BALANCEAMENTO DE LINHA: UM
ESTUDO DE CASO EM UMA INDÚSTRIA
CALÇADISTA DA PARAÍBA
Flora Magna do Monte Vilar (IFPB )
floramontevilar@gmail.com
Amandio Pereira Dias Araujo (IFPB )
amandio.araujo@ifpb.edu.br
1. Introdução
Uma das maneiras de obtenção de bons resultados é com a maximização da utilização dos
recursos disponíveis, que pode ser alcançada por meio do balanceamento de linhas. No
balanceamento as tarefas são distribuídas de forma otimizada resultando na minimização do
tempo ocioso de mão-de-obra e de equipamentos (MARTINS; LAUGENI, 2005; PEINADO;
GRAEML, 2007). Com isso, ficam evidentes os benefícios e resultados satisfatórios que o
balanceamento de linhas proporciona para as empresas, visto que operações com tempos
ociosos ou sobrecarregados representam problemas de eficiência da linha, o que gera
alterações na capacidade e aumento no custo unitário de produção.
2. Revisão da literatura
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Para Barnes (1977), o estudo de tempos é o estudo sistemático dos sistemas de trabalho com
os seguintes objetivos: desenvolver o sistema e o método preferido, usualmente aquele de
menor custo; padronizar esse sistema e método; determinar o tempo gasto por uma pessoa
qualificada e devidamente treinada, trabalhando num ritmo normal, para executar uma tarefa
ou operação específica; e orientar o treinamento do trabalhador no método preferido.
No entanto, Barnes (1977) afirma que é necessária a análise do custo da aplicação do estudo
de tempos, levando em consideração o retorno de capital esperado. A definição do problema,
a análise e a pesquisa de soluções possíveis serão tratadas de maneira superficial se a
operação for temporária, se o volume for pequeno ou se a economia potencial for desprezível.
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Para essa alocação, devemos sempre considerar que o tempo de cada operador deverá ser
menor ou, no limite, igual ao TC.
Segundo Slack, Chambers, Johnston (2009), existem várias técnicas que podem ser usadas
para apoiar o balanceamento de linha. Entre elas, destaca-se a técnica de diagrama de
precedência, que é uma representação do ordenamento dos elementos que compõem o
conteúdo do trabalho total do produto ou serviço. Portanto, após a determinação do número
mínimo de operadores, é utilizada a técnica do diagrama de precedência com o objetivo de
alocar as tarefas às estações de trabalho, de forma a preservar a ordem de produção e também
de forma a garantir que os tempos totais de operação nas estações não ultrapassem o tempo de
ciclo.
Por fim, calculam-se os tempos ociosos, sendo o percentual de tempo ocioso na linha de
produção dado pela soma dos tempos ociosos de todas as estações que tiverem carga de
trabalho inferior à maior carga destinada a uma estação, dividida pelo tempo total de trabalho
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sobre o produto, que é dado pelo número de estações de trabalho multiplicado pelo tempo de
ciclo, conforme podemos observar na equação a seguir.
3. Procedimentos metodológicos
De acordo com Martins (2010), aquela pesquisa que busca gerar conhecimentos com
finalidade de aplicação prática é classificada como pesquisa aplicada. Dessa maneira,
classificou-se essa pesquisa como aplicada, pois a mesma buscou balancear uma linha de
produção de forma a reduzir a ociosidade e aumentar a produtividade, para assim a empresa
conseguir alcançar as metas estabelecidas.
Para a realização do estudo foi utilizado o método do estudo de caso, pois segundo Yin
(2001), este método se torna apropriado quando o pesquisador necessita verificar o fenômeno
estudado dentro do seu contexto real. Dessa maneira, foi realizado um estudo de caso na
empresa, analisando as principais questões relativas ao balanceamento da linha produtiva. Já
para a obtenção dos dados foram utilizadas entrevistas não estruturadas e observações in loco.
As entrevistas não estruturadas foram utilizadas para obter dados gerais a respeito do
funcionamento da empresa e por meio das observações in loco foi possível coletar os dados
necessários para o balanceamento da linha de produção.
4. Estudo de caso
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A primeira etapa de análise do processo produtivo foi a divisão das operações de trabalho em
elementos de trabalho que pudessem ser executados de modo independente. Dessa maneira, a
produção de calçados foi dividida em 14 operações, representadas pelas letras de A até N.
Posteriormente foi realizada a medição do tempo de fabricação para cada um dos elementos
de trabalho, neste processo foi utilizado o método de cronometragem. Em seguida, de acordo
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com o processo produtivo em questão, foi definida a sequência das tarefas e identificadas as
tarefas predecessoras. Todas essas informações podem ser visualizadas na Tabela 1 a seguir.
Preparação e colocação de
Elemento D 0,9 C
acessórios
Refilamento, limpeza e
Elemento I 0,46 H
colagem do solado
Limpeza da palmilha e
Elemento J 1,06 A
aplicação de primer
Aplicação de cola no
cabedal, montagem do
Elemento K cabedal com palmilha e 1,46 G,J
aplicação de cola na
palmilha
Reativação de cola e
Elemento L 1,05 I,K
conformação
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4 min A,B,E,H
1 0,85
2,37 min I,J
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4 min C
2 0,35
1,25 min D
4 min F
3 0,79
1,49 min G
4 min K
2,54 min L
4 0,9
1,49 min M
1,03 min N
Total 2,89
Portanto, tem-se que a linha apresenta uma ociosidade de 18% a cada ciclo produzido, o que é
aceitável. A ociosidade poderia ter sido reduzida, no entanto, por questões inerentes do
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processo produtivo, algumas tarefas não puderam ser separadas e outras não tornavam o
processo produtivo viável quando agrupadas.
5. Considerações finais
Por meio de cálculos identificou-se que quatro estações de trabalho eram necessárias para a
produção. Neste sentido foi realizado um balanceamento no qual as estações de trabalho
foram mais bem alocadas, o que fez com que a produção trabalhasse em um ritmo mais
equilibrado além de reduzir a ociosidade.
Com isso, constata-se que o balanceamento de linha deve ser operado e mantido pela
empresa, já que irá evitar gastos com mão de obra desnecessária, garantindo assim, ganhos
que possibilitarão novos investimentos, assim como obter-se uma melhor utilização dos
recursos utilizados.
De modo geral, o presente estudo contribui para o meio acadêmico por meio da apresentação
de um estudo de caso abordando o tema de balanceamento de linhas, o qual apresenta a
validação dos estudos teóricos acerca do assunto em uma realidade organizacional. Além
disso, constatam-se contribuições desse estudo para a área empresarial, já que por meio do
estudo teórico foi possível encontrar focos de melhorias tornando o processo produtivo menos
ocioso e mais produtivo.
REFERÊNCIAS
BARNES, R. M. Estudo de movimentos e de tempos: projeto e medida do trabalho. São Paulo: Edgard
Blucher, 1977.
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Kucukkoc, I.; Karaoglan, A. D.; Yaman, R. Using Response Surface Design to Determine the Optimal
Parameters of Genetic Algorithm and a Case Study. International Journal of Production Research, v. 51, n.
17, 2013.
SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JONHSTON, R. Administração da produção. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2009.
YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2 ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
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