INFRA-ESTRUTURAS DE TRANSPORTE E
DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÓMICO
INFRASTRUTURAS DE TRANSPORTE
EM MOÇAMBIQUE: E DESENVOLVIMENTO
O Caso do Impacto
SÓCIO-ECONÓMICO EM MOÇAMBIQUE:
Económico e Social O caso do Impacto
da Estrada Cuamba-Lichinga
Económico e Social da Estrada Cuamba-Lichinga
i
INFRA-ESTRUTURAS DE TRANSPORTE E DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÓMICO EM
MOÇAMBIQUE: O caso do Impacto Económico e Social da Estrada Cuamba-Lichinga
Grupo Moçambicano da Dívida
INFRA-ESTRUTURAS DE TRANSPORTE E
DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÓMICO EM
MOÇAMBIQUE: O Caso do Impacto Económico e Social
da Estrada Cuamba-Lichinga
ii
INFRA-ESTRUTURAS DE TRANSPORTE E DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÓMICO EM
MOÇAMBIQUE: O caso do Impacto Económico e Social da Estrada Cuamba-Lichinga
Grupo Moçambicano da Dívida
Ficha Técnica
Humberto Zaqueu
Equipa Técnica:
Egas Daniel
Impressão: MEGAMIND
Ano: 2016
iii
INFRA-ESTRUTURAS DE TRANSPORTE E DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÓMICO EM
MOÇAMBIQUE: O caso do Impacto Económico e Social da Estrada Cuamba-Lichinga
Grupo Moçambicano da Dívida
Prefácio
O debate sobre Infrastruturas em Moçambique é antigo. Há memórias da grande intenção do Estado em
promover a industrialização do País já nos anos 80 nos auspícios do Plano Prospectivo e Indicativo (PPI). Após o
fim da guerra civil e com a entrada em cena do Plano de Acção para a Redução da Pobreza (PARPA), a
componente de Infrastruturas voltou a ganhar dimensão de relevo ao nível dos planos públicos.
Formulações teóricas provam existir uma grande interdependência entre o crescimento do stock de
Infrastruturas e o crescimento económico; não haveria excepções para Moçambique.
Com o fim da guerra civil, esforços no campo de Infrastruturas foram acompanhados de uma tendência
notória do relançamento da actividade económica a nível do País com destaque para a circulação de pessoas e
bens e a retomada significativa da produção agrícola. Continua, contudo, matéria de poucos consensos a
contribuição de Infrastruturas na atracção dos grandes investimentos para o país, particularmente para a
indústria extractiva, desde o início dos anos 2000.
O debate dilui-se entre o stock de infrastruturas, ainda considerado muito baixo – cerca de 20% de estradas
pavimentadas no total das estradas nacionais, representando um baixo grau de transitabilidade, e a enorme
disponibilidade de recursos naturais. É importante também, ter em mente que o país continua
significativamente deficitário em termos de geração de energia, o que se torna ainda mais complexo para o
consumo industrial. Outras visões admitem ainda que o crescimento económico robusto do país verificado no
período pós-guerra civil teria que ver com a exploração cada vez mais crescente dos recursos ociosos que não
eram aproveitados aquando da guerra, e que é de esperar que num período futuro o país registe um
abrandamento nas taxas de crescimento económico à medida que se vai aproximando da utilização plena da
capacidade ociosa considerada.
Não obstante a insuficiente clareza em relação aos principais determinantes do crescimento económico no
país, a literatura prova o papel pivôt das infrastruturas na dinamização da actividade económica. Também é
verdade que o incremento no stock de infrastruturas terá efeitos tão maiores quanto maior for a
disponibilidade de recursos naturais.
Assim sendo, reconhecendo o grande potencial em recursos naturais que a província do Niassa possui, é de
esperar, que qualquer incremento no stock de infrastruturas tenha efeitos maiores no investimento e no
crescimento económico da província e, consequentemente, na prosperidade de toda a região norte do País,
com efeitos multiplicadores para o desenvolvimento do País como um todo.
Neste trabalho, lançamos um olhar para a componente de infrastruturas ao nível da província do Niassa,
particularmente as Estradas que, doutra maneira, teriam um papel fundamental na ligação com as províncias
portuárias, mas também com os principais mercados, o que traria enormes ganhos ao nível local e nacional.
A nossa atenção centra-se na problemática à volta da ligação Cuamba-Lichinga considerada espinha dorsal
para o relançamento da economia daquela província e todos os efeitos subsequentes.
O debate nesta análise é de natureza exploratória em que procuramos juntar várias sensibilidades, com o
intento de despertar maior atenção a um debate que se vai alastrando por um longo período de tempo,
contribuindo desta forma para a aceleração de soluções plausíveis.
iv
INFRA-ESTRUTURAS DE TRANSPORTE E DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÓMICO EM
MOÇAMBIQUE: O caso do Impacto Económico e Social da Estrada Cuamba-Lichinga
Grupo Moçambicano da Dívida
Lista de abreviaturas
v
INFRA-ESTRUTURAS DE TRANSPORTE E DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÓMICO EM
MOÇAMBIQUE: O caso do Impacto Económico e Social da Estrada Cuamba-Lichinga
Grupo Moçambicano da Dívida
Índice
Prefácio .................................................................................................................................................. iv
Lista de abreviaturas ............................................................................................................................... v
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 1
1.1 Objectivo Geral ....................................................................................................................... 2
1.2 Objectivos Específicos ............................................................................................................. 2
1.3 Metodologia ............................................................................................................................ 2
1.4 Limitações ............................................................................................................................... 3
2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................................................ 4
2.1 Infrastruturas de Transporte................................................................................................... 4
2.2 Desenvolvimento Sócio-Económico........................................................................................ 5
2.3 Importância das Infrastruturas de Transportes no Processo de Desenvolvimento ............... 6
3 INFRASTRUTURAS DE TRANSPORTE E SUA RELAÇÃO COM O DESENVOLVIMENTO SÓCIO-
ECONÓMICO EM MOÇAMBIQUE ............................................................................................................ 9
3.1 Situação das Infrastruturas de Transporte no Período Colonial ............................................. 9
3.2 Situação de infrastruturas de transporte no período pós-independência ........................... 11
3.3 Situação de infrastruturas de transportes no período pós-guerra ...................................... 14
3.3.1 Sistema ferro – portuário centro .................................................................................. 15
3.3.2 Sistema ferro – portuário Norte ................................................................................... 15
3.3.3 Sector Aero-Portuário ................................................................................................... 17
3.3.4 Sector Rodoviário ......................................................................................................... 18
3.4 Análise do Investimento público em Infrastruturas de transporte nos últimos 5 anos (2010-
2015) 22
3.5 O Caso em Análise: Impacto Económico e Social da Situação Actual (2016) da Estrada
Cuamba-Lichinga ............................................................................................................................... 25
3.5.1 Actual estado da EN13 e seus efeitos económicos e sociais ........................................ 26
4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................................................... 37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................. 40
vi
INFRA-ESTRUTURAS DE TRANSPORTE E DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÓMICO EM
MOÇAMBIQUE: O caso do Impacto Económico e Social da Estrada Cuamba-Lichinga
Grupo Moçambicano da Dívida
Índice de Tabelas
Tabela 3.1: Principais projectos globais de infrastruturas no sector ferro-portuário de Moçambique
.............................................................................................................................................................. 14
Tabela 3.2: Principais projectos de infrastruturas na divisão ferro-portuária Centro .......................... 15
Tabela 3.3: Principais projectos globais na Divisão ferro-portuária Norte ........................................... 16
Tabela 3.4: Principais projectos na Divisão ferro-portuário Sul ........................................................... 16
Tabela 3.5: Principais projectos globais no sector aero-portuário ....................................................... 17
Tabela 3.6: Principais projectos no sector rodoviário .......................................................................... 18
Tabela 3.7: Extensão das linhas da rede ferroviária por estado, 2007 ................................................. 21
Tabela 3.8: Tendência da alocação orçamental nos sectores prioritários (2010-2015) ....................... 23
Tabela 3.9: Tendência do Investimento Público em Infrastruturas (2010-2015) ................................. 23
Tabela 3.10: Projectos com financiamento externo via crédito garantido para o Investimento Público
em infrastruturas de transporte em Moçambique (2014-2017) .......................................................... 25
Tabela 3.11: Rede de estradas classificadas em Moçambique ............................................................. 26
Tabela 3.12: Custos adicionais associados ao tempo de viagem .......................................................... 30
Tabela 3.13 : Custos adicionais associados a manutenção dos veículos .............................................. 31
Índice de gráficos
Índice de figuras
vii
INFRA-ESTRUTURAS DE TRANSPORTE E DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÓMICO EM
MOÇAMBIQUE: O caso do Impacto Económico e Social da Estrada Cuamba-Lichinga
Grupo Moçambicano da Dívida
1 INTRODUÇÃO
Com o fim da guerra civil, em 1992, a estabilidade política, económica e social relançaram as
perspectivas de crescimento da economia do país. Igualmente, com a recente descoberta de
grandes reservas de recursos naturais nomeadamente, o gás e o carvão mineral, o país passou
a registar um considerável afluxo de IDE destinado essencialmente a infrastruturas de
transportes e toda a logística inerente à exploração daqueles (recursos), contexto que tem
alterado a estrutura do sistema de transportes1 no país.
1.3 Metodologia
O trabalho foi realizado com base em pesquisa bibliográfica para a familiarização com o tema
e sua sistematização. Foi também usada uma pesquisa exploratória, com base em dados
secundários complementados com a revisão bibliográfica, uso de informações e dados
documentais em artigos de revistas especializadas, alguns deles encontrados nos sites de
internet, jornais (publicações).
As abordagens foram: qualitativa, para informações não quantificáveis e também por ser mais
adequada a situações em que se deseja construir teorias; e quantitativa para dados numéricos.
O método de análise e interpretação dos mesmos dados foi de estatística descritiva com
recurso a Excel para a construção de gráficos e tabelas estatísticas.
factores como maior necessidade de manutenção, custos com combustível, tempo e emissões
de CO2, o que se considerou como custos adicionais (acima dos normalmente suportados num
troço “similar”, mas com melhores condições do que a EN13-Cuamba-Lichinga). Depois
disso, fez-se a análise dos custos adicionais de transportes com a inflação local,
competitividade dos produtos locais, investimento local e o nível de pobreza local.
O levantamento de dados é depois enriquecido por uma análise crítica de dados quantitativos,
o que suporta, em boa parte, as principais teses que possam ser apreendidas neste documento.
Os esboços produzidos foram discutidos ao nível dos actores de referência da sociedade civil.
1.4 Limitações
2 REVISÃO DA LITERATURA
O presente capítulo aborda principais conceitos e teorias que versam sobre o tema
(infrastruturas de transporte, crescimento e desenvolvimento económico.
Torrisi (2009: 103), define as infrastruturas como a totalidade de bens e equipamentos que
servem o fornecimento de energia, o serviço de transportes e de telecomunicações que
desempenham um papel muito importante na economia global. Quanto à sua classificação, as
infrastruturas dividem-se em infrastruturas sociais e económicas. As infrastruturas sociais,
são aquelas que promovem a educação e a saúde, a escola, clínicas, hospitais, universidades,
etc., e infrastruturas económicas, são aquelas que promovem a actividade económica como
pontes, barragens, estradas, etc.
Designa-se por transporte o trabalho realizado na mudança de posição relativa de bens e/ou
pessoas, dum lugar para outro, sendo ele entendido como uma unidade de trabalho (Carmo,
1965: 33). Mecanicamente a função do transporte é de anular o espaço pela redução do tempo
necessário para o transpor, e economicamente é o de aproximar o homem ao local de
trabalho/residência e os centros de produção aos lugares de consumo no processo de
comunicação (Viegas, 2004; Pontes, 2001: 8; Carmo, 1965: 35).
1
www.suapesquisa.com/o_que_e/infra-estrutura.htm
2
https://www.banconordeste.gov.br/content/aplicacao/ETENE/Anais/docs/mesa2_texto2.pdf
Para Khan (1993: 40), o desenvolvimento pode ser entendido como um processo colectivo no
qual as preocupações e interesses de toda a população são levados em conta. O fruto do
desenvolvimento é equivalente partilhado por todos. Em termos fundamentais,
desenvolvimento é um processo de transformação que tem lugar numa sociedade quando as
condições circundantes, de natureza, política, económica e cultural, são favoráveis a tal
transformação.
É importante notar que a literatura sobre desenvolvimento usa diversas vezes os conceitos de
“desenvolvimento económico”, “desenvolvimento social” como sinónimos, convergindo para
a definição acima proposta por Khan. Contudo, foi possível perceber que os autores
empregam cada um destes conceitos dependendo do enfoque no qual cada um deles pretende
que desenvolvimento assente.
O desenvolvimento social seria, assim, aquele que foca mais nos processos não económicos
de desenvolvimento como: a redução da vulnerabilidade, inclusão, participação política,
liberdade, segurança. Está fundamentalmente associado a realização dos direitos humanos
básicos, relações formais e informais de poder, igualdade entre indivíduos e grupos ao seio da
sociedade Browne et al. (2015).
3
http://www.pnud.org.br/idh/DesenvolvimentoHumano.aspx?indiceAccordion=0&li=li_DH
aumento da interacção espacial que, por sua vez, apresenta um efeito multiplicador e
acelerador dessas economias regionais (Ibidem).
A existência desses efeitos, sejam eles resposta às necessidades de transporte das estruturas
socioeconómicas ou instrumento multiplicador e acelerador dessas estruturas, exige e gera a
oferta de infrastruturas de transporte, simultaneamente, como suporte das actividades
humanas e como instrumento das políticas sócio económicas e regionais (Ibidem).
A partir de uma abordagem mais ampla, Wiesbrod e Reno (2009) destacam que os
investimentos em transportes podem impactar a economia de forma directa, indirecta e
induzida. Impactos económicos são gerados inicialmente a partir da parcela dos
investimentos gastos localmente na fase de obras e na operação, acrescidos dos benefícios na
mobilidade, que induzem à expansão dos negócios. Como impactos directos, há os benefícios
aos usuários do sistema de transportes. A expansão das actividades económicas das empresas
directamente beneficiadas induz a mais crescimento, pois estas requerem mais suprimentos e
mão de obra de outras empresas não directamente beneficiadas, que, por sua vez, também
aumentam suas aquisições de insumos e mão de obra gerando mais crescimento. Além disso,
a renda adicional obtida pelos trabalhadores aumenta o nível de consumo (efeito induzido). O
estímulo à actividade económica relacionada às empresas supridoras denomina-se “efeito
indirecto” e o estímulo à actividade económica relativa ao aumento da renda e do consumo
dos trabalhadores é denominado “efeito induzido”.
Esses críticos chamam a atenção para o fato de que os efeitos dos investimentos em
transportes dependem de um contexto socioeconómico concreto, sendo dificultada a
realização de avaliações em regiões que dispõem de uma rede densa de infrastruturas de alta
qualidade, onde os retornos marginais são provavelmente decrescentes. Nas regiões em
desenvolvimento, o investimento rodoviário pode efectivamente trazer efeito mais sensível,
principalmente quando próximas a regiões metropolitanas ou com urbanização mais densa.
Em contrapartida, em localidades estagnadas ou deprimidas, pode ocorrer o efeito do
esvaziamento, ou seja, elas podem passar a ser abastecidas por outras mais dinâmicas. De
modo geral, reforçam que em países em desenvolvimento são vencedoras as regiões que têm
uma economia mais desenvolvida ou estão sendo objecto de forte desenvolvimento e
investimento, enquanto que as regiões deprimidas poderão ter seu esvaziamento agravado.
Diante do exposto, fica evidenciada em nível teórico, apesar das diferenças de enfoques, a
convergência entre vários pesquisadores, sobre o papel relevante desempenhado pelas
infrastruturas de transportes na criação de condições favoráveis ao aumento da dinâmica
económica de uma região.
Assim, a penetração do capital estrangeiro nos sectores de produção agrícola para exportação,
constituiu a base para a implementação dos primórdios de um sistema de transportes no
4
5
Segundo o qual todas as potências que tivessem colónias em África deveriam ocupar político e
administrativamente as suas colónias sob risco de perdê-las. Assim, os territórios africanos deveriam pertencer
aos países que tivessem meios para os ocupar de facto.
território, quer para a mobilidade/acessibilidade interna quer para com o exterior. A relação
colonial na região, determinou a abertura dos corredores de transporte necessários a ligação
entre o hinterland e a costa do Índico, com a função exclusiva de servir o trânsito de
mercadorias dos protectorados ingleses da Niassalândia, Rodésia do Norte, Rodésia do Sul e
do Transval, levando a constituição nas últimas décadas do século XIX, os principais portos e
caminhos-de-ferro de Moçambique: Beira no centro, constituído pelas linhas de Sena de
Machipanda, Lourenço Marques no Sul e Nacala no Norte (Castro, 1978: 264) citado por
Barros (2016:100).
No geral, pode-se concluir que as políticas públicas no sector dos transportes foram
orientadas especialmente para responder as necessidades regionais (Cunha, 1971: 10), em
detrimento da redistribuição interna das redes de transporte (Lipman e Monaghan, 1998: 39;
Chilundo, 1990: 73; Partido Frelimo, 1983: 10).
Aliás, sendo um país atrasado relativamente à outra potência colonizadora europeia na região,
a Inglaterra, Portugal foi coagido, num mundo de concorrência capitalista desenfreada, a
tornar o território um corredor/trânsito de matérias-primas, para além de reservatório de mão-
de-obra barata para as possessões britânicas, de forma a extrair maior proveito possível. Este
contexto dificultou a integração da economia interna e criou uma especial vocação para um
sistema baseado na prestação de serviço aos países vizinhos (Cunha, 1971: 10; Amparo,
1964: 14), mantendo a volatilidade e descontinuidade dos processos de acumulação,
reprodução, assim como o aumento da desigualdade no desenvolvimento de diferentes
regiões da colónia, impedindo que as forças produtivas se desenvolvessem na mesma medida
(Barros, 2016: 101)
Em suma, Moçambique enquanto colónia adoptou uma política de transportes que deu
primazia a infrastruturas de transporte ferro-portuárias, em detrimento de outros modos, pois
os primeiros (ferro-portuários) garantiam a arrecadação de divisas ao Estado colonial. Assim
negligenciou-se os demais modos que melhorariam uma acessibilidade mais homogénea que
pudesse beneficiar ao conjunto do território rumo ao desenvolvimento sócio-económico do
país.
Na análise das políticas e do sistema de transportes neste período, convém referir que após a
independência, o contexto internacional influenciou substancialmente a orientação política e
a formulação de políticas de desenvolvimento em Moçambique. Assim, em 1977, a
FRELIMO, no seu IIIº Congresso, transformou-se em Partido político de orientação marxista-
leninista, adoptando uma estratégia de desenvolvimento socialista, na linha dos apoios que
obtivera durante a guerra de libertação nacional (Abrahamsson e Nilsson, 1994: 30-31).
6
Note-se que, por exemplo, em 1971, a rede de estradas classificadas era constituída, por 26.595km, das quais,
apenas 2.400km estavam pavimentados (ANU, 1971: 94).
Por outro lado, os planos desenvolvidos pelo país tinham como base de financiamento o
Conselho de Ajuda Mútua Económica (CAME), uma espécie de Fundo para os países
socialistas. Só que aquele organismo “rejeitou” os pedidos de dinheiro solicitados por
Moçambique, afundando a já débil8 economia nacional com défices sucessivos da Balança de
Pagamentos
Adicionam aos factores acima o facto de o país ter sido severamente assolado por ciclos de
secas, cheias, grandes ciclones e poluição da costa marítima, prejudicando sobremaneira a
evolução económica, para além da própria destruição das infrastruturas do sector dos
transportes de superfície, situação agravada pelo eclodir da guerra civil no país. Aliás, entre
1962 e 1992, Moçambique esteve mergulhado em guerras. Antes, tratara-se da guerra para a
libertação nacional (1964-1974), e posteriormente foram as agressões ao longo da fronteira
com a Rodésia do Sul e da RAS, secundadas pela guerra civil que terminou em 1992. O
conflito armado mudou significativamente os fundamentos da situação dos transportes em
Moçambique (Barros, 2016: 134).
7
A retirada em massa de técnicos qualificados do país, na sua maioria portugueses, influenciou o
desenvolvimento do país em geral e do sector dos transportes em particular. Note-se que, aquando da
independência em 1975, calcula-se que mais de 185.000 dum total de 200.000 portugueses de diferentes ramos e
sectores abandonaram o país (Abrahamsson e Nilsson, 1994: 37), e com eles 80% do stock de capital humano
(Minter, 1998: 305 e Green, 1991: 3), justificando-se, desta maneira, a quase estagnação do processo produtivo,
uma vez que os postos de trabalho profissionais, administrativos, especializados e a rede comercial eram
dominados por eles, contexto que levou muitos sectores socioeconómicos à falência.
8
Devido a orientação marxista-leninista, o clima regional caracterizava-se por uma polarização política e militar
crescente, como um dos efeitos da Guerra Fria, o que condicionou fortemente o desenvolvimento económico do
país (Abrahamsson e Nilsson, 1994: 158) e do sector dos transportes em particular, tendo-se reflectido no corte
radical levado a cabo pela RAS no recrutamento de mão-de-obra mineira de Moçambique, tendo em Abril de
1978, suspendido unilateralmente os acordos que previam o pagamento de parte dos salários dos mineiros em
ouro, a preços oficiais, um sistema que financiava os défices da BC colonial e em simultâneo, ter desviado as
suas mercadorias do porto de Maputo para vias alternativas, afectando negativamente a BP e disponibilidade de
divisas.
Aliás, alguns dos principais problemas com que o sector se depara nesta fase estavam
também, muito relacionados com as destruições que a guerra civil provocara ao sistema de
transportes, nomeadamente, a forte descapitalização das redes como resultado da ausência de
9
A principal prioridade do PRE era a de reverter o declínio da produção, o que pressupunha a eliminação das
distorções dos preços no mercado, limitando o seu controlo administrativo e reduzindo o défice interno e
externo (WB, 1985: 369).
10
Ao nível global da economia, os investimentos levados a cabo no sector dos transportes, continuaram a
priorizar quase exclusivamente ao sector ferro – portuário, tal como se observou no período colonial. (Minter,
1998: 358). Assim, os recursos para o desenvolvimento da rede de transportes interna, em particular os meios e
infra-estrutura rodoviária são escassos, pondo em causa o papel das infra-estruturas de transporte no
desenvolvimento sócio-económico no período pós-independência (1975-1992)
investimentos. Note-se que, no final da guerra civil a situação da rede de estradas era muito
deficiente. Em 1990, apenas 15% das rodovias do país eram transitáveis (Abrahamsson e
Nilsson, 1998: 238).
O período após a guerra civil (1992 em diante) é caracterizado pelo surgimento de um intenso
fluxo de IDE devido as reformas económicas que criaram confiança entre os investidores. O
país foi visto com elevadas expectativas pela sua estabilidade política e económica, assim
como a abertura do mercado, incluindo o de capitais, trazendo novas perspectivas de
crescimento e prosperidade (Costa, 2009: 81). A descoberta de consideráveis reservas de
recursos naturais, nomeadamente, o gás, o carvão mineral, entre outros, tornaram o país um
destino privilegiado do IDE com efeitos na sua estrutura de transportes (Barros, 2016: 167).
11
Emirados Árabes Unidos
12
Empresa sul-africana de exploração e exportação de carvão mineral.
13
Uma organização de mulheres do sector de energia, criado no âmbito do chamado “black empowerment” na
RAS.
Referir que em Junho de 2012, Moçambique e Portugal, através das empresas públicas ADM e
Navegação Aérea de Portugal (NAV), rubricaram em Maputo, um acordo de parceria que visa
dotar e equipar o primeiro com tecnologia de ponta para a fiscalização e controlo do espaço aéreo
Importa entretanto sublinhar que, desde o ano 2010, por razões de segurança, as companhias
aéreas moçambicanas estão inclusas na lista negra da UE, o que se traduz na sua proibição em
aterrarem nos aeroportos europeus14. E 2014, a lista foi actualizada, mas a proibição manteve-se,
pois os "progressos" registados no caso de Moçambique ainda eram insuficientes15.
14
http://pt.rfi.fr/africa/20110419-companhias-aereas-mocambicanas-na-lista-negra
15
http://www.jn.pt/sociedade/interior/bruxelas-divulga-lista-negra-de-companhias-aereas-4290308.html
16
Trans African Concession
17
A nova ponte que contará com duas portagens.
18
Millenium Challenge Account-Mozambique, Programa financiado por fundos dos EUA.
Com base na tabela anterior, é possível tirar algumas constatações como (Barros, 2016: 179-
184):
Aliás, foi notável o fosso deixado em 2016, aquando da suspensão do Apoio Directo ao
Orçamento, que levou a Elaboração do Orçamento Rectificativo, prevendo a redução das
despesas públicas na ordem dos 20% e paralisando o investimento em infrastruturas
económicas e sociais, incluindo as dos sectores prioritários.
Desta forma, o país ainda está longe de criar uma base para o desenvolvimento de cadeias de
valor dirigidas ao consumo interno, destacando-se o facto de, ao nível do país, com algumas
excepções, se observarem poucos planos de investimentos em rodovias que sejam
implementados com o objectivo de reforçar as condições para um aumento do comércio, e
que não estejam relacionadas de uma forma directa com os corredores ferro-portuários ou de
ligação com os países vizinhos. A prioridade tem sido a melhoria da actividade ligando o
Índico ao hinterland (Barros, 2016:182)
Note-se que, quase todas as ferrovias edificadas no período colonial que estavam ao serviço
da economia interna e para facilitar o transporte das matérias-primas para a exportação, sem
nenhuma ligação com os países vizinhos, como pode-se observar no quadro abaixo,
encontram-se totalmente inactivas, sem qualquer projecto previsto para a sua reabilitação, o
que se traduz em efeitos negativos para o crescimento e desenvolvimento do país
(Ibidem).Vide a tabela 3.7
Tabela 3.7: Extensão das linhas da rede ferroviária por estado, 2007
19
Caminhos de Ferro de Moçambique - Zambézia
Contudo, nos últimos 5 anos (2010-2015), a proporção alocada aos sectores prioritários tem
registado uma ligeira tendência decrescente nos últimos 4 anos, conforme resulta da tabela
abaixo, tendo baixado de 67% da despesa total em 2012 para cerca de 59% em 2015. A
redução da proporção alocada aos sectores prioritários afectou a rúbrica das infrastruturas que
também diminuiu de 18% em 2011 para 12,39% até 2015. (vide a tabela 3.8).
Gráfico 3.1: Crescimento do produção (PIB) dos sectores de transportes e agricultura (2000-2014)
12.00%
10.00%
8.00%
6.00%
4.00%
2.00%
0.00%
2000-2004 2005-2009 2010-2014
Transportes,
Armazenagem e 6.09% 10.13% 4.39%
Comunicações
Agricultura 4.18% 8.32% 2.46%
Fonte: INE
Por outro lado, uma análise ao Plano Integrado de Investimento (PII 2014-2017), nota-se que,
embora tenha sido o sector de transportes que mereceu maior atenção no âmbito dos
investimentos públicos, com cerca de 42% do valor total financiado, os projectos ligados a
este sector, por sinal um sector de maior importância para impulsionar os demais sectores,
com destaque para a agricultura, são, de certa forma, pouco estratégicos para desempenhar
este papel de impulsionador, ou para contribuírem para a redução da pobreza e desigualdade
e promoção de um desenvolvimento sócio-económico no país. Isto deve-se ao facto de, a
maior parte dos investimentos neste sector não estarem relacionados com o impulsionamento
da agricultura como sector base do desenvolvimento, com a excepção, segundo a tabela
abaixo, da reabilitação das estradas Cuamba-Mandimba-Lichinga, Machipanda e Beira, Tica-
Buzi-Nova Sofala e Nampula Namitil, que juntos perfazem 45,6% do Investimento com
financiamento garantido no sector de transportes. Pelo menos estes investimentos irão
permitir a viabilização e escoamento da produção agrícola rural, reduzir os custos de
transacção, e permitir maior dinâmica no sector agrário para a criação de uma base da
economia mais alargada.
Contudo, mais que a metade dos investimentos (54,4%) do sector de transportes estão ligadas
a criação de facilidades para circulação nas zonas urbanas (Ponte Maputo Catembe e Estrada
para Ponta de Ouro que consome 30,1% do investimento no sector e Circular de Maputo que
consome 12,4%).
Tabela 3.10: Projectos com financiamento externo via crédito garantido para o Investimento Público em
infrastruturas de transporte em Moçambique (2014-2017)
Valor ( $10^6
Infra-estrutura de transporte %
milhões)
Expansão do Porto de Nacala (Cidade) 112,67 4,67%
Ponte Maputo-Katembe e Estrada para Ponta de Ouro 725,80 30,09%
Reabilitação da Estrada N6 entre Machipanda e Beira nas
433,00 17,95%
Províncias de Manica e Sofala
Circular de Maputo (inclui a Ponte da Macaneta) 298,94 12,39%
Estrada N13: Cuamba-Mandimba-Lichinga 291,60 12,09%
Estrada N104-Nampula Namitil 75,40 3,13%
Estrada Corredor Nacala III: Muita-Mandimba- Lichinga 150,19 6,23%
Reabilitação da Estrada do Tica-Búzi-Nova Sofala 149,72 6,21%
Aeroporto Internacional de Nacala 144,00 5,97%
Terminal de carga do Porto da Beira 31,00 1,29%
Total 2412,32 100,00%
Fonte: PII (2014).
No conjunto dos países da África Austral, Moçambique é o que possui uma das menos
desenvolvidas infrastruturas de transportes da região. É ainda o terceiro pior país do mundo
em termos de qualidade das estradas, segundo revela o Índice de Competitividade Global
(ICG) 2014 -2015, lançado pelo Fórum Económico Global. Apenas Timor-Leste (Posição
144) e Guiné (143) aparecem como os países piores posicionados que Moçambique no que se
refere à rede de estradas.
Estes dados vêm comprovar a situação degradante em que se encontra grande parte das
estradas em Moçambique. Aliás, dos 30 mil quilómetros de rede viária existente, menos de
10% é que está asfaltada. Grande parte das estradas secundárias e terciárias encontra-se
degradada e em difícil condição de transitabilidade.
Em geral, Moçambique possui uma rede de estradas classificadas de cerca de 30.000 Km,
sendo apenas cerca de 20% estradas pavimentadas (vide a tabela 3.11).
Estradas Primárias, que ligam as Cidades Capitais e principais Portos com cerca de
5.866 Km.
Estradas Secundárias que ligam as estradas primárias, as Cidades Capitais aos portos
marítimos e fluviais com cerca de 4.792 Km.
Estradas Terciárias, ligam estradas secundárias, Sedes distritais, Postos
Administrativos, com empreendimentos económicos: agricultura, mineração e
comercialização com cerca de 12.161 Km.
Estradas Vicinais, ligam os centros populacionais com cerca de 6.530 Km.
Enquanto não há solução para a EN-13, intervenções pontuais e localizadas tem vindo a ser
feitas, garantido o mínimo de transitabilidade da via, evitando que a cidade de Lichinga fique
isolada do resto do país, particularmente Nampula, que joga um papel crucial no
abastecimento do Niassa. Estas reabilitações são objecto de contestação por parte dos actores
sociais, tendo em conta as somas avultadas já investidas em detrimento de uma asfaltagem de
raiz. Exige-se também, neste processo, uma maior transparência destes fundos.
Estudos indicam que a má conservação das rodovias não somente impacta de forma negativa
a economia, como gera um processo de “anti-economia”, ou seja, o volume poupado em
serviços de manutenção da qualidade no momento adequado resulta em acréscimos em gastos
futuros com obras de reconstrução e em custos adicionais para os usuários das vias.
P = preço médio do combustível em Novembro de 2016, cujo valor médio nacional foi de 55
mts/l
O desempenho verificado pelos veículos apresentou diferença quando percorridas rotas com
condições de conservação distintas: a rota Cuamba-Lichinga foi menos eficiente, resultando
num consumo adicional de 0,5485 l/km, o que equivale a um custo adicional de 7,8% no
consumo de combustível.
Uma degradação nas estradas provoca redução na velocidade média, levando a uma
diminuição no número de viagens realizadas ou na distância percorrida por dia.
Para valorar o Custo (VCt), foram considerados os custos directos, resultantes de uma menor
remuneração relativa para o motorista e os custos indirectos, resultantes de um aumento dos
custos fixos de transporte.
No caso dos custos variáveis (tais como combustível, pneus, peças, lubrificação e lavagem),
os custos aumentam consideravelmente à medida que o estado de conservação da rodovia
piora. No caso dos custos fixos, estes foram considerados quando analisados o tempo de
viagem, na seção anterior.
Dado que o gasto anual com a manutenção do veículo é equivalente à distância total
percorrida numa viagem multiplicada pelo custo médio de manutenção do veículo, o valor do
custo (VCm) é obtido directamente através da diferença entre o gasto médio de manutenção
em rodovias em mau estado e o gasto médio de manutenção em rodovias em bom estado.
VCm = Cm x CVMe
no qual:
O Custo (Cm) refere-se aos valores encontrados por Reis (2006), em termos percentuais.
De acordo com Branco et al. (2003), os factores de emissão dos veículos dependem das
características do tráfego local, tais como o volume, a velocidade média, a inclinação da
pista, do número de faixas de rolamento, tipos de veículos e classes de peso e indicativos do
nível de serviço da pista. Além disso, os factores de emissão de veículos também dependem
da idade e tecnologia do veículo, assim como das condições de manutenção e operação
(carga, velocidade e modo de conduzir).
Para a valoração deste custo (VCe), optou-se por considerar o preço médio da tonelada de
carbono que vem sendo adoptado como referência actual nos cálculos gerais para projectos
de MDL no escopo do Protocolo de Quioto, de US$ 10,00/t CO2. Neste mercado, entretanto,
verifica-se certa variação nos preços da tonelada de carbono negociados, em função de alguns
factores. Um deles corresponde ao tipo de negociação bilateral entre as partes envolvidas e,
consequentemente, do valor acordado entre elas.
Em geral, no que diz respeito aos custos económicos, houve um aumento de 7,8% no
consumo médio de combustível e de 18,7% no gasto com manutenção quando o veículo
Com relação ao tempo de viagem, verificou-se um aumento de 2,8%, mas foi possível notar
que não só são as condições da via que determinam o tempo de viagem. Há que considerar
outros factores externos, relacionados às condições da viagem (como tráfego, fiscalização,
passagem por trecho urbano e velocidade máxima permitida, por exemplo) que podem
exercer maior influência no desempenho deste parâmetro.
Os índices de emissões encontrados variaram entre 26,5 g CO2/t. km e 28,5 g CO2/t.km para
rotas melhores e a de Cuamba-Lichinga, respectivamente, gerando um custo de 2g CO2 por
tonelada transportada a cada quilómetro, ou seja, um aumento de 7% nas externalidades
negativas relacionadas às emissões.
Naturalmente que devidos aos custos adicionais suportados pelos transportadores neste troço
culminam com o encarecimento dos produtos produzidos fora da capital (Lichinga), vindas
de outras províncias, cuja principal via de entrada de produtos é a EN13.
Em 2014, os preços médios de todos os produtos importados pela província eram elevados,
com um diferencial de cerca de 32% em relação aos preços de Nampula, 38% em relação aos
preços da Beira, e em alguns produtos de cerca de 43% em relação aos preços de Maputo 20. O
escoamento da produção agrícola local para os principais mercados (Nampula, Quelimane,
Beira, Maputo) era oneroso numa proporcionalidade directa aos diferenciais acima, tornando-
a menos competitiva e não atractiva aos agentes económicos.
A população local refere que dificilmente Niassa se desenvolverá sem que possua a via em
óptimas boas condições de transitabilidade, o que também deita por terra o chamado cerne na
agenda de Governação – a “Redução da Pobreza”.
20
Dados apurados pelo estudo de base que orientou o Plano Trienal 2015 – 2017 do GMD.
Há mais de uma década que há promessas do Governo central, transportadas também pelo
Governo provincial que, para além de flagrantes contradições, nunca se materializaram; o que
por volta de 2008 parecia um dado adquirido em relação à reconstrução da estrada, hoje,
2015, é cada vez mais incerto, não havendo garantias sólidas de que algo aconteça antes de
2019, senão vejamos:
Figura 6: Ministro das Obras Públicas em 2013, Cadamiel até 2015/16 a estrada estaria totalmente
Muthemba
21
http://www.rm.co.mz/index.php/programacao/100-arquivo1/8399-estrada-lichinga-cuamba-vai-finalmente-
ser-asfaltada
Figura 7: Presidente da República (2004-2014): Armando sem saber se o tal desafio permanente
Guebuza
significava que jamais haveria obras e que
a população local devia entregar-se à sua sorte ou não! O governante elogiou os esforços do
seu Governo em relação à preocupação pela estrada, mas disse que Nyusi, então candidato à
sua sucessão, ia tomar o recado e dar continuidade.
apenas o primeiro lote/troço (Cuamba/Muita), de cerca de 70 km, num total de 320 km entre
Cuamba e Lichinga.
Os anteriores já há anos disseram que já havia dinheiro para toda a obra, e garantiram,
inclusivamente, que as obras arrancavam em Setembro de 2013… Contudo, nada aconteceu,
e no final do seu mandato foram reticentes em relação à obra e remeteram o trabalho para os
22
www.rm.co.mz/.../10951-concurso-publico-para-reparacao-da-estrada-cuamba-lichinga
seus sucessores - os actuais…! Os actuais dizem que têm garantias financeiras só para
começar e que a obra poderá materializar-se até 2019…
4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Nesse sentido, observa-se uma limitada capacidade de gestão de prioridades no país do lado
das entidades governamentais, particularmente implementação de programas necessários de
investimentos em infrastruturas de transportes que poderiam impulsionar o desenvolvimento
sócio-económico do país, garantido o bem-estar social e beneficiando as comunidades locais.
Neste contexto, a província do Niassa não tem conseguido colocar as suas potencialidades ao
serviço do crescimento e do desenvolvimento local e nacional. Sucessivos mandatos
governamentais não conseguiram cumprir com as suas promessas, particularmente no que diz
respeito a asfaltagem da EN-13 que liga Cuamba a Lichinga.
A EN-13 é a principal rodovia que estabelece a ligação entre Lichinga e o resto do País.Como
resultado das precárias condições para a circulação de viaturas na EN-13, verificam-se altos
custos (manutenção, combustível, tempo, etc.) no transporte de mercadorias e passageiros
neste troço.
Os efeitos disso são, por um lado, o encarecimento dos produtos alimentares e outros bens e
serviços básicos vindos de fora da província e, por outro lado, o encarecimento dos bens
produzidos localmente devido as dificuldades do seu escoamento pela EN13. Como
resultado, a fuga de potenciais investidores para fora da província tem sido inevitável,
condenando Niassa ao subdesenvolvimento sócio-económico crónico e altos índices de
pobreza e miséria.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
12. Castro, Ignacio Fernandes (1980), Transporte, espacio y capital, in: Duran, Ramon
Fernandez (1980), Transporte, espacio y capital, Madrid: Editorial Nuestra Cultura.
13. Fernandes, Francisco, Sousa, João Figueira, FERNANDES, André. (s/d). Os Efeitos
das Infrastruturas Rodoviárias no Ordenamento e Desenvolvimento do Território: o
caso da Ilha de Santiago, Cabo Verde in
http://www.apdr.pt/congresso/2009/pdf/Sess%C3%A3o%2024/88A.pdf
14. Hance, William A. (1958), African economic development, New York: Harper e
Brothers; London: Oxford University Press.
15. Khan, Mohammad Mohabbat (1993). Desenvolvimento: Significado, Estratégias e
Metas: In: Qualidade de Vida e Desenvolvimento- Rev. Lua Nova, nr 31.
16. Lampreia, Luiz Felipe (1995). Relatório brasileiro sobre desenvolvimento social.
Estudos Avançados (24).
17. Leite, J. P. (1990) – La reproduction de reseau imperiale portugais: quelques
précisions sur la transformation du circuit d´or Mozambique-Portugal, 1959-73 – in
Estudos de Economia, Vol. X, nº 3, ISEG, Lisboa.
18. __________ (1989) – La formation de l´economie coloniale au Mozambique, pacte
coloniale et industrialization: du colonialisme portugais aux reseaux informels de
sujétion marchande, 1930-74 – Thése Doctorat, École dês Hautes Ètudes en Sciences
Sociales, Paris.
19. Lipman, V. S. e Monaghan, V. A (1998), Moving South Africa – Motivation and
progress, in: Freeman, Peter and Jamet, Christian (1998), Urban transport policy: a
sustainable development tool – CODATO VIII – Cape Town, Rotterdam: Brookfield:
A. A. Balkema.
20. Litman, T. A.; e Doherty, E. (2009). Transportation Cost and Benefit Analysis
Techniques, Estimates and Implications (2a. ed.). The Victoria Transport Policy
Institute: Victoria, BC, Canadá. Disponível em: http://www.vtpi.org/tca
21. Pontes, José Pedro (2001), Economia do espaço e do transporte, Lisboa: Editora
Vulgata
22. Smith, T. (1994) The impact of highway infrastructure on economic performance.
Public Roads, v. 57, n. 4. Disponível em:
https://www.fhwa.dot.gov/publications/publicroads/94spring/p94 sp8.cfm
23. Taaffe, Edward J. (1970), A rede de transporte e a paisagem americana em mutação,
In: Geografia Humana nos Estados Unidos, Rio de Janeiro: Fórum Editor
Lista de Websites
1. www.suapesquisa.com/o_que_e/infra-estrutura.htm
2. http://www.pnud.org.br/idh/DesenvolvimentoHumano.aspx?indiceAccordion=0&li=li
_DH
3. http://pt.rfi.fr/africa/20110419-companhias-aereas-mocambicanas-na-lista-negra
4. http://www.jn.pt/sociedade/interior/bruxelas-divulga-lista-negra-de-companhias-
aereas-4290308.html
5. http://www.rm.co.mz/index.php/programacao/100-arquivo1/8399-estrada-lichinga-
cuamba-vai-finalmente-ser-asfaltada
6. www.rm.co.mz/.../10951-concurso-publico-para-reparacao-da-estrada-cuamba-
lichinga
Lista de Jornais
1. Canal de Moçambique (CanalMoz) – Maputo
2. Diário de Moçambique – Beira, Moçambique
3. Domingo – Maputo, Moçambique
4. MediaFax – Maputo, Moçambique.
5. Notícias – Maputo, Moçambique
6. País – Maputo
7. Savana – Maputo
Quem somos?
Visão:
Missão
APOIO: