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Poder Judiciário da União

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS


TERRITÓRIOS

7ª Vara da Fazenda Pública do DF


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Processo n° 0706061-14.2017.8.07.0018

AÇÃO CIVIL PÚBLICA CÍVEL (65)

Polo ativo: MINISTERIO PUBLICO DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITORIOS

Polo passivo: CELINA LEAO HIZIM FERREIRA e outros

DECISÃO INTERLOCUTÓRIA

Vistos etc.

1. Procedo ao saneamento e organização do processo nos moldes do art. 357 do Código de Processo Civil.

Estão presentes os pressupostos processuais e as condições da ação, as partes estão regularmente


representadas e procedimento é adequado à pretensão perseguida e o referido pedido comporta
autorização abstrata no ordenamento jurídico.

Afasto as preliminares suscitadas pelos contestantes.

Com efeito, não há que se falar em inadequação da via eleita, levantada pelo réu VALÉRIO NEVES
CAMPOS (ID 30780958).

Conforme assentado na decisão de recebimento da inicial, de acordo com abalizada doutrina de Emerson
Garcia e Rogério Pacheco Alves (GARCIA, Emerson Improbidade administrativa / Emerson Garcia e
Rogério Pacheco Alves. – 7ed. rev., ampl. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2013.p. 1981), o rito da ação civil
pública não é especial, como também, mesmo que fosse, ou venha a ser, a questão do procedimento, para
fins de incidência da Lei, de sua técnica protetiva, é de nenhuma importância.

Insta demonstrar que a jurisprudência do Colendo STJ está pacificada sobre o cabimento da ação civil
pública no campo da improbidade administrativa, colhendo-se da 1ª Turma o seguinte aresto:

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ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. AÇÃO CIVIL
PÚBLICA. 1. A probidade administrativa é consectário da moralidade administrativa, anseio popular e, a
fortiori, difuso. 2. A característica da ação civil pública está, exatamente, no seu objeto difuso, que
viabiliza mutifária legitimação, dentre outras, a do Ministério Público como o mais adequado órgão de
tutela, intermediário entre o Estado e o cidadão. 3. A Lei de Improbidade Administrativa, em essência,
não é lei de ritos senão substancial, ao enumerar condutas contra legem, sua exegese e sanções
correspondentes. 4. Considerando o cânone de que a todo direito corresponde uma ação que o assegura, é
lícito que o interesse difuso à probidade administrativa seja veiculado por meio da ação civil pública
máxime porque a conduta do Prefeito interessa à toda a comunidade local mercê de a eficácia erga omnes
da decisão aproveitar aos demais munícipes, poupando-lhes de noveis demandas. 5. As conseqüências da
ação civil pública quanto aos provimento jurisdicional não inibe a eficácia da sentença que pode obedecer
à classificação quinária ou trinária das sentenças 6. A fortiori, a ação constitutivo, auto-executável ou
mandamental. 7. Axiologicamente, é a causa petendi que caracteriza a ação difusa e não o pedido
formulado, muito embora o objeto mediato daquele também influa na categorização da demanda. 8. A lei
de improbidade administrativa, juntamente com a lei da ação civil pública, da ação popular, do mandado
de segurança coletivo, do Código de Defesa do Consumidor e do Estatuto da Criança e do Adolescente e
do Idoso, compõem um microssistema de tutela dos interesses transindividuais e sob esse enfoque
interdisciplinar, interpenetram-se e subsidiam-se. 9. A doutrina do tema referenda o entendimento de que
"A ação civil pública é o instrumento processual adequado conferido ao Ministério Público para o
exercício do controle popular sobre os atos dos poderes públicos, exigindo tanto a reparação do dano
causado ao patrimônio por ato de improbidade quanto à aplicação das sanções do art. 37, § 4º, da
Constituição Federal, previstas ao agente público, em decorrência de sua conduta irregular. (...) Torna-se,
pois, indiscutível a adequação dos pedidos de aplicação das sanções previstas para ato de improbidade à
ação civil pública, que se constitui nada mais do que uma mera denominação de ações coletivas, às quais
por igual tendem à defesa de interesses meta-individuais. Assim, não se pode negar que a Ação Civil
Pública se trata da via processual adequada para a proteção do patrimônio público, dos princípios
constitucionais da administração pública e para a repressão de atos de improbidade administrativa, ou
simplesmente atos lesivos, ilegais ou imorais, conforme expressa previsão do art. 12 da Lei 8.429/92 (de
acordo com o art. 37, § 4º, da Constituição Federal e art. 3º da Lei n.º 7.347/85)" (Alexandre de Moraes in
"Direito Constitucional", 9ª ed. , p. 333-334) 10. Recurso especial desprovido. (REsp 510.150/MA, Rel.
Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 17/02/2004, DJ 29/03/2004, p. 173).

De igual modo, afasto a preliminar de inépcia da inicial, em virtude da imprecisão no enquadramento das
espécies de improbidade administrativa e narração lógica dos fatos, foi suscitada pelos réus RAIMUNDO
DA SILVA RIBEIRO NETO (ID 31301122) e CELINA LEÃO HIZIM FERREIRA (ID 31308489).

Conforme já assentado, da leitura da inicial (ID 7647940), verifica-se que há delineio das condutas dos
réus, pontuando-se, o modus operandi para a solicitação das alegadas vantagens indevidas às empresas
prestadoras de serviço de fornecimento de leitos de UTI, por meio de emenda a projeto de lei em favor
delas.

Deste modo, a intitulada “Operação Drácon” procurou descortinar a existência de um suposto esquema de
corrupção envolvendo Deputados Distritais e servidores públicos, relacionado à negociação ilícita de
emendas parlamentares mediante solicitações de vantagem indevidas, que, a partir da denúncia promovida
pela Deputada Distrital Liliane Roriz, a investigação teve início na 1ª PROSUS. Com base nestas
denúncias, a 1ª PROSUS instaurou o Inquérito Civil Público de nº 08190.087546/16-10, no bojo do qual
se fazia constar um depoimento formal da Deputada Liliane Roriz, no qual relata, baseada em gravações
ambientais realizadas diretamente de seu aparelho celular pessoal, esquema ímprobo e ilícito de
solicitação indevida com recursos públicos destinados à saúde pública do Distrito Federal.

Rejeito, outrossim, as preliminares de ilegitimidade ativa do Ministério Público e impossibilidade jurídica


do pedido em relação ao ressarcimento integral do dano moral alegadamente sofrido pelo Distrito Federal,
suscitadas pelos réus JÚLIO CÉSAR RIBEIRO (ID 31365557), RENATO ANDRADE DOS SANTOS
(ID 31354332) e ALEXANDRE BRAGA CERQUEIRA (ID 31355963).

Com efeito, a fragilidade do argumento é facilmente afastada pelo disposto no artigo 129, inciso III, da
Constituição Federal de 1988, que prevê a promoção do inquérito civil e da ação civil pública, para a

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proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos,
como uma das funções institucionais do Ministério Público.

Neste ponto, a caracterização da tutela do patrimônio público como um direito difuso nos permite aplicar
a base teórica já produzida no Brasil e, sobretudo, os instrumentos legais existentes no ordenamento,
como, por exemplo, a incidência da Lei de Ação Civil Pública (Lei nº 7.347/85), da Lei de Improbidade
Administrativa (Lei nº 8.429/92), dentre outras.

Os referidos réus alegam, ainda, inexistir, no caso em questão, qualquer prejuízo econômico mensurável
ao erário, bem como sustentam que a honra e a imagem do Distrito Federal não foram abaladas por ofensa
perpetrada ao parâmetro da moralidade e lealdade que se espera dos agentes públicos.

No entanto, a abrangência de expressão jurídica patrimônio público deve ser extraída dos ditames
constitucionais e legais que norteiam a atividade da Administração Pública, tal como disposto no artigo
1º, §1º, da Lei nº 4.171/65, que conceitua patrimônio público “para os fins referidos neste artigo, os bens e
direitos de valor econômico, artístico, estético, histórico ou turístico”, ficando evidente que a definição
legal engloba o patrimônio público em sua integralidade e não com viés apenas patrimonial.

Assim, filio-me à corrente segundo a qual a Lei nº 8.429/1992 não se destina unicamente à proteção do
erário, concebido como o patrimônio econômico dos sujeitos passivos dos atos de improbidade, devendo
alcançar, igualmente, o patrimônio público em sua acepção mais ampla, incluindo o patrimônio moral.

O patrimônio moral do Distrito Federal e da coletividade restou, em tese, lesado pela conduta dos réus, os
quais, acaso julgado procedente o pedido, configurará traição da confiança que lhes foi depositada pela
população do Distrito Federal, transmudaram a nobre e necessária atividade pública em empreitada
criminosa, visando tão-somente o lucro fácil, o benefício e o enriquecimento pessoal.

A preliminar de ausência de provas de autoria e materialidade, alegada pelos requeridos RICARDO


CARDOSO DOS SANTOS (ID 31019242); CELINA LEÃO HIZIM FERREIRA (ID 31308489); JÚLIO
CESAR RIBEIRO (ID 31365557); RENATO ANDRADE DOS SANTOS (ID 31354332);
ALEXANDRE BRAGA CERQUEIRA (ID 31355963); e CHRISTIANNO NOGUEIRA ARAUJO (ID
31365557) também não merece prosperar, eis que se confunde com o mérito da demanda e com ele, após
a instrução, será devidamente analisado.

Os limites da eventual responsabilidade dos referidas réus será apurada no momento processual oportuno,
mesmo porque, não se pode descartar, nesta fase, a possibilidade deles terem se beneficiado dos atos
supostamente ímprobos narrados na inicial do Ministério Público.

A preliminar da ilicitude da gravação ambiental efetivada pela Deputada Liliane Roriz, tendo por
interlocutores os réus CELINA LEÃO e VALÉRIO NEVES, foi suscitada pelos réus JÚLIO CESAR
RIBEIRO (ID 3136557), RENATO ANDRADE DOS SANTOS (ID 31354332), ALEXANDRE BRAGA
CERQUEIRA (ID 31355963) e RAIMUNDO DA SILVA RIBEIRO NETO (ID 31300931), também não
merece prosperar.

Sobre a questão, o Supremo Tribunal Federal já assentou a licitude desse meio de prova, eis inexistir
violação ao sigilo. A esse propósito importante trazer à colação o entendimento jurisprudencial do
Egrégio Supremo Tribunal Federal, a seguir transcrito:

AGRAVO REGIMENTAL. PROCESSUAL PENAL. INÉPCIA DA DENÚNCIA. NÃO


OCORRÊNCIA. INVIABILIDADE DE REVOLVIMENTO DE FATOS E PROVAS NA VIA DO
HABEAS CORPUS. ESCUTA AMBIENTAL REALIZADA SEM O CONHECIMENTO DO
INTERLOCUTOR. LICITUDE. AGRAVO IMPROVIDO. 1. A denúncia narrou de forma
individualizada e objetiva a conduta atribuída à paciente, adequando-a, em tese, ao tipo descrito no art.
299 do Código Eleitoral. Ademais, há indicação dos elementos indiciários mínimos aptos a tornar
plausível a acusação, o que permite à paciente o pleno exercício do direito de defesa, nos termos do art.

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357, § 2º, do CE. 2. Não há como avançar nas alegações postas no recurso sobre a inexistência de um
mínimo de prova a sustentar as acusações, que, a rigor, não passa de uma tentativa de exame do suporte
probatório. Como se sabe, caberá ao juízo natural da causa, com observância ao princípio do
contraditório, proceder ao exame dos elementos probantes colhidos e conferir a definição jurídica
adequada para o caso. Precedentes. 3. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE
583.937 QO-RG, Rel. Min. CEZAR PELUSO, DJe de 18/12/2009, cuja repercussão geral foi reconhecida
(Tema 237), decidiu pela vali dade da prova produzida por meio de gravação ambiental realizada por um
dos interlocutores. 4. Agravo regimental a que se nega provimento. (…) 5. Por fim, quanto à suposta
ilicitude da gravação ambiental realizada por um dos interlocutores, o Plenário do Supremo Tribunal
Federal, no julgamento do RE 583.937 QORG, Rel. Min. CEZAR PELUSO, DJe de 18/12/2009, cuja
repercussão geral foi reconhecida (Tema 237), decidiu pela validade da prova, em acórdão assim
ementado: “AÇÃO PENAL. prova. gravação ambiental. Realização por um dos interlocutores sem
conhecimento do outro. Validade. Jurisprudência reafirmada. Repercussão geral reconhecida. Recurso
extraordinário provido. Aplicação do art. 543-B, § 3º, do CPC. É lícita a prova consistente em gravação
ambiental realizada por um dos interlocutores sem conhecimento do outro” (…). (RHC 125319 AgR,
Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 10/02/2015, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-039 DIVULG 27-02-2015 PUBLIC 02-03-2015).

Afasto a ‘preliminar’ de suspensão do feito em razão do processo penal relativo à investigação criminal
denominada “Operação Dracon”, suscitada pela requerida CELINA LEÃO (ID 31308489).

Como se sabe, vigora na ordem jurídica vigente o princípio da independência relativa entre as instâncias
penal, civil e administrativa, na linha do que prescrevem os artigos 935 do Código Civil, 65 e 66 do
Código de Processo Penal, 125 da Lei 8.112/90 e 12 da Lei 8.429/92.

Aliás, consoante o art. 12 da Lei nº 8.429/92, o mesmo fato pode ensejar a responsabilização do agente
político nas esferas penal, civil e administrativa, a não ser que na primeira seja reconhecida a
não-ocorrência do fato ou a negativa de autoria. Assim, desnecessário e desarrazoado aguardar eventual
condenação ou absolvição na esfera penal condenatória para se verificar a necessidade e extensão da
dilação probatória nos presentes autos, até porque a eventual absolvição na esfera penal por insuficiência
de prova não tem o condão de obstar a presente demanda.

Por fim, indefiro pedido formulado pelo requerido RAIMUNDO DA SILVA RIBEIRO NETO, que
apresentou petição informando que o Habeas Corpus n. 402.868/DF, impetrado perante o Colendo STJ,
que determinou o trancamento da ação penal nº 0018019-92.2017.807.0000 em relação a sua pessoa, sob
o fundamento de ausência de autoria.

Ocorre, todavia, que o direito brasileiro consagra a independência das instâncias civil, administrativa e
penal, como, aliás, já explanado.

Como se sabe, a única possibilidade de repercussão entre as instâncias ocorre quando no julgamento do
processo penal se reconhece a inexistência do fato ou a negativa da autoria.

A esse propósito, insta trazer à baila o caput do art. 12 da Lei de Improbidade Administrativa, que
estabelece expressamente que as penalidades previstas serão aplicadas independentemente das sanções
penais, civis e administrativas.

No vertente caso, ocorreu o trancamento da ação penal por ausência de indícios mínimos de autoria (art.
648, I, do CPP), devendo a questão ser amplamente examinada na esfera civil e administrativa.

Ademais, o acórdão proferido no Habeas Corpus nº 402.868/DF, que concedeu a ordem para determinar o
trancamento da ação penal, é decisão meramente processual, sem análise de mérito, com objetivo de
impedir a tramitação de procedimento manifestamente ilegal. Logo, não se trata de julgamento
antecipado, tampouco se reporta ao mérito material do caso concreto por sua improcedência.

Além disso, as esferas de responsabilidade atingem o status dignitatis do indivíduo em distintos graus,
sendo justificável que cada uma delas receba tratamento processual distinto.

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Não há questão outra processual pendente.

O PROCESSO ENCONTRA-SE SANEADO, PORTANTO.

2. Fixo os pontos controvertidos.

A solução da questão posta a desate na presente demanda verificar se os réus praticaram os atos de
improbidade administrativa descritos na inicial.

3. Por ser adequada ao referido deslinde, defiro a produção de prova testemunhal.

Os pedidos de prova pericial serão apreciados após a produção da prova testemunhal.

Nos termos do artigo 357, § 4º, do Código de Processo Civil, concedo às partes o prazo comum
improrrogável de 15 (quinze) dias para apresentarem os respectivos róis de testemunhas. Advirto-as
de que não será admitido o arrolamento extemporâneo de testemunhas, a fim de assegurar a regular
realização da audiência e promover uma célere prestação jurisdicional, evitando-se, assim, o adiamento
ou o cancelamento do ato, o que trará evidente prejuízo às partes e à sociedade.

O rol de testemunhas deverá conter o nome, a profissão, o estado civil, a idade, o número de inscrição no
Cadastro de Pessoas Físicas, o número de registro de identidade e o endereço completo da residência e do
local de trabalho de cada testemunha arrolada, sob pena de indeferimento. Em se tratando de servidor
público, além dessas informações, a parte deverá trazer, ainda, o número da matrícula junto ao órgão ao
qual está vinculada a testemunha e o setor em que ela está lotada, informações sem as quais este Juízo fica
impossibilitado de requisitá-las.

Nos termos do artigo 357, § 6º, do Código de Processo Civil, o número de testemunhas arroladas não
pode ser superior a 10 (dez), sendo 03 (três), no máximo, para a prova de cada fato. Serão de pronto
indeferidos os pedidos de oitiva de testemunha arrolada para provar fatos já provados por documento ou
confissão da parte ou que apenas por documento ou perícia poderão ser provados, conforme determina o
artigo 443 do Código de Processo Civil.

Destaco, ainda, que uma vez apresentado rol de testemunhas, ou caso elas já tenham sido arroladas, a
parte não poderá requerer a substituição de testemunha, exceto aquela que falecer, que, por enfermidade,
não estiver em condições de depor ou que, tendo mudado de residência ou local de trabalho, não for
encontrada, conforme determina o artigo 451 do Código de Processo Civil. Ocorrendo quaisquer dessas
hipóteses, a parte deverá comprová-las caso deseje a substituição, sob pena de indeferimento.

Caso pretendam, de forma a acelerar a tramitação do feito, evitando diligências inúteis, podem as partes,
ao realizar o depósito dos róis de testemunhas, assegurar que referidas testemunhas comparecerão à
audiência independentemente de intimação.

Somente após o transcurso do prazo para as partes apresentarem os seus róis de testemunhas, ou vindo-os
todos, será designada data para audiência de instrução.

Nos termos do artigo 455 do Código de Processo Civil, cabe ao advogado da parte informar ou intimar as
testemunhas por ele arroladas sobre o dia, a hora e o local da audiência. A intimação deverá ser realizada
por carta com aviso de recebimento, cumprindo ao advogado juntar aos autos, com antecedência de pelo
menos 03 (três) dias da data da audiência, cópia da correspondência de intimação e do aviso de
recebimento. A parte pode comprometer-se a levar a testemunha à audiência independentemente da
intimação de que trata o §1º do referido artigo, presumindo-se, caso a testemunha não compareça, que a
parte desistiu de sua inquirição. A inércia na realização da intimação importará na desistência da
inquirição da testemunha.

DEFIRO depoimento pessoal de todos os réus, nos termos do art. 385, § 1º, do Código de Processo
Civil. Intimem-se os réus pessoalmente para prestarem depoimento pessoal, sob pena de confesso.

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O MPDFT já apresentou seu rol de testemunhas no ID 39749308 - Pág. 8/9 e o réu RAIMUNDO DA
SILVA RIBEIRO NETO no ID 38876605.

4. DEFIRO a produção da prova emprestada, com fundamento no art. 372 do Código de Processo Civil e
na jurisprudência do Colendo STF, que admite amplamente o compartilhamento de prova (Pet 7304,
Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Segunda Turma, julgado em 21/11/2017, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-278 DIVULG 01-12-2017 PUBLIC 04-12-2017).

Assim, oficie-se ao Juízo da 8ª Vara Criminal de Brasília solicitando cópia das Ações Penais no
2017.01.1.011363-48 e 2018.01.1.037286-79 (antigo processo 2017.00.2.017207-710 no âmbito do
TJDFT), como compartilhamento integral das provas para o uso na presente Ação Civil de
Improbidade Administrativa, com fulcro no disposto no artigo 40 do CPP e artigo 69, parágrafo 2º,
inciso II, do CPC.

Intimem-se as partes, que deverão observar o disposto no art. 357, § 1º, do Código de Processo Civil.

BRASÍLIA, DF, 16 de julho de 2019 18:07:29.

PAULO AFONSO CAVICHIOLI CARMONA

Juiz de Direito

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