EMOÇÃO DA ESTÉTICA E o trabalho em psicologia fenomenológico existencial dialógica
Afonso Fonseca
A emoção é eminentemente estética.
A estética, propriamente dita, é emocionada. Isto é uma tautologia, e uma obviedade.
A estética é a abertura à emoção.
A moção, a emoção da atualização de possibilidades, do episódio da ação, o episódio existencial, move-se esteticamente, pela estesia, a atualização de possibilidades. A ação. O episódio existencial. Sem estética não existe emoção. Sem emoção não existe a moção, a estesia, e sua emoção intrínseca. Que nos oferecem a opção da estética... A ética da estesia.
O estesio é o vento de moções que sopra numa determinada
época do ano, na Grécia. E que impulsionava as velas dos navios, a fazerem-se ao mar, para as navegações. Com o tempo, os gregos começaram a entender o impulsionamento do estesio como similar a força da vivência das possibilidades. Vivência esta que eles designaram como estesia. Ficando, como estética, o modo de sermos da estesia. O modo de sermos do episódio existencial, da existência, da ação. o modo de sermos do desdobramento de possibilidades. As forças foças plásticas da ação. O modo pré-conceitual de sermos do episódio existencial da ação. A ação é eminentemente atualização de possibilidades. A ação é, portanto, especificamente, estética. A emoção é um dos componentes da ação, e dá-se ao modo de seremos da ação. De modo que a emoção é especificamente estética. E a estética, especificamente ação, emocionada. Especificamente, o episódio existencial da ação, o episódio estético da ação, é um fazer. E um fazer que, partindo da vivência de uma projetação fenomenológica, prima por vir a ser. Na duração do episódio, refluindo quando concluso. Ora, em sua temporalidade própria, a ação, e sua moção, emoção, percorrem um percurso formativo, um fazer, da vivência da projetação à vivência de sua conclusão. A vivência deste percurso, que é um fazer, concluído, é um perfazer. E o feito, um perfeito. Na perfeição, feito. Efetivamente, o modo de fazermos estético é este. Ainda que isto nada tenha a ver com o aspecto moral, atribuído normalmente ao termo perfeição. Nem à comparação de seus resultados com um modelo abstrato. Estética, a emoção é feita similarmente. A emoção é perfeita em sua estética. E é necessário que se dê tempo ao seu fazer. A feição da emoção não tem a temporalidade cronológica. Mas a temporalidade dialogicamente poiética de Kairós. Da oportunidade que Kairós oferece com a dádiva de sua possibilidade, e do vir a ser da dialógica poiética de sua atualização. E perfeição. De modo que, o caráter estético da vivência da emoção, coloca- nos os desafios de uma arte, no âmbito da metodologia dos trabalhos com a psicologia fenomenológico existencial dialógica. E não de técnicas. De metodologias do acontecer, da ação; e não do acontecido.