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SUMÁRIO
Também conhecida como Casa do Povo, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro é constantemente
palco de protestos, manifestações e reivindicações, que normalmente ocorrem em suas escadarias. A
partir de Junho, no entanto, o Salão Nobre, localizado no terceiro andar do prédio passou a ser aberto para
apresentação das instituições e suas agendas aos 70 deputados estaduais. O projeto Casa Aberta, criado
pelo Fórum Permanente de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio de Janeiro, órgão da ALERJ,
tem como foco promover a interação entre os deputados e as 56 instituições que o integram.
INTRODUÇÃO
Dos debates permanentes nas câmaras setoriais e debates no Plenário da ALERJ, em que são apresentados
os estudos mais recentes realizados pelas instituições que o compõem e pelo governo estadual, surgem
modelos de boas práticas, propostas de desburocratização e de alteração da legislação estadual, além de
atos em defesa do estado do Rio. Aqui, a informação é base para tomada de decisões.
DESENVOLVIMENTO
SOBRE O SEMINÁRIO
FORMATO
Os quatro dias do seminário, realizado no plenário Barbosa Lima Sobrinho, do Palácio Tiradentes, foram
divididos por temas. Após a abertura oficial, no dia 29, foram realizadas as apresentações sob o tema
“Panorama e Perspectivas do Emprego no Estado do Rio de Janeiro”. Nos dias subsequentes o seminário
contou com os painéis “Políticas Públicas de Emprego e Renda”, no dia três de maio; “Contribuição do
Sistema S na geração de emprego e renda e boas práticas das universidades e da sociedade civil”, no dia
10 de maio; e “Desenvolvimento Regional para construção de uma estratégia de emprego e renda”, no dia
17 de maio.
PÚBLICO-ALVO
• autoridades federais estaduais e municipais
• gestores do Sistema S
• universidades
• instituições da sociedade civil organizada
• 70 deputados estaduais do Rio de Janeiro
• Assessores e funcionários de gabinete
PÚBLICO INDIRETO
PROJETO DE COMUNICAÇÃO/DIVULGAÇÃO
Em ppt anexo
COMUNICAÇÃO INTERNA
Convite produzido pelo Fórum, para distribuir as entidades e as instituições que compõem o Fórum e para
os parlamentares da Casa.
RESULTADOS
A série de encontros reuniu cerca de 250 gestores, prefeitos, secretários estaduais e municipais de
diversas cidades, deputados estaduais, representantes do sistema S e das principais universidades públicas
e particulares do estado.
Para o presidente da Alerj e do Fórum de Desenvolvimento Estratégico, deputado André Ceciliano (PT),
o desemprego se deve a vários outros fatores além da crise econômica. “ As novas tecnologias têm feito o
número de empregos diminuir, o trabalhador pode ganhar melhor mas em compensação nós perdemos
vagas de emprego. Além disso, o país pode crescer 4% ao ano se investirmos em habitação e saneamento.
Precisamos sair desse ciclo pernicioso que se tornou o Rio de Janeiro nos últimos dez anos”, destacou
Ceciliano.
Outro ponto abordado pelo parlamentar foi a importância do investimento na área do turismo que sofreu
um impacto negativo por conta do aumento da criminalidade. “A violência faz com que empresários que
estão aqui possam ir para outros estados e nós não conseguimos atrair novos investimentos”, salientou
Ceciliano, observando que o objetivo do seminário é aproximar setores que possam auxiliar o parlamento
estadual na definição de políticas públicas visando à geração de emprego, renda, salário e qualificação
profissional.
“A ideia aqui, hoje, é falar sobre aspectos do desemprego, do desalento, da subutilização da força de
trabalho, porque o nosso problema vai além”, explicou o coordenador de trabalho e rendimento do IBGE,
Cimar Azeredo. Segundo ele, a PNAD Contínua consegue mostrar que os números de desemprego são até
pequenos perto do problema mais grave que o estado enfrenta, que é o da subutilização da força de
trabalho.
Segundo Cimar, a subutilização que registrava 642 mil pessoas em 2014, saltou para 1,7 milhão no quarto
trimestre de 2018. “O que significa isso? São pessoas que trabalham menos que 40 horas e querem
trabalhar mais. São pessoas que perderam o emprego, muitas vezes, ou que tiveram a sua jornada de
trabalho reduzida. Então, essas pessoas estão no mercado sim, mas devem ser feitas políticas para atende-
las, porque elas estão com menos horas, uma jornada melhor e, consequentemente, a renda dessas pessoas
também está mais baixa”, afirmou.
Como parte da subutilização da mão de obra no estado, Cimar citou ainda a população desalentada.
Segundo a definição do IBGE, desalentados são aqueles que, por diferentes razões, desistiram de procurar
emprego e saem das estatísticas do desemprego. O desalento que era 12 mil em 2014 chegou agora a 85
mil pessoas no Estado.
Com base na apresentação sobre o mercado de trabalho da Fecomércio-RJ, mulheres negras e jovens com
idades entre 14 e 17 anos são os que mais sofrem as consequências do desemprego no estado. Entre 2012
e 2018, o número de menores de idade sem emprego cresceu de forma acelerada, alcançando a taxa de
60% _ uma diferença de 20 pontos percentuais acima da média nacional. Entre os jovens de 18 a 24 anos,
o desemprego atingiu 32,2% em 2018. Para o presidente da Fecomércio, Antônio Queiroz, o abandono
escolar é um fator alarmante entre os jovens e adolescentes. “Isso assusta bastante porque é o futuro e
precisamos de uma solução através da educação”, comentou.
Já as mulheres negras apresentam taxa de desemprego de 20,7%. O número representa mais que o dobro
da taxa dos homens brancos, de 10,1%. De acordo com o estudo apresentado pelo economista-chefe da
Fecomércio, João Gomes, nos últimos anos as trajetórias dos índices de desemprego foram semelhantes
entre homens e mulheres, mas sobre elas a perda do trabalho recaiu mais fortemente. No último trimestre
de 2018, a taxa de desemprego foi de 17,8% para as mulheres e 12,4% para os homens.
"Além do aumento no desemprego entre as mulheres, outro dado preocupante é a renda das mulheres que
chefiam lares", apontou João Gomes. Mais de 40% dos lares do estado são chefiados hoje por mulheres e,
dessas, quase 60% estão vivendo entre a pobreza e a pobreza extrema, com rendimentos familiares entre
R$ 100 e R$ 350.
Firjan aponta que o Rio foi estado mais afetado pela crise econômica
Segundo o gerente de estudos econômicos da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro
(Firjan), Jonathas Goulart, existem dois fatores que precisam ser solucionados para haver maior geração
de emprego e renda no estado: o alto custo do trabalho e a política tributária. “O piso regional do Rio está
acima do normal em relação a outros estados do país, com crescimento de quase 50% nos últimos cinco
anos, além disso há a questão do ICMS. Estamos passando por um período de convalidação de incentivos
fiscais e o Rio de Janeiro precisa participar desse processo para conseguirmos uma política tributária que
seja mais competitiva para as indústrias e para o setor produtivo do estado”, explicou Jonathas.
Uma consequência direta do alto custo do trabalho, apontou Jonathas, foi o aumento da informalidade no
estado. "Estamos falando que o Rio de Janeiro aumentou a sua informalidade nesse período em quase
20%, enquanto no Brasil, nesse período de crise, a informalidade cresceu 7%", pontuou.
Outro ponto relevante da apresentação de Jonathas foi o impacto da política tributária na geração de
empregos. “A primeira coisa que precisamos falar é a diferença entre incentivo fiscal e renúncia. Esse é
um tema que muitas vezes parece polêmico, mas precisamos entender o que aconteceu com a economia
do Estado do Rio, nos últimos anos”, disse Jonathas. “O incentivo procura atrair indústria, gerar novos
empregos e aumentar a arrecadação do ICMS. Estamos falando diretamente de atração de empresas,
atração de arrecadação e geração de emprego e renda”.
De acordo com os estudos da Firjan, nas cidades que receberam incentivos fiscais, houve a geração de
mais de 88 mil postos de trabalho; uma renda média que cresceu quase o dobro da renda média do
restante do Estado e, no geral, um aumento de 82 % na arrecadação de ICMS, com crescimento de mais
de R$ 580 milhões de arrecadação. “Por outro lado, quando falamos em renúncia fiscal, falamos em
manter as indústrias no Estado. Ou seja, manter os empregos que já estão aqui e manter também a
arrecadação de ICMS”, explicou Jonathas.
A professora Renata La Rovere, do Instituto de Economia da UFRJ, apresentou um estudo sobre oferta e
demanda de capacitação no Estado com base em dados do Ministério do Trabalho e Emprego. De acordo
com a pesquisa, há um descolamento entre emprego nas regiões e a oferta de cursos no estado, ou seja, as
regiões apresentam demandas específicas por empregos de capacitação de atividades industriais e os
cursos de educação superior nas regiões não conseguem atender a essa demanda.
No setor Metalmecânico, por exemplo, que inclui as indústrias do polo automotivo do Centro Sul
Fluminense, observou-se uma demanda por capacitação expressiva nessa região, com a oferta
concentrada no Rio de Janeiro e Região Metropolitana. ”Assim como no setor de metalurgia, que inclui
produtos de aço, também por conta das siderúrgicas temos uma concentração de empregos no Centro Sul
Fluminense, mas, de novo, a oferta principal, Cursos de Engenharia e Metalurgia concentrada na Região
Metropolitana”, disse Renata.
Também estiveram presentes na abertura do seminário o deputado Jorge Felippe Neto (PSD), além de
representantes da Superintendência Regional do Trabalho no Estado do Rio de Janeiro.
João Gomes - "Mercado de trabalho a partir dos Indicadores Sociais do Rio de Janeiro"
A busca por formas efetivas de unir os bancos de dados de desempregados e de vagas de emprego foi um
dos destaques das discussões desta sexta-feira (03/05), no Plenário da Assembleia Legislativa, durante o
segundo dia do seminário “Desafios do Emprego no Estado do Rio de Janeiro”. O evento, promovido
pelo Fórum de Desenvolvimento do Rio, em parceria com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento
Econômico, Emprego e Relações Internacionais (SEDEERI), reuniu representantes dos governos federais,
estadual, além de apresentação de quatro municípios: São João da Barra, Porto Real, Duque de Caxias e
Maricá.
“Infelizmente a gente não consegue criar mais empregos sem destravar a economia, que passa pela
aprovação da reforma da previdência”, afirmou o secretário de Políticas Públicas para o Emprego do
Ministério da Economia Fernando Holanda.
“Constatamos que o Sine tinha um grave problema em captar vagas, então uma das soluções pensadas foi
possibilitar o compartilhamento de nosso banco de dados com as empresas privadas de captação de mão
de obra, já que o desempregado entra automaticamente no sistema para poder acessar o seguro
desemprego. Um detalhe importante é que a empresa não pode cobrar do trabalhador por este serviço,
apenas da empresa contratante”, explicou. Outra ação será melhorar o banco de dados cadastrais com
informações mais precisas sobre o trabalhador, assim como suas competências. “Só após a empresa
detectar o perfil do trabalhador desejado é que fornecemos os dados pessoais do cidadão para contato”.
Ações estaduais
Na esfera estadual foram detalhadas as ações do executivo visando a reduzir o número de desempregados
no Rio de Janeiro que já atinge hoje quase 1,3 milhão de pessoas. Para a subsecretária estadual de
Emprego e Renda da SEDEERI, Ana Asti, a articulação entre o Executivo, o Legislativo e os municípios,
junto com as instituições da sociedade civil organizada, é de fundamental importância para vencer o
grande número de desempregados que afeta o estado.
“É preciso criar um ambiente de negócios favorável, aumentando a relação per capta, assim como a
arrecadação. Os repasses federais também são muito importantes neste processo”, afirmou o secretário de
Fazenda e Planejamento de Duque de Caxias Carlos Soutinho. Uma das ações apresentadas por Soutinho
foi a criação do Fundec, que tem como objetivo facilitar o acesso da população daquele município à
formação inicial e a qualificação profissional como possibilidade de empregabilidade e geração de renda.
“Tivemos a oportunidade hoje de ouvir diversas secretarias estaduais e municipais e acredito que essa
conjunção de opiniões, problemas e soluções podem inspirar outros municípios a fazerem o mesmo,
aproveitando essa gama de soluções apresentadas, assim como o estado pode incentivar a adoção e
elaboração dessas políticas públicas em outros locais”, disse o deputado Chicão Bulhões (Novo), que
presidiu a sessão no Plenário
O seminário “Desafios do Emprego no Estado do Rio de Janeiro” ainda terá mais dois encontros com os
painéis “Contribuição do Sistema S na geração de emprego e renda e boas práticas das universidades e da
sociedade civil”, no dia 10 de maio; e “Desenvolvimento Regional para construção de uma estratégia de
emprego e renda”, no dia 17 de maio.
Para ler a reportagem produzida pela Comunicação Social da Alerj, clique aqui.
Para ver as apresentações do segundo dia do seminário, basta clicar no nome do palestrante abaixo:
Maria Isabel de Castro e Souza – “O sistema de formação tecnológica do estado e os desafios que estão
sendo enfrentados pela pasta”
O Rio de Janeiro ocupa há cinco anos a incômoda primeira colocação no ranking nacional de perda de
postos de trabalho. A taxa de desemprego no estado já passa dos 14% e atinge quase 1,3 milhão de
pessoas, principalmente os mais jovens. Além disso, o estado viu desabar o número de matrículas em
cursos profissionalizantes. Das 182.415 matrículas abertas em 2015, restaram 78.646 no ano passado, e a
possibilidade de cortes de 40% nas alíquotas de contribuição das entidades do Sistema S pode reduzir
ainda mais essas vagas. Os reflexos já são sentidos em áreas estratégicas como TI, que hoje conta com um
déficit de 48 mil profissionais no estado. "Caso esse corte de fato aconteça, teremos 134 mil alunos a
menos e uma redução de 786 mil atendimentos nos cursos e ações de educação profissional, além de
fechamento de postos de trabalho, perda de unidades escolares e polos de educação à distância”, afirmou
a diretora de educação profissional do Senac, Wilma Freitas.
“O Fórum atuou mais uma vez para juntar o setor produtivo e a casa legislativa, e manter essa conexão
com as empresas e universidades é fundamental para os nossos trabalhos parlamentares”, afirmou o
deputado Chicão Bulhões (NOVO), que presidiu o evento, e classificou como muito importante o
trabalho do Sistema S na formação profissional, com imenso impacto social. “Infelizmente, cortes podem
acontecer em momentos de crise, e o Brasil enfrenta um momento de transição, de olho na
responsabilidade fiscal, mas temos obrigação de encontrar meios alternativos para que o Sistema S e as
universidades continuem a produzir pesquisas e formar pessoas capacitadas para o mercado de trabalho”,
concluiu.
Para a diretora de educação profissional do Senac, Wilma Freitas, é preciso inovar e criar projetos para
reduzir essa taxa de desemprego. “O mundo de hoje é 4.0. Não podemos parar de aprender. É preciso
inovar na sala de aula, na prática e na aprendizagem e precisamos unir esforços para vencer os desafios do
desemprego no estado porque juntos somos mais fortes”, disse Wilma.
Assim como outras entidades do Sistema S, a instituição contribui para a formação da mão de obra
técnica nacional. Com 38 unidades operativas e três móveis no estado, ela oferece cursos de qualificação
profissional e aperfeiçoamento para quem pretende ingressar no mercado de trabalho. De 2014 a 2018
foram atendidos 350 mil novos alunos de olho nas vocações regionais, com planos de capacitações para
cada região do estado, e atuando de forma integrada junto com outras instituições. Outra iniciativa bem-
sucedida do Senac é o Banco de Oportunidades, que aproxima os alunos dos postos de trabalho, com taxa
de empregabilidade formal de 66%.
O Sistema S é formado por nove instituições que se dedicam principalmente ao ensino profissionalizante,
mas apesar de não ser público, recebe repasses do governo. As alíquotas são provenientes de
contribuições que as empresas são obrigadas a quitar sobre o valor das folhas de pagamento e variam de
1% a 2,5%, dependendo do setor.
“Se o corte for feito linearmente vamos prejudicar muito o país, que não está em condições de abrir mão
desse trabalho, que é muito sério. Desarmar a ponta será um tiro no pé, porque os estados nem o governo
federal têm condições de operar isso e a iniciativa privada não entra porque exige muito investimento”,
explicou o diretor-executivo do Sesi/Senai Alexandre dos Reis.
Durante sua apresentação, Reis destacou que sem inovação e educação de base o Rio de Janeiro não vai
conseguir enfrentar essa nova economia e o papel do legislativo é fundamental. “Vamos enfrentar um gap
de formação profissional nos próximos cinco anos, porque as empresas não estão capacitando seus
funcionários devido à crise e as pessoas não estão se preparando porque não há perspectivas”, disse.
Outras saídas para a geração de renda estão no empreendedorismo e no cooperativismo. Segundo Jerusa
Marques, gerente de desenvolvimento do Sescoop-RJ, o estado possui hoje 477 cooperativas legalizadas e
279 irregulares dentro do sistema de controle. A maior parte delas está na área de transporte. “O grande
desafio do cooperativismo hoje é ser reconhecido como uma atividade econômica. Acreditamos que
somos uma alternativa de renda para o Estado. Não somos vinculados à CLT. Somos grupos organizados
para uma produção”, explicou. Já o gerente de Políticas Públicas do Sebrae-RJ, Tito Ryff, falou da
importância do apoio do governo aos pequenos negócios a partir das compras públicas, e da capacitação
para o desenvolvimento do empreendedorismo.
Outro ponto levantando foi o papel da segurança pública para que o estado volte a crescer. “Se não
houver ordem e respeito às leis não vamos conseguir reerguer a economia”, afirmou o presidente da
Fetranscarga Eduardo Rebuzzi. Em sua apresentação, Rebuzzi apontou algumas inovações que a
federação tem patrocinado visando ao aumento da qualificação profissional. “Estamos instalando
simuladores parecidos com aqueles utilizados na formação de comandantes de aviação. No Brasil temos
105 já instalados e, no Rio de Janeiro, temos seis em funcionamento, que proporcionaram a realização de
mais de 30 cursos e 2.000 matrículas em 2018”, pontuou.
O pró-reitor da Universidade Estadual da Zona Oeste (Uezo), Edmilson Monteiro de Souza, salientou a
importância de sua grade de cursos estar alinhada às necessidades do polo industrial da região. “Por isso
não temos até o presente momento curso de Humanas e não existe projeção de se criar um curso nessa
área”.
A presidente da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação (Assespro-RJ), Maria Luiza Reis,
apresentou o projeto FORSOFT, curso de capacitação de seis meses em tecnologia da informação para
jovens entre 18 e 24 anos. “Recentemente fui convidada para dar uma palestra num evento de mulheres
em Tecnologia e me surpreendi quando, antes da minha apresentação, uma moça falou que entrou no
mercado de Tecnologia de Informação, que fez toda a diferença na vida dela, graças ao fato de ela ter
participado do FORSOFT. E ela nem sabia que eu estava lá, falou espontaneamente a respeito disso,
recomendando às meninas que participassem, porque isso fez diferença. Empoderou as meninas também
nesta área”, disse Maria Luiza.
Representante do setor de bares e restaurantes, com mais 110 mil associados no estado, a coordenadora de
comunicação do SindRio, Daniela Cajueiro, disse que após uma série de pesquisas, o sindicato
reestruturou sua grade de cursos de formação e qualificação acrescentando conteúdo de vendas e gestão
com foco em resultado. “Nessa área, a pessoa não tem uma visão de carreira; ela está ali, mas não entende
que pode seguir uma carreira no setor”.
A série de quatro eventos para debater os desafios do emprego no estado do Rio de Janeiro se encerra no
dia 17 de maio, quando irá abordar o desenvolvimento regional para a construção de uma estratégia de
emprego e renda. “A juventude vive o seu pior momento dentro da crise do desemprego no estado. São
300 mil jovens desempregados somente em São Gonçalo e 40 mil em Niterói. Precisamos qualificar esses
jovens e uma saída pode estar na indústria 4.0 porque esse grupo está ligado nas questões de tecnologia e
podem ocupar as novas vagas que estão aí e as que vão surgir”, afirmou a subsecretária estadual de
emprego e renda, Ana Asti.
Para ler a transcrição com a íntegra dos painéis de hoje, clique aqui.
Para a reportagem produzida pela Comunicação Social da Alerj (Senac pode perder 185 escolas se houver
corte no Sistema S), clique aqui.
Wilma Freitas, diretora regional do Senac: "Senac RJ: inovar e formar para transformar o comércio
de bens, serviços e turismo".
Alexandre dos Reis, diretor-executivo do Sesi/Senai, Firjan, "A Firjan e os desafios de uma indústria
em transformação".
Raquel Lima, coordenadora regional e pedagógica do Ensino Técnico da Faerj, "Educação profissional
no contexto do agronegócio fluminense".
Eduardo Rebuzzi, presidente da Fetranscarga,"O papel do Senat na forção para transporte e logística
no estado".
Tito Ryff, gerente de políticas públicas do Sebrae,"Papel do Sebrae na geração de emprego, renda e
promoção do empreendedorismo".
Edmilson Monteiro de Souza, pró- reitor de extensão da UEZO, "Desafios da captação de parcerias
com a indústria local: aprendizados de campo".
Para retomar o crescimento econômico do estado, e a consequente geração de emprego e renda, é preciso
investir em pesquisa e em educação. A afirmação foi feita no último evento da série sobre os desafios do
emprego no estado, realizado pelo Fórum de Desenvolvimento do Rio em parceria com a Secretaria de
Estado de Desenvolvimento Econômico, Emprego e Relações Internacionais. “A saída para a crise está no
aproveitamento do potencial intelectual do estado, que reúne em seu território 43 instituições científicas e
tecnológicas, dez universidades estaduais, sete universidades federais, e 147 cursos de graduação nas
áreas relacionadas ao setor de saúde, que são vistos como uma vantagem competitiva em relação aos
outros estados”, ressaltou a pesquisadora Fernanda Steiner.
“A gente tem que ter mais cientistas e engenheiros para poder pelo menos ser, senão um líder, um
seguidor rápido dessa revolução tecnológica que está posta na mesa. O Rio de Janeiro tem posição
privilegiada, temos muitas universidades e um bom capital intelectual agregado para liderar essa
revolução. Ao longo dos próximos 40 anos, o petróleo vai perder a importância, e vamos ter que criar
novas indústrias”, afirmou Paulo Vicente Alves, professor da Fundação Dom Cabral, que apresentou as
12 principais tecnologias que devem dominar o mundo no futuro: nanotecnologia, biotecnologia,
medicina avançada, neuroergonomia, guerra de informação, inteligência artificial, geração de energia,
materiais e manufatura, energia dirigida, tecnologia espacial, robótica e sensores.
“Lidar com gente, resolver problemas e ter criatividade são as competências do futuro. É nisso que temos
de concentrar nossa educação para a próxima geração ter emprego. Senão, vamos ser substituídos por um
computador ou por um robô. Isso implica uma revolução da educação”, explicou Paulo Vicente.
O fortalecimento de arranjos produtivos locais (APL), com base nas vocações regionais, foi destacado
como outra medida a ser perseguida para o crescimento da economia do estado e na redução do
desemprego que já bate a casa dos 15,3%, segundo os últimos dados do IBGE.
“Quando se instala um APL, toda uma cadeia gigantesca é formada a sua volta. A gente tem que lembrar
que, quando se gera um emprego direto em uma determinada atividade, aquele trabalhador vai ao
supermercado, ao açougue, enfim, há uma cadeia muito grande que depende disso”, afirmou o
subsecretário de Indústrias, Comércio, Serviços e Ambiente de Negócios, Celso Marcon, da Secretaria de
Estado de Desenvolvimento Econômico, Emprego e Relações Internacionais, que citou exemplos de
APLs já consolidados no estado como o polo metalmecânico, em Volta Redonda; o cluster automotivo na
região de Resende, Porto Real, Quatis, Itatiaia e o APL da moda praia, em Cabo Frio.
Segundo o subsecretário, em Cabo Frio, a moda praia gera de 12 mil a 15 mil empregos diretos e
indiretos. Já em Nova Friburgo, na Região Serrana, são 20 mil empregos diretos e indiretos com a
produção de moda íntima. “Vinte e cinco por cento de toda a produção de moda íntima do Brasil vem de
Friburgo”, afirmou ele, observando ainda que o setor metalmecânico gera 19 mil empregos diretos e
indiretos na região de Volta Redonda, enquanto que o automotivo reúne 168 empresas com impacto
positivo na geração de vagas de trabalho.
“O interior tem grande potencial de emprego e precisa de investimentos do governo para a construção de
estradas, rodovias, energia eólica. Para que gere emprego, o estado precisa estar presente no interior”,
concluiu Marcon.
Para o economista da Fecomércio Rafael Zanderer, o que houve nos últimos anos no estado foi uma
destruição de emprego formal com a perda de mais de 35 mil postos de trabalho no setor de comércio
entre 2015 e 2018. Apenas as atividades essenciais apresentaram saldo positivo. Entre elas os setores de
supermercado/hipermercado, artigos farmacêuticos e combustível, enquanto as que mais caíram foram
calçados e vestuário. “O problema da economia do estado é de demanda. Os empresários não estão
investindo e consumidores não estão consumindo, porque eles não confiam no futuro da economia. A
condição necessária para recuperação é fazer uma reforma fiscal e diminuir a taxa de crescimento das
despesas primárias dos governos, seja local ou federal, para abrir espaço para o consumo privado”,
afirmou.
Também estiveram presentes no seminário o presidente do cluster automotivo Sul Fluminense, João
Batista Mattosinho Filho; o diretor-presidente da EMGEPRON, vice almirante Edesio Teixeira Lima
Junior, que falou sobre o Cluster Maritimo do Rio de Janeiro; o secretário-executivo do Instituto
Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), Antônio Guimarães; e o gerente de relações
institucionais, imprensa e responsabilidade social corporativa do Porto do Açu, Caio Cunha, que
apresentaram as perspectivas e visão de futuro desses setores.
O deputado Luiz Paulo (PSDB), que presidiu o evento, lembrou que o papel da Assembleia Legislativa é
cobrar do Executivo que seja feito um planejamento estratégico de desenvolvimento econômico e social.
“É necessária uma visão setorial integrando todos os Arranjos Produtivos Locais (APL) para maior
sinergia com objetivo de mais postos de trabalho e mais renda”, afirmou o parlamentar. Segundo ele, o
Fórum trouxe novas informações para o Parlamento que vão além dos incentivos fiscais:
“O debate foi importante, porque algumas questões novas foram trazidas e não apenas a repetição de
incentivo fiscal e incentivo creditício. Se vamos sair dessa crise, não é por esses dois caminhos. O estado
do Rio de Janeiro dá, hoje, R$10,1 bilhões em incentivos fiscais. Temos a carga tributária mais alta do
Brasil e uma sonegação de ICMS na ordem de R$11 bilhões. O Rio de Janeiro necessita quebrar esse
círculo perverso. Quanto mais incentivo se dá a poucos, maior é a sonegação de muitos”, concluiu Luiz
Paulo.
Construção de agenda
Os debates sobre a geração de emprego no estado continuam nas próximas semanas. De acordo com a
subdiretora-geral do Fórum, Geiza Rocha, em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Rio
de Janeiro (FIRJAN) realiza nos dias 31 de maio e 3 de junho, na Casa Firjan, duas tardes de workshop
com convidados que estiveram na Alerj durante o seminário.
"Nosso objetivo é construir uma agenda conjunta de ações para vencer o desemprego”, destacou. Os
resultados do workshop serão divulgados, posteriormente, na Alerj, em novo evento aberto ao público.
Para acessar a transcrição completa do evento clique aqui.
Rafael Zanderer - Distribuição regional do emprego nos segmentos intensivos em mão de obra dos
setores de comércio, bens, serviços e turismo
Caio Cunha - Projetos de expansão industrial do Porto do Açu e o cenário de geração de emprego e
renda
João Batista Mattosinho Filho - A estrutura do cluster automotivo da região Sul Fluminense, as
carências de infraestrutura e o trabalho de fortalecimento da cadeia de fornecedores
Antônio Guimarães - Perspectivas do setor de óleo e gás no estado do Rio de Janeiro: dimensão e
desafios
Fernanda Steiner Perin - As oportunidades do setor da Saúde para o estado do Rio de Janeiro: desafios
e potenciais para avançar
Vice-Almirante Edesio Teixeira Lima Júnior - A proposta do "cluster marítimo do Rio de Janeiro"
como instrumento de Desenvolvimento Regional
Paulo Vicente Alves - Cenários possíveis para o Rio e o impacto das tecnologias na oferta de trabalho e
na criação de novas vagas