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Editorial

Prezados
leitores!
Em meio a inovações e tecnologias avan- doenças crônicas e outros desafios de saú-
çadas na medicina, grandes discussões têm de pública.” 2
surgido no exercício da profissão e ativi- Ao longo do ano têm sido estabelecidas Dra. Zelina Caldeira - Presidente da AMF
dades médicas. As pesquisas em métodos datas, motivadas pela importância epide-
diagnósticos e terapêuticos devem ser in- miológica, para celebrar algumas patolo-
centivadas. Por outro lado, investimentos gias, mundialmente e, também, no âmbito
sociais são necessários, além da imple- nacional. Nesse primeiro trimestre, cita-se
mentação na assistência básica, prevenção 14 de março, o Dia Mundial do Rim. Tema
e promoção à saúde. Grande parte das abordado nessa edição chama a atenção
questões de saúde está relacionada à po- para o diagnóstico precoce e conseqüên-
breza, à falta de acesso e informação, assim cias da doença renal. Ainda no mês de
como à qualidade de vida. março não se pode deixar de citar, pela
É importante que o ser humano receba grande relevância, o Dia Mundial da Tu-
cuidados desde o processo da gestação e berculose, 24 de março.3
que se perpetue nas diversas fases da vida, De acordo com a OMS, cerca de 10 mi-
permitindo-se alcançar uma senescência lhões de pessoas adoecem por tubercu-
saudável. Os primeiros anos são primor- lose e ocorrem 1,3 milhão de óbitos por
diais para o desenvolvimento da criança e ano em todo o mundo.3,5 O recrudesci-
assim se segue, a cada fase da vida. mento da tuberculose em consequência
Em 7 de abril, comemora-se o Dia Mun- da epidemia de AIDS, o aumento do nú-
dial da Saúde, data instituída pela Organi- mero de casos de tuberculose resistente
zação Mundial da Saúde (OMS) em 1948, aos medicamentos e a concentração da
tendo como objetivo a conscientização TB em populações mais vulneráveis social-
da importância da preservação da saúde mente, mantém a doença como um grave
e que esta tenha um alcance universal, problema de saúde pública.4 No Brasil,
“Saúde para todos”, tema estabelecido em a tuberculose corresponde a quarta causa
2018. O entendimento de saúde universal de mortes por doenças infecciosas. Há re- Referencias bibliográficas:
exige o envolvimento de vários setores da gistros de 72.788 casos novos em 2018, 1- https://www.paho.org/bra. Dia Mundial da
sociedade para combater a pobreza, as la- e 4,5 mil óbitos em 2017, equivalendo a Saúde 2018 | Saúde universal: para todos,
cunas educacionais e as condições de vida um coeficiente de mortalidade de 2,2 óbi- em todos os lugares.
precárias, entre outros fatores que influen- tos/100 hab.5 2-https://nacoesunidas.org/oms-define-
ciam a saúde do indivíduo.1 Para 2019, Outros temas de importância são explana- 10-prioridades-de-saude-para-2019.
a OMS traçou metas visando ampliar o dos nessa edição com o objetivo de contri- 3- https://www.paho.org/bra. Dia Mundial da
acesso à assistência, principalmente nos buir para a atualização médica. “Pneumo- Tuberculose.
países em desenvolvimento, assim como nia de hipersensibilidade’, patologia que 4-Brasil. Ministério da Saúde. Manual de
na prevenção de doenças evitáveis, sejam muitas vezes tem seu diagnóstico retarda- recomendações para o controle da tuber-
essas infecciosas, através da utilização das do, como se refere o autor Dr. Joeber B. culose no Brasil / Ministério da Saúde, Secre-
vacinas, ou doenças crônicas, não trans- S Souza, e faz diagnóstico diferencial com taria de Vigilância em Saúde, Brasília, 2018.
missíveis, muitas relacionadas com hábitos outras doenças pulmonares. “Bacteriúria 5-Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de
alimentares, sedentarismo, tabagismo etc. assintomática, infecção urinária. Quando Vigilância em Saúde. Brasil livre da tubercu-
Prioridades foram estabelecidas tais como: tratar ?”; “Uso cosmético da toxina botu- lose: Evolução dos cenários epidemiológicos
“combate à poluição ambiental e às mu- línica tipo A” etc. e operacionais da doença. Boletim epidemi-
danças climáticas, infecções transmissíveis ológico: vol 50, março de 2019.
como o ebola, a dengue, a gripe e o HIV, Boa leitura!
revista amf - 3
Índice

Editorial
Xxxxxx xxx xxxxxxx Pág. 03

Artigo Científico
Pneumonia e Hipersensibilidade. Pág. 06
O Dia Mundial do Rim e a
importância das doenças renais. Pág. 11
Bacteriúria Assintomática x Infecção
de Trato Urinário. Quando tratar? Pág. 16
Uso cosmético da toxina botulínica Turismo Agenda Pág. 40
tipo A. Pág. 19 Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx. Pág. 32
Livro em Foco
SinMed Eu, goumert... O falecido Mattia Pascal Pág. 44
Enverga mas não quebra. Pág. 26 Casal Gourmet
Gilvan e Tania Muzy Pág. 34 Clube de benafícios Pág. 46
Informe
Livro reconta a medicina em Acamerj
Niterói. Pág. 28 Novos tempos novos dias. Pág. 38

Conversa com Especialista Perfil


Pé Torto Congênito (PTC) e os Dra. Mariana Silva Abunahman. Pág. 39
desvios da ciência. Pág. 30

Expediente
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Paulo Cesar Santos Dias Ano XVI - nº 78 - Jan / Fev / Mar - 2019
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Waldenir de Bragança Fritz Alfredo Sanchez Cardenas necessariamente, a opinião da LL Divulgação e da AMF.
Valdenia Pereira de Souza

“País rico é país sem corrupção e impunidade”



Artigo Científico

Pneumonia Há poucos dados


epidemiológicos sobre a
de Hipersensibilidade doença, sendo observada
na literatura, em estudos “
Introdução Embora a maioria dos indivíduos que de-
direcionados especialmente
A pneumonia de hipersensibilidade (PH) senvolvem a doença seja pacientes adultos, para o pulmão do
é uma doença de natureza imunológica se- a PH tem sido também descrita em criança,
cundária à inalação crônica de poeiras orgâ- apresentando neste grupo etário, dificuldades
fazendeiro.
nicas ou químicas para o qual o paciente foi diagnósticas particulares.(4)
previamente sensibilizado. As doenças pul-
monares intersticiais (DPI) frequentemente Agentes Causais
apresentam desafios diagnósticos, até mes- A pneumonite por hipersensibilidade
mo para clínicos especialistas, e o diagnóstico pode ser causada por múltiplos agentes pre-
da PH é de difícil reconhecimento devido à sentes em locais de trabalho e no domicílio,
apresentação clínica e radiológica semelhante como microrganismos, proteínas animais e
à de outras doenças pulmonares levando ao vegetais, produtos químicos orgânicos e inor-
retardamento do tratamento e muitas vezes gânicos (Quadro 1).
submetendo o paciente a biopsia pulmonar Agentes microbianos associados incluem
desnecessária. Importante ressaltar que uma actinomicetos termofílicos colonizadores de
análise criteriosa dos achados clínicos, dos material vegetal em decomposição, micobac-
fatores de exposição, dos aspectos na to- térias atípicas em águas quentes de banheiras
mografia computadorizada de alta resolução de hidromassagem (mais frequentemente M
(TCAR), das provas de função pulmonar, do avium), e fungos diversos, entre eles as es-
lavado broncoalveolar (LBA) é suficiente na pécies Aspergillus, Candida e Penicillium(2,
maioria das vezes para confirmação da PH e 5)
. Outra fonte é a exposição a proteína ani- Joeber Bernardo Soares de Souza
Mestre, Pneumologista, Médico Assistente do Serviço
cada vez menos se faz necessária a realização mal, incluindo antígenos proteicos advindos
de Pneumologia do Hospital Universitário Antônio
de biópsia pulmonar para seu diagnóstico. de aves, destacando-se que o contato pode Pedro (HUAP/UFF), responsável pelo ambulatório de
acontecer também com o uso de travesseiros doenças intersticiais do HUAP/UFF.
Epidemiologia e cobertores que utilizem penas de aves(6).
A prevalência da PH é difícil de avaliar Materiais inorgânicos de baixo peso molecu- Cyro Teixeira da Silva Junior1
devido ao diagnóstico incorreto (1) e na falta lar que levem à formação de haptenos tam- Alessandro Severo Alves de Melo2
de critérios diagnósticos amplamente aceitos, bém podem causar a doença, como isociana-
Roger Emilio Aguas Cárdenas3
e varia consideravelmente dependendo da tos de colas e tintas spray, e em materiais de
Suraya Garcia Rabelo4
definição de doença, métodos de diagnós- poliuretano, e a cipermetrina componentes
tico, modalidades de exposição, condições de diversos inseticidas de uso domiciliar, in-
Rafaela Barros Rodrigues Soares Reis5
geográficas, práticas agrícolas e industriais, clusive(7). A identificação da exposição pode
exposição domiciliar e fatores de risco do ser bastante difícil, admitindo-se que em até
hospedeiro. 25% dos casos confirmados com biópsia
Há poucos dados epidemiológicos sobre pode não haver a identificação do agente(2). tes causais que causam PH e para distinguir
a doença, sendo observada na literatura, em No entanto, mesmo depois de estabe- doenças de exposições passadas comuns(9).
estudos direcionados especialmente para o lecida a fibrose, a incapacidade de identificar Estudos clínicos mostraram que a PH
“pulmão do fazendeiro”. um agente causal foi independentemente ocorre com menos frequência em fumantes
Nos EUA, a prevalência de PH varia de associada com menor sobrevida em com- que em não fumantes e que o tabagismo é
0,5 a 19 % entre as doenças pulmonares in- paração com quando um agente causal foi inversamente associado ao risco de doença
tersticiais (DPI). Na Europa, a PH varia de 4 a identificado, sugerindo que, em qualquer pa- pulmonar granulomatosa(9). Algumas doenças
15% de todos os casos de DPI, a prevalência ciente com PH, os médicos devem procurar, intersticiais pulmonares guardam uma relação
da doença varia amplamente em diferentes identificar e remover agressivamente o agen- positiva e significante com o tabagismo, tais
países e no mesmo país devido a fatores geo- te causal. Todos os esforços para evitar fontes como a pneumonia intersticial descamativa e
gráficos, sazonais e climáticos(2). potenciais de exposição ao agente devem ser a histiocitose de células de Langherans. Mas,
Em uma base de dados brasileira, incluin- feitos mesmo que essa fonte não tenha sido em contraste, o tabagismo parece ter um
do 3168 casos de DPI, a prevalência de PH confirmada. Os médicos precisam de méto- efeito protetor em relação a outras doenças
foi de 15%, ficando em segundo lugar após dos confiáveis, validados e mais amplamen- como a PH e a sarcoidose. O efeito protetor
as doenças do tecido conjuntivo com 17%(3). te acessíveis para a identificação dos agen- pode ser devido ao fato de que os macrófa-

1 - Professor Associado da Disciplina de Pneumologia do Departamento de Medicina Clínica da UFF. 2 - Professor Associado do Departamento de Radiologia da UFF. 3 -
Especializando do Serviço de Pneumologia do HUAP/UFF. 4 - Residente do Serviço de Pneumologia do HUAP/UFF. 5 - Residente do Serviço de Pneumologia do HUAP/UFF
6 - revista amf
Quadro 1 - Agentes causais Fonte: Derivada e adaptada de Clin Mol Allergy. 2017;15:6

Antígeno Fonte Doença

Microrganismos:
Alternaria espécies Madeira ou polpa de madeira Pulmão do carpinteiro
Aspergillus clavatus Grãos mofados Pulmão do trabalhador de malte
Espécies de Aspergillus Mofo de tabaco Pulmão do trabalhador do tabaco
Espécies de Aspergillus Malte mofado Pulmão do trabalhador de malte
Aspergillus versicolor Roupa de cama de animais Doença da casa do cão
Aureobasidium pullulans Pó de sequoia mofado Sequoiose
Espécies de Aureobasidium Água contaminada Doença do usuário de sauna
Bacillus subtilis Enzimas detergentes Pulmão do trabalhador de detergente
Botrytis cinerea Mofo de uva Pulmão do vinicultor
Candida albicans Bocal de saxofone Pulmão Saxofonista
Cephalosporium Esgoto Pulmão do trabalhador de esgoto
Cryptostroma corticale Casca de maple mofada Pulmão de Maple Bark-Stripper
Merulius lacrymans Madeira apodrecida Dry rot lung
Amibas, fungos e bactérias misturadas Humidificadores, aparelhos de ar condicionado Trabalhador de escritório ou pulmão
do aparelho de ar condicionado
Mycobacterium avium Água contaminada Hot tub lung (Jacuzzi)
Espécies de Mycobacterium,
bacilos Gram negativos Fluido de corte de metal Pulmão do operador de máquina
Mucor stolonifer Paprika Pulmão do divisor de paprika
Penicillium casei Mofo de queijo Pulverizador do lavador de queijo
Penicillium Chrysogenum Poeira de madeira mofada Pulmão carpinteiro
Penicillium frequentans Cortiça mofada Suberose (indústria corticeira)
Saccharopolyspora rectivirgula
(micropolyspora faeni) Feno mofado Pulmão do fazendeiro
Thermoactinomyces vulgaris Feno mofado, compostagem Pulmão do fazendeiro, pulmão do
cogumelo, pulmão do composter
Thermoactinomyces sacchari Resíduo de cana de açúcar Bagassosis
Actinomicetos termofílicos Vegetais mofados Pulmão do fazendeiro
Trichosporon cutaneum Mofo em casas japonesas HP do tipo verão

Animais
Proteína de pele animal Pêlo de animal Pulmão de Furrier
Proteínas aviárias Excrementos de aves, sangue ou pena Pulmão do criador de pássaros
Gerbil proteínas Gerbil (pequeno roedor) Pulmão do cuidador de Gerbil
Peixe Pó de comida de peixe Pulmão do criador de peixe
Proteína de casca de molusco Pó de casca de molusco Pulmão da ostra
Proteína de boi e porco Tabaco pituitário (rapé) Pulmão do rapé de pituitária
Proteínas de rato Urina ou soro de rato Pulmão do cuidador de roedor
Proteínas de larvas de vermes de seda Larvas do bicho da seda Pulmão do sericultor
Gorgulho de trigo Farinha Pulmão do moleiro

Plantas
Café Pó de grão de café Pulmão do trabalhador de café
Espécies de Lycoperdon Puffballs Lycoperdonosis
Soja Cascas de soja Pulmão do trabalhador da soja

Produtos químicos
Anidridos Plásticos Pulmão do trabalhador químico
Mistura Bordeaux Fungicida de vinhedo Pulverizador de vinhedo
Isocianatos Tintas, plásticos Pulmão de refinador de tinta
Reagente de Pauli Reagente de cromatografia Pulmão reagente de Pauli
Piretro Insecticidas (cipermetrina) Inseticida pulmonar

Metais
Cobalto Doença pulmonar de metal duro
Berílio Berylliosis
revista amf - 7
gos de tabagistas têm um baixo nível de ex- cia de uma exposição contínua ao agente de consolidação. Dada a rápida resolução
pressão de moléculas coestimulatórias sobre sensibilizante, que causa uma inflamação desses achados, a tomografia é raramente
suas membranas, e que essa expressão não constante provocando ao longo do tempo realizada na avaliação destes pacientes(11).
aumenta mesmo no momento da interação uma fibrose pulmonar irreversível. A forma Um diagnóstico confiável de PH su-
macrófago-linfócito para apresentação de crônica tem um início mais insidioso do que a baguda na TCAR baseia-se na presença de
antígeno(6). Entretanto, esse pode não ser o forma subaguda, desenvolvendo-se ao longo opacidades em vidro fosco, nódulos centro-
caso no cenário de doença pulmonar fibró- de meses ou anos, com dispneia progressiva, lobulares mal definidos (Figura 1) e atenua-
tica, estudos apoiam os efeitos deletérios do estertores teleinspiratórios, emagrecimento ção em mosaico nas imagens inspiratórias e
tabagismo no prognóstico da doença, com e baqueteamento digital, caso não haja inter- no aprisionamento de ar em imagens de TC
pior sobrevida comparado com não-fuman- rupção da exposição ao agente sensibilizante expiratória. PH histologicamente subaguda é
tes.(2, 9). Assim, pacientes tabagistas poderiam a doença evolui para fibrose pulmonar e insu- caracterizada pela presença de bronquiolite
apresentar uma forma aguda da PH menos ficiência respiratória. celular, granulomas não caseosos e pneumo-
expressiva, confundida com a evolução da O diagnóstico de PH baseia-se mais em nite intersticial linfocítica bronquiolocêntrica
própria DPOC, levando a um curso de doen- uma série de sintomas e sinais respiratórios ou pneumonia em organização(3, 11).
ça insidiosa e crônica. inespecíficos, às vezes, associado a sintomas A PH crônica é caracterizada na TCAR
constitucionais como febre na fase aguda e pela presença de reticulação devido à fibrose
Classificação e Apresentação clínica emagrecimento nas demais fases da doença, sobreposta aos achados de PH subaguda. A
Muita confusão ainda envolve a classifica- desenvolvidos em um ambiente apropriado, TCAR e as características patológicas da PH
ção da PH. Suas apresentações clínicas classi- na avaliação criteriosa dos achados na TCAR, crônica frequentemente se sobrepõem aos da
camente foram definidas como aguda, suba- das provas de função pulmonar, da alveolite PINE e da PIU (Figura 2).
guda e crônica. A distinção entre PH aguda linfocítica do LBA, e ou reação granulomatosa O estudo de Wang e cols.(12) fornece da-
e subaguda é muitas vezes difícil, pois ambos nas biópsias pulmonares. dos de um grupo experiente que ilustra cla-
provavelmente representam diferentes mani- A identificação de um potencial antígeno ramente as múltiplas características e padrões
festações de uma única doença que podem agressor é crucial para o diagnóstico clínico patológicos que podem ser encontrados em
estar mais relacionadas ao padrão de exposi- da PH(9). A investigação sobre exposições am- pacientes com PH crônica. Estes incluem
ção ao antígeno do que ao próprio antígeno bientais ocupacionais e domésticas revelará características patológicas que são altamen-
agressor. Além disso, a PH crônica ainda pode mais frequentemente a causa da doença, po- te sugestivas de PH crônica e características
ser ativa e progressiva. Uma outra classifica- rém em alguns estudos o diagnóstico de PH adicionais que podem ser vistas em múltiplos
ção leva em conta a progressão da doença foi feito sem nenhum antígeno identificável, subtipos de DPI. Por exemplo, fibrose cen-
(aguda intermitente, aguda progressiva, crô- o que se denominou como agente oculto. tro lobular (peribronquiolar) isolada, focos de
nica progressiva, crônica não progressiva) que Nestes casos, o diagnóstico deve ser apoiado fibroblasto ou fibrose em ponte (bronquío-
pode ser avaliada apenas retrospectivamente. pela exclusão cuidadosa de outras causas de lo a pleura) sugerem um diagnóstico de PH
Para fins práticos, os pacientes com PH po- linfocitose do LBA, principalmente a sarcoi- crônica mesmo sem um agente sensibilizante
dem ser considerados como tendo doença dose, nos aspectos característicos na TCAR e conhecido(13). A distinção da pneumonite por
ativa ou residual, esta última representando nos achados típicos de PH na biópsia pulmo- hipersensibilidade crônica de outras causas de
sequelas enfisematosas ou fibróticas tardias nar nas fases aguda e subaguda. Na fase crô- fibrose com padrão na TCAR de PIU e PINE
da doença nas quais a linfocitose alveolar típi- nica uma suspeição clínica é fundamental pois é importante, visto que o manejo clínico va-
ca da PH ativa não está mais presente. muitas vezes não há mais linfocitose no LBA, ria em cada uma destas entidades, tais como:
Diante da resposta aguda podemos en- e tanto a TCAR como a biopsia pulmonar re- pneumonia eosinofílica crônica, doenças do
contrar um quadro gripal, com sintomas que velam um padrão de pneumonia intersticial tecido conjuntivo, asbestose, e causas medi-
se iniciam horas após a exposição em indi- não específica (PINE) ou padrão de pneumo- camentosas.
víduos sensibilizados como falta de ar, tosse nia intersticial usual (PIU)(10). A conscientização das várias manifesta-
seca irritante, uma súbita sensação geral de A TCAR proporcionou significativa me- ções da PH e diferentes formas de exposição
doença, febre e calafrios, uma taquicardia, e lhora na acurácia diagnóstica dos métodos de são importantes para o diagnóstico e trata-
taquipneia. Geralmente ocorre poucas horas imagem, sendo observadas anormalidades mento precoces, desta forma, evita-se a pro-
após a exposição ao antígeno e costuma ce- em mais de 90% dos pacientes. As alterações gressão para fibrose irreversível.
der de forma gradual entre 24 a 48h(8). observadas na TCAR são múltiplas e variáveis, A prova de função pulmonar (PFP) mos-
Na PH subaguda, o quadro é intermi- de acordo com as fases evolutiva da doença: tra distúrbio ventilatório restritivo com dimi-
tente e resulta da exposição não continuada distribuição atípica de opacidades em vidro nuição da DLCO. Pode haver distúrbio ven-
ao antígeno. Os principais sintomas são febre, fosco; nódulos centrolobulares; atenuação tilatório obstrutivo concomitante, secundário
tosse produtiva, dispneia, astenia, anorexia e em mosaico; reticulação com bronquiecta- ao acometimento das vias aéreas ou pelo
perda de peso, estertores teleinspiratórios sia de tração e faveolamento; consolidação enfisema encontrado, principalmente, no pul-
que podem persistir por cerca de uma sema- do espaço aéreo; cistos, enfisema,(10). Vale mão do fazendeiro(2). Distúrbio ventilatório
na após o término da exposição do agente ressaltar que a linfadenopatia mediastinal na obstrutivo é explicado pelo processo inflama-
causador, nesta fase os sintomas são muito TCAR não é uma ocorrência rara na HP e tório granulomatoso (bronquiolite) e/ou pela
semelhantes a PH aguda. As exacerbações não apresenta valor diagnóstico negativo(2). fibrose. Este achado também é descrito em
podem coincidir com o retorno ao trabalho e São escassos os dados na literatura sobre outras doenças pulmonares intersticiais crô-
diminuir quando o paciente estiver longe por as manifestações tomográficas na fase aguda, nicas, tal como a sarcoidose(8). A espirometria
um período suficiente do ambiente de traba- sendo observados achados característicos de mostra uma boa correlação com os achados
lho ou do ambiente sensibilizante. edema pulmonar, com extensas áreas de vi- tomográficos, tendo sido demonstrado que a
A PH crônica ocorre como consequên- dro fosco, às vezes associadas a áreas focais extensão das áreas de aprisionamento aéreo
8 - revista amf
Figura 1. Paciente do sexo feminina, 60 anos, tec. de enfermagem, ex-tabagista há Figura 2. Paciente do sexo masculino, 62 anos, jardineiro, tabagista, exposto
2 anos exposta de forma intensa e diária no seu domicílio a inseticida apresentação diariamente em seu trabalho à mofo de plantas e fertilizantes orgânicos. Ima-
em pó - composto principalmente por carbarila e cipermetrina. Imagens axiais gem axial de tomografia de alta resolução do tórax mostrando reticulação com
de tomografia de alta resolução do tórax mostrando atenuação em vidro fosco e bronquiectasias de tração e faveolamento. HUAP/UFF
micronódulos centrolobulares. HUAP/UFF

correlaciona-se com o volume residual, e a A posologia é prednisona 0,5 – 1,0 mg/ kg de


7. Caliman LS, Melo ASA, Souza JBS, Junior
extensão das opacidades em vidro fosco e peso (não ultrapassar 60 mg/dia). Essa dose
CTSS. O Desafio da Imagem- Opacidades em
reticulado correlacionam-se com a gravidade deve ser mantida por uma a duas semanas,
Vidro Fosco de Distribuição Periférica em Am-
da restrição(14). em seguida reduzida e retirada lentamen-
bos os Pulmões. Conduta Médica. 2014 Jan/
O LBA revela um aumento de linfócitos, te nas duas a quatro semanas seguintes. Na
Mar; 59:23
com predominância do subtipo T CD8 na forma crônica o uso de corticosteroide pode 8. Teixeira MFA, Assis PG, Oliveira LCL. Pneu-
fase aguda. Entretanto, a baixa relação CD4/ ser indicado por tempo indefinido na dose de monia de hipersensibilidade crônica: análise de
CD8 (abaixo de 1,5) não é específica para o 05 a10 mg diariamente. Não existe evidência oito casos e revisão da literatura. J Pneumol
diagnóstico. Nas formas crônicas e em indi- de que o tratamento com drogas antifibró- 2002; 28 (3): 167-172
víduos fumantes a percentagem de linfócitos ticas beneficie os pacientes com PH crônica 9. Evans R, Fernandez P, Jeffrey J et al. Iden-
pode estar abaixo de 20%(15). Além disso, em fase avançada(3, 16). Pesquisas futuras são tifying an Inciting Antigen Is Associated With
pode haver variação dos valores da relação necessárias para avaliação de novas drogas Improved Survival in Patients With Chronic
CD4/ CD8 dependendo da fase da doença nas diferentes formas de apresentação da PH, Hypersensitivity Pneumonitis. Chest. 2013;
(aguda ou crônica), do antígeno responsável, assim como, para avaliar drogas antifibróticas 144(5):1644-1651
da carga de exposição, do tempo decorrido em pacientes com PH crônica com diferentes 10. Silva CIS, Müller NL, Churg A. Hypersensi-
desde a última exposição e do uso de corti- graus de fibrose na TCAR cujo afastamento tivity pneumonitis: Spectrum of high-resolution
costeroides. Neutrofilia no LBA sugere a pre- do agente sensibilizante não consegue esta- CT and pathologic findings. AJR Am J Roentge-
sença de fibrose(14). bilizar o processo ou reduzir sua velocidade nol. 2007; 188:334-334
A suspeição da PH pela história clínica de de progressão. 11. Torres PPTS, Moreira MAR, Silva DGST
exposição é fundamental para orientar a soli- et al. Aspectos tomográficos e histopatoló-
citação e a avaliação dos exames complemen- Referências Bibliográficas gicos da pneumonite por hipersensibilidade:
tares, principalmente na realização de exames 1. Morell F, Villar A, Montero MA et al. Chronic ensaio iconográfico. Radiol Bras. 2016 Mar/
mais invasivos – como o LBA para pesquisa hypersensitivity pneumonitis in patients diagno- Abr;49(2):112-16
microbiológica, contagem diferencial leuco- sed with idiopathic pulmonar fibrosis: a pros- 12. Wang P, Jones KD, Urisman A et al. Patho-
citária e a quantificação de linfócitos CD4 e pective case cohort study. Lancet Respir Med. logic Finding and Prognosis in a Large Prospecti-
CD8 se possível, além da biópsia pulmonar, 2013; 1:685-694 ve Cohort of Chronic Hypersensitivity Pneumo-
que podem ser realizados em nosso hospital 2. Lacasse Y, Girard M, Cormier Y. Recent Ad- nitis. Chest. 2017; 152(3):502-509
universitário (HUAP/UFF), especialmente na vances in Hypersensitivity Pneumonitis. Chest. 13. Churg A, Ryerson CJ. The Many Faces of
fase subaguda e crônica da PH, possibilitan- 2012; 142(1):208-217 Hypersensitivity Pneumonitis. Chest. 2017;
do a investigação do diagnóstico diferencial, 3. Riario GGS, Marinou A. Hypersensitivity 152(3):458-460
que inclui sarcoidose, tuberculose e micoses pneumonitis: a complex lung disease. Clinical 14. Dias OM, Baldi BG, Costa AN. Pneumo-
profundas. and Molecular Allergy. 2017; 15:6 nite de Hipersensibilidade Crônica. Pulmão RJ.
4. Rodrigues J, Da Silva JPM, Delgado JL 2013; 22(1):20-125
Tratamento et al. Pneumonites de Hipersensilidade. 15. Lacasse Y, Selman M, Costabel U et al. Cli-
Afastamento do agente causal – apenas a Rev. Port. Imunoalergol. 1992 Abr/Out; nical Diagnosis of Hypersensitivity Pneumonitis.
1(3):113-122 Am J Respir Crit Care Med. 2003; 168:952-
retirada da exposição pode ser suficiente para
5. Agache IO, Rogozea L. Management of 958
a resolução da doença na forma aguda, evitar
hypersensitivity pneumonitis. Clinical and 16. Diretrizes de doenças pulmonares inters-
a progressão para uma fase crônica ou estabi- Translational Allergy. 2013; 3:5 ticiais da Sociedade Brasileira de Pneumolo-
lizar a progressão da fibrose já instalada(6, 9, 16). 6. Bártholo RM, Ribeiro CMC, Gerecht SA et gia e Tisiologia – 2012. Jornal Brasileiro de
O tratamento preconizado para todas as for- al. Pneumonia de hipersensibilidade. Pulmão RJ Pneumologia Suplemento 2. 2012; Vol. 38;
mas de PH é realizado com corticosteroides. 2003; 12(4):247-256 S84-S87.
revista amf - 9

Artigo Científico

O Dia Mundial do Rim A primeira tentativa


de chamar a
atenção médica para
e a importância das doenças renais as doenças renais foi
em 1827, quando o
médico britânico Richard
Bright (1789-1858)
publicou seu célebre livro

Dr. Alan Castro


Responsável pelos transplantes renais do Complexo
O Dia Mundial Hospitalar de Niterói e Gerente Técnico da CDR
do Rim e o tema Serviços Hospitalares
para 20192 Correspondência para: alancastro@alternex.com.br

Resumo atenção médica para as doenças renais çaram a se preocupar com as doenças
O Dia Mundial do Rim (DMR) foi foi em 1827, quando o médico britânico renais, ao constatarem que os registros
lançado em 2006 pela Sociedade Interna- Richard Bright (1789-1858) publicou seu de diálise mostravam que a mortalidade
cional de Nefrologia e Federação Interna- célebre livro3. Através do relato de 23 desses pacientes era muito alta e que os
cional das Fundações do Rim. É celebrado casos que teve sob seus cuidados e ilus- cuidados de prevenção deveriam ser ini-
anualmente toda segunda quinta-feira de trações detalhadas após autópsias, Bright ciados mais precocemente8-9.
março. A cada ano, um tema específico é demonstrou a clara associação entre as
escolhido. O objetivo é transmitir ao pú- alterações estruturais dos rins e doenças Definição e epidemiologia da doen-
blico geral, autoridades governamentais, sistêmicas4-5. Apesar do ineditismo desse ça renal crônica
médicos de outras especialidades, demais autor, a importância dos rins para o cor- A definição e estágios da doença re-
profissionais de saúde, indivíduos e famí- po humano só emerge em 1943, a partir nal crônica (DRC) foram estabelecidos
lias, a mensagem de que a doença renal de uma conferência proferida pelo fisio- em 2002 numa conferência nos EUA10.
é comum, prejudicial e tratável1. Esta re- logista americano Homer Smith (1895- O termo DRC passou a ser usado inter-
visão não tem o propósito de esgotar o 1962) e que foi publicada logo depois6. nacionalmente para definir o conjunto de
assunto e sim provocar uma discussão em Após anos de estudos, Smith esmiuçou a doenças heterogêneas que afetam a es-
alusão ao tema de 2019 que é “Saúde dos base de todo o conhecimento fisiológico trutura e/ou funcionamento dos rins por
Rins para Todos”2. das diversas funções dos rins para a ma- um período superior a três meses11. Uma
nutenção de nossa homeostase7. Porém, classificação em 5 estágios foi criada de
Introdução foi somente no final dos anos 90 que os acordo com a taxa de filtração glomerular,
A primeira tentativa de chamar a sistemas e organizações de saúde come- para melhor estruturação do tratamento,
revista amf - 11
Richard Bright (1789-1858) Homer Smith (1895-1962)
e seu célebre livro de 1827 e sua visão holística dos rins

estimativa do prognóstico e momento de a 0,3mg/dL da creatinina como critério


encaminhar para o nefrologista12. Diante de diagnóstico20. Além disso, uma con-
da importância de prevenir as complica- ferência internacional de terapia intensiva
ções relacionadas à DRC, mesmo nas fa- considerou o termo “insuficiência” muito
ses iniciais e assintomáticas, um consenso amplo e sugeriu a troca para “injúria”21.
internacional chamado KDIGO (Kidney Finalmente, em 2012, a primeira diretriz
Disease Improving Global Outcomes) internacional de IRA uniformizou o diag-
foi desenvolvido e implantado13. A DRC nóstico e estágios de IRA como KDIGO
é um problema de saúde pública e afeta (Kidney Disease Improving Global Out-
mais de 750 milhões de pessoas em todo comes)22.
o mundo14. O diabetes é a principal causa morbidade e mortalidade das cinco maio-
de DRC avançada e foi estimado que em O custo das doenças renais res causas de óbito no mundo: doença
2016, 1 em cada 11 adultos do mundo Estima-se que a maioria dos países cardiovascular, diabetes, hipertensão, in-
tinha diabetes, sendo que 80% viviam em desenvolvidos gaste em terapia renal fecção pelo HIV e malária, principalmente
países de baixa e média renda15. A hiper- substitutiva (TRS) 2 a 3% do total de des- nos países menos desenvolvidos28.
tensão arterial é a segunda causa de DRC pesas com saúde, embora a parcela da
e afeta 1 bilhão de pessoas no mundo16. população geral que necessita de diálise Mudança de paradigma na aborda-
O controle da hipertensão é importan- ou transplante seja apenas de 0,1 a 0,2%. gem das doenças renais
te para retardar a progressão da DRC As despesas previstas para a próxima dé- O atendimento a pacientes em es-
e diminuir o risco de mortalidade entre cada para as doenças cardiovasculares e tágios avançados de DRC é geralmente
pessoas com ou sem DRC. A hiperten- renais na China serão de US$ 558 bi- fragmentado e o indivíduo é, na maioria
são está presente em mais de 90% das lhões. Nos EUA somente para as doenças das vezes, tratado como uma pessoa que
pessoas com doença renal avançada, po- renais a previsão é de US$ 48 bilhões23. um dia irá para a diálise ou transplante.
rém as minorias étnicas, raciais e de baixa Aqui no Brasil, o SUS que é o responsável Diferente dessa abordagem, o tratamen-
renda que vivem nos países de alta renda, pelo financiamento de 90% dos pacien- to integrado visa: 1- Atender as necessi-
têm pior controle17. tes em TRS, tem um gasto anual de R$ dades e preferências do paciente; 2- Me-
2 bilhões24. lhoria contínua da saúde da população e
Definição e epidemiologia da injú- 3- Reduzir custos per capita dos gastos
ria renal aguda A carga global da DRC em saúde29. Esses são os três objetivos
Até 2004, quando o RIFLE (Risk, Inju- O diabetes mellitus, a hipertensão ar- (The Triple Aim: Care, Health, and Cost)
ry, Failure, Loss, End stage) foi criado por terial, a doença vascular e a glomerulone- preconizados pelo governo dos EUA30,
um consenso internacional de padroniza- frite são as causas mais comuns de DRC, no intuito de melhorar seu oneroso e
ção18, existiam mais de 30 definições de embora muitas vezes a etiologia da DRC pouco eficiente sistema. Essas mudanças
insuficiência renal aguda (IRA)19. Pouco permaneça incerta na maioria dos indiví- vieram com a Lei Federal Americana de
tempo depois, o AKIN (Acute Kidney In- duos afetados, o que dificulta a pesquisa 201031 The Patient Protection and Affor-
jury Network) foi desenvolvido para au- em prevenir, mitigar e curar a DRC25. De- dable Care Act (PPACA), que incentiva
mentar a sensibilidade para detecção da vido a mecanismos cada vez mais conhe- os sistemas de saúde de lá a mudarem
IRA, estabelecendo o aumento superior cidos26-27, a DRC impacta diretamente na a lógica atual de reembolso por volume
12 - revista amf
mentando a morbidade e mortalidade na
doença cardiovascular, diabetes, câncer,
obesidade e sobrepeso. É preciso que os
gestores públicos e privados se atentem
para a necessidade de tratar esses pacien-
tes da melhor forma possível, valorizan-
do a opinião e expectativa dos mesmos.
O modelo de atenção integrada tem se
mostrado como uma opção válida.

Agradecimentos
Agradeço à Dra. Zelina Caldeira, pre-
sidente da Associação Médica Fluminense
(AMF), o convite para escrever essa breve
revisão na revista da AMF, justamente no
mês em que é celebrado o Dia Mundial
do Rim.

Declaração de conflito de interesse


Dr. Alan Castro Azevedo e Silva inte-
gra o quadro de empregados da Fresenius
Classificação da Doença Renal Crônica13 Medical Care

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em 1998, a Kaiser Permanente da Cali- alguma pessoa está doente, ferida ou com
tures on the kidney. Lawrence, KS: University
fórina, EUA, após receber uma consul- dor, ter acesso a cuidados apropriados e of Kansas Press. 1943: 1–23.
toria da MacColl Institute for Healthcare de qualidade é de grande valor. Porém, 7. Vize PD, Smith HW. A Homeric view of kid-
Innovation33, aplicou o modelo chronic segundo Gostin38, é preciso o acesso ao ney evolution: A reprint of H.W. Smith’s clas-
care model. O atendimento de pacientes cuidado seja universal, equitativo, custo sic essay with a new introduction. Evolution of
com doenças crônicas foi redesenhado acessível e de livre escolha. Para que isso the kidney. 1943. Anat Rec A Discov Mol Cell
para ser realizado de forma planejada, seja implantado e mantido de forma ética, Evol Biol. 2004;277(2):344-54.
interagindo o time multiprofissional com democrática e transparente, a perspecti- 8. Foley RN, Parfrey PS, Sarnak MJ. Clinical
familiares e cuidadores, focado em pre- va do paciente deve ser sempre o centro epidemiology of cardiovascular disease in
venção e redução das complicações34. de toda discussão, conforme preconiza chronic renal disease. Am J Kidney Dis. 1998;
A experiência da Kaiser Permanente na National Health Service, que é o sistema 32[Suppl 3]: S115.
nova abordagem das doenças crônicas público de saúde Inglês39. 9. Eknoyan G. Chronic kidney disease defi-
não transmissíveis foi tão bem sucedida35 nition and classification: the quest for refine-
que inspirou a Organização Mundial de Conclusão ments. Kidney Int. 2007; 72(10): 1183–5.
Saúde36 e a Organização Pan-Americana As doenças renais, sejam de apresen- 10. National Kidney Foundation. K/DOQI
da Saúde37 a lançarem o plano de ação tação aguda ou crônica, apresentam ele- clinical practice guidelines for chronic kidney
“Cuidados Inovadores para as Condições vada incidência e prevalência, causando disease: evaluation, classification, and strati-
Crônicas”. É fato que saúde é fundamental grande impacto na saúde das pessoas, au- fication. Am J Kidney Dis. 2002;39(2 Suppl

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14 - revista amf

Artigo Científico

Bacteriúria assintomática x infecção


A frequência de bacteriúria
assintomática varia com
de trato urinário. idade, sexo, atividade
sexual e presença de
Quando tratar? alterações no trato urinário.

antibiótico destinado ao tra-


tamento de bacteriúria assin-
tomática ou placebo/ausência
de tratamento. Foram incluí-
dos nesta revisão ensaios com
Em mulheres saudáveis,
a prevalência de bacteriúria
varia de 1 a 5% (antes da
menopausa) a mais
de 15% em idosas.

diferentes durações de trata-
mento e de seguimento. O
resultado evidenciou que não
foi detectado benefício clíni-
co do tratamento com anti-
bióticos para estes quadros.
Os antibióticos eliminaram
o crescimento de bactérias
num número mais elevado
de participantes, mas à custa
de um número mais elevado
de efeitos adversos do que
nos grupos sem tratamento
e com maior expressão de
Um dos grandes problemas que sur- multirresistência.
gem como desafio de tratamento é o apa- A frequência de bacteriúria assintomá-
recimento de bactérias multirresistentes tica varia com idade, sexo, atividade sexual
,ou seja, sensíveis a tratamento com pe- e presença de alterações no trato urinário.
quena parcela de antimicrobianos,em sua Em mulheres saudáveis, a prevalência de
maioria de uso parenteral. bacteriúria varia de 1 a 5% (antes da me-
Dentre as causas da emergência des- nopausa) a mais de 15% em idosas. Esche-
tes microorganismos nos pacientes em richia coli apresenta-se como o organismo Dr. Paulo Furtado
ambiente extra - hospitalar, há o tratamen- Mestre em Doenças Infecciosas pela UFRJ.
mais comumente isolado de pacientes
to da presença de processo inflamatório com bacteriúria assintomática, seguida por
na urina traduzido pela presença de pió- outras enterobactérias. O diagnóstico da
citos ao EAS, confirmado pela urocultura, bacteriúria assintomática é feito por meio
revelando a presença do microoganismo de cultura de urina coletada com técnica
sem acusar sintomas ou sinais de infecção. asséptica. urinocultura rotineiramente durante o pe-
O que fazer? Em 2005 a Sociedade Americana de ríodo gestacional, a fim de serem tratadas.
O crescimento de bactérias na urina Doenças Infecciosas elaborou recomen- • O tratamento antimicrobiano, quan-
sem quaisquer queixas associadas é de- dações para o diagnóstico e tratamento do indicado, deve ser por curto período: 5
nominado Bacteriúria Assintomática e é dos casos de bacteriúria e que são bastante a 7 dias.
detectado em mulheres com idade supe- atuais. • A presença de bactérias na amostra
rior a 60 anos, pessoas com diabetes e em de urina coletada de maneira correta em
pessoas submetidas a procedimentos uro- Abaixo seguem as recomendações: paciente que não apresenta sinais ou sin-
lógicos, particularmente os idosos. • Piúria acompanhando a presença de tomas característicos de infecção do trato
Em revisão realizada pela Biblioteca bacteriúria não é indicação de tratamento urinário caracteriza a bacteriúria assinto-
Cochrane, quanto a evidência de benefício antimicrobiano, salvo em situações espe- mática.
de tratamento, foram incluídos nove estu- ciais (gestantes, pré-operatório de cirurgia • Critérios quantitativos para a iden-
dos de qualidade média a alta, envolven- urológica e transplante renal há menos de tificação de bacteriúria significativa em pa-
do 1.614 participantes institucionalizados 6 meses). cientes assintomáticos são: presença de
ou em ambulatório, os quais receberam • Gestantes devem ser rastreadas por pelo menos 100.000 UFC/ml em urina
16 - revista amf
coletada do jato médio da micção e pelo cal de demora, ou outro procedimento o organismo. É comum ocorrer uma infla-
menos 100 UFC/ml em urina coletada por durante o ato cirúrgico em que haja risco mação da mucosa da bexiga, que provoca
cateterismo uretral em duas ocasiões. de bacteremia pela manipulação do siste- sintomas semelhantes a uma cistite (infec-
• Rastreamento ou tratamento para ma urinário, é necessária a realização de ção urinária na bexiga) e pequenos sangra-
pacientes com bacteriúria assintomática urocultura prévia e o tratamento da bacte- mentos observados na urina.
não é recomendado para as seguintes si- riúria guiado pelo antibiograma com inicio Uma boa parte de pacientes com cál-
tuações: deste tratamento três dias antes do início culos apresenta presença de bactérias na
- Mulheres não grávidas do procedimento cirúrgico, durante o dia urina, sem apresentar sinais e sintomas de
- Diabéticos do procedimento e com término três dias infecção urinária configurando Bacteriúria
- Idosos (residindo na comunidade ou ins- após totalizando sete dias. Assintomática.
tituições de saúde) O tratamento para eliminação de
- Pacientes com lesão medular e/ou bexiga Situações Especiais: Cateter Duplo J: bactérias em casos de Bacteriúria Assinto-
neurogênica Cateter duplo J é o cateter utilizado mática na maioria das vezes ocorre sem
- Pacientes em uso de cateter vesical de para livre drenagem de urina do rim até a sucesso e favorece o aparecimento de ce-
demora de longa permanência. bexiga em condições adversas, como obs- pas de bactérias multirresistentes, de difícil
• A presença de bacteriúria assinto- trução ureteral na saída de urina por cál- tratamento ambulatorial devido a pressão
mática em mulheres jovens sexualmente culo onde uma extremidade ancora-se na de seleção de microrganismos pelo uso
ativas e sem sintomas também não possui pelve renal e a outra extremidade curva-se prévio de muitas classes de antimicrobia-
indicação de tratamento. no interior da bexiga. O tempo máximo nos na tentativa de erradicação do mi-
• Apesar de o uso de agentes antimi- que a pessoa pode permanecer com o croorganismo.
crobianos reduzir a incidência de bacteriú- cateter duplo J é 1 ano, já que há catete- Por isto, os casos de bacteriúria sem
ria assintomática, não há benefícios a curto res projetados para suportar esse tempo. sintomas de infecção urinária não devem
prazo.Ao invés disso, eventos adversos e No entanto, a retirada do cateter duplo J ser tratados e sim acompanhados com
resistência bacteriana são mais freqüente- geralmente é feita no menor tempo possí- controle de urinocultura em intervalos de
mente observados mediante o emprego vel após a sua colocação, dependendo do tempo, a fim de monitorizar o perfil de
de terapia antimicrobiana para a bacteriúria motivo do tratamento. sensibilidade dos microoganismos identifi-
assintomática. Portanto, não se justifica a Após a sua colocação podem ocorrer cados.
realização de rastreamento para tratamen- alguns sintomas como aumento da fre- No entanto, durante a manipulação
to. No entanto,é recomendado acompa- quência miccional, urgência, disúria, incon- do sistema urinário pela introdução e reti-
nhamento por urinocultura de tais pacien- tinência, hematúria, esvaziamento incom- rada de duplo J haverá risco de bacteremia
tes,a fim de observar perfil de sensibilidade pleto da bexiga, desconforto pélvico e dor e, nestes casos, é recomendado que o pa-
para indicar tratamento adequado quando lombar. Grande parte destes é atribuída a ciente esteja protegido do risco de sepse
for necessário. irritação vesical associada à extremidade pelo uso correto do antimicrobiano ade-
• Pacientes que apresentem bacteriú- caudal do cateter não estando relacionada quado para cada caso.
ria assintomática e que serão submetidos a infecção de trato urinário.
a procedimentos cirúrgicos que envolvam Apesar de ser feito com um material Referências Bibliográficas:
o trato urinário (cirurgias urológicas e ou- flexível e não-alérgico, o cateter duplo J 1 - NICOLLE, Lindsay, BRADLEY, Suzanne, COL-
tras), ou quando houver cateterismo vesi- não deixa de ser um corpo estranho para GAN, Richard, RICE, James, SCHAEFFER, An-
thony e HOOTON, Thomas. Infectious Diseases
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Obs: Em casos de identificação de microorganismos onde não haja uso de Bacteriúria Assintomática. Disponível em https://
antimicrobianos de uso oral, o paciente deverá ser internado previamente (3 dias antes) www.cochrane.org/pt/CD009534/tratamento-an-
para iniciar o antimicrobiano guiado pelo antibiograma. tibiotico-para-bacteriuria-assintomatica.
revista amf - 17

Artigo Científico

Devemos mencionar,
Uso cosmético da também nos procedimentos

toxina botulínica tipo A


A busca permanente de uma beleza
eterna, leva o ser humano à luta contra as
adversidades estéticas trazidas pelo passar do
Sommer) foi depois obtida em forma pura
(Carl Lamanna).
A toxina botulínica do tipo A é a mais
estéticos, o uso da toxina
botulínica em aplicações
intradérmicas em casos de
sudorese excessiva em axilas,
palmas das mãos
e planta dos pés.

tempo. A face, o nosso “cartão de visita” é o usada nos procedimentos estéticos, existindo
ponto principal desta preocupação. Objetiva- com os nomes comerciais de Botox ou Dys-
-se que os sinais do envelhecimento cutâneo port. Uma outra toxina botulínica do tipo B é
não apareçam ou sejam eliminados ou ate- usada de modo mais restrito (Miobloc)
nuados, mostrando, às vezes, um narcisismo A toxina botulínica tipo A é acondiciona-
cada vez mais presente. da em frascos de vidro, a vácuo, contendo
Ainda do ponto de vista estético, e mes- 100 U , em forma cristalina, liofilizada em
mo em situações do relacionamento inter- albumina, a ser diluída em solução salina a
-humano, há que se considerar a sudorese 0,9%, deve ser estocada a – 5º centígrados.
excessiva das axilas ou de palmas e plantas A aplicação da toxina botulínica deve ser
dos pés, interferindo negativamente na quali- feita por médicos, de preferência dermatolo-
dade de vida do indivíduo. gistas ou cirurgiões plásticos com experiência
A toxina botulínica já é usada na medi- na técnica da aplicação e conhecimento da
cina, de longa data, para fins não estéticos, anatomia facial. Cabe ao profissional a expe-
como nos casos de blefaroespasmo, torci- riência de saber quantas unidades da toxina a
colo, espasmos hemifacial e outras situações ser injetada em cada ponto.
ligadas, essencialmente, às disfunções da É recomendável o paciente assinar o
musculatura. Aliás, foi da observação de me- “Termo de esclarecimento e consentimen- Dr. José Trindade Filho
lhora de rugas da glabela em pacientes em to” para se submeter ao tratamento de ru- Diretor Científico e Coordenador do
tratamento com toxina para estrabismo, que gas ou da sudorese excessiva com a toxina Departamento de Dermatologia da AMF
levou ao uso da toxina botulínica com a fina- botulínica tipo A. As aplicações devem ser, Professor de Dermatologia - UFF
lidade estética (Carruthers, A) de preferência, com o paciente sentado ou
O Botulismo é a doença que ocorre recostado. Após o término das aplicações
quando da contaminação com a toxina em pode haver alguns sintomas leves como:
doses letais por ingestão de alimentos con- boca seca, disfagia, dor de cabeça, ptose, to-
taminados. O nome Botulismo deriva de dos em geral passageiros. Logo após as apli-
“botulos” do grego, significando salsicha, pela cações recomenda-se ao paciente não deitar,
morfologia da bactéria. não abaixar a cabeça. Recomenda-se repetir 2-Carruthers J, Carruthers A. Botulinum Toxin
A toxina botulínica é uma substância ex- as aplicações a cada seis meses para as rugas Type A in the treatment of multiple upper facial
traída de uma bactéria anaeróbica, o Clos- faciais e a cada oito meses para a sudorese sites patient reported outcomes. Dermatol Surg.
tridium botulinum. É um poderoso veneno excessiva. 2007;33{suppl 1}: 510-517.
usado em doses ínfimas, se comparadas com Devemos mencionar, também nos pro- 3-Gualberto GV, Sampaio SMS, Madureira NAB.
Uso da toxina botulinica tipo A na síndrome de
as doses letais, em injeções intradérmicas cedimentos estéticos, o uso da toxina botu-
Frey. An Bras Dermatol.2017; 896-897.
ou intramusculares para regredir ou atenuar línica em aplicações intradérmicas em casos
4-Rzany B,Ascher B, Momheit GD. Treatment of
rugas faciais. É largamente empregadas nos de sudorese excessiva em axilas, palmas das glabellar lines with botulinum toxin tipe A. A cli-
procedimentos estéticos por dermatologis- mãos e planta dos pés. O delineamento da nical overview. JEADV. 2010; 24 {suppl 1}:1-14
tas e cirurgiões plásticos. Já foi até indicada, área da sudorese se faz , pincelando o local 5-Cardoso AS, Teixeira DA, Oliveira BV, Carneiro
em tempos remotos, para uso nas guerras, com solução de iodo a 2 ou 3% e pulveri- PP, Junqueira RF Aplicação de toxina botulínica na
como arma biológica. zando com amido de milho , após estar seca cicatrização por segunda intenção. Sur Cosmet
A toxina botulínica existe em sete soro- a superfície. A sudorese, após alguns minu- Dermatol. 2016; 8{2}:163-6.
tipos: A, B, C, D, E, F, G. O seu peso mole- tos, provocará a reação do iodo com o ami- 6-Carruthers J, Carruthers A. Botox use in the
cular é de 150 KDa {quilodaltons), compon- do, mostrando uma tonalidade azul-escura. mid and lower face and neck. Semin Cutan Med
do-se de uma cadeia pesada (100 KDa) com Surg. 2001; 20 {2}: 85-92.
afinidade pela placa motora, promovendo a Referencias Bibliograficas: 7-Hexsel D, Almeida AT. Uso cosmetic da toxi-
internalização da toxina ligada a uma cadeia 1-Carruthers A, Cohen J L, Cox SE, Boulle, K, Fragien na botulínica.2002. AGE Editora – Porto Alegre.
leve (50 KDa) que bloqueia a liberação da S, Finn J C, Flynn T, Almeida AT. Facial Aesthetics. 8-Benedetto AV.The cosmetic uses of Bo-
acetilcolina na junção neuromuscular. Inicial- Achieving the natural relaxing look, Cosmet Laser tulinum toxin type A. Int J Dermatol. 1999:
mente extraída em forma bruta (Dr. Herman Ther. 2007;9 {suppl 1}: 6 = 10. 38{9}:641-655.

revista amf - 19

Sinmed

Enverga Nunca um médico, mesmo


aquele que se dizia avesso

mas não quebra


a sindicato e por isso não
faria sua contribuição,
deixou de ser atendido pela
presidência e/ou recebido
orientações de nosso
Departamento Jurídico.

Em fevereiro deste ano, tivemos mais
uma vitória, quando, após denúncias do
SINMED ao MPT, conseguimos deste uma
cobrança de solução à Organização Social
A palmeira é um grande exemplo de dical obrigatória, que mantinha o orçamento Instituto Lagos-Rio. Em audiência realizada
resiliência. Ela se mantém de pé mesmo para que o sindicato atuasse. E o atual gover- na Procuradoria do Trabalho no Município
após fortes ventos, tempestades ou, até no que decretou o fim da cobrança na folha de Niterói, conduzida pelo Procurador
mesmo, furacões. Enquanto suas folhas de pagamento da contribuição social, obri- Sandro Henrique Figueiredo Carvalho de
podem sobreviver em ambientes quentes, gando a fazê-la por boletos. E essa contribui- Araújo, o SINMED de Niterói, São Gon-
de clima seco e adaptam-se a longos ve- ção social, que muitos “esquecem de pagar”, çalo e Região ratificou as denúncias feitas
rões sem chuva, suas raízes se aprofundam mas que lembram de cobrar do SINMED o ao MPT, reiterando que havia atrasos de
até encontrar uma fonte regular de água. reajuste anual dos salários. salários, redução do quadro clínico e Pe-
Isso significa que “enverga mas não que- Com pressões daqui e dali,mesmo jotização de médicos no Hospital Estadual
bra”. E assim tem sido até hoje (não sabe- assim mantivemos acesa a luta pela digni- Alberto Torres, Hospital Estadual João Ba-
mos até quando) o SINMED de Niterói, dade médica, trabalhando com dificulda- tista Caffaro, UPA Santa Luzia e UPA do
São Gonçalo e Região. des e afinco, tendo acolhida no Ministério Colubandê.
Entidade que nasceu com o sacrifício Público do Trabalho, cujas as inúmeras Diante disso, o Procurador do MPT
de médicos que não se acovardaram ante queixas de colegas por atrasos de salários Sandro Henrique Figueiredo Carvalho de
o regime militar em 1971. O SINMED sur- e décimo-terceiro, péssimas condições de Araújo, decidiu dar um prazo de 20 dias
giu para defender a medicina e os médicos, trabalho, falta de insumos nas unidades de para que o Instituto Lagos-Rio faça mani-
esses com precário amparo trabalhista, saúde, insegurança e risco de vida, Pejo- festação concernente à possibilidade de
salários desfasados e ambientes de traba- tização e RPA, sempre foram enviadas ao regularização ou celebração de Termo de
lho sofríveis. O SINMED, mesmo com as nosso SINMED, que viabiliza essas queixas Ajuste de Conduta em relação à contrata-
situações adversas e visto com certo des- em forma de denúncias ao MPT. ção de médicos por intermédio de inter-
dém por colegas que viam nos sindicalistas Nunca um médico, mesmo aquele que posta pessoa jurídica. A audiência no MPT
em geral “um bando de operários comu- se dizia avesso a sindicato e por isso não fa- foi realizada em função da instauração de
nistas”, se impôs e ganhou respeito não ria sua contribuição, deixou de ser atendido inquérito civil. Também estavam presentes
só no Estado do Rio de Janeiro, como em pela presidência e/ou recebido orientações representantes do Cremerj e do Sindicato
todo o Brasil. de nosso Departamento Jurídico. Nossas dos Empregados em Estabelecimentos de
Em meados de 2018, forças ocultas, ou- atividades em defesa da classe médica sem- Saúde de Niterói e Região (Sesnit).
tras não, começaram um trabalho de pulve- pre foram de total transparência, sendo in- E assim prosseguiremos, de cabeça
rização do nosso SINMED. Teve o Governo tensamente publicadas nos principais jornais erguida e com a firme sensação do dever
Temer que acabou com a contribuição sin- do Estado do Rio de Janeiro. cumprido!
20 - revista amf
Resolução 2.227/2018. > A resolução comete erro ao citar
no art.6 que a responsabilidade será so-

Vitória da força dos médicos


lidária e proporcional entre os médicos
participantes do ato por telemedicina,
pois não se pode ser solidário e propor-
cional ao mesmo tempo. O termo solidá-

e da medicina rio implicará que todos de um grupo de


telemedicina possam ser responsabiliza-
dos judicialmente. A resolução expõe to-
dos os médicos a processos mesmo sem
A revogação pelo Conselho Federal opinião do SINMED. De imediato, o Dr. participação direta no caso.
de Medicina da resolução 2.227/2018 Clóvis Cavalcanti utilizou o site e a página >Existe uma limitação da tecnologia
(Telemedicina), deixou várias lições que do Facebook do SINMED, com postagens regulamentada pelo CFM e, portanto, não
merecem registro. Entre as principais está diárias contrárias à resolução. Também foi poderá ser usado WhatsApp ou Facebook
a força das entidades médicas que, agindo enviado para o site do Conselho Federal ou Skype ou qualquer coisa que não seja
unidas e de forma democrática e buscan- de Medicina um texto reafirmando a posi- os equipamentos e softwares que se en-
do o diálogo, pôs por terra uma determi- ção do SINMED contestando a proposta caixem nas regras da resolução.
nação equivocada e impositiva. do CFM. > A ausência de exame físico numa
Publicada no início do mês de feverei- Nunca é demais reafirmar que é fato teleconsulta poderá ser considerado num
ro deste ano no Diário Oficial da União, público e notório que o SUS não possui processo de erro médico como majora-
após aprovada pelos conselheiros do sistemas unificados com esse nível de ção da pena se o promotor ou juiz defini-
CFM, a resolução 2.227/18, determinava, segurança, que possa habilitar a teleme- rem que isso significou ausência do devido
em seu texto, “que os médicos brasileiros dicina. Adquirir um sistema desses para cuidado e gerou o nexo causal entre o ato
poderão realizar consultas online, assim funcionar em toda a rede do SUS no Bra- e o dano.
como telecirurgias e telediagnóstico, en- sil, custaria bilhões de reais entre equipa- > O art.4 é impreciso pois “relação
tre outras formas de atendimento médico mentos, licenças, fora atualizações. Tam- presencial prévia” não significa consulta
à distância.” Para o presidente do CFM, bém faltam médicos no que chamam de presencial com o mesmo médico pre-
Carlos Vital, tratava-se de um novo marco áreas remotas, assim como energia elétri- viamente. O SUS e os planos de saúde
para o exercício da medicina no Brasil. “As ca, e nem se imagina uma rede de inter- não são obrigados a fornecer o mesmo
possibilidades que se abrem no Brasil com net instalada num local dessa natureza. A médico e sim uma equipe médica, poden-
essa mudança normativa são substanciais maior parte do país (Amazônia Legal, Pan- do-se subentender que bastando ter tido
e precisam ser utilizadas pelos médicos, tanal, fronteiras isoladas) não está coberta uma consulta pelo plano ou SUS na vida, a
pacientes e gestores com obediência ple- por sistemas de satélites com transmissão operadora poderá usar telemedicina com
na às recomendações do CFM. sustentável de 4G ou banda de internet. outro médico, pois a “relação presencial”
O ponto de partida para a elaboração Para o SUS, a telemedicina do CFM é im- já foi feita. E ficou claro que não há obriga-
da Resolução, segundo o conselheiro fe- possível de executar. Era mais provável toriedade de retorno em 120 dias, pois a
deral Aldemir Soares, relator da medida, essa resolução atender aos interesses de resolução diz que é “recomendado” e não
“foi colocar a assistência médica no País grandes grupos econômicos, que querem “obrigatório”.
em sintonia com os avanços das tecnolo- reduzir custos com empregabilidade de Desde a publicação da resolução, no
gias digitais e eletrônicas, hoje tão dinâmi- médicos, plantões médicos e procura por início do mês, houve uma enxurrada de
cas e presentes no cotidiano das pessoas. PA/PS, além de criar um novo nicho de críticas. O presidente da Associação Na-
Com esta norma, o CFM acompanha a negócios. Assim,transformaria os médicos cional dos Médicos Peritos da Previdência
evolução tecnológica, buscando garantir em operadores de telemarketing, causan- Social (ANMP),Francisco Cardoso, foi um
a segurança na assistência aos pacientes”. do desemprego e erros de diagnósticos e dos primeiros a contestá-la. Ele disse que
Porém, a reação da maioria das tratamentos. as novas regras dispensavam a presença
entidades médicas de todo o Brasil foi Ainda segundo o CFM, o número de do médico em exames clínicos presen-
imediata, apontando inúmeras falhas na propostas de alteração dos termos da re- ciais, restringiam o tipo de tecnologia a
resolução do CFM, com prejuízos pro- solução ultrapassou os 1.400, o que fez ser usada no processo de certificação (Sis-
fissionais para os médicos e um duvidoso os conselheiros repensarem a questão e tema de Segurança 2 — NSG2), consi-
ou inadequado atendimento ao paciente. encerrar a resolução. Na verdade, mais derada muito cara para a maioria, e não
O Sindicato dos Médicos de Niterói, São que propostas foram objeções e críticas. especificavam com exatidão o que seria
Gonçalo e Região e o CREMERJ, foram Analisada por uma visão legal, a Re- telemedicina. E acrescentou: “Essa última
as entidades do Estado do Rio de Janei- solução do CFM foi duramente rebatida é a questão mais grave. Um ultrassom,
ro que mais questionaram a resolução. O através da palestra do Dr. Rafael Ribeiro, por exemplo, é uma tecnologia avançada,
presidente do SINMED de Niterói, São Promotor de Justiça do MPDFT (Minis- mas não é telemedicina. A substituição de
Gonçalo e Região, Dr. Clóvis Abrahim tério Público do Distrito Federal), que médico por profissionais de saúde tam-
Cavalcanti, utilizou todas as ferramentas apontou vários riscos jurídicos aos médi- bém é muito séria. O pior é que, da noite
possíveis para que as contestações ga- cos, aqui resumidos: para o dia, após a divulgação da resolução
nhassem impulso. >No caso de ter profissional de saú- do CFM, hospitais começaram a ligar para
Os diretores do SINMED foram con- de na outra ponta, eventual dano ao pa- colegas oferecendo a plataforma de segu-
sultados sobre o tema se mostraram con- ciente será de responsabilidade do médi- rança. A princípio, me parece suspeito”,
trários à resolução, o que passou a ser a co do outro lado da tela. afirmou Cardoso.
revista amf - 21

Unicred

Conheça seu Cliente /


Cooperado
Os clientes estão se
tornando cada vez mais
exigentes e a concorrência
cada vez mais acirrada.

Quem são seus clientes e coopera- gem de uma empresa e para evitar que
dos? Quantos deles adquirem regular- isso aconteça, investe em programas de
mente os produtos da sua organização? constantes melhorias. Além disso, o ideal
Como anda a sua concorrência? é criar relações duradouras com seus
Essas são reflexões que nós na Uni- clientes, e isto não é responsabilidade so-
cred Niterói fazemos constantemente. E mente do setor de vendas ou marketing;
entendemos ser o mais coerente posi- é responsabilidade de toda empresa. O
cionamento para uma relação de suces- cliente quer se sentir importante e ser
so entre as partes envolvidas. Conhecer bem tratado, desde a telefonista ou re-
nossos clientes é o mais assertivo quando cepcionista até a alta direção.
temos como Visão, Missão e Valor da em- Nós na Unicred Niterói temos o ob-
presa ser a principal Instituição Financei- jetivo de que nosso cooperado não seja
ra do cooperado. Afinal reconhecemos apenas um “cliente” e sim dono como de
nossos associados como principal valor fato e de direito é!
da cooperativa e buscamos sempre forta- Com o crescimento da Cooperati-
lecer ainda mais o nosso relacionamento va e o seu fortalecimento, temos como
com eles. consequência o lucro. Ao final de cada
Ouvir nossos clientes, ir até eles, co- exercício, este lucro é distribuído em sua
municarmo-nos com frequência, tem nos totalidade para os nossos cooperados,
levado a estabelecer relacionamentos que proporcionalmente à sua movimentação
nos permitem agregar valor aos produtos conosco.
e serviços que comercializamos. Essas relações geram expectativas e
As organizações financeiras precisam precisamos cuidar constantemente para
Antonio Francisco da Silva
de cada vez mais clientes para atingir seus que não ocorram frustrações. A organi-
objetivos e as pessoas, por sua vez, pre- zação não será 100% perfeita o tempo Junior
cisam do auxílio das organizações para se todo, mas é preciso que tenhamos aten- Diretor de Negócios da Unicred Niterói
desenvolverem, seja na vida pessoal ou ção e eficiência ao máximo para dirimir MBA em Gestão Comercial - FGV
na profissional. Portanto é uma relação erros, identificar e solucionar possíveis
de ganha - ganha, na qual todos os co- problemas, pois é isso que o cooperado
laboradores da instituição precisam estar espera. Quando ele manifesta seu des-
envolvidos. contentamento é porque demonstra que
As pesquisas mostram que a maneira tem interesse em ver o fato resolvido e
como os colaboradores são tratados por ter a relação restabelecida – ele não quer
seus líderes tem influência direta sobre a ir embora.
forma de atendimento aos clientes. Por- Além disso, o cooperado é também
tanto, é necessário que o Executivo tenha um disseminador de boas práticas e ex-
consciência disso, dissemine competência periências, podendo ser inclusive um
e uma liderança engajada e focada no re- potencial aliado na divulgação da nossa
sultado com excelência. marca.
Os clientes estão se tornando cada Ouvir o cliente é um ponto de par-
vez mais exigentes e a concorrência cada tida fundamental e deve ser uma atitude
vez mais acirrada. O fato é que o interes- permanente, visto que um cliente mal
se pela melhor avaliação possível cresce a atendido provavelmente procurará re-
cada dia no mundo inteiro, fazendo com fúgio no concorrente e recuperá-lo cus-
que as organizações procurem progra- tará pelo menos dez vezes mais do que
mas de melhoria de qualidade. É público simplesmente mantê-lo. Busque saber do
o entendimento de que a má qualidade que ele precisa, pergunte e encante seu
de produtos e serviços prejudica a ima- cliente!
22 - revista amf

Informe Publicitário

Atuação A hidroterapia pode ser


benéfica ao fornecer “
Fisioterapêutica
métodos alternativos para
estimular a reeducação dos
padrões respiratórios.

Definição de atividades físicas que aumentem a resistên-


A Síndrome de Down (SD) é caracteriza- cia cardiorespiratória, da higiene nasal e do
da como uma condição genética, que leva seu uso de manobras específicas como tapotagem,
portador a apresentar uma série de característi- vibração e drenagem postural para evitar o
cas físicas e mentais específicas. Esta síndrome é acúmulo de secreção. A fisioterapia respiratória
considerada uma das mais freqüentes anomalias atua na prevenção e tratamento, usa recursos
dos cromossomos autossômicos e representa terapêuticos que visam o conforto respiratório
a mais antiga causa de retardo mental (GON- do paciente. Fazendo manutenção de higiene
ÇALVES, 2003, p.01). A desordem clínica foi brônquica, prevenindo complicações por hi-
reconhecida pela primeira vez por John Lang- persecreção que podem acarretar prejuízo à
don Down, em 1866 (BOTTINO, 1991, p.01). ventilação da criança. Dentre os procedimen-
Caracterizada por erro na distribuição tos fisioterapêuticos fazem parte à avaliação fisi-
dos cromossomos das células, a SD na maioria oterapêutica pulmonar. Sendo essas manobras
dos casos apresenta um cromossomo extra no realizadas em uma seqüência lógica e devida-
par 21, provocando um desequilíbrio da fun- mente utilizada a cada patologia respiratória e
ção reguladora que os genes exercem sobre a sempre observando o estado geral da criança.
síntese de proteína, bem como perda de har- a melhoria da aptidão física, execução psicomo-
monia no 2 desenvolvimento e nas funções das Hidroterapia tora, desenvolvimento social e psicológico. As
células. Tal excesso de carga genética está pre- A hidroterapia pode ser benéfica ao for- habilidades desenvolvidas na natação podem
sente desde o desenvolvimento intra-uterino e necer métodos alternativos para estimular a ampliar repertório motor,aprimorar as possi-
caracterizará o indivíduo ao longo de sua vida, reeducação dos padrões respiratórios. Através bilidades de participação efetiva em uma varie-
evidentemente divergindo de pessoa para pes- de brincadeiras lúdicas como realização de bol- dade de atividades de tempo livre, melhorar a
soa (MUSTACCHI, 1990,pag 30) has na água com a boca, a utilização de canudos segurança,podendo isso acontecer enquanto a
e diferentes objetos para soprar, estimulam-se pessoa se distrai no meio aquático.
Aspectos legais a musculatura orbicular da boca e favorece
É garantido ao excepcional o direito de sua oclusão, além do fato da musculatura res- Aqua Fish
desenvolver o seu potencial, através de uma piratória ser estimulada pela pressão hidros- Nossa instituição oferece aos nossos pa-
educação adequada.Uma vez que a educação tática exercida constantemente sobre o corpo cientes especiais, possibilidades clínicas e rec-
ajuda a promover a sua integração à vida co- imerso (GUIMARÃES, 1996, p. 54 – 62). reativas, que possibilitam o desenvolvimento
munitária. A habilitação e reabilitação deve ser psicossocial e mental de nossos pacientes/cli-
uma obrigação da área de saúde, garantida a Exercício Físico entes. Cotamos com corpo clínico experiente
qualquer indivíduo, visto que saúde é direito de Existem grupos de indivíduos que necessi- , especializado, e um ambiente estruturado,
todos. A lei 7853, aprovada em 24 de outubro tam de uma Educação Física “Especial”,ou seja, com o que há de mais moderno ( Bolas Bo-
de 1989, no artigo 8º diz: adaptada às suas necessidades e dificuldades. batT/ Thera / piscinas aquecidas / ambulatório
“...Dispõe sobre o apoio às pessoas por- Contrariando essa visão acredita se que não ex- fisioterapia respiratória e motora) , para a
tadoras de deficiência, sua integração social e istem muitas diferenças entre a Educação Física evolução de nossas crianças . Mas, o mais im-
as ações necessárias ao seu cumprimento, afa- para os ditos “normais” e aquela oferecida aos portante, realizamos todo nosso trabalho com
stando discriminação, garantindo-lhes o direito “deficientes”. Fazemos adaptações para muitas a nossa maior ferramenta : AMOR.
à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à outras coisas e nem por isso temos necessi-
previdência social..." (CONSTITUIÇÃO FED- dades “especiais”.Assim, podemos considerar Referências Bibliográficas:
ERAL, 1989). que os objetivos da Educação Física são vários, 1 - BOTTINO,P.J.Burns GW. Genética. 6ª ed. Rio
como estimular o crescimento e o desenvolvi- de Janeiro: Guanabara Koogan; 1991.
Fisioterapia Respiratória mento, hipertrofia muscular, flexibilidade, mel- 2 - GONÇALVES, C.S; MANCINI, C.M.S: CAR-
A maioria das crianças com Síndrome horia na capacidade cardiorrespiratória, além VALHO, P; MARTINS MS. Comparação do De-
de Down apresentam constantes resfriados e de promover muitas descobertas dos próprios sempenho Funcional de Crianças portadoras de
pneumonias de repetição, isto se deve a uma movimentos, alegria,motivação, sem esquecer síndrome de Down e crianças com desenvolvi-
predisposição imunológica e à própria hipoto- da formação para relacionamento social do in- mento normal aos 2 e 5 anos de idade. Arq Neu-
nia da musculatura do trato respiratório. Como divíduo. ropsiq 2003; 61 (2): 409-15. www.scielo.com.br
o problema é crônico, desaconselha-se o uso Acesso 10 maio 2008.
repetitivo de antibióticos, o ideal é trabalhar na Natação 3 - GUIMARÃES GP, SIMAS KMCS, GOEDE SZ,
prevenção das doenças respiratórias, através A natação quando voltada para pessoas PINTO TR. Hidroterapia na Síndrome de Down.
de exercícios específicos de sopro, da prática com Síndrome de Down tem como benefícios Fisioterapia em Movimento 1996; 3(2):54 - 62.
26 - revista amf

Informe

Livro reconta a A publicação não tem a


pretensão de extinguir

medicina em Niterói
o tema, que guarda em si
um manancial de
informações
que não podem ser
retratadas em tão
poucas páginas.

Fotos: Ulisses Franceschi

Dr Ciro Herdy, Dr Waldenir Bragança, Dra Zelina Caldeira, Dr Alcir Chácar, Regina Chácar, Franciane Barbo-
sa, Maria Gomes e Jourdan Amóra

O lançamento do livro "A História da Me- portantes ao município, incluindo hospitais ativos e
Franciane Barbosa, Zelina Caldeira e Antonio Duarte
dicina em Niterói" foi marcado por um coquetel inativos e entidades classistas e assistenciais, além
no Bistrô MAC, no mês de janeiro, que contou de patrimônios de projeção nacional, como o
com a presença de renomados médicos e pre- Programa Médico de Família, o Instituto Vital Brazil
sidentes de entidades médicas e assistenciais da e a Universidade Federal Fluminense. O trabalho
cidade. Emocionados, eles não pouparam elogios também exalta a rica carreira de alguns dos princi-
à qualidade gráfica e ao ineditismo da obra. Em pais nomes da Medicina da cidade, muitos pionei-
216 páginas, a publicação tem por objetivo trazer ros em âmbito internacional que colaboraram no
um panorama atualizado da trajetória da Medicina admirável vanguardismo de Niterói. A publicação
e da classe médica em Niterói, desde a fundação não tem a pretensão de extinguir o tema, que
da cidade até os dias atuais, atravessando quatro guarda em si um manancial de informações que
séculos de acontecimentos e personalidades que não podem ser retratadas em tão poucas páginas. Rômulo Basileu, Marcelo Mendes, Paula Ganimi,
marcaram tanto a população local quanto os ru- A obra foi produzida por uma equipe composta Franciane Barbosa, Ana Dantas e Antonio Duarte
mos da saúde no estado e no país. pelos jornalistas Irma Lasmar, Verônica Oliveira e (presentes e saudosos), registrando suas realiza-
Produzido por Franciane Barbosa e Antonio Sergio Meirelles, a historiadora Antoane Rodri- ções e qualidades humanas em biografias que os
Duarte, da DB Editora, o livro é um dos primei- gues e o fotógrafo Antonio Schumacher. conservem como exemplo às futuras gerações.
ros a serem realizados através da Lei Municipal de Tratando-se de um projeto cultural incenti- Entre os médicos em atividade constam os se-
Incentivo à Cultura (nº 3182/2015), tendo como vado, o livro A História da Medicina em Niterói guintes nomes: Alair Augusto Sarmet Moreira dos
único incentivador o Complexo Hospitalar de possuiu prazo para a realização, que foram de Santos, Alan Castro Azevedo e Silva, Alcir Vicente
Niterói, cuja diretora Dra. Ilza Fellows abraçou o apenas quatro meses, e número de páginas pré- Visela Chácar, Aloysio Decnop Martins, Antonio
projeto editorial, desde o primeiro momento em -estabelecido. Por esse motivo, a organizadora Cláudio Lucas da Nóbrega, Benito Petraglia, Fran-
que foi apresentado. A lei entrou em vigor a partir Franciane Barbosa, devido ao extenso número cisco José D´Angelo Pinto, Fábio Tinoco Mathias,
do mês de agosto de 2017, com o objetivo de de médicos renomados presentes em Niterói, Geraldo Martins Ramalho, Gesmar Volga Had-
fomentar a cultura na cidade através do incentivo teve que exercer um poder de síntese e, infeliz- dad Herdy, Guilherme Eurico Bastos da Cunha,
a projetos culturais locais por meio de renúncia mente, deixou de contemplar outros profissionais Herbert Praxedes, João Marcio de Moraes Gar-
fiscal do IPTU ou ISS por pessoa física ou jurídi- de igual renome. Entretanto, ela destaca que, ao cia, Leandro Pataro Calvão, Luiz Carlos da Silva
ca. Totalmente acessível, com tiragem de dois mil homenagear um grupo de 25 grandes nomes da Pegado, Luiz Felippe Judice, Mauro Romero Leal
exemplares e distribuição 100% gratuita - assim Medicina, a intenção foi reverenciar toda a classe Passos, Moyzes Pinto Coelho Duarte Damasce-
como sua impressão via internet – o livro está médica da cidade. no, Paulo César Santos Dias, Paulo Cezar de Mal-
direcionado principalmente a bibliotecas, escolas, O livro pretende servir de base a estudiosos ta Schott, Ronaldo Pontes, Salvador Borges Filho,
universidades e instituições médicas. e curiosos sobre o tema, entre profissionais e lei- Vilma Duarte Câmara e Willian Alberto do Amaral
O livro mapeia a história de instituições im- gos, e homenagear mais de cem grandes médicos Ribeiro.
revista amf - 29

Conversando com o Especialista

Pé Torto Congênito (PTC) Geralmente, a grande


maioria dos pacientes,

e os desvios da ciência
sequer necessita de
intervenção para o
alongamento do tendão
de Aquiles, quando o
equino se mostra resistente.

O PTC tem uma história de tratamento ças no passo a passo proposto por Kite. Mas
muito cruel. As crianças portadoras desta de- como não tinha expressão nacional, não re- Dr. Carlos Alfredo Jasmin
formidade, ao longo de muitos anos, foram cebeu a devida atenção. A técnica de Kite rei- Cirurgião especializado no tratamento e
fadadas ao convívio com as mazelas desta pa- nou isolada por mais de meio século sem ser prevenção de doenças e traumas
tologia, independente de serem submetidas importunada. Tudo que se acrescentou neste do tornozelo e pé.
ou não a tratamentos. período foram complementações cirúrgicas Presidente da Comissão de defesa
Até o início do século passado as crianças tentando minimizar as sequelas. Profissional da AMB – Associação Médica
que nasciam com os pés equino-varo-supi- No final da década de 80, um ortopedis- Brasileira - 2017 / 2020.
nado congênitos eram submetidos aos mais ta recebeu em seu consultório pacientes que
cruéis tratamentos desde a correção feita a afirmaram terem sido portadores de PTC ao
partir da manipulação e contenção com ban- nascer e ao examiná-los, estes não apresenta-
dagens a tratamentos com instrumentos de vam nenhuma das sequelas habituais. Diante entendeu que a adução e supinação seriam
ferro e coisas desta natureza que submetiam do primeiro caso, não deu muita importância, resolvidas num mesmo movimento, leve em
a criança a verdadeiras sessões de torturas. achou que se tratava de erro de diagnóstico. torno da cabeça do tálus e que o equinismo
Mais precisamente em 1930, J. H. Kite Mas diante dos demais e ao verificar que to- só deveria ser objeto de correção depois que
apresentou ao mundo uma técnica onde de- dos eram originários da mesma região, resol- conseguisse abduzir o pé a pelo menos 70º
fendia a correção, sob manipulação, das de- veu investigar e se deparou com Dr. Ignacio em relação ao eixo da perna. Geralmente, a
formidades presentes no PTC, descrevendo Ponsetti, mestre da Universidade de Iowa. grande maioria dos pacientes, sequer necessi-
um passo a passo para a sua realização. Esta Ponsetti, em 1962, conseguiu publicar ta de intervenção para o alongamento do ten-
técnica foi responsável pela introdução de seu estudo, mas foi mantido no ostracismo dão de Aquiles, quando o equino se mostra
manobras menos agressivas e a obtenção de até ser descoberto a partir dos resultados que resistente.
pés mais plantígrados embora em sua maioria produziu. Em 1996 publicou um livro espe- Entretanto, a sua técnica exige a realiza-
resultassem em estruturas rígidas, menores cífico sobre o assunto e foi então finalmente ção de manipulações sucessivas e frequentes,
que o contralateral (quando unilateral) e que reconhecido pela ciência. seguidas da manutenção desta correção pelo
evoluíam com a idade para pés dolorosos. Sua técnica tem basicamente os mesmos uso de suporte específico que mantém o pé
Mas, mesmo assim, obtinha resultados supe- objetivos da técnica de Kite. A grande diferen- na posição corrigida, por pelo menos 3 anos.
riores ao conseguido até então. ça é o método de manipulação e a sequência O uso desta órtese, até iniciar a marcha, é
Na década de 50, em um congresso das deformidades a serem corrigidas. En- feito por 23h ao dia e depois de iniciada, é
realizado nos EUA, um médico do interior do quanto Kite objetivava a correção da adução, utilizada todas as noites durante os três anos
país, que havia sido aluno de Kite, apresentou da supinação e do equino, repetidamente em seguintes.
um estudo onde propunha pequenas mudan- todas as manipulações que realizava, Ponsetti Coisas da Ciência...
30 - revista amf

Eu, gourmet...

Receita
Couscous Marroquino
Acompanha bem com Rosbife
de File Mignon ou Paleta de
Carneiro no forno.

Casal Gourmet
Gilvan e Tania Muzy

Ingredientes: Obs: Os damascos e passas, devem ser O Dr. Gilvan Renato Muzy de Souza é
colocados em água morna com uma professor universitário aposentado da UFRJ e
300 gramas de couscous começou a cozinhar com o amigo e também
colher de uísque por 10 minutos. Os
400 ml de água com 1 tablete de caldo de professor da UFRJ Dr. Marcus Conde. O
damascos devem ser cortados em tiras
legumes pneumologista, graduado em medicina em
finas.
50 gramas de 10 hastes de aspargos frescos 1967 pela UFF, gosta muito de fazer vários
10 tomates cerejas cortados ao longo. tipos de risoto, sendo o de limão siciliano e
100 gramas de damasco 2º Parte: de camarão os favoritos de sua esposa, a
- Numa frigideira com uma colher de professora do estado, Tania Muzy. Dr. Gilvan
50 gramas de passas amarelas
sopa de manteiga, doure as amêndoas em também faz vários pratos de carne.
50 gramas de passas pretas
lascas e seque num papel toalha. Repita o A professora Tania Muzy prefere sempre estar
50 gramas de nozes em pedaços
processo com as amêndoas inteiras. por perto ajudando no que for preciso, apesar
50 gramas de amêndoas em lascas
- Corte os aspargos em pedaços de 3 cm, de, como ela mesma revela, já ter aprendido
50 gramas de amêndoas sem casca muito. “Quando ele não quer cozinhar, entro
10 pimentas biquinho amassadas desprezando a parte mais grossa do final.
em campo e faço”, revela Tania Muzy.
- Em uma frigideira grande, coloque uma
Conhecidos em Niterói como “Casal
colher de azeite, e uma colher de sopa
Gourmet” Dr. Gilvan e Tania Muzy nos
de manteiga. Abaixe o fogo e coloque os
brinda com uma receita que agrada todos os
aspargos até amacia-los.
paladares:
1º Parte do modo de fazer: - Acrescente os tomates cereja, as
- Coloque a água com o tablete de caldo pimentas, as nozes, amêndoas e depois os
de legumes para ferver. damascos e passas sem a água,
- Espalhe o couscous num refratário misturando todos os ingredientes, por
tamanho médio, passe um fio de azeite, cerca de 5 minutos.
usando um garfo levemente para misturar. Acompanha bem com Rosbife de Filé
- Coloque a mistura de água com o caldo 3 º Parte: Mignon ou Paleta de Carneiro no forno.
de legumes, por cima, usando também - Retire o pano do couscous e acrescente
um garfo para homogeneizar. todos os ingredientes, misturando Sugestão de vinho: Merlot - Don
- Cubra com um pano molhado, e deixe uniformemente. Guerino – Vinícola em Alto Feliz – RS
hidratar por 10 minutos. - Não esquecendo de corrigir o sal.
revista amf - 33

Acamerj

Novos tempos Com a chegada de novos


Acadêmicos dois estão

novos dias
entrando em cadeiras já

Estamos iniciando um novo mandato


na Academia de Medicina do Estado do
Rio de Janeiro.
É uma grande responsabilidade tendo
em mente o profícuo mandato do Profes-
logista e higienista, professor da Faculdade
de Petrópolis e da Faculdade de Medicina
da Universidade Federal Fluminense. A ca-
deira 67 terá como patrono Paulo Dias da
Costa, pneumologista e clínico com atua-
existentes a 28 que tem
como Patrono Augusto
Paulino Soares de Souza e
a de número 4 com
Patrono Domingues de Sá.

sor Luiz Augusto de Freitas Pinheiro. O iní- ção destacada como professor de clínica
cio é auspicioso com a posse de seis novos médica da Universidade Federal Fluminen-
Acadêmicos, que significam para a Acade- se e da Universidade do Estado do Rio de
mia novas ideias, novas propostas, novas Janeiro. A cadeira 61 terá como patrono
realizações. Carlos Tortelly Costa, obstetra e ginecolo-
Os novos Acadêmicos, 2 deles são gista da cidade de Niterói, um dos funda-
atuantes na cidade de Niterói, 1 na cidade dores de nossa Academia e seu primeiro
do Rio de Janeiro e 2 na cidade de Teresó- presidente.
polis e uma Acadêmica milita em Niterói e A cadeira 64 terá como patrono José
Teresópolis. Hermínio Guasti, cirurgião de alta compe-
Luiz Alberto Soares Pimentel é cirur- tência, professor da faculdade de medicina
gião plástico, especializado em implanto- da Universidade Federal Fluminense em
logia. duas disciplinas de Cirurgia Geral e de Ana-
Luiz Sérgio Keim é infectologista e tomia humana.
professor da disciplina de doenças infeccio- Foi presidente de nossa Academia por
sas e parasitárias da Faculdade de Medicina 15 anos, recebendo o título de Presidente Início de Mandato
da Universidade Federal Fluminense. Vitalício Acad. Luiz José Martins Romêo Filho
Da cidade de Teresópolis temos dois Além das reuniões pioneiras preten- Presidente da ACAMERJ
novos Acadêmicos Carlos Pereira Nunes demos realizar até 3 reuniões anuais nos
professor de pneumologia e Manoel Pom- núcleos de interior, já estando as unidades Simpósio sobre Cirurgia Plástica no dia
bo professor de urologia e atual coordena- de Cabo Frio e Teresópolis organizado os 21 de março. Discutiremos temas abran-
dor do curso de medicina. eventos iniciais. gentes e de interesse geral tendo como
Da cidade do Rio de Janeiro o novo Importante também é a realização do moderador o Prof. Ricardo Cavalcanti Ri-
Acadêmico é membro das Forças Armadas VI Conclave Brasil Argentina e I Congresso beiro e como debatedores os professores
Brasileiras, General do Exército Brasileiro. Latino Americano de Academias. Os con- Antônio Luiz de Araújo, Ricardo Cavalcanti
General José Oiticica. vites aos participantes, Argentina, Chile, Ribeiro e a Dra. Regina Célia de Andrade
Por fim, militando nas Universidades Paraguai e Uruguai já foram expedidas. Ferreira de Araújo.
Federal Fluminense e Faculdade de Medi- Da nossa parte, estamos aguardando Os temas a serem abordados serão:
cina de Teresópolis na disciplina de anato- as respostas mas estamos estreitando con- Minilifting com fio de sustentação – Dr.
mia patológica a Profª. Vania Gloria Silami versações com a Academia Nacional de José Antonio Beramendi; Próteses mamá-
Lopes. Medicina que a exemplo do I Congresso, rias – Dr. Rafael Garrido Costa; Complica-
Certamente todos estão preparados esperamos que sedie o atual em suas de- ções médicas dos procedimentos estéticos
para o engrandecimento de nossa Acade- pendências. Além disso como plano alter- – Prof. Eduardo Costa Teixeira e Aspectos
mia. nativo já temos contatos feitos com o Ho- jurídicos dos procedimentos estéticos –
Com a chegada de novos Acadêmicos tel H e com o NAB para realizar o evento Dr. Lymark Komaroff.
dois estão entrando em cadeiras já existen- em Niterói. As demais sessão ordinárias terão
tes a 28 que tem como Patrono Augusto Pretendemos realizar o conclave nos também temas como este primeiro de
Paulino Soares de Souza e a de número 4 dias 30 e 31 de outubro do corrente ano. grande interesse geral.
com Patrono Domingues de Sá. Em relação a FAPERJ já estamos providen- Quero agradecer neste meu início de
Quatro ex Presidentes estão sendo ciando projeto solicitando auxílio financeiro mandato a auspiciosa acolhida que tivemos
homenageados tendo seus nomes em no- para elaborar o III Congresso da ACAMERJ da Associação Médica Fluminense que tem
vas cadeiras. Cadeira 66 terá como patro- a realizar-se em 2021. nos ajudado em muito na pavimentação de
no Germano Brasiliense Bretz, microbio- Iniciaremos as sessões ordinárias com uma caminhada.
34 - revista amf
Perfil

Dra. Mariana Silva Abunahman


Especializada em clínica médica/neurologia, a Dra. Mariana Silva
Abunahman está para realizar um sonho antigo: se tornar
geriatra. Essa vocação foi descoberta ainda nos tempos de
faculdade, pois sempre gostou de lidar com idosos e já tem
como base a neurologia, que complementa a geriatria.
Quando não está cuidando de seus pacientes, a Dra. Mariana
Silva Abunahman pratica esportes de aventura (Escalada,
Ciclismo, Hiking, e Trekking). Ela aconselha os colegas para
permanecerem unidos como sociedade e fortalecendo a classe.
E arremata, afirmando que “se associando na AMF estamos
cumprindo este objetivo.”

Ciclismo, Hiking, e Trekking).

Livro preferido:
Não tenho um livro preferido, mas os que eu mais gosto são os
de suspense, tipo Agatha Christie, e os motivacionais.

Sua inspiração na profissão:


Graças a Deus, eu tenho duas inspirações na minha profissão:
Tempo de formada: Meus pais.
8 anos
Qual a importância da família na vida do médico:
Especialidade: A família é a base para tudo, seja na vida do médico, ou em
Clínica Médica / Neurologia e futuramente, se Deus quiser, qualquer outra profissão, pois é ela que cuida da gente quando
Geriatria. precisamos, seja o que for, como um alicerce em nossas vidas.

Formação: Programa imperdível:


Faculdade Estácio de Sá. Programa de TV. Os seriados de comédia gosto muito.
E programa sem ser de TV é viajar, adoro mais.
Se não fosse médica, seria:
Seria bióloga ou veterinária. Música:
Como os livros, não tenho uma em especial, mas adoro Rock.
Por que escolheu essa especialidade:
Desde a faculdade eu gosto da fisiologia neurológica, e sempre Frase para a posteridade:
gostei de lidar com idosos. Apesar de ter pensado em fazer “A função do médico é curar. Quando ele não pode curar,
outras especialidades, eu decidi pela neurologia porque, além precisa aliviar. E quando não pode curar nem aliviar, precisa
de ser uma especialidade linda porém difícil, ela complementa a confortar. O médico precisa ser especialista em gente.” Adib
geriatria, que ainda irei me especializar. Jatene.

Fato mais marcante na profissão: Mensagem aos jovens médicos:


Para mim talvez tenha sido o meu primeiro plantão, pois foi Como eu também sou uma jovem médica, posso dizer aos
quando eu realmente me senti médica. meus colegas que devemos estar sempre unidos como
sociedade e fortalecendo a classe. E se associando na AMF
O que representa a AMF: estamos cumprindo este objetivo. Não esquecendo que o
Representa a união dos médicos na nossa cidade, fortalecendo e médico tem a missão de cuidar do bem maior que é a vida,
defendendo a classe médica, aliado a serviços nas áreas científica, sendo assim, o associativismo, fortalecendo o exercício da
social e cultural para a sociedade, tornando-a uma associação profissão, favorece a população em geral.
dinâmica e com grandes responsabilidades.
Porque sou sócio da AMF:
Hobby: Sou sócia da AMF justamente para compartilhar todas as
Os meus grandes hobbys são os esportes de aventura (Escalada, vantagens descritas sobre o associativismo.
36 - revista amf
Informe Publicitário

Novas óticas
em Niterói
Anderson Azevedo investe na
cidade com duas lojas nos
últimos meses
Fotos: Antonio Schumacher
Quem passou na esquina da Rua Moreira César com a Pre-
sidente Backer, em Icaraí, a partir do mês de novembro do ano
passado, se surpreendeu com uma loja diferente das demais. A
Ótica Lidera possui um espaço amplo, iluminado e sofisticado tra-
zendo para o público de Niterói o melhor do ramo ótico, no
quesito luxo.
Apaixonado por sua profissão, o empresário Anderson Aze-
vedo abriu sua primeira loja na Avenida Ernani do Amaral Peixoto,
oito anos atrás. Hoje, ele possui ao todo cinco óticas, localizadas
em Icaraí, Centro, São Gonçalo e as mais recentes na Rua Coro-
nel Moreira César e no shopping Itaipu Multicenter.
Quando questionado acerca do momento de crise eco- estaria aberto a explorar outros ramos no futuro”, opinou.
nômica que impede as pessoas que pretendem investir e em- O empresário adverte que o investimento no espaço físico
preender, ele se mostrou confiante e destemido. “Além da paixão não vale à pena caso um bom atendimento não seja prioridade.
pelo que faço, acredito no que faço. Eu observo que o consumo “Você pode ter a melhor loja. Mas se não tiver a melhor equipe e
sempre existirá, contudo, em momento de crise, as pessoas ten- o melhor produto, não tem sucesso. É todo um conjunto. Colo-
dem a escolher melhor onde devem consumir. É um tempo que co-me no lugar de cada pessoa que entra. Como gostaria de ser
divide os bons dos ruins, e para manter seu público, é necessário atendido, ser recebido. Essa orientação repasso á minha equipe
fazer um trabalho de excelência, com muita dedicação”, opinou. e é muito satisfatório ver o feedback dos clientes, que tem sido
Niteroiense, Anderson possui apreço pelo público da melhor do que imaginávamos quando inauguramos esta loja em
cidade. “Quando me mudei para Zona Sul de Niterói, percebi novembro. Um cliente tratado com carinho que sai satisfeito vale
que o público da região é muito carente de produtos luxuosos – por 20 – ele é a nossa melhor propaganda”, finalizou.
quando os busca, precisa ir até a capital do estado. A área de pro- Cláudia Gonçalves, advogada, foi a loja para comprar seu
dutos com maior qualidade, marcas de ponta, ainda está em cres- quarto par de óculos. “Sou cliente há um ano e meio, sou mui-
cimento no município – com o consumo mudando também em to bem atendida. Sempre saio satisfeita e feliz, ganho brindes, e,
museus, teatros, na cultura em si – e eu quis uma loja que pudesse além disso, ganho elogios dos amigos pelos meus óculos. É bom
atender ao público. Mas sinto que em diversos segmentos, há falta porque os produtos que eu quero não vendem em outras óticas,
de opções para este nicho específico. Eu possuo apenas ótica, mas eu só encontro aqui”, elogiou.
Agenda AMF

No dia 23 de março o Departamento de Reumatologia e o Clube


Departamentos de Reumatologia de Niterói realizaram o evento “Espondiloartrites
- I Encontro do Clube de Reumatismo de Niterói 2019”. Neste

Científicos evento, especialistas de várias áreas abordaram diferentes temas.

Em comemoração ao Dia Mundial do Rim, foi realizado no dia


14 de março o Evento "Saúde dos Rins para Todos", sob a coor-
denação do Dr. Alan Castro.

No dia 21 de março, os Departamentos Científicos de Geria-


tria e Neurologia, coordenados pela Dra. Vilma Duarte Câmara,
convidaram o Prof. Dr. Roberto Levi Cavalcante Jales que minis-
trou a palestra sobre “Avanços da Medicina Nuclear em doenças
neuropsicogeriátricas.

O Departamento Científico de Cardiologia, sob a coordenação


do Dr. Heraldo Victer, realizará no dia 04 de abril, em comemo-
ração ao Dia Mundial da Saúde a palestra “Anticoagulação oral em
2019: Endoxabana na minha prática médica”

38 - revista amf
Informe Publicitário

SINDHLESTE
representa importantes
instituições de saúde de
Niterói e São Gonçalo
Prosseguir com o trabalho já desenvolvido, ampliar a parce-
ria com as operadoras de saúde, além de oferecer cursos de ca-
pacitação aos colaboradores dos associados, assessoria jurídica e do Complexo Hospitalar de Niterói, Jorge Gerrero, do Hospital
negociação nas convenções coletivas de trabalho, são algumas das São Sebastião e Luiz Otávio Nazar, do Hospital Geral do Ingá. Já
prioridades do SINDHLESTE. os suplentes do conselho fiscal são: Silla Todesco e Rodrigo Lisboa,
A diretoria, que foi eleita para atuar no triênio 2018/2020 no ambos da Clínica de Hemoterapia, e Leandro Alves, do Centro de
Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Casas de Saúde de Niterói e São Imagem Icaraí.
Gonçalo, o SINDHLESTE, tem conseguido relevantes conquistas Vinicius Queiroz destaca como prioridade desta Diretoria a
para a categoria. saúde suplementar com foco no cuidado dos pacientes, em um
Entre os seus membros estão: o Diretor Presidente Vinicius processo que exige tecnologia de ponta e capacitação dos profis-
Queiroz, do Hospital de Olhos de Niterói, o Diretor Vice-Presi- sionais da saúde.
dente Aécio Nanci Filho, do Hospital São José dos Lírios, o Diretor - E essa prioridade só é possível atingir quando temos em
Administrativo Sávio Tinoco, do Hospital Icaraí e Hospital & Clínica nossos hospitais e clínicas equipes de médicos e colaboradores
São Gonçalo e o Diretor Financeiro Hector Concha, do Hospital de excelência e uma estrutura hospitalar focada no alto padrão de
Santa Martha. Para o conselho fiscal foram eleitos Jorge Guilherme qualidade. Seguimos trabalhando com toda a Diretoria de nosso
Cerbino, da Casa de Saúde N. S. Auxiliadora, Anderson Pedrosa, Sindicato para ampliarmos a forte parceria com as operadoras de
do Hospital de Clínicas da Alameda e Felipe Albuquerque Maga- saúde, visando sempre a remuneração justa dos serviços prestados
lhães, do São Francisco Hospital e Maternidade. A diretoria ainda e o equilíbrio econômico financeiro de todos os hospitais e clínicas
conta com os suplentes Ricardo Reis, do Niterói D’Or, Ilza Fellows, de Niterói e São Gonçalo.
revista amf - 41
Livro em Foco

O falecido Mattia Pascal


Luigi Pirandello nasceu na Sicília em corpo encontrado após afogamento como
1867 e faleceu de pneumonia em 1936. sendo o seu. Resolve assumir-se como
Em 1904 publicou “O falecido Mattia Pas- morto, adquire uma nova identidade, en-
cal”, inicialmente em capítulos em revista contra outra família onde percebe as mes-
literária, e depois em livro, o que lhe ren- mas máscaras sociais nos membros desta
deu traduções para o alemão, francês, outra família na cidade grande, Roma. Per-
assim como grande projeção. Recebeu o cebe-se sufocado pela mentira, pela fuga
prêmio Nobel de literatura em 1934. An- e resolve retornar à família original. E as-
tes, em 1927, visitou o Brasil e foi entrevis- sim as confusões tomam corpo como num
tado por Sergio Buarque de Holanda que palco de teatro ou da vida.
fazia entrevistas como “freelance” nessa Durante a narrativa temos um encon-
época. tro com reflexões sobre a vida, a morte, a
Este “O falecido Mattia Pascal” é uma vida social e as máscaras usadas, e sobre
leitura deliciosa seja pela narrativa fluida a história recente da Itália que se unificou
de Pirandello que os tradutores tão bem somente em 1870. Muito interessante sua
conseguiram dar à obra em português, reflexão acerca da alma e da perda de cog-
seja pela inusitada situação em que o per- nição por acidente ou por demência feita
sonagem principal se encontra para tratar pelos personagens naquele início do sécu-
de um assunto caro ao autor: as máscaras lo passado: não se perde a alma quando
sociais que o ser humano usa para viver se perde a cognição como o pianista não
Livro: em família, para viver em sociedade, deix- deixa de ser pianista por causa do defeito
“O falecido Mattia Pascal” ando de ser ele mesmo ou outros “eus” de seu piano.
Autor: que surgem ao longo dos anos de sua ex- A leitura é tão agradável que ao ter-
istência. minar, tive vontade de ler o livro nova-
Luigi Pirandello mente para me deleitar uma segunda vez
Personagem Mattia Pascal- cujo sobre-
Tradutores: nome é uma homenagem ao filósofo Pas- ou detectar algo que tivesse possivelmente
Rômulo Antonio Giovelli, Francisco cal, autor da frase “O coração tem razões perdido durante a leitura. Mas como a lista
Degani (com notas de Francisco que até a razão desconhece”-, falido, tendo de leituras maravilhosas é grande, coloquei
Degani) perdido sua mãe, sua primeira e única filha meu exemplar na minha estante para uma
ainda bebê, cansado da esposa e, principal- releitura prazerosa no futuro. Esta edição
Editora: da editora Abril foi distribuída em bancas
mente, cansado da sogra que morava com
Abril o casal e do trabalho que exercia como de jornal e livrarias há alguns anos. Pode
bibliotecário de uma biblioteca mantida ser encontrada em algumas livrarias, mas
pela prefeitura local, cheia de ratos, para principalmente nos sebos da cidade ou da
a qual um gato fora adquirido com certa internet.
quantidade de ratoeiras. Ele resolve fugir,
desaparecer e acaba descobrindo pelos Vale a pena a leitura. Até a próxima,
jornais que sua esposa reconhecera um pessoal!

revista amf - 43

Informe Publicitário

Conheça a Turquia
A Turquia é um país muito
grande, que desfruta de
climas distintos, mas que
na sua maior parte tem um
clima mediterrâneo, com
verões quentes e secos e
invernos suaves e
chuvosos.

Catedral de Santa Sofia - Istambul
A Turquia é um país eurasiático com cas, uma vez que o clima será perfeito para
paisagens exóticas e belezas naturais des- passear em Istambul, no Mar Egeu e na Capadócia
lumbrantes, e uma riqueza histórica com costa do Mediterrâneo, e vai ser agradável
marcas de distintas civilizações. na Anatólia Central. Visitar antes de mea- Principais cidades e atrações para
É muito fácil se encantar pela Turquia, dos de junho ou depois de agosto tam- visitar na Turquia
de Istambul à Capadócia, de Pamukkale à bém pode ajudar a evitar mosquitos. Para Istambul
Éfeso: tudo é mágico! Com seus 814.578 quem deseja aproveitar as praias, meados Parada obrigatória em sua visita ao
km², a Turquia é o ponto de encontro en- de maio a setembro é perfeito para o Mar país, é uma das mais fascinantes cidades do
tre o Ocidente e o Oriente. Os passeios Egeu e a costa do Mediterrâneo. A costa mundo. Cortada ao meio pelo Estreito de
incluem desfrutar de praias de águas cor do Mar Negro é mais visitada entre abril e Bósforo, Istambul estende-se por 30 km
turquesa, cataratas majestosas, bosques setembro – ainda choverá, mas não tanto. e faz a ligação do Mar Negro com o Mar
frondosos com interessantes espécies en- É indicado viajar para o leste da Turquia do de Mármara, separando a Ásia da Europa:
dêmicas, vales férteis, grutas e originais final de junho a setembro, mas não antes no lado Europeu, fica o centro de comér-
formações rochosas que permanecem na de maio ou depois de meados de outubro, cio e negócios, já no lado asiático, ficam
memória e no coração de quem os desco- a menos que se esteja preparado para a as residências. Cosmopolita e moderna,
bre. A particularidade de ser um país eura- neve, fechamento de estradas e tempera- esta importante cidade de negócios mescla
siático, com porções de seu território em turas muito baixas. o novo e o antigo, com vistas de tirar o
dois continentes, Europa e Ásia, propor- fôlego. Banhada pelas águas azul-marinho
ciona a seus visitantes, além das paisagens Clima na Turquia do Bósforo, tem certamente o mais belo
exóticas e belezas naturais deslumbrantes, A Turquia é um país muito grande, que pôr do sol que se pode ver. Em Istambul,
uma riqueza histórica que encanta em cada desfruta de climas distintos, mas que na sua também, estão locais de visitação impor-
detalhe com marcas de distintas civiliza- maior parte tem um clima mediterrâneo, tantes pela sua impressionante arquitetura,
ções. Dona do maior museu a céu aberto com verões quentes e secos e invernos como a imponente Hagia Sofia (pronuncia-
do mundo, é sem dúvida um roteiro mag- suaves e chuvosos. A melhor época para -se “Aya Sófya”) ou Basílica de Santa Sofia;
nífico e inesquecível. visitar a Turquia é entre os meses de abril a as Mesquitas Azul e Suleymaniye; palácios
junho e de setembro a outubro, quando as e outros.
Qual a melhor época para visitar a temperaturas estão agradáveis. Já de julho
Turquia? a agosto, as temperaturas ficam mais altas, Capadócia
Primavera (abril a maio) e outono (se- com média de 40°C em algumas regiões Outro ponto alto do turismo na re-
tembro a outubro) são as melhores épo- do país. gião da Turquia Central é a Capadócia,
44 - revista amf
região de natureza geológica ímpar, onde arqueológicas e naturais. Acredita-se, po-
se veem as curiosas formações rochosas rém, que o segredo mais bem guardado
longilíneas conhecidas como Chaminés da Turquia se esconde ao longo do Mar
de Fada. É na Capadócia que fica o “Open Egeu e Mediterrâneo, em Kusadasi. Re-
Air Museum”, um espaço onde se con- gião litorânea conhecida como Riviera
centram as melhores obras de arte. Há Turca, respira encanto, glamour e muito
várias capelas antigas e outras divisões de charme. Pela beleza indiscutível das ro-
um enorme mosteiro diferente do habi- chas esculpidas em frente ao mar e pelas
tual. Tudo era escavado na rocha: salas Pamukkale
águas paradisíacas, de um intenso azul, foi
que eram usadas como refeitório, dormi- batizada, também, de Riviera Turquesa.
tórios e, claro, igrejas das várias fases de azul-turquesa que, aliadas ao brilho do tra- Com 300 dias de sol por ano e milhares
sua existência. vertino sob a luz do sol, criam um lugar de quilômetros de areias quentes, a Rivie-
encantado. Este visual mágico, de vários ra Turca é o local ideal para viver dias de
Pamukkale tamanhos, que se encontram em forma de puro relaxamento.
Situado na zona de Denizli, Pamu- cascata no pequeno monte, recebeu jus-
kkale é um dos mais atraentes pontos de tamente o nome de Pamukkale, que em Bodrum
turismo deste país. A grande atração é a turco significa Castelo de Algodão. Bodrum é um paraíso com mar, bele-
imensidão branca do penhasco com bacias zas naturais, enseadas magníficas e história.
esculpidas cheias de água, como quedas Éfeso Do passado até hoje, Bodrum é um desti-
d’água congeladas que parecem feitas de Pode-se dizer que Éfeso é uma das no turístico famoso por suas casas brancas,
neve, nuvem, algodão. Pamukkale é uma maiores, mais bonitas e mais bem pre- ruas estreitas indo até o mar e vida noturna
montanha coberta por rocha branca cal- servadas cidades antigas do mundo. Lá moderna e agitada.
cária, que há milhões de anos é esculpi- se encontram duas das sete Maravilhas
da pelos sulcos de água que ali correm e do Mundo Antigo: as ruínas do Mausoléu Travelmate Niterói
que lhe concederam um aspecto único de de Maussollos, em Bodrum, e o que resta R. Cel. Moreira Cesar, 229 loja 216
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revista amf - 45
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46 - revista amf

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