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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


COMARCA DE SANTOS
FORO DE SANTOS
1ª VARA DE ACIDENTES DO TRABALHO
RUA BITTENCOURT, 144, Santos - SP - CEP 11013-300
Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1032349-46.2016.8.26.0562 e código 3C3AF59.
SENTENÇA

Processo Digital nº: 1032349-46.2016.8.26.0562


Classe - Assunto Procedimento Comum Cível - Auxílio-Acidente (Art. 86)
Requerente: João Alberto Dantas
Requerido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por SHEYLA ROMANO DOS SANTOS MOURA, liberado nos autos em 20/05/2019 às 13:53 .
Justiça Gratuita

Juiz(a) de Direito: Dr(a). Sheyla Romano Dos Santos Moura

Vistos.

JOÃO ALBERTO DANTAS ajuizou AÇÃO ACIDENTÁRIA


em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS. Sustentou, em
suma, que laborou na empresa RUMO LOGÍSTICA OPERADORA, exercendo a função
de movimentador de mercadorias, no período de 07/05/2012 a 10/05/2015. Aduz que no
dia 03/08/2012 sofreu acidente de trabalho, lesionando sua mão direita e ambos os joelhos.
Afirma que em razão do ocorrido, a empresa forneceu CAT e o autor afastou-se do
trabalho, passando a receber auxílio doença acidentário, cessado por alta médica
programada em junho de 2014. Alega que as sequelas decorrentes do acidente limitaram
sua capacidade laborativa. Por isso, requer a procedência da ação para o fim de condenar o
INSS a conceder auxílio doença acidentário ou, subsidiariamente, aposentadoria por
invalidez acidentária ou auxílio acidente. Juntou documentos (fls. 05/16).

Citado, o INSS contestou às fls. 21/27, alegando, em síntese e


genericamente, que inexiste a incapacidade alegada e não há prova do nexo ocupacional.
Pediu a improcedência.

Informações da empregadora (fls. 31/106).

Ofício enviado pelo INSS, encartado às fls. 107/112.

Decisão às fls. 113, determinando a realização de perícia médica.

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Em razão do afastamento do perito antes nomeado (fls. 171), houve
sua substituição às fls. 177.

Laudo pericial médico encartado às fls. 196/202.

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Intimadas as partes, o autor manifestou-se às fls. 208 e a autarquia
ré quedou-se inerte. (fls.210).

É o relatório.

FUNDAMENTO e DECIDO.

O processo encontra-se em fase de julgamento, uma vez que as


partes tiveram a faculdade de requerer e apresentar todas as provas que considerassem
necessárias ao deslinde da causa. Ademais, produzida também prova essencial para casos
como o presente, a perícia médica, extraem-se elementos de convicção hábeis a sustentar a
linha decisória.

As partes estão bem representadas.

Sem preliminares arguidas.

Passo ao mérito.

Trata o pedido de concessão de auxílio doença acidentário,


aposentadoria por invalidez acidentária ou auxílio acidente, a depender do grau de
incapacidade constatado.

Justifica o autor seu pedido pois sofreu lesão em sua mão direita e

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nos joelhos decorrentes de acidente durante o exercício de sua atividade laborativa, cuja
consolidação reduziu sua capacidade laboral e dificulta o desempenho de suas atividades
profissionais.

Pois bem.

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O nexo causal já se encontra comprovado pelo CAT
Comunicação de Acidente do Trabalho acostado às fls. 11.

Resta, portanto, controvertido a incapacidade laboral do autor e sua


quantificação.

Nesse aspecto, o acidente do trabalho está descrito no artigo 19, da


Lei 8.213/91:

Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do


trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos
segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando
lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a
perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para
o trabalho.

São, pois, duas as condições para a caracterização do acidente


típico: a) que tenha decorrido de uma atividade a serviço do empregador; b) que tenha
causado lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou a
redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.

No caso dos autos especificamente, o acidente ocorreu durante o


trabalho, cujas lesões incapacitaram a autora para o exercício de sua atividade laborativa,
conforme CAT de fls. 11 e a concessão de benefício acidentário (fls. 108). Portanto sobre a

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questão não paira nenhuma dúvida.

Passo a pontuar os benefícios pleiteados.

O auxílio-doença previdenciário é um benefício concedido ao

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trabalhador assegurado pela previdência que fica impedido de trabalhar por mais de 15 dias
em razão de uma doença ou acidente. No caso dos trabalhadores com carteira assinada, os
primeiros 15 dias são pagos pelo empregador, e a Previdência Social paga a partir do 16º
dia de afastamento do trabalho. No caso do contribuinte individual (empresário,
profissionais liberais, trabalhadores por conta própria, entre outros), a Previdência paga
todo o período da doença ou do acidente (desde que o trabalhador tenha solicitado o
benefício) (art. 59 da Lei 8213/91).

Já o auxílio-doença por acidente do trabalho é benefício


pecuniário de prestação continuada, com prazo indeterminado, sujeito à revisão periódica,
que se constitui no pagamento de renda mensal ao acidentado urbano ou rural, que sofreu
acidente do trabalho ou doença das condições de trabalho e apresenta incapacidade
laborativa (arts. 59/63 da Lei 8.213/91). Da mesma forma que o benefício do mesmo
gênero, porém previdenciário, exige a incapacidade total e temporária, desde que em
decorrência de acidente do trabalho.

A aposentadoria por invalidez é um benefício previdenciário


concedido ao segurado que, respeitado o período de carência de doze contribuições
mensais (não exigida em se tratando de benefício de natureza acidentária, à luz da regra do
art. 26, inciso II, da Lei8.213/91), o segurado, estando ou não no gozo de auxílio doença,
deve comprovar a incapacidade para o trabalho e a impossibilidade de reabilitação para o
exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (total e permanente) (art. 42 da Lei
8213/91).

A aposentadoria por invalidez por acidente do trabalho segue

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os mesmos parâmetros e critérios que a previdenciária, inclusive a decorrente de acidente
do trabalho, consistirá numa renda mensal correspondente a 100% (cem por cento) do
salário-de-benefício, observado o disposto na Seção III, especialmente no art. 33 desta Lei
(art. 44 da Lei 8213/91).

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O auxílio-acidente (artigo 86, Lei 8.213/91), por sua vez, é
concedido, como indenização, ao segurado quando, após consolidação das lesões
decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquem redução
da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.

Assim, no auxílio-acidente, não há incapacidade, mas redução da


capacidade, ou seja, o segurado ainda pode desempenhar suas atividades, porém com
limitações.

A perícia médica, prova essencial para casos como o presente,


realizada por perito de confiança do juízo e equidistante das partes, subscrito pelo Dr.
Gilmar Westin Cosenza, diagnosticou o autor como portador de Sequela incapacitante de
acidente de trabalho fratura de ossos do metacarpo direito (fls.199).

Concluiu, ainda, que: “O AUTOR É PORTADOR DE


SEQUELAS QUE IMPLICAM EM REDUÇÃO DA CAPACIDADE PARA AS
ATIVIDADES LABORATIVAS QUE HABITUALMENTE EXERCIA
INCAPACIDADE PARCIAL E PERMANENTE” (fls.199).

No mais, em resposta aos quesitos do juízo, concluiu que: a) o


autor encontra-se incapacitado para o trabalho; b) sua incapacidade é parcial e
permanente; c) fixa a data da consolidação das lesões em 24/06/2014; d) estabelece a
existência do nexo causal entre o acidente e as atividades desenvolvidas no trabalho; e) a
incapacidade laboral do autor exige maior esforço ou necessidade de adaptação para
exercer a mesma atividade, independentemente de reabilitação profissional.

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Dessa forma, atestada a incapacidade laboral de forma parcial e
permanente, a existência do nexo causal, e preenchidos pelo autor os requisitos exigidos, o
autor faz jus à concessão do auxílio acidente.

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Quanto ao termo inicial para o pagamento do benefício auxílio-
acidente, o perito judicial fixou a data de consolidação das lesões em 24/06/2014, que
determino seja o termo a quo do benefício, considerando ser este o primeiro dia
subsequente a cessação do auxílio-doença acidentário NB 552.857.869-4 (fls. 108), nos
termos do art. 86, §2º, da Lei 8.213/91.

Por fim, o auxílio-acidente, será pago mensalmente, no valor


correspondente a 50% do salário-de-benefício e será devido nos termos do inciso § 1° do
artigo 86 da Lei8.213/91, respeitada a prescrição quinquenal nos termos do Parágrafo
Único do art. 103, Lei 8.213/91.

Mais não é necessário.

Pelo exposto e por tudo o mais que dos autos consta, JULGO
PROCEDENTE o pedido da presente ação, com resolução de mérito, nos termos do artigo
487, inciso I, do NCPC, para o fim de condenar o réu a CONCEDER ao autor AUXÍLIO-
ACIDENTE, com início a partir de 24/06/2014, dia seguinte à cessação do auxílio doença
acidentário NB 552.857.869-4 (fls. 108); bem como ao pagamento de ABONO ANUAL
(artigo 40 e § único); ATUALIZAÇÃO na forma da Lei nº 8.213/91, e alterações
posteriores; JUROS MORATÓRIOS computados de uma só vez até a citação e, após,
decrescentemente, mês a mês; e SALÁRIOS DO PERITO arbitrados em R$579,42.

Para apuração das diferenças a serem pagas ao autor deverá ser


observada a prescrição quinquenal, se o caso, bem como as diferenças vencidas deverão ser
atualizadas pelos índices de correção pertinentes, com incidência mês a mês sobre as

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prestações em atraso, observando-se a respeito o que for decidido pelo STF no Recurso
Extraordinário nº 870.947/SE (repercussão geral Tema nº 810), inclusive quanto a
eventual modulação dos efeitos da orientação estabelecida. Acrescer-se-ão juros de mora a
partir da citação de forma englobada sobre o montante até aí devido e, depois, mês a mês,
de modo decrescente.

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Isento o INSS do pagamento das custas processuais. Sucumbente, o
condeno ao pagamento dos honorários periciais, bem como dos honorários advocatícios em
favor da parte autora, que será oportunamente fixado na fase de liquidação, por se tratar de
sentença ilíquida, nos termos do disposto no artigo 85, §4º, II, do NCPC.

Após o decurso do prazo para apresentação de recurso, com ou sem


eles, remetam-se os autos ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Seção de
Direito Público conforme o artigo 10 da Lei nº 9.469/97, exceto se demonstrado pela parte
credora, desde já e, de forma inequívoca, que o valor da condenação é inferior a 1.000
salários mínimos (artigo 496, parágrafo 3º, inciso I, do Novo Código de Processo Civil).

P.I.C.

Santos, 20 de maio de 2019.

DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006,


CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA

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