DEDICATÓRIA.............................................................................................................. I
AGRADECIMENTO............................................................................................................
II
RESUMO...............................................................................................................................
III
ABSTRACT..........................................................................................................................
IV
SIGLAS E ACRONIMOS…………………………………………………………….. V
INTRODUÇÃO........................................................................................................................
Pág. 1
Pergunta de Partida......................................................................................................
Pág. 2
Objectivos.............................................................................................................. Pág. 2
Hipótese................................................................................................................. Pág. 3
Metodologia........................................................................................................... Pág. 3
CAPÍTULO Iº – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.– Regime Político e Sistema de Governo: Asserções Teóricas………………… Pág. 4
1.1– Sistemas de Governo Pág.10
a) Sistema de Governo Parlamentar: Pág.11
b) Sistema de Governo Presidencialista: Pág.13
c) Sistema de Governo Semipresidencialista:……………………………….
Pág 14
CAPÍTULO IIº – O CONTEXTO POLÍTICO DA INDEPENDÊNCIA
2. – As Bases Ideológicas do Sistema Político Angolano em 1975………………….Pág. 15
2.1– A Lei Constitucional de 1975 e a 1ª República…………………………………Pág. 16
2.2– A Revisão Constitucional de 1991 e o Início da IIª República………………….Pág. 19
2.3 – A institucionalização do Semipresidencialismo em África: O caso Angolano Pág. 21
CAPÍTULO IIIº – A CONSTITUIÇÃO ANGOLANA DE 2010 E O INÍCIO DA IIIª
REPÚBLICA
I
AGRADECIMENTOS
À Deus, pai celestial, pelo dom da vida e por ter iluminado o nosso caminho
durante esta caminhada.
Aos nossos familiares pelo apoio incondicional na nossa formação, com especial
ênfase aos nossos pais (Marta da Silva, e Sunday Awoniyi) (Fernando Ramos, e
Serafina Ramos) por acreditarem que seriamos capazes, pela paciência e sobretudo por
apostarem em nós como ferramenta ideal para o futuro.
Agradecemos a todas aquelas pessoa que directa ou indirectamente estiveram
connosco durante esta jornada, prestando o seu apoio na preparaçao desta monografia,
em especial a todos nossos amigos, colegas e professores que foram muito
importantesna nossa vida acadêmica.
Ao nosso professor Antonio Quiriri, especial agradecimento, pela orientação,
paciência, atençao e rigor no que concerne a elaboraçao deste trabalho, através do qual
muitas portas para o conhecimento foram abertas.
II
RESUMO
III
ABSTRACT
Angola had the first actual Constitution with the proclamation of independence
on 11 November 1975 adopting a structuring principle of organization of the political
power of the monolithic type. This form of government held in the MPLA, being the
vanguard of the working class and fitting him as a Marxist-Leninist party, the political
leadership, economic and social status of the efforts to build a socialist society. In 1991
and 1992, he gave the first opening for multi-party democracy that was to climax the
holding of the first parliamentary elections, followed by presidential elections. In 2010,
it approved the first Constitution of the country's history, which marked the beginning
of the Third Republic. In this Constitution, as the Constitutional Review Act 1992,
consecrated the democratic rule of law, but unlike the Constitutional Law of 1992, the
Constitution now approved effective the broadening of fundamental rights and freedoms
of citizens. In addition to effecting the Democratic Regime, the new Constitution adopts
a hybrid government system, called "Presidential-Parliamentary". It is therefore
Presidential-Parliamentary, because there is a single electoral process that legitimizes
who should rule the state (parliamentary majority) and its head of list contained in the
electoral bulletin from the political party will be the President and Chief Executive.
Keywords: Political Regime, Government System, Constitution.
IV
SIGLAS E ACRÓNIMOS
V
INTRODUÇÃO
Regimes Políticos e Sistemas de Governo são dos temas que enriquecem o campo da
Ciência Política, com destaque para o campo do Direito Constitucional. Trata-se igualmente
de um tema de alguma produção académico-científica, sem, contudo existirem estudos que
aprofundem questões teóricas e empíricas que envolvem as relações de poderes na
configuração do Sistema de Governo angolano, pelo facto de se presenciar uma escassa
doutrina de produção científica. E, como escreve o Professor Carlos Feijó, “para além do que
consta de uma “mão-cheia” de monografias, de uma ou outra colectânea avulsa de estudos
jurídico-dogmáticos, de uns poucos trabalhos de mestrado e de alguns artigos em revista,
pouco se tem infelizmente produzido”.
Embora tal facto ocorra, não pretendemos com este trabalho, defender nenhuma tese
nem apresentar conclusões ou ideias acabadas, mas levantar pistas e interrogações para novas
reflexões e pesquisas. Afinal, o que pretendemos é transmitir de forma descritiva o ponto da
situação das reflexões que se vêm fazendo sobre a questão que nos propomos a abordar, fruto
da douta intervenção e dedicação assídua dos mais variados autores da Ciência Política e
áreas afins, clássicos e contemporâneos, nacionais e internacionais.
1
dos Sistemas “puros” de Governo (Parlamentar e Presidencialista) com breve apresentação da
invenção francesa (Sistema de Governo Semipresidencialista) que nos permitirão encontrar os
pontos que assemelham e dissemelham o Sistema de Governo Angolano e os sistemas de
governo ora referidos.
Por fim, o Capítulo IIIº incide sobre a dinâmica das mudanças que ocorreram no
Sistema Político Angolano com a aprovação da Constituição de 2010 e o consequente início
da IIIª República. Neste capítulo, nos interessamos em descrever analiticamente a tipologia e
a qualidade do Regime Político Angolano, o Sistema de Governo Angolano e as
particularidades que o diferenciam e aproximam dos sistemas “puros” de governo.
Objectivos de Pesquisa
• Objectivo Geral:
• O objectivo geral é, pois, o de compreender o funcionamento do Sistema Político
Angolano.
• Objectivos Específicos:
• Caracterizar o Sistema de Governo Angolano na IIª República
• Caracterizar o Sistema de Governo Angolano na IIIª República;
• Comparar o Sistema de Governo angolano face aos Sistemas de Governo Parlamentar
e Presidencialista;
2
• Qual é o Sistema de Governo adoptado na Constituição de 2010?
Hipótese
Metodologia de Investigação
3
CAPÍTULO Iº – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Este capítulo apresenta o enquadramento teórico-conceptual que norteará toda a
reflexão que se pretende fazer sobre o tema em destaque. Está estruturado em três secções. A
primeira, intitulada ‘‘Regime Político e Sistema de Governo: Asserções Teóricas”. A segunda
secção, designada ‘‘Origem e Tipologia dos Regimes Políticos’’. E a terceira, intitulada
‘‘Sistemas de Governo”.
A bibliografia relevante sobre o tema em epígrafe, refere que é muito frequente existir
uma grande confusão entre Regime e Sistema, aplicando-se os dois termos indistintamente
para se referirem à mesma coisa. Fala-se, muitas vezes, em Regime para se referirem à
estrutura do aparelho do Poder, e em Sistema para evidenciarem a forma de designação dos
Órgãos de Soberania. Todavia, os autores mais prudentes quanto à terminologia costumam,
por vezes, afirmar que é preciso mudar o Sistema de Governo para preservar o Regime
Político, reconhecendo assim a possibilidade de alterar o Sistema de Governo sem mudar o
Regime Político1. O termo Sistema diz respeito ao conjunto dos elementos de um todo e à sua
interacção permanente, ao passo que a palavra Regime diz respeito ao modo como esse todo
se forma e funciona.
1
Fernandes, António José. (1995). Introdução à ciência política: Teorias, métodos e temáticas. Porto: Porto
Editora, p.143.
2
Almeida, Adão de. (2009) Autorizações Legislativas e Controlo Parlamentar do Decreto-Lei Autorizado: O
Caso Angolano, Coimbra, Almedina p.23
4
a) Regime Político: Segundo o Dicionário de Política, Regime Político diz respeito ao
conjunto das instituições que regulam a luta pelo Poder e o seu exercício, bem como a prática
dos valores que animam tais instituições 3.
Para o Professor Marcelo Caetano4, entende-se por Regime Político “o modo como em
cada sociedade se estrutura e exerce o poder político. Em consequência, e para o mesmo
autor, estaremos perante a determinação de um Regime Político, sempre que se tem em
consideração as concepções fundamentais das relações entre o indivíduo e a sociedade
política cuja ideologia o poder político tem por missão verter na Ordem jurídica”.
A utilização combinada dos dois critérios indicados leva-nos à principal divisão dos
regimes políticos existentes nos dias de hoje: Democracia e Ditadura:
3
Bobbio, Norberto, Dicionário de Política. 11ª edição, UNB, p.1091
4
Caetano, Marcello. (2012) Manual de Ciência Política e Direito Constitucional, 6ª edição, Almedina, p.35
5
Assim, a questão que se impõe circunscreve-se em respondermos a seguinte pergunta: O que é
um Regime Democrático?
Aprofundando o que se entende por regime democrático, Robert Alan Dahl enumerou
os seguintes requisitos7:
5
Bobbio, Norbeto.(1997) O Futuro da Democracia: Uma defesa das regras do jogo.6ª Edição, Paz e Terra,
p.11
6
Fernandes, António José. (1995). Introdução à ciência política: Teorias, métodos e temáticas. Porto: Porto
Editora, p.148
7
Carvalho, Manuel Proença de. (2005) Manual de Ciência Política e Sistemas Políticos e Constitucionais
Lisboa, Quid Juris, p.74
6
A Ditadura, por seu lado, é o regime político que assenta na dupla ideia de que,
independentemente da forma de acesso ao Poder, cabe apenas aos respectivos titulares
governar o país, sem eleições livres (autocracia) e de que há sempre supremacia dos interesses
colectivos nacionais sobre os direitos individuais de cada pessoa. Importa, contudo, distinguir
nos nossos dias três espécies de ditadura:
Diz-se autoritário, o regime político ditatorial que, sem pôr em causa as liberdades
essenciais do ser humano (viver, trabalhar, pensar, praticar ou não uma religião, ver respeitada
a intimidade da sua vida familiar, emigrar para o estrangeiro ou exilar-se), impõe no entanto
proibições ou limites severos ao exercício dos chamados “direitos políticos” (votar, ser eleito,
formar partidos, participar em eleições livres, ser membro de partidos ou movimentos de
oposição ao Governo, exprimir-se livremente, etc. Exemplos: a França napoleónica; a
Alemanha de Bismarck; Portugal, Espanha e Grécia na primeira metade do século XX.
8
Amaral, Diogo Freitas do (2014) Uma Introdução à Política.Lisboa: Bertrand Editora, p.176 e 177.
7
oposição legítima, a censura, a polícia política contra os adversários do Governo considerados
como criminosos), também viola sistematicamente as liberdades essenciais do ser humano
(perseguições étnicas, proibição de culto de qualquer religião, de viajar no estrangeiro, etc.).
c) Sistema Político: é o conjunto dos processos de decisão e das relações de poder que
dizem respeito à totalidade de uma sociedade global. Sistema político refere-se ainda ao
conjunto de instituições, grupos ou processos políticos caracterizados por um certo grau de
interdependência recíproca11. Como refere Aristóteles, o homem por natureza é um “ser
gregário” e, analogamente, o Sistema Político resulta de um sistema de interacções, presentes
em todas as sociedades independentes, que desempenha as funções de integração e adaptação,
através do emprego ou da ameaça do emprego de uma coerção física legítima12.
9
Cf. Pasquino, Gianfranco (2010) Curso de Ciência Política. 2ª edição, Cascais:P rincipia
10
Cf. Sousa, Marcelo Rebelo de (1984) O Sistema de Governo Português antes e depois da Revisão
Constitucional, Congnitio, p.12.
11
Bobbio, Norberto, Dicionário de Política. 11ª edição, UNB, p.1173
12
Cf. Almond, Gabriel.(1956) Comparative Politicas Systems, The Journal of Politics
8
Se observarmos os esquemas de Easton e de Lapierre relativos ao sistema político
verificamos que este está inserido num meio ambiente do qual recebe inputs (exigências,
recursos, apoios e limitações) e ao qual fornece outputs (decisões executadas). O meio
ambiente do sistema político divide-se em ambiente interno ou intra-societal e ambiente
externo ou extra-societal, cada um dos quais integra outros sistemas que estão em interação
constante com o sistema político. Assim, segundo a terminologia de Lapierre, o ambiente
intra-societal é constituído pelos sistemas biossocial (ou sociogenético), ecológico (ou
sociogeográfico), económico e cultural; enquanto o ambiente extra-societal é composto, no
dizer de Easton, pelos sistemas políticos internacionais, sistemas internacionais ecológicos e
sistemas sociais internacionais.
9
1.1 – Sistemas de Governo
Por isso, parece útil distinguir, no que respeita à sede do Poder, a sede do exercício da
sede de apoio, e esta da sede efectiva ou real do Poder. A “sede do exercício” correspondente
ao órgão ou conjunto de órgãos sem o consentimento dos quais o Poder não está disponível é
a que mais interessa para identificar o Sistema de Governo, na medida em que diz respeito ao
próprio aparelho do Poder; enquanto a “sede de apoio” diz respeito aos grupos, estratos
sociais e classes, que estão numa relação de obediência consentida com o aparelho do Poder,
quer de uma maneira activa, quer de uma maneira passiva, pelo que não constituem uma
resistência que implique o eventual uso da força, nem uma fonte de competição para ocupar o
Poder, e a “sede efectiva” concerne aos grupos ou órgãos que desfrutam da capacidade de
influenciar e, até, controlar o exercício do Poder, sendo sempre difícil a sua identificação13.
13
Fernandes, António José. (1995). Introdução à ciência política: Teorias, métodos e temáticas. Porto: Porto
Editora, p.150.
10
Não obstante os desvios desta natureza e, por conseguinte, a não correspondência da
sede real com a sede aparente do exercício do Poder, é aos textos constitucionais que os
estudiosos recorrem para identificar os Sistemas de Governo. Entre os sistemas parlamentares
e os sistemas presidencialistas, existem sistemas mistos com pendor parlamentar ou
presidencialista. Interessa-nos aqui analisar os sistemas de governo de desconcentração de
poderes, Parlamentar, Presidencialista e Semipresidencialista, com prejuízo do Sistema de
Assembleia.
Origem Histórica
Este Sistema de Governo resulta de uma evolução histórica, não sendo, assim, uma
criação teórica, não havendo obra ou autor que previamente traçou as suas características e
implementação. As suas características foram se delineando aos poucos, durante séculos, até
que se chegasse à forma precisa, sistematizada pela doutrina como parlamentarismo 14. Em
1265, Simon de Montfort, nobre francês, chefiou uma revolta contra o Rei da Inglaterra,
promovendo uma reunião com carácter de uma assembleia política. Em 1295, o Rei Eduardo I
oficializou estas reuniões, consolidando a criação do Parlamento. A partir de 1332, começa a
se definir a criação de duas Casas no Parlamento. Uma com os barões (Câmara dos Lordes) e
outra com os cidadãos, cavaleiros e burgueses (Câmara dos Comuns).
Com a Revolução Inglesa (ápice nos anos de 1688 e 1689) e a expulsão do rei
católico, Jaime II, assume Guilherme de Orange e Maria, protestantes, e sua sucessora Rainha
Ana. Neste período, estabelece-se o hábito de convocação pelo soberano de um Conselho de
Gabinete. Em 1714, assume Jorge I, príncipe alemão de origem e educação. Sem saber inglês,
o monarca deixou de presidir as reuniões dos ministros. Assim, o gabinete passou a deliberar
de per si, com a ausência do soberano.
14
Lopes, André Luiz. (2010) Noções de Teoria Geral do Estado; Belo Horizonte, Escola Superior Dom Hélder
Câmara p.38
11
Discutidos e resolvidos os assuntos do governo; o membro mais ilustre era
incumbido de levar ao Rei suas resoluções, e, assim, foi surgindo a figura do Primeiro-
ministro. Neste período de mais de meio século, foi fixada definitivamente a independência
do Gabinete. O Rei reina, mas não governa, já que a administração do Estado era feita pelo
gabinete.
Principais características:
15
A responsabilidade política que toca aos Ministros, no sistema parlamentar, não se confunde com a
responsabilidade criminal nem com a responsabilidade civil, as quais atingem os governantes por princípios
gerais de direito. A responsabilidade criminal é matéria de direito penal: pressupõe a prática de crime e acarreta a
aplicação de penas pecuniárias ou corporais. O Estado de Direito não prescinde do princípio da responsabilidade
criminal.
16
Araújo, Raul Carlos. (2009) O Presidente da República no Sistema Político, Casa das Ideias, p.69.
12
traço fundamental do Sistema Parlamentar, pois faz com que o papel do Chefe do Estado seja
reduzido.
Origem Histórica:
17
Lopes, André Luiz. (2010) Noções de Teoria Geral do Estado; Belo Horizonte, Escola Superior Dom Hélder
Câmara p.41
13
c) Sistema de Governo Semipresidencialista:
Origem histórica
Este sistema é caracterizado pela existência de um Chefe de Estado eleito por sufrágio
universal e por um Primeiro-Ministro que é o chefe de Governo, nomeado pelo Presidente
saído da maioria do Parlamento. Por isso também é conhecido na literatura como “dual-
executive regime”. O Chefe de Estado partilha funções executivas, preside ao Conselho de
Ministros, possui direito de veto e pode dissolver o Parlamento. No semipresidencialismo, o
poder executivo é partilhado.
O Governo é formado pelo Primeiro-Ministro, que o chefia, e pelos Ministros, que são
nomeados pelo Presidente da República sob proposta do Primeiro-Ministro, de acordo com os
resultados das eleições legislativas. É, um misto de parlamentarismo e presidencialismo, há
uma bicefalia, pois existe um Presidente da República eleito por sufrágio universal, secreto e
periódico que pode ou não presidir o Conselho de Ministros (França e Angola até 21 de
Janeiro de 2010), havendo o risco de coabitação com o Primeiro-Ministro, nomeado mediante
os resultados das eleições legislativas (artigo 187 da CRP) 19.
18
Cf. Novais, Jorge Reis. (2007) Semipresidencialismo, vol. I, Coimbra, Almedina, p.64 e 71
19
Pinto, João. (2013) in Invstitia: Democracia e Estado de Direito. Revista da Faculdade de Direito da
Universidade Independente de Angola, p. 132.
14
CAPÍTULO II – O CONTEXTO POLÍTICO DA INDEPENDÊNCIA
20
António, Nelson Domingos. (2015) Transição pela transação: uma análise da democracia em Angola,
Luanda: PoloBooks, p. 93.
15
Relembra-nos o Professor Nelson Domingos, que o facto de o MPLA ter sido um dos
principais movimentos na luta contra o colonialismo português, não o legitimava como o
autêntico representante do povo angolano, sobretudo, sem a anuência deste. Nem lhe concedia
o direito de suprimir a competição partidária, uma vez que os demais movimentos (FNLA e
UNITA) lutaram igualmente pela independência nacional”.
21
Caetano, Marcello. (2012) Manual de Ciência Política e Direito Constitucional, 6ª edição, Almedina, p.5
22
Araújo, Raul Carlos Vasques. (2009) O Presidente da República no Sistema Político, Luanda, Casa das Ideias,
p.229
23
Almeida, Adão de. (2009) Autorizações Legislativas e Controlo Parlamentar do Decreto-Lei Autorizado: O
Caso Angolano, Coimbra, Almedina p.69
24
Pinto, João. Direito Administrativo Angolano, Luanda, UnIA, p.77.
16
função dos tribunais era tratada em apenas dois artigos 44.º e 45.º, e não eram vistos como
verdadeiros órgãos autónomos por razões de natureza do próprio regime.
25
Miranda, Jorge. (2013) in Revista da Faculdade de Direito da Universidade Independente de Angola. Ivstitia,
Democracia e Estado de Direito N.º1, p.9 e 10
17
Conselho da Revolução (capítulo III), o Governo (capítulo IV) e os Tribunais (Capítulo V).
Interessa-nos aqui, olhar para os Poderes do Presidente da República e do Conselho da
Revolução:
O Presidente da República
Em primeiro lugar, como líder do Conselho da Revolução (na definição das políticas);
em segundo lugar, quanto à sua execução, enquanto Presidente da República – órgão
unipessoal – e como presidente do Conselho da Revolução. Enquanto Chefe do Estado, o
Presidente da República confere posse aos membros do Governo e aos Comissários
Provinciais, nomeados pelo Conselho da Revolução, declara a guerra e faz a paz após
autorização do Conselho da Revolução, dirige a defesa nacional, bem como indulta e comuta
penas.
A Assembleia do Povo era definida como sendo o «órgão supremo do Estado» (artigo
34º da LC), sendo deferida para legislação ordinária a fixação da sua composição, sistema de
eleição, competência e funcionamento. Até ao seu surgimento, institui-se um órgão que se
denominou de Conselho da Revolução (artigo 35º): «Enquanto não se verificar a total
libertação do território nacional e não estiverem preenchidas as condições para a instituição da
Assembleia do Povo, o órgão supremo do poder de Estado é o Conselho da Revolução26».
26
Lei Constitucional de 1975. Capítulo IIIº. – Conselho da Revolução.
18
O Conselho da Revolução que era presidido pelo Presidente da República (artigo 37º
da LC) tinha as seguintes atribuições:
Podemos verificar que o sistema de governo estava marcado por uma forte influência
de tipo parlamentar, numa perspectiva de sistema de partido único27. Era o Conselho da
Revolução que detinha todas as funções legislativas, e era ele que designava o Primeiro-
Ministro, os membros do Governo e os Comissários Provinciais, para além de ser da sua
competência definir e orientar a política interna e externa do país28.
O período que corresponde as décadas de 1970 a 1990 foi marcado por inúmeros
processos de transformações dos sistemas políticos, económicos e sociais, sobretudo no Sul e
Leste da Europa e na América do Sul, ficando conhecidos como “A terceira vaga de
democratização”. Estes processos não ficaram alheios ao continente africano onde vários
países, como Angola, Moçambique, Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau,
buscaram reordenar suas ideologias e seus sistemas políticos e económicos, iniciando longos
processos de transições de regimes autoritários para regimes democráticos multipartidários29.
27
Araújo, Raul Carlos Vasques. (2009) O Presidente da República no Sistema Político, Luanda, Casa das Ideias,
p.239 e 240
28
A configuração do Sistema de Governo no momento constituinte de 1975 é de natureza parlamentar, mas as
alterações constitucionais que se foram fazendo ao longo dos tempos, (não retratadas neste trabalho) deram uma
característica presidencial com a elisão da figura do 1º Ministro.
32
António, Nelson Domingos. (2015) Transição pela transação: uma análise da democracia em Angola,
Luanda: PoloBooks, p130
19
Em Angola, as alterações à Lei Constitucional introduzidas em Março de 1991, através
da Lei nº 12/91, destinaram-se principalmente à criação das premissas constitucionais
necessárias à implementação da democracia pluripartidária, à ampliação do reconhecimento e
garantias dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos, assim como a consagração
constitucional dos princípios basilares da economia de mercado30.
Para já, importa frisar que a Revisão Constitucional de 1991 constituiu a primeira fase
do processo de transição democrática, que visou consagrar a liberalização política do Sistema
30
Preâmbulo da Lei de Revisão Constitucional; Lei n. º 23/92, de 16 de Setembro.
20
Político. Ela teve, tal como referimos acima, o objectivo imediato de criar um espaço político
que possibilitasse uma transição política pela via de reformas políticas progressivas.
Com a terceira vaga de democratização32, muitos Estados africanos que estiveram sob
o domínio dos regimes autoritários monopartidários, optaram por transitar para regimes
democráticos multipartidários e duas configurações institucionais foram alicerçais, sendo a
primeira, a adopção de um novo Sistema Eleitoral e a outra de um novo Sistema de
Governo33.
31
Araújo, Raul Carlos Vasques. (2009) O Presidente da República no Sistema Político, Luanda, p. 263.
32
Huntington, Samuel. (1991). The Third Wave: Democratization in the Late Twentieth Century.
33
Pereira, Gilberto. (2013). O Desenho Constitucional e a Presidencialização do Sistema de Governo. Working
Paper n.º 22, Observatório Político, www.observatoriopolitico.pt
21
pessoa, ou estrutura (geralmente os militares), como condição de “proteger os interesses
nacionais, garantir a unidade nacional e evitar a desagregação social.34”
Ante este cenário, o sistema de governo presidencialista que alguns Estados africanos
apresentavam, foi objecto de algumas especulações. Por um lado, defendia-se que o Sistema
Presidencialista ostentava o perigo de personificação do poder e que, por conseguinte, seria
melhor a adopção do Sistema Parlamentarista ou semipresidencialista por outro lado, que o
mesmo sistema de governo não se adequava à eventual transição para o regime democrático
multipartidário35.
Numa análise e confrontação entre instituições formais e não formais nas Democracias
africanas, Michael Bratton refere que é possível verificar três instituições informais que
parecem especialmente pertinentes, a saber: o clientelismo, a corrupção e o “Big Man” no
presidencialismo36. Esta perspectiva explica o perigo da personificação do poder que o
sistema presidencialista acarreta para o continente. Pois, neste sistema, independentemente
das disposições constitucionais, o poder é intensamente personalizado em torno da figura do
Presidente. Ele é, literalmente, acima da lei, controla em muitos casos, uma grande proporção
dos bens do Estado, sem a prestação necessária das contas37.
Primeiro, o facto de poucos países africanos terem conseguido alcançar algum grau
de sucesso neste processo, onde alguns até regrediram para regimes autoritários ou
34
Évora, Roselma. (2013). Cabo Verde: Democracia e sistema de governo, in Costa, Suzano & Sarmento,
Cristina (orgs). Entre África e a Europa: Nação, Estado e Democracia em Cabo Verde. Almedina, p. 336
35
Mainwaring, Scott. 1993. “Presidentialism, Multipartidarism, and Democracy: The Difficult Combination”.
Comparative Political Studies, vol. 26, nº 2, pp. 198-228.
36
Bratton, Michael. (2007). “Formal versus Informal Institutions in Africa”. Journal of Democracy, vol. 18, nº3,
pp. 96-110.
37
Walle, Nicolas Van de. (2003). “Presidentialism and Clientelism in Africa’s Emerging Party Systems”.
Journal of Modern African Studies, vol. 41, nº2, pp. 297-321.
38
Pereira, Gilberto. (2013). O Desenho Constitucional e a Presidencialização do Sistema de Governo. Working
Paper n.º 22, Observatório Político, publicado em 16/02/2013, disponível em: www.observatoriopolitico.pt
Acesso em 15 de agosto de 2014.
22
permaneceram no que podemos definir como “zona cinzenta” entre a democracia e o
autoritarismo39.
A IIª República, apesar de iniciada com a Lei n.º 12/91, conheceu um novo
desenvolvimento constitucional com a aprovação da Lei n.º 23/92, de 16 de Setembro. O
Sistema de Governo aí estabelecido é, no seu preâmbulo, definido como sendo
semipresidencialista, reservando ao Presidente da República um papel activo e actuante.
39
Carothers, Thomas. (2002). “The End of the Transition Paradigm”. Journal of Democracy,, nº pp. 5-21.
40
Santos, José. (2007). “Entre o Futungo e a Assembleia: Considerações sobre o Sistema Político Angolano”, In
Lobo, Marina & Neto, Octavio (Orgs.) O Semipresidencialismo nos Países de Língua Portuguesa. Lisboa:
Imprensa de Ciências Sociais, pp. 49-78.
41
Feijó, Carlos Maria. (2007) in Revista de Negócios Estrangeiros: Publicação do Instituto Diplomático do
Ministério dos Negócios Estrangeiros, Lisboa, p.29 e seguintes.
23
O Presidente da República de Angola possuía, segundo esse texto, um vasto leque de
poderes que visavam torná-lo num órgão fundamental do sistema de governo angolano. A ele
cabia, de acordo com o n.º 1 e 2 do art.º 56.º, definir a orientação política do país, assegurar o
funcionamento regular dos órgãos do Estado e garantir a independência nacional e a
integridade do país, acumulando três títulos: a) é o chefe de Estado; b) é o Comandante-Chefe
das Forças de Defesa e Segurança; c) é o garante da Lei Constitucional de Angola.42.
Eleito por sufrágio universal, directo e secreto (art.º 57.º n.º 1) por um período de
cinco anos (art.º 59.º), o Presidente da República detinha um vasto conjunto de poderes, entre
os quais se destacava o poder de definir a orientação política do país (art.º 56.º, n.º 2); o poder
de dissolução do Parlamento (alínea e) do art.º 66); o poder de nomear o Governo alínea a) e
b) do artigo 66.º; poder de veto das leis (art. 60.º); o poder de presidir e definir a agenda do
Conselho de Ministros (alínea d) do artigo 66.º); ou o poder de convocar referendos al. o) do
art.º 66.º.
42
Ibid, 64 e seguintes
24
do Supremo Tribunal foi clara: segundo a Lei Constitucional, o Chefe de Governo é, em
Angola, o Presidente da República. Argumentando que a articulação dos arts. 68.º, 114.º,
117.º e 118.º, alínea c) da Lei Constitucional atribuem ao Presidente da República a
preeminência na cadeia de comando do executivo – e que lhe cabe, portanto, poderes de
direcção e chefia do Governo –, entendeu o Supremo Tribunal que as funções do Primeiro-
Ministro são as de mero coadjutor do Presidente da República.
Deste modo, a decisão do Supremo Tribunal de Angola, teve como efeito transformar
a diarquia executiva característica dos sistemas semi-presidenciais expressamente prevista no
texto constitucional, num presidencialismo particular e “anomalamente” forte, porque
desprovido de um sistema adequado de checks and balances.43.
43
Coutinho, Francisco Pereira, (2007) in Revista de Negócios Estrangeiros: Publicação do Instituto Diplomático
do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Lisboa, p.77
25
Síntese conclusiva:
Diferentes das outras revisões feitas ao longo da Iª República, nas revisões de 1991 e
1992, os legisladores constituintes não se limitaram em alterar a letra, mas também o espírito
da própria Lei Constitucional. Portanto, a observação feita em torno do Regime Político e do
Sistema de governo que vigorou em Angola na IIª República, permite-nos chegar as seguintes
conclusões:
1) A Lei Constitucional angolana de 1992 instituiu um sistema de governo
semipresidencialista, reservando um papel politicamente activo ao Presidente da
República, à Assembleia Nacional e ao Governo.
2) Nessa estrutura bicéfala, cabe ao Presidente da República a definição da orientação
política do país e, por consequência, a assunção de um papel preeminente na cadeia de
comando do executivo, conclusão a que também chegou o Tribunal Constitucional;
3) O Presidente da República é o Chefe de Estado, simboliza a unidade nacional,
representa a nação (interna e internacionalmente), assegura o cumprimento da Lei
Constitucional e é o Comandante em Chefe das Forças Armadas Angolanas;
4) O Presidente da República possui um conjunto diversificado de poderes (próprios,
partilhados, de controlo e simbólicos) do qual se destacam: a nomeação do Primeiro-
Ministro, a nomeação dos demais membros do Governo, a exoneração do Primeiro-
Ministro e a demissão do Governo e a dissolução da Assembleia Nacional;
5) A Lei Constitucional de 1992 consagrou um Regime Político Democrático pluralista,
baseado na Democracia indirecta ou representativa; um Sistema Eleitoral de
Representação Proporcional para a eleição dos Deputados, e um Sistema de maioria de
duas voltas para a eleição do Presidente da República.
26
CAPÍTULO IIIº – A CONSTITUIÇÃO ANGOLANA DE 2010 E O INÍCIO
DA IIIª REPÚBLICA
A IIIª República foi inaugurada com a promulgação da chamada “Constituição
atípica”, em Fevereiro de 2010. A sua atipicidade reside no inédito desenho do Sistema de
Governo adoptado pelos legisladores constituintes: Presidencialista-Parlamentar. Neste
Capítulo, vamos reflectir sobre o Regime Político na Constituição Angolana de 2010, e a
caracterização do Sistema de Governo, procurando evidenciar os traços que os assemelham e
os distanciam dos Sistemas “puros” de Governo.
O Regime Político angolano caracteriza-se por ter uma “origem eclética”, que engloba
formas políticas da antiga metrópole, elementos de cultura política da luta de libertação
nacional, formas de cultura política Bantu, assente na história e na tradição política das várias
comunidades que compõem o mosaico etnolinguístico de Angola”. Este regime político
configura uma organização política importada das denominadas ‘‘sociedade abertas’’ é,
literalmente, um regime constitucionalmente democrático de direito e multipartidário45.
Todavia, trata-se de um regime político em transição para a democracia com avanços e
recuos. O princípio democrático encontra-se consagrado no ordenamento jurídico angolano no
nº 1 do art. 2º da Constituição da República de Angola, ao dispor que:
44
Cf. Correia, Adérito (2001) Sistemas e Processos Eleitorais: funções, implicações e experiências, Universidade
Católica de Angola, Faculdade de Direito, Luanda.
45
José, Gildo Matias (2012) Congruência Ideológica e Política em Angola: Análise comparativa dos Deputados
eleitos para Assembleia Nacional e respectivos Eleitores. Dissertação de Mestrado, Lisboa, Instituto
Universitário de Lisboa, p.22
27
“A República de Angola é um Estado Democrático de Direito que tem como
fundamentos a soberania popular, o primado da Constituição e da lei, a separação de
poderes e interdependência de funções, a unidade nacional, o pluralismo de expressão e de
organização política e a democracia representativa e participativa.”
A par deste artigo constitucional, podemos acrescer os artigos 4.º (Exercício do poder
político), 6.º (Supremacia da Constituição e legalidade) e 23.º (Princípio da igualdade), todos
da CRA, que no nosso entender, apresentam os pressupostos centrais para o exercício do
Estado Democrático de Direito. Estas são algumas das revelações constitucionais da vontade
de concretizar a ideia central de um Estado Democrático de Direito, que se consubstancia, de
modo geral na sujeição do poder político a princípios e regras jurídicas.
46
Araújo, Raul Carlos Vasques; Nunes, Elisa Rangel (2014) Constituição da República de Angola Anotada,
tomo I Luanda p. 183.
28
normas fundamentais que regem o funcionamento do Sistema Político, permite o pluralismo e
a consequente coexistência de interesses e fins divergentes47.”
Em Angola, não existe em termos genéricos, uma cultura democrática e isso está
patente no funcionamento e relacionamento dos partidos políticos, do aparelho de Estado e
das organizações da sociedade civil. Tal situação é resultado do peso da nossa história: a
nossa cultura de raiz não é verdadeiramente democrática; as lideranças dos movimentos de
libertação nacional não tinham referências democráticas (nem em Portugal, nem nos países
vizinhos, nem nos países do leste europeu onde muitos dos líderes estudaram)48.
Por outro lado, a “opinião pública” transmite a ideia de que o Regime Democrático
Angolano ainda não está consolidado, não só pela dificuldade do exercício de algumas
liberdades, mas também devido à pobreza da população. As pessoas estão mais preocupadas
em resolver as suas necessidades vitais, como habitação, vestuário e saúde, entre outros, do
47
Aron, Raymond .op. cit. CAFUSSA, Alberto (2008) A tendência de Voto do Eleitor Angolano nas Eleições
Legislativas de 2008, Kilombelombe, Luanda, p.56
48
Vidal, Nuno; Justino de Andrade. (2005) O Processo de Transição para o Multipartidarismo em Angola, 3ª
edição, Luanda: Firmamento, p. 213
49
Rousseau, Jean-Jacques, (1762) Do Contrato Social, Tradução de Rolando Roque da Silva, Edição eletrónica:
Ed.Ridendo o Castigat Mores (www.jahr.org) p.131.
29
que querer participar das questões públicas ou políticas50. Porém, este desencanto pode
acelerar ainda mais com a crescente desconfiança lançada sobre a classe política angolana,
acusada de práticas de má gestão do erário público e partidarização excessiva, tendo como
consequência aquilo que Alain Touraine chama de “crise da representatividade”. É como se as
pessoas já não se sentissem representadas e o seu papel de cidadão tivesse sido reduzido ao de
meros eleitores.
Deste modo, as garantias constitucionais perdem sentido à medida que a vida social,
económica e cultural se degrada, pondo em causa a identidade da própria democracia. Esse
questionamento ganha mais força quando se analisam as taxas de abstenção dos cidadãos nos
três pleitos eleitorais e se percebe que essas têm sofrido um aumento acentuado nos tempos
mais recentes. Estes e outros factores sustentam a argumentação da Freedom House e demais
observatórios políticos internacionais que de forma geral e sistemática, têm colocado Angola
nas últimas posições nos rankings sobre o índice de democracia.
50
Dombo, Grimaneza Dúcia Quiluanje,(2014) A Democracia e Liberdade de Expressão em Angola: 2013.
Griciúma, p.69.
51
Pereira, Gilberto.(20013) O Desenho Constitucional e a Presidencialização do Sistema de Governo, Working
Paper #22, Observatório Político, publicado, URL: www.observatoriopolitico.pt. p.6
30
sua vez, Nelson Pestana – muito próximo do que sustentara o Professor Vital Moreira, conclui
que a adopção do actual sistema de governo foi o consumar de um “presidencialismo
extremo”52. Por seu lado, João Melo afirma tratar-se de “um sistema híbrido”, cujas
competências atribuídas ao presidente pela Constituição são as próprias de qualquer sistema
presidencial (mesmo de base parlamentar, como passa a ser o nosso), em que o chefe de
Estado e o chefe do Governo são a mesma pessoa.
52
Cf. Pestana, Nelson. Sistema “Parlamentar-Presidencial” ou Presidencialismo Extremo? In: Angola Brief, May
2011, V. 1 No 16. Disponível em: http://goo.gl/eTNby
31
Presidente da República é simultaneamente, Chefe de Estado e Titular do Poder Executivo
(art. 108.º), evitando assim a existência de um governo bicéfalo, que pode gerar paralisia ou
conflitos institucionais na falta de maioria absoluta. O mesmo não tem responsabilidade
política perante nenhum órgão, dispondo ainda de importantes poderes normativos, não
podendo ser destituído por razões políticas.
53
Lopes, Marcy; Feijó, Carlos Maria, (2015) Constituição da República de Angola: Enquadramento Dogmático:
nossa visão, Vol. III, Almedina, p.475.
32
Segundo O Professor Carlos Araújo, o Sistema de Governo apresenta as seguintes
características54:
O sistema de governo angolano não está isento de dificuldades se, por exemplo, o
partido ou coligação de partidos políticos não vencerem as eleições com maioria absoluta.
Neste caso, ter-se-á, como hipótese, um Presidente da República que é o cabeça de lista do
partido ou coligação de partidos vencedores das eleições, mas terá um parlamento maioritário
contra si. Parece-nos que os legisladores angolanos arquitectaram um sistema único e
«atípico», com pontos fortes e fracos:
54
Araújo, Raul Carlos Vasquez (2018) Introdução ao Direito Constitucional Angolano 2ª Edição, p.145
33
Pontos Fortes do Sistema de Governo Angolano55:
34
Executivo. É neste espírito que Alex de Tocqueville na sua obra “A Democracia na América”,
ensina-nos que a melhor forma de compreendermos o nosso próprio sistema de governo é
compará-lo com os outros. Deste modo, a análise comparada permite-nos desenvolver e testar
explicações sobre os processos políticos assim como as mudanças nos sistemas políticos.
Como temos vindo a referir ao longo do Capítulo IIIº, o Sistema de Governo acolhido
na Constituição Angolana de 2010 é híbrido, pois, resulta de uma combinação dos elementos
presidencialista semipresidencialista e parlamentar. Não obstante, o mesmo possui
características próprias que o diferenciam dos referidos sistemas de governo.
56
Pereira, Gilberto.(20013) O Desenho Constitucional e a Presidencialização do Sistema de Governo, Working
Paper #22, Observatório Político, publicado em 16/02/2013, URL: www.observatoriopolitico.pt. p.6
35
O Sistema de Governo Angolano face aos Sistemas Presidencialista e Parlamentar
Sistema
Variáveis Sistema Presidencialista Sistema Parlamentar Presid/Parlamentar
1º Designação do Sufrágio orgânico Sufrágio Universal
Chefe de Estado Sufrágio Universal (processo hereditário) directo (art.106). *
Presidente da
República é o Chefe
2º Composição O Chefe de Estado é o O Chefe de Estado não de Estado, o titular
do Governo Chefe do Governo faz parte do Governo do Poder Executivo
(n.º 1 do art.º108.º) *
O Executivo é
3º. O Governo é
A formação, independente da
Responsabilidade independente dofuncionamento e Assembleia Nacional
política do Parlamento quanto à subsistência do Governo (ou Parlamento)
Governo: formação e subsistência. dependem do quanto à formação e
Parlamento. subsistência *
4º. Dissolução do O Chefe de Estado não O Chefe de Estado pode O Chefe de Estado não
Parlamento: pode dissolver o dissolver o Parlamento, a pode dissolver” a
Parlamento. solicitação do Chefe do Assembleia
Governo. Nacional97. **
Os membros do Governo Os membros do Governo Os membros do
5º. Separação de não pertencem ao fazem parte do Executivo não
poderes e de Parlamento, e vice-versa. Parlamento: pertencem à
funções: Colaboração permanente Assembleia Nacional,
entre os dois órgãos. e vice-versa.*
Julga o Primeiro- Julga o Chefe de
6º. Papel do Julga o Chefe de Estado. Ministro Estado e a acção do
eleitorado: e a acção do Governo. Executivo.*/**
7º. Sede aparente Presidente da
do poder: Presidente da República. Parlamento. República *
36
nossa, o mais provável é que os Deputados da oposição nunca votassem a favor de qualquer
proposta apresentada pelo Presidente (Executivo unipessoal).
57
Menezes, André Caputo; Feijó, Carlos Maria. (2015) Constituição da República de Angola: Enquadramento
Dogmático: nossa visão, Vol. III, Lisboa: Almedina, p. 432
37
3.5 – Sistema de Governo na IIª República vs Sistema de Governo na IIIª
República
Também à laia de rótulos tem sido frequente qualificar cada um dos períodos
dominados por um diferente texto constitucional como sucessivas Repúblicas, a I
correspondente ao período da democracia socialista de partido único, a II ao período da
democracia multipartidária e até uma III inaugurada com a aprovação da primeira
Constituição com esse nome e a primeira eleição democrática do Presidente da República em
2012.58
58
4 Preâmbulo da Constituição da República de Angola.
59
Cfr. n.º 2 do artigo 56 da LC/1992.
60
Cfr. n.º 1 do artigo 105.º da LC/1992
61
10 Cfr. alíneas a) e c) do artigo 66.º da LC/1992
38
A dúvida poderia insinuar-se na medida em que a Lei Constitucional estabelecia que o
Governo era simultaneamente responsável politicamente perante o Presidente da República e
a Assembleia Nacional62 resultando, logicamente, desta dupla responsabilidade do Governo, a
possibilidade do Governo cair por uma deliberação do Parlamento que constituísse uma
moção de censura63 ou a não aprovação de um voto de confiança64. Como ficaria realmente o
Presidente na sua qualidade de chefe do Governo perante uma votação no Parlamento que
pusesse em causa o executivo colectivo?
A Constituição de 2010 teve a coerência de pôr na letra da Constituição o que foi não
apenas uma preferência de forma de governo como uma prática que se foi sedimentando ao
longo de quase quarenta anos de vida política angolana e com dois diferentes Presidentes da
62
Cfr.n.º 2 do artigo 105.º da LC/1992.
63
Cfr. alínea f) do artigo 118.º da LC/1992.
64
Cfr. alínea g) do artigo 118.º da LC/1992.
65
Santos, Onofre dos (2013) O Sistema Politico de Angola de 1992 a 2012: Origens do Sistema Politico
Angolano
39
República. Uma prática, aliás, que diversos autores entroncam numa herança colonial e
também africana66.
Raul Araújo prossegue dizendo que “Carlos Feijó vai mais longe na sua
fundamentação” e defende que na “sociedade angolana, os elementos que hoje formam a
constante idiossincrática devem ser recolhidos na história e na sociologia: e um deles é a
chefia unipessoal e o Conselho Consultivo”. E explicita: “é este um elemento na constante
idiossincrática angolana da organização política, uma vez que quer no período précolonial
como no colonial, a organização política e económica da sociedade era estruturada na chefia
unipessoal controlada por um conselho de notáveis”.
Raul Araújo, ao mesmo tempo que manifesta o seu pleno acordo que estes elementos
nucleares, fundados no passado histórico e social, acabam por condicionar a organização
política dos países africanos (e não só), concordando ainda que tais elementos explicam
igualmente a razão de ser da “aceitação” tácita que se faz da concentração de poderes nos
Chefes de Estado africanos, não está decididamente de acordo em aceitar tais elementos como
determinantes na fundamentação do regime político de qualquer sistema de governo ou
regime político. E expressa que, “apesar da persistência desses elementos culturais e
66
Alexandrino, José Melo, (2012) “Natureza, Estrutura e Função da Constituição: O Caso Angolano”, in
Estudos de homenagem ao Prof. Doutor Jorge Miranda, vol. II – Direito Constitucional e Justiça Constitucional,
Lisboa, pp. 317-340
67
Brito, Wladimir, (2003) “Proposta para Sistema de Governo para futura Constituição”, Luanda, Outubro de,
texto não publicado.
68
Feijó, Carlos, (2007) “O semi-presidencialismo em Angola. Dos casos à teorização da Law in the Books e da
Law in Action, in Revista de Negócios Estrangeiros, 11.4, Especial, Lisboa, Setembro,
40
históricos, é necessário que, cada vez mais, os princípios estruturantes do Estado democrático
de Direito sejam seguidos e materializados”. E acrescenta: “Desta forma, é necessário que, ao
mesmo tempo que se respeitam os condicionantes culturais de cada povo, se organize o poder
político na base do princípio da separação de poderes, sob pena de se criarem déspotas e
antidemocráticos”.
Acontece é que não se pode clamar, como frequentemente se ouve em África, que não
devem ser “importados” os sistemas democráticos europeus ou americanos devendo procurar-
se encontrar um sistema que respeite as tradições consuetudinárias africanas as quais
notoriamente apontam, como acima se reconheceu, para uma vincada personalização do poder
e, depois, clamar também contra a concentração de poderes do Chefe do Estado. A simples
separação de poderes, que aliás é uma das marcas de água da actual Constituição angolana,
pode, de facto, não ser o suficiente para assegurar os chamados pesos e contrapesos
requeridos por um sistema democrático perfeito, pelo menos quando o Presidente da
República eleito é igualmente o chefe do partido que dispõe de uma significativa maioria
absoluta no Parlamento.
69
Cfr. n.ºs 1 e 2 do artigo 108.º da CRA.
41
É certo que na actual Constituição deixou de existir o Governo como órgão autónomo
de soberania. Em seu lugar ficou como reminiscência constitucional o Conselho de
Ministros70, cujo papel é auxiliar a função governativa e administrativa do Presidente da
República. Hoje, “o Conselho de Ministros é um órgão auxiliar do Presidente da República na
formulação e execução da política geral do País e da Administração Pública” 71. Enquanto na
Lei Constitucional de 1992 o Governo era a autoridade superior da Administração Pública,
hoje essa autoridade é o Presidente da República que a exerce essencialmente auxiliado pelo
Conselho de Ministros, um órgão com relevância constitucional, mas que lhe está
inteiramente subordinado, embora necessário não só para a referida formulação e execução da
política geral do país e da administração pública, bem como na preparação dos actos
normativos do Presidente da República. Mas essa era já na prática a situação no âmbito da Lei
Constitucional tal como a interpretava o Tribunal Supremo no seu citado Acórdão de 21 de
Dezembro de 1998:
70
Cfr. artigo 134.º da CRA.
71
Cfr. n.º 1 do artigo 134.º da CRA
72
Acórdão de 21 de Dezembro de 1998 do Tribunal Supremo, in Jurisprudência Constitucional, Colectânea de
Acórdãos do Tribunal Supremo na veste de Tribunal Constitucional 1996/2008, Volume 0, Edijuris, 2009, pp. 33
e ss.
73
Cfr. artigo 137.º da CRA
42
A Constituição passa a definir apenas três órgãos de soberania: o Presidente da
República, a Assembleia Nacional e os Tribunais74.
74
Cfr. n.º 1 do artigo 105.º da CRA
75
Cfr. artigos 6º e 226.º da CRA
43
Síntese conclusiva:
Cada Estado desenha o seu Regime Político, o seu Sistema Eleitoral, assim como o seu
Sistema de Governo e, em certa medida, o Sistema de Partido, buscando sempre a
concretização de objectivos políticos de relevância nacional, entre os quais ganha especial
destaque a estabilidade funcional do regime. O Regime Político, o Sistema de Governo e o
Sistema Eleitoral em vigor são uma emanação da Constituição da República de Angola,
recentes, por isso, e buscam a sua afirmação e consolidação. Normalmente os modelos de
governação estão traçados no sentido de terem identidades específicas e, como refere o
Professor João Pinto, o caso angolano é inovador, de ruptura sui generis, pelas seguintes
razões:
44
CONCLUSÃO
Assim, com base no acima exposto, entendemos que o Regime Político Angolano é
“formalmente democrático”, com avanços e recuos e, o Sistema de Governo angolano é
híbrido, Presidencialista-Parlamentar do ponto de vista formal e, do ponto de vista prático,
Presidencialista com algumas características próprias. É um ensaio que exige uma reflexão
académica, pois, o custo das eleições ou o seu processo “irracional” num período de tempo
pode dilacerar o tecido social, exigindo-se estabilidade dos processos eleitorais, estabilidade
governativa e consequentemente o bem-estar económico e social dos cidadãos. É exemplo
disto, os conflitos da, República Democrática do Congo, Guiné-Bissau, Zimbabwe e Angola
de 1992 a 2002, quase sempre resultado de eleições presidenciais, e só pacificados com
governos de unidade e reconciliação nacional, fracturando o tecido social por clivagens
regionais, étnicas ou culturais. Portanto, só com um Regime Democrático que atenda à coesão
e segurança pode a democracia vencer, caso contrário o voto étnico ou racial pode vencer,
proliferando os partidos políticos e os protagonistas, limitando o desenvolvimento social.
45
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46
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Cf. Pestana, Nelson. Sistema “Parlamentar-Presidencial” ou Presidencialismo Extremo? In:
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47
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48