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Resumo
Por se tratar de atividades que geram contato físico entre estudantes, o senso comum acredita
que a modalidade de lutas acarreta violência e indisciplina. No entanto, observamos
benefícios na prática de lutas em ambiente escolar, como redução de violência e construção de
valores. O objetivo do presente estudo é determinar os fatores limitadores e facilitadores para
o ensino do conteúdo lutas na Educação Física escolar. Os métodos utilizados para o
desenvolvimento do presente trabalho foram revisão bibliográfica além de pesquisa aplicada
no banco de dados da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Os resultados, foram: 18,86
(46%) dos professores, não utilizam o conteúdo de lutas na Educação Física escolar e dentre
as principais justificativas, encontram-se a falta de instrução e falta de estrutura. Os
professores relataram ainda dificuldades em trabalhar o conteúdo na escola, sendo que 11,3
(27,7%) alegaram que a principal dificuldade é a falta de instrução, seguidos de 1,47 (3,6%)
que optaram pela falta de estrutura. Concluímos então, que mesmo fazendo parte dos
parâmetros que regem a educação física, muitos professores não utilizam as lutas como parte
dos conteúdos das suas aulas. Em relação aos fatores limitadores encontra-se a falta de
instrução, de estrutura e por achar o conteúdo impróprio. Em relação à falta de instrução, cabe
ao profissional entender que não é necessário ser um mestre em artes marciais para trabalhar
lutas na escola, basta que o professor busque conhecimento. Quando falamos em falta de
estrutura, nos remetemos não somente a falta de estrutura para as aulas de educação física, e
sim para as aulas em geral, e aqui entra a criatividade do professor. E quanto a achar o
conteúdo impróprio, com o referencial teórico apresentado no presente estudo comprovamos
1
Atleta de Muay Thai. Graduou-se em licenciatura em Educação Física pelo Dom Bosco, atualmente é
acadêmico de Bacharelado na mesma instituição de ensino. E-mail: guimaribeiro@hotmail.com
2
Acadêmica de licenciatura em Educação Física na PUCPR. Participa do Grupo de pesquisas GECOM. E-mail:
moura.gabrielade@hotmail.com
3
Atleta e técnica desportiva de Karate, atuando na seleção brasileira juvenil, júnior e adulto como atleta.
Graduou-se em licenciatura plena em Ed. Física pela UFPR. É especialista em Fisiologia do Exercício pela
UFPR, possui o título de Mestre em Ciência do Movimento Humano pela UDESC e também é Mestranda em
Bioengenharia pela PUCPR. E-mail: keith_sato@hotmail.com
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que as lutas são uma ferramenta importante para o profissional de educação física mediante a
educação física escolar.
Introdução
unanimidade devido à falta de documentos que comprovem sua origem, uma vez que há
registros na China, Índia, Império Romano e Grécia. Entretanto, para muitos, a China é
considerada o berço das artes marciais no século V a.C. (FERREIRA, 2006). Os esportes de
combate, antes de se tornarem modalidades esportivas eram técnicas de lutas, e uma forma de
defesa de um povo, com princípios e filosofias, ou seja, se a escola tem como objetivo formar
cidadão, seu enquadramento no ensino escolar é de suma importância (TRUSZ e NUNES,
2007). As lutas podem ser definidas como:
Devido à falta de experiência dos professores nesta área acaba existindo certo receio
quanto a sua habilidade para trabalhar as lutas no ambiente escolar. Uma vez que por se tratar
de atividades que geram contato físico entre os estudantes, a sociedade acredita que a
modalidade acarreta violência e indisciplina entre os praticantes, quando na verdade é o
oposto (NASCIMENTO, 2008). Deste modo, o objetivo do presente estudo foi determinar os
fatores limitadores e facilitadores para o ensino do conteúdo lutas na educação física escolar
conforme percepção de professores da rede municipal, estadual e particular de ensino.
Metodologia
Resultados e Discussões
Observa-se que quando a prática do conteúdo de lutas esta associada ao tipo de ensino
(figura 3), no ensino público (prefeitura e estado) é mais utilizada do que no ensino particular.
Talvez este fato ocorra porque as diretrizes e normativas da prefeitura de Curitiba
(PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA, 2006) e do estado do Paraná (LEITE et al,
2009) basearem suas publicações nos PCNs (BRASIL, 1998).
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Particular Prefeitura Estado
as lutas não são somente as técnicas sistematizadas como karate e judô. O braço de
ferro, o cabo de guerra, técnicas recreativas de empurrar, puxar,deslocar o parceiro
do local, lutas representativas como a luta do sapo (alunos agachados,um tentando
derrubar o outro), a luta do saci (alunos de mãos dadas, somente com um pé no
chão, vão tentar provocar o desequilíbrio do parceiro, forçando o colega a tocar com
o pé que estava elevado no chão), são apenas alguns exemplos de como se trabalhar
as lutas de forma estimulante e desafiadora na aula de educação física (FERREIRA,
2005b, p. 9).
Dos 41 entrevistados 17,4 (42,6%) alegam que o ensino das lutas na Educação Física
escolar não gera violência, entretanto outros 20 (48,78) entrevistados afirmam que se o ensino
das lutas irá gerar ou não violência, dependerá do professor. Dos entrevistados 28,7 (70,2%)
afirmam que a prática das lutas não torna os estudantes agressivos, algo bem próximo ao
encontrado por Santos, Oliveira e Cândido (2011) onde 65% responderam que não e 35% que
depende do professor, podendo ser possível até mesmo uma redução desta agressividade.
Verifica-se que o conteúdo de lutas é pouco explorado devido à preocupação e dúvidas
dos professores de Educação Física escolar quanto à utilização desta modalidade em suas
aulas, pois para a maioria dos pais e educadores o ensino das lutas geraria agressividade e
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Outro ponto apontado que pode ser utilizado pelo professor são palestras, filmes e
documentários, bem como incentivar o conhecimento dos estudantes através de pesquisas
dadas a eles sobre diversos temas como história, regras, indumentárias, dentre outros
(FERREIRA, 2009).
Trusz e Nunes (2007) afirmam que:
é uma manifestação de cultura de movimento que não pode ser negada, e seu ensino
na escola não exige que o professor seja treinador ou professor de artes marciais, já
que não se pretende formar um atleta/lutador, mas sim que os estudantes se
apropriem e apreciem elementos das lutas como manifestações da cultura de
movimento.
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que de forma intrínseca, um aprendizado das técnicas das lutas (FIGUEIREDO, 2000), além
de proporcionar um melhor conhecimento sobre saúde e qualidade de vida (LANÇANOVA,
2006). E para que isto ocorra de forma satisfatória é necessário trabalhar nos três conceitos:
afetivo-social, cognitivo e motor.
O ambiente escolar não deve buscar a formação de atletas e sim a formação de
cidadãos que durante as aulas de Educação Física conheçam e pratiquem a modalidade de
lutas (NASCIMENTO, 2008). Por meio desta afirmação pode-se verificar que o professor não
precisa ser especialista em uma determinada modalidade de lutas, pois o mesmo pode se
utilizar de filmes e vídeos demonstrativos para a execução das atividades durante as aulas
(LANÇANOVA, 2006).
Em estudo de campo feito por Nascimento e Almeida (2007) o professor se utilizou de
vídeos para que ocorresse a análise deste e com isto identificar e mostrar os valores éticos,
históricos e morais das lutas, enquanto que para o conhecimento das regras das modalidades
denominou pesquisa para os estudantes, e com isto desmistificou o conceito de que lutas são
esportes violentos. Cabe ao professor de Educação Física demonstrar, que as lutas não estão
vinculadas apenas ao contato físico entre os praticantes, mas que por meio dela é possível
estimular a tomada de decisão dos estudantes e resolução de problemas (FERREIRA, 2009).
Porém ocorre que há muitos professores que são apenas ex- atletas e se utilizam de
métodos sem comprovação de estudos quanto a sua eficácia quando relacionadas a
treinamento, ou pior, ser instrutor sem fundamentação teórica, apenas repassando práticas que
aprendeu, causando prejuízo a quem pratica a atividade (LANÇANOVA,2006), além destes
profissionais não terem conhecimento do projeto político pedagógico da escola (CORREIA e
FRANCHINI, 2010).
Com tudo que foi abordado neste estudo deve-se buscar uma reestruturação dos
métodos de ensino da Educação Física escolar relacionado às lutas para que sejam
enquadradas na realidade atual e cotidiana dos estudantes (NASCIMENTO e ALMEIDA,
2007), uma vez que as lutas têm papel fundamental na formação do estudante, tanto quanto os
esportes de quadra (LANÇANOVA, 2006).
Considerações Finais
Através deste estudo foi possível verificar que apesar do conteúdo de lutas ser um
conteúdo da educação física escolar (SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL,
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1998) tal pratica ainda é pouco exercida. A mudança deve ocorrer desde a formação
profissional do professor, demonstrando os benefícios de seu ensinamento no ambiente
escolar. As lutas não devem ser tratadas como esportivização nas escolas, algo evidenciado
nesta pesquisa, uma vez que a forma lúdica e de jogos de oposição não foram à forma mais
lembrada pelos professores, já que as modalidades aplicadas mais mencionadas foram às
técnicas esportivas pré- existentes. Entretanto, cabe uma pesquisa com cunho qualitativo para
observar-se a forma como estas modalidades estão inseridas nas aulas de Educação Física
escolar. Partindo do ponto de vista que este estudo verificou quantitativamente o uso ou não
das modalidades de lutas e não a forma de sua aplicação durante as aulas.
Considerando que os objetivos desse estudo foram determinar fatores limitadores e
facilitadores para o ensino do conteúdo lutas na educação física escolar conforme percepção
de professores da rede municipal, estadual e particular de ensino, entende-se que foram
considerados fatores limitadores a formação profissional e não conhecimento técnico
científico do conteúdo de lutas.
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