Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
**MUDANÇAS
Reforma
tributária,
a bola da vez
Cinco propostas Emenda Constitucional (PEC)
da Câmara, elaborada pelo
devem ser debatidas Centro de Cidadania Fiscal
pelo Congresso e o (CCiF), liderado pelo ex-secre-
tário de Política Econômica
governo nos próximos Bernard Appy e apresentada
meses. Em comum pelo líder do MDB, deputado
Baleia Rossi. O projeto, apro-
está a unificação de vado na CCJ, já foi enviado
tributos pagos pelo para uma comissão especial.
A proposta foi elaborada
contribuinte tendo como base o modelo de Impostô
Imposto sobre o Valor Agre metro da
❚ Diego Antonelli gado (IVA). Pelo projeto, seria Associação deve propor a correção da tabela do Imposto a capacidade de pagamento
criado o chamado Imposto so- Comercial de Renda (IR), com redução das faixas máxi- dos cidadãos, de acordo com
❚❚A tão aguardada reforma bre Bens e Serviços (IBS), que do Paraná: mas, de 27,5% para consumidores e de 34% a renda de cada um. “É dese-
tributária começa a ser dese- unificaria num único tribu- mesmo com para 25%, para empresas. Também está na jável que isso ocorra. Seria o
nhada em Brasília. Após vitó- to o IPI, PIS, Cofins (todos do reforma, pauta a unificação de cinco tributos federais modelo mais justo. Mas não
ria parcial do governo, com a governo federal), ICMS (esta- valor pago em um (seriam unidos o PIS, Cofins, IPI, CSLL vai acontecer. O segredo pa-
reforma da Previdência bem dos) e ISS (municípios). Mas pelos e IOF). O projeto do governo também deve ra a reforma ser aprovada é
encaminhada para ser apro- esse ponto deve sofrer duros brasileiros incluir a desoneração da folha e a criação de não reformar muito. Mas é
vada também no Senado, o debates e resistência no ple- não deve uma contribuição de pagamentos, nos mol- importante que esses deba-
debate que promete se ar- nário, além de pressão polí- sofrer des da extinta CPMF. No entanto, essa últi- tes ocorram para criar uma
rastar pelos próximos me- tica de governadores e pre- grande ma ideia já é rejeitada pelos parlamentares. agenda de propostas no fu-
ses no Congresso Nacional feitos. É o que acredita o pro- redução. Na última semana o deputado Hildo Rocha turo”, afirma Vieira.
será a nova carga de impos- fessor José Guilherme Silva (MDB), que é presidente da comissão sobre a
tos que a população brasileira Vieira, do Departamento de reforma tributária na Câmara, afirmou que Temas que
terá de arcar. Nos bastidores, Economia da Universidade essa proposta não deve prosperar. dificilmente
uma disputa entre Câmara Federal do Paraná (UFPR). “A O Senado não quer ficar atrás e também serão incluídos
Federal, Senado, governo e in- discussão sobre ICMS e ISS se- busca assumir o protagonismo. O presiden- Mesmo com a iminên-
teresses de empresários pro- rá posta à mesa. Os estados te Davi Alcolumbre (DEM) encampou a pro- cia de uma reforma tributá-
mete dar o tom do debate. Ao produtores não irão querer posta do ex-deputado paranaense Luiz Carlos ria, economistas apontam
todo, são cinco ideias de re- perder suas receitas. Por isso, Hauly que, assim como as demais, parte da que muitos pontos que ne-
forma tributária em pauta. é improvável que haja uma premissa da unificação de alguns impostos. cessitariam passar por alte-
Em meio a interesses an- mudança no ICMS, por exem- A diferença é que o projeto do Senado su- rações não serão incluídos
tagônicos e propostas de au- plo, que é um imposto esta- gere a unificação de oito tributos federais em nenhuma das propostas.
torias distintas, alguns pon- dual”, afirma. – IPI, IOF, CSLL, PIS, Pasep, Cofins, Salário- “Diante da elevada situação
tos em comuns permitem dar A unificação dos impostos Educação e Cide-Combustíveis –, além do de desemprego no país e de
uma dimensão do que virá pe- federais, estaduais e munici- ICMS e ISS – que são, respectivamente, im- crescimento da informaliza-
la frente. Uma delas é a sim- pais deve causar resistência postos estadual e municipal. No lugar deles ção, medidas que reduzissem
plificação dos impostos, com por parte de governadores e seria criado um imposto sobre o valor agre- o custo tributário do trabalho
a unificação de diversos tribu- prefeitos pela perda de au- gado de competência estadual e um imposto formal deveriam ser pauta-
tos atualmente existentes em tonomia em definir alíquo- sobre bens e serviços específicos de compe- das, tais como as contribui-
um único tributo incidente tas e também pela perda de tência federal. Há ainda outras duas propos- ções ao chamado Sistema S”,
sobre as cadeias de produção controle sobre a arrecadação, tas: a de empresários e a que está sendo dis- afirma o economista e profes-
e de comercialização. Modelos pois a União passaria a gerir cutida por secretários de Fazenda dos estados. sor da Universidade Estadual
semelhantes já são utilizados os recursos e efetuar transfe- de Maringá (UEM), Marcos
há décadas nas economias rências aos demais entes fe- Simplificação Roberto Vasconcelos.
mais desenvolvidas, baseados derativos. Os secretários es- Para o professor José Vieira, da UFPR, to- De acordo com ele, tam-
no chamado Imposto Sobre taduais de Fazenda, inclusi- das essas propostas focam no processo de sim- bém deveria ser feita uma
o Valor Agregado (IVA). Há ve, já se manifestaram con- plificação dos tributos, já que visam unificar discussão séria para tornar
ainda a possibilidade de uma trários à reforma tributária alguns impostos pagos pelos contribuintes. o sistema tributário brasilei-
reformatação do Imposto de que tramita na Câmara justa- Todavia, segundo ele, nesse momento seria ro progressivo. “Dentro dessa
Renda. São algumas das ideias mente pela mudança na ges- apropriado debater sobre a redução de im- discussão, é preciso saber se
que podem ser vislumbradas tão do ICMS. postos embutidos na produção, por exemplo. o novo sistema tributário vai
em meio ao cabo de guerra “Ao longo da cadeia produtiva há vários tri- reduzir o espaço para o cha-
político tramado entre os au- Contra-ataque butos que poderiam ser reduzidos. Isso au- mado ‘planejamento tributá-
tores das propostas de uma Para contra-atacar a pro- mentaria o poder competitivo do país no rio’, que nada mais é do que
reforma tributária. posta encabeçada por Maia, mercado externo”, exemplifica. mecanismos de elisão fiscal
O presidente da Câmara, o Ministério da Economia vai Apesar da reforma, o valor dos impostos que fazem com que grandes
Rodrigo Maia (DEM), não quer elaborar um projeto próprio, pago pelos brasileiros não deverá sofrer gran- empresas e pessoas de maior
perder o protagonismo. Após que será apresentado ainda des reduções. “A unificação diminui os cus- renda consigam pagar pro-
LEIA “RECESSO
liderar a aprovação da refor- este mês. A pasta alega que tos da burocracia que envolve o pagamento porcionalmente menos tri-
BRANCO
ma da Previdência na Casa, a proposta da Câmara faria TRAVA
de cada imposto. Mas não haverá redução butos”, ressalta.
ele já vislumbra provocar o Brasil ter o maior IVA do CONGRESSO e nem aumento dos valores em si. A refor- Para o professor e pesqui-
novo desconforto ao gover- mundo, com uma alíquota E AGENDA ma tributária não irá reduzir a arrecadação sador do Estúdio de Economia
no: quer liderar a reforma tri- de 30%. Soma-se a isso o fato PRIORITÁRIA dos governos federal, estadual e municipal, e Finanças da Pontifícia Uni
butária. Para isso, Maia inse- de o ministro Paulo Guedes DO PAÍS FICA senão dificilmente esse projeto irá passar”, versidade Católica do Paraná
riu na pauta da Comissão de não querer perder força na PARA DEPOIS” acredita o professor e economista. (PUCPR) e do Observatório
Constituição e Justiça (CCJ) a agenda econômica do país. EM leia.gp/ Outro ponto que Vieira defende que seja das Metrópoles, Wilhelm
votação de uma Proposta de A reforma do Executivo recesso debatido é o pagamento de impostos conforme Meiners, seria fundamental
GAZETA DO POVO
EDIÇÃO SEMANAL, DE 20 A 26 DE JULHO DE 2019 17