeiros seres humanos?
• Observe que a escrita começou a surgir muito tempo depois do Homo sapiens. É correto
afirmar que os povos que não desenvolveram a escrita não têm história? Justifique.
127
8
atividade 1
1 Recorte as fguras do anexo 1 (página 159), que correspondem ao dado e ao peão, e monte-os.
O jogo é composto por um tabuleiro dividido em 16 partes. Cada uma delas corresponde a um dos períodos
que compõem a história do planeta Terra.
Instruções
• Definam, por sorteio, quem começará as jogadas. Os participantes devem jogar o dado e, aquele que con-
seguir maior número, inicia a partida.
• Jogue o dado e mova o peão, avançando pelas casas.
• Consulte as regras para cada casa ocupada pelos peões.
• O jogo termina quando o primeiro peão chegar à casa 16.
Regras para as jogadas
CASA 1. A formação da Terra. Avance 1 casa.
CASA 2. Organismos unicelulares. Mantenha-se onde está.
CASA 3. Surgimento de organismos multicelulares (águas-vivas e algas). Comemore e avance 3 casas.
CASA 4. Surgimento de invertebrados com carapaça. Nada acontece nesse momento. Mantenha-se no mesmo lugar.
CASA 5. Surgimento de vertebrados. Avance 5 casas.
CASA 6. Surgimento das plantas. Você não conseguiu encontrar alimentos e está fraco. Volte 2 casas.
CASA 7. Surgimento dos anfíbios. Mantenha-se em sua posição.
CASA 8. Répteis marinhos. Melhor você se preparar para correr e avançar 4 casas.
CASA 9. Aparecimento dos dinossauros. Você está muito próximo dos dinossauros! Avance 2 casas.
CASA 10. Aparecimento de pequenos mamíferos. Você se distraiu com os pequenos animais... Volte 4 casas.
CASA 11. Surgimento das plantas com flores. Hoje é seu dia de sorte! Já que as plantas deram flores, avance 1 casa.
CASA 12. Desaparecimento dos dinossauros. Poxa, que triste! Lá se foram os “dinos”. Volte 2 casas.
CASA 13. Aparecimento das aves. Fique apenas apreciando e não mude de casa.
CASA 14. Surgimento dos grandes mamíferos. Nada como conhecer esses animais, não é mesmo? Mas você
deve avançar 1 casa.
CASA 15. Surgimento do Homo sapiens. Grande momento para a história da humanidade! Em comemoração,
avance 1 casa e ganhe o jogo!
CASA 16. Surgimento da escrita. Parabéns, você ganhou!
5 Após ter jogado com seu colega, responda: em relação à formação da Terra e ao surgimento dos pequenos mamíferos,
você diria que o aparecimento do Homo sapiens é muito antigo ou recente?
128
8 Ensino Fundamental
A PRÉ-HISTÓRIA
Você aprendeu em aulas anteriores que é possível saber a respeito de sociedades que
não desenvolveram a escrita, baseando-se em fontes materiais e visuais encontradas.
Quando uma determinada sociedade do passado é estudada, e as únicas fontes de
informação sobre ela são os documentos não escritos, nós a classificamos como pré-
-histórica. Isto é, como pertencente a um tempo histórico chamado Pré-História.
O trabalho de cientistas, com base nos estudos dos vestígios deixados pelos primeiros
habitantes da Terra, permitiu identificar o surgimento de registros escritos, por volta de
6 mil anos atrás. Por meio de suas pesquisas, também foi possível saber que a escrita
não se desenvolveu entre todos os grupos humanos, e em todos os lugares do planeta,
ao mesmo tempo.
As sociedades que deixaram registros escritos, aqueles que vão compor o conjunto
de documentos onde se pode pesquisar para se ter informações de seu passado, podem
ser classificadas como pertencentes a um tempo histórico chamado História.
Embora Eep seja uma personagem do filme, suas reflexões coincidem com as de Mito: narrativas utilizadas
muitos seres humanos que, constantemente, procuram respostas para suas indagações para explicar as origens
do mundo e dos humanos,
sobre a vida, os fenômenos da natureza, a origem do mundo, dos animais e do ser hu- fatos da realidade e
mano. Buscando dar sentido a questões como essas, os mais diversos grupos humanos fenômenos da natureza.
História
mitos.
criaram os seus mitos Normalmente, os mitos
utilizam elementos
Por meio dessas narrativas, podemos tentar compreender alguns elementos da socie- sobrenaturais em suas
dade que os criou. Os hebreus, por exemplo, explicavam a origem dos seres humanos explicações e também
aspectos da realidade dos
através da narrativa de Adão e Eva, presente no livro Gênesis, da Bíblia. Você conhecerá povos que os transmitem.
a seguir outros dois mitos que explicam o surgimento do mundo, da vida e do homem.
129
8
O primeiro deles é contado pelos Fang, um grupo que vive no Gabão, na África. Eles
acreditam que no princípio do mundo não havia nada, mas Deus existia. Perceba que,
como sempre ocorre nos mitos, neste também aparecem deuses, personagens fantás-
ticas, de características extraordinárias, que convivem com os homens e os animais. O
segundo mito, de origem chinesa, mostra que Deus morre, dando então vida à criação
do mundo.
OCEANO
OCEANO CHINA PACÍFICO
ATLÂNTICO
Trópico de Câncer
OCEANO çFRICA
PACÍFICO
Equador
GABÃO
OCEANO
ÍNDICO
Meridiano de Greenwich
Trópico de Capricórnio
N
O L
S
0 2 110 km
130
8 Ensino Fundamental
— Fique com a terra para si. Daqui por diante você é o senhor de tudo que existe.
Como nós, você tem vida, todas as coisas lhe pertencem, você é o senhor.
[...]
Nzame, Mebere e Nkwa deram ao primeiro homem o nome de Fam, que significa
“poder”.
Orgulhoso de sua autoridade, de seu poder e de sua beleza – porque nessas três
qualidades ele suplantava o elefante, o leopardo e o macaco –, de sua capacidade de
derrotar todos os animais, o primeiro homem tornou-se perverso; ficou arrogante e
não queria mais cultuar Nzame.
[...]
Furioso, Deus chamou Nzalan, o trovão. — Nzalan, venha cá! – Nzalan veio cor-
rendo com grande estrondo: bum, bum, bum! O fogo do céu caiu sobre a floresta. As
plantações queimaram como tochas enormes. Fu, fu, fu! – tudo em chamas. [...] Mas
quando Deus criou o primeiro homem, ele lhe disse: — Nunca morrerás. – E o que
Deus dá Deus não tira. O primeiro homem foi queimado, mas nada sabe o que deu
dele. Está vivo, sim, mas onde?
Mas Deus olhou para a terra, toda preta, sem nada, um vazio; sentiu-se en-
vergonhado e quis consertar. Nzame, Mebere e Nkwa reuniram-se e fizeram o
seguinte: sobre a terra preta coberta de carvão colocaram uma nova camada de
solo; uma árvore cresceu, cresceu mais e mais, e, quando uma de suas sementes
caiu, outra árvore nasceu; quando uma folha se desprendeu, ela cresceu mais e
mais e começou a andar. Era um animal, um elefante, um leopardo, um antílope,
um cágado – todos eles. Quando uma folha caiu na água, ela nadou; era um peixe,
uma sardinha, um caranguejo, uma ostra – todos eles. A terra voltou a ser o que
tinha sido e é ainda hoje. [...]
Mas Nzame, Mebere e Nkwa reuniram-se de novo; precisavam de um chefe para
comandar os animais. — Devemos fazer um homem como Fam – disse Nzame, –
as mesmas pernas e braços, mas devemos mudar a cabeça dele, e ele conhecerá
a morte.
Esse foi o segundo homem e pai de todos. Nzame chamou-o de Sekume, mas não
quis deixá-lo sozinho, então disse: — Faça uma mulher para você de uma árvore.
Sekume fez uma mulher para si, e ela andou, e ele a chamou de Mbongwe.
FORD, Clyde W. O herói com rosto africano: mitos da África.
São Paulo: Summus, 1999. p. 259-63.
131
8
atividade 2 (em grupo)
4 Organize o gabarito para as questões que elaborou, pois, caso seus colegas não consigam respondê-las, você terá de
fazê-lo.
as explicações científicas
Vimos que o mito é uma forma muito antiga de explicação da realidade. Mas não é
a única. Para explicar os fenômenos naturais e a própria existência, os seres humanos
também se valem da ciência.
Ao contrário dos mitos que utilizam histórias simbólicas para responder às questões
Simbólico: elemento
descritivo ou narrativo que
fundamentais da humanidade, as explicações científicas são baseadas em dados con-
pode assumir mais de um cretos, métodos rigorosos e argumentos lógicos.
significado; aquele que Os arqueólogos e os historiadores utilizam vestígios e indícios (dados concretos) e
permite fazer mais de uma
leitura e interpretação. métodos próprios para conhecer o passado, e por isso são considerados cientistas.
O aperfeiçoamento da ciência não fez a mitologia perder sua importância. Enquanto
as pesquisas científicas oferecem a cada dia novas descobertas e teorias, os mitos conti-
nuam a oferecer explicações baseadas na crença em forças superiores ao homem e que
podem revelar muito a respeito do povo que os criou.
atividade 3
1 Leia o tópico “As explicações científcas” e apresente as principais diferenças entre mito e ciência.
2 Podemos dizer que a única maneira de saber sobre o modo de vida dos povos da Pré-História é por meio de trabalhos
científcos, desenvolvidos a partir da descoberta de vestígios arqueológicos? Justifque a sua resposta.
132
8 Ensino Fundamental
teste
1 Os cientistas podem conhecer o modo de vida dos primeiros seres humanos por meio:
a) dos relatos escritos há mais de 50 mil anos.
b) de fotografias tiradas na época.
c) do trabalho dos arqueólogos que investigam os antigos vestígios.
d) de filmes que fazem sucesso nos cinemas.
3 As explicações científcas em relação aos primeiros seres humanos que habitaram o planeta estão baseadas:
a) em dados concretos e métodos de pesquisa rigorosos.
b) nas crenças religiosas sobre um fato histórico.
c) exclusivamente em mitos e outras histórias criadas pelos povos estudados.
d) nas histórias bíblicas.
em casa
133
8
Preencha os espaços em branco da linha do tempo abaixo. Consulte os itens, pois todos eles devem ser utilizados.
1. Surgimento da escrita
2. Surgimento do Homo sapiens
3. Surgimento do Homo erectus
Para preencher os espaços da linha do tempo, utilize os números que correspondem a cada item.
Linha do tempo da Pré-História: do surgimento do Homo erectus à invenção da escrita
2 Releia os dois mitos trabalhados em sala de aula (páginas 130 e 131) e grife, nos textos, os elementos que os tor-
nam similares. Em seguida, explique por que povos que vivem tão distantes, e nunca fzeram contato uns com os
outros, produzem histórias similares.
3 Escolha um dos mitos estudados por você e, em uma folha sulfte, faça um desenho para ilustrá-lo.
anotações
134
8 Ensino Fundamental
4 o modo de vida dos
primeiros grupos Humanos
• levante hipóteses para explicar a utilidade delas na época em que foram cons-
truídas;
• deduza as características do modo de vida dos primeiros seres humanos. Dê exemplos
para ilustrar o seu ponto de vista.
135
8
O desenvolvimento
o que a ciência conta sobre a origem dos
da ciência não impediu seres Humanos
que explicações sobre a
origem dos seres humanos, Você já aprendeu que, para saber o que ocorreu no passado dos povos que não
baseadas exclusivamente desenvolveram a escrita, é necessário o investimento em pesquisas e estudos que se
na religião, continuassem baseiam em vestígios arqueológicos. A partir disso, os historiadores e arqueólogos pu-
existindo. Os criacionistas,
como são chamadas as deram construir a hipótese de que a espécie humana surgiu no continente africano, há
pessoas que defendem cerca de 6 milhões de anos.
a Bíblia como a única Sabe-se ainda que os seres humanos não surgiram com as características físicas que
e verdadeira fonte de
informação sobre o possuímos hoje. Da sua origem até os nossos dias, ocorreu um longo processo de trans-
passado, rejeitam as teorias formação, conhecido como hominização, que durou milhões de anos.
científicas sobre a origem
da Terra, do sistema solar, da
origem comum dos seres o processo de hominização
humanos, bem como o
seu processo de evolução Um conjunto de transformações ocorridas no esqueleto, nos músculos, no sistema
biológica. Defendem, entre nervoso e no cérebro dos nossos ancestrais deu origem ao ser humano moderno.
outras ideias, a criação da
humanidade como uma
O bipedismo
obra divina. 2
proporcionou A diminuição
5
aumento do campo do maxilar
de visão. deu mais
espaço para a
Homem
1 caixa craniana.
ereto:
tem a O bipedismo
3
capacidade garantiu que os
de andar braços e as mãos
com as ficassem liberados.
costas retas.
Os deslocamentos
4
tornaram-se
mais eficientes,
possibilitando a
realização de longas
marchas.
1 O bipedismo – a capacidade de andar sobre dois pés, na posição ereta – foi uma
das transformações mais importantes.
O bipedismo proporcionou um campo de visão mais amplo: eretos sobre as duas
2 pernas, os hominídeos podiam observar melhor o que acontecia ao seu redor,
reconhecendo, mais facilmente, predadores e presas.
Os hominídeos, pouco a pouco, ficaram com suas mãos livres para, entre outras
3 coisas, segurar os alimentos para transportá-los, além de carregar os seus filhotes
enquanto se locomoviam.
arqueológicos são os objetos feitos de pedra lascada, que serviam para cortar a pele e a
carne de animais ou como pontas das lanças utilizadas na caça, pesca e defesa do grupo.
g. Dagli orti/DE agostini/tHE BriDgEMan art liBrary/
MusEu naCional DE antiguiDaDEs, saint gErMain-En-layE, França.
Ferramentas do Período
Paleolítico.
137
8
Com base em pesquisas arqueológicas,
estima-se que por volta de 40 mil a.C. sur-
giram as primeiras pinturas rupestres. Fei-
tas nas paredes de cavernas e em grutas,
são encontradas em diferentes locais do
planeta. Por meio dessas pinturas, é pos-
sível imaginar parte da cultura do povo
que a criou.
Elas são de diversos tipos e muitas nos
levam a crer que representam hábitos co-
muns ao grupo: caça, pastoreio e rituais.
Seus autores podiam utilizar diversos mate-
riais disponíveis na natureza: argila, sangue,
ossos, madeira queimada, etc.
Cultura é tudo aquilo produzido pela humanidade, seja no plano concreto ou no plano imaterial, des-
de artefatos e objetos até ideias e crenças. Cultura é todo complexo de conhecimentos e toda habilidade
humana empregada socialmente. Além disso, é todo comportamento aprendido, de modo independente
da questão biológica.
SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicion‡rio de conceitos hist—ricos.
S‹o Paulo: Contexto, 2005. p. 85.
1 Com base no texto “O processo de hominização” (página 136), leia os itens abaixo e analise o quadro para identifcar as
informações que estão faltando, utilizando os itens a seguir:
• melhor observação dos acontecimentos;
• músculo;
• segurar alimentos;
• bipedismo;
• desenvolvimento das capacidades intelectuais;
• sistema nervoso.
138
8 Ensino Fundamental
SURGIMENTO DOS SERES HUMANOS CERCA DE 5,5 MILHÕES DE ANOS
Processo de...
Mudanças
Cérebro
Prever
Aumento da caixa
Projetar
craniana Desenvolvimento do Comunicação com
aparelho fonador o grupo
Produzir
Proporcionou...
Facilita a caça
Mãos livres
Locomover-se com
filhotes no colo Mais fácil enxergar
Melhor animais ferozes
deslocamento
2 Procure na ilustração a seguir os itens que pertencem ao período da Pré-História – entre 6 milhões e 12 mil anos atrás.
Em seguida, escreva elementos que você encontrou.
História
139
8
a descoberta do fogo
Atualmente, é muito simples conseguir fogo. Com um fósforo ou um isqueiro nas
mãos, rapidamente se obtém uma chama. Contudo, em um tempo bem distante do nosso
e durante milhões de anos, os seres humanos não souberam como produzi-lo. Só tinham
Eventual: ocasional; que acesso ao fogo quando ele surgia espontaneamente, em áreas de vegetação muito seca
ocorre algumas vezes, em incendiadas por raios ou por calor muito forte. Naquela época, a obtenção do fogo era
certas ocasiões.
eventual e dependia do acaso.
Somente depois de muito observar a natureza, refletir sobre ela e fazer experimentos,
foi possível descobrir modos de utilizar e, posteriormente, de produzir fogo.
Com a manipulação do fogo, muitos hábitos dos seres humanos mudaram: eles pu-
deram iluminar a noite, se assim desejassem; proteger-se do frio e de animais ferozes;
cozinhar vegetais e assar as carnes de suas caças.
atividade 2
carne foi consumida ali mesmo; as melhores postas foram levadas ao do outro uma ponta arredondada, para que se
possa segurar com a mão ou colocar um cabo.
topo da falésia, onde o grupo estava acampado, e consumidas à vontade. Destreza: habilidade.
Vamos supor, mais uma vez, que agora eles puderam descansar um ou Talhador: cortador.
dois dias, substituir suas lanças, confeccionar um novo martelo com osso Medula: espécie de líquido localizado no
de cavalo para trabalhar o sílex e brincar com os filhos. interior de um osso.
141
8
Isso aconteceu em um lugar que meio milhão de anos depois seria conhecido como Boxgrove, perto de Chichester,
no sul da Inglaterra. Nenhum dos seres presentes tinha a mais remota consciência de que os vestígios de suas atividades
sobreviveriam por meio milhão de anos, preservados pelo rápido soterramento sob sedimento de falésias desmoronadas.
Nenhuma palavra sobreviveu para nos contar sobre esse e inúmeros outros incidentes [...].
[...] Os ossos de cavalo nos contam sua própria história. [...] O exame microscópico revela marcas de dentes de
animais, indicando que foram visitados por hienas depois que os hominídeos se foram. Podemos determinar em que
ordem os seres chegaram à carcaça, já que as marcas de dentes deixaram sulcos ao longo das marcas existentes de
corte com sílex [...].
[...] Muitos afirmam que a caça só se desenvolveu com os humanos plenamente modernos, há cerca de 50 mil
anos, e em épocas mais remotas não havia a coesão social, a tecnologia ou a inteligência necessárias para fazer
mais do que revirar animais mortos por grandes carnívoros ou coletar alimentos vegetais. Abater, trinchar um cavalo
grande e saudável não é tarefa fácil e nos faz pensar sobre o tipo de organização social e os níveis de habilidade física
e acuidade mental requeridos
requeridos. [...]
GOSDEN, Chris. PrŽ-Hist—ria. Porto Alegre: L&PM, 2012. p. 11-7.
2 O que signifca dizer que “os ossos do cavalo contam sua própria história”?
c) Alimentos:
142
8 Ensino Fundamental
4 Grife no texto os trechos onde você encontrou as respostas para o item 3 dessa Atividade. Utilize a cor vermelha para o
item “a”; verde para o item “b” e azul para o item “c”.
143
8
Um grupo de arqueólogos, na Austrália, analisou o DNA de 21 fósseis humanos encontrados em um sítio
arqueológico na Alemanha. O exame desse material permitiu que estimassem a idade deles: entre 5 500 e
4 900 anos. Além disso, foi possível comparar o material genético daqueles fósseis com o dos atuais habitantes
da Anatólia, na Turquia, e verificar que há grande semelhança entre eles. Observe no mapa a distância entre
um lugar e outro.
Fonte: Atlas Geográfico Escolar. rio de Janeiro. iBgE, 2012. adaptado. Alemanha e Anatólia: localização
ALEMANHA
OCEANO
OCEANO
Anat—lia PACÍFICO
ATLÂNTICO
Trópico de Câncer
OCEANO
PACÍFICO
Equador
OCEANO
ÍNDICO
Meridiano de Greenwich
Trópico de Capricórnio
O L
Povos que saíram da atual Anatólia, na Turquia, podem ter levado a técnica de
cultivo aos povos que habitavam a região onde hoje se localiza a Alemanha.
Segundo o que os pesquisadores apuraram, há claros indícios de que os primeiros agricultores europeus
teriam sido migrantes que chegaram de longe trazendo em sua bagagem as técnicas de cultivar os alimentos.
Disponível em: <http://revistapesquisa.fapesp.br/2010/12/04/agricultores-imigrantes/>.
Acesso em: 3 fev. 2015. Adaptado.
Há cerca de 3 mil anos, alguns dos povos que habitavam a região da Mesopotâmia e
do Egito, em função de suas necessidades e interesses, desenvolveram também os pri-
meiros registros escritos. A partir daí, as pesquisas científicas passaram a contar, também,
com esses documentos.
Podemos dizer que o surgimento da escrita fez parte de um conjunto de técnicas que se
desenvolveram para atender às necessidades de determinados povos, na construção de sua
sobrevivência. Por isso, ela não surgiu em todos os lugares do planeta ao mesmo tempo.
Utiliza-se o termo Paleolítico (“paleo”: antigo; “lítico”: referente a pedra) para deno-
minar o período em que surgiram os primeiros instrumentos com a técnica da pedra
lascada, e o termo Neolítico (“neo”: novo; “lítico”: referente a pedra) para denominar o
período a partir do qual surgiram os primeiros instrumentos produzidos com a técnica
da pedra polida.
Com o desenvolvimento das pesquisas arqueológicas sobre os vestígios deixados pelos
primeiros seres humanos da Pré-História, percebeu-se que determinados povos passaram
a utilizar técnicas de fundição de metais. Com isso, os instrumentos de trabalho, como
foices, machados, arados, armas, entre outros, tornaram-se mais eficientes e resistentes que
os conhecidos até então. A descoberta dessas inovações técnicas também fez com que o
modo de vida dos povos que a desenvolveram fosse classificado como parte do Neolítico.
Embora seja comum a divisão da Pré-História da humanidade em etapas de desen-
volvimento técnico e organização social, este recurso deve ser utilizado com cuidado,
pois não pode ser encarado como um instrumento que classifica os diferentes modos de
vida em mais ou menos evoluídos. A trajetória humana não corresponde a um processo
homogêneo e evolutivo.
Como as necessidades dos grupos humanos não são as mesmas em todo o planeta,
diferentes modos de organizar a vida coexistem, desde a origem do homem, há 6 mi-
lhões de anos. Essas diferenças devem-se a diversos fatores diretamente relacionados
às necessidades diante da construção e organização da vida em sociedade. Elas não
representam, em hipótese alguma, níveis de evolução.
atividade 3
História
145
8
b) A pecuária passou a ser praticada na mesma época que a agricultura.
c) A descoberta da técnica de produção do fogo mudou consideravelmente o modo de vida dos seres humanos.
d) No período Paleolítico, além da caça, os primeiros grupos humanos que habitaram o planeta praticavam a coleta de
frutos da floresta.
teste
em casa
2 No texto da Atividade 2, vimos que há uma disputa entre homens e hienas que desejam consumir o mesmo ani-
mal morto. Releia o texto, analise a situação que revela a luta pela sobrevivência e explique o que diferenciava os
humanos dos animais que disputavam o alimento.
3 Leia os itens a seguir e assinale aqueles que correspondem às consequências do desenvolvimento de técnicas:
• agrícolas, com a letra A;
• da cerâmica, com a letra C;
• do metal, com a letra M;
• de domesticação de animais, com a letra D.
( ) Instrumentos de trabalho mais resistentes.
História
147
8
5 vida urbana e religiosa
Observe o mapa abaixo. Ele registra as regiões nas quais surgiram algumas das pri-
meiras cidades da humanidade.
As primeiras cidades
Mar Negro
ar
Cá
Amarelo)
sp
o(
ANATÓLIA
io
Taixium Sufutun
n g -h
Çatal Hüyük Cheng-Zuyai Anyang
Hu a
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CHINA o
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Ri
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Tebas ico
Assuã Trópico de Câncer
ARÁBIA Lothal
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ÍNDIA OCEANO
N
Nilo
elh
PACÍFICO
o
O L Golfo de
OCEANO
Bengala
ÍNDICO
S
0 557 km
148
8 Ensino Fundamental
Quanto maior a comunidade, maior a necessidade de
alimento e de água. Por isso, as aldeias que cresceram e
formaram as primeiras cidades estavam localizadas próximas
aos rios. Eles garantiam o abastecimento ao longo do ano,
mesmo quando não chovia. Além disso, permitiam que
um grande número de pessoas tivesse acesso à água, que
vastas áreas fossem cultivadas e rebanhos se fixassem em
suas proximidades.
Pouco a pouco, a quantidade de alimentos produzidos
nas aldeias passou a ser maior que a necessidade de sobrevi-
vência dos grupos que nelas viviam. A prática de armazenar
e estocar alimentos permitiu que algumas pessoas deixassem
de trabalhar na agricultura e se dedicassem, exclusivamente,
a tarefas artesanais, como produzir ferramentas e objetos
de cerâmica, tecer, construir casas e muralhas. Além disso,
surgiram os comerciantes especializados em fazer circular O rio Nilo foi de grande
importância para o
produtos. Por exemplo: uma aldeia podia ter muito trigo surgimento de cidades
e poucas ferramentas; nesse caso, o comerciante encarregava-se de levar o excesso de no Egito Antigo. Teria
trigo para outras aldeias, trocando-o pelas ferramentas de que sua aldeia necessitava. sido impossível as
Portanto, gradativamente os trabalhos tornaram-se especializados: quem trabalhava pessoas se fixarem
numa região desértica,
na agricultura não se dedicava necessariamente ao artesanato e ao comércio; os artesãos com os recursos da
aprimoravam suas técnicas de produção dos artefatos; os construtores se dedicavam a época. Como ele, outros
desenvolver técnicas de construção, aproveitando a matéria-prima do lugar; os comer- rios possibilitaram o
ciantes montavam espaços organizados de troca (bancas, feiras) e se deslocavam entre surgimento de novas
cidades há milhares
regiões, levando e trazendo produtos diferentes. de anos.
História
Artesãos trabalhando com ouro e fazendo vasos de prata (à esquerda) e um oleiro fabricando vasos de
cerâmica (à direita), no Egito. Nas cidades antigas, cada artesão especializava-se em um tipo de produção.
149
8
Outra atividade que começou a se especializar foi a das técnicas de combate. Não
demorou para que as cidades fossem atacadas por grupos nômades ou rivais. Surgiram,
então, os primeiros soldados, indivíduos preparados para defender o grupo. Nessa épo-
ca, vários grupos (sedentários ou nômades) também aprenderam a produzir objetos de
metal ao dominar a técnica da fundição, o que possibilitou a fabricação de armas muito
mais eficientes para combater as invasões. Outra consequência destas invasões foi a
construção de grandes muralhas para proteger estas cidades.
Çatal Hüyük
(Colina da
Encruzilhada)
foi uma das
primeiras
cidades de
que se tem
registro. Uma
característica
específica
deste núcleo
urbano era
o acesso às
casas, que
se fazia pelo
telhado, com
a ajuda de
escadas.
Tantas pessoas vivendo em um espaço comum, diferenças sociais surgidas com a es-
pecialização do trabalho, aumento de conflitos internos, ameaças de ataques e invasões:
a vida em sociedade foi ficando mais complexa. Isso abriu espaço para que, em algumas
cidades, os líderes (que nas aldeias eram respeitados pelo grupo, mas dependiam da
aprovação geral para liderar) fossem se tornando governantes que chefiavam os primei-
ros exércitos, impunham as regras e tinham um grupo de funcionários para auxiliá-los
na tarefa de controlar a população e garantir que as pessoas o obedecessem. O antigo
líder, escolhido e respeitado pelo grupo, se tornou um governante respeitado e temido.
150
8 Ensino Fundamental
ann ronan PiCturEs/Print CollECtor/
gEtty iMagEs/MusEu BritâniCo, lonDrEs, inglatErra.
O Estandarte de Ur é
uma placa de madeira,
Além da força, era necessário convencer as pessoas. Ao buscar convencer a população feita há cerca de 5 mil
de que deviam ser obedecidos, a ideia de que os governantes eram preferidos pelos anos, decorada com
deuses era a mais utilizada. Por isso, a necessidade de haver sacerdotes, que reforçavam madrepérola e
lápis-lazúli (um mineral
esta ideia junto à população. Quando o convencimento não bastava, o uso da força, por azul), que retrata o
meio dos soldados, era utilizado. exército da cidade,
Para manter os soldados e seus auxiliares, os governantes passaram a cobrar tribu- incluindo infantaria
tos da população, em moeda ou em produtos. A necessidade de registrar o pagamento e carros de guerra.
Nele se pode ver o
dos tributos foi um dos grandes estímulos para o surgimento da escrita e de um novo rei, comandando as
“especialista”: o escriba. tropas de soldados e
prisioneiros capturados.
História
Muitos estudiosos consideram que a escrita foi estimulada pelo interesse em registrar a quantidade de alimentos e
outros produtos, a cobrança de tributos, o planejamento e os cálculos para as grandes obras. Ainda que tenha tido essas
motivações, ela também permitiu o registro e a circulação das ideias e formas de pensamento, a descrição do cotidiano
das pessoas, além de aumentar as formas de comunicação entre as pessoas. Muitos desses registros, até os dias atuais,
são fontes importantes para os historiadores. Nas imagens, à esquerda, a escrita cuneiforme (de cidades da região da
Mesopotâmia, entre os rios Tigre e Eufrates, no atual Iraque) e, à direita, hieróglifos egípcios.
151
8
A desobediência às regras e o não pagamento de tribu-
cidades e civilização
Muitas aldeias que se tornaram cidades e passaram a abrigar milhares de pessoas
ficaram conhecidas como civilização. A origem da palavra civilização está ligada à ideia
de “viver em cidades”. Neste sentido, portanto, civilizado é quem vive em cidades. Com
o tempo, a palavra foi ganhando um sentido diverso, de superioridade, como se expres-
sasse a “evolução” de quem “é civilizado”.
É importante recuperar o sentido original da palavra, que descrevia uma forma de
viver. Outras formas de vida em comunidade não são necessariamente piores nem me-
lhores do que a vida nessas primeiras cidades.
152
8 Ensino Fundamental
Atualmente, o dicionário Houaiss define civilização como “conjunto de aspectos
peculiares à vida intelectual, artística, moral e material de uma época, de uma região,
de um país ou de uma sociedade”. Como se vê, a palavra não tem nenhum sentido de
classificar a vida das sociedades em mais ou menos evoluídas. Cada uma tem a sua forma
de organização e funcionamento, diferente uma da outra.
atividade 1
Duas das características das cidades da Antiguidade foram a especialização do trabalho e a diferenciação social. Observe
outra parte do Estandarte de Ur, que mostra a população levando oferendas e tributos ao rei. Depois, responda às questões.
á, iraquE.
/sul DE BaDD
art liBrary
an
tHE BriDgEM
a) O estandarte está ilustrado em faixas. Podemos considerá-las uma sequência do prestígio social dos membros da
cidade de Ur? Explique.
153
8
crenças religiosas: uma prática universal
Desde o surgimento e a disseminação dos humanos pelo planeta, inúmeros grupos
se formaram e se organizaram, cada um a sua maneira. A necessidade de sobrevivência
(comida, moradia, proteção) levou ao desenvolvimento de muitas formas de coletar e
produzir alimentos, encontrar ou fabricar abrigos, encontrar ou produzir materiais para
cobrir e aquecer o corpo, recipientes para guardar água e comida, armas para ataque
e defesa.
Podemos afirmar, portanto, que a sobrevivência sempre foi uma necessidade univer-
sal (dos humanos de todos os locais do planeta, em todos os tempos). As formas para
assegurar esta sobrevivência é que variaram e variam, conforme as características de
cada povo e de cada lugar.
Outra prática que se revelou universal foi a religião. Você estudou que os seres hu-
manos tiveram necessidade de compreender sua origem e o funcionamento do Universo.
Todas as sociedades, em todos os tempos e lugares, manifestaram suas crenças em forças
da natureza ou em deuses. A religião sempre explicou a origem do ser humano e de
Rito: conjunto de cerimônias
e práticas de uma religião
todas as coisas e sempre foi um dos elementos considerados na hora de definir regras
e de tudo que se refere ao de convivência. As homenagens aos deuses, por meio de ritos, existiram em todas as
seu culto. comunidades humanas, desde o surgimento da humanidade.
A exemplo da necessidade de sobrevivência, o que variou no tempo e no espaço foram
as formas de expressão da religiosidade. Muitas sociedades foram ou são politeístas (culto
a vários deuses); algumas deixaram o politeísmo e se tornaram monoteístas (cultuando
um único Deus); e outras, ainda, cultuaram e cultuam as diversas formas da natureza.
Os egípcios antigos
praticaram uma o culto às forças da natureza e o politeísmo
religiosidade politeísta
na maior parte de sua
A primeira forma de religiosidade expressa pelas comunidades humanas foi o culto
história. Na imagem, às forças da natureza. Consideradas ou não deuses, a essas forças eram atribuídos pode-
os diversos deuses aos res sobrenaturais. O sol, o fogo, a água, o vento, a chuva, a lua: elementos que tinham
quais eles atribuíam grande importância na vida das comunidades eram cultuados e considerados dotados de
poderes sobre os vários forças especiais. Muitas comunidades acreditavam que essas forças da natureza tinham
aspectos da realidade.
Os deuses dos egípcios vontade própria e podiam beneficiar ou punir os homens. Por isso, orações e oferendas
tinham formas humanas eram feitas a elas, de forma a agradá-las e atrair boas coisas para as pessoas.
e possuíam poderes Muitas comunidades consideravam essas forças como deuses. E muitas acreditavam
especiais sobre os em deuses, com aparência ou comportamento semelhantes aos dos humanos, mas do-
elementos da natureza.
tados de um poder especial. Assim, havia o Deus do
fogo, o Deus dos raios, o Deus da morte e assim por
diante. As sociedades que cultuavam vários deuses
eram conhecidas como politeístas (“poli”: referente a
vários; “teísta”: referente a Deus). Acreditava-se que
quando esses deuses eram desagradados, manda-
vam desgraças ou demônios para punir os humanos.
Por isso, também faziam orações e oferendas para
Amon Anúbis Geb Hórus agradá-los. Muitos usavam amuletos, objetos consi-
derados mágicos, para atrair a simpatia dos deuses
e afastar os seres do mal.
Muitas dessas crenças também estavam ligadas
à morte ou à superação dela. Seguir determinadas
práticas religiosas era uma forma de se livrar dos
perigos, adiar a morte e assegurar até outra vida
depois da morte. Por isso, em algumas sociedades,
Ísis Osíris os mortos eram enterrados com seus pertences, para
Rá Seth utilizá-los novamente em outra vida.
154
8 Ensino Fundamental
o monoteísmo
Ao contrário do politeísmo, o monoteísmo significa a crença em um único Deus. O
primeiro povo monoteísta que se tem conhecimento na história foram os hebreus. Eles
habitavam uma região do Oriente, entre a África e a Ásia, próxima ao mar Mediterrâneo.
Fenícios
Arameus
Tiro
REINO DE
ISRAEL
Rio Jordão
Jaffa Amonitas
Jerusalém DESERTO
DA ARÁBIA
Gaza
Mar Morto
REINO DE
JUDÁ
Moabitas
Cartaz do filme Os
10 mandamentos,
EGITO Filisteus de Cecil B. DeMille,
produzido nos Estados
Amalecitas Unidos em 1958. Esta
passagem bíblica registra
Territórios progressivamente as expectativas de
ocupados pelas tribos de Israel N
comportamento que
ao fim do II milênio Javé teria em relação aos
Edomitas O L
Territórios mantidos como hebreus. Na parte inferior
tributários pelo rei Davi e S
perdidos depois por Salomão 0 49 km do cartaz, veem-se os
soldados egípcios que
perseguiam os hebreus
sendo tragados pelo mar.
Os hebreus acreditavam em um único Deus ( Jeová ou Javé), que segundo
rEProDução/ParaMount
eles era o criador do Universo e da humanidade. Portanto, para os hebreus,
Javé estava acima das forças da natureza porque tinha sido o criador delas.
Os fenômenos naturais – chuva, ventos, tempestades, secas, inundações –
não tinham vontade própria (ou deuses que os dominavam), mas estavam
todos sujeitos à vontade de Javé. Os hebreus faziam orações e oferendas
unicamente a Javé, que falava com seu povo através dos patriarcas (primeiros
líderes), dos profetas e de líderes escolhidos, como Moisés. A ele, os hebreus
acreditavam que Deus entregou uma tábua com “dez mandamentos” que
deveriam ser seguidos pela população.
A religião monoteísta dos hebreus se tornou conhecida como judaísmo
(nome vindo de um dos reinos hebreus, Judá, que também tornou os he-
breus conhecidos como judeus). Os relatos da história dos hebreus e de sua
relação com Javé estão na Bíblia, nos livros do chamado Velho Testamento.
História
155
8
FinBarr o’rEilly/rEutErs/latinstoCK
atividade 2
156
8 Ensino Fundamental
b) Você conhece algum caso de intolerância religiosa? Descreva-o. Caso não conheça nenhum, pesquise em um portal
de notícias algum acontecimento deste tipo ocorrido recentemente no Brasil e relate-o.
c) Escreva uma frase (que possa ser copiada em um cartaz), propondo a coexistência pacífica entre as religiões politeístas
e monoteístas.
teste
1 Muitas pessoas são preconceituosas e desrespeitosas contra grupos e pessoas que vivem de maneira diferente da delas.
Uma das formas de expressar este preconceito é considerar os diferentes como inferiores e usar o termo “não civilizados”
como forma de ofensa.
Considerando o que você estudou e a frase anterior, indique a alternativa correta.
a) Essas pessoas, mencionadas na frase, estão duplamente erradas: por não tolerar as formas diferentes de vida como
válidas e por usar a palavra “civilizado” como sinônimo de “adequado, superior”.
b) Essas pessoas estão certas ao não tolerar quem é diferente e utilizar o termo “não civilizado” para descrevê-las. Afinal,
civilizado é sinônimo de desenvolvido.
c) Essas pessoas estão erradas ao utilizar o termo “não civilizado” para designar os diferentes. A melhor palavra para isso
é “incivilizado”.
d) A frase está errada porque não há pessoas que não respeitam as formas diferentes de organização e de cultura.
c) A frase está correta porque os humanos têm coisas em comum (a busca pela sobrevivência, a expressão religiosa), mas
as formas como as organizam variam de sociedade para sociedade.
d) A frase está correta porque todos os seres humanos têm uma origem comum e, portanto, sempre pensam e vivem da
mesma maneira.
157
8
em casa
1 Observe os diagramas abaixo. Qual deles melhor representa o modelo social e de poder que havia nas antigas
aldeias, e qual seria o modelo das cidades da Antiguidade? Explique sua resposta.
a) b)
a) As novas descobertas sobre a escrita confirmam ou desmentem o que você estudou sobre as pesquisas arqueológi-
cas e o fato de os relatos históricos serem provisórios e não definitivos?
b) Com base no que você estudou, explique por que a necessidade da escrita ocorreu em lugares distantes entre
si, na mesma época. O que estes lugares tinham em comum?
3 Em 2004 e 2005, a banda irlandesa U2 projetou em seus shows da turnê “Vertigo” uma palavra formada por símbo-
los religiosos de islâmicos (a lua crescente), judeus (a estrela de Davi) e cristãos (a cruz).
KMazur/WirEiMagE/gEtty iMagEs
158
8 Ensino Fundamental
anexo 1
Cortar
Dobrar
Colar
História
159
8
anexo 2
162
8 Ensino Fundamental
anexo 3
História
165
8
Módulo
interdisciplinar
Explorando
um sítio Solo de calcário
arqueológico
Os vestígios
encontrados pelos
arqueólogos precisam
ser datados. Dessa forma,
eles revelam o período a
que pertenceram, dando-nos
informações sobre como as
pessoas e comunidades
se organizavam.
Fóssil
humano
388
8
Outro método
utilizado pelos arqueólogos
é conhecido como carbono-14. Ele
é mais preciso que a estratigrafia. Todos
os seres vivos (plantas e animais, inclusive
os homens) absorvem, em vida, um elemento
chamado carbono-14. Após sua morte, a
quantidade dessa substância presente
Um dos
no organismo começa a reduzir-se. Assim, ao
métodos de
medirmos a quantidade de carbono-14 que resta
datação utilizados
em um achado arqueológico (ossos, conchas,
pelos arqueólogos
madeiras, pinturas feitas com tintas derivadas
é a estratigrafia.
de plantas, etc.), podemos calcular
sua idade: quanto menor a
quantidade desse elemento, mais
Sabe-se que as
antigo é o objeto.
camadas de areia, terra
ou pedra guardam vestígios do
passado. Dependendo da camada
(estrato) na qual os fósseis ou os
objetos são encontrados, estima-se o
período em que viveram ou
foram utilizados. Os que se
localizam mais superficialmente
são os mais recentes. Já os
mais profundos são
os mais antigos.
Objetos de cerâmica
Coluna I Coluna II
1×9=9
2 × 9 = 18
10 × 9 = 90, ou seja:
1 × 60 + 30
14 × 9 = 126, ou seja:
2 × 60 + 6 × 1
Identifcar restos de fogueira não basta para um ar- 1 A ilustração mostra fósseis humanos, restos de uma
queólogo. É preciso analisar os vestígios para deter- fogueira e alguns artefatos. Com base no que você es-
minar: tudou em Ciências até agora, responda:
• se a fogueira foi causada por forças da natureza, a) Que hipótese você levantaria para o suposto uso
como os raios; do fogo nesse sítio arqueológico?
• se a fogueira foi provocada intencionalmente por b) Ouça agora as hipóteses levantadas pelos seus co-
humanos. legas e discuta-as com a classe.
O que a análise de uma fogueira pode revelar sobre c) Registre em seu caderno uma nova hipótese para
a ocupação de certo território e sobre os grupos que o uso do fogo nesse sítio arqueológico depois das
nele estiveram? Leia o texto a seguir e responda às discussões feitas com seus colegas.
questões.
2 Leia o texto abaixo:
Escova Cientistas encontram registro mais
Eu tinha vontade de fazer como os dois ho- antigo do uso de fogo por hominídeos
mens que vi sentados na terra escovando osso.
Um estudo publicado [...] pela PNAS, revista da
No começo, achei que aqueles homens não ba-
Academia Americana de Ciências, indica que nossos
tiam bem. Porque ficavam sentados na terra o
antepassados começaram a dominar o fogo há um
dia inteiro escovando osso. Depois aprendi que
milhão de anos – 300 mil antes do que os pesquisa-
aqueles homens eram arqueólogos. E que eles
dores acreditavam anteriormente. [...]
faziam o serviço de escovar osso por amor. E
A descoberta se baseia em fragmentos en-
que eles queriam encontrar nos ossos vestígios contrados na caverna Wonderwerk, na África do
de antigas civilizações que estariam enterrados Sul. São cinzas de plantas e pedaços de ossos cha-
por séculos naquele chão. Logo pensei de es- muscados, aparentemente queimados dentro da
covar palavras. [...] Eu queria então escovar as caverna, e não trazidos de fora por fenômenos
palavras para escutar o primeiro esgar de cada naturais. [...]
uma. Para escutar os primeiros sons, mesmo “O impacto de cozinhar alimentos é bem do-
que ainda bígrafos. Comecei a fazer isso sen- cumentado, mas o impacto do controle do fogo
tado em minha escrivaninha. Passava horas teria alcançado todos os elementos da sociedade
inteiras, dias inteiros fechado no quarto, tran- humana. Socializar em volta de uma fogueira de
cado a escovar palavras. acampamento pode ser, na verdade, um aspecto
BARROS, Manoel de. essencial do que nos torna humanos”, afirmou
Mem—rias inventadas: a infância. Michael Chazan, um dos autores da pesquisa [...].
São Paulo: Planeta, 2003.
Fonte: <http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/
Esgar: careta 2012/04/hominideos-ja-dominavam-o-fogo-ha-1-
Bígrafo: escrito de formas milhao-de-anos-diz-estudo.html>.
diferentes Acesso em: 20 mar. 2015.
Responda:
a) Por que o autor afirma que os arqueólogos “esco- a) Quais as evidências que os cientistas apontam
vam ossos”? para dizer que nesse sítio arqueológico os hominí-
deos usavam o fogo para cozer alimentos?
b) Como o autor compara o trabalho de um escritor
b) Vocês estão terminando esta atividade em grupo.
ao de um arqueólogo?
Expliquem as semelhanças existentes entre o que
c) Quando você escreve um texto, “escova” as pala- vocês fizeram nesta aula e o que os hominídeos
vras que vão compô-lo? faziam em volta da fogueira.
390
8 Ensino Fundamental 2
1 Mediante as explicações do seu professor, responda:
Geografia
a) Qual é o aspecto de um sambaqui, hoje, na paisagem?
b) Os indígenas que atualmente vivem nas áreas litorâ-
Brasil: localização de sambaquis neas ainda produzem sambaquis?
50º O
2 Com a ajuda de um atlas, responda:
Equador
0º a) Nos dias atuais, o processo de ocupação humana
nas áreas de ocorrência de sambaquis é grande
ou pequeno?
BA b) De acordo com a resposta ao item anterior, diga se
OCEANO
ATLÂNTICO esses sítios estão ameaçados nos dias atuais. Se a
OCEANO
MG
ES resposta for sim, quais seriam os motivos?
PACÍFICO SP
de Cap
ricórnio PR
RJ
N
c) Discuta em grupo: para que preservar um sítio ar-
Trópico
SC queológico? Escreva um parágrafo expondo suas
RS O L
0 864 km conclusões.
S
ZIG KOCH/PULSAR IMAGENS
Matemática
391
8
Anotações
ANGLO
A força do leão está presente na coleção de Ensino Fundamental do Sistema Anglo de Ensino.
O desenvolvimento de competências e habilidades imprescindíveis para o aluno em sua vida
pessoal e profissional é o principal objetivo do material.
Em espírito colaborativo, a nova edição traz mudanças construídas a partir das sugestões de
professores, pais e alunos da rede.
Há mais propostas interdisciplinares, testes de múltipla escolha e novas seções: recursos que
enriquecem a aula e mantêm o interesse do jovem.
Por isso, desejamos valiosos momentos com a coleção. Bons estudos!
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