As regras da falência enviam mensagens para toda a sociedade. Os bancos precisam saber se
o dinheiro emprestado será devolvido, os empregados precisam saber se a empresa em que
trabalham correm o risco de ir à falência. É um farol que ilumina uma perspectiva sobre o que vai
acontecer na hipótese de insucesso.
Há uma mudança do papel do devedor, pois ele é afastado. O objetivo primordial é afastar o
devedor para preservar os bens, principalmente os intangíveis. A função da falência não é vista mais
como um fim em si, mas como meio posto a serviço da preservação da empresa, aqui entendida em
seu sentido objetivo, como unidade produtiva capaz de assegurar a geração de empregos e riquezas.
Contudo, observa-se que na falência é praticamente impossível preservar a atividade. Na falência
estamos diante de uma crise definitiva, final.
Natureza da falência
A falência tem a natureza jurídica de causa de dissolução e procedimento de liquidação judicial da
atividade negocial do empresário e da sociedade, mediante execução coletiva empresarial, que se
realiza em juízo universal e indivisível, por meio de princípios processuais reclamados pela
natureza de atividade, mercê procedimento conduzido por administrador judicial profissional,
nomeado e supervisionado pelo juiz, e do Comitê de Credores, se houver, com a participação da
Assembleia Geral de Credores, em negócios jurídicos atípicos de alienação de bens, na realização
do ativo.
1. Execução coletiva
Todos os credores se reúnem e de modo organizado promovem a excussão
patrimonial do devedor. A totalidade do patrimônio será arrecadada, convertida em dinheiro,
para pagamento dos credores. Não pode conviver com execuções individuais. As execuções
não atingem o patrimônio.
Não há propriamente um Stay, o que há é uma suspensão total das execuções
individuais contra qualquer bem do devedor. Efeito vinculado ao juízo universal.
Principios
Economia e Celeridade processual – art. 75 par. Único, art. 79 e 80
Art. 79. Os processos de falência e os seus incidentes preferem a todos os outros
na ordem dos feitos, em qualquer instância.
A celeridade impõe-se como valor inerente à prestação jurisdicional, sob pena de configurar-
se o chamado “dano patológico do processo”, ocasionado pela duração exagerada do feito. A
preocupação com a celeridade do procedimento objetiva resgatar os bens da massa falida antes que
se deteriorem.
Só existe um processo de falência para cada devedor. O juízo é indivisível, isso é, mesmo
que o patrimônio esteja divido no país, só um juízo é competente.
O juízo da falência é único e universal, visando a igualdade de tratamento de todos os
credores, e abrangência de todos os bens do falido. De fato, restaria seriamente comprometida a
observância da par conditio creditorum caso não se pudesse reunir, num só juízo, a totalidade dos
credores do falido, a começar pela elevada probabilidade de se proferirem decisões diversas e até
mesmo contraditórias para credores de igual posição. Esta é a função primordial a que serve a
unicidade e a universalidade do juízo falencial.
A vis attractiva do juízo da falência não é absoluta. Impõe-se, por conseguinte, a
delimitação precisa de sua abrangência, a fim de se identificar quais processos – e em que situações
– resistem a atração do juízo falimentar, seguindo seu trâmite normal.
Critério material – Não são atraídas para o juízo universal as ações de natureza trabalhista,
que serão processadas na JT até a apuração final do crédito, adimitindo-se apenas o pedido de
reserva endereçado ao juízo da falência. Também as ações fiscais que tanto podem prosseguir,
quanto ser propostas fora do juízo da falência. As ações em que o devedor for litisconsorte ativo
prosseguem fora do juízo universal, devendo o administrador judicial representar a massa em juízo.
As ações de despejo e possessórias devem ser decididas pelo juízo universal.
Critério temporal – As ações que demandarem quantia ilíquida prosseguirão no juízo a qual
estiver sendo processada. A ação que demandar quatia ilíquida e venha a ser ajuizada após ter sido
decretada a falência estará sujeit à força atrativa do juízo universal.
Não estende os efeitos da falência aos sócios. É diferente da desconsideração também, por
haver confusão patrimonial.
É uma categoria diferente das demais. Considera que os sócios se submetem aos efeitos da
falência. Significa que eles vão falir.
2. Restituições
• Bem de terceiros que s encontram em poder do devedor na data da decretação da falência ( art.
85)
• Coisa vendida a crédito e entregue ao devedor em 15 dias antes do requerimento de falência se
ainda não alienada.
3. Restituições em dinheiro
• Valor do bem a restituir, caso não exista mais, pelo valor da avaliação ou preço atualizado (art.
86,I)
• Acc's - art. 86, II prioridade total em face do estímulo à exportação.
• Valores entregues ao contratante de boa-fé na hipótese de revogação ou ineficácia (art. 86. III).
4. créditos extraconcursais
1. Despesas da massa: remuneração do administrador e seus auxiliares e créditos trabalhistas
após a decretação da falência
2. Quantias fornecidas a massa pelos credores
3. Despesas com arrecadação, administração, realização do ativo custos do processo
4. Custas judiciais ( inclusive honorários) de processos em que a massa foi vencida
5. Obrigações relativas a negócios jurídicos durante a recuperação, nos termos do art. 67, ou
após a decretação da falência e tributos cujo fato gerador após a falência (respeitada a ordem
do art. 83)
Hipóteses de falência
Art. 94. É preciso distinguir o estado falimentar e a falência. Esse artigo traz hipóteses de
insolvência. A falência será decretada quando o devedor for insolvente. A situação material que
justifica o pedido de falência são as hipóteses do art. 94
III. Impontualidade: o devedor impontual deverá ter sua falência decretada. É uma presunção de
insolvência. Indica a existência de uma crise de liquidez. É preciso do protesto para decretar a
falência.
IV. Ausência de bens: quando nas execuções individuais os credores individuais não encontram
bens do devedor, ou quando encontram já estão embaraçados.
V. Atos e fatos:
I - sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em
título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-
mínimos na data do pedido de falência;
Não se insere créditos que forem concedidos moratória. O credor que concedeu moratória não tem o
direito de pedir falência do devedor. Isso porque quem negocia a dívida sabe que o devedor não tem
condições para pagar. Esse inciso cria uma presunção de insolvência, que existe m benefício dos
credores e no momento que o credor abre mão dessa presunção, concedendo moratória, ele perde o
direito de pedir falência do devedor.
II - executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens
suficientes dentro do prazo legal;
III - pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação judicial:
a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou fraudulento para
realizar pagamentos;
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos ou fraudar
credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou
não;
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens livres e
desembaraçados suficientes para saldar seu passivo;
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os credores,
abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu
principal estabelecimento;
§ 1º - Credores podem reunir-se em litisconsórcio a fim de perfazer o limite mínimo para o pedido
de falência com base no inciso I do caput deste artigo.
§ 2º - Ainda que líquidos, não legitimam o pedido de falência os créditos que nela não se possam
reclamar.
O fisco não pode pedir falência. Os credores com garantia real para que possam pedir a falência
precisam abrir mão da garantia. Isso porque ele inviabiliza a empresa e recebe.
§ 3º - Na hipótese do inciso I do caput deste artigo, o pedido de falência será instruído com os
títulos executivos na forma do parágrafo único do art. 9º desta Lei, acompanhados, em qualquer
caso, dos respectivos instrumentos de protesto para fim falimentar nos termos da legislação
específica.
Figura do protesto para fim falimentar. se eu quiser pedir falência de alguém eu devo informar que
o fim do protesto é para pedir a falência.
Duplicata é um título de crédito que é emitido com base em uma compra e venda mercantil. O
vendedor pode emitir uma duplicata pra poder executar o valor dessa dívida. É um valor líquido e
certo quando o título de recebimento da mercadoria for assinado.
Para fins falimentares é preciso comprovar que o recebimento da mercadoria foi feito por pessoa
que trabalhe para o comprador.
§ 4º - Na hipótese do inciso II do caput deste artigo, o pedido de falência será instruído com
certidão expedida pelo juízo em que se processa a execução.
§ 5º - Na hipótese do inciso III do caput deste artigo, o pedido de falência descreverá os fatos que a
caracterizam, juntando-se as provas que houver e especificando-se as que serão produzidas.
Meios de defesa
1. Art. 95. Pedido de recuperação judicial, no prazo da contestação (10 dias).
Deve-se apresentar a petição com o máximo de documentos que se conseguir. É possível
que o juiz defira prazo para juntar mais documentos. Se passar os dez dias não pode pedir RJ
em apartado, porque preclui a possibilidade de recuperação
2. Depósito elisivo nas hipóteses do art. 94, I e II - disposição do art. 98, par. Único
É um meio para que o devedor prove que existe um relevante razão de direito para não pagar
a dívida. Para evitar a falência faz-se o depósito elisivo e contesta. O réu contesta e deposita
o valor integral da dívida. Se a defesa é rejeitada, não existe relevante razão de direito para
não pagar, o pedido de falência será procedente e determina-se o levantamento do depósito
elisivo e pagamento do credor, extinguindo-se a falência.
Art. 101
Dano por ricochete no direito falimentar - terceiros prejudicados em decorrência do pedido
infundado de falência. Ex. debentures conversíveis em ações.
1. Quotas de sociedades limitadas - art. 1030. A massa falida não fica como sócia.
As ações das SA de propriedade da falida devem ser vendidas e as quotas devem ser liquidadas.
Requisitos Formais
1. Acompanhamento do ato pelo falido
2. O auto de arrecadação conterá (a)inventário (b) laudo de avaliação
3. Assinatura do administrador, falido, seus representantes e outras pessoas que auxiliarem no ato
4. O inventário conterá:
1. Descrição dos livros, inclusive sobre os requisitos intrínsecos e extrínsecos
2. Remoção para depósito, se for necessário para melhor conservação (art 112)
3. Venda antecipada, mediante autorização judicial, ouvidos o comitê e o falido, no caso de bens
perecíveis (art. 113)
4. Arrendamento ou outro contrato que gere renda para a massa falida (art. 114)
Arrendamento é locação mercantil, assim, durante a falência pode o estabelecimento
continuar gerando renda, podendo a massa denunciar o contrato a qualquer momento,
independentemente de multa.
5. Lacração obrigatória e leilão somente para pessoas habilitadas a comprar substâncias
entorpecentes e de uso controlado - lei 11.343, art. 66
Refere-se aos casos em que a falida possui entorpecentes.
Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o contratante
conhecimento do estado de crise econômico-financeira do devedor, seja ou não
intenção deste fraudar credores:
Parágrafo único. A ineficácia poderá ser declarada de ofício pelo juiz, alegada em
defesa ou pleiteada mediante ação própria ou incidentalmente no curso do processo.
Efeitos da Revocatória
Art. 137
Art. 138
Art. 138. O ato pode ser declarado ineficaz ou revogado, ainda que praticado com
base em decisão judicial, observado o disposto no art. 131 desta Lei.
Parágrafo único. Revogado o ato ou declarada sua ineficácia, ficará rescindida a
sentença que o motivou.
Caso da combinação entre réu e autor e simulação de um processo.(colusão)
Nao precisa dos requisitos da rescisória, da querella nullitatis, apenas os requisitos da
ação Revocatória para a ineficácia desses atos.
A ação Revocatória se propõe onde? Juiz do trabalho ou juiz da falência? Elas
precisam ser propostas perante a justiça do trabalho, foi resolvido pela circunstancia
do recebimento de até 150 SM e o restante vai para a massa.
Eficácia suspensiva
1. Direito de retenção dos bens arrecadados não pode ser oposto contra a massa
A massa pode arrecadar o bem independentemente de benfeitorias e de direitos de
retenção.o bem será arrecadado e terá privilégio especial
3. Mandato (art. 120) ficará extinto por efeito da falência, ficando obrigatória a prestação de
contas.
Exceção: (a) procuração em causa própria - condição de negócio jurídico bilateral; (b)
mandato ao advogado que vigora até a revogação.