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Análise de Emissões no Escape

A seguir serão analisados os diversos componentes dos gases de escape e sua utilidade no diagnóstico
de falhas. A ênfase será dada à análise dos 5 gases mais importantes para o diagnóstico de falhas de
dirigibilidade e de emissões: HC; CO; O2; CO2 e NOx.

Hidrocarbonetos (HC)
É combustível não queimado na câmara de combustão.
Nenhum motor consegue queimar todo o combustível con- [ppm]
tido na mistura. Isto devido ao fato que quando a frente de 1000
chama atinge as paredes do cilindro (sempre mais frias), rica pobre
esta desaparece deixando uma pequena quantidade de
750
combustível sem queimar.
A quantidade de hidrocarbonetos presente nos gases de
escape é medida (nos analisadores disponíveis no merca- HC
500
do) em partes por milhão (ppm) ou quantidades de molécu-
las de HC por milhão (1.000.000) de moléculas amostradas.
Um nível excessivo de HC é resultante de falhas de com- 250
bustão. Estas falhas não estão necessariamente (sempre)
associadas a falha no sistema de ignição; qualquer dispo-
sitivo ou processo defeituoso, que interrompa prematura- 0 [ ]
mente a combustão nos cilindros, provocará o aumento do
0.7 1 1.4
nível de HC no escape.

Assim: - cabos de alta tensão defeituosos,


- baixa compressão nos cilindros,
- velas com folga inadequada,
- velas carbonizadas,
- bobina de ignição,
- relação ar/combustível muito rica ou muito
pobre,
- catalisador ineficiente, defeituoso,

são possíveis causas de elevados níveis de HC.

Monóxido de carbono (CO)


[ ] É o resultado da combustão incompleta ou parcial do
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rica pobre combustível, na c6amara de combustão. No caso de
misturas ricas, a quantidade de CO produzida está
em proporção direta com a relação ar/combustível.
O nível de CO no escape é medido em percentual
10 (%) de volume do total amostrado de emissões.
CO Quanto mais rica a mistura, maior o percentual de
CO produzido.
O nível de CO é de aproximadamente 0,5% para mis-
5 tura estequiométrica; a partir desse ponto o nível se
mantém quase constante para toda a gama de fator
lambda superior a 1; a análise do nível de CO para
misturas pobres, não tem utilidade.
0 Alta taxa de CO no escape indica excesso de com-
[ ]
bustível ou falta de oxigênio na mistura; ou seja, pre-
0.7 1 1.4 sença de mistura rica.

1
[ ]
Oxigênio (O2) 15
É medido em porcentagem; o percentual de oxigênio rica pobre
é um indicador da condição de mistura pobre. Quan-
do o motor está funcionando na condição de mistura
pobre, a taxa de O2 cresce assim que a mistura se
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torna mais pobre. Este aumento na taxa continua
até o ponto em que o motor começa apresentar fa-
lhas de combustão por causa de mistura excessiva-
mente pobre. A partir deste ponto, e assim que a O2
mistura se torna mais pobre ainda, o nível de O2 au- 5
menta acentuadamente.
Com a mistura no nível apropriado, catalisador e sis-
tema de escapamento funcionando corretamente, a
taxa de O2 não deve ultrapassar o nível de 1% a 2%. 0 [ ]
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[ ]
Dióxido de Carbono (CO2) 15
rica pobre
É utilizado para determinar o nível de eficiência de fun-
cionamento do motor.
É resultante da combinação de uma molécula de car- CO2
bono com duas de oxigênio, isto durante o processo 10
de combustão. Os analisadores medem a porcenta-
gem de CO2 presente na amostra dos gases de esca-
pe.
A medição do percentual de CO2 presente nos gases,
permite visualizar a eficiência de funcionamento do 5
motor no momento da leitura.
Qualquer deficiência verificada no funcionamento do
motor, relacionada com o processo de combustão, afe-
tará o nível de CO2. 0 [ ]
A formação de CO2 depende da queima total ou não,
0.7 1 1.4
do combustível. Por tanto, em presença de falhas de
combustão, o nível de CO2 produzido será menor que
aquele correspondente à combustão completa.
O nível de CO2 também é afetado pelas variações na relação ar/combustível; assim, o nível é máximo
quando se processa a queima de mistura estequiométrica ou em torno dela.
O percentual de CO2 no escape varia com o tipo de veículo, mas, níveis superiores a 12% é indicação de
motor funcionando eficientemente e sistema de escape em boas condições.
Níveis inferiores a 12% são indicação de alguma anomalia; para identificar o problema deve ser analisado
o comportamento de um ou mais dos outros componentes dos gases de escape; analisando a figura
vemos que tanto para condição de mistura pobre, como para rica, o nível de CO2 diminui.

Resumindo:
- condição de mistura rica provoca um aumento do nível de CO
- condição de mistura pobre provoca aumento no nível de O2
- vazamento no sistema de escape, mas sem problemas no
motor, provoca aumento do nível de O2
- motor funcionando eficientemente, nível de CO2 superior a
12%

2
[ppm]
Óxidos de Nitrogênio (Nox) 3000
Geralmente se apresentam com maior ênfase em mo- rica pobre
tores sob carga.
São o resultado da presença de temperaturas superi-
ores a 1300 OC/1400 OC na câmara de combustão. 2000
Por tanto, qualquer condição que provoque um aumento NOx
excessivo da temperatura na câmara de combustão,
será causa da geração excessiva de Nox.
Por exemplo:
- acúmulo de carbonização causadora do aumen- 1000
to da taxa de compressão
- mistura pobre
- atraso excessivo do ponto de ignição
0 [ ]
0.7 1 1.4

Limites para Fins de Inspeção Veicular – Ciclo OTTO


- Limites de Monóxido de Carbono Corrigido [% COcorr.]
ANO DE FABRICAÇÃO MARCHA LENTA À 2500 RPM
Até 79 7,0 6,0
De 80 a 88 6,5 5,0
89 6,0 4,0
De 90 a 91 6,0 3,5
De 92 a 96 5,0 3,0
De 97 em diante 1,5 1,0

- Limites de Hidrocarbonetos [ppm HC]


ANO DE FABRICAÇÃO GASOLINA ÁLCOOL
Todos os modelos 700 1100

- Diluição mínima: 6% para todos modelos

- Valores de regulagem: antes do catalisador; valores típicos de um motor em marcha lenta


Tipo % CO % CO2 % O2 ppm HC
Carburado 1,7 13,5 0,9 220
Injetado 0,7 14,2 0,5 210

- Fórmulas
15 x%COlido
CO corrigido: %COcorr =
CO + CO2
Diluição : Dil = %CO + %CO2

CO corrigido: corrige o valor lido pelo analisador para compensar uma possível diluição dos gases
devido à entrada de ar externo; quando não há diluição dos gases, os valores de COlido e
COcorrigido são praticamente iguais.

Diluição: permite quantificar a quantidade de ar externo presente nos gases de escape; valores de
diluição muito baixos influenciam negativamente as medições.

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- Diagnóstico

CO CO2 HC O2 Provável Defeito


VA VB VA VB Mistura rica

VB VA VB VB Motor bem regulado

VB VB VB VA Vazamento no sistema de escapamento

VB VM VA VB Mistura muito pobre


Falta de compressão, queimando óleo ou
VA VM VA VB sistema ignição defeituoso

VA - valor alto VB - Valor baixo VM - Valor mediano

- Especificações Proconve
Fase I: vigência a partir de ’88
Obs.: . para atender esta fase foram necessárias modificações de engenharia em alguns
veículos produzidos
. a partir de ’88: controle aplicado sobre 50% da produção
. a partir de ’90: controle aplicado sobre 100% da produção; controle de aldeídos e
emissões evaporativas

Marcha lenta: 3.0 %CO


CO: 24.0 g/km
HC: 2.1 g/km
NOx: 2.0 g/km

Fase II: vigência a partir de ’92


Obs: . equivalente a E.U.A ‘77
. padrões intermediários que podem ser atendidos com o uso de catalisador ou injeção
eletrônica monoponto
. 80.000 km ou 5 anos de garantia para os componentes de controle de emissões

Marcha lenta: 2,5 %CO


CO: 12,0 g/km
HC: 1,2 g/km
NOx: 1,4 g/km
aldeídos: 0,15 g/km
evaporativas: 6,0 g/teste

Fase III: vigência a partir de ’97


Obs.: . equivalente a E.U.A. ’83
. padrões atendidos com o uso de catalisador de 3 vias e injeção eletrônica multiponto

Marcha lenta: 0,5 %CO


CO: 2,0 g/km
HC: 0,3 g/km
NOx: 0,6 g/km
aldeídos: 0,03 g/km
evaporativas: 6,0 g/teste

Humberto José Manavella


HM Autotrônica

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