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Certa vez, Giges estava trabalhando como pastor para Creso, um antepassado seu que

na ocasi�o era rei da L�dia. De repente, um terremoto acompanhado de uma forte


tempestade, tomou conta do ambiente, e a viol�ncia de tais eventos naturais rompeu
o solo, abrindo uma fissura. Curioso, Giges desceu pela fenda e deparou-se com
muitas coisas encantadoras. Dentre as quais, havia um cavalo de bronze, oco, com
certas aberturas. Espiando por uma das tais aberturas, viu um cad�ver nu que
possu�a um anel em um de seus dedos. Giges pegou o referido objeto, e ent�o
retornou para a superf�cie. Conforme ocorria todo m�s, certo dia os pastores se
reuniram para prestar contas ao rei. E como de costume, Giges (com o anel em um de
seus dedos) preparou-se para participar de tal ato. Em certo momento, ele virou o
engate do anel para dentro da m�o e tornou-se invis�vel. Intrigado, girou-o para a
dire��o contr�ria e tornou-se vis�vel novamente. Giges, ent�o, fez alguns testes
com o anel e passou a dominar seu poder. A partir disso, escondido, come�ou a
frequentar o pal�cio e tornou-se amante da rainha, com a qual assassinou o rei,
tomando o poder para si.

Glauco, ap�s finalizar a hist�ria, reflete: se houvesse dois an�is como o da


narrativa, e um fosse dado ao homem justo e outro ao injusto, ambos iriam,
igualmente, tirar vantagens de v�rias situa��es conforme fossem suas vontades.
Portanto, justo e injusto caminhariam juntos, e a justi�a n�o seria praticada por
espontaneidade ou por possuir alguma recompensa em si mesma, mas apenas pela
necessidade. Glauco afirma tamb�m que o homem sempre acredita que a injusti�a �
mais �til do que a justi�a. O homem injusto deve ser h�bil t�o qual � um artista, e
deve agir cautelosamente,sempre passando despercebido. N�o deva errar, mas se o
fizer, precisa contornar o fato. H� de ser corajoso e persuasivo em suas a��es. Se
algu�m, por ventura o desmascarar, ent�o o injusto estar� sendo med�ocre, pois o
c�mulo da injusti�a seria parecer justo sem de fato o ser. Por outro lado, o homem
justo � aquele que sempre � nobre e simples, sendo bom, e n�o apenas parecendo o
ser. Supondo que este tipo de indiv�duo tenha fama de ser injusto, ele deve
resistir � m� fama e continuar firme at� o momento de sua morte. Considerando estes
dois perfis opostos cujas finalidades e modos de agir est�o determinados, �
poss�vel saber qual dos dois tipos de homem � mais feliz.

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