RESENHA CRÍTICA
O SOLITÁRIO ANÔNIMO
Cajazeiras
2018
O SOLITÁRIO ANÔNIMO
Contudo, ao decorrer da história percebe-se que o paciente se trata de uma pessoa instruída e
totalmente sã. Sendo assim capaz de consentir, ou não, a própria assistência médica. O mesmo fora
encontrado com um bilhete no bolso, onde se autonomeava “Solitário Anônimo”, o que deixa
evidente seu desejo pela individualidade e pelo desprendimento total a tudo e a todos, sem querer
manter vínculos nem mesmo com seus familiares. Em nenhum momento durante seu tratamento,
percebe-se que o paciente está em sofrimento mental, ou incapaz cognitivamente. Tão provada era a
sua sanidade mental, que ao longo do filme foi descoberta sua identidade, apesar de não ter sido
revelada por vontade da personagem. O Senhor tratava-se de um Bacharel em Direito, Filósofo e
fluente em cinco idiomas.
É importante frisar, a dualidade que este documentário propõe observar, já que de acordo
com os conceitos Éticos e Morais, não se deve deixar uma pessoa morrer à míngua. Porém, como
proceder eticamente para não ferir o sagrado direito do respeito à sua individualidade, seu direito
legítimo e inalienável de enquanto cidadão, deliberar sobre as próprias escolhas, mesmo que estas
digam respeito a viver ou morrer? Até que ponto, se pode intervir nas escolhas sobre a vida e a
morte de cada um, quando o indivíduo em questão é são? Infere-se, portanto, que o “Solitário
Anônimo”, era um homem lúcido, altamente instruído, e apenas queria ter seus direitos individuais
respeitados. É necessário rever o Código de Ética com mais afinco, para que o mesmo não fira os
direitos do indivíduo, sobre algo tão íntimo como sua vida e sobretudo, sua morte.