Você está na página 1de 2

RESENHA

GESTÃO DE CUSTOS: UMA ABORDAGEM INTEGRADA


ENTRE CONTABILIDADE, ENGENHARIA E ADMINISTRAÇÃO
COST MANAGEMENT: AN INTEGRATED APPROACH BETWEEN
ACCOUNTING, ENGINEERING AND ADMINISTRATION
SOUZA, Marco Antonio de & DIEHL, Carlos Alberto. Gestão de custos: uma abordagem integrada entre contabilidade, engenharia e
administração. São Paulo: Atlas, 2009.

Leonel Mazzalli
Prof. do Programa de Mestrado em Administração da USCS

A originalidade do trabalho reside na abordagem Ainda na primeira parte, é fundamental a inter-


do tema “custos” como “(...) sistema de informações relação entre os dois critérios básicos para classifica-
de apoio à decisão e, mormente, sobre a lógica do ção dos custos: possibilidade de identificação aos ob-
seu usuário” (p. xvi), considerando as visões da área jetos de custos (direto e indireto) e nível de atividade
contábil, da engenharia (de produção) e da adminis- (fixos e variáveis). Agregue-se a precisão na concei-
tração. A proposta é integrar duas visões sobre con- tuação dos custos fixos e custos variáveis: “Os pri-
tabilidade de custos. Uma ligada meiros estão associados a recursos
aos profissionais próximos das ciên- comprometidos, cujo nível de uti-
cias contábeis, com foco nos aspec- lização é definido a priori, isto é,
tos tributários e societários; a outra antes do seu consumo. Já os se-
ligada aos profissionais da enge- gundos estão associados a recursos
nharia da produção, com foco na flexíveis, e seu nível de utilização é
gestão de produtos e processos, definido no momento de seu uso.”
abrangendo decisões de comprar/ (p. 16). Em outras palavras, os cus-
fazer, retirar de produtos de linha, tos fixos são estruturais e têm ori-
substituir equipamentos e reduzir gem na definição da capacidade
custos. (estrutura) de produção e vendas.
Os custos variáveis, por sua vez, es-
A Parte I – Conceitos Básicos – tão atrelados ao nível de utilização
oferece um quadro conceitual, da capacidade.
explicitando, de modo particular, a
diferença entre gasto/desembolso e A Parte II – Mensuração e Cus-
custo. Os primeiros situam-se no teio – aprofunda a discussão sobre
âmbito das decisões financeiras; o segundo, no âm- os sistemas de custos – “conjunto estruturado de
bito das decisões de produção e venda, tendo por princípios, métodos com o fim de informar o custo
referência o consumo de recursos (humanos, mate- de objetos”. Na apresentação dos princípios, ou filo-
riais e de capital). Além de deixarem clara a distinção sofias de custeio – integral, absorção parcial e va-
entre custos e despesas, cara ao sistema contábil tra- riável –, os autores deixaram clara a importância
dicional, os autores evidenciaram tratar-se de uma dos custos fixos e, por consequência, do nível de
convenção, atrelada à valoração dos estoques. “Para atividade no processo de mensuração dos custos.
fins de contabilidade fiscal e societária (legal), esta Com relação aos métodos de custeio, “(...) a grande
diferença é importante. Os custos considerados para questão a ser respondida na alocação dos custos é
fins de valoração de estoques não consideram as relativa aos custos indiretos, que guardam difícil
despesas. (...)” (p. 48-49). interpretação com o objeto ou mesmo não as têm”

Endereço do autor:

Leonel Mazzalli
E-mail: leonel_mazzalli@uscs.edu.br

Gestão & Regionalidade - Vol. 25 - Nº 74 - mai-ago/2009 119


GESTÃO DE CUSTOS: UMA ABORDAGEM INTEGRADA ENTRE CONTABILIDADE, ENGENHARIA E ADMINISTRAÇÃO

(p. 36), o que levanta a discussão dos critérios de a teoria das restrições é introduzida como “outra
rateio. Nos capítulos 7 a 10, o leitor terá a interpretação do custeio variável”.
oportunidade de avaliar o potencial dos diferentes
métodos – departamentalização, variável, baseado Finalmente, a Parte III – Controle e Tomada de
em atividades – e das unidades de esforço de pro- Decisões – discute o custeio da produção conjunta,
dução (UEPs). No capítulo 8, além de apresentar o tratamento das perdas físicas, o sistema de custo-
uma importante contribuição para a explicitação das padrão, as relações custo-volume-lucro, concluindo
diferenças entre o custeio variável e o custeio direto, com o processo de formação de preços de venda.

120 Gestão & Regionalidade - Vol. 25 - Nº 74 - mai-ago/2009

Você também pode gostar