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Tria Pry aPl df 7 Pesquisas TensAo trativa: : um critério econdmico para o dimensionamento das tubulagées de esgoto Joaquim Gabriet Oliveira Machado Neto (1) ‘Milton Tomoyuki Tsutiya (2) 1. INTRODUGAO © projet hidréulicosanitério das tubulagdes de esgoto envolve conside- rages sobre tr8s aspectos principals: © hidréulico — as tubulagdes funcio- nando como condutos livres, deve- ao transportar as vazées méximas @ minimas previstas no projeto: © reagdes bioquimicas — controle de sulfeto de hidrogéni © doposicdo de materiais sélidos en contrados nos esgotos — aco de autotimpeza. Com 2 experiencia acumulada du: ante muitos anos, no conhecimento hidrdulico em canais de conduto livre, ha relativamente pouca controvérsia so: bre os principios hidréulicos dos con- dutos de esgoto. Férmulas de Manning, Ganguiliet Kutter e Prandtl-Colebrook io normalmente utilizadas. © coafi- ciente de Manning d2 0,013 6 usval- mente selecionado para a maioria dos materiais utilizados em tubulagées de esgoto, Consideragdes sobre as reacées bio- quimicas no projeto das tubulagdes de esgoto s80 necessérias para prevenir 2 formacio indesejavel de gases pro- venientes dos esgotos, principaimente ‘em regides planas onde @ velocidade ‘nas tubulagées é relativamente peque- ‘na. A principal preocupagéo é com 0 sulfeto de hidrogénio que pode causar corrosio das paredes das tubulagées, além de ser um gés letal em grandes concentracées, Qs sélidos encontrados no esgoto consistem de particulas orginicas e inorginicas com diferentes tamanhos pesos especificos. As particulss mais esadas podem ser transportadas por arreamento de fundo. Particulas finas movern-se em suspenséo e os mater tials leves flutuam na superficie da qua. ( Sunpigtonion= ge Proeton par» hegino Tea hein, iret: se Cant seam meste ar Ereerhaa pes fx gesPodenes 2 unverstdece "co S36 Tradicionalmente, € assumida que a ‘ago de autolimpeza em esgotos sa- nitérios, para enfrentar 0 aspecto de deposicao de materiais slides, ¢ obti- da pela manutengao de uma velocide- de minima independentemente do did- metro da tubulardo. Devido ao fato de que 0 mecanismo bésico da agéo de autolimpeza @ uma forge hidrodinémi- ‘ca exercida sobre as paredes do con ‘duta pata escoamenta de esgotos, al- guns autores recomendam 0 uso da tenso tretiva em substituigio & velo- cidade de autolimpezs. Ambos concel- tos, da tenséo trativa e da velocidade de autolimpeza, encontramse bem es- tabelecides no campo de transporte de sedimentos. Neste trabalho, tecem-se inicialmen- te lgumas consideragses sobre @ for mago de sulfeta de hidraganio e de- posicao de materiais sdlidos nas tuby- lagdes de esgoto, para em seguida apresentarem-se seus objetivos princt pais: © 0 critério da tensio trativa para o dimensionamento hidréulico sanité- rio das tubulagdes de esgoto, esta- belecendo-se seus valores para se Pravenir quanto & goracdo do sulfe- tos e deposigao de materiais séii dos; © 0 critérlo de tenséo trativa compa: rado 20 da velocidade de autolimpe 2a, justificando a recomendagio da utilizagdo da tensao trativa para o dimensionamento das tubularées de esgoto: @ a sequéncia de céloulo para o di- mensionamento das tubulagGes de ‘esgoto, utilizando a tenséo. trativa. 2. OS SULFETOS EM TUBULAGOES DE ESGOTO 2.1 — Generalidades Devido ao fato de que o esgoto fres- co tem quantidade aprecigvel de oxi- gnio dissolvido, normalmente as re- des coletoras de esgoto nao presen tam problemas relativos 9 sulfetos de hidrogénio (HS). Entretanto, a medi- da que 0 esgoto escoa pela rede atra- vés de grandes oxtensées, por vezes, com velocidade balxa, © concentraggo do oxigénio diminui gradualmente, pre- valecendo as condigdes anaerdbias no esgoto e propiciando 0 aparecimento de sulfeto de hidrogénio, cujos efek tos so notados principalmente nos coletoresstronco, interceptores @ emis- sérios. sulfeto de hidrogénio ou simples. mente sulfeto, pode ocasianar varios problemas, tals como: © odor, trazendo incémodo aos ope- radores © & vizinhanca; © toxidez, presentando perigo de vida aos ope- radores: © corroséo, quando os coletores @ de- mais componentes do sistema de esgoto so executados com mate: fale no imunes a0 ataque do écl: do sulfirico: ‘© malor Incidéncia de decantacio pre- Céria nas estagdes de tratamento de cesgoto por lodo ativado. Neste item, apresenta-se sucinta. mente alguns aspectos que devem ser considerados durante a elaboracao do projeto hidrdulico-sanitério dos coleto- res do esgoto, a fim de quo, pelo di mensionamento adequado, consiga-se 2 ellminagao ou a diminulgéo na gera ‘G40 de sulfetos. Observamos, entre tanto, que cada sistema de esgoto de verd ser estudado junto com as carac- teristicas dos efluentes 2 serem rece- bidos, para a escolha da medida ou Conjunto de medidas a serem tomadas pore encontrar a solugio do problems 22 — Geracio de sulfetos © seus efeitos Diversos fatores influenciam a ge- racdo de sulfetos nos esgotos domés ticos ¢ industriais, destacandose (*): © teor de enxofre existente nos com. postos organicos e sulfetos usual mente encontrados nos esgotos; © temperatura do esgoto: 2 geracto de H:S 6 praticamente Inexistente abaixo de 15°C atingindo 0 seu pico nas proximidades de 38°C: REVISTA DAE — Vol. 45 — N+ 140 — margo de 1985 — 73 ————$—$ — © pH do esgoto: a redugao do enxo- fre para H:S ocorrerd rapidamente dentro da faixa de pH entre 55 & 85 (valores do pH comumente en. contrados em esgotos domésticos): © auséncia de oxigénio livre no es goto. Os sulfetos 80 normalmente ger dos nos esgotos através das bactérias Desulfovibrio Desulfuricans na presen- Ga de matéria orgénica e em auséncla de oxigénio, Essas bactérias reduzem © sulfato a sulfeto, Considerando C 0 ccarbono da matéria organica, @ reagéo para a gerargo de sulfeto pode ser representada por: acter SOF + 20 + 2H.0 2HCOs+ HS a A pelicula de limo formada nas par- tes submersas da parede da tubula- G80 6 2 principal fonte da geragao de sulfeto em tubulagdes de esgoto, pois 6 nessa pelicula que ocorrem as con- dig6es estritamente anaerSbias favoré- vyeis ao desenvolvimento do proceso, Essa pelicula que congrega microbios filamentosos e material gelatinoso (zooglsia), onde se abrigam muitas bac- ‘érias menores. tem espessura de 1 mm, mas se a velocidade for alta, ela pode ter menos de 0.25 mm de espes: sura. Quando a velocidade ¢ extrema- mente baixa, @ pelicula pode atingit até 2mm ou mais, no entanto, s° 0 ‘esgoto transportar material abrasivo, essa pelicula pode nao se desenvolver nas parades das tubulacdes, Reid e Yang (") observaram que 0 desenvolvimento da pelicula de limo estava relacionado com a tensdo tra tiva e que hd um limite eritico @ partir do qual ndo se formaria a pelicula de limo produtora de sulfetos. O controle dossa pelicula 6 de fundamental im Portincie para a geracao de sulfetos pois a auséncla da pelicula implica au- sencia ou pequena geracéo de sulfe- tos. A concentracso critica de oxigénio para impedir 0 acesso de sulfeto 20 esgoto situase geraimente na fs de 0,t a 1 mg/l (#), Neste caso, 0 dosprendimento de H:S & funcéo dex- tre outros fatores da temperatura e da turbuléncia do escoamento, Caso 0 teor de oxigénio seja inf rior a 0.1 mg/l, 0 HS gerado na pel cula de limo se transfere para 0 esgo- to, escapando para a parte superior da ‘tubulacdo. Uma determinada quantide- de de H:S 6 perdida através da venti- lagdo natural da tubulagio, entretanto, ‘4 malor parte & absorvide pela cama: da de. umidade condensada existente ‘na parte superior da tubulagéo onde é bacteriologicamente oxidado, resultan- do na formasgo de écido suifirico. 74 — REVISTA DAE — Vol. 45 — Quando as tubulagdes séo construi- das com materisis que ndo so imunes 20 ataque pelo dcido sulfirico, como 0 conereto, fibrocimento ou ago, cor reré uma corrosdo gradual. 23 —- Previsio sobre a ocorréncia do ‘sulfeto om tubulagdes de esgoto Diversos modelos tém sido propo: tos para a previséo de sulfato e den- tre todos o mais citado ¢ a formula Z desenvolvida por Pomeroy (*) a par- tir de uma equagao proposta por Davy. A formula 6 a seguinte: 80, p z=——_. o "ow ob indicador da tendéncia para 2 ocorréncia de sulfetos, mg. 815/196: = 080. 1071-20 = DBO efetiva, mg/l; demanda bioquimica de oxi genio a 20 e cinco dias mg/l: temperatura, °C; declividade da tubutacso, m/m; vario de esgoto, pést/e: perimetro molhado, pé: largura da superficie do liquido, pé. ‘As condicdes provéveis para a gera- ‘go de sulfetos 30 apresentadas no Quadro 1 (1), T 1 ° P b © valor de Z a ser utilizado no pro- jeto das tubulagdes de esgoto, para se Prevenir quanto & geragdo de sulfetos, tem sido apresentado por diversos av tores, podendo-se destacar: © Paintal () — sugere o valor de 7500. © Ludwig e Almetda (**) — para esses autores pode ser utilizado 0 valor de 10 mil para vazies até 1 mi/s para vazées maiores o valor de 6.100, ‘Quadro 1 — Condigées para a geragio de Pomeroy Davy Valores de 2 ing.s!/3/1..pa) 2 € 5.000 5.000 €Z ¢ 10,000 2 > 10.000 (© Takahashi (*5) de 7.500, recomenda valor Segundo Pomeroy ("7) a formula Z tem sido bem sucedida na previsio de formagéo de sulfeto, mas alerta que para pequenas vaz6es ela pode indicar 2 sua formacéo onde na realidade nao ‘corre © que, por outro lado, para grandes vazées a {6rmula pode ndo indicar a formagao quando na verdade 6 observada a ocorréncia, Richardson (*) recomenda a sua uth lizagSo para uma faixa de vazées com- proendidas entre 3 e 2 mil Is. Para Takahashi (®), caso a formula Z proveja condigses de intensa forme- ‘cdo de sulfetos, entéo o problema de- ve ser estudado com equacdes mai

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