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DIVINÓPOLIS - MG
ABRIL – 2016
ANDERSON FERNANDES DE MELO
DIVINÓPOLIS – MG
ABRIL – 2016
Catalogação na fonte
Universidade Federal de São João del-Rei
Biblioteca Campus Centro Oeste – Dona Lindu
ii
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus que se faz sempre presente em minha vida. Por ter
guiado meu caminho, sempre me iluminando e me tranquilizando para que eu
conseguisse chegar até aqui.
Agradeço por toda a vida, a minha orientadora Dra. Valéria Ernestânia Chaves por
me aceitar como seu aluno, por todos os conselhos, aprendizados, preocupações,
discussões e por não ter desistido de mim. Por sempre me escutar, sempre disposta
a me ensinar. Serei eternamente grato à você.
Agradeço a minha co-orientadora Dra.Helena Coutinho Franco de Oliveira por me
aceitar como seu aluno e me acolher em seu laboratório permitindo assim o meu
crescimento como pessoa e pesquisador. A todo pessoal da Unicamp, em especial o
Thiago Hentz e Helena Raposo pela grande oportunidade de aprendizado e
amizade, e por estarem sempre dispostos a me ensinarem.
Agradeço a todos os meus amigos do Laboratório de Fisiologia, em especial
Gleuber, Willian, Bárbara, Reysla e Thais por sempre me apoiarem e socorrerem na
hora do aperto e pela troca de conhecimento.
Agradeço em especial à professora Dra.Cristiane Queixa Tilelli pelas palavras sábias
e confortantes e por permitir o convívio e o aprendizado.
Agradeço a toda UFSJ por ter me proporcionado a realização desse sonho, em
especial agradeço ao professor Dra. Hélio Batista dos Santos e sua aluna Camila
Sales pela ajuda na histologia. Agradeço também a todos do Laboratório de
Bioquimica Celular, em especial a professora Dra.Hérica de Lima Santos e o
professor Dr.Leandro Augusto de Oliveira Barbosa, que além de ceder
equipamentos, me concederam um pouco de seus conhecimentos.
A minha amada família por entender as minhas faltas e pelo amor incondicional,
sempre apoiando minhas escolhas. Ao pai e amigo Antônio (Jiló) e a minha amada
mãe, quero agradecer por tudo, sem vocês não poderia ter chegado até aqui. Aos
meus amados irmãos Marco Antônio, Marcelo e André por me compreenderem e me
amarem do jeito que sou.
Agradeço ao grande amor da minha vida, minha companheira, amiga, cúmplice e
esposa Danielle. Deus colocou você em minha vida e ela mudou completamente.
Agradeço pela confiança e pela paciência. Somente pessoas especiais como você
iv
poderiam suportar todos os problemas que passamos juntos. Te amo pra todo o
sempre.
v
RESUMO
Palavras chave: dieta cafeteria, doença hepática gordurosa não alcóolica, secreção
de VLDL, triacilglicerol.
viii
ABSTRACT
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1
4. RESULTADOS ...................................................................................................... 19
5. DISCUSSÃO..........................................................................................................41
8. ANEXO...................................................................................................................81
xii
LISTA DE ABREVIATURAS
1. INTRODUÇÃO
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a obesidade é uma condição em
que ocorre o aumento na gordura corporal, podendo prejudicar a saúde e o bem-
estar (OMS, 2016). A obesidade é hoje uma pandemia e se a tendência mundial for
mantida é esperado que a obesidade atinga 10% da população mundial até 2030
(ASRIH; JORNAYVAZ, 2015). Esse quadro vem aumentando demasiadamente na
população, principalmente entre as crianças e os adolescentes de países
desenvolvidos e em desenvolvimento (PRENTICE, 2006). Mudanças nos hábitos
alimentares e atividades físicas reduzidas parecem estar relacionados com o quadro
epidêmico de obesidade (BASCIANO et al., 2005).
A maioria dos tecidos não adiposos apresenta uma pequena reserva lipídica,
funcionando como fonte imediata de energia e substrato para funções essenciais,
como manutenção estrutural, fluidez da membrana e sinalização intracelular
(RASOULI et al., 2007). Obesidade e síndrome metabólica ocasionam alterações
nesse acúmulo natural de lipídios, propiciando deposição lipídica em órgãos não
específicos, como fígado, músculo esquelético e cardíaco, pâncreas e rins
(MEDINA-GOMEZ et al., 2007). Essa deposição ectópica de lipídios leva à disfunção
destes tecidos por lipotoxicidade, e morte celular programada induzida por lipídios
(lipoapoptose) (UNGER, 2003). O acúmulo ectópico de lipídios pode ser relacionado
à limitação da capacidade de expansão do tecido adiposo para armazenar os
nutrientes em excesso. Tem sido sugerido que a expansibilidade do tecido adiposo é
limitada em cada indivíduo, e que, ao atingir seu máximo, desencadeia um aumento
do fluxo lipídico para órgãos não adiposos. Nestas condições, as células adiposas
secretam quimiocinas, por exemplo, MCP1 (macrophage chemotatic protein 1), que
atraem macrófagos, os quais por sua vez são ativados e secretam citocinas, que
prejudicam a sensibilidade à insulina na célula adiposa, aumentando a lipólise e
bloqueando o recrutamento de pré-adipócitos (Figura 1) (VIRTUE; VIDAL PUIG,
2010).
2
(FAS), acetil CoA carboxilase (ACC), estearil CoA desaturase 1 (SCD1), lipin-1 e
piruvato quinase do fígado (L-PK) (KAWANO; COHEN, 2013). SREBP-1c é
considerada como o principal regulador da transcrição de genes relacionado a
síntese de ácido graxo e TAG em resposta à estimulação da insulina (XU et al.,
2013). A insulina estimula o SREBP-1c através de uma cascata de sinalização que
envolve a proteína serina/treonina quinase (AKT), o receptor X do fígado (LXR) e
mTOR (complexo alvo da rampamicina em mamíferos 1) (COHEN et al.,
2011). SREBP-1c é expresso a um nível baixo no fígado de animais em jejum, mas
sua expressão é dramaticamente induzida mediante a alimentação, situação em que
as concentrações de insulina encontram-se aumentadas. A insulina também regula
SREBP-1c a nível pós-traducional, através de um processamento proteolítico
permitindo o seu deslocamento para o núcleo (XU et al., 2013). Modificações pós-
traducionais de ChREBP são necessárias para a sua ativação. A fosforilação /
desfosforilação de ChREBP tem sido proposta ser importante para a translocação de
ChREBP e sua ativação nuclear (XU et al., 2013). No tecido hepático, a glicose é
convertida em xilulose-5-fosfato (Xu-5-P) a partir da derivação da hexose
monofosfato, e Xu-5-P ativa a proteína fosfatase 2A delta (PP2A delta) que irá
desfosforilar ChREBP permitindo assim sua migração para o núcleo seguido da sua
ativação (IIZUKA; HORIKAWA, 2008).
Figura 4 – Via metabólica da produção de TAG e a relação sobre a resistência à
insulina.
2. OBJETIVOS
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.2 Histologia
Os ratos foram eutanasiados por guilhotina e foram retiradas amostras com
aproximadamente 3mm de espessura da porção medial do maior lóbulo do fígado.
espessura e corados com hematoxilina e eosina. A área dos hepatócitos (μm 2) foram
obtidos utilizando microscópio de luz acoplado ao software Motic Imagens Plus 2.0.
Foram utilizados 6 ratos para cada grupo e 10 fotos foram retiradas em campos
aleatórios para cada animal. Em cada foto foram mensuradas as áreas de 10
hepatócitos, totalizando 600 células por grupo. Apenas hepatócitos que tiveram o
núcleo seccionado foram mensurados.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
28S rRNA
18S rRNA
Nota: O RNA total do tecido hepático dos ratos controles estão apresentados nas
canaletas ímpares e dos ratos alimentados com a dieta cafeteria nas canaletas
pares.
A pureza e quantificação foram determinadas em espectrofotômetro
NanoVue™ Plus Spectrophotometers, (GE Healthcare, Little Chalfont,
Buckinghamshire UK). Para verificação de contaminação com DNA genômico, foi
realizado PCR simples com 1 μg de RNA total, o que não resultou em nenhum
17
produto de PCR. O cDNA foi obtido a partir de 2 μg de RNA total por transcrição
reversa usando kit da Applied biosystems (High-Capacity cDNA reverse transcription
kit) com amplímetros aleatórios (10X RT Random Primers), dNTPs 100 mM e a
transcriptase reversa (MultiScribeTM Reverse Transcriptase) em volume final de 20
μl, sendo a incubação realizada a 25°C por 10 min., seguidos de 120 min. a 37°C e 5
min. a 85ºC, conforme descrito pelo fabricante. As expressões gênicas no tecido
hepático foram determinadas por Real time PCR, sendo utilizados SYBR Green PCR
Master Mix (Applied Biosystems, Foster City, CA), sistema de detecção 7500 Fast
Real time PCR System (Applied Biosystems, Foster City, CA) e pares específicos de
primers (senso e antisenso) mostrados a baixo (Tabela II). A quantificação foi feita
pela medida do ciclo threshold normalizado pelo controle interno β-actina e expressa
em relação aos ratos controles.
Tabela II – Primers para PCR em tempo real.
GENE PRIMER
Senso 5’-CATGAAGATCAAGATCATTGCTCCT-3’
Beta actina
Antisenso 5’-CTGCTTGCTGATCCACATCTG-3’
Senso 5’-GGCCGCTATGATGGAAATGTG-3’
ACO
Antisenso 5’-GGGCTTCAAGTGCTTGTGGTAA-3’
Senso 5’-CATGCTCCATTCTCACATGTTTA-3’
Apo B 100
Antisenso 5’-AGAGAACAAAGCAGAGATTGTGG-3’
Senso 5’- CTGTGGCCTCATTCCTCCTACC-3’
ATGL
Antisenso 5’- GTGGCAAGTTGTCTGAAATGCCG-3’
Senso 5’-AAAGGCCTCAAGTTGCTATG-3’
ChREBP
Antisenso 5’-AGACAACAGCCTCAGGTTTC-3’
Senso 5’-ACGTGAGTGACTGGTGGGAAGAAT-3’
CPT 1
Antisenso 5’-TCTCCATGGCGTAGTAGTTGCTGT-3’
Senso 5’-CAGGAGTGCTCTTCTTTGAG-3’
LHS
Antisenso 5’-CAGCCTTTATGTAGCGTGAC-3’
Senso 5’-AACCAGAAATGTCAATGGCTAGA-3’
MTP
Antisenso 5’-AGTGATTTGATGTCCAAAATGCT-3´
Senso 5’-TACCACTATGGAGTCCACGCATGT-3’
PPAR alfa
Antisenso 5’-TTGCAGCTTCGATCACACTTGTCG-3’
Senso 5’-GCCCACAATGCCATTGAGA-3’
SREBP 1c
Antisenso 5’-GCAGATTTATTCAGCTTTGCCTCA-3’
18
4. RESULTADOS
O peso corporal dos ratos foi avaliado a cada dois dias (Gráfico 1). O ganho
de peso dos ratos alimentados com a dieta cafeteria foi similar ao dos ratos controle
durante todo o período experimental.
240
210
180
150
Peso (g)
120
90
60
30 Controle Cafeteria
0
0 5 10 15 20 25
Tempo (dias)
Gráfico 1 – Efeito da dieta cafeteria no peso corporal (g) de ratos Wistar. Os valores
representam a média ± erro padrão de 8 animais. Este experimento foi repetido 3
vezes.
20
Tabela III – Peso relativo dos tecidos adiposos brancos (TAB) epididimal e
retroperitoneal, fígado e coração de ratos alimentados com as dietas controle e
cafeteria.
Controle Cafeteria
6
Controle Cafeteria
5
Peso (g/100g)
*
1,0 *
0,5
0,0
Epi Retro Coração Fígado
Gráfico 2 – Efeito da dieta cafeteria no peso dos tecidos adiposos branco epididimal
(Epi) e retroperitoneal (Retro), coração e fígado (g/100g) de ratos Wistar. As colunas
e barras representam a média ± erro padrão de 7-8 ratos. *P < 0,05 vs. controle.
22
Controle Cafeteria
Controle Cafeteria
120
*
100
Concentrações séricas (mg/dL)
80
60
40
1,5
1,0
0,5
0,0
Glicose Triacilglicerol Colesterol Ácido úrico
Gráfico 3 – Efeito da dieta cafeteria nas concentrações séricas de glicose,
triacilglicerol, colesterol e ácido úrico de ratos Wistar. As colunas e barras
representam a média ± erro padrão de 7-8 ratos. *P < 0,05 vs. controle.
24
4.2.1 Histologia
Tabela V – Área dos hepatócitos (µm2) de ratos alimentados com as dietas controle
e cafeteria.
Controle Cafeteria
60
Área dos hepatócitos (m )
2
50
40
30
20
10
0
Controle Cafeteria
Controle Cafeteria
300
Lipídios neutros (unidades arbitrárias)
250
200
150
100
50
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
Controle Cafeteria
Gráfico 5 - Efeito da dieta cafeteria na concentração de lipídios neutros no tecido
hepático. As colunas representam os percentis 25, 50 e 75 e as barras representam
os valores mínimos e máximos de 18 lâminas proveniente de 6 ratos. O símbolo
representa a média.
28
Controle Cafeteria
Controle Cafeteria
60 *
Lipídios hepáticos totais (mg/g)
40
20
Controle Cafeteria
12
*
10
Lipídios hepáticos (mg/g)
4
*
2
0
Triacilglicerol Colesterol
Controle Cafeteria
Controle Cafeteria
300
Teste de função hepática (U/L)
200
100
0
AST ALT
Gráfico 12 – Efeito da dieta cafeteria na concentração sérica de aspartato
aminotransferase (AST) e alanina aminotransferase (ALT) em ratos Wistar. As
colunas e barras representam a média ± erro padrão de 8 ratos. *P < 0,05 vs.
controle.
34
Controle Cafeteria
1,5
Genes/-actina (unidades arbitrárias)
1,2
0,9
0,6
0,3
0,0
ChREBP SREBP-1c
Gráfico 9 - Efeito da dieta cafeteria na expressão do RNAm da proteína de ligação
ao elemento de resposta ao carboidrato (ChREBP) e da proteína de ligação ao
elemento regulatório de esterol 1c (SREBP-1c) no tecido hepático. As colunas e
barras representam a média ± erro padrão de 8 ratos. *P < 0,05 vs. controle.
36
Controle Cafeteria
3,0
Genes/-actina (Unidades arbitrárias)
*
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
ACO CPT1 PPAR-alfa
Gráfico 10 - Efeito da dieta cafeteria na expressão de RNAm da acil CoA oxidase
(ACO), carnitina palmitoiltransferase 1 (CPT1) e peroxisome proliferator-activated
receptors alpha (PPAR-α) no tecido hepático. As colunas e barras representam a
média ± erro padrão de 8 ratos. *P < 0,05 vs. controle.
37
Controle Cafeteria
1,5
Genes/-actina (unidades arbitrárias)
1,2
0,9
0,6
0,3
0,0
ATGL LHS
Gráfico 11 - Efeito da dieta cafeteria na expressão do RNAm da lipase do
triacilglicerol do adipócito (ATGL) e lipase hormônio sensível (LHS) no tecido
hepático. As colunas e barras representam a média ± erro padrão de 8 ratos. *P <
0,05 vs. controle.
38
Controle Cafeteria
1,8
Genes/-actina (unidades arbitrárias)
1,5
*
1,2
0,9
*
0,6
0,3
0,0
ApoB MTP
Controle Cafeteria
Controle Cafeteria
420
Secreção de VLDL-TAG (mg.dL .h )
-1
*
-1
350
280
210
140
70
5. DISCUSSÃO
fenótipo de ambas, mTORC e AKT, constitutivas (Tsc1 -/-; Pten -/-) ocorre um
aumento na expressão de SREBP-1c (KENERSON et al., 2015). Desta forma, são
claros os efeitos da redução plasmática de insulina e da reposição aguda deste
hormônio na regulação da expressão deste fator de transcrição. Por outro lado,
apesar da similaridade na concentração de insulina, foi demonstrado que ratos
Wistar alimentados, durante seis semanas, com uma dieta rica em carboidratos
apresentam aumento na expressão do RNAm de SREBP-1C no tecido hepático
quando comparado aos ratos alimentados com uma dieta rica em lipídios,
(LETEXIER et al., 2005). No presente estudo, os ratos foram tratados com a dieta
cafeteria por 24 dias e apresentam aumento na concentração plasmática de insulina
(CHAVES et al., 2006), sugerindo que a ausência de alteração na expressão de
SREBP-1c pode ser decorrente do tempo de exposição à hiperinsulinemia,
provavelmente devido a contínua ativação de AKT. Corroborando nossa hipótese, foi
recentemente demonstrado que a oferta de uma dieta hiperlipídica (60% das calorias
provenientes de lipídios), durante 18 semanas, a camundongos deficientes em
Crtc2-/- (coativador transcricional 2 regulado por CREB) induz um aumento
significativo na concentração plasmática de insulina e no conteúdo de SREBP-1c
nuclear, sem afetar a transcrição hepática do RNAm de SREBP-1c (HAN et al.,
2015).
Em hepatócitos HepG2, foi demonstrado que a adição de 10 ou 100 nM de
insulina durante 4 horas aumenta a expressão de ChREBP (SIREK et al., 2009).
Contudo, os pesquisadores não encontraram alteração no RNAm de ChREBP
quando estes hepatócitos foram incubados na presença de 1 nM de insulina. Nossos
dados prévios demonstram que em ratos Wistar tratados com a dieta cafeteria a
concentração plasmática de insulina é inferior a 1 nM (CHAVES et al., 2006). Ratos
Wistar alimentados, durante seis semanas, com uma dieta rica em carboidratos ou
rica em lipídios não apresentam alteração no RNAm de ChREBP no tecido hepático
e na concentração de insulina quando ambas são comparadas (LETEXIER et al.,
2005). Contudo, ao serem submetidos ao jejum de 48 horas, apesar de reduzir a
concentração de insulina para valores inferiores a 0,35 nM, também não ocorre
alteração na expressão deste fator de transcrição quando comparado aos ratos
alimentados com cada uma das dietas (LETEXIER et al., 2005). Posteriormente, foi
demonstrado que a realimentação de camundongos ob/ob por 18 horas com uma
dieta rica em carboidratos induziu um aumento de duas vezes na expressão de
48
al., 1994). O aumento na atividade das lipases totais do tecido hepático dos ratos
alimentados com a dieta cafeteria pode, portanto, ser decorrente de uma maior
atividade da ATGL assim como de outras hidrolases, como TGH, uma vez que
mesmo após a centrifugação de 100.000g tem sido demostrado a presença desta
enzima na fração citosólica no adiposo branco (SONI et al. 2004; WEI et al., 2007a).
Entretanto, poucos estudos investigam a regulação da expressão e atividade de
TGH no tecido hepático. O efeito direto da insulina regulando TGH ainda não foi
demonstrado, mas a expressão de TGH está diminuída no fígado de camundongos
com resistência insulínica induzida por TNF-alfa (RUAN et al., 2002). Apesar da
regulação dessas outras hidrolases ainda requisitar de mais investigações, tem sido
sugerido que o destino do ácido graxo proveniente da lipólise depende da lipase
responsável pela hidrólise do TAG (WEI et al., 2007). Os ácidos graxos provenientes
da ação da LHS são usados preferencialmente na β-oxidação (PEASE et al., 1999).
Estudos recentes fornecem evidencias que a ATGL consegue distribuir os ácidos
graxos hidrolisados entre as vias oxidativas e a síntese de lipoproteína de muito
baixa densidade (VLDL) (ONG et al., 2011). E como já mostrado acima, TGH é
capaz de mobilizar TAG e fornecer substrato melhorando a secreção de VLDL (LO
et al., 2010).
(KAMAGATE et al., 2008). Neste estudo, células HepG2 foram transfectadas com
um vetor para FOXO1 e incubadas por 24h na ausência ou na presença de insulina
(100nM), sendo observado que a presença da insulina reduz a expressão de MTP.
Ainda nesse mesmo estudo, camundongos expressando de forma constitutiva
FOXO1 no tecido hepático apresentam um aumento na expressão de MTP seguido
de um aumento na produção de VLDL quando comparados ao controle.
Previamente, foi observado que camundongos ob/ob resistentes à insulina
apresentam um aumento na expressão de MTP (BARTELS et al., 2002), e o jejum
de 24h em camundongos machos C57BL/6J aumentam a presença nuclear (ativa)
de FOXO1 no tecido hepático (QU et al., 2006). No entanto, o presente estudo
mostrou que os ratos alimentados com a dieta cafeteria apresentaram uma maior
expressão de MTP em relação aos ratos alimentados com a dieta controle, apesar
da hiperinsulinemia. Nesses animais, a sensibilidade hepática a insulina é
evidenciada pelo aumento no fluxo glicolítico e pela diminuição da gliconeogênese
em fatias de fígado (MARTINS-SANTOS, 2008). Além disso, os ratos alimentados
com a dieta cafeteria por 5, 6, 8 e 12 semanas não apresentam alteração na curva
de tolerância à glicose (CARVALHO, 2010). Tais achados sugerem que os altos
níveis plasmáticos da insulina foram suficientes para superar alguma possível
resistência de sua ação tecidual. Vários estudos veem sugerindo que a insulina não
é o principal regulador capaz de alterar a expressão de MTP (BARTELS et al., 2002;
SPARKS et al., 2011; SHI et al., 2013). Em camundongos C57BL/6 diabéticos
induzidos por estreptozotocina não houve alteração na expressão da proteína MTP
em comparação aos camundongos não diabéticos (BARTELS et al., 2002). Em
camundongos nocaute para apoB (apobec-1-/-), a administração de insulina
(10µL/kg) após um jejum de 12h não induz alteração no RNAm da MTP em
comparação ao grupo salina (SPARKS et al., 2011). Em outro estudo, ratos Wistar
resistentes à insulina alimentados com uma dieta rica em frutose por 8 semanas
apresentaram um redução no RNAm de MTP quando comparados aos ratos
alimentados com a dieta controle (SHI et al., 2013). Sendo assim, a insulina é capaz
de regular a expressão de MTP negativamente talvez em situação mais intensa e de
pouca duração. Na região promotora do gene MTP existem regiões de
reconhecimento para o fator nuclear de hepatócito (HNF) 1 e 4α (HAGAN et al.,
1994). O fator de transcrição HNF-4α demostrou ser um regulador positivo para a
expressão de MTP. Camundongos nocaute para HNF-4α apresentam uma redução
57
secreção de VLDL são: a) a quantidade de proteina ApoB que escapa das diversas
formas de degradação, b) a disponibilidade de lipídios a serem secretados e c) a
expressão de MTP ( DAVIS, 1999; FISHER et al., 2001; SPARKS et al., 2006).
Os ratos alimentados com a dieta cafeteria apresentaram um aumento de
aproximadamente 20% na taxa de secreção de VLDL-TAG quando comparados aos
ratos alimentados com a dieta controle. Apesar de um quadro de hiperinsulinemia e
normoglicemia (CHAVES et al., 2006), a sinalização da insulina no tecido hepático,
avaliada pelo fluxo da glicólise e da gliconeogênese esta preservada nos ratos
alimentados com a dieta cafeteria (citado acima) sugerindo que a secreção de VLDL
deveria estar reduzida. Tem sido sugerido que a insulina reduz a expressão de MTP
através de FOXO1, altera a tradução do RNAm e estimula de várias formas a
degradação da proteína ApoB (HAAS et al., 2013). Desta forma, ratos ob/ob
resistentes à insulina apresentam maior secreção de VLDL-TAG (BARTELS et al.,
2002). Contudo, células HepG2 incubadas a uma concentração de 100nM de
insulina apresentam uma redução na tradução do RNAm da proteína ApoB no
período entre 4 e 16h, mas entre 15 mim e 1h de incubação, a insulina aumenta a
tradução de ApoB (KARIMIAN POUR; ADELI, 2011). Em outro trabalho, células
HepG2 transfectadas com plasmídeos contendo as regiões 5’ UTR ou 3’UTR no
gene para ApoB e incubadas na ausência ou na presença de 1µg/mL de insulina
durante 16h demostram que células contendo a região 5’UTR incubadas na
presença de insulina apresentam uma redução na tradução desta proteína
(SIDIROPOULOS et al., 2005). Este estudo sugere que a insulina diminui a ligação
da proteína a região 5’ UTR que conduz o RNAm para a tradução. A insulina diminui
a ligação da proteína a região 5’UTR através da sua cascata de sinalização
envolvendo PI3K e mTOR (SIDIROPOULOS et al., 2007). Grande parte da ApoB
produzida é degradada por diversos mecanismos, sendo as que escapam desse
processo utilizadas para a secreção de VLDL (FISHER et al., 2001). A degradação
de apoB pode acontecer pela via proteassômica ou não proteassômica, como por
exemplo estimulada por ácido graxo omega 3 ou insulina (LIANG et al., 2001;
FISHER; GINSBERG, 2002). A insulina é capaz de diminuir a secreção de VLDL
induzindo a proteína ApoB para uma degradação (SPARKS et al., 1990). Em
hepatócitos de ratos incubados com 10nM de insulina durante 12 à 14h, foi
demonstrado uma redução na secreção de ApoB quando comparados aos controles
(0,1nM de insulina) devido a uma menor concentração de ApoB (SPARKS et al.,
60
1990). Por outro lado, humanos alimentados com uma dieta rica em carboidratos
apresentam aumento na velocidade de secreção da fração TAG de VLDL, sem
alterar a velocidade de secreção da fração apoB de VLDL (MELISH et al., 1980),
indicando que alterações na produção de VLDL-TAG não são acompanhadas pela
produção de VLDL-apoB. Em acordo com essa ideia, hepatócitos cultivados na
presença de 1mM de ácido oleico, um potente estimulador da síntese de TAG,
apresentam um aumento na secreção de VLDL-TAG sem alterar a síntese proteica
de ApoB (DAVIS; BOOGAERTS, 1982). Ainda nesse estudo, a inibição da síntese
proteica de ApoB por cicloheximida induz uma redução na secreção de VLDL
mesmo na presença do ácido oleico, sugerindo que a ApoB desempenha um papel
importante na determinação da capacidade do hepatócito em aumentar a secreção
de TAG. A disponibilidade de lipídios e o nível de expressão e atividade de MTP
protegem ApoB da degradação e consequentemente pode melhorar a secreção de
VLDL (FISHER et al., 2001). Células HepG2 incubadas na presença de RTV, um
inibidor de proteassoma, apresentam um acúmulo de ApoB intracelular, no entanto,
essas células apresentam uma redução na secreção de ApoB (LIANG et al., 2001).
Entretanto, ao serem incubadas na presença do RTV e 0,4 mM de ácido oleico
ocorre um aumento de 65% na taxa de secreção de ApoB em comparação as
células que receberam somente o acido oleico, demonstrando que o fornecimento
de lipídios melhora secreção de ApoB protegendo da degradação proteassômica,
assim esses mecanismos são capazes de controlar a secreção de lipídios hepáticos.
Em outro trabalho, hepatócitos de ratos incubados com diferentes ácidos graxos
(concentração de 1mM) apresentaram um aumento na secreção de VLDL- [³H]TAG
visualizado através da incorporação de [³H]glicerol (DAVIS; BOOGAERTS, 1982).
Nesse trabalho, o ácido oleico estimulou um aumento de 2 a 3 vezes na secreção de
VLDL-TAG. Outro passo limitante para a secreção de VLDL é a transferência de
lipídios para ApoB pela proteína MTP, sendo que alterações tanto na expressão
quanto na atividade de MTP são capazes de prejudicar a secreção de VLDL
(WETTERAUL et al., 1992). Em camundongos machos nocaute para ApoB
(apobec-1-/-), a insulina (10µ/Kg) não é capaz de alterar a expressão e a atividade de
MTP no tecido hepático quando comparado aos camundongos salina (SPARKS et
al., 2011). Ainda nesse trabalho, hepatócitos que receberam um adenovírus para
superexpressarem MTP (HMTP) apresentam maior secreção de ApoB em relação
ao controle. No entanto, os hepatócitos HMTP na presença de 100nM de insulina
61
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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8. ANEXO
CERTIFICADO