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Vice-Presidente
REQUERIDO: DESEMBARGADOR ROBERTO NORRIS
Ministro Lelio Bentes Corrêa
Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho
TERCEIRO INTERESSADO: SINDICATO DOS
CGJT/LBC/vfh/fbe/L
Telefone(s) : (61) 3043-4300
efetuasse o "desconto da contribuição sindical em valor equivalente com o artigo 300 do Código de Processo Civil de 2015, porquanto
a um dia de salário de todos os seus empregados, recolhendo o não restaram demonstrados os requisitos legais concernentes à
valor descontado na CEF, conforme instruções do Ministério do demonstração da probabilidade do direito, na medida em que paira
Trabalho, sob pena de multa diária no valor de R$ 500,00". profunda controvérsia acerca da natureza tributária da contribuição
Afirma a Requerente que impetrou Mandado de Segurança perante irreversível, uma vez que a contribuição sindical não constitui a
o Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região buscando, em caráter única fonte de custeio do Sindicato. Ressalta, por fim, que é indene
liminar, a suspensão da ordem emanada do MM. Juízo de primeira de dúvidas a irreversibilidade dos efeitos da determinação judicial
instância, que concedera a tutela de urgência. ora atacada, visto que praticamente impossível eventual restituição
liminarmente indeferida, sob o fundamento de que a Impetrante Acrescenta que a Ação Civil Pública ajuizada pelo Sindicato é
deixara de indicar o terceiro interessado, e também não apresentara incabível, pois, nos termos do artigo 1º da Lei n.º 7.347/85, é
sua qualificação. Afirma que não houve abertura de prazo para o expressamente vedada a utilização desse meio processual para
saneamento do suposto vício, conforme determina o parágrafo discussão de tema relacionado a tributos. Ressalta que toda a
único do artigo 115 do CPC de 2015 - providência que se fazia argumentação deduzida pelo autor da ação principal está
necessária antes da extinção do processo. fundamentada na suposta natureza tributária das contribuições
sindicais.
processamento do Mandado de Segurança, não exige que o Requer, assim, a concessão da medida liminar para, "diante do
impetrante indique o terceiro interessado na petição inicial. quadro nitidamente excepcional do caso, receber o aditamento da
Informa, ainda, que, antes de interpor Agravo Regimental à referida Trabalhadores nas Indústrias de Calçados, Luvas, Botas e Peles de
decisão, peticionou requerendo o aditamento da inicial, indicando o Resguardo e Material de Segurança e Proteção ao Trabalho do Rio
Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Calçados, Luvas, de Janeiro", bem como "determinar a imediata suspensão da ordem
Bolsas e Peles de Resguardo e Material de Segurança e Proteção de desconto/repasse da contribuição sindical, proferida nos autos
ao Trabalho do Rio de Janeiro como Terceiro Interessado, bem da Ação Civil Pública n.º 0100216-28.2018.5.01.0052, em trâmite
assim procedeu à sua correta qualificação. perante a MM. 52ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro-RJ".
Assevera que a decisão proferida nos autos do referido Mandado de Subsidiariamente, requer "seja atribuído efeito suspensivo ao
Segurança subverte a boa ordem processual e viola o devido Agravo Regimental protocolizado no dia 08/05/2018 nos autos do
processo legal, além de gerar lesão de difícil reparação, porquanto, Mandado de Segurança nº n.º 0100732-10.2018.5.01.0000, até
Ao exame.
Civil Pública n.º 0100216-28.2018.5.01.0052 diz com a alteração Na presente Correição Parcial, a Requerente se insurge contra a
promovida pela Lei n.º 13.467/17 no tocante à contribuição sindical, decisão monocrática proferida nos autos do Mandado de Segurança
disciplinada pelos artigos 545, 578, 579, 582, 583 e 602 da CLT. n.º 0100732-10.2018.5.01.0000, mediante a qual o Exmo.
Registra, ainda, que o Supremo Tribunal Federal não se manifestou Desembargador Roberto Norris, do Tribunal Regional do Trabalho
acerca da constitucionalidade dos mencionados dispositivos até o da 1ª Região, indeferiu a petição inicial da ação mandamental e
Sustenta que a decisão monocrática que deferiu a tutela de fundamentada (grifos no original):
12.016/09.
Janeiro, nos autos de processo Ação Civil Pública n.º 0100216- Consoante disposto no artigo 13, cabeça, do RICGJT, "a Correição
28.2018.5.01.0052, que teria declarado, incidentalmente, a Parcial é cabível para corrigir erros, abusos e atos contrários à boa
inconstitucionalidade das alterações havidas nos artigos 545, 578, ordem processual e que importem em atentado a fórmulas legais de
579, 582, 583, 587 e 602 da CLT e determinado que a impetrante processo, quando para o caso não haja recurso ou outro meio
multa diária de R$500,00, sob o seguinte argumento: O parágrafo único do referido dispositivo dispõe que "em situação
"... Ressalvando-se qualquer discussão sobre o sistema brasileiro medidas necessárias a impedir lesão de difícil reparação,
de custeio das entidades sindicais, o fato é, que a contribuição assegurando, dessa forma, eventual resultado útil do processo, até
sindical tem natureza tributária, conforme já decidido pelo STF (RE que ocorra o exame da matéria pelo órgão jurisdicional
complementar para promover eventuais alterações na definição de Na presente hipótese, verifica-se que a petição inicial do Mandado
tributos, bem como quanto a obrigação, lançamento e crédito de Segurança impetrado pela Requerente foi indeferida ao
tributários - Constituição da República, artigo 146, III e caput do fundamento de que "a impetrante não indicou o terceiro interessado,
Alega, a impetrante, que o Sindicato não teria legitimidade para artigo 196 do Regimento Interno deste TRT e o artigo 6º da Lei nº
propor a referida ação civil pública, uma vez que a sua legitimidade 12.016/09".
nos termos do artigo 8º, III da CRFB/88. Argumenta que a decisão O artigo 6º da Lei nº 12.016/09, que regulamenta o mandado de
instituição, redução, majoração ou revogação. Art. 6o A petição inicial, que deverá preencher os requisitos
Ocorre que, revendo o meu posicionamento anterior, e examinando vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na
a petição inicial do presente processo, verifica-se que a impetrante segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica
não indicou o terceiro interessado, bem com os seus dados, o que que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce
Isto porque, considerando-se a natureza jurídica do Mandado de § 5o Denega-se o mandado de segurança nos casos previstos pelo
Segurança, é inaplicável o disposto no art. 321 do CPC de 2015 art. 267 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973.
TST.
Pelo exposto, INDEFIRO a petição inicial e DENEGO a De outro lado, os requisitos da petição inicial estão hoje inseridos
nos artigos 319 e 320 do Código de Processo Civil de 2015, de difícil reversibilidade, na medida em que a decisão que ensejou o
havendo, ainda, previsão expressa, no artigo 321, da obrigatória ajuizamento do mandado de segurança havia deferido "a tutela de
concessão de prazo para regularização da petição inicial que não urgência requerida,declarando incidentalmente a
atender aos requisitos erigidos nos dispositivos anteriores. Eis o inconstitucionalidadedas alterações dos artigos 545, 578, 579, 582,
teor do artigo 321 do Código de Processo Civil em vigor: 583, 587 e 602 da CLT e determinando à ré que proceda ao
Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os sob pena de multa diária no valor de R$ 500,00".
irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, Constata-se, assim, que a decisão liminar proferida pelo juízo de
determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou origem determinou, antecipadamente, a satisfação do próprio mérito
a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou da Ação Civil Pública, antes mesmo da audiência de instrução e
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá prévia e expressa dos seus empregados para o recolhimento da
Nesse contexto, verifica-se que o Tribunal Regional, ao indeferir a unicamente na suposta inconstitucionalidade do dispositivo legal,
petição inicial do Mandado de Segurança por não ter a ora revelando-se patente o risco de a Requerente vir a sofrer dano de
procedimento expressamente previsto em lei. Reforça tal conclusão o fato de a decisão antecipatória de tutela não
Ressalte-se que não se cuida, na hipótese, de petição inicial processo, após cognição exauriente, vir a ser julgada improcedente
desacompanhada dos documentos indispensáveis à propositura do a pretensão deduzida na Ação Civil Pública. Nessa hipótese,
Mandado de Segurança. Com efeito, em se tratando de ação resultaria manifesto o prejuízo à Requerente, que poderia vir a ser
calcada em prova pré-constituída, não tem aplicabilidade à juntada responsabilizada pelo desconto indevido da contribuição sindical de
415 desta Corte Superior. Ao revés, cuida-se, no caso sob exame, Nesse contexto, extrai-se que a referida decisão antecipatória de
da ausência de intimação do terceiro interessado para compor a tutela - frise-se, de natureza eminentemente satisfativa, de difícil
lide. Ora, o artigo 115, parágrafo único, do Código de Processo Civil reversibilidade, calcada unicamente na suposta
de 2015 determina que "nos casos de litisconsórcio passivo inconstitucionalidade do dispositivo legal, e proferida após juízo
necessário, o juiz determinará ao autor que requeira a citação de superficial, não exauriente - impôs genericamente à ora Requerente
todos que devam ser litisconsortes, dentro do prazo que assinar, a obrigação de proceder ao recolhimento da contribuição sindical de
sob pena de extinção do processo" (os grifos foram acrescidos). todos os seus empregados, independentemente da categoria a que
Importante ressaltar que, no caso concreto, o Desembargador pelo descumprimento da obrigação imposta judicialmente.
promovesse a citação do litisconsorte, impondo a imediata extinção Tais circunstâncias, como descritas, caracterizam o ato contrário à
do feito, em conduta contrária à lei processual. boa ordem processual, a atrair a atuação acautelatória da
De outro lado, a decisão ora impugnada acabou por gerar situação vistas a assegurar eventual resultado útil do processo, até que
provisórias de urgência.
PODER JUDICIÁRIO
Ante o exposto, com fundamento nos artigos 13 e 20, II do RICGJT,
JUSTIÇA DO TRABALHO
DEFIRO parcialmente a liminar requerida, para suspender os
empregados da Requerente, até o julgamento do Agravo CORREIÇÃO PARCIAL OU RECLAMAÇÃO CORREICIONAL (88)
n.º 0100732-10.2018.5.01.0000.
REQUERENTE: BRASILCRAFT COMÉRCIO DE ARTEFATOS DE
Dê-se ciência do inteiro teor da liminar ora deferida, por ofício e com COURO LTDA
Requerente, ao Exmo. Desembargador Roberto Norris, do Tribunal Advogado: MARCOS AURÉLIO DE OLIVEIRA GARCIA
Publique-se. JANEIRO
CGJT/LBC/vfh/fbe/L
DECISÃO
nela veiculado, cujo objetivo era a suspensão da antecipação da Destaca, outrossim, que a questão em debate nos autos da Ação
tutela concedida nos autos da Ação Civil Pública nº 0100216- Civil Pública n.º 0100216-28.2018.5.01.0052 diz com a alteração
28.2018.5.01.0052, em trâmite perante a 52ª Vara do Trabalho do promovida pela Lei n.º 13.467/17 no tocante à contribuição sindical,
Rio de Janeiro. disciplinada pelos artigos 545, 578, 579, 582, 583 e 602 da CLT.
Esclarece a Requerente que o Sindicato dos Trabalhadores nas acerca da constitucionalidade dos mencionados dispositivos até o
Indústrias de Calçados, Luvas, Botas e Peles de Resguardo e momento, a despeito da existência de várias ações sobre o tema,
Material de Segurança e Proteção ao Trabalho do Rio de Janeiro atualmente tramitando na Corte Suprema.
objetivando o recolhimento da contribuição sindical. A tutela de Sustenta que a decisão monocrática que deferiu a tutela de
urgência foi deferida para determinar à ora Requerente que urgência requerida na Ação Civil Pública está em descompasso
efetuasse o "desconto da contribuição sindical em valor equivalente com o artigo 300 do Código de Processo Civil de 2015, porquanto
a um dia de salário de todos os seus empregados, recolhendo o não restaram demonstrados os requisitos legais concernentes à
valor descontado na CEF, conforme instruções do Ministério do demonstração da probabilidade do direito, na medida em que paira
Trabalho, sob pena de multa diária no valor de R$ 500,00". profunda controvérsia acerca da natureza tributária da contribuição
Afirma a Requerente que impetrou Mandado de Segurança perante irreversível, uma vez que a contribuição sindical não constitui a
o Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região buscando, em caráter única fonte de custeio do Sindicato. Ressalta, por fim, que é indene
liminar, a suspensão da ordem emanada do MM. Juízo de primeira de dúvidas a irreversibilidade dos efeitos da determinação judicial
instância, que concedera a tutela de urgência. ora atacada, visto que praticamente impossível eventual restituição
liminarmente indeferida, sob o fundamento de que a Impetrante Acrescenta que a Ação Civil Pública ajuizada pelo Sindicato é
deixara de indicar o terceiro interessado, e também não apresentara incabível, pois, nos termos do artigo 1º da Lei n.º 7.347/85, é
sua qualificação. Afirma que não houve abertura de prazo para o expressamente vedada a utilização desse meio processual para
saneamento do suposto vício, conforme determina o parágrafo discussão de tema relacionado a tributos. Ressalta que toda a
único do artigo 115 do CPC de 2015 - providência que se fazia argumentação deduzida pelo autor da ação principal está
necessária antes da extinção do processo. fundamentada na suposta natureza tributária das contribuições
sindicais.
processamento do Mandado de Segurança, não exige que o Requer, assim, a concessão da medida liminar para, "diante do
impetrante indique o terceiro interessado na petição inicial. quadro nitidamente excepcional do caso, receber o aditamento da
Informa, ainda, que, antes de interpor Agravo Regimental à referida Trabalhadores nas Indústrias de Calçados, Luvas, Botas e Peles de
decisão, peticionou requerendo o aditamento da inicial, indicando o Resguardo e Material de Segurança e Proteção ao Trabalho do Rio
Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Calçados, Luvas, de Janeiro", bem como "determinar a imediata suspensão da ordem
Bolsas e Peles de Resguardo e Material de Segurança e Proteção de desconto/repasse da contribuição sindical, proferida nos autos
ao Trabalho do Rio de Janeiro como Terceiro Interessado, bem da Ação Civil Pública n.º 0100216-28.2018.5.01.0052, em trâmite
assim procedeu à sua correta qualificação. perante a MM. 52ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro-RJ".
Assevera que a decisão proferida nos autos do referido Mandado de Subsidiariamente, requer "seja atribuído efeito suspensivo ao
Segurança subverte a boa ordem processual e viola o devido Agravo Regimental protocolizado no dia 08/05/2018 nos autos do
processo legal, além de gerar lesão de difícil reparação, porquanto, Mandado de Segurança nº n.º 0100732-10.2018.5.01.0000, até
Ao exame.
Na presente Correição Parcial, a Requerente se insurge contra a inviabiliza o prosseguimento do mandamus por não preenchidos, os
decisão monocrática proferida nos autos do Mandado de Segurança requisitos legais previstos no artigo 196 do Regimento Interno deste
da 1ª Região, indeferiu a petição inicial da ação mandamental e Isto porque, considerando-se a natureza jurídica do Mandado de
12.016/09.
Janeiro, nos autos de processo Ação Civil Pública n.º 0100216- Consoante disposto no artigo 13, cabeça, do RICGJT, "a Correição
28.2018.5.01.0052, que teria declarado, incidentalmente, a Parcial é cabível para corrigir erros, abusos e atos contrários à boa
inconstitucionalidade das alterações havidas nos artigos 545, 578, ordem processual e que importem em atentado a fórmulas legais de
579, 582, 583, 587 e 602 da CLT e determinado que a impetrante processo, quando para o caso não haja recurso ou outro meio
multa diária de R$500,00, sob o seguinte argumento: O parágrafo único do referido dispositivo dispõe que "em situação
"... Ressalvando-se qualquer discussão sobre o sistema brasileiro medidas necessárias a impedir lesão de difícil reparação,
de custeio das entidades sindicais, o fato é, que a contribuição assegurando, dessa forma, eventual resultado útil do processo, até
sindical tem natureza tributária, conforme já decidido pelo STF (RE que ocorra o exame da matéria pelo órgão jurisdicional
complementar para promover eventuais alterações na definição de Na presente hipótese, verifica-se que a petição inicial do Mandado
tributos, bem como quanto a obrigação, lançamento e crédito de Segurança impetrado pela Requerente foi indeferida ao
tributários - Constituição da República, artigo 146, III e caput do fundamento de que "a impetrante não indicou o terceiro interessado,
Alega, a impetrante, que o Sindicato não teria legitimidade para artigo 196 do Regimento Interno deste TRT e o artigo 6º da Lei nº
propor a referida ação civil pública, uma vez que a sua legitimidade 12.016/09".
nos termos do artigo 8º, III da CRFB/88. Argumenta que a decisão O artigo 6º da Lei nº 12.016/09, que regulamenta o mandado de
instituição, redução, majoração ou revogação. Art. 6o A petição inicial, que deverá preencher os requisitos
Ocorre que, revendo o meu posicionamento anterior, e examinando vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na
a petição inicial do presente processo, verifica-se que a impetrante segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica
que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce de 2015 determina que "nos casos de litisconsórcio passivo
§ 5o Denega-se o mandado de segurança nos casos previstos pelo Importante ressaltar que, no caso concreto, o Desembargador
art. 267 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Relator não assinou prazo para que a Impetrante requeresse ou
De outro lado, os requisitos da petição inicial estão hoje inseridos De outro lado, a decisão ora impugnada acabou por gerar situação
nos artigos 319 e 320 do Código de Processo Civil de 2015, de difícil reversibilidade, na medida em que a decisão que ensejou o
havendo, ainda, previsão expressa, no artigo 321, da obrigatória ajuizamento do mandado de segurança havia deferido "a tutela de
concessão de prazo para regularização da petição inicial que não urgência requerida,declarando incidentalmente a
atender aos requisitos erigidos nos dispositivos anteriores. Eis o inconstitucionalidadedas alterações dos artigos 545, 578, 579, 582,
teor do artigo 321 do Código de Processo Civil em vigor: 583, 587 e 602 da CLT e determinando à ré que proceda ao
Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os sob pena de multa diária no valor de R$ 500,00".
irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, Constata-se, assim, que a decisão liminar proferida pelo juízo de
determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou origem determinou, antecipadamente, a satisfação do próprio mérito
a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou da Ação Civil Pública, antes mesmo da audiência de instrução e
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá prévia e expressa dos seus empregados para o recolhimento da
Nesse contexto, verifica-se que o Tribunal Regional, ao indeferir a unicamente na suposta inconstitucionalidade do dispositivo legal,
petição inicial do Mandado de Segurança por não ter a ora revelando-se patente o risco de a Requerente vir a sofrer dano de
procedimento expressamente previsto em lei. Reforça tal conclusão o fato de a decisão antecipatória de tutela não
Ressalte-se que não se cuida, na hipótese, de petição inicial processo, após cognição exauriente, vir a ser julgada improcedente
desacompanhada dos documentos indispensáveis à propositura do a pretensão deduzida na Ação Civil Pública. Nessa hipótese,
Mandado de Segurança. Com efeito, em se tratando de ação resultaria manifesto o prejuízo à Requerente, que poderia vir a ser
calcada em prova pré-constituída, não tem aplicabilidade à juntada responsabilizada pelo desconto indevido da contribuição sindical de
415 desta Corte Superior. Ao revés, cuida-se, no caso sob exame, Nesse contexto, extrai-se que a referida decisão antecipatória de
da ausência de intimação do terceiro interessado para compor a tutela - frise-se, de natureza eminentemente satisfativa, de difícil
lide. Ora, o artigo 115, parágrafo único, do Código de Processo Civil reversibilidade, calcada unicamente na suposta
superficial, não exauriente - impôs genericamente à ora Requerente Ministro LELIO BENTES CORRÊA
provisórias de urgência.
Regimental interposto nos autos do referido Mandado de Segurança CORREIÇÃO PARCIAL OU RECLAMAÇÃO CORREICIONAL (88)
Dê-se ciência do inteiro teor da liminar ora deferida, por ofício e com REQUERENTE: BRASILCRAFT COMÉRCIO DE ARTEFATOS DE
Regional do Trabalho da 1ª Região, ao juízo da 52ª Vara do Advogado: MARCOS AURÉLIO DE OLIVEIRA GARCIA
JANEIRO
BRASILCRAFT COMÉRCIO DE ARTEFATOS DE COURO LTDA Assevera que a decisão proferida nos autos do referido Mandado de
em face da decisão monocrática proferida nos autos do Mandado Segurança subverte a boa ordem processual e viola o devido
de Segurança n.º 0100732-10.2018.5.01.0000, mediante a qual o processo legal, além de gerar lesão de difícil reparação, porquanto,
Exmo. Desembargador Roberto Norris, do Tribunal Regional do uma vez cumprida a determinação judicial de recolhimento da
Trabalho da 1ª Região, indeferiu a petição inicial da ação contribuição sindical, será impossível o seu desfazimento.
nela veiculado, cujo objetivo era a suspensão da antecipação da Destaca, outrossim, que a questão em debate nos autos da Ação
tutela concedida nos autos da Ação Civil Pública nº 0100216- Civil Pública n.º 0100216-28.2018.5.01.0052 diz com a alteração
28.2018.5.01.0052, em trâmite perante a 52ª Vara do Trabalho do promovida pela Lei n.º 13.467/17 no tocante à contribuição sindical,
Rio de Janeiro. disciplinada pelos artigos 545, 578, 579, 582, 583 e 602 da CLT.
Esclarece a Requerente que o Sindicato dos Trabalhadores nas acerca da constitucionalidade dos mencionados dispositivos até o
Indústrias de Calçados, Luvas, Botas e Peles de Resguardo e momento, a despeito da existência de várias ações sobre o tema,
Material de Segurança e Proteção ao Trabalho do Rio de Janeiro atualmente tramitando na Corte Suprema.
objetivando o recolhimento da contribuição sindical. A tutela de Sustenta que a decisão monocrática que deferiu a tutela de
urgência foi deferida para determinar à ora Requerente que urgência requerida na Ação Civil Pública está em descompasso
efetuasse o "desconto da contribuição sindical em valor equivalente com o artigo 300 do Código de Processo Civil de 2015, porquanto
a um dia de salário de todos os seus empregados, recolhendo o não restaram demonstrados os requisitos legais concernentes à
valor descontado na CEF, conforme instruções do Ministério do demonstração da probabilidade do direito, na medida em que paira
Trabalho, sob pena de multa diária no valor de R$ 500,00". profunda controvérsia acerca da natureza tributária da contribuição
Afirma a Requerente que impetrou Mandado de Segurança perante irreversível, uma vez que a contribuição sindical não constitui a
o Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região buscando, em caráter única fonte de custeio do Sindicato. Ressalta, por fim, que é indene
liminar, a suspensão da ordem emanada do MM. Juízo de primeira de dúvidas a irreversibilidade dos efeitos da determinação judicial
instância, que concedera a tutela de urgência. ora atacada, visto que praticamente impossível eventual restituição
liminarmente indeferida, sob o fundamento de que a Impetrante Acrescenta que a Ação Civil Pública ajuizada pelo Sindicato é
deixara de indicar o terceiro interessado, e também não apresentara incabível, pois, nos termos do artigo 1º da Lei n.º 7.347/85, é
sua qualificação. Afirma que não houve abertura de prazo para o expressamente vedada a utilização desse meio processual para
saneamento do suposto vício, conforme determina o parágrafo discussão de tema relacionado a tributos. Ressalta que toda a
único do artigo 115 do CPC de 2015 - providência que se fazia argumentação deduzida pelo autor da ação principal está
necessária antes da extinção do processo. fundamentada na suposta natureza tributária das contribuições
sindicais.
processamento do Mandado de Segurança, não exige que o Requer, assim, a concessão da medida liminar para, "diante do
impetrante indique o terceiro interessado na petição inicial. quadro nitidamente excepcional do caso, receber o aditamento da
Informa, ainda, que, antes de interpor Agravo Regimental à referida Trabalhadores nas Indústrias de Calçados, Luvas, Botas e Peles de
Resguardo e Material de Segurança e Proteção ao Trabalho do Rio Alega, a impetrante, que o Sindicato não teria legitimidade para
de Janeiro", bem como "determinar a imediata suspensão da ordem propor a referida ação civil pública, uma vez que a sua legitimidade
de desconto/repasse da contribuição sindical, proferida nos autos limita-se à "defesa dos direitos coletivos e individuais da categoria",
da Ação Civil Pública n.º 0100216-28.2018.5.01.0052, em trâmite nos termos do artigo 8º, III da CRFB/88. Argumenta que a decisão
perante a MM. 52ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro-RJ". impetrada violaria os princípios do contraditório e da ampla defesa,
Subsidiariamente, requer "seja atribuído efeito suspensivo ao Supremo Tribunal Federal, que, segundo a impetrante, entenderia
Agravo Regimental protocolizado no dia 08/05/2018 nos autos do que a contribuição sindical não exige lei complementar para a sua
Na presente Correição Parcial, a Requerente se insurge contra a inviabiliza o prosseguimento do mandamus por não preenchidos, os
decisão monocrática proferida nos autos do Mandado de Segurança requisitos legais previstos no artigo 196 do Regimento Interno deste
da 1ª Região, indeferiu a petição inicial da ação mandamental e Isto porque, considerando-se a natureza jurídica do Mandado de
12.016/09.
Janeiro, nos autos de processo Ação Civil Pública n.º 0100216- Consoante disposto no artigo 13, cabeça, do RICGJT, "a Correição
28.2018.5.01.0052, que teria declarado, incidentalmente, a Parcial é cabível para corrigir erros, abusos e atos contrários à boa
inconstitucionalidade das alterações havidas nos artigos 545, 578, ordem processual e que importem em atentado a fórmulas legais de
579, 582, 583, 587 e 602 da CLT e determinado que a impetrante processo, quando para o caso não haja recurso ou outro meio
multa diária de R$500,00, sob o seguinte argumento: O parágrafo único do referido dispositivo dispõe que "em situação
"... Ressalvando-se qualquer discussão sobre o sistema brasileiro medidas necessárias a impedir lesão de difícil reparação,
de custeio das entidades sindicais, o fato é, que a contribuição assegurando, dessa forma, eventual resultado útil do processo, até
sindical tem natureza tributária, conforme já decidido pelo STF (RE que ocorra o exame da matéria pelo órgão jurisdicional
complementar para promover eventuais alterações na definição de Na presente hipótese, verifica-se que a petição inicial do Mandado
tributos, bem como quanto a obrigação, lançamento e crédito de Segurança impetrado pela Requerente foi indeferida ao
tributários - Constituição da República, artigo 146, III e caput do fundamento de que "a impetrante não indicou o terceiro interessado,
artigo 196 do Regimento Interno deste TRT e o artigo 6º da Lei nº para o saneamento do suposto vício, deixou de observar
O artigo 6º da Lei nº 12.016/09, que regulamenta o mandado de Ressalte-se que não se cuida, na hipótese, de petição inicial
Art. 6o A petição inicial, que deverá preencher os requisitos Processo Civil, conforme entendimento consagrado na Súmula n.º
estabelecidos pela lei processual, será apresentada em 2 (duas) 415 desta Corte Superior. Ao revés, cuida-se, no caso sob exame,
vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na da ausência de intimação do terceiro interessado para compor a
segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica lide. Ora, o artigo 115, parágrafo único, do Código de Processo Civil
que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce de 2015 determina que "nos casos de litisconsórcio passivo
§ 5o Denega-se o mandado de segurança nos casos previstos pelo Importante ressaltar que, no caso concreto, o Desembargador
art. 267 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Relator não assinou prazo para que a Impetrante requeresse ou
De outro lado, os requisitos da petição inicial estão hoje inseridos De outro lado, a decisão ora impugnada acabou por gerar situação
nos artigos 319 e 320 do Código de Processo Civil de 2015, de difícil reversibilidade, na medida em que a decisão que ensejou o
havendo, ainda, previsão expressa, no artigo 321, da obrigatória ajuizamento do mandado de segurança havia deferido "a tutela de
concessão de prazo para regularização da petição inicial que não urgência requerida,declarando incidentalmente a
atender aos requisitos erigidos nos dispositivos anteriores. Eis o inconstitucionalidadedas alterações dos artigos 545, 578, 579, 582,
teor do artigo 321 do Código de Processo Civil em vigor: 583, 587 e 602 da CLT e determinando à ré que proceda ao
Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os sob pena de multa diária no valor de R$ 500,00".
irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, Constata-se, assim, que a decisão liminar proferida pelo juízo de
determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou origem determinou, antecipadamente, a satisfação do próprio mérito
a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou da Ação Civil Pública, antes mesmo da audiência de instrução e
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá prévia e expressa dos seus empregados para o recolhimento da
Nesse contexto, verifica-se que o Tribunal Regional, ao indeferir a unicamente na suposta inconstitucionalidade do dispositivo legal,
petição inicial do Mandado de Segurança por não ter a ora revelando-se patente o risco de a Requerente vir a sofrer dano de
Reforça tal conclusão o fato de a decisão antecipatória de tutela não Trabalho do Rio de Janeiro/RJ e ao terceiro interessado
haver estabelecido qualquer garantia para a hipótese de, ao final do (SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDÚSTRIAS DE
processo, após cognição exauriente, vir a ser julgada improcedente CALÇADOS, LUVAS, BOLSAS E PELES DE RESGUARDO E
a pretensão deduzida na Ação Civil Pública. Nessa hipótese, MATERIAL DE SEGURANÇA E PROTEÇÃO AO TRABALHO DO
resultaria manifesto o prejuízo à Requerente, que poderia vir a ser RIO DE JANEIRO).
Nesse contexto, extrai-se que a referida decisão antecipatória de Brasília, 17 de maio de 2018.
superficial, não exauriente - impôs genericamente à ora Requerente Ministro LELIO BENTES CORRÊA
provisórias de urgência.
PODER JUDICIÁRIO
Ante o exposto, com fundamento nos artigos 13 e 20, II do RICGJT, JUSTIÇA DO TRABALHO
n.º 0100732-10.2018.5.01.0000.
REQUERENTE: BUNGE ALIMENTOS S/A
Dê-se ciência do inteiro teor da liminar ora deferida, por ofício e com
Advogado: ALEXANDRE LAURIA DUTRA
urgência, na forma do art. 21, parágrafo único, do RICGJT, à
TERCEIRO INTERESSADO: SINDICATO DOS decorrentes da decisão proferida nos autos do Mandado de
94.2018.5.15.0000, mediante a qual o MM. Juiz TÁrcio José Vidotti, O MM. Juiz TÁrcio José Vidotti, convocado para atuar perante o
convocado para atuar perante o Tribunal Regional do Trabalho da Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, recebeu no efeito
15ª Região, deferiu o pedido de medida liminar para determinar o meramente devolutivo o Agravo Regimental interposto à decisão
recolhimento das contribuições sindicais, independentemente de mediante a qual se deferiu a medida liminar nos autos do Mandado
autorização prévia e expressa, referentes ao mês de março de de Segurança n.º 0005971-94.2018.5.15.0000. Aduziu, na ocasião
liminar. Alega, contudo, que "a medida foi acolhida com efeito Tempestivo e firmado por procurador regularmente constituído,
meramente devolutivo, mantendo-se incólume a r. decisão em sede recebo o Agravo Interno no efeito devolutivo.
Trata-se de ato francamente contrário à boa ordem processual, mas Notifique-se o agravado para se manifestar na forma do art. 278, §
insuscetível de recurso, fazendo incidir o art. 13, do RICGJT". 2º do Regimento Interno do E. TRIBUNAL REGIONAL DO
ausência de probabilidade do direito, eis que altamente controverso Frise-se, inicialmente, que a Correição Parcial não é meio idôneo
o debate acerca do tema, bem como do perigo de dano, porquanto para emprestar efeito suspensivo a Agravo Regimental ou a
eventual cognição exauriente poderia conferir razão aos qualquer outro recurso. Referida medida se destina à correção de
fundamentos da entidade sindical; c) a presunção de "erros, abusos e atos contrários à boa ordem processual e que
decisão que atribuiu ao Agravo Regimental interposto nos autos nº Constata-se, ademais, que, do despacho antes transcrito, não
0005971-94.2018.5.15.0000 efeito meramente devolutivo, com resultou alteração ou acréscimo ao conteúdo da decisão
consequente concessão de efeito suspensivo ao referido Agravo proferida em sede de liminar no Mandado de Segurança, afigurando
-se inafastável a conclusão de que a presente Correição Parcial (segunda-feira), quando já escoado o prazo de cinco dias a que
busca, em verdade, a suspensão dos efeitos da referida liminar - alude o artigo 17 do RICGJT, resulta inafastável o reconhecimento
primeiro ato que efetivamente contrariou o interesse da Requerente. da intempestividade da presente medida correicional.
Com efeito, da decisão que deferiu o pedido de liminar deduzido em Ante o exposto, com espeque nos artigos 17 e 20, I, do RICGJT,
sede de Mandado de Segurança é que resultou a determinação de INDEFIRO A PETIÇÃO INICIAL da Correição Parcial, porquanto
folha de pagamento de março/2018, independentemente de Dê-se ciência do inteiro teor desta decisão ao MM. Juiz convocado
autorização individual, assim como seja feito também para os TÁrcio José Vidotti, do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª
trabalhadores admitidos após o mês de março, com emissão das Região, à Requerente e ao terceiro interessado.
Nessa ocasião surgiu o gravame, que a ora Requerente pretende Transcorrido o prazo regimental, arquive-se.
e, via de consequência, a suspensão dos efeitos decorrentes Ministro LELIO BENTES CORRÊA
original).
Resulta imperioso, daí, reconhecer a data em que o Relator deferiu Decisão Monocrática
Processo Nº CorPar-1000322-51.2018.5.00.0000
o pedido de medida liminar, em sede de Mandado de Segurança, Relator LELIO BENTES CORREA
como marco inicial para a contagem do prazo para ajuizamento da REQUERENTE BUNGE ALIMENTOS S/A
ADVOGADO ALEXANDRE LAURIA DUTRA(OAB:
presente Correição Parcial, previsto no artigo 17 do RICGJT. 157840/SP)
REQUERIDO TARCIO JOSÉ VIDOTTI
TERCEIRO SINDICATO DOS TRAB NAS INDS DE
Tem aplicabilidade à hipótese a ratio que informa o entendimento INTERESSADO ALIMENT E AFINS DE ATA
cristalizado na Orientação Jurisprudencial n.º 127 da SBDI-II do
Intimado(s)/Citado(s):
Tribunal Superior do Trabalho, segundo a qual "[n]a contagem do
- TARCIO JOSÉ VIDOTTI
prazo decadencial para ajuizamento de mandado de segurança, o
Nesse contexto, tendo em vista que a ora Requerente foi notificada JUSTIÇA DO TRABALHO
CORREIÇÃO PARCIAL OU RECLAMAÇÃO CORREICIONAL (88) eventual cognição exauriente poderia conferir razão aos
Advogado: ALEXANDRE LAURIA DUTRA decisão que atribuiu ao Agravo Regimental interposto nos autos nº
REQUERIDO: JUIZ CONVOCADO TÁRCIO JOSÉ VIDOTTI consequente concessão de efeito suspensivo ao referido Agravo
TERCEIRO INTERESSADO: SINDICATO DOS decorrentes da decisão proferida nos autos do Mandado de
94.2018.5.15.0000, mediante a qual o MM. Juiz TÁrcio José Vidotti, O MM. Juiz TÁrcio José Vidotti, convocado para atuar perante o
convocado para atuar perante o Tribunal Regional do Trabalho da Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, recebeu no efeito
15ª Região, deferiu o pedido de medida liminar para determinar o meramente devolutivo o Agravo Regimental interposto à decisão
recolhimento das contribuições sindicais, independentemente de mediante a qual se deferiu a medida liminar nos autos do Mandado
autorização prévia e expressa, referentes ao mês de março de de Segurança n.º 0005971-94.2018.5.15.0000. Aduziu, na ocasião
liminar. Alega, contudo, que "a medida foi acolhida com efeito Tempestivo e firmado por procurador regularmente constituído,
meramente devolutivo, mantendo-se incólume a r. decisão em sede recebo o Agravo Interno no efeito devolutivo.
Trata-se de ato francamente contrário à boa ordem processual, mas Notifique-se o agravado para se manifestar na forma do art. 278, §
insuscetível de recurso, fazendo incidir o art. 13, do RICGJT". 2º do Regimento Interno do E. TRIBUNAL REGIONAL DO
ausência de probabilidade do direito, eis que altamente controverso Frise-se, inicialmente, que a Correição Parcial não é meio idôneo
o debate acerca do tema, bem como do perigo de dano, porquanto para emprestar efeito suspensivo a Agravo Regimental ou a
qualquer outro recurso. Referida medida se destina à correção de efetivo ato coator é o primeiro em que se firmou a tese hostilizada e
"erros, abusos e atos contrários à boa ordem processual e que não aquele que a ratificou" (os grifos não são do original).
dispõe a cabeça do artigo 13 do RICGJT. Nesse contexto, tendo em vista que a ora Requerente foi notificada
Constata-se, ademais, que, do despacho antes transcrito, não Segurança n.º 0005971-94.2018.5.15.0000 em 19/4/2018 (quinta-
resultou alteração ou acréscimo ao conteúdo da decisão feira), conforme consta da certidão de intimação (ID.d08ff03), e a
proferida em sede de liminar no Mandado de Segurança, afigurando presente Correição Parcial somente foi ajuizada em 14/5/2018
-se inafastável a conclusão de que a presente Correição Parcial (segunda-feira), quando já escoado o prazo de cinco dias a que
busca, em verdade, a suspensão dos efeitos da referida liminar - alude o artigo 17 do RICGJT, resulta inafastável o reconhecimento
primeiro ato que efetivamente contrariou o interesse da Requerente. da intempestividade da presente medida correicional.
Com efeito, da decisão que deferiu o pedido de liminar deduzido em Ante o exposto, com espeque nos artigos 17 e 20, I, do RICGJT,
sede de Mandado de Segurança é que resultou a determinação de INDEFIRO A PETIÇÃO INICIAL da Correição Parcial, porquanto
folha de pagamento de março/2018, independentemente de Dê-se ciência do inteiro teor desta decisão ao MM. Juiz convocado
autorização individual, assim como seja feito também para os TÁrcio José Vidotti, do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª
trabalhadores admitidos após o mês de março, com emissão das Região, à Requerente e ao terceiro interessado.
Nessa ocasião surgiu o gravame, que a ora Requerente pretende Transcorrido o prazo regimental, arquive-se.
e, via de consequência, a suspensão dos efeitos decorrentes Ministro LELIO BENTES CORRÊA
original).
Resulta imperioso, daí, reconhecer a data em que o Relator deferiu Decisão Monocrática
Processo Nº CorPar-1000322-51.2018.5.00.0000
o pedido de medida liminar, em sede de Mandado de Segurança, Relator LELIO BENTES CORREA
como marco inicial para a contagem do prazo para ajuizamento da REQUERENTE BUNGE ALIMENTOS S/A
ADVOGADO ALEXANDRE LAURIA DUTRA(OAB:
presente Correição Parcial, previsto no artigo 17 do RICGJT. 157840/SP)
REQUERIDO TARCIO JOSÉ VIDOTTI
TERCEIRO SINDICATO DOS TRAB NAS INDS DE
Tem aplicabilidade à hipótese a ratio que informa o entendimento INTERESSADO ALIMENT E AFINS DE ATA
cristalizado na Orientação Jurisprudencial n.º 127 da SBDI-II do
Intimado(s)/Citado(s):
Tribunal Superior do Trabalho, segundo a qual "[n]a contagem do
- SINDICATO DOS TRAB NAS INDS DE ALIMENT E AFINS DE
prazo decadencial para ajuizamento de mandado de segurança, o ATA
liminar. Alega, contudo, que "a medida foi acolhida com efeito
Tempestivo e firmado por procurador regularmente constituído,
meramente devolutivo, mantendo-se incólume a r. decisão em sede
recebo o Agravo Interno no efeito devolutivo.
de mandado de segurança que deferiu o pedido liminar do sindicato.
2º do Regimento Interno do E. TRIBUNAL REGIONAL DO Resulta imperioso, daí, reconhecer a data em que o Relator deferiu
Frise-se, inicialmente, que a Correição Parcial não é meio idôneo Tribunal Superior do Trabalho, segundo a qual "[n]a contagem do
para emprestar efeito suspensivo a Agravo Regimental ou a prazo decadencial para ajuizamento de mandado de segurança, o
qualquer outro recurso. Referida medida se destina à correção de efetivo ato coator é o primeiro em que se firmou a tese hostilizada e
"erros, abusos e atos contrários à boa ordem processual e que não aquele que a ratificou" (os grifos não são do original).
dispõe a cabeça do artigo 13 do RICGJT. Nesse contexto, tendo em vista que a ora Requerente foi notificada
Constata-se, ademais, que, do despacho antes transcrito, não Segurança n.º 0005971-94.2018.5.15.0000 em 19/4/2018 (quinta-
resultou alteração ou acréscimo ao conteúdo da decisão feira), conforme consta da certidão de intimação (ID.d08ff03), e a
proferida em sede de liminar no Mandado de Segurança, afigurando presente Correição Parcial somente foi ajuizada em 14/5/2018
-se inafastável a conclusão de que a presente Correição Parcial (segunda-feira), quando já escoado o prazo de cinco dias a que
busca, em verdade, a suspensão dos efeitos da referida liminar - alude o artigo 17 do RICGJT, resulta inafastável o reconhecimento
primeiro ato que efetivamente contrariou o interesse da Requerente. da intempestividade da presente medida correicional.
Com efeito, da decisão que deferiu o pedido de liminar deduzido em Ante o exposto, com espeque nos artigos 17 e 20, I, do RICGJT,
sede de Mandado de Segurança é que resultou a determinação de INDEFIRO A PETIÇÃO INICIAL da Correição Parcial, porquanto
folha de pagamento de março/2018, independentemente de Dê-se ciência do inteiro teor desta decisão ao MM. Juiz convocado
autorização individual, assim como seja feito também para os TÁrcio José Vidotti, do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª
trabalhadores admitidos após o mês de março, com emissão das Região, à Requerente e ao terceiro interessado.
Nessa ocasião surgiu o gravame, que a ora Requerente pretende Transcorrido o prazo regimental, arquive-se.
e, via de consequência, a suspensão dos efeitos decorrentes Ministro LELIO BENTES CORRÊA
original).
REQUERENTE: RIO DE JANEIRO REFRESCOS LTDA. Assevera que o recolhimento da contribuição sindical, sem prévia
Trata-se de Correição Parcial, com pedido de liminar, proposta por Argumenta, por fim, que não há se falar em matéria pacificada, uma
RIO DE JANEIRO REFRESCOS LTDA. - atual denominação social vez que existem inúmeras Ações Diretas de Inconstitucionalidade
da Companhia de Bebidas Ipiranga - contra decisão monocrática tramitando no Supremo Tribunal Federal acerca do tema, razão por
proferida pelo Exmo. Desembargador Francisco Alberto da Motta que revela-se contrária à boa ordem processual, em afronta ao
Peixoto Giordani, do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, princípio da segurança jurídica, a decisão que declara a
mediante a qual deferiu parcialmente o pedido de medida liminar inconstitucionalidade de norma legal em sede de liminar.
nos autos do Mandado de Segurança n.º 0006455-
Requer a "suspensão da ordem de desconto/repasse da econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas
contribuição sindical, ainda que em garantia em juízo, até que seja áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem
proferida a decisão final pelo E. STF na Ação Direta de prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições
Inconstitucionalidade sobre o tema, ou, sucessivamente, até que a que alude o dispositivo".
face desta Corrigente (nº 0010473-31.2018.5.15.0015)". Assim, são três tipos de contribuições que podem ser instituídas
decisão monocrática proferida nos autos do Mandado de Segurança A propósito, o referido art. 146, III, estabelece: "Cabe à lei
n.º 0006455-12.2018.5.15.0000, mediante a qual o Exmo. complementar: III - estabelecer normas gerais em matéria de
Desembargador Francisco Alberto da Motta Peixoto Giordani, do legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e
Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, deferiu parcialmente de suas espécies, bem como, em relação aos impostos
o pedido de medida liminar nos autos do Mandado de Segurança n.º discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos
0006455-12.2018.5.15.0000, apenas para determinar o depósito em geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação,
juízo dos valores devidos a título de contribuição sindical. lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; c)
Com efeito, a decisão monocrática que deferiu parcialmente o sociedades cooperativas. d) definição de tratamento diferenciado e
pedido liminar, objeto da presente Reclamação Correicional, está favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno
assim fundamentada (grifos no original): porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do
(...)
No presente caso, o ato coator é aquele que, reconhecendo a que tem eficácia de lei complementar - sem sofismar prevê que
inconstitucionalidade da norma mencionada, deferiu o pedido de tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo
tutela provisória do terceiro interessado e/ou litisconsorte, para valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito,
impelir a ora impetrante ao recolhimento da contribuição sindical, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa
agremiação sindical.
Análise da matéria levaria à aparente conclusão de que inexiste "imposto sindical" - contribuição "de interesse das categorias
direito líquido e certo a ser amparado, haja vista o claramente profissionais ou econômicas" (art. 149, CF) -, tem referida natureza -
disposto no art. 545, "caput" da CLT, com a recente redação dada compulsória -, sendo aliás parte dela destinada aos cofres da União
pela Lei n. 13.467/2017, adiante: "Art. 545. Os empregadores ficam e revertida ao Fundo de Amparo do Trabalhador - FAT, que custeia
obrigados a descontar da folha de pagamento dos seus programas de seguro-desemprego, abono salarial, financiamento de
empregados, desde que por eles devidamente autorizados, as ações para o desenvolvimento econômico e geração de trabalho,
Ocorre que sobredita norma é de evidente inconstitucionalidade. Bom consignar o disposto no art. 217 do CTN:
econômico e de interesse das categorias profissionais ou Definida tal contribuição, tendo feição de tributo, inafastável a
conclusão de que tem caráter obrigatório ou compulsório, por outras interesse de categorias profissional ou econômica por suas
Aqui, de ceder o passo aos eminentes Francisco Meton Marques de possa ter o seu caráter tributário - antes reconhecido por norma de
Lima e Francisco Péricles Rodrigues Marques de Lima, que eficácia de lei complementar -, modificado por lei hierarquicamente
sindical} removida por lei. Nem tornada facultativa, pois é um tributo, No mesmo sentido os ensinamentos de MAURÍCIO GODINHO
e não há tributo facultativo. Assim, a lei ocorre em flagrante DELGADO e GABRIELA NEVES DELGADO:
A natureza tributária e/ou a compulsoriedade do denominado aprovação da lei ordinária, que requer maioria simples - art. 47 da
imposto sindical há muito foi reconhecida pelo Excelso STF: CF/88 e da lei complementar, que demanda maioria absoluta - art.
69 da CF/88.
............................
No mesmo sentido o entendimento do Min. CELSO DE MELLO - de normas gerais em matéria de legislação tributária e, portanto,
............................ diversa no que diz com outras espécies, não há como sê-lo, na de
Com efeito, em respeito à hierarquia das normas e/ou à boa e finalidades, pois uma interpretação sistêmica do Texto Maior, não
tributária da contribuição e/ou "imposto sindical", somente se Acaso se pense de maneira diversa, de realçar que absolutamente
viabiliza por lei complementar, sendo inadmissível o emprego necessário ter atenção para o fato de que, em se cuidando de
de uma lei ordinária para tal finalidade, como é o caso da Lei n. contribuição sindical, o raciocínio não pode ser o mesmo que, muita
13.467/2017, que, aliás, não tem força para extinguir o tributo vez, se faz quando o foco é o da instituição de algum tributo, pois
em questão, sequer modificá-lo na intensidade verificada, que aqui se trata do contrário, sua extinção (dissimulada pelo
tornando facultativa, o que, por definição, deve ser eufemismo "ser facultativa"), o que, a se entender possa ser feito
compulsória, como acima demonstrado. tão sem-cerimônia como foi, tornaria (rectius: torna) fácil esvaziar as
Repiso: a modificação e/ou extinção de um tributo notadamente a sindicatos, e que têm a ver não com um sindicato em si e por si,
alteração da sua natureza - de compulsória, para facultativa - é mas com o quão podem ser (rectius: são) necessários para tentar
matéria reservada à lei complementar. um mínimo de equilíbrio nas relações de trabalho, tão assimétricas
por natureza e mais ainda nos dias que correm, e portanto, com a
Decerto, o Exc. STF no julgamento do RE 635.682 decidiu pela centralidade do trabalho, da dignidade da pessoa humana que vive-
desnecessidade de lei complementar para instituição de do-seu-trabalho e da valorização social do trabalho, valores com
contribuição de intervenção no domínio econômico: vigor abraçados pela Carta Política e que lhe norteiam e a
Mas destes julgados supra não se infere que contribuição de possível, é dizer, não se está defendendo a manutenção da
contribuição sindical por ela própria, de maneira singela e mesmo sentido, o art. 592 da CLT compele o Sindicato a aplicar os valores
não se desconhece a existência, praticamente, de um consenso arrecadados na subvenção de relevantes serviços prestados à
nacional de que deva ser extinta, mas ela, não os sindicatos, nem categoria como assistência jurídica, médica, odontológica,
os trabalhadores, quanto a estes de, por meio de seus sindicatos, prevenção de acidentes do trabalho, educação e formação
promoverem ações para tentar melhorar suas condições de vida e profissional, sem as quais a associação sindical perde inteiramente
trabalho, atento aos valores apontados nas linhas transatas, o que o seu significado.
cima de maneira abrupta e sem qualquer período e/ou condições E conquanto a Lei 13.467/2017 tenha pretendido tornar facultativa a
transitórias que preparassem a retirada de sua obrigatoriedade; e contribuição sindical, antigo "imposto sindical", não modificou o
assim também há de ser para que não se acuse a CF/88, conhecida caráter obrigatório de qualquer das funções que a legislação impõe
como a "Constituição Cidadã" de prometer o que não dá, acusação às associações sindicais, o que representa insuperável contradição!
se seu comando e sua essência, o que faria/fará com que não lhe Bem é de ver que, se a visão e a análise forem seriamente feitas,
servissem/sirvam as observações de Carlos María Cárcova, no não podem ser aceitos argumentos - balofos - de que, com a mera
sentido de que "O direito se desenvolve como discurso ideológico, substituição da obrigatoriedade pela autorização, não restaria
enquanto promete, com a finalidade de organizar o consenso, o que afrontada a Lei Maior, porquanto não teria sido a contribuição
não dá: igualdade, liberdade, proteção, garantias. Mas, como toda sindical extirpada do ordenamento , mas apenas recebido novo e
ideologia, desconhece e reconhece ao mesmo tempo; quando ilude, mais moderno fato, esse sim, a melhor vesti-la, já que, como se não
alude. Assim, nos priva da igualdade, mas nos reconhece como desconhece, e é válido insistir, não é lícito obstar, por meios
iguais" (Carlos María Cárcova, "A Opacidade do Direito", LTr, 1998, especiosos, o que a lei diretamente estatui.
defendê-los, mas se tira desses mesmos sindicatos condições A inovação introduzida pela Lei 13.467/2017 na prática contraria os
mínimas para fazê-lo, sem qualquer período de transição, para que preceitos e princípios que vedam conduta antissindical, como
pudessem/possam obter novas fontes de custeio. assinalado alhures e, de fato, constitui um risco à efetividade do
Vale acrescentar, nesse passo que menciono o artigo 8º, III e VI, da logicamente implica em franca ameaça de exaurimento econômico
Lei Maior que, por conta mesmo do que prescrevem esses incisos e dos sindicatos - cuja atuação não se restringe à defesa dos
também do inciso XXVI, do artigo 7º, da Carta Política, e a associados, compreendendo, também, os não-associados -,
importância que a CF/88 atribui aos sindicatos para o redunda, aliás, na fragilização do direito de organização e/ou
reconhecimento e atuação dos direitos fundamentais dos limitação de atuação das entidades de classe, quiçá, ameaça a
trabalhadores, numa visão sistêmica da Constituição Brasileira, que própria existência dessas associações sindicais, sobretudo, as que
tanta preocupação, cuidado e proeminência tem e confere à agregam os trabalhadores, já desprovidos de poder de negociação
dignidade da pessoa humana em geral e da que vive-do-seu- perceptível, ou seja, acentua o desequilíbrio entre capital e trabalho,
trabalho em especial, fica acrescida a importância e o fundamento em prejuízo deste, de forma imediata, mas também para a
para que a alteração feita só pudesse/possa sê-lo por meio de Lei sociedade como um todo e em seu todo.
motivos expostos, não se justificaria pudesse ser feita por simples Outrossim, cabe salientar que no Direito do Trabalho os princípios e
Lei Ordinária, atento a que, deixados à deriva os sindicatos, na normas regulam tanto o direito individual, quanto o direito coletivo
procela que está presente nas relações de trabalho hodiernamente, do trabalho, abrangendo este último, além da greve e negociação
os barcos que virarão serão dos trabalhadores, afogando-os então! coletiva, também a organização sindical.
Enfatizo, a própria Constituição estabelece no seu art. 8º, III e VI, Vale rememorar que princípio, por definição, constitui um
que "ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos mandamento nuclear de determinado sistema, que se irradia sobre
sindicatos nas negociações coletivas de trabalho". No mesmo A esse respeito a doutrina de Celso Antônio Bandeira de Mello:
"Princípio é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, respeito à modificação do caráter das contribuições sindicais, o
verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia atentado à lei de responsabilidade fiscal e, noutra vertente não se
definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe Descabe falar de inadequação da via eleita, haja vista que a
confere a tônica e lhe dá sentido harmônico. É o conhecimento dos declaração de inconstitucionalidade requerida e deferida, como
princípios que preside a intelecção das diferentes partes exposto, tem caráter meramente incidental. Igualmente, não se fale
componentes do todo unitário que há por nome sistema jurídico de repristinação, porquanto, como assinalado já, a alteração
positivo" - "in" Elementos De Direito Administrativo, São Paulo: legislativa não revogou o direito à contribuição sindical - antigo
Revista dos Tribunais, 1981, p. 230." imposto sindical -, apenas, pretendeu torná-lo facultativo, sendo que
O Min. Orlando Teixeira da Costa, discorrendo ainda sobre o ainda por compulsório todo e qualquer tributo, permanecem em
mesmo tema, elucidou: vigor. Por derradeiro, não vislumbro a irreversibilidade aventada
Para dissolver qualquer dúvida que se possa aventar acerca da demora, visto que provado da sua fonte histórica de receita.
me socorro dos apontamentos do jurista Min. Wagner Pimenta, Confirmo a r. decisão atacada em todos os seus termos, exceto em
............................
Noutra vertente, enfatizo a Convenção n. 98 da OIT, aprovada pelo juízo, as contribuições sindicais - "imposto sindical" - de todos os
Decreto Legislativo n. 49, de 27.8.52, que assegurou a aplicação seus empregados, cuja representação seja comprovadamente
dos princípios do direito de organização e de negociação coletiva, exercida pela associação sindical - terceiro interessado -,
se inferindo de seu art. 4º que o Estado não deverá causar equivalente ao desconto de um dia de trabalho, sobre a próxima
embaraço à atividade sindical, ao contrário: folha de pagamento, procedendo da mesma forma quanto aos
São esclarecedoras as seguintes observações do Ilustre artigos 545 e 602 da CLT, dada pela Lei 13.467/2017
............................
A controvérsia tem marcante caráter coletivo, com fortes Parcial é cabível para corrigir erros, abusos e atos contrários à boa
implicações na continuidade do exercício da representação dos ordem processual e que importem em atentado a fórmulas legais de
trabalhadores pela associação sindical, cuja própria existência está processo, quando para o caso não haja recurso ou outro meio
Diversamente do que sustenta a impetrante, tem-se por presente a O parágrafo único do referido dispositivo dispõe que "em situação
competência da Justiça do Trabalho, a legitimidade ativa e passiva, extrema ou excepcional, poderá o Corregedor-Geral adotar as
a possibilidade jurídica do pedido ou possibilidade de declaração de medidas necessárias a impedir lesão de difícil reparação,
inconstitucionalidade em caráter incidental e através da via eleita, a assegurando, dessa forma, eventual resultado útil do processo, até
própria inconstitucionalidade da Lei n. 13.467/2017 na parte que diz que ocorra o exame da matéria pelo órgão jurisdicional
competente". do RICGJT.
No presente caso, impugna-se decisão por meio da qual se deferiu Ante o exposto, com fundamento no artigo 20, III, do RICGJT,
parcialmente o pedido de medida liminar, nos autos do Mandado de JULGO IMPROCEDENTE o pedido formulado na presente
sindical. Manteve-se, por conseguinte, a decisão por meio da qual Dê-se ciência desta decisão, mediante ofício, à Requerente, ao
se antecipara os efeitos da tutela para determinar o desconto e o Exmo. Desembargador Francisco Alberto da Motta Peixoto
recolhimento dos valores devidos a título de contribuição sindical, Giordani, do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, ao juízo
contrário à boa ordem processual de que trata a cabeça do artigo 13 Ministro LELIO BENTES CORRÊA
mandamental.
desta Corregedoria-Geral.
Intimado(s)/Citado(s):
Constata-se, assim, que a decisão ora impugnada foi proferida nos - FRANCISCO ALBERTO DA MOTTA PEIXOTO GIORDANI
REQUERENTE: RIO DE JANEIRO REFRESCOS LTDA. Assevera que o recolhimento da contribuição sindical, sem prévia
Trata-se de Correição Parcial, com pedido de liminar, proposta por Argumenta, por fim, que não há se falar em matéria pacificada, uma
RIO DE JANEIRO REFRESCOS LTDA. - atual denominação social vez que existem inúmeras Ações Diretas de Inconstitucionalidade
da Companhia de Bebidas Ipiranga - contra decisão monocrática tramitando no Supremo Tribunal Federal acerca do tema, razão por
proferida pelo Exmo. Desembargador Francisco Alberto da Motta que revela-se contrária à boa ordem processual, em afronta ao
Peixoto Giordani, do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, princípio da segurança jurídica, a decisão que declara a
mediante a qual deferiu parcialmente o pedido de medida liminar inconstitucionalidade de norma legal em sede de liminar.
nos autos do Mandado de Segurança n.º 0006455-
12.2018.5.15.0000, apenas para determinar o depósito em juízo dos Requer a "suspensão da ordem de desconto/repasse da
valores devidos a título de contribuição sindical. Manteve, por contribuição sindical, ainda que em garantia em juízo, até que seja
conseguinte, a decisão por meio da qual a MM. Juíza da 1ª Vara do proferida a decisão final pelo E. STF na Ação Direta de
Trabalho de Franca/SP antecipara os efeitos da tutela, nos autos da Inconstitucionalidade sobre o tema, ou, sucessivamente, até que
Tutela Cautelar Antecedente n.º 0010473-31.2018.5.15.0015, seja proferida decisão nos autos da Ação ajuizada pelo sindicato em
ajuizada pelo SINDICATO DOS CONDUTORES DE VEÍCULOS face desta Corrigente (nº 0010473-31.2018.5.15.0015)".
RODOVIÁRIOS DE FRANCA E REGIÃO, para determinar "o
quantia correspondente à contribuição sindical, em valor equivalente Na presente Correição Parcial, a Requerente se insurge contra a
a um dia de trabalho, efetuando-se o respectivo repasse ao decisão monocrática proferida nos autos do Mandado de Segurança
n.º 0006455-12.2018.5.15.0000, mediante a qual o Exmo. complementar: III - estabelecer normas gerais em matéria de
Desembargador Francisco Alberto da Motta Peixoto Giordani, do legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e
Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, deferiu parcialmente de suas espécies, bem como, em relação aos impostos
o pedido de medida liminar nos autos do Mandado de Segurança n.º discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos
0006455-12.2018.5.15.0000, apenas para determinar o depósito em geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação,
juízo dos valores devidos a título de contribuição sindical. lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; c)
Com efeito, a decisão monocrática que deferiu parcialmente o sociedades cooperativas. d) definição de tratamento diferenciado e
pedido liminar, objeto da presente Reclamação Correicional, está favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno
assim fundamentada (grifos no original): porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do
(...)
No presente caso, o ato coator é aquele que, reconhecendo a que tem eficácia de lei complementar - sem sofismar prevê que
inconstitucionalidade da norma mencionada, deferiu o pedido de tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo
tutela provisória do terceiro interessado e/ou litisconsorte, para valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito,
impelir a ora impetrante ao recolhimento da contribuição sindical, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa
agremiação sindical.
Análise da matéria levaria à aparente conclusão de que inexiste "imposto sindical" - contribuição "de interesse das categorias
direito líquido e certo a ser amparado, haja vista o claramente profissionais ou econômicas" (art. 149, CF) -, tem referida natureza -
disposto no art. 545, "caput" da CLT, com a recente redação dada compulsória -, sendo aliás parte dela destinada aos cofres da União
pela Lei n. 13.467/2017, adiante: "Art. 545. Os empregadores ficam e revertida ao Fundo de Amparo do Trabalhador - FAT, que custeia
obrigados a descontar da folha de pagamento dos seus programas de seguro-desemprego, abono salarial, financiamento de
empregados, desde que por eles devidamente autorizados, as ações para o desenvolvimento econômico e geração de trabalho,
Ocorre que sobredita norma é de evidente inconstitucionalidade. Bom consignar o disposto no art. 217 do CTN:
econômico e de interesse das categorias profissionais ou Definida tal contribuição, tendo feição de tributo, inafastável a
econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas conclusão de que tem caráter obrigatório ou compulsório, por outras
áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem palavras, não facultativo.
a que alude o dispositivo". Aqui, de ceder o passo aos eminentes Francisco Meton Marques de
Assim, são três tipos de contribuições que podem ser instituídas superiormente asseveram: "Em virtude de sua previsão
exclusivamente pela União: contribuições sociais, contribuições de constitucional, entendemos que não pode ser {a contribuição
intervenção no domínio econômico e contribuições de interesse das sindical} removida por lei. Nem tornada facultativa, pois é um tributo,
categorias profissionais ou econômicas. e não há tributo facultativo. Assim, a lei ocorre em flagrante
A propósito, o referido art. 146, III, estabelece: "Cabe à lei Francisco Péricles Rodrigues Marques de Lima, "Reforma
A natureza tributária e/ou a compulsoriedade do denominado aprovação da lei ordinária, que requer maioria simples - art. 47 da
imposto sindical há muito foi reconhecida pelo Excelso STF: CF/88 e da lei complementar, que demanda maioria absoluta - art.
69 da CF/88.
............................
No mesmo sentido o entendimento do Min. CELSO DE MELLO - de normas gerais em matéria de legislação tributária e, portanto,
............................ diversa no que diz com outras espécies, não há como sê-lo, na de
Com efeito, em respeito à hierarquia das normas e/ou à boa e finalidades, pois uma interpretação sistêmica do Texto Maior, não
tributária da contribuição e/ou "imposto sindical", somente se Acaso se pense de maneira diversa, de realçar que absolutamente
viabiliza por lei complementar, sendo inadmissível o emprego necessário ter atenção para o fato de que, em se cuidando de
de uma lei ordinária para tal finalidade, como é o caso da Lei n. contribuição sindical, o raciocínio não pode ser o mesmo que, muita
13.467/2017, que, aliás, não tem força para extinguir o tributo vez, se faz quando o foco é o da instituição de algum tributo, pois
em questão, sequer modificá-lo na intensidade verificada, que aqui se trata do contrário, sua extinção (dissimulada pelo
tornando facultativa, o que, por definição, deve ser eufemismo "ser facultativa"), o que, a se entender possa ser feito
compulsória, como acima demonstrado. tão sem-cerimônia como foi, tornaria (rectius: torna) fácil esvaziar as
Repiso: a modificação e/ou extinção de um tributo notadamente a sindicatos, e que têm a ver não com um sindicato em si e por si,
alteração da sua natureza - de compulsória, para facultativa - é mas com o quão podem ser (rectius: são) necessários para tentar
matéria reservada à lei complementar. um mínimo de equilíbrio nas relações de trabalho, tão assimétricas
por natureza e mais ainda nos dias que correm, e portanto, com a
Decerto, o Exc. STF no julgamento do RE 635.682 decidiu pela centralidade do trabalho, da dignidade da pessoa humana que vive-
desnecessidade de lei complementar para instituição de do-seu-trabalho e da valorização social do trabalho, valores com
contribuição de intervenção no domínio econômico: vigor abraçados pela Carta Política e que lhe norteiam e a
Mas destes julgados supra não se infere que contribuição de possível, é dizer, não se está defendendo a manutenção da
interesse de categorias profissional ou econômica por suas contribuição sindical por ela própria, de maneira singela e mesmo
particularidades e finalidades, que distinguem-nas das demais, não se desconhece a existência, praticamente, de um consenso
como é o caso da contribuição sindical, antigo "imposto sindical", nacional de que deva ser extinta, mas ela, não os sindicatos, nem
possa ter o seu caráter tributário - antes reconhecido por norma de os trabalhadores, quanto a estes de, por meio de seus sindicatos,
eficácia de lei complementar -, modificado por lei hierarquicamente promoverem ações para tentar melhorar suas condições de vida e
inferior - lei ordinária -. trabalho, atento aos valores apontados nas linhas transatas, o que
No mesmo sentido os ensinamentos de MAURÍCIO GODINHO cima de maneira abrupta e sem qualquer período e/ou condições
DELGADO e GABRIELA NEVES DELGADO: transitórias que preparassem a retirada de sua obrigatoriedade; e
se seu comando e sua essência, o que faria/fará com que não lhe Bem é de ver que, se a visão e a análise forem seriamente feitas,
servissem/sirvam as observações de Carlos María Cárcova, no não podem ser aceitos argumentos - balofos - de que, com a mera
sentido de que "O direito se desenvolve como discurso ideológico, substituição da obrigatoriedade pela autorização, não restaria
enquanto promete, com a finalidade de organizar o consenso, o que afrontada a Lei Maior, porquanto não teria sido a contribuição
não dá: igualdade, liberdade, proteção, garantias. Mas, como toda sindical extirpada do ordenamento , mas apenas recebido novo e
ideologia, desconhece e reconhece ao mesmo tempo; quando ilude, mais moderno fato, esse sim, a melhor vesti-la, já que, como se não
alude. Assim, nos priva da igualdade, mas nos reconhece como desconhece, e é válido insistir, não é lícito obstar, por meios
iguais" (Carlos María Cárcova, "A Opacidade do Direito", LTr, 1998, especiosos, o que a lei diretamente estatui.
defendê-los, mas se tira desses mesmos sindicatos condições A inovação introduzida pela Lei 13.467/2017 na prática contraria os
mínimas para fazê-lo, sem qualquer período de transição, para que preceitos e princípios que vedam conduta antissindical, como
pudessem/possam obter novas fontes de custeio. assinalado alhures e, de fato, constitui um risco à efetividade do
Vale acrescentar, nesse passo que menciono o artigo 8º, III e VI, da logicamente implica em franca ameaça de exaurimento econômico
Lei Maior que, por conta mesmo do que prescrevem esses incisos e dos sindicatos - cuja atuação não se restringe à defesa dos
também do inciso XXVI, do artigo 7º, da Carta Política, e a associados, compreendendo, também, os não-associados -,
importância que a CF/88 atribui aos sindicatos para o redunda, aliás, na fragilização do direito de organização e/ou
reconhecimento e atuação dos direitos fundamentais dos limitação de atuação das entidades de classe, quiçá, ameaça a
trabalhadores, numa visão sistêmica da Constituição Brasileira, que própria existência dessas associações sindicais, sobretudo, as que
tanta preocupação, cuidado e proeminência tem e confere à agregam os trabalhadores, já desprovidos de poder de negociação
dignidade da pessoa humana em geral e da que vive-do-seu- perceptível, ou seja, acentua o desequilíbrio entre capital e trabalho,
trabalho em especial, fica acrescida a importância e o fundamento em prejuízo deste, de forma imediata, mas também para a
para que a alteração feita só pudesse/possa sê-lo por meio de Lei sociedade como um todo e em seu todo.
motivos expostos, não se justificaria pudesse ser feita por simples Outrossim, cabe salientar que no Direito do Trabalho os princípios e
Lei Ordinária, atento a que, deixados à deriva os sindicatos, na normas regulam tanto o direito individual, quanto o direito coletivo
procela que está presente nas relações de trabalho hodiernamente, do trabalho, abrangendo este último, além da greve e negociação
os barcos que virarão serão dos trabalhadores, afogando-os então! coletiva, também a organização sindical.
Enfatizo, a própria Constituição estabelece no seu art. 8º, III e VI, Vale rememorar que princípio, por definição, constitui um
que "ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos mandamento nuclear de determinado sistema, que se irradia sobre
sindicatos nas negociações coletivas de trabalho". No mesmo A esse respeito a doutrina de Celso Antônio Bandeira de Mello:
sentido, o art. 592 da CLT compele o Sindicato a aplicar os valores "Princípio é, por definição, mandamento nuclear de um sistema,
arrecadados na subvenção de relevantes serviços prestados à verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia
categoria como assistência jurídica, médica, odontológica, sobre diferentes normas, compondo-lhes o espírito e servindo de
prevenção de acidentes do trabalho, educação e formação critério para sua exata compreensão e inteligência, exatamente por
profissional, sem as quais a associação sindical perde inteiramente definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe
E conquanto a Lei 13.467/2017 tenha pretendido tornar facultativa a componentes do todo unitário que há por nome sistema jurídico
contribuição sindical, antigo "imposto sindical", não modificou o positivo" - "in" Elementos De Direito Administrativo, São Paulo:
caráter obrigatório de qualquer das funções que a legislação impõe Revista dos Tribunais, 1981, p. 230."
O Min. Orlando Teixeira da Costa, discorrendo ainda sobre o ainda por compulsório todo e qualquer tributo, permanecem em
mesmo tema, elucidou: vigor. Por derradeiro, não vislumbro a irreversibilidade aventada
Para dissolver qualquer dúvida que se possa aventar acerca da demora, visto que provado da sua fonte histórica de receita.
me socorro dos apontamentos do jurista Min. Wagner Pimenta, Confirmo a r. decisão atacada em todos os seus termos, exceto em
............................
Noutra vertente, enfatizo a Convenção n. 98 da OIT, aprovada pelo juízo, as contribuições sindicais - "imposto sindical" - de todos os
Decreto Legislativo n. 49, de 27.8.52, que assegurou a aplicação seus empregados, cuja representação seja comprovadamente
dos princípios do direito de organização e de negociação coletiva, exercida pela associação sindical - terceiro interessado -,
se inferindo de seu art. 4º que o Estado não deverá causar equivalente ao desconto de um dia de trabalho, sobre a próxima
embaraço à atividade sindical, ao contrário: folha de pagamento, procedendo da mesma forma quanto aos
São esclarecedoras as seguintes observações do Ilustre artigos 545 e 602 da CLT, dada pela Lei 13.467/2017
............................
A controvérsia tem marcante caráter coletivo, com fortes Parcial é cabível para corrigir erros, abusos e atos contrários à boa
implicações na continuidade do exercício da representação dos ordem processual e que importem em atentado a fórmulas legais de
trabalhadores pela associação sindical, cuja própria existência está processo, quando para o caso não haja recurso ou outro meio
Diversamente do que sustenta a impetrante, tem-se por presente a O parágrafo único do referido dispositivo dispõe que "em situação
competência da Justiça do Trabalho, a legitimidade ativa e passiva, extrema ou excepcional, poderá o Corregedor-Geral adotar as
a possibilidade jurídica do pedido ou possibilidade de declaração de medidas necessárias a impedir lesão de difícil reparação,
inconstitucionalidade em caráter incidental e através da via eleita, a assegurando, dessa forma, eventual resultado útil do processo, até
própria inconstitucionalidade da Lei n. 13.467/2017 na parte que diz que ocorra o exame da matéria pelo órgão jurisdicional
vislumbra a irreversibilidade do provimento. No presente caso, impugna-se decisão por meio da qual se deferiu
Descabe falar de inadequação da via eleita, haja vista que a Segurança n.º 0006455-12.2018.5.15.0000, apenas para determinar
declaração de inconstitucionalidade requerida e deferida, como o depósito em juízo dos valores devidos a título de contribuição
exposto, tem caráter meramente incidental. Igualmente, não se fale sindical. Manteve-se, por conseguinte, a decisão por meio da qual
de repristinação, porquanto, como assinalado já, a alteração se antecipara os efeitos da tutela para determinar o desconto e o
legislativa não revogou o direito à contribuição sindical - antigo recolhimento dos valores devidos a título de contribuição sindical,
imposto sindical -, apenas, pretendeu torná-lo facultativo, sendo que de todos os empregados da ora Requerente.
contrário à boa ordem processual de que trata a cabeça do artigo 13 Ministro LELIO BENTES CORRÊA
mandamental.
desta Corregedoria-Geral.
Intimado(s)/Citado(s):
Constata-se, assim, que a decisão ora impugnada foi proferida nos - SINDICATO DOS CONDUTORES DE VEICULOS RODOV DE
FRANCA
estritos limites da atuação jurisdicional do seu prolator, não sendo
desta Corregedoria, com base no artigo 13 e seu parágrafo único, PODER JUDICIÁRIO
Correição Parcial.
REQUERIDO: DESEMBARGADOR FRANCISCO ALBERTO DA Acrescenta que a decisão ora impugnada "determinou obrigação em
DECISÃO
Reautue-se o feito, a fim de fazer constar o SINDICATO DOS "bloqueio judicial", bem como a probabilidade do direito, ante a
CONDUTORES DE VEÍCULOS RODOVIÁRIOS DE FRANCA E constitucionalidade do dispositivo legal que faculta ao empregado o
Trata-se de Correição Parcial, com pedido de liminar, proposta por Argumenta, por fim, que não há se falar em matéria pacificada, uma
RIO DE JANEIRO REFRESCOS LTDA. - atual denominação social vez que existem inúmeras Ações Diretas de Inconstitucionalidade
da Companhia de Bebidas Ipiranga - contra decisão monocrática tramitando no Supremo Tribunal Federal acerca do tema, razão por
proferida pelo Exmo. Desembargador Francisco Alberto da Motta que revela-se contrária à boa ordem processual, em afronta ao
Peixoto Giordani, do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, princípio da segurança jurídica, a decisão que declara a
mediante a qual deferiu parcialmente o pedido de medida liminar inconstitucionalidade de norma legal em sede de liminar.
12.2018.5.15.0000, apenas para determinar o depósito em juízo dos Requer a "suspensão da ordem de desconto/repasse da
valores devidos a título de contribuição sindical. Manteve, por contribuição sindical, ainda que em garantia em juízo, até que seja
conseguinte, a decisão por meio da qual a MM. Juíza da 1ª Vara do proferida a decisão final pelo E. STF na Ação Direta de
Trabalho de Franca/SP antecipara os efeitos da tutela, nos autos da Inconstitucionalidade sobre o tema, ou, sucessivamente, até que
Tutela Cautelar Antecedente n.º 0010473-31.2018.5.15.0015, seja proferida decisão nos autos da Ação ajuizada pelo sindicato em
ajuizada pelo SINDICATO DOS CONDUTORES DE VEÍCULOS face desta Corrigente (nº 0010473-31.2018.5.15.0015)".
quantia correspondente à contribuição sindical, em valor equivalente Na presente Correição Parcial, a Requerente se insurge contra a
a um dia de trabalho, efetuando-se o respectivo repasse ao decisão monocrática proferida nos autos do Mandado de Segurança
sindicato autor, observados os porcentuais estabelecidos no artigo n.º 0006455-12.2018.5.15.0000, mediante a qual o Exmo.
589 da CLT", sob pena de multa de R$100.000,00 (cem mil reais), a Desembargador Francisco Alberto da Motta Peixoto Giordani, do
ser revertida em prol do Sindicato. Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, deferiu parcialmente
Alega o Requerente que não obstante tenha interposto Agravo 0006455-12.2018.5.15.0000, apenas para determinar o depósito em
Regimental à decisão monocrática proferida nos autos do Mandado juízo dos valores devidos a título de contribuição sindical.
suspensivo à decisão que determinou os descontos da contribuição Com efeito, a decisão monocrática que deferiu parcialmente o
sindical, razão por que cabível a presente medida correicional. pedido liminar, objeto da presente Reclamação Correicional, está
Consolidação das Leis do Trabalho, com redação dada pela Lei n.º
(...)
No presente caso, o ato coator é aquele que, reconhecendo a que tem eficácia de lei complementar - sem sofismar prevê que
inconstitucionalidade da norma mencionada, deferiu o pedido de tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo
tutela provisória do terceiro interessado e/ou litisconsorte, para valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito,
impelir a ora impetrante ao recolhimento da contribuição sindical, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa
agremiação sindical.
Análise da matéria levaria à aparente conclusão de que inexiste "imposto sindical" - contribuição "de interesse das categorias
direito líquido e certo a ser amparado, haja vista o claramente profissionais ou econômicas" (art. 149, CF) -, tem referida natureza -
disposto no art. 545, "caput" da CLT, com a recente redação dada compulsória -, sendo aliás parte dela destinada aos cofres da União
pela Lei n. 13.467/2017, adiante: "Art. 545. Os empregadores ficam e revertida ao Fundo de Amparo do Trabalhador - FAT, que custeia
obrigados a descontar da folha de pagamento dos seus programas de seguro-desemprego, abono salarial, financiamento de
empregados, desde que por eles devidamente autorizados, as ações para o desenvolvimento econômico e geração de trabalho,
Ocorre que sobredita norma é de evidente inconstitucionalidade. Bom consignar o disposto no art. 217 do CTN:
econômico e de interesse das categorias profissionais ou Definida tal contribuição, tendo feição de tributo, inafastável a
econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas conclusão de que tem caráter obrigatório ou compulsório, por outras
áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem palavras, não facultativo.
a que alude o dispositivo". Aqui, de ceder o passo aos eminentes Francisco Meton Marques de
Assim, são três tipos de contribuições que podem ser instituídas superiormente asseveram: "Em virtude de sua previsão
exclusivamente pela União: contribuições sociais, contribuições de constitucional, entendemos que não pode ser {a contribuição
intervenção no domínio econômico e contribuições de interesse das sindical} removida por lei. Nem tornada facultativa, pois é um tributo,
categorias profissionais ou econômicas. e não há tributo facultativo. Assim, a lei ocorre em flagrante
A propósito, o referido art. 146, III, estabelece: "Cabe à lei Francisco Péricles Rodrigues Marques de Lima, "Reforma
complementar: III - estabelecer normas gerais em matéria de Trabalhista - entenda ponto por ponto", LTr, 2017, página 90).
de suas espécies, bem como, em relação aos impostos A natureza tributária e/ou a compulsoriedade do denominado
discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos imposto sindical há muito foi reconhecida pelo Excelso STF:
sociedades cooperativas. d) definição de tratamento diferenciado e No mesmo sentido o entendimento do Min. CELSO DE MELLO -
Com efeito, em respeito à hierarquia das normas e/ou à boa e finalidades, pois uma interpretação sistêmica do Texto Maior, não
tributária da contribuição e/ou "imposto sindical", somente se Acaso se pense de maneira diversa, de realçar que absolutamente
viabiliza por lei complementar, sendo inadmissível o emprego necessário ter atenção para o fato de que, em se cuidando de
de uma lei ordinária para tal finalidade, como é o caso da Lei n. contribuição sindical, o raciocínio não pode ser o mesmo que, muita
13.467/2017, que, aliás, não tem força para extinguir o tributo vez, se faz quando o foco é o da instituição de algum tributo, pois
em questão, sequer modificá-lo na intensidade verificada, que aqui se trata do contrário, sua extinção (dissimulada pelo
tornando facultativa, o que, por definição, deve ser eufemismo "ser facultativa"), o que, a se entender possa ser feito
compulsória, como acima demonstrado. tão sem-cerimônia como foi, tornaria (rectius: torna) fácil esvaziar as
Repiso: a modificação e/ou extinção de um tributo notadamente a sindicatos, e que têm a ver não com um sindicato em si e por si,
alteração da sua natureza - de compulsória, para facultativa - é mas com o quão podem ser (rectius: são) necessários para tentar
matéria reservada à lei complementar. um mínimo de equilíbrio nas relações de trabalho, tão assimétricas
por natureza e mais ainda nos dias que correm, e portanto, com a
Decerto, o Exc. STF no julgamento do RE 635.682 decidiu pela centralidade do trabalho, da dignidade da pessoa humana que vive-
desnecessidade de lei complementar para instituição de do-seu-trabalho e da valorização social do trabalho, valores com
contribuição de intervenção no domínio econômico: vigor abraçados pela Carta Política e que lhe norteiam e a
Mas destes julgados supra não se infere que contribuição de possível, é dizer, não se está defendendo a manutenção da
interesse de categorias profissional ou econômica por suas contribuição sindical por ela própria, de maneira singela e mesmo
particularidades e finalidades, que distinguem-nas das demais, não se desconhece a existência, praticamente, de um consenso
como é o caso da contribuição sindical, antigo "imposto sindical", nacional de que deva ser extinta, mas ela, não os sindicatos, nem
possa ter o seu caráter tributário - antes reconhecido por norma de os trabalhadores, quanto a estes de, por meio de seus sindicatos,
eficácia de lei complementar -, modificado por lei hierarquicamente promoverem ações para tentar melhorar suas condições de vida e
inferior - lei ordinária -. trabalho, atento aos valores apontados nas linhas transatas, o que
No mesmo sentido os ensinamentos de MAURÍCIO GODINHO cima de maneira abrupta e sem qualquer período e/ou condições
DELGADO e GABRIELA NEVES DELGADO: transitórias que preparassem a retirada de sua obrigatoriedade; e
À essa altura, não custa lembrar o quórum diferenciado para se seu comando e sua essência, o que faria/fará com que não lhe
aprovação da lei ordinária, que requer maioria simples - art. 47 da servissem/sirvam as observações de Carlos María Cárcova, no
CF/88 e da lei complementar, que demanda maioria absoluta - art. sentido de que "O direito se desenvolve como discurso ideológico,
De fato, a CF/1988 restringe à lei complementar o estabelecimento ideologia, desconhece e reconhece ao mesmo tempo; quando ilude,
de normas gerais em matéria de legislação tributária e, portanto, alude. Assim, nos priva da igualdade, mas nos reconhece como
definição em tema tributário, caso da obrigatoriedade e/ou iguais" (Carlos María Cárcova, "A Opacidade do Direito", LTr, 1998,
facultatividade do denominado "imposto sindical", sob pena de página 167), é dizer, os trabalhadores teriam/têm os sindicatos para
inconstitucionalidade formal, ainda que a compreensão possa ser defendê-los, mas se tira desses mesmos sindicatos condições
diversa no que diz com outras espécies, não há como sê-lo, na de mínimas para fazê-lo, sem qualquer período de transição, para que
que aqui se cuida, atento, como já referido, às suas particularidades pudessem/possam obter novas fontes de custeio.
Vale acrescentar, nesse passo que menciono o artigo 8º, III e VI, da logicamente implica em franca ameaça de exaurimento econômico
Lei Maior que, por conta mesmo do que prescrevem esses incisos e dos sindicatos - cuja atuação não se restringe à defesa dos
também do inciso XXVI, do artigo 7º, da Carta Política, e a associados, compreendendo, também, os não-associados -,
importância que a CF/88 atribui aos sindicatos para o redunda, aliás, na fragilização do direito de organização e/ou
reconhecimento e atuação dos direitos fundamentais dos limitação de atuação das entidades de classe, quiçá, ameaça a
trabalhadores, numa visão sistêmica da Constituição Brasileira, que própria existência dessas associações sindicais, sobretudo, as que
tanta preocupação, cuidado e proeminência tem e confere à agregam os trabalhadores, já desprovidos de poder de negociação
dignidade da pessoa humana em geral e da que vive-do-seu- perceptível, ou seja, acentua o desequilíbrio entre capital e trabalho,
trabalho em especial, fica acrescida a importância e o fundamento em prejuízo deste, de forma imediata, mas também para a
para que a alteração feita só pudesse/possa sê-lo por meio de Lei sociedade como um todo e em seu todo.
motivos expostos, não se justificaria pudesse ser feita por simples Outrossim, cabe salientar que no Direito do Trabalho os princípios e
Lei Ordinária, atento a que, deixados à deriva os sindicatos, na normas regulam tanto o direito individual, quanto o direito coletivo
procela que está presente nas relações de trabalho hodiernamente, do trabalho, abrangendo este último, além da greve e negociação
os barcos que virarão serão dos trabalhadores, afogando-os então! coletiva, também a organização sindical.
Enfatizo, a própria Constituição estabelece no seu art. 8º, III e VI, Vale rememorar que princípio, por definição, constitui um
que "ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos mandamento nuclear de determinado sistema, que se irradia sobre
sindicatos nas negociações coletivas de trabalho". No mesmo A esse respeito a doutrina de Celso Antônio Bandeira de Mello:
sentido, o art. 592 da CLT compele o Sindicato a aplicar os valores "Princípio é, por definição, mandamento nuclear de um sistema,
arrecadados na subvenção de relevantes serviços prestados à verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia
categoria como assistência jurídica, médica, odontológica, sobre diferentes normas, compondo-lhes o espírito e servindo de
prevenção de acidentes do trabalho, educação e formação critério para sua exata compreensão e inteligência, exatamente por
profissional, sem as quais a associação sindical perde inteiramente definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe
E conquanto a Lei 13.467/2017 tenha pretendido tornar facultativa a componentes do todo unitário que há por nome sistema jurídico
contribuição sindical, antigo "imposto sindical", não modificou o positivo" - "in" Elementos De Direito Administrativo, São Paulo:
caráter obrigatório de qualquer das funções que a legislação impõe Revista dos Tribunais, 1981, p. 230."
Bem é de ver que, se a visão e a análise forem seriamente feitas, mesmo tema, elucidou:
sindical extirpada do ordenamento , mas apenas recebido novo e Para dissolver qualquer dúvida que se possa aventar acerca da
mais moderno fato, esse sim, a melhor vesti-la, já que, como se não incidência do princípio da proteção no Direito Coletivo do Trabalho,
desconhece, e é válido insistir, não é lícito obstar, por meios me socorro dos apontamentos do jurista Min. Wagner Pimenta,
assinalado alhures e, de fato, constitui um risco à efetividade do Noutra vertente, enfatizo a Convenção n. 98 da OIT, aprovada pelo
Decreto Legislativo n. 49, de 27.8.52, que assegurou a aplicação seus empregados, cuja representação seja comprovadamente
dos princípios do direito de organização e de negociação coletiva, exercida pela associação sindical - terceiro interessado -,
se inferindo de seu art. 4º que o Estado não deverá causar equivalente ao desconto de um dia de trabalho, sobre a próxima
embaraço à atividade sindical, ao contrário: folha de pagamento, procedendo da mesma forma quanto aos
São esclarecedoras as seguintes observações do Ilustre artigos 545 e 602 da CLT, dada pela Lei 13.467/2017
............................
A controvérsia tem marcante caráter coletivo, com fortes Parcial é cabível para corrigir erros, abusos e atos contrários à boa
implicações na continuidade do exercício da representação dos ordem processual e que importem em atentado a fórmulas legais de
trabalhadores pela associação sindical, cuja própria existência está processo, quando para o caso não haja recurso ou outro meio
Diversamente do que sustenta a impetrante, tem-se por presente a O parágrafo único do referido dispositivo dispõe que "em situação
competência da Justiça do Trabalho, a legitimidade ativa e passiva, extrema ou excepcional, poderá o Corregedor-Geral adotar as
a possibilidade jurídica do pedido ou possibilidade de declaração de medidas necessárias a impedir lesão de difícil reparação,
inconstitucionalidade em caráter incidental e através da via eleita, a assegurando, dessa forma, eventual resultado útil do processo, até
própria inconstitucionalidade da Lei n. 13.467/2017 na parte que diz que ocorra o exame da matéria pelo órgão jurisdicional
vislumbra a irreversibilidade do provimento. No presente caso, impugna-se decisão por meio da qual se deferiu
Descabe falar de inadequação da via eleita, haja vista que a Segurança n.º 0006455-12.2018.5.15.0000, apenas para determinar
declaração de inconstitucionalidade requerida e deferida, como o depósito em juízo dos valores devidos a título de contribuição
exposto, tem caráter meramente incidental. Igualmente, não se fale sindical. Manteve-se, por conseguinte, a decisão por meio da qual
de repristinação, porquanto, como assinalado já, a alteração se antecipara os efeitos da tutela para determinar o desconto e o
legislativa não revogou o direito à contribuição sindical - antigo recolhimento dos valores devidos a título de contribuição sindical,
imposto sindical -, apenas, pretendeu torná-lo facultativo, sendo que de todos os empregados da ora Requerente.
ainda por compulsório todo e qualquer tributo, permanecem em Conforme se extrai do excerto antes transcrito, a decisão objeto da
vigor. Por derradeiro, não vislumbro a irreversibilidade aventada presente Reclamação Correicional confirmou a liminar
pelo impetrante, tampouco a probabilidade do direito e o perigo da anteriormente deferida, exceto em relação à forma de cumprimento
demora que anuncia; ao contrário, está com o terceiro da obrigação, registrando que o "depósito, por cautela, será liberado
Confirmo a r. decisão atacada em todos os seus termos, exceto em dano de difícil reparação, tendo em vista que houve determinação
relação à forma de cumprimento da obrigação, cujo depósito, por expressa de que o depósito das contribuições sindicais fosse
cautela, será liberado somente após solução da controvérsia. efetuado em conta vinculada ao juízo.
A empresa impetrante deverá, assim, descontar e depositar, em Não se vislumbra, na hipótese dos autos, erro, abuso ou ato
juízo, as contribuições sindicais - "imposto sindical" - de todos os contrário à boa ordem processual de que trata a cabeça do artigo 13
mandamental.
desta Corregedoria-Geral.
do RICGJT.
Publique-se.
Dê-se ciência desta decisão, mediante ofício, à Requerente, ao
Giordani, do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, ao juízo Brasília, 18 de maio de 2018.
Publique-se.
No uso da atribuição conferida pelo art. 1º, X, “a”, do Ato
Advogado: Luiz Fernando Lopes Abrantes 183575/SP Ref. Processo AIRR - 1385-83.2016.5.05.0122
Advogado: Vidal Ribeiro Ponçano 91473/SP Advogada: Maria Cristina Patau Blandy 132742/SP
Requerente: PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS Requerente: SONDA PROCWORK INFORMÁTICA LTDA.
Advogado: Dirceu Marcelo Hoffmann 16538/GO Advogado: Dennis Olimpio Silva 182162/SP
Advogado: Mario Jorge Oliveira de Paula Filho 2908/AM Advogado: Roberta Aline Oliveira Visotto 290665/SP
Requerente: GETNET ADQUIRÊNCIA E SERVIÇOS PARA MEIOS Requerente: SAN MARINO ÔNIBUS E IMPLEMENTOS LTDA.
Requerente: PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS Advogado: Cláudio Dias de Castro 32361/RS
Advogado: Dirceu Marcelo Hoffmann 16538/GO Subprocurador-Geral do Trabalho: Eneas Bazzo Torres
Ref. Processo AIRR - 21694-62.2014.5.04.0401 Advogado: Jorge André Ritzmann de Oliveira 11985/SC
Advogado: Jorge André Ritzmann de Oliveira 11985/SC Advogada: Mylena Villa Costa 14443/BA
Publique-se.
PETIÇÃO N.º 112558/2018-0
Ref. Processo AIRR - 252-30.2012.5.02.0445 Firmado por assinatura digital (Lei 11.419/2006)
Publique-se.
O processo indicado não tramita no Tribunal Superior do Trabalho. Brasília, 18 de maio de 2018.
Assim, no uso da atribuição conferida pelo art. 1º, VII, do Ato Firmado por assinatura digital (Lei 11.419/2006)
90/SEGJUD.GP, de 27/02/18, determino o arquivamento da
presente petição. VALERIO AUGUSTO FREITAS DO CARMO
Secretário-Geral Judiciário
Publique-se.
PETIÇÃO TST-PET-127018/2018-3
Requerente: TELEFÔNICA BRASIL S.A.
Brasília, 18 de maio de 2018.
Advogada: Dra. Viviane Castro Neves Pascoal Maldonado Dal Mas
(136069/SP)
Firmado por assinatura digital (Lei 11.419/2006)
SDC
(Ref. Processo AIRR - 660-04.2016.5.11.0001 )
Agravado(s): RAIMUNDO FELINTO DE ARAÚJO FILHO GMACV/mp
Advogado: Dr. Luiz Eduardo Lustosa de Oliveira(833/AM)
Advogado: Dr. Peterson Gustavo Germano Motta(7051/AM)
PRELIMINAR DE AUSÊNCIA DE CONDIÇÕES DA AÇÃO
Agravado(s): PETROBRAS TRANSPORTE S.A. - TRANSPETRO
Advogado: Dr. Sylvio Garcez Júnior(7510/BA) ARGUIDA EM CONTRARRAZÕES PELA EMPRESA
Agravante(s): PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS SUSCITADA. DISSÍDIO COLETIVO DE NATUREZA JURÍDICA.
Advogado: Dr. Nelson Wilians Fratoni Rodrigues(598/AM-A)
DISPENSA COLETIVA. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. O Pleno
Agravado(s): M BRAS CONSTRUÇÕES, CONSULTORIA E
TECNOLOGIA LTDA. do Tribunal Superior do Trabalho sedimentou o entendimento de
Advogada: Dra. que a discussão acerca da configuração de dispensa em massa ou
VALERIO AUGUSTO FREITAS DO CARMO coletiva, como agora se dá com o art. 477-A. Trata-se, portanto, de
Secretário-Geral Judiciário tutela de interesses concretos e individuais de trabalhadores,
DOS TRABALHADORES NAS INDÚSTRIAS METALÚRGICAS, dias 16 e 17/01/2012 foram cerca de 40 (quarenta): demissões, sem
MECÂNICAS E DE MATERIAL ELÉTRICO E ELETRÔNICO E DE que houvesse negociação prévia com o Sindicato suscitante ou
FIBRAS ÓPTICAS DE CAMPINAS, INDAIATUBA, AMERICANA, informações acerca das demissões, existindo violação aos
MONTE MOR, VALINHOS, NOVA ODESSA, PAULÍNEA, Princípios e Normas Constitucionais protetivas dos direitos dos
SUMARÉ E HORTOLÂNDIA e Recorrido ROBERT BOSCH LTDA.. trabalhadores (direito à informação - art. 5º, XIV, da CF, princípio da
O eg. TRT julgou totalmente improcedente o dissídio coletivo de sem justa causa - art. 7º, I, da CF, princípio da democracia e a
natureza jurídica, por entender não caracterizada a dispensa participação obrigatória do Sindicato nas questões coletivas - art. 7º,
O sindicato autor interpõe recurso ordinário, buscando a reforma Afirma, o Suscitante, que a ausência de negociação prévia se deu
dessa decisão. Alega, em síntese, caracterizada a dispensa em por culpa do Suscitado e, por imperativo constitucional, de acordo
massa sem que a suscitada houvesse procedido à necessária com o art. 8º, VI, da CF, é indispensável a sua participação por
negociação coletiva. Pugna pela reforma da decisão recorrida para entender tratar-se de demissão em massa ou coletiva.
que sejam declaradas nulas as dispensas, reintegrados os Nesse sentido, formula as seguintes pretensões:
dos salários devidos desde o período da dispensa até a a) deferimento da tutela antecipada a fim de suspender as
reintegração e proibida a ré de proceder a novas dispensas demissões e reintegrar os demitidos, bem como efetuar o
coletivas sem que proceda à negociação coletiva. pagamento dos salários desde a demissão até a efetiva
Foram apresentadas contrarrazões, com preliminar de ausência de benefícios e direitos dos trabalhadores;
condições da ação (impossibilidade jurídica do pedido e b) seja instaurada negociação com o Suscitado;
inadequação da via eleita), requerendo-se, no mérito, a manutenção c) frustrada a negociação, sejam julgados procedentes os pedidos
Não há parecer do Ministério Público do Trabalho. negociação coletiva é imprescindível para a dispensa em massa de
É o relatório. trabalhadores;
ARGUIDA EM CONTRARRAZÕES PELA EMPRESA e) que os Suscitados sejam obstados em demitir outros
SUSCITADA. DISSÍDIO COLETIVO NATUREZA JURÍDICA. empregados sem que exista prévia negociação com o Suscitante;
DISPENSA COLETIVA. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. f) honorários advocatícios, no importe de 15% sobre o valor da
regular representação, sendo certo que o recurso de maneira que g) benefícios da Justiça Gratuita.
delas conheço.
A Empresa Suscitada alega que o dissídio coletivo não atende às Designada Audiência para o dia 30/01/2012, compareceram as
condições da ação, seja porque o pedido é juridicamente partes (fls. 70/71). Pelo Suscitante foi dito que consideraria
impossível, seja porque a via eleita seria inadequada. demissão em massa quando envolvesse 30 ou mais trabalhadores
O eg. TRT julgou improcedente o pedido, porque não caracterizada por mês. Pelo Suscitado foi dito que considera demissão em massa
a dispensa coletiva: aquela que atingisse 30% ou mais do total dos empregados, de
Trata-se de Dissídio Coletivo de natureza jurídica com pedido de tutela antecipada, que serão apreciados pelo Relator
liminar, proposto pelo SINDICATO DOS TRABALHADORES... em oportunamente e formulada proposta no sentido de que as
face do suscitado ROBERT BOSCH LTDA. demissões de mais de 50 empregados, por mês, seria considerada
O Suscitante alega que o Suscitado... entre 16/11/2011 até demissão em massa, ensejando a necessidade de negociações
18/01/2012 já demitiu em torno de 210 funcionários, sendo que nos entre as partes.
O Suscitado apresentou defesa, às fls. 72/91, requerendo, informação/caracterizando assim o abuso do direito (art. 187 do
preliminarmente, a declaração de inépcia da petição inicial, em CC). Alega que a preocupação trazida pelo Suscitante revela sua
razão da ausência de causa de pedir; ausência da condição da pertinência, especialmente para os meses futuros, tendo em vista
ação, em razão da impossibilidade jurídica do pedido e inadequação que o quadro apresentado pelo Suscitado à fl, 84, denominado
jurídica da ação, por impossibilidade jurídica de efeitos cominatórios "fluxo de mão-de-obra ano 2011, na coluna "variação (Admissões-
ou condenatórios via dissídio coletivo de natureza jurídica. No Desligamentos)" apresenta um saldo negativo a partir de outubro de
mérito, pugna pela improcedência dos pedidos, sustentando que as 2011, ou seja, as demissões foram superiores ao número de
alegações apresentadas pelo Suscitante foram fantasiosas e que empregados admitidos (média de 60/70 trabalhadores) e, em janeiro
não retrataram a realidade dos fatos porque não houve dispensas de 2012, tal número duplicou para 138 trabalhadores (item 4 - fl.
em massa; pelo contrário, houve aumento do número total de 85). Finalmente, indevidos os honorários advocatícios, pois o
trabalhadores no ano de 2011, conforme demonstração, à fl. 84, nos Sindicato atua como representante de sua categoria (art. 513, a, da
dados da CAGED - fluxo de mão-de-obra (Ano 2011). Ressalta que CLT). Assim, merece acolhimento parcial os pedidos lançado sob as
o judiciário não pode proferir determinação que viole ou restrinja o letras "a" e "b", "in verbis":
(art. 5o, XXII, da CF) e os poderes de direção conferidos ao Letra "a": seja instaurada negociação entre as partes;
empregador (art. 2o, da CLT), por se tratar, a demissão em Letra "b": "sendo frustrada a negociação, seja julgado procedente o
massa/coletiva, matéria sem regulamentação e ausente qualquer dissídio coletivo de natureza jurídica para declarar que a
abuso de direito. Pugna pela extinção quanto aos honorários negociação coletiva referida na premissa - a negociação coletiva é
advocatícios, sem julgamento de mérito, por não estarem imprescindível par a dispensa em massa de trabalhadores -, que foi
preenchidos os requisitos legais da Súmula n. 219, do TST. Por fim, fixada pelos Ministros do TST nos autos do Recurso Ordinário em
por se tratar de pessoa jurídica, atuando em nome próprio, na Dissídio Coletivo TST-RODC-309/2009-000-15-00-4, deve ser
defesa do interesse de terceiros, o Sindicato não faz jus ao prévia, diretamente com a entidade estatal, que deverá ampla,
benefício da justiça gratuita. Juntou documentos às fls. 92/142. transparente, democrática, cooperativa e assentada na boa-fé".
pela extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267, IV, (...)
eminentemente declaratória e não condenatória (obrigação de fazer AUSÊNCIA DA CONDIÇÃO DA AÇÃO E SUA ADEQUAÇÃO
massa levadas a efeito pela suscitada a partir de novembro de 2011 DISPENSA EM MASSA DE TRABALHADORES - NECESSIDADE
reintegração, bem como restabelecer todos os benefícios e direitos RECONTRATAÇÃO DOS DEMITIDOS.
que os trabalhadores vinham recebendo"; Ab initio, cumpre ressaltar que inexiste, no ordenamento jurídico
Letra "d": "... proíba a suscitada de levar a cabo novas demissões pátrio, qualquer vedação à despedida coletiva arbitrária de
direta com o Sindicato da Categoria, que deverá ser ampla, A demissão individual é regrada pelo direito individual do trabalho
transparente, democrática, cooperativa e assentada na boa-fé". que atualmente permite à empresa não motivar nem justificar o ato,
No mérito, afirma que a dispensa coletiva praticada sem a o devido pagamento das verbas rescisórias.
participação prévia do sindicato viola a boa-fé objetiva (artigos 5o, Todavia, no caso de demissão coletiva que atinge um grande
da LICC e 422, da CC) e os princípios da confiança e da número de trabalhadores, em razão do impacto que causam na vida
de inúmeros trabalhadores com repercussão na coletividade, erigiu- concretas, mas a um grupo de trabalhadores identificáveis apenas
se como regra e princípio de direito coletivo do trabalho, a por traços não-pessoais, como a lotação em certa seção ou
necessária e prévia negociação coletiva com o sindicato da departamento da empresa, a qualificação profissional, ou o tempo
Tal se deu após a emblemática e paradigmática decisão proferida prendendo ao comportamento de nenhum deles, mas a uma
por este Egrégio Tribunal no caso da EMBRAER, tendo como necessidade da empresa", (ob.cit.575).
proferida firmou entendimento para casos futuros de que: "a "A finalidade do empregador ao cometer a dispensa coletiva não é
negociação coletiva é imprescindível para a dispensa em massa de abrir vagas ou diminuir, por certo tempo, o número dos empregados
Há inúmeros princípios e regramentos jurídicos que embasam tal quadro do pessoal. Os empregados dispensados não são
entendimento, notadamente os princípios previstos na Constituição substituídos, ou porque se tornaram desnecessários, ou porque não
Federal quanto à dignidade da pessoa humana, ao valor social do tem a empresa condições de conservá-los."
1º, inciso III e IV e art. 170 caput e III da Constituição Federal. Outro "Não se deve, portanto, entravar com medidas jurídicas o
princípio que embasa a participação do sindicato quando necessária crescimento e o progresso das empresas, nem permitir, do mesmo
demissão em massa de trabalhadores se fundamenta na passo, que, para se fortalecerem, se desapartem de numerosos
democracia que deve existir na relação capital/trabalho e na prévia empregados privando-os da fonte de sua subsistência e tornando-
negociação coletiva para solução dos conflitos coletivos, previstos os as vítimas preferidas do desenvolvimento. Tanto não devem ser
nos artigos 7º, inciso, XXVI, art. 8°, III e V e artigos 10 e 11 da admitidas dificuldades à reorganização das empresas como não se
Constituição Federal. No âmbito internacional, temos as pode imolar a esse impulso progressista o direito ao emprego, a
Convenções e Recomendações Internacionais da OIT, notadamente mais positiva expressão da liberdade de trabalho.
as Recomendações, números 98, 135 e 154 e ainda o princípio do Por outro lado, sendo a redução de quadro do pessoal um problema
direito à informação previsto na Recomendação 163 da OIT também que, em certa dimensão, interessa ao segmento da sociedade onde
previsto no artigo 5°, inciso XIV da Constituição Federal, Toda atua a empresa que a efetiva por motivos técnicos, a ele não deve
demissão em massa deve, assim, ser precedida da negociação ficar alheia", (ob.cit.pág.575 e 576).
Necessária, assim, a definição do que se entende por demissão em Colhe-se, assim, do conceito erigido por Orlando Gomes que a
Tal definição è dada por Orlando Gomes em artigo publicado Sob o exclusiva causa determinante. Também caracteriza-se pela não
título "Dispensa Coletiva na Reestruturação da Empresa", publicado substituição de empregados demitidos. E finalmente tenderia a
pela Revista LTr nº38, páginas 575/579, janeiro de 1974: empresa a reduzir definitivamente o quadro de pessoal e não como
"Dispensa coletiva é a rescisão simultânea, por motivo único, de Não há, no caso concreto, qualquer indicação de qual seria a causa
uma pluralidade de contratos de trabalho numa empresa, sem da suposta demissão em massa de trabalhadores afirmada pela
Dois traços caracterizam a dispensa coletiva, permitindo distingui-la A informação que se colhe na inicial é de que "segue um forte
nitidamente dá dispensa plúrima. São: a) a peculiaridade da causa; comentário dentro da empresa de que a meta total de demissões
b) a redução definitiva do quadro de pessoal". Na dispensa coletiva seja de 1.000 trabalhadores"; "a empresa de forma dissimulada está
é única e exclusiva a causa determinante. O empregador, aplicando demissões em massa, deixando sem qualquer
compelido a dispensar certo número de empregados, não se propõe perspectiva o trabalhador demitido. Afinal, não é normal uma
a despedir determinados trabalhadores, senão aqueles que não multinacional do porte da Bosch demitir em um único dia mais de 40
uma pluralidade de empregados não visa o empregador a pessoas A suscitada, ao contestar o feito, refuta taxativamente a demissão
coletiva de trabalhadores, lembrando que em seu parque fabril caracterizar ou não, a demissão em massa de trabalhadores, além
laboram cerca de 6.000 empregados. de formas de minimizar o impacto que a demissão em massa
fantasiosas e que não retrataram a realidade dos fatos porque não E, principalmente," como salienta o Ministro Maurício Godinho
houve dispensas em massa; pelo contrário, houve aumento do Delgado na obra "Direito Coletivo do Trabalho" (LTr, 2010,
número total de trabalhadores no ano de 2011, conforme pag.126): "É evidente que, embora existam no plano do Direito
demonstrado, à fls. 84, nos dados da CAGED - fluxo dê mão-de- Coletivo outros mecanismos de pacificação de conflitos, desponta,
Traz os seguintes números mês a mês do CAGED - Cadastro Geral autocomposição, como o mais relevante desses instrumentos
de Empregados e Desempregados (documentos de fls. 120 a 131, pacificatórios. A negociação coletiva trabalhista cumpre também
NÃO IMPUGNADOS) para comprovar suas alegações e que função social e política de grande importância. Ao lado e em
demonstram que no ano de 2011 foram admitidos 919 novos harmonia com os demais institutos juscoletivos, ela se torna um dos
Tais números comprovam indubitavelmente que a empresa âmbito social, existente nas modernas sociedades democráticas -
suscitada durante todo o ano de 2011: desde que estruturada de modo também democrático", (grifo
nosso).
- manteve índice estável de desligamentos próximo a 1%; Buscar a tutela jurisdicional sem o esgotamento das possibilidades
- o total de desligamentos no ano é inferior as contratações de autocomposição certamente não se insere na busca democrática
realizadas no mesmo período; de soluções para o conflito laboral por parte do suscitante.
- no transcorrer do ano de 2011 houve aumento do!;número total de Tal atitude está expressa na inicial quando o sindicato suscitante
trabalhadores na empresa em 254 postos de trabalho (o que afirma que: "em reunião com a empresa questionou a respeito das
corresponde a 4,61% do total de empregados). demissões sendo que esta negou que as mesmas existam, negou
Assim, não há como se entender, diante das provas dos autos, que na prática não vem se configurando. Assim, entendemos que
notadamente do número de demitidos e admitidos, que a suscitada implicitamente houve a recusa da empresa em comunicar as
vem promovendo demissões em massa de seus trabalhadores. Os demissões e sequer abrir algum tipo de negociação para que as
números desmentem a afirmação. Na verdade, o suscitante parte mesmas não ocorram." - fls.5 da inicial.
de um "boato" surgido na empresa para judicializar um conflito Ora, não afirma ou demonstra a suscitante que notificou a empresa
Ora, já é hora de o sindicato, como legítimo e exclusivo demissões. Sequer postulou junto ao Ministério do Trabalho uma
representante dos trabalhadores, assumir o papel de protagonista mesa redonda de negociações. Ou ainda, não verifico tenha
nos conflitos inerentes a relação capital/trabalho e não tentado, junto ao Ministério Público do Trabalho, um Termo de
simplesmente bater às portas dos tribunais buscando a negociação Ajustamento de Conduta. Negou-se, portanto, a busca da
coletiva que não são capazes de entabular, pois não é com a autocomposição de conflitos, ainda que por meio de mediação.
atitude de confronto, de raro diálogo com as empresas que os Preferiu, porque fácil, bater às portas do Judiciário. Busca o
sindicatos conseguirão levar a bom termo qualquer negociação sindicato suscitante, assim, a democracia na empresa, democracia
coletiva que se proponham a realizar. esta que não oferece em troca, preferindo a forma heterônoma de
Em outras palavras, não basta que a Justiça do Trabalho estipule e solução do conflito, aquela que revela a presença do Estado: a
que envolvam direitos coletivos do trabalhadores. É necessário que Como bem salientou o Desembargador Pancotti em seu brilhante
tal sentimento parta das próprias entidades envolvidas no conflito voto no caso da EMBRAER:
coletiva de trabalho, tem como primordial função justamente "Com tal espírito, porém, fica difícil implantar no País uma cultura de
estabelecer cláusulas obrigacionais dirigidas especificadamente aos negociação direta e produtiva nas relações de trabalho. Felizmente,
sujeitos envolvidos. E para cada setor estabelecer, por exemplo, o panorama geral que se apresenta em outros setores empresariais
qual o percentual de demissões aceitável e suficiente para é de espírito de negociação direta com os representantes sindicais,
viabilizando soluções sem a intervenção do Estado. É o que se A Orientação Jurisprudencial 7 da SDC e o art. 241, II, do RITST
observa das inúmeras convenções e acordos, coletivos de trabalho delimitam o cabimento do dissídio coletivo de natureza jurídica:
que se vê são Programas de Incentivo à Demissão Voluntária e de 07. DISSÍDIO COLETIVO. NATUREZA JURÍDICA.
outras formas de rescisões contratuais coletivas ou em massa, que INTERPRETAÇÃO DE NORMA DE CARÁTER GENÉRICO.
revelam o mais elevado respeito à dignidade da pessoa humana, do INVIABILIDADE. (inserida em 27.03.1998)
Ora, as relações entre capital e trabalho são muito dinâmicas e não RITST.
Federal de 1988 aboliu a mediação obrigatória do Ministério do Art. 241. Os dissídios coletivos podem ser:
implica dizer que as partes não possam voluntariamente dela se II - de natureza jurídica, para interpretação de cláusulas de
servir. Também o Ministério Público do Trabalho tem importante sentenças normativas, de instrumentos de negociação coletiva,
papel a cumprir na mediação dos conflitos coletivos. E assim, não acordos e convenções coletivas, de disposições legais particulares
será necessário que o Judiciário Trabalhista precise a toda hora se de categoria profissional ou econômica e de atos normativos; (...).
negociação coletiva, em atitude que, no caso dos autos, beira a má- Conclui-se que o dissídio individual é o meio adequado para buscar
Além disso, entendo que não cabe à Justiça estipular critérios No caso, o pedido é alusivo à anulação de dispensa coletiva, com
percentuais para a caracterização de demissão em massa, já que reintegração dos trabalhadores, de nítido viés desconstitutivo e
cada setor apresenta rotatividade própria de trabalhadores, sendo condenatório, não se enquadrando em nenhuma das espécies de
matéria afeta somente à negociação coletiva. dissídio coletivo. Não evoca interpretação de norma pré-existente,
Assim, entendo que não restou caracterizada a demissão em massa nem de comando de dispositivo de lei, porque, anteriormente à Lei
de trabalhadores, restando IMPROCEDENTE o presente Dissídio nº 13.467/2017, situação dos autos, não havia regramento acerca
No recurso ordinário, o Sindicato Suscitante busca a decretação de trabalhadores, incompatível com a via eleita do dissídio coletivo,
nulidade das dispensas de cerca de 210 trabalhadores ocorridas no notadamente o dissídio de natureza jurídica.
período de novembro de 2011 a janeiro de 2012, com a Nesse sentido, ante a via escolhida, não se perfaz o interesse
reintegração deles e o restabelecimento de todos os benefícios, processual, como desponta da lição de Nelson Nery Júnior:
sindical, e que a recorrida se abstenha de realizar novas demissões Movendo a ação errada ou utilizando-se de procedimento incorreto,
em massa sem a prévia negociação com o sindicato da categoria o provimento jurisdicional não lhe será útil, razão pela qual a
Ocorre que o pedido do Suscitante não pode ser processado pela processual. (NERY JÚNIOR, Nelson. Condições da Ação. Revista
via do dissídio coletivo, conforme o entendimento sedimentado pelo de Direito Processual Civil, nº 64, ano 16, 1991, p. 37).
é típica de dissídio individual, ainda que plúrimo. A decisão do Pleno do TST assentou, quanto à inadequação da via
De fato, o dissídio coletivo de natureza econômica tem por eleita em situações como a dos autos o que segue:
relações individuais de trabalho (CLT, art. 611), enquanto que o RECURSO ORDINÁRIO - DISSÍDIO COLETIVO DE NATUREZA
dissídio coletivo de natureza jurídica presta-se à interpretação de JURÍDICA - INADEQUAÇÃO DA VIA PROCESSUAL ELEITA -
disposição legal particular à determinada categoria profissional ou O Dissídio Coletivo não é a via adequada para tratar da dispensa
Hipótese de Dissídio Individual para tutelar interesse concreto do 4. Recurso Ordinário provido para extinguir o processo, sem
trabalhador. Inteligência do art. 220, II, do RITST e da Orientação resolução de mérito, em face da inadequação da via eleita. (RODC -
Recurso Ordinário conhecido e desprovido. (RO-10782- Redator Ministro: João Oreste Dalazen, Seção Especializada em
38.2015.5.03.0000, Redatora Ministra: Maria Cristina Irigoyen Dissídios Coletivos, Data de Publicação: DEJT 29/10/2009).
A SDC, por sua vez, havia se manifestado em outras duas DISPENSA DE TRABALHADORES CONTRATADOS POR PRAZO
oportunidades no mesmo sentido, conforme os precedentes que DETERMINADO. DISSÍDIO COLETIVO DE NATUREZA JURÍDICA.
RECURSO ORDINÁRIO EM DISSÍDIO COLETIVO. DISSÍDIO São José dos Campos e Região perante a General Motors do Brasil
COLETIVO DE NATUREZA JURÍDICA. DISPENSA COLETIVA DE Ltda., em que, a pretexto de buscar a interpretação de instrumento
EMPREGADOS. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. coletivo, suscitou debate a respeito de suposta dispensa abusiva e
1. A doutrina clássica distingue os dissídios obreiro-patronais em trabalhadores admitidos pela Suscitada no ano de 2008, por meio
dois gêneros: dissídios individuais e dissídios coletivos. No dissídio de contrato por prazo determinado), com a finalidade de obter,
individual há conflito de interesses concretos, tendo por escopo a afinal, a anulação dos correspondentes atos de dispensa
aplicação de norma jurídica preexistente, ao passo que no dissídio formalizados. Ação em que evidentemente se busca a tutela de
coletivo está em jogo o interesse geral e abstrato de grupo ou interesse concreto de trabalhadores, facilmente identificáveis, com o
categoria, OU com vistas à criação de condições de trabalho propósito de reparação de lesão de direito individual consumada, a
genericamente consideradas, com caráter normativo (dissídio acarretar, conforme pretensões deduzidas, sentença de natureza
coletivo de natureza econômica), OU com vistas à interpretação de desconstitutiva (nulidade dos atos de dispensa coletiva). Hipótese
norma jurídica preexistente (dissídio coletivo de natureza jurídica). de dissídio individual, de competência da Vara do Trabalho, o qual
O dissídio coletivo de natureza jurídica, portanto, não se destina ao comporta pretensões cumulativas de naturezas diversas, inclusive
acertamento de qualquer questão jurídica controvertida, mas de antecipação de tutela de mérito (CPC, art. 461), ajuizável pelo
exclusivamente revelar o alcance de norma preexistente. sindicato profissional, na qualidade de substituto processual, e não
2. Assim, o dissídio coletivo de natureza jurídica não é o remédio de dissídio coletivo, tampouco de dissídio coletivo de natureza
processual idôneo para a anulação do ato de dispensa coletiva, jurídica, de competência originária dos Tribunais Regionais do
nem tampouco para se impor ao empregador a obrigação de Trabalho, que se presta especificamente à interpretação e
reintegrar, com base em suposta violação de direito já consumada. declaração do alcance de normas heterônomas, convencionais e
Interesses concretos de pessoas determinadas, referentes a lesões regulamentares com regência para as categorias profissionais e
a direitos já consumadas, não são passível de dissídio coletivo de econômicas, cuja sentença advinda é de natureza
natureza jurídica. Pedidos desse jaez comportam reclamação preponderantemente declaratória, não comportando, portanto,
competente, sob a forma de dissídio individual plúrimo, ou do condenatória. Inadequação da via processual eleita. Acórdão
sindicato, na qualidade de substituto processual. recorrido, em que, de todo modo, a pretexto de se conferir
3. Não é preciosismo formal a prevalência do processo adequado interpretação a normas insertas no instrumento coletivo em questão,
para a tutela postulada porquanto questão estreitamente vinculada não somente se proferiu provimento jurisdicional de natureza
à competência funcional absoluta: em caso de dissídio coletivo de condenatória, incompatível com o dissídio coletivo de natureza
natureza jurídica, há competência funcional originária dos Tribunais jurídica ajuizado, como também se incorreu em julgamento extra
do Trabalho, distintamente do dissídio individual em que a causa petita. Recurso ordinário a que se dá provimento, a fim de se
deve ingressar em Vara do Trabalho. Logo, permitir que um dissídio decretar a extinção do processo sem resolução do mérito, nos
individual típico, como aqui, ingresse diretamente em Regional termos do art. 267, IV, do CPC. (RODC - 9100-25.2009.5.15.0000
significa suplantar, "per saltum", um grau de jurisdição da Justiça do Data de Julgamento: 12/12/2011, Relator Ministro: Fernando Eizo
Ono, Seção Especializada em Dissídios Coletivos, Data de A) RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELO SINDICATO DAS
Note-se, ainda, que, não se cogita nem mesmo da competência SERVIÇOS DO ESTADO DO PARÁ - SINDESPA. DISSÍDIO
funcional do TRT para analisar o processo, pois, sendo hipótese de COLETIVO DE NATUREZA ECONÔMICA, COM NOTÍCIA DE
dissídio individual, a competência originária seria da Vara do DEFLAGRAÇÃO DA GREVE NO DECORRER DA AÇÃO. 1.
Assim, o feito esbarra nas disposições do art. 485, VI, do CPC. jurisprudência desta Seção Especializada é pacífica no sentido de
Do exposto, acolho a preliminar de contrarrazões, para extinguir o que, nos casos em que o dissídio coletivo é instaurado em razão da
processo sem julgamento de mérito, nos termos do art. 485, VI, do greve ou naqueles em que há notícia da deflagração do movimento
ACORDAM os Ministros da Seção Especializada em Dissídios 114, § 3º, da Constituição Federal, assim como os arts. 7º, in fine, e
Coletivos do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, 8º da Lei nº 7.783/89 determinam à Justiça do Trabalho que, em
acolho a preliminar de contrarrazões, para extinguir o processo sem caso de greve, decida o conflito, apreciando a procedência ou não
julgamento de mérito, nos termos do art. 485, VI, do CPC. das reivindicações. Nega-se provimento ao recurso. 2.
Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001) considerando que, no dissídio coletivo, o sindicato apenas
para a sua preservação. Assim, dá-se provimento parcial ao ao labor nos domingos e feriados, excluiu o § 7º da norma, que
recurso para reformar a decisão regional que fixou como termo dispõe acerca de multa a ser aplicada no caso de seu
inicial da sentença normativa a data do ajuizamento da ação descumprimento. Ocorre que houve o deferimento da cláusula 19,
(28/3/2017), postergando-o para o dia 25/9/2017, data da relativa à aplicação de multa geral por descumprimento de
publicação do acórdão regional, resguardadas as situações fáticas cláusulas, a qual não apresenta a ressalva de exceção de sua
já constituídas, ao teor do art. 6º, § 3º, da Lei nº 4.725/65. 4. aplicação em relação a cláusulas que já apresentem a cominação
CLÁUSULA 1ª - REAJUSTE SALARIAL. Esta Seção de multa específica. Desse modo, mostra-se correta a decisão que,
Especializada, considerando a necessidade de que os efeitos ao excluir o § 7º da cláusula 27, evitou a duplicidade de multa sobre
decorrentes da perda de valor real dos salários sejam atenuados, o mesmo fato ensejador da penalidade. Nega-se provimento ao
bem como observando as disposições da Lei nº 10.192/2001, que, recurso. 2. CLÁUSULA RELATIVA ÀS HOMOLOGAÇÕES DAS
em seu art. 13, veda a indexação de preços e salários, admite que, RESCISÕES NO SINDICATO PROFISSIONAL. A apresentação
diante do insucesso da negociação entre as partes, seja concedido das reivindicações da categoria, em forma clausulada, na
pela via normativa o reajuste salarial, em um percentual levemente representação, é exigência prevista na Orientação Jurisprudencial
inferior àquele apurado pelo INPC/IBGE em relação ao período nº 32 da SDC desta Corte. Estando correta a decisão regional que
revisando. De outro lado, um dos atributos da relação de emprego, não examinou a cláusula relativa às homologações das rescisões
no que pertine ao empregador, consiste exatamente na assunção no sindicato profissional, por não ter constado na representação,
dos riscos do empreendimento, não se podendo admitir que, nega-se provimento ao recurso. 3. CLÁUSULA 33 - VÉSPERA DE
mesmo em tempos de crise econômica, os empregados sejam NATAL E DE ANO NOVO. À luz da previsão contida na parte final
sacrificados, e que os seus salários sofram o desgaste que a do § 2º do art. 114 da CF, impõe-se a manutenção da cláusula que
inflação acarreta. No caso em tela, o Regional concedeu, para o trata do trabalho na véspera do Natal e do Ano Novo, por ter
reajuste dos salários, o percentual de 5%, superior ao índice constado da CCT 2016/2017, nos mesmos termos em que
apurado pelo INPC/IBGE para o período revisando, que foi de reivindicada. Dá-se provimento ao recurso para incluir na
4,69%. Acrescentando que não se constata a concordância do sentença normativa a cláusula 33. Recurso ordinário conhecido e
suscitado com a concessão do percentual de 5%, ele deve ser parcialmente provido.
fundamentos expostos na cláusula relativa à data base e vigência. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso Ordinário n°
Assim, dá-se provimento parcial ao recurso para reduzir a 4,68% TST-RO-279-46.2017.5.08.0000, em que são Recorrentes e
o percentual de reajuste dos salários, cuja incidência dar-se-á a Recorridos SINDICATO DAS EMPRESAS DO COMÉRCIO DE
partir do dia 25/9/2017. 5. DEMAIS CLÁUSULAS. SUPERMERCADOS E AUTO SERVIÇOS DO ESTADO DO PARÁ
2016/2017. Deferem-se parcialmente as demais cláusulas, com COMÉRCIO VAREJISTA E ATACADISTA DE GÊNEROS
base na preexistência das condições, ressaltando que a ALIMENTÍCIOS E SIMILARES DO ESTADO DO PARÁ -
com a manutenção de cláusulas reivindicadas, com a finalidade de O Sindicato dos Trabalhadores no Comércio Varejista e Atacadista
firmar com o sindicato profissional a convenção coletiva de trabalho, de Gêneros Alimentícios e Similares do Estado do Pará -
não o vincula aos termos eventualmente propostos, na medida em SINTCVAPA ajuizou dissídio coletivo de natureza econômica, em
que o instrumento negocial não se efetivou. Recurso ordinário 28/3/2017, contra o Sindicato das Empresas do Comércio de
conhecido e parcialmente provido. B) RECURSO ORDINÁRIO Supermercados e Auto Serviços do Estado do Pará - SINDESPA,
INTERPOSTO PELO SINDICATO DOS TRABALHADORES NO objetivando a fixação das condições de trabalho para vigerem no
COMÉRCIO VAREJISTA E ATACADISTA DE GÊNEROS período de 1º de março de 2017 a 28 de fevereiro de 2018 (fls.
SINTCVAPA. 1. CLÁUSULA 27 - DOMINGOS, FERIADOS E Realizadas audiências de conciliação, em 5/4/2017 (fls. 156/157);
OUTRAS DATAS ESPECIAIS - (§ 7º) MULTA POR em 10/4/2017 (fls. 190/191); e em 9/8/2017, sem que as partes
1º/9/2017. VOTO
sindicato suscitante concordou com a suspensão da greve, em INTERPOSTO POR SINDICATO DAS EMPRESAS DO
razão da proposta de convenção coletiva de trabalho, assinada COMÉRCIO DE SUPERMERCADOS E AUTO SERVIÇOS DO
pelas partes, a qual seria levada às assembleias de ambos os ESTADO DO PARÁ - SINDESPA
segmentos.
audiência anterior, e o Sindicato profissional comunicou que Conheço do recurso ordinário, porque é tempestivo, tem
manteria a suspensão da greve até o julgamento do dissídio representação regular (fl. 133) e as custas processuais foram
instauração do dissídio coletivo (ausência do edital de convocação 1. DISSÍDIO COLETIVO DE NATUREZA ECONÔMICA, COM
da assembleia deliberativa de trabalhadores) e por falta de comum NOTÍCIA DE GREVE NO DECORRER DA AÇÃO.
omissão apontada e prestar os esclarecimentos necessários, O Regional rejeitou a preliminar de extinção do processo, sem
alterando-se a redação da Cláusula XXVI, que versa sobre o custeio resolução de mérito, por falta de comum acordo no ajuizamento do
suscitado, às fls. 601/621, reiterando as preliminares de extinção do Da extinção do processo sem resolução do mérito por ofensa ao art.
processo, sem resolução de mérito; arguindo a preliminar de 114, § 2º, da Constituição Federal.
nulidade do acórdão proferido no julgamento dos embargos de Argumenta, em síntese, que "o Sindicato autor ajuizou Ação de
declaração, em face da ausência do contraditório; e, Dissídio Coletivo sem a devida anuência do Sindicado requerido, o
sucessivamente, requerendo a reforma da decisão em relação a que é defeso por PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL, ou seja, o
dez cláusulas. O Sindicato profissional suscitante, às fls. 624/647, ajuizamento da presente demanda não foi realizado de comum
insurgindo-se contra a decisão proferida em relação à cláusula acordo, razão pela qual se requer a extinção do processo sem
descumprimento da norma, e pugnando pela homologação da Sobre o tema, escrevi o artigo "O Poder Normativo da Justiça do
cláusula que dispõe sobre a homologação das rescisões no Trabalho", publicado na Revista nº 75 do TRT da 8ª da Região,
sindicato profissional. Requer, ainda, a reforma da decisão quanto à volume 38 (julho-dezembro/2005), p. 17-27, de onde peço vênia
cláusula XXXIII, que prevê a jornada de trabalho nas vésperas do para extrair os seguintes trechos, a fim de melhor respaldar a
contrarrazões, às fls. 685/692 e 695/733. Argumenta-se que o art. 5º, inciso XXXV, da Constituição da
Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho. República, estabelece que "a lei não excluirá da apreciação do
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito", de modo que - segundo Não há dúvida de que, se dificultado o acesso ao poder normativo
essa corrente de opinião - o preceito constitucional não poderia ser da Justiça do Trabalho, cresce a importância da negociação
invocado porque, no caso, a provocação da Justiça do Trabalho, por coletiva. Daí a necessidade da organização e do aperfeiçoamento
via de dissídio coletivo de natureza econômica, não visaria o das entidades sindicais, principalmente de suas lideranças e de
restabelecimento de lesão ou ameaça a direito, na medida em que a seus órgãos de assessoramento técnico. A palavra de ordem, mais
sentença normativa tem por escopo não exatamente a aplicação de do que nunca, é: negociar, para obter melhores condições de
Data venia, o fundamento é equivocado. Pleno para declaração de inconstitucionalidade da expressão "de
De fato, o princípio de inafastabilidade do Judiciário, como garantia comum acordo" (art. 114, § 2º, da Constituição da República,
constitucional, não se limita às hipóteses de sentenças introduzido pela Emenda Constitucional nº 45/2004), em face das
condenatórias ou à aplicação de normas pré-existentes, uma vez considerações antes expostas, haja vista que aquela expressão diz
que é ampla a proteção, assegurada na Carta Magna, para respeito à arbitragem e não à jurisdição estatal.
qualquer lesão ou ameaça a direito, inclusive o direito de ação, por Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de
meio do ajuizamento de dissídio coletivo de natureza econômica, lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá
com vista à conquista de melhores condições de trabalho, tal como ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho julgar a
previsto no caput do art. 7º da Lei Fundamental ("são direitos dos controvérsia (art. 114, § 3º, da Constituição Federal; art. 83, VIII, da
trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à Lei Complementar nº 75, de 20.05.1993; e arts. 856 e 857, da CLT).
melhoria de sua condição social..."), uma vez que, à luz do § 2º do Nessa hipótese, é evidente que não se exigirá o "comum acordo"
art. 114 da Constituição, compete justamente à Justiça do Trabalho para a instauração da instância por iniciativa do Parquet. Entretanto,
"decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de não obtida a solução negociada ou por via de arbitragem, no conflito
proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente". coletivo, está garantido o livre acesso à jurisdição da Justiça do
Assim, o dissídio coletivo proposto "de comum acordo" é apenas Trabalho e o seu poder normativo, sem necessidade do "comum
uma faculdade, mas não uma obrigação, até porque essa condição acordo" para o ajuizamento do dissídio coletivo de natureza
Não fosse assim e para evitar o "comum acordo" de que trata o § 2º Outrossim, o Egrégio Tribunal Pleno, em sessão realizada em
do art. 114, da Constituição Federal, o direito do dissídio coletivo de 04.09.2017, nos autos do Processo TRT 8ª/DISSÍDIO COLETIVO -
natureza econômica, de forma unilateral, teria que ser precedido 0010197-11.2016.5.08.0000, por maioria de votos, declarou a
sempre da instauração de uma GREVE, o que, por evidente, inconstitucionalidade da dicção "de comum acordo" que consta do §
constitui circunstância descabida, sob o pretexto de que, como 2º do art. 114 da Constituição Federal. O v. Acórdão, da lavra do
alguns alegam, o art. 114, inciso II, do texto constitucional, assegura Exmº Desembargador Georgenor de Sousa Franco Filho, foi
o ajuizamento de ações que envolvam o exercício do direito de divulgado no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho, em
greve, sem a exigência da prévia concordância patronal. Vale dizer: 15.09.2017, e considerado publicado em 18.09.2017.
admite-se o argumento da paralisação coletiva, com todos os riscos No mesmo sentido, a Súmula nº 66, da Jurisprudência Uniforme do
de prejuízos ao interesse social, apenas para justificar o E. Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, aprovada pela
ajuizamento do dissídio coletivo independentemente do "comum Resolução nº 095/2017, divulgada no Diário Eletrônico da Justiça do
De qualquer modo, a pretensão coletiva, sob a forma de arbitragem 'INCONSTITUCIONALIDADE DA CONSTITUIÇÃO. RESPEITO À
pública ou de sentença normativa, no âmbito da Justiça do CLÁUSULA PÉTREA. DICÇÃO DE COMUM ACORDO. Por violar
Trabalho, requer um novo modo de lidar com o conflito coletivo. cláusula pétrea (art. 5º, XXXV. da Constituição de 1988), considera-
Exige-se o exercício da negociação coletiva, agora não apenas se inconstitucional a dicção de comum acordo, inserta, pelo
como condição da ação de dissídio coletivo, mas também, em constituinte derivado, no § 2º do art. 114 do Texto Fundamental.'
regra, para a propositura da demanda com objetivo de obter a Por fim, os autos revelam, conforme exposto no relatório, a tentativa
sentença arbitral pública, que, neste caso, não estará sujeita a da entidade profissional de entabular conciliação com o sindicato
Nesse sentido, ainda, destaque-se que foram realizadas três da representação, é interpretado de maneira mais flexível, no
audiências de conciliação, nos dias 09.08.2017 (presidida por esta sentido de se admitir a concordância tácita na instauração da
Relatoria - Id. 7aec83e), 31.08.2017 e 06.09.2017 (presididas pela instância, desde que não haja a oposição expressa do suscitado, na
de Almeida - Id. 77561eb e 765e228), em que as partes tentaram a No caso em tela, é incontestável que o Sindicato patronal suscitado,
realização de acordo, sem, no entanto, alcançar êxito em sua na defesa, às fls. 164/166, expressamente afirmou que não
plenitude, como se observa das atas a seguir reproduzidas: concordava com o ajuizamento do dissídio, e que não fora cumprida
Ressalte-se que o sindicato patronal, ao insistir no pedido de representaria causa extintiva da ação.
julgamento do presente dissídio, bem como por acolher diversas Todavia, entende esta Seção que, nos casos em que o dissídio
reivindicações do sindicato suscitante, demonstra a sua anuência coletivo é ajuizado em razão da greve, ou nas hipóteses em que há
com a jurisdição desta Justiça Especializada, para a solução da notícia de greve no decorrer do processo, antes de pronunciada a
Rejeito a preliminar. (fls. 362/374) ampla, não sendo exigível o mútuo consenso das partes.
Sustenta o Sindicato patronal, às fls. 603/608 de seu recurso especificamente à greve em atividade essencial -, e dos arts. 7º, in
ordinário, que o dissídio coletivo não foi ajuizado de comum acordo, fine, e 8º da Lei nº 7.783/89, compete à Justiça do Trabalho, em
conforme exige o art. 114, § 2º, da CF, e que, conforme a caso de greve, decidir o conflito, apreciando a procedência ou não
processo deve ser extinto, sem resolução de mérito. Afirma que não Portanto, tanto nos dissídios coletivos de greve ajuizados pelo
existiu greve dos trabalhadores antes do ajuizamento do dissídio ou Parquet, como pelo segmento econômico ou profissional, cabe ao
no decorrer da ação, e que os sofismas de qualquer movimento Judiciário não só deliberar a respeito da abusividade da greve e das
paredista devem ser desconsiderados, já que houve apenas demais questões a ela relacionadas - como o pagamento dos dias
barulho, durante dois dias, em frente a três estabelecimentos parados -, mas também analisar as controvérsias e reivindicações
comerciais, em um universo de mais de 100 empresas que possam ter dado causa à parede, ou mesmo aquelas somente
representadas pelo suscitado. Assevera que, para que fosse mencionadas na defesa, pelos sindicatos profissionais.
desprezado o requisito constitucional do comum acordo das partes, No caso em tela, o dissídio coletivo de natureza econômica foi
em razão da paralisação, seria necessário que o dissídio coletivo ajuizado em 28/3/2017, e, conforme alega o suscitante, à fl. 324, a
ostentasse a natureza mista (de greve e econômico) desde a sua greve decorreu da mais absoluta intransigência do sindicato
propositura, o que não ocorreu. Acresce que os fundamentos da patronal, que não obstante tenha divulgado na imprensa local que
decisão recorrida não podem prevalecer, principalmente aquele em nenhum momento pretendeu suprimir qualquer conquista da
pertinente ao fato de que o TRT da 8ª Região teria declarado a categoria e muito menos encerrou qualquer negociação com o
inconstitucionalidade da expressão comum acordo, constante do sindicato obreiro, nos presentes autos disse expressamente que
art. 114, § 2º, da própria Constituição Federal, usurpando a não pretendia negociar, protestando assim pelo julgamento do
Realmente a jurisprudência desta Seção Especializada é firme no Sindicato patronal demonstrou sua indisposição em relação à
instauração dos dissídios coletivos de natureza econômica, deve A ata da assembleia realizada no dia 9/8/2017 (fls. 255/256, registra
ser observada a exigência trazida no art. 114, § 2º, da CF, relativa que o Sindicato suscitado informa que não há interesse na
ao comum acordo das partes, sob pena de se extinguir o processo conciliação. O Desembargador Relator sugeriu que a ilustre
sem resolução de mérito. Advogada do Sindicato Patronal tentasse um contato telefônico com
Trata-se, portanto, de pressuposto de constituição e de a entidade que representa, o que foi atendido. Porém, após esse
desenvolvimento válido e regular do processo que, embora contato, a nobre Advogada retornou a este recinto e comunicou que
idealmente devesse ser materializado na forma de petição conjunta o Sindicato Patronal não aceita qualquer conciliação e requer o
É certo que a greve não chegou a ser deflagrada, e, com a submissão do conflito de greve ao Poder Judiciário seria
consequentemente, a questão paredista não foi levada à apreciação possível reconhecer o seu grau de litigiosidade e o interesse dos
do Tribunal Regional, mas a não deflagração da greve decorreu da atores sociais em sua solução, assumindo os riscos naturais
expectativa dos trabalhadores de que o instrumento negocial relativos ao provimento judicial a ser alcançado. Seria necessário,
autônomo viesse a ser firmado. portanto, que o conflito de greve fosse judicializado, para que se
A ata da audiência do dia 31/8/2017 (fls. 331/332) consigna que, tomasse esse fato em consideração no exame da preliminar de
acolhendo proposição da Vice-Presidência, o Sindicato comum acordo. Não foi esse, contudo, o entendimento que
Demandante concorda que a greve deflagrada para amanhã, dia 1º prevaleceu no âmbito desta SDC, pelo que há de ser suprido o
de setembro de 2017, seja suspensa, em razão da proposta pressuposto de ausência de comum acordo, em virtude da notícia
assinada pelas partes que será ratificada nas respectivas de greve veiculada no presente feito. (...)
proposta de Convenção Coletiva, celebrada entre as partes. I) RECURSO ORDINÁRIO EM DISSÍDIO COLETIVO INTERPOSTO
Por fim, na audiência realizada em 6/9/2017 (fls. 354/356), o PELA SUSCITADA, EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA E
Sindicato profissional comunicou que a proposta de cláusulas da EXTENSÃO RURAL DE SANTA CATARINA - EPAGRI. 1.
convenção coletiva fora aceita pelos trabalhadores, em assembleia. DISSÍDIO COLETIVO DE NATUREZA ECONÔMICA. GREVE.
O Sindicato patronal, por sua vez, apresentou alterações à DESNECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA EXIGÊNCIA
mencionada proposta - que resultara, na audiência do dia CONSTITUCIONAL DO COMUM ACORDO DAS PARTES. O
31/8/2017, do consenso entre as partes -, as quais não foram entendimento desta Seção Especializada é o de que, se for ajuizado
aceitas pelo Sindicato profissional. Todavia, esclareceu o suscitante o dissídio coletivo de natureza econômica e deflagrada a greve
que, apesar da posição do segmento econômico, manteria a ainda na fase de instrução do processo e antes do pronunciamento
suspensão da greve até o julgamento do dissídio coletivo. de mérito pelo Regional, deve ser superada a exigência do comum
No julgamento do RO-378-73.2015.5.12.0000 (Relatora Ministra acordo, prevista no art. 114, § 2º, da Constituição Federal, em face
Maria de Assis Calsing, Data de julgamento: 14/8/2017, DEJT de do preconizado no art. 8º da Lei de Greve. No caso em tela, esta
29/8/2017) foi bastante discutida a hipótese de suplantação da Relatora, ao analisar o recurso ordinário da EPAGRI, entendeu que
exigência do comum acordo, nos casos de a greve não ter sido deveria ser acolhida a exigência do comum acordo, extinguindo-se
submetida ao Poder Judiciário. Naquela oportunidade, manifestou- o processo, sem resolução de mérito, na medida em que a
se a Relatora no sentido de que a greve não pode servir de ocorrência do movimento paredista se mostrou controversa, além
instrumento para afastar a exigência do comum acordo, motivação do que o próprio Regional reconheceu e julgou a ação como um
que tem sido sinalizada com paredes de pouca duração ou com dissídio coletivo apenas de natureza econômica, nada falando
pífia adesão. Somente com a submissão do conflito ao Poder acerca da abusividade da greve e/ou dos consectários do
Judiciário seria possível reconhecer o seu grau de litigiosidade e o movimento paredista. Contudo, esse não foi o entendimento da
interesse dos atores sociais em sua solução, assumindo os riscos maioria desta Seção Especializada, a qual decidiu que, ainda que
naturais relativos ao provimento judicial a ser alcançado. Seria parcial, a greve torna dispensável a observância do pressuposto
necessário, portanto, que o conflito de greve fosse judicializado, processual do comum acordo. Mantida, pois, a decisão regional,
para que se tomasse esse fato em consideração no exame da nega-se provimento ao recurso, no tópico. (...). Recurso ordinário
Todavia não foi esse o entendimento que prevaleceu no âmbito da Ministra Dora Maria da Costa, Data de Julgamento: 13/3/2017,
RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELA PARTE O fato é que as explanações apresentadas, principalmente no que
SUSCITADA. DISSÍDIO COLETIVO DE NATUREZA ECONÔMICA. se refere aos registros das audiências de conciliação, não deixam
AUSÊNCIA DE COMUM ACORDO. GREVE. NÃO SUBMISSÃO DO dúvidas quanto à intenção dos trabalhadores de realmente
CONFLITO DE GREVE AO CRIVO DO PODER JUDICIÁRIO. paralisarem suas atividades, em razão da intransigência patronal
quanto à formalização do instrumento negocial, bem como de que a SIMILARES DO ESTADO DO PARÁ - SINTCVAPA apresentou
deflagração da greve foi noticiada nestes autos. Nesse contexto, Edital de Convocação de Assembleia Geral (Id. 8f9a1cb) e lista
ainda que a greve não tenha se consumado, qualquer entendimento de presença (Id. 464967e - Pág. 3-9), o que atende ao disposto
relativo à aceitação da alegação da suscitada, quanto à inexistência no art. 859 da CLT e nas Orientações Jurisprudenciais nº 28 e
resolução de mérito, por esse motivo, não só contrariaria a Rejeito. (fl. 362 - grifos apostos)
perpetuação do conflito, com a deflagração efetiva de nova greve, o Sustenta o recorrente, às fls. 608/609, a ausência, nos autos, da ata
que não merece amparo jurídico. da assembleia de trabalhadores que teria autorizado o sindicato
Por todo o exposto, e embora por outros fundamentos, mantenho a profissional a instaurar a instância do dissídio coletivo. Afirma que o
decisão regional que rejeitou a preliminar de extinção do processo, referido documento constitui requisito essencial para o ajuizamento
sem resolução de mérito, por ausência de comum acordo no desta ação, nos termos das Orientações Jurisprudenciais nos 28 e
Ao exame.
2. PRELIMINAR DE AUSÊNCIA DA ATA DA ASSEMBLEIA DE A teor do art. 859 da CLT, a representação dos sindicatos para o
TRABALHADORES QUE DELIBEROU PELA INSTAURAÇÃO DA ajuizamento do dissídio coletivo fica subordinada à aprovação de
O Regional rejeitou a preliminar arguida pelo suscitado de extinção de 2/3, ou, em segunda convocação, por 2/3 dos presentes,
do processo, sem resolução de mérito, por ausência de documento entendendo esta SDC que, nessa última hipótese, a presença de
essencial à instauração da instância do dissídio coletivo, qual seja a qualquer número de trabalhadores já se mostra suficiente para
Da extinção do processo sem resolução de mérito, fundada em indispensáveis para a instauração da instância do dissídio coletivo.
ausência de requisitos essenciais para instauração do dissídio Justifica-se tal exigência porque, no processo de dissídio coletivo, o
A preliminar em tela foi suscitada pelo SINDICATO DAS o sindicato. Portanto, ao pretender representá-la, o ente sindical
AUTOSSERVIÇOS DO ESTADO DO PARÁ - SINDESPA, em trabalhadores, antes de iniciar o processo judicial, cabendo-lhe
contestação, sob o argumento de que sindicato profissional não comprovar, por meio dos mencionados documentos, com as
carreou aos autos o edital de convocação e a ata da assembleia respectivas listas de presença, que está plenamente legitimado a
geral, requisitos essenciais para instauração do dissídio coletivo, instaurar a instância do dissídio coletivo.
conforme Orientações Jurisprudenciais nº 28 e 29, da SDC, do C. Ademais, a OJ nº 8, também da SDC, determina o registro das
TST. Frisa que "no presente caso, em que pesem as alegações do reivindicações dos trabalhadores na ata da assembleia, de forma a
Sindicato Autor, não foram cumpridos os requisitos essenciais para que seja possível verificar se a vontade da categoria está sendo
a instauração do dissídio coletivo, tendo em vista que não consta respeitada, ao dispor:
autorizando a negociação coletiva e eventual instauração de 08. DISSÍDIO COLETIVO. PAUTA REIVINDICATÓRIA NÃO
dissídio coletivo, o que enseja a aplicação do art. 485, inciso IV do REGISTRADA EM ATA. CAUSA DE EXTINÇÃO. A ata da
CPC" (Id. 89d6a54 - Pág. 4). assembleia de trabalhadores que legitima a atuação da entidade
Não assiste razão ao sindicato demandado, pois em petição de Id. obrigatoriamente, a pauta reivindicatória, produto da vontade
Portanto, quando do ajuizamento do dissídio coletivo, o suscitante reconhecimento de sua validade. Ou seja, apresenta, na íntegra, o
deve observar o estrito cumprimento das disposições teor das cláusulas reivindicadas pelos trabalhadores e consigna que
jurisprudenciais mencionadas, sob pena de ter por extinto o as propostas foram aprovadas pela unanimidade dos trabalhadores
processo, sem resolução de mérito. presentes, em um total de 224 participantes, conforme as listas de
coletivo, a ata da assembleia de trabalhadores não havia sido Pelo exposto, nego provimento ao recurso.
Regional, de que o suscitante apresentou Edital de Convocação de 3. PRELIMINAR DE NULIDADE DO ACÓRDÃO PROFERIDO NO
Assembleia Geral (Id. 8f9a1cb) e lista de presença (Id. 464967e - JULGAMENTO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO OPOSTOS
Pág. 3-9), o que atende ao disposto no art. 859 da CLT e nas PELO SINDICATO PROFISSIONAL. AUSÊNCIA DO
impossibilitar a verificação do cumprimento das disposições O Tribunal Regional rejeitou os embargos de declaração opostos
Nesse contexto, não haveria como afastar a extinção do processo, XXXIII - DOMINGOS, FERIADOS E OUTRAS DATAS ESPECIAIS
sem resolução de mérito, por ausência de requisitos essenciais para (Multa por descumprimento) e XXXIV - VÉSPERAS DE NATAL E
instauração do dissídio coletivo. ANO NOVO, bem como em relação à cláusula que dispõe acerca
Ocorre que, a teor do art. 317 do CPC de 2015, antes de extinguir o da homologação das rescisões no sindicato profissional, afastando
processo sem resolução do mérito, deve ser concedida à parte as omissões e contradições apontadas. Todavia, acolheu
oportunidade para, se possível, corrigir o vício detectado. parcialmente os embargos de declaração, no que pertine à cláusula
No caso em tela, observa-se que o Sindicato profissional suscitante, XXVI - CUSTEIO DE CLÍNICA MÉDICA, assim dispondo:
a cópia da ata da assembleia de trabalhadores, realizada no dia Da omissão: Cláusula XXVI: Custeio da Clínica Médica
14/12/2016, bem como do edital de convocação e respectivas listas Sustenta que, não obstante esteja consignado, no corpo do v.
de presença (fls. 762/764 e 773/779), documentos esses que já Acórdão embargado, que o repasse do valor destinado à clínica
haviam sido colacionados às fls. 119/121 e 123/129. médica será realizado para o sindicato profissional, a parte
Há de se ressaltar que nem sempre é possível a correção do vício conclusiva da r. sentença normativa embargada restou omissa
nesta instância recursal, nos termos do art. 317 do CPC de 2015. nesse particular, pelo que requer o acolhimento dos presentes
Toma-se como exemplo a irregularidade pertinente à ausência do embargos, para sanar a omissão apontada.
registro da pauta de reivindicações na ata da assembleia, cuja Assiste razão ao embargante, nesse ponto.
retificação seria inviável pelo fato de a ata registrar um fato já Foi deferida a proposta apresentada na audiência de conciliação
consumado e de se constituir em um documento redigido na realizada em 31.07.2017 (Id. e0ca3cd), em que constava:
ocasião em que a assembleia foi realizada. 'Custeio da clínica médica - Pagamento mensal do valor
De outro lado, caberia ao Regional, ao verificar que a petição inicial correspondente a 0,50% (meio por cento), que será repassado ao
não se encontrava instruída com os documentos indispensáveis à sindicato profissional, sem qualquer ônus aos empregados, que
propositura da ação, determinar ao suscitante que a emendasse ou será revertido para o custeio da clínica médica.'
a completasse, conforme preveem os arts. 320 e 321 do CPC de À vista do exposto, acolho os embargos de declaração para, ao
2015. Todavia, não se verifica nos autos tal determinação. sanar a omissão apontada e prestar os esclarecimentos
O fato é que a ata da assembleia de trabalhadores representados necessários, determinar que a Cláusula XXVI, que versa sobre o
pelo Sindicato profissional suscitante - juntada às fls. 765/772 -, custeio da clínica médica, passe a constar com a seguinte redação,
realizada no dia 14/12/2016, em segunda convocação, com o sem qualquer efeito modificativo à r. sentença normativa:
objetivo, dentre outros, de autorizar a diretoria do SINTCVAPA a 'Cláusula XXVI - Custeio da clínica médica - As empresas arcarão
celebrar acordos coletivos ou instaurar processo de dissídio com o pagamento mensal do valor correspondente a 0,50% (meio
coletivo, caso frustradas as negociações, embora apresente erros por cento) sobre a folha salarial líquida de contribuição, que será
materiais - a exemplo da data da publicação do respectivo edital de repassado ao sindicato profissional, para atendimento médico e
Sustenta o recorrente, à fl. 610, que o Regional, ao dar provimento pela Exmª Desembargadora Sulamir Palmeira Monassa de Almeida,
parcial aos embargos de declaração opostos pelo Sindicato DD. Vice-Presidente deste E. Regional (Id. 765e228), o sindicato
profissional, modificando o teor da cláusula XXVI, imprimiu efeito profissional ratificou a proposta apresentada na audiência de
modificativo à decisão embargada, sem o imprescindível conciliação realizada em 31.07.2017, nos seguintes termos:
contraditório, ou seja sem a obrigatória manifestação do Sindicato 'Custeio da clínica médica - pagamento mensal do valor
patronal. Alega que, nos termos do § 2º do art. 897-A da CLT, a correspondente a 0,50% (meio por cento), que será repassado ao
concessão de efeito modificativo exige que a parte contrária seja sindicato profissional, sem qualquer ônus aos empregados, que
ouvida, razão pela qual requer seja declarada a nulidade total do será revertido para o custeio da clínica médica.'
acórdão proferido nos embargos de declaração. 'Do valor correspondente a 0,50% (meio por cento) acima
O art. 897-A da CLT, e seu § 2º, determinam: Trabalhadores no Comércio e Serviços dos Estados do Pará e
"Art. 897-A - Caberão embargos de declaração da sentença ou valores devidos aos sindicatos e à FETRACOM serão pagos até o
acórdão, no prazo de cinco dias, devendo seu julgamento ocorrer 5º (quinto) dia útil de cada mês através de depósito bancário e/ou
registrado na certidão, admitido efeito modificativo da decisão nos De início, esta Relatoria indeferia a proposta, como apresentada na
casos de omissão e contradição no julgado e manifesto equívoco no petição inicial, por inexistir precedente na norma revisanda, de
exame dos pressupostos extrínsecos do recurso. modo que a pretensão dependeria de negociação entre os
§ 2º - Eventual efeito modificativo dos embargos de declaração representadas pela entidade sindical patronal.
somente poderá ocorrer em virtude da correção de vício na decisão Contudo, esta Relatoria refluiu no posicionamento anterior, durante
embargada e desde que ouvida a parte contrária, no prazo de 5 a sessão de julgamento, em face dos debates, para deferir a
Não resta dúvida de que, se não observada a forma prescrita em lei no original)
apesar de admitir a omissão apontada, o acórdão expressou, de Confrontando-se a redação da cláusula que se encontra grifada no
forma clara, que o acolhimento dos embargos de declaração não acórdão acima transcrito com a redação da cláusula constante do
acarretaria nenhum efeito modificativo à sentença normativa. decisum (fl. 398), verifica-se que esta última realmente suprimiu a
De outro lado, da leitura do acórdão que analisou o dissídio coletivo, expressão que será repassado ao sindicato profissional, ao
é possível depreender que sequer há falar em omissão, tendo apresentar a seguinte redação:
no decisum, em relação ao texto considerado na fundamentação. CLAUSULA XXVI - CUSTEIO DA CLÍNICA MÉDICA - As empresas
O Regional, ao analisar o dissídio coletivo, assim decidiu em arcarão com o pagamento mensal do valor correspondente a 0,50%
relação à cláusula: (meio por cento) sobre a folha salarial líquida de contribuição, para
- Proposta do Sindicato Profissional: Trata-se de mero equívoco na transcrição da norma deferida, cuja
'CLAUSULA XXX - CUSTEIO DA CLINICA MÉDICA - objetivando correção, pretendida pelo embargante, evidentemente, não
subsidiar o custeio da clinica médica, as empresas arcarão, com o acarretaria efeito modificativo ao julgado, de forma a ensejar a
pagamento mensal do valor correspondente a 1% (um por cento), manifestação da parte contrária.
que será repassado ao sindicato profissional até o 5º (quinto) dia útil No contexto delineado, nego provimento ao recurso.
Preliminarmente, registra-se que em sustentação oral, o Dr. foram os seguintes: Senhor Oscar Corrêa (sócio proprietário do
Alexandre Simões Lindoso, advogado do sindicato profissional, Supermercado Líder); Senhor Jorge Luiz Fonseca dos Santos
ressaltou a existência de acordo parcial firmado pelas partes no (Presidente da Associação Paraense de Supermercados e sócio
decorrer da ação, ou seja, ao longo da fase conciliatória, perante o proprietário da Portugal Descartáveis); Senhor José Oliveira (sócio
Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região. Destacou que a ata da proprietário do Grupo Formosa); Senhor Fernando Brito (Presidente
audiência de conciliação de fls. 355/356 consignou, ao final, que a do Sindicato Patronal Demandado e Proprietário do Supermercado
Vice-Presidente determina o encaminhamento da presente ata de Estrela Dalva); Senhor Renato Corrêa (sócio proprietário do
conciliação parcial ao Gabinete do Excelentíssimo Desembargador Supermercado Nazaré). Segundo o representante do Sindicato
(...), Relator do Dissídio Coletivo , e que também o acórdão profissional, essas cinco empresas já haviam concedido
regional, no relatório e no corpo do voto, fez referência a uma antecipação de reajuste salarial para os seus empregados, a partir
composição parcial, relativa ao acordo de fls. 338/339, no qual do mês de julho de 2017, continuando a cumprir as demais
teriam sido pactuadas algumas das cláusulas analisadas pela cláusulas da norma coletiva anterior. O Desembargador Relator
relatora, a exemplo daquelas pertinentes ao reajuste salarial; à intimou o Sindicato Patronal a comprovar a concessão das
homologação da rescisão contratual pelo sindicato; e à clínica vantagens indicadas pelo suscitante, no prazo de 10 dias, sob as
médica. De outro lado, afirma que o referido acordo se iniciou com penas do artigo 400 do CPC de 2015.
a cláusula do reajuste dos salários para o período de 1º/3/2018 a - a empresa LÍDER Comércio e Indústria Ltda., à fl. 258, informou
28/2/2019, em que se deveria observar o INPC do período que não eram verdadeiras todas as afirmações do suscitante.
acumulado, acrescido de 1%, que justamente totalizam os 5% que Concordou com a concessão do reajuste de 5%, a partir de julho de
foram deferidos. Ressalta, ainda, que, no curso da instrução, 2017; com a jornada de trabalho de 44 horas; e com o trabalho nos
algumas empresas se manifestaram no sentido de que já estavam feriados, até às 14 horas, à exceção de sua loja no shopping, que
concedendo esse percentual no âmbito da categoria profissional, deveria funcionar das 10h às 14h. (...). Alegou que, aos domingos,
significando que o acordo já estaria repercutindo dentro da base da suas lojas permanecem abertas até às 21 horas e outras por 24
Compulsando os autos, verifica-se: - o suscitado, às fls. 285/288, alegou que o fato de empresas
- 1ª audiência de conciliação - 5/4/2017 (fls. 156/157) - O Sindicato isoladas poderem conceder o reajuste não induziria à conclusão de
profissional afirmou que as partes chegaram a um consenso acerca que todo o restante da categoria também pudesse concedê-lo. De
da manutenção da data-base em 1º de março, faltando, apenas, outro lado, sustentou que não poderia obrigar as empresas a lhe
- 2ª audiência de conciliação - 10/4/2017 (fls. 190/191) - folha salariais, pelo que se mostrava inviável a aplicação do art. 400
192/202) - Recusada a conciliação. - às fls. 326/328, o Sindicato profissional comunicou que, em face
- defesa (à fl. 167) - O sindicato patronal sustentou a perda da data- da intransigência patronal, a categoria profissional, em assembleia
base, em face do ajuizamento da ação após o prazo previsto no art. realizada no dia 25/8, decidira pela deflagração da greve, por tempo
- 3ª audiência de conciliação, em 9/8/2017 (fls. 255/256 - O - 4ª audiência de conciliação - 31/8/2017 (fls. 331/332) - O Sindicato
Sindicato profissional afirma que aceita, como solução amigável, o profissional, acolhendo proposição da Vice-Presidência do TRT,
retorno à jornada de trabalho de 44 horas semanais e o reajuste de concordou com a suspensão do movimento paredista, que seria
5%, embora a proposta do sindicato patronal, feita na reunião de iniciado no dia 1º/9/2018, em razão da proposta assinada pelas
negociação, fosse de 7%. A advogada do suscitado afirmou que partes (fls. 338/339), cujos termos deveriam ser ratificados pelas
o SINDESPA não tem interesse na negociação, que não aceita assembleias do segmento profissional (em 31/8/2017) e do
qualquer conciliação e que requer o julgamento do dissídio segmento econômico (em 5/9/2017). Designado o prosseguimento
que, nas diversas conversas para a negociação, obteve a - a ata da audiência de prosseguimento, realizada em 6/9/2017
concordância de vários líderes da categoria patronal quanto ao (fls. 354/356) registra o seguinte teor:
aos domingos e feriados até às 14 horas. Os líderes mencionados O Sindicato Demandante registrou que, na Assembleia realizada no
dia 31 de agosto de 2017, foi ratificada a proposta de cláusulas para de não mais manter a proposta ora expressa.
a Convenção Coletiva, subscrita pelas partes litigantes. Mesmo diante da posição Patronal registrada no item anterior, o
O SINDESPA, por seu patrono, apresentou proposta patronal, Sindicato dos Trabalhadores mantém sua posição já registrada na
aprovada em assembleia realizada no dia 5 de setembro de 2017, Ata anterior, reafirmando que manterá a suspensão da greve até o
setembro, e as diferenças dos meses serão pagas à razão de um Conforme se depreende da leitura da ata da audiência do dia
mês vencido a cada mês a vencer; 6/9/2017, o Sindicato das Empresas apresentou nova proposta
3 - Reajuste na próxima data-base pelo INPC e mais 1% de assembleia realizada no dia 5/9/2017. Tal entendimento decorre
4 - Ticket-alimentação de R$256,85 mensais, valor unitário de alterações em algumas das cláusulas anteriormente estabelecidas,
R$9,88, com valor de desconto de R$26,25, a partir de setembro de mas repetiu literalmente, ou quase, que, na integralidade, o teor de
5 - Jornada de trabalho de 44 horas semanais; partes, mas cuja formalização estaria condicionada à ratificação
6 - Labor ao domingo livre, com folga compensatória ou pagamento pelas assembleias dos segmentos profissional e econômico.
em dobro, nos termos do Enunciado do c. TST, apenas com jornada É o que se verifica do cotejo entre as propostas apresentadas nas
máxima de trabalho individual de 6 horas com intervalo de 15 audiências de conciliação realizadas nos dias 31/8/2017 (fls.
janeiro; e, os dias: domingo do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, Proposta assinada pelas partes e apresentada na audiência de
segunda-feira do Recírio e terça-feira de carnaval. Nos demais 31/8/2017Nova proposta apresentada pelo suscitado na
feriados, o funcionamento será limitado a seis horas: das 8 às 14 audiência do dia 6/9/2017Vigência da Convenção Coletiva de
8 - 0,5% sobre a folha salarial líquida de Contribuição das empresas O reajuste salarial para o período de 1º/3/2018 a 28/2/2019
para atendimento médico e odontológico; observará o INPC do período acumulado de 1º/3/2017 a 28/2/2018,
9 - Provando a empresa, com Oficio ao SINE mensal e publicação acrescido de 1% a título de aumento real.
O Sindicato Demandante registrou que concorda com a Ticket alimentação de R$256,85 mensais, valor unitário de R$9,88,
manutenção da proposta que resultou do consenso entre as com valor de desconto de R$26,25, de contrapartida do trabalhador
partes, apresentada na audiência do dia 31 de agosto de 2017, para todas as faixas salariais.
que deverão ser acrescidas àquelas disposições da norma anterior, A jornada de trabalho é de 44 horas semanais, salvo aqueles
rejeitando as alterações que pretende introduzir neste empregados que exercem cargos de confiança e outros
momento o sindicato Patronal, até por conflitar com a profissionais de categorias diferenciadas.
proposta juntada nos autos do DC 0000279-46.2017.5.08.0000. Labor aos domingos com jornada de trabalho de 06 horas,
Registra, ainda, que as entidades recepcionam apenas o aceite à observando o intervalo de 15 minutos, com inicio as 07h e cerrando
proposta de regulamentação para a contratação de deficientes. Por as portas ao público consumidor às 19:00 horas, compreendendo
fim, protesta pelo julgamento do referido dissidio. inclusive nesse horário o atendimento dos consumidores que já se
Em razão do não aceite, em parte, o Patronal expressa que, no encontrarem no interior dos estabelecimentos por ocasião deste
Nos feriados de Tiradentes, Adesão do Pará à Independência; em dobro nos termos do Enunciado do TST, apenas com jornada
Proclamação da República; Nossa Senhora da Conceição, Sexta máxima de trabalho individual de 6 horas com intervalo de 15
estabelecimentos.
Custeio da clínica médica - pagamento mensal do valor Feriados sem labor: dias 1º de maio; 25 de dezembro; 1º de
correspondente a 0,50% (meio por cento), que será repassado ao janeiro; e os dias: domingo do Círio de Nossa Senhora de Nazaré;
sindicato profissional, sem qualquer ônus aos empregados, que segunda-feira do Recírio; e terça-feira de carnaval. Nos demais
será revertido para o custeio da clínica médica. Do valor feriados, o funcionamento será limitado a seis horas: das 8h às 14h.
FETRACOM serão pagos até o 5º dia útil de cada mês, por meio de
255/256).
seus empregados.
Provando a empresa com Ofício ao SINE mensal e publicação em E mais, o Tribunal Regional, ao analisar e deferir a cláusula relativa
jornal, O não preenchimento de cota do portador de necessidade ao reajuste salarial não concedeu o percentual de 5% por ter
especial, não será descumprimento de lei. sido objeto de ajuste entre as partes, o que se confirma da
Banco de Horas, redução da jornada com proporcional redução de leitura do trecho do acórdão recorrido, a seguir transcrito:
O fato é que o sindicato apresentou outra proposta para a A DD. Vice-Presidência do E. Tribunal propôs o percentual de
celebração da CCT, e que as alterações nela previstas não 4,69% (quatro vírgula vinte e oito por cento(sic)).
foram aceitas pelo sindicato profissional, o qual demonstrou As partes não aceitaram qualquer reajuste durante a instrução
contratação de portadores de necessidades especiais. O Defiro, por equidade (art. 766, da CLT), o percentual de 5% (cinco
Sindicato patronal, por sua vez, considerando o aceite apenas por cento), como parâmetro aproximado ao percentual do INPC do
principalmente em relação ao funcionamento do comércio no Dentro do percentual pleiteado pelo sindicato profissional estava
dia 7/9/2017, deu-se ao direito de retirar a proposta então incluído o ganho real, sem estipulação especificada do quantum. A
Portanto, em face da apresentação de nova proposta na audiência ser atendida, porque depende negociação entre os
estava condicionada à aprovação das assembleias de ambos os Acresça-se, por fim, que a cláusula intitulada Homologação das
rescisões no sindicato profissional, mencionada pelo patrono do Indefiro a cláusula como proposta pelo sindicato profissional e, com
recorrente, em sustentação oral, não foi deferida pelo Regional, por fulcro nos artigos 616, § 3º c/c art. 867, parágrafo único, "a", da
não estar incluída no rol de reivindicações constante da CLT, mantenho a data-base da categoria em 1º de março e
representação, conforme consta às fls. 574/575 do acórdão relativo estabeleço que a presente sentença normativa vigorará no período
Analisa-se primeiramente a cláusula em epígrafe, na medida em CLÁUSULA XXX - DATA-BASE E VIGÊNCIA - A data-base da
que a questão da data base e da vigência da sentença normativa categoria obreira fica mantida em 1º de março e a presente
também é objeto de insurgência do recorrente na cláusula relativa sentença normativa terá vigência no período de 28.03.2017 até
CLÁUSULA XXXVII - DATA BASE E VIGÊNCIA argumento de que o dissídio foi ajuizado somente no dia 28/3/2017,
- Proposta do Sindicato Profissional: ou seja, fora do prazo de sessenta dias a que alude o art. 616, § 3º,
'CLÁUSULA XXXVI - DATA BASE E VIGÊNCIA - A Data Base da da CLT, impedindo que a vigência da sentença normativa tivesse
categoria obreira é mantida em 1º de Março de cada ano, e o início no dia 1º de março de 2017. Afirma que não foi apresentado o
presente acordo terá vigência de 12 (doze) meses, a contar de 1º de protesto judicial, garantidor da data base da categoria, e que não
março de 2017 e terminando em 28 de fevereiro de 2018.' houve o acordo das partes nesse sentido. Requer que seja
O Sindicato demandado, em contestação, sustenta que "o Sindicato estabelecido, como data base da categoria, o dia 6/10/2017, data a
autor ajuizou a presente Ação de Dissídio somente no dia partir da qual seriam devidas as diferenças e vantagens salariais.
o instrumento pudesse ter vigência no dia imediato ao dia Ressalta-se de plano que o não ajuizamento do dissídio coletivo no
01/03/2017, razão pela qual, a data base deverá ser a data de prazo previsto no art. 616, § 3º, da CLT implica somente a perda de
eventual sentença, nos moldes do que determina o art. 616, §3º da data base como termo inicial da vigência da sentença normativa.
CLT" (Id. 89d6a54 - Pág. 28). Trata-se esta ação de um dissídio coletivo revisional. Há, nos autos,
Inconteste que não houve a apresentação de protesto judicial para Convenção Coletiva de Trabalho de 2016/2017, cuja cláusula 1ª
assegurar a data-base da categoria (art. 219, §§ 1º e 2º, do estabelece que a data base da categoria é o dia 1º de março e que
Regimento Interno do C. TST), assim como não resta dúvida de que a vigência do instrumento firmado abrange o período de 1º de
o sindicato demandante ajuizou o presente dissídio coletivo fora do março de 2016 a 28 de fevereiro de 2017.
prazo de 60 (sessenta dias), a que alude o art. 616, § 3º, da CLT, O art. 867 da CLT, em seu parágrafo único, alíneas a e b,
haja vista que a data-base da categoria recai no dia 01 de março e estabelece três hipóteses para a definição do termo inicial de
o presente feito foi protocolado somente em 28.03.2017. vigência da sentença normativa: a) dissídio coletivo de natureza
Do mesmo modo, até o final da instrução do presente feito não foi revisional - se ajuizado após o fim da vigência do instrumento
apresentada a formalização do possível acordo entre as partes para normativo revisando, o termo inicial será a data da publicação da
assegurar a data-base da categoria, como sustentado pelo sindicato sentença normativa (alínea a, primeira parte); b) dissídio coletivo de
profissional, na peça vestibular. natureza originária - o termo inicial será a data do ajuizamento do
Ao caso, entendo razoável aplicar a norma mais favorável contida dissídio coletivo (alínea a, in fine, da CLT); e c) dissídio coletivo de
na segunda parte da alínea "a" do parágrafo único do art. 867, da natureza revisional - se ajuizado dentro do prazo a que se refere o
CLT, que permite que se estabeleça a vigência da sentença art. 616, § 3º, da CLT, o termo inicial será o dia imediato ao termo
normativa a partir do ajuizamento do dissídio coletivo, ou seja, em final de vigência do instrumento normativo anterior (alínea b, da
§ 3º - Havendo convenção, acordo ou sentença normativa em vigor, (fls. 156/157), trouxe a seguinte consignação:
anteriores ao respectivo termo final, para que o novo instrumento Com a palavra o Sindicato Demandante em razão da realização da
possa ter vigência no dia imediato a esse termo. primeira reunião de negociação da data-base, a exemplo de anos
Tem-se, portanto, que o não ajuizamento do dissídio coletivo no formalmente, bem como as partes trataram da manutenção da data-
prazo previsto no art. 616, § 3º, da CLT acarreta a perda da data base o que restou consenso entre as partes àquela altura, faltando
base da categoria como termo inicial da vigência da sentença apenas, sua formalização.
comprovar ter sido assegurada a data base, quer pelo consenso Ressalta-se que, na representação, o suscitante já havia afirmado
das partes, quer pelo ajuizamento de protesto judicial. que o sindicato demandado, por intermédio de seu departamento
No caso em tela, a vigência da CCT 2016/2017 se esgotou em jurídico garantiu a data base da categoria, faltando tão somente, a
28/2/2017 e a peça de representação deste dissídio coletivo sua formalização, que será juntada em momento oportuno. Todavia,
somente foi protocolizada em 28/3/2017, restando, portanto, conforme o acórdão regional, até o final da instrução não havia sido
inobservadas as disposições do art. 616, § 3º, da CLT. Também não apresentada a formalização do possível acordo entre as partes para
há notícias nos autos de que o Sindicato tivesse formulado o assegurar a data-base da categoria, o que não foi refutado pelo
protesto judicial, de forma a garantir a manutenção da data base no suscitante, sequer nas contrarrazões apresentadas ao recurso
É importante salientar que, conforme documento juntado à fl. 95, O fato é que, embora reconhecendo que o dissídio coletivo fora
referente ao envio da pauta reivindicatória ao Sindicato patronal, as ajuizado fora do prazo a que alude o art. 616, § 3º, da CLT, e que
Assim, a formulação de protesto judicial teria sido a melhor forma de primeira parte da alínea a do parágrafo único do art. 867, também
o suscitante ter dado continuidade ao processo negocial e, ao da CLT, o Regional entendeu razoável aplicar a norma mais
mesmo tempo, assegurar a data-base da categoria, de modo a não favorável contida na segunda parte da alínea "a" acima
deixá-la desguarnecida, em termos de norma coletiva. mencionada, fundamento, a meu juízo, bastante frágil, diante do
Nesse sentido dispõe o art. 240, §§ 1º e 2º, do Regimento Interno que determina o texto legal. Ademais, a decisão contraria a própria
interesses coletivos em negociação promovida diretamente pelos RECURSO ORDINÁRIO EM DISSÍDIO COLETIVO. VIGÊNCIA DA
interessados ou mediante intermediação administrativa do órgão SENTENÇA NORMATIVA. REAJUSTE SALARIAL. O art. 616, § 3º,
competente do Ministério do Trabalho, poderá ser ajuizada a ação da CLT estabelece que, se há sentença ou acordo coletivo em
de dissídio coletivo ou solicitada a mediação do Tribunal Superior vigor, a instância do dissídio coletivo deverá ser instaurada dentro
§ 1º. Na impossibilidade real de encerramento da negociação existente. Por outro lado, o art. 867, parágrafo único, alíneaa, do
coletiva em curso antes do termo final a que se refere o art. 616, § mesmo diploma legal dispõe que, ajuizado o dissídio coletivo após o
3º, da CLT, a entidade interessada poderá formular protesto judicial prazo acima aludido, a sentença normativa vigorará a partir da data
em petição escrita, dirigida ao Presidente do Tribunal, a fim de de sua publicação. No caso em tela, constata-se a existência de
§ 2º. Deferida a medida prevista no item anterior, a representação 2013; o ajuizamento do dissídio coletivo fora do prazo previsto no §
coletiva será ajuizada no prazo máximo de 30 (trinta) dias úteis, 3º do art. 616 da CLT; a não concordância da suscitada quanto à
contados da intimação, sob pena de perda da eficácia do protesto. manutenção da data-base em 1º de janeiro; e a não apresentação
De outro lado, também não há como afirmar que houve a relação à cláusula do reajuste dos salários, única reivindicação
concordância do suscitado quanto à manutenção da data-base. analisada pelo Regional, deve-se aplicar o disposto na primeira
parte da alínea a do parágrafo único do art. 867 da CLT, segundo o - Proposta do Sindicato Profissional:
qual a sentença normativa vigorará a partir da data de sua 'CLÁUSULA I - REAJUSTE SALARIAL - Os salários dos integrantes
publicação. Nesse contexto, a data fixada pelo Regional como a do da categoria profissional serão reajustados em 1º de março de 2017
termo inicial da sentença normativa (do ajuizamento do dissídio mediante a aplicação do percentual de 12% (doze por cento).
coletivo) deveria ser postergada para 17/12/2015, dia em que foi PARÁGRAFO PRIMEIRO - O reajuste acima especificado será
publicado o acórdão dos embargos de declaração, o qual integrou a aplicado apenas sobre os salários fixos ou partes fixas de
sentença normativa. Todavia, verifica-se, das razões recursais, que remuneração, e independente do reajuste somente estar sendo
o pedido da suscitada se limita a que os efeitos da sentença sejam aplicado a contar de 01.03.2017, por ajuste entre as partes, a data
fixados em 26/3/2015, o que deve ser observado, dando-se base da categoria obreira permanece em 01 de março.
provimento ao recurso ordinário, nesse sentido. Recurso ordinário PARÁGRAFO SEGUNDO - Com o presente reajustamento a
conhecido e provido. (RO-130124-98.2014.5.13.0000, SDC, entidade sindical profissional declara expressamente estarem
Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT de 22/3/16) quitadas e repostas todas as perdas salariais porventura havidas
No contexto delineado, apresentei meu voto no sentido de reformar hoje vigente, e reconhecendo inexistirem perdas salariais em favor
a decisão, postergando-se a data fixada pelo Regional como termo dos obreiros anteriores a 1º de Março de 2017.
inicial da sentença normativa, qual seja o dia 28/3/2017, data do PARÁGRAFO TERCEIRO - Os empregados admitidos após o mês
ajuizamento da ação, para o dia 6/10/2017, data da publicação do de março de 2013, terão na presente data base reajustamento
acórdão dos embargos de declaração (conforme certidão de fl. 600), segundo os percentuais da tabela abaixo, a serem aplicados sobre
o qual integrou a sentença normativa, nos termos do art. 867, o salário do mês de admissão, encontrando-se, assim, o salário
parágrafo único, "a", primeira parte, da CLT. devido para o mês de março/17.'
Ocorre que esta Seção Especializada entendeu que a data de O sindicato patronal opõe-se ao reajuste e à data-base propostos.
publicação a ser considerada como termo inicial de vigência da A DD. Vice-Presidência do E. Tribunal propôs o percentual de
sentença normativa, à qual se refere o art. 867, parágrafo único, "a", 4,69% (quatro vírgula vinte e oito por cento (sic)).
primeira parte, da CLT, é o dia da publicação da decisão As partes não aceitaram qualquer reajuste durante a instrução do
propriamente dita - e não a dos embargos de declaração - que, no presente dissídio coletivo.
caso, ocorreu em 25/9/2017 (fl. 550). Defiro, por equidade (art. 766, da CLT), o percentual de 5% (cinco
Salienta-se que não houve insurgência de nenhuma das partes em por cento), como parâmetro aproximado ao percentual do INPC do
relação à fixação do termo final de vigência da sentença normativa. período, conforme a redação adiante proposta.
Pelo exposto, reformulando parcialmente o voto anteriormente Dentro do percentual pleiteado pelo sindicato profissional estava
proferido, dou provimento parcial ao recurso em relação à incluído o ganho real, sem estipulação especificada do quantum. A
cláusula 30 - DATA BASE E VIGÊNCIA, para fixar, como termo proposta de "aumento real" (produtividade), todavia, não pode ser
inicial da sentença normativa proferida neste dissídio coletivo, o dia atendida, porque depende de negociação entre os interessados.
25/9/2017, - resguardadas as situações fáticas já constituídas, ao No que se refere à "data-base" da categoria (que, na verdade, diz
teor do art. 6º, § 3º, da Lei nº 4.725/65 -, ficando a cláusula assim respeito à VIGÊNCIA da sentença normativa), o sindicato
CLÁUSULA 30 - DATA-BASE E VIGÊNCIA - A data-base da da categoria, faltando tão somente, a sua formalização, que será
categoria obreira fica mantida em 1º de março e a presente juntada em momento oportuno" (Id. ed05119 - Pág. 2), fato este
sentença normativa terá vigência no período de 25/9/2017 a reiterado por ocasião da audiência realizada em 05.04.2017, que
O Regional assim decidiu: "no que tange à data base da categoria, o Sindicato autor ajuizou a
CLÁUSULA I - REAJUSTE SALARIAL assim o prazo de 60 (sessenta dias) para que o instrumento
pudesse ter vigência no dia imediato ao dia 01/03/2017, razão pela acumulado no INPC/IBGE, para o período. Sustenta que não cabe
qual, a data base deverá ser a data da improvável sentença, nos ao poder normativo desta Justiça Trabalhista a fixação de reajuste
moldes do que determina o art. 616, § 3º da CLT" (Id. 89d6a54 - dos salários e que, uma vez que o próprio acórdão reconheceu a
Pág. 7). perda da data base da categoria e que o dissídio coletivo foi
Inconteste que não houve a apresentação de protesto judicial para recebido como originário, não há falar em reajustes. Requer o
assegurar a data-base da categoria (art. 219, §§ 1º e 2º, do indeferimento da cláusula e, sucessivamente, caso seja mantido o
Regimento Interno do C. TST), assim como não resta dúvida de que reajuste, que este comece a vigorar a partir da publicação do último
o sindicato demandante ajuizou o presente dissídio coletivo fora do acórdão recorrido, a teor do art. 867, parágrafo único, a, da CLT.
prazo de 60 (sessenta dias), a que alude o art. 616, § 3º, da CLT, Ao exame.
haja vista que a data-base da categoria recai no dia 01 de março e Quanto à questão do reajuste salarial, a Justiça do Trabalho, dentro
o presente feito foi protocolado somente em 28.03.2017. do poder normativo que lhe é assegurado pelo art. 114, § 2º, da
Do mesmo modo, até o final da instrução do presente feito não foi Constituição, tem a possibilidade de, no insucesso das
apresentada a formalização do acordo entre as partes para negociações, conceder percentual de reajuste que julgue
assegurar a data-base da categoria, como sustentado pelo sindicato condizente com a perda salarial da categoria profissional,
Ao caso, entendo razoável aplicar a norma mais favorável contida das partes, nos termos do § 1º do art. 12 da Lei nº 10.192/2001.
na segunda parte da alínea "a" do parágrafo único do art. 867, da Nesse passo, mostra-se imperiosa a concessão de reajuste que
CLT, que permite que se estabeleça a vigência da sentença contemple, a um só tempo, a necessidade de reposição salarial da
normativa a partir do ajuizamento do dissídio coletivo, ou seja, em categoria profissional e a capacidade econômica do segmento
Indefiro a cláusula como proposta pelo sindicato profissional e, com medidas provisórias complementares ao Plano Real, trouxe, em seu
fulcro nos artigos 616, § 3º c/c art. 867, parágrafo único, "a", da art. 13, a vedação pela qual o reajuste não pode estar atrelado a
CLT, mantenho a data-base da categoria em 1º de março e índices de preços, eliminando a indexação de preços e salários, a
estabeleço que a presente sentença normativa vigorará no período fim de controlar o processo inflacionário.
de 28.03.2017, quando ocorreu o ajuizamento do dissídio coletivo, Nesse contexto, esta Seção Especializada tem admitido a fixação
até 28.02.2018. (fls. 375/376) do reajuste dos salários, observando os índices inflacionários
A cláusula restou assim deferida: fixando um percentual levemente inferior àquele apurado, mantendo
CLÁUSULA I - REAJUSTE SALARIAL - Os salários dos integrantes percentual mais elevado realmente deve ser objeto de negociação
da categoria profissional serão reajustados em 5% (cinco por entre as partes, conforme dispõe o art. 10 do mencionado diploma
2017, a partir de 28.03.2017, sendo compensadas as antecipações Não se ignora o atual cenário de dificuldades financeiras que, não
e aumentos compulsórios ou espontâneos concedidos no período, só o segmento empresarial, mas o País, de modo geral,
implemento de idade, promoção por antiguidade ou merecimento, Ocorre que, no tocante ao empregador, um dos atributos da relação
transferência de cargo, função ou localidade, ou equiparação de emprego consiste exatamente na assunção dos riscos do
salarial determinada por sentença judicial transitada em julgado. (fl. empreendimento, não se podendo admitir que, mesmo em tempo de
Insurge-se o Sindicato patronal, às fls. 612/613, contra o percentual que os elementos constantes dos autos não permitem comprovar
de reajuste concedido pelo Regional e contra o termo inicial de sua que a concessão do percentual de reajuste aos trabalhadores, nos
incidência. Alega que a decisão não pode ser mantida, na medida moldes delineados, afetaria sobremaneira o orçamento das
em que, apesar da grave crise econômica que o setor e o País empresas, de forma a inviabilizar a prestação de seus serviços e/ou
atravessam, o Regional arbitrou um valor elevado e até superior ao a consecução de suas atividades econômicas.
A cláusula reivindicada previa, inicialmente, o reajuste salarial de da categoria será de R$ 1.286,39 (Um mil e duzentos e oitenta e
12%, conforme transcrita no acórdão regional, sendo que o seis reais e trinta e nove centavos), a contar de 1º de Março de
O índice apurado pelo INPC/IBGE para o período de 1º/3/2016 a PARÁGRAFO PRIMEIRO - O salário profissional será devido aos
28/2/2017 foi de 4,69%. empregados que percebam apenas salário fixo, e que sejam
Portanto, o percentual de 5% concedido pelo Regional para o exercentes das seguintes funções: balconista; cobrador; auxiliar de
reajuste dos salários foi superior àquele que seria fixado por esta escritório; escriturário; auxiliar de contabilidade; datilógrafo;
Seção Especializada, com a aplicação de sua jurisprudência. faturista; analista de crédito; almoxarife; encarregado de estoque;
Acrescenta-se que, conquanto o Sindicato patronal tivesse estoquista; caixa; pintor; montador; secretária; recepcionista;
apresentado, na audiência de conciliação (fls. 354/356), a repositor; digitador; açougueiro, atendente, auxiliar de cobrança,
proposição relativa a 5% para o reajuste salarial, deixou assente, auxiliar de padaria, cartazista, conferente, faturista, operador de
naquela ocasião, que, uma vez que o Sindicato profissional não máquinas e calculista de preços.
aceitara as alterações apresentadas pelas empresas, PARÁGRAFO SEGUNDO - O Salário Profissional de que trata o
principalmente em relação ao funcionamento do comércio nas caput desta cláusula, sujeita-se às seguintes condições :
manhãs dos feriados, reservava-se ao direito de não mais manter a) Os portadores de diploma profissional, expedido por
Nesse contexto, e como já dito, uma vez que a fixação de reajuste Educação e do Trabalho, perceberão o salário profissional após
dos salários em percentual superior aos medidores mencionados noventa dias de trabalho na mesma empresa.
depende de negociação entre as partes, deve-se reduzir o b) Os empregados que não possuírem os diplomas de que trata a
percentual para 4,68%. alínea anterior perceberão o salário profissional após terem
Quanto à data de início da incidência do reajuste salarial, fixa-se o trabalhado, pelo menos, um ano na mesma especialidade e no
dia 25/9/2017, pelos fundamentos expostos na cláusula anterior, em mesmo ramo de negócio comprovado pela CTPS.
que restou definida essa data como termo inicial de vigência da PARÁGRAFO TERCEIRO - Os empregados exercentes das
sentença normativa proferida neste dissídio coletivo. funções especificadas no § 1º desta cláusula, que não possuírem
Assim, dou provimento parcial ao recurso para reduzir para 4,68% diploma profissional indicado na alínea "a" do § anterior, quando
o percentual de reajuste dos salários, imprimindo à cláusula 1ª - completarem 06 (seis) meses de trabalho, na mesma especialidade
REAJUSTE SALARIAL, a seguinte redação: e no mesmo ramo de negócio comprovado pela CTPS, terão direito
CLÁUSULA I - REAJUSTE SALARIAL - Os salários dos integrantes e três reais e trinta e sete centavos) a contar de 1º. de março de
da categoria profissional serão reajustados, a partir de 25/9/2017, 2017, sempre ressalvando que esta fixação no mês de abril não
em 4,68% (quatro vírgula sessenta e oito por cento), calculados altera da data base da categoria trabalhadora, que permanece em
espontâneos concedidos no período, com exceção dos decorrentes De acordo com o que foi decidido na cláusula destinada ao reajuste
de término de aprendizagem, implemento de idade, promoção por salarial, defiro, por equidade (art. 766, da CLT), o reajuste nos
antiguidade ou merecimento, transferência de cargo, função ou mesmos parâmetros do reajuste salarial, conforme a jurisprudência
localidade, ou equiparação salarial determinada por sentença deste E. Tribunal Regional. (fls. 377/378)
CLÁUSULA IV - SALÁRIO PROFISSIONAL (PISO SALARIAL) Sustenta o recorrente, à fl. 613, que, uma vez que foi indeferida a
- Proposta do Sindicato Profissional: cláusula relativa ao reajuste dos salários, também deve ser alterada
'CLÁUSULA IV - SALÁRIO PROFISSIONAL - O Salário Profissional a norma que trata do piso salarial. Alega que não cabe a esta
Justiça Trabalhista a fixação dessa condição, sob pena de intervir, máquinas e calculista de preços.
de forma contrária à previsão constitucional, na esfera econômica PARÁGRAFO SEGUNDO - O Salário Profissional de que trata o
da relação capital/trabalho. Acresce que, na Convenção Coletiva caput desta cláusula, sujeita-se às seguintes condições:
revisanda, não havia cláusula relativa a piso salarial e, sim, a salário a) Os portadores de diploma profissional, expedido por
profissional, cujo benefício estava condicionado à experiência e a estabelecimento de ensino reconhecido pelos Ministérios da
outros requisitos a serem preenchidos pelo trabalhador. Requer a Educação e do Trabalho, perceberão o salário profissional após
A jurisprudência desta Seção Especializada firmou-se no sentido de b) Os empregados que não possuírem os diplomas de que trata a
que refoge ao âmbito do poder normativo da Justiça do Trabalho a alínea anterior, perceberão o salário profissional após terem
fixação de piso salarial, admitindo, contudo, se provocada, a trabalhado, pelo menos, um ano na mesma especialidade e no
possibilidade de, na existência de piso fixado em instrumento mesmo ramo de negócio comprovado pela CTPS.
negocial autônomo, celebrado em período imediatamente anterior PARÁGRAFO TERCEIRO - Os empregados exercentes das
ao do ajuizamento do dissídio coletivo, aplicar ao respectivo valor o funções especificadas no § 1º desta cláusula, que não possuírem
mesmo percentual concedido para o reajuste dos salários. diploma profissional indicado na alínea "a" do § anterior, quando
É que, em observância às disposições constantes do art. 114, § 2º, completarem 06 (seis) meses de trabalho, na mesma especialidade
in fine, da CF - , segundo o qual, ajuizado dissídio coletivo de e no mesmo ramo de negócio comprovado pela CTPS, terão direito
natureza econômica, de comum acordo, a Justiça do Trabalho pode a Salário Profissional no valor de R$ 1.011,94 (um mil e onze reais
decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de e noventa e quatro centavos) a contar de 1º. de março de 2016. (fls.
, esta SDC firmou seu entendimento de que as condições Confrontando os termos constantes da cláusula 3ª da CCT
convencionais preexistentes, ou seja, aquelas constantes de 2016/2017 e aqueles dispostos na cláusula reivindicada nesta ação,
acordos e/ou convenções coletivas firmados no período constata-se que apresentam a mesma redação, à exceção,
imediatamente anterior, devem ser mantidas no dissídio que evidentemente, dos valores nelas estabelecidos,
suceder a extinção da vigência dos referidos instrumentos. independentemente da nomenclatura a elas atribuída.
Assim, a manutenção das condições anteriormente pactuadas se Portanto, uma vez que é preexistente a condição, e considerando
impõe, a menos que ofendam preceitos legais ou que haja que não houve a insurgência do sindicato profissional em relação à
elementos objetivos a demonstrar a mudança do ponto de equilíbrio decisão proferida, reforma-se o julgado para aplicar, sobre os
encontrado por ocasião da negociação coletiva anterior e que, valores previstos na cláusula 3ª da CCT 2016/2017, o mesmo
agora, não autorizariam a revisão da cláusula, tanto em favor como percentual ora concedido para o reajuste dos salários, bem como
contra os interesses de qualquer uma das partes. para fixar como data inicial de incidência do reajuste o dia
empresa deveria ser reajustada nos termos da Cláusula 1ª. Pelo exposto, dou provimento parcial ao recurso para aplicar aos
Na CCT 2016/2017, firmada no período imediatamente anterior ao valores constantes do caput e do § 3º da cláusula 3ª da CCT
desta ação, constou a cláusula 3ª com a seguinte redação: 2016/2017, relativa aos pisos salariais, o percentual de 4,68%, bem
cento e quarenta e oito reais e cinquenta e sete centavos). 7. CLÁUSULA 4ª - QUEBRA DE CAIXA
empregados que percebam apenas salário fixo, e que sejam Eis o teor da decisão recorrida:
estoquista; caixa; pintor; montador; secretária; recepcionista; 'CLÁUSULA III - QUEBRA DE CAIXA - Os empregados operadores
repositor; digitador; açougueiro; atendente; auxiliar de cobrança; de caixa que trabalhem em empresas que descontam diferenças em
auxiliar de padaria; cartazista; conferente; faturista; operador de dinheiro, a menor, farão jus a um adicional no valor de 10% (dez por
cento) sobre o seu salario base, de acordo com o precedente representaria verdadeira afronta às disposições do art. 114, § 2º, da
normativo 103 do TST.' CF, na forma da jurisprudência desta Corte, e total incoerência em
O Sindicato demandado, em contestação, afirma que "a fixação da relação ao entendimento exposto nas cláusulas anteriormente
consensualmente, uma vez que interfere na esfera econômica e Desse modo, dou provimento parcial ao recurso para manter a
financeira da relação capital trabalho, não podendo ser imposto pelo cláusula 4ª - QUEBRA DE CAIXA, com a redação constante da
poder normativo da Justiça do Trabalho" (Id. 89d6a54 - Pág. 8). cláusula 11 da CCT 2016/2017, mas reajustando o valor nela fixado
Defiro, conforme precedente na norma revisanda (Clausula Décima para o percentual de 4,68%.
de caixa que trabalhem em empresas que descontam diferenças em CLÁUSULA V - SALÁRIO MISTO
dinheiro a menor farão jus a um adicional no valor de 10% (dez por - Proposta do Sindicato Profissional:
cento) sobre o seu salário-base, de acordo com o Precedente 'CLÁUSULA V - SALÁRIO MISTO - Os exercentes das funções de
Normativo nº 103, da SDC do TST. (fl. 395) balconista, vendedor e vendedor-balconista, que perceberem
Alega o recorrente, à fl. 614, que deve ser reformada a decisão, na (novecentos e oitenta e cinco reais e sessenta centavos), a contar
medida em que o Regional já concedeu reajuste salarial elevado e de 1º de Março/17, independentemente do salário variável
sem parâmetros legais, e que a fixação da cláusula relativa à contratado, garantida a remuneração mínima (fixo mais comissões),
quebra de caixa deve ser obtida por meio de negociação entre as igual ao salário profissional de que trata o caput da cláusula "Salário
partes. Profissional.
A CCT 2016/2017, na cláusula 11, previu o adicional de quebra de Trata-se de conquista da categoria, em face de norma coletiva
CLÁUSULA DÉCIMA PRIMEIRA - QUEBRA DE CAIXA salarial, defiro, por equidade (art. 766, da CLT), o Salário Misto, de
Os empregados operadores de caixa que trabalhem em empresas conformidade com a redação adiante proposta. (fl. 378)
adicional no valor de R$41,87 (Quarenta e um reais e oitenta e sete A cláusula ficou assim redigida:
É certo que, nos termos do Precedente Normativo nº 103 da SDC, balconista, vendedor e vendedor-balconista, que perceberem
concede-se ao empregado que exercer permanentemente a função comissões, terão salário fixo, reajustado nos moldes da Cláusula I,
de caixa a gratificação de 10% sobre seu salário, excluídos do independentemente do salário variável contratado, garantida a
cálculo adicionais, acréscimos e vantagens pessoais, e que a remuneração mínima (fixo mais comissões), igual ao piso salarial de
cláusula deferida pelo Regional reproduz a literalidade do que trata a Cláusula II. (fl. 395)
mencionado Precedente.
Ocorre que não se impõe a aplicação do referido dispositivo se há Sustenta o recorrente, às fls. 614/615, que é inviável o reajuste
Ainda que a cláusula 11, constante da CCT 2016/2017 estabeleça econômico que o País vem enfrentando. Alega que o benefício deve
um valor a título de quebra de caixa que, levando-se em conta o ser objeto de negociação entre as partes.
salário profissional também estabelecido no mencionado A cláusula 5ª foi deferida pelo Regional com base na cláusula 6ª
instrumento, possa representar percentual inferior àquele definido constante da CCT 2016/2017, cujo teor ora transcrevo:
balconista, que perceberem comissões, terão salário fixo, no Eis a redação da cláusula, tal como deferida:
de 1º de Março/16, independentemente do salário variável CLÁUSULA IX - QUADRIÊNIO - As empresas pagarão aos seus
contratado, garantida a remuneração mínima (fixo mais comissões), empregados gratificação adicional por quadriênio de serviços na
igual ao salário profissional de que trata o caput da cláusula Salário mesma empresa, igual a 5% (cinco por cento) do piso salarial,
Profissional. (fls. 82/83) estipulado na Cláusula II, até no máximo de 35% (trinta e cinco por
Quando se trata de cláusula de cunho econômico preexistente, o os efeitos legais. (fls. 395/396)
valor do benefício, pela via judicial, aplicando-se o mesmo A recorrente alega, à fl. 615, que a gratificação em comento não
percentual concedido para o reajuste do salário. possui previsão legal, razão pela qual seu estabelecimento depende
permitem alterar a decisão, na medida em que não se prestam a Constata-se que a cláusula 9ª foi deferida nos exatos termos da
demonstrar, de forma objetiva, a total impossibilidade de as cláusula 9ª, constante da CCT de 2016/2017, cujo teor ora
anteriormente pactuada.
Dou provimento parcial ao recurso para aplicar, ao valor previsto CLÁUSULA NONA - QUADRIÊNIO
na cláusula 6ª da CCT 2016/2017, o percentual de 4,68%, bem As empresas pagarão aos seus empregados gratificação adicional
como para alterar o termo inicial de incidência do reajuste, de forma por quadriênio de serviços na mesma empresa, igual a 5% (Cinco
a que a cláusula fique assim redigida: Por Cento) do salário profissional estipulado no caput da Cláusula
CLÁUSULA 5ª - SALÁRIO MISTO - Os exercentes das funções de Cento), devendo este montante integrar a remuneração para todos
contar de 25 de setembro de 2017, independentemente do salário Tratando-se de norma de conteúdo econômico, preexistente,
variável contratado, garantida a remuneração mínima (fixo mais eventual alteração ou exclusão do benefício nela previsto exigiria a
comissões), igual ao piso salarial de que trata a Cláusula 2ª. demonstração, por parte do segmento econômico, quanto à total
até no máximo de 35% (Trinta e Cinco Por Cento), devendo este CLÁUSULA XXV - INTERVALO PARA REPOUSO E
proposta não possui previsão legal, somente podendo advir por 'CLÁUSULA XXV - INTERVALO PARA REPOUSO OU
meio de acordo ou por lei" (Id. 89d6a54 - Pág. 13). ALIMENTAÇÃO (ART. 71 DA CLT) - O intervalo para repouso e
Defiro, conforme precedente na norma revisanda (Clausula Nona, alimentação do trabalhador será nos termos do art. 71 da CLT, ou
que versa sobre quadriênio), conforme adiante estabelecido. (fls. seja, no mínimo 01 (uma) hora e no máximo 02 (duas),
assegurando-se os vales-transportes na forma da lei. subsidiar o custeio da clinica médica, as empresas arcarão, com o
O sindicato demandado nada opõe quanto à referida cláusula. pagamento mensal do valor correspondente a 1% (um por cento),
Defiro nos moldes da Cláusula Vigésima Terceira da norma que será repassado ao sindicato profissional até o 5º (quinto) dia útil
revisanda. (fl. 384) de cada mês, sem qualquer ônus aos empregados, que será
A cláusula foi assim deferida: A proposta foi impugnada pelo sindicato demandado.
CLÁUSULA XXIII - INTERVALO PARA REPOUSO OU pela Exmª Desembargadora Sulamir Palmeira Monassa de Almeida,
ALIMENTAÇÃO (ART. 71 DA CLT) - O intervalo para repouso e DD. Vice-Presidente deste E. Regional (Id. 765e228), o sindicato
alimentação do trabalhador será nos termos do art. 71 da CLT, ou profissional ratificou a proposta apresentada na audiência de
seja, no mínimo 01 (uma) hora e no máximo 02 (duas), conciliação realizada em 31.07.2017, nos seguintes termos:
assegurando-se os vales-transportes na forma da lei. (fl. 397) 'Custeio da clínica médica - Pagamento mensal do valor
Requer o recorrente, à fl. 615, a reforma da decisão, com a sindicato profissional, sem qualquer ônus aos empregados, que
exclusão da cláusula, sustentando que a obrigação de que as será revertido para o custeio da clínica médica.'
empresas paguem o vale-transporte para o intervalo do repouso e Do valor correspondente a 0,50% (meio por cento) acima informado,
da alimentação somente poderia advir da negociação entre as será descontado e repassado à Federação dos Trabalhadores no
partes. Alega que, com a Reforma Trabalhista, cujas disposições Comércio e Serviços dos Estados do Pará e Amapá (FETRACOM)
passariam a vigorar a partir de 11/11/2017, o intervalo para repouso o percentual de 15% (quinze por cento). Os valores devidos aos
e alimentação poderia ser negociado, desde que não fosse inferior a sindicatos e à FETRACOM serão pagos até o 5º (quinto) dia útil de
30 minutos nas jornadas superiores a oito horas diárias. cada mês através de depósito bancário e/ou boleto (Id. e0ca3cd).'
Sem razão o recorrente. De início, esta Relatoria indeferia a proposta, como apresentada na
Conforme já dito, a manutenção das condições pactuadas no petição inicial, por inexistir precedente na norma revisanda, de
período imediatamente anterior ao do dissídio coletivo se impõe, a modo que a pretensão dependeria de negociação entre os
menos que ofendam preceitos legais ou que haja elementos interessados, haja vista que impõe ônus financeiro às empresas
objetivos a demonstrar a mudança do ponto de equilíbrio representadas pela entidade sindical patronal.
encontrado por ocasião da negociação coletiva anterior e que, Contudo, esta Relatoria refluiu no posicionamento anterior, durante
agora, não autorizariam a revisão da cláusula, tanto em favor como a sessão de julgamento, em face dos debates, para deferir a
contra os interesses de qualquer uma das partes. proposta apresentada na audiência de conciliação realizada em
No caso em tela, a cláusula foi deferida pelo Regional nos exatos 31.07.2017 (Id. e0ca3cd), antes reproduzida. (fls. 387/388)
há nos autos elementos que desautorizem a manutenção da A cláusula foi deferida com a seguinte redação:
condição.
Há de se acrescentar que a Lei nº 13.467/2017, que alterou a CLAUSULA XXVI - CUSTEIO DA CLÍNICA MÉDICA - As empresas
Consolidação das Leis do Trabalho, não se aplica a processos arcarão com o pagamento mensal do valor correspondente a 0,50%
ajuizados antes de sua vigência, não havendo como analisar a (meio por cento) sobre a folha salarial líquida de contribuição, para
questão ora trazida sob a égide desse novo Diploma legal. atendimento médico e odontológico. (fl. 398)
CLÁUSULA XXX - CUSTEIO DA CLINICA MÉDICA Acórdão embargado, que o repasse do valor destinado à clínica
- Proposta do Sindicato Profissional: médica será realizado para o sindicato profissional, a parte
'CLAUSULA XXX - CUSTEIO DA CLINICA MÉDICA - Objetivando conclusiva da r. sentença normativa embargada restou omissa
nesse particular, pelo que requer o acolhimento dos presentes 338/339) - mas que deveria ser ratificada nas assembleias dos
embargos, para sanar a omissão apontada. segmentos profissional e econômico -, da qual constava a cláusula
Foi deferida a proposta apresentada na audiência de conciliação Na audiência de conciliação, realizada no dia 6/9/2017 (fls.
realizada em 31.07.2017 (Id. e0ca3cd), em que constava: 354/356), o Sindicato suscitante comunicou que a proposta fora
'Custeio da clínica médica - Pagamento mensal do valor aceita integralmente pelos trabalhadores; todavia, o mesmo não
correspondente a 0,50% (meio por cento), que será repassado ao ocorreu em relação ao segmento econômico representado pelo
sindicato profissional, sem qualquer ônus aos empregados, que Sindicato suscitado, conforme se depreende do trecho a seguir
sanar a omissão apontada e prestar os esclarecimentos O SINDESPA, por seu patrono, apresentou proposta patronal
necessários, determinar que a Cláusula XXVI, que versa sobre o aprovada em assembleia realizada no dia 5 de setembro de 2017,
custeio da clínica médica, passe a constar com a seguinte redação, nos seguintes termos:
sem qualquer efeito modificativo à r. sentença normativa: "Cláusula 1 - Reajuste de 5% retroativo a março de 2017, atualizando-se em
XXVI - Custeio da clínica médica - As empresas arcarão com o setembro e as diferenças dos meses serão pagas à razão de um
pagamento mensal do valor correspondente a 0,50% (meio por mês vencido, a cada mês a vencer;
cento) sobre a folha salarial líquida de contribuição, que será 2 - Salário profissional de R$1.206,00;
repassado ao sindicato profissional, para atendimento médico e 3 - Reajuste na próxima data-base pelo INPC e mais 1% de
Sustenta o recorrente, à fl. 616, ser inviável o deferimento da R$9,88, com valor de desconto de R$26,25, a partir de setembro de
cláusula 26, na medida em que o benefício nela previsto não foi 2017;
pactuado em instrumentos anteriores e que a sua concessão não 5 - Jornada de trabalho de 44 horas semanais;
está amparada em nenhum precedente normativo. Alega que o 6 - Labor ao domingo livre, com folga compensatória ou pagamento
sindicato profissional não criou um sistema de atendimento médico em dobro nos termos do Enunciado do c. TST, apenas com jornada
e odontológico; que somente por meio de negociação coletiva essa máxima de trabalho individual de 6 horas com intervalo de 15
criação poderia ocorrer; que não pode ser imposto, às empresas, o minutos;
custeio de atendimento médico e odontológico aos empregados; e 7 - Feriados sem labor: dias 1º de maio; 25 de dezembro; 1º de
que descabe, às empresas, o ônus e a contribuição, sob tal título, a janeiro; e, os dias: domingo do Círio de Nossa Senhora de Nazaré,
sindicato que sequer lhes representa. Requer a exclusão da segunda-feira do Recírio e terça-feira de carnaval. Nos demais
ônus patrimonial ao empregador não podem ser fixados por 8 - 0,5% sobre a folha salarial líquida de Contribuição das empresas
sentença normativa, sendo imprescindível que haja a negociação para atendimento médico e odontológico;
entre as partes, salvo se configurada norma preexistente. 9 - Provando a empresa com Oficio ao SINE mensal e publicação
No caso, constata-se que a vantagem não é preexistente, uma vez em jornal o não preenchimento de cota de portador de necessidade
que não se encontra estabelecida na CCT de 2016/2017 (fls. 81/92). especial não será descumprimento da Lei;
De outro lado, ao contrário do que consignou o acórdão regional, 10 - Banco de horas, redução de jornada com proporcional redução
não se pode afirmar que o Sindicato patronal tivesse concordado de salário, intervalos intrajornada, etc, nos termos da Lei de
Esclareça-se que não se tem notícia, nos autos, da realização de O Sindicato Demandante registrou que concorda com a
assembleia no dia 31/9/2017. manutenção da proposta que resultou do consenso entre as partes,
Na assembleia realizada no dia 31/8/2017 (fls. 331/332), o Sindicato apresentada na audiência do dia 31 de agosto de 2017, que
profissional suscitante, acolhendo proposição da Vice Presidência, deverão ser acrescidas àquelas disposições da norma anterior,
concordou com a suspensão da greve marcada para o dia rejeitando as alterações que pretende introduzir neste momento o
1º/9/2017, em razão da proposta assinada pelas partes (fls. sindicato Patronal, até por conflitar com a manifestação de vontade
de seu representante já exposta na proposta juntada nos autos do resolvem ajustar por liberalidade os convenentes, que as empresas
DC 0000279-46.2017.5.08.0000. Registra, ainda, que as entidades exigirão o labor aos feriados e domingos na forma dos parágrafos
contratação de deficientes. Por fim, protesta pelo julgamento do Parágrafo Primeiro: Visando ao bem-estar de seus empregados, as
referido dissidio. empresas obrigam-se, para o labor aos domingos, a adotar jornada
Em razão do não aceite, em parte, o Patronal expressa que, no bojo de trabalho de 05 (cinco) horas, obedecendo intervalo de 15
da negociação, esperava tal aceitação ao funcionamento do feriado (quinze) minutos, conforme legislação em vigor, inclusive nos
de amanhã, que não havendo, reserva-se ao direito de não mais estabelecimentos ditos "24 horas", com início às 08:00 horas e
manter a proposta ora expressa. cerrando as portas ao público consumidor às 13:00 horas, ficando
Mesmo diante da posição Patronal registrada no item anterior, o autorizadas ao atendimento dos consumidores que já se
Sindicato dos Trabalhadores mantém sua posição já registrada na encontrarem no interior dos estabelecimentos por ocasião deste
Ata anterior, reafirmando que manterá a suspensão da greve até o encerramento, excetuando-se os empregados que laborarem nas
julgamento do DC 0000279-46.2017.5.08.0000. (fls. 354/356 - grifos áreas de manutenção, vigilância, preparação de panificação,
O fato é que, ainda que o sindicato patronal tivesse, inicialmente, normalmente em qualquer dia e/ou horário, inclusive noturno,
anuído, na audiência de conciliação, com a concessão de diversos madrugada, etc., sempre respeitadas as normas legais protetivas.
cláusula relativa ao convênio médico, a formalização da proposta exigir o labor de seus empregados integrantes da categoria
estava condicionada à aprovação das respectivas assembleias, o profissional, inclusive nos estabelecimentos ditos "24 horas", nos
que não ocorreu em relação ao sindicato patronal. Ademais, os seguintes dias feriados ou dias festivos/religiosos: 01 de maio de
termos propostos só obrigariam as partes se houvesse êxito nas 2016 (Feriado do Dia do Trabalho), 12 de outubro de 2016
tratativas, com a consequente formalização do instrumento negocial (Domingo do Círio de Nossa Senhora de Nazaré), 30 de outubro de
Nessa situação, não se tratando de cláusula preexistente e não (Feriado do Natal), 1º de janeiro de 2017 (Feriado da
havendo o efetivo consenso das partes quanto à concessão do Confraternização Universal) e o dia 17 de fevereiro de 2017 (terça-
benefício, deve ser reformada a decisão regional. feira de Carnaval). Destas disposições ficam excetuados os
Dou provimento ao recurso para excluir da sentença normativa a empregados que laborarem nas áreas de manutenção, vigilância,
11. CLÁUSULA 27 - TRABALHO AOS DOMINGOS E FERIADOS que têm exercício funcional normalmente em qualquer dia e/ou
CLÁUSULA XXXIII - DOMINGOS, FERIADOS E OUTRAS DATAS Independência, Proclamação da República, Nossa Senhora da
- Proposta do Sindicato Profissional: Brasil, Nossa Senhora Aparecida e Finados, o labor poderá ser
'CLÁUSULA XXXII (sic) - DOMINGOS, FERIADOS E OUTRAS exigido pelas empresas somente em uma jornada de 5(cinco) horas,
DATAS ESPECIAIS inclusive nos estabelecimentos ditos "24 horas", com início às 08:00
O Sindicato patronal convenente entende que, para a exigência de horas, intervalo de quinze minutos, e cerrando as portas ao público
labor dos empregados das empresas em domingos e feriados, não consumidor às 13:00 horas, ficando autorizadas ao atendimento dos
há necessidade de qualquer autorização do sindicato obreiro ou consumidores que já se encontrarem no interior dos
previsão em instrumento coletivo de trabalho. Todavia, o Sindicato estabelecimentos por ocasião deste encerramento. Destas
profissional convenente, entende que o labor em domingos e disposições ficam excetuados os empregados que laborarem nas
feriados da categoria obreira só pode existir com o seu áreas de manutenção, vigilância, preparação de panificação,
consentimento. A despeito das posições antagônicas referidas, balanços e outras necessárias ao funcionamento diário, permanente
e subsequente das empresas, que têm exercício funcional Sobre a matéria, cito artigo do Exmº Desembargador Georgenor de
normalmente em qualquer dia e/ou horário, inclusive noturno, Sousa Franco Filho, publicado no jornal "O Liberal", edição de
madrugada, etc., sempre respeitadas as normas legais protetivas. 27.08.2017: 'Supermercados aos domingos. Através do Decreto
Parágrafo Quarto: Para uma situação de completa igualdade 9.127, de 16.08.2017, foi alterado o Decreto 27.048, de 12.08.1049,
àqueles que laboram no setor supermercadista, o que é garantido que, por sua vez, regulamenta a Lei 605/49, que trata de repouso
pela Constituição Federal, e, por entender que as condições aqui semanal remunerado. A única alteração foi a inclusão de
negociadas atendem àqueles que integram a categoria profissional, supermercados e hipermercados no rol de atividades do comércio
estabelecer qualquer tipo de negociação individualizada, com Significa, assim, que fica superada uma questão que, há vários
qualquer outro estabelecimento, cujo regramento implique em anos, atormentava a população das cidades brasileiras, inclusive de
alteração do aqui pactuado quanto à regulamentação do labor aos Belém: a partir de agora, os supermercados e hipermercados
domingos e feriados, do contrário tal regramento será podem abrir em dia de repouso semanal, que, conforme a
automaticamente nulo e inexigível de pleno direito, ficando as Constituição, deve recair "preferivelmente aos domingos" (art. 7º,
empresas livres para estipular o que bem desejarem no que tange XV), a fim de atender o consumidor.
labor em domingos e feriados. Também este regramento sobre A matéria vinha sendo objeto de sucessivas demandas judiciais e,
trabalho em domingos e feriados, fixado nesta cláusula, reputar-se- dependendo da composição das cortes julgadoras ou do
á nulo e inexigível de pleno direito se qualquer empresa obter convencimento do magistrado, era determinado o funcionamento
perante o Poder Judiciário, decisão judicial alterando este desses estabelecimentos ou não. Isso criava para o consumidor
regramento, hipótese em que, para garantir a igualdade absoluta incerteza de saber se o supermercado próximo de sua
concorrencial entre as empresas, desde já o sindicato obreiro casa estaria ou não aberto aos domingos. Anos atrás foi
convenente declara concordar e autorizar que a decisão judicial determinado o funcionamento de alguns, mas não de todos. Depois,
hipotética, automaticamente, reste extensiva à todas as empresas. veio a ordem diversa: todos deveriam fechar.
Parágrafo Quinto: Para o labor nos domingos, as empresas Já estava na hora de ser resolvido esse problema, sobretudo nas
somente poderão voltar a exigir a o labor a partir das 06:00 horas do grandes cidades. Belém metropolitana, com seus dois milhões de
dia seguinte, inclusive nos estabelecimentos ditos "24 horas de habitantes, era uma das vítimas. Sequer temos supermercados 24
Parágrafo Sexto: Para o labor nos feriados deverão as empresas domingos esses estabelecimentos funcionam.
pagar a dobra legal, ainda que o feriado coincidir com "domingo", e Publicado o Decreto, e tendo, como tem, aplicação imediata, os
quando o labor for exigido em feriado(s), seja na forma do parágrafo supermercados e hipermercados estão obrigados a funcionar aos
terceiro desta cláusula, a empresa que o fizer somente poderá domingos. É importante, todavia, observar certas regras, a fim de
voltar a exigir o labor a partir das 06:00 horas do dia seguinte, não se caracterizar exploração de trabalho humano.
inclusive nos estabelecimentos ditos "24 horas de funcionamento". O trabalho nesses dias importa em adoção de escala de
Parágrafo Sétimo: As empresas se obrigam, em caso de revezamento, previamente elaborada e fiscalizada pelo Ministério
descumprimento da presente cláusula e seus parágrafos, ao Trabalho (no Pará pelos auditores fiscais da SRTE) (art. 6º, § 2º).
pagamento de R$ 1.000,00 (hum mil reais) por empregado, a título Para os supermercados e hipermercados é exigida também
de multa, em favor do Sindicato obreiro, que deverá notificar a Loja autorização prévia do Ministério do Trabalho, porque se trata de
infratora para que efetue o pagamento da multa no prazo de 30 serviço elencado no rol do anexo a que refere o "caput" do art. 7º.
(trinta) dias.' Não podem ser exigidos outros serviços além daqueles de
O sindicato demandado, em contestação, afirma que "as atendimento aos clientes e reposição de produtos para a venda e
respectivas datas possuem previsão legal, razão pela qual somente consumo (art. 9º), que são, neste caso, os motivadores do
podem ser alteradas por via negocial" (Id. 89d6a54 - Pág. 25). funcionamento desses estabelecimentos.
Recentemente, com a edição do Decreto nº 9.127, de 16.08.2017, Impede observar que essa nova previsão não se confunde com
foi alterado o Decreto nº 27.048, de 12.08.1949, "para incluir o aquela que existe na Lei 10.101, de 19.12.2000. Segundo seu art.
comércio varejista de supermercados e de hipermercados no rol de 6º - A, "é permitido o trabalho em feriados nas atividades do
atividades autorizadas a funcionar permanentemente aos domingos comércio em geral, desde que autorizado em convenção coletiva de
e aos feriados civis e religiosos". trabalho e observada a legislação municipal", porque cabe ao
município legislar sobre matéria local (art. 30, I, da Constituição). Senhora Aparecida e Finados, o labor poderá ser exigido pelas
Em Belém, rege-se pela Lei municipal 7.832/97, permitindo o empresas somente em uma jornada de 06 (seis) horas, inclusive
funcionamento aos domingos desde 2015 (Lei 9.127/15). nos estabelecimentos ditos "24 horas", com início às 08:00 horas,
Não há, a meu ver, duas normas em conflito: a Lei 10.101/00 intervalo de quinze minutos, e cerrando as portas ao público
condiciona a existência de norma coletiva e existência de lei consumidor às 14:00 horas, compreendendo minutos, e cerrando as
municipal para funcionamento de estabelecimentos comerciais portas ao público consumidor às 14:00 horas, compreendendo
(inclusive supermercados e hipermercados) em feriados; o Decreto inclusive nesse horário o atendimento dos consumidores que já se
27.048/49 não cuida desse tema, mas do trabalho aos domingos. encontrarem no interior dos estabelecimentos por ocasião deste
Para funcionar em feriados, são necessários dois requisitos encerramento (Id. e0ca3cd).'
simultâneos: 1) haja autorização em convenção coletiva de trabalho; Esta Relatoria inicialmente deferia, em parte, a proposta
e 2) observada a legislação do município. Este é o entendimento apresentada na petição inicial, apenas quanto ao labor aos
consolidado do TST (RR-174700-93.2009.5.03.0142, Rel.: Min. Ives domingos, nos moldes do parágrafo primeiro da Cláusula Vigésima
Gandra Filho, e RR-43700-08.2008.8.04.0261, Rel.: Min. Brito Sétima da norma revisanda, bem como indeferia todos os
Pereira). Isto, todavia, não foi alterado com a mudança que se parágrafos da citada cláusula proposta na petição inicial, não só
Diversamente, para funcionar aos domingos, agora, basta que porque o parágrafo 4º estabelece uma autêntica "cláusula de
sejam preenchidos os requisitos que o Decreto 27.048/49, com sua barreira" que pretende impedir negociações individualizadas com
nova redação, exige: 1) elaboração de escala de revezamento; 2) empresas particularizadas, conforme as suas circunstâncias, o que
aprovação dessa escala pela autoridade competente; e 3) a lei não proíbe e nem há vedação para incluir, quando for o caso,
autorização, em caráter permanente, do Ministério do Trabalho e em sentença normativa, além de tentar obstaculizar o acesso ao
Emprego para funcionamento aos domingos. Judiciário, assegurado em norma constitucional; porque o intervalo
Mesmo que possa, aparentemente, violar direitos trabalhistas, essa interjornada já consta de lei (art. 66, da CLT); e, enfim, porque
providência atende aos reclamos da sociedade e está perfeitamente estabelece outra multa para além da multa por descumprimento de
em consonância com o art. 5º da Lei de Introdução às Normas do cláusula da norma coletiva, adiante examinada e deferida.
Direito Brasileiro: o interesse comum, público, é superior ao Contudo, esta Relatoria refluiu no posicionamento anterior, durante
interesse individual ou de grupo.' a sessão de julgamento, em face dos debates no E. Tribunal, para
Na audiência de conciliação realizada em 06.09.2017, presidida deferir a proposta apresentada na audiência de conciliação
pela Exmª Desembargadora Sulamir Palmeira Monassa de Almeida, realizada em 31.07.2017 (Id. e0ca3cd), antes reproduzida, inclusive
DD. Vice-Presidente deste E. Regional (Id. 765e228), o sindicato em face do Decreto 9.127, de 16.08.2017, que incluiu o comércio
profissional ratificou a proposta apresentada na audiência de varejista de supermercados e hipermercados no rol de atividades
conciliação realizada em 31.07.2017, nos seguintes termos: autorizadas a funcionar permanentemente aos domingos e aos
'Labor aos domingos com jornada de trabalho de 06 (seis) horas, feriados civis e religiosos.
observando o intervalo de 15 (quinze) minutos, com início às 07:00 Indefiro, entretanto, o que se refere ao labor aos feriados, porque a
horas e cerrando as portas ao público consumidor às 19:00 horas, pretensão somente pode ser viabilizada por meio de negociação
compreendendo inclusive nesse horário o atendimento dos entre os interessados, conforme a legislação (Lei nº 10.101, de
estabelecimentos por ocasião deste encerramento. Todavia, a E. Seção Especializada 1, por maioria de votos, deferiu a
FERIADOS NÃO ABERTOS: 01 de maio (Feriado do Dia do proposta, como apresentada, sob Id. e0ca3cd, na audiência de
Trabalho), todo 2º domingo de outubro (Domingo do Círio de Nossa conciliação realizada em 31.07.2017 (Id. 765e228), ao invocar que
Senhora de Nazaré), Dia Comemorativo do Comerciário/Recírio de houve consenso entre as partes sobre a matéria, conforme os
Nossa Senhora de Nazaré, 25 de Dezembro (Feriado do Natal), 1º termos adiante estabelecidos. (fls. 389/392)
Proclamação da República, Nossa Senhora da Conceição, Sexta- CLÁUSULA XXVII - TRABALHO AOS DOMINGOS E FERIADOS -
Feira Santa, Corpus Christi, Independência do Brasil, Nossa As empresas obrigam-se, para o labor aos domingos, a adotar
jornada de trabalho de 06 (seis) horas, assegurado o intervalo de 15 17 de agosto, alterou o Decreto nº27.048/49 - que concedeu em
(quinze) minutos, conforme legislação em vigor, inclusive nos caráter permanente a permissão para o trabalho nos dias de
estabelecimentos ditos "24 horas", com início às 07:00 horas e repouso, em diversas atividades -, incluindo no rol de atividades
cerrando as portas ao público consumidor às 19:00 horas, ficando comerciais essenciais de funcionamento em domingos e feriados
autorizadas ao atendimento dos consumidores que já se feiras livres e mercados, comércio varejista de supermercados e de
encontrarem no interior dos estabelecimentos por ocasião deste hipermercados, cuja atividade preponderante seja a venda de
PARÁGRAFO ÚNICO - Aos feriados o funcionamento será limitado Por outro lado, a Medida Provisória nº 388, de 5 de setembro de
a seis horas, com jornada de 8:00 horas às 14:00 horas, com 2007, convertida na Lei nº 11.603/2007, alterou e acrescentou
exceção dos dias 1º de maio, 25 de dezembro, 1º de janeiro, dispositivos à Lei nº 10.101/2000, dentre eles o art. 6º-A, que trata
domingo de Círio de Nossa Senhora de Nazaré, segunda-feira do do trabalho, nos feriados, nas atividades do comércio em geral, que
398/399)
Sustenta o Sindicato patronal recorrente, às fls. 616/618, que a comércio em geral, desde que autorizado em convenção coletiva de
cláusula deve ser excluída da sentença normativa, pois, além de trabalho e observada a legislação municipal, nos termos do art. 30,
que o Poder Executivo, por meio do Decreto nº 27.048/1949, Infere-se, portanto, que, no comércio em geral, o labor aos
regulamentou o art. 10 da Lei nº 605/1949, efetivando relações de domingos está condicionado à observância da lei municipal, e que o
atividades econômicas ou empresariais, do comércio e da indústria dispositivo legal apenas impõe restrições no sentido de que o
em relação às quais se pode exigir, permanentemente, o labor, repouso semanal remunerado coincida com o domingo pelo menos
inclusive nos domingos e feriados, e que o Decreto-lei nº uma vez no período máximo de três semanas e de que sejam
9.127/2017 incluiu os supermercados no rol das atividades que respeitadas as demais normas de proteção ao trabalho, sem
podem exigir livremente o labor aos domingos e feriados. Afirma prejuízo de outras estipuladas por meio de negociação coletiva, ou
que a cláusula, como deferida, viola os dispositivos legais seja, acordo ou convenção coletiva de trabalho. Todavia, em
Desde o advento do Decreto Federal nº 99.467, em 20/8/1990, forma restritiva, tal possibilidade à estipulação da condição somente
franqueou-se no país a abertura do comércio varejista em geral, de por meio de convenção coletiva, ou seja, do ajuste entre os
qualquer segmento, aos domingos, desde que firmada em acordo sindicatos representantes das categorias profissional e econômica.
ou convenção coletiva, respeitadas as normas de proteção ao A Lei nº 7.832/1997, que regula o horário de funcionamento de
trabalho e a competência dos municípios para legislar sobre o estabelecimentos comerciais no Município de Belém, dispõe em
horário de funcionamento do comércio local, nos termos do art. 30, seus arts. 1º e 2º:
I, da Constituição Federal.
A Lei nº 10.101/2000, em seu art. 6º, e parágrafo único, com a Art. 1º - Respeitada a Legislação Trabalhista, os estabelecimentos
redação dada pela Lei nº 11.603/2007, passou a dispor: comercias localizados no Município poderão funcionar no período
Art. 6º - Fica autorizado o trabalho aos domingos nas atividades do sábado, inclusive, salvo nos dias vinte e quatro e trinta e um de
comércio em geral, observada a legislação municipal, nos termos do dezembro, em que funcionarão até as dezoito horas.
Parágrafo único. O repouso semanal remunerado deverá coincidir, Art. 2º - A Prefeitura Municipal poderá permitir, mediante licença
pelo menos uma vez no período máximo de três semanas, com o especial, o funcionamento de estabelecimentos comerciais
domingo, respeitadas as demais normas de proteção ao trabalho e localizados no Município aos domingos e feriados, assim como no
outras a serem estipuladas em negociação coletiva. período compreendido entre vinte e duas e seis horas em qualquer
Conforme alega o recorrente, o Decreto nº9.127/17, publicado em Trabalho, respeitadas as normas de proteção ao trabalho.
O art. 3º da Lei nº 7.832/1997, que dispõe que o funcionamento em reformatio in pejus ao recorrente, o que não se admite.
permanente, sem limitação de dias e horários, sem dependência de Desse modo, mantenho a decisão regional.
trazida pela Lei nº 9.127/2015 -, dentre os segmentos econômicos 12. CLÁUSULA 28 - TICKET-ALIMENTAÇÃO
No caso em tela, a cláusula, da forma como reivindicada, manteve, Assim decidiu o Regional:
Coletivas de 2014/2015 (cláusula 28, fls. 62/63) e de 2015/2016 'CLÁUSULA XXXIV (sic) - TICKET-ALIMENTAÇÃO - As empresas
(cláusula 27, fl. 76), porém reduzindo a jornada laboral nos concederão aos seus empregados, por dia efetivamente trabalhado,
domingos, prevista nos referidos instrumentos negociais o ticket-alimentação, por mês, no montante de R$ 273,97 (duzentos
autônomos, de 8h às 14h para o período de 8h às 13h. e setenta e três reais e noventa e sete centavos), alcançando o
Observa-se que o Regional não manteve, na integralidade, os valor unitário de R$ 10,53 (dez reais e cinquenta e três centavos)
termos da norma preexistente, no que se refere ao labor aos por dia, cujo pagamento será mensal, a ocorrer no dia 10 (dez) de
domingos, fixando no caput da cláusula as jornadas de trabalho de cada mês, sem que haja qualquer contrapartida.
6 horas, assegurado o intervalo de 15 minutos, conforme legislação PARÁGRAFO PRIMEIRO - As empresas que fornecerem refeição
em vigor, inclusive nos estabelecimentos ditos "24 horas", com no intervalo de que trata o art. 71 da CLT, ficam desobrigadas do
início às 7 horas e cerrando as portas ao público consumidor às 19 fornecimento do Ticket-Alimentação de que trata o caput desta
De outro lado, em relação ao trabalho nos feriados, o Regional uma vez que os obreiros permanecerão na empresa neste último.
definiu, no parágrafo único da cláusula, que o funcionamento do PARÁGRAFO SEGUNDO - Caberá sempre ao empregado optar por
comércio, naqueles dias, seria limitado a seis horas, com jornada de fazer a refeição na empresa, no intervalo, ou perceber o Ticket-
8h às 14h, com exceção dos dias 1º de maio, 25 de dezembro, 1º Alimentação, observado, no que tange os Vales-Transportes, o que
de janeiro, domingo de Círio de Nossa Senhora de Nazaré, segunda disciplina a Cláusula deste Aditivo que dispõe sobre "Jornada
-feira do Recírio de Nossa Senhora de Nazaré e terça-feira do Semanal de Trabalho" e seus parágrafos, bem assim das
apresentam o mesmo rol de feriados não trabalhados constante da O sindicato demandado requer o indeferimento da cláusula, sob o
cláusula preexistente, repetindo, também, a mesma jornada laboral argumento de que "a presente cláusula pretende obrigar as
de seis horas prevista na norma revisanda, a ser cumprida nos empresas à concessão de Ticket-Alimentação aos seus
demais feriados civis e religiosos, no período das 8h às 14h. empregados, porém tal previsão somente poderia ser estabelecida
O fato é que o Regional decidiu, tanto em relação à inclusão dos por via negocial, uma vez que inexiste qualquer precedente
supermercados no rol de atividades autorizadas a funcionar normativo concedendo tal benefício" (Id. 89d6a54 - Pág. 27).
permanentemente aos domingos, quanto em relação ao labor nos Ao contrário do que sustenta o sindicato demandado, a norma
feriados civis e religiosos, com base na legislação atual pertinente. revisanda prevê a concessão do ticket-alimentação em sua cláusula
profissional em relação à decisão proferida, nos aspectos Defiro nos moldes da Cláusula Quarta da norma revisanda, com a
jurisprudência desta Corte, no que pertine à manutenção das A cláusula foi assim deferida:
condições preexistentes, nos termos do art. 114, § 2º, da CF, a CLÁUSULA XXVIII - TICKET-ALIMENTAÇÃO - As empresas
decisão seria no sentido de manter os mesmos termos constantes concederão aos seus empregados, por dia efetivamente trabalhado,
da cláusula 27 da CCT 2016/2017, ou seja, o funcionamento dos o ticket-alimentação, por mês, no montante de R$256,09 (duzentos
unitário de R$9,85 (nove reais e oitenta e cinco centavos) por dia, CLÁUSULA DÉCIMA QUARTA - TICKET-ALIMENTAÇÃO
cujo pagamento será mensal, a ocorrer no dia 10 (dez) de cada As empresas concederão aos seus empregados, por dia
mês, sem que haja qualquer contrapartida. efetivamente trabalhado, o ticket-alimentação, por mês, no
PARÁGRAFO PRIMEIRO - As empresas que fornecerem refeição montante de R$ 244,62 (duzentos e quarenta e quatro reais e
no intervalo de que trata o art. 71, da CLT, ficam desobrigadas do sessenta e dois centavos), alcançando o valor unitário de R$ 9,41
fornecimento do ticket-alimentação de que cuida o caput desta (nove reais e quarenta e um centavos) por dia efetivamente
cláusula e dos vales-transportes referentes ao intervalo trabalhado, cujo pagamento será mensal, a ocorrer no dia 10 (dez)
mencionado, uma vez que os obreiros permanecerão na empresa de cada mês, mediante o desconto fixo, também mensal, nos
PARÁGRAFO SEGUNDO - Caberá sempre ao empregado optar por cinco reais), para todas as faixas salariais.
fazer a refeição na empresa, no intervalo, ou perceber o ticket- PARÁGRAFO PRIMEIRO - As empresas que fornecerem refeição
alimentação, observadas as disposições que tratam do intervalo no intervalo de que trata o art. 71 da CLT, ficam desobrigadas do
previsto no art. 71, da CLT, e a legislação do "vale-transporte.' (fl. fornecimento do Ticket-Alimentação de que trata o caput desta
que a concessão do tíquete-alimentação somente poderia decorrer PARÁGRAFO SEGUNDO - Caberá sempre ao empregado optar por
da negociação entre as partes. Afirma que não há como se instituir fazer a refeição na empresa, no intervalo, ou perceber o Ticket-
uma verba salarial sem nenhum amparo legal ou jurisprudencial, Alimentação, observado, no que tange aos Vales-Transportes, o
ressaltando que a cláusula deferida sequer admite um desconto que disciplina a Cláusula desta Convenção que dispõe sobre
mínimo no contracheque do trabalhador. Jornada Semanal de Trabalho e seus parágrafos, bem assim das
Sem razão a recorrente. disposições que tratam do intervalo previsto no art. 71 da CLT e na
Conquanto a Lei nº 6.321/1976, que trata do Programa de legislação do Vale-Transporte. (fls. 85)
alimentação aos seus empregados, não há dispositivo legal que o O Regional deferiu a cláusula, ao fundamento da preexistência,
obrigue a esse ônus. Assim, o fornecimento de vale-refeição ou de entendendo pela atualização dos valores previstos na cláusula 14
qualquer outro assemelhado (ou a estipulação de seu valor), pelo da CCT 2016/2017. Observa-se, todavia, que, embora aquela Corte
seu conteúdo econômico, não pode ser imposto via sentença tenha concedido o reajuste salarial no percentual de 5%, os valores
normativa, devendo ser objeto de acordo entre as partes. fixados na cláusula deferida - R$256,09 (valor mensal do ticket) e
Por outro lado, conforme já exposto, o entendimento desta Seção R$9,85 (valor unitário) - representam quase que o mesmo valor que
Especializada, em observância às disposições contidas na parte seria obtido com a aplicação do reajuste reduzido para 4,68%.
final do § 2º do art. 114 da CF, é o de que devem ser mantidas as Não obstante, a fim de que não pairem dúvidas acerca do cálculo a
cláusulas constantes de instrumentos negociais autônomos, ser efetuado, reitera-se que, sobre os valores constantes da
celebrados em período imediatamente anterior ao do dissídio cláusula preexistente (cláusula 14 da CCT 2016/2017) deve ser
homologados nos autos de dissídio coletivo, também imediatamente Verifica-se, ademais, que o Regional suprimiu a parte final do caput
anterior. Nessa hipótese, aplica-se ao valor fixado na norma da cláusula 14 da CCT 2016/2017, que estabelecia o desconto fixo,
constante do instrumento pactuado o mesmo percentual concedido também mensal, nos salários dos trabalhadores, em contracheque,
para o reajuste dos salários. A exceção ocorreria, no caso de de R$25,00 (vinte e cinco reais), para todas as faixas salariais,
mudança substancial nas circunstâncias existentes quando da substituindo-a pela expressão sem que haja qualquer contrapartida.
pactuação e que pudessem acarretar, no momento atual, a qualquer Não é possível inferir, dos autos, que a empresa tivesse concordado
manutenção do benefício, o que não se constata nos autos. No contexto delineado, dá-se provimento parcial ao recurso, de
No caso em tela, a CCT de 2016/2017, na cláusula 14 (fl. 85), forma a que a cláusula que dispõe sobre o ticket-alimentação seja
previu o fornecimento do ticket-alimentação, da seguinte forma: mantida nos termos da cláusula 14, e parágrafos, da CCT
norma, inclusive aquele pertinente à parcela a ser paga pelos Parágrafo Sétimo: As empresas se obrigam, em caso de
B) RECURSO ORDINÁRIO EM DISSÍDIO COLETIVO de multa, em favor do Sindicato obreiro, que deverá notificar a Loja
INTERPOSTO POR SINDICATO DOS TRABALHADORES NO infratora para que efetue o pagamento da multa no prazo de 30
Conheço do recurso ordinário, porque é tempestivo, tem Sétima da norma revisanda, bem como indeferia todos os
representação regular (fl. 33) e as custas processuais foram parágrafos da citada cláusula proposta na petição inicial, não só
recolhidas (fls. 548 e 648). porque dependem de negociação entre os interessados, como
a lei não proíbe e nem há vedação para incluir, quando for o caso,
1. CLÁUSULA 27 - DOMINGOS, FERIADOS E OUTRAS DATAS em sentença normativa, além de tentar obstaculizar o acesso ao
ESPECIAIS - (§ 7º) - MULTA POR DESCUMPRIMENTO Judiciário, assegurado em norma constitucional; porque o intervalo
O Regional, às fls. 389/392, deferiu parcialmente a cláusula 27, que estabelece outra multa para além da multa por descumprimento de
dispõe acerca do trabalho nos domingos e feriados, ficando assim cláusula da norma coletiva, adiante examinada e deferida. (fl. 392)
redigida:
CLÁUSULA XXVII - TRABALHO AOS DOMINGOS E FERIADOS - acerca da matéria relativa à aplicação da multa, o Regional assim
(quinze) minutos, conforme legislação em vigor, inclusive nos Da omissão: Cláusula XXXII - Domingos, Feriados e Outras Datas
estabelecimentos ditos "24 horas", com início às 07:00 horas e Especiais. Multa por descumprimento.
cerrando as portas ao público consumidor às 19:00 horas, ficando O sindicato profissional embargante aponta omissão na cláusula
autorizadas ao atendimento dos consumidores que já se XXXII, da sentença normativa, que versa sobre o labor em
encontrarem no interior dos estabelecimentos por ocasião deste domingos, feriados e outras datas especiais, mais especificamente
PARÁGRAFO ÚNICO - Aos feriados o funcionamento será limitado multa consta na norma revisanda id nº 8e6a769, e foi recepcionada
a seis horas, com jornada de 8:00 horas às 14:00 horas, com pela proposta da vice presidência id nº 4f6891b" (Id. 3e70f55 - Pág.
exceção dos dias 1º de maio, 25 de dezembro, 1º de janeiro, 4). Assinala que "quanto à abertura aos feriados, por maioria de
domingo de Círio de Nossa Senhora de Nazaré, segunda-feira do votos a Seção Especializada 1, deferiu a proposta como
Recírio de Nossa Senhora de Nazaré e terça-feira do Carnaval. (fls. apresentada no id nº 765e228. Ocorre que a multa em caso de
A cláusula 27 (trazida na representação como cláusula XXXII, fls. coletiva. Ocorre que, não foi observado que esta multa fazia parte
22/26), da forma proposta pelo Sindicato profissional suscitante, da norma revisanda, e que possui caráter pedagógico e inibidor de
apresentava vários parágrafos, sendo que o § 7º previa a aplicação descumprimento" (Id. 3e70f55 - Pág. 6). Prossegue a aduzir que "a
de multa pelo descumprimento da norma, ao dispor: abertura aos domingos, ficou garantido duas jornadas de 6 horas,
sendo que no horário de 7h as 19h, indeferir tal multa é uma forma Esta Relatoria inicialmente deferia, em parte a proposta
de encorajar as empresas a abrirem suas portas fora do horário apresentada na petição inicial, apenas quanto ao labor aos
permitido. De igual sorte, teremos o labor nos domingos e feriados, domingos, nos moldes do parágrafo primeiro da Cláusula Vigésima
e a não manutenção de uma cláusula penal com efetivo caráter Sétima da norma revisanda, bem como indeferia todos os
inibitório possibilitará que facilmente tenhamos empresas abertas parágrafos da citada cláusula proposta na petição inicial, não só
nos dias em que o labor não está autorizado, possibilitando porque dependem de negociação entre os interessados, como
inclusive a concorrência desleal. Por uma questão de equidade de porque o parágrafo 4º estabelece uma autêntica "cláusula de
direitos, essa era a disposição contida na norma coletiva vigente até barreira" que pretende impedir negociações individualizadas
28.02.2017, e que por convenção entre as partes disciplinou o labor autêntica "cláusula de barreira" que pretende impedir negociações
aos domingos e feriados, e fez previsão explicita da multa aqui ora individualizadas com empresas particularizadas, conforme as suas
embargada" (Id. 3e70f55 - Pág. 7). Requer seja dado efeito circunstâncias, o que a lei não proíbe e nem há vedação para
modificativo ao julgado, para fazer constar, na sentença normativa, incluir, quando for o caso, em sentença normativa, além de tentar
cláusula penal específica, para cominação de multa de R$1.000,00 obstaculizar o acesso ao Judiciário, assegurado em norma
(um mil reais), por trabalhador, em caso de descumprimento das constitucional; porque o intervalo Inter jornada já consta de lei (art.
obrigações previstas na cláusula que versa sobre o labor aos 66, da CLT); e, enfim, porque estabelece outra multa para além da
A controvérsia suscitada pela embargante foi apreciada pelo v. Contudo, esta Relatoria refluiu no posicionamento anterior, durante
Acórdão embargado, sob o Id. a520c97, como a seguir: a sessão de julgamento, em face dos debates no E. Tribunal, para
Na audiência de conciliação realizada em 06.09.2017, presidida deferir a proposta apresentada na audiência de conciliação
pela Exmª Desembargadora Sulamir Palmeira Monassa de Almeida, realizada em 31.07.2017 (Id. e0ca3cd), antes reproduzida, inclusive
DD. Vice-Presidente deste E. Regional (Id. 765e228), o sindicato em face do Decreto 9.127, de 16.08.2017, que incluiu o comércio
profissional ratificou a proposta apresentada na audiência de varejista de supermercados e hipermercados no rol de atividades
conciliação realizada em 31.07.2017, nos seguintes termos: autorizadas a funcionar permanentemente aos domingos e aos
'Labor aos domingos com jornada de trabalho de 06 (seis) horas, feriados civis e religiosos.
observando o intervalo de 15 (quinze) minutos, com início às 07:00 Indefiro, entretanto, o que se refere ao labor aos feriados, porque a
horas e cerrando as portas ao público consumidor às 19:00 horas, pretensão somente pode ser viabilizada por meio de negociação
compreendendo inclusive nesse horário o atendimento dos entre os interessados, conforme a legislação (Lei nº 10.101, de
estabelecimentos por ocasião deste encerramento. Todavia, a E. Seção Especializada 1, por maioria de votos, deferiu a
FERIADOS NÃO ABERTOS: 01 de maio (Feriado do Dia do proposta, como apresentada, sob Id. e0ca3cd, na audiência de
Trabalho), todo 2º domingo de outubro (Domingo do Círio de Nossa conciliação realizada em 31.07.2017 (Id. 765e228), ao invocar que
Senhora de Nazaré) Dia Comemorativo do Comerciário/Recírio de houve consenso entre as partes sobre a matéria, conforme os
de janeiro (Feriado da Confraternização Universal) e o dia em que Não assiste razão ao embargante.
recair a terça-feira de Carnaval. Nos feriados de Tiradentes, Adesão A multa a que se refere o sindicato profissional, ora embargante,
do Pará à Independência, Proclamação da República Nossa constava no parágrafo sétimo da cláusula XXXII da proposta de
Senhora da Conceição, Sexta-Feira Santa, Corpus Christi, norma coletiva apresentada na petição inicial (Id. ed05119 - Pág.
Independência do Brasil, Nossa Senhora Aparecida e Finados, o 24), o que foi analisado na r. sentença normativa, ora embargada,
labor poderá ser exigido pelas empresas somente em uma jornada como acima reproduzido.
de 06 (seis) horas, inclusive nos estabelecimentos ditos "24 horas", O pedido de multa, objeto dos embargos declaratórios, porém, foi
com início às 08:00 horas, intervalo de quinze minutos, e cerrando indeferido, porque se pretende estabelecer outra multa para além
as portas ao público consumidor às 14:00 horas, compreendendo da multa por descumprimento de cláusula da norma coletiva. É
inclusive nesse horário o atendimento dos consumidores que já se dizer: já existe sanção para descumprimento de qualquer cláusula
encontrarem no interior dos estabelecimentos por ocasião deste estabelecida na sentença normativa, sem necessidade de outra
encerramento' (Id. e0ca3cd). multa, conforme ficou evidenciado na r. sentença normativa ora
Aliás, como exposto acima, foi deferida a proposta como desta cláusula a empresa que descumprir qualquer dispositivo deste
apresentada, sob Id. e0ca3cd, na audiência de conciliação realizada instrumento em relação a todos os seus empregados e, notificada
em 31.07.2017 (Id. 765e228), em que não foi estabelecida a multa por escrito pelo sindicato profissional, regularizar sua situação no
ora pretendida, daí porque não há se falar em omissão. prazo máximo assinalado por este último de 30 (trinta) dias, visto
Os fundamentos do v. aresto embargado indicam os motivos de que o sindicato (sabendo que muitas vezes descumprimentos são
convicção da Corte, na apreciação dos temas que lhe foram involuntários e motivados por erros ou lapsos de próprios
submetidos pelos litigantes e a cláusula normativa foi deferida nos empregados - da Seção de Pessoal, por exemplo) se obriga antes
moldes da jurisprudência tradicional desta E. Corte Regional. de ajuizar qualquer ação de cumprimento coletivo que questione a
Não se vislumbra qualquer omissão, contradição ou obscuridade na multa, a notificar e conceder o prazo citado para a correção do erro
Rejeito. (fls. 572/574) O sindicato demandado nada opõe quanto à referida cláusula.
Alega o sindicato profissional suscitante, às fls. 636/641, que a revisanda, porém com a redação de conformidade com a
multa pelo descumprimento da cláusula, além de possuir caráter jurisprudência deste E. Tribunal Regional.
pedagógico, constou do instrumento negocial revisando, firmado Indefiro o parágrafo único da proposta, porque somente pode ser
pelas partes, e que vigeu até 28/2/2017. Sustenta que a abertura do estabelecida pela via autocompositiva. (fl. 383 - grifos no original)
no horário das 7h às 19h, em duas jornadas de seis horas, e que A cláusula foi deferida com a seguinte redação:
14h e que o indeferimento da multa propicia e encoraja as CLÁUSULA XXIX - MULTA POR DESCUMPRIMENTO - O
empresas a funcionarem fora do horário estipulado, possibilitando, descumprimento de qualquer das cláusulas da presente norma
inclusive, a concorrência desleal. Requer a reforma da decisão, e coletiva importará na multa correspondente a 10% (dez por cento)
que penalidade específica do descumprimento da cláusula 27 do menor piso salarial praticado pela empresa e reverterá em favor
conste da sentença normativa. da parte prejudicada, seja empregado, sindicato ou empresa. (fl.
Ao exame. 399)
instrumentos negociais autônomos e/ou de sentenças normativas e Verifica-se que a cláusula relativa à aplicação de multa geral por
se sustenta na jurisprudência desta Corte superior, consolidada no descumprimento das cláusulas não apresenta a ressalva no sentido
Precedente Normativo nº 73: de que sejam excetuadas as cláusulas que já contenham multa
PRECEDENTE NORMATIVO Nº 73. MULTA. OBRIGAÇÃO DE 27, ao estabelecer a multa específica para o descumprimento das
FAZER. Impõe-se multa, por descumprimento das obrigações de disposições acerca do labor nos domingos e feriados, não
fazer, no valor equivalente a 10% do salário básico, em favor do excepcionou a aplicação da multa geral, estabelecida na cláusula
Observa-se que, no caso em tela, dentre as reivindicações dos cláusula 27, evitando a duplicidade da multa sobre o mesmo fato
trabalhadores, constou a cláusula 21, intitulada Multa Geral (Multa ensejador da penalidade.
por Descumprimento), que foi assim examinada pelo Regional: Nego provimento ao recurso.
'CLÁUSULA XXI - MULTA GERAL - Fica estipulada multa no valor RESCISÕES NO SINDICATO PROFISSIONAL
favor de cada trabalhador prejudicado, a ser paga pela parte que O Sindicato profissional suscitante opôs embargos de declaração,
descumprir qualquer cláusula desta convenção, observado o às fls. 552/563, apontando, dentre outros vícios, a omissão e
disposto no art. 619, c/c o art. 622, todos da CLT. contradição no julgado em relação à cláusula relativa à
homologação das rescisões no sindicato profissional. durante a sessão de julgamento; mas, repita-se, não foi objeto do
profissional.
Afirma, o embargante, em suas razões: Sustenta o recorrente, às fls. 641/643, que, apesar de a cláusula em
'Excelência, em um primeiro enfoque, no julgamento do presente comento não ter constado da representação, foi discutida por
dissídio, restou inferida cláusula de homologação das rescisões no ocasião das audiências de conciliação, figurando expressamente na
sindicato profissional, constante na proposta assinada pelas partes contraproposta apresentada pelo Sindicato patronal, e que, sob
no documento de ID nº E0CA3CD. Ocorre que, quando da esse último fundamento, o Regional deferiu a cláusula relativa ao
publicação da sentença normativa ora embargada, não constou no custeio da clínica médica. Requer a reforma da decisão.
corpo da decisão o indeferimento de tal cláusula, muito menos as Não assiste razão ao recorrente.
razões pelas quais foram indeferidas. Observa nesta oportunidade De um lado, porque a apresentação das reivindicações da
que se tem conhecimento do indeferimento da cláusula, pois a parte categoria, em forma clausulada, na representação, é exigência
se fez presente no julgamento do dissídio, e esta cláusula foi prevista na OJ nº 32 da SDC do TST, que dispõe, in verbis:
obscuridade que envolver o julgamento da referida cláusula, para Nº 32. REIVINDICAÇÕES DA CATEGORIA. FUNDAMENTAÇÃO
entende que a decisão foi contraditória quanto à conciliação havida 19.08.1998). É pressuposto indispensável à constituição válida e
entre as partes quanto à cláusula que prevê a homologação das regular da ação coletiva a apresentação em forma clausulada e
rescisões no sindicato profissional. Observe que, como já dito, fundamentada das reivindicações da categoria, conforme orientação
referida cláusula foi subscrita pelas partes, e consta expressamente do item VI, letra "e", da Instrução Normativa n° 4/93.
na proposta de id nº E0CA3CD.
Excelência, importante observar que a norma coletiva acima Observa-se do dispositivo jurisprudencial acima transcrito a
referida refletiu a manifestação de vontade da partes litigantes, e referência ao PN nº 37 do TST, segundo o qual nos processos de
como tal deve ser homologada por esse Eg. TRT. dissídio coletivo somente serão julgadas as cláusulas
Por uma questão de equidade, temos o caso da cláusula da fundamentadas na representação, no caso de ação originária, ou no
"CLÍNICA MÉDICA", que foi recepcionada por este tribunal, com recurso.
fundamento da negociação das partes, o que torna contraditória a É importante ressaltar que, ainda que o sindicato profissional não
'[...]. Diante do exposto entende que a sentença normativa foi Tribunal, apresentado justificativas específicas em relação a cada
omissa e contraditória, quando, num primeiro momento omitiu do uma das cláusulas, as razões apresentadas foram consideradas
acordão o julgamento da cláusula "da homologação das rescisões suficientes, por esta Relatora, a possibilitar, ao magistrado, a
no sindicato profissional" e contraditória, noutro, quando indefere verificação da conveniência, ou não, do deferimento dos pedidos,
uma cláusula que manifestou expressamente a vontade das parte, de forma a manter o justo equilíbrio entre os interesses dos dois
em contraponto a outras constantes do mesmo instrumento segmentos envolvidos, mormente por se tratar de cláusulas
normativo, razão pela qual devem ser acolhidos os embargos neste preexistentes.
aspecto' (id. 3e70f55 - pág. 7-9). Todavia, mesmo nessa situação, seria indispensável a titulação das
A alegada cláusula que versa sobre a homologação das rescisões Conforme consignou o acórdão recorrido, não se constata, na
no sindicato profissional não consta na proposta formulada na representação, às fls. 3/32, o pedido relativo à cláusula que dispõe
petição inicial, mas apenas naquela apresentada, sob Id. e0ca3cd, sobre as homologações das rescisões no sindicato profissional.
na audiência de conciliação realizada em 31.07.2017 (Id. 765e228). De outro lado, o fato de a condição ter sido objeto da
A matéria em questão foi tangenciada nos debates do E. Tribunal, contraproposta ofertada pelo sindicato patronal suscitado, na
à concordância do segmento econômico para fins de acordo e à sua CLÁUSULA XXXIV - VÉSPERAS DO NATAL E ANO NOVO
não vinculação aos termos eventualmente propostos com tal - Proposta do Sindicato Profissional:
finalidade, se decidida a questão pela via normativa. 'CLÁUSULA XXXIII (sic) - VÉSPERAS DO NATAL E ANO NOVO -
A ementa a seguir transcrita sintetiza esse entendimento: Para que os trabalhadores possam estar com suas famílias nas
ESTABELECIMENTOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE DO ESTADO ditos "24 horas", deverão não exigir o labor e limitar seu
DO ESPÍRITO SANTO - SINDHES e DO SINDICATO DOS funcionamento ao público consumidor (cerrar portas) até às vinte
ENFERMEIROS NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO - horas, entretanto, ficando liberada a utilização do trabalhador para o
SINDIENFERMEIROS. ANÁLISE CONJUNTA. (...) 2) CLÁUSULA atendimento dos clientes que já se encontrarem na loja após esse
TERCEIRA - PISO SALARIAL. A jurisprudência desta Corte já horário, sob pena de multa, por empregado e por infração, no valor
sedimentou entendimento no sentido de que não cabe ao poder de R$1.000,00 (Hum Mil Reais), também neste caso não se
normativo a fixação de pisos salarias, uma vez que se trata de aplicando a cláusula de multa geral anteriormente prevista neste
outro lado, entende que o piso salarial profissional pode ser PARÁGRAFO ÚNICO - A presente cláusula não se aplica aos
corrigido, por intermédio de sentença normativa, quando houver obreiros que laborarem nas áreas de manutenção, vigilância,
preexistência de norma coletiva, em face do disposto no § 2º do preparação de panificação e outras necessárias ao funcionamento
artigo 114 da Constituição Federal. No caso específico dos autos, diário, permanente e subsequente das empresas, que têm exercício
conforme já mencionado, há cláusula preexistente dispondo sobre funcional normalmente em qualquer dia e/ou horário, inclusive
os pisos salariais dos empregados representados pelo noturno, madrugada, etc, sempre respeitadas as normas legais
acordo com os valores apresentados pelo SINDHES (patronal) em O sindicato demandado, em contestação, alega que "a limitação do
contraproposta à pauta reivindicatória do SINDIENFERMEIROS, funcionamento da empresa nas respectivas datas cabe somente ao
ainda na fase de negociação prévia. Ocorre que a proposta Município de Castanhal, por meio de lei, conforme entendimento
apresentada durante a negociação coletiva não vincula o SINDHES, sumulado pelo STF, razão pela qual puna-se pelo indeferimento da
pois elaborada com o objetivo de celebração de convenção coletiva, presente cláusula" (Id. 89d6a54 - Pág. 26).
o que não ocorreu. Nessas situações, a Jurisprudência desta Corte Indefiro, pois a proposta somente pode ser objeto de solução
entende que, em se tratando de cláusula preexistente, o piso autônoma, mediante negociação entre os interessados. (fls.
Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT 22/3/2016) Ao julgar os embargos de declaração opostos pelo suscitante, o
Regional complementou:
patronal suscitado ter apresentado contraproposta, sinalizando Da omissão: Cláusula XXXIII - Vésperas do Natal e Ano Novo
concordar com a manutenção de cláusulas reivindicadas, com a Salienta que 'com todo o respeito a decisão embargada, entende o
finalidade de firmar com o sindicato profissional a convenção embargante foi omissão quando indefere a cláusula de prevê a
coletiva de trabalho, não representa vinculação aos termos jornada de trabalho as vésperas do natal e ano novo [...].
eventualmente apresentados, na medida em que o instrumento Primeiramente cumpre esclarecer que tal multa consta na norma
negocial não se efetivou. revisanda id nº 8e6a769, e foi recepcionada pela proposta da Vice
Desse modo, mostra-se correta a decisão recorrida. Presidência id nº 4f6891b. Observe Excelência, que esta é uma
Nego provimento ao recurso. cláusula que constou na norma anterior e refletiu a vontade das
3. CLÁUSULA 33 - VÉSPERA DE NATAL E DE ANO NOVO disposição contida na norma coletiva vigente até 28.02.2017, e que
feriados, e fez previsão explicita da multa aqui hora embargada' (Id. podem ser corrigidos de ofício ou a requerimento de qualquer das
3e70f55 - Pág. 9). partes, à luz do art. 897-A e seu parágrafo único, da CLT,
A controvérsia apontada nestes autos foi apreciada pelo v. Acórdão excepcional não é a dos autos.
embargado, como a seguir: O inconformismo dos jurisdicionados pode ser manifestado por via
normativa, conforme o consenso entre as partes interessadas. Não compete ao Tribunal responder quesitos formulados pela parte,
A matéria relativa à multa já foi antes examinada. quando é certo que os pontos relevantes já foram examinados no v.
Não há qualquer omissão ou contradição no r. julgado embargado. Acórdão embargado. Não há violação a qualquer dispositivo legal
Os fundamentos do v. aresto embargado indicam os motivos de ou constitucional, notadamente aqueles indicados pelo embargante.
convicção da Corte, na apreciação dos temas que lhe foram Inexiste, portanto, qualquer omissão, contradição ou obscuridade na
Ao contrário do que alega o embargante, não houve erro de Rejeito os embargos opostos, quanto aos tópicos acima
pretensão da embargante. Mas isso não justifica o acolhimento dos Sustenta o recorrente, às fls. 644/646, que não merece prosperar o
O julgador deve indicar, em suas decisões, os fundamentos que lhe estabelecida por meio de negociação entre as partes. Afirma que a
formaram o convencimento, analisando as relevantes questões de norma em comento constou da CCT 2016/2017, que refletiu a
fato e direito submetidas à sua apreciação (art. 93, IX, da CF/88, art. vontade das partes; que, nas vésperas do natal e do Ano Novo, o
832 da CLT, e art. 489, II, do CPC/2015), mas não é obrigado a trabalhador tem a oportunidade de desfrutar o convívio com seus
discorrer sobre os mínimos pormenores postos nas razões dos familiares; e que os hábitos de consumo contemporâneos não
litigantes, até porque não fazem coisa julgada os motivos, ainda que podem se sobrepujar à saúde psíquica e social do trabalhador.
sentença; a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da A CCT de 2016/2017, em sua cláusula 28, estabeleceu:
incidentemente no processo (art. 504 do CPC/2015). CLÁUSULA VIGÉSIMA OITAVA - VÉSPERAS DO NATAL E ANO
seja na instância de origem, seja na instância revisora. Para que os trabalhadores possam estar com suas famílias nas
Nesse caso, deveria, então, interpor o recurso cabível, que não se noites vésperas do Natal e do Ano Novo, nos dias 24 e 31 de
confunde com embargos declaratórios, cuja função é limitada ao dezembro de 2016, as empresas, inclusive os estabelecimentos
aperfeiçoamento da prestação jurisdicional, quando nela existirem ditos 24 horas, deverão não exigir o labor e limitar seu
os vícios capazes de torná-la incompleta, ininteligível ou ilógica. funcionamento ao público consumidor (cerrar portas) até às vinte
A função dos Tribunais, nos embargos de declaração, não é horas, entretanto, ficando liberada a utilização do trabalhador para o
responder a questionários sobre meros pontos de inconformismo, atendimento dos clientes que já se encontrarem na loja após esse
mas sim sanar omissões, obscuridades ou contradições, eis que a horário, sob pena de multa, por empregado e por infração, no valor
medida não serve como instrumento de consulta. Mesmo nos de R$1.000,00 (Hum Mil Reais), também neste caso não se
embargos de declaração com fim de prequestionamento, devem ser aplicando a cláusula de multa geral anteriormente prevista neste
meio hábil ao reexame da causa. PARÁGRAFO ÚNICO - A presente cláusula não se aplica aos
Não se admitem embargos declaratórios infringentes, que, a obreiros que laborarem nas áreas de manutenção, vigilância,
pretexto de esclarecer ou completar a decisão anterior, buscam, na preparação de panificação e outras necessárias ao funcionamento
realidade, alterá-la, salvo nos casos de omissão e contradição no diário, permanente e subsequente das empresas, que têm exercício
julgado e manifesto equívoco no exame dos pressupostos funcional normalmente em qualquer dia e/ou horário, inclusive
extrínsecos do recurso, além da hipótese de erros materiais, que noturno, madrugada, etc., sempre respeitadas as normas legais
protetivas. (fl. 90) incidência do reajuste como sendo o dia 25/09/2017, ficando a
Observa-se, pois, que há norma preexistente a amparar a Os salários dos integrantes da categoria profissional serão
reivindicação, cujos termos foram exatamente os mesmos da reajustados, a partir de 25/09/2017, em 4,68% (quatro vírgula
cláusula reivindicada. sessenta e oito por cento), calculados sobre os salários vigentes em
Assim, à luz da previsão constitucional, contida na parte final do § 2º 1º de março de 2017, sendo compensadas as antecipações e
do art. 114, impõe-se a manutenção da cláusula, mormente porque aumentos compulsórios ou espontâneos concedidos no período,
não foi demonstrada nenhuma modificação no ponto de equilíbrio com exceção dos decorrentes de término de aprendizagem,
encontrado, quando da pactuação do instrumento ora revisando, implemento de idade, promoção por antiguidade ou merecimento,
que pudesse constituir óbice a manutenção da condição. transferência de cargo, função ou localidade, ou equiparação
Ressalta-se que, embora o caput da cláusula 33, na parte final, salarial determinada por sentença judicial transitada em julgado"; 2ª
preveja a aplicação de multa no caso de descumprimento das - PISO SALARIAL, para aplicar aos valores dispostos no caput e no
disposições nele estabelecidas, apresenta a ressalva de que, em § 3º da cláusula 3ª, constante da CCT 2016/2017, o percentual de
relação àquela cláusula não se aplica a multa geral de que trata a 4,68%, bem como para fixar como data inicial de incidência do
cláusula 21, deferida pelo Regional. reajuste, prevista no § 3º da cláusula, o dia 25/09/2017; 4ª -
Desse modo, dou provimento ao recurso para incluir na sentença QUEBRA DE CAIXA, para manter a cláusula com a redação fixada
normativa a cláusula 33 - VÉSPERA DE NATAL E ANO NOVO, nos na cláusula 11 da CCT 2016/2017, mas reajustando o valor nela
termos propostos pelo suscitante. estabelecido pelo percentual de 4,68%; 5ª - SALÁRIO MISTO, para
ISTO POSTO percentual de 4,68%, bem como para alterar o termo inicial de
ACORDAM os Ministros da Seção Especializada em Dissídios redigida: "CLÁUSULA 5ª - SALÁRIO MISTO. Os exercentes das
Coletivos do Tribunal Superior do Trabalho: 1) por unanimidade, funções de balconista, vendedor e vendedor-balconista, que
conhecer do recurso ordinário interposto pelo Sindicato das perceberem comissões, terão salário fixo, no mínimo, no valor de
Estado do Pará - SINDESPA e, no mérito: a) por unanimidade, independentemente do salário variável contratado, garantida a
negar-lhe provimento quanto às preliminares de ausência de remuneração mínima (fixo mais comissões), igual ao piso salarial de
comum acordo no ajuizamento do dissídio coletivo; de ausência da que trata a Cláusula 2ª"; 28 - TICKET-ALIMENTAÇÃO, para que a
ata da assembleia de trabalhadores que deliberou pela instauração cláusula seja mantida nos termos da cláusula 14, e parágrafos, da
da instância do dissídio coletivo; e de nulidade do acórdão proferido CCT 2016/2017, mas com o reajuste dos valores previstos no caput
no julgamento dos embargos de declaração opostos pelo sindicato da norma, inclusive aquele pertinente à parcela a ser paga pelos
profissional; b) por unanimidade, dar provimento ao recurso para empregados, no percentual de 4,68%; e) por unanimidade, negar
excluir da sentença normativa a cláusula 26 - CUSTEIO DA provimento ao recurso quanto às cláusulas: 9ª - QUADRIÊNIO; 23
CLÍNICA MÉDICA; c) por maioria, vencida a Exma. Ministra Maria - INTERVALO PARA REPOUSO OU ALIMENTAÇÃO; e 27 -
de Assis Calsing, em relação à cláusula 30 - DATA BASE E TRABALHO AOS DOMINGOS E FERIADOS; 2) por unanimidade,
VIGÊNCIA, dar provimento parcial ao recurso para fixar, como conhecer do recurso ordinário interposto pelo Sindicato dos
termo inicial da sentença normativa proferida neste dissídio coletivo, Trabalhadores no Comércio Varejista e Atacadista de Gêneros
o dia 25/09/2017, data da publicação da sentença normativa, Alimentícios e Similares do Estado do Pará - SINTCVAPA e, no
ficando a cláusula assim redigida: "CLÁUSULA XXX - DATA-BASE mérito, por unanimidade: a) dar-lhe provimento para incluir na
E VIGÊNCIA - A data-base da categoria obreira fica mantida em 1º sentença normativa a cláusula 33 - VÉSPERA DE NATAL E ANO
de março e a presente sentença normativa terá vigência no período NOVO, nos termos propostos pelo Sindicato profissional suscitante;
de 25/09/2017 a 28/2/2018". Resguardadas as situações fáticas já e, b) negar provimento ao recurso quanto à cláusula 27 -
constituídas, ao teor do art. 6º, § 3º, da Lei nº 4.725/65; d) por DOMINGOS, FERIADOS E OUTRAS DATAS ESPECIAIS (§ 7º) -
unanimidade, dar provimento parcial ao recurso quanto às MULTA POR DESCUMPRIMENTO e à cláusula relativa às
cláusulas: 1ª - REAJUSTE SALARIAL, para reduzir a 4,68% o homologações das rescisões no sindicato profissional.
percentual de reajuste dos salários e fixar a data inicial de Brasília, 14 de maio de 2018.
Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001) Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Pará e do
Dora Maria da Costa Município de Belém para produzir provas em seu favor, no sentido
superior ao da hora normal, não acrescido de outros adicionais). Corte, em especial por esta SDC. Nesse contexto, não há como se
Assim, deve ser mantida a decisão do Tribunal de origem, que reputar válido o acordo coletivo de trabalho que, sem respaldo em
declarou nula a norma coletiva autônoma. Recurso ordinário convenção coletiva de trabalho ou lei municipal, autoriza o labor dos
desprovido, no ponto. 4. CLÁUSULA 9ª - ADICIONAL comerciários aos feriados. Recurso ordinário desprovido
hora normal e somente será pago no período compreendido entre Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso Ordinário n°
22:00 horas e 5:00 horas, computando-se cada hora noturna com TST-RO-405-67.2015.5.08.0000, em que é Recorrente PAGGO
de 52 minutos e 30 segundos. A norma é indiscutivelmente inválida, ADMINISTRADORA DE CRÉDITO LTDA. e são Recorridos
porquanto, na prática, constitui renúncia, nas prorrogações da MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO DA 8ª REGIÃO e
jornada no período diurno, à remuneração do trabalho noturno SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EMPRESAS
superior à do diurno e à hora noturna reduzida (art. 73, caput, e §1º, TELEFÔNICAS E OPERADORAS DE MESA TELEFÔNICA DO
da CLT). Com efeito, o Direito do Trabalho sempre tendeu a conferir ESTADO DO PARÁ.
física e psicológica que esse tipo de labor provoca no ser humano, Trata-se de ação anulatória ajuizada pelo Ministério Público do
por supor o máximo de dedicação de suas forças físicas e mentais Trabalho em face da Empresa Paggo Administradora De Crédito
em período em que o ambiente físico externo induz ao repouso. LTDA. e do Sindicato Dos Trabalhadores em Empresas Telefônicas
Nesse contexto, a negociação coletiva não tem o poder de suprimir e Operadoras de Mesa Telefônica do Estado do Pará - SINTTEL
estatal estabeleceu para o trabalhador que despende sua força de O TRT da 8ª Região julgou a ação anulatória parcialmente
trabalho naquela condição gravosa. Saliente-se que o tratamento procedente e, no mérito, declarou a nulidade total das cláusulas
jurídico diferenciado ao labor em horário noturno (incidência do oitava e nona e a nulidade parcial da cláusula décima-quarta,
adicional de 20% e hora reduzida) estende-se obrigatoriamente às parágrafo oitavo (fls. 190-199).
horas prorrogadas no período diurno, considerando que o Inconformada, a Paggo Administradora de Crédito LTDA.
elastecimento do trabalho noturno sacrifica ainda mais o apresentou Recurso Ordinário (fls. 225-236), o qual foi recebido
empregado. Aliás, isso é o que determina expressamente o art. 73, pelo TRT, conforme decisão de admissibilidade de fl. 240.
§ 5º, da CLT. Por fim, cumpre destacar que a norma coletiva Contrarrazões do Ministério Público do Trabalho às fls. 249-254.
questionada não criou qualquer vantagem apta a justificar a PROCESSO ANTERIOR À LEI 13.467/2017.
Recurso ordinário desprovido, no aspecto. 5. CLÁUSULA 14ª - Tratando-se de recurso interposto em processo iniciado
JORNADA DE TRABALHO. AUTORIZAÇÃO PARA O anteriormente à vigência das alterações promovidas pela Lei n.
TRABALHO EM FERIADOS. A Medida Provisória n. 388, de 13.467, de 13 de julho de 2017, e considerando que as relações
5.9.2007, posteriormente convertida na Lei 11.603/2007, inserindo o jurídicas materiais e processuais produziram amplos efeitos sob a
art. 6-A na Lei 10.101/00, fixou a necessária autorização em normatividade anterior, as matérias serão analisadas com
convenção coletiva de trabalho, respeitada também a legislação observância das normas então vigorantes, em respeito ao princípio
municipal, no que tange à permissão de labor em feriados nas da segurança jurídica, assegurando-se a estabilidade das relações
atividades do comércio em geral - sem prejuízo da previsão do art. já consolidadas (arts. 5º, XXXVI, CF; 6º da LINDB; 912 da CLT; e 14
que laboram em shopping centers, vem sendo adotada por esta O recurso ordinário é tempestivo (decisão publicada em 11/05/2016,
à fl. 223, recurso apresentado em 18/05/2016, às fls. 225/236), a coletiva está, essencialmente, adstrita ao Ministério Público do
representação é regular (fl.39), as custas processuais foram Trabalho, consoante previsão legal (art. 83, IV, da LC 75/93), e,
recolhidas (fl. 237) e estão preenchidos os demais pressupostos excepcionalmente, aos sindicatos convenentes e à empresa
II) MÉRITO parte legítima para o ajuizamento da presente ação anulatória, não
TRABALHO social das questões debatidas, já que estes aspectos dizem respeito
ao mérito.
referida questão preliminar, alegando a necessidade de se examinar Eis o teor do acórdão do TRT, neste ponto:
intervenção do autor da presente ação conforme os artigos 127 da 2.2.2 NULIDADE DO PROCESSO
Constituição da República de 1988 e 83, IV, da Lei Complementar Suscita a ré PAGGO ADMINISTRADORA DE CRÉDITO LTDA.
nº 75/93 (Num. f2ff168 - Pág. 2). essa questão preliminar, alegando cerceamento do direito de defesa
A legitimação do Ministério Público do Trabalho para propor a porque não teria sido atendido seu requerimento de produção de
presente ação anulatória está claramente expressa em lei (art. 83 provas (sic, Num. 40bd28d - Pág. 1) feito em contestação e
da Lei Complementar nº 75/93), o que dispensa interpretação ou ratificado por meio da petição de ID Num. 761593A em que
maior debate, pois segue vigente o aforismo jurídico segundo o qual requereu chamamento do processo à ordem.
nas coisas claras não se faz interpretação (in claris non fit Reitera-se o que foi decidido em 30 de setembro de 2015 (Num.
Aliás, em defesa da ordem jurídica, está mesmo o Ministério Público Versando estes autos apenas sobre matéria de direito, declara-se
legitimado para intentar as ações apropriadas para coibir tanto que após exaurido o prazo para contestar a ação anulatória, o que
violações empresariais quanto profissionais ou sindicais. No caso deve ser neles certificado, fica encerrada a instrução processual,
concreto destes autos, a tese sustentada é de que ambos violaram pelo que determina-se sejam as partes intimadas para
as normas de proteção ao trabalho, o que autoriza o Ministério apresentarem razões finais, no prazo de 10 (dez) dias,
Público a proceder da maneira que o fez, sem que, por isso, possa sucessivamente.
ser acoimada de ilegítima essa atuação. O que pretende o Ministério Público do Trabalho é a decretação da
Por tais fundamentos é que se rejeita a questão preliminar de nulidade das cláusulas que limitam a incidência do adicional de
O recorrente argumenta ser o Ministério Público do Trabalho parte de um dia e as 5:00 h do ria seguinte (Num. 49e4d5f - Pág. 4); e
ilegítima para propor a presente ação anulatória, uma vez que autorizam o trabalho em dias feriados (Num. 49e4d5f - Pág. 5),
apenas seria cabível a legitimidade nos moldes do art. 83, inciso IV, matérias puramente de direito, sendo desnecessária a dilação
da Lei Complementar nº 75/93, o que não se mostra presente no probatória requerida pela ré, nos termos seguintes
A jurisprudência desta SDC, quanto à matéria, é no sentido de que oficiada a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no
a legitimidade para o ajuizamento de ação anulatória de convenção Pará para que informe a respeito dos instrumentos coletivos
autorizadores da abertura dos Shoppings Centers desta Capital nos 370 do CPC/2015) confere ao Juiz amplos poderes na condução e
dias domingos e feriados. direção do processo, desde que não obste o conhecimento da
Requer ainda que seja oficiado à Prefeitura Municipal de Belém verdade, cabendo-lhe indeferir pleitos desnecessários ou inúteis ao
para que junte aos autos os Decretos Autorizadores do julgamento do feito, em havendo nos autos elementos probatórios
funcionamento do comércio varejista e lojista de Belém em dias suficientes para que profira a decisão.
domingos e feriados (sic, Num. 761593a - Pág. 1). O direito de defesa e o direito de ação, assim, devem ser exercidos
As provas requeridas constituem diligências inúteis porque, reitere- dentro dos estritos limites e ditames da ordem jurídica
se, a matéria em exame nestes autos é puramente de direito, o que preestabelecida para o procedimento judicial, conformando, desse
atrai a incidência do art. 370 do Código de Processo Civil, assim modo, uma perfeita harmonia entre os princípios do contraditório e
Art 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, No caso dos autos, a Empresa Ré pretendeu a intimação da
determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito. Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Pará e do
Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fundamentada, as Município de Belém para produzir provas em seu favor, no sentido
diligências inúteis ou meramente protelatórias. de corroborar a sua alegação de que existiam CCT's e documentos
Ademais, se tem a ré tanto interesse em tais documentos teve todo legislativos locais autorizando o funcionamento de Shoppings
o tempo necessário para obtê-los junto às respectivas autoridades, Centers nos domingos e feriados.
inclusive o Ministério do Trabalho e Previdência Social, que mantém Contudo, a produção de provas relacionadas a essa afirmação
banco de dados com as normas coletivas depositadas e cabia à própria Parte, valendo destacar que tais documentos, caso
homologadas, para consulta pelos interessados. E quanto aos existissem, poderiam ser facilmente obtidos pela Empresa Ré no
decretos municipais tem aplicação ao caso o art. 376 do Código de período destinado a sua defesa.
Processo Civil, conforme o qual a parte que alegar direito municipal, Outrossim, conforme destacado pelo Tribunal de origem, a matéria
estadual, estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á o teor e a tratada nos autos é essencialmente de direito e dispensa a
vigência, se assim o juiz determinar. Assim, e por isso, se diligência requerida pela Parte.
entendesse o relator, diretor do processo, ser necessário provar o Verifica-se, portanto, que não houve cerceamento do direito de
direito municipal alegado, teria determinado à ré que o fizesse, defesa; pelo contrário, o devido processo legal foi devidamente
faculdade que não exerceu porque, reitere-se, teve por diligência observado, não obstante a conclusão a que chegou o Juízo de
inútil e desnecessária por se tratar de matéria puramente de direito. origem ter sido em sentido contrário ao interesse perseguido pelo
Por último, mas não menos importante, no processo trabalhista a ora Recorrente. Todavia, decisão desfavorável não importa em
nulidade só será decretada quando houver manifesto prejuízo para anulação dos atos processuais.
Trabalho só haverá nulidade quando resultar dos atos inquinados 3. CLÁUSULA 8ª - ADICIONAL DE HORAS EXTRAS
Leis do Trabalho). O Tribunal Regional entendeu pela nulidade da Cláusula 8ª, nos
declarado e deliberado propósito de evitar embargos de declaração A primeira cláusula constante da convenção coletiva que se aponta
A Recorrente alega que solicitou que fosse produzida prova da As horas extraordinárias realizadas pelo empregado serão
existência de acordo coletivo que autorizou o funcionamento do remuneradas com o adicional de 50% (cinquenta por cento) superior
estabelecimento aos domingos e feriados, pedido que foi indeferido ao da hora normal, não acrescida de outros adicionais, conforme
ilegalmente, configurando-se o cerceamento de defesa. preceitua o art. 59, §1º, da CLT. Poderá ser dispensado o acréscimo
Sem razão. de salário se, por critério da empresa, for utilizado o preceito do art.
A norma processual (arts. 765 da CLT e 130 do CPC/1973, atual 59, §2º, da CLT, nos moldes acordados e estabelecidos pelas
partes neste instrumento. sindical e o empregador para tratar dos diversos aspectos das
Parágrafo único. As eventuais horas trabalhadas aos domingos relações de trabalho, tal liberdade não pode ir ao ponto de
(fora das escalas normais de trabalho), feriados e dias de folga estabelecer uma norma que atue em descompasso com a
programados serão remuneradas com adicional de 100% (cem por legislação e a jurisprudência e acabe tendo como resultado um
cento) superior ao da hora normal não acrescida de outros regramento que desfavoreça o trabalhador. A negociação coletiva
adicionais, conforme preceitua o art. 59, §1º, da CLT. tem como intuito para proteger o trabalhador, não para prejudicá-lo.
A finalidade dos requeridos é o recebimento do adicional de horas A autonomia tem como limite a lei e, neste caso, o limite foi
extras tendo como base de cálculo apenas o salário, sem a inclusão extrapolado.
de nenhuma outra parcela trabalhista, conforme consta tanto no Portanto, deve ser declarada nula a cláusula oitava do acordo
caput quanto no parágrafo único. coletivo em análise, pois pretende estabelecer base de cálculo das
Ocorre que a pretensão dos réus não está em conformidade com a horas de extras em alcance menor do que assegura a legislação e a
consideração os adicionais porventura cabíveis, conforme súmula No recurso ordinário, a Empresa Ré afirma, em síntese, que a
264: cláusula em comento está de acordo com art. 59, §1º, da CLT, e art.
264. HORA SUPLEMENTAR. CÁLCULO. 7º, XVI, da CF/88, os quais garantem remuneração superior aos
A remuneração do serviço suplementar é composta do valor da hora trabalhadores que realizarem jornada extraordinária.
adicional previsto em lei, contrato, acordo, convenção coletiva ou O universo normativo incidente sobre a jornada e a duração do
A súmula foi editada tendo em vista que, uma vez que foi estatais estabelecem, de um lado, um padrão normativo geral, que
estabelecido que a jornada extraordinária deve ser remunerada em se aplica ao conjunto do mercado de trabalho e, de outro lado, um
quantitativo superior ao da jornada ordinária (CF, art. 7º, XVI; CLT, leque diversificado de regras incidentes sobre situações ou
art. 59, §1º), se a remuneração por esta jornada é composta de um categorias específicas de trabalhadores envolvidos. Em contraponto
determinado adicional, não é cabível excluí-lo, sob pena de que a a esse quadro normativo heterônomo, surge ainda um significativo
hora daquela jornada seja remunerada em valor igual ou inferior ao espaço à criatividade autônoma coletiva privada, hábil a tecer
da hora da jornada comum, tornando a exigência de pagamento de regras específicas aplicáveis às searas trabalhistas a que se
Ao vedar qualquer tipo de acréscimo para fins de percepção de Com efeito, amplas são as possibilidades de validade e eficácia
horas extras, a cláusula convencional viola o disposto no art. 7º, jurídicas das normas autônomas coletivas em face das normas
XVI, da CF, e no art. 59, §1º, da CLT, preceitos legais que serviram heterônomas imperativas, à luz do princípio da adequação setorial
Ressalte-se que no caso específico do adicional noturno, o Tribunal disponibilidade efetivamente relativa. Desse modo, ela não
Superior do Trabalho possui orientação jurisprudencial que reforça a prevalece se concretizada mediante ato estrito de renúncia ou se
imperatividade da inclusão do adicional na base de cálculo das concernente a direitos revestidos de indisponibilidade absoluta (e
horas extras. Vejamos: não indisponibilidade relativa), os quais não podem ser
97. HORAS EXTRAS. ADICIONAL NOTURNO. BASE DE transacionados nem mesmo por negociação sindical coletiva,
O adicional noturno integra a base de cálculo das horas extras parcela instituída pela ordem jurídica heterônoma estatal, salvo nos
prestadas no período noturno. limites - se houver - em que essa ordem jurídica imperativa
A orientação jurisprudencial reitera os fundamentos da súmula 264: especificamente autorizar. Havendo tal autorização, o ACT ou a
se fosse admissível a exclusão de adicionais para fins de cálculo CCT ganham maior margem de atuação, mas sem o poder de
das horas extras, haveria a possibilidade de burla ao comando legal descaracterizar o direito individual e social manejado, uma vez que
que determina o pagamento da jornada extraordinária em patamar têm de respeitar os parâmetros constitucionais e legais incidentes.
maior que o da jornada comum. No caso dos autos, a norma coletiva em análise (Cláusula Oitava
Não obstante a necessária e importante liberdade que tem o ente do ACT firmado entre os Réus) limitou a base de cálculo do
adicional de horas extras ao salário, sem o acréscimo de outras 100% da hora normal, não acrescida de outros adicionais, para
verbas, fossem elas trabalhistas ou não. O TRT de origem declarou pagamento das horas trabalhadas em domingos e feriados fora das
a invalidade da cláusula, que tem o seguinte teor: escalas normais de trabalho. Isso porque o texto pode ser
CLÁUSULA OITAVA - ADICIONAL DE HORAS EXTRAS laboradas em domingos e feriados destinados aos dias de folga
As horas extraordinárias realizadas pelo empregado serão (considerando, especialmente, a expressão fora das escalas de
remuneradas com o adicional de 50% (cinquenta por cento) superior trabalho). Consequentemente, trata-se da supressão da
ao da hora normal, não acrescida de outros adicionais, conforme remuneração em dobro do trabalho realizado naqueles dias
preceitua o art. 59, §1º, da CLT. Poderá ser dispensado o acréscimo específicos (domingos ou feriados destinados ao repouso),
de salário se, por critério da empresa, for utilizado o preceito do art. conforme disposição expressa do art. 9º da Lei 605/49, o que
59, §2º, da CLT, nos moldes acordados e estabelecidos pelas envolve, evidentemente, o dobro da remuneração total do
partes neste instrumento. empregado, e não apenas do salário básico não acrescido de
Parágrafo único. As eventuais horas trabalhadas aos domingos outros adicionais, conforme tentou determinar a norma autônoma.
(fora das escalas normais de trabalho), feriados e dias de folga A jurisprudência, ademais, é pacífica no sentido de que o trabalho
programados serão remuneradas com adicional de 100% (cem por prestado em domingos e feriados, não compensado, deve ser pago
cento) superior ao da hora normal não acrescida de outros em dobro, sem prejuízo da remuneração relativa ao repouso
adicionais, conforme preceitua o art. 59, §1º, da CLT. semanal (Súmula 146/TST).
De fato, a norma coletiva autônoma padece de nulidade, porquanto mantendo-se a declaração de nulidade da norma autônoma.
à do normal (art. 7º, XVI, da CF). O Tribunal Regional entendeu pela nulidade da Cláusula 9ª, nos
básico mais as demais parcelas salariais, não poderia a norma Requer também o autor a nulidade da cláusula nona do acordo
coletiva, como o fez no caput da Cláusula em análise, restringir o coletivo firmado pelos réus, alegando, em suma, que sua redação
cálculo da hora extraordinária a apenas uma parte da remuneração contraria a prorrogação da hora noturna tal como estipulado na
total do trabalhador: 50% superior ao da hora normal, não acrescido Súmula nº 60, II, do Colendo Tribunal Superior do Trabalho, assim
de outros adicionais. como o art. 73, § 5º, da Consolidação das Leis do Trabalho (Num.
Vale destacar que a jurisprudência desta Corte entende que pode a 49e4d5f - Pág. 4).
negociação coletiva trabalhista alterar a base de cálculo das horas Transcreve-se a cláusula impugnada, para melhor compreensão:
extras (em contraponto à larga base genericamente firmada pela CLÁUSULA NONA - ADICIONAL NOTURNO
Súmula 264/TST), mas desde que estabelecido adicional de O adicional noturno será de 20% (vinte por cento) sobre o valor da
sobrejornada muito acima dos 50% fixados no art. 7º, XVI, da hora normal e somente será pago no período compreendido entre
Constituição da República (100%, por ilustração - e como é muito 22:00 horas e 5:00 horas, computando-se cada hora noturna com
falar em descaracterização da natureza jurídica salarial da É mesmo certo, como alegado na petição inicial, que a cláusula
correspondente verba analisada. acima transcrita é ilegal por que contraria os artigos 7º, IX, da
No caso concreto, porém, a cláusula apenas limitou a base de Constituição da República e 73, § 5º, da Consolidação das Leis do
cálculo das horas extras ao salário básico, sem qualquer elevação Trabalho, bem como a jurisprudência predominante no Colendo
do percentual mínimo legalmente previsto para o adicional (50%), o Tribunal Superior do Trabalho, tal seja a Súmula nº 60, abaixo
que, conforme já afirmado, configura renúncia de direito transcritos para maior clareza e melhor compreensão:
indisponível, consequentemente, também, a nulidade da norma. Art 73. Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o
Também padece de nulidade o parágrafo único da Cláusula trabalho noturno terá remuneração superior a do diurno e, para esse
Oitava do ACT firmado entre os Réus, que fixou o adicional de efeito, sua remuneração terá um acréscimo de 20% (vinte por
cento), pelo menos, sobre a hora diurna. cálculo da remuneração devida àquele que labora à noite
(...) § 5º Às prorrogações do trabalho noturno aplica-se o disposto (pagamento do adicional noturno), conforme previsão dos arts. 7º,
Súmula 60, II: ADICIONAL NOTURNO. INTEGRAÇÃO NO Se assim o é para aqueles que cumprem jornada noturna normal,
SALÁRIO E PRORROGAÇÃO EM HORÁRIO DIURNO. com muito mais razão há de ser para aqueles que a prorrogam,
I - O adicional noturno, pago com habitualidade, integra o salário do porque o elastecimento do trabalho noturno sacrifica ainda mais o
II - Cumprida integralmente a jornada no período noturno e Em suma: se o labor de 22h às 05h é remunerado com um
prorrogada esta, devido é também o adicional quanto às horas adicional, considerando-se as consequências maléficas do trabalho
prorrogadas. Exegese do art. 73, § 5º, da CLT. nesse horário, com mais razão a prorrogação dessa jornada, após a
Em suma, é nula a cláusula de acordo coletivo de trabalho que labuta por toda a noite, deve ser quitada de forma majorada.
limita o adicional de trabalho noturno no período compreendido Essa é a inteligência do art. 73 da CLT, nestes termos:
Constituição da República, 73, § 5º, da Consolidação das Leis do Art. 73. Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o
Trabalho, bem como a Súmula nº 60, II do Colendo Tribunal trabalho noturno terá remuneração superior a do diurno e, para esse
Acolhem-se os argumentos trazidos na petição inicial (Num. cento), pelo menos, sobre a hora diurna.
49e4d5f Pág. 4-5) e recusam-se os argumentos trazidos na defesa § 1º A hora do trabalho noturno será computada como de 52
(Num. f2ff168 - Pág. 8-13) e nas razões finais da ré (Num. minutos e 30 segundos.
40bd28d), prequestionando-os expressamente, o que se o faz com § 2º Considera-se noturno, para os efeitos deste artigo, o
o declarado e deliberado propósito de evitar embargos de trabalho executado entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do
Julga-se procedente o pedido e anula-se totalmente a cláusula § 3º O acréscimo, a que se refere o presente artigo, em se tratando
nonado acordo coletivo de trabalho, surtindo efeitos retroativos (ex de empresas que não mantêm, pela natureza de suas atividades,
No recurso ordinário, a Paggo Administradora De Crédito LTDA. empresas cujo trabalho noturno decorra da natureza de suas
requer a reforma da decisão que invalida a aplicação da referida atividades, o aumento será calculado sobre o salário mínimo geral
cláusula, argumentando que é ilegítima a interferência do MPT e do vigente na região, não sendo devido quando exceder desse limite,
Estado nas relações entre as partes demandadas, por terem sido as já acrescido da percentagem
condições de trabalho negociadas de forma a buscar efetividade e § 4º Nos horários mistos, assim entendidos os que abrangem
O trabalho noturno provoca no indivíduo agressão física e § 5º Às prorrogações do trabalho noturno aplica-se o disposto
induz ao repouso. Somado a isso, ele também tende a agredir, com Confirmando essa direção, a jurisprudência desta Corte editou a
substantiva intensidade, a inserção pessoal, familiar e social do Súmula 60, II/TST, dispondo que, cumprida integralmente a jornada
indivíduo nas micro e macrocomunidades em que convive, tornando no período noturno e prorrogada esta, devido é também o adicional
especialmente penosa para o obreiro a transferência de energia que quanto às horas prorrogadas. Exegese do art. 73, § 5º, da CLT.
Por essas razões, o Direito do Trabalho sempre tendeu a conferir cumpre integralmente sua jornada de trabalho no período noturno,
tratamento diferenciado ao trabalho noturno, seja através de prorrogando-a no horário diurno, é devido o adicional no tocante à
restrições à sua prática (de que é exemplo a vedação a labor prorrogação. Embora a supracitada súmula faça referência ao
noturno de menores de 18 anos), seja através de favorecimento adicional noturno, entende-se ser devida, também, a hora reduzida
compensatório no cálculo da jornada noturna (redução ficta) e no no cálculo das horas prorrogadas no período diurno, ou seja, para
aquelas prestadas após as 05h00 da manhã, além de sua porquanto, nessa circunstância, ainda que o trabalho tenha início no
aplicação, ainda, aos casos de jornadas mistas. período noturno e término no diurno, ocorre labor no horário a que
Nesse mesmo sentido, citam-se os seguintes julgados desta Corte: se refere o art. 73, § 2º, da CLT. Julgado. Recurso de revista não
(...). 5. PRORROGAÇÃO DE JORNADA NOTURNA EM HORÁRIO Márcio Eurico Vitral Amaro, Data de Julgamento: 29/11/2017, 8ª
DIURNO. ADICIONAL NOTURNO. HORA NOTURNA REDUZIDA. Turma, Data de Publicação: DEJT 01/12/2017)
TOTAL. SÚMULA 446/TST. (...). O trabalho noturno provoca no ADICIONAL NOTURNO E HORA NOTURNA REDUZIDA.
indivíduo agressão física e psicológica, por supor o máximo de JORNADA MISTA. PRORROGAÇÃO DO TRABALHO NOTURNO.
dedicação de suas forças físicas e mentais em período em que o 1.1. Nos termos da Súmula 60, II, do TST, "cumprida integralmente
ambiente físico externo induz ao repouso. Somado a isso, ele a jornada no período noturno e prorrogada esta, devido é também o
também tende a agredir, com substantiva intensidade, a inserção adicional quanto às horas prorrogadas. Exegese do art. 73, § 5.º, da
pessoal, familiar e social do indivíduo nas micro e CLT". 1.2. O entendimento contido na referida súmula e a
macrocomunidades em que convive, tornando especialmente observância da hora reduzida no cálculo das horas prorrogadas no
penosa para o obreiro a transferência de energia que procede em horário diurno (art. 73, § 5º, da CLT), prevalece, inclusive, em se
benefício do empregador. Por essas razões, o Direito do Trabalho tratando de jornada mista, como na hipótese em comento, em razão
sempre tendeu a conferir tratamento diferenciado ao trabalho do desgaste físico da jornada noturna e a necessidade de garantir a
noturno, seja através de restrições à sua prática (de que é exemplo higidez física e mental do trabalhador. Precedentes. Recurso de
a vedação a labor noturno de menores de 18 anos), seja através de revista conhecido e provido. (...). (ARR - 1024-90.2011.5.02.0036 ,
favorecimento compensatório no cálculo da jornada noturna Relatora Ministra: Delaíde Miranda Arantes, Data de Julgamento:
(redução ficta) e no cálculo da remuneração devida àquele que 25/10/2017, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 31/10/2017)
aqueles que cumprem jornada noturna normal, com muito mais (...). HORA NOTURNA REDUZIDA. PRORROGAÇÃO. A norma
razão há de ser para aqueles que a prorrogam, porque o inserta no artigo 73, § 5º, da CLT estabelece que "às prorrogações
elastecimento do trabalho noturno sacrifica ainda mais o do trabalho noturno aplica-se o disposto neste capítulo", e o caput
empregado. Em suma: se o labor de 22h00 às 05h00 é remunerado do referido dispositivo determina que o trabalho noturno tenha
com um adicional, considerando-se as consequências maléficas do remuneração superior a do diurno, cujo acréscimo não será inferior
trabalho nesse horário, com mais razão a prorrogação dessa a 20% (vinte por cento). Desse modo, permanecendo o empregado
jornada, após a labuta por toda a noite, deve ser quitada de forma em serviço além das cinco horas da manhã, em prorrogação do
majorada. Se o empregado cumpre integralmente sua jornada de trabalho noturno, é devido o adicional e a hora reduzida, por força
trabalho no período noturno, prorrogando-a no horário diurno, é do disposto no artigo 73, §§ 1º e 5º, da CLT (inteligência da
devido o adicional no tocante à prorrogação, nos termos da Súmula Orientação Jurisprudencial nº 388 da SBDI-1 desta Corte). Recurso
60, II/TST. Embora a supracitada súmula faça referência ao de revista de que se conhece e a que se dá provimento. (...) (RR -
adicional noturno, entende-se ser devida, também, a hora reduzida 1177-53.2011.5.04.0203 , Relator Ministro: Cláudio Mascarenhas
no cálculo das horas prorrogadas no período diurno, ou seja, para Brandão, Data de Julgamento: 18/10/2017, 7ª Turma, Data de
(AIRR - 11181-35.2014.5.15.0108 , Relator Ministro: Mauricio (...). B) RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO
Godinho Delgado, Data de Julgamento: 14/03/2018, 3ª Turma, Data RECLAMANTE. JORNADA 12 X 36. PRORROGAÇÃO EM
(...). ADICIONAL NOTURNO. Esta Corte tem decidido pela diurno, é devido o pagamento do adicional noturno e há a incidência
aplicação da Súmula 60, II, do TST, e pela observância da hora da hora noturna reduzida na prorrogação da jornada após as cinco
reduzida no cálculo das horas prorrogadas no horário diurno (art. horas da manhã. Exegese do art. 73, § 5º, da CLT. Incidência da
73, § 5º, da CLT), mesmo quando se cuide de jornada mista, Súmula nº 60, II, e da OJ nº 388 da SDI-1, ambas do TST. Recurso
de revista conhecido e provido. (ARR - 1204-37.2011.5.02.0447 , concernentes à prorrogação da jornada no período diurno, como,
Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data de Julgamento: por exemplo, a majoração do adicional noturno para percentual
26/10/2016, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 28/10/2016) significativamente maior do que os 20% - o que, em tese, poderia
Sobre a possibilidade de a negociação coletiva transacionar direção interpretativa prevalecente nesta Corte.
parcelas decorrentes do trabalho em período noturno, conforme se Pelo exposto, mantém-se a decisão do Tribunal Regional, no
sabe, é firme a jurisprudência trabalhista no sentido de permitir à sentido de declarar a invalidade da cláusula coletiva, e NEGA-SE
estabelecidos pelo § 1º do art. 73 da CLT), mas desde que 5. CLÁUSULA 14ª - JORNADA DE TRABALHO. AUTORIZAÇÃO
CLT (35% ou mais de adicional noturno, ilustrativamente) - tudo O Tribunal Regional entendeu pela nulidade parcial da Cláusula 14ª,
isso, naturalmente, sem esterilizar a natureza eminentemente parágrafo oitavo, nos seguintes termos:
Por outro lado, está suficientemente claro que ela não ostenta o Por fim, requer o autor a nulidade da cláusula décima-quarta,
poder de reduzir ou normatizar in pejus parcela instituída pela parágrafo oitavo, do acordo coletivo firmado pelos réus, alegando a
ordem jurídica heterônoma estatal, salvo nos limites - se houver - necessidade de convenção coletiva - e não simples acordo coletivo
em que essa ordem jurídica imperativa especificamente autorizar. - para autorizar o trabalho em dias feriados, conforme o art. 6º-A da
Havendo tal autorização, o ACT ou a CCT ganham maior margem Lei nº 10.101/2000, além de citar jurisprudência trabalhista nesse
de atuação, mas sem o poder de descaracterizar o direito individual sentido (Num. 49e4d5f - Páginas 5-6).
e social manejado, uma vez que têm de respeitar os parâmetros A ré pertence, induvidosamente, a categoria econômica do
No caso concreto, a Cláusula Nona do ACT firmado entre os Réus atos constitutivos da qual consta como seu objeto o comércio
o adicional noturno será de 20% (vinte por cento) sobre o valor da comunicação, o comércio varejista especializado de equipamentos
hora normal e somente será pago no período compreendido entre e suprimentos de informática, a promoção de vendas, a
22:00 horas e 5:00 horas, computando-se cada hora noturna com representação comercial e agente do comércio de mercadorias em
de 52 minutos e 30 segundos. geral não especializado, dentre outras atividades comerciais, pelo
A norma é indiscutivelmente inválida, porquanto, na prática, de tais atividades em um shopping center afasta qualquer eventual
constitui renúncia, nas prorrogações da jornada no período diurno, à dúvida acerca desse tema artificialmente agitado pela ré para turvar
noturna reduzida (art. 73, caput, e §1º, da CLT). Para melhor compreensão, transcreve-se a cláusula impugnada:
Com efeito, a negociação coletiva não tem o poder de suprimir as CLÁUSULA DÉCIMA QUARTA - JORNADA DE TRABALHO
condições favoráveis mínimas que a legislação heterônoma estatal A jornada de trabalho semanal dos empregados da empresa é
estabeleceu para o trabalhador que despende sua força de trabalho de 44 (quarenta e quatro) horas semanais, mediante escalas,
naquela condição gravosa. Saliente-se que o tratamento jurídico inclusive sábados, domingos e feriados, realizadas através de
diferenciado ao labor em horário noturno (incidência do adicional de rodízios. As referidas escalas são para todos os efeitos
20% e hora reduzida) estende-se obrigatoriamente às horas considerados como jornada normal de trabalho mesmo quando
prorrogadas no período diurno, considerando que o elastecimento da sua realização em domingos e feriados, estando já incluídas
do trabalho noturno sacrifica ainda mais o empregado. Ademais, as pausas para refeição ou descanso conforme Art. 71 da CLT.
Por fim, cumpre destacar que a norma coletiva questionada não Parágrafo Oitavo - Fica autorizado o trabalho aos domingos e
criou qualquer vantagem apta a justificar a flexibilização dos direitos feriados, sendo ressalvado que independentemente da escala
de trabalho do colaborador, as folgas obedecerão o que preferencial do descanso semanal com o domingo é, hoje, no País,
determina a Portaria nº417 do Ministério do Trabalho. direito trabalhista assegurado expressamente pela Constituição (art.
Em função de exigências contratuais, para as lojas de shopping, 7º, XV, CF/88). Desse modo, apenas em situações excepcionais, ou
serão respeitados os respectivos contratos, regulamentos e em atividades que, por sua natureza ou pela conveniência pública,
condições negociadas. devem ser exercidas aos domingos, é que se poderia, validamente,
Por tudo o que foi antes exposto, é aplicável ao caso destes autos o escapar à coincidência prevalecente. As atividades comerciais, em
art. 6-A da Lei nº 10.101/2000, assim redigido: seu gênero, não se enquadram, obviamente, nas exceções acima.
Art. 6-A. É permitido o trabalho em feriados nas atividades do Por essa razão, preservando-se critério de análise estritamente
comércio o em geral, desde que autorizado em convenção coletiva técnico-jurídico, apenas a negociação coletiva, enfocando
de trabalho e observada a legislação municipal, nos termos do art. particularidades regionais (turismo intenso, por exemplo, na região),
A ré e o réu não tiveram o cuidado de celebrar o acordo coletivo de mesmo setoriais (shoppings centers, por exemplo - que já
trabalho impugnado após a celebratura de convenção coletiva de funcionam aos domingos para atividades de entretenimento, como
trabalho entre as entidades sindicais representativas das se sabe), é que poderia adequar a ordem jurídica geral (e
respectivas categorias econômica e profissional, tal como exigido constitucional) aos interesses efetivos e diferenciados da
por lei, exigência que não pode ser de modo algum afetada por coletividade por ela abrangida (art. 7º, XIII e XXVI, CF/88). A lei
Portaria ou por autorização dada ao shopping center para abrir aos federal - por sua generalidade - não teria esse condão, já que seu
domingos e feriados, como pretende a ré. comando amplo, abrangente de toda região, local e setor do País,
Assim, por tudo o que foi acima exposto, a cláusula é ilegal no terminaria por produzir puro e simples desrespeito direto à
tocante ao trabalho em feriados, porque contraria o art. 6-A da Lei preferência geral constitucionalmente assegurada. Note-se que a
nº 10.101/2000, uma vez que não foi precedida de convenção Medida Provisória nº 388, de 5.09.2007 (inserindo o art. 6º-A na Lei
coletiva de trabalho que autorizasse o trabalho nesses dias nº 10.101/2000 e que foi convertida na Lei nº 11.603/2007) passa a
consagrados ao repouso. A nulidade, portanto, é parcial, com elisão se reportar à necessária autorização de "convenção coletiva de
de texto, para suprimir a referência a feriados, feita na cláusula trabalho", observada também a "legislação municipal", quanto à
permite o trabalho em feriados quando não for precedida de De fato, a Medida Provisória n. 388, de 5.9.2007, posteriormente
autorização em convenção coletiva de trabalho, contrariando o art. 6 convertida na Lei 11.603/2007, inserindo o art. 6-A na Lei
Acolhem-se os argumentos trazidos na petição inicial (Num. trabalho, respeitada também a legislação municipal, no que tange à
49e4d5f - Pág. 5-6) e recusam-se os argumentos trazidos na defesa permissão de labor em feriados nas atividades do comércio em
(Num. f2ff168 - Pág. 5-8) e nas razões finais da ré (40bd28d), geral - sem prejuízo da previsão do art. 9º da Lei 605/49 de folga
declarado e deliberado propósito de evitar embargos de declaração Por oportuno, vejamos o que dispõe o precitado art. 6º-A da Lei
protelatórios. 10101/2000:
décima-quarta, parágrafo oitavo, do acordo coletivo de trabalho, "É permitido o trabalho em feriados nas atividades do comércio em
com elisão de texto para suprimir a expressão e feriados, surtindo geral, desde que autorizado em convenção coletiva de trabalho
efeitos retroativos (ex tunc). e observada a legislação municipal, nos termos do art. 30, inciso I,
afirma que a fundamentação utilizada pelo Tribunal ao anular a A observância de tais requisitos (permissão em convenção coletiva
cláusula não se aplica à empresa demandada, por não exercer de trabalho e observância da legislação municipal) como condição
atividade da categoria de comércio geral. ao trabalho em feriados dos comerciários (categoria que,
Do ponto de vista rigorosamente técnico-jurídico, a coincidência centers) vem sendo adotada por esta Corte, em especial por esta
SDC, conforme julgados a seguir transcritos: Relatora Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, Data de
DOMINGOS E FERIADOS. ACORDO COLETIVO DE TRABALHO "RECURSO ORDINÁRIO EM AÇÃO ANULATÓRIA. MINISTÉRIO
2015/2016. A jurisprudência desta SDC é tranquila no sentido de PÚBLICO DO TRABALHO. CLÁUSULA 37 - LABOR EM DIAS DE
que não se pode dar interpretação extensiva ao art. 6º-A da Lei nº FERIADO, CONSTANTE DO ACORDO COLETIVO DE TRABALHO
10.101/2000 e de que apenas a convenção coletiva de trabalho é o 2016/2017. NULIDADE. A teor do art. 6.º-A da Lei n.º 10.101/2000,
instrumento que torna válida a estipulação do trabalho nos feriados, é permitido o trabalho em feriados nas atividades do comércio em
por conferir tratamento isonômico para os segmentos profissionais e geral, desde que autorizado em convenção coletiva de trabalho e
econômicos de uma mesma região. Nesse contexto, e uma vez que observada a legislação municipal, nos termos do art. 30, inciso I, da
as cláusulas impugnadas pelo Ministério Público do Trabalho - que Constituição Federal. A jurisprudência desta Seção Especializada
tratam do funcionamento do comércio nos domingos e feriados -, vem se firmando no sentido de que não se pode dar interpretação
integram o Acordo Coletivo de Trabalho 2015/2016, mantém-se a extensiva ao referido dispositivo de lei e de que apenas a
decisão que declarou nula a cláusula 1ª, na parte que diz respeito convenção coletiva de trabalho é o instrumento que torna válida a
aos feriados, e entendeu pela insubsistência das cláusulas 3ª e 4ª, estipulação do trabalho nos feriados. Nesse contexto, em que a
por se referirem especificamente a esse aspecto e nega-se mácula apontada pelo Ministério Público do Trabalho, quanto à
provimento ao recurso. (...) (RO - 845-29.2016.5.08.0000 , Relatora violação do art. 6.º-A da Lei n.º 10.101/2000, encontra-se vinculada
Ministra: Dora Maria da Costa, Data de Julgamento: 13/11/2017, às disposições do caput da cláusula 37, advindo, daí, a sua
Seção Especializada em Dissídios Coletivos, Data de Publicação: nulidade, os seus parágrafos, via de consequência, não podem, da
DEJT 17/11/2017) mesma forma, subsistir. Assim, dá-se provimento ao recurso para
"RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELO MINISTÉRIO acordo coletivo de trabalho, o funcionamento do comércio nos
PÚBLICO DO TRABALHO. AÇÃO ANULATÓRIA. TRABALHO NOS feriados. Recurso ordinário conhecido e provido." (RO- 459-
IMPOSSIBILIDADE. A legislação, conquanto autorize o trabalho em Ministra Dora Maria da Costa, Seção Especializada em Dissídios
dias de feriado, criou restrição ao condicionar essa prática à Coletivos, DEJT de 19/5/2017)
portanto, que o trabalho nos feriados, quando do interesse dos RECURSO ORDINÁRIO - AÇÃO ANULATÓRIA - CLÁUSULA 4ª -
atores sociais, valesse para toda a categoria econômica e não DO LABOR AOS DOMINGOS E FERIADOS - NECESSIDADE DE
apenas para determinada empresa que assim acordasse com os CONVENÇÃO COLETIVA A jurisprudência desta Corte entende que
seus empregados. O comando da lei extrapola a esfera da relação o trabalho em feriados no comércio em geral só pode ser instituído
entre os atores sociais, ora Réus, o que torna inviável, nessa por convenção coletiva, nos termos da literalidade do art. 6º-A da
dimensão, privilegiar o negociado sobre o legislado. Recurso Lei nº 10.101/2000, sendo inválida a permissão em acordo coletivo,
Ordinário provido. (...)" (RO-795-03.2016.5.08.0000, Relatora em face da necessidade de garantir a isonomia nas categorias
Ministra Maria de Assis Calsing, Data de julgamento: 11/9/2017, econômica e profissional. Recurso Ordinário conhecido e
"RECURSO ORDINÁRIO - AÇÃO ANULATÓRIA - ACORDO Especializada em Dissídios Coletivos, Data de Publicação: DEJT
Corte entende que o trabalho em feriados no comércio em geral só Nesse contexto, não há como se reputar válido o acordo coletivo de
pode ser instituído por convenção coletiva, nos termos da trabalho que, sem respaldo em convenção coletiva de trabalho ou
literalidade do art. 6º-A da Lei nº 10.101/2000, sendo inválida a lei municipal, autoriza o labor dos comerciários em feriados.
permissão em acordo coletivo, em face da necessidade de garantir Pelo exposto, mantém-se a declaração de nulidade parcial da
a isonomia nas categorias econômica e profissional. Recurso norma e NEGA-SE PROVIMENTO ao recurso ordinário.
Coletivos do Tribunal Superior do Trabalho, por maioria, vencido o ANANINDEUA E MARITUBA. JORNADA DE TRABALHO.
Exmo. Ministro Ives Gandra Martins Filho, conhecer do recurso Prejudicado o exame em face da extinção do dissídio coletivo
Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001) defesa, relativo à fixação da jornada de trabalho, mostra-se
Ministro Relator Federação suscitante, ainda que nos moldes pretendidos pelos
chegaram a um consenso em relação às reivindicações dos norma preexistente, constante de sentença normativa, acordos e/ou
trabalhadores, para vigerem a partir de 1º de maio de 2017, convenções coletivas de trabalho, ou atos normativos, em situações
restando, apenas, a cláusula relativa à jornada de trabalho. em que a obscuridade ou a dubiedade em seu sentido possam
Sustentou que, em face das novas disposições da Súmula nº 437 dificultar a sua plena aplicação.
do TST, não é mais possível a continuidade da jornada laboral que Observa-se que, na representação, a suscitante se limita a pugnar
vinha sendo praticada anteriormente. Pugnou pela fixação da pela alteração da jornada de trabalho de sete horas e vinte minutos
cláusula, nos termos propostos pelo segmento econômico e que - fixada na Convenção Coletiva de Trabalho de 2013/2014 e
condizem com as disposições dos arts. 58 da CLT e 7º, XII, da mantida em sentenças normativas posteriores - para oito horas.
Constituição Federal (fls. 2/5). Constata-se, também, que o Regional não se pronunciou acerca da
O Sindicato suscitado apresentou contestação, às fls. 106/110, natureza jurídica da ação ajuizada, limitando-se a titulá-la como
requerendo o estabelecimento da cláusula relativa à jornada de dissídio coletivo e analisando a reivindicação pretendida.
trabalho, conforme os interesses da categoria profissional por ele Nesse contexto, considerando-se não consistir esta ação de dissídio
O Vice-Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região dissídio coletivo de natureza estritamente econômica.
cláusula controvertida, sendo ela rejeitada pelas partes, por ocasião A. DISSÍDIO COLETIVO DE NATUREZA ECONÔMICA,
O Tribunal Regional, por meio do acórdão de fls. 127/151, afastou a CLÁUSULA RELATIVA À JORNADA DE TRABALHO. FALTA DE
aplicação da ultratividade das normas coletivas e, acolhendo a INTERESSE DE AGIR. EXTINÇÃO DO PROCESSO, SEM
proposta apresentada pela Vice-Presidência do TRT, deferiu RESOLUÇÃO DE MÉRITO. ANÁLISE DE OFÍCIO.
parcialmente a reivindicação.
O Sindicato profissional suscitado interpôs recurso ordinário, às fls. A Federação das Empresas de Transportes Rodoviários da Região
154/161, requerendo a reforma da decisão. Norte ajuizou dissídio coletivo de natureza econômica contra o
Admitido o recurso (fl. 179), foram oferecidas contrarrazões às fls. Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários em Empresas de
190/193, sendo dispensada a remessa dos autos ao Ministério Transportes de Passageiros nos Municípios de Ananindeua e
Conheço do recurso, porque é tempestivo e tem representação agir ao segmento econômico, ou à entidade que o representa, para
regular (fl. 63) e as custas processuais foram recolhidas (fls. 151 e suscitar esse tipo de ação, na medida em que o empregador pode,
De plano, ressalta-se que, conquanto a Federação das Empresas, correspondente, a decisão deste Colegiado tem sido no sentido de,
na representação, tenha adjetivado o dissídio coletivo também reconhecendo, de ofício, a falta de condição da ação, extinguir o
como de natureza jurídica, não apresentou nenhum pedido de processo, sem resolução de mérito, com fundamento no art. 485, VI,
Como é cediço, nos termos do art. 220, II, do Regimento Interno Nesse sentido:
do dissídio coletivo de natureza jurídica tem natureza meramente RECURSO ORDINÁRIO. DISSÍDIO COLETIVO DE NATUREZA
declaratória, no sentido de se precisar a exata hermenêutica de ECONÔMICA AJUIZADO PELA EMPRESA. FALTA DE
INTERESSE DE AGIR. ILEGITIMIDADE ATIVA. EXTINÇÃO DO EQUIPARADO. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR. ANÁLISE
PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. ART. 485, VI, DO DE OFÍCIO. EXTINÇÃO DO PROCESSO, SEM RESOLUÇÃO DE
CPC/2015. A jurisprudência predominante nesta corte é de que a MÉRITO. O empregador não tem interesse processual, sob os
categoria patronal carece de interesse processual (necessidade e aspectos da necessidade e utilidade, para instaurar dissídio coletivo
utilidade) para ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, uma de natureza econômica em face do sindicato da categoria
vez que a categoria patronal, em tese, pode espontaneamente, profissional, uma vez que a categoria econômica pode, em tese,
conceder aos seus empregados quaisquer vantagens, prescindindo conceder espontaneamente quaisquer vantagens aos seus
da autorização judicial. Efetivamente, a legitimidade ativa para o empregados. Nesse sentido, a provocação do Poder Judiciário, pelo
ajuizamento da representação coletiva de caráter econômico é empregador, não é adequada para a fixação de novas condições de
restrita ao sindicato representante da categoria profissional, que trabalho e desnecessária para tal fim. Com efeito, o sindicato
atua na busca para obter melhores condições de trabalho em favor obreiro é o único legitimado para ajuizar o dissídio coletivo de
dos trabalhadores por ele representados. Precedentes da SDC. natureza econômica, como prerrogativa inerente a sua função de
Processo extinto, sem resolução do mérito, com base no art. 485, patrono dos interesses dos trabalhadores no plano da relação de
VI, do CPC de 2015. (RO-1000938-40.2016.5.02.0000, Relatora trabalho. ( ... ) Extinção, de ofício, do processo, nos termos do art.
Ministra Kátia Magalhães Arruda, DEJT de 22/9/2017) 267, VI e § 3°, do CPC." (RO-209-77.2014.5.10.0000, Relator
SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO - ARGUIÇÃO DE OFÍCIO - FALTA INSTAURADO PELO EMPREGADOR. EXTENSÃO DE ACORDO
DE INTERESSE DE AGIR DO EMPREGADOR. A jurisprudência COLETIVO DE TRABALHO. (...). . EXTINÇÃO DO PROCESSO. ( ...
desta Seção entende pela falta de interesse de agir do empregador ) V - Além disso, a jurisprudência desta Seção Normativa é firme no
para ajuizar Dissídio Coletivo de Natureza Econômica, já que dispõe sentido de que a empregadora carece de interesse de agir para
de meios extrajudiciais para conceder benefícios a seus suscitar o dissídio coletivo de natureza econômica, por não
empregados, o que enseja a extinção, de ofício, do processo sem necessitar de autorização da Justiça do Trabalho, nem de
resolução do mérito, com base no art. 485, VI, do CPC de 2015. negociação coletiva, para conceder, de modo espontâneo, aos seus
Extinção sem resolução do mérito do Dissídio Coletivo de Natureza empregados quaisquer vantagens, cabendo unicamente ao
Econômica ajuizado pela IMBEL. ( ... ) (DC-15202- sindicato da categoria profissional a legitimidade ativa para instaurar
36.2016.5.00.0000, Relatora Ministra Maria Cristina Irigoyen a instância com o propósito de obter melhores condições de
Peduzzi, SDC, DEJT de 4/7/2017) trabalho em favor dos interesses coletivos e individuais dos
RECURSO ORDINÁRIO. DISSÍDIO COLETIVO DE NATUREZA do art. 267, IV, do CPC." (DC-956-69.2015.5.00.0000, Relator
ECONÔMICA AJUIZADO POR EMPRESA. AUSÊNCIA DE Ministro Walmir Oliveira da Costa, SDC, DEJT de 15/5/2015)
EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. A No caso em tela, há a particularidade de as partes terem firmado a
jurisprudência desta Seção Especializada segue no sentido de que Convenção Coletiva de Trabalho, não chegando a um consenso
falta interesse de agir ao empregador para ajuizar dissídio coletivo apenas em relação à fixação da cláusula relativa à alteração da
de natureza econômica, na medida em que ele dispõe de meios jornada de trabalho, o que levou a Federação das Empresas a
extrajudiciais para conceder benefícios a seus empregados e em buscar a solução heterônoma do conflito. Nesse contexto, surge a
que a legitimidade para instaurar esse tipo de ação cabe somente controvérsia acerca do excepcional interesse de agir da Federação
aos entes sindicais profissionais (Precedentes). Processo extinto, suscitante, ante o pedido formulado nesta ação, consubstanciado,
sem resolução de mérito, com fundamento no art. 485, VI, do não na concessão de vantagem para a categoria profissional, mas
Dora Maria da Costa, DEJT de 18/8/2017) trabalhadores, por meio de um instrumento negocial autônomo e
"RECURSO ORDINÁRIO. DISSÍDIO COLETIVO DE NATUREZA cumprimento de uma jornada laboral mais reduzida.
ECONÔMICA INSTAURADO POR EMPRESA OU ENTE Ocorre que, a meu juízo, mesmo na hipótese vertente, não haveria
como reconhecer o interesse de agir da Federação suscitante no 'JORNADA DE TRABALHO: A carga horária dos profissionais
ajuizamento do dissídio coletivo de natureza econômica, abrangidos por esta Convenção é a determinada em lei, ou seja, 8
confirmando-se o entendimento jurisprudencial anteriormente (oito) horas diárias, com mínimo de 1 (uma) hora e máximo de 2
profissional apresentou contestação, pretendendo a fixação da PARÁGRAFO PRIMEIRO: A jornada de trabalho será controlada
mesma cláusula, em pedido totalmente conexo àquele formulado na por critério da empresa, através de registros manuais ou mecânicos
representação pela Federação suscitante, ainda que nos moldes admitidos pela legislação vigente.
pretendidos pelos trabalhadores. Assim, ainda que o suscitado não PARÁGRAFO SEGUNDO: É considerado como tempo efetivo de
tenha enquadrado processual e adequadamente a peça mediante a serviço, o período em que o motorista/cobrador apresentar-se na
qual apresentou sua reivindicação, em face do que dispõe o art. 343 garagem ou onde for determinado pela chefia do tráfego, bem como
do CPC de 2015, constata-se a existência da reconvenção, a qual o período que ficarem à disposição da empresa em qualquer lugar
2º do mencionado dispositivo legal processual, a ocorrência de PARÁGRAFO TERCEIRO: A empresa deverá estipular intervalos
causa extintiva que impeça o exame do mérito não obsta ao para refeição e descanso nos termos do art. 71 da CLT, os quais
prosseguimento do processo quanto à reconvenção. deverão ser devidamente anotados no controle de jornada.'
Desse modo, extingo, sem resolução de mérito, o dissídio coletivo PARÁGRAFO QUARTO: Poderá ocorrer mais de um intervalo para
ajuizado pela Federação das Empresas, por falta de interesse de repouso ou alimentação dentro da mesma jornada de trabalho,
agir, com fundamento no art. 485, VI, do CPC de 2015. desde que a soma desses intervalos não ultrapasse 02 (duas)
TRANSPORTES DE PASSAGEIROS NOS MUNICÍPIOS DE infenso as partes estipularem jornada de trabalho de forma corrida
Prejudicado o exame do recurso ordinário interposto pelo Sindicato as decisões desse Egrégio Regional todas as vezes que é
profissional suscitado, em face da extinção, sem resolução de questionada a validade da cláusula da norma anterior que previa a
mérito, do dissídio coletivo ajuizado pela FETRANORTE. redução de jornada e a prática dela de forma ininterrupta superior a
C) CONTESTAÇÃO ACOLHIDA COMO RECONVENÇÃO. ante a falta de previsibilidade legal para a continuidade da prática e
DISSÍDIO COLETIVO DE NATUREZA ECONÔMICA. diante da farta Jurisprudência que entende não mais ser possível o
NECESSIDADE DE INSTRUÇÃO E DE JULGAMENTO PELO estabelecimento dessa jornada através de acordos entre as partes
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO. convenentes, só resta a adoção da jornada legal, regrada nos arts.
Federação das Empresas se limitou a que a cláusula pertinente à Na contestação, o Sindicato profissional deduziu a mesma
4.1 DA PROPOSTA PATRONAL PARA CLÁUSULAS DE Assim, a proposta dos trabalhadores que a cláusula ora em dissídio
A redução de jornada, para a adoção de uma jornada corrida não é 'JORNADA DE TRABALHO: A jornada de trabalho dos motoristas,
mais possível através de acordo, deste modo, a proposta da classe cobradores, fiscais despachantes, intermediários e de linha e
patronal para a jornada de trabalho dos empregados, Motoristas, demais funções afins, ante a natureza do serviço e em virtude das
Cobradores, Fiscais, e demais integrantes da categoria, é a legal, condições especiais de trabalho a que são submetidos, será de 44
prevista no art. 58 da CLT e art. 7º XII da Constituição Federal, nos (quarenta e quatro) horas semanais e jornada diária de 7 (sete)
seguintes termos: horas e 20 (vinte) minutos, com intervalo de 01 (uma) hora para
descanso fracionados de acordo com a conveniência de cada De outro lado, a teor do que dispõe a OJ nº 15, também desta SDC,
empresa, garantido, na somatória desses intervalos fracionados, a comprovação da legitimidade ad processum da entidade sindical
não descontados da jornada acima mencionada, conforme se faz por seu registro no órgão competente do Ministério do
determinação contida no § 5º do art. 71 da CLT. (fl. 108) Trabalho, devendo ser anexado aos autos o referido documento.
Observa-se, portanto, que o pedido trazido na defesa mostra-se documentação, a princípio, ensejaria a extinção do processo, sem
totalmente conexo àquele formulado na representação pela resolução de mérito. Ocorre que o art. 317 do CPC de 2015 dispõe
Federação suscitante, ainda que nos moldes pretendidos pelos que, antes de proferir decisão sem resolução de mérito, o juiz
CPC de 1973), trouxe alterações principalmente quanto à forma de Cabe ressaltar que o Regional não analisou a contestação como
sua apresentação, dispondo no art. 343 - aplicável subsidiariamente reconvenção e, conquanto tenha analisado o mérito da pretensão
ao processo do trabalho, por força do art. 769 da CLT - que na nela trazida, não se manifestou, evidentemente, acerca do
contestação é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar cabimento da ação e da observância dos pressupostos necessários
Portanto, uma vez que o Sindicato profissional, além de contestar o instrução e julgamento, mostra-se inviável aplicar a teoria da causa
pedido da Federação das Empresas, manifestou-se no sentido de madura, de que trata o art. 1.013, § 3º, do CPC de 2015, e,
obter a fixação da jornada de trabalho em parâmetros diversos consequentemente, proceder-se ao julgamento do mérito da ação.
daqueles pretendidos pela suscitante, não há como negar a Desse modo, acolhida a contestação como reconvenção,
pretensão reconvencional da defesa apresentada. determino o retorno dos autos à Corte de origem para que analise
Há de se salientar que o § 2º do art. 343 do CPC de 2015 prevê que a reconvenção como entender de direito.
Assim, conquanto extinto o dissídio coletivo da Federação ACORDAM os Ministros da Seção Especializada em Dissídios
suscitante, prossegue-se no exame do pedido reconvencional, nos Coletivos do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade: a) de
moldes pretendidos pelo suscitado. ofício, extinguir o dissídio coletivo ajuizado pela Federação das
Ocorre que, uma vez reconhecida a existência da reconvenção, o Empresas de Transportes Rodoviários da Região Norte -
exame de todo o seu conteúdo deve passar pela verificação da FETRANORTE, sem resolução do mérito, com base no art. 485, VI,
observância dos requisitos que possam viabilizar o seu do CPC/2015, por falta de interesse de agir da suscitante; b) julgar
conhecimento. No caso em tela, o Sindicato profissional deve prejudicado o exame do recurso ordinário interposto pelo Sindicato
comprovar que está legitimado a propor a reconvenção e que a profissional suscitado; e c) acolher a contestação como
reivindicação, da forma como postulada, decorreu efetivamente da reconvenção e determinar o retorno dos autos à Corte de origem
real vontade da categoria representada. Em suma, a reconvenção para que analise a reconvenção como entender de direito.
deve se mostrar devidamente instruída, com a observância dos Brasília, 14 de maio de 2018.
demonstrar que a condição pretendida foi objeto de deliberação e Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)
moldes previstos no art. 859 da CLT. Mostra-se, pois, necessária a Ministra Relatora
Intimado(s)/Citado(s): excederá de oito horas diárias, desde que não seja fixado
- HORIZONTE LOGISTICA LTDA expressamente outro limite . O art. 59 da CLT, ao permitir que a
- MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO DA 8ª REGIÃO duração normal do trabalho seja acrescida de horas suplementares,
- SINDICATO DOS TRABALHADORES EM TRANSPORTES
RODOVIARIOS DAS EMPRESAS DO COMERCIO, INDUSTRIA, em número não excedente de duas, limita a jornada de trabalho a
CONSTRUCAO CIVIL, LOCACAO DE VEICULOS E DE
PRESTACAO DE SERVICOS DO MUNICIPIO DE BELEM dez horas diárias. Esse regramento tem o objetivo de evitar
Registra-se que alínea "b" do § 6º prevê o prazo de 10 dias para Décima Sétima e Vigésima Quarta, do Acordo Coletivo de Trabalho,
pagamento das verbas rescisórias apenas em situações com vigência para o período 2016/2017. Além da medida liminar,
específicas, quais sejam: quando há ausência do aviso prévio, de requereu a declaração de nulidade das referidas cláusulas firmadas
indenização deste ou dispensa de seu cumprimento. Ademais, o entre o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários
referido dispositivo dispõe que esse prazo será contado a partir da das Empresas do Comércio, Indústria, Construção Civil, Locação de
data da notificação da demissão. Observa-se que a cláusula em Veículos e de Prestação de Serviços do Município de Belém e a
discussão viola o disposto no art. 477, § 6º, da CLT, visto que o empresa Horizonte Logistica Ltda.
instrumento normativo acordado possibilita a extensão do prazo O pedido da medida liminar foi deferido em parte pela Exma.
legal para o pagamento das parcelas rescisórias, indo além do que Desembargadora Suzy Elisabeth Cavalcante Koury, conforme fls.
DESCONTOS SALARIAIS DECORRENTES DE ASSALTO. Os Horizonte Logistica Ltda. interpôs agravo regimental, no qual se
descontos imputados na cláusula, decorrentes dos prejuízos impugnou a decisão que deferiu em parte a suspensão imediata das
advindos de assaltos, que tenham decorrido de culpa, dolo ou cláusulas atacadas pelo Ministério Público do Trabalho.
desídia no exercício da função, extrapolam as disposições previstas O Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região negou provimento ao
no art. 462, caput e § 1º, da CLT. O interesse coletivo das partes, a agravo regimental, e manteve a decisão que deferiu, em parte, a
ser prestigiado por meio do reconhecimento dos instrumentos medida liminar requerida pelo MPT, conforme consta no acórdão de
Federal, encontra limite no respeito aos direitos trabalhistas No julgamento da ação anulatória, o Tribunal Regional do Trabalho
previstos em normas de observação coercitiva. Nessa linha, não da 8ª Região julgou parcialmente procedente os pedidos,
cabe à vontade das partes dispor livremente sobre aspectos que declarando a nulidade das Cláusulas Vigésima Quarta e Décima
contem com disciplina legal específica, como no caso do salário. Sétima. Ademais, cassou os efeitos da medida liminar
Desse modo, impõe-se a declaração de invalidade da referida anteriormente deferida, exceto quanto às cláusulas cujas nulidades
cláusula normativa impugnada, uma vez que resulta da negociação foram confirmadas (décima sétima e vigésima quarta), nos termos
de direito constante em norma cogente de ordem pública. Recurso do acórdão de fls. 265/273.
ordinário a que se dá provimento. DESVIO DE O Ministério Público do Trabalho da 8ª Região interpôs recurso
FUNÇÃO/TREINAMENTO. A Súmula nº 159 do TST garante ao ordinário contra a decisão do Tribunal Regional (fls. 305/321), que
trabalhador substituto o pagamento do mesmo salário contratual do foi admitido pelo despacho de fl. 324.
substituído, enquanto durar a substituição não eventual. No caso, é Contrarrazões apresentadas pela empresa Horizonte Logistica
inválida a cláusula que afasta o direito de o trabalhador substituto, Ltda., a fls. 350/368. Não foram apresentadas contrarrazões pelo
não eventual, perceber salário igual ao do empregado substituído. Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários das
Precedentes. Recurso ordinário a que se dá provimento. Empresas do Comércio, Indústria, Construção Civil, Locação de
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso Ordinário n° conforme certidão à fl. 369.
Conheço.
Cláusulas Quinta (parágrafos terceiro e quinto), Décima Terceira O Ministério Público do Trabalho da 8ª Região ajuizou ação
(parágrafo terceiro), Décima Quarta (quanto ao contrato de anulatória perante o TRT da 8ª Região visando a nulidade das
experiência, prazo, descontos - alínea c e desvio de função), Cláusulas Quinta (parágrafos terceiro e quinto), Décima Terceira
(parágrafo terceiro), Décima Quarta (quanto ao contrato de antidiscriminatórios, a liberdade de trabalho etc. Enquanto tal
experiência, prazo, descontos - alínea c e desvio de função), patamar civilizatório mínimo deveria ser preservado pela legislação
Décima Sétima e Vigésima Quarta, do Acordo Coletivo de Trabalho, heterônoma, os direitos que o excedem sujeitar-se-iam à
com vigência para o período 2016/2017, firmado entre o Sindicato negociação coletiva, que, justamente por isso, constituiria um
dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários das Empresas do valioso mecanismo de adequação das normas trabalhistas aos
Comércio, Indústria, Construção Civil, Locação de Veículos e de diferentes setores da economia e a diferenciadas conjunturas
Horizonte Logistica Ltda. Conforme razões acima, o Supremo Tribunal definiu as parcelas
O TRT da 8ª Região julgou parcialmente procedente à ação que reputa de indisponibilidade absoluta, ou seja, que não podem
anulatória, declarando a nulidade das Cláusulas Vigésima Quarta e ser negociados, quais sejam: anotação da CTPS, o salário mínimo,
Décima Sétima do Acordo Coletivo de Trabalho 2016/2017. o repouso semanal remunerado, as normas de saúde e segurança
O Ministério Público do Trabalho da 8ª Região interpôs recurso do trabalho, dispositivos antidiscriminatórios, a liberdade de trabalho
ordinário contra a decisão do Tribunal Regional, arguindo a nulidade etc. E entre elas não se encontra a negociação quanto ao vale
das Cláusulas Quinta (parágrafos terceiro e quinto), Décima alimentação nos dias em que não houve trabalho ou em que não
Terceira (parágrafo terceiro), Décima Quarta (contrato de houve o gozo do intervalo para alimentação.
2.1. CLÁUSULA QUINTA - ALIMENTAÇÃO realização de descontos sobre os valores pagos a título de vale
Cláusula Quinta, pelos seguintes fundamentos: Alega que a pessoa jurídica beneficiária do PAT - Programa de
Afirma o autor serem nulas as previsões contidas nos parágrafos Alimentação do Trabalhador não pode reduzir o vale alimentação
beneficiária do PAT reduzir o vale-alimentação em razão aos dias Diz que essa redução desvirtua a finalidade do vale alimentação,
em o trabalhador faltar, principalmente em dia de falta justificada, haja vista que o benefício não pode ser utilizado como uma forma
como forma de punição. Salienta que o parágrafo quinto da referida cláusula penaliza
O Parágrafo Quinto porque penaliza duplamente o trabalhador, visto duplamente o trabalhador, que, além de não gozar do intervalo
que além de não ter gozado de hora de intervalo intrajornada, ainda intrajornada, será descontado do seu salário o valor do vale
Ora, no julgamento proferido nos autos do Recurso Extraordinário Assevera que o vale alimentação é verba de indisponibilidade
590.415, em 30.04.2015, o Supremo Tribunal Federal apresentou absoluta, por se tratar do sustento do trabalhador e de sua família.
como fundamento, para validar os termos da negociação coletiva Postula a reforma da decisão, para que sejam declarados nulos os
entabulada entre os entes coletivos, as seguintes razões: parágrafos terceiro e quinto da cláusula em comento, por considerar
"25. Por fim, de acordo com o princípio da adequação setorial indevida a redução do vale alimentação em razão das faltas do
negociada, as regras autônomas juscoletivas podem prevalecer trabalhador ou em razão do não usufruto do intervalo intrajornada.
sobre o padrão geral heterônomo, mesmo que sejam restritivas dos Analiso:
direitos dos trabalhadores, desde que não transacionem Eis a cláusula impugnada:
Embora, o critério definidor de quais sejam as parcelas de A Empresa, inscrita no PAT PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO
indisponibilidade absoluta seja vago, afirma-se que estão protegidos TRABALHADOR, de que trata a Lei 6.321/76 e Decreto 05/91,
contra a negociação in pejus os direitos que correspondam a um fornecerá quinzenalmente à todos os seus empregados, de todas às
"patamar civilizatório mínimo", como a anotação da CTPS, o áreas, Vale Alimentação, sem natureza salarial, em número
pagamento do salário mínimo, o repouso semanal remunerado, as equivalente ao número de dias úteis da quinzena a ser trabalhada,
normas de saúde e segurança do trabalho, dispositivos no valor diário de R$ 11,24 (onze reais e vinte e quatro centavos),
ficando facultada a Empresa o seu pagamento em espécie. suprimir o benefício do Programa a título de punição ao trabalhador,
Parágrafo Terceiro: Fica estabelecido que o empregado que por utilizá-lo como premiação. Disciplina, ainda, em seu inciso III, que é
ventura tiver faltas, justificadas ou não, no decorrer do mês, terá vedado à empresa beneficiária utilizar o Programa em qualquer
descontado na quinzena ou mês seguinte o Vale Alimentação condição que desvirtue sua finalidade, qual seja, assegurar a saúde
correspondente ao dia da falta. e prevenir as doenças profissionais daqueles que estão em efetiva
[...] atividade.
Parágrafo Quinto: Em casos que o empregado venha a pleitear na Infere-se que as condições da cláusula impugnada desvirtuam, de
Justiça do Trabalho o pagamento de Horas Extras, sob a alegação fato, a finalidade do programa. A redução do vale alimentação em
de que o mesmo não cumpria o intervalo fixado nesta cláusula, o razão de faltas ou em razão de reclamação pelo não usufruto do
mesmo deverá devolver à Empresa o valor correspondente ao Vale intervalo intrajornada revela o caráter punitivo da cláusula, conforme
Alimentação que lhe foi entregue, correspondente ao dia em que se depreende da leitura dos seus parágrafos terceiro e quinto.
alega o não cumprimento do intervalo para refeição e descanso". A finalidade do PAT, conforme já demonstrado, é melhorar a
O Programa de Alimentação do Trabalhador - PAT, instituído pela saúde e preveni-lo das doenças profissionais.
Lei nº 6.321/76, é um programa que trata da dedução de imposto Assim, as restrições impostas nos parágrafos terceiro e quinto da
sobre a renda das pessoas jurídicas que dele participem. Esse cláusula em comento não guardam nenhuma pertinência com a
programa tem por objetivo a melhoria da situação nutricional dos saúde do trabalhador, desvirtuando, visivelmente, o propósito do
profissionais, conforme disciplina o art. 1º da Portaria da Secretaria Pelo exposto, dou provimento ao recurso ordinário, para declarar a
de Inspeção do Trabalho nº 3 de 1º/3/2002: nulidade dos parágrafos terceiro e quinto da CLÁUSULA QUINTA -
"Art. 1.º O Programa de Alimentação do Trabalhador - PAT, ALIMENTAÇÃO do acordo coletivo de trabalho 2016/2017.
instituído pela Lei n.º 6.321, de 14 de abril de 1976, tem por objetivo
a melhoria da situação nutricional dos trabalhadores, visando a 2.2. CLÁUSULA DÉCIMA TERCEIRA - DA JORNADA DE
promover sua saúde e prevenir as doenças profissionais." TRABALHO E PAGAMENTO DE HORAS EXTRAS
O empregador adere ao PAT porque há nele incentivo fiscal. Além Décima Terceira, pelos seguintes fundamentos:
disso, há também a participação do empregado, que contribui para Afirma o autor ser nula a previsão contida no dispositivo acima por
a concessão do benefício, limitada a 20% (vinte por cento) do custo ferir a Constituição Federal em seu artigo 7º, inciso XIII, da CF/88,
direto da refeição, tudo isso na forma da Lei nº 6.321/76 e do que estipula a verificação de jornada diária e semanal máximas.
Decreto nº 5 de 14 de janeiro de 1991. Sem razão, pelos mesmos fundamentos acima expostos, uma vez
Para atender a finalidade disposta no art. 1º da Lei nº 6.321/76 e no que o Supremo Tribunal definiu as parcelas que reputa de
§ 4º do art. 1º do Decreto nº 5/91, foi redigida a Portaria Secretaria indisponibilidade absoluta, ou seja, que não podem ser negociados,
de Inspeção do Trabalho/Departamento de Segurança e Saúde no quais sejam: anotação da CTPS, o salário mínimo, o repouso
Trabalho nº 3, de 1º/3/2002, na qual disciplina a execução do semanal remunerado, as normas de saúde e segurança do trabalho,
Programa Alimentação do Trabalhador - PAT, cujo art. 6.º dispõe dispositivos antidiscriminatórios, a liberdade de trabalho etc. E entre
II - utilizar o Programa, sob qualquer forma, como premiação; blocos, levando em consideração a jornada mensal, conforme
III - utilizar o Programa em qualquer condição que desvirtue sua disciplina o parágrafo terceiro da referida cláusula, viola o art. 7º,
Desse modo, nos termos do art. 6º da supracitada Portaria, é dizem respeito ao próprio direito fundamental à saúde e à
vedado à empresa beneficiária do PAT suspender, reduzir ou segurança no trabalho, pelo que é direito indisponível.
Salienta que a regra prevista no art. 7º, XIII, da CF/88 impossibilita a aspectos que contem com disciplina legal específica em norma
entidades sindicais dispor acerca das normas que asseguram Assim nos ensina o eminente Min. Mauricio Godinho Delgado, no
condições mínimas de saúde aos trabalhadores. seu Curso de Direto do Trabalho, 15ª Ed., São Paulo: LTr, 2016, p.
inciso XIII do art. 7º da CRFB/88. "As normas jurídicas estatais que regem a estrutura e dinâmica
Defende que tal pretensão é inválida visto que mais uma vez da jornada e duração do trabalho são, de maneira geral, no Direito
macula os direitos trabalhistas, violando norma de saúde, higiene e brasileiro, normas imperativas. O caráter de obrigatoriedade que
Postula a reforma da decisão, para que seja declarado nulo o enfaticamente, neste campo juslaboral.
parágrafo terceiro da cláusula décima terceira. Em consequência dessa afirmação, todos os princípios e regras
Eis a cláusula impugnada: soberanamente, nesta seara. Por essa razão, a renúncia, pelo
"CLAUSULA DÉCIMA TERCEIRA: DA JORNADA DE TRABALHO E trabalhador, no âmbito da relação de emprego, a alguma vantagem
condições dispostas nos parágrafos seguintes: Nesse contexto, a flexibilização da jornada inscrita no art. 7º, XIII,
características citadas no preâmbulo (objetivo) deste acordo e com Assim, a validade da norma coletiva que prevê a apuração das
fundamento no art. 7º. inciso XIII e XXVI, da C.F./88, as horas horas extras em bloco, pelo critério mensal, não tem respaldo legal.
extras serão apuradas em bloco, considerando a jornada realizada Ademais, viola os arts. 7º, XIII e XXII, da CF/88, 58 e 59 da CLT.
durante o mês, sendo consideradas como extras aquelas que Pelo exposto, dou provimento ao recurso ordinário, para declarar a
excederem à soma das horas ordinárias da jornada mensal. nulidade do Parágrafo Terceiro da Cláusula Décima Terceira.
A Constituição Federal, no seu art. 7º, inciso, XIII, assegura a 2.3. CLÁUSULA DÉCIMA QUARTA - DOS CONTRATOS
duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e INDIVIDUAIS DE TRABALHO
e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de O TRT declarou válida a norma relacionada ao contrato de
trabalho . Por sua vez, a CLT, no seu art. 58, ao disciplinar a experiência da Cláusula Décima Quarta, pelos seguintes
para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá Afirma o autor ser nula no que se refere ao contrato de
de oito horas diárias, desde que não seja fixado expressamente experiência, pois permite a contratação por meio de contrato de
O art. 59 da CLT, ao permitir que a duração normal do trabalho seja empresa, desde que por prazo inferior a um ano.
duas, limita a jornada de trabalho a dez horas diárias. Esse Sem razão, pelos mesmos fundamentos acima expostos, uma vez
regramento tem o objetivo de evitar jornadas exaustivas, que o Supremo Tribunal definiu as parcelas que reputa de
extenuantes, que conspiram contra a saúde e a segurança do indisponibilidade absoluta, ou seja, que não podem ser negociados,
Dessa forma, o interesse coletivo das partes, a ser prestigiado por semanal remunerado, as normas de saúde e segurança do trabalho,
meio do reconhecimento dos instrumentos coletivos, consoante dispositivos antidiscriminatórios, a liberdade de trabalho etc. E entre
garantido no art. 7º, XXVI, da Constituição Federal, encontra limite elas não se encontra a negociação quanto ao regramento do
no respeito aos direitos trabalhistas previstos em normas cogentes. contrato de experiência, prazo para quitação de verbas, previsão de
Nessa linha, não cabe à vontade das partes dispor livremente sobre descontos no salário e remuneração para período de treinamento.
O recorrente alega que a cláusula possibilita contratações de Assis Calsing, Seção Especializada em Dissídios Coletivos,Data
Postula a nulidade da referida cláusula, ante a violação do instituto POR MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. CLÁUSULA X -
"CLÁUSULA DÉCIMA QUARTA - DOS CONTRATOS INDIVIDUAIS trabalho, mesmo em período anterior inferior a um ano, por óbvio
DE TRABALHO. Na vigência do presente Acordo Coletivo, os que se torna desnecessária uma nova experimentação do
contratos individuais de trabalho obedecerão as seguintes normas, trabalhador, para exercer as mesmas funções anteriormente
CONTRATO DE EXPERIÊNCIA: Fica vedado o contrato de perfil profissional e social já é conhecido pelo empregador. No caso
experiência aos empregados que já tenham trabalhado em tela, a cláusula X - CONTRATO DE EXPERIÊNCIA, constante
anteriormente na mesma Empresa e na mesma função, por um da CCT 2013/2014, ao vedar a celebração de novo contrato de
prazo superior a 01 (um) ano. experiência apenas aos empregados que já laboraram na empresa,
Esta Corte, em outras oportunidades, apreciou questão idêntica e fizeram, por período inferior, sejam recontratados, para exercerem a
prevaleceu o entendimento de que a redação da cláusula ora mesma função, por meio de sucessivos contratos de experiência, o
impugnada - que proíbe a celebração de novo contrato de que não se justifica, uma vez que a prestação de serviços anterior já
experiência apenas em relação aos empregados que já trabalharam cumpriu a sua finalidade. Dá-se, pois, provimento ao recurso para
na empresa por período superior a um ano - permite a interpretação declarar a nulidade da referida cláusula. (AIRO-RO - 10038-
de que o empregador estaria autorizado a recontratar para 73.2013.5.08.0000, Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Seção
exercerem a mesma função, por intermédio de sucessivos contratos Especializada em Dissídios Coletivos, Data de Publicação: DEJT
Essa situação não se justifica, porquanto, se o empregado já Também na mesma linha de entendimento os julgados: RO - 10028-
cumpriu integralmente um contrato de trabalho, ainda que por 29.2013.5.08.0000 Data de Julgamento: 09/03/2015, Relatora
período inferior a um ano, evidentemente, não há necessidade e Ministra: Maria de Assis Calsing, Seção Especializada em Dissídios
tampouco finalidade para uma nova experimentação do trabalhador Coletivos, Data de Publicação: DEJT 13/03/2015. RO-8726-
no exercício da mesma função na mesma empresa, na medida em 44.2011.5.04.0000, Data de Julgamento: 13/10/2014, Relª Minª
que o seu perfil profissional e social já é conhecido pelo Dora Maria da Costa, DEJT 17/10/2014 e RO-12530-
empregador. Ou seja, injustificável o novo contrato de experiência. 54.2010.5.04.0000, Data de Julgamento: 12/08/2013, Rel. Min.
Nesse sentido, cito os seguintes julgados: Mauricio Godinho Delgado, DEJT de 16/8/2013.
RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELO SINDICATO Pelo exposto, dou provimento ao recurso ordinário, para declarar a
EXPERIÊNCIA.É inválida cláusula que proíbe a adoção de Décima Quarta do Acordo Coletivo de Trabalho.
laborado na mesma empresa e na mesma função por prazo igual ou 2.3.2. PRAZO PARA QUITAÇÃO DAS VERBAS RESCISÓRIAS
superior a um ano, ainda que a sua execução se dê pelo período de O TRT declarou válida a norma relacionada ao prazo para quitação
60 dias.Segundo o entendimento prevalecente no âmbito da SDC, das verbas rescisórias da Cláusula Décima Quarta, pelos seguintes
experiência quando o exercício anterior tenha ocorrido em período Afirma que o prazo para quitação de verbas rescisórias previsto
inferior a um ano, o que contraria a finalidade dessa espécie de na referida norma viola o artigo 477, §6º da CLT (...).
Sem razão, pelos mesmos fundamentos acima expostos, uma vez Registra-se que alínea "b" do § 6º prevê o prazo de 10 dias para
que o Supremo Tribunal definiu as parcelas que reputa de pagamento das verbas rescisórias apenas em situações
indisponibilidade absoluta, ou seja, que não podem ser negociados, específicas, quais sejam: quando há ausência do aviso prévio, de
quais sejam: anotação da CTPS, o salário mínimo, o repouso indenização deste ou dispensa de seu cumprimento. Ademais, o
semanal remunerado, as normas de saúde e segurança do trabalho, referido dispositivo dispõe que esse prazo será contado a partir da
elas não se encontra a negociação quanto ao regramento do Desse modo, observa-se que a cláusula em discussão viola o
contrato de experiência, prazo para quitação de verbas, previsão de disposto no art. 477, § 6º, da CLT, visto que o instrumento
descontos no salário e remuneração para período de treinamento. normativo acordado possibilita a extensão do prazo legal para o
Diz que a quitação das verbas rescisórias deve ser realizada até o reconhecimento dos instrumentos coletivos, consoante garantido no
primeiro dia útil após o término do contrato, não podendo tal prazo art. 7º, XXVI, da Constituição Federal, encontra limite no respeito
ser alterado por meio de negociação coletiva. aos direitos trabalhistas previstos em normas cogentes. Nessa
Postula a nulidade da referida norma. linha, não cabe à vontade das partes dispor livremente sobre
Eis a cláusula impugnada: cogente, como no caso do prazo para quitação das verbas
individuais de trabalho deverão ser feita em 10 (dez) dias, contados 2.3.3. DESCONTOS SALARIAIS DECORRENTES DE ASSALTO
após o término do contrato. O TRT declarou válida a norma relacionada aos descontos da
Assim dispõe o art. 477 da CLT, antes da alteração conduzida pela Afirma que (...) e que a previsão de descontos no salário do
Lei nº 13.467/2017, no que interessa: empregado em caso de assalto viola o disposto no artigo 462, §1º
"Art. 477 - É assegurado a todo empregado, não existindo prazo da CLT, artigo 2º, da CLT, bem como contraria o princípio da
haja ele dado motivo para cessação das relações de trabalho, o Sem razão, pelos mesmos fundamentos acima expostos, uma vez
direto de haver do empregador uma indenização, paga na base da que o Supremo Tribunal definiu as parcelas que reputa de
maior remuneração que tenha percebido na mesma empresa. indisponibilidade absoluta, ou seja, que não podem ser negociados,
§ 6º - O pagamento das parcelas constantes do instrumento de semanal remunerado, as normas de saúde e segurança do trabalho,
rescisão ou recibo de quitação deverá ser efetuado nos seguintes dispositivos antidiscriminatórios, a liberdade de trabalho etc. E entre
prazos: (Incluído pela Lei n.º 7.855, de 24.10.1989) elas não se encontra a negociação quanto ao regramento do
a) até o primeiro dia útil imediato ao término do contrato; ou contrato de experiência, prazo para quitação de verbas, previsão de
b) até o décimo dia, contado da data da notificação da demissão, descontos no salário e remuneração para período de treinamento.
dispensa de seu cumprimento. O recorrente alega que os descontos nos salários dos trabalhadores
da rescisão contratual deverá ser efetuado até o primeiro dia útil Argumenta que o salário dos trabalhadores deve ser resguardado
Assevera que se não for demonstrado o dolo, não pode incidir Desse modo, sem prejuízo à garantia do art. 7º, XXVI, da
Salienta que os empregados não podem ser responsabilizados em referida cláusula normativa impugnada, uma vez que resulta da
casos de assalto, por se tratar de caso fortuito ou força maior. negociação de direito constante em norma cogente de ordem
CLT, imputa ao empregador os riscos do empreendimento, sendo Pelo exposto, dou provimento ao recurso ordinário, para declarar a
vedada a transferência de prejuízo aos empregados, ainda que a nulidade da alínea c (ASSALTOS) do item DESCONTOS da
empresa experimente, de fato, reais perdas. Cláusula Décima Quarta do Acordo Coletivo de Trabalho.
DESCONTOS: além dos descontos obrigatórios e os demais que se pratique salários diferentes para funcionários em igual
autorizados pelos Empregados, os a seguir passam a ter a seguinte exercício da profissão, em violação ao princípio da isonomia
(...) Sem razão, pelos mesmos fundamentos acima expostos, uma vez
c) ASSALTOS: poderão ser imputados ao empregado somente os que o Supremo Tribunal definiu as parcelas que reputa de
prejuízos que tenham decorrido de culpa, dolo ou desídia no indisponibilidade absoluta, ou seja, que não podem ser negociados,
exercício de suas funções; quais sejam: anotação da CTPS, o salário mínimo, o repouso
O interesse coletivo das partes, a ser prestigiado por meio do dispositivos antidiscriminatórios, a liberdade de trabalho etc. E entre
reconhecimento dos instrumentos coletivos, consoante garantido no elas não se encontra a negociação quanto ao regramento do
art. 7º, XXVI, da Constituição Federal, encontra limite no respeito contrato de experiência, prazo para quitação de verbas, previsão de
aos direitos trabalhistas previstos em normas cogentes. Nessa descontos no salário e remuneração para período de treinamento.
aspectos que contem com disciplina legal específica em norma O recorrente alega que a referida cláusula afronta direitos mínimos
cogente, como no caso do salário. dos trabalhadores, ao estabelecer salários diferentes para
O inciso X do art. 7º da Constituição Federal assegura a " proteção funcionários que exercem a mesma profissão.
do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa ". Diz que a norma viola o princípio da isonomia previsto no art. 5º da
Por sua vez, o art. 462, caput , da CLT, ao disciplinar a Constituição Federal.
intangibilidade do salário, estipula como regra a vedação de Postula a declaração de nulidade da cláusula.
O § 1º do artigo citado traz a previsão de desconto no salário em CLÁUSULA DÉCIMA QUARTA - DOS CONTRATOS INDIVIDUAIS
virtude de dano causado pelo empregado, mas desde que essa DE TRABALHO
Os descontos imputados na referida cláusula normativa, função, para substituição temporária por um período máximo de 30
decorrentes dos prejuízos advindos de assaltos, que tenham dias. Em caso de treinamento para promoção do empregado, este
decorrido de culpa, dolo ou desídia no exercício da função, prazo poderá ser dilatado por até 90 (noventa) dias, não
extrapolam as disposições previstas no art. 462, caput e § 1º, da significando em ambas as situações aumento de salário durante os
CLT. Esse instrumento normativo afronta a garantia da períodos em questão. Será admitido que os ajudantes, devidamente
habilitados, poderão conduzir veículos internamente, como exercício afastamentos para o empregado gozar férias, para fruir de
de prática, para futuro aproveitamento. benefícios por incapacidade, para participar de curso ou programa
igual valor prestado ao mesmo empregador na mesma localidade. Por outro lado, deve-se anotar que a jurisprudência dominante
De acordo com o art. 450 do diploma legal, "ao empregado entende que "substituição de caráter meramente eventual" é aquela
chamado a ocupar, em comissão, interinamente, ou em substituição correspondente a poucos dias de afastamento, incapaz, portanto,
eventual ou temporária, cargo diverso do que exercer na empresa, de impor a reorganização da atividade produtiva mediante a
serão garantidas a contagem do tempo naquele serviço, bem como inserção de trabalhadores efetivamente substitutos, inclusive no que
Nesse contexto, esta Corte formulou a Súmula nº 159, que garante situação os afastamentos para um empregado ir ao médico, para
ao trabalhador substituto o pagamento do mesmo salário contratual realizar alistamento eleitoral, para fazer doação de sangue, entre
do substituído, enquanto durar a substituição não eventual: outras hipóteses similares em extensão temporal."
SÚMULA Nº 159 - SUBSTITUIÇÃO DE CARÁTER NÃO (Curso de Direito do Trabalho: Relações Individuais, Sindicais e
EVENTUAL E VACÂNCIA DO CARGO Coletivas do Trabalho. 3ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2012, pág.
fará jus ao salário contratual do substituído. (ex-Súmula nº 159 - O Exmo. Ministro Mauricio Godinho Delgado, no seu Curso de
alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003) Direito do Trabalho, explica que a substituição meramente eventual
II - Vago o cargo em definitivo, o empregado que passa a ocupá-lo é aquela que ocorre por poucos dias:
não tem direito a salário igual ao do antecessor. (ex-OJ nº 112 da "Pelo tipo legal de substituição meramente eventual deve se
SBDI-1 - inserida em 01.10.1997) compreender aquela que se concretiza por curtíssimo período,
Para melhor compreensão do que seria a substituição meramente necessária para propiciar efeitos salariais diferenciados em
eventual, faço uso das lições de Luciano Martinez: benefício do trabalhador. A substituição de um chefe por um ou
"(...) a súmula não identifica o que seria uma "substituição não alguns poucos dias configura, nitidamente, esse tipo legal
eventual", tampouco revela os limites temporais relativos a essa específico." (Curso de Direito do Trabalho, 15. ed., São Paulo: LTr,
que não tenha caráter meramente eventual" parece querer indicar Sob essa perspectiva, e levando em consideração o item I da
um período razoavelmente extenso e, por isso, capaz de arremeter Súmula nº 159 do TST, é inválida a cláusula que estabelece
responsabilidades funcionais para o substituto. Que seria, limitação temporal de 30 (trinta) dias para a igualdade salarial do
entretanto, um período razoavelmente extenso? A indicação das substituto. Este é o entendimento desta SDC:
férias como exemplo de substituição que não tem caráter AÇÃO ANULATÓRIA. RECURSO ORDINÁRIO. CLÁUSULA SEXTA
meramente eventual produz o falso entendimento de que somente - SALÁRIO DO SUBSTITUTO. A Súmula nº 159 do TST garante ao
afastamentos iguais ou superiores a trinta dias ingressariam nessa trabalhador substituto o pagamento do mesmo salário contratual do
hipótese. Diz-se falso esse entendimento porque há períodos de substituído, enquanto durar a substituição não eventual. Desse
férias com dimensões inferiores a trinta dias (vide os arts. 130 e 130 modo, é inválida a cláusula que estabelece limitação temporal de 30
- A da CLT), sendo inconsistente, portanto, a relação normalmente (trinta) dias para a igualdade salarial do substituto. Precedente.
empreendida. Diante disso, é provável que a intenção da expressão Recurso ordinário a que se nega provimento. (RO-47-
"substituição que não tenha caráter meramente eventual" diga 68.2016.5.08.0000,Relatora Ministra:Kátia Magalhães Arruda,
respeito apenas à plena assunção de responsabilidades funcionais Seção Especializada em Dissídios Coletivos,Data de Publicação:
independentemente do tempo de duração desses eventos, os RECURSO ORDINÁRIO EM AÇÃO ANULATÓRIA. MINISTÉRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO DA 8ª REGIÃO e são 1. ITEM 16.2 DA CLÁUSULA 16 - DOS CONTRATOS
SINDICATO DAS EMPRESAS DE LOGÍSTICA E TRANSPORTES O Regional declarou a validade do item impugnado, expondo os
O Ministério Público do Trabalho, por intermédio da Procuradoria CLÁUSULA 16ª - DOS CONTRATOS INDIVIDUAIS DE TRABALHO
Regional do Trabalho da 8ª Região, ajuizou ação anulatória contra o - 'Na vigência da presente Convenção Coletiva de Trabalho, os
Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Transportes e contratos individuais obedecerão às seguintes normas, no tocante:
Derivados de Petróleo e G.L.P. Gás Natural, Etanol, Biodisel, e 16.2. CENTRAL DE CADASTRAMENTO - No caso de contratação
Mudanças do Estado do Pará - SINTRACARPA e o Sindicato das de empregados através do sistema de redução de jornada de
Empresas de Logística e Transportes de Cargas no Estado do Pará. trabalho com a respectiva redução proporcional do salário, as
Sustentou que o item 16.2 da cláusula 16 - DOS CONTRATOS empresas, observados os seus critérios particulares de admissão de
INDIVIDUAIS DE TRABALHO, constante da Convenção Coletiva de mão de obra, selecionarão os mesmos através do recrutamento por
Trabalho 2016/2017, ao impor que o recrutamento de mão de obra escrito ao Sindicato Profissional, que se compromete no prazo de
seja feito pelo Sindicato profissional, implica na contratação 90 (Noventa) dias a criar uma central de cadastramento de mão de
preferencial de trabalhadores sindicalizados, violando o art. 8º, V, da obra, que ficará à disposição das empresas para recrutamento e
Jurisprudencial nº 20 da SDC deste Tribunal. Pugnou pela Assevera o autor que referida cláusula, ao dar poder ao Sindicato
declaração de nulidade do referido dispositivo e pela condenação para criar a central de cadastramento, por óbvio permitirá que só
dos réus de afixarem, em locais de acesso a toda a categoria dos cadastre trabalhadores associados ao sindicato profissional ou,
trabalhadores, cópias da decisão proferida (fls. 4/6). caso não sejam, exigirá sua associação. Assim, o recrutamento de
O Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, por meio do acórdão mão de obra por meio do Sindicato levará, inexoravelmente, à
O Ministério Público do Trabalho interpõe recurso ordinário, às fls. representando afronta ao art. 8º, V, da CF, que consubstancia a
82/85, requerendo a reforma da decisão. liberdade de filiação. Ressalta a existência da OJ 20, da SDC, do
Admitido o recurso (fl. 87), foram apresentadas contrarrazões, às colendo TST e busca a nulidade da referida cláusula.
Desnecessária a remessa dos autos ao Ministério Público do No julgamento proferido nos autos do Recurso Extraordinário
Trabalho, por ser o autor da ação. 590.415, em 30.04.2015, o Supremo Tribunal Federal apresentou
I - CONHECIMENTO sobre o padrão geral heterônomo, mesmo que sejam restritivas dos
O recurso é tempestivo, tem representação regular (Súmula nº 436 setorialmente parcelas justrabalhistas de indisponibilidade absoluta.
do TST), estando isento do recolhimento das custas processuais, Embora, o critério definidor de quais sejam as parcelas de
razões pelas quais dele conheço. indisponibilidade absoluta seja vago, afirma-se que estão protegidos
contra a negociação in pejus os direitos que correspondam a um trabalhadores através do sistema de redução de jornada de trabalho
"patamar civilizatório mínimo", como a anotação da CTPS, o com a respectiva redução proporcional ao salário.
pagamento do salário mínimo, o repouso semanal remunerado, as Ademais, conforme alegado na contestação apresentada pelo
normas de saúde e segurança do trabalho, dispositivos Sindicato réu (Id. 56fc66a), a cláusula em exame não restringe o
antidiscriminatórios, a liberdade de trabalho, etc. Enquanto tal acesso à central de cadastramento de mão de obra aos
patamar civilizatório mínimo deveria ser preservado pela legislação empregados filiados ao Sindicato, bastando ser integrante da
negociação coletiva, que, justamente por isso, constituiria um Declaro, portanto, válida a cláusula 16.2 da Convenção Coletiva
valioso mecanismo de adequação das normas trabalhistas aos 20165/2017, firmada entre os demandados. (fls. 62/64)
O voto condutor do Recurso Extraordinário 590.415, da lavra do item 16.2 da cláusula 16, constante da CCT 2016/2017 firmada
Ministro Roberto Barroso, por outro lado, foi proferido com base nas pelos réus, garante ao Sindicato o poder de criar uma central de
seguintes razões: (a) 'a Constituição reconheceu as convenções e mão de obra, e que essa exclusividade no recrutamento de mão de
os acordos coletivos como instrumentos legítimos de prevenção e obra implicará, por óbvio e na prática, a preferência de contratação
de autocomposição de conflitos trabalhistas; tornou explícita a de trabalhadores associados ao sindicato e/ou de aqueles cuja
possibilidade de utilização desses instrumentos, inclusive para a filiação será exigida. Consoante alega, a norma viola o art. 8º, V, da
redução de direitos trabalhistas; atribuiu ao sindicato a CF e contraria as disposições da OJ nº 20 da SDC do TST. Pugna
representação da categoria; impôs a participação dos sindicatos nas pela reforma da decisão e pela declaração de nulidade do
sindical (...)'; (b) 'a Constituição de 1988 (...) prestigiou a autonomia Realmente, o entendimento pacífico desta Seção Especializada,
coletiva da vontade como mecanismo pelo qual o trabalhador consubstanciado na Orientação Jurisprudencial nº 20, é o de
contribuirá para a formulação das normas que regerão a sua própria considerar nulas as cláusulas pactuadas as quais instituem
vida, inclusive no trabalho (art. 7º, XXVI, CF)'; (c) 'no âmbito do privilégios ao trabalhador sindicalizado, dando preferência na
direito coletivo, não se verifica (...) a mesma assimetria de poder contratação desse trabalhador em relação àquele não filiado, por
presente nas relações individuais de trabalho. Por consequência, a violarem o princípio da liberdade sindical previsto no art. 8º, V, da
limites que a autonomia individual'; (d) '(...) não deve ser vista com Com efeito. Se o trabalhador é livre para se associar, ou não, ao
bons olhos a sistemática invalidação dos acordos coletivos de respectivo sindicato, a preferência para a admissão ao trabalho em
trabalho com base em uma lógica de limitação da autonomia da relação aos sindicalizados, além de ferir a liberdade garantida
Conforme razões acima, o Supremo Tribunal definiu as parcelas principalmente em se tratando de obtenção de um lugar no mercado
que reputa de indisponibilidade absoluta, ou seja, que não podem de trabalho. Isso sem falar que, mesmo indiretamente, tais
ser negociadas. E entre elas não se encontra a impossibilidade de cláusulas induzem a categoria profissional à sindicalização.
negociação da cláusula acima, tratando-se de direitos No caso em tela, não se depreende da leitura do item 16.2 da
transacionáveis pela via da negociação coletiva. Conforme ensina o cláusula 16 que o cadastramento na Central criada pelo sindicato
Ministro Roberto Barroso, não deve ser vista com bons olhos a implicaria, obrigatoriamente, na sindicalização do empregado,
sistemática invalidação dos instrumentos coletivos de trabalho com porquanto as empresas contratariam, preferencialmente,
base em uma lógica de limitação da autonomia da vontade trabalhadores filiados. A meu juízo, a irresignação do autor não é
exclusivamente aplicável às relações individuais de trabalho. pertinente e suas razões se baseiam em suposições, as quais não
Acrescento ao fundamento acima exposto que, com a recente sustentam o raciocínio de que a cláusula está eivada de ilegalidade.
alteração da CLT, foi introduzido o artigo 611-B no qual estão Deve-se partir do princípio de que o sindicato, nos termos do art. 8º,
elencadas, de forma taxativa, as matérias que não podem ser objeto III, da CF, age em defesa dos direitos e interesses individuais e
de negociação, entre as quais não foi relacionada a possibilidade de coletivos de toda a categoria, e não apenas dos trabalhadores a ele
criação de central de cadastramento para admissão de filiados. Ademais, conforme alegado na defesa, o Órgão Ministerial
não traz aos autos qualquer prova, evidência, ou mesmo indício de Público esbarra no entendimento desta Corte, de que a natureza
que tal situação esteja de fato ocorrendo, pelo que não merecem declaratória da ação anulatória não comporta a cumulação de
Há de se ressaltar que o art. 513 da CLT, ao dispor acerca das condenação a obrigações de fazer e/ou não fazer, mesmo que seja
prerrogativas dos sindicatos, diz, em seu parágrafo único, que os a de que as empresas procedam à afixação, em locais públicos, do
pacífica, seu posicionamento no sentido de que o reconhecimento RECURSO ORDINÁRIO. AÇÃO ANULATÓRIA. (...). AÇÃO
constitucional da validade dos instrumentos normativos não implica ANULATÓRIA. IMPOSIÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER.
ampla e irrestrita liberdade às partes para flexibilização de direitos. DIVULGAÇÃO DO ACÓRDÃO EM LOCAIS PÚBLICOS E DE
Significa dizer que o princípio da irrenunciabilidade dos direitos FÁCIL ACESSO À CATEGORIA PROFISSIONAL. NÃO
trabalhistas continua sendo uma das notas basilares e específicas CABIMENTO. De acordo com a jurisprudência desta Seção
do Direito do Trabalho. De outra forma, não se pode adotar a Especializada, é incompatível com a natureza declaratória
garantia ao reconhecimento dos instrumentos negociais autônomos desconstitutiva da ação anulatória a cumulação de pedido de
como premissa na análise da validade de cláusulas que, porventura, natureza condenatória, consistente na determinação de que os
firam preceitos legais os quais contemplem direitos indisponíveis do signatários da convenção coletiva de trabalho afixem, "em locais
trabalhador, pertinentes à saúde, à higiene e à segurança, os quais públicos e de fácil acesso a toda a categoria dos trabalhadores",
não podem ser flexibilizadas por negociação coletiva por reduzirem cópia do teor da decisão judicial, sob pena de pagamento de multa
ou suprimirem garantias contempladas por normas legais. diária. Recurso ordinário de que se conhece e a que se dá
O item pactuado, na medida em que não prevê, direta ou provimento quanto ao tema. (RO-582-31.2015.5.08.0000. Data de
indiretamente, a obrigatoriedade ou a estimulação a que as Julgamento: 12/12/2017, Relator Ministro Fernando Eizo Ono, DEJT
discriminação em relação aos empregados não associados ao ente RECURSO ORDINÁRIO. AÇÃO ANULATÓRIA. (...). CUMULAÇÃO
sindical -, não retira direitos e garantias dos trabalhadores. DE PEDIDOS. DIVULGAÇÃO DO ACÓRDÃO NOS SÍTIOS
Assim, não havendo falar em violação do princípio constitucional da ELETRÔNICOS DAS PARTES. DEVOLUÇÃO DOS VALORES
liberdade de sindicalização, inserto no art. 8º, V, tampouco em INDEVIDAMENTE DESCONTADOS. SUBMISSÃO PRÉVIA DOS
mantenho a decisão regional que declarou a validade do item 16.2 PÚBLICO DO TRABALHO. A jurisprudência desta Seção é firme no
da cláusula 16, constante da CCT 2016/2017 firmada pelos réus. entendimento de que não se amolda à natureza declaratória
CONCERNENTE À OBRIGAÇÃO DE FAZER. INVIABILIDADE. AÇÃO ANULATÓRIA. RECURSO ORDINÁRIO (...). PUBLICAÇÃO
Requer o recorrente, à fl. 84, que os réus sejam condenados a PARA QUE OS ACORDOS COLETIVOS DE TRABALHO
afixar, em locais públicos e de acesso diário e fácil a toda a FIRMADO PELO SINDICATO PROFISSIONAL SEJAM LEVADOS
categoria profissional, de, pelo menos, dez cópias do Acórdão que AO CONHECIMENTO DO MPT. DEVOLUÇÃO DOS VALORES
vier a ser proferido por essa Corte, possibilitando-se, dessa forma, DESCONTADOS A TÍTULO DE CONTRIBUIÇÃO ASSOCIATIVA. A
um mínimo de controle por parte dos trabalhadores. jurisprudência desta Seção Especializada firmou-se no sentido de
Ainda que o Regional, ao julgar improcedente a ação, não tenha que a imposição aos réus de obrigação de fazer é incompatível com
analisado essa questão, e mesmo que tenha sido mantida, nesta a natureza da ação anulatória, que é meramente declaratória.
oportunidade, a decisão quanto à validade do item 16.2 da cláusula Recurso ordinário a que se dá provimento. (RO-1002400-
16, é importante salientar que a pretensão formulada pelo Ministério 66.2015.5.02.0000 Data de Julgamento: 24/04/2017, Relatora
MARANHÃO LTDA.
Coletivos do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, O Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas Jornalísticas,
conhecer do recurso ordinário e, no mérito, negar-lhe provimento, Publicitárias e Assessoria de Comunicação em Geral dos
com ressalva de entendimento da Exma. Ministra Maria de Assis Municípios de Imperatriz João Lisboa e Açailândia ajuizou dissídio
Calsing quanto ao item 16.2 da cláusula 16. coletivo de natureza econômica contra a Rádio Mirante do
Brasília, 14 de maio de 2018. Maranhão Ltda., objetivando a fixação das condições de trabalho
Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001) sem que houvesse consenso entre as partes.
VOTO
Intimado(s)/Citado(s):
- RÁDIO MIRANTE DO MARANHÃO LTDA.
- SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS EMPRESAS CONHECIMENTO
JORNALÍSTICAS, PUBLICITÁRIAS E ASSESSORIA DE
COMUNICAÇÃO EM GERAL DOS MUNICÍPIOS DE IMPERATRIZ
JOÃO LISBOA E AÇAILÂNDIA
PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO
(SDC)
Conquanto o recurso ordinário seja tempestivo e a representação
GMDMC/Ac/tp/iv
processual esteja regular, ele não merece conhecimento, em face
da deserção.
RECURSO ORDINÁRIO EM DISSÍDIO COLETIVO DE NATUREZA
O Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região, ao extinguir o
ECONÔMICA. DESERÇÃO. CUSTAS PROCESSUAIS.
processo, sem resolução de mérito, por ausência de comum acordo,
ARGUIÇÃO DE OFÍCIO. Afigura-se deserto o recurso ordinário
fixou o valor das custas processuais em R$800,00, calculadas com
interposto pelo Sindicato profissional suscitante, na medida em que
base no valor dado à causa na inicial de R$40.000,00, a ser rateada
não houve a comprovação do recolhimento das custas processuais,
entre as partes (fl. 133).
no valor fixado pelo Regional e no prazo recursal a que alude o § 1º
O art. 789 da CLT contém previsão específica sobre o prazo para
do art. 789 da CLT. Recurso ordinário não conhecido.
recolhimento e comprovação de custas processuais no caso de
Processo Nº RO-0020560-39.2014.5.04.0000
valor estipulado. Complemento Processo Eletrônico
De outro lado, o Ato Conjunto nº 21/2010-TST/CSJT/GP/SG Relator Min. Dora Maria da Costa
Recorrente e Recorrido SINDICATO DO COMÉRCIO
determinou que, a partir de 1º de janeiro de 2011, o pagamento das ATACADISTA DO ESTADO DO RIO
GRANDE DO SUL E OUTROS
custas e dos emolumentos no âmbito da Justiça do Trabalho fosse
Advogado Dr. Antônio Job Barreto(OAB:
realizado, exclusivamente, mediante Guia de Recolhimento da 19550/RS)
Recorrente e Recorrido SINDICATO E ORGANIZAÇÃO DAS
União - GRU Judicial. COOPERATIVAS DO ESTADO DO
RIO GRANDE DO SUL - OCERGS
Ocorre que o Sindicato profissional, ao interpor o recurso ordinário,
Advogado Dr. José Pedro Pedrassani(OAB:
não comprovou que as custas processuais foram pagas e/ou que o 40907/RS)
Recorrido(s) SINDICATO DOS EMPREGADOS NO
recolhimento da respectiva importância se deu dentro do prazo COMÉRCIO DE SARANDI
recursal a que alude o § 1º do art. 789 da CLT. Advogado Dr. Joelto Frasson(OAB: 54497/RS)
Recorrido(s) SINDICATO INTERMUNICIPAL DOS
Verifica-se o equívoco na decisão de admissibilidade, prolatada no CONCECIONÁRIOS E
DISTRIBUIDORES DE VEÍCULOS DO
Tribunal Regional (fl. 150), ao consignar isento de preparo (CLT, art. ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL -
SINCODIV
790-A e DL 779/69, art. 1º, IV, e DL 509/69 art. 12), na medida em
Advogada Dra. Dulce Helena Milkewicz da
que os dispositivos da CLT e do DL nº 779/69 mencionados se Silva(OAB: 72712/RS)
Instrução Normativa nº 39/2016 do TST, aplicam-se ao Processo do A) RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO POR SINDICATO DO
Trabalho, dentre outras, as normas constantes dos §§ 2º e 7º do art. COMÉRCIO VAREJISTA DE CARAZINHO; SINDICATO DO
1.007, que se referem à concessão de prazo para regularização do COMÉRCIO ATACADISTA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO
preparo, apenas nas hipóteses de insuficiência do valor SUL; E SINDICATO INTERMUNICIPAL DO COMÉRCIO
eventualmente recolhido e/ou do equívoco no preenchimento das VAREJISTA DE GÊNEROS ALIMENTÍCIOS DO ESTADO DO RIO
Pelo exposto, não conheço do recurso ordinário, por deserto. SINDICATO E ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS DO
ACORDAM os Ministros da Seção Especializada em Dissídios Grande do Sul - OCERGS para figurar no polo passivo do dissídio
Coletivos do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, não coletivo, julgando improcedente a oposição apresentada, decidiu em
conhecer do recurso ordinário, por deserto. perfeita consonância com o entendimento atualmente perfilhado por
Brasília, 14 de maio de 2018. esta Seção Especializada. Há reiteradas decisões deste Colegiado,
Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001) de negociar as condições de trabalho que irão comandar as
Dora Maria da Costa relações entre elas e seus empregados, e de que, por essa razão, o
Ministra Relatora OCERGS detém legitimidade para figurar, como representante das
Recurso ordinário conhecido e não provido. B) RECURSO Grande do Sul - SINCODIV; e o Sindicato do Comércio Varejista de
ORDINÁRIO INTERPOSTO PELO SINDICATO E ORGANIZAÇÃO Carazinho, com o objetivo de ter por fixadas as condições de
DAS COOPERATIVAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - trabalho para vigerem a partir de 1º de maio de 2014 (fls. 2/36).
OCERGS. DISSÍDIO COLETIVO DE NATUREZA ECONÔMICA. 1. O Sindicato do Comércio Varejista de Carazinho (suscitado),
CLÁUSULA 39 - ATESTADO DE DOENÇA. Em observância às juntamente com o Sindicato do Comércio Atacadista do Estado do
disposições do art. 60, § 4º, da Lei nº 8.213/1991, que dispõe Rio Grande do Sul e o Sindicato Intermunicipal do Comércio
acerca da prevalência do atestado médico fornecido pelo Varejista de Gêneros Alimentícios do Estado do Rio Grande do Sul,
empregador, nas hipóteses de possuir serviço médico próprio ou alegando sua legitimidade para representarem a categoria
conveniado, o entendimento desta Seção Especializada econômica envolvida na ação, apresentaram oposição, às fls.
consubstanciou-se no Precedente Normativo nº 81, segundo o qual 228/241, arguindo a ilegitimidade passiva do Sindicato e
é assegurada eficácia aos atestados médicos e odontológicos Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul -
fim de abono de faltas ao serviço, desde que existente convênio do O Sindicato profissional, em petições de fls. 564 e 593 - esta última
sindicato com a Previdência Social, salvo se o empregador possuir com equívoco na denominação do suscitante -, requereu a
serviço próprio ou conveniado. No caso em tela, embora o teor da desistência da ação em relação ao Sindicato do Comércio Varejista
cláusula 39 - ATESTADO DE DOENÇA, deferida pelo Regional, de Carazinho e ao Sindicato Intermunicipal dos Concessionários e
mostre-se consonante com a jurisprudência desta SDC, ao dispor Distribuidores de Veículos do Estado do Rio Grande do Sul -
que os atestados médicos e odontológicos fornecidos por SINCODIV, em face da celebração de convenção coletiva de
prevê acerca da condicionante que exclui a eficácia da norma em Mediante os despachos de fls. 566 e 598, foram homologadas as
relação àqueles empregadores que possuírem serviço médico desistências requeridas, e extinto o processo, sem resolução de
próprio ou conveniado. Nesse contexto, dá-se provimento parcial mérito, quanto aos referidos suscitados.
ao recurso para adaptar a cláusula 39 - ATESTADO DE DOENÇA Permaneceu como suscitado remanescente o Sindicato e
aos termos do Precedente Normativo nº 81 da SDC do TST. 2. Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul -
relação às demais cláusulas, analisadas com base nos dispositivos Deferido, à fl. 591, pedido de suspensão da ação, formulado pelo
legais e jurisprudenciais pertinentes. Recurso ordinário conhecido Sindicato suscitante, até que fosse julgado o dissídio coletivo de
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso Ordinário n° interesse no julgamento da ação como originária (fl. 609). Em
TST-RO-20560-39.2014.5.04.0000, em que são Recorrentes e resposta (fl. 611), o Sindicato dos Empregados no Comércio de
Recorridos SINDICATO DO COMÉRCIO ATACADISTA DO Sarandi-RS solicitou a conversão da ação para dissídio coletivo
ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS DO ESTADO DO RIO Noticiado, à fl. 714, o julgamento do DC-20515-69.2013.5.04.0000,
GRANDE DO SUL - OCERGS e Recorridos SINDICATO DOS cujo acórdão foi juntado às fls. 718/776.
INTERMUNICIPAL DOS CONCESSIONÁRIOS E dissídio coletivo como revisional, julgou improcedente a oposição e
DISTRIBUIDORES DE VEÍCULOS DO ESTADO DO RIO GRANDE declarou a legitimidade passiva ad causam do OCERGS,
O Sindicato dos Empregados no Comércio de Sarandi-RS ajuizou no Município de Sarandi-RS. No mérito, deferiu parcialmente as
Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Rio O Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Gêneros
Grande do Sul - OCERGS; o Sindicato Intermunicipal dos Alimentícios do Estado do Rio Grande do Sul; o Sindicato do
Concessionários e Distribuidores de Veículos do Estado do Rio Comércio Atacadista do Estado do Rio Grande do Sul; e o Sindicato
do Comércio Varejista de Carazinho interpuseram recurso ordinário, O Sindicato do Comércio Varejista de Carazinho (suscitado 03),
às fls. 847/858, à decisão que julgou improcedente a oposição. juntamente com o Sindicato do Comércio Atacadista do RS e com o
Também interpôs recurso ordinário o Sindicato e Organização das Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Gêneros
Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul - OCERGS, às fls. Alimentícios do RS, oferecem OPOSIÇÃO em face da OCERGS (ID
CORREÇÃO AUTOMÁTICA DOS SALÁRIOS; 7ª - ADICIONAL DE Registro, inicialmente, que o objeto da presente ação não cuida de
HORAS EXTRAS; 39 - ATESTADO DE DOENÇA; e 55 - declaração de nulidade de registro sindical, bem como resta
DELEGADO SINDICAL. incontroverso nos autos, o fato de que a entidade sindical oposta
Admitidos os recursos (fls. 872/873), foram oferecidas contrarrazões (OCERGS) detém registro sindical junto ao Ministério de Trabalho e
Desnecessária a remessa dos autos aoMinistério Público do Portanto, não estando em discussão a validade do registro sindical
Trabalho. da entidade oposta, nem mesmo sua base territorial, mas tão
A) RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO POR SINDICATO DO polo passivo da presente ação coletiva, o que dispensaria análise
COMÉRCIO VAREJISTA DE CARAZINHO; SINDICATO mais profunda a respeito das regras de constituição das entidades
INTERMUNICIPAL DO COMÉRCIO VAREJISTA DE GÊNERO sindicais e validade dos seus respectivos registros, lembrando que
ALIMENTÍCIOS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL; E o registro sindical da entidade oposta sequer foi impugnado de
O recurso é tempestivo e está com a representação regular (fls. Súmula nº 677 - 24/09/2003 - DJ de 9/10/2003, p. 4; DJ de
243, 244 e 267) e as custas processuais recolhidas (fls. 789 e 10/10/2003, p. 4; DJ de 13/10/2003, p. 4. Incumbência do Ministério
859/860), razões pelas quais dele conheço. do Trabalho - Registro das Entidades Sindicais e Princípio da
OPOSIÇÃO. ILEGITIMIDADE PASSIVA DO SINDICATO E Jurisprudencial nº 15, in verbis: '15. SINDICATO. LEGITIMIDADE
O Regional, analisando a oposição apresentada, assim decidiu: competente do Ministério do Trabalho, mesmo após a promulgação
I.1. DA OPOSIÇÃO - DA ILEGITIMIDADE PASSIVA "AD CAUSAM" parecer (ID 1805bdc), aduziu que "Em relação ao mérito da
O Sindicato suscitante ajuizou a presente ação de dissídio coletivo consolidado, considera-se prudente a observância do
contra os suscitados discriminados no relatório supra. Homologada posicionamento adotado por essa SDC, devidamente chancelado
fa55739 e b84405a, respectivamente), remanesceu no polo passivo A OCERGS possui registro sindical há mais de uma década, o que
apenas o suscitado 01 - Organização e Sindicato das Cooperativas lhe confere, desde então (13/08/2001), personalidade sindical e,
do Estado do Rio Grande do Sul - OCERGS . consequentemente, legitimidade para representar a "categoria
econômica" cooperativas. O Ministério do Trabalho e Emprego é o figurar no polo passivo da ação, julgando improcedente a oposição
órgão administrativo competente para proceder ao registro das apresentada, decidiu em perfeita consonância com o entendimento
entidades sindicais e zelar pelo princípio da unicidade sindical, perfilhado por esta Seção Especializada.
conforme jurisprudência cristalizada na Súmula n° 677 do STF. Com efeito, este Colegiado tem reconhecido que o OCERGS tem
Os atos administrativos, a seu turno, gozam de presunção de personalidade sindical para representar a categoria econômica das
legitimidade e, portanto, prevalecem até decisão administrativa ou cooperativas em todo o Estado do Rio Grande do Sul e, portanto,
judicial em sentido contrário. para figurar no polo passivo dos dissídios coletivos.
Nesse sentido, para evitar a insegurança jurídica nas relações A tese defendida por esta SDC é a de que, "não obstante as
coletivas (inclusive no que respeita a eventuais ações de dificuldades de reconhecer a conformação de sindicato que agrega
cumprimento), opina o MPT pelo reconhecimento da representação todas as cooperativas de determinada unidade federativa,
sindical da OCERGS, até que outro ato administrativo, ou ainda, especialmente em face do critério de formação das associações
decisão judicial, o revogue. sindicais, é fato que as cooperativas, em virtude de sua natureza
Destarte, entendo pela improcedência da OPOSICÃO, peculiar e, sobretudo, em razão da ausência de fins lucrativos - o
reconhecendo a legitimidade passiva 'ad causam' da OCERGS. (fls. que as difere de outros setores econômicos -, envolvem interesses
Sustentam os Sindicatos opoentes, às fls. 848/858 do recurso irão reger as relações entre elas e seus empregados" (RO-12542-
ordinário, que o Regional se limitou a analisar a questão sob a ótica 68.2010.5.04.0000, Relª Minª Maria de Assis Calsing, DEJT de
de fazê-lo à luz do princípio da unicidade sindical (art. 8º, II, da CF) As ementas a seguir transcritas sintetizam o entendimento atual
e dos requisitos contidos no art. 511 da CLT, que devem ser desta SDC quanto à legitimidade passiva do OCERGS:
próprio Ministério do Trabalho e Emprego tem negado o registro de RECURSO ORDINÁRIO EM DISSÍDIO COLETIVO DE NATUREZA
normas coletivas firmadas entre sindicatos de empregados no ECONÔMICA. OPOSIÇÃO. ILEGITIMIDADE PASSIVA DO
comércio e o OCERGS, pela ausência de correspondência entre as SINDICATO E ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS DO
categorias econômica e profissional representadas. Alegam que ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - OCERGS. O Tribunal
aceitar a legitimidade do OCERGS para figurar no polo passivo da Regional do Trabalho da 4ª Região registrou que o fato de as
ação é admitir que uma mesma categoria profissional, na mesma cooperativas se sujeitarem a um regulamento tributário e fiscal
base territorial, tenha condições distintas de trabalho. Ressaltam próprio não é motivo suficiente para que se caracterize a
que essa questão foi bem analisada pela 6ª Turma do TST, no solidariedade de interesses econômicos, capaz de justificar a
julgamento do RR-126-12.2011.5.03.0081 (Relator Ministro Augusto existência de uma categoria patronal própria. E complementou que
César Leite de Carvalho, julgamento em 10/4/2013 e DEJT de as Cooperativas representadas pelo Sindicato e Organização das
26/4/2013), quando se decidiu que a solidariedade de interesses Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul - OCERGS devem se
entre cooperativas não é elemento bastante para viabilizar a criação sujeitar às normas coletivas definidas para a categoria econômica
do respectivo sindicato. Acrescem que o sistema sindical, regulado na qual se enquadram, de acordo com a atividade que exploram.
pela CLT e pela Constituição Federal, é estruturado pela atividade Assim, decidiu que o referido ente sindical não pode figurar no polo
econômica das empresas e que o OCERGS é entidade associativa passivo das demandas coletivas, e, acolhendo a oposição ofertada,
de natureza civil, não havendo, sequer, vínculo de emprego entre a extinguiu o processo, sem resolução de mérito. Ocorre que o
cooperativa e seus cooperativados. Requerem a reforma da entendimento tranquilo desta Corte, manifestado em reiteradas
Cinge-se a discussão acerca da legitimidade processual do comuns, que justificam a associação específica, com representação
suscitado, Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do capaz de negociar as condições de trabalho que irão comandar as
Rio Grande do Sul - OCERGS, para representar o segmento relações entre elas e seus empregados. E que, por essa razão, o
econômico das cooperativas e firmar normas coletivas com o OCERGS detém legitimidade para figurar, como representante das
Sindicato dos Empregados no Comércio de Sarandi. cooperativas, no polo passivo dos dissídios coletivos. Precedentes.
O Tribunal Regional, ao declarar a legitimidade do OCERGS para Assim é de ser provido o recurso ordinário para reformar a decisão
retorno dos autos ao TRT da 4ª Região, a fim de que analise o B) RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELO SINDICATO E
dissídio coletivo como entender de direito. Recurso ordinário ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS DO ESTADO DO RIO
RECURSO ORDINÁRIO. DISSÍDIO COLETIVO. OPOSIÇÃO. O recurso é tempestivo e está com a representação regular (fl. 578)
LEGITIMIDADE PASSIVA DA ORGANIZAÇÃO E SINDICATO DAS e as custas processuais recolhidas (fls. 789 e 867), razões pelas
representar em juízo a categoria econômica das cooperativas, a Consta, às fls. 718/776 destes autos, cópia do acórdão relativo ao
qual se afirma no registro sindical obtido perante o Ministério do dissídio coletivo de 2013 (DC-20515-69.2013.5.04.0000), cuja
Trabalho e Emprego. Recurso ordinário a que se dá provimento. sentença é considerada como norma revisanda para a presente
de julgamento: 9/3/2015, DEJT de 20/3/2015) Observa-se que, no referido processo, não houve a pactuação de
"RECURSO ORDINÁRIO. DISSÍDIO COLETIVO. OPOSIÇÃO. Em observância à disposição contida na parte final do art. 114, § 2º,
REPRESENTAÇÃO DE CATEGORIA ECONÔMICA. da Constituição Federal, esta SDC firmou seu entendimento de que
COOPERATIVAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. são consideradas preexistentes aquelas normas constantes de
LEGITIMIDADE SINDICAL. 1. Trata-se de hipótese em que o TRT acordos e/ou convenções coletivas imediatamente anteriores à
da 4ª Região declarou a ilegitimidade do suscitado Sindicato e instauração de eventual dissídio coletivo, ou àquelas condições
Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul - homologadas no dissídio coletivo anterior; e de que as condições
OCERGS, ao fundamento de que a entidade sindical não convencionais preexistentes devem ser consideradas no dissídio
representa categoria patronal, uma vez que as cooperativas não que suceder a extinção da vigência de acordo ou convenção
detêm solidariedade de interesses econômicos. 2. Ocorre, todavia, coletiva anterior, deixando de o ser por ocasião da instauração de
que o entendimento sufragado pela Corte Regional tem sido novo dissídio, oportunidade em que ele será julgado com as
superado por reiteradas decisões desta SDC/TST, nas quais se restrições peculiares ao poder normativo da Justiça do Trabalho.
tem, a cada ano, reconhecido a legitimidade do Sindicato e Assim, não há falar em preexistência das condições, e, nesse
Organização e das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul - contexto, as cláusulas impugnadas no recurso ordinário serão
OCERGS como representante da categoria econômica das analisadas com base nos dispositivos legais e na jurisprudência
ainda, confirmada por decisões judiciais transitadas em julgado, 1. CLÁUSULA 4ª - CORREÇÃO MONETÁRIA DAS DIFERENÇAS
Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa, Data de julgamento: O Regional assim decidiu:
Desnecessário, portanto, tecer maiores considerações acerca de 'PEDIDO: Todas as diferenças salariais, decorrentes da aplicação
matéria, que já se encontra definitivamente equacionada por esta das cláusulas de conteúdo econômico do presente dissídio, deverão
Desse modo, mantenho a decisão regional. atualização e correção monetária, calculada pela tabela de débitos
Nego provimento ao recurso ordinário. trabalhistas, da data em que o valor era devido até a data do efetivo
REVISANDA: 04 - Defiro parcialmente o pedido, nos termos da De outro lado, conforme considerações anteriormente expostas, não
norma revisanda, que reproduz o entendimento prevalecente nesta se trata de condição preexistente.
Seção de Dissídios Coletivos, ficando a cláusula assim redigida: Esta Seção Especializada tem mantido cláusulas de igual teor, ao
'Determinar que as diferenças salariais devidas em decorrência da fundamento de que a proposta nelas contida objetiva apenas
aplicação das cláusulas de conteúdo econômico da presente garantir efetividade à decisão proferida e de que a correção
decisão normativa sejam pagas na primeira folha de pagamento do monetária nelas prevista se refere, apenas, a um mecanismo de
mês subsequente ao da publicação do acórdão, devidamente recomposição de perdas oriundas do processo inflacionário, que
PARECER DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO: Correção Nesse sentido, citam-se precedentes desta Seção Especializada,
monetária das diferenças salariais. Pelo deferimento parcial, para nos quais foram mantidas cláusulas normativas idênticas à que ora
que as diferenças salariais devidas em decorrência da aplicação se analisa: RO-20482-84.2010.5.04.0000, Relator Ministro Walmir
das cláusulas de conteúdo econômico da decisão normativa a ser Oliveira da Costa, julgamento em 8/6/2015 e DEJT de 12/6/2015;
proferida nos presentes autos sejam pagas na primeira folha de RO-8724-74.2011.5.04.0000, Relatora Ministra Maria de Assis
pagamento do mês subsequente ao da publicação do acórdão, Calsing, julgamento em 9/3/2015 e DEJT de 13/3/2015; RO-8712-
VOTO: deferir o pedido, em parte, com fundamento nas disposições em 23/2/2015 e DEJT de 6/3/2015; e RO-20483-69.2010.5.04.0000,
insertas cláusula 04 da norma revisanda, onde foi adotada como Relatora Ministra Kátia Magalhães Arruda, julgamento em
nesta Seção de Dissídios Coletivos quanto ao particular, in verbis: Nego provimento ao recurso.
aplicação das cláusulas de conteúdo econômico da presente 2. CLÁUSULA 7ª - ADICIONAL DE HORAS EXTRAS
mês subsequente ao da publicação do acórdão, devidamente Eis o teor da decisão regional, no tópico:
Sustenta o OCERGS, às fls. 862/863, que a decisão impõe o dever 'PEDIDO: Fixação de um adicional de 100% (cem por cento) para
de que sejam pagas as diferenças salariais decorrentes do reajuste as horas extraordinárias prestadas por integrantes da categoria,
concedido na primeira folha de pagamento do mês subsequente ao mediante acordo coletivo firmado entre Sindicato Suscitante,
da publicação do acórdão, devidamente corrigidas, o que não se Sindicatos Patronais e/ou empresas. (Precedente Normativo 43 do
prestação jurisdicional, em sede normativa, não tem feição PARÁGRAFO PRIMEIRO - Para o cálculo de hora extra do
obrigação, com repercussão temporal retroativa, inclusive sob pena valor total das comissões auferidas no mês, acrescentando-se ao
de multa normativa, revela-se descaracterizada em sua destinação, valor da hora o adicional estabelecido no
que vem a beneficiar, apenas, os atuais empregados que "caput" da presente cláusula.
permaneçam vinculados à folha de pagamento. Requer a exclusão PARÁGRAFO SEGUNDO - As horas despendidas na conferência
Verifica-se, de plano, que o recorrente intitulou a cláusula 4ª, como jornada normal de trabalho, deverão ser pagas como extras com a
sendo relativa à Correção automática dos salários - pretensão que aplicação do percentual estabelecido no
foi indeferida pelo Tribunal Regional -, e que, conforme consta à fl. "caput" da presente cláusula.
794 do acórdão recorrido, a cláusula 4ª se refere à Correção PARÁGRAFO TERCEIRO - Sempre que ocorrer a prorrogação da
Monetária das Diferenças Salariais. Todavia, considera-se que jornada de trabalho em período igual ou superior a 01 (uma) hora as
houve, apenas, um equívoco da parte, quando da titulação da empresas ficam obrigadas a fornecer lanche a seus empregados,
cláusula 4ª, na medida em que as razões do recurso se convergem no valor de 3% (três por cento) do piso geral da categoria. (cláusula
exatamente contra aquilo que foi deferido pelo Regional, quando do 08 da AGE).'
REVISANDA: 07 - Defiro parcialmente o pedido formulado no ECONÔMICA. (...) HORAS EXTRAS. Domina, nesta Seção
"caput", nos termos da norma revisanda (cl. 8ª, "caput"), que Especializada, o entendimento segundo o qual as horas extras
reproduz o Precedente nº 03 deste Regional, ficando a cláusula devem ser remuneradas com o adicional de 100%, ainda que
assim redigida: "As horas extraordinárias subsequentes as duas cancelado o Precedente Normativo n.º 43 desta Corte Superior, que
primeiras serão remuneradas com o adicional de 100% (cem por assim dispunha. Recurso Ordinário parcialmente provido. (RO-6330
cento)". Indefiro o pedido formulado no parágrafo primeiro, por -20.2013.5.15.0000, Relatora Ministra Maria de Assis Calsing, DEJT
versar sobre matéria própria para acordo entre as partes. Indefiro os 30/11/2016)
versarem sobre matéria suficientemente regulada em lei e, no que I - RECURSO ORDINÁRIO DO SINDICATO DO COMÉRCIO
exceder, própria para acordo entre as partes. VAREJISTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO DO ESTADO DE
VOTO: Deferir o pedido consignando no "caput", em parte, com SANTA CATARINA (SINDIPETRO) - DISSÍDIO COLETIVO DE
fundamento nas disposições insertas na cláusula 07 da norma NATUREZA ECONÔMICA - (...) CLÁUSULA 16ª - JORNADA DE
revisanda, onde foi adotada como razão de decidir a orientação TRABALHO As horas extras devem ser remuneradas com adicional
contida no Precedente 03 deste Tribunal, in verbis: As horas de 100% (cem por cento), para preservar a integridade psicofísica
extraordinárias subsequentes as duas primeiras serão remuneradas do trabalhador. Inteligência do art. 7º, XVI, da Constituição.
com o adicional de 100% (cem por cento). Indeferir os pedidos Julgados da C. SDC. (...) (RO-221-37.2014.5.12.0000, Relatora
consignados nos §§ 1º, 2º e 3º, porquanto tratam de matéria Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT 17/6/2016)
acordo entre as partes. (fls. 795/796) Observa-se, portanto, que a cláusula fixada pelo Regional, ao
Sustenta o recorrente, às fls. 863/864, que, em face do princípio da extras subsequentes às duas primeiras, apresenta condição mais
legalidade, a decisão não pode prosperar, pois se trata de matéria benéfica ao empregador, em relação ao que seria estabelecido,
reservada à lei, conforme art. 7º, XXIII, da CF, além de que a ordem caso se aplicasse a jurisprudência desta Corte.
jurídica estabelece apenas um adicional de 50%, não cabendo ao Por outro lado, na medida em que se considera inviável a prática do
Poder Judiciário majorá-lo. Acresce que a condição deve ser labor extraordinário além de duas horas, principalmente quando
estabelecida pela via negocial e requer a exclusão da cláusula. esse labor leva à extrapolação da jornada diária de dez horas, a
Sem razão o recorrente. cláusula, da forma como deferida, apresenta caráter inibitório,
Ressalta-se, de plano, que o inciso XXIII do art. 7º da Constituição devendo ser mantida.
Federal, mencionado pelo recorrente, diz respeito ao adicional de Nego provimento ao recurso.
matéria que não é objeto de discussão nestes autos. 3. CLÁUSULA 39 - ATESTADO DE DOENÇA
apostos) o que permite a atuação supletiva da Justiça do Trabalho 39) ATESTADO DE DOENÇA
para fixar, pela via normativa, percentual superior àquele 'PEDIDO: Obrigação de as empresas aceitarem, para todos os
mencionado no texto constitucional. efeitos, atestados de doença fornecidos por quaisquer profissionais
SDC deste Tribunal, posiciona-se este Colegiado no sentido de REVISANDA: 40 - Defiro parcialmente o pedido, nos termos da
conferir o percentual de 100% para o serviço prestado de forma norma revisanda (cl. 41ª), que reproduz o entendimento majoritário
extraordinária, em jornada superior àquela estipulada pelo art. 58 da desta Seção de Dissídios Coletivos, ficando a cláusula assim
CLT, ou seja, para todas as horas extras laboradas, como forma de redigida: 'Assegura-se eficácia aos atestados médicos e
coibir práticas irregulares que restrinjam o mercado de trabalho e odontológicos fornecidos por profissionais do sindicato dos
atentem contra a saúde do trabalhador. Nesse sentido: trabalhadores, para o fim de abono de faltas ao serviço, desde que
RECURSO ORDINÁRIO. DISSÍDIO COLETIVO DE NATUREZA VOTO: Deferir o pedido, em parte, com fundamento nas disposições
razão de decidir a orientação contida no entendimento prevalecente SÚMULA Nº 15 - ATESTADO MÉDICO. A justificação da ausência
nesta Seção de Dissídios Coletivos, quanto ao particular, nos do empregado motivada por doença, para a percepção do salário-
seguintes termos: 'Assegura-se eficácia aos atestados médicos e enfermidade e da remuneração do repouso semanal, deve observar
odontológicos fornecidos por profissionais do sindicato dos a ordem preferencial dos atestados médicos estabelecida em lei.
existente convênio do sindicato com a Previdência Social'. (fl. 817) E, especificamente em relação aos atestados médicos fornecidos
Sustenta o OCERGS, à fl. 864, que a decisão proferida não se Normativo nº 81 do TST estabelece:
8.213/1991, no § 4º do art. 60, estabelece que todos os PRECEDENTE NORMATIVO Nº 81 - ATESTADOS MÉDICOS E
empregados que possuírem serviço médico, próprio ou mantido por ODONTOLÓGICOS. Assegura-se eficácia aos atestados médicos e
convênio, já têm a possibilidade de realizarem exames para verificar odontológicos fornecidos por profissionais do sindicato dos
a existência, ou não, de doenças e o tempo e a forma de eventual trabalhadores, para o fim de abono de faltas ao serviço, desde que
tratamento, e que o entendimento do TST sobre a matéria está existente convênio do sindicato com a Previdência Social, salvo se
consubstanciado nas Súmulas nos 15 e 282. Requer a exclusão da o empregador possuir serviço próprio ou conveniado.
coletiva para aqueles empregados que possuem serviço médico No caso em tela, embora o teor da cláusula impugnada se mostre
Os §§ 3 e 4º do art. 60 da Lei nº 8.213/1991, que dispõe sobre o dispor que os atestados médicos e odontológicos fornecidos por
auxílio-doença, assim estabelecem: profissionais do sindicato serão aceitos, nada fala acerca da
Art. 60. (...). empregadores que possuem serviço próprio ou conveniado, não
§ 3º - Durante os primeiros quinze dias consecutivos ao do observando, portanto, a prevalência legalmente estabelecida.
afastamento da atividade por motivo de doença, incumbirá à Nesse contexto, dou provimento parcial ao recurso para adaptar a
empresa pagar ao segurado empregado o seu salário integral. cláusula 39 - ATESTADOS DE DOENÇA aos termos do Precedente
§ 4º A empresa que dispuser de serviço médico, próprio ou em Normativo nº 81 da SDC do TST, de forma a que passe a
convênio, terá a seu cargo o exame médico e o abono das faltas apresentar a seguinte redação:
encaminhar o segurado à perícia médica da Previdência Social Assegura-se eficácia aos atestados médicos e odontológicos
quando a incapacidade ultrapassar 15 (quinze) dias. fornecidos por profissionais do sindicato dos trabalhadores, para o
Da mesma forma, o art. 75, § 1º, do Decreto nº 3.048/1999 sindicato com a Previdência Social, salvo se o empregador possuir
estabelece que cabe à empresa que dispuser de serviço médico serviço próprio ou conveniado.
serviço médico mantido pela empresa ou àquele mantido pelo O Regional decidiu:
Deflui-se, portanto, dos referidos dispositivos, a prevalência do 'PEDIDO: É assegurada a estabilidade provisória, por um ano, ao
atestado médico passado pelo serviço médico da empresa ou do Delegado Sindical, na proporção de um por empresa com pelo
convênio com ela firmado, e tem-se que, somente na inexistência menos dez empregados na mesma categoria profissional, quando
das duas hipóteses mencionadas, serão admitidos outros meios, no eleito por assembleia geral, promovida pelo respectivo Sindicato
que tange ao fornecimento dos atestados. entre os interessados, com mandato não inferior a um ano. (adotada
REVISANDA: 55 - Defiro parcialmente o pedido, nos termos da conflito, mediante a aplicação dos precedentes normativos e/ou
norma revisanda (cl. 56ª), que reproduz o Precedente Normativo nº orientações jurisprudenciais pertinentes, mas apenas acresceu um
86 do TST, ficando a cláusula assim redigida: 'Nas empresas com limite mínimo à atuação desta Justiça especializada, no que tange à
mais de 200 (duzentos) empregados, integrantes da mesma observância das condições preexistentes.
categoria profissional representada pelo suscitante, é assegurada a Assim, em regra, não se tratando de cláusulas preexistentes e
eleição direta de um representante, com as garantias do art. 543, e havendo precedente normativo que disponha acerca de
seus parágrafos, da CLT'. determinada matéria, esta Justiça especializada segue a orientação
VOTO: Deferir o pedido, em parte, com fundamento nas disposições nele contida, não havendo nenhuma ilegalidade ou
insertas na norma revisanda, cláusula 55, onde foi adotada como inconstitucionalidade na sua aplicação.
razão de decidir a orientação contida no Precedente Normativo nº O Regional proferiu a decisão com fulcro na jurisprudência desta
86 do TST, acrescido da expressão 'integrantes da mesma Corte, consubstanciada no Precedente Normativo nº 86 da SDC,
mesma categoria profissional representada pelo suscitante, é REPRESENTANTES DOS TRABALHADORES. ESTABILIDADE
assegurada a eleição direta de um representante, com as garantias NO EMPREGO. Nas empresas com mais de 200 empregados é
do art. 543, e seus parágrafos, da CLT'. (fl. 826) assegurada a eleição direta de um representante, com as garantias
base em precedente normativo, não só destoa da ordem jurídica Nesse contexto, não há falar em violação dos arts. 22 e 60 da Lei
como representa típica atuação legisladora do Poder Judiciário, o Maior, bem como em contrariedade ao princípio da legalidade.
que não se compatibiliza com a Constituição Federal. Alega que Acrescenta-se que, diversamente do que afirma o recorrente, o art.
compete à União, por atuação do Poder Legislativo, a edição de 11 da Constituição Federal é autoaplicável, sendo desnecessária a
normas jurídicas, e, ao Judiciário, apenas efetivá-las na solução de edição de lei ordinária para regular a matéria nele contida.
pacta sunt servanda e rebus sic standibus. Ressalta que o art. 11 da ACORDAM os Ministros da Seção Especializada em Dissídios
CF não foi regulamentado positivamente e aponta violação dos arts. Coletivos do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade: I)
22 e 60 da Lei Maior, bem como contrariedade ao princípio da conhecer do recurso ordinário interposto por Sindicato do Comércio
legalidade. Assevera que a ordem jurídica não é constituída de Varejista de Carazinho, Sindicato do Comércio Atacadista do
preceitos e comandos desprovidos de finalidade e que a decisão Estado do Rio Grande do Sul e Sindicato Intermunicipal do
acaba por atribuir, a terceiros, proteções jurídicas não pessoais, e, Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Estado do Rio
sim, institucionais-sindicais, fundadas na direção sindical. Requer a Grande do Sul, no tocante à oposição, e, no mérito, negar-lhe
Não se sustenta a tese do recorrente de que, a partir da Emenda Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Rio
Constitucional nº 45/2004, que alterou a redação da parte final do § Grande do Sul - OCERGS e, no mérito: a) negar-lhe provimento
2º do art. 114, foi retirada da Justiça do Trabalho a competência de quanto às cláusulas 4ª - CORREÇÃO MONETÁRIA DAS
julgar com base em seus precedentes normativos. DIFERENÇAS SALARIAIS; 7ª - ADICIONAL DE HORAS EXTRAS;
Como é cediço, esses dispositivos são o resumo do entendimento e 55 - DELEGADO SINDICAL; e b) dar provimento parcial ao
consolidado na jurisprudência desta Corte a respeito de temas recurso quanto à cláusula 39 - ATESTADO DE DOENÇA, para
recorrentes, constituindo, a teor do que dispõe o art. 8º da CLT, adaptá-la aos termos do Precedente Normativo nº 81 da SDC do
Ademais, a EC nº 45/2004, ao alterar a redação do § 2º do art. 114 Assegura-se eficácia aos atestados médicos e odontológicos
da CF, não determinou a revogação do poder normativo da Justiça fornecidos por profissionais do sindicato dos trabalhadores, para o
do Trabalho, tampouco eliminou a possibilidade de ela decidir o fim de abono de faltas ao serviço, desde que existente convênio do
sindicato com a Previdência Social, salvo se o empregador possuir TRABALHO. DESCONSTITUIÇÃO DE ACORDO COLETIVO DE
Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001) desconstituição de acordo firmado pelas partes e homologado pela
Dora Maria da Costa via judicial. O item VI, em observância às disposições do art. 487,
Ministra Relatora III, do CPC de 1973, refere-se à hipótese em que a ação rescisória
ACÓRDÃO
Trata-se de ação rescisória, com pedido liminar de antecipação de
(SDC)
tutela, ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho (Procuradoria
GMDMC/Ac/nc/dc
Regional do Trabalho da 15ª Região), em 22/8/2008, contra as
Transportes e Serviços Ltda.; VML - Viação Morumbi Ltda.; Izidoro Moreira dos Santos e julgou prejudicado o recurso ordinário
Empresa Bortoloto Viação Ltda.; e do Sindicato dos Trabalhadores por ele interposto. E, ainda, não conheceu do recurso ordinário
em Transportes Rodoviários e Anexos de Campinas e Região, com adesivo interposto por Rápido Luxo Campinas Ltda., TUCA
o objetivo de desconstituir a sentença homologatória de acordo Transportes Urbanos Campinas Ltda. e outra, em virtude de ter sido
celebrado nos autos da Ação Cautelar nº 00434-2006-000-15-00-1 considerado prejudicado o recurso ordinário ao qual pretendiam
(fls. 621/623). Ressaltou o requerente que, na ação cautelar aderir esses recorrentes.
ajuizada pelas empresas, com o objetivo de suspender a Opostos embargos de declaração pelas requeridas, foram acolhidos
assembleia de trabalhadores, designada para decidir acerca da os das empresas Rápido Luxo Campinas Ltda. e outras e VBTU
greve - que estaria relacionada ao término dos contratos de Transportes e Serviços Ltda., para suprir a omissão apontada, sem
concessão dos serviços de transporte urbano no Município de conceder efeito modificativo ao julgado (fls. 1/5 da seq. 22).
Campinas e a consequente rescisão dos contratos de trabalho de As requeridas interpuseram recursos extraordinários em relação ao
todos os empregados -, as partes firmaram acordo, o qual foi tema da legitimidade do Ministério Público do Trabalho para a
homologado judicialmente. Afirmou que o referido instrumento proposição de ação rescisória, aos quais foi denegado seguimento,
padece de vício jurídico, na medida em que não houve a com respaldo no regime da repercussão geral, conforme decisão de
manifestação da vontade da categoria em relação às condições fls. 1/2 da seq. 39, prolatada pelo Ministro Ives Gandra da Silva
nele estabelecidas, além de que o sindicato profissional renunciou Martins Filho, à época Vice-Presidente deste Tribunal.
aos direitos dos trabalhadores, sem qualquer compensação. As requeridas agravaram dessa decisão.
Apontou violação dos arts. 477, § 2º, e 859 da CLT; 8º, III, da CF; e Esta Seção Especializada em Dissídios Coletivos, mediante o
104, II, 107, 157, 840 e 843 do CC (fls. 2/19). acórdão de fls. 1/4 da seq. 54, negou provimento ao agravo.
A liminar foi indeferida (fls. 380/382). Em face da decisão proferida quando do julgamento do recurso
O Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, mediante o ordinário na sessão do dia 13/11/2012, os autos foram remetidos à
acórdão de fls. 2021/2030, deferiu o pedido de intervenção na lide, Corte de origem, em 1º/7/2015, para que prosseguisse no
na qualidade de assistente litisconsorcial do autor, requerido por julgamento da ação rescisória (seq. 58).
Izidoro Moreira dos Santos, e julgou extinto o processo, sem O Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, por meio do
resolução de mérito, por ilegitimidade ativa ad causam do Ministério acórdão de fls. 21/31 da seq. 60, acolheu a prejudicial de mérito
Público do Trabalho. Foram opostos embargos de declaração, às suscitada na defesa, para pronunciar a decadência do direito do
fls. 2034/2035, os quais foram rejeitados, conforme acórdão de fls. MPT de propor ação rescisória do acordo homologado judicialmente
Izidoro Moreira dos Santos (fls. 2053/2062) e o Ministério Público do processo, com resolução de mérito, nos termos do art. 269, IV, do
Admitidos os recursos (fl. 2080), foram apresentadas contrarrazões, Regional do Trabalho da 15ª Região, opôs embargos de
às fls. 2083/2092; 2094/2109; 2116/2133; e 2135/2140. declaração, alegando omissão no julgado em relação às
Interpuseram recurso ordinário, na forma adesiva, em peça única, disposições do art. 233 do Regimento Interno daquele Tribunal
- Transportes Urbanos de Campinas Ltda. e URCA - Urbano de Os embargos de declaração foram acolhidos, apenas para prestar
O recurso adesivo foi admitido, mediante o despacho de fl. 2141, e Ainda inconformado, o Ministério Público do Trabalho interpôs
foram oferecidas contrarrazões, às fls. 2145/2152 e 2159/2162. recurso ordinário, às fls. 88/94 (seq. 60), requerendo o afastamento
Esta Seção Especializada, na sessão de julgamento do dia da decadência e a procedência do pedido de rescisão do acórdão
13/11/2012, mediante o acórdão de fls. 1/14 da seq. 6, deu proferido nos autos da Ação Cautelar nº 434-2006-000-15-00.1.
provimento ao recurso ordinário do Ministério Público do Trabalho O recurso foi admitido, mediante o despacho de fls. 95/96 (seq. 60)
para afastar a ilegitimidade ativa ad causam e determinar o retorno sendo apresentadas contrarrazões, pelas requeridas, às fls.
dos autos ao Tribunal Regional do Trabalho da 15º Região, a fim de 100/103 da seq. 60.
que prosseguisse no julgamento da ação rescisória. De ofício, Os autos retornaram a esta Corte em 5/12/2017 (seq. 60).
indeferiu o requerimento de assistência litisconsorcial formulado por Em 7/3/2018, o processo - cujo Relator originário era o Ministro
Márcio Eurico Vitral Amaro - foi distribuído, por prevenção, a esta ação.
Dispensada a remessa dos autos à Procuradoria Geral do Trabalho. enquanto as questões prejudiciais apenas influenciam o teor da
O recurso está tempestivo, com representação regular (Súmula nº conclusão de que, ainda que o Relator originário tenha declarado,
436 do TST), estando isento do pagamento de custas processuais, na decisão que analisou o pedido de antecipação de tutela, que
razões pelas quais dele conheço. houve o cumprimento do requisito do art. 495 do CPC, tal decisão
DESCONSTITUIÇÃO DE ACORDO COLETIVO DE TRABALHO por questão de ordem processual, a análise da questão
HOMOLOGADO JUDICIALMENTE. PRAZO DECADENCIAL prejudicial de mérito arguida (ou seja, a decadência).
PARA O AJUIZAMENTO DA AÇÃO. Desse modo, afastada a preliminar, em sede recursal, pelo acórdão
para o ajuizamento da ação rescisória e determinou o retorno dos A respeito do prazo para ajuizamento da ação rescisória, estabelece
autos ao Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, a fim de que o art. 495 do CPC de 1973 que:
prosseguisse no julgamento da ação. 'Art. 495. O direito de propor ação rescisória se extingue em 2 (dois)
O TRT acolheu a decadência, suscitada em defesa, para pronunciar anos, contados do trânsito em julgado da decisão.'
a decadência do direito do Ministério Público do Trabalho de propor De igual teor, a regra constante do art. 975 do CPC de 2015, que
da Cautelar nº 434-2006-000-15-00-1, e extinguiu o processo, com 'Art. 975. O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos
resolução do mérito, a teor do disposto no artigo 269, inciso IV, do contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no
Eis os fundamentos adotados: Muito embora o início do prazo decadencial do art. 495 do CPC
DECADÊNCIA. PRESCRIÇÃO EXTINTIVA. contagem do prazo no dia útil subsequente), comporta exceção a
As rés Tuca, Urca e Rápido Luxo, em suas contestações, alegam a essa regra a hipótese em que o Ministério Público ajuíza ação
decadência do direito de invalidar o acordo homologado, mediante rescisória, com fundamento na colusão, contra decisão rescindenda
ação rescisória, haja vista que a ação foi proposta mais de dois prolatada em processo no qual não interveio (CPC, art. 487, III, b),
anos após a decisão homologatória. eis que, nesta circunstância, o prazo começa a fluir do momento em
Em sua contestação, a VBTU (quarta ré) invoca a prescrição que o órgão ministerial é cientificado ou toma ciência da decisão
que o termo conciliatório transita em julgado na data da sua Essa regra está prevista no item VI da Súmula n° 100 do C. TST,
Para melhor compreensão das razões de decidir, faço, inicialmente, 'VI - Na hipótese de colusão das partes, o prazo decadencial da
as seguintes considerações. ação rescisória somente começa a fluir para o Ministério Público
É irrefutável que, antes de apreciar o mérito, o juiz tem que apreciar que não interveio no processo principal, a partir do momento em
as questões prévias, que se subdividem em questões preliminares e que tem ciência da fraude. (ex-OJ n° 122 da SBDI-2-DJ
são compostas dos pressupostos processuais e as condições da Com o mesmo teor, o novo CPC de 2015 editou o § 3° do art. 975, a
'§ 3° Nas hipóteses de simulação ou de colusão das partes, o prazo Ante o exposto, resolvo acolher a prejudicial de mérito suscitada em
começa a contar, para o terceiro prejudicado e para o Ministério defesa para pronunciar a decadência do direito de propor ação para
Público, que não interveio no processo, a partir do momento em que rescindir o acordo homologado judicialmente nos autos do processo
Ocorre que, no caso em estudo, a ação rescisória não foi mérito, a teor do disposto no artigo 269, inciso IV, do CPC,
fundamentada em colusão (art. 485, III, do CPC de 1973), mas, sim, consoante fundamentação. Custas processuais calculadas sobre o
na violação a textos legais e na existência de fundamento para valor da causa'(R$30.000,00), no importe de R$ 600,00, a cargo do
invalidar a transação (incisos V e VIII do mesmo dispositivo legal). autor, das quais está isento, por força do art. 790-A, inciso 11, da
Além disso, o Ministério Público atuou no processo principal, CLT. (fls. 28/31 da seq. 60 - grifos apostos)
prolatada a decisão rescindenda (vide fls. 582). No julgamento dos embargos de declaração opostos pelo Parquet,
Portanto, não seria o caso de aplicar-se a exceção prevista no o Tribunal Regional complementou:
fundamentar a ação em colusão, o Ministério Público interveio no De início, cabe registrar que a teor do disposto no art. 897-A, da
Na verdade, o prazo decadencial da presente ação rescisória teve cabíveis quando da decisão judicial houver obscuridade ou
início a partir do trânsito em julgado da decisão rescindenda, haja contradição, se padecer de omissão ou ocorrer erro na aferição de
vista que, por ocasião da formação da coisa julgada, o Ministério pressupostos extrínsecos de cabimento do recurso.
Público teve conhecimento dos fatos que fundamentaram seu Nas palavras do ilustre doutrinador MANOEL ANTÔNIO TEIXEIRA
pedido rescindendo, já que estava presente no julgamento em FILHO, não se pode olvidar, in verbis, que:
que homologado o acordo firmado entre as partes. 'Obscura é a sentença ininteligível, que não permite compreender-
Tendo em vista que a; decisão rescindenda trata-se de acordo se o que consta do seu texto. É consequência, quase sempre, de
homologado judicialmente, o seu trânsito em julgado opera-se na um pronunciamento jurisdicional confuso, em que as ideias estão
mesma data em que prolatada a sentença homologatória do acordo, mal expostas ou mal articuladas. A parte não sabe, enfim, o que o
conforme diretriz sedimentada no inciso V da referida Súmula 100, juiz pretendeu dizer, ao realizar a prestação jurisdicional.(...).
Assim sendo, a contagem do prazo decadencial, na hipótese antagonismo com o que havia dito ou feito; é a oposição
questionada, tem início no dia imediatamente subsequente à inconciliável entre duas proposições.
prolação da decisão homologatória. (...) O traço característico da contradição é representado, pois, pela
De outra sorte, não há que se cogitar que o prazo decadencial incoerência, pela desarmonia do pensamento; as ideias contrapõem
pudesse iniciar-se, para o Ministério Público, na data em que -se, sem que se possa conciliá-las. Uma exclui a outra. (...).
publicada a parte decisória do acordão no Diário Oficial, eis que, Sentença omissa é a que deixa de pronunciar-se sobre um ou mais
conforme já esclarecido, o Ministério Público, por ter participado do pedidos formulados pelas partes, pouco importando que estejam na
processo rescindendo (inclusive de seu julgamento), teve ciência inicial ou na contestação (ou na resposta do réu, lato sensu).
dos fatos que fundamentaram a ação rescisória na data em que Etiologicamente, pode ser caracterizada como produto da
Desse modo, considerando-se que o acordo, que ora se sentença (bem assim o acórdão) omissa contém, de certa maneira,
pretende rescindir, foi entabulado na audiência realizada em um pronunciamento citra petita, pois a apreciação do órgão foi, em
23/03/2006, nos autos da Ação Cautelar n° 00434-2006-000-15- relação aos pedidos deduzidos na causa, quantitativamente inferior
00-1, sendo homologado, pela Seção de Dissídios Coletivos a que deveria ter sido realizada' (in Sistema dos Recursos
deste Tribunal, na sessão de julgamento ocorrida em Trabalhistas, 10^ ed., p. 475 e 477, LTr: 2003, São Paulo).
09/08/2006 (fls. 115/118 e 319/321 e 335/340), constata-se que, Feitas essas considerações, passo a apreciar os presentes
escoado o biênio decadencial. Como bem constou no v. acórdão, a regra suscitada pelo
Destarte, decido acolher a prejudicial de mérito suscitada em embargante, ou seja, de que a contagem do seu prazo somente se
inicia com sua intimação pessoal, se aplica nos casos em que o o cumprimento do dever funcional de atuação em todas as sessões
Ministério Público não intervém no processo principal, conforme o dos Tribunais do Trabalho; que a Lei Complementar nº 75/1993,
entendimento da Súmula nº 100, VI, do C. TST. assim como o art. 180 do CPC de 2015, são bastante claros em
No caso em comento, contudo, o Ministério Público atuou no relação à prerrogativa da intimação pessoal do Ministério Público, o
processo principal e estava presente no julgamento em que que afasta a possibilidade de que o prazo decadencial tenha se
homologado o acordo firmado entre as partes, o qual é objeto da expirado dois anos após a data da sessão na qual se homologou o
presente ação rescisória, tendo, naquela ocasião, tomado acordo firmado entre as partes. Ressalta que a intimação somente
conhecimento da decisão rescindenda, haja vista que o acordo ocorreu em 21/8/2006 e que a ação rescisória foi ajuizada em
homologado judicialmente transita em julgado na mesma data em 22/8/2008, ou seja, dentro do prazo. Acresce que a regra prevista
que prolatada a sentença homologatória. no item V da Súmula nº 100 do TST tem validade apenas em
Por essa razão, o prazo decadencial iniciou-se para o Ministério relação às partes do processo e que, de acordo com o art. 233 do
Público na homologação do acordo, na qual estava presente, sendo Regimento Interno do TRT da 15ª Região, o trânsito em julgado
que, quando da interposição da presente ação rescisória, já havia teria ocorrido apenas para elas. Requer a reforma da decisão, e
escoado o biênio decadencial, conforme o decidido no v. acórdão. que esta Corte analise as questões trazidas na ação rescisória, por
Importante esclarecer que as normas apontadas pelo embargante se tratar de matéria exclusivamente de direito.
não cuidam da situação fática em estudo, considerando que o Salienta-se, de plano, que esta ação desconstitutiva foi ajuizada sob
Ministério Público estava presente na homologação do acordo, não a égide do CPC de 1973, já que fundada em seu art. 485, V e VIII,
necessitando ser intimado da decisão rescindenda, em e, nesse contexto, as condições da ação proposta são aquelas
cumprimento à Lei Complementar nº 75/1993, bem como que o art. previstas no mencionado diploma legal.
233 do Regimento Interno deste E. Tribunal trata da irrecorribilidade O instituto da decadência define-se como o não exercício de um
do acordo judicial para as partes, nada mencionando acerca do direito dentro do prazo que a lei prevê, acarretando a
Ministério Público, tampouco do início da contagem do seu prazo impossibilidade de o sujeito alterar situação jurídica mediante
Desse modo, não se verifica omissão no v. acórdão, sendo O Capítulo IV do CPC de 1973 trata especificamente da ação
acolhidos os presentes embargos declaratórios apenas para prestar rescisória, dispondo no art. 485 que:
Sustenta o Ministério Público do Trabalho, às fls. 91/94 (seq. 60), rescindida quando:
que em junho de 2008, a Procuradora do Trabalho, ora oficiante, I - se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou
categoria representada pelo 7° réu, não foram informados de que o II - proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente;
acordo importaria na concessão de quitação geral dos direitos dos III - resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da parte
trabalhadores (Representação n° 001067.2008.15.000/8-114), e, ao vencida, ou de colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;
se inteirar do feito, mediante remessa dos autos em 21/08/2008 (fl. IV - ofender a coisa julgada;
361), viu-se compelida a ajuizar a presente ação, dada a gravidade V - violar literal disposição de lei;
da situação. Alega que deve ser reformada a decisão que declarou VI - se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em
a decadência do direito do MPT de ajuizar a ação rescisória, pelos processo criminal ou seja provada na própria ação rescisória;
seguintes argumentos: a) antes de analisar o pedido liminar VII - depois da sentença, o autor obtiver documento novo, cuja
formulado na ação, o Relator originário afastou a decadência ao existência ignorava, ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só,
consignar que a rescisória foi regularmente proposta, pois o v. de lhe assegurar pronunciamento favorável;
Acórdão foi publicado em 25/08/2006 (f.340) e a ação foi ajuizada VIII - houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou
em 22/08/2006 (f.2), o que satisfaz os requisitos do art. 495 do transação, em que se baseou a sentença;
CPC.(..), e que não houve a interposição de recurso por parte dos IX - fundada em erro de fato, resultante de atos ou de documentos
presença de um membro do Ministério Público representou, apenas, De outro lado, eis o que reza o art. 487, em seu item III:
Art. 487 - Tem legitimidade para propor a ação: conciliatório transita em julgado na data da sua homologação
a) se não foi ouvido no processo, em que lhe era obrigatória a ação rescisória somente começa a fluir para o Ministério
b) quando a sentença é efeito de colusão das partes, a fim de momento em que tem ciência da fraude. (ex-OJ nº 122 da SBDI-
Acrescenta-se que, nos termos do art. 495, também do CPC de TST que, após afastar a decadência em sede de recurso ordinário,
1973, o direito de propor ação rescisória se extingue em 2 (dois) aprecia desde logo a lide, se a causa versar questão
anos, contados do trânsito em julgado da decisão. exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato
Em observância a esses dispositivos, o TST editou a Súmula nº 100 julgamento. (ex-OJ nº 79 da SBDI-2 - inserida em 13.03.2002)
do TST, que versa acerca da decadência no ajuizamento da ação VIII - A exceção de incompetência, ainda que oposta no prazo
rescisória, tratando, especificamente, em seus itens V e VI, das recursal, sem ter sido aviado o recurso próprio, não tem o condão
hipóteses de desconstituição de sentença homologatória de acordo de afastar a consumação da coisa julgada e, assim, postergar o
firmado pelas partes, bem como da circunstância de o autor da ação termo inicial do prazo decadencial para a ação rescisória. (ex-OJ nº
rescisória ser o Ministério Público do Trabalho, e sobre o prazo que 16 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000)
lhe é concedido para o ajuizamento da ação. IX - Prorroga-se até o primeiro dia útil, imediatamente subseqüente,
Eis o que diz a referida Súmula: o prazo decadencial para ajuizamento de ação rescisória quando
SUM 100. AÇÃO RESCISÓRIA. DECADÊNCIA (incorporadas as que não houver expediente forense. Aplicação do art. 775 da CLT.
Orientações Jurisprudenciais nºs 13, 16, 79, 102, 104, 122 e 145 da (ex-OJ nº 13 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000)
SBDI-II) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005 X - Conta-se o prazo decadencial da ação rescisória, após o
I - O prazo de decadência, na ação rescisória, conta-se do dia decurso do prazo legal previsto para a interposição do recurso
imediatamente subsequente ao trânsito em julgado da última extraordinário, apenas quando esgotadas todas as vias recursais
decisão proferida na causa, seja de mérito ou não. (ex-Súmula nº ordinárias. (ex-OJ nº 145 da SBDI-2 - DJ 10.11.2004) (grifei).
II - Havendo recurso parcial no processo principal, o trânsito em O item V da Súmula nº 100, seguindo as diretrizes do art. 831 da
julgado dá-se em momentos e em tribunais diferentes, contando-se CLT, estabelece que o acordo homologado judicialmente tem força
o prazo decadencial para a ação rescisória do trânsito em julgado de decisão irrecorrível e acrescenta que o termo conciliatório
de cada decisão, salvo se o recurso tratar de preliminar ou transita em julgado na data da sua homologação judicial.
prejudicial que possa tornar insubsistente a decisão recorrida, De outro lado, o item VI do mesmo verbete sumular, em
hipótese em que flui a decadência a partir do trânsito em julgado da observância às disposições do art. 487, III, do CPC de 1973, trata
decisão que julgar o recurso parcial. (ex-Súmula nº 100 - alterada da hipótese em que a ação rescisória é ajuizada pelo Ministério
pela Res. 109/2001, DJ 20.04.2001) Público do Trabalho - quando ele não foi ouvido no processo em
III - Salvo se houver dúvida razoável, a interposição de recurso que lhe era obrigatória a intervenção ou se a sentença é o efeito de
intempestivo ou a interposição de recurso incabível não protrai o colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei -, permitindo a
termo inicial do prazo decadencial. (ex-Súmula nº 100 - alterada alteração do dies a quo para a contagem do prazo decadencial,
pela Res. 109/2001, DJ 20.04.2001) dispondo que o prazo começa a fluir a partir do momento em que o
IV - O juízo rescindente não está adstrito à certidão de trânsito em Parquet teve ciência da fraude.
julgado juntada com a ação rescisória, podendo formar sua É certo que o Ministério Público, na inicial, não apontou a existência
convicção através de outros elementos dos autos quanto à de colusão entre as partes, conforme previsto no item III do art. 485
antecipação ou postergação do "dies a quo" do prazo decadencial. do CPC de 1973 e no item VI da Súmula nº 100 do TST. Apenas
(ex-OJ nº 102 da SBDI-2 - DJ 29.04.2003) argumentou que o acordo firmado entre os réus representou
V - O acordo homologado judicialmente tem força de decisão verdadeira renúncia aos direitos dos trabalhadores e que o sindicato
qualquer compensação, exorbitou os limites da legitimidade No contexto delineado, acerca da legitimidade do Parquet, entendeu
extraordinária que lhe foi conferida pelo art. 8º, III, da Constituição este Colegiado, em relação à legitimidade do MPT, que:
profissional, mas, sim, em evidente prejuízo aos trabalhadores. E Resta saber se, na hipótese em que o Ministério Público do
apontou que o instrumento negocial celebrado e homologado havia Trabalho intervém na forma da lei e, em se tratando de celebração
violado os arts. 477, § 2º, e 859 da CLT; 104, 107, 157, 162, 840 e de acordo entre as partes, concorda com os respectivos termos,
843 do Código Civil. ostenta legitimidade ativa para propor ação rescisória com vistas a
Sabe-se que a colusão a ser considerada como causa justificadora rescindir a sentença que homologa o acordo judicial.
do corte rescisório pode ser caracterizada como um processo Como visto, trata-se de Ação Rescisória ajuizada pelo Ministério
forjado pelas partes para praticar ato simulado ou com o intuito de Público do Trabalho, com fulcro no art. 485, V e VIII, do CPC,
fraudar a lei, geralmente em prejuízo de terceiros. buscando rescindir o acórdão regional que homologou acordo em
O fato é que, além de não ter expressamente apontado a existência ação cautelar preparatória de dissídio coletivo de greve, celebrado
de colusão, os relatos trazidos na inicial não apresentam elementos entre SINDICATO DOS TRABALHADORES EM TRANSPORTES
suficientes e aptos à convicção de que, na celebração do RODOVIÁRIOS E ANEXOS DE CAMPINAS E REGIÃO e RÁPIDO
instrumento negocial impugnado nesta ação, houve tal vício, pelo LUXO CAMPINAS LTDA. E OUTRAS, VBTU TRANSPORTES E
que, a princípio, não haveria como aplicar a hipótese prevista no SERVIÇOS LTDA., VIAÇÃO MORUMBI LTDA. e EMPRESA
item VI da Súmula nº 100, do TST, segundo o qual na hipótese de BORTOLOTTO VIAÇÃO LTDA.
colusão das partes, o prazo decadencial da ação rescisória somente Em substância, argumenta o Autor que o acórdão homologou
começa a fluir para o Ministério Público, que não interveio no acordo cujos termos eram extremamente prejudicais aos
processo principal, a partir do momento em que tem ciência da trabalhadores, especialmente a redução da multa sobre os
Ocorre que esta Seção Especializada, quando do exame da Nesse quadro, não se identifica fundamento para obstar a atuação
legitimidade do Ministério Público do Trabalho para o ajuizamento do Ministério Público do Trabalho no resguardo da função de defesa
desta ação rescisória, decidiu, mediante o acórdão de fls. 1/14 da da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses
seq. 5, (Relator Ministro Márcio Eurico Vitral Amaro, Data de individuais e indisponíveis, conforme consagrado no art. 127, caput,
julgamento: 13/11/2012, DEJT de 21/11/2012), que as hipóteses de da Constituição Federal. De fato, a eventual constatação de
legitimação do Ministério Público para propor este tipo de ação, existência de fundamento que invalide a transação ou de violação
previstas no item III do art. 487 do CPC de 1973, em circunstância literal de lei insere-se na solução de mérito.
de não ter atuado como parte, não se revelavam exaustivas, a teor A circunstância de haver sido conferida ao Ministério Público do
Ressalta-se que a Súmula nº 407 teve sua redação alterada em externado manifestação no sentido da concordância, sem ressalvas,
abril de 2016, apenas no sentido de substituir os dispositivos do com os termos do acordo judicial, cuja decisão homologatória se
CPC de 1973 pelos do CPC de 2015, passando a dispor: pretende rescindir, não altera esse raciocínio jurídico porquanto,
AÇÃO RESCISÓRIA. MINISTÉRIO PÚBLICO. LEGITIMIDADE "AD instituição, a ocorrência de vícios na sentença rescindenda somente
CAUSAM" PREVISTA NO ART. 967, III, A, B E C DO CPC DE passíveis de reparação em ação rescisória.
2015. ART. 487, III, "A" E "B", DO CPC DE 1973. HIPÓTESES Ante o exposto, dou provimento ao recurso para, afastada a
MERAMENTE EXEMPLIFICATIVAS (nova redação em decorrência ilegitimidade ativa ad causam do Ministério Público do Trabalho,
do CPC de 2015) - Res. 208/2016, DEJT divulgado em 22, 25 e determinar o retorno dos autos ao TRT de origem para que prossiga
26.04.2016. A legitimidade "ad causam" do Ministério Público para no julgamento da Ação Rescisória.
propor ação rescisória, ainda que não tenha sido parte no processo
que deu origem à decisão rescindenda, não está limitada às alíneas Deflui-se, portanto, da decisão transcrita, que este Colegiado
"a", "b" e c do inciso III do art. 967 do CPC de 2015 (art. 487, III, a e entendeu que o Ministério Público do Trabalho não foi parte do
b, do CPC de 1973), uma vez que traduzem hipóteses meramente processo em que houve a homologação do acordo coletivo e que
exemplificativas (ex-OJ nº 83 da SBDI-2 - inserida em 13.03.2002). não havia como considerar que o ajuizamento da ação rescisória
pelo Parquet, somente pelo fundamento da simulação ou colusão a data da homologação judicial do acordo a ser rescindido e, no
na celebração do instrumento negocial autônomo, constituiria caso em tela, o acordo foi homologado em 9/8/2006 (fls. 620/623) e
exceção à regra do prazo decadencial previsto no art. 295 do CPC. a ação rescisória foi ajuizada em 22/8/2008, quando já exaurido o
Assim, por coerência lógica ao que foi decidido no julgamento biênio decadencial.
anterior, não há como prosperar o entendimento do Tribunal Salienta-se que não há como aplicar os dispositivos mencionados
Regional do Trabalho da 1ª Região de que o Ministério Público pelo Ministério Público - arts. 18 e 84 da Lei Complementar 75 de
atuou no processo principal; o de que estava presente quando foi 1983 e 236 do CPC de 1973, de forma a considerar que a contagem
proferida a decisão homologatória do acordo firmado entre as do prazo deveria se iniciar a partir da intimação pessoal feita àquele
partes; e o de que teve conhecimento da decisão rescindenda, Órgão, na medida em que os referidos dispositivos não se referem
razões pelas quais o prazo decadencial teria se iniciado na data da ao ajuizamento da ação rescisória e em que a jurisprudência desta
homologação do acordo (9/8/2006), restando escoado o biênio Corte, consubstanciada na Súmula nº 100, não prevê a hipótese de
decadencial quando do ajuizamento da ação, em 22/8/2008. que a contagem do prazo decadencial se dê a partir da intimação
O fato é que, em face do disposto no item VI da Súmula nº 100 do feita, de forma pessoal, ao MPT, no caso de desconstituição de
TST, não tendo sido o Ministério Público parte na ação originária, o acordo homologado pela via judicial.
prazo decadencial deve ter como termo a quo a ciência de uma Acrescenta-se, por fim, que, concernente à argumentação de que a
possível fraude à lei. decadência já tinha sido afastada, em sede de liminar, e que não
Observa-se que, ainda que não tivesse mencionado, na inicial, o teve a interposição de recurso, as razões do recorrente também não
Dra. Alessandra Rangel Paravidino Andery (também subscritora da Eis o que consignou a decisão:
que, em junho de 2008, a Procuradora do Trabalho, ora oficiante, No que tange ao prazo, a rescisória foi regularmente proposta, pois
recebeu uma denúncia, noticiando que os trabalhadores da o v. Acórdão foi publicado em 25/08/2006 (f. 340) e a ação foi
categoria representada pelo 7º réu não foram informados de que o ajuizada em 22/08/2006 (f.2), o que satisfaz os requisitos do art. 495
inteirar do feito, viu-se compelida a ajuizar a presente ação, dada a Primeiramente, observa-se o equívoco na decisão, na medida em
gravidade da situação. que o art. 495 do CPC de 1973 previa que o direito de propor ação
Ressalta-se que o 7º réu é o Sindicato dos Trabalhadores em rescisória se extingue em 2 (dois) anos, contados do trânsito em
Transportes Rodoviários e Anexos de Campinas e Região. julgado da decisão - e não da publicação do acórdão -, o que seria,
Ocorre que não se constata nos autos o documento mencionado. inclusive, mais benéfico ao recorrente.
Verifica-se, apenas, às fls. 518 e 802, a juntada de cópia da ata de Ocorre que, ao se basear, apenas, no disposto no art. 495 do CPC,
audiência relativa ao Procedimento Preparatório de Inquérito Civil nº a decisão não levou em consideração a particularidade de se tratar
28269/2006-10, datada de abril de 2008, ou seja anterior àquela de desconstituição de acordo homologado na Justiça do Trabalho, o
mencionada pelo recorrente, e no qual é denunciante Carlos que induziria à observância da contagem de prazos decadenciais
Alberto da Silva e denunciada a empresa VBTU Transporte e diferenciados, previstos nos itens V e VI da Súmula nº 100 desta
Assim, não há como efetuar a contagem do prazo decadencial a previsto no art. 495 do CPC de 1973.
partir da data da denúncia anunciada pelo Parquet (junho de 2008) - Ademais, observa-se que a decisão liminar foi publicada em
momento em que o Ministério Público teria tido ciência dos vícios 24/9/2008 (fl. 383), e que, posteriormente, os réus apresentaram
em relação à decisão homologatória rescindenda e que seriam contestação (fls. 463/464; 747/748; 1029; e 1357/1358) arguindo,
passíveis de reparação pela via rescisória, nos termos do inciso VI como prejudicial de mérito, a prescrição extintiva, em face da
Ainda que se considerasse a possibilidade de se aplicar o item V da decadência e extinguiu o processo, com resolução de mérito, na
Súmula nº 100, a declaração de decadência seria mantida. O forma do art. 269, IV, do CPC de 1973 (art. 487, II, do CPC de
ACORDAM os Ministros da Seção Especializada em Dissídios art. 10, II, "b", do ADCT, não se pode declarar válida a norma
Coletivos do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, coletiva que, a pretexto de ampliar o benefício, impõe condicionante
conhecer do recurso ordinário e, no mérito, negar-lhe provimento. que pode levar à supressão de um direito constitucionalmente
Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001) mencionado dispositivo, mas também contraria a jurisprudência
ferir os arts. 5º, XX, e 8º, V, da CF, que asseguram o direito de livre
Intimado(s)/Citado(s):
associação e sindicalização. Nesse sentido dispõem o Precedente
- FEDERAÇÃO DO COMÉRCIO DE BENS E SERVIÇOS DO
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL E OUTROS Normativo nº 119 e a Orientação Jurisprudencial nº 17, ambos da
- FEDERAÇÃO DOS EMPREGADOS NO COMÉRCIO DE BENS
E DE SERVIÇOS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SDC do TST. No caso em tela, o caput da cláusula 63 (Acordo de
- MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO fls. 955/975), que trata do desconto da contribuição para o custeio
- SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE CACHOEIRA DO
SUL E OUTROS do Sistema Confederativo de Representação Sindical e da
- SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE GÊNEROS Contribuição Assistencial, deve ser adaptado aos termos do PN nº
ALIMENTÍCIOS DOS VALES DO RIO PARDO E TAQUARI
119 da SDC do TST, de forma a que a incidência do desconto das
A) RECURSOS ORDINÁRIOS INTERPOSTOS PELO MINISTÉRIO ASSISTENCIAL DOS EMPREGADOS. Aplica-se o entendimento
PÚBLICO DO TRABALHO. DISSÍDIO COLETIVO DE NATUREZA desta Seção Especializada, no sentido de considerar razoável que
ECONÔMICA. ACORDOS COLETIVOS HOMOLOGADOS. 1. seja descontado do trabalhador, a título de contribuição assistencial,
o equivalente a 50% de um dia de salário, já reajustado, e de uma mas observando as disposições da Lei nº 10.192/2001, admite que,
só vez. Recurso ordinário conhecido e provido, no tópico. B) ante o insucesso da negociação entre as partes, seja concedido
RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELO SINDICATO DO pela via normativa o reajuste salarial, em um percentual levemente
COMÉRCIO VAREJISTA DE CACHOEIRA DO SUL E PELO inferior àquele apurado pelo INPC/IBGE em relação ao período
SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE ERECHIM. revisando. No caso em tela, o índice apurado pelos referidos
DISSÍDIO COLETIVO DE NATUREZA ECONÔMICA. AUSÊNCIA indicadores, para o período de maio de 2008 e abril de 2009 foi de
DE COMUM ACORDO. ART. 114, § 2º, DA CONSTITUIÇÃO 5,44% e o Regional, ao conceder o percentual de 5,40% para o
FEDERAL. JURISPRUDÊNCIA DO TST. EXTINÇÃO DO reajuste dos salários, decidiu em consonância à jurisprudência
PROCESSO, SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. O entendimento desta SDC. Recurso conhecido e não provido, no tema. 3.
pacífico nesta Corte é o de que o comum acordo, exigência trazida CLÁUSULA 3ª - SALÁRIO MÍNIMO PROFISSIONAL. APLICAÇÃO
pelo art. 114, § 2º, da Constituição Federal para o ajuizamento do DO PISO PREVISTO NA LEI ESTADUAL Nº 13.189/2009. A
dissídio coletivo de natureza econômica, é pressuposto de jurisprudência desta Seção Especializada firmou-se no sentido de
constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo e que refoge ao âmbito do poder normativo da Justiça do Trabalho a
que, embora idealmente devesse ser materializado na forma de fixação de piso salarial, admitindo, apenas, a aplicação do mesmo
petição conjunta da representação, é interpretado de maneira mais percentual concedido para o reajuste dos salários ao piso
flexível, no sentido de se admitir a concordância tácita na porventura fixado em instrumento negocial autônomo, celebrado em
instauração da instância, desde que não haja a oposição expressa período imediatamente anterior ao do dissídio coletivo. Ocorre que,
do suscitado, na contestação. No caso em tela, observa-se que o em não se tratando de condição preexistente, predomina o juízo
Sindicato do Comércio Varejista de Cachoeira do Sul e o Sindicato quanto à possibilidade de fixação de piso salarial, se existente Lei
do Comércio Varejista de Erechim, na defesa, demonstraram Estadual que o estabeleça. Sendo essa a hipótese, a decisão
expressamente sua discordância com a instauração da instância do regional que fixou como salário mínimo profissional dos
dissídio coletivo e apontaram a ausência do comum acordo como trabalhadores das empresas representadas pelo sindicato ora
causa extintiva do processo, reiterando, nas razões recursais, os recorrente o piso instituído na Lei nº 13.189/2009, do Estado do Rio
argumentos anteriormente apresentados. Reforma-se, pois, a Grande do Sul, mostra-se perfeitamente consonante à
decisão para, em relação aos recorrentes, julgar extinto o processo, jurisprudência desta Corte. Recurso ordinário conhecido e não
sem resolução de mérito, com base nos arts. 114, § 2º, da CF e provido, no particular. 4. DEMAIS CLÁUSULAS. Deferidas
485, IV, do CPC/2015, ficando ressalvadas, contudo, as situações parcialmente, na forma da jurisprudência deste Tribunal.
processo, sem resolução de mérito, pela ausência de comum Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso Ordinário n°
ALIMENTÍCIOS DOS VALES DO RIO PARDO E TAQUARI. 1. Recorrentes e Recorridos SINDICATO DO COMÉRCIO
PRELIMINAR DE AUSÊNCIA DE COMUM ACORDO. VAREJISTA DE GÊNEROS ALIMENTÍCIOS DOS VALES DO RIO
FASE RECURSAL. PRECLUSÃO. O Sindicato do Comércio DE CACHOEIRA DO SUL E OUTROS; e Recorridas FEDERAÇÃO
Varejista de Gêneros Alimentícios dos Vales do Rio Pardo e Taquari DOS EMPREGADOS NO COMÉRCIO DE BENS E DE SERVIÇOS
não apresentou contestação e, consequentemente, não manifestou, DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL e FEDERAÇÃO DO
no momento oportuno, sua discordância com a instauração da COMÉRCIO DE BENS E SERVIÇOS DO ESTADO DO RIO
preclusão, e não cabe agora, em fase recursal, apresentar a recusa A Federação dos Empregados no Comércio de Bens e de Serviços
à instauração da representação coletiva. (Precedentes). Preliminar do Estado do Rio Grande do Sul - FECOSUL ajuizou, em 29/5/2009,
rejeitada. 2. CLÁUSULA 1ª - REAJUSTE SALARIAL. Esta Seção dissídio coletivo de natureza econômica contra a Federação do
Especializada, considerando a necessidade de que os efeitos Comércio de Bens e Serviços do Estado do Rio Grande do Sul e 14
decorrentes da perda de valor real dos salários sejam atenuados, outros sindicatos representantes do mesmo segmento econômico,
objetivando a fixação das condições de trabalho para vigerem a Público do Trabalho interpôs o recurso ordinário de fls. 1925/1939 e
partir de 1º de junho de 2009 (fls. 3/71). contra a decisão homologatória de fls. 1887/1892 interpôs o recurso
No decorrer da ação, houve a comunicação acerca da celebração ordinário de fls. 1941/1957, sustentando a ilegalidade de várias
Federação suscitada, juntamente com vários Sindicatos patronais. Analisando o dissídio coletivo em relação aos sindicatos
O Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, mediante o acórdão remanescentes, o TRT da 4ª Região, mediante o acórdão de fls.
de fls. 1533/1539, homologou os acordos firmados, de um lado, pela 2119/2211: a) rejeitou as preliminares de extinção do processo, sem
Federação dos Trabalhadores no Comércio do Estado do Rio resolução de mérito, por ausência de comum acordo; por ausência
Grande do Sul com os seguintes suscitados: Sindicato da ata da assembleia geral extraordinária; por ilegitimidade da
Intermunicipal dos Concessionários e Distribuidores de Veículos no Federação suscitante; e por ausência da norma revisanda, bem
Estado do Rio Grande do Sul (fls. 955/975); Sindicato Intermunicipal como a prefacial de cerceamento de defesa; b) estabeleceu que a
do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Estado do Rio sentença normativa a ser utilizada como norma revisanda seria
Grande do Sul e Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros aquela anexada às fls. 991 a 1025, relativa à sentença proferida no
Alimentícios de Canoas (fls. 1023/1057); Sindicato do Comércio DC-212500-06.2008.5.04.0000, vigente no período de 1º de junho
Atacadista de Álcool e Bebidas em Geral do Estado do Rio Grande de 2008 a 31 de maio de 2009, ressalvando-se, porém, os salários
do Sul (fls. 1105/1139); e Sindicato do Comércio Atacadista do normativos de cada norma coletiva juntada; c) determinou que a
Estado do Rio Grande do Sul (fls. 1171/1207). E de outro lado, o presente ação deveria abranger todos os trabalhadores integrantes
acordo firmado entre as Federações suscitante e suscitada, da categoria profissional representada pela Federação suscitante
juntamente com o Sindicato dos Estabelecimentos de Serviços empregados nas empresas integrantes da categoria econômica
Funerários do Estado do Rio Grande do Sul; Sindicato do Comércio representada pelos cinco suscitados remanescentes nos municípios
Varejista de Material Óptico, Fotográfico e Cinematográfico do inorganizados em sindicatos no Estado do Rio Grande do Sul; e d)
Estado do Rio Grande do Sul; e o Sindicato do Comércio Varejista no mérito, deferiu parcialmente as reivindicações.
de Produtos Farmacêuticos do Estado do Rio Grande do Sul (fls. Interpuseram recursos ordinários, às fls. 2223/2259, o Sindicato do
Também por meio do acórdão de fls. 1887/1892, homologou os e Taquari, e, em peça única, às fls. 2265/2302, o Sindicato do
novos acordos celebrados entre as Federações suscitante e Comércio Varejista de Cachoeira do Sul; o Sindicato do Comércio
suscitada; o Sindicato dos Estabelecimentos de Serviços Funerários Varejista de Camaquã; e o Sindicato do Comércio Varejista de
de Produtos Farmacêuticos do Estado do Rio Grande do Sul; e o Contra o acórdão regional, o Ministério Público do Trabalho opôs
Sindicato do Comércio Varejista de Material Óptico, Fotográfico e embargos de declaração, às fls. 2305/2307, sustentando a
Cinematográfico do Estado do Rio Grande do Sul (fls. 1565/1599) - inexistência de norma coletiva revisanda em relação ao Sindicato do
ressaltando não ser possível a homologação em relação ao Comércio Varejista de Camaquã, uma vez que, no DC-212500-
Sindicato do Comércio Varejista de Osório e o Sindicato do 06.2008.5.04.0000, houve o pedido de desistência da ação,
Comércio de Vendedores Ambulantes e Comércio Varejista de formulado pelo referido ente sindical. Pugnou pela declaração de
Feirantes do Estado do Rio Grande do Sul, por serem entidades ilegitimidade do referido sindicato.
estranhas à lide - e homologou o acordo celebrado entre a Os embargos de declaração foram acolhidos para corrigir erro
Federação dos Trabalhadores e o Sindicato do Comércio Varejista material e, dando efeito modificativo ao julgado, extinguir o
Determinou, ainda, o prosseguimento do feito em relação aos Comércio Varejista de Camaquã (fls. 2337/2341)
suscitados remanescentes: Sindicato do Comércio Varejista de O Sindicato do Comércio Varejista de Cachoeira do Sul e o
Veículos e de Peças e Acessórios para Veículos no Estado do Rio Sindicato do Comércio Varejista de Erechim ratificaram, à fl. 2349,
Grande do Sul; Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros os termos do recurso ordinário anteriormente interposto.
Alimentícios do Vale do Rio Pardo; Sindicato do Comércio Varejista O Sindicato do Comércio Varejista de Camaquã, à fl. 2353,
de Cachoeira do Sul; Sindicato do Comércio Varejista de Camaquã; requereu a desistência do recurso ordinário, em face da decisão
e Sindicato do Comércio Varejista de Erechim. proferida quando do julgamento dos embargos de declaração.
Contra a decisão homologatória de fls. 1533/1539, o Ministério Os recursos ordinários foram admitidos, às fls. 2363/2364, e não
O processo foi distribuído a esta Relatora em 15/3/2018. Sustenta o Ministério Público do Trabalho, às fls. 1927/1929 e
Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho. 1943/1947, que as cláusulas 16 do acordo de fls. 1105/1139 e 17
A) RECURSOS ORDINÁRIOS INTERPOSTOS PELO MINISTÉRIO garantia de emprego à apresentação de atestado médico
PÚBLICO DO TRABALHO CONTRA AS DECISÕES comprobatório de gravidez anterior ao aviso prévio, dentro de 30
HOMOLOGATÓRIAS DOS ACORDOS COLETIVOS dias após a data do término do aviso prévio, sob pena de
CELEBRADOS NO DECORRER DA AÇÃO decadência do direito. Alega que o período de garantia de emprego,
Leva-se em consideração, na análise dos recursos interpostos, a negocial, já que esse direito é garantido pela Constituição Federal.
numeração constante do Sistema de Informações Judiciárias - SIJ. Afirma que as condicionantes previstas em normas coletivas
Conforme relatado, o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, somente podem alcançar o período que excede aquele previsto no
mediante o acórdão de fls. 1533/1539, homologou os acordos art. 10, II, b, do ADCT. Afirma que a concepção no decorrer do
coletivos firmados, no decorrer da ação, entre o suscitante e a aviso prévio não afasta o direito à estabilidade e que a Súmula nº
maioria dos suscitados, juntados às fls. 955/975; 1023/1058; 224 do TST dispõe que o desconhecimento do estado gravídico,
1105/1139; 1171/1207; 1241/1281. Também mediante o acórdão de pelo empregador, não afasta o direito ao recebimento da
fls. 1887/1892, homologou os acordos de fls. 1565/1599 e o de fls. indenização decorrente da estabilidade. Destaca o teor da
Contra a decisão homologatória de fls. 1533/1539, o Ministério sejam excluídas as condicionantes relativas à garantia de emprego.
contra a decisão homologatória de fls. 1887/1892 interpôs o recurso Retifica-se, inicialmente, a numeração da cláusula relativa à
de fls. 1941/1957, sustentando a ilegalidade de algumas cláusulas estabilidade da gestante do acordo de fls. 1105/1139, indicada pelo
pactuadas, relativas à ESTABILIDADE DA GESTANTE; Ministério Público como sendo a cláusula 16 (fl. 1119), para que
CONFEDERATIVA E ASSISTENCIAL; e ao DESCONTO A Constituição Federal, em seu art. 7º, XVIII, da CF, garante a
ASSISTENCIAL DOS EMPREGADOS, as quais serão analisadas a licença à gestante de cento e vinte dias, que pode ser prorrogada
1171/1207; 1241/1281 E 1565/1599) - ESTABILIDADE DA O art. 392 da CLT também estipula que a empregada gestante tem
emprego e salário.
Eis o teor das cláusulas pactuadas: De outro lado, nos termos do art. 10, II, "b", do ADCT, é vedada a
17. ESTABILIDADE DA GESTANTE - À empregada gestante será momento da confirmação da gravidez até cinco meses após o parto.
assegurada a estabilidade no emprego durante a gravidez a até 90 O Supremo Tribunal Federal, objetivando proteger a maternidade e
(noventa) dias após o retomo do benefício previdenciário. o nascituro, decidiu ser inconstitucional cláusula constante de
Na hipótese de dispensa sem justa causa, a empregada deverá estabilidade constitucionalmente garantida.
apresentar à empresa atestado médico comprobatório de gravidez Da mesma forma, e seguindo as diretrizes daquela Corte, a
anterior ao aviso prévio, dentro de 30 (trinta) dias após a data do jurisprudência desta Seção Especializada consolidou-se na
término do aviso prévio, sob pena de decadência do direito previsto. Orientação Jurisprudencial nº 30, que dispõe:
30. ESTABILIDADE DA GESTANTE. RENÚNCIA OU TRANSAÇÃO meses da garantia inserta no art. 10, II, "b" do ADCT da CF. Ou
DE DIREITOS CONSTITUCIONAIS. IMPOSSIBILIDADE (inserida seja, parte da estabilidade constitucional está contida no período da
"b", do ADCT, a proteção à maternidade foi erigida à hierarquia O fato é que não há, no art. 10, II, b, do ADCT, nenhuma condição
constitucional, pois retirou do âmbito do direito potestativo do para que a empregada possa exercer o direito relativo à garantia de
empregador a possibilidade de despedir arbitrariamente a emprego, tanto é que nem mesmo o desconhecimento, por parte do
empregada em estado gravídico. Portanto, a teor do artigo 9º, da empregador, do estado gravídico da empregada dispensada sem
CLT, torna-se nula de pleno direito a cláusula que estabelece a justa causa afasta a garantia constitucional.
possibilidade de renúncia ou transação, pela gestante, das Nesse sentido, o parágrafo único da cláusula pactuada, ao
garantias referentes à manutenção do emprego e salário." estabelecer que a garantia da estabilidade provisória no emprego, à
No caso em tela, a norma, a princípio, parece ser bastante benéfica estado gravídico ao empregador, ainda que para efeitos de suposta
às empregadas gestantes, ao possibilitar a extensão da licença- ampliação do benefício, contraria também a jurisprudência desta
maternidade para mais 90 dias após o término do afastamento Corte, consubstanciada no item I da Súmula nº 244, que dispõe:
provisória a todo aquele período de afastamento. Todavia, diverge I - O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não
do Texto Constitucional ao condicionar, no parágrafo único, a afasta o direito ao pagamento da indenização decorrente da
concessão desse benefício à apresentação de atestado médico estabilidade (art. 10, II, "b" do ADCT)."
De outro lado, observa-se que a cláusula, ao assegurar a As ementas a seguir transcritas consolidam esse entendimento:
sobreposição de tempo que pode ocorrer em relação à estabilidade TRABALHO. PROCESSO ANTERIOR À LEI 13.467/2017. AÇÃO
garantida no art. 10, II, "b", do ADCT, ou seja, a possibilidade de ANULATÓRIA. EMPREGADA GESTANTE. ESTABILIDADE