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Stress em Mães com filhos Diagnosticados com Hidrocefalia

Edna Patrícia F. Sebastião e Zita Mendonça M. Tomé / 2019

INTRODUÇÃO

No presente trabalho de investigação científica falaremos sobre o stress em mães com filhos
diagnosticados com hidrocefalia do Centro Neurocirúrgico de Tratamento a Hidrocefalia. A
Hidrocefalia é uma doença que carrega consigo muitas outras complicações de várias ordens o
que acaba mexendo com a estrutura de qualquer família.

Os organismos vivos sobrevivem por conseguirem manter um harmonioso equilíbrio,


imensamente complexo e dinâmico ou homeostasia, que é constantemente contrariada e posta
em causa por factores de distúrbio intrínsecos e ou extrínsecos.

Este estado seguro e constante, necessário para uma adaptação bem-sucedida, é mantido por
forças opostas de restabelecimento, ou respostas adapctacionais que consistem num
extraordinário repertório de reacções físicas e psicológicas. Estas respostas tentam contrariar
os efeitos dos estressores ou factores indutores de Stress, de forma a restabelecer a homeostasia.

Acreditamos que no caso de mães com filhos diagnosticados com hidrocefalia pelo facto de a
criança ser submetida a uma cirurgia seja de que natureza for e algo ameaçador e causador de
stress por se desconhecer antecipadamente o desfecho da mesma. A mãe vivencia sentimentos
de medo e ansiedade resultantes do procedimento cirúrgico porém, sabe que possivelmente a
melhoria da criança depende do sucesso da operação.

Dizer que não é uma doença comum o que a torna mas complexa aos olhos dos familiares
particularmente os das mães que numa primeira instância são o elo de ligação mas próxima
com os filhos. Neste período a família (a mãe) vivenciam o famoso luto do filho perfeito ou
ideal o que as torna sensíveis levando-as a experimentarem sentimentos e emoções intensas
por alguma vez imaginados. Segundo vários estudos feitos as mães nestes períodos
desenvolvem vários quadros psicológicos como ansiedade, depressão, stress entre outros. O
que é normal devido a natureza da complexibilidade da doença. Torna-se preocupante quando
estes quadros evoluem para estágios mais avançados.

Neste sentido é importante que se dê atenção não só a criança mas também as mães criando um
vinculo entre os profissionais, paciente e família, maximizando as respostas ao tratamento,
tanto do ponto de vista físico como psíquico.

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Por estas e outras razoes resolvemos realizar este estudo com 30 mães encontradas no Centro
Neurocirúrgico e de Tratamento a Hidrocefalia em Luanda. Tendo como objectivo
compreender se as mães com filhos com hidrocefalia são acometidas pelo stress.

Sendo assim o nosso trabalho esta divido em quatro capítulos que estão interligados.

No primeiro capítulo apresentou-se a formulação do problema, questões científicas,


importância do estudo, objectivos preconizados, hipóteses, limitação e delimitação do estudo.

No segundo capítulo tratou-se da fundamentação teórica onde debruçou-se acerca da definição


de termos e conceito, história do stress, modelos explicativos, causas, classificação, tipos,
diagnóstico e tratamento da hidrocefalia.

Terceiro capítulo fizemos menção a metodologia utilizada e o quarto capítulo apresentamos a


análise, interpretação e discussão dos resultados e por fim a conclusão sugestão e referencias.

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CAPÍTULO I – PROBLEMA

1.1 Formulação do Problema

Toda doença afecta não só o físico e o psíquico da pessoa acometida por ela, como também a
família que são os prestadores de cuidados, e que têm uma grande influência no processo de
melhoria do paciente.

Este tema surgiu do número crescente de casos de hidrocefalia na capital do país, verificamos
que pouco se fala sobre esta problemática quer em livros, nos meios de comunicação social
bem como nas instituições de saúde. Notamos também que o número de crianças
diagnosticadas com Hidrocefalia no nosso país vem crescendo bastante o que acarreta consigo
implicações físicas, económicas e psicológicas para as mães que cuidam dessas crianças.

Percebemos também que os de profissionais de saúde têm focado sua atenção simplesmente na
criança doente, pouca ou nenhuma atenção dá-se às mães dessas crianças como tal,
esquecendo-se do impacto que o adoecer de um ente querido tem sobre a família e no caso da
hidrocefalia principalmente a mãe, visto que é ela que estará directamente envolvida nos
cuidados da criança desde as consultas á cirurgia que custa um valor muito alto que nem todas
elas têm condições de pagar o que pode representar um factor desencadeador do stress nessas
mães.

Observamos que há poucos recursos para resolução deste problema, o que nos entristeceu
bastante, em vista da demanda que há de casos de hidrocefalia no Centro Neurocirúrgico e de
Tratamento da Hidrocefalia o facto de existir apenas um centro especializado no país para o
tratamento da hidrocefalia constitui um problema pois, muitas mães partem de diferentes
pontos do país a procura do tratamento para seus filhos o que requer custos elevados, desde os
valores da passagem até á cirurgia.

Um outro factor que chamou a nossa atenção, é o facto de que as cirurgias no centro foram
interrompidas já há um mês, por falta de material para a realização das mesmas e como uma
forma de protesto para chamar atenção das entidades por direito para se responsabilizarem pelo
custa da cirurgia uma vez que o Estado (hospitais públicos) não dispõe de áreas especificas
para o tratamento da mesma, também acredita-se que nem toda mãe que tem um filho com
hidrocefalia tem a possibilidade de pagar os valores estipulados pelo que gira em torno

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150.000.00 sem contar com os casos em que a primeira cirurgia não traz o resultado esperado
que é a drenagem do líquido cefalorraquidiano, havendo necessidade de realizar uma nova
cirurgia o que significa mais 150.000.00.

Segundo o Diário da Republica OGE (2019), foi disponibilizado ao Ministério da Saúde um


valor de 346.000.000.00 para o tratamento de crianças com hidrocefalia e espinha Bífida. O
estado poderia subsidiar as cirurgias, mas apesar disso, não é esta a realidade observada nas
instituições hospitalares, o que diminui as chances de vida das crianças acometidas pela
hidrocefalia, levando um padecer psicológico das mães dessas crianças.

Constatamos que muitas mães têm que lidar com o diagnóstico e o tratamento sem o auxílio de
um psicólogo para ajudá-las a aliviar a angústia resultante de se ter um filho ou filha com
hidrocefalia. Isso despertou em nós o interesse de desenvolvermos o tema: Stress em mães com
filhos diagnosticados com Hidrocefalia.

Assim sendo levantamos a seguinte pergunta de partida:

Qual é o estado de mães com filhos diagnosticados com Hidrocefalia concernente ao


diagnóstico do Stress?

Assim sendo elaboramos as seguintes questões científicas:

 Será que mães com filhos diagnosticados com hidrocefalia são acometidas pelo Stress?
 Será que mães solteiras com filhos diagnosticados com hidrocefalia são mais
acometidas pelo Stress em relação as outras mães?
 Será que o desemprego influencia no aparecimento do Stress em mães de filhos
diagnosticados com hidrocefalia?

1.2 Justificativa

Toda experiência humana revela uma homogeneidade de pensamentos e emoções, sendo assim
faz sentido pensar que em situações de adoecimento de uma criança os pais, principalmente as
mães experimentem reacções de angústia, medo, ansiedade e stress.

Este tema é de suma importância para a sociedade pois, dará a conhecer a ela sobre o stress em
mães com filhos com hidrocefalia e desmistificará os tabus que estão em torno da hidrocefalia
e o stress esclarecendo a todos sobre as suas reais causas, sintomas e as diversas formas de

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manifestação e tratamento quanto a sua dimensão de forma a prevenir e ajudar as pessoas a


não desenvolver um quadro clínico grave.

A nível académico pensamos que este trabalho servirá de bases para futuras pesquisas na área
de psicologia e não só para os futuros estudantes da universidade que se interessarem em falar
do tema e entendemos que com tal terão abertura de falar de outros assuntos relevantes da
natureza do tema.

No âmbito pessoal este trabalho nos amadurecerá a nível académico e profissional pois as
informações que absorveremos nos tornará mais qualificadas para a nossa actuação no mercado
de trabalho.

1.3 Objectivos do estudo

Objectivo geral:

 Analisar o stress em mães com filhos diagnosticados com hidrocefalia no Centro


Neurocirúrgico de Tratamento de Hidrocefalia.

Objectivos específicos:

 Averiguar se as mães com filhos diagnosticados com hidrocefalia no Centro


Neurocirúrgico de Tratamento de Hidrocefalia são acometidas pelo stress.

 Comparar o stress em mães com filhos diagnosticados com hidrocefalia tendo em conta
o estado Civil.

 Verificar se o desemprego influencia no surgimento do stress em mães com filhos


diagnosticados com hidrocefalia.

1.4 Hipóteses:

H1- Mães com filhos diagnosticados com hidrocefalia são acometidas pelo stress.

H2- Mães solteiras com filhos diagnosticados com hidrocefalia são mais acometidas
pelo stress em relação as outras mães.

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H3- O desemprego influencia no surgimento do stress em mães de filhos diagnosticados


com hidrocefalia.

1.5 Limitação e delimitação do estudo

Durante a elaboração deste trabalho, nos deparamos potencialmente com várias limitações
como: A falta de material disponível sobre o tema no nosso país, a escala que usamos na coleta
de dados não está padronizada para a realidade angolana, dificuldade na recolha de dados por
parte das instituições públicas e privadas. Mas contudo o trabalho foi elaborado com sucesso e
está aberto a críticas desde que seja no sentido de melhorá-lo.

O estudo foi feito na província de Luanda, município de Belas no Centro Neurocirúrgico e de


Tratamento da Hidrocefalia no mês de Maio de 2019.

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CAPÍTULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Definição de termos

Para Lipp et ali (2001), o stress é definido como uma reacção do organismo, com componentes
físicos e/ ou psicológicos, causada pelas alterações psicológicas que ocorrem quando a pessoa
se confronta com uma situação que, de um modo ou de outro, a irrite, amedronte, excite ou
confunda, ou mesmo que a faça imensamente feliz.

Mãe: Para Tania Dias Queiroz (2003,p.167) mãe ” é a mulher que cuida e educa a criança a
partir do seu nascimento ou dos primeiros anos de vida. Seu papel e fundamental no
desenvolvimento físico e psicológico da criança, influindo também em sua maneira de se
relacionar afectiva e socialmente”

Hidrocefalia: conforme Jucá et.al (2002), a hidrocefalia nosológica definida como aumento da
quantidade de líquidos cefalorraquidiano dentro da caixa craniana, mormente nas suas
cavidades ventriculares, mas podendo ocorrer também no espaço subdural.

2.2 O Stress: Breve resumo histórico

Segundo Martins, L. M. M. et al (2000) desde a Pré-história, há o reconhecimento de que o


homem sofria exaustão após o trabalho, medo, exposição ao calor e frio, fome, sede, perda de
sangue ou doença. Tais situações deflagravam uma série de desfechos biológicos e
psicológicos, conhecidos hoje como stresse. Nesse sentido, visto que as condições sociais,
históricas e culturais influenciam na construção de um corpo de conhecimento, é importante
compreender a evolução do conceito de stresse ao longo dos anos.

Inicialmente, o stresse foi estudado pela Física e Engenharia e utilizado como um termo técnico
para designar forças que actuam sobre a mesma resistência, representando a carga que um
material pode suportar antes de romper-se. Posteriormente, foi considerado sinônimo de fadiga
e cansaço. Sobre isso, afirma-se que a palavra stresse é aplicada em diferentes áreas do
conhecimento e com conotações distintas, desde o stresse físico de uma peça mecânica até o
stresse psicológico no ser humano. Ibid, p.

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O conceito de stresse passou a ter relação com o conceito de força, esforço e tensão no século
XVIII e XIX. Nesse período, destaca-se a ocorrência da Revolução Industrial, caracterizada
pelo notável desenvolvimento econômico e deslocamento dos indivíduos do meio rural para o
urbano a fim de trabalhar nas fábricas, o que levou a modificações radicais nas condições de
vida da sociedade. No entanto, a miséria, o trabalho estafante e prolongado, as péssimas
condições de moradia e de alimentação persistiram. Martins, L. M. M. et al (2000)

Assim, iniciam-se as discussões sobre a saúde do trabalhador no mundo e ampliam-se aquelas


relacionadas ao stresse. Ainda no século XIX, Claude Bernard, fisiologista francês, destaca a
capacidade dos seres vivos em manter a constância de bem-estar e equilíbrio do organismo a
despeito das modificações externas. Os estudos desse fisiologista estabeleceram a existência
de mecanismos específicos para a proteção contra a fome, sede, hemorragia e agentes que
poderiam alterar os parâmetros normais de temperatura corpórea, pH sanguíneo, glicemia,
proteínas, gorduras e cálcio. Ibid, p.

2.3 Modelos explicativos para o stress

A literatura tem demonstrado que os modelos de stress variam ao longo do século XX na


definição de stress, no diferente ênfase atribuída aos factores fisiológicos e psicológicos e nas
descrições da relação entre os indivíduos e o seu meio ambiente (Ogden, 2004)

Eis a seguir alguns dos mais destacados modelos utilizados no estudo científico do stress:

2.3.1 Modelo transacional de Lazarus

Este modelo também chamado de modelo cognitivo sublinha a importância de processos


mentais de juízo para o stress, segundo ele as reacções de stress resultam da relação entre
exigências e meios, esta relação no entanto é mediada por processos cognitivos como o juízo
de valor, sendo assim, não apenas factores externos podem agir como stressores, mas também
os internos como valores e objectivos (Telles- Correia e Barbosa, 2009).

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A teoria transaccional de stress, desenvolvida por Lazarus e colaboradores (Folkman &


Lazarus, 1986; Folkman & Lazarus, 1988; Folkman & Lazarus, 1991; Lazarus, 1993),
evidencia a interdependência entre as cognições, as emoções e os comportamentos. Nesta teoria
destacam-se dois tipos de processos, a avaliação e o coping, que estão relacionados com a
conjugação que se estabelece entre o indivíduo e o meio (Serra, 2000).

Os processos mediadores de avaliação cognitiva incluem dois tipos de avaliação. O primeiro


está relacionado com a avaliação primária onde se considera o módulo. Avalia se é relevante
para o bem-estar pessoal do indivíduo e inclui três componentes distintas: a) a relevância
motivacional, que define até que ponto a situação ou encontro relacional aborda compromissos
ou assuntos importantes para a pessoa; b) a congruência motivacional que diz respeito ao ponto
a que a situação é consistente ou inconsistente com os desejos ou objectivos pessoais; c) o
envolvimento do “ego”, que avalia os diversos aspectos da identidade pessoal ou compromissos
pessoais. (Lazarus, 1991)

A segunda avaliação (avaliação secundária), a qual diz respeito às opções, recursos pessoais e
perspectivas de confronto para lidar com a situação, inclui três componentes principais: a) a
responsabilidade onde é avaliado “quem” e “o quê” vai receber os créditos ou será
culpabilizado pelos resultados da situação; b) o potencial de confronto para lidar com o
problema, que pode ser centrado ou no problema ou na revelação emocional; c) as expectativas
futuras, que se referem a uma avaliação das possibilidades de ocorrerem mudanças na situação,
real ou psicológica, que possam fazer com que a situação pareça mais ou menos congruente do
ponto de vista emocional. (Lazarus, 1991)

Após o processo de avaliação segue-se o processo de coping, o qual constitui o elemento central
na alteração da relação pessoa-ambiente, introduzindo modificações nas reacções emocionais,
na forma como a pessoa age e, finalmente, na relação pessoa-ambiente. A longo prazo, os
processos de coping têm efeitos sobre o bem-estar, funcionamento social e saúde física do
indivíduo (Lazarus, 1995).

O modelo proposto por Lazarus e colaboradores (Lazarus, 1991; Lazarus & Folkman, 1984)
tem a denominação de transaccional pelo facto de haver uma influência por parte do sujeito

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relativamente ao meio envolvente e vice-versa, bem como pelo facto da relação sujeito –
ambiente estar em constante alterações (Gomes, 1998).

Nas suas conceptualizações, Lazarus (1991, 1995), tende a abandonar as perspectivas do stress
psicológico para englobar numa perspectiva mais geral das emoções e da própria adaptação
humana. Deste modo, os processos mediadores de avaliação e de coping relacionam-se com as
divergências entre as emoções negativas distintas, com as diferenças entre emoções positivas
distintas, assim como também com a diferença entre fenómenos emocionais distintos. Assim,
passa a centrar-se nas emoções geradas no processo de adaptação individuo – ambiente e não
apenas no stress. Isto faz com que haja um maior conhecimento acerca do indivíduo e dos seus
esforços de adaptação à emoção ou emoções geradas.

2.3.2 Modelo de Síndrome Geral de Adaptação de Hans Selye

Hans Selye, (1936) o pai da investigação experimental sobre o stress, descobriu através de
investigação em animais que o stress daria origem a uma síndrome que consiste na degeneração
de estruturas linfáticas ulceração do trato gastrointestinal e aumento da actividade do córtex
supra-renal, posteriormente denominada de Síndrome de Adaptação Geral.

Selye (1936) denominou esta sucessão de reacções fisiológicas de Síndroma de Adaptação


Geral (SAG)., o SAG consiste em três estádios ou fases.

a) Fase de Alerta

Na primeira fase, a do alerta, o organismo se prepara para a reação de luta ou fuga, que é
essencial para a preservação da vida. Os sintomas presentes nesta fase se referem ao preparo
do corpo e da mente para a preservação da própria vida. A primeira etapa caracteriza-se pelo
aparecimento de reações fisiológicas, de forma a advertir o individuo que deve colocar-se
alerta. Respostas fisiológicas em relação a fase de alarme são:
 Aumento do rítimo respiratório
 Aumento rítimo cardíaco e da pressão sanguínea
 Conversão do açúcar e da gordura em glicose, de forma a proporcionar energia de forma
rápida.

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 Paragem da digestão, de modo a que o sangue seja dirigido para os músculos e para o
cérebro
 Enfraquecimento dos músculos dos intestinos e da bexiga.
 Aumento da transpiração e da salivação
 Tensão muscular
 Dilatação das pupilas
 Aumento da produção de hormonas pelo sistema endócrino

Quando a reacção de alarme é desencadeada com muita frequência ou tem um período de


ocorrência longa, o organismo permanece num estado constante de mobilização provocando
um estado de tensão crónica. Ibid, p.

b) Fase de resistência
Quando a fase de alarme se prolonga, entra-se na fase de resistência, caracteriza-se pelo esforço
que o organismo efectua no sentido de se adaptar ao stressor, alcançando-se uma melhoria e o
desaparecimento do sintoma e consequentemente uma menor resistência a outros estímulos.
De uma resistência prolongada ao stress produzem-se mudanças no sistema imunitário que
potenciam o aparecimento de infecções e podem surgir patologias como ulceras, hipertensão
arterial, doenças cardiovascular, hipertireoidismo e asma. Quando se verifica uma diminuição
da capacidade de resistência entra-se na fase de exaustão. Ibid, p.

c) Fase de exaustão
A fase de exaustão ocorre quando o stressor continua presente e o organismo esgota a sua
capacidade para se adaptar. Se o stressor for muito agudo voltam a surgir os sintomas
característico da fase do alarme e pode verificar-se a morte do individuo.

A resposta de stress necessariamente deve ser estudada nos seus aspectos físicos e psicológicos,
pois ela desencadeia não só uma série de modificações físicas, como também produz reações a
nível emocional. Na área emocional, o stress pode produzir desde apatia, depressão, desanimo,
sensação de desalento e hipersensibilidade emotiva até raiva, ira, irritabilidade e ansiedade,
além de ter o potencial de desencadear surtos psicóticos e crises neuróticas em pessoas
predispostas.

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As manifestações do stress também podem contribuir para a etiologia de várias doenças físicas
graves e afetar profundamente a qualidade de vida individual e de populações específicas.
Dentre as doenças psicofisiológicas estudadas que tem o stress presente em sua ontogênese,
seja como um fator contribuinte ou como desencadeador, encontram-se: hipertensão arterial,
úlceras gastro-duodenais, câncer, psoríase, vitiligo e retração de gengivas, dentre outras. Ibid,p

Embora Selye tenha identificado somente três fases do stress, no decorrer da padronização do
Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (Lipp, 2000), recentemente publicado
pela Casa do Psicólogo, uma quarta fase foi identificada, tanto clinica, como estatisticamente.

A esta nova fase foi dado o nome de “fase de quase-exaustão” por se encontrar entre a “fase de
resistência” e a “fase da exaustão”. Esta fase recém-identificada se caracteriza por um
enfraquecimento da pessoa que não mais está conseguindo se adaptar ou resistir ao estressor.
As doenças começam a surgir porém, ainda não tão graves como as da “fase da exaustão”.

Embora apresentando desgaste e outros sintomas, a pessoa ainda consegue trabalhar e actuar
na sociedade até certo ponto, ao contrário do que ocorre em exaustão, quando a pessoa para de
funcionar adequadamente e não consegue – na maioria das vezes – trabalhar ou se concentrar.

Os dados mostraram que a “fase de resistência”, como proposta por Selye, era muito extensa,
apresentando dois momentos distintos não caracterizados por sintomas diferenciados, mas sim
pela quantidade e intensidade dos sintomas.

Deste modo, no modelo quadrifásico de Lipp, a “fase de resistência” se refere à primeira parte
do conceito da “fase de resistência” de Selye, enquanto que a “fase de quase-exaustão” se refere
à parte final da mesma, quando a resistência da pessoa está realmente se exaurindo.

2.3.3 Modelo de reacção de Emergência Cannon-Bard

Este modelo sugere que as ameaças externas suscitavam as repostas de luta ou fuga, envolvendo
uma maior taxa de actividade e excitação. Cannon-Bard sugeriu que estas mudanças
fisiológicas permitem ao individuo escapar a fonte de stress ou então lutar. Dentro deste modelo
o stress foi defendido como uma resposta a stressores externos considerados
predominantemente fisiológicos. (Cannon citado por Lipp 2003).

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De acordo com Lipp na condição orgânica e psíquica em que todas as energias de uma pessoa
se encontram diante de um inimigo ou perigo o corpo mobiliza-se para atacar, ou fugir para um
lugar seguro essa condição permite ao homem sobreviver bastante para procriar.

2.3.4 Modelo dos acontecimentos da vida

Este modelo foi desenvolvido por Holmes e Rahe 1967 citado por Ogden (2204)
desenvolveram a teoria dos acontecimentos de vida para estudar o stress e as mudanças com
ele relacionada como resposta as experiencias da vida. Defende que os acontecimentos da vida
desempenham um papel central nas reacções do stress, o qual por sua vez traz efeitos para o
estado de saúde. Esses acontecimentos podem ser positivos e negativos Ex: ir de ferias ou a
perde de um familiar, sendo que o individuo interage com estes de forma activa e não passiva.

É importante realçar que neste modelo o individuo tem a percepção de controlo sobre si mesmo
e qual é o grau de adaptação percepcionado ou seja, o modelo considera os acontecimentos da
vida como entidade independente e no entanto eles podem relaciona-se uns com os outros ex.
a perda do emprego pode desencadear problemas conjugais.

Este modelo tem como bases seguintes: os esforços requerido aos indivíduos ao se ajustar as
mudanças significativas na sua vida, promovam desgastes que se atingir determinados níveis,
podem provocar sérios danos a sua saúde. O mesmo explica a relação existente entre os
acontecimentos negativos da vida e o stress. O autor defende a influência dos factores sociais
como desemprego, pobreza, o fracasso e perda de bem na vida como elementos desencadeantes
do stress (Bandeira 2013)

2.4 Causas do stress

Segundo Malagris e Fiorito 2006 citado por Segantin e Maia (2007, p.2) descre que qualquer
evento que confunda, amedronte ou excite a pessoa como os estímulos e origens internas como
cognições do individuo, seu modo de ver o mundo, seu nível de assertividade, suas crenças e
valores, características pessoas, seu padrão de comportamento, suas vulnerabilidades, sua
ansiedade e seu esquema de relação com a vida ou os de origem externas podem levar os
indivíduos ao stress.

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Neste sentido Carvalho e Serafim 2002 citado por Segantin e Maia (2007, p.21) reforçando a
ideia dos autores defendem que os factores internos que podem levar o individuo a stress são a
relação que o mesmo tem com meio em que vivem como enfrentam as dificuldades, já os
factores externos referem-se aos acontecimentos da vida da pessoa como dificuldade
financeira, mortes, doenças, conflitos nos relacionamentos conjugais, desemprego a exceção
profissional, problemas de relacionamento no trabalho entre outros.

Por outro lado de acordo com Yepes (2006, p.28) existem outros factores tais como químicos,
físico e emocionais que também levam ao stress:

 Factores Químicos

- Alimentação deficiente, dietas incorrectas, bebidas alcoólicas.


- Estimulantes, insuficiência vitamínica.
- Açúcar por excesso, sal em excesso, cafeina por excesso, carne vermelha por excesso.

 Factores Físicos

- Desequilíbrio da saúde, hospitalização, acidentes, ambiente inadequado.


- Moradias sem condições, falta de repouso, poluição, pobreza. Yepes (2006)

 Factores Emocionais

- Ansiedade, medo, culpa, odio, perde de um ente querido, conflitos não resolvidos.
- Sobrecarga no trabalho, frustração, conflitos familiares. (Ibid p.28)

2.5 Stress Positivo e Stress Negativo

Segundo (Hargreaves 2001, p. 8) o stress faz parte da nossa vida, quando bem gerido pode ter
efeitos positivos e quando mau gerido ignorado pode ser destrutivo. O mesmo é considerado
como a resposta do corpo as exigências que lhe são feitas.

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De acordo com Fiamoncine (2003) citado por Lima (2005) realça que Eustress surge no
memento em que o corpo necessita de um certo nível de desempenho das funções orgânicas e
psíquicas. Em relação ao estado emocional, o Eustress motiva e estimula o individuo.

O stress negativo ou Distress é provocado por stress excessivo, onde o individuo ultrapassa os
limites, esgota sua capacidade de adaptação e o seu organismo fica destituído de nutrientes,
reduzindo a energia mental, prejudicando sua capacidade de trabalho e qualidade de vida,
fazendo com que o individuo fuja da situação. (Matos 2010).

2.7 Sintomas do stress

Segundo Sutton (2008) os sintomas mais comuns no stress podem ser fisiológicos, psicológicos
e comportamentais.

2.7.1 Sintomas fisiológicos:

 Dores de cabeça repentinas


 Incapacidade de relaxar ou dormir normalmente
 Pescoço e ombros tensos
 Fadiga estrema
 Problemas gastrointestinais incluindo a obstipação, indigestão e diarreia
 Perda de apetite
 Palpitações
 Pulso acelerado
 Aperto no estomago ou peito
 Dificuldades respiratórias
 Mãos frias e húmidas
 Tremor nas mãos
 Boca seca
 Ataques de ansiedade
 Sensação de fraqueza
 Problemas de memória
 Problemas de pele

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 Problemas menstruais

2.7.2 Sintomas Psicológicos

 Sensação de abandono
 Sensação de desespero
 Sensação constante de tensão
 Cansaço e apatia
 Fúria ou choro
 Irritabilidade ou agressividade
 Baixa autoestima e falta de confiança
 Agitação psicomotora

2.7.3 Sintomas Comportamentais


 Protelação
 Perfeccionismo
 Tendência para falar depressa
 Dificuldade de concentração
 Indecisão
 Reacção excessiva face a questões triviais
 Introversão ou necessidade de estar só
 Refugio na comida ou bebida compulsivamente
 Aumento de acidentes

2.8 Mecanismo de adaptação ao Stress

As pessoas, durante toda a sua vida, vivenciam situações de Stress e tentam lidar com essas
realidades de diversas maneiras. A tensão emocional e física que acompanha o Stress é bastante
desconfortável e provoca grandes incómodos. É desta maneira que as pessoas sentem que têm
de fazer algo para reduzir o seu Stress. Este «algo» que as pessoas fazem, é o que está envolvido
nos mecanismos de coping ou de adaptação ao Stress (Sarafino, 1994).

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O Stress envolve uma discrepância entre as exigências de uma dada situação e os recursos do
sujeito perante essa situação. Os mecanismos de coping são processos através dos quais os
sujeitos tentam gerir essa discrepância, entre as exigências a que são submetidos e os recursos
que possuem, em situações de stress. É um esforço para reduzir ou neutralizar os efeitos e ou
causas do stress, avaliando as situações, diminuindo as preocupações de determinado sujeito
sobre as discrepâncias referidas (Lazarus, 1987; Lazarus, & Folkman, 1984).

Os esforços de combate ao Stress, são variados e não levam necessariamente à solução do


problema. Contudo, as pessoas combatem o stress através de trocas cognitivas e
comportamentais com o meio. Muitas das vezes, estas trocas levam os sujeitos a tolerar, aceitar,
fugir ou ver de uma perspectiva diferente a percepção do factor de stress (Moss, & Schaefer,
1986; cit. por Sarafino, 1994).

Os mecanismos de coping, não são um acontecimento único e envolvem trocas contínuas com
o meio, encarando-se como tal, como um processo dinâmico. Estas formas de adaptação ao
stress, servem duas funções principais:

 A primeira tentar alterar o problema que causa a situação de Stress


 A segunda regula a resposta emocional ao problema.

É desta maneira que se pode dizer que o coping focado no problema, refere-se à capacidade de
reduzir as exigências da situação de stress ou de expandir os recursos para lidar com ela. Temos
como exemplo, alguém que deixa um emprego com problemas e tenta um outro tipo de
actividade ou trabalho, ou um doente que procura o médico ou o psicólogo. Este tipo de atitude
face ao stress, é mais utilizada quando o sujeito acredita que a situação pode ser alterada
(Lazarus, & Folkman, 1984).

O coping focado nas emoções, refere-se ao controlo da resposta emocional perante a situação
de stress. O sujeito pode regular as suas respostas emocionais através de abordagens cognitivas
e comportamentais, como negar factos desagradáveis ou vê-los de uma perspectiva melhor,
consumir álcool ou drogas, procurar apoio psicossocial, praticar desporto ou desfocar-se do
problema. Esta aproximação ao Stress é mais utilizada quando os sujeitos acreditam que nada
podem fazer para alterar a situação de Stress (Lazarus & Folkman, 1984).

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Stress em Mães com filhos Diagnosticados com Hidrocefalia
Edna Patrícia F. Sebastião e Zita Mendonça M. Tomé / 2019

2.9 Hidrocefalia

Para entender a Hidrocefalia, é preciso compreender os mecanismos fisiológicos envolvidos


no processo de produção e absorção de líquido no cérebro.

Segundo Cavalcanti e Salomão (2003), o Sistema Nervoso Central (SNC) é completamente


envolvido pelo líquido cefalorraquidiano (LCR) ou liquor, produzido nos ventrículos, cuja
função é proteger mecanicamente o cérebro e a medula espinhal, amortecendo choques contra
a superfície interna do crânio, geralmente, esse líquido circula através dos diferentes segmentos
cerebrais, por entre suas camadas de revestimento e pelo canal espinal, para então ser absorvido
dentro do sistema circulatório.

De acordo com Jucá et al (2002) A hidrocefalia é entidade nosológica definida como aumento
da quantidade de líquido cefalorraquidiano dentro da caixa craniana, mormente nas cavidades
ventriculares, mas podendo ocorrer também no espaço subdural. Sua principal consequência
clínica imediata é a hipertensão intracraniana, apresentando se também como manifestação de
algum estado mórbido subjacente como tumores, infecções a qual muitas vezes exige pronto
tratamento cirúrgico. Grande parte dessas doenças acomete tipicamente a faixa etária infantil,
o que coloca a hidrocefalia como assunto de particular interesse para a Neurocirurgia
Pediátrica.

2.9.1 Classificação

Dandy e Blackfan, (1914) dividiu-a em dois tipos: a hidrocefalia obstrutiva e a hidrocefalia


comunicante ou não obstrutiva. Na hidrocefalia obstrutiva existe resistência ou obstrução ao
livre fluxo liquórico em algum ponto do sistema ventricular, enquanto na hidrocefalia
comunicante não há obstrução, este tipo de hidrocefalia é resultante do aumento da produção
do liquor ou da diminuição da sua reabsorção.

2.9.2 Causas

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Stress em Mães com filhos Diagnosticados com Hidrocefalia
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As causas para a hidrocefalia congênita são variadas. Pode-se citar entre as mais frequentes a
estenose do aqueduto cerebral, que corresponde a aproximadamente 10% dos casos
(Kirkpatrick et al, 1989), causando uma hidrocefalia supratentorial que se tornou o paradigma
da hidrocefalia do tipo obstrutiva. Agrupa diferentes anomalias aquedutais, a saber: a estenose
propriamente dita, bastante rara; a atresia ou forking; a oclusão gliótica membranosa; e a gliose
periaquedutal (Gutierrez, 2006).

As infecções congênitas representam também uma causa frequente de hidrocefalia congênita,


principalmente em países em desenvolvimento como o Brasil, onde pode corresponder a até
11% dos casos (Cavalcanti e Salomão, 2003).

Dentre as infecções destacam-se a toxoplasmose e as infecções virais, como a citomegalovirose


e a rubéola. A toxoplasmose congênita constitui a causa infeciosa isolada mais comum, sendo
que os achados mais frequentes são classificações intracranianas múltiplas, além de
coriorretinite e retardo do desenvolvimento neuropsicomotor (RDNPM), presente em 51% dos
pacientes (Safadi et al, 2003).

Na rubéola congênita esta taxa situa-se em 12,5 % (Lahbil et al, 2007).

2.9.3 Sinais e Sintomas

Os sinais e sintomas da hidrocefalia variam de acordo com a faixa etária do paciente, a causa
primária ou doença de base, a presença de outras malformações ou lesões cerebrais associadas,
dimensão da obstrução ao trânsito liquórico e nível da pressão intracraniana. No recém-nascido,
a irritabilidade, letargia, vômitos e um crescimento anormalmente rápido da calota craniana
são os achados mais comuns. A aferição periódica do perímetro cefálico é muito importante na
suspeita de hidrocefalia, lembrando que estudos radiológicos têm mostrado que existem casos
que a dilatação ventricular anormal e aumento da pressão intracraniana podem preceder a
macrocrania. (Cunha 2014, p.89)

A forma aguda tem uma evolução rápida e progressiva, com a presença de cefaleia, vômitos,
sintomas oculomotores, deterioração do nível de consciência, convulsões e edema de papila. A

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forma crônica caracteriza-se por cefaleias ocasionais, que lenta e progressivamente vão se
tornando mais frequentes, vômitos matinais, progressiva deterioração da marcha, atraso no
desenvolvimento neuropsicomotor e alterações comportamentais Alguns pacientes apresentam
progressivo comprometimento da acuidade visual (Ibidem p.90).

2.9.4 Diagnóstico

O diagnóstico da hidrocefalia pode ser feito por meio da detecção dos principais sinais e
sintomas, irritabilidade, aumento da circunferência do crânio, diminuição da coordenação
motora, espasticidade dos membros inferiores, dilatação 20 das veias do couro cabeludo,
comprometimento neuromotor e escoliose (Bilate, 2014). Ainda durante a gestação, o
diagnóstico de hidrocefalia pode ser realizado por meio da ultrassonografia convencional,
sendo este é um método eficaz e não invasivo (Luccas et al., 2015).

Segundo Ballestero (2016) para o diagnóstico da hidrocefalia em crianças recorre- se á exames


diagnósticos como: A ultrassonografia, a tomografia computadorizada e a ressonância
magnética. Estes exames também podem elucidar as causas etiológicas da hidrocefalia e
direccionar o seu tratamento. A tomografia computadorizada pode ser o método de escolha
preferencial pois, é breve, acessível e pode ser realizada em pacientes que estejam em
monitoramento intensivo. No caso da ultrassonografia, a sua utilização ocorre, principalmente
em paciente com idade entre 12 a 18 meses, uma vez que a fontanela ainda está patente.

2.9.5 Tratamento da hidrocefalia

De acordo com Smeltzer e Bare (2015) o tratamento da hidrocefalia envolve: o tratamento


clínico e cirúrgico. O tratamento cirúrgico baseia-se na colocação de um shunt para diminuir a
pressão causada pelo líquido em acúmulo. A metodologia terapêutica depende do tipo e da
expansão da anomalia, do estado do lactente, das anormalidades anexas, dos anseios da família
da disponibilidade e probabilidade de reabilitação. O enfoque multidisciplinar à assistência
destes lactentes é feito por uma equipe composta por profissionais de enfermagem,
neurologista, neurocirurgião, pediatra, ortopedista, urologista e fisioterapeuta.

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As afecções que exibem maior taxa de sucesso para o tratamento são a hidrocefalia conexa
com tumores da fossa posterior e lesões císticas. As taxas de sucesso inferiores foram notadas
em casos de mielomeningocele, hemorragia intraventricular e ventriculites. Todavia, piores
resultados são mais comuns em recém-nascidos prematuros em conferição com os seus
homólogos a termo (Melo; Alves; Leite, 2012).

Segundo Jucá et al. (2002), houve um avanço significativo e determinante na história do


tratamento da Hidrocefalia através da introdução do uso de drenagens valvuladas com o
objectivo de derivar o líquido em excesso nos ventrículos cerebrais para outras cavidades
corporais. Com isso, foi verificada marcante diminuição da mortalidade e da morbidade em
crianças hidrocéfalas após a introdução dessa modalidade de tratamento.

2. 10 A Inserção da Família na Assistência

O diagnóstico de uma criança portadora de doença crônica, como é o caso da hidrocefalia,


concebe um impacto intenso, pondo em risco o equilíbrio individual e bem-estar familiar. A
confirmação do diagnóstico causa nos pais sentimentos de aflição e negação, levando-os a
buscar por confirmações, pondo a criança a métodos de diagnósticos em hospitais que usam
diversos exames agressivos, rodeadas de pessoas estranhas e em um ambiente inteiramente
estranho (Muniz; Paiva; Araújo, 2015).

Na pesquisa científica dos autores Rocha et al., (2015), as famílias de crianças com hidrocefalia
destacaram o choque ao saber do diagnóstico, uma vez que ocorre um sentimento de
desesperança quanto a possível melhora das condições clínicas. A falta de informações sobre a
hidrocefalia também causa tensão nos familiares, que não sabem como proceder diante das
necessidades da criança.

A angústia, tristeza e estresse são constantes nos familiares cuidadores, uma vez que a
hidrocefalia torna a criança dependente dos cuidados domiciliares e das constantes visitas ao
hospital. Os pais, no geral, são os que mais sofrem com o diagnóstico, uma vez que perdem o
sentimento de idealização do filho saudável. Ocorre, o sentimento de negação, dificultando o
enfrentamento do problema. Com o passar do temo os familiares passam a aceitar a condição
do filho e adaptam-se às suas necessidades. Após a aceitação, algumas mães passam a se
dedicar integralmente ao filho, deixando outras atividades e interações afetivas e sociais em
segundo plano (Costa; Veloso; Feitosa, 2013)

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CAPÍTULO III – METODOLOGIA

3.1 População e amostra


O termo população ou universo refere-se a totalidade de pessoas que habitam uma determinada
área geográfica ou o conjunto de elementos que compõe o objecto do nosso estudo (Oliveira,
2010,p.87)

Para o nosso estudo a população alvo é constituída por 300 mães com filhos com hidrocefalia
no Centro Neurocirúrgico e de Tratamento da hidrocefalia em Luanda.

Segundo Brodanov e Freitas (2013, p. 98) a amostra refere-se ao subconjunto do universo ou


população por meio do qual estabelecemos as características desse universo.

No universo de 300 mães foram avaliadas 30 mães com intervalo de 18 a 44 anos.

3.2 Variáveis de estudo

3.2.1 Variáveis independente

 Estado Civil
 Desemprego

3.2.2 Variável Dependente


 Stress

3.3 Técnicas e Instrumentos


Para estudo utilizamos as seguintes técnicas: observação e entrevista.
No que tange à avaliação do stress, embora existam outros inventários para a sua avaliação em
adultos o mais utilizado e também utilizado neste estudo é o Inventário de Sintomas de Stress
para Adultos de Lipp (ISSL).

A versão original do Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp – ISSL, validado
e padronizado para o Brasil pela autora, foi publicada em 2000. Desde então, além da grande
utilização na clínica, as pesquisas sobre o stress têm feito um uso sistemático do ISSL.

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O estudo publicado por Reinhold citado por Lipp revelou que 61,2% de cerca de 129 pesquisas
apresentadas no Congresso Brasileiro sobre o Stress fizeram uso do ISSL, comprovando a
aceitação e a utilidade deste instrumento de mensuração do stress. O ISSL foi traduzido para o
inglês e para o espanhol, sendo amplamente utilizado em pesquisas de outros países.

O Inventário cujos direitos de publicação em língua portuguesa são exclusivos da Casa do


Psicólogo, São Paulo – Brasil, é composto de 53 itens distribuídos em quadros por sua vez
subdivididos em 1a, 1b, 2a, 2b e 3a, 3b.

Assim, o quadro 1a apresenta 12 itens relativos aos sintomas físicos experimentados nas 24
horas anteriores à aplicação do Inventário, o quadro 1b apresenta 3 itens relativos aos sintomas
psicológicos, o quadro 2a apresenta 10 itens relativos aos sintomas físicos experimentados na
semana anterior à aplicação do Inventário, o quadro 2b apresenta 5 itens relacionados aos
sintomas psicológicos, o quadro 3a apresenta 12 itens relacionados aos sintomas físicos
experimentados no mês anterior à aplicação do Inventário.

Finalmente o quadro 3b apresenta 11 itens relacionados aos sintomas psicológicos, perfazendo


um total de 53 itens (15 no primeiro, 15 no segundo e 23 no terceiro quadro).

Cada quadro refere-se a uma das fases do stress. Portanto, o quadro 1 à fase de alerta, o quadro
2 à fase de resistência e o quadro 3 à fase de exaustão.

Além do inventário de LIPP, utilizamos também um questionário demográfico para cobrir


algumas questões que deram suporte aos nossos objectivos.

3.4 Tipo e modelo de estudo


Exploratório-descritivo segundo Marconi e Lakatos (2003 citado por Eduardo e Dalas 2015,
p.30) estudos exploratório descritivo são estudos exploratórios cujo objectivos e de descrever
determinado fenómeno. De acordo com os autores este estudo é de caracter importante uma
vez que se dá precedência do caracter representativo sistemático, e em consequência, os
procedimentos de mostragem são flexíveis. A nossa pesquisa é do tipo qualitativo.

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3.5 Métodos de estudo


a. Método hipotético-dedutivo: desenvolvido por Karl Popper, segundo o autor neste
método científico inicia-se com um problema ao qual se faz corresponder uma solução
provisória através de uma teoria-tentativa, passando depois a criticar a solução, tendo
em vista a eliminação do erro.( Freixo, 2012)

b. Método Comparativo: este método foi desenvolvimento por Tyler e procura


identificar similitudes entre grupos, pessoas, sociedade, organizações etc. Ele se propõe
a explicar o fenómeno por meio da analise completa de seus elementos. Gonçalves
(2003, p.43)

c. Método Estatístico Os processos estatísticos permitem obter, de conjuntos complexos


representações simples e constatar se essas verificações simplificadas têm relações
entre si. Assim, o método estatístico significa redução de fenômenos sociológicos,
políticos, econômicos etc. a termos quantitativos e a manipulação estatística, que
permite comprovar as relações dos fenômenos entre si, e obter generalizações sobre sua
natureza, ocorrência ou significado. (Lakatos, 1981).

d. Estudo no campo: segundo Marconi e Lakatos (2003 citado por Eduardo e Dala 2015
p.30) consiste na observação de factos e fenómenos no meio natural a que o sujeito da
pesquisa esta inserido com objectivo de obter informação que se quer provar ou
descobrir fenómenos novos.

3.6 Procedimentos
Ao 15 de Maio de 2019, a Universidade Óscar Ribas dirigiu um ofício a solicitar autorização
Exmo. Senhor director do Centro Neurocirúrgico e de Tratamento da Hidrocefalia para que
fosse dado o consentimento as finalistas do curso de Psicologia Clinica Edna Patrícia Fernando
Sebastião e Zita Mendonça Maquina Tomé a realizarem pesquisa de campo neste centro com
tema Stress em mães com filhos com Hidrocefalia. Passando algum tempo o pedido foi aceite
e demos início a recolha de dados.

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Stress em Mães com filhos Diagnosticados com Hidrocefalia
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3.7 Dificuldades
Ao decorrer da recolha de dados nos deparamos com algumas dificuldades de várias ordens
como todo e qualquer trabalho científico. A primeira dificuldade tem a ver com a falta de
predisposição por parte de algumas mães em tecer algumas considerações a quando das
entrevistas, outra dificuldade tem a ver com nível de escolaridade de algumas mães era básico
ou nenhum, o que dificultou a compreensão das questões descritas no inventário. Tivemos
dificuldades também na obtenção da recarga da internet mas, apesar dessas dificuldades

3.8 Caracterização da instituição


Conhecido em 2008, como Centro de Atenção à Hidrocefalia e Espinha Bífida, em resposta à
grande demanda de crianças recém-nascidas, Lactantes e menores de 5 anos, acometidas de
Hidrocefalia, Espinha Bífida, tumores cerebrais e outras doenças afins, no sentido de
preencher o vazio conjuntural, bem como evoluir no contexto do nosso sistema nacional de
Saúde Pública.

Seus antecedentes como projecto Social no âmbito Neurocirúrgico tiveram início no ano 1998.
Tendo conhecido uma rápida aceitação pública e evolução progressiva.

A visão e missão diminuir a morbi-mortalidade à hidrocefalia e doenças afins e evoluir para


um Centro de utilidade Pública e polo de especialização:

1-Redução da morbi-mortalidade em crianças portadoras de:


 Hidrocefalia / Sub-programa Hidrocefalia – Espinha Bífida
 Espinha Bífida e Crânio Bífido
 Tumores Cerebrais / Sub-programa Tratamento Tumores Cerebrais.
 Lesões craniofaciais (inclui Lábio Leporino)
 Outras má-formações congênitas.

2-Abordagem Cirúrgica Evolutiva à:


 Atenção Neurocirúrgica à Epilepsia em crianças ( Ex. Tanzânia)
 Formação de Internos de especialidade Neurocirúrgica.
 Pesquisa, intercambio Neurocirúrgico e atração de Know-How.
 Desanuviar a pressão Assistencial em Hospitais centrais.

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Objectivo

1-Minimizar o impacto negativo das listas de espera.

2-Providenciar resposta médico-cirúrgica precoce.

3-Promover a reabilitação multidisciplinar.

4-Influenciar a Prevenção e promoção.

5-Abordagem Evolutiva à cirurgia-coluna-Tumores-Endoscop e outras.

6-Contribuir na Formação Especializada.

7-Pesquisa Científica e intercâmbio académico.

8-Cooperar com parceiros nacionais e internacionais.

9-Evoluir para um Centro de Utilidade Pública.

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CAPÍTULO IV – APRESENTAÇÃO, INTERPRETAÇÃO E DISCUSSÃO


DOS RESULTADOS

No presente capítulo fez apresentação, analise e interpretação quantitativa dos dados obtidos,
através do inquérito dirigido as mães de filhos com hidrocefalia no Centro Neurocirúrgico e
Tratamento da Hidrocefalia em Luanda, o que permitiu tirar as conclusões e por conseguinte a
formulação de algumas sugestões.

4.1. Dados sociodemográficos da amostra

Tabela nº1 – Distribuição das inqueridas por idade

Faixa etária Frequência %


15-19 2 6,7
20-24 4 13,3
25-29 10 33,3
30-34 5 16,7
35-39 7 23,3
40-44 2 6,7
Total 30 100

Na tabela 1 verificou-se que as mães componentes da amostra referiram estar maioritariamente


na faixa etária 25-29 apresentando 33,3%. Os extremos foram as faixas etárias 15-19 e 40-44
com 6,7% cada.

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Stress em Mães com filhos Diagnosticados com Hidrocefalia
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Tabela nº2 – Distribuição segundo o estado civil

Estado civil Frequência %


Solteiras 8 26,7
Casadas 8 26,7
Vivência marital 5 16,6
Divorciadas 2 6,7
Separadas 1 3,3
Viúvas 2 6,7
Não indicado 4 13,3
Total 30 100

Como se pode ver na tabela acima, quanto estado civil, houve um equilíbrio entre as que
referiram ser casadas, 26,7%, e as que referiram ser solteiras, 26,7%. As separadas
representaram 3,3%.

Tabela nº3 – Distribuição da amostra quanto ao nível de escolaridade

Nível de Escolaridade Frequência %


Sem escolaridade 4 13,3

Primário e 1º Ciclo 5 16,7

Secundário/2º Ciclo/Médio 11 36,7

Licenciatura 3 10
Mestrado 1 3,3

Doutoramento 1 3,3

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Não indicado 5 16,7

Total 30 100

Relativamente ao nível de escolaridade das mães participantes do estudo, pode ver-se que
36,7% referiram ter o Ensino Médio seguidas das que referiram ter o 1º Ciclo e das que não
indicaram com 6,7% cada. As que referiram ter o mestrado e o doutoramento representam 3,3%
cada.

Tabela nº4 – Distribuição de acordo com a situação laboral

Situação laboral Frequência %

Empregadas 9 30

Desempregadas 11 36,7

Trabalho por conta própria 7 23,3

Aposentadas 1 3,3

Não indicada 2 6,7

Total 30 100

Neste quesito, 36,7% das mães referiram estar desempregadas seguidas das que estão
empregadas com 30%. A terceira maior percentagem refere-se às que aludiram trabalhar por
conta própria. As aposentadas representaram 3,3%.

Tabela nº5 – Com quem mora?

Com quem mora? Frequência %

Apenas com os filhos 6 20

Com os filhos e o marido 17 56,7

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Com os pais 6 20

Não indicado 1 3,3

Total 30 100

No que tange ao tópico acima, a maioria das mães da amostra referiu morar com o marido e os
filhos, um total de 56,7%, seguidas das que aludiram morar com os pais e/ou apenas com os
filhos com 20% cada. As que não indicaram representam 3,3%.

4.2 – Exploração do teste de significância – Qui-quadrado.

A técnica estatística “Qui-quadrado” é utilizada para verificar a diferença entre as frequências


técnicas e esperadas, determinar o nível de significância e tomar decisão sobre as hipóteses
formuladas com a fórmula:

 f  fe 
2

x 2
 o

fe
Onde:
x 2 : Qui-quadrado
f 0 : Frequência observada
f e : Frequência esperada
∑: Somatório

Princípio do teste de qui-quadrado:


a) Hipótese nula (Ho).
b) Hipótese alternativa (Ha).
Aceita-se a hipótese nula quando o qui-quadrado calculado é inferior ao qui-quadrado tabelado
para uma significância (α) alfa. Caso contrário rejeita-se a hipótese nula.

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Stress em Mães com filhos Diagnosticados com Hidrocefalia
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Tabela nº6 – Hipótese nº1 – O stress acomete as mães de filhos com hidrocefalia

Σ(fo-fe)2
Sintomas manifestados F.O. F.E. -------------
Fe
Problemas com a memória 7 9,2 0,5
Sensação de desgaste físico constante 6 9,2 1,1
Cansaço constante 4 9,2 3
Sensibilidade emotiva excessiva 17 9,2 6,6
Irritabilidade excessiva 15 9,2 3,6
Diminuição da libido 6 9,2 1,1
Total 55 15.9

Diagnóstico Frequência %
Sem stress 17 56,7
Com stress 13 43,3
Total 30 100

Fases Frequência %

Alerta 1 7,7

Resistência 10 76,9

Quase-Exaustão 1 7,7

Exaustão 1 7,7

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Total 13 100

Sintomas Frequência %

Psicológicos 7 54

Físicos 6 46

Total 13 100

Apresentação dos resultados: X² Cal = 15,9> X² tabelado = 12,592 com 95% do intervalo de
confiança, α = 0,05, com grau de liberdade (GL) = 5 e n = 6.

Com base nestes resultados, pode verificar-se que as mães de crianças com hidrocefalia, que
fizeram parte da amostra, estão acometidas pelo stress porque existem diferenças significativas
entre os sintomas apresentados pelas mães pois, apresentaram diagnóstico positivo de stress
quando comparados aos apresentados pelas mães que não apresentaram diagnóstico positivo.
Deste modo, a nossa hipótese de pesquisa foi confirmada e a hipótese nula foi refutada.

Discussão dos resultados: Através dos dados obtidos acima, concluímos a hipótese segundo
o qual as mães de crianças diagnosticadas com hidrocefalia são acometidos pelo stress,
resultados que vão de acordo ao estudo feito por Sandra Cairo (2014) em mães/cuidadoras de
crianças e adolescentes com doenças neurológicas com o tema um estudo sobre a frequência
do estresse e factores estressores em mães/cuidadoras. Onde teve como amostra 53 mães/
cuidadoras de crianças/adolescentes com idades entre 2 e 12 anos. Onde os resultados
demonstraram a presença de níveis de estresse em 86,8% das entrevistadas.

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Stress em Mães com filhos Diagnosticados com Hidrocefalia
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Tabela nº7 – Hipótese nº2 – As mulheres solteiras da amostra são mais afectadas pelo
stress.

Σ(fo-fe)2
Sintomas manifestados F.O. F.E. -------------
Fe
Dúvidas quanto a si própria 2 6 2,7
Aumento de sudorese 8 6 0,7
Tensão muscular 6 6 0
Problemas estomacais 6 6 0
Irritabilidade excessiva 8 6 0,7
4,1
Total 30

Apresentação dos resultados X² Cal = 4,1< X² tabelado = 11,070 com 95% do intervalo de
confiança, α = 0,05, com grau de liberdade (GL) = 4 e n = 5.

Com base nestes resultados, pode verificar-se que as mães solteiras de filhos com hidrocefalia,
que fizeram parte da amostra, não são as mais afectadas pelo stress porque não existe diferença
em relação as mães casadas o que refuta a nossa hipótese. Da análise do quadro nº 3, observa-
se que o stresse continua a ser a dimensão percepcionado como sendo as mais afectada, com
uma média mais elevada para o estado civil de solteira e casada com uma (M=26%). Não
apresentando uma diferença significativa.

Discussão do resultado: No geral, estes resultados deste estudo vêm contrariar estudos
anteriores feito por Ferreira Carla em 2011 Intervenção com Mães de Crianças Hospitalizadas.
As mulheres casadas apresentam uma maior incidência de doenças mentais (stresse), do que as
solteiras, exceptuando-se as mulheres separadas ou divorciadas (Silva,1999). Estes dados estão
de acordo com o estudo, as mães casadas foram as que apresentaram uma média mais elevada

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Stress em Mães com filhos Diagnosticados com Hidrocefalia
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de ansiedade, as mães divorciadas apresentaram uma média maior na depressão e o stresse


esteve mais presente nas mães viúvas.

Tabela nº8 – Hipótese nº3 – As mães desempregadas da amostra apresentam maiores


índices de stress.

Σ(fo-fe)2
Sintomas manifestados F.O. F.E. -------------
Fe
Insónia 9 6,6 0,9
Mãos e pés frios 4 6,6 1
Cansaço excessivo 7 6,6 0,02
Vontade de fugir de tudo 3 6,6 2
Perda do senso de humor 10 6,6 1,7
5,62
Total 33

X² Cal = 5,62> X² tabelado = 11,070 com 95% do intervalo de confiança, α = 0,05, com grau
de liberdade (GL) = 4 e n = 5.

Discussão dos resultados: Nos resultados obtidos pode-se verificar que as mães de crianças
com hidrocefalia que estão desempregadas, que fizeram parte da amostra, não são as que
apresentaram maiores índices de stress porque não houve diferença estatisticamente
significativas entre os sintomas apresentados por elas quando comparados às outras mães da
amostra.

Deste modo, a nossa hipótese de pesquisa foi refutada e a hipótese. Por sua vez nossos
resultados divergem do estudo realizado por Luís Maria (2016) cujo objectivo prendia-se em
avaliar se a situação actual de emprego influencia o aparecimento do stress em mães
cuidadoras. Onde verificou que mães desempregadas apresentam um nível de stress superior
às mães que possuem um emprego.

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Stress em Mães com filhos Diagnosticados com Hidrocefalia
Edna Patrícia F. Sebastião e Zita Mendonça M. Tomé / 2019

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho foi realizado com o objetivo de obter um dos requisitos finais para a
conclusão da Licenciatura em Psicologia Clinica, da Universidade Óscar Ribas. O estudo de
investigação foi denominado “Stress em mães com filhos diagnosticados com Hidrocefalia.

No início da investigação foi colocado uma pergunta de partida: Qual é o estado de mães com
filhos diagnosticados com Hidrocefalia concernente ao diagnóstico do Stress?

A investigação teve como objetivo geral analisar o stress em mães com filhos diagnosticados
com hidrocefalia no Centro Neurocirúrgico de Tratamento de Hidrocefalia e como objetivos
específicos averiguar se as mães com filhos diagnosticados com hidrocefalia no Centro
Neurocirúrgico de Tratamento de Hidrocefalia são acometidas pelo stress, comparar o stress
em mães com filhos diagnosticados com hidrocefalia tendo em conta o estado civil e verificar
se o desemprego influencia no surgimento do stress em mães com filhos diagnosticados com
hidrocefalia.

Com base numa análise detalhada dos resultados obtidos, foi possível verificar as nossas
hipóteses que

Com base no estudo feito, pode-se dizer que a investigação permitiu compreender melhor o
stress em mães com filhos diagnosticados com hidrocefalia são acometidos pelo stress sendo
que. 37% Com ansiedade leve, 7% apresentam ansiedade moderada e 3% apresentam ansiedade
grave, o que dá um total de 47% de pais com ansiedade.

O que muito nos espantou porque no campo verificamos através de conversas que muitas delas
apresentavam sintomas relevantes no diagnóstico do stress. Mas a partir do método utilizado
verificou-se que estatisticamente não havia maior significância nos resultados obtidos.

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Relação ao stress em mães com filhos diagnosticados com hidrocefalia é importante que estas
mães recebam todo um suporte psicológico da equipa multidisciplinar no sentido de aliviar a
tensão que paira em torno do quadro clínico das crianças com doenças raras. Várias são as
investigações vieram comprovar os benefícios que o apoio social e os recursos extrafamiliares
podem ter não só na redução do stress dos familiares das crianças com deficiência, como
estratégia de coping (Seligman & Darling, 2007).

Uma vez que a hidrocefalia pode comprometer áreas específicas do desenvolvimento


psicomotor da criança é necessário que a mesma e não só sejam acompanhadas por uma equipa
multidisciplinar para melhor responder aos progressos dentro do quadro clinico.

No geral, os resultados obtidos neste estudo chamam a atenção para o facto de, na prática
clínica é necessário atender não apenas às necessidades das crianças, mas também às
necessidades das famílias, proporcionando-lhes um apoio mais personalizado que lhes
permita lidar melhor com a situação e com a criança em diferentes contextos.

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SUGESTÕES

Depois da elaboração do nosso trabalho deixamos aqui algumas sugestões que poderão ser
apreciadas e colocadas em práticas de acordo a necessidade específica de cada área entre ela
temos:

1. Ao Centro Neurocirúrgico e de Tratamento a Hidrocefalia que inclua o psicólogo na


equipe multidisciplinar do centro para que se dê acompanhamento psicológico às mães
que acompanham os filhos às consultas.

Ao Ministério da Saúde:

 Que se faça maior divulgação sobre a hidrocefalia e sobre as reais causas,


desmistificando os tabus que estão na origem desta patologia.

 Que se crie mas centros especializados para o tratamento da hidrocefalia a nível


nacional com fim de ajudar as famílias que se desloquem de outras partes do país para
tratar seus entes queridos.
 Que as mães gestantes possam se beneficiar de um programa de consultas no hospital
público que cubra ecografias morfológicas a fim de se ter maior informação sobre o
estado psicomotor das crianças como parte de um programa que visara em acompanhar
pais que eventualmente poderão receber um filho com alguma deficiência quer física
ou psicológica.

 Que todas as doenças cronicas e não só os familiares possam ser acompanhadas por um
psicólogo a fim de ajudar aliviar a tensão que paira sobre a mente dos familiares face
ao diagnóstico que terá implicações sobre a vida do paciente e da família em si.

Ao Ministério do Ensino Superior

 Que anualmente peça as universidades os trabalhos científicos elaborados que mas


tiveram relacionados com factos ou acontecimentos que criaram alguma instabilidade

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a nível da sociedade, para melhor apreciar e ver como os profissionais da área podem
trabalhar para minimizar o sofrimento da população.

 Que trabalhos do género possam ser apresentados em fórum planejados pelo ministério
do ensino superior a fim de se ter discussões saudáveis sobre o tema e promovendo os
que maior se destacarem.

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