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JEAN-JACQUES ROUSSEAU:
A VONTADE GERAL E O PACTO SOCIAL

11.1 ROUSSEAU: UMA FIGURA DA MODERNIDADE

Jean-Jacques Rousseau (1712/1778) é filósofo suíço, nascido em Genebra, de notável


importância na constituição e solidificação dos principais conceitos da Modernidade.
Rousseau é contemporâneo de D’Alembert, Diderot, Montesquieu, Voltaire e outros entre
os enciclopedistas e iluministas, com os quais chegou a ter contato e interagir, entre suas
andanças por Suíça, França e Inglaterra. Sua filosofia, suas ideias, seus pensamentos serão
forte argumento de sustentação para a Revolução Francesa (14 de julho de 1789).
Quando se pensa em Rousseau pensa-se, imediatamente, em uma dessas figuras que
marcaram a Modernidade. De biografia atormentada, de perfil profundamente racional,
de senso crítico e vontade de mudança do status quo, destaca-se pelas características de
um pensamento muito mais afinado com as ondas do futuro do que com os paradigmas
do passado medieval. Rousseau pronuncia-se sobre vários assuntos, inclusive pedagogia
e educação (Emílio ou Da educação – 1762), mas soube concentrar e sintetizar com
sabedoria sua doutrina política principal no texto do Contrato social.
De sua obra, devem-se destacar, entre textos e discursos (Discurso sobre as ciências
e as artes, 1750), para fins desta análise, o Discurso sobre a origem e os fundamentos da
desigualdade entre os homens (Discours sur l’origine et les fondements de l’inégalité
parmi les hommes, 1753); O contrato social (Du contrat social, 1762).1 Suas ideias
ligadas à Teologia encontram-se em Obra de fé do vigário
saboiano. Suas Confissões (1766) escreve como foragido na Inglaterra, ao lado de David
Hume, tendo-se notícia de uma única obra póstuma de sua autoria: Devaneios de um
passeante solitário (1782).

11.2 CONTRATO SOCIAL

A ideia de contrato social (contrat social) é central nas preocupações filosóficas e


políticas de Rousseau.2 De princípio, afirma-se, em Rousseau, que não se trata de discutir
a origem cronológica ou histórica da sociedade humana. O contrato social possui
existência na teoria de Rousseau, e não corresponde a uma realidade aferível
empiricamente. Em uma palavra, é hipótese de trabalho (raisonnements hypotétiques) da
qual parte Rousseau:

“Commençons donc par écarter tous les faits, car ils ne touchent point à la
question. Il ne faut pas prendre les recherches, dans lesquelles on peut entrer sur
ce sujet, pour des vérités historiques, mais seulement pour des raisonnements
hypothétiques et conditionnels” (Rousseau, Discours sur l’origine et les
fondements de l’inégalité parmi les hommes,Introdução, 1992, p. 169).
Contudo, no que consiste o contrato social? Trata-se de um consenso estabelecido
entre as pessoas com vista na fundação da sociedade. É ele o divisor de águas entre o
estado de natureza e o estado cívico no qual vivem os seres humanos. É algo que artificial
e convencionalmente se pactua formar, o que dá surgimento a uma pessoa que não se
confunde com os indivíduos que compõem o pacto; está-se aqui a falar de uma pessoa
pública ou corpo coletivo formado com base na união de forças e interesses de diversos
indivíduos pactuantes.
As expressões empregadas por Rousseau são pessoa pública, personne
publique e corpo coletivo, corps collectif. É nisso que Hobbes via a força da junção de
várias potências numa só, de modo a tornar-se imbatível a soberania dos indivíduos.
Forma-se a sociedade, que dá fundamento ao Estado.
A vontade geral, que funda o pacto, é garantidora da condição de igualdade entre os
homens, porque é capaz de manter entre eles o assentamento das diferenças. Se as
vontades individuais fundam as preferências e os gostos individuais, a vontade geral
funda algo que se superpõe a todas as vontades individuais soldando-as numa só, que visa
ao interesse comum, ou ao bem comum:3

“car la volonté particulière tend par sa nature aux préférences, et la volonté


générale à l’égalité” (Rousseau, Du contrat social, 1992, Livro II, Capítulo I, p.
51).

Advirta-se do possível erro conceitual: a vontade geral não consiste na somatória dos
interesses particulares, pois um conjunto de interesses individuais agrupados não dá
origem a algo diferente de um amontoado de vontades individuais desconsertadas.

“Il y a souvent bien de la différence entre la volonté de tous et la volonté


générale; celle-ci ne regarde qu’à l’intérêt commun, l’autre regarde à l’intérêt
privé, et n’est qu’une somme de volontés particulières” (Rousseau, Du contrat
social, 1992, Livro II, Capítulo III, p. 54).

A vontade geral é algo que transcende e que está acima das vontades individuais.
Trata-se de outra vontade, resultante da união das vontades individuais não como
somatório, nem como repositório de vontades, mas como conjunção de interesses num
só. Com isso, não se está a falar de unanimidade, mas de consenso, com base na ideia de
maioria. O consenso da maioria é o diferencial.

“Par la même raison que la souveraineté est inaliénable, elle est indivisible. Car
la volonté est générale (note: Pour qu’une volonté soit générale il n’est pas
toujours nécessaire qu’elle soit unanime, mais il est nécessaire que toutes les
voix soient comptées; toute exclusion formelle rompt la généralité), ou elle ne
l’est pas; elle est celle du corps du peuple, ou seulement d’une partie”
(Rousseau, Du contrat social, 1992, Livro II, Capítulo II, p. 52).

Na constância do benefício geral é que ela está direcionada.4 As leis são criadas com
base na emanação da própria soberania do povo (não importa quem exerce o poder
legiferante, importa que o povo sempre será o detentor da soberania), na acepção
rousseauniana, para que a ordem se mantenha e se perpetue.
Com vista em evitar a desordem, a desagregação do pacto, a desunião dos interesses,
a desconstituição da dimensão da vontade geral,5 com a consequente desmoralização das
instituições, é mister que a lei impere. É ela a salvaguarda da vontade geral, pois onde
imperam as vontades individuais sobre a geral, já foi decretado o fim do contrato social
(contrat social).
Onde está o maior mal da sociedade e do próprio contrato social? No fato de
corromperem o ser humano, sobretudo por se basearem na ideia de propriedade, que é,
segundo Rousseau, o que deu origem aos males e às desigualdades entre os iguais. A
sequência dos males que deram origem às grandes desigualdades humanas possui uma
lógica, que é narrada até mesmo no sentido cronológico de seu desenvolvimento,
identificada por Rousseau na seguinte distribuição: a lei, o direito de propriedade, a
magistratura, o poder arbitrário. Em suas palavras:

“Si nous suivons le progrès de l’inégalité dans ces différentes révolutions, nous
trouverons que l’établissement de la loi et du droit de propriété fut son premier
terme; l’institution de la magistrature le second, que le troisième et dernier fut le
changement du pouvoir légitime en pouvoir arbitraire” (Rousseau, Discours sur
l’origine et les fondements de l’inégalité parmi les hommes, Segunda parte,
1992, p. 249).

A propriedade, a princípio um ato arbitrário de tomada de posse sobre um bem, é


transformada, para Rousseau, arbitrariamente em um direito, que passa a ser a causa de
domínio de muitos por parte de poucos, e, portanto, de exclusão,6 dando origem à
usurpação, que, por sua vez, forma o direito de excluir,7 enquanto a servidão dá origem à
miséria e à submissão constante de uns em favor de outros.8
Então, se a propriedade é o maior dos males humanos, aquela que gera as diferenças,
as disputas, a miséria, a exploração e o trabalho escravo, então o fundador da sociedade
civil (entenda-se, da sociedade civil eivada pelo vício da propriedade que foi capaz de
perverter o homem) foi o que por primeiro disse “Esta terra é minha!” (Ceci est à moi) e
encontrou quem o escutasse. Nas palavras de Rousseau:

“Le premier qui, ayant enclos un terrain, s’avisa de dire: Ceci est à moi, et trouva
des gens assez simples pour le croire, fut le vrai fondateur de la société
civile. Que des crimes, de guerres, de meurtres, que de misères et d’horreurs
n’eût point épargnés au genre humain celui qui, arrachant les pieux ou comblant
le fossé, eût crié à ses semblables: Gardez-vous d’écouter cet imposteur; vous
êtes perdus, si vous oubliez que les fruits sont à tous, et que la terre n’est à
personne” (Rousseau, Discours sur l’origine et les fondements de l’inégalité
parmi les hommes, Segunda parte, 1992, p. 222).

11.3 JUSNATURALISMO ROUSSEAUNIANO

O jusnaturalismo rousseauniano advém não somente do uso da expressão estado de


natureza como algo oposto ao estado cívico. Nessa oposição clássica entre os teóricos da
modernidade (Locke, Hobbes...), mora a diferença entre o artificial e o espontâneo. Em
verdade, a proposta de Rousseau de reconstituir a dimensão do social com base na
dimensão do natural, tendo-o por parâmetro de julgamento do quanto se perdeu ao
adentrar-se ao convívio social, eis o modo de Rousseau teorizar propondo o retorno à
natureza.
Ela é modelo no qual se deve inspirar a sociedade humana, à medida que dela emana
essa perfeição característica do que é natural. Onde repousaria a felicidade, a igualdade,
a abundância, senão no estado pré-cívico, conforme concebido e narrado por Rousseau,
ou de natureza?9 A noção de natureza utilizada por Rousseau não possui o mesmo registro
da afirmada e consagrada fórmula de Hobbes, na qual medra a guerra de todos contra
todos (bellum ominia contra omnium).

“Para Rousseau, ao contrário (de Hobbes), é no estado de natureza que se


encontra ‘o homem livre, com o coração em paz e o corpo de boa saúde’
(Discours), o homem que satisfaz facilmente as poucas necessidades elementares
e ‘não respira senão sossego e liberdade; quer apenas viver e ficar ocioso’”
(Bobbio, Matteucci, Dicionário de política, v. 1, 2001, verbete Contratualismo,
p. 274).

Há, nesse sentido, uma noção de bondade, para Rousseau, como algo intrínseco à
natureza. Na afirmação de Miguel Reale:

“A esse pessimismo contrapõe-se o otimismo de Jean-Jacques Rousseau, crente


na bondade natural dos homens, que teriam vivido um período paradisíaco, até
o momento em que, pela má-fé de alguns, teriam sido levados a aceitar um pacto
leonino de sociedade. Para Rousseau, o homem natural é um homem bom que a
sociedade corrompeu, sendo necessário libertá-lo do contrato de sujeição e de
privilégios, para se estabelecer um contrato social legítimo, conforme à razão”
(Reale, Filosofia do direito, 1962, p. 546).

Das leis naturais deve defluir uma inspiração para a formação das leis do Estado. Isso
porque o Estado precisa respeitar ditames ordenados pelo direito natural, não
constrangendo, por exemplo, a liberdade de vida que cada indivíduo preserva mesmo após
ter aderido ao pacto social. Eis um impeditivo ao avanço do poder do Estado. Eis algo
que define a profunda diferença entre o jusnaturalismo rousseauniano e o hobbesiano,
pois o Leviatã de Hobbes, nesse sentido, possui muito maior carga de poder concentrado
do que a concepção rousseauniana comporta.
A volta ao statu quo ante, ao momento em que o pacto ainda não se havia formado,
eis a resposta ideal de Rousseau aos males da humanidade.10 A revolta de Rousseau parte
de uma constatação, a de que, se o homem nasceu livre, então por que se encontra, e se
submete a encontrar-se, sob ferros? Nas palavras do filósofo de Genebra:

“L’homme est né libre, et partout il est dans les fers” (Rousseau, Du contrat
social, 1992, Capítulo I, p. 29).

Todavia, se essa ideia é inconcebível, além de irrealizável, a saída de sua teoria será
aproximar o estado de civismo ao estado natural, como que criado à imagem e semelhança
das condições naturais de vivência humana, respeitando-se os direitos naturais de que são
portadores todos os homens nascidos iguais.
É claro que essa obediência aos direitos naturais e às leis da natureza é restrita, pois
a própria ideia de plena liberdade causa, segundo Rousseau, o uso inadequado do poder
de oprimir o outro. O direito do mais forte, algo que corresponde à força natural, não deve
imperar sobre as sutilezas e refinamentos inerentes à racionalidade humana. Quando
Rousseau se refere à natureza, portanto, entenda-se que se trata de uma natureza
racionalizada, moldada e adaptada às necessidades humanas, e não necessariamente à
natureza como força bruta e descontrolada.11 Nesse sentido, o que é moral é melhor que
o que é natural, e é assim que se podem esculpir as formas de ser da sociedade, num misto
do que há de melhor no homem e do que há de melhor na natureza.
CONCLUSÕES

A ideia de contrato social não é nova no século XVIII. No entanto, a doutrina de


Rousseau inscreve-a de modo indelével na cultura política ocidental. Isso porque, além
de dotar o conceito de ideias próprias, confere-lhe tratamento rigoroso e sistemático. Ora,
o consenso é a base das principais formulações modernas, e toda a noção de contrato
social dilui-se nas ideias de utilidade geral, de constituição de um corpo moral, de
soberania popular. O soberanismo rousseauniano constituirá o espírito central da cultura
política da maior parte das democracias modernas.
O contrato social traz o homem de sua condição natural para a condição cívica,
alterando-lhe completamente o modus vivendi. Isso traz consequências funestas para o
convívio, pois o homem acaba tornando-se prisioneiro de si próprio. Rousseau procura
responder à questão: se o homem nasceu livre, por que se encontra sob ferros? Ora, a
resposta: porque na passagem do modo de vida natural para o cívico, o homem perdeu o
rastro de sua condição natural, e direitos que lhe eram atribuídos pela própria natureza
acabaram por ser perdidos ou desrespeitados. É nesse retorno ao natural, dentro do estado
cívico, pela recuperação de valores de sua condição natural, que consiste o jusnaturalismo
rousseauniano. Sua teoria não escapa de ser bucólica e saudosista, à medida que pinta a
condição natural do homem como idílica, bucólica e ideal, para contrastar esse estado
inicial (perfeição) com a condição cívica (degenerada) com a qual acabou se
conformando.

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1Como diz Rousseau a respeito de sua própria obra: “Ce petit traité est extrait d’un
ouvrage plus étendu, entrepris autrefois sans avoir consulté mes forces, et abandonné
depuis longtemps. Des divers morceaux qu’on pouvait tirer de ce qui était fait, celui-
ci est le plus considérable, et m’a paru le moins indigne d’être offert au public. Le
reste n’est déjà plus” (Rousseau, Avertissement, Du contrat social, 1992, p. 22).
2Jean-Jacques Rousseau, como comprovam várias citações textuais, inclusive no Du
contrat social, no Capítulo II do Livro I, sobre Grotius, Hobbes, Aristóteles…, assim
como citação sobre Montesquieu no Capítulo XI do Livro II, manteve-se em vivo e
contínuo diálogo com as filosofias políticas que lhe antecederam e que lhe eram
contemporâneas.
3“Or c’est uniquement sur cet intérêt commun que la société doit être gouvernée”
(Rousseau, Du contrat social, 1992, Livro II, Capítulo I, p. 51).
4A vontade geral, nesse sentido: “Il s’en suit de ce qui précède que la volonté
générale est toujours droite et tend toujours à l’utilité publique” (Rousseau, Du
contrat social, 1992, Livro II, Capítulo III, p. 54).
5“Mais quand le noeud social commence à se relâcher et l’État à s’affaiblir, quand
les intérêts particuliers commencent à se faire sentir et les petites sociétés à influer
sur la grande, l’intérêt commun s’altère et trouve des opposants, l’unanimité ne règne
plus dans les voix, la volonté générale n’est plus la volonté de tous, il s’élève des
contradictions, des débats, et le meilleur avis ne passe point sans disputes”
(Rousseau, Le contrat social, Livro IV, Capítulo I, p. 134).
6“Tout homme a naturellement droit à tout ce qui lui est nécessaire; mais l’acte
positif qui le rend propriétaire de quelque bien l’exclut de tout le reste”
(Rousseau, Du contrat social, 1992, Livro I, Capítulo IX, p. 44).
7“Changer l’usurpation en un véritable droit, et la jouissance en propriété”
(Rousseau, Du contrat social, 1992, Livro I, Capítulo IX, p. 46).
8“Telle fut, ou dut être, l’origine de la société et des lois, qui donnèrent de nouvelles
entraves au faible et de nouvelles forces au riche, detruisirent sans retour la liberté
naturelle, fixèrent pour jamais la loi de la propriété et de l’inégalité, d’une adroite
usurpation firent un droit irrévocable, et pour le profit de quelques ambitieux
assujettirent désormais tout le genre humain au travail, à la servitude et à la misère”
(Rousseau, Discours sur l’origine et les fondements de l’inégalité parmi les
hommes, Segunda parte, 1992, p. 239).
9“Voilà les funestes garants que la plupart de nos maux sont notre propre ouvrage,
et que nous aurions presque tous évités, en conservant la manière de vivre simple,
uniforme, et solitaire qui nous était prescrite par la nature” (Rousseau, Discours sur
l’origine et les fondements de l’inégalité parmi les hommes, Primeira parte, 1992, p.
179).
10“Je conçois dans l’espèce humaine deux sortes d’inégalité; l’une j’appelle
naturelle ou physique, parce qu’elle est établie par la nature, et qui consiste dans la
différence des âges, de la santé, des forces du corps, et des qualités de l’esprit, ou de
l’âme, l’autre qu’on peut appeler inégalité morale, ou politique, parce qu’elle dépend
d’une sorte de convention, et qu’elle est établie, ou du moins autorisée par le
consentement des hommes. Celle-ci consiste dans les différents privilèges, dont
quelques-uns jouissent, au préjudice des autres, comme d’être plus riches, plus
honorés, plus puissants qu’eux, ou même de s’en faire obéir” (Rousseau, Discours
sur l’origine et les fondements de l’inégalité parmi les hommes,Introdução, 1992, p.
167). “La nature en use précisément avec eux comme la loi de Sparte avec les enfants
des citoyens; elle rend forts et robustes ceux qui sont bien constitués et fait périr les
autres; différente en cela de nos sociétés, où l’État, en rendant les enfants onéreux
aux pères, les tue indistinctement avant leur naissance” (Rousseau, Discours sur
l’origine et les fondements de l’inégalité parmi les hommes, Primeira parte, 1992, p.
174).
11“On pourrait sur ce qui précède ajouter à l’acquis de l’état civil la liberté morale,
qui seule rend l’homme vraiment maître de lui; car l’impulsion du seul appétit est
esclavage, et l’obéissance à la loi qu’on s’est prescrite est liberté” (Rousseau, Du
contrat social, 1992, Livro I, Capítulo VIII, p. 44).

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